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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A relação professor – aluno como motivadora da aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental
por: Sandra Regina Silvestre da Rosa
Orientadora: Profª Ana Cristina Guimarães
Rio de Janeiro
Julho/2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A relação professor – aluno como motivadora da aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental
Sandra Regina Silvestre da Rosa
Trabalho monográfico apresentado como requisito
parcial para a obtenção do Grau de Especialista em
Supervisão Escolar.
Rio de Janeiro
Julho/2004
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer, a Deus por ter me dado a
infinita capacidade, permitindo o meu crescimento e
fazendo com que a cada dia eu consiga subir um novo
degrau em minha vida.
Agradeço a s minhas filhas, principalmente Aline.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 05
CAPÍTULO I 06
OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO 06
CAPÍTULO II 12
A TRAJETÓRIA DA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO 12
CAPÍTULO III 23
EDUCADOR – EDUCANDO: PARCEIROS DE SUCESSO 23
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA 31
ANEXOS 33
ÍNDICE 37
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INTRODUÇÃO
A relação professor-aluno na sala de aula abrange vários aspectos devido a sua
multidimensionalidade e não se pode reduzi-la a uma fria relação didática nem a uma
relação humana calorosa.
Essa pesquisa tem o objetivo de responder a indagações que no dia - a - dia de um
professor são constantes. Estas no que se refere à educação e à escola, passam a ser do
interesse de muitos e não apenas de alguns especialistas da área.
Como se dá a relação professor-aluno em sala de aula?
Será que o processo de ensino – aprendizagem se torna mais significativa quando o
professor utiliza uma prática transformadora?
E a construção de vínculos afetivos, pode ou não aumentar o aprendizado entre os
alunos?
Sabendo que o termo “educação” está muito ligado aos processos de socialização e
escolarização e principalmente com a evolução social podemos ressaltar como progresso,
pois em determinados momentos educadores e educandos, ainda que de forma não –
sistematizada, pensam, refletem, conversam, e transmitem experiências e conhecimentos.
Assim, se a educação e a escola são realidades que encontramos na mais diversa
forma, é chegado o momento de começar a explanar esse tema para dissuadir inquietações
que tanto afligem um educador.
Por último, cabe ressaltar que este é um texto introdutório, que tem como objetivo
destacar a importância da motivação no processo de aprender do aluno é se essa
motivação varia de acordo com a prática do professor.
O presente estudo é composto por três capítulos:
O Capítulo I, tem como objetivo apresentar os caminhos da educação bem como
conceitos e finalidades registrados ao longo da história.
No Capítulo II, será apresentado a trajetória da relação professor-aluno numa
abordagem histórica, através das diferentes tendências pedagógicas da educação do Brasil,
e ainda, uma reflexão sobre a importância do relacionamento professor-aluno na eterna
busca do educador necessário.
E no Capítulo III, será abordada a questão de uma parceria de excelência entre
educador- educando.
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CAPÍTULO I
OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO
“Despertar no aluno a capacidade de pensar e agir de forma crítica e consciente”
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EDUCAÇÃO: CONCEITOS E FINALIDADES
Nas sociedades primitivas encontramos o termo educação de forma difusa e
integrada no funcionamento da sociedade. Todos educam a todos. Dependendo do tipo de
agrupamento humano, alguns mais complexos, surgem organizações que de maneira
específica são portadoras de transmissão cultural.
A educação formal não substitui a educação informal que se interpõe o tempo todo
nas relações entre os homens e nas sociedades complexas, a educação informal não basta.
Muitos dos conceitos que o termo educação apresenta estão relacionados aos
processos de socialização e escolarização.
Teóricos como John Dewey (1971), estão preocupados com o lado pragmático da
educação e, principalmente, com a evolução social desta, defendiam a adequação do
processo educativo ao mundo, ressaltando a educação como fator de progresso, pois ao
ensinar o indivíduo o professor contribui para a formação da vida social, não distinguiam a
educação da socialização:
Quando os homens viviam em pequenos grupos que tinham pouco que ver com os demais, o dano que a educação intelectualista e memorista causava era realmente pequeno: (...) Os métodos e operações industriais dependem, hoje, do conhecimento dos fatos e leis das ciências naturais e sociais, num grupo muito maior do que foram antes. Nossas ferrovias e barcos, os bondes, telégrafos e telefones, fábricas e granjas de trabalho, e até nossos recursos domésticos dependem para sua existência de intrincados conhecimentos materiais, físicos, químicos e biológicos. Dependem, em sua melhor e última aplicação, de uma compreensão dos fatos e relações da vida social. (Dawey, 1971, p. 56).
Vale mais avaliar o progresso do aluno que o volume quantitativo dos saberes
acumulados.
A educação é responsável por manter a memória de um povo e criar condições para
sua sobrevivência. É fundamental para humanizar e socializar o indivíduo. Processo
permanente, não se restringe a simples continuidade, supõe rupturas através das quais a
cultura - transformação que o homem exerce sobre a natureza, mediante o trabalho, os
instrumentos e as idéias utilizadas nesse processo se renova, permitindo que o homem faça
sua história.
O termo educação é, na maioria das vezes, reservado para o conjunto de influências
que os adultos exercem sobre as crianças. Destacamos assim a idéia de Jean-Jacques
Rosseau ao afirmar que toda a educação deveria seguir o livre desenvolvimento da própria
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natureza da criança, e suas inclinações naturais: “A primeira educação, então seria
puramente negativa. Consistiria não em ensinar os princípios da virtude ou da verdade, mas
em proteger o coração contra o vício e o espírito contra o erro”.(Rosseau, 1968, p.74).
A primeira análise do caráter social da educação que foi realizada, na passagem do
século XIX para o XX, pelo sociólogo francês Émile Durkheim, ao desenvolver uma
abordagem científica que centrava-se no fato concreto de educação.
Durkheim, assume uma atitude descritiva que contrapõe à teoria intelectualista. Sua
abordagem era voltada para o exame dos elementos reais da educação: o aluno, ao
professor e a interação entre ambos, os conteúdos, a inserção no campo da realidade, o
equipamento instrumental, a escola o acervo social (tradições, idéias e técnicas) e incluía o
recurso à história da educação.
Enfatizando a origem social da educação, Durkheim define:
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente se estine. (1978, p.41).
Vale mais avaliar o progresso do aluno que o volume quantitativo dos saberes
acumulados.
A educação é responsável por manter a memória de um povo e criar condições para
sua sobrevivência. É fundamental para humanizar e socializar o indivíduo. Processo
permanente, não se restringe a simples continuidade, supõe rupturas através das quais a
cultura - transformação que o homem exerce sobre a natureza, mediante o trabalho, os
instrumentos e as idéias utilizadas nesse processo se renova, permitindo que o homem faça
sua história.
O termo educação é, na maioria das vezes, reservado para o conjunto de influências
que os adultos exercem sobre as crianças. Destacamos assim a idéia de Jean-Jacques
Rosseau ao afirmar que toda a educação deveria seguir o livre desenvolvimento da própria
natureza da criança, e suas inclinações naturais: “A primeira educação, então seria
puramente negativa. Consistiria não em ensinar os princípios da virtude ou da verdade, mas
em proteger o coração contra o vício e o espírito contra o erro”. (Rosseau, 1968, p.74).
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A primeira análise do caráter social da educação que foi realizada, na passagem do
século XIX para o XX, pelo sociólogo francês Émile Durkheim, ao desenvolver uma
abordagem científica que centrava-se no fato concreto de educação.
Durkheim 1978, assume uma atitude descritiva que contrapõe à teoria
intelectualista. Sua abordagem era voltada para o exame dos elementos reais da educação:
o aluno, ao professor e a interação entre ambos, os conteúdos, a inserção no campo da
realidade, o equipamento instrumental, a escola o acervo social (tradições, idéias e
técnicas) e incluía o recurso à história da educação.
Enfatizando a origem social da educação, Durkheim define:
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente se estine. (1978, p.41).
Destacam-se dois aspectos no conceito de Durkheim: o primeiro da
homogeneidade que fixa na alma da criança conceitos essenciais e o segundo, da
diversidade dos meios sociais (profissões, classes e grupos).
Como conseqüência da definição de Durkheim se propõe a distinção do “ser
individual” que se constitui dos estados mentais que não se relacionam senão com a
própria pessoa, e o “ser social” que diz respeito e engloba as crenças religiosas, as práticas
morais, as tradições nacionais e profissionais e as opiniões coletivas. Sendo assim, a
educação se presta a constituir esse segundo ser em cada um de nós.
Para o sociólogo Durkheim, a educação deve satisfazer, antes de tudo as
necessidades sociais e enfatiza a idéia de que toda a educação consiste num esforço
contínuo de impor à criança a maneira de ver, sentir e de agir às quais as mesmas ainda não
teriam alcançado. Percebeu que a educação é fundamental para a convivência social e que
consiste na socialização metódica das gerações mais novas.
É grande o mérito da abordagem proposta por Durkheim, pois acentua o caráter
social dos fins educacionais, e por encarar a pedagogia uma “teoria prática” da educação.
Mas apresentamos como limite dessa nova abordagem a parcialidade com que analisa o
processo de educação e a educação como um todo.
Não se preocupava com o processo interno de educação e apresentava radicalidade
ao absolutizar o poder da sociedade sobre o homem, retirando do mesmo uma
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possibilidade ou poder de contestação, não considerando o caráter ideológico da educação
declarado por Durkheim: “a educação não existe para mudar e sim para reproduzir”.(1955,
p. 61)
Continuamos pensando no conceito de educação como processo de
desenvolvimento integral do indivíduo, supondo o desenvolvimento das capacidades física,
intelectual e moral que visa a formação de habilidades e, também, do caráter e da
personalidade social. Conceitua Libâneo:
“Educar (em latim é educare) é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação. O ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais, tanto ao nível intrapessoal como ao nível da influência do meio, interação que se configura uma ação exercida sob sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação exercida. Presumi-se, aí, a interligação no ato pedagógico de três componentes: Um agente (alguém, um grupo, um meio social etc.), uma mensagem transmitida (conteúdos, métodos, automatismos, habilidades etc.) e um educando (aluno, grupos de alunos, uma geração etc.) ” (Libaneo,1985,p.97)
Ainda como sinal de evolução não podemos deixar de relacionar a educação a
um contexto histórico - social concreto, pois o ponto de partida e de chegada da ação
pedagógica é a prática social. É no início do processo que o educando possui
experiência social ainda confusa e fragmentada que se desenvolverá para ser levada ao
outro estágio de organização.
A educação é um processo inclusivo, compreendido dentro de um contexto social
global, com uma dimensão dos demais processos sociais, sem sentido se for isolado.
Destacando o aspecto social, Saviani (1980) em “Educação: do senso comum à
consciência filosófica”: “ educação é um processo que se caracteriza por uma atividade
mediadora no seio da prática social global”.(1980, p. 120)
Ao pensar numa evolução histórica do conceito e finalidade da educação surge a
educação libertadora. O homem sempre se deparou com as possibilidades de humanizar-se
ou desumanizar-se. É a educação, que quando ocorre de forma autêntica, se torna um
processo de humanização e desse modo uma prática de libertação.
Para Paulo Freire: “a educação é uma resposta da finitude da infinitude”.
O homem é um indivíduo inacabado e tem consciência disso
Segundo Libâneo:
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Um ‘produto’, significando os resultados obtidos da ação educativa conforme propósitos sociais e políticos pretendidos; é ‘processo’ por consistir de transformações sucessivas tanto no sentido histórico quanto no de desenvolvimento da personalidade”. ( 1991, p. 23).
Concluí-se que a educação pode ser encarada como uma instituição social
ordenada no sistema educacional de um país, num determinado momento histórico.
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CAPÍTULO II
A TRAJETÓRIA DA RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO
“...o mestre não é aquele que sempre ensina, mas
aquele que de repente aprende.”
Guimarães Rosa
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A RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO NAS DIFERENTES
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS
A relação professor-aluno é fundamental no processo de ensino e está diretamente
vinculada à organização da instituição escolar, aos objetivos que esta deseja alcançar e
principalmente, ao tipo de proposta filosófica dos elementos envolvidos no processo
educativo.
Ilustra Garcia que: “Na relação pedagógica o que se aprende não é tanto o que se
ensina (conteúdo), mas o tipo de vínculo educador – educando que se dá na relação”.
(1983, p.346)
Alunos e professores têm tarefas específicas e diferenciadas, apesar da
circularidade e da reciprocidade do processo educativo.
Ao longo da história da educação no Brasil, destacamos estas tarefas que foram
firmadas nas escolas através da práxis docente influenciada pelas pedagogias liberal e
progressista.
É necessário esclarecer que as pedagogias liberal e progressista que influenciam a
prática e as relações da/na escola, não aparecem de forma estanque em determinadas
épocas, pelo contrário, através dessa influência a escola, representada pelo professor,
realiza sua prática pedagógica marcada por várias tendências, apresentado posturas
diferentes. Saviani confirma:
O professor vive num impasse entre a prática e a teoria. Têm na cabeça o movimento e os princípios da escola nova”. A realidade, porém, não oferece aos professores condições para instaurar a escola nova, porque a realidade em que atuam é tradicional .(1983, p. 75)
Libâneo classifica as pedagogias liberal e progressista em diversas tendências que
caracterizam a educação.
Na concepção liberal, relacionada a doutrina do liberalismo que justifica o sistema
capitalista e preconiza a predominância da liberdade e dos interesses individuais na
sociedade, também denominada de sociedade de classes. As tendências são classificadas em
tradicional, renovada progressivista, renovada não - diretiva e tecnicista. Afirma Libâneo:
“A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinqüenta anos, tem sido marcada pelas
tendências liberais...” (1999, p. 21)
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A pedagogia liberal dissemina a idéia de que a escola deve preparar os indivíduos
para desempenhar papéis sociais.
O teórico Althusser confirma: “Um aparelho ideológico do Estado desempenha o
papel dominante, muito embora não escutemos sua música a tal ponto, ela é silenciosa.
Trata-se da escola”! (1985, p. 78)
Ainda como fundamento da pedagogia liberal podemos destacar o enfoque dado à
necessidade de adaptação do indivíduo a valores e normas impostos pela sociedade através
do desenvolvimento da cultura individual. Apesar de idéia da igualdade de oportunidades,
escamoteia as diferenças de classes não levando em conta as diferentes condições. Afirma
Bourdieu: “É provável por um efeito de inércia cultural que continuamos tomando o
sistema escolar como um fator de mobilidade social (...)”.
Além disso, para Bourdieu, a influência do capital cultural e do ethos é grande em
relação a função social, chegando até a implicar em desenvolvimento escolar:
O capital cultural e o ethos, ao se combinarem, concorrem para definir as condutas escolares e as atitudes diante da escola, que constituem o princípio de eliminação diferencial das crianças das diferentes classes sociais.(1998, p. 50)
Na pedagogia liberal tradicional há a idéia do preparo do aluno nos aspectos moral
e intelectual preparando-o para exercer seu papel na sociedade. A relação professor –
aluno é legitimada pela verticalidade. O autoritarismo do professor é a base da
convivência que deve acontecer num clima de disciplina (silenciosa) a fim de que seja
facilitada a transmissão do saber.
Paulo Freire contrapõe a postura do professor na pedagogia liberal tradicional que
denomina de “educação bancária”:
Não pode perceber que somente na comunicação tem sentido a vida humana. Que o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação. Por isto, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a estes imposto. Daí que não deva ser um pensar no isolamento, na torre de marfim, mas na e pela comunicação, em torno, repitamos de uma realidade.( 1987, p.64)
Já na pedagogia liberal renovada progressivista o objetivo é a adequação das
necessidades do indivíduo ao meio social, através de conteúdos que atendam aos interesses
e necessidades dos alunos. Valoriza-se a idéia de “aprender fazendo” através do método de
solução de problemas propostos por Dewey: “O fim da educação não é formar a criança a
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partir de modelos, nem orientá-la para uma ação futura, mas dar condições para que o aluno
resolva por si próprio os problemas decorrentes da experiência”.( 1965, p. 79-80)
A relação professor-aluno frente a situação da proposta de resolução de problemas
é de auxiliar no desenvolvimento livre do aluno, não havendo lugar de destaque para o
professor. Há a preocupação com a vivência democrática e a busca de um relacionamento
positivo.
A pedagogia liberal renovada não - diretiva pontua a necessidade da escola formar
as atitudes dos alunos, preocupando-se com os problemas psicológicos destes. Essa
influência psicológica deve-se ao seu precursor Carl Rogers, com formação em psicologia
clínica.
Como objetivos principais dessa tendência destacam-se o autodesenvolvimento e a
realização pessoal. Comparava-se a educação com terapia. Tem-se de encontrar uma maneira de desenvolver, dentro do sistema educacional como um todo, e em cada componente, um clima conducente ao crescimento pessoal, um clima no qual a inovação não seja assustadora, em que as capacidades criadoras e administradores, professores e estudantes sejam nutridas e expressadas, ao invés de abafadas. Tem-se de encontrar, no sistema, uma maneira na qual a focalização não incida sobre o ensino, mas sobre a facilitação da aprendizagem autodirigida.( 1985, p. 153)
No relacionamento entre professor – aluno a tendência liberal não - diretiva
propunha que o centro fosse o aluno e a formação da personalidade deste através de
vivências baseada em aprendizagens significativas. A relação é baseada num clima pessoal
e autêntico, onde o professor é um “especialista das relações humanas”, que privilegia a
auto – avaliação do aluno.
Para a pedagogia liberal tecnicista a escola deve trabalhar para “moldar” o
comportamento do aluno. O sistema escolar é responsável pelo processo de aquisição das
habilidades, dos conhecimentos e das atitudes que o indivíduo necessita para sua
integração na sociedade. Desta forma, a escola garante a manutenção da ordem social
vigente. O influenciador da pedagogia liberal tecnicista é Skinner que declara:
O comportamento apreendido é uma resposta a estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a mesma... Se a ocorrência de um (comportamento) operante é a segunda pela apresentação de um estímulo (reforçador), a probabilidade de reforçamento é aumentada.
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Percebe-se que o eixo pedagógico da pedagogia liberal tecnicista encontra-se na
organização racional dos meios como forma de minimizar o subjetivo interferindo na
eficiência, pois o ensino tecnicista surge para adequar o sistema de educação `a
necessidade do sistema político – econômico durante o regime militar no período após
1960.
A relação professor – aluno, proposta pela pedagogia liberal tecnicista se baseia
numa estrutura bem definida na atuação do professor como “elo” de ligação entre a
verdade científica e o aluno pelo emprego do sistema educacional previsto.
O professor é responsável pela execução de um processo planejado, que é
coordenado e controlado por especialistas que supostamente habilitados, estão a serviço do
processo. A tarefa principal do professor é conseguir um comportamento adequado para o
controle do ensino.
Contrapondo a pedagogia liberal e suas tendências, apresentamos a pedagogia
progressista que segundo Snyders parte da análise crítica da realidade social e apresenta
como tendências: a progressista libertadora, a progressista libertária e a progressista crítico
- social dos conteúdos.
A pedagogia progressista não objetiva a institucionalização do capitalismo, visando
ser segundo Libâneo: “um instrumento na luta dos professores ao lado de outras práticas
sociais”.
A tendência progressista libertadora, conhecida como pedagogia libertadora ou
Pedagogia de Paulo Freire tem o eixo pedagógico no questionamento de realidade das
relações do homem com a natureza e com os outros homens. Pontuando a educação “não –
formal” e problematizadora, procura desenvolver no aluno um nível de consciência da
realidade em que vive a fim de atuar na transformação da mesma.
O resultado da aprendizagem nesse processo é a aproximação crítica da realidade.
Paulo Freire afirma:
(...) esse saber resultante da concepção problematizadora acha-se entrelaçado à necessidade de transformar o mundo, pois os homens se descobrem como seres históricos, como seres que estão sendo, como seres inacabados, inconclusos, em e com uma realidade, que sendo histórica também, é igualmente inacabada.(1987, p.82)
Uma relação dialógica e problematizadora que parte do caráter histórico e da
historicidade do educador e do educando, tem como base uma relação horizontal.
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É o educador que “anima” os grupos de discussão e fornece, se e quando
necessário, informações sistematizadas para o desenvolvimento do grupo.
Justifica Paulo Freire: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os
homens se libertam em comunhão”.(1987, p.48)
Desta forma, educador e educando, que Paulo Freire denominou, respectivamente,
de liderança e massa trabalham co – intencionados à realidade, e se cotizam no objetivo de
criar e recriar o conhecimento, onde ambos são sujeitos do mesmo processo.
Como proposta, a pedagogia progressista libertária apresenta seu eixo num
processo autogestionário, que visa a autonomia do indivíduo no coletivo. Pretende
estimular a autonomia como forma de resistência à ação dominadora burocrática do
Estado.
É fundamental desenvolver o estímulo do sentido libertário na busca às respostas
das necessidades e exigências da vida social. É Freinet quem reafirma o objetivo da
pedagogia progressista libertária:
(...) nenhuma, absolutamente, nenhuma das grandes aquisições vitais se faz por processos aparentemente científicos (...) É a caminhar que a criança aprende a andar, e a falar que aprende a falar, é a desenhar que aprende a desenhar.(...). (Freinet,1997,p.50)
Como instrutor e/ou como conselheiro, o professor irá atuar à disposição do grupo.
Considerado como facilitador e parceiro, convive com o grupo numa relação de não -
diretividade, desconsiderando as tarefas obrigatórias e as ameaças.
O professor mistura-se ao grupo para uma reflexão comum, não deixando que o
papel de professor se posicione como modelo para os alunos, pois a pedagogia
progressista libertária invalida toda e qualquer forma de poder ou autoridade.
Completando as classificações das tendências da pedagogia progressista, a crítico-
social dos conteúdos tem como eixo pedagógico, segundo Libâneo: “a difusão de
conteúdos vivos, concretos e indissociados da realidade”.
Sugere a articulação entre a política e o pedagógico, numa capacidade de
compreensão do vínculo da prática social global.
Para Luckesi a pedagogia progressista crítico – social dos conteúdos propõe a
superação das pedagogias tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica inserida
numa prática social concreta:
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“Entende-se a escola como mediação entre o individual e o social, exercendo aí a articulação entre a transmissão de conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (...)”.( 1994, p.84)
A mediação é a ação exercida pelo professor na pedagogia crítico – social dos
conteúdos, devendo proporcionar elementos de análise crítica aos alunos que os ajudem a
ultrapassar suas experiências imediatas, os estereótipos e as pressões ideológicas
dominantes.
É fundamental o envolvimento do professor com o estilo de vida dos alunos, tendo
consciência dos contrastes existentes entre sua cultura e a cultura destes.
Baseado nas duas grandes correntes pedagógicas, classificadas por Libâneo de
pedagogia liberal e de pedagogia progressista, a educação evolui ao longo do tempo no
que diz respeito ao relacionamento professor-aluno.
Do eixo da verticalidade, da disciplina e da obediência, historicamente, difundida
na sociedade e na educação brasileira, ao eixo da mediação que considera o aluno como
sujeito do ato de conhecer, a relação entre o aluno e o professor veicula significados
isentos de neutralidade.
Deve-se estudar, aprender, ensinar e aprender por amor à humanidade, com o
anelo de servir-lhe melhor. De nada serve a sabedoria sem o amor.
2.1 – A interação professor- aluno
A busca do professor necessário
A interação professor-aluno, que acontece na sala de aula, ultrapassa a
situação de um simples encontro que objetiva o processo de ensinar e aprender.
Essa relação é estabelecida em contatos interpessoais que têm como base
propostas educacionais, modelos sociais e culturais e, também, motivações, interesses e
expectativas dos sujeitos envolvidos.
Não pode-se desconsiderar que por se tratar de uma relação pedagógica a
interação professor-aluno visa à promoção do homem, ao desenvolvimento da
capacidade de compreensão , de reflexão, de crítica e autocrítica.
A interação, portanto, traz de forma implícita uma relação dialógica entre
professores e alunos, que ao mesmo tempo, se comprometem com o conhecimento e com
a construção de uma sociedade mais humana e igualitária.
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O significado da docência para o professor, vinculado à competência profissional
e aliado às suas características pessoais estimulam e desencadeiam posicionamentos
diversos em sala de aula. Estes posicionamentos podem ser apresentados nos professores
e nos alunos.
Se o professor concebe o ensino meramente como um processo de transmissão de
informações, provavelmente não estabelecerá em sala de aula o diálogo, optando pela
rotina do silêncio e do monólogo, dogmática e unilateral.
Em contrapartida, se o professor considera o ensino como um processo dinâmico,
considerando a interação professor-aluno baseada no caráter de solidariedade e com
responsabilidade, haverá, por parte do aluno uma aproximação que influirá fortemente
em sua aprendizagem. Podemos afirmar que existe entre os alunos e professores
inúmeras expectativas relacionadas ao desempenho.
A relação professor - aluno é centralizada na escola que como instituição social
determina aos seus componentes, os comportamentos que deles se esperam obter. Mas,
em contra partida a escola é determinada pelo conjunto de expectativas que a sociedade
na qual está inserida faz sobre ela. A este fluxo denominamos de ideologia dominante.
Declara Chauí:
A ideologia resulta da prática social, nasce da atividade social dos homens no momento em que estes representam para si mesmos essa atividade (...) as idéias dominantes em uma sociedade numa época determina não só todas as idéias existentes na sociedade, mas são apenas as idéias da classe dominante dessa sociedade nessa época, ou seja, a maneira como ela representa para si mesma sua relação com a natureza, com os demais homens, com a sobrenatureza (deuses), com o Estado, etc.. (Chauí, 1984, P. 92)
Sendo assim, os papéis que compõe a escola estão definidos ideologicamente
também na sociedade e são identificados com a classe dominante, passando pelas formas
de produção e distribuição do conhecimento.
As expectativas dos alunos, também são determinadas pelas condições da classe
social a que estes pertencem. Muitas das vezes a escola reforça a expectativa de aceitar o
fracasso relacionando-o a sua situação na sociedade.
Ainda há sobre a relação professor-aluno o “peso” das relações institucionais.
segundo Berger e Luckmann:
as instituições controlam a conduta humana estabelecendo padrões previamente definidos de conduta, que a canalizam em uma direção por oposição a muitas outras que seriam teoricamente possíveis (...) As
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instituições têm sempre uma história, da qual são produtos e isto significa em controle . 1983, p.80
Observa-se que as instituições também interferem na expectativa de professores e
alunos. Numa escola técnica, por exemplo, a obediência, a hierarquia e a disciplina –
aspectos privilegiados e cultivados pela organização escolar – seriam primordiais para o
preparo do aluno no futuro mercado de trabalho.
Em virtude dos papéis que desempenha, o indivíduo é introduzido em áreas
específicas do conhecimento social e objetivado. O professor e o aluno não devem
permanecer alienados à imposição da organização da escola sendo manipulados pelas
idéias que nem sabem para que servem. Necessitam desenvolver consciência crítica.
Na interação professor-aluno encontramos a necessidade de se ressaltar dois
aspectos fundamentais segundo Libâneo o cognoscitivo, que diz respeito às formas de
comunicação dos conteúdos escolares indica aos alunos e o aspecto sócio - emocional
que diz respeito às relações pessoais entre o professor e aluno e às normas de disciplina
que são indispensáveis ao trabalho do professor.
A boa interação professor-aluno no aspecto cognitivo se dará de forma
satisfatória quando forem considerados os fatores: manejo de recursos da linguagem,
conhecimento do nível de cognitivo do aluno, planejamento com clareza de objetivos e
conhecimento pelo aluno sobre o que se espera dele em relação à disciplina ou matéria.
Já o aspecto sócio - emocional está relacionado aos vínculos afetivos entre os
professores e alunos.
A qualidade da interação reflete um desequilíbrio dinâmico, pois professores e
alunos são indivíduos diferentes, com valores e idéias próprias que se expressam através
de ações e escolhas.
Destacamos a liderança do professor e sua responsabilidade como elementos que
desencadeiam o processo, na fala de Paulo Freire: ...o rosto e a fala dos professores podem confirmar a dominação ou refletir possibilidades de realização. Se os estudantes vêem ou ouvem o desprezo, o tédio, a impaciência do professor, aprendem que são pessoas que inspiram desgosto e enfado. Se perceberem o entusiasmo do professor quando este lida com seus próprios momentos de vida, podem descobrir um interesse subjetivo na aprendizagem crítica. (1983, p.35)
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O professor, na sala de aula, deve exercer uma liderança natural, gerada por suas
qualidades intelectuais, morais e técnicas. Esta liderança contribui na relação educativa e
não deve ter o objetivo de inibir a participação e autonomia dos alunos.
No processo educativo a autoridade exercida pelo professor e a autonomia
idealizada pelos alunos são dois extremos que inicialmente parecem contradizer-se, mas na
prática educativa se complementam.
Devemos dar aos alunos oportunidades de escolha e incumbi-los da
responsabilidade da própria educação.
Existem inúmeras tentativas de democratização para o espaço escolar e,
principalmente para a sala de aula, onde efetivamente se dá a relação professor-aluno.
Mas apesar da evolução dessa relação ainda encontramos sistemas e professores que
estabelecem de fato, a imposição da autoridade, como base para a interação com o aluno.
Os professores que ainda perpetuam a disciplinarização de corpos e mentes e
fundamentam sua relação com o aluno a partir desta, ainda reproduzem o que a
sociedade lhe apresentou durante longos anos quando a sociedade brasileira esteve
marcada pela autoridade e, dessa forma, construiu um imaginário nas pessoas e
particularmente na “escola” e nos professores.
Desta forma, torna-se sempre atual o questionamento da autoridade versus
autoritarismo. É comum, atualmente o questionamento da autoridade do professor em
sala de aula, baseado no modismo denominado laissez - faire ou não diretividade, que
gera um voluntário espontaneísta, confundindo de forma errada os conceitos de
autoridade e autoritarismo.
O professor deve ser um eterno aprendiz. Aquele que mantém acesa a chama de
uma paixão intensa pelo fascinante universo do saber. Uma centelha de energia
proporcionará entre mestres e alunos, entre aprendiz e aprendizes um elo de ligação e de
troca suficientemente forte e bem alimentado para juntos descerrarem as trevas do
ignorar.
2.2 - O professor como agente de transformação
Compreender a dimensão política da educação é fundamental para que o professor
assuma seu papel na sociedade atual, responsabilizando-se por seus compromissos e com
sua competência.
22
O educador, atualmente, considerado um ser do mundo, não pode ser visto isolado
desta perspectiva.
Franco declara: “O educador não é um indivíduo isolado, uma individualidade à
parte que emite pareceres limitados numa relação unívoca com a escola e a sociedade”.
(1984, p. 12)
Sendo assim, não podemos analisar as relações estabelecidas com os alunos sem
considerar as situações concretas de sua história e de sua vida.
Atualmente é compromisso do professor como ser político e contextualizado
recuperar a qualidade da relação com o aluno.
Mais questionadora do que no passado, mais consciente das inovações e criativa a
educação caminha em direção a um novo olhar que exige do professor a atitude de
mediação. Destacamos Vygotsky ao privilegiar a escola como um espaço privilegiado e o
“professor como elemento essencial à aprendizagem, ressaltando sempre o papel mediador
do mestre na interação aluno – conhecimento”.(1995 p.86)
O professor no eixo da transformação social não é elemento neutro, é presença
ativa sem dominação. Na relação professor-aluno deixa de ser o único que sabe, e passa a
ser o que pensa com, e não pelo aluno.
A construção do conhecimento acontece num processo interpessoal e destacamos
como fundamental desse processo de interação a relação educando - educador, que não é
unilateral, pois aluno e professor constróem conhecimento.
O aluno através dessa interação/relação além dos conhecimentos, constrói valores,
crenças, adquire hábitos, formas de se expressar e de ver o mundo, aprende a conceituar e
assim, modifica e amplia suas estruturas mentais. O professor também é “modificado”
nessa relação, aprende com o aluno, na medida que compreende e percebe como este vê o
mundo. Nessa relação interpessoal onde acontece o intercâmbio, o diálogo é fundamental.
Através do diálogo educador e educando irão construir conhecimentos.
23
CAPÍTULO III
EDUCADOR-EDUCANDO: PARCEIROS DE SUCESSO
“ Conhecimento e comprometimento formam a base do sucesso”.
24
A RELAÇÃO EDUCADOR – EDUCANDO COMO MOTIVADORA DA APRENDIZAGEM
O ser humano tem necessidades e desejos. Os desejos que são estados típicos do
comportamento humano, têm suas origens nas necessidades. Ao satisfazer as necessidades,
os desejos continuam porque seu objetivo é manter a satisfação pessoal. As necessidades e
desejos surgem acompanhados de um impulso para a resolução dos problemas e, em
decorrência, há um aumento na tensão global no organismo.
O homem usa seus comportamentos disponíveis, estabelecendo objetivos, fazendo
escolhas e realizações. Cada indivíduo, de acordo com as suas possibilidades procura
solução para a realização das necessidades.
O processo psicológico, de base emocional, que inicia, dirige e mantém a atividade
individual e visa a obtenção de um objetivo é a motivação. Em busca de satisfazer suas
necessidades, o homem estabelece metas as quais direciona sua energia individual. Este
impulso à ação constitui um motivo, que é a causa do comportamento.
Originada no verbo latino movere, a palavra motivo significa pôr em movimento,
mover. Na psicologia, quando um fator determina o comportamento de um indivíduo, diz-
se que foi por este ou aquele motivo, que podem ser primários ou secundários.
Segundo Shaffer motivo “é o fator que desperta, sustenta e dirige a atividade do
organismo”.
Os motivos primários também denominados de orgânicos são os que constituem os
impulsos correspondentes à fome, à sede, ao sexo e a agressividade. Enquanto que os
motivos secundários são os desejos que o homem apresenta ao longo de sua existência.
No estudo da motivação são consideradas as variáveis: o ambiente, as forças
internas ao indivíduo que são as necessidades, os desejos, as vontades, o interesse, o
impulso, o instinto e, o objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força
interna que o mobiliza.
Então, podemos afirmar que a motivação é um processo que relaciona necessidade,
ambiente e objeto dispondo o organismo para a ação, buscando satisfazer uma necessidade.
Toda ação humana é motivada, pois o homem age em virtude de um fim a que se
propõe. O homem é o único ser capaz de avaliar as razões que o impulsionam para a ação.
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As necessidades e os desejos são decorrentes de condições variadas que são
percebidas no funcionamento do organismo, onde aparecem os impulsos para a nutrição, a
eliminação, a atividade, o repouso e a reprodução; nas relações do indivíduo com o meio
ambiente de onde derivam os impulsos que buscam proteção e segurança contra as
variações de clima e os perigos, e que modificam o ambiente para garantir melhor condição
de vida; nas relações do ser humano com as outras pessoas que são os impulsos nas
relações afetivas, da busca do prestígio, da aprovação social e para a organização social;
nas relações da pessoa com o seu próprio eu que ocorrem para a busca da realização
pessoal, da auto - estima, do autoconhecimento e da autoconfiança, desejando o sucesso,
evitando a sensação de fracasso, de medo, de culpa ou de angústia.
Percebemos que a motivação se processa em todas as esferas da vida do homem
(trabalho, escola, lazer).
Uma das grandes preocupações em relação ao ensino é a maneira através da qual
será criada as condições para que o aluno “queira” aprender. A tarefa é complexa, pois
além da “criação” da necessidade, há também, a tarefa da apresentação de um objeto
adequado para a satisfação da necessidade.
Cabe principalmente ao professor considerar que o trabalho educacional se inicie da
necessidade do aluno e, ao longo do processo, introduzir ou associar às necessidades
iniciais, outros motivos e ainda, criar novos interesses.
Segundo Bock, Furtado e Teixeira o professor poderá utilizar-se de algumas
estratégias a fim de propiciar interesse no aluno:
Oferecer desafio gerando a possibilidade de novas descobertas; desenvolver atitude de investigação tentando garantir um desejo de conhecimento permanente; utilizar linguagem acessível para facilitar a compreensão; graduar a complexidade dos exercícios e tarefas. Atividades muito difíceis geram fracasso enquanto as que não propõem desafios levam ao desinteresse; esclarecer quanto a utilidade do que será aprendido. (1993, p. 107)
O interesse e o sucesso das crianças na escola e na vida adulta depende não apenas
de suas capacidades, mas também de sua motivação, atitudes e reações emocionais à escola
e outras situações onde se pode ser bem – sucedido. Os autores declaram:
Motivação para realização é uma tendência global para avaliar o desempenho de uma criança em comparação a padrões de excelência, lutar para o sucesso no desempenho, e sentir o prazer incontigente ao sucesso que daí pode decorrer. (Ruhland & Gold In Conger e Huston, 1984, p.269)
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A motivação e o comportamento de realização não são constantes em todas as
tarefas e situações. Ainda que restringíssemos a discutir realização escolar, os níveis de
motivação das crianças podem variar de uma área para outra, ou de um período para o
seguinte.
Uma criança pode ser muito persistente e envolvida ao trabalhar em projetos,
porém mostrar pouco esforço em uma aula exaustiva.
A criança pode ter avidamente, relacionando livros desafiadores, mas procura a
posição mais fácil quando são escolhidas equipe para práticas físicas. Naturalmente, surge
a maior preocupação social quando as crianças mostram motivação menor, no Ensino
Fundamental, nas matérias escolares.
O que determina o nível de motivação de uma criança em uma área particular de
tarefas?
Os teóricos que investigam esta questão tem enfocado quatro fatores: o valor que a
criança atribui ao sucesso nessa área (valor de realização ou valor de incentivo), as
expectativas de sucesso, as interpretações sobre as causas do próprio sucesso ou fracasso
da criança, e seus padrões de desempenho.
Uma razão para as altas expectativas é o sucesso passado. Mas estas podem por sua
vez, prover as crianças com um sentimento de eficácia e um senso de competência que é
satisfatório e as motiva a tentar mais.
As expectativas e autopercepções não são unicamente um resultado de experiências
prévias com sucesso e fracasso. Crianças com o mesmo nível de desempenho passado
muitas vezes avaliam suas capacidades de modo diferente e têm expectativas diversas
quanto ao sucesso futuro. Uma razão pela qual as crianças com o mesmo nível de
desempenho poderiam ter expectativas diferentes de sucesso, talvez fosse que elas
interpretam de modo diferente seus sucessos e fracassos. Interpretações são as inferências
que uma pessoa faz sobre as razões de seu próprio comportamento ou o de alguma outra
pessoa. Quer ou não percebamos, constantemente fazemos interpretações.
O conceito de interpretação foi aplicado ao de motivação para realização por
Bernard Weiner e seus colaboradores. Propuseram que a percepção da criança quanto as
causas de seu próprios sucessos e fracassos são determinantes importantes do
comportamento de realização e expectativas quanto ao desempenho.
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A motivação pela realização da criança ocorre nos primeiros anos de escola
havendo diversas mudanças. Primeiro, as expectativas se tornam mais realistas, isto é
relacionam-se mais de perto ao seu verdadeiro desempenho. Segundo, cada vez mais as
crianças usam comparação, social para avaliar o seu próprio rendimento. Terceiro,
estabelecem níveis mais elevados de aspiração, isto é escolhem tarefas mais difíceis.
Quarto, sua ansiedade perante o insucesso em teses e outras tarefas escolares aumenta.
Provavelmente o desenvolvimento cognitivo desempenha um papel em capacitar as
crianças para contextualizarem um padrão e se compararem com relação a ele.
Observamos que o interesse e a motivação tem uma influência no sucesso escolar
da criança. Apesar disso outras implicações contam para a obtenção de uma aprendizagem
eficiente.
Segundo Piaget (1988), teórico construtivista, o desenvolvimento cognitivo
relaciona-se a faixas etárias em diferentes níveis , nos quais o indivíduo realiza tarefas de
acordo com a sua capacidade.
Na teoria construtivista piagetiana, as crianças são motivadas a reestruturar seu
conhecimento quando encontram experiência que conflitam com suas previsões e
despertam sua atenção .O aspecto afetivo é um papel central na determinação daquilo que
chama a atenção.
Desta forma Piaget afirma que:
idéias cognitivas, operações estruturas são universais, não porque sejam herdadas, mas porque todas as experiências comuns das crianças no mundo dos objetos e pessoas forçam-nas a chegar à mesma conclusão e adquirir as mesmas estruturas cognitivas.( Piaget In Conger e Hoston, 1988, p. 217)
Às crianças chegam a escola com desejo de conhecer coisas e atribuir sentido a
elas. Esta disposição é chamada de curiosidade, a qual é uma forma de interesse e
desequilíbrio.
O papel do professor é identificar o que provoca o desequilíbrio onde o aluno não
sente curiosidade.
Existem alguns aspectos que denotam essa ação e acarretam na motivação:
interesse, conflito cognitivo, interação social e colaboração e a surpresa.
Como educadores, não investimos seriamente no potencial das crianças a fim de
ensinar de modo a facilitar os objetivos de desenvolvimento e os de habilidade e conteúdos
que desejamos que alcancem. Muito mais fácil é colocar em nossa prática a motivação que
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parte na verdade de nossos interesses, aquilo que achamos mais viável, sem na verdade
atentarmos para o que nossos alunos estão interessados. É de grande importância fazer uso
desse interesse na Educação.
O conflito cognitivo é criado quando temos uma idéia adquirida e ela não é
confirmada, acarretando o desequilíbrio. Esse processo gera o conhecimento. A exploração
crítica é um método que consiste em questionar o aluno para que haja tal conflito.
O professor utiliza esse método através de experiências, seguidas de
questionamento que levem o aluno a construir ou reconstruir um conceito pré estabelecido,
levando a ser um sujeito crítico e pensante desse processo.
A interação social e colaboração é essencial a integração dos alunos, pois quando
estão trabalhando juntos, estão cooperando e agindo de diferentes formas, apresentando
vários pontos de vista e esta ação é a base para o desequilíbrio do raciocínio do indivíduo,
pois são pontos de vista comuns ou contrários, é nessa fase da criança que o egocentrismo
começa a se desfazer, a partir desse pressuposto a criança avalia os eu ponto de vista,
podendo modificá-lo ou alterá-lo de alguma forma. É nessa troca de pensar que constroem
juntas o conhecimento.
A surpresa nada mais é do que o educador trazer para seus alunos coisas novas,
expectativas que resultem num estado de desequilíbrio, gerando conhecimento.
Quando o aluno está motivado e participa ativamente do processo de ensino –
aprendizagem, ele se concentra mais e aprende melhor, e, em geral, não apresenta
problemas de disciplina. Enquanto participa, ele concentra todas suas energias na situação
de aprendizagem. E assim mantém seu interesse.
A motivação é um fator fundamental para a aprendizagem. Se não estiver motivada,
a criança perde o interesse. Por causa desse desinteresse ela muitas vezes ela fica
indisciplinada. Uma forma importante de motivar a criança é estimular sua iniciativa.
A formação das crianças e dos jovens ocorre por meio de sua participação na rede
de relações que constitui a dinâmica social. É convivendo com pessoas, seja com adultos
ou com seus colegas – grupos de brinquedos ou de estudo --, que a criança e o jovem
assimilam conhecimentos e desenvolvem hábitos e atitudes de convívio social, com a
cooperação e o respeito humano. Daí a importância do grupo como elemento formador.
Quando o professor concebe o aluno como um ser ativo, que formula idéias,
desenvolve conceitos e resolve problemas de vida prática através da sua atividade mental,
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construindo, assim, seu próprio conhecimento, sua relação pedagógica muda. Não é mais
uma relação unilateral, onde um professor transmite verbalmente conteúdos já prontos a
um aluno passivo que os memoriza.
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CONCLUSÃO
A tarefa que cabe à educação é de construir valores morais e afetivos, e o professor,
como sujeito importante é que de alguma maneira inicia a relação, que vai influenciar nos
alunos. Estes, por sua vez, influem no professor e reforçam determinado estilo dessa
relação que poderá influenciar de forma positiva na aprendizagem.
A afetividade e a amizade para com os alunos pode ser muito útil na dialética de
ensinar- aprender.
Portanto, o professor deve agir de forma que expresse o seu interesse pelo
“crescimento” dos alunos respeitando suas individualidades. Dessa forma, criará um
ambiente oportuno para o desenvolvimento do processo de ensino – aprendizagem.
Percebe-se que as relações afetivas não podem ser desconsideradas do cotidiano
escolar, pois estão presentes no dia - a - dia do indivíduo influenciando de forma positiva
ou negativa na escola e na vida.
Dentro desta prática educativa está o momento de maior prazer entre os alunos – a
integração. Quando se faz um trabalho de grupo as emoções positivas melhoram a
motivação e o aprendizado se torna mais agradável. A criança só constrói o conhecimento,
quando suas ações exploram sobre o meio ambiente. Essa exploração acontece quando
envolve a observação de um objeto chegando a criação de uma idéia.
Se o objetivo da Educação é dar subsídios para a construção do conhecimento do
educando é preciso que os métodos sejam baseados na exploração ativa, do aprender
fazendo.
Essa pesquisa não deve ter a finalidade de treinar professores a serem mais afetivos
nem influenciá-los a construir um vínculo positivo exagerado. Porém, possibilita uma
reflexão para que escolha a melhor forma de trabalhar com os alunos propiciando
oportunidades de melhorar o rendimento escolar destes.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clinica: uma visão diagnostica dos problemas de aprendizagem escolar. 5 ed., Rio de Janeiro: DP&A, 1997,
33
ANEXOS
O professor proporcionando situações de aprendizagem em que seja possível a
expressão oral, a formação de conceitos através da concretibilidade.
34
ANEXOS
A importância da relação aluno-aluno através da compreensão e interpretação da
realidade, estabelecendo uma visão de mundo.
35
ANEXOS
É essencial a integração dos alunos, pois quando estão trabalhando juntos,
cooperando e agindo de diferentes formas, trocam experiências, mostram seus valores, o
egocentrismo começa a se desfazer, passando a reconstruir um conceito pré estabelecido,
tornando-os sujeitos críticos e pensantes deste processo, pois é nessa troca de pensar que
constróem juntos o conhecimento.
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ÍNDICE
SUMÁRIO 04
INTRODUÇÃO 05
CAPÍTULO I 06
OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO 06
EDUCAÇÃO: CONCEITOS E FINALIDADES 07
CAPÍTULO II 12
A TRAJETÓRIA DA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO 12
A RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO NAS DIFERENTES TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 13
2.1– A interação professor- aluno A busca do professor necessário 18
2.2 – O professor como agente de transformação 21
CAPÍTULO III 23
EDUCADOR – EDUCANDO: PARCEIROS DE SUCESSO 23
A RELAÇÃO EDUCADOR – EDUCANDO COMO MOTIVADORA DA APRENDIZAGEM 24
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRÁFIA 31
ANEXOS 33
ÍNDICE 37
38
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
A relação professor – aluno como motivadora da aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental
Por: Sandra Regina Silvestre da Rosa Data de Entrega: 24 de julho de 2004.
Avaliado por: Ana Cristina Guimarães _______________________ Grau _____________
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2004.