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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’ INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MÉTODOS DE SUPERVISÃO NA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO E SUPERVISÃO ESCOLAR Por: Alessandra Balbino Barbosa ORIENTADOR: Mary Sue Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MÉTODOS DE SUPERVISÃO NA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO

E SUPERVISÃO ESCOLAR

Por: Alessandra Balbino Barbosa

ORIENTADOR:

Mary Sue

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MÉTODOS DE SUPERVISÃO NA GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO

E SUPERVISÃO ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar.

Por: Alessandra Balbino Barbosa

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AGRADECIMENTOS

A todos que me ajudaram e torceram

para a concretização deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que

lutam por uma Educação de Qualidade

ainda melhor!

“Que a educação seja para cada

pessoa um começar a viver. Vivendo

numa doação de si próprio aos

grandes ideais da humanidade, todos

contribuirão para o surgir de uma

sociedade mais humana.”

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RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido visando contribuir com estudantes de

Pedagogia para verificar quais as funções do pedagogo supervisor dentro da

instituição escolar, e também a importância do pedagogo e as principais áreas

de atuação do pedagogo como supervisor na escola tendo como enfoque

principal a abrangência e objeto da função supervisora dentro da escola. Por

meio de pesquisas bibliográficas de diferentes estudiosos, entre eles: Alarcão,

Ferreira, Gramsci, Silva, Vasconcelos, percebeu-se crescente preocupação em

torno das atividades que o pedagogo supervisor realiza ou deve realizar dentro

da escola; pois esse profissional é um elemento importante partindo do ponto

que ele participa do Projeto Político Pedagógico da escola da sua elaboração

com os componentes estruturais, conceituais, os fundamentos e finalidades; e

da utilização do que é, e do que se pretende que seja o trabalho educativo. O

supervisor é responsável em atuar com o grupo de educadores coordenando e

promovendo reflexão no sentido da construção de uma competência docente

coletiva. A supervisão tem um papel político, pedagógico e de liderança no

espaço escolar e é necessário ressaltar sem desconsiderar o restante da

equipe, que o supervisor escolar deve ser inovador, ousado, criativo e,

sobretudo um profissional de educação comprometido com seu grupo de

trabalho.

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METODOLOGIA

O trabalho monográfico a seguir falará sobre Métodos de Supervisão na

Gestão da Administração e Supervisão Escolar e tomaremos como exemplo

de pesquisa uma instituição de educação privada. Iremos estar em todo

momento dialogando com autores que irão nortear este conteúdo como

Gadotti, Gramsci, Paulo Freire entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................08

CAPÍTULO I - QUE MECANISMOS E FERRAMENTAS O SUPERVISOR ESCOLAR PODERÁ UTILIZAR PARA EFETIVAR SUA PRÁTICA E QUAIS SABERES SERÃO NECESSÁRIOS PARA TAL? .........................................................................................................................12

CAPÍTULO II – ALGUMAS DIFICULDADES DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.............................................................................................................18 CAPÍTULO III - ABRANGÊNCIA E OBJETO DA FUNÇÃO SUPERVISORA................................................................................................28

CONCLUSÃO ..................................................................................................36

BIBLIOGRAFIA................................................................................................39

ÍNDICE..............................................................................................................41

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INTRODUÇÃO

Escrever sobre Supervisão Escolar é escrever sobre Educação. Pode-se

mesmo partir do princípio de que muita coisa já mencionada terá de ser

repetida. Certamente as idéias introdutórias não constituem novidade.

Bibliografia abundante e especializada existe ao alcance de todos os

estudiosos e práticos da Educação, mas, mesmo incorrendo em repetições,

estas colocações iniciais são básicas à continuidade das idéias que se

pretende expor sobre Supervisão Escolar.

Iniciaremos o estudo sobre a história, o perfil e a atuação de um

profissional da Educação bastante conhecido: o supervisor educacional –

chamado também de supervisor escolar –,tendo como base o pedagogo de

grande importância na história educacional de nosso País, Paulo Freire que

teve várias nuances diferentes e muitas vezes foi cercada de polêmicas.

Antes de se visitar o amanhã – com suas propostas e possibilidades de

atuação – é preciso olhar para o passado, para a história desse profissional.

Não se pode falar do supervisor educacional sem retroceder no tempo e

observar os processos de surgimento da supervisão educacional e de

formação do pedagogo no Brasil. Vamos mostrar o nascimento desse

profissional e as mudanças pelas quais ele passou ao longo da história.

Na Antiguidade, a ação supervisora era percebida como a vigilância,

praticada por nobre e sacerdotes, em relação à vida escolar. Na Grécia Antiga,

a ação supervisora consistia no acompanhamento, realizado por especialistas,

do funcionamento dos espaços escolares; já em Roma, havia os censores que,

além de possuírem atribuições relativas ao recenseamento, fiscalizavam os

espaços escolares.

Na Idade Moderna, surgiu o inspetor de ensino, que avaliava as tarefas

pedagógicas do professor. O inspetor técnico apareceu com a Revolução

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Francesa, e tinha como função promover o progresso educacional e vigiar a

atividade do professor, visando a melhorar o desempenho do docente.

Então, pode-se perceber que a idéia de controle sempre estava

presente nas ações de supervisão. Etimologicamente, a palavra supervisão é

composta pelo prefixo super (“sobre”) e pelo substantivo visão (“ação de ver”);

assim o significado da palavra é “olhar de cima”, no sentido de controlar a ação

do outro.

O curso de Pedagogia surgiu em nosso País como consequência da

preocupação com a formação de professores para a escola secundária; seu

aparecimento foi concomitante ao das licenciaturas, ao ser criada a Faculdade

Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei 1.190, de

1930. Essa faculdade formava bacharéis e licenciados em várias áreas –

inclusive a pedagógica –, utilizando a fórmula conhecida como “3 + 1”: às

disciplinas de conteúdo, com duração de três anos, eram acrescidas as

disciplinas pedagógicas, com duração prevista de um ano. Assim, formava-se

o bacharel nos três primeiros anos do curso; após a conclusão do módulo

didático ou pedagógico, o estudante recebia o diploma de licenciado no grupo

de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.

E o pedagogo? Como bacharel, ele podia ocupar o cargo de técnico de

educação do Ministério da Educação, como licenciado, o campo de trabalho

era o curso normal, que não era exclusivo dos pedagogos, pois, pela Lei

Orgânica do Ensino Normal, para se lecionar nesse curso bastava possuir,

diploma do Ensino Superior.

O modelo de curso de que se falou acima durou até 1969; então, deixou

de existir a distinção entre bacharelado e licenciatura, e foram criadas as

“habilitações”, cumprindo o que determinava a Lei 5.540/68. Essa reforma do

Ensino Superior, ao instituir a habilitação de supervisor escolar, consolidou a

presença da supervisão no contexto educacional brasileiro.

Em 1969, o Parecer CFE 252 indicava como finalidade do curso

preparar profissionais da Educação, assegurando a possibilidade de obtenção

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do título de especialista por meio da complementação dos estudos. No mesmo

ano, a Resolução CFE 2 determinava que “a formação de professores para o

ensino normal e de especialistas para as atividades de orientação,

administração, supervisão e inspeção” fosse feita “no curso de graduação em

Pedagogia, de que resultava o grau de licenciado”. (BRASIL, 2007).

Na década de 1970, surgiram as Associações de Supervisão

Educacional no Brasil, e o supervisor passou a ter diversas denominações:

supervisor escolar, supervisor pedagógico, supervisor de ensino, supervisor de

educação e supervisor educacional. Nogueira (1989) afirma que os

supervisores educacionais, por meio de suas associações e somando acertos

e erros, estão caminhando na busca de se fazerem sujeitos do processo

histórico.

Em 1971, a formação dos supervisores – por meio da habilitação

específica em Supervisão Escolar – passou a ser oferecida pelas faculdades

de Educação. Assim, percebe-se que os dispositivos legais, bem como as

diretrizes emanadas dos organismos supervisores da educação, influenciaram

decisivamente as características da função de supervisor e, que foi definida

como o exercício de um pedagogo, devidamente habilitado em Supervisão

Escolar.

No final da década de 1980, enquanto o contexto político, econômico e

social do Brasil mudava, ampliavam-se as condições de acesso à escola e

cresciam as demandas relacionadas à atuação do supervisor educacional.

Com o desenvolvimento social e econômico do País, e a consequente

ampliação do acesso ao sistema escolar, cresceram as exigências de

qualificação docente para atender às crianças e jovens que oriundos de

classes populares, ingressavam na escola.

Para autores como Gadotti (1998), o fato de o curso de Pedagogia ter

sido regulamentado no Brasil em 1969, no período da ditadura militar, levou à

formação de um educador passivo, apolítico, técnico e sem preocupações

sociopolíticas, com um agir desvinculado da realidade na qual se inseria.

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Dessa forma, os termos pedagogia e pedagógico passaram a ser

utilizados apenas para se referir aos aspectos metodológicos do ensino e

organizativos da escola. A ação do supervisor educacional era fortemente

criticada como reprodutora de status quo existente, e como promovedora da

separação entre teoria e prática. Gadotti (1998, p.74) afirma que não há uma

educação somente reprodutora do sistema, nem uma educação somente

transformadora do mesmo sistema: essas duas tendências coexistem no plano

educacional, em uma perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim, “ há

uma contradição interna na educação, própria da sua natureza, entre a

necessidade de transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa

conservadora da educação – e a necessidade de criação de uma nova cultura,

sua tarefa revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada é que uma das

duas tendências é sempre dominante.”

Dessa forma, afirma-se que é necessário repensar o papel dos

profissionais da educação eles não podem atuar de forma neutra em uma

sociedade conflituosa.

Por outro lado, é preciso reconhecer que, embora exista a divisão em

“habilitações” a ação do pedagogo, segundo Martelli (2006. p. 251-252). “As

ações de administrar, orientar e supervisionar no sentido literal das palavras,

surgiram com a vida em sociedade desde a época primitiva. Percebeu-se na

literatura pesquisada a relação de dependência e influência dos diferentes

períodos históricos e sociais, nas funções atribuídas aos profissionais da

educação. Assim, optou-se em analisar as funções do pedagogo (supervisão,

orientação, coordenação e administração) de forma separada, embora tendo

conhecimento de que não há como compreendê-las fora das suas relações de

influência e de interdependência”

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CAPÍTULO I

Que Mecanismos e Ferramentas o Supervisor Escolar poderá utilizar para Efetivar sua Prática e quais saberes serão necessários para tal?

“[...] ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem

com sua capacidade de sonhar, de inventar a sua

coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e

daquelas que em lugar de visitar de vez em quando

o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com

o hoje, com o aqui e com o agora. Ai daqueles que

em lugar desta viagem constante ao amanhã, se

atrelam a um passado de exploração e de rotina”.

Paulo Freire

Acredita-se que um supervisor cônscio de suas responsabilidades,

possibilidades e limitações, poderá desenvolver seu trabalho com qualidade. A

qualidade desse trabalho perpassa o comprometimento com a humanização

da administração escolar.

É necessário que o supervisor escolar tenha uma visão macro de

todo o processo ensino-aprendizagem, de tal forma que o possibilite perceber

que para se alcançar os objetivos de um trabalho, não podemos perder a

dimensão humanística que reveste qualquer atividade trabalhista, ou seja, que

trabalhamos com pessoas e para pessoas, e portanto, temos que saber lidar

com as diversas situações do cotidiano das relações sociais que ocorrem no

interior da escola e da comunidade adjacente, articulando e mediando

conflitos, gerando oportunidades de participação e acesso na comunidade

escolar, esta entendida como professores, zeladores, merendeiras,

funcionários da secretaria, a Direção, a comunidade do bairro, etc. Enfim, a

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prática da supervisão deve possibilitar ao outro o sentimento de inclusão no

processo; o sentimento de estar vivo e fazer parte da escola.

A função do pedagogo como supervisor escolar, depara-se com a

multiplicidade das tarefas pelas quais respondem habitualmente o supervisor,

em realidade, à razão maior de sua dificuldade em compartilhar com os demais

educadores grande tarefa da organização coletiva do trabalho nas unidades

escolares sob sua responsabilidade.

Seus problemas se iniciam muitas vezes com a não delimitação de

seu próprio local de trabalho, necessariamente móvel e variável conforme as

tarefas a desempenhar, e crescem com a ausência habitual da necessária

localização do trabalho de seus companheiros professores, visando contribuir

para a qualidade do ensino na formação de profissionais competentes e

compromissados com uma atuação voltada para a melhoria do ensino-

aprendizagem.

Observando durante os estágios da disciplina de Prática Pedagógica

sobre o trabalho que desenvolvem os pedagogos supervisores nas escolas

sobre as participações em projetos realizados em dois diferentes Colégios

sendo a primeira observação sobre o Projeto de Seminário de Orientação

Vocacional e a segunda sobre o Projeto de Pesquisa “A Participação dos Pais

na Vida Escolar de seus Filhos”.

No trabalho discorreu-se brevemente sobre a Importância da

Pedagogia e o papel do pedagogo. Partindo desse conhecimento iniciou-se o

texto sobre supervisão com os títulos: Algumas Dificuldades da Supervisão

Escolar no Brasil; Abrangência e Objeto da Função Supervisora; Setor de

Supervisão Educacional. Atualmente utilizam-se as integrações setoriais, onde

juntos formam a equipe pedagógica nas instituições escolares nas quais

trabalham para obterem sucessos no desempenho da multiplicidade de suas

tarefas.

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A palavra pedagogia traz sempre ressonâncias metodológicas,

processuais que a própria etimologia da palavra pedagogia explica com seu

significado conduzir (por um caminho) até determinado lugar (SAVIANI, 1985).

Com base em palavras de Saviani, (apud Ferreira, 2002) podemos

entender que Pedagogia literalmente significa: a condução da criança.

A função supervisora pode ser encontrada na figura do pedagogo tal

como se configurou na Grécia, o ato através do qual o escravo conduzia as

crianças até o local onde os preceptores lhes ministravam ensinamentos.

Considerando o fato que os escravos obtidos nas conquistas bélicas

frequentemente eram mais cultos que seus senhores, ser pedagogo passa a

significar o próprio preceptor, o educador, não apenas porque em muitos

casos ele passou a se encarregar do próprio ensino das crianças, mas também

porque de fato, sua função desde a origem, era a de estar constantemente

presente junto às crianças, tomando conta delas, isto é, vigiando, controlando,

supervisionando, todos os seus atos.

A escola é uma palavra derivada do grego que significa

etimologicamente, o lugar do ócio e era privilégio das classes abastadas,

enquanto a educação da maioria continuava a coincidir com o processo de

trabalho. A função supervisora também se fazia presente na educação dos

trabalhadores (escravos) por intermédio do intendente que era quem

administrava e alentava os seus trabalhadores, assim os escravos eram

educados no trabalho, ao mesmo tempo para o trabalho e para a submissão.

Dessa forma a pedagogia significa também condução à cultura,

processo de formação cultural. E pedagogo é aquele que possibilita o acesso à

cultura, organizando no processo de formação cultural, aquele que domina as

formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio

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do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. O pedagogo é, portanto

um formador de homens (SAVIANI, 1985).

Foi a partir da pedagogia escolar predominante no horizonte

profissional que favoreceu a possibilidade de especificação das

diferentes modalidades de ação pedagógica. Usando dizeres de Gramsci

(1982 p. 124):

“é na escola que se deve ser concebida e

organizada a fase decisiva, onde se tende a criar

valores, autodisciplina intelectual e a autonomia

moral necessárias a uma posterior especialização,

seja de caráter científico ou prático-produtivo”.

1.1 - Método Clínico: Uma reflexão sobre a prática da Supervisão

Método Clínico é um dos métodos mais recentes introduzido nas

Universidades e pretende discutir e refletir sobre a prática de supervisão, para

graduandos de psicologia. Os alunos de graduação em psicologia costumam

buscar a área clínica como campo de estágio, tanto dentro como fora da

universidade, desde muito cedo, como lugar passível de construção de um

saber acerca da subjetividade e dos processos mentais. Alguns espaços,

normalmente, sem vínculo com a formação acadêmico-profissional

propriamente dita, oferecem a possibilidade de alunos estagiarem em

instituições cujo viés, a princípio, é a psicanálise, ou melhor, as teorias ditas de

inspiração psicanalítica, que têm como objeto de seu discurso a subjetividade

do paciente. Mas há aí um problema que se interpõem, fazendo-se presente

na supervisão: a questão do método clínico e de sua transmissão. Assim, este

trabalho pretende refletir acerca de tais questões, a partir da prática

profissional como supervisora em clínica com crianças e adolescentes, nas

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disciplinas de estágio supervisionado curricular, que se realizam intra-muro

universitário – na clínica escola.

Normalmente, as universidades, em seus Serviços de Psicologia

Aplicada – (SPAs) oferecem uma área de estágio em clínica, que é bastante

procurado pelos alunos. No que chamamos de clínica se inserem as mais

diversas vertentes de psicoterapias, tanto individuais quanto em grupo –

dependendo de cada instituição, de sua proposta pedagógica.

Este espaço (SPA), previsto no artigo 25 da Resolução de 2004, com as

“funções de responder às exigências para a formação do psicólogo”, é um

lugar potencial para a construção de um saber acerca da subjetividade e dos

processos mentais e deveria pretender trabalhar sustentando seu método: a

saber, o método clínico.

Ele deveria ser um espaço de articulação entre a teoria, a práxis e a

supervisão, objetivando, concomitantemente, atendimento à comunidade e a

formação do aluno – futuro psicólogo clínico, sinalizando/legitimando a

radicalidade de seu método, diante dos métodos experimental e probabilístico

tão largamente discutidos durante a sua estada na universidade.

O estágio é, por definição própria, um conjunto de atividades –

construção de conhecimento teórico, atividade prática e supervisão – que

deveria prover condições do aluno enocntrar condições de compreender o

sofrimento humano, ou, nas palavras de Gromann (2005): “compreender o

sofrimento humano em sua mais profunda expressão: desde a compreensão

ética de seu trabalho até a práxis e a sua técnica” (p. 3).

Assim, quando convocamos o aluno para uma discussão sobre sua

prática, alicerçado nestes estágios de formação, normalmente se perguntado

sobre o que faz, ele prontamente responde: “escuto”.

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Escutar é uma forma rápida de concluir. Escutar vira, então, sinônimo de

atendimento. Mas, escuta o quê? Para quê? Assim, o aluno emudece... Tudo é

muito apressado... Ao aluno, falta serenidade para refletir...

Em duas ou três sessões já são capazes de dizer que o paciente

melhorou, que a transferência foi estabelecida. Afinal, não é incomum

referirem-se aos seus “outros estágios” como modelos de compreensão sobre

o sofrimento humano. Esquecem que no campo do psíquico não há modelo...

Os estagiários querem respostas e são tomados pelo furor sanandi,

literalmente como pontuado por Freud. A angústia que afeta aquele que clinica

não é trabalhada... fica de fora, como se o método clínico não convocasse as

afetações... Tratamentos pessoais... também ficam de fora. É na supervisão

que eles esperam aprender e aprender, fazendo da transmissão é uma palavra

incompreensível...

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CAPÍTULO II

Algumas Dificuldades da Supervisão Escolar no Brasil

Enfatizar os nossos problemas, alertar com os dados de nossa realidade

e desafiar os nossos especialistas em Educação para a criação do nosso

modelo, do nosso know-how, assegurando autenticidade e seriedade no

tratamento de nossa problemática educacional.

A função de Supervisão é hoje exigida em qualquer empresa humana. A

divisão do trabalho, a complexidade dos instrumentos e a precisão do que se

deseja para resultado constituem exigências para a Supervisão. Nenhum

trabalho pode ser mais complexo nem mais importante aos destinos humanos

que a Educação – daí a importância da Supervisão também em Educação. O

estudo, a sistematização da Supervisão Escolar, a reflexão sobre dados

concretos, a divulgação de experiências vinculadas à nossa realidade

educacional.

Educação é função social. Historicamente, a Educação tem-se

compatibilizado com o desenvolvimento social da humanidade. Cada

sociedade humana exige um tipo de Educação, de acordo com os seus

sistemas integrativos e sua especifica determinação de valores. Importa hoje

compatibilizar a Educação com as exigências do desenvolvimento. A

educação, segundo a ótica dominante, tem como finalidade habilitar técnica,

social e ideologicamente os diversos grupos de trabalhadores, para servir ao

mundo do trabalho. Segundo Frigotto (1999, p. 26), “trata-se de subordinar a

função social da educação de forma controlada para responder às demandas

do capital”.

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Qualquer estrutura social modificada em suas bases econômicas de

produção (relacionamento homem/coisas) tem de ser igualmente alterada em

seus sistemas e valores sociais (relacionamento homens/homens). O

desenvolvimento em si, como processo social e histórico, tem de ser global;

supõe mudança e superação contínua, o que constitui uma ruptura estrutural.

É muito difícil obter uma visão realista da Escola, embora seja bem fácil

pintar retratos da situação, em termos teóricos.

Seja alguém simplista, alienado da gravidade do problema, e usará

termos-chavões e a Escola será descrita como continuadora da família na

tarefa de educação dos filhos.

Seja alguém otimista, baseado em dados numéricos e expectativas

válidas, e fará descrições em termos de quadros demonstrativos do aumento

de vagas, em números absolutos e percentuais, nos diferentes sistemas e

níveis; percentuais do PNB e dos orçamentos estaduais e municipais

empregados na Educação.

Seja Alguém pessimista e, embora existam dados objetivos, confrontará

tais dados com as deficiências e revelará problemas como o aumento de

déficits, apesar da efetiva ampliação quantitativa, causados pela explosão

demográfica e pelas novas aspirações de classes sociais até então à margem

do processo educativo.

A percepção da realidade para uma visão realista da Escola deve

abranger grande número de variáveis, como recursos materiais e humanos;

instalações e equipamentos; dinâmica da situação demográfica; expectativas;

processos e técnicas de atuação; influências culturais.

Feitas as colocações referentes à qualidade da Escola exigida pelo

Desenvolvimento, bem como à visão da Escola na realidade brasileira, torna-

se claro o desafio com que se defronta a Supervisão Escolar.

A supervisão deve procurar conseguir uma Escola melhor, não fazendo

milagres de criação do nada, mas racionalizando os recursos disponíveis para

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maior rentabilidade. Tem de persuadir os responsáveis pelos sistemas

educacionais das trágicas consequências da evasão, da repetência, da falta de

resultados positivos.

A Supervisão Escolar deve, antes de tudo, mudar a mentalidade, que,

por sua vez, repercutirá nos diversos processos que são interligados em sua

essência, a ponto de serem causa e consequência simultaneamente.

Constata-se um verdadeiro círculo vicioso: falta de recursos à deficiências

no processo educacional à falta de formação e qualificação para o

trabalho à falta de recursos.

Situação gravíssima, de profundas conotações que levam à tensão

social, e que, por isto, não pode ser deixada como está para ver como fica.

Algum aspecto tem que ser rompido para que haja mudança de sentido na

espiral característica da causação circular. Cabe, sem dúvida, nesta situação,

uma função específica à Educação. E é o cumprimento eficiente desta função

o grande desafio à Supervisão Escolar.

Conforme Silva (1985), a caracterização e compreensão da função

supervisora no contexto educacional brasileiro decorre do sistema social,

econômico e político. A supervisão escolar se justifica como um meio de

garantir a execução do que foi planejado. Esclarece que a responsabilidade do

supervisor, como especialista da educação é de trabalhar em função do

desenvolvimento do homem, da promoção humana.

O supervisor escolar deverá ser capaz de desenvolver e criar métodos

de análise para detectar a realidade e gerar assim estratégias para agir, pois

como afirma Silva (1985, p.68):

“É o supervisor Educacional um criador de

cultura e de aprendizagens não apenas intelectual

e/ou técnica, mas também afetiva, ética, social e

política, que se questiona e questiona o

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circunstancial, definindo e redefinindo propriedades

em educação no momento histórico brasileiro.”

Ao falar de Supervisão Escolar no Brasil (Silva Junior, 1997), ressalta

que poucas práticas profissionais pagaram um tributo tão alto quanto ocorreu

com a Supervisão Escolar.

No parecer do autor (op. Cit.) inicialmente a Supervisão Escolar foi

praticada no Brasil em condições que produziam o ofuscamento e não a

elaboração da vontade do supervisor. Pretendia-se com essa atitude ter

um supervisor controlado para ser controlador, obtendo dessa forma uma

educação controlada e consequentemente uma sociedade controlada.

Para que esse supervisor se fizesse possível foi lhe sugerido que o

controle, a decisão é sempre atributo dos que detêm o poder, e que a melhor

maneira de servir aos homens seria ensiná-los a submeterem-se ao poder,

uma forma de dominação do dominante nesse caso o supervisor.

A esse respeito Silva Junior (1997, p.96) acrescenta:

Se não cabe ao supervisor impor soluções ou

estabelecer critérios obrigatórios de interpretação,

cabe-lhe, sem dúvida, por ser brasileiro e por ser um

educador responsável, ajudar na construção da

consciência histórico-política necessária à luta

contra a dominação. Isso implica uma posição de

profunda atenção aos fatos do cotidiano escolar e

do cotidiano da sociedade que lhe assegure

condições de análise adequada do significado das

ocorrências que se vão acumulado.

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No entanto, educadores sejam professores ou supervisores, para

avançar na construção de um mundo e de uma educação adequada à

necessidade da luta contra a dominação tem sido uma tarefa delicada, árdua,

que necessita de tempo, não tem sido fácil o caminho percorrido por

educadores para conseguir tal objetivo.

Para mudar também se faz necessário que haja no sistema escolar um

maior número de supervisores e que estes sejam bem preparados. E como diz

Silva Junior (1997.p.100):

Ensinar supervisão no Brasil hoje significa

necessariamente pesquisar supervisão. Pesquisar

“a” e “para” a supervisão. Significa

conseqüentemente, examinar criticamente à prática

que se desenvolve e investiga as situações e as

condições que possam contribuir para o

desenvolvimento qualitativo dessa prática. A ciência

da supervisão, já o disse também anteriormente,

será construída sem abrigar a pretensão da

objetividade absoluta.

As instituições que oferecem cursos com habilitação em supervisão se

defrontam com problemas com os acadêmicos que buscam se preparar para o

exercício da futura profissão.

Por estarem sobrecarregados pelo excessivo número de seus encargos,

os futuros pedagogos supervisores não podem se dedicar ao curso de

formação, o tempo e o empenho indispensáveis a uma preparação criteriosa à

nova função que aspiram.

Em função dessa reflexão, acrescenta Silva Junior (1997 p.102) é: “que

supervisionar uma escola é orientar sua administração para a realização do

ensino, seu objetivo precípuo”. Dessa forma aspira-se que com a sua práxis o

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supervisor possa superar as deficiências de sua formação desenvolvendo

assim seu papel de articulador do projeto pedagógico.

Com base nas palavras (op. Cit. 1997), vale ressaltar que quando o

supervisor se forma seus problemas continuam com a necessidade de estar

trabalhando muitas vezes em mais de uma escola, dificultando ainda mais com

a necessidade da multiplicação dos locais de trabalho dos professores

obrigados à fragmentação de sua jornada, pois muitas vezes assim se faz

necessário com remuneração por hora-aula. Muitos educadores assumem

aulas em várias escolas para atingir o número de aulas que lhes são

estipuladas, outros para garantir uma remuneração que lhes dêem uma

estabilidade econômica além de seu padrão assumem aulas extras.

Enredado na multiplicidade das tarefas que lhe são estipuladas para

desenvolver e aquelas que deve estipular e cobrar parece impossível

direcionar seu trabalho de forma a desenvolvê-las atendendo as necessidades

desejadas pelos professores, que muitas vezes esperam do supervisor apoio

para desenvolver sua práxis.

Pode-se afirmar, para que tal trabalho seja possível é importante que o

supervisor se torne um organizador de reflexões educativas com os demais

educadores, repensando sua relação com os professores de modo a ter

desses, sua confiança e prestígio.

Inicialmente, face ao exposto, torna-se claro que a visita é uma

oportunidade para efetivar a supervisão. Ela oportuniza ao supervisor o

conhecimento da situação da classe, possibilitando ajuda específica na

solução dos problemas com consequente crescimento técnico-docente do

professor.

Uma primeira abordagem deve situar as possibilidades de realização de

visitas. Ainda sem detalhar as barreiras emocionais existentes contra a visita

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do supervisor, é necessário levantar a situação real de cada sistema de

supervisão. Para isto são necessários os seguintes dados:

• Índice da relação Supervisor/Professor;

• Tipos de unidades escolares atingidas pela supervisão;

• Acesso às escolas em termos de custo e tempo;

• Disponibilidades financeiras do programa de supervisão.

A partir destas constatações é que a teoria sobre visitas de supervisão

pode ser conhecida, analisada e concluída. Para tornar mais claro o que se

pretende colocar, cabe uma comparação baseada em aspectos da bibliografia

existente sobre o assunto. Autores como Arturo Lemus dissecam realmente a

visita de supervisão (no caso realizada pelo Diretor da escola), conceituando-a,

caracterizando-a, analisando seus obstáculos, apontando seus tipos e a

maneira de realizar cada uma. No entanto, um trabalho como o de Muriel

Crosby (A Moderna Supervisão do Ensino Primário) não apresenta tais

colocações a respeito das visitas. As válidas exemplificações de observações,

conferências, demonstrações, estudo conjunto de problemas etc. quase que

anulam a “visita” como oportunidade de supervisão, pois o supervisor trabalha

dentro das classes. Certamente, exagerando, tem-se quase a impressão de

uma relação Professor/Supervisor igual a 1/1. Observe-se a citação.

“... as crianças tornaram-se amigas da Sra. X

(supervisora) e sua chegada à sala era sempre bem

aceita. Na véspera da demonstração passou o dia

inteiro na classe. Notou o interesse especial das

crianças, as rotinas que haviam estabelecido, os

problemas que levantaram durante cada atividade e

os planos que foram feitos...”

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Compare-se a teoria existente sobre visitas, às situações explícitas ou

implícitas na citação com as possibilidades de “visitas”, muitas vezes

planejadas mas não realizadas pelos serviços de supervisão, na base de duas

por mês nas classes mais privilegiadas, quanto ao atendimento pelo

supervisor.

Tal reflexão não visa a um pessimismo face à precariedade de

condições da supervisão. Pelo contrário, tenta estimular a própria supervisão a

descobrir a maneira própria de tornar válidas as possíveis visitas dentro de sua

condição específica.

Cabe agora uma segunda reflexão introdutória sobre a já referida

barreira emocional existente contra a visita. Historiando-se, sabe-se que a

supervisão substituiu, em Pernambuco, por exemplo, apenas a partir de 1963

(Primeiro Curso para supervisores: INEP/SEEC), a Inspeção Escolar. Existe

toda uma mentalidade de fiscalização por um lado e de criação de uma

aparência, a ser mostrada, por outro. Quando na visita, o supervisor é o fiscal

e o professor tem algo preparado para demonstrar que tudo vai bem em sua

classe, nega-se toda e qualquer possibilidade de ajuda e crescimento

profissional – negando-se a própria supervisão.

Pesquise-se, entre professores, ou mesmo entre supervisores,

revivendo suas experiências na regência de classe, sem demonstrar os

objetivos a que se quer chegar, como, na prática, agiriam face à visita de

supervisão. Dariam oportunidade de aparecer ao aluno mais ou menos

adiantado? Realizariam atividades em que sentissem mais ou menos seguros?

Gostariam de que fossem vistos os aspectos melhores ou piores de sua

atuação em classe? Apresentariam as dificuldades ou gostariam que o

supervisor levasse boa impressão?

Toda uma imagem da mentalidade existente a respeito da supervisão

poderia ser constatada a partir das respostas às questões acima sugeridas. E,

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possivelmente, na grande maioria, não existiria a consciência da supervisão

como ajuda e a decorrente necessidade de apresentar a classe como

realmente é, pronta para sofrer um verdadeiro raios X.

É exatamente a falta de mentalidade e de clima que se constatam.

Mentalidade de trabalho cooperativo; clima de bom relacionamento com

consciência clara de objetivos comuns que devem ser atingidos pela ação

educativa.

A terceira reflexão básica recai na incapacidade técnica do supervisor.

Compare-se o que se exige do supervisor ao dar orientação, para a qual se

prepara e na qual é válida a teoria, com o que é necessário, em competência,

para observar um problema real – concreto como são concretos uma sala de

aula e seu equipamento, um professor e sua maneira própria, uma turma de

crianças em que as diferenças individuais são palpáveis e determinantes de

um sem-número de comportamentos – e... dentro de tal situação real, junto

com o professor, num diálogo de descobertas, ajudá-lo a encontrar a melhor

solução.

Considerando-se a visita como a oportunidade de contato direto com a

situação ensino-aprendizagem e visando ao maior conhecimento, para maior

ajuda, torna-se evidente toda a sua importância. Tal ajuda é caracterizada pela

solução cooperativa dos problemas práticos encontrados.

A visita possibilita a individualização de toda a teoria sobre a qual a

supervisão se apóia e que constitui tema de estudo e reuniões com o

professorado. Na visita há a possibilidade de ajuda técnica mais significativa

porque adequada à realidade da classe, atendendo aos reais interesses e

necessidades.

Para o supervisor, a visita é, o único instrumento de precisão para aferir

os resultados de sua atuação. Estudos, reuniões, reciclagens deixam de ter

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valor se não são sentidos seus reflexos na situação da classe. A visita

proporciona a criação de um “centro de atividades docentes” – alunos,

professor e supervisor em trabalho comum com um único objetivo.

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CAPÍTULO III

Abrangência e Objeto da Função Supervisora

Dentro desta perspectiva, Nérici (1974, p. 29), afirma que

Supervisão Escolar:

“ E a visão sobre todo o processo

educativo, para que a escola possa alcançar os

objetivos da educação e os objetivos específicos da

própria escola”. Este olhar exclui os sujeitos

envolvidos no processo educativo, ou seja, a ‘escola’

e os ‘objetivos da educação’ são o foco do trabalho,

sem que sejam considerados os professores,

alunos, especialistas, demandas sociais ou qualquer

outra variável dentro desse processo.

Segundo Rangel, (apud Ferreira , org 2002) o objeto específico da

função supervisora em nível escolar é o processo de ensino-aprendizagem. E

a abrangência do processo de ensino-aprendizagem inclui: a supervisão do

currículo, a supervisão dos programas, a supervisão da escola de livros

didáticos, a supervisão do planejamento de ensino, a supervisão dos métodos

de ensino, a supervisão da avaliação, supervisão da recuperação, supervisão e

projeto da escola, supervisão e pesquisa.

3.1 - A Supervisão do Currículo

O currículo da escola básica – Ensino Fundamental e médio – tem

parâmetros legais, e pedagógicos reformulados no fim dos anos 90. Os

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parâmetros legais do currículo no Ensino Fundamental encontram na

Resolução no 2/98 do Conselho Nacional de Educação (CNE) uma das

principais referências normativas.

É interessante observar os termos da Resolução no 2, de 7/4/98, do

Conselho Nacional de Educação, ao focalizar a práxis da função do supervisor,

conforme cita Rangel (apud Ferreira, 2002, p. 78-79) o Inciso IV, que diz:

“Em todas as escolas deverá ser garantida a

igualdade de acesso para alunos a uma base

nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e

a qualidade da ação pedagógica na diversidade

nacional. A base comum nacional e sua parte

diversificada deverão integrar-se em torno de

paradigma curricular que vise a estabelecer a

relação entre a educação fundamental.”

3.2 - A Supervisão dos Programas

Os programas de cada disciplina são construções coletivas de

professores. O sentido da supervisão dos programas é que o supervisor

incentive e planeje oportunidades nas quais possam se reunir professores de

diversas disciplinas de uma mesma série e de uma mesma disciplina em

diversas séries. Os valores da vida entre outros temas relevantes ao

desenvolvimento sociocognitivo serão referências para a integração de

conteúdos e tratamento interdisciplinar e contextualizado. Dessa forma

também deve ser a escolha de livros didáticos adotados como material de

apoio ao estudo dos alunos.

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3.3 - A Supervisão da Escolha de Livros Didáticos

A escolha de livros didáticos deve ser coletiva com os demais

educadores que ministram a mesma disciplina, em todas as séries, decidindo

sobre os livros a serem adotados. É importante que no momento de escolher

os livros didáticos a decisão ocorra com cuidado, atenção, com a participação

e critério de grupo. Não se pode limitar apenas no livro didático o

conhecimento de alunos e professores. Ele é um dos meios didáticos para o

trabalho. Sendo assim os docentes e discentes podem e devem buscar outros

meios além do livro para aquisição de conhecimento. Essas orientações fazem

parte da função supervisora na escolha dos livros didáticos.

3.4 - A Supervisão do Planejamento de Ensino

O planejamento de ensino prevê as ações didáticas, inclui-se nele:

os objetivos, o conteúdo, os procedimentos, a avaliação, a bibliografia. O plano

é um encaminhamento de ações refletidas em conjunto. Orientar critérios e

conceitos, procurando, uma vez mais garantir oportunidades de sua construção

coletiva é orientar, supervisionar e avaliar o planejamento.

3.5 - A Supervisão dos Métodos de Ensino

Técnicas e métodos de ensino são meios didáticos que na

aprendizagem encontram sentido e finalidade e se fazem de acordo com

conteúdos, previstos no currículo escolar. A função supervisora deve estar

atenta às técnicas e métodos aplicados nas aulas pelos professores e, no

momento em que observar a monotonia, a forma tradicional de ensino,

disponibilizar cursos, palestras, reuniões interativas para relatos e trocas de

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experiências. Assim procedendo pode-se verificar alunos motivados e a

aprendizagem mais significativa.

3.6 - A Supervisão da Avaliação

O supervisor que concretamente tem na prática, a vivência das

dificuldades, dos desdobramentos pedagógicos e sociais da avaliação, pode

tentar melhorar através de reformulações dos conceitos da forma de avaliar os

alunos, prevista no Projeto Pedagógico da Escola.

Reavaliando os conceitos, procedimentos e instrumentos com que se

verificam os produtos da aprendizagem, procura meios de qualificar e

contextualizar a avaliação, através de um todo, avaliando assim, não só o

conhecimento dos alunos, atividades realizadas do dia-a-dia, os níveis de

participação trazidas da experiência de cada um, e procurar elaborar uma

avaliação institucional.

“O ideal da supervisão deve ser

exatamente o de estimular a liberdade, a

competência profissional, a clareza de

posicionamento, o conhecimento da realidade, a fim

de que cada pessoa dentro de seu grupo alcance a

sua identidade para a felicidade de todos”.

Gandin,1985

3.7 - Supervisão da Recuperação

Supervisionar a recuperação é coordenar atividades que no dia-a-dia

se explique, exemplifique todo o conteúdo que o professor observar que o

aluno apresente dificuldades e buscar recuperar os alunos nesses conteúdos

com métodos mais significativos e associados as suas experiências.

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3.8 - Supervisão e Projeto da Escola

O supervisor deve participar da construção do Projeto Pedagógico,

pois ele é um documento de suma importância da escola, onde está contido

tudo o que se fez, está fazendo e se pretende desenvolver dentro da escola de

maneira clara e objetiva de modo que todos, ao consultarem possam

compreendê-lo.

Para esclarecer um pouco mais, pode-se dizer que a supervisão

participa efetivamente do Projeto Pedagógico da escola, desde a sua

elaboração, implementação, utilização e avaliação e, anualmente a reavaliação

de sua aplicabilidade e funcionalidade, a fim de acompanhar todo o trabalho

educacional da escola.

No projeto está a finalidade da educação, da escola, o histórico, a

origem, o percurso, o contexto do bairro, da cidade, do estado, os objetivos

específicos do trabalho educativo a que a escola se propõe, a comunidade, os

pais e sua participação, organização estrutural e funcional; os planos dos

setores, o currículo, o processo de avaliação e recuperação entre outros

elementos.

“ A supervisão escolar compete dinamizar

e assistir na operacionalização do sentido do

processo educativo na escola”. Luck, 1999

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3.9 - Supervisão e Pesquisa

A pesquisa é objetivo comum que motiva, mobiliza e aproxima

professores e setores. A pesquisa é focalizada pela supervisão, de modo a

entender que o professor é participante de investigações, e que a escola é

instância de ensino e de produção de conhecimento. A coordenação

supervisora incorpora a coordenação de pesquisa ampliando a compreensão

do processo didático, das ações e relações que nele tem curso, propiciando

decisões fundamentais, perspectivas de avanços do conhecimento e das

práticas.

Algumas escolas, devido à necessidade de mudança, criaram novos

serviços entre eles o SSE (Setor de Supervisão Educacional). O SSE é um

setor que atende às necessidades dos professores, dando apoio no que diz

respeito à sua prática e realizando mediações entre direção e professores,

para que possa ser formada uma educação democrática, coletiva e de

qualidade.

“Supervisão é uma função que atua

organizando a instrução, desenvolvendo o currículo,

selecionando e treinando o pessoal, providenciando

condições de trabalho e recursos didáticos...

acompanhando o desenrolar do processo

ensino/aprendizagem avaliando resultados, pessoas

programas, processos”. (Castilho, 1971)

O serviço de supervisão escolar deve trabalhar em conjunto com

serviço de orientação que também é um setor existente dentro da escola que

se envolve com os alunos, realizando mediações entre professores alunos e

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pais para que problemas relacionados à aprendizagem, a determinados

comportamentos, à inclusão de alunos portadores de deficiência entre outras,

possam ser mediados de maneira efetiva e qualitativa e participar na

construção do Projeto Político Pedagógico da escola.

“A supervisão educacional consiste numa

série de comportamentos razoáveis envolvidos na

situação do ensino e classificados de acordo com as

tarefas típicas”. (Harris, 1963)

Para que juntamente supervisão e orientação busquem realizar a

construção de uma educação de qualidade, é seu objetivo, através de um

trabalho em conjunto, procurar conhecer o contexto no qual a escola está

inserida, dar suporte e assessoramento à direção, professores, alunos e

comunidade, assim como atender às necessidades da escola.

É também função do supervisor escolar construir o Projeto Político

Pedagógico da escola, envolvendo direção, orientação, comunidade,

funcionários e professores, pois todos serão responsáveis pela educação dos

futuros cidadãos que constituirão uma nova concepção de mundo. E para que

isso aconteça é preciso que o setor pedagógico seja assumido por pessoas

qualificadas para se ter qualidade no serviço oferecido; qualidade essa

merecida pela educação, como nos aponta Vasconcellos (2002, p. 71):

“[...] é preciso ter pessoas altamente qualificadas

neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da

travessia, não como o ‘iluminado’, dono da verdade,

mas naquela perspectiva que apontamos do

intelectual orgânico: alguém que ajuda o gruo na

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tomada de consciência do que está vivendo para

além das estratégias de intransparências que estão

a nos alientar.”

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CONCLUSÃO

Gadotti (1998, p.74) afirma que não há uma educação somente

reprodutora do sistema, nem uma educação somente transformadora do

mesmo sistema: essas duas tendências coexistem no plano educacional, em

uma perspectiva dialética e conflituosa. Sendo assim, há uma contradição

interna na educação, própria da sua natureza, entre a necessidade de

transmissão de uma cultura existente – que é a tarefa conservadora da

educação – e a necessidade de criação de uma nova cultura, sua tarefa

revolucionária. O que ocorre numa sociedade dada é que uma das duas

tendências é sempre dominante.”

Dessa forma, afirma-se que é necessário repensar o papel dos

profissionais da educação eles não podem atuar de forma neutra em uma

sociedade conflituosa.

Por outro lado, é preciso reconhecer que, embora exista a divisão

em “habilitações” a ação do pedagogo, segundo Martelli, as ações de

administrar, orientar e supervisionar no sentido literal das palavras, surgiram

com a vida em sociedade desde a época primitiva. Percebeu-se na literatura

pesquisada a relação de dependência e influência dos diferentes períodos

históricos e sociais, nas funções atribuídas aos profissionais da educação.

Assim, optou-se em analisar as funções do pedagogo (supervisão, orientação,

coordenação e administração) de forma separada, embora tendo

conhecimento de que não há como compreendê-las fora das suas relações de

influência e de interdependência.

O curso de Pedagogia visa possibilitar aos participantes a

compreensão da estrutura organizacional do trabalho pedagógico da escola,

refletindo sobre a prática integrada a partir dos diferentes paradigmas de

educação e repensando a organização interna da escola diante das exigências

participativas na construção do seu Projeto Político-Pedagógico.

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Cabe à Supervisão escolar assessorar a Direção Pedagógica quanto

à metodologia do ensino e prestar contínua assistência didático-pedagógica

aos docentes, pois, o mundo está passando, num ritmo acelerado, por grandes

transformações e os educadores devem estar à frente dessa nova realidade,

com o desafio de transmitir conhecimentos, informações e valores que

conduzirão o aluno para uma sociedade mais culta, justa e consciente dos

seus direitos e deveres.

O fazer pedagógico diário deve ser acompanhado e incentivado

através de textos, sugestões de bibliografia, intervenções e participações

sistemáticas da Supervisão Escolar, sempre ciente da importância de seu

papel para promover um trabalho conjunto da escola como sujeito ativo na

formação de sociedade moderna e mais humana.

A supervisão faz parte do processo, da educação. Então: “a escola

participativa só poderá existir, a partir do processo dinâmico que a supervisão

proporcionará”. Educação se faz com discernimento, ousadia, pesquisa,

determinação, trabalho participativo, visando dar aos educandos instrumentos

educacionais que são importantes para o exercício da cidadania. Portanto, se

devem mobilizar os futuros educadores em Pedagogia independente da

especificidade a formar uma consciência crítica da sociedade com vistas à

adoção de procedimentos educativos transformadores.

Para que o papel do supervisor torne-se eficaz se faz necessário que

os pedagogos supervisores ocupem no Sistema Educacional um espaço de

intermediação e articulação entre a condução da política educacional e as

instituições escolares, atuando com a equipe de gestão, auxiliando quanto à

elaboração e implementação das propostas pedagógicas, facilitando o

desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem e a melhoria da qualidade

de ensino. Enfim, sua atuação deve estar voltada para promover a integração

dos profissionais da educação verificando as facilidades e dificuldades

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encontradas pelos mesmos e incentivando e promovendo a formação em

serviço das equipes escolares.

Hoje a escola assume a responsabilidade pelo desenvolvimento

integral do aluno, em seus múltiplos aspectos: físico, intelectual, escolar,

social, emocional, moral, vocacional, etc. Portanto diante de toda globalização

atual, a supervisão não pode passar despercebida. É sempre muito saudável

uma observação aqui, outra ali, para que tudo ocorra bem. O bom, o melhor

está para acontecer sempre. Por isso, a supervisão foi, é e será sempre

necessária.

Enfim a supervisão tem um papel político, pedagógico e de liderança

no espaço escolar é necessário ressaltar sem desconsiderar o restante da

equipe, que o supervisor escolar deve ser inovador, ousado, criativo e,

sobretudo um profissional de educação comprometido com seu grupo de

trabalho.

Sobre o método clínico, trabalhar com estágio e supervisão convoca

uma discussão sobre um método que segue em direção a uma verdade. O

método é o caminho a ser percorrido, voltado para a compreensão de um

único caso, reconhecendo-se em sua singularidade. Segundo Berlinck, em

suas discussões sobre o método clínico, deixa claro que este método é uma

narrativa de uma singularidade a dois, verossímel e ficcional, capaz de produzir

um afeto.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Que Mecanismos e Ferramentas o Supervisor Escolar poderá utilizar para Efetivar sua Prática e quais saberes serão necessários para tal? 12 1.1 – Método clínico: uma reflexão sobre a prática da supervisão 15

CAPÍTULO II

Algumas Dificuldades da Supervisão Escolar no Brasil 18

CAPÍTULO III

Abrangência e Objeto da Função Supervisora 28

3.1 – A supervisão do currículo 28

3.2 – A supervisão dos programas 29

3.3 – A supervisão da escolha de livros didáticos 30

3.4 – A supervisão do planejamento de ensino 30

3.5 – A supervisão dos métodos de ensino 30

3.6 – A supervisão da avaliação 31

3.7 – A supervisão da recuperação 31

3.8 – Supervisão e projeto da escola 32

3.9 – Supervisão e pesquisa 33

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CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 41