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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE GARRAFA PET: DE VILÃ AMBIENTAL À PARCEIRA DA SUSTENTABILIDADE Por: Ana Cristina da Silva Fraga Orientadora Profa. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro - 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GARRAFA PET: DE VILÃ AMBIENTAL À PARCEIRA DA

SUSTENTABILIDADE

Por: Ana Cristina da Silva Fraga

Orientadora

Profa. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro - 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

GARRAFA PET: DE VILÃ AMBIENTAL À PARCEIRA DA

SUSTENTABILIDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Ana Cristina da Silva Fraga

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AGRADECIMENTOS

... a Deus sempre;

... aos meus pais Diva (lá do Céu) e

José;

... aos meus filhos Matheus (in

memoriam) e LUCCAS;

... ao colega de turma Akio Kajishima

pelo “link” que fez desabrochar esta

monografia.

Merci à tous!

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DEDICATÓRIA

...ao meu filho Luccas por sua

compreensão, parceria, incentivo,

paciência e amor incondicional. Eu não

teria conseguido sem você, meu Príncipe!

Te amo muito!!!

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar soluções práticas de

sustentabilidade surgidas com a crescente reciclagem de garrafas PET. Foram

observadas algumas, entre as várias existentes, ações e tecnologias

desenvolvidas a partir do aproveitamento, reciclagem ou atividade similar que

resultaram na diminuição do descarte inadequado deste material.

Alguns setores da indústria de automóvel, jóias, bebidas, têxtil,

construção civil, móveis, artesanato entre outros têm as garrafas plásticas, em

geral, como matéria-prima para novos produtos ou substituindo, com menor

custo e maior durabilidade produtos e usos já existentes.

Tais ações vêm crescendo, sendo aprimoradas, divulgadas e começam

a fazer parte da vida cotidiana da sociedade. Com isso as garrafas PET, antes

consideradas as grandes vilãs da natureza, vêm se transformando em material

com valor de revenda e com inúmeras possibilidades de aproveitamento

sustentável.

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METODOLOGIA

Baseamos nosso estudo em artigos obtidos em sites especializados,

revistas, jornais, seminários e bibliografia que tratam do tema e correlatos. A

garrafa PET é considerada produto sustentável para indústria e também em

setores da economia informal.

Nos aterros sanitários e locais de descarte irregular (ainda bastante

utilizados), como os conhecidos ‘terrenos baldios’ e ‘lixões’ nos centros

urbanos e cidades do interior, é possível observar que o número de garrafas é

cada vez menor.

Considerada, até pouco tempo atrás, uma das principais vilãs da natureza

a garrafa PET é disputada entre os agentes ambientais (antes denominados

catadores de lixo), sendo valorizada no mercado de reciclagem. Na economia

informal é produto com crescente e diversificado uso nas atividades de

artesanato, decoração, joalheria e moda entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – A descoberta do plástico 11

CAPÍTULO II – O começo da transformação 17

CAPÍTULO III – Parceira da sustentabilidade 27

CONCLUSÃO 36

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA 49

WEBGRAFIA 50

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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INTRODUÇÃO

Basta apenas olhar em volta para se constatar que a quantidade de lixo

na cidade do Rio de Janeiro, como na maioria dos grandes centros urbanos

mundiais, vem crescendo assustadoramente.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada

pelo IBGE em 2000, coletam-se no Brasil diariamente 125, 281 mil toneladas

de resíduos domiciliares e 52,8% dos municípios brasileiros dispõem seus

resíduos em lixões.

Só no Rio de Janeiro, segundo números informados pela Comlurb em

novembro de 2010, são recolhidas diariamente 200 toneladas de resíduos

sólidos. Esta verdadeira “montanha de lixo”, na maioria das vezes é

literalmente “despejada” nos “lixões” a céu aberto. Podem ser terrenos baldios,

estradas mais distantes dos centros urbanos ou apenas um local “fácil de

despejar” – na maioria das vezes espaços clandestinos.

Do total de resíduos sólidos recolhidos diariamente, 80% tem a

destinação correta e deste montante apenas 56% é aproveitado nos processos

de reciclagem. Ainda há muito a ser feito, porém as soluções vêm sendo

implementadas. O assunto tem sido tratado com a seriedade e a urgência

necessário para que se chegue a soluções definitivas, já que este é um dos

grandes problemas da atualidade. O genericamente denominado “lixo” está

diretamente ligado às questões ambientais e de Saúde Pública.

Mas é durante as grandes chuvas ( nos restringindo ao volume

pluviométrico e não à freqüência) que toda a problemática vem, literalmente, à

tona, causando transtornos de toda espécie. O descarte inadequado, diário e

em grandes quantidades de materiais plásticos como copinhos, embalagens

tetrapak (as “caixinhas”), embalagens de biscoitos e principalmente garrafas

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plásticas (de água, suco ou PET) é um dos fatores que agrava e impede o

escoamento natural das águas pluviais.

As grandes vilãs - apontadas por ambientalistas, estudiosos do tema e

pela sociedade em geral - são as garrafas PET. Até pouco tempo atrás as

PETs eram consideradas resíduos poluidores e com pouco valor comercial

para reciclagem. Observe-se que as embalagens de alumínio (as “latinhas”)

são disputadíssimas e há muito não fazem mais parte do resíduo sólido, já que

têm valor comercial reconhecido.

A retirada de garrafas PET do meio ambiente é possível e viável.

Algumas ações desenvolvidas já demonstram que a quantidade vem

diminuindo sensivelmente. Ações de Educação Ambiental têm sido

implementadas nas escolas, associações de moradores, cooperativas de

catadores e na sociedade em geral visando conscientizar a todos que o

descarte inadequado é um dos causadores da poluição, do aumento e

gravidade das enchentes e conseqüentemente dos alagamentos e

deslizamentos.

Hoje estima-se que 1 em cada 1000 brasileiros é catador.

E 3 em cada 10 catadores gostariam de continuar na cadeia produtiva da

reciclagem mesmo que tivessem uma alternativa. Estes têm orgulho de sua

profissão e atuação. Os antigos “catadores de lixo” agora corretamente

denominados agentes ambientais também já têm interesse na coleta, revenda

e reciclagem das garrafas plásticas, pois o valor comercial começa a aumentar

seu valor comercial.

Atualmente, a garrafa PET, é matéria-prima ou componente de vários

produtos das indústrias alimentícia, têxtil, construção civil, eletro-eletrônica,

construção civil entre outros.

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Dispomos de tecnologia que permite a construção de casas (a custos

bastante acessíveis), utilizando as garrafas PET em substituição aos tijolos

comumente utilizados. Tubos elétricos e hidráulicos, coletores solares, tinta

(para casas e automóveis), manta asfáltica e tecidos, para citar somente

alguns, têm em suas composições a garrafa PET.

A moda, sempre na vanguarda dos grandes temas mundiais, também

contribui criando um novo nicho, a chamada Moda Sustentável. Novos tecidos,

acessórios, objetos de artesanato, decoração e até jóias em metais preciosos

(ouro e prata) também utilizam o plástico das garrafas.

Setores produtores de móveis, brinquedos, utensílios domésticos,

estofamentos, couro sintético, cobertores, lajes residenciais, painéis de

automóveis, também já descobriram que o plástico PET pode ser utilizado

com êxito, garantindo qualidade, durabilidade e preços mais baixos de

produção.

A Prefeitura do Rio de Janeiro vem testando um projeto piloto utilizando

placas de sinalização feitas a partir de grânulos de garrafas PET. Estas placas

são mais leves, com alta durabilidade e sem valor econômico. Já que as em

uso atualmente, de metal, são furtadas e revendidas aos ferros-velhos.

São, portanto, objetivos desta monografia uma abordagem atual sobre

uma pequena parte do uso – a partir da reciclagem – do plástico em geral e da

garrafa PET em particular que, graças à evolução constante dos meios de

produção, passou de vilã da natureza à parceira da sustentabilidade.

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CAPÍTULO I

A DESCOBERTA DO PLÁSTICO

“A origem da palavra plástico, do grego plastikós, que significa

adequado à moldagem, define a sua principal característica, que é a

flexibilidade. Produzido principalmente a partir do petróleo, o plástico é um dos

mais recentes materiais utilizados pelo homem...”

(GRIPPI, 2006, p. 14)

1.1 – Origem e uso

O plástico foi produzido pela primeira vez, na Inglaterra, por volta de

1862. Desde então veio sofrendo transformações até tornar-se uma das

grandes revoluções da era industrial. Foi feito para durar e revolucionou a

indústria no século XX. Em poucos anos transformou os padrões de consumo

e de comportamento da sociedade mundial, fazendo parte de todos os

aspectos da vida da humanidade: da alimentação, higiene, transporte em tudo

o plástico está presente.

Tido como material novo, durável e leve o plástico está longe de ser um

material aceito com unanimidade. Seus opositores criticam e questionam o fato

de não ser biodegradável e que seu uso e descarte é feito

indiscriminadamente na natureza, causando danos irreversíveis. Com o

aumento da população mundial o descarte correto de resíduos plásticos

tornou-se uma prioridade e motivo de preocupação para governos de todos os

países.

O plástico foi a grande descoberta tecnológica para a substituição de

outros materiais escassos ou com custos mais altos. O plástico em suas

múltiplas e variadas versões é utilizado em quase todos os setores da

indústria, e por sua versatilidade tornou-se praticamente insubstituível.

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É resistente, leve, fácil de estocar, transparente. Isto permite e garante

sua utilização e aproveitamento em uma infinidade de produtos. Hoje a

humanidade, praticamente, não poderia imaginar-se em ele.

Mas, pelo uso em larga escala e descarte inadequado do plástico

iniciado nos anos 40, hoje somos cobrados pela natureza. O plástico está no

fundo de mares longínquos (locais desabitados, longe das cidades), nas

praias, nas margens de rios e lagos, pelas ruas, nos aterros sanitários e em

lixões a céu aberto.

A produção mundial de resinas plásticas alcançou cifras

estratosféricas. Dos cinco milhões de toneladas anuais (na década de 50)

para 270 milhões de toneladas no ano passado (cerca de 28 quilos por

habitante), segundo números da ABIPLAST (Associação Brasileira do

Plástico), pesquisados no final de 2010.

Também é graças a sua durabilidade, em torno de 400 anos para se

degradar, que o plástico é um problema global. Uma das grandes

preocupações tem sido com os mares e sua fauna. Tartarugas e outros

animais têm engolido plástico “pensando” serem algas ou similares. Esta

ingestão causa quase sempre a morte dos animais, algumas vezes por

engasgamento outras por estarem com seus estômagos aparentemente

cheios, deixando assim de realmente se alimentarem.

Mas o mesmo plástico que “mata” e polui, pode ser utilizado de forma

consciente e sustentável. Como o tempo de degradação é longo, o plástico

pode ser a solução para locais públicos acometidos pela corrosão e desgaste

natural como balaustres, placas de sinalização, na tinta para pintura de

fachadas comerciais, residenciais e conservação das vias públicas em geral.

Enfim, sendo usado com consciência e responsabilidade ambiental o plástico

pode ser um grande e duradouro aliado da humanidade e da natureza.

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1.2 – PET: Ainda vilã da natureza

“O plástico é também conhecido como termoplástico, pela sua facilidade

de moldagem industrial, ao sofrer aquecimento e solidificando após o

resfriamento.

A identificação universal dos termoplásticos é:

• PET= Polietileno tereftalato

• PEAD= Polietileno de alta densidade

• PVC= Policloreto de vinila

• PEBD= Polietileno de baixa densidade

• PP= Polipropileno

• PS= Poliestireno

• OT= Outros plásticos especiais de engenharia.

É material utilizado em quase todos os setores da economia:

construção civil, lazer, telecomunicações, indústrias eletro-eletrônica,

automobilística, médico-hospitalar e no transporte de energia. Atualmente o

setor de embalagens é o que mais se destaca na utilização do plástico.

Aproximadamente 30% das resinas plásticas consumidas no Brasil destinam-

se à indústria de embalagens conforme segue:

Utilização do plástico no Brasil

• Embalagens 30%

• Automobilística 20%

• Eletro-eletrônica 15%

• Construção civil 15%

• Indústria têxtil 15%

• Outras 5%

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Para cada utilização, o plástico tem uma variação, de acordo com a

resina da qual tem origem, como por exemplo:

Nº Termoplástico Sigla Exemplo de Aplicação

1 PET Frascos para refrigerantes

2 PEAD Utilidades domésticas e produtos de limpeza

3 PVC Tubos e conexôes, frascos de água mineral

4 PEBD Sacos de lixo e embalagens flexíveis

5 PP Autopeças, fios têxteis, potes em geral

6 PS Copos descartáveis

7 OT CDs e eletrodomésticos

No Brasil, a produção desse material apresenta números bastante

expressivos:

• Mais de seis mil empresas transformadoras de plástico

• Crescimento de indústrias petroquímicas de 2ª. Geração

• Faturamento global do setor: U$ 5 bilhões/ano aproximadamente

• Geração de 200 mil empregos diretos

• Recolhimento de impostos na casa dos U$ 1,5 bilhão ano

“Consumo anual e crescente de mais de quatro milhões de toneladas

de resinas termoplásticas”.

(GRIPPI, 2006, p. 14 e 15)

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do PET, ABIPET, é a

partir da produção da resina do PET que todo o processo para a fabricação

das garrafas tem início. O Poli (Etileno Tereftalato), conhecido pela sigla em

inglês PET, é classificado quimicamente como um polímero poliéster

termoplástico.

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A resina PET para embalagens rígidas é caracterizada por possuir

uma viscosidade intrínseca maior do que a do PET fabricado para aplicações

de filmes e fibras. A viscosidade intrínseca, comumente expressa em dl/g, é

diretamente proporcional ao peso molecular. A resina PET é produzida em

duas fases: o PET amorfo é constituído pelo bis-2-hidroxietil-tereftalato

(BHET), também chamado demonômero da polimerização.

Numa segunda etapa, denominada pós-condensação (estado

sólido) a resina PET (obtida na primeira fase de fabricação) é cristalizada e

polimerizada continuamente. A resina é então embalada, estando pronta para

ser comercializada. Para leigos pode parecer um processo longo e complicado,

mas já totalmente conhecido e constantemente aperfeiçoado pelas indústrias

fabricantes das embalagens e frascos feitos a partir desta resina.

A resina PET é um dos mais recentes materiais para embalagem.

Embora seja largamente utilizada em todo o mundo para a fabricação,

notadamente garrafas para bebidas carbonatadas (refrigerantes, águas com

gás, cervejas, etc), têm várias outras utilidades, sendo encontrada em diversos

segmentos de mercado.

O alto desempenho (resistência, brilho e transparência), faz desse

termoplástico o preferido de muitos setores da indústria. A leveza do PET

permite produzir garrafas e frascos de alta capacidade volumétrica, garantindo

e mantendo perfeita a manutenção da segurança em todas as etapas (envase,

empacotamento, distribuição, utilização final pelo consumidor).

Os benefícios ambientais proporcionados pelas embalagens de PET no

pré-consumo incluem a redução do desperdício de produtos e embalagens.

Pois não se quebram mesmo após quedas consideráveis, além disso, reduzem

as emissões durante o transporte. Há também uma comprovada economia de

água no envase de refrigerantes e outras bebidas, por dispensar a lavagem de

cascos vazios.

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Para exemplificar, são necessários 6 litros de água para cada litro de

refrigerante produzido em sistemas de embalagens retornáveis, enquanto o

sistema que utiliza as garrafas recicláveis de PET precisa de apenas 2 litros.

No pós-consumo, a indústria do PET trabalha incessantemente para

desenvolver aplicações para as embalagens recicladas. Esse trabalho reflete-

se no índice brasileiro de reciclagem de PET, um dos maiores do mundo, e no

crescente número de produtos que utilizam o PET reciclado.

A grande questão quanto ao uso e descarte dos materiais plásticos,

principalmente garrafas PET, é que o processo de degradação no meio

ambiente é extremamente lento, podendo permanecer em “processo de

biodegradabilidade” por no mínimo 100 anos. Isto já é bastante preocupante se

levarmos em conta a quantidade de embalagens pós-consumo descartadas na

natureza provenientes de produtos diversos.

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CAPÍTULO II

O COMEÇO DA TRANSFORMAÇÃO

“... Uma garrafa PET demora no meio ambiente cerca de 400 anos para se degradar.” (Fonte: ABIPET, 2010)

A destinação que o Rio de Janeiro dá a seus resíduos sólidos foi

classificada como mediana (segundo Indice de Cidades Verdes da

América Latina, que analisou a atuação dos 17 maiores centros urbanos

do contimente).

No resultado final o que mais se destacou foi a fragilidade da

política de reciclagem, reuso e coleta dos resíduos. Constatou-se que os

aterros sanitários descumprem normas ambientais básicas, além de ser

incapaz de dar destinação adequada aos resíduos químicos e

farmacêuticos.

Na opinião de alguns especialistas este quadro deverá melhorar

com o encerramento das atividades do aterro sanitário de Gramacho,

ainda este ano. Junte-se a isto, a política do governo estadual de eliminar

definitivamente os lixões.

Mas, apesar da aparente “frouxidão” nas política públicas de

gerenciamento de detritos sólidos, números otimistas foram divulgados

pela ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET), revelando um

aumento de 3,6% na quantidade de embalagens de PET recicladas em

2009. Foram 262 mil toneladas, contra 253 mil toneladas em 2008.

Estamos caminhando, embora a passos lentos.

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2.1 – Cada vez mais plástico no lixo

“Cada brasileiro gera em média 500 g de lixo por dia. Estamos falando

de algo em torno de 100 000 toneladas por dia de lixo gerado em todo o país.

Aliado a este problema, vem a baixa eficiência da grande maioria das

prefeituras brasileiras, que operam com verdadeiros e vergonhosos lixões a

céu aberto, faltando recursos e tecnologias para investimento em aterros

sanitários oficiais e licenciados pelo órgão ambiental e, o que seria melhor,

incrementar a coleta seletiva para propiciar a reciclagem.”

(GRIPPI, 2006, p. 5 e 6)

Só no Brasil, entre produção e consumo, os termoplásticos

ultrapassaram cinco milhões de toneladas em 2009. Isto, segundo dados da

Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico, significa quase 28

quilos por habitante. E devido à sua durabilidade é a certeza de muito plástico

espalhado indiscriminadamente por aterros sanitários, lixões clandestinos,

margens de rios, praias, oceanos e locais muitos distantes da presença

humana.

A poluição por materiais plásticos, principalmente nos mares e oceanos

(chamado de lixo marinho), é uma questão global. Afinal não há “fronteiras”

para o plástico e os resíduos alcançam locais remotos do planeta, onde não há

ocupação humana..

“Segundo o sanitarista Luiz Mário Queiroz Lima, o lixão também é

denominado de lixeira ou vazadouro, é um tipo de aterro comum e prejudicial

ao homem e ao meio ambiente, pois se caracteriza pela simples descarga de

lixo sem qualquer tratamento, e o aterro não é concebido dentro das normas

de engenharia e padrões de segurança ocupacional e sanitária

preestabelecidos. (GRIPPI, 2006, p. 5, nota de rodapé)

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Detalhe a ser destacado num estudo recente, feito por alguns

pesquisadores do tema, alertando para o número de pellets (pequenos círculos

de ½ centímetro de diâmetro) algo em torno de 1,4 bilhão somente na região

sudeste do Brasil.

Os pellets servem como matéria-prima para as indústrias na fabricação

de sacos, copos e um sem número de utensílios plásticos que certamente vão

parar nos lixões, rios, praias, mares e oceanos. Através destes estudos

chegou-se à conclusão que este material cai dos caminhões durante o

transporte, descarregamento (inclusive nos portos) ou no caminho das

fábricas. Mesmo antes de tornar-se produto de consumo, o plástico já está

poluindo, sem que as autoridades responsabilizem seus produtores pelo

descaso no manuseio deste material.

De acordo com a ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do

Plástico) as principais utilizações da produção brasileira de plásticos em 2009

foram:

• 17,5% setores alimentícios em geral (acondicionamento de

produtos)

• 15,6% consrução civil (materiais diversos)

• 14,5% embalagens (PET, produtos alimentícios, limpeza e higiene,

descartáveis em geral)

• 10,6% produtos agrícolas.

Mas as soluções existem e já estão em uso como no caso dos

plásticos biodegradáveis. Embora ainda bem mais caros, sua fabrição vem

buscando o desenvolvimento de tecnologias que tornem sua produção mais

barata e cada vez mais sustentável.

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2.2 – Legislação Sobre Gestão de Resíduos Sólidos e Limpeza

Urbana (esfera Estadual)

O Brasil é considerado um dos países cujas leis ambientais estão entre

as mais modernas do mundo. O texto consegue em sua abrangência, ser

específico em seus objetivos de preservação, conservação, penalidades

(multas e/ou prisão) e afins em caso de descumprimento do que está

estabelecido.

Embora tenhamos respaldo legal, a realidade, principalmente nos

centros urbanos, segue em sentido contrário à Legislação. A grande maioria

da população desconhece tais leis, a fiscalização é praticamente inexistente

devido a vários fatores e, com isso, os resultados são os que vemos todos os

dias: cidades cada vez mais sujas, toneladas de resíduos sólidos descartados

em “lixões” a céu aberto, problemas de saúde pública e descaso total com as

questões ambientais.

Um projeto de Lei, nº 2223-A/98, criado por Carlos Minc, atual

Secretário Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, foi publicado no DO em

11/01/2000. O tema trata especificamente de questões ligadas à “Garrafa,

Embalagem Plástica, Reciclagem, Fabricação, Coleta Seletiva, Lixo,

Propaganda, Meio Ambiente, Educação Ambiental, Limpeza Pública”.

Carlos Minc, ao longo dos últimos anos, exerceu várias funções no Governo. É

conhecido e conceituado autor de inúmeras leis aprovadas pela Assembléia

Legislativa do Rio de Janeiro. Em sua maioria trata de temas voltados para a

defesa do meio ambiente, mas há também questões relacionadas à cidadania.

A Lei, reproduzida na integra, é relativamente pequena, mas

extremamente clara em seus objetivos e penalidades. Teve vários artigos

vetados, mas continua sendo pouco aplicada no dia-a-dia da cidade.

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LEI Nº 3369 DE 07 DE JANEIRO DE 2000 - ESTABELECE NORMAS PARA A DESTINAÇÃO FINAL DE GARRAFAS PLÁSTICAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - Todas as empresas que utilizam garrafas e embalagens plásticas na comercialização de seus produtos são responsáveis pela destinação final ambientalmente adequada das mesmas. Parágrafo único - Considera-se destinação final ambientalmente adequada para os efeitos desta Lei: I - a utilização das garrafas e embalagens plásticas em processos de reciclagem, com vistas à fabricação de embalagens novas ou a outro uso econômico; II - a reutilização das garrafas e embalagens plásticas, respeitadas as vedações e restrições estabelecidas pelos órgãos federais competentes da área de saúde. Art. 2º - As empresas de que trata o art. 1º estabelecerão e manterão, em conjunto, procedimentos para a recompra das garrafas plásticas após o uso do produto pelos consumidores. Parágrafo único - V E T A D O Art. 3º - V E T A D O Art. 4º - V E T A D O Art. 5º - V E T A D O Art. 6º - As empresas de que trata o art. 1º empregarão... V E T A D O ... recursos financeiros utilizados ... V E T A D O ... para divulgação de mensagens educativas objetivando: I - combater o lançamento de lixo plástico em corpos d'água e no meio ambiente em geral; II - informar sobre as formas de reaproveitamento e reutilização de vasilhames, indicando os locais e as condições de recompra das embalagens plásticas; III - estimular a coleta das embalagens plásticas visando à educação ambiental e sua reciclagem. Art. 7º - É proibida a referência à condição de descartabilidade das embalagens plásticas na rotulagem ou na divulgação publicitária, por qualquer meio, dos produtos referidos nos incisos I e II do Artigo 1º. § 1º - V E T A D O § 2º - V E T A D O

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Art. 8º - É proibido o descarte de lixo plástico no solo, em corpos d'água ou em qualquer outro local não previsto pelo órgão municipal competente de limpeza pública, sujeitando-se o infrator a multa aplicada pelos órgãos competentes, nos valores previstos na regulamentação desta lei. Art. 9º - Sem prejuízo da responsabilização por danos ambientais causados pelas embalagens plásticas de seus produtos, a infração aos arts. 1º, 2º, ... V E T A D O ... 6º ... V E T A D O ... sujeita as empresas a ... V E T A D O ...: I - multa, nos valores previstos na regulamentação desta Lei; II - V E T A D O III - V E T A D O Art. 10 - V E T A D O Art. 11 - O Estado e os Municípios adotarão todas as medidas necessárias à eficaz aplicação da presente Lei, editando-lhe, quando for o caso, as normas suplementares indispensáveis à consecução de seus objetivos. Art. 12 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar da sua publicação. Art. 13 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2000. ANTHONY GAROTINHO Governador

Vale destacar que a Lei diz que a responsabilidade no descarte final

das embalagens é do fabricante. Efetivamente não é o que vemos acontecer.

A Lei é clara no incentivo à reciclagem, conscientização do consumidor sobre

descarte adequado (não jogar as embalagens usadas no chão ou em locais

públicos). Fala em penalidade para quem descumprir a lei, no entanto não

especifica valores. Vários artigos foram vetados o que acabou por deixar a lei

um pouco “capenga”, já que não sabemos o quê ou porquê tais artigos foram

suprimidos.

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2.3 – A reciclagem

“Parágrafo único - Considera-se destinação final ambientalmente adequada para os efeitos desta Lei: “I - a utilização das garrafas e embalagens plásticas em processos de reciclagem, com vistas à fabricação de embalagens novas ou a outro uso econômico;” (Lei Nº 3369 DE 07 DE JANEIRO DE 2000)

Os primeiros passos na reciclagem de plásticos foram dados pelas

próprias empresas, tanto fabricantes quanto usuárias, com o objetivo de

reaproveitar as “sobras” produção. Com isso a coleta seletiva dos materiais

plásticos passou a garantir uma recuperação e aproveitamento maior das

embalagens, formando e incrementando um novo filão de mercado.

E como uma ação leva a outra, novos mercados trouxeram novas

tecnologias que possibilitaram a produção de artigos plásticos reciclados

diversificados e usos inusitados num percentual cada vez maior.

As formas de se reciclar o plástico

• Reciclagem mecânica – é a conversão dos resíduos plásticos

industriais e pós-consumo em grânulos, que podem ser utilizados

na produção de sacos de lixo, solados, pisos, mangueiras,

componentes de automóveis, fibras, utensílios domésticos etc.

• Reciclagem energética – consiste no reaproveitamento da energia

gerada pela incineração do plástico, dentro dos padrões

adequados, não causando danos ao meio ambiente. Esta queima

gera energia, gás e vapor, que são aproveitados no próprio

processo industrial.

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• Reciclagem química – existem vários processos para este tipo de

reciclagem, sendo que atualmente o que se encontra em estágio

mais avançado é a pirólise. Este processo consiste na quebra

molecular por aquecimento, transformando o plástico em óleo e

gases, sendo estes novamente utilizados como matéria-prima na

indústria petroquímica. (GRIPPI, 2006, p. 16 e 17)

Com a crescente e urgente preocupação mundial em relação à

necessidade de preservação do meio ambiente, a sociedade começou a

buscar alternativas para o máximo reaproveitamento dos resíduos sólidos das

grandes cidades. As questões ligadas à preservação da natureza e

sustentabilidade surgiram há pelo menos 60 anos, mas somente há 20 anos

ações efetivas tiveram lugar. Desde então novas tecnologias vêm sendo

desenvolvidas com o objetivo de utilizar mais, melhor e da maneira mais

sustentável possível as toneladas de resíduos sólidos que produzimos

diariamente.

No Brasil, a reciclagem do plástico confirma uma tendência mundial

cujos benefícios, entre outros, apontam:

• Conservação e preservação dos recursos naturais (hídricos são os

mais afetados: mares, rios, lagos, lençóis freáticos etc.)

• Economia de energia em geral

• Decréscimo gradual da poluição ambiental

• Educação ambiental: conscientização e hábitos sustentáveis

• Diminuição da quantidade de resíduos sólidos finais (lixo) a ser

aterrado

• Geração, crescimento e manutenção de novas frentes de trabalho

(empregos diretos e indiretos).

Porém a reciclagem não é a solução dos problemas ambientais no

país quando se fala em resíduos sólidos. Ela faz parte de uma rede de ações

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que interligadas permitirão que, num futuro próximo, o montante de resíduos

efetivamente não reciclados seja pelo menos 80% menor que os índices

atuais.

Enquanto o descarte dos resíduos sólidos brutos for encarado como

“lixo” que deve ser jogado fora e esquecido, ainda teremos com o que nos

preocupar e um longo caminho terá que ser percorrido até alcançarmos a

sustentabilidade “ampla, geral e irrestrita”.

Um exemplo prático: a Comlurb recolheu 26,6 toneladas de latinhas

de alumínio e garrafas PET na temporada de ensaios técnicos das escolas de

samba na Passarela do Samba (Marquês de Sapucaí). De acordo com nota

publicada no Jornal O Globo (de 04/03/11), setenta catadores da Febracom,

CataRio e Movimento Nacional de Catadores do Rio participaram da ação.

Todo o material recolhido – parceria da Riotur, Coca-Cola e Liesa (Liga das

Escolas de Samba), vai se repetir durante todo o Carnaval.

Tal ação traduz claramente a preocupação com a quantidade e o

destino a ser dado a estes resíduos sólidos. Governo e empresas privadas

unindo esforços no sentido de dar o exemplo para a sociedade: descarte

correto e sustentável de todo este material plástico gerando renda e trabalho

para muitos trabalhadores, no caso agentes ambientais e empresas de

reciclagem em geral.

Não podemos esquecer o Marketing envolvido na questão. Empresas

como Coca-Cola valorizam a divulgação deste tipo de ação, já que buscam

serem vistas pelos consumidores e pela sociedade em geral, como

“empresas verdes”. Produzem e vendem seus produtos, mas também

garantem respeito e preservação do meio ambiente.

O mesmo pensamento vale para o Governo. Ao apoiar empresas que

“zelam” pela natureza, procuram dar um exemplo de cumprimento de

compromissos ambientais e de responsabilidade social.

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Quanto à Liesa, deixa a imagem de que a sustentabilidade, mesmo

em meio a uma das maiores festas do país, não foi esquecida. Isto sem nos

esquecermos dos agentes ambientais que, através de cooperativas, têm

material suficiente para garantir o sustento de suas famílias. Enfim,

sustentabilidade é isto: todos fazem sua parte, todos ganham e todos

garantem recursos naturais para as futuras gerações.

Mas quem dera que este exemplo pudesse ser estendido às praias

cariocas, por exemplo. Em recente matéria publicada na revista Veja (edição

2207, de 09 de março/11) só no mês de janeiro foram recolhidas 3.000

toneladas de lixo, literalmente. Tais resíduos sólidos incluem palitos de

sorvetes, material plástico variado, guimbas de cigarros, cocô de cachorro e

sobras de alimentos.

A falta de princípios básicos de educação formal e ambiental permite

que o brasileiro esteja entre os povos mais sujos do mundo. O brasileiro não

considera sua responsabilidade a manutenção da limpeza em locais públicos e

alguns dizem que jogam resíduos sólidos nas vias públicas para “garantir o

emprego dos garis da Comlurb”. A falta de “educação ambiental” faz com que

o brasileiro pense que a limpeza de casa é responsabilidade sua, mas a dos

espaços urbanos é coisa para terceiros.

Por isso, a idéia de reciclagem no Brasil soa como novidade. Já em

países da Europa estes processos já vêm sendo implantados e desenvolvidos

há muito mais tempo. Cabe ao estado e às famílias, penalizar severamente

(multas), mas também educar ambientalmente as novas gerações a fim de

garantir uma cidade mais limpa num futuro não tão distante.

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CAPÍTULO III

PARCEIRA DA SUSTENTABILIDADE

”Sustentabilidade: Desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”.

(Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento/IUCN/PNUMA 1991)

O plástico PET garante alta resistência mecânica – absorvendo

impacto e química. Forma uma das melhores, se não a melhor, barreira para

gases e odores. Devido a estas características e o peso muito menor que das

embalagens tradicionais, a garrafa PET garantiu sua posição como o melhor

recipiente para a indústria de bebidas em todo o mundo. Reduzindo custos de

transporte e produção, garante ao consumidor um produto substancialmente

mais barato, seguro e moderno.

Cada pessoa que compra um produto engarrafado em PET, como

refrigerante, água, óleo de cozinha, sucos e bebidas em geral, pode e deve

colaborar para que a reciclagem seja o destino de todas essas embalagens.

As embalagens PET são 100% recicláveis e sua composição química,

atual, não libera nenhum produto tóxico. Empresas como a Coca-Cola vêm

investindo em tecnologia sustentável como o lançamento da Panbottle a

primeira garrafa PET feita parcialmente de material de origem vegetal. O etanol

da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo como insumo na nova

embalagem, o que reduz em até 25% as emissões de CO² e impulsiona o setor

sucroenergético do Brasil. É da Coca-Cola, maior empresa mundial na

fabricação de refrigerantes, a redução na milimetragem da altura das

tampinhas, além do peso das PETs que passou de 48 gramas para 46.4

gramas.

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Buscando as soluções de “produção sustentável” até 2014, 100% das

garrafas PET utilizadas pela Coca-Cola como embalagem para seus

refrigerantes terão 30% de etanol de cana-de-açúcar na sua fabricação. Esta

iniciativa ajudará a diminuir a dependência de petróleo. A redução estimada é

de mais de cinco mil barris de petróleo.

Durante dois anos a empresa desenvolveu estudos e pesquisas, ate

alcançar o resultado desejado. Serão usados 68 mil litros de etanol para cada

lote de dez milhões de garrafas. A panbottle vai, com certeza, aumentar a

participação da cana-de-açúcar na cadeia produtiva da Coca-Cola.

Muito mais que uma novidade, a nova garrafinha traz um conceito

agregado: o do consumidor “enxergar” a empresa como uma protetora do meio

ambiente. Este olhar é o que 10 entre 10 empresas buscam. Serem vistas

como “empresas verdes” que se preocupam com o meio ambiente e se

destacam das concorrentes num mercado cada vez mais competitivo.

Neste cenário capitalista, ações que levem à economia na produção

nos conduzirão naturalmente à reciclagem. Precisamos ganhar dinheiro, mas

garantindo recursos naturais para a produção em longo prazo. Ganhos na

economia de energia, mão-de-obra, matérias-primas alternativas,

desenvolvimento de tecnologia e ações de educação ambiental (visando

informar e desenvolver novos hábitos de consumo e pós-consumo) serão

fatores que nos impulsionarão cada vez mais e mais rapidamente em direção à

reciclagem dos insumos plásticos.

Como não se degrada, uma mesma embalagem pode ser reutilizada

mais vezes. O que precisamos é cada vez mais desenvolver ações e criar

facilitadores para a coleta seletiva – principalmente a domiciliar transformando

a reciclagem num hábito natural e saudável em todos os sentidos.

A conscientização e a informação são os melhores processos para

orientar os consumidores sobre o descarte correto das embalagens PET.

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O processo de descarte adequado permite também que as garrafas

possam ser utilizadas na reciclagem.

A primeira atitude e uma das mais importantes é a coleta seletiva do

lixo doméstico. Separar o lixo de cada lar brasileiro em pelo menos dois sacos

diferentes: um para os materiais recicláveis (sólidos) e outro para os restos de

comida (orgânicos). A partir desta separação inicial, profissionais

especializados podem dar continuidade ao processo. Bastaria que os produtos

estivessem juntos e que fossem colocados para coleta no dia e no horário

corretos – caso todos os bairros já fossem atendidos pela coleta seletiva da

Prefeitura Municipal ou Estadual.

As embalagens de PET não precisam ser lavadas. Caso haja

embalagens sem tampa, o correto é retirar os restos de produto para evitar que

as demais embalagens fiquem sujas e sejam mais rapidamente separadas nos

locais de reciclagem.

Infelizmente, apenas um número muito pequeno de cidades é

privilegiado e contam com sistemas de coleta seletiva. Algumas prefeituras

disponibilizam a coleta seletiva através de Pontos de Entrega. São grandes

recipientes, às vezes com divisões para cada material. Nesse caso, podem-se

levar seus resíduos recicláveis até lá. O material é recolhido periodicamente,

pela prefeitura ou por cooperativas de agentes ambientais autorizadas.

Para o descarte de grandes volumes de resíduos sólidos, produzidos

por edifícios comerciais e condomínios residenciais seria necessária uma

estrutura maior e melhor definida. No caso das PET a melhor maneira de

aproveitar este material é amassando as garrafas. Desta forma ganha-se em

volume e diminui-se o espaço de armazenamento até que o material possa ser

recolhido por cooperativas ou doado a empresas especializadas.

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Entidades como a ABIPET, que desenvolvem ações de

responsabilidade social e educação ambiental, oferecem palestras e cursos

para conscientizarem e esclarecerem profissionais (porteiros, síndicos etc.) e

moradores de condomínios. Nestas formações são apresentadas as

variedades de produtos que podem ser reciclados através da coleta seletiva.

Tais ações resultam em benefícios financeiros para os condôminos, já que o

material pode ser vendido para cooperativas de agentes ambientais ou

empresas de reciclagem de materiais específicos (papel, vidro, metal e

plástico). São apresentados aos participantes filmes onde são destacadas a

importância de ações simples para a garantia e manutenção da “saúde” geral:

do meio ambiente e do homem.

Mas outra novidade, esta na área tecnológica é o chamado “plástico

verde” feito de cana-de-açúcar e que já é utilizado na fabricação de sacolas

plásticas e em algumas embalagens de produtos alimentícios. O novo produto

absorve CO2 da atmosfera e reduz a utilização de petróleo utilizado na

fabricação do plástico tradicional.

A Braskem, empresa petroquímica brasileira, foi a responsável pela

pesquisa, testes e uso industrial do novo polímero “verde” (matéria-prima para

a fabricação de produtos plásticos) e que é 100% renovável.

Esses polímeros verdes fabricados a partir do etanol da cana-de-

açúcar são semelhantes aos originados do petróleo: também não são

biodegradáveis. Mas, são totalmente recicláveis. Podem ser transformados em

grânulos, para serem utilizados como matéria-prima para outros produtos ou

“queimados” em indústrias transformando-se em energia.

A vantagem deste último é que a queima de um quilo de polietileno

(resina plástica) de embalagens produz a mesma energia que a queima da

mesma quantidade de óleo diesel.

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Para cada tonelada de polietileno verde produzido pela empresa, 2,5

toneladas de dióxido de carbono (CO2) são removidas da atmosfera, segundo

Antonio Morschbacker, responsável pela tecnologia dos polímeros verdes da

Braskem.

A empresa atende mais da metade do mercado nacional de resinas

termoplásticas (modeladas quando amolecidas e recicláveis) fabricadas a partir

do petróleo. O óleo bruto, ao passar pela refinaria, produz diversos derivados,

dentre eles a nafta, destinada à indústria petroquímica e responsável pela

fabricação das resinas ou polímeros sintéticos. Esses materiais, em geral em

forma de pequenos grânulos (pellets), são levados para a indústria de

transformação, onde ocorre a manufatura dos produtos plásticos (embalagens,

sacolas, brinquedos, peças de carro etc.) que são utilizados pelos

consumidores industriais e residenciais.

Investir em novas fontes renováveis, buscando diminuir cada vez mais

o uso do petróleo, para fabricação de polietilenos que sejam biodegradáveis

está de acordo com a realidade brasileira. Afinal, diminuiremos o descarte

inadequado de material plástico e demais resíduos sólidos em aterros e lixões

irregulares e/ou clandestinos.

A falta de usinas de compostagem em nosso país, a escassez de

áreas que possibilitem a construção de aterros sanitários, faz da reciclagem

mecânica uma das melhores alternativas sustentáveis para descarte dos

resíduos plásticos. Tal ação contribui também para aumentar o tempo de vida

útil dos aterros e agregar valor aos materiais descartados.

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3.1 – Novas tecnologias criando novos usos

“Na natureza nada se cria, tudo se transforma.” (Lei de Lavoisier)

A história das garrafas PET no Brasil aconteceu em 1988. O caminho

evolutivo deste material foi quase o mesmo no mundo inteiro. Na década de 90

começaram as primeiras utilizações na indústria têxtil, já que no âmbito de

embalagens a PET era sucesso absoluto e sem concorrentes diretos.

As embalagens pós-consumo, enfim são materiais reconhecidamente

recicláveis que tratados, se transformam em novos produtos: eficientes, de

acordo com o meio ambiente e que conquistam novos mercados.

Após coletadas as PETs passam diversos processos, entre outros:

• São amassadas e bem tampadas (para facilitar o transporte e

manuseio dos coletores e evitar as embalagens voltem à forma

original)

• Triagem com o propósito de separá-las por cor

• Retirada dos rótulos e tampas

• Lavagem para evitar sua contaminação com qualquer outro tipo de

plástico, metais e outros materiais

• São moídas em máquinas especiais e transformadas em grânulos

(base para a produção de novos produtos).

A partir destes grânulos é fabricada uma gama de produtos cuja

matéria-prima básica vem da reutilização dos termoplásticos em geral, com

especial atenção para as embalagens PET.

Com ações como esta a natureza e o meio ambiente agradecem, pois o

descarte inadequado deste material vai sendo gradativamente eliminado.

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3.2 – A casa de PET e outros usos sustentáveis

"A idéia de desenvolvimento sustentável também está relacionada à de riqueza constante, no sentido de que cada geração deve deixar para a próxima, pelo menos, o mesmo nível de riqueza, considerada como a disponibilidade de recursos naturais, de meio ambiente e de ativos produtivos.” (Comune, 1992)

A sustentabilidade é uma das formas de se frear a devastação

ambiental. O que mais chama a atenção no momento, especificamente no

Brasil, é a movimentação incessante para o reaproveitamento máximo de tudo.

Cada vez mais, produzimos mais com menos. Para edificarmos construções

melhores, usamos menos materiais. Partindo desta conscientização criamos,

desenvolvemos e aprimoramos a cada dia novas tecnologias e novos usos

para materiais considerados inaproveitáveis até pouco tempo atrás.

Vem do Ceará uma das idéias mais criativas e sustentáveis para a

construção civil com grandes possibilidades de zerar o déficit habitacional

brasileiro: a cada de PET. Um engenheiro civil, Joaquim Caracas, de 54 anos,

projetou e construiu uma casa utilizando 100% de plástico reciclável. Durante

uma caminhada pela orla de Aracaju, observou a quantidade de material

plástico no local e num lampejo decidiu desenvolver um projeto que unisse o

social, o ambiental e o sustentável.

Proprietário de uma empresa especializada em estruturas para a

construção civil começou a desenvolver o projeto construindo inicialmente um

cômodo. Convidou então sua equipe para que juntos implementassem as

adequações necessárias à execução final do projeto.

O processo é rápido e a técnica assemelha-se aos brinquedos de

encaixe infantis. Aparentemente simples e fácil, o custo fica em torno de R$ 16

mil. Bem mais barato que os R$ 45 mil de uma unidade habitacional construída

pelo governo federal dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida.

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Para a construção de uma casa popular (com dois quartos, sala,

cozinha e banheiro), com cerca de 48 metros quadrados são necessários

apenas três dias Não sendo necessária a utilização de mão-de-obra

especializada.

Mas o mais importante é o aspecto ambiental. Para cada unidade

habitacional construída é necessários algo em torno de 2.700 garrafas PET de

2 litros que deixam de ser descartadas na natureza.

A idéia hoje é um sucesso e foi adaptada para canteiros de obras, no

Ceará e em outros estados do nordeste. Já são pelo menos 150 unidades

habitacionais e 21 unidades educacionais (salas de aula e laboratórios de

informática) em municípios carentes da região.

O “lixo” virou luxo na Casa Cor de 2008 (evento de arquitetura) quando

o inventor criou uma casa de 130 metros quadrados. Para dar um toque mais

elegante, a casa de PET foi revestida em mármore e decorada com móveis

finos.

Para assegurar a firmeza das casas de PET são feitas estruturas

metálicas colocadas no interior dos perfis. Para o acabamento do telhado

pode-se usar as lajes sustentáveis (que também são feitas de PET), “telhas”

de plástico ou cerâmica e ainda a madeira de reflorestamento. A casa tem boa

resistência ao sol, chuva e alterações normais do tempo. Não é dada às

infiltrações ou rachaduras. Pode ser pintada internamente após a aplicação de

gesso sobre as paredes de plástico. O projeto está em fase de patenteação

para que possa ser financiado pelo governo.

A construção civil e automobilística são as que, inicialmente, mais se

beneficiam com a reciclagem das garrafas PETs. Aquecedores, tintas, tubos,

telhas, lajes, isolantes, piscinas entre outros para construção já utilizam a PET

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em sua fabricação. No caso das tintas para residências a nova formulação

com PET evita a aderência de poeira nas superfícies pintadas e podem ser

criadas cores personalizadas.

Na indústria automobilística o plástico está presente nos painéis,

estofamentos (forros e enchimentos), tapetes só para citar alguns.

Utensílios domésticos variados (vassouras, baldes, carpetes em geral),

além de tecidos utilizados para confecção de roupas de cama, mesa e banho.

Por ser um material cujo tempo de degradação chega fácil a mais de

100 anos, as garrafas PET estão sendo testadas pela Prefeitura do Rio de

Janeiro na confecção de placas de trânsito. São mais leves, mais bonitas,

ecologicamente corretas e sem valor comercial de revenda (as antigas, de

metal são constantemente furtadas e revendidas aos ferros-velhos).

A moda, uma indústria ávida por novidades e sempre na vanguarda,

também usa o plástico PET no design e fabricação de jóias em ouro, prata e

pedras preciosas e bijuterias finas. Algumas parcerias foram firmadas entre

joalheiros conhecidos e cooperadas do Aterro Sanitário de Gramacho. Afinal

ser ecologicamente correto é “fashion”. O resultado deste trabalho foi

apresentado durante a Rio Fashion Week, em janeiro passado, no Píer Mauá.

Enfim, constata-se a multiplicidade de usos para as embalagens PET

que, além de dar um destino ecologicamente correto a estes resíduos sólidos,

cria mercados sustentáveis (formais e informais) possibilitando a

comercialização de um produto antes visto como nocivo e inútil.

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CONCLUSÃO

Um dos maiores problemas do meio ambiente nos centros urbanos é o

descarte de resíduos sólidos brutos. Cerca de 90% dos domicílios são

atendidos pelo serviço de coleta. Mas o problema começa neste momento:

como tratar este material e onde descartá-lo?

A coleta seletiva destes resíduos, o primeiro passo para a reciclagem,

ainda é insipiente diante do montante descartado diariamente: mais de 200

toneladas/dia somente na cidade do Rio de Janeiro. Isto resulta no descarte de

20% deste material em locais inapropriados e/ou clandestinos, segundo dados

publicados na Edição Especial Sustentabilidade (22/12/2010), da revista Veja,

totalmente dedicada aos assuntos ligados ao meio ambiente.

Quase a metade destes resíduos é composta por embalagens

descartáveis diversas (de sucos, garrafas plásticas de produtos de limpeza,

copinhos e garrafas PET). Quando descartados em locais clandestinos, um

dos maiores problemas do material plástico é a queima indevida e

indiscriminada. Esta “incineração in natura” agrava a poluição do ar, já que a

queima resulta na fumaça negra e conseqüente liberação de gases tóxicos e

cancerígenos. Um desses gases é o cloro, liberado a partir da queima do PVC,

podendo formar ácido clorídrico substância altamente corrosiva.

Por ser material de biodegradabilidade lenta (entre 100 e 400 anos), o

plástico quando descartado nos aterros sanitários, ainda misturados aos

demais detritos, cria uma “camada impermeável” que afeta as trocas de

líquidos e gases nas camadas mais profundas da terra.

Constatadas a intensidade e gravidade do impacto ambiental dos

materiais plásticos ao meio ambiente, diversas propostas tecnológicas, vêm

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sendo criadas, desenvolvidas e aprimoradas. Baseadas nos 3 “R” da gestão

de resíduos sólidos:

• Reduzir o consumo;

• Reutilizar e

• Reciclar o material.

Este trabalho tem por objetivo apresentar soluções práticas de

sustentabilidade a partir do aproveitamento de garrafas PET pós-consumo.

Foram observadas algumas ações que mostraram resultados bastante

consistentes em diversos setores da indústria. Os resultados observados e

comprovados, entre outros, foram a diminuição do descarte inadequado e a

valorização deste material elevado à categoria de parceiro da sustentabilidade.

Sustentabilidade significa também encontrar uma maneira que garanta

a prosperidade e a qualidade de vida da humanidade ao mesmo tempo em que

preserve os recursos naturais do planeta.

De acordo com a ABIPET (Associação Brasileira da Indústria PET) as

garrafas plásticas são 100% recicláveis e o Brasil é um dos maiores

recicladores deste material do mundo. A reciclagem é uma atividade industrial

que gera empregos e diminui os impactos ambientais resultantes do descarte

inadequado.

Adotar valores ambientais éticos no dia-a-dia é regra válida para

produtores e consumidores:

• Ser um consumidor consciente comprando somente aquilo que é

realmente necessário, evitando assim desperdícios;

• Dar preferência aos produtos recicláveis;

• Doar sua cota de recicláveis para uma cooperativa de agentes

ambientais;

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• Tendência das empresas em reduzir o tamanho das embalagens;

• Menor utilização de matéria-prima;

• Redução de energia, água e mão-de-obra;

• Produzir tecnologia que facilite a reciclagem e/ou reaproveitamento

do produto;

• Redução de gastos com transporte.

A união de todos estes fatores resulta na diminuição gradual dos

resíduos sólidos. Cerca de 40% do “lixo” que chega aos aterros sanitários do

país são recicláveis. Cada indivíduo deve ter em mente que é responsável pela

geração diária de uma cota de resíduos. Se esta preocupação tornar-se um

cuidado, teremos cada vez menos impactos ambientais e uma melhor

utilização e destinação dos resíduos sólidos que inevitavelmente produzimos.

O valor social dos reciclados ainda não é levado em conta nem pela

legislação e menos ainda pela população que, ainda, desconhece conceitos

básicos de sustentabilidade. É preciso divulgar estes conceitos e os

empresários são os grandes responsáveis por facilitar esta conscientização, já

que têm meios de “falar” diretamente aos consumidores.

Hoje o uso das garrafas PET é utilizado em diversos setores da

economia formal e informal. A PET descartada não é mais “lixo”, mas matéria-

prima de alto valor e uso diversificado. Cabe às empresas, através de

incentivos fiscais e similares, financiarem, divulgar e apoiar cooperativas e

projetos sociais que se tornem auto-sustentáveis.

Desenvolvimento econômico e sustentabilidade podem sim, serem

atividades complementares garantindo um meio ambiente menos devastado,

mais amado e respeitado por cada membro da sociedade.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1

Novas tecnologias: Coca-Cola Brasil lança garrafa PET feita

a partir da cana-de-açúcar 40

Anexo 2 Uso sustentável - Indústria têxtil: Cubras-se de PET 41

Anexo 3 Indústria alimentícia – Plástico do Bem 42

Anexo 4 Uso sustentável – Placas de trânsito feitas de PET 43 Anexo 5 Moda sustentável: Jóias feitas de PET 44 Anexo 6 PET: parceira da sustentabilidade 45 Anexo 7 Móveis de PET 46 Anexo 8 PET: Materiais mais ecológicos 47 Anexo 9 PET: Materiais de bem com o meio ambiente 48

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ANEXO 1

COCA-COLA BRASIL LANÇA GARRAFA PET FEITA A PARTIR

DA CANA-DE-AÇÚCAR

A PlantBottle é a primeira garrafa PET feita parcialmente de material de origem vegetal. O etanol da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo como insumo na nova embalagem, o que reduz em até 25% as emissões de CO² e impulsiona o setor sucroenergético do Brasil

A Coca-Cola Brasil dá o primeiro passo rumo à garrafa sustentável do futuro e torna-se pioneira no lançamento da PlantBottle na América Latina. Trata-se de uma embalagem revolucionária, feita de PET no qual o etanol da cana-de-açúcar substitui parte do petróleo utilizado como insumo. Por ter origem parcialmente vegetal - 30% à base da planta -, a novidade reduzirá a dependência da empresa em relação aos recursos não-renováveis, além de diminuir em até 25% as emissões de CO².

(Assessoria de Imprensa da Coca-Cola Brasil/ Site:www.textual.com.br / Acesso: Março/ 2010)

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ANEXO 2

CUBRA-SE DE PET

Foto: Marco Antônio

Novíssima, a coleção Malha Eco, da Altenburg, reúne jogo de lençóis (155 reais), edredom (172 reais) e colcha com dois porta-travesseiros (225 reais, no tamanho queen), feitos com uma mistura equivalente de algodão e fios reciclados de garrafas PET. Por usar menos cores - apenas estampas nos tons cru, verde e terroso -, a produção reduziu o consumo de água. Tel. (47) 3331-1588, Blumenau, SC. 10% da produção nacional de acrílico é reciclada anualmente. O número equivale a cerca de duas mil toneladas de sucata do produto e só não é maior em função da grande durabilidade desse plástico, que acaba sendo pouco descartado. (Fonte: Instituto Nacional para o Desenvolvimento do Acrílico- Indac/ Acesso: maio/2010)

O plástico reciclado é transformado em fibras que produzem um tecido forte, porém macio. Em geral, elas são combinadas com algodão, o que dá um toque ainda mais confortável. Também usadas em camisetas, bolsas e mochilas.

(Fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br/Acesso em junho/2010)

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ANEXO 3

Plástico do Bem

A Nobre Ambiental trabalha para difundir no Brasil o plástico ecológico como

alternativa ao produto comum. Representa, por exemplo, a resina americana

Cereplast, à base de milho e biodegradável, e também parceiros que fazem

produtos a partir desta resina, como copos e canetas. A Nobre

acompanha testes no Sul para uso do bioplástico em solados.

O bioplástico ainda é de 40% a 120% mais caro que o plástico

comum, dependendo do uso. “E não há benefício fiscal”, diz

Frederico Nobre. A bioMérieux já é cliente da Nobre em copos biodegradáveis

e a Bunge tem embalagem biodegradável da margarina Cyclus."

A Nobre Ambiental representa a Krest International e trabalham para difundir

no Brasil alternativas sustentáveis. Além do bioplástico, já comercializam a

linha de Limpeza Orgânica e Biodegradável Mister Green, que já foi matéria no

Guia da Embalagem.

Uma outra vantagem do bioplástico é estar em acordo com o Plano de

Resíduos Sólidos, por ser 100% biodegradável, gerando redução de custos em

relação à logística reversa, separação de resíduos para reaproveitamento e

reciclo.

(Fonte: Nobre Ambiental - Matéria publicada no caderno Negócios & CIA do

Jornal O Globo em 31/07/2010 / Site: www.nobreambiental.com)

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ANEXO 4

Placas de trânsito feitas de PET

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ANEXO 5

Moda sustentável: Jóias feitas de PET

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ANEXO 6

PET: parceira da sustentabilidade

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ANEXO 7

Móveis de PET

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ANEXO 8

PET: MATERIAIS MAIS ECOLÓGICOS

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ANEXO 9

PET: MATERIAIS DE BEM COM O MEIO AMBIENTE

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BIBLIOGRAFIA

GRIPPI, Sidney. Lixo – Reciclagem e sua História. Rio de Janeiro: Ed.

Interciência, 2006.

Revista Construir Casas Ecológicas, Editora Casa Dois, Número 03, p. 56 e 57

Jornal O Globo, Suplemento Razão Social, matéria publicada em 04/05/2010,

p.19

Jornal O Globo, Caderno Morar Bem, matéria publicada em 22/08/2010, p.3

Jornal O Globo, Suplemento Planeta Terra, agosto/2010, p.5 e 6

Jornal O Globo, Editoria Rio, matéria publicada em 05/12/2010, p.25

Jornal O Globo, Editoria Cidades, matéria publicada em 22/12/2010, p.15

Jornal O Globo, Editoria Rio, matéria publicada em 12/01/2011, p. 12

Jornal O Globo, Fashion Rio, Espaço Ela, publicada em 15/01, 2011, p. 16

Revista Veja, Cidade, matéria publicada em 22/12/2010, p. 43

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WEBGRAFIA

Site Coca-Cola (www.cocacola.com.br) – acessos em Agosto e Setembro/

2010

Site ABIPET (Associação Brasileira da Indústria PET) www.abipet.com.br

Acessos em Outubro 2010

Site WIKIPEDIA (www.wikipedia.com.br) – acessos em Novembro e

Dezembro/2010

Site Lixo (www.lixo.com.br) – acessos em 18 e 19/12/2010

Site ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria do Plástico)

www.abiplast.com.br – acessos em dezembro/2010

Site O ECO (www. oeco.com.br) – acessos em fevereiro/2011

Artigo de Ana Claudia Nioac Salles aluna de doutorado no Programa de

Planejamento Energético da COPPE/ UFRJ.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A DESCOBERTA DO PLÁSTICO 11

1.1 – Origem e uso

1.2 – PET: Ainda vilã da natureza 13

CAPÍTULO II - O COMEÇO DA TRANSFORMAÇÃO 17

2.1 – Cada vez mais plástico no lixo 18

2.2 – Legislação Estadual 20

2.3 – A reciclagem 23

CAPÍTULO III - PARCEIRA DA SUSTENTABILIDADE 27

3.1 – Novas tecnologias criando novos usos 32

3.2 – A casa de PET e outros usos sustentáveis 33

CONCLUSÃO 36

ANEXOS - Índice de anexos 39

BIBLIOGRAFIA 49

WEBGRAFIA 50

INDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes (A Vez do Mestre)

Título da Monografia: Garrafa Pet, de vilã ambiental a parceira da

sustentabilidade

Autora: Ana Cristina da Silva Fraga

Data da entrega: Março 2011

Avaliado por: Profa. Mary Sue Pereira