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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE AQUA LUDENS: JOGOS PSICOMOTORES PARA BRINCAR NA ÁGUA Por: Igor Peçanha Freitas Orientador Prof. Celso Sanchez Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AQUA LUDENS: JOGOS PSICOMOTORES PARA BRINCAR NA

ÁGUA

Por: Igor Peçanha Freitas

Orientador

Prof. Celso Sanchez

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

AQUA LUDENS: JOGOS PSICOMOTORES PARA BRNCAR NA

ÁGUA.

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicomotricidade.

Por: Igor Peçanha Freitas

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AGRADECIMENTOS

Á Deus por iluminar os meus caminhos

todos dias de minha vida, meus pais pelo

carinho, minha irmã pela amizade, Nanda

pelo amor verdadeiro e meus amigos

pelas boas risadas que damos juntos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, amigos

e professores.

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RESUMO O presente estudo tem como meta oferecer para professores de

educação física e psicomotricistas um compêndio de jogos e brincadeiras

adaptadas ao meio líquido para serem introduzidas em aulas de natação e/ou

sessões de psicomotricidade. Busca-se por este objetivo criar, recriar e adaptar

atividades lúdicas na água com objetivos psicomotores específicos que

possibilitem às crianças e adolescentes vivenciarem experiências corporais ricas e

estimuladoras.

A utilização das eventuais atividades pode contribuir para os

professores de educação física, inclui-se nesta categoria os professores de

natação, ampliando os benefícios desta atividade para o indivíduo que a pratica. A

partir destas brincadeiras o processo de ensino-aprendizagem não fica limitado a

técnicas de nado e movimentos específicos, mas amplia as possibilidades de

benefícios psicomotores alcançados através da riqueza e variedade de

movimentos corporais.

Da mesma maneira representa uma nova possibilidade de trabalho

para psicomotricistas, utilizando deste diferente meio para produzir estímulos

corporais variados a partir do prazer que a vivência de atividades lúdicas pode

oferecer. Neste meio, a utilização de habilidades básicas da natação poderiam

contribuir para a solução de eventuais dificuldades e problemas diagnosticados

pelo psicomotricista e família.

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METODOLOGIA

A pesquisa fundamenta-se em um conjunto de investigações teóricas

que buscam construir junções entre o movimento corporal no meio líquido e

atividades lúdicas para crianças e adolescentes. Em um primeiro momento da

revisão de literatura o foco de estudo centraliza-se no jogo e na brincadeira. Nesta

fase da pesquisa pretende-se buscar definições e classificações de jogo;

diferenciá-lo em relação à brincadeira; associá-lo ao desenvolvimento psicomotor;

ao universo infantil e conceituá-lo como jogo psicomotor.

Em seu segundo momento a pesquisa destaca as áreas

psicomotoras e sua importância para o desenvolvimento harmonioso do indivíduo.

Em seguida, o foco do trabalho passa a ser o meio líquido, definido-o e

diferenciando-o do meio em que costumamos vivenciar nossas experiências

corporais. Ainda durante este período do estudo é feito uma análise sobre as

habilidades básicas na água; os benefícios da natação e as adaptações e

cuidados que devem ser tomados para atividades realizadas neste meio.

Em seu quarto momento insere-se a aplicação prática dos jogos

segundo a área psicomotora que se pretende estimular. A criação, recriação e

adaptação de jogos para a água ocorrem com a complementação de informações

absolutamente relevantes à sua aplicação prática tanto para aulas de natação

como em sessões de psicomotricidade. Dentre tais informações complementares

destacam-se área psicomotora e a habilidade aquática básica predominantemente

trabalhada, a faixa etária recomendada para a atividade, bem como adaptações e

possibilidades de variações.

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Finalmente, buscam-se conclusões a respeito de viabilidade da

aplicação dos jogos e de sua relevância no ensino da natação e em sessões de

psicomotricidade.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - O jogo e a brincadeira 11

CAPÍTULO II - As áreas psicomotoras 17

CAPÍTULO III – A água e suas possibilidades 21

CAPÍTULO IV – Jogos psicomotores na água 29 CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

ANEXOS 47

ÍNDICE 49 FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

A educação física e a psicomotricidade caminham lado a lado na

busca pelo desenvolvimento harmonioso e equilibrado do ser humano. Cada uma

das ciências utiliza suas metodologias, técnicas e avaliações, mas ambas

analisam o homem em movimento através de seu corpo integrado com o ambiente

no qual está inserido.

Ambos os campos de conhecimentos priorizam aspectos como

afetividade, motricidade e cognição na definição do objeto de estudo a qual

pretendem estudar. Assim, para elas o homem é um ser único e integrado que

utiliza seu corpo em movimento para desenvolver-se de forma global.

A proximidade destas ciências permite que as suas práticas e

intervenções complementem-se em determinados momentos. Desta forma, torna-

se difícil diferenciar a atuação de psicomotricistas e profissionais de educação

física em variadas situações de atuação profissional.

No meio líquido este cenário se repete de maneira que o homem em

movimento não deixa de ser o objeto de ambas as práticas. Assim, movimentar-se

na água é um acontecimento que leva em consideração aspectos inerentes à

educação física e psicomotricidade em constante complementaridade.

Assim, aprender a se movimentar na água não deve ser uma ação

afastada de aspectos relevantes ao desenvolvimento global do indivíduo. Nadar

não deve ser considerado como um gesto descontextualizado, afastado por

técnicas e movimentos específicos do processo de crescimento e

desenvolvimento humano. Pelo contrário, este é um momento em que aspectos

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afetivos, cognitivos e motores devem ser levados em consideração permitindo

maior riqueza de vivências e experiências corporais no meio líquido.

A utilização de jogos e brincadeiras adequadamente direcionados e

com fins específicos parece ser um importante instrumento para a produção de

estímulos corporais ricos e fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo em

todos os seus aspectos.

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CAPÍTULO I

O JOGO E A BRINCADEIRA

O ser humano define-se por um conjunto de características e formas

de agir e pensar próprias que o permitem ser único em sua maneira de relacionar

com o ambiente que o circunda. A forma com que o homem interage com o

mundo, com as pessoas e objetos ao seu redor permitem a singularidade de sua

personalidade.

A capacidade de brincar e dedicar-se a atividades lúdicas é um

importante aspecto, absolutamente natural de nossa espécie, que surge desde os

primeiros anos de vida e contribui para a construção de um indivíduo único em sua

maneira de viver. As transformações que ocorrem em aspectos físicos, motores,

cognitivos e afetivos são acompanhadas também por alterações em sua

capacidade de brincar.

A atividade lúdica, desta forma, torna-se essencial ao

desenvolvimento do homem fazendo parte integrante de sua vida em geral. Para

Rizzi (2005) tem função vital para o indivíduo, não somente como pura distensão e

descarga de energia, mas principalmente como forma de assimilação da realidade

sócio-cultural do qual faz parte.

1.1 Atividade lúdica e jogo

A noção de jogo transformou-se e diversificou-se bastante ao longo

dos anos. Classificações e definições ganharam variações de acordo com critérios

adotados por diversos autores especializados neste tema. Não existe mais uma

definição única de jogo, seus diferentes aspectos e funções tornaram ilimitadas as

suas possibilidades de conceituação.

Tal variedade de definições faz surgir grandes confusões a respeito

dos conceitos de jogo e atividade lúdica. Na realidade, apesar de possuírem

grandes semelhanças tais conceitos distinguem-se entre si e não podem ser vistos

como uma única e igual forma de manifestação lúdica do homem.

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A atividade lúdica pode ser considerada como toda e qualquer forma

de manifestação espontânea da criança, relacionada normalmente com a

capacidade de lhe gerar prazer. Tal atividade pertence ao mundo infantil, à

realidade imaginada, criada e recriada pela criança em seu momento de maior

felicidade.

Segundo Winnicott (1975), as atividades lúdicas podem se

manifestar através de jogos, histórias, dramatizações, músicas e artes plásticas.

Já Huizinga citado por Bregolato (2005) afirma que o lúdico “abrange tanto os

jogos infantis como a recreação, as competições, as representações litúrgicas e

teatrais e o jogo de azar (p.73).

A atividade lúdica está, então, diretamente relacionada com o

cotidiano da criança, com a realidade vivenciada por ela em seu dia – a - dia,

manifestando-se de várias formas distintas. O jogo é, portanto, uma importante

forma de manifestação da atividade lúdica. Entretanto, o ato de brincar não está

limitado ao jogo, mas ampliado pelas inúmeras possibilidades de manifestações

lúdicas possíveis graças à imaginação e criatividade infantil.

Rufo (2005) afirma que “a brincadeira é essencial para a criança,

porque lhe permite falar daquilo que ela não pode dizer com palavras, pôr em

cena e teatralizar suas emoções, seus pensamentos” (p.55). Ao brincar o sujeito

tem a oportunidade de expor tudo o que está sentindo, suas angústias, dúvidas,

alegrias e ainda obter a sensação de prazer.

A espontaneidade infantil é o principal ingrediente para o brincar, a

liberdade conquistada pela criança durante a brincadeira lhe permite entrar em um

mundo de fantasia em que tudo é possível. O limite entre este mundo fantasioso e

a realidade é muito tênue e faz com que todo o cotidiano infantil possa ser

transformado em brincadeira, seja através de um simples objeto ou apenas

através da imaginação.

A brincadeira é uma experiência fundamental para o

desenvolvimento harmonioso do ser humano e que deve ser respeitada pelos

adultos. Para Aberastury (1972), se o adulto interfere e irrompe em sua atividade

lúdica, pode perturbar o andamento da experiência decisiva que a criança realiza

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ao brincar. Assim, privar a criança do infinito universo lúdico existente na

brincadeira pode significar um enorme prejuízo em seu processo de

desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor. Winnicott (1975) parece

partilhar da idéia de que a brincadeira é fundamental ao desenvolvimento humano

ao afirmar:

“É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo,

criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua

personalidade integral: e é somente sendo criativo que o

indivíduo descobre o seu eu (self)” (p.80).

O Jogo pode ser considerado como uma das formas de manifestação

de atividade lúdica naturalmente presente no universo infantil. Geralmente, está

associado à sensação de prazer e permite ao participante transformar a realidade

da qual faz parte através da criatividade e imaginação. Para Freire (2006), “são o

desejo, a imaginação e a emoção que tornam o jogo possível, isto é que criam o

ambiente favorável à sua manifestação” (p.146).

Freire (1989) apud por Brotto (2001) afirma que jogar permite a

oportunidade de conviver intimamente com as coisas do mundo, de modo a torná-

las menos amedrontadoras, mais conhecidas. Assim, as relações entre jogo e

educação, cultura, sociedade, vida e processos de desenvolvimento são tecidas

juntas. Desta maneira, o ato de jogar está incluído diretamente na vida da criança,

influenciando todo o seu processo de desenvolvimento.

Ao prosseguir na tentativa de definição e classificação do conceito

aqui analisado, torna-se fundamental informar que o estudo do jogo é um

fenômeno complexo e global, tendo sua fundamentação dispersa, visto sua

multiplicidade de abordagens, diferentes linhas de investigação e múltiplos ponto

de vista teórico. Brotto (2001) reforça a idéia ao defender que há muita

controvérsia a respeito do jogo o que torna difícil uma única definição e

classificação deste conceito.

Dentro deste contexto, bem como a prática de jogar, o conceito de

jogo vem sofrendo transformações ao longo dos anos. Teorias clássicas como a

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Teoria do excedente de energia, defendidas por Schiller (séc XVIII) e Spencer (séc

XIX), em que o jogo é motivado exclusivamente pelo excesso de energia infantil e

a Teoria do Relaxamento e recreação que acredita que o jogo serve apenas para

repor as energias gastas com o trabalho mental estão sendo superadas.

Mesmo as teorias modernas acabam encontrando contradições e

definem o jogo de acordo com seus interesses e áreas de estudo específicas.

Sendo assim, enquanto a teoria de Huizinga vê o jogo como uma ação livre,

desvinculada do mundo real vivido pela criança; outras como a Psicanalítica de

Freud aproximam o ato de jogar das experiências reais vivenciadas pelo indivíduo.

Para esta última, esta atividade é fundamental para o desenvolvimento emocional,

fornecendo ao jogador um espaço para a superação de traumas e satisfação de

desejos.

Ferreira (2001) cita ainda outras teorias modernas como a Emocional

de Erikson em que o jogo progride por níveis que revelam o desenvolvimento

psicossocial da criança, favorecendo, em diferentes aspectos, o seu

amadurecimento emocional.

Já a Teoria cognitiva de Piaget revela a associação entre estágios de

desenvolvimento intelectual do indivíduo e as diferentes formas de jogo que

acompanham tal evolução da capacidade cognitiva. Piaget, dessa forma, classifica

o jogo de acordo com as capacidades de pensamento e raciocínio do indivíduo,

classificando-os em: Jogos de exercício sensório-motor, jogo simbólico e jogo de

regras. Citado por Ferreira (2001), Piaget afirma:

“O jogo tem uma dupla função: é um meio de conhecer o

mundo e é um indicador do nível de desenvolvimento

cognitivo da criança” (Piaget e Inhelder, 1979,p.187).

Teorias mais recentes como a de Bateson que defende a proposta de

que o Jogo representa uma forma básica das relações humanas em que as ações

provenientes de sua execução não possuem o mesmo significado qu aqueles

concebidos e entendidos pelo indivíduo na vida normal; a Teoria social de Sutton-

Smith que acredita que tal atividade lúdica é criada e recriada através da interação

social, desenvolvendo um conjunto de comportamentos que poderão ser utilizados

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em outras situações cotidianas; e a Teoria de Brunner que preocupa-se com a

contribuição do jogo para o desenvolvimento da flexibilidade comportamental e

das destrezas motoras, acabam por ampliar as áreas de conhecimentos

envolvidas pelo jogo, bem como diversificam sua função e importância para o

desenvolvimento humano.

1.2 Jogo Psicomotor

A psicomotricidade herda conceitos de diversos autores e suas teorias no

que se refere à atividade lúdica e o jogo de forma geral. Desta forma, o conceito

de Jogo psicomotor é resultado da influência desta multiplicidade de teorias que

ao definir esta ciência, suas funções, importância e metodologias nomeiam o jogo

como uma forma de manifestação do homem em movimento. Diante disso, as

diversas definições de psicomotricidade contribuem na definição de jogo a qual

este trabalho deseja alcançar:

“A psicomotridade envolve toda a ação realizada pelo

indivíduo que represente suas necessidades e permitem

suas relações com os demais. É a integração psiquismo-

motricidade” (Alves, 2003).

A psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das posturas, dos gestos

das atividades enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do ser em

ação. Este ser, em movimento, interage com o seu corpo e com o meio em sua

volta, transformando e sendo transformado através de gestos e expressões

corporais.

Desta maneira, construir a noção de jogos psicomotores é possível quando

inserido neste contexto em que o movimento realizado pelo corpo humano carrega

um conjunto de significados sociais, culturais, cognitivos e afetivos, expostos pelo

gesto expressivo.

Defino, neste trabalho, como jogo psicomotor todo e qualquer jogo em que

o movimento corporal por ele produzido através das funções psicomotoras

estimuladas - tais como coordenação, equilíbrio, tônus, percepção espacial, visual

e auditiva, entre outras - possibilita um conjunto de experiências e vivências que

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estimulem, de alguma forma, os aspectos cognitivos, afetivos e motores do ser

humano em contato com o seu semelhante.

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CAPÍTULO II

AS ÁREAS PSICOMOTORAS 2.1 A contribuição do jogo na formação psicomotora da criança

A proposta central deste trabalho estabelece a utilização do jogo psicomotor

como agente facilitador do desenvolvimento global do indivíduo, sem limitar-se ao

estímulo de um único aspecto humano. Desta maneira, as atividades lúdicas

sugeridas não se limitam ao desenvolvimento exclusivo das áreas psicomotoras -

que serão posteriormente citadas - mas pretendem, através delas, promover

vivências e experiências que promovam estímulos de ordem afetiva - social,

cognitiva, física e motora.

Ao propor um jogo psicomotor que estimule uma área psicomotora

específica, como o esquema corporal, por exemplo, não significa que o único

aspecto do desenvolvimento dos indivíduos em ação a ser enfatizado seja

exclusivamente este. Ao contrário, o estímulo ao esquema corporal é o

instrumento utilizado para promover o aprimoramento de outros aspectos

relevantes ao desenvolvimento equilibrado dos indivíduos em questão.

Segue em seqüência um exemplo de jogo que possibilite um entendimento

mais claro da proposta defendida nesta pesquisa:

Nome do Jogo: Batata quente aquática

Tipo: Adaptado

Idade sugerida: a partir de 4 anos

Área psicomotora: Ritmo

Habilidade aquática: Equilíbrio

Material: Objeto, bola, argola.

Descrição do jogo: As crianças são posicionadas em roda e sentadas sobre o

macarrão (aqua tube). Ao som de uma música, elas devem passar um objeto para

a criança ao lado; ao cessar a música uma criança fica com a “batata” na mão.

Esta criança pode sugerir alguma tarefa para todos fazerem, como imergir e soltar

bolhas, por exemplo.

Neste exemplo de jogo a área psicomotora objetivada é o ritmo, ao se

intercalar músicas lentas e rápidas. No entanto, esta não é o único aspecto

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importante ao desenvolvimento global do indivíduo estimulado pela atividade.

Nesta brincadeira pode-se estimular:

A- Cognitivo: músicas populares brasileiras, folclore, etc.

B- Afetivo-social: cooperação, competição, lidar com frustações, etc.

C- Físico – motor: agilidade, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, etc.

Estas são apenas algumas das possibilidades oferecidas pelo jogo. A

criatividade do estimulador (educador, terapeuta) e sua capacidade de produzir

variações para as atividades produzem uma infinidade de oportunidades de

estímulo para o grupo. Desta forma, o jogo não se encerra no desenvolvimento do

ritmo, mas abre uma infinidade de caminhos a serem seguidos. Cabe ao

estimulador escolhê-los.

2.2 Áreas psicomotoras e sua importância para o desenvolvimento

harmonioso da criança

Considerando o ser humano em sua totalidade, a prática em

psicomotricidade, seja ela educadora, reeducadora ou terapêutica utiliza as áreas

psicomotoras para promover o desenvolvimento harmonioso da criança. Tal como

a noção de jogo, estas áreas – também conhecidas como funções psicomotoras –

sofrem variações de acordo com as denominações dadas por diversos autores e

metodologias.

Neste trabalho utiliza-se a classificação elaborada por Mello (1996) que, a

partir de uma revisão de literatura, propõe dez áreas principais. São elas: a)

Esquema corporal; b) Tônus da postura; c) Dissociação de movimentos; d)

Coordenações globais; e) Motricidade Fina; f) Organização espacial e temporal; g)

Ritmo; h) Lateralidade; i)Equilíbrio; e J) Relaxamento. Procurando delimitar a

abrangência de cada uma destas áreas, seguem suas definições e aspectos

principais:

A) Esquema Corporal: É um elemento fundamental para a construção da

personalidade da criança. Pode-se defini-la como a consciência do próprio corpo,

de suas partes, de suas limitações, de suas possibilidades, tanto em repouso

como em movimento. É a capacidade de organizar o seu corpo que permite à

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criança alcançar independências em seus movimentos e, e conseqüência, em sua

forma de posicionar-se frente ao meio em que vive.

B) Tônus da postura: Segundo Costallat apud Bueno (1997), refere-se ao estado

de atenção e prontidão necessário para a harmonia do gesto e equilíbrio do

organismo. Não está limitado ao Tônus muscular e o movimento executado, mas

amplia-se ao tônus afetivo e mental.

C) Dissociação de movimentos: Refere-se à noção das partes do corpo na

execução de um movimento, é a capacidade de individualizar os segmentos

corporais.

D) Coordenações globais: Também conhecida como motricidade ampla, refere-se

à ação simultânea de grupos musculares diferentes, com vista à execução de

movimentos amplos e voluntários.

E) Motricidade Fina: Refere-se ao trabalho de forma orientada de pequenos

músculos para exercícios refinados, tais como recorte, colagem, etc. Estes

exercícios utilizam as mãos, dedos e rosto.

F) Organização espacial e temporal: A organização espacial é a capacidade de

situar-se e orientar-se diante de um espaço físico, percebendo as relações de

proximidade e localização das coisas entre si e de seu corpo em relação ao

mundo. Noções como perto, longe, em cima, embaixo, dentro e fora contribuem

para a construção deste sentido de orientação do corpo frente ao meio que o

circunda. Enquanto que a organização temporal diz respeito à capacidade de

relacionar ações a uma determinada dimensão de tempo. Noções como hoje,

ontem, rápido e lento são fundamentais na capacidade de situar o corpo em

relação ao tempo. Apesar de definidas em separado, estas duas noções são

desenvolvidas em conjunto e simultaneamente.

G) Ritmo: Diretamente associado a capacidade de atenção, é a orientação

característica e específica de um ato motor em relação ao tempo. As atividades

rítmicas são úteis para facilitar a exploração de outras formas de consciência

corporal.

H) Lateralidade: É constantemente confundido com a noção de dominância lateral

que é inata e se desenvolve a partir de ações impostas pelo meio. Diferente do

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que diz o senso comum, lateralidade é a capacidade motora de percepção dos

dois lados do corpo, buscando o equilíbrio entre eles.

I) Equilíbrio: Corresponde a noção de distribuição do peso do corpo em relação ao

espaço e tempo, sustentando-o e mantendo-o estável. Desta maneira, pode ser

estático, quando não há movimento; dinâmico, com a existência de movimento e

recuperado, proveniente de uma situação que provocou desequilíbrio anterior.

J) Relaxamento: Envolve controle neuro-muscular na redução da tensão muscular.

Pode ocorrer somente em segmentos e, também em todo o corpo, contribuindo de

forma importante para a construção do esquema corporal e da capacidade de

equilíbrio. Noções como relaxado, tenso, duro, mole ajudam a construir na criança

a capacidade de descontração muscular.

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CAPÍTULO III

A ÁGUA E SUAS POSSIBILIDADES

3.1 Habilidades aquáticas básicas

Nos dias de hoje o conceito de saber nadar é diferente do que se tinha em

um passado não muito distante. Nesta concepção tradicional o ato de aprender a

nadar era limitado ao aprendizado das técnicas de “crawl”, costas, peito e golfinho.

No entanto, atualmente entende-se que saber nadar significa evidenciar uma boa

relação com o meio aquático, ou seja, ter autonomia na água sabendo manifestar

comportamentos adequados frente a este diferente meio em questão.

A água oferece diversas e diferentes oportunidades de prazer à criança. No

entanto, para tal é necessário atingir certa independência neste novo meio,

sabendo adequar seus gestos, posturas e movimentos as dificuldades que o meio

aquático oferece.

Desta maneira, alcançar o prazer na água e sentir-se à vontade nela passa

a ser uma tarefa mais fácil. Para isso, entretanto, é preciso que o indivíduo adquira

algumas habilidades básicas que o permitam sentir-se seguro e independente. O

aprendizado destas habilidades também pode ser alcançado através do prazer, da

criatividade, do estímulo à imaginação e da ludicidade que jogos e brincadeiras

podem oferecer.

A proposta central deste trabalho visa oferecer a possibilidade de permitir à

criança alcançar certa autonomia na água através de jogos que, entre outras

metas, desenvolvam as habilidades aquáticas básicas.

Marques (2002) realizou uma revisão de literatura a respeito das

habilidades aquáticas e inclui nesta pesquisa os conceitos defendidos por Navarro

(1995); Moreno e Garcia (1996); Catteau e Garoff (1988); Mota (1990) e Carvalho

(1994). Neste trabalho adotar-se-á as habilidades consideradas por Marques

(2002) que, em síntese, compreendem: a) equilíbrio (rotações e flutuações

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incluídas); b) propulsão (incluindo os saltos); c) respiração; e, d) manipulações

(lançamentos e recepções).

A) Equilíbrio

O equilíbrio no meio aquático está diretamente relacionado com a alteração

de referências espaciais que transformam a relação do corpo com o novo meio

onde está inserido. Equilibrar-se na água significa readaptar o corpo a distinta

ação das forças de impulsão hidrostática e gravidade. Desta maneira, na água o

equilíbrio é profundamente alterado com a respiração e a movimentação dos

segmentos corporais.

Ainda relacionado ao processo de equilíbrio neste meio está a flutuação

que representa a diferença das densidades do corpo e do líquido que o envolve.

Aprender a flutuar é importante pata criar nas crianças a conscientização de que o

seu corpo não afunda, obrigatoriamente, na água, mas, pode sim, manter-se sobre

ela.

Inclui-se também nesta primeira habilidade as rotações, que representam

alterações súbitas e momentâneas do equilíbrio adquirido, podendo ser efetuadas

em diferentes eixos e planos que permitem a exploração de novas situações de

movimentos corporais.

B) Propulsão

Em síntese, corresponde a capacidade de deslocamento de um indivíduo

na água através de ações repetitivas de seus membros superiores, inferiores e,

em alguns casos, do tronco.

Os Saltos, método de deslocamento de um indivíduo do meio terrestre para

o aquático, estão incluídos nesta categoria apesar de alguns autores como

Catteau e Garoff (1988) citados por Marques (2002) o considerarem como

equilíbrio. O salto representa uma experiência importante para criança por

delimitar, de forma quase espontânea, uma transição de um meio ao qual está

acostumada para outro meio que exige novas adaptações corporais.

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C) Respiração

As alterações espaciais, provocadas pelo meio aquático, produzem no

indivíduo alterações em sua forma de respirar. O mecanismo respiratório sofre

alterações, devido à face se encontrar temporariamente imersa, o que pressupõe

a criação de um automatismo respiratório diferente do automatismo inato. Para as

crianças, imergir o rostinho na água pode representar uma situação desagradável

de angústia e medo que poderá desaparecer na medida em que ela se sente mais

confortável neste ambiente.

D) Manipulações

Para Moreno e San Martin (1998) apud por Marques (2002) consiste na

manutenção de uma relação de interação entre o indivíduo e objetos, permitindo

explorar todas as possibilidades permitidas nesta relação. Brinquedos, bolas,

pranchas, tapetes, bambolês, objetos que afundam, “pull boy”, entre outros,

permitem à criança explorar o meio aquático de infinitas formas, transformando-o

ainda mais e criando uma relação de estímulo à criatividade e prazer.

Lançamentos e recepções destes objetos representam ainda novas

possibilidades de interação da criança na água.

A aquisição destas habilidades aquáticas básicas, conforme dito

anteriormente, representam uma possibilidade de autonomia e bem estar da

criança na água, “abrindo portas” para um futuro aprendizado de habilidades

aquáticas específicas que poderiam ser utilizadas não somente para natação, mas

também para outras atividades como saltos ornamentais, pólo aquático, nado

sincronizado, mergulho, entre outras.

3.2 Benefícios e contribuições da natação no desenvolvimento global infantil

A prática da natação como instrumento da psicmotricidade não tem como

objetivo exclusivo ensinar técnicas de nados, mas possibilitar também que o

indivíduo em formação consiga, respeitando possíveis limitações motoras, afetivas

e mentais, deslocar-se de forma segura e independente na água.

A busca por tal autonomia reforça na criança algumas melhorias essenciais

ao desenvolvimento. Tais benefícios são tanto de ordem fisiológica como

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psicomotora, contribuindo de forma significativa para o equilíbrio de seu processo

de desenvolvimento.

3.2.1 Benefícios físicos

A constante exposição corporal ao ambiente aquático e as mudanças de

temperatura proporcionadas pela água fazem com que o organismo acione

constantemente mecanismos de controle térmico e adquire maior resistência

contra mudanças bruscas de temperatura externa, aumentando sua resistência a

doenças provocadas por intempéries do meio (De Freitas, 2000).

Winnick (2004) citando Skinner e Thompson (1983) informa que “a água

facilita o relaxamento muscular, a amplitude de movimento das articulações e a

melhora da força e resistência musculares” (p.408). Desta forma, a alternância de

contração e descontração durante a natação fornece estímulos para o

desenvolvimento geral da musculatura, fortalecendo músculos que melhoram a

estabilidade postural necessária às habilidades fundamentais de locomoção e

manipulação, fundamentais no processo de desenvolvimento da criança.

Outro aspecto importante ao desenvolvimento das crianças e a prática de

atividades na água está relacionada à maturação neurológica. Damasceno (1992)

afirma que a prática da natação por produzir um efeito integrador entre a base

reflexa arcaica e o processo de condicionamento, que ocorre ao longo da vida em

uma atividade mais liberada e consciente, gera um conseqüente aumento da

maturação neurológica.

Atividades no meio líquido exercem influências no sistema circulatório,

respiratório e coração, pois a pressão da água sobre o corpo juntamente com o

esforço exigido pelos movimentos promovem aumentos no metabolismo e do

volume cardíaco, fortalecimento da musculatura do coração e de músculos

respiratórios, além de aumentos na capacidade respiratória (Campion apud por

Grasseli e De Paula, 2002). Movimento e água, desta forma, parecem uma

combinação perfeita em busca de benefícios metabólicos que favoreçam melhoras

na qualidade de vida destes indivíduos em formação. O quadro I ( Anexo I)

mostra alguns destes benefícios.

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3.2.2 Benefícios interacionais

Os benefícios não se limitam ao aspecto físico. Segundo Winnick (2004) as

atividades aquáticas planejadas e implantadas com cuidado, suprem as

necessidades infantis, oferecendo um ambiente que contribui para o

desenvolvimento psicosocial. A natação para crianças, geralmente, não é uma

atividade solitária e extremamente individualista, mas socialiazante e estimulante.

O quadro 2 (Anexo i) mostra algumas melhorias importantes no aspecto social e

emocional.

Lépore (2000) citado por Grasseli e De Paula (2002) afirma que atividades

aquáticas ou aprender a nadar é também um processo de aprendizagem de

socialização. A progressão acontece lentamente, partindo do aprimoramento da

relação criança-objetos no meio aquático. Na medida em que a criança com

interage positivamente com tais objetos, há a tendência de que ela possa

progredir no relacionamento com outras pessoas. O passo final é promover a

ampla integração com grupos de crianças, estimulando, desta forma, novas

experiências corporais e emocionais e incrementando o convívio social.

A riqueza de vivências na água e com outras crianças possibilita ao

indivíduo um encontro consigo mesmo, permitindo a autoconsciência de seus

limites e virtudes, bem como a percepção de que ele pode ser muito feliz em

contato com outras crianças. Na medida em que ela percebe a sua

representatividade no grupo, sente-se mais confiante e estimulada.

Da mesma forma, quando esta criança aprende a se movimentar com

autonomia na água, sem a necessidade da ajuda de outra pessoa sua auto-estima

aumenta consideravelmente. Para Campion (2000) apud por Grasseli e De Paula

(2002), o aspecto psicológico, o efeito na melhora do humor e na motivação é

altamente significativo através da natação, além da possibilidade de descarregar

as tensões psíquicas através da capacidade de relaxamento produzida pelo meio

aquático.

A satisfação das necessidades de movimento sentidas pela criança acalma-

a, traz felicidade extrema e maior controle de sentimentos e emoções. Para De

Freitas (2000) “o movimento livre na água propicia a possibilidade de experimentar

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suas possibilidades, de vivenciar suas limitações” (p.44). Isto faz com que a

criança alcance certa autonomia e conquiste maior liberdade para viver e ser feliz.

Seguindo a linha de raciocínio de que o desenvolvimento do ser humano

ocorre globalmente, sem a dicotomia corpo – mente, torna-se importante

mencionar que os benefícios recém citados interferem nos aspectos psicomotores

das crianças em questão. Assim, tanto o desenvolvimento cognitivo como o motor

se inter relacionam com as melhorias sociais e emocionais produzidas pela

riqueza de experiências que um ambiente socialmente estimulante pode produzir.

3.2.3 Benefícios psicomotores

Ao tratarmos das aquisições psicomotoras a partir do movimento no meio

aquático faz-se referência à combinação dos aspectos cognitivos e motores na

construção de um processo de desenvolvimento equilibrado. Winnick (2004)

defende que “o atraso psicomotor representa uma grande desvantagem para a

criança, já que o movimento é uma base importante, a partir da qual as crianças

aprendem” (p.339). Assim, o desenvolvimento das funções psicomotoras mostra-

se relevante na aplicação e planejamento de toda e qualquer atividade destinada a

crianças.

As propriedades motivacionais que a água apresenta proporcionam um

estimulante ambiente de aprendizagem através do movimento corporal. Segundo

Winnick (2004) o reforço de valores cognitivos pode ser feito através de jogos e

atividades aquáticas que envolvam matemática, raciocínio lógico, ortografia, leitura

e outros inúmeros conceitos relevantes à aprendizagem na escola e fora dela.

Para Ferreira (2000) “as experiências motoras da criança são decisivas na

elaboração progressiva de estruturas que aos poucos dão origem a formas

superiores de raciocínio” (p. 45).

Além do aprendizado cognitivo, os poderes de atenção, concentração e

memória são estimulados na natação na medida em que durante o aprendizado a

criança procura compreender o movimento do seu próprio corpo. Explorando

várias formas de se movimentar e adaptando suas limitações às propriedades da

água o indivíduo entende um pouco mais sobre suas próprias capacidades

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corporais e mentais. A utilização de estratégias de ensino e metodologias

adequadas pode estimular a capacidade cognitiva de inúmeras maneiras,

permitindo pequenas evoluções.

Winnick (2004) e De Freitas (2000) dão alguns exemplos de atividades

simples que poderiam estimular a capacidade cognitiva das crianças a partir do

movimento na água. Contar travessias de piscina, marcar tempo, realizar tarefas

com objetos de cores e formatos diferentes, utilizar-se de letras flutuantes são

algumas das inúmeras estratégias. No entanto, se a criança mostra-se desajeitada

para executar ou pouco inteligente para entender atividades mais complexas,

torna-se necessário transmitir as informações de forma mais simples e / ou utilizar-

se de atividades repetitivas.

Diem (1971) citado por Damaceno (1992) afirma que a pobreza de

movimentos ou a falta dele não só representa prejuízos físicos como também

impedem a evolução psíquica. Na concepção construtivista de Piaget as

estruturas mentais são construídas na interação da criança com o meio, ocorrendo

em cada etapa a construção de determinada estrutura. A interação com o meio

aquático, por sua vez, também pode estimular tal construção de estruturas

mentais em crianças com síndrome de Down, respeitando-se sempre o ritmo de

evolução diferenciado destas pessoas.

A ações psicomotoras na água vinculam-se à apreensão e vivência de

movimentos e destrezas que envolvam percepção e sensação, com uma

participação cada vez maior da consciência. Para Damasceno (1992) as situações

de aprendizagem que acompanham a prática de natação permitem à criança a

vivência das noções perceptivas de intensidade, grandeza, velocidade, situação e

orientação ao colocar a criança em relação com o mundo exterior, com o espaço,

com o tempo, com os objetos e outras pessoas. Assim, noções como longo –

curto; longe – perto; alto – baixo; largo – estreito; grosso – fino; dentro - fora;

acima – abaixo; antes- depois; direita – esquerda; vertical – horizontal; igual –

oposto, entre outras permitem uma melhor relação deste indivíduo com o seu

próprio corpo e com o mundo onde está inserido.

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Além da organização espaço-temporal, outras funções psicomotoras como

a lateralidade, a coordenação motora, e equilíbrio são desenvolvidas a partir da

aquisição de novas experiências e informações que contribuem para o

aprendizado infantil e todos os benefícios dele proveniente. Para Damasceno

(1992), as respostas psicomotoras globais provocadas pelo movimento na água,

além de incrementos no esquema corporal, favorece a estruturação de

comportamentos inteligentes na criança. Segundo Velasco (1994), a

aprendizagem da natação é uma função do sistema nervoso e desde que tenha

em atenção os pressupostos do desenvolvimento psicomotor da criança, promove

e concretiza a capacidade do cérebro para aprender a aprender.

Sendo assim, pode-se concluir afirmando que o alto potencial para o

desenvolvimento psicomotor possibilitado pela natação traduz-se em melhorias

nas capacidades de aprendizado e cognição que influenciam diretamente no

cotidiano destas crianças.

3.3 Sugestões de adaptações

Para alcançar o bem estar na água e a partir dele extrair os diversos

benefícios psicomotores relevantes ao equilíbrio do desenvolvimento global de

crianças em geral podem ser tomadas algumas atitudes que adequem o

aprendizado às condições e características de cada indivíduo.

Tais adaptações estão relacionadas a estratégias do professores, materiais

e espaço físico. Neste trabalho abordaremos apenas as adaptações que podem

ser feitas pelo professor durante a aula no que diz respeito ao ato de ensinar. A

partir de uma sistematicidade e planejamento de atividades o estimulador poderá

realmente perceber os métodos que não funcionam para uma criança e que

exercem efeito em outras e então, elaborar as modificações necessárias. O

quadro 4, (Anexo II) baseado nas obra de Velasco (1994) mostra um resumo de

adaptações que podem ser utilizadas pelo professor.

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CAPÍTULO IV

JOGOS PSICOMOTORES NA ÁGUA Decidiu-se neste trabalho por apresentar os jogos de acordo com as áreas

psicomotoras preferencialmente estimuladas. Isto não representa, conforme

mencionado anteriormente, que tais jogos destinam-se exclusivamente para o

desenvolvimento destas áreas, mas sim, visam buscar vivências e experiências

que estimulem de forma global e equilibrada o desenvolvimento de crianças em

diversas idades.

A apresentação das atividades segue o modelo apresentado no capítulo 2 e

é feito desta maneira apenas para fins didáticos. Cada atividade reúne

informações como: tipo de jogo, sugestão de idade, habilidade aquática básica e

descrição da atividade.

Em relação ao tipo de jogo, foram criadas três categorias: a) Jogo Criado,

que representa criações próprias do autor em suas vivências profissionais com

natação infantil; b) Jogo Adaptado, que representa as adaptações para

brincadeiras previamente conhecidas e aplicadas em meio terrestre; e,

finalmente,c) Jogo conhecido, que representam atividade já produzidas e

provenientes de revisão de literatura específica.

Por fim, cabe ressaltar que cada área psicomotora será contemplada com a

apresentação de três jogos. Tais jogos podem enfatizar habilidades básicas

distintas ou não, diferentes faixas etárias e tipos de atividade.

4.1 Jogos e esquema corporal

JOGO 1: Encoste com o corpo

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora: Esquema corporal

Habilidade aquática: Equilíbrio (rotações) e manipulação

Material: Brinquedos flutuantes

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Descrição do jogo:

As crianças são posicionadas uma ao lado da outra (com ou sem bóias de

braços, dependendo do nível da turma), enquanto os brinquedos flutuantes são

espalhados na outra extremidade. Ao sinal do mediador, devem deslocar-se

rapidamente até os brinquedos e encostar uma parte do corpo mencionada e

retornar ao local inicial.

JOGO 2 : Encontro submarino

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Esquema corporal

Habilidade aquática: Propulsão e equilíbrio (rotações)

Material: nenhum

Descrição do jogo:

Esta tarefa pode ser feita em duplas na qual uma criança se desloca até a

outra para encostar uma parte do corpo designada pelo professor. Podem ser

determinadas várias formas de deslocamentos e o encontro corporal pode ser feito

na superfície ou sob a água. Neste jogo, todas as duplas podem brincar

simultaneamente, desde que estejam organizadas para tal.

JOGO 3: Corpo torto

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Esquema corporal

Habilidade aquática: Respiração e equilíbrio (rotações)

Material: Nenhum

Descrição do jogo:

Estimular pequenos desafios em grupos no qual cada grupo de crianças

tem que encostar partes do corpo no fundo da piscina (na parte rasa). Por

exemplo, mãos, pés, barriga, joelho, glúteos. Para tal, solicita-se que soltem

“bolinhas” ao realizar a imersão.

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4.2 Jogos e tônus postural

JOGO 4: Batatinha frita 1,2,3

Tipo: Adaptado

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora: Tônus postural

Habilidade aquática: Equilíbrio (flutuação com auxílio de material) e propulsão

Descrição do jogo:

Segue a execução tradicional do jogo na qual o mediador fica em uma

extremidade e os alunos em outra. No entanto, as crianças deverão deslocar-se

com o auxílio de material (prancha, “macarrão”, bóia). No momento em que o

mediador encerrar a frase “batatinha frita 1,2,3”, as crianças terão que cessar o

deslocamento e realizar algum tipo de flutuação. O jogo prossegue até que todos

cheguem na outra extremidade da piscina.

JOGO 5: Vivo, morto e morto-vivo

Tipo: Adaptado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Tônus postural

Habilidade aquática: Equilíbrio (flutuação) e respiração

Descrição do jogo:

Segue a execução tradicional do jogo, com algumas adaptações

importantes. As crianças devem estar posicionadas em algum lugar raso da

piscina (onde possam ficar de pé) e seguir aos comandos do mediador: Vivo (de

pé, sem movimentos), Morto (imersão, soltando “bolinhas”), Morto-vivo ( flutuando

de barriga para cima).

JOGO 6: Peão

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora: Tônus postural

Habilidade aquática: Equilíbrio (rotação)

Descrição do jogo:

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As crianças ficam espalhadas pela piscina (com bóia; sentadas no

macarrão; segurando uma prancha; segurando uma bola ou sem bóia) e realizam

rotações ao som da música:

“ O peão entrou na roda, peão (3x)

Roda peão, bambeia peão (2x)”

Em algum instante, a música é interrompida e as crianças têm que realizar

uma estátua.

4.3 Jogos e dissociação de movimentos

JOGO 7: Boca do forno na água

Tipo: Conhecido e adaptado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Dissociação de movimentos

Habilidade aquática: Equilíbrio e propulsão

Descrição do jogo:

As crianças ficam dispostas à vontade pela piscina (sentadas sobre o

macarrão, com bóia ou sem bóia, de acordo com o nível e idade da turma) e o

mediador na extremidade oposta. No início, o mediador será o mestre e inicia o

conhecido diálogo:

-Boca de forno.

-Forno

- Assar o bolo!

-Bolo!

-Tudo o que o mestre mandar!

-Faremos todos!

O mestre pedirá que as crianças desloquem-se pela água movimentando

apenas as partes do corpo designadas por ele. Por exemplo: Pernas e cabeça.

Jogo 8: Super bichos do mar

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Dissociação de movimentos

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Habilidade aquática: Respiração e propulsão

Descrição do jogo:

O mediador mostra às crianças vários peixes e suas formas de nadar. Eles

deverão nadar imitando o peixe solicitado pelo mediador. Para aumentar a

participação das crianças, pode-se pedir que cada criança escolha o peixe a ser

imitado pelo próximo no jogo. Os peixes escolhidos são:

- Tubarão: Mãos unidas acima da cabeça

- Peixe espada: Braços à frente, estendidos com a cabeça entre os braços,

realizando respiração.

Peixe agulha: Um braço ao longo do corpo e o outro estendido à frente com o

dedo indicador apontado como uma agulha.

- Peixe torto: Deslocar utilizando apenas um lado do corpo.

- Peixe dorminhoco: Deslocar utilizando apenas o impulso e o deslize do corpo na

água (posição inicial: Face plantar encostada na borda, pernas flexionadas). Não é

permitido mexer as pernas e o braço.

Peixe namorado: Fingir afastar com as mãos as plantinhas que estão à frente.

Não é permitido movimentar as pernas.

JOGO 9: Telefone submarino

Tipo: Adaptado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Dissociação de movimentos

Habilidade aquática: Respiração, propulsão e equilíbrio

Descrição do jogo:

Segue a execução tradicional do jogo no qual a criança deve memorizar

algum segredo/ frase e contar ao amigo seguinte. As crianças ficam posicionadas

em bordas opostas e se deslocam para o lado oposto para contar o segredo.

Nesta brincadeira o mediador selecionará segmentos corporais que não

poderão ser movimentados durante o deslocamento. Por exemplo: Pé direito, mão

esquerda, Braço direito, Perna esquerda, cabeça, etc.

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4.4 Jogos e coordenação global

JOGO 10: Corrida dos garçons cooperativa

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Coordenação global

Habilidade aquática: Respiração, propulsão e equilíbrio

Descrição do jogo:

São espalhados vários copos de plástico cheios de água pelas bordas da

piscina; as crianças recebem uma prancha para realizarem o jogo cooperativo; um

recipiente vazio é colocado em algum local determinado.

O objetivo do grupo é encher o recipiente com água em um determinado

tempo previamente estipulado pelo mediador. Para tal, terão que se deslocar

equilibrando o copo em cima da prancha, sem segurá-lo. Só é permitido levar um

copo de cada vez. Desta maneira, todos estarão participando juntos em busca de

um objetivo comum.

JOGO 11: Acerte o alvo cooperativo

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 8 anos

Área psicomotora: Coordenação global

Habilidade aquática: Manipulação, Propulsão.

Material: Garrafas de refrigerante, bolinhas de plástico.

Descrição do jogo:

As crianças estarão posicionadas na piscina de acordo com funções

previamente escolhidas:

- Lançadores de bolas: Sentados na borda, não poderão entrar na água.

- Pegadores de bolas: Espalhados pela piscina, somente poderão recolher as

bolinhas, nadando de forma livre.

Em um tempo estipulado pelo mediador, o grupo terá que acertar as

bolinhas nas garrafas espalhadas pelas bordas. Todos participarão em busca de

um objetivo comum, cada qual exercendo a sua função. Ao fim, trocam-se as

funções.

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JOGO 12: Caça roupas

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 8 anos

Área psicomotora: Coordenação global

Habilidade aquática: Manipulação, Propulsão.

Material:Roupas velhas.

Descrição do jogo

Todas as roupas são espalhadas pela piscina sem as crianças saberem

onde se encontram as suas peças. Ao sinal do mediador todos deverão nadar até

o fundo da piscina, pegar a sua peça de roupa e retornar até um local determinado

para se vestirem.

Este jogo também pode ser realizado de forma cooperativa, em que todos

terão que estar prontos em um determinado tempo estipulado pelo mediador.

Nesta modalidade, as crianças podem pegar as roupas de seus amigos e ajudá-

los a se vestir.

4.5 Jogos e organização espaço - temporal

JOGO 13: O que está faltando

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Organização espaço - temporal

Habilidade aquática: Manipulação, Propulsão, equilíbrio.

Material: Brinquedos flutuantes

Descrição do jogo:

Cada criança desloca-se pela piscina e recolhe um brinquedo flutuante que

estava espalhado pela água. Em seguida, elas deverão escolher um local (na

borda) e colocar o seu respectivo brinquedo. Quando todos tiverem depositado

seus objetos, pede-se para que eles se desloquem pela piscina (com prancha,

macarrão) e memorizem cada um dos objetos.

Em um segundo momento, uma criança é escolhida para retirar um

brinquedo enquanto as outras fecham os olhos. Após abrirem os olhos, pede-se

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para elas nadarem pela piscina e descobrirem qual foi o objeto escolhido. A

criança que descobrir o objeto será a próxima a retirar um brinquedo. O jogo

prossegue até que todos tenham participado.

JOGO 14: Salve os ovos

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 4 anos

Área psicomotora: Organização espaço - temporal

Habilidade aquática: Manipulação e propulsão (saltos)

Material: Bolinhas de plástico ou argolas

Descrição do jogo:

As crianças deverão formar uma fila em pé, fora da piscina para escutar a

estória contada pelo mediador. Nesta estória, conta-se que existe um ninho de

passarinhos sobre a piscina, cheio de ovos que estão sendo chocados. No

entanto, alguns ovos estão caindo do ninho e as crianças não podem deixar que

eles caiam na piscina.

Neste jogo, brinca uma criança por vez. O mediador contará até três e

jogará uma bolinha para o alto para que a criança salte e agarre-o no ar. Cada

criança terá um local para guardar os “ovinhos” salvos. Ao fim, todos pegarão as

suas bolinhas e realizarão as operações fundamentais da matemática para

descobrir quantos foram salvos.

JOGO 15: Campo minado

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora: Organização espaço - temporal

Habilidade aquática: Propulsão e equilíbrio

Material: Objetos que flutuem, “macarrão”, pranchas, pullboy, tapete.

Descrição do jogo:

Todas as crianças ficam posicionadas em uma extremidade da piscina,

enquanto todos os objetos são espalhados. Conta-se uma estória em que caso

algum objeto seja encostado, explodirá. As crianças deverão atravessar a piscina

sem encostar nenhum objeto, caso encoste pode-se jogar água com mangueira ou

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pedir para que faça uma imersão. Após pode-se solicitar que as crianças nadem

em grupo, de mãos dadas ou ainda criar novas variações de deslocamento.

4.6 Jogos e ritmo

JOGO 16: Batata quente aquática

Tipo: Adaptado

Idade sugerida: a partir de 4 anos

Área psicomotora: Ritmo

Habilidade aquática: Equilíbrio e respiração.

Material: Objeto, bola, argola.

Descrição do jogo: As crianças são posicionadas em roda e sentadas sobre o

macarrão. Ao som de uma música, elas devem passar um objeto para a criança

ao lado; ao cessar a música uma criança fica com a “batata” na mão. Esta criança

irá sugerir alguma tarefa para todos fazerem, como imergir e soltar bolhas, por

exemplo.

JOGO 17: Voa ou não voa

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Ritmo

Habilidade aquática: Equilíbrio e respiração.

Material: nenhum

Descrição do jogo:

Inicialmente, o mediador deve pedir para as crianças dizerem quais os

bichos conhecidos que voam. Em seguida, denominar alguns bichos da água e

que não voam. Em um segundo momento, o mediador chamará, alternadamente,

o nome dos bichos previamente ditos. As crianças deverão realizar as tarefas:

- Voa: Sustentar-se na água (verticalmente) com movimentos de braços e pernas

sem permitir que o queixo fique molhado.

- não voa: Imergir e soltar “bolinhas”

Em seguida, o mediador acrescentará ao nome do bicho uma quantidade

de tempo em que a tarefa deverá ser cumprida. Por exemplo, papagaio - 5

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tempos. Na medida em que jogo progride podem ser feitas alterações na

velocidade dos tempos para que as crianças experimentem vários rtitmos.

JOGO 18: Perninha dos animais

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 2-3 anos

Área psicomotora: Ritmo

Habilidade aquática: Propulsão

Material: macarrão ou prancha

Descrição do jogo:

Cada criança recebe um “macarrão” ou prancha e coloca-o entre os braços

para se deslocar pela piscina. O mediador conta uma estória e diz que eles terão

que bater as perninhas imitando os bichos. Desta maneira, o mediador

apresentará animais que se movimentam de forma rápida ( tigre, tubarão, cavalo,

zebra, coelho) e aqueles que se movimentam de forma lenta (tartaruga,

hipopótamo, elefante, formiga). As crianças deverão obedecer as mudanças de

ritmo solicitadas pelo mediador.

4.7 Jogos e a lateralidade

JOGO 19: Elefantinho colorido

Tipo: adaptado

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora: Ritmo

Habilidade aquática: Propulsão e equilíbrio.

Material: Brinquedos flutuantes coloridos.

Descrição do jogo:

O jogo segue a execução tradicional em que objetos coloridos são

espalhados para que as crianças encostem com o corpo. Após a compreensão do

funcionamento normal do jogo, será feita a seguinte alteração:

- Somente poderão encostar o lado do corpo solicitado pelo mediador.

JOGO 20: Limpa a casa

Tipo: adaptado

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Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: lateralidade

Habilidade aquática: Equilíbrio e manipulação

Material: bolinhas

Descrição do jogo:

A piscina é dividida em dois campos, delimitados por uma raia ou corda. As

crianças são divididas nestes campos e as bolinhas são espalhadas pela piscina.

O jogo segue a execução tradicional em que os grupos têm que lançar as bolinhas

para o outro lado e tentar deixar o seu campo com a menor quantidade de

bolinhas.

Para o estímulo a lateralidade algumas variações podem ser feitas, tais

como:

- delimitar o lado do corpo com que os lançamentos serão feitos.

- Em piscina rasa, somente será permitido encostar com um pé (estipulado pelo

mediador) no fundo da piscina.

- Dividir cada campo em dois lados (direito e esquerdo) e solicitar que as bolas só

possam ser lançadas para o lado determinado pelo mediador.

JOGO 21: Submarino maluco

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Lateralidade

Habilidade aquática: Equilíbrio e respiração.

Material: Nenhum

Descrição do jogo:

As crianças irão representar submarinos no mar, tendo que nadar deixando

visível apenas um lado do corpo. Depois, pede-se para que eles acionem os seus

“periscópios”, que serão representados pelos braços ou pernas solicitados que

serão a única parte do corpo a ficar emersa.

4.8 Jogos e o equilíbrio

JOGO 22: Saladinha de frutas

Tipo: Conhecido

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Idade sugerida: a partir de 2-3 anos

Área psicomotora: equilíbrio

Habilidade aquática: Propulsão (saltos) e equilíbrio.

Material: Macarrão e conectores ou bambolês.

Descrição do jogo:

Cada criança escolherá uma fruta para ser chamada (uva, melancia, maçã,

etc). O mediador chamará cada frutinha para entrar no pote da salada

representado por um grande círculo feito com macarrão e conectores

JOGO 23: A corda bamba aquática

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: equilíbrio

Habilidade aquática: Equilíbrio e manipulação

Material: Corda grande

Descrição do jogo:

Antes de dar início ao jogo pode-se contextualizar a atividade falando sobre

o circo. Pede-se para as crianças imitarem os animais, o mágico tirando a cartola

para, então, falar sobre o equilibrista. Em seguida, elas deverão atravessar a

corda presa em duas extremidades, caminhando com o auxílio do mediador. Para

dificultar, o mediador pode solicitar outras formas de deslocamento: de costas, de

lado, puxando a corda com as mãos. Pode ainda, solicitar que as crianças sentem

sobre a corda (mais elevada) e tentem manter-se sobre ela.

JOGO 24: Na passarela

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: equilíbrio

Habilidade aquática: Equilíbrio e manipulação

Material: Corda grande

Descrição do jogo:

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As crianças realizarão um desfile andando sobre o tapete que será

manipulado pelo mediador. Podem ser realizados desfiles de modelos, de animais,

de profissões, etc. Em seguida, devem saltar da passarela e nadar até a borda.

4.9 Jogos e motricidade fina

JOGO 25: Missão encaixe cooperativo

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora:Motricidade fina

Habilidade aquática: Equilíbrio, propulsão e manipulação

Material: jogos de encaixar de borracha.

Descrição do jogo:

Cada criança receberá uma peça de encaixar e terá que se deslocar até a

outra extremidade da piscina para encaixá-la no tabuleiro. No entanto, terão que

fugir do tubarão (mediador) que tentará impedir que as crianças cumpram a sua

missão. Cada pessoa pega pelo tubarão deverá ficar parada e somente poderá se

movimentar novamente quando alguém trocar de peça com ela. O jogo prossegue

até que o tabuleiro esteja completo.

JOGO 26: Reciclagem de garrafas

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 3 anos

Área psicomotora:Motricidade fina

Habilidade aquática: Equilíbrio, propulsão e manipulação.

Material: Garrafas de plástico e tampinhas de formas e tamanhos diferentes e

brinquedos flutuantes.

Descrição do jogo:

As crianças deverão realizar uma limpeza da piscina, separando os

brinquedos flutuantes de garrafas de plástico. No entanto, na água estarão

espalhadas garrafas e tampinhas de tamanhos e formas diferentes. Somente

contarão como recicladas as garrafas que estiverem fechadas com a respectiva

tampinha.

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JOGO 27: Super torres

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora:Motricidade fina

Habilidade aquática: Equilíbrio, propulsão e manipulação.

Material: Halteres de hidroginástica

Descrição do jogo:

Halteres são espalhados pela piscina. A tarefa das crianças é equilibrá-los

de modo que formem a torre mais alta possível. Podem ser estimuladas as

construções de torres individuais e /ou em grupo.

4.10 Jogos e relaxamento

JOGO 28: O peixinho brincou, brincou

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 2-3 anos

Área psicomotora: Relaxamento

Habilidade aquática: Equilíbrio (flutação)

Material: música

Descrição do jogo:

As crianças ficam dispostas à vontade, flutuando em decúbito dorsal (de

costas), até o momento de a música acabar. Sugestão:

“O peixinho brincou, brincou

Agora está com soninho”.

JOGO 29: Bolinha maluca

Tipo: Conhecido

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Relaxamento

Habilidade aquática: Equilíbrio (flutação) e manipulação.

Material: nenhum

Descrição do jogo:

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As crianças são posicionadas em roda na parte rasa da piscina. Uma

criança é colocada no centro em posição de “bolinha” (grupado, abraçando os

joelhos). Ela será lançada de um lado para o outro pelas crianças.

Este jogo pode ser feito de forma cooperativa: Cada vez que a criança é

empurrada por outro é contabilizado um toque. O objetivo do jogo é verificar

quantos toques a turma consegue executar com todos participando como

“bolinha”. O mediador elaborará critérios e regras para o julgamento dos toques.

JOGO 30: Super redemoinho

Tipo: Criado

Idade sugerida: a partir de 6 anos

Área psicomotora: Relaxamento

Habilidade aquática: Equilíbrio (flutação)

Material: “Macarrão” e piscina pequena

Descrição do jogo:

As crianças estarão posicionadas dentro da piscina, segurando na borda.

Uma ou duas crianças ficarão no centro da piscina em decúbito dorsal (barriga

para cima) com macarrões em suas pernas e braços. Em seguida, todos deverão

se deslocar rapidamente em um mesmo sentido utilizando os braços para produzir

um redemoinho na água. O jogo segue até que todas as crianças vivenciem a

experiência com os macarrões.

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CONCLUSÃO A criação, adaptação e recriação de jogos psicomotores dirigidos para o

meio aquático oferece enorme quantidade de oportunidades de estímulos,

vivências e experiências para crianças. Tais oportunidades evidenciam a

relevância da psicomotricidade e suas contribuições para o desenvolvimento

global do indivíduo.

A proposta deste trabalho de apresentar jogos para serem aplicados em

meio aquático por psicomotricistas e professores de educação física confirma a

hipótese de que os benefícios gerados por estas atividades não são limitados às

áreas psicomotoras diretamente estimuladas. De acordo com este trabalho, o jogo

não encerra a sua função ao promover estímulos que desenvolvam certa área

psicomotora do indivíduo ou alguma habilidade aquática necessária à autonomia

neste meio.

A atividade lúdica e o jogo na piscina oferecem inúmeras possibilidades que

contribuem para o aprimoramento de aspectos fundamentais ao processo de

crescimento e desenvolvimento da criança. O universo produzido a partir do jogo

cria interações entre indivíduos e ambiente que transformam as relações que

construímos com o mundo. Tais mudanças ocorrem na medida em que aspectos

sociais, culturais, morais, afetivos, motores e cognitivos são, direta ou

indiretamente, estimulados.

Os caminhos oferecidos pelo jogo psicomotor são inúmeros e podem

crescer ainda mais de acordo com as possibilidades produzidas pelo mediador. A

realidade criada por ele determinará se a atividade lúdica encerra-se em um único

objetivo psicomotor ou extrapola limites inimagináveis do desenvolvimento

humano.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Alves, Fátima, Como aplicar a psicomotricidade. Rio de Janeiro, Wak, 2004.

Aberastury, Arminda, A criança e seus jogos. Rio de Janeiro, Vozes, 1972.

Bregolato, Roseli; Cultura corporal do jogo; São Paulo: Ícone, 2005

Brotto, Fábio Otuzzi, Jogos cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício

de convivência. Santos, Sp, Projeto cooperação, 2001.

Bueno, Jocian, Psicomotricidade, teoria e prática. São Paulo, Lovise, 1997.

Damasceno, Leonardo; Natação, psicomotricidade e desenvolvimento; Brasília:

Secretaria dos desportos da presidência da República, 1992.

Deacove, Jim, Manual de jogos cooperativos. Santos, Projeto cooperação, 2004.

De Freitas, Patrícia; Educação física e desporto para deficientes; Uberlândia: UFU,

2000.

Fajardo, Márcia, Brincando na água (coletânea de atividades). Rio de janeiro,

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Ferreira, Carlos; Psicomotricidade: Da educação infantil à gerontologia.São Paulo:

Lovise, 2000.

Ferreira, Sônia, Atividade lúdica e recreação na aprendizagem escolar. Rio de

Janeiro, UCAM, 2001.

Freire, João Batista, Educação como prática corporal. São Paulo, Scipione, 2006.

Grasseli, Samira e De Paula, Alexandre; Atividade aquática para deficientes;

disponível em http://www.efdeportes.com/. Acesso em 02/10/2005.

Lorosa, Marco e Ayres, Fernando; Como produzir uma monografia; Rio de Janeiro:

Wak, 2005.

Macedo, Lino de, “Para uma psicopedagogia construtivista”. In Eunice S. de

Alencar (org). Novas contribuiçoes da psicología ao processo de ensino e

aprendizagem. São Paulo; Cortez, 1992.

Marques, Andréa Hecker, A relação da psicomotricidade e a natação. Rio de

janeiro, UCAM, 2002.

Mello, A. M.de, Psicomotricidade, educação física, jogos infantis. São Paulo,

Ibrasa, 1996.

Piaget, Jean, Construção do real na criança. Rio de Janeiro, Zahar editores, 1970.

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Queiroz, Cláudia, Recreação aquática. Rio de Janeiro, Sprint, 2000.

Rizzi, Leonor e Haydt, Regina; Atividades lúdicas na educação da criança; São

Paulo: Ática, 2005.

Rufo, Marcel, Tudo o que deveria saber sobre a sexualidade de seus filhos. São

Paulo; Martins Fontes, 2005.

Velasco, Cacilda; Natação segundo a psicomotricidade; Rio de Janeiro: Sprint,

1994.

Winnicott,D. W., O brincar e a realidade. Rio de Janeiro; Imago editora Ltda, 1975.

Winnick, Joseph P; Educação física e esportes adaptados; São Paulo: Manole,

2004.

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ANEXO I

BENEFÍCIOS FÍSICOS Fortalecimento de músculos em geral e aumento de sua resistência Fortalecimento da musculatura respiratória Melhora do controle e função respiratórios Controle térmico e resistência a mudanças bruscas de temperatura Maior amplitude articular de movimentos Maturação neurológica (não confirmado) Aumento do metabolismo Aumento do volume cardíaco Fortalecimento da musculatura cardíaca Aumento da capilarização sanguínea

Quadro 1: Benefícios físicos produzidos pela natação

BENEFÍCIOS INTERACIONAIS Integração e socialização Aumento da autoconsciência Aumento da auto-estima Maior confiança e coragem Maior autonomia e independência Melhora do humor Maior controle de sentimentos e emoções Melhora dos relacionamentos pessoais e familiares

Quadro2: Benefícios sociais e emotivos produzidos pela natação

BENEFÍCIOS PSICOMOTORES Incrementos na capacidade cognitiva em geral Melhoras na ortografia e leitura Desenvolvimento do raciocínio lógico e matemático fundamental Desenvolvimento do pensamento abstrato Desenvolvimento de atenção, concentração e memória Desenvolvimento de noções espaço –temporais Desenvolvimento de funções psicomotoras como equilíbrio, lateralidade, ritmo e organização espaço –temporal Melhor formação e construção de esquema e imagem corporal Melhor coordenação motora

Quadro 3: Benefícios psicomotores produzidos pela natação

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ANEXO II

SUGESTÕES DE MODIFICAÇÕES E ADAPTAÇÕES Respeitar as características individuais da criança Registrar sempre todos os progressos Aplicar sempre tarefas relevantes ao desenvolvimento global da criança Somente tecer elogios quando a criança realmente executar a tarefa Estabelecer relação de confiança mútua Ensinar uma coisa de cada vez Ser claro e conciso na explicação das tarefas Demonstrar somente quando necessário Não subestimar suas possibilidades Eliminar métodos e estratégias que não funcionam Procurar encorajá-los Ser carinhoso Evitar a super proteção Evitar estimulação multi - sensorial simultânea Variar os estímulos e atividades Somente prometer aquilo que realmente puder cumprir Ser sistemático na aplicação das atividades Enfatizar e repetir as instruções de segurança

Quadro 4: Sugestões de modificações e adaptações no ensino da

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I O JOGO E A BRINCADEIRA 11

1.1 - Atividade lúdica e jogo 11

1.2 – Jogo psicomotor 14

CAPÍTULO II AS ÁREAS PSICOMOTORAS 16

2.1 A contribuição do jogo na formação psicomotora 16

2.2 Áreas psicomotoras e sua importância 18

CAPÍTULO III A ÁGUA E SUAS POSSIBILIDADES 20

3.1 Habilidades aquáticas básicas 20

3.2 Benefícios e contribuições da natação 23

3.2.1 Benefícios físicos 24

3.2.2 Benefícios interacionais 25

3.2.3 Benefícios psicomotores 26

3.3 Sugestões de adaptações 28

CAPÍTULO IV JOGOS PSICOMOTORES NA ÁGUA 29

4.1 jogos e esquema corporal 29

4.2 Jogos e tônus postural 31

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4.3 Jogos e dissociação de movimentos 32

4.4 Jogos e coordenação global 34

4.5 Jogos e organização espaço – temporal 35

4.6 Jogos e ritmo 36

4.7 Jogos e lateralidade 38

4.8 Jogos e equilíbrio 39

4.9 Jogos e motricidade fina 41

4.10 Jogos e relaxamento 42

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ANEXOS 47

ÍNDICE 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: