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1 <> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE <> <> <> <> <> DESEMPENHO DO MERCADO ACIONÁRIO NO PERÍODO DO PLANO REAL <> <> POR: MAURÍCIO GUIMARÃES MONTENEGRO <> <> <> Orientadora Prof.ª Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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DESEMPENHO DO MERCADO ACIONÁRIO NO PERÍODO DO PLANO REAL

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POR: MAURÍCIO GUIMARÃES MONTENEGRO <>

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Orientadora

Prof.ª Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2010

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FOLHA DE ROSTO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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DESEMPENHO DO MERCADO ACIONÁRIO NO PERÍODO DO PLANO REAL

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Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Finanças e Gestão Corporativa

Por: Maurício Guimarães Montenegro

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por me acompanhar em todos os momentos da minha vida. Aos meus pais, por terem tido a paciência e compreensão nos momentos difíceis da minha vida. E ao meu irmão Marcelo por me fazer acreditar sempre em meus sonhos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Marco Antonio e Regina Célia por me ensinarem o valor da Ética e Honestidade. E pelo incentivo na busca de novos conhecimentos em mais essa etapa importante da minha vida.

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RESUMO Esta monografia tem o titulo “Desempenho do mercado acionário no período do Plano Real” e abordará sobre o mercado de capitais, o entendimento sobre a Bolsa de Valores e os tipos de ações e principias índices da Bolsa de Valores. O mercado de capitais permite o fluxo de capital de quem poupa para quem necessita de recursos para investimento produtivo e cria condições que incentivam a formação de poupança e a direciona para as melhores alternativas. Ao contrário do que ocorre nos países bem sucedidos em seu processo de desenvolvimento, o mercado de capitais no Brasil é pouco expressivo. Mas tem um imenso potencial, que implicaria em significativo crescimento da oferta de recursos para o desenvolvimento nos próximos anos. Os investimentos e a forma como são realizados estão, portanto, na raiz do processo de desenvolvimento econômico e social. A poupança, que viabiliza os investimentos, é outro componente essencial do processo. E a eficiência na utilização da poupança é crucial, pois ela determina o custo do investimento. A melhor conjugação de todos esses fatores gera o círculo virtuoso do desenvolvimento, que permite à sociedade desfrutar de níveis crescentes de bem-estar e de redução da pobreza. Todos os países desenvolvidos ou em acelerado processo de desenvolvimento ostentam elevadas taxas de poupança, alta eficiência na sua intermediação ou uma combinação dessas duas virtudes. O crescimento econômico está associado, assim, a elementos incentivadores da formação de poupança e de sua intermediação eficiente, que a torne acessível para quem quer investir. Palavras-chave: ações, mercado, índices, capital.

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METODOLOGIA

A monografia utilizará instrumentos metodológicos, objetivando assim o

crescimento da ciência jurídica em particular, tendo caráter não de novidade e

esclarecimento das questões discutidas no tema. O método utilizado será o

dedutivo porque abrange a pesquisa em teorias. Esta pesquisa será

desenvolvida respeitando as etapas de levantamento bibliográfico.

Serão feitas leituras cujo objetivo é trazer uma idéia concreta sobre as

dificuldades, questionamento, discordâncias e opiniões assumidas que vão

esclarecer o assunto e possibilitar ao pesquisador algumas pistas sobre o tema

principal a ser pesquisado na monografia. Esta leitura também servirá para

entender o pensamento de cada autor sobre o assunto em questão e quiçá

poder trilhar novos caminhos.

O método utilizado será o dedutivo porque abrange a pesquisa em

teorias e leis. Também será feita uma exposição simplificada e prática,

desenvolvendo o presente trabalho através de uma amostragem textos e

periódicos de revistas, ao tema em questão para que possa ser feito uma

possível reflexão e um estudo mais aprofundado e uma futura conclusão final.

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LISTA DE SIGLAS BOVESPA Bolsa de Valores do Estado de São Paulo

BVRJ Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ

CBLC Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia

CEF Caixa Econômica Federal

CETIP Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos

CLC Câmara de Liquidação e Custódia S.A.

CMN Conselho Monetário Nacional

CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

CVM Comissão de Valores Mobiliários

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

SFH Sistema Financeiro da Habitação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I – MERCADO E SISTEMA FINANCEIRO DO BRASIL 14

CAPÍTULO II – MERCADO DE CAPITAIS E A BOLSA DE VALORES 37

CAPÍTULO III – BOLSA DE VALORES DO BRASIL 49

CONCLUSÃO 67

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 70

BIBLIOGRAFIA CITADA 71

ÍNDICE 73

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INTRODUÇÃO

O sistema financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos

financeiros que possibilita a transferência de recursos dos ofertadores finais

para os tomadores finais, e cria condições para que os títulos e valores

mobiliários tenham liquidez no mercado. Os tomadores finais de recursos são

aqueles que se encontram em posição de déficit financeiro, isto é, aqueles que

pretendem gastar em consumo e/ou investimento mais do que sua renda. Eles

precisam do complemento de poupanças de outros para executar seus planos,

dispondo-se a pagar juros pelo capital que conseguirem.

Os ofertadores finais de recursos são aqueles que se encontram em

posição de superávit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar em

consumos e investimento menos do que sua renda. Tais denominações

diferenciam essas entidades dos intermediários do sistema financeiro, que

oferecem recursos dos ofertadores finais, e não o seu próprio superávit

financeiro, e tomam recursos não para cobrir o seu próprio déficit financeiro,

mas para repassá-los aos tomadores finais, para que cubram seus déficits.

As instituições financeiras que operam no mercado são classificadas

segundo a natureza das obrigações secundárias que emitem e tipos de

operações a que estão autorizadas a realizar. O primeiro critério permite

classificar as instituições financeiras em bancárias e não-bancárias. Já pelo

tipo de operações, têm-se as instituições de crédito e aquelas distribuidoras de

títulos e valores mobiliários.

A estrutura financeira de um país deverá se ajustar, simultaneamente,

às condicionantes internas e externas que definem o estágio de seu

desenvolvimento. A cada configuração do padrão de gastos em consumo e

investimento deverá corresponder uma estrutura financeira.

Cumpre observar, todavia, que o conceito de estrutura financeira com

que se está trabalhando não se restringe ao conceito de sistema financeiro,

definido institucionalmente. Ele abrange todos os investimentos feitos na

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10economia voltados para o trato das questões financeiras e é avaliado pelo total

de insumos reais mobilizados nessas atividades.

A análise do sistema financeiro identifica a estrutura financeira como

um investimento de capitais que devem obter rendimentos compatíveis com os

retornos das atividades econômicas, ajustados aos seus níveis específicos de

risco.

O Sistema Financeiro Nacional é constituído por um subsistema

normativo e por outro operativo. O subsistema normativo regula e controla o

subsistema operativo. Essa regulação e controle é exercida através de normas

legais, expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de crédito

levada a efeito pelos agentes financeiros do governo.

O subsistema operativo é constituído pelas instituições financeiras

públicas ou privadas, que atuam no mercado financeiro. Na Lei de Reforma

Bancária, as instituições financeiras, para efeito legal, são pessoas jurídicas,

públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória, a

coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros, próprios ou de

terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de

propriedade de terceiros. Para os efeitos desta lei, equipara-se às instituições

financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas

de forma permanente ou eventual.

Dentro do subsistema operativo encontram-se as seguintes

instituições: Bancos múltiplos, Bancos comerciais, Caixas Econômicas, Bancos

de investimento, Banco e Companhias de Desenvolvimento, Companhias de

crédito, financiamento e investimento (financeiras), Companhias de Crédito

Imobiliário e Associações de Poupança e Empréstimo, Bolsa de valores,

Sociedades Corretoras, Sociedades Distribuidoras, Agentes Autônomos de

Investimento, Companhia de Seguros. De todas essas instituições, a Bolsa de

Valores tem grande importância no mercado de capitais brasileiro.

Diante do que foi exposto questiona-se: De que forma as bolsas de

valores contribuem para auxiliar o mercado de capitais brasileiro? Qual

desempenho do IBOVESPA no período analisado sobre os diversos tipos de

investimentos?

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Desde os mercados medievais até hoje, as Bolsas de Valores vêm

sofrendo profundas transformações em sua estrutura. No Brasil, seu

desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da estrutura

financeira do País, que se assentou basicamente sobre dois tipos de

instituições: os bancos comerciais e as Bolsas de Valores.

No entanto, somente na segunda metade do século passado surgiam

instituições especializadas em diferentes tipos de crédito. Antes do século XIX

não se encontravam instituições organizadas, mas apenas indivíduos

exercendo as funções de banqueiros ou corretores. A reestruturação

econômica do País, na primeira metade do século passado, exigiu a

reorganização do sistema financeiro, abrangendo também a do corretor,

contemporânea ao período colonial. As disposições sobre o oficio já apareciam

na legislação, a partir do século XVIII, mas a regulamentação da atividade só

viria a acontecer em 1845, através do Decreto nº 417, com o objetivo principal

de evitar a interferência, nessas operações, de um número' irrestrito de

pessoas.

Desde então, os Corretores Oficiais de Fundos Públicos passaram a ter

cargos vitalícios, mediante nomeação do Ministro da Fazenda, tendo em vista

que representavam o Governo em seus atos.

A rua Direita, hoje rua 1º de Março, no Rio de Janeiro, era o seu ponto

de encontro. Ali ficavam a Alfândega e o Paço Imperial, enclaves político e

econômico do maior porto exportador do País. A reunião espontânea promoveu

um sistema de liquidez mais eficiente, para onde convergiam compradores e

vendedores, agindo em nome de comerciantes e produtores dos mais diversos

pontos do Brasil e da Europa.

O Estado tinha interesses evidentes na organização dos corretores. Em

1876, era decretada a cotação de títulos em pregão e, no ano seguinte,

aconteceu a regulamentação do pregão, considerada o marco inicial do

funcionamento do pregão da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Este decreto

organizava a Corporação de Corretores de Fundos Públicos e dispunha sobre

as operações por eles realizadas em Bolsa.

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12Preceituava, em um de seus artigos, que caberia ao Poder Executivo

expedir decreto regulamentando a investidura e o exercício dos corretores e as

respectivas operações. A regulamentação não provocou modificações

imediatas no movimento da Bolsa. Apenas em 1878 surgiu maior confiança no

mercado, provocando um aumento de 530% nas transações e de mais de

100% no número de companhias com Titulos na Bolsa.

Em 13 de março de 1897 foi expedido o Decreto nº 2.475, que veio a

se constituir na espinha dorsal da legislação sobre Bolsas e Corretoras.

Entretanto, todos esses diplomas legais levaram em consideração somente a

Bolsa e os Corretores do Distrito Federal, omitindo-se quanto a esta atividade

em outros Estados.

Em São Paulo, em dezembro de 1894, foi aprovada uma tabela de

corretagem para a embrionária Bolsa Livre de Valores, por ato do governo

estadual. Este fato representou o passo inicial para a criação dos primeiros

cargos de corretores de fundos públicos. Em 1897, o Governo Estadual

instituía a Bolsa Oficial de títulos de São Paulo.

As atividades das Bolsas e Corretoras dos demais Estados (além do

então Distrito Federal) foram regulamentadas pelo Governo Federal somente

em 1934, através do Decreto nº 24.275. Mas a legislação tornou-se mais

afirmativa, passando a reger todas as Instituições bolsísticas do Pais, a partir

do Decreto-Lei nº 1.344 de 1939. No entanto, mesmo depois dele, elas

continuaram sendo entidades publicas com ingerência dos governos estaduais

em suas administrações. Foi a partir das reformas que institucionalizaram o

sistema financeiro nacional, iniciadas em 1964, que as Bolsas de Valores

assumiram as características que hoje possuem.

As Bolsas brasileiras adquiriram a mentalidade do disclosure, da

informação como elemento essencial da decisão de investir. A organização

interna das Bolsas volta-se para a divulgação instantânea de informações sob

o desenrolar das atividades de pregão, e da oferta de dados adicionais sobre

as companhias cotadas.

Estas informações são hoje oferecidas por empresas especializadas, e

organizam-se em: dados sobre o desenrolar do pregão; dados sobre as

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13companhias negociadas; fundamentos sobre a atividade econômica;

indicadores econômicos. Tais informações estão disponíveis ao universo de

interessados, através de Boletins Diários, resenhas semanais e mensais,

cadernos técnicos, relatórios anuais e terminais de informação.

O sistema de informação permite aos organismos controla dores das

Bolsas a interferência imediata nas negociações, sempre que: ocorrerem fatos

relevantes; houver suspeita de negociações artificiais; houver suspeita de

manipulação de preços; houver suspeita de ofensa às práticas eqüitativas de

mercado; utilização de informação privilegiada.

As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos. Seu

patrimônio é representado por títulos que pertencem às sociedades corretoras

membros. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas

estão sujeitas à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecem às

diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional.

Seus objetivos e atividades são: manter local adequado à realização,

entre corretores, de transações de compra e venda de títulos e valores

mobiliários, em mercado livre, organizado e fiscalizado pelos próprios

membros, pela autoridade monetária e pela CVM; criar e organizar os meios

materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas necessárias

à pronta, segura e eficiente realização e liquidação das operações efetuadas

no recinto de negociação (pregão); organizar, administrar, controlar e

aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro e liquidação das operações

realizadas; estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a

continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado de títulos e valores

mobiliários; fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades

emissoras de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e

regulamentares, estatutárias e regimentais que disciplinam as operações de

Bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis: dar ampla e rápida

divulgação às operações efetuadas em seu pregão; assegurar aos investidores

completa garantia pelos títulos e valores negociados; exercer outras atividades

conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por lei.

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CAPÍTULO I

MERCADO E SISTEMA FINANCEIRO DO BRASIL

A origem do Sistema Financeiro Brasileiro está na criação em 1808 por

alvará de D. João VI, Príncipe Regente, do primeiro Banco, denominado Banco

do Brasil. Como única instituição 'do gênero no país, ele passou a acumular, a

partir de 1809, as funções de banco de depósitos, descontos e emissão,

gozando ainda do privilégio da venda dos produtos comercializados pela coroa

(PINHEIRO, 2007).

No período de 1959 a 1961, proliferaram os bancos comerciais e o

controle das operações tomava-se a cada dia mais deficitário. Em 1965, é

aprovado o projeto que criou o Banco Central do Brasil, órgão coordenador do

Sistema Financeiro Nacional (PINHEIRO, 2007). A evolução do Sistema

Financeiro Nacional pode ser dividida em duas grandes fases: antes e depois

da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, dispondo sobre a política

monetária e as instituições financeiras.

A Lei nº 4.595/64 introduziu as diretrizes para a reestruturação, o

disciplinamento e o posterior desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional,

prevalecendo a tese de especialização das instituições por atuação, tanto na

captação como na aplicação de recursos; que possibilitou ganhos de escala e

redução dos custos operacionais para que se criasse oferta de empréstimos a

menores taxas (PINHEIRO, 2007).

A partir de 1967, a evolução do sistema foi caracterizada pela

concentração das instituições financeiras, por meio de fusões e incorporações

bancárias e de incentivos à capitalização das empresas.

No período iniciado na década de 80 e que alcança os dias atuais,

verificou-se a intensificação do papel dos bancos privados como financiadores

do setor público (União, Estados, Municípios e empresas estatais), inclusive em

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15razão da redução da demanda por empréstimos pelos demais agentes

econômicos.

Em 21-12-87, o Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução

nº 1.524, permitiu que os intermediários financeiros se transformassem em

bancos múltiplos, que englobassem atividades até então segmentadas ppr

instituição financeira. Tal fato permitiu grande mudança na estrutura das

agências bancárias, que passaram a oferecer maior diversidade de produtos

financeiros, desaparecendo, portanto, o organograma baseado na

especialização (PINHEIRO, 2007).

No início dos anos 90, havia um número elevado de instituições

financeiras que se beneficiavam do ganho propiciado pelas transferências

inflacionárias, o chamado floating, para viabilizar suas operações no âmbito do

mercado financeiro. Essa situação foi resultante de vários anos de inflação e

desequilíbrios macroeconômicos, que levaram à constituição desse modelo de

Sistema Financeiro.

Também nesse período, os bancos obtinham lucros exorbitantes com a

chamada "ciranda financeira". Contavam com grande número de agências para

captação de recursos, já que quanto maior era a inflação do mês mais os

correntistas depositavam o seu dinheiro em fundos de investimentos para que

a desvalorização diária não corroesse seu dinheiro (MELLAGI FILHO &

ISHIKAWA, 2003). Os bancos lucravam com a aplicação desse dinheiro em

forma de empréstimos, já que os juros recebidos eram maiores que aqueles

pagos aos correntistas por seus investimentos.

Com a estabilização macroeconômica, o Sistema Financeiro Brasileiro

teve que passar por várias mudanças. A estabilização dos preços fez com que

a perda do float, ou seja, o ganho obtido por meio das transferências

inflacionárias para viabilização das operações no mercado financeiro, para os

bancos tanto privados como públicos, tenha sido da ordem de quase R$ 9

bilhões ao ano, mostrando que os Bancos teriam de se adequar a uma nova

era (PINHEIRO, 2007).

O grande número de agências que cada banco possui também se toma

inviável economicamente, já que agora não importa mais a abrangência, que

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16era a grande preocupação na década de 70, e sim a qualidade dos serviços

que o banco presta, assim como a automação dos serviços para que o cliente

vá com menor freqüência ao banco, propiciando uma redução nos custos em

relação à folha de pagamento dos funcionários e uma diminuição do número de

agências bancárias.

Com o processo de estabilização da economia, ocorreram medidas de

restrições de crédito ao consumidor, como também a elevação em 90% dos

depósitos compulsórios sobre os depósitos a vista, diminuindo o volume de

dinheiro na praça. Em conseqüência ocorreu o aumento da inadimplência e um

desajuste na carteira de crédito dos bancos, tornando-os vulneráveis. Alguns

bancos foram forçados a obter o redesconto com o Banco Central, pois esses

bancos não conseguiam cobrir os rombos diários com seus próprios recursos;

casos como do Banco Econômico e do Banco Nacional que deram início a fase

mais delicada do ajustamento do Sistema Financeiro Brasileiro.

Com a possibilidade de esse quadro se agravar, foi mais do que

necessária a intervenção do governo por meio de medidas voltadas a

reestruturar e fortalecer o sistema financeiro que deram origem ao Proer

(Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional). Essas medidas de acordo com Pinheiro (2007, p. 35)

foram:

a) estabelecimento de incentivos fiscais para à incorporação de

instituições financeiras;

b) instituição do Proer;

c) aprovação do estatuto e regulamento do Fundo de Garantia de

Crédito;

d) dificultou-se a constituição de novas instituições financeiras e criou-

se o incentivo para os processos de fusão, incorporação e transferência de

controle acionário.

Após a definição das linhas básicas do Proer, o Banco Central passou

a adotar um conjunto de medidas para melhorar a fiscalização e a

regulamentação bancária, facilitando sua ação em caráter preventivo,

destacando-se: aumento do poder de intervenção do Bacen nas instituições

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17financeiras e instituição da responsabilidade penal dos controladores, mesmo

que estes não participassem diretamente da administração; instituição da

responsabilidade das empresas de auditoria contábil ou dos auditores

contábeis independentes em casos de irregularidades nas instituições

financeiras; alteração da legislação que trata da abertura de dependências dos

bancos no exterior e consolidação das demonstrações financeiras dos bancos

do Brasil com suas participações no exterior.

Atualmente, o Bacen está estudando medidas para a constituição de

um sistema de classificação de riscos, que complementará as mudanças já

efetuadas na legislação bancária.

No mundo inteiro, para que a Economia possam se desenvolver, é

necessário que haja investimento, isto é, que parte do produto criado pela

sociedade seja destinada à acumulação de meios de produção, aumentando

sua capacidade produtiva. É preciso que a sociedade invista no seu próprio

futuro, criando equipamentos para a expansão da escala de operação das

firmas, ampliando a oferta de fontes de energia para que esses equipamentos

sejam postos em uso, estendendo a rede de meios de transporte para que a

produção possa chegar ao seu destino e, talvez principalmente, investindo na

formação e na qualificação de mão-de-obra para tomá-la capaz de operar

máquinas e equipamentos mais avançados e eficientes (CARDOSO, 2000). Os

requisitos materiais para o desenvolvimento econômico e o aumento do bem-

estar social não são muito diferentes hoje, em sua natureza, do que sempre

foram. Em economias mais primitivas, restritas quase inteiramente à atividade

agrícola, é possível pensar-se este processo de modo bastante simples.

Famílias devem separar, do produto obtido de suas colheitas, uma certa

proporção que, ao invés de ser consumida, deverá ser destinada ao plantio, se

possível em escala crescente. Em outras palavras, essas famílias devem

poupar parte do produto para poderem investir na renovação e ampliação da

produção. O crescimento econômico aqui resulta da disposição dessas famílias

de abrir mão de parte do que poderiam consumir no presente para prover seu

consumo no futuro (CARDOSO, 2000). Separa-se parte do produto material

desta sociedade para reusá-Io no processo produtivo.

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18Economias modernas de mercado são muito mais complicadas. Nestas

economias, a maior parte do investimento não resulta da decisão de não

consumir o produto disponível para reutilizá-lo na produção. Ao contrário, o

investimento resulta da decisão de produzir máquinas e equipamentos, de

construir edificações, de instalar infra-estruturas, de preparar capital humano

especificamente para fins de acumulação de riqueza. O investimento não se

vale das "sobras" do produto disponível. O investimento é o resultado de uma

decisão prévia de se produzir os bens que servem para produzir outros bens.

Além disso, ao contrário da sociedade primitiva, investe-se não porque se

deseje obter um produto maior e mais abundante no futuro, mas porque investir

deve ser lucrativo. Investir, agora, depende da expectativa de que outros

estejam dispostos a comprar os produtos que as novas máquinas criarão

(CARDOSO, 2000). É preciso, portanto, que a produção ampliada de bens e

serviços valha a pena, isto é, renda ao investidor mais do que as alternativas

de emprego dos recursos disponíveis, ao invés de simplesmente permitir às

famílias um nível maior de consumo, como na sociedade primitiva.

Relações financeiras são estabelecidas sempre que um agente

econômico é capaz de transferir o comando sobre recursos para terceiros,

contra o reconhecimento de uma obrigação (e de seu serviço) por parte do

beneficiário. Esta transferência habilita o beneficiário a implementar planos de

gasto que seriam inviáveis em qualquer outra circunstância. Ela serve, assim,

para viabilizar a separação entre quem possui comando sobre a renda social e

quem vai utilizá-la efetivamente. A mais simples e fundamental forma de

relação financeira conhecida é o crédito.

Uma relação de crédito se estabelece, genericamente, quando um

agente empresta recursos a outro, por um prazo determinado e é remunerado

por isto através do pagamento de juros. Já disse Schumpeter (apud,

CARNEIRO, 2002, p. 203) que “a característica mais distintiva do capitalismo

moderno reside exatamente no desenvolvimento de sistemas de crédito”. Outro

grande economista deste século, Keynes citado por Carneiro, escreveu que:

A construção de um sistema de contratos em moeda, pelos quais se transfere recursos de um agente para outro e se definem as obrigações de cada parte, é o que separa a civilização moderna de

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19formas mais primitivas e menos eficientes do ponto de vista produtivo de organização social (apud, CARNEIRO, 2002, p. 205).

O que essas inovações institucionais, como sistemas de crédito e de

contratos, trazem consigo é a possibilidade de criação de mercados não

apenas para produtos, mas também para obrigações. Sistemas financeiros,

constituem-se de instituições e mercados voltados para a viabilização de

transações com promessas de pagamento a ser realizado no futuro, feitas por

agentes, que se tomam assim devedores; e aceitas por outros agentes, como

direitos a serem exercidos na mesma data, tornando-os com isto credores dos

primeiros. Sistemas financeiros mais sofisticados permitirão também a

negociação de títulos de propriedade, em que se transacionam expectativas de

pagamento, solidarizando-se todas as partes como co-proprietárias de um

dado empreendimento. Aqui são comprados e vendidos, portanto, direitos de

propriedade, chamados de ações de uma empresa.

Sistemas financeiros modernos permitem que tais transações sejam

feitas rotineiramente e em grande escala. Antes do desenvolvimento desses

sistemas, essas transações eram eventuais, vistas com desconfiança, como

ilegítimas ou mesmo ilegais. A existência de leis de usura ou a condenação

moral à realização de empréstimos remunerados, como exemplificado pela

postura da Igreja Católica por séculos, exemplificava o caráter marginal dessas

transações anteriormente ao capitalismo moderno (BARBEDO, et al., 2005).

Nestas condições, como operações quase clandestinas, transações

financeiras.

Se é que poderiam ser assim referidas, resumiam-se ao empréstimo,

geralmente a taxas de juros abusivas, de recursos a tomadores que

atravessassem conjunturas particularmente adversas, como famílias de poucos

recursos que por qualquer razão perdessem o valor de seu produto em uma

determinada época, ou, em condições provavelmente mais favoráveis ao

tomador, quando o Estado ou a realeza que o controlasse precisasse financiar

seus gastos. Manter as transações financeiras à margem da atividade

econômica legítima implicava condenar quaisquer possíveis empreendedores a

restringir a escala de seus planos ao limite de seus próprios recursos

(BARBEDO, et al., 2005). Empreendimentos, assim, seriam realizados apenas

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20por aqueles que, por herança ou por acumulação prévia, pudessem dispor de

recursos para financiar suas iniciativas.

Relações financeiras servem assim para alavancar o desenvolvimento

econômico, permitindo uma alocação de recursos muito mais eficiente do que

aquela que resultaria previamente. Transações com promessas de pagamento,

isto é, com ativos, sujeitam uma economia de mercado a riscos antes

desconhecidos. Por um lado, abre-se a possibilidade de que recursos sejam

usados para financiar investimentos em máquinas e equipamentos ao invés de

serem mantidos entesourados, embaixo do colchão (GUTTMANN, 2008). Mas

investimentos em máquinas e equipamentos, em uma economia de mercado,

são mais arriscados que o simples entesouramento de moeda. Além disso, a

própria transação financeira pode prever termos e condições que tomem o

sucesso do empreendimento mais difícil, se, por exemplo, taxas

excessivamente altas de juros são cobradas, ou se não se dá ao tomador

prazo suficiente para que seu empreendimento possa dar frutos.

Em um mercado financeiro interagem fundamentalmente duas classes

de agentes. A primeira, chamada de unidades superavitárias, consiste dos

agentes cujos planos de dispêndio corrente são inferiores à sua renda

esperada para o mesmo período. Seus gastos planejados podem incluir

despesas com bens de consumo ou com bens de investimento, inclusive

estoques de bens para consumo futuro. Se sua renda exceder estas despesas,

a unidade superavitária terá de decidir de que forma o excedente será

acumulado, isto é, que tipo de objeto servirá como riqueza, como meio de

acumulação de capital para ela. Se compras de bens já foram consideradas,

resta a este agente a aquisição de ativos financeiros, isto é, direitos sobre a

renda futura de algum outro agente (OREIRO, 2006). Assim, o excedente da

renda das unidades superavitárias sobre seu dispêndio corresponderá à sua

poupança financeira, isto é, à sua demanda por ativos financeiros, que são

direitos sobre a renda futura de outros agentes. Em suma, unidades

superavitárias vêem-se às voltas com um excesso de renda corrente sobre

seus gastos com bens e serviços e, portanto, demandam outros meios de

acumulação de riqueza que não sejam outros bens. São demandantes de

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21ativos financeiros e, com isso, ofertantes de poupança financeira, isto é,

recursos para uso imediato por terceiros (OREIRO, 2006).

Relações financeiras são aquelas que envolvem como agentes

fundamentais unidades superavitárias e deficitárias, as quais transacionam

meios que permitem a realização imediata de gastos desejados em troca de

direitos sobre rendas futuras. Relações financeiras, portanto, envolvem a

negociação de contratos em que se registram obrigações ativas e passivas por

parte de unidades superavitárias e deficitárias, respectivamente.

Famílias, empresas, bancos, governos, todos se envolvem de algum

modo no mercado financeiro. Desde o ato de deixar dinheiro no banco, ou de

fazer uma aplicação em um fundo de investimento que o mesmo banco lhe

oferece, até a colocação de bônus no mercado internacional de capitais,

apoiado em contratos derivativos, intermediada por grandes instituições

financeiras, tudo isto obedece a uma mesma lógica, de comparação das

combinações riscos e retornos dos ativos a serem comprados e dos passivos a

serem emitidos para financiar esta aquisição (FARHI, 2006).

No mercado de crédito, as transações são feitas de forma

individualizada, identificando-se as duas partes que realizam o empréstimo. Da

operação resultam obrigações que são, em princípio, intransferíveis ou não-

negociáveis, essa característica esteja mudando em tempos mais recentes.

Isto é assim porque os contratos tendem a ser desenhados de modo a

satisfazer as demandas específicas dos tomadores e dos emprestadores em

termos de taxas de juros, prazos, garantias e outras disposições relevantes

para as partes (OREIRO, 2006). Os contratos resultantes podem não ser

negociáveis, mas obedecem de qualquer forma a regras de padronização que

tomam os títulos de natureza semelhante substitutos entre si. Quando podem

ser negociados, isto é, revendidos em mercados secundários, esses títulos

ganham liquidez, isto é, têm sua capacidade de conversão em dinheiro, aos

olhos de seu possuidor, aumentada.

Tanto mercados de crédito quanto mercados de títulos englobam, na

verdade, diversos segmentos que obedecem a regras e motivações por vezes

distintas. Assim, o mercado de crédito se desdobra em dois segmentos muitos

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22importantes, o de crédito de longo prazo e o de crédito de curto prazo.

Mercados de títulos são ainda mais diferenciados. Neles transacionam-se não

apenas papéis diferenciados de acordo com a duração do contrato, como

também papéis que correspondem a compromissos de natureza econômica e

jurídica diferentes (FARHI, 2006). Assim, pode-se identificar mercados de

papéis de curta duração, com, diga-se, até três meses de maturidade (este

segmento é chamado de mercado monetário) opondo-os a papéis de

maturidade maior. A característica mais relevante para essa caracterização é

que papéis de curta duração não estão sujeitos ao risco de capital. Este risco é

o de haver variação de valor entre a compra e a venda do papel. O possuidor

de papéis de maturidade mais longa pode querer convertê-los em dinheiro

antes de sua data de redenção, vendendo-os nos mercados secundários.

Esses papéis correm o risco de capital porque seu preço, quando da sua

colocação à venda, pode não ser o mesmo de sua compra (FARHI, 2006). Se a

maturidade do contrato é pequena, porém, seu valor é resgatado pelo valor de

face, ao invés de ser vendido em mercados secundários. Recebe-se como

principal exatamente o que foi emprestado, sem risco de capital.

Entre os papéis de maturidade maior, sujeitos, portanto, ao risco de

capital, pode-se distinguir dois tipos de contratos bastante diferentes: os títulos

de propriedade, como ações de empresas de capital aberto, e os títulos de

dívida, como bônus, notas, promissórias, debêntures (BARBEDO, et al., 2005).

No caso dos títulos de propriedade, o agente superavitário se toma na verdade

sócio do agente deficitário, como resultado do processo de financiamento.

Como sócio, o agente superavitário não tem o direito de cobrar de volta os

recursos que cedeu, mas ganha, em troca, a possibilidade de compartilhar os

lucros do empreendimento em pé de igualdade com o empreendedor a quem

financiou. Já com os títulos de dívida, o agente superavitário não se solidariza

com o empreendimento sendo financiado. A cessão de recursos se dá por um

prazo determinado e é remunerada não por uma participação nos lucros, mas

por uma taxa de juros. Os papéis de maturidade mais longa, sujeitos a

variações de valor de mercado em relação a seu valor de face, são

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23transacionados no mercado de capitais, que, por sua vez, se desdobra nos

mercados de dívidas e de ações.

Outra distinção importante separa mercados primários de mercados

secundários. Mercados primários referem-se à colocação inicial de um título,

isto é, à sua primeira operação de compra. Mercados secundários, por sua vez,

são aqueles criados para permitir a negociação contínua de papéis emitidos no

passado, isto é, para operações de compra e venda posteriores à primeira

colocação (OREIRO, 2006). Como fonte de financiamento para o gasto das

unidades deficitárias, são os mercados primários que contam mais diretamente,

porque é aqui que são canalizados recursos para essa classe de agentes. Já

mercados secundários são importantes para dar liquidez aos papéis existentes.

Sua existência significa que, para os que possuem títulos de uma determinada

classe, existe uma demanda de reserva disposta a absorvê-los, ainda que

existam preços que podem ser variáveis (OREIRO, 2006).

A existência de mercados secundários organizados, ao dar liquidez a

um ativo, reduz os riscos que seu possuidor enfrenta ao ver-se preso a um

papel que não deseje reter. Deste modo, mercados secundários líquidos e

organizados contribuem indiretamente para o financiamento da atividade de

investimento.

1.1 Conceito, funções e estrutura

O sistema financeiro pode ser entendido como sendo igual à soma das

unidades operacionais que o compõem e dos responsáveis pelas políticas

monetárias, creditícia, cambial e fiscal, que regulam seu funcionamento bem

como os fluxos monetários entre os que dispõem de recursos financeiros e os

que deles careçam, para suas atividades de produção ou de consumo

(MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003). Nada mais é, portanto, do que um

conjunto, pois os agentes financeiros, sem as limitações doutrinárias ou

normativas emanadas das autoridades competentes, resultariam em entidades

mal definidas e indisciplinadas. Por outro lado, não teria sentido pensar-se em

política econômico-financeira se inexistissem as instituições financeiras.

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24Dessa forma, sabe-se muito bem que um sistema que apresente

parcela importante das operações de seus agentes independente das

autoridades monetárias revela um perigoso grau de instabilidade. Caso isso

ocorra, mais cedo ou mais tarde a situação tomar-se-á insustentável e danosa

para o próprio sistema. Assim, a satisfação dos diretores de instituições

financeiras, pelo alto índice de liberdade operacional que lhes seja concedido,

acaba por tomar-se muito onerosa para a coletividade, que sofrerá diretamente

as conseqüências de tal estado de coisas (MELLAGI FILHO & ISHIKAWA,

2003). Conclui-se, então, que a criação de um Banco central, para não se falar

nas demais autoridades que caracterizam o colegiado, que congrega, nas

economias modernas, os responsáveis pelas já mencionadas políticas

econômico-financeiras, decorre não da imposição do Estado, mas da própria

economia, que exige a sua implantação e bom funcionamento.

Neste caso especificadamente, encontra-se o motivo pelo qual o

sistema financeiro de cada nação é sempre coerente com seu grau de

desenvolvimento e com sua força econômica. As instituições surgem, evoluem

e diversificam suas funções, como um imperativo do próprio progresso

nacional. Compete às autoridades monetárias e fiscais anteciparem-se às

necessidades de mercado e da produção, estimulando daquele advento, ao

mesmo tempo em que cuidam de corrigir e disciplinar as distorções porventura

existentes no sistema. Em outras palavras, de acordo com Pinheiro:

Processo de desenvolvimento é, por definição, cambiante, requerendo e motivando transformações, a começar pelas de ordem estrutural. Por isso mesmo, se o sistema financeiro não acompanha as exigências das modificações acusadas pela economia, ou se funcionam em sentido oposto a elas, tenderá a constituir-se em grave obstáculo às atividades produtivas, desestimulando o esforço da coletividade, que verá frustrados seus justos anseios de progresso (2007, p. 37).

O mau funcionamento do sistema financeiro gera perturbações nos

fluxos monetários, cujos efeitos, quando excessivos, são de demorada

correção e manifestam-se sob as seguintes formas: luta desenfreada pelos

recursos financeiros, encarecendo-os; transferência de atividades econômicas

próprias da iniciativa privada, para o setor público; instabilidade do nível de

preços e conseqüente inutilização das previsões econômicas; desvirtuamento

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25das funções das instituições financeiras elevando o custo do dinheiro e

gerando um descrédito com o público; insuficiente dinamização do mercado

financeiro nacional, que passa a funcionar como um sistema arterial

esclerosado; e desestímulo à poupança espontânea dos indivíduos e das

empresas, que passa a ser substituída pela de caráter forçado, nem sempre

transformada em investimento, mas em despesa de custeio do estado.

Pode dizer que as principais funções de um sistema financeiro na

economia são: promover a poupança; arrecadar e concentrar a poupança em

grandes volumes; transformar a poupança em créditos especiais; encaminhar

os créditos às atividades produtivas; e gerenciar as aplicações realizadas e

manter um mercado para elas.

O Sistema Financeiro Nacional é constituído por um subsistema

normativo e por outro operativo. O subsistema normativo regula e controla o

subsistema operativo. Essa regulação e controle são exercidos por meio de

normas legais, expedidas pela autoridade monetária, ou pela oferta seletiva de

crédito levada a efeito pelos agentes financeiros do governo. As instituições

que compõem o subsistema normativo são: o Conselho Monetário Nacional, o

Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários.

O subsistema operativo é constituído pelas instituições financeiras

públicas e privadas que atuam no mercado financeiro. Dentro destas

instituições segundo o entendimento de Mellagi Filho e Ishikawa (2003, p. 77)

encontram-se:

I) Conselho Monetário Nacional

Conselho Monetário Nacional é o órgão deliberativo máximo do

sistema financeiro do país. Ele tem a finalidade de formular a política da moeda

e do crédito, de acordo com a Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964,

objetivando o progresso econômico e social do país Seus objetivos são:

a) adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades

da economia nacional e seu processo de desenvolvimento;

b) regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou

corrigindo os surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou

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26externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de

fenômenos conjunturais;

c) regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de

pagamentos do país, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em

moeda estrangeira;

d) orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras

públicas e privadas, tendo em vista propiciar nas diferentes regiões do país

condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;

e) propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos

financeiros, com vista à maior eficiência do sistema de pagamentos e de

mobilização de recursos;

f) zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;

g) coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da

dívida pública, interna e externa.

A composição do CMN foi modificada com a instituição do Plano Real,

sendo criadas a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito e sete Comissões

consultivas para funcionamento com aquele Conselho. O CMN era constituído,

até então, por 20 membros, ficando reduzido a três: ministro de Estado da

Fazenda, na qualidade de Presidente; ministro de Estado de Planejamento e

Orçamento; presidente do Banco Central do Brasil.

II) Comissão de Valores Mobiliários

A Comissão de Valores Mobiliários constitui órgão integrante do

subsistema normativo do mercado de valores mobiliários. É uma autarquia

vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei nº 6.385, tendo assumido

plenamente as suas funções em 6-4-78, com a responsabilidade de disciplinar,

fiscalizar e promover a expansão, desenvolvimento e o funcionamento eficiente

do mercado de valores mobiliários, sob a orientação do Conselho Monetário

Nacional.

A Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade contribuir para a

criação de estrutura jurídica favorável ã capitalização das empresas por meio

do mercado de capitais de risco, fortalecimento da empresa privada nacional e

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27defesa do acionista e investidor (MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003).

Entretanto, no entendimento de Pinheiro:

As funções da Comissão de Valores Mobiliários repercutem em três grandes grupos: instituições de mercado, uma vez que é de sua competência disciplinar e fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado, bem como sua negociação e intermediação; a organização, o funcionamento e as operações das Bolsas de Valores; a administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários; os serviços de consultor e analista de valores mobiliários; companhias abertas definidas pela nova Lei das Sociedades Anônimas como aquelas cujos "valores mobiliários de sua emissão estejam admitidos à negociação em bolsa ou no mercado de balcão" pois tais empresas estão sujeitas à fiscalização da CVM no que concerne à emissão e distribuição de seus títulos no mercado; à natureza das informações que devem divulgar; ao relatório de sua administração e demonstrações financeiras; à compra de ações emitidas pela própria companhia; à conduta de seus administradores e acionistas controladores; à aprovação, ou não, de oferta pública de aquisição de ações que implique em alienação de controle acionário; investidores, uma vez que é de competência da CVM estudar as denúncias e práticas que contrariem os interesses dos mesmos, a fim de que possa atuar em sua defesa (2007, p. 41).

A Comissão de Valores Mobiliários tem por finalidade a fiscalização e a

regulação do mercado de títulos de renda variável; de acordo com a Lei nº

6.385, de 7 dezembro de 1976, serão disciplinadas e fiscalizadas: emissão e

distribuição de valores mobiliários no mercado; negociação e intermediação no

mercado de valores mobiliários; organização, funcionamento e operações das

bolsas de valores; administração de carteiras e custódia de valores mobiliários;

auditoria das companhias abertas; e serviços de consultor e analista de valores

mobiliários.

A Comissão de Valores Mobiliários exerce as atribuições previstas na

lei para fim de: estimular a formação de poupança e a sua aplicação em

valores mobiliários; promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular

do mercado de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do

capital social de companhias abertas sob controle de capitais privados

nacionais; assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da

bolsa e do balcão; proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores

do mercado contra emissões irregulares de valores mobiliários; atos ilegais de

administradores e acionistas controladores das companhias abertas, ou de

administradores de carteira de valores mobiliários negociados no mercado;

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28evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinada a criar

condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários

negociados no mercado; assegurar o acesso do público a informações sobre

os valores mobiliários negociados e às companhias que os tenham emitido;

assegurar a observância de práticas comerciais eqüitativas no mercado de

valores mobiliários; assegurar a observância, no mercado, das condições de

utilização de crédito fixadas pelo Conselho Monetário Nacional.

III) Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil, criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro

de 1964, é uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional.

No cumprimento de sua missão de ser o agente da sociedade para assegurar o

equilíbrio monetário, o Bacen adota os seguintes objetivos zelar pela adequada

liquidez da economia, manter as reservas internacionais do país em nível

satisfatório, assegurar a formação de poupança em níveis apropriados e

garantir a estabilidade e o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional.

Pode ser considerado um órgão intermediário entre o CMN e as

demais instituições financeiras do País, cuja finalidade é executar e fiscalizar o

cumprimento de todas as normas criadas pelo Conselho Monetário Nacional.

O Bacen foi criado para atuar como órgão executivo central do sistema

financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as

disposições que regulamentam o funcionamento do sistema e as normas

expedidas pelo CMN. É por meio do Bacen que o Estado intervém diretamente

no sistema financeiro e, indiretamente, na economia (CAVALCANTE FILHO, &

MISUMI, 2002).

O Bacen tem como competência as seguintes atribuições: emitir papel-

moeda e moeda metálica nas condições e limites autorizados pelo CMN;

receber os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais e os depósitos

voluntários das instituições financeiras e bancárias que operam no país;

realizar operações de redes conto e empréstimo às instituições financeiras

dentro do enfoque de política econômica do Governo ou como socorro a

problemas de liquidez; regular a execução dos serviços de compensação de

cheques e outros papéis; efetuar, como instrumento de política monetária,

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29operações de compra e venda de títulos públicos federais; emitir títulos de

responsabilidade própria, de acordo com as condições estabelecidas pelo

CMN; exercer o controle de crédito sob todas as suas formas; exercer a

fiscalização das instituições financeiras, punindo-as quando necessário;

autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinâmica operacional, de todas as

instituições financeiras privadas; vigiar a interferência de outras empresas nos

mercados financeiros e de capitais; controlar o fluxo de capitais estrangeiros

garantindo o correto funcionamento do mercado cambial, operando, inclusive,

via ouro, moeda ou operações de crédito no exterior.

No caso das instituições de intermediação financeira podem ser

agrupadas com base no conceito convencional de moeda (M1), em instituições

bancárias e não bancárias.

Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação

em vigor, as pessoas jurídicas, públicas e privadas, que tenham como atividade

principal ou acessória a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos

financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a

custódia de valor de propriedade de terceiros.

As instituições bancárias operam com ativos financeiros monetários,

pertencendo, assim, a um subsistema do sistema financeiro nacional que

poderia ser caracterizado como subsistema monetário, ao qual é dado a

faculdade de emissão de moeda (moeda escritural). Essas instituições também

são caracterizadas pela captação de depósitos a vista, livremente

movimentados por meio de cheques emitidos pelos depositantes. Destas

instituições bancárias Pinheiro (2007, p. 45), argumenta que pode-se citar:

I) Banco Comercial

Os bancos comerciais são instituições cujo controle pode ser público

ou privada sendo constituídas sob a forma de sociedades anônimas. No quadro

geral do sistema de intermediação financeira, os bancos comerciais constituem

a base do sistema monetário. Eles possuem a faculdade de criar, sob efeito

multiplicador, a moeda escritural que é constituída pelos depósitos a vista

confiados a essas instituições.

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30Suas atividades básicas podem ser classificadas em prestação de

serviços bancários e concessão de crédito. Como prestação de serviços, pode-

se citar: contas correntes e depósitos diversos; pagamento de cheques;

transferência de fundos, ordem de pagamentos; cobranças; custódia e guarda

de valores; aluguel de cofres; e serviços de câmbio.

Já as concessões de créditos pode-se exemplificar com: desconto de

títulos, adiantamento em conta corrente; adiantamentos sob garantia de

mercadorias, adiantamento sob caução de títulos de compra e venda; crédito

mediante emissão de títulos; crédito rural; crédito a curto prazo para operações

de comércio exterior; e ,crédito pessoal. Os bancos comerciais são as

principais instituições financeiras destinadas a atender financiamentos de curto

prazo para a indústria, o comércio e o público em geral.

II) Caixa Econômica Federal (CEF)

A Caixa Econômica Federal é hoje um banco múltiplo responsável pela

operacionalização das políticas do Governo Federal para a habitação popular e

saneamento básico, utilizando os recursos de caderneta de poupança e

depósitos judiciais par ao financiamento de habitações por meio do Sistema

Financeiro da Habitação (SFH). Como gestora dos recursos do Fundo de

Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) direciona seus recursos para o

saneamento e a infra-estrutura urbana.

III) Banco do Brasil

O Banco do Brasil, antes da reforma do Sistema Financeiro de 1988,

era um agente normativo e executor das políticas do Governo Federal de

grande importância para o sistema. Hoje ele é considerado o maior banco

agrícola do mundo em função de seus financiamentos agrícolas e de sua

atuação como executor das políticas agrícolas do Governo. Além disso, atua

também em algumas áreas que o Banco Central não atua por não possuir

agências como, por exemplo, o agenciamento dos pagamentos e recebimentos

fora do país.

IV) Caixas Econômicas

São instituições autônomas, reguladas por conselhos administrativos,

que auxiliam na execução da política creditícia do Governo Federal. Suas

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31principais funções são estimular a poupança popular, aplicando os depósitos a

vista do público, os depósitos em caderneta de poupança e demais recursos,

em operações de crédito que visem à promoção social e o bem-estar da

população.

V) Cooperativas de Crédito

São instituições constituídas sob a forma de sociedade limitada, com

forma e natureza jurídica próprias, não sujeitas à falência. Têm como finalidade

o atendimento exclusivo de seus associados, e possuem as seguintes

características: adesão voluntária de associados em número ilimitado; variação

automática de capital social em função da administração de

associados;acessibilidade das quotas partes de capital apenas aos associados;

e singularidade de voto, qualquer que seja a participação do cooperado no

capital.

Segundo Santos (1999, apud, MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003, p.

52) as cooperativas de crédito classificam-se em dois grandes grupos:

a) Cooperativas de economia e crédito mútuo cujo quadro social é

formado por pessoas físicas que exerçam determinada profissão ou atividades

comuns, ou estejam vinculadas à determinada entidade. Excepcionalmente, o

quadro social pode conter pessoas jurídicas que: na forma da lei, se

conceituem como micro ou pequena empresa que tenha por objeto as mesmas

correlatas atividades econômicas das pessoas físicas; ou não tenham fins

lucrativos e cujos sócios integrem, obrigatoriamente, o quadro de cooperados;

e

b) Cooperativas de crédito rural cujo quadro social é formado por

pessoas físicas que, de forma efetiva e preponderante, desenvolvam, na área

de atuação da cooperativa, atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas, ou

que se dediquem a operações de captura e transformação do pescado.

Excepcionalmente, o quadro social da cooperativa pode conter pessoas

jurídicas que exerçam exclusivamente essas atividades.

VI) Bancos Múltiplos

Os bancos múltiplos surgiram através da Resolução nº 1.524/88

emitida pelo Banco Central. São bancos que podem operar simultaneamente,

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32com autorização do banco central, carteiras de banco comercial, de

investimento, de crédito imobiliário, de crédito, financiamento e investimento,

de arrendamento mercantil (leasing) e de desenvolvimento, constituindo-se em

uma só instituição financeira de carteiras múltiplas, com personalidade jurídica

própria, e que pode selecionar com o que deseja operar, entre as modalidades

referidas (MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003).

Os bancos múltiplos surgiram com a finalidade de racionalizar a

administração das instituições financeiras, permitindo que a mesma tenha

personalidade própria, modificando assim o sistema de conglomerados

financeiros com razões sociais específicas que existia desde o final da década

de 60 no Brasil. Dentre as vantagens e desvantagens do surgimento dos

bancos múltiplos esclarece Pinheiro (2007, p. 48) que pode-se citar

a) Vantagens: acesso a novas carteiras de negócios; redução da

burocracia e maior agilidade nas operações; custos menores com a publicação

de balanços e serviços de auditoria externa; compensação dos prejuízos fiscais

de uma controlada que tenha sido incorporada ao banco múltiplo; instituições

de menor porte têm um desconto de 30% sobre o capital mínimo exigido pelo

Banco Central para formar um banco múltiplo.

b) Desvantagens: é difícil unir instituições que tenham acionistas

diferentes, se os acionistas minoritários de uma instituição de capital aberto

não concordarem com a transformação em banco múltiplo, os controladores

serão obrigados a comprar lhes os papéis pelo valor patrimonial; a fusão pode

aumentar a carga tributária; os bancos estrangeiros que operam no Brasil como

filiais não tiveram acesso a novas carteiras; o seguro de crédito para evitar

dificuldades de liquidez no sistema.

No caso das instituições não bancárias, pode-se dizer que elas operam

com ativos financeiros não monetários, pertencendo, assim, ao subsistema não

monetário do Sistema Financeiro Nacional, ao qual não é permitida a emissão

de moeda escritural, pela impossibilidade de captar depósitos a vista. Dentre as

instituições não bancárias argumenta Pinheiro (2007, p. 54) que cita-se:

I) Banco de Investimento

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33Através da Lei n 4.728, de 14-7-65, foram assentadas as bases para a

criação dos Bancos de Investimento, visando proporcionar o surgimento de

instituições mais poderosas e dotadas de maiores recursos que as então

existentes no mercado financeiro, operando com depósitos e empréstimos a

prazos superiores há um ano.

O objetivo próprio do banco de investimento é a prática de operações

de participação ou de financiamento a prazo médio e longo, para suprimento

oportuno e adequado de recursos necessários à formação de capital fixo ou de

movimento de empresas de setor privado, mediante aplicação de recursos

próprios e coleta, intermediação e aplicação de recursos de terceiros

(PINHEIRO, 2007). Para atender seus objetivos, os bancos de investimento

podem apoiar iniciativas que visem: fortalecer o capital social das empresas;

ampliar a capacidade produtiva das empresas; incentivar a melhoria da

produtividade; assegurar melhor ordenação dos setores da economia e maior

eficiência das empresas; promover a incorporação e o desenvolvimento de

tecnologia de produção e o aperfeiçoamento gerencial, a formação e

aprimoramento de pessoal técnico.

As principais operações são:

a) Operações ativas: financiamento de capital fixo; financiamento de

capital de movimento; subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários;

repasses de recursos de instituições financeiras oficiais; programa de

financiamento à produção para exportação; repasses de empréstimos externos;

arrendamento mercantil; empréstimos a Estados e Municípios e respectivas

autarquias.

b) Operações passivas: depósitos a prazo fixo; empréstimos externos;

contas correntes sem juros; coligações assumidas em debêntures; emissão ou

endosso de células hipotecárias; depósitos de valores mobiliários em garantia;

assistência financeira.

II) Sociedades de Arrendamento Mercantil

São sociedades que nasceram do reconhecimento de que o lucro de

uma atividade produtiva pode advir da simples utilização do equipamento e não

da sua propriedade. Em linhas gerais, a operação de leasing se assemelha a

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34uma locação tendo o cliente, ao final do contrato, as opções de renová-la, de

adquirir o equipamento pelo valor residual fixado em contrato ou de devolvê-lo

à empresa. Basicamente, trata-se de financiamento de médio a longo prazos

no sentido financeiro, podendo o contrato incluir cláusula prevendo sua

renovação ou compra do bem pelo arrendatário (opção de compra), ao final do

seu prazo de vigência. O leasing é uma forma de ter sem comprar, dentro do

princípio de que o lucro vem da utilização do bem e não de sua propriedade.

As empresas de leasing normalmente captam recursos por meio da

emissão de debêntures, títulos que têm como cobertura o patrimônio da

empresa que os emitiu, já que, sendo operações de longo prazo, para sua

segurança exigem um funding também de longo prazo. As debêntures não têm

prazo fixo de resgate e suas características podem ser bem diferenciadas, tais

como conversíveis em ações, corrigidas por diferentes índices, inclusive com

cláusula cambial (PINHEIRO, 2007).

A constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham

como objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento

mercantil, denominadas sociedades de arrendamento mercantil, dependem de

autorização do Banco Central do Brasil.

As sociedades de arrendamento mercantil devem adotar a forma

jurídica das S.As e a elas se aplicam no que couber, as mesmas condições

estabelecidas para o funcionamento de instituições financeiras na Lei nº 4.595,

de 31-12-64 e legislação posterior relativa ao Sistema Financeiro Nacional,

devendo constar obrigatoriamente de sua denominação social a expressão

Arrendamento Mercantil.

III) Sociedades de Crédito, Investimento e Financiamento

São instituições privadas, constituídas na forma de sociedade anônima,

que têm por objetivo o financiamento ao consumo, captando recursos no

mercado, basicamente por meio da colocação de letras de câmbio. Também

são sociedades dependentes de prévia autorização do Bacen para o seu

funcionamento; seguem regras próprias definidas em lei e cuja área de atuação

se dá principalmente na Carteira de Crédito Direto ao Consumidor e Crédito

Pessoal (financiamento de bens e serviços). Não podem manter contas

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35correntes e os seus instrumentos de captação restringem-se à colocação de

letras de câmbio (LC, títulos de créditos sacados pelos financiados e aceitos

pelas financeiras) junto ao público.

Nas financeiras, giram as chamadas promotoras de vendas

constituídas, em geral, sob a forma de sociedades civis servindo de elo de

ligação entre o consumidor final, o lojista e a financeira, por meio de contratos

específicos, em que figuram com poderes especiais, inclusive para sacar letras

de câmbio na qualidade de procuradores dos financiados e, também, prestando

garantia del credere dos contratos intermediados.

IV) Sociedades de Crédito Imobiliário e Associações de Poupança e

Empréstimos

São instituições participantes do Sistema Brasileiro de Poupança e

Empréstimos, sujeitas à fiscalização do Sistema Financeiro da Habitação.

Enquanto as Sociedades de Crédito Imobiliário constituem-se sob a forma de

sociedades anônimas, as Associações de Poupança e Empréstimo,

constituem-se sob a forma de sociedades civis restritas a determinadas regiões

e sem fins lucrativos. As sociedades de Crédito Imobiliário caracterizam-se,

essencialmente, pelas seguintes condições: formação de vínculo societário,

para todos os efeitos legais, por meio de depósitos em dinheiro efetuados por

pessoas físicas interessadas em participar delas; e distribuição de dividendos

aos associados da totalidade dos resultados líquidos operacionais, após

dedução das importâncias destinadas à constituição do fundo de reserva e de

emergência e à participação de administração no resultado.

As Sociedades de Crédito Imobiliário têm como função: proporcionar

apoio financeiro a operações imobiliárias relativas a compra e venda de

imóveis, unidades habitacionais e terrenos loteados e construídos. Operam

com recursos originários da colocação de letras imobiliárias, de depósitos de

poupança e de repasses da Caixa Econômica Federal (CEF).

Já as Associações de Poupança e Empréstimo têm como função:

captar recursos para serem aplicados conforme as normas do Plano Nacional

da Habitação e conceder financiamento para aquisição ou vendas imobiliárias.

As Associações de Poupança e Empréstimo têm como instrumentos de

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36captação de recursos: cadernetas de Poupança; créditos especiais obtidos do

Bacen; reservas acumuladas provenientes de comissões, juros e correção

monetária oriunda de aplicações, taxas de serviços, doações, multas e legados

e receitas eventuais; e refinanciamento de aplicações.

No caso das distribuidoras de títulos e valores mobiliários o sistema

compreende: instituições financeiras e demais sociedades que tenham por

objeto distribuir emissão de valores mobiliários, destaca-se segundo

Cavalcante Filho e Misumi (2002, p. 73):

a) como agentes da companhia emissora;

b) por conta própria, subscrevendo ou comprando a emissão para

colocar no mercado;

c) sociedades que tenham por objeto a compra de valores mobiliários

em circulação no mercado, para os revender por conta própria; sociedades e

agentes autônomos que exerçam atividades de mediação na negociação de

valores mobiliários, em bolsas de valores ou no mercado de balcão;

d) bolsas de valores.

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37

CAPÍTULO II

MERCADO DE CAPITAIS E A BOLSA DE VALORES

O mercado de capitais pode ser definido como sendo um conjunto de

instituições que negociam com títulos e valores mobiliários, objetivando a

canalização 'dos recursos dos agentes compradores para os agentes

vendedores. Ou seja, o mercado de capitais representa um sistema de

distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de viabilizar a

capitalização das empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas

(MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003).

O surgimento do mercado de capitais ocorreu quando o mercado de

crédito deixou de atender às necessidades da atividade produtiva, no sentido

de garantir um fluxo de recursos nas condições adequadas em termos de

prazos, custos e exigibilidades. Desse modo, seu surgimento foi fundamentado

em dois princípios: contribuir para o desenvolvimento econômico, atuando

como um propulsor de capitais para os investimentos, estimulando a formação

da poupança privada; permitir e orientar a estruturação de uma sociedade

pluralista, baseada na economia de mercado, permitindo a participação coletiva

de forma ampla na riqueza e nos resultados da economia.

Desde que autorizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores

Mobiliários, qualquer sociedade pode adquirir um título patrimonial da Bolsa em

que deseje ingressar, submetendo-se às exigências legais e estatutárias da

mesma, e tornando-se uma sociedade corretora. São considerados membros

de uma bolsa as Sociedades Corretoras de Valores, e a quantidade de Títulos

Patrimoniais possuídos por cada membro define a quantidade máxima de

acessos aos sistemas de negociação da bolsa.

A venda do título é feita através de leilão público e o possível

comprador ou compradores, deverá apresentar suas intenções de compra, a

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38viva-voz, em público pregão, em dia e horário a ser estabelecido pela Bolsa em

um edital veiculado com a devida antecedência em jornal de grande circulação.

De acordo com Pinheiro as funções das bolsas de valores são: As bolsas de valores do país já demonstram ter consciência do papel que representam na formação da poupança voluntária e na democratização do capital das empresas, por meio de sinais de modernização e adequação. Há algum tempo, não se errava em dizer que as bolsas brasileiras eram uma espécie de clube fechado, distante da realidade empresarial, sem condições de suportar, assim como de ajudar na formação de um volume expressivo de negociações mobiliárias em termo de títulos patrimoniais. Acreditava-se serem um mero local onde se realizavam pregões de implicações e resultados remotos. Mas a função das bolsas, quando dotadas de capacidade ética, técnica e operacional é, de fato, relevante, por estarem situadas na confluência da empresa que necessita de capitais de investimento e da poupança que procura uma aplicação produtiva (2007, p. 58).

Diz-se, com certa razão, que pela sua própria função as bolsas não

trazem capitais novos à economia, pois a cada entrada de fundos no mercado

versátil corresponde uma evasão de capitais previamente aplicados, o que

representa uma simples transferência de propriedade. Isso não significa que as

bolsas sejam organismos neutros em relação à economia. A existência das

bolsas fornece aos detentores de títulos patrimoniais e aos subscritores de

novas emissões a certeza da liberação imediata do capital investido essa

convicção os leva a concordar na inversão.

Sob o aspecto social, o processo de democratização do capital

repercute de modo acentuado no processo de democratização política das

nações, por permitir aos consumidores uma participação integral no

enriquecimento do país. São as bolsas os organismos propulsores dos

processos e mecanismos de democratização do capital, apoiadas na educação

para a poupança e para o investimento.

Ainda acrescenta Pinheiro (2007, p. 57) que seus objetivos e atividades

são:

a) manter local adequado à realização, entre corretores, de transações

de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercados livres,

organizados e fiscalizados pelos próprios membros, pela autoridade monetária

e pela CVM;

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39b) criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as

dependências administrativas necessárias à pronta segura e eficiente

realização e liquidação das operações efetuadas no recinto de negociação

(pregão);

c) organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o

mecanismo de registro e liquidação das operações realizadas;

d) estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a

continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado de títulos e valores

mobiliários;

e) fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades

emissoras de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e

regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as operações de

Bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis;

f) dar ampla e rápida divulgação às operações efetuadas em seu

pregão;

g) assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores

negociados; e

h)exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam

permitidas por lei.

A Bolsa de Mercadorias é a reunião coletiva dos agentes econômicos

(corretores, agricultores, industriais, comissários, exportadores, especuladores

etc.) interessados no mercado de produtos das indústrias agrícolas ou

manufatureiras suscetíveis de negociação em lugar e hora previamente

determinados para realização de compra e venda de tais produtos.

A exemplo das Bolsas de Valores, cujas atividades são mais

divulgadas e, por conseguinte, mais reconhecidas, as Bolsas de Mercadorias

têm como principais objetivos, propiciar ao mercado condições adequadas para

a realização de compra e venda a vista, a termo, a futuro etc. de cereais ou de

outros grãos, bem como de outras mercadorias suscetíveis de serem

negociadas nos pregões.

Uma das principais peculiaridades desse mercado é que apenas 2%

das operações são liquidadas pela entrega efetiva do bem negociado. Não há,

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40portanto, a concretização física do negócio, mas sim a concretização

financeira; compram-se e vendem-se mercadorias e ativos financeiros apenas

no papel. Os produtos mais comercializados nas bolsas atualmente são: ouro,

dólar (comercial ou flutuante), café (arábica ou robusta), algodão e o boi gordo

(RUDGE & CAVALCANTE, 1996).

Os negócios em bolsas serão realizados por intermédio dos corretores

de mercadorias ou respectivos prepostos, e somente a esses será permitido o

ingresso na parte do recinto destinado ao pregão de compra e venda.

Todas as operações nesse mercado estão vinculadas a um contrato.

Todos os contratos são ajustados diariamente em dinheiro, por meio da

Câmara de Compensação, em função da variação dos seus valores de

referência, razão pela qual, para entrar nesse mercado, o aplicador tem que

fazer um depósito prévio como garantia (margem inicial), que pode ser em

dinheiro, ouro, carta de fiança bancária ou título da dívida pública federal. Os

depósitos em dinheiro são remunerados pelas bolsas.

O início, a suspensão e o término do pregão de compra e venda em

bolsa serão determinados pelo encarregado de presidir as operações. Durante

o pregão deve ser indicado o número de unidades que se compõe o lote de

mercadorias oferecido para efeito de cotação, como, por exemplo, o preço por

arroba (15 kg). Uma transação será tida como fechada quando as ofertas nas

condições propostas forem aceitas por qualquer corretor (RUDGE &

CAVALCANTE, 1996).

As operações efetuadas em bolsas ou nelas registradas serão inscritas

em quatro especial, exposto ao público, com a designação da mercadoria,

preço e prazo. O resultado de suas cotações é publicado pela imprensa em

páginas especializadas. No fechamento das operações diz-se que a compra ou

venda foi a termo quando a sua liquidação por diferença de preço se verifica

em meses futuros, ou seja, a prazo, sem a entrega da mercadoria e do

dinheiro, e a vista, quando o comprador tem a faculdade de retirar

imediatamente a mercadoria negociada, logo após a liquidação, bem como o

vendedor de receber a quantia em dinheiro combinada pelas partes.

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41O conjunto de mercados financeiros, definidos em função das classes

de ativos transacionados, se dividem em instituições financeiras participantes,

as inter-relações entre eles e os regulamentos e regras de intervenção do

poder público na organização e supervisão das operações definem um sistema

financeiro. Sistemas financeiros satisfazem três grandes demanda de acordo

com Oreiro:

Canalizar recursos gerados pelas unidades superavitárias para as deficitárias, permitindo à economia um uso mais eficiente de seus recursos, maximizando sua capacidade de crescimento e de manutenção do emprego e do bem-estar da população; organizar e operar os sistemas de pagamentos da economia, essenciais para o adequado funcionamento de todos os mercados da economia; criar os ativos no volume e no perfil necessários para satisfazer às demandas dos poupadores por meios de acumulação de riqueza (OREIRO, 2006, p. 125).

Esses sistemas são definidos fundamentalmente pela sua estrutura,

isto é, pelo modo como se dá a interação entre os mercados e as instituições

financeiras. Essas estruturas são, por sua vez, o resultado de dois conjuntos de

influências. De um lado, encontram-se os determinantes técnicos da atividade

financeira, como o desenvolvimento de sistemas modernos de contabilidade

financeira ou a possibilidade de aplicação de inovações tecnológicas

desenvolvidas nos setores de comunicações e informática à atividade bancária

e financeira. Esses fatores aumentam a eficiência com que operam os sistemas

financeiros e acentuam eventuais vantagens que um tipo de estrutura possa ter

sobre outros, imprimindo uma tendência à homogeneização das estruturas

financeiras.

Em direção contrária atua a história econômica específica de cada

país, além de seus condicionantes políticos e culturais, que tomam certas

práticas mais aceitas do que outras, definem padrões de ética, de segurança,

de concentração de poder. Neste sentido, a tradição federal norte-americana,

por exemplo, será um importante fator determinante da estrutura financeira dos

Estados Unidos, ao bloquear por muito tempo a criação de bancos capazes de

atuar além de fronteiras estaduais. Em direção semelhante, a tradição política

de oposição à centralização de poder naquele país retardou a criação de um

banco central até a segunda década deste século. Já em países da Europa

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42ocidental, notadamente a Alemanha e a França, a tradição oposta à americana,

de centralização política e de reforço de estruturas burocráticas, levou à

criação de sistemas financeiros centralizados, construídos em tomo de

algumas grandes instituições às vezes, como na França e Itália, com forte

participação estatal (GUTTMANN, 2008).

Sistemas financeiros modernos, além disso, não são apenas criaturas

espontâneas da história de cada país. Iniciativas deliberadas de engenharia

institucional, especialmente através da imposição de limites regulatórios à ação

de instituições financeiras, têm sido também muito importantes na

determinação das estruturas financeiras existentes em cada economia. Assim,

a segmentação do sistema financeiro norte-americano, segregando bancos

comerciais e bancos de investimento, resultou de iniciativa política específica à

passagem pelo Congresso da Lei Glass/Steagal em 1933 que obrigou as

instituições financeiras de atuação mais diversificada a especializarem-se num

único segmento (TAVARES & BELLUZZO, 2005).

Na concretização de uma relação financeira, o devedor emite uma

obrigação em favor do credor, que representa, para este último, um ativo, isto

é, uma forma de riqueza. Relações financeiras podem ter lugar de diversas

formas. Devedores e credores podem negociar diretamente ou ter sua

interação intermediada por instituições financeiras. Dependendo das

características dessas operações, definem-se diversos tipos de mercados

financeiros: de crédito ou de capitais; públicos e privados; primários e

secundários; intermediados ou desintermediados (BONFIM, 2007). Um sistema

financeiro é definido pelo conjunto de mercados e instituições financeiras

existentes e pelos procedimentos de operação adotados, por costume ou por

imposição legal e regulatória de mercados com derivativos no Japão, porque

segundo a lei japonesa tais mercados eram equivalentes ao jogo, o que é

proibido naquele país (BONFIM, 2007). Finalmente, a operação de investidores

institucionais, como fundos de pensão e fundos de investimento, foi

praticamente inaugurada a partir de medidas tomadas deliberadamente por

autoridades reguladoras.

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43A estrutura de cada sistema financeiro pode ser um fator muito

importante tanto para a determinação de sua eficiência alocativa, por exemplo,

facilitando ou dificultando a circulação de recursos financeiros entre os diversos

segmentos do mercado quanto para a minimização dos riscos que a atividade

financeira pode criar para a operação dos setores produtivos.

O mercado brasileiro de ações e títulos de dívida tem significativo

potencial de expansão. O crescimento da institucionalização da poupança e a

tecnologia de informação abrem um imenso potencial para atração de novos

investidores e redução dos custos de intermediação.

A participação dos ativos de renda variável no portfolio dos investidores

ainda é pequena. A captação de recursos pelas empresas nesse mercado

também é baixa. Em 1998, o valor total de ações transacionadas no mercado

brasileiro era de US$ 336,1 bilhões, representando 43% do PIB. Nos Estados

Unidos, no mesmo ano, esses valores eram, respectivamente, de US$ 15,197

trilhões e 200%. No Japão era de US$ 2,5 trilhões e 78%; na Alemanha de US$

1,1 trilhão e 51% (NOBREGA et al., 2010).

Se incluir os títulos de dívida emitidos por empresas, as proporções do

mercado brasileiro são ainda menores. Em 1998, o montante desses títulos era

de apenas US$ 20,1 bilhões no Brasil contra US$ 2,67 trilhões nos EUA e US$

1,2 trilhão no Japão. Como proporção do PIB, temos 30,0% nos EUA, 36,5%

no Japão e apenas 2,6% no Brasil (NOBREGA et al., 2010).

Apesar disso, os sinais são animadores do lado da institucionalização

da poupança. De uma participação pouco superior a 5% do PIB em 1985, o

patrimônio dos investidores institucionais alcançou o equivalente a 33% do PIB

em 1999. Além da estabilidade econômica, vários fatores devem reforçar a

tendência de crescimento do patrimônio desses investidores. A expansão da

classe média no Brasil é um deles. Outro é o desenvolvimento da previdência

privada, em grande parte decorrente da percepção da falência do regime

previdenciário público (NOBREGA et al., 2010). As novas tecnologias

centradas na Internet também terão um papel importante, ao facilitar o acesso

e reduzir os custos de transação. Todos esses fatores implicam um enorme

potencial de crescimento da oferta de recursos para investimentos através do

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44mercado de capitais nos próximos anos. As possibilidades de financiamento

dos investimentos e do desenvolvimento econômico que essa tendência

oferece são excepcionais.

No entanto, mesmo num cenário mais favorável teremos problemas. O

mercado acionário tem baixa liquidez: gira em média de R$ 400 a R$ 500

milhões por dia, comparado a US$ 60 bilhões nos EUA. O número de

empresas presentes nas Bolsas é pequeno, assim como a participação dos

investidores institucionais no mercado (NOBREGA et al., 2010).

Há entraves ao aproveitamento desse potencial em prol do

desenvolvimento do país. A tributação atual aumenta o custo de transação e

reduz a liquidez, dois dos mais importantes fatores para o desenvolvimento do

mercado. A crise fiscal e a Constituição Federal de 1988 ampliaram o déficit

público, exigindo o crescimento da carga tributária. Para piorar, isso aconteceu

essencialmente via criação e ampliação de impostos distorcivos.

A mais grave dessas incidências tem sido a CPMF. Em um mercado

onde os spreads de intermediação são muito baixos, a CPMF representa um

diferencial de custos incontornável para o investidor. Os que podem migram

para mercados onde a tributação tem alguma racionalidade. Hoje, o mercado

de Nova Iorque já detém a maior parte das operações com os principais papéis

do mercado acionário brasileiro (NOBREGA et al., 2010).

2.1 Situação da custódia e liquidação de ações

Para facilitar o processo de negociação das ações em bolsas de

valores é necessário que as mesmas estejam custodiadas numa central de

liquidação e custódia. Esse procedimento facilita a transferência de posse e

propriedade das ações mediante um sistema de débito e crédito de contas que

os clientes possuem nessas centrais (PINHEIRO, 2007).

As câmaras de liquidação e custódia têm por objetivos básicos

assegurar para o sistema brasileiro de bolsas de valores um serviço de

liquidação isento e confiável. Visam ainda, uma custódia especialmente

projetada para reduzir os custos de manuseio e processamento de títulos por

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45parte dos intermediários financeiros que servem ao público investidor,

aumentando a velocidade, precisão e segurança das operações em bolsas,

preservando a titularidade dos ativos nelas negociados.

No Brasil existiam duas empresas que realizavam essas operações de

liquidação e custódia de títulos no mercado de capitais: Companhia Brasileira

de Liquidação e Custódia (CBLC), associada à Bolsa de Valores de São Paulo;

e Câmara de Liquidação e Custódia S.A. (CLC), que é associada à Bolsa de

Valores do Rio de Janeiro, sendo também a responsável pela liquidação das

operações realizadas nas demais bolsas regionais (PINHEIRO, 2007).

Após a fusão da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa)

com a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), a Companhia Brasileira de

Liquidação e Custódia (CBLC) absorveu a Câmara de Liquidação e Custódia

S.A. (CLC). Essas empresas possuem um sistema de custódia nominativo,

fungível, totalmente automatizado, permitindo a entrega dos títulos em três dias

úteis (D+3). Elas prestam serviços como apropriação de benefícios, consultas

on-line e emissão de extratos de movimentação de títulos. Além disso, ambas

mantêm uma interface entre seus sistemas de custódia, permitindo operações

de arbitragens entre os negócios no Senn da BVRJ e na Bovespa (PINHEIRO,

2007).

Para simplificar as operacionalizações das negociações com títulos e

valores mobiliários, diversas instituições financeiras mantêm um serviço de

custódia de ações e de outros títulos. Existem dois os tipos de custódia: a

comum, em que os certificados e cautelas depositados ficam em nome do

depositante, sendo-lhes entregues em caso de retirada; e a fungível, na qual a

quantidade de ações depositadas fica registrada em nome do investidor. Esse

último sistema é mais simples de administrar e é hoje utilizado pelas bolsas de

valores.

Juntamente, para minorar os problemas administrativos decorrentes do

exercício de direitos, foram criadas as ações escriturais. Elas avançam um

passo além da custódia fungível, fazendo com que a própria posição acionária

com a empresa se resuma em lançamento contábil, eliminando-se os

certificados de ações. O serviço de ações escriturais é realizado por bancos

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46especialmente autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários. Esse tipo de

ação apresenta problemas no seu processo de negociação, o que por vezes as

tornam indisponíveis por vários dias. Isso tem prejudicado a generalização do

sistema.

A custódia é um serviço que as bolsas e as sociedades corretoras

prestam aos seus clientes e que consiste na guarda de títulos e valores

mobiliários. As posições de cada custodiante deverão apresentar a gama de

papéis que o cliente possua, a quantidade de cautelas e ações custodiadas,

valores, datas de vencimento, e entidades emissoras dos títulos de renda fixa.

As contas de custódia são mantidas ao nível de cliente final. Portanto,

o cliente não mantém acesso direto à custódia. Cada conta de cliente tem que

estar necessariamente vinculada a um correntista, tomando-se uma subconta

com aquele correntista.

O correntista tem que ser uma instituição financeira ou um investidor

institucional. A razão para isso é que o correntista será o responsável pela

legitimidade dos títulos depositados na câmara de liquidação e custódia. A

manutenção de um título em custódia evita que o investidor tenha de carregá-lo

consigo, entrando em extensas filas para fazer sua atualização. Para evitar

esse desconforto, o investidor entrega seus títulos à bolsa de valores ou à

sociedade corretora, beneficiando-se do sistema de custódia que tem por

finalidade controlar o estoque de títulos, apresentando de forma atualizada e

dinâmica, as posições de cada custodiante ou cliente.

Enfim, o sistema de custódia deve registrar e controlar a movimentação

física das cautelas, quando do exercício dos direitos, informando, conforme o

caso, o local em que estão e o responsável, se está em poder do procurador,

da corretora, ou se está em poder da companhia emissora.

O sistema deve registrar e controlar a movimentação física das

cautelas, quando do exercício dos direitos, informando, conforme o caso o local

em que estão e o responsável se estão em poder do procurador, da corretora,

ou se está em poder da companhia emissora. Não se trata de uma baixa de

custódia (no estoque de títulos). Trata-se apenas de alteração do local de

guarda de cautela, que deverá ser controlado e registrado.

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47As custódias realizam ainda as tarefas de: controlar as datas de

vencimento ou prazos de resgate ou de reaplicação; controlar o exercício dos

direitos produzidos pelos títulos custodiados e tomar as providências

necessárias a esse exercício quer para os custodiados, quer para as

companhias emissoras, bem como revelar a posição de cada custodiante, com

relação aos direitos a que seus títulos façam jus, tão logo tenham sido

anunciados, tenham ou não sido exercidos; controlar as posições em aberto

dos mercados de opções, a termo e futuro (PINHEIRO, 2007). A utilização dos

serviços de custódia é cobrada do investidor pelo seu contratado, por meio da

taxa de custódia de ações.

A liquidação da operação é o processo de transferência dos títulos da

corretora vendedora para a compradora e o pagamento correspondente de

quem comprou para quem vendeu. A entrega dos títulos para a corretora

compradora, o pagamento e o recebimento da compra e da venda é feito no

terceiro dia útil a contar da data de realização da operação.

O relacionamento das bolsas de valores dá-se com as corretoras, e

essas, por sua vez, relacionam-se com os seus clientes. Pode-se afirmar,

portanto, que a corretora é a responsável pela liquidação das operações

realizadas.

O processo de liquidação abrange duas etapas, no entender de

Pinheiro (2007, p. 91):

a) liquidação física: implica na entrega dos títulos a bolsa de valores,

pela corretora representante do vendedor. Essa etapa ocorre no segundo dia

útil (D2) após a realização do negócio em pregão (Do). As ações vendidas

devem estar depositadas na CBLC, que durante a noite debita as ações da

conta do vendedor e efetua o depósito na conta do comprador. As ações ficam

bloqueadas e estarão disponíveis ao comprador após a liquidação financeira; e

b) liquidação financeira: compreende o pagamento do valor total da

operação, pela corretora representante do comprador, e o respectivo

recebimento pelo vendedor. Ocorre no terceiro dia útil (D3) após o fechamento

do negócio em pregão.

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48É permitida, no mercado a vista, a realização de operações de compra

e venda de uma mesma ação em um mesmo pregão, por uma mesma

corretora e por conta de um mesmo investidor. É uma operação de arbitragem

conhecida como day-trade, ocorrendo sua liquidação financeira por

compensação em D + 3.

A liquidação financeira é processada por meio do sistema bancário

mediante o envio de comandos de débito e crédito em conta corrente. Os

agentes de compensação devem manter contas de depósito a vista nos bancos

conveniados, responsabilizando-se pela cobertura de eventuais débitos e

entitulando-se ao saques e créditos. A critério dos agentes de compensação, a

liquidação financeira pode ser processada por meio da Central de Custódia e

Liquidação Financeira de Títulos (Çetip), amparada por acordo operacional

firmado com a CBLC.

Os agentes de compensação podem ser de dois tipos. Os agentes

simples responsáveis somente pela liquidação de suas próprias operações. E

os agentes plenos que, além de suas próprias operações, podem se

responsabilizar por aquelas realizadas por outras corretoras a eles vinculadas

por um contrato de compensação registrado na CLC. Uma corretora que não é

agente de compensação, antes de começar a operar nas bolsas, deverá

contratar um agente de compensação pleno.

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49

CAPÍTULO III

BOLSA DE VALORES NO BRASIL

As negociações com ações em bolsa de valores requerem a

intermediação das sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários,

credenciadas para executar as ordens de compra e venda de seus clientes em

pregão. Para a execução dessas ordens, cada corretora membro possui

operadores dentro do pregão e terminais de computador interligados aos

sistemas de bolsa (PINHEIRO, 2007).

Há um objetivo básico na regulamentação dos negócios na bolsa:

permitir que efetivamente reflitam as condições de oferta e procura. Daí surge à

obrigatoriedade o negócio ao melhor preço possível, permitindo-se a

interferência; e também a pronta divulgação das operações e condições em

que foram realizadas, proporcionar aos demais participantes avaliar as

condições de mercado. O direcionamento compulsório para as bolsas dos

negócios com ações de companhias nelas registradas, é outra forma de

aumentar a eficiência do processo de formação de preços.

Os principais negócios realizados no mercado a vista de uma bolsa de

valores de acordo com Pinheiro (2007, p. 79) são:

a) Comprar e reter a posição;

b) Comprar e vender por indicações técnicas;

c) Operar em conta margem;

d) Operar em combinação com os mercados futuros;

e) Operar day-trade.

As características fundamentais das negociações são (PINHEIRO,

2007, p. 81):

a) legitimidade da compra e venda para concretização das negociações

é necessário que o comprador deposite o numerário, o vendedor compareça

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50com as ações e a corretora confirme a existência do valor negociado e a

disponibilidade das ações para a venda;

b) negócios devem ser realizados durante o pregão no qual ocorrerão o

encontro das ofertas de compra e venda das ações;

c) pregão tem preços públicos preços e quantidades apregoadas

devem ser de conhecimento geral e de forma instantânea para que possam

determinar o valor venal das ações e sua liquidez;

d) fechamento de negócio - ocorre quando as corretoras

representantes do vendedor e comprador anunciam o fechado representando a

conclusão final do negócio.

O acompanhamento dessas operações pode ser realizado por meio de:

a) terminais da bolsa de valores;

b) Serviços de informação (Investnews, Broadcast, CMA etc.);

c) Sites da Internet;

d) Boletim diário de informações da bolsa de valores;

e) jornais de grande circulação.

As negociações nas bolsas de valores se realizam no "pregão", local

em que Se reúnem os corretores, seus membros, para cumprir ordens de

compra ou venda de ações emanadas de seus clientes. O pregão é o recinto

em que ocorrem as negociações entre representantes das sociedades

corretoras de títulos e valores mobiliários. A ele têm acesso apenas os

funcionários credenciados pelas corretoras (os representantes das corretoras,

chamados operadores de pregão, e os auxiliares de pregão) e os funcionários

da própria bolsa, que fornecem a infra-estrutura dos negócios e fiscalizam sua

realização.

Ao redor do pregão, estão distribuídas várias cabines ou mesas. Cada

sociedade corretora de títulos e valores mobiliários membro possui uma dessas

cabines e por meio de telefones, em sua maioria sem fio, transmitem,

diretamente de suas mesas de operações, as ordens de compra e venda para

seus operadores executarem.

Após o recebimento das ordens, os operadores procuram os postos

correspondentes a cada ação e tentam executá-las. A fim de facilitar a

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51realização das operações, as empresas são separadas por postos de

negociação, integrando ações que representem um volume semelhante de

negócios. Ao receber uma ordem de compra ou venda, o representante da

corretora se dirige para o posto em que aquela ação é negociada. Em voz alta

anuncia sua posição de comprar ou ser vendida (a que se dá o nome de lote),

as características do título (nome da companhia, espécie de ação etc.) e o

preço por lote de mil ações (PINHEIRO, 2007). As bolsas no Brasil utilizam o

sistema chamado de pregão contínuo em que, desde o início das negociações,

registradas em bolsa podem ser apregoadas. As operações são fechadas

quando há a compatibilidade entre os interesses de compra e venda.

As negociações no pregão são realizadas com base nos critérios

operacionais estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários e as bolsas

de valores. O relacionamento cliente-corretora-bolsa necessita ser

especialmente formal, para conferir às operações a segurança essencial à sua

legitimação. Tal formalidade se justifica, tendo em vista que as corretoras

operam por conta e ordem do cliente. Ao lado desse formalismo, verifica-se o

informalismo nas relações pessoais entre clientes e corretoras, caracterizado

por um diálogo que deve ser franco e esclarecedor, para que haja sempre a

interpretação correta das decisões de investimento (CAVALCANTE FILHO, &

MISUMI, 2002).

Para se tornar cliente de uma corretora, o investidor preenche uma

ficha cadastral e recebe a cópia da Política de Atuação da Corretora. Além da

ficha cadastral o cliente outorga procuração à bolsa de valores por meio de sua

corretora, para representá-lo e comparecer em seu nome no exercício de

direitos ou compra e venda de ações. Para poderem operar nos mercados

futuros e de opções, os clientes devem celebrar contratos especiais.

Os títulos e ações que entram na custódia da bolsa são acompanhados

de um guia de depósito de valores, emitido pela corretora, identificando o

cliente pelo seu código. Quando o cliente não deseja manter as ações em

custódia, a corretora envia-lhe as ações, acompanhadas de uma guia de

entrega de ações, que especifica os títulos entregues. Quando a custódia das

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52ações está na bolsa, e o cliente deseja movimentar suas ações, a bolsa emite

documento de retirada de títulos (CAVALCANTE FILHO, & MISUMI, 2002).

A corretora, depois de recebida a ordem de compra ou venda de seus

clientes, se encarrega de executá-la no pregão. Para isso ela mantém, no

recinto de negociação, operadores habilitados. São admitidos à negociação

apenas os títulos e valores mobiliários registrados na bolsa: ações de

sociedades anônimas (devidamente registradas na CVM com todas as

exigências legais e cujas empresas emissoras tenham cumprido as exigências

da bolsa de valores) e títulos públicos federais e estaduais.

Para a realização dessas operações, os procedimentos mais utilizados

segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2003, p. 88) são:

a) Negociação comum - esta negociação é realizada entre dois

representantes, um do comprador e o outro do vendedor, que apregoam em

viva voz suas intenções de compra e venda da ação mencionando suas

características como a quantidade e o preço unitário. Havendo o interesse, a

transação é concluída mediante a declaração da palavra Fechado. Caso a

ordem recebida pelo representante da corretora esteja com preço fora de

mercado (muito baixo para compra ou muito alto para venda), esse pode, em

vez de esperar que o mercado evolua até o preço em que está autorizado a

operar, optar por colocá-la em oferta (apregoação por oferta). A oferta é

registrada no computador, e as de melhor preço serão exibidas para

informação do mercado, passados três minutos de seu registro. A oferta terá

prioridade no fechamento com relação aos negócios apregoados por qualquer

outra forma, com preço idêntico, preço superior (no caso de venda) ou preço

inferior (no caso de compra). As formas ainda não executadas poderão ser

canceladas, desde que passados três minutos do momento de seu registro.

b) negociação direta - esta se dá quando o representante da corretora

traz ao pregão tanto a ponta compradora quanto à vendedora. Nesse caso,

para assegurar a transparência da operação e preservar os interesses de seus

clientes, ele não pode fechar a operação consigo. Terá que fornecer os

detalhes da operação ao posto de negociação por meio de um formulário

próprio. O funcionário da bolsa anunciará que tem uma "direta", dando todas as

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53características do negócio e indagando se há melhor preço. Se não houver

interferência (interesse de outro cliente que não seja um dos representados

pela instituição) é anunciado o fechamento do negócio. Havendo interferência

de outro representante que se proponha a comprar por mais ou vender por

menos, o proponente da direta poderá formular novo preço. Isso pode repetir-

se sucessivamente, até o fechamento do negócio, pelo melhor preço. Se

ocorrer interferência simultânea de dois representantes, um oferecendo para

comprar e outro para vender a preços melhores, a direta fica automaticamente

desfeita, obrigando-se seu proponente a fechar com os dois representantes

que interferiram.

c) negociação por leilão - que é feita sempre que a ação não tiver sido

negociada nos últimos cinco pregões e na primeira vez em que for negociada

ex-direitos. Se uma operação for fechada por apregoação comum, mas seu

valor for muito maior do que o normal com aquele papel, a bolsa não registrará

a operação e promoverá um leilão. No leilão comum é permitida a interferência

de compradores e vendedores. Existe ainda outro tipo de leilão, chamado de

especial, em que só admite-se a interferência de compradores.

Os leilões com aviso prévio são utilizados na venda de grandes lotes

de ações. São em geral promovidos por acionistas controladores, vendendo

parte das ações preferenciais que detenham, ou por investidor minoritário que

se desfaça de uma posição expressiva. A fim de possibilitar ao mercado tomar

conhecimento da realização do leilão, um edital com informações a respeito

das ações colocadas à venda e da empresa emissora é publicado na imprensa

(MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003).

Feita uma apregoação, qualquer representante poderá fechar o

negócio, bastando para isso gritar a palavra "fechado". Nessa hora, o vendedor

preenche a "boleta" com os detalhes da operação e a identificação das

sociedades corretoras envolvidas, assina-a e pega a assinatura do comprador,

entregando-a no posto correspondente. A operação é digitada no computador,

que verifica se está de acordo com as normas da bolsa. Em caso afirmativo, a

operação é registrada, divulgada nos vídeos.

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54d) negociação por oferta, realizada entre dois operadores, sendo um

deles representado pelo posto de negociação que recebeu a oferta. Por meio

dessa forma, um operador pode registrar num posto de negociação sua oferta

de compra ou venda de uma ação que ela será fechada, mesmo sem sua

presença, desde que haja algum interessado. O posto procurará fechar as

ofertas entre si, isto é, casar as ofertas de compra com as de venda. Nesse

caso, a operação será executada sem a presença dos interessados.

O pregão pode ser organizado de acordo com dois sistemas

alternativos de negociação com ações de acordo com Pinheiro (2007, p. 81):

I) Negociações em viva voz

Neste sistema os representantes das corretoras apregoam suas ofertas

em viva voz, especificando o nome da empresa, o tipo da ação e a quantidade

e preço de compra ou venda. No pregão de viva voz, são negociadas apenas

as ações de maior liquidez. As negociações em viva voz podem ser agrupadas

em dois tipos:

a) call system (sistema de grito) - nesse sistema, os operadores ficam

em volta de um balcão circular denominado de Corbelle, anunciando em viva

voz suas ofertas de compra e venda de ações. A duração dessas negociações

é definida pelo diretor do pregão e quando o tempo se esgota, o mesmo título

só poderá ser negociado em nova rodada no final ou no dia seguinte. Esse

sistema não é muito operacional para a negociação de grandes volumes ou em

mercados mais dinâmicos em função do risco que gera aos seus operadores;

b) trading post (postos de negociação) - nesse sistema, os negócios

são realizados durante todo o período do pregão. Nele os títulos são

negociados em postos de negociação de acordo com os setores ou ramos de

atividades econômicas afins e homogeneidade de volumes de transações.

II) Negociações por meio de sistemas eletrônicos

Os sistemas eletrônicos de negociação são aqueles que permitem às

sociedades corretoras cumprirem as ordens de clientes diretamente de seus

escritórios. Pelo sistema eletrônico de negociação, a oferta de compra ou de

venda é feita por meio de terminais de computador. O encontro das ofertas e

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55do fechamento de negócios é realizado automaticamente por computadores.

Os sistemas utilizados no mercado brasileiro são:

a) Sistema Eletrônico de Negociação Nacional (SENN): esse sistema

criado em 1991 e administrado pela Comissão Nacional de Bolsas de Valores

(CNBB) é operacionalizado pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. O sistema

interliga as bolsas de valores, todas as Sociedades Corretoras de Títulos e

Valores Mobiliários e demais participantes, na condição de

telecorrespondentes. Esse sistema foi criado para unificar as operações de

várias bolsas no país. Dessa forma, as ofertas e negócios são divulgados

automaticamente no momento em que são realizados, para a rede do SENN e

para mais de 2.000 terminais de clientes de todo o Brasil que podem, assim,

acompanhar o andamento dos negócios com segurança e visibilidade. Os

custos de manutenção são rateados entre as bolsas, na proporção da

participação de cada uma delas, no movimento mensal global do SENN;

b) Mega bolsa: sistema implantado em 1997 para atender ao

crescimento do mercado e as perspectivas de globalização, é um sistema de

negociação eletrônico utilizado pela Bolsa de Valores de São Paulo, onde as

ofertas de compra ou venda de ações são realizadas por terminais de

computador, havendo um encontro automático das mesmas. Gerencia as

negociações realizadas pelas instituições que operam na Bovespa.

A compra de ações em geral é orientada para um investimento, e essa

orientação é realizada quase sempre pela instituição representante do cliente.

Ela é que determina quais são as ações mais promissoras no momento e quais

dessas se adequam as características de seu cliente. A instituição tem que

procurar conhecer as necessidades de seus clientes para saber o que melhor

lhes convém. Parte desse conhecimento vem das informações fornecidas na

ficha cadastral, cujo preenchimento é obrigatório (MELLAGI FILHO &

ISHIKAWA, 2003).

Após as orientações, são dadas as ordens de compra (ou de venda) na

mesa e bolsa da corretora. A ordem é transmitida para o pregão e

encaminhada para os operadores. Esses se deslocam para os postos em que

aqueles papéis estão sendo negociados e procuram executá-la. Se a ordem for

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56ao mercado e se o papel tiver boa liquidez, poderá ser executada rapidamente.

Com o negócio fechado, um documento com os dados da operação "a boleta"

é preenchido e entregue no posto de negociação para registro (MELLAGI

FILHO & ISHIKAWA, 2003).

Ao final do dia, ou mesmo durante o pregão, o cliente é informado

sobre a execução de sua ordem e sobre os termos em que foi executada.

Também no final do dia, as diversas ordens executadas são "casadas" com as

recebidas pelo intermediário. Ademais, os recursos precisam ser recebidos do

investidor para posterior repasse à bolsa. E os títulos adquiridos acabarão

lançados na conta em nome do investidor, após a liquidação da operação pela

bolsa. As ações poderão ser retiradas, ou deixadas em custódia, de forma que

os direitos possam ser exercidos na ocasião oportuna.

As ordens podem ser dadas para o dia, e se não forem executadas até

o final do dia estarão automaticamente canceladas. Pode ser dada por prazo

indeterminado, ou em aberto. Nesse último caso, enquanto não for cancelada,

fica passível de execução.

As ordens podem ser passadas por escrito ou apenas verbalmente.

Quando preenche a ficha cadastral, o investidor declara se serão aceitas

ordens verbais. A ordem verbal é mais cômoda, pois o investidor não precisa ir

pessoalmente ou mandar alguém até o intermediário; a decisão é tomada por

telefone.

Ao ser recebida a ordem do cliente, o operador da mesa de bolsa deve

passá-la por um relógio-datador antes de encaminhá-la por telefone para os

operadores da corretora no pregão. Ao final do dia, as ordens executadas são

alocadas aos investidores (PINHEIRO, 2007). Os investidores comuns têm

prioridade sobre os chamados "profissionais de mercado", que são os sócios,

dirigentes e funcionários de sociedade corretora. Se, quando for executada no

pregão, houver tanto uma ordem profissional de mercado quanto uma de

cliente, a preferência vai para o cliente. Se houver ordens de mais de um

cliente, a alocação se dá por ordem cronológica (Ibidem, 2002).

A prioridade na execução de ordens é um dos pilares sobre o qual se

assenta o tratamento eqüitativo de todos os investidores. O uso do relógio-

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57datador é a garantia de que os direitos do investidor serão respeitados. Se for

um investidor ativo, com muitas ordens de compra e venda, deverá esperar que

no sistema elas se distribuam aleatoriamente, dentro do intervalo de preços

ocorrido nos dias em que opere.

Se a ordem for dada a uma distribuidora, por exemplo, passa-se por

duas mesas de bolsa: a da distribuidora e da corretora. Para a corretora, o

cliente é a distribuidora. Essa última é que aloca as ordens entre seus clientes.

Ainda para Pinheiro (2007, p. 86) os tipos mais comuns de ordem de

compra e venda são:

a) ordem de mercado: essas ordens devem ser executadas tão logo

sejam recebidas no pregão pelo operador, ao preço que puder ser obtido no

momento. Nesse caso, o cliente especifica a corretora apenas a quantidade e

as características das ações que deseja comprar ou vender. Por serem

executadas pela melhor cotação, podem oferecer o risco de não serem

satisfatórias em função da falta de controle sobre o preço de execução. Em

contra partida existe uma garantia maior de sua execução;

b) ordem limitada: nessa ordem o cliente estabelece o preço máximo

ou mínimo pelo qual ele quer comprar ou vender determinada ação. Ela

somente será executada por um preço igual ou o mais indicado dentro dos

limites estabelecidos. Em função dos limites estipulados esse tipo de ordem

permite total controle do preço de execução, mas pode ser de execução

demorada porque a ação pode não chegar a atingir o limite estabelecido ou

mesmo que chegue há uma fila de ofertas a ser respeitadas. É mais utilizada

no caso de ações pouco negociadas;

c) ordem administrada: quando o cliente estabelece somente a

quantidade e as características das ações que deseja comprar ou vender e a

execução da ordem fica a critério da corretora;

d) ordem discricionária: quando as condições de execução da ordem

são estipuladas por um gestor de carteira para que ela seja acatada. Após sua

concretização, deverão estar estipulados: nomes dos investidores para os

quais a ordem foi executada; quantidades proporcionais de ações que ficaram

registradas nos nomes de cada investidor; e preço determinado pelo gestor.

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58e) ordem casada: quando o investidor determina ordem de compra de

um título e venda de outro, condicionando sua efetivação ao fato de ambas

poderem ser executadas. Ou seja, o intermediário só deve executar uma parte

da ordem se sentir que poderá também executar a outra;

f) ordem de financiamento: quando o investidor determina uma ordem

de compra (ou venda) de um título e uma concomitante de venda (ou compra)

de igual título no mesmo ou em outro mercado com prazos de vencimentos

distintos. Esse tipo de ordem representa uma operação conjunta: uma compra

no mercado a vista, acompanhada da venda da mesma ação nos mercados a

termo ou a futuro, fazendo com que o investidor utilize o mercado para fazer,

na prática, uma aplicação ou captação de renda fixa;

g) ordem com stop: quando o cliente estipula preço mínimo e máximo

pelo qual a ordem será executada, ou seja, são limitadas as perdas/ganhos.

Essa operação não é regulamentada pela bolsa e depende de um acordo entre

cliente e corretora. Essa ordem pode ser utilizada para esconder a estratégia

do cliente evitando que a contraparte saiba de sua ordem antecipadamente e

possa inibi-Ia. Ela é muito útil também para os clientes que não têm tempo de

acompanhar de perto a movimentação da bolsa de valores.

Esse tipo de ordem pode ser de compra ou de venda: ordem com stop

de compra essa ordem é executada quando a cotação, durante um movimento

de alta, atinge um valor igualou maior ao determinado pelo cliente; ordem com

stop de venda essa ordem é executada quando a cotação, durante um

movimento de baixa, atinge um valor igualou menor ao determinado pelo

cliente.

Sobre as operações realizadas no mercado secundário para Pinheiro

(2007, p. 90) incidem os seguintes custos:

a) taxa de corretagem - cobrada pela instituição prestadora do serviço

ao executar as ordens de compra ou venda de ações. Essa taxa é livremente

negociada entre as partes;

b) taxa de serviço - representa um valor fixo cobrado pelas instituições

conforme sua estrutura de custos, geralmente varia em torno de R$ 25.00;

c) emolumentos;

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59d) taxa de custódia - cobrada a cada compra de ações.

A tributação sobre os negócios realizados nas bolsas pode ser

interpretada de duas formas: tem os impostos que as ações geram sobre

empresas e os impostos que incidem diretamente sobre os acionistas. No caso

das empresas as ações geram o imposto de renda sobre o lucro empresarial e

impostos relativos às atividades econômicas, que refletem no desempenho

econômico e no lucro da companhia. Sobre o acionista, gera um imposto de

renda de 10% sobre ganhos de capital calculado como a diferença entre valor

de aquisição e valor de venda, e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)

sobre o valor da operação, quando se concretiza a venda da ação. O ganho

líquido com as operações day trade (compra e venda de uma mesma ação no

mesmo dia) e tributado em 1%. Os dividendos das companhias estão isentos

de tributação uma vez que o lucro que os gerou já foi tributado.

3.1 Índices de ações da Bolsa

Os índices de ações são números índices temporais complexos, e na

maioria dos casos ponderados. Procuram medir a lucratividade média de uma

carteira consolidada de diversos investidores em ações durante um

determinado tempo. Por ser um valor numérico equivalente à média das

cotações de certo grupo de ações, considerada representativa de todo o

mercado, em determinado momento, podem ser considerados como

indicadores de variação de preços ou cotações de mercados utilizados para o

acompanhamento do comportamento das principais ações negociadas numa

bolsa de valores (PINHEIRO, 2007).

Pela comparação dos índices apurados sucessivamente pelas bolsas

de valores, pode-se saber se o mercado encontra-se em alta, estável ou em

baixa, o que orienta os investidores em suas aplicações no futuro próximo. O

acompanhamento do índice é feito em geral por meio de um gráfico simples

que registra sua evolução no tempo: um ano, um mês, uma semana ou até

mesmo ao longo de um dia.

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60Os índices de ações dão uma visão do mercado como um todo, pois

neles estão incorporados as principais ações e setores de uma economia. São

considerados um poderoso instrumento para a avaliação comparada de

performance de desempenho para gestores e investidores do mercado de

capitais. Para que um índice possa efetivamente ser utilizado como instrumento

de avaliação de desempenho de um mercado ou de uma bolsa, deve ser

composto por uma suposta carteira de ações que representam de forma mais

eficiente possível o comportamento do mercado.

Os índices podem ser classificados de distintas formas dependendo

dos critérios elegidos para sua elaboração. As classificações mais comuns são:

em função do tempo escolhido para seu cálculo (curto ou longo) e em função

do objeto (de preços ou rendimentos).

O critério de seleção das carteiras dos índices faz com que a

performance dos diferentes índices não seja a mesma, ainda que sejam

representativos da mesma bolsa ou mercado. Esse critério de seleção e o tipo

de metodologia utilizada para a formação das carteiras são, portanto, os fatores

que levam a personalização dos índices e impõem a necessidade de

constantes revisões das carteiras de índice, a fim de isolar as ações que

tenham freqüência mínima nos pregões e número mínimo de negócios

(MELLAGI FILHO & ISHIKAWA, 2003).

Exemplificação da rentabilidade dos indicadores / índices.

No período de JULHO/94 ate DEZ/09 (inicio do Plano REAL até

DEZ/09)

IBOV – 1.816% no período

POUPANÇA – 576%

IGP-M – 335%

FONTE: /www.bmfbovespa.com.br. 2010

Os principais índices brasileiros são: Ibovespa; Isenn; FGV 100; IBA; e

IBX (PINHEIRO, 2007).

Dentre os índices da bolsa de valores, pode-se citar vários tipos.

I) Índice da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Ibovespa)

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61O Ibovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das

cotações do mercado de ações brasileiro, porque retrata o comportamento dos

principais papéis negociados na Bovespa. É o mais representativo indicador

brasileiro, pela sua tradição - não sofreu modificações metodológicas desde

sua implementação, em 2-1-68 e também pelo fato de a Bovespa ser

responsável por aproximadamente 85% do total transacionado no mercado de

valores brasileiro (PINHEIRO, 2007).

O Ibovespa é o valor atual em moeda do país de uma carteira teórica

de ações, a partir de uma aplicação hipotética procurando aproximar-se da

configuração real das negociações a vista, em lote padrão, na Bolsa de Valores

de São Paulo. O Ibovespa pode ser considerado um índice de retorno total,

uma vez que sua metodologia prevê reaplicação de todos os ganhos auferidos

pelos investidores no mercado além da variação dos preços das ações. Por ser

o mercado brasileiro muito concentrado em poucas ações (de oito a dez ações

representam 50% do volume negociado no mercado), o índice possui um alto

grau de concentração em sua composição.

A Bovespa calcula seu índice em tempo real, considerando

instantaneamente os preços de todos os negócios efetuados no mercado a

vista (lote padrão), com ações componentes de sua carteira. Sua divulgação é

feita pela rede de difusão da Bovespa e também retransmitida por uma série de

vendedores, sendo possível, dessa forma, acompanhar on-line seu

comportamento em qualquer parte do mundo.

Sua carteira é composta pelas ações que tiveram, nos últimos doze

meses, o maior índice de negociação. Seu critério de seleção é com base na

negociabilidade das ações no mercado a vista dos pregões paulistas,

selecionando, para a composição do índice, aquelas que representam uma

negociabilidade mínima de 80% (ações do índice alcançaram 80% de

participação acumulada em termos de número de negócios e volume financeiro

nos 12 meses anteriores, tiveram presença em pelo menos 80% das sessões

de pregão), com predominância de ações preferenciais (PINHEIRO, 2007).

Feito isso, monta-se uma nova carteira, atribuindo-se a cada ação um novo

peso, segundo a distribuição de mercado, apurada pelo estudo de reavaliação

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62do mercado. As empresas que compõem o índice, aproximadamente de 70 a

100, são responsáveis, em média, por aproximadamente 70% do somatório da

capitalização versátil de todas as empresas negociadas (Ibidem, 2002).

Para que a representatividade do índice se mantenha ao longo do

tempo, quadrimestralmente é realizado uma nova avaliação do mercado

sempre com base nos 12 meses anteriores, para identificar as alterações na

participação relativa de cada ação. Feito isso, montá-se uma nova carteira,

atribuindo-se a cada papel um novo peso, segundo a distribuição de mercado,

apurada pelo estudo de reavaliação. Os direitos como os splits, pagamento de

dividendos e distribuição de direitos à subscrição, geram ajustes no índice por

meio da incorporação à carteira da ampliação das quantidades teóricas de

ações que originaram esses direitos (PINHEIRO, 2007).

II) Índice de Rentabilidade do Sistema de Negociação Nacional

(ISENN)

O Sistema de Negociação Nacional (Senn), inaugurado em 16-9-91, é

um sistema computadorizado que interliga on-line as bolsas brasileiras sob um

grande pregão nacional de ações. Para medir o comportamento desse

mercado, nasceu o Isenn, o índice de rentabilidade do Senn. O Isenn é um

índice que representa as 40 ações mais negociadas no sistema. Pondera a

participação, ou o produto do preço pela quantidade, de cada ação pelo volume

financeiro de cada ação no total, num período de 12 meses (PINHEIRO, 2007).

Começou a ser calculado na data da inauguração do Sistema de

Negociação Nacional (16-9-91) com valor de abertura de 1.000 pontos e desde

então é divulgado diariamente em tempo real por meio da rede de terminais do

Senn e das empresas difusoras de informações aos mercados (PINHEIRO,

2007).

A carteira teórica é formada pelas empresas que obtiveram as 100

primeiras colocações no ranking de excelência e liquidez. A participação de

cada empresa na carteira teórica reflete o peso relativo de seu Patrimônio

líquido no patrimônio líquido agregado das 100 maiores empresas escolhidas

para compor a referida carteira. A carteira é atualizada a cada três meses, no

último dia útil de cada mês final de cada trimestre, passando a vigorar no

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63pregão imediatamente seguinte. No caso da ocorrência de operações

classificadas como atípicas com alguma ação que compõe o índice, ela é

substituída por outra que seja a mais negociada dentro do padrão de

negociação regular no mesmo período.

III) Índice da Fundação Getulio Vargas (FGV 100)

A Fundação Getulio Vargas é uma instituição privada brasileira, sem

fins lucrativos, que se dedica ao ensino e à pesquisa em ciências sociais,

particularmente nos campos da economia, da administração e da história. O

índice FGV 100 reflete o comportamento, no mercado de valores brasileiro, de

uma carteira teórica formada por ações de 100 empresas privadas não

financeiras, selecionadas segundo os critérios de: excelência empresarial e

liquidez em bolsa (PINHEIRO, 2007).

Por englobar apenas empresas não financeiras de capital privado, esse

índice representa um importante instrumento de acompanhamento de ações

consideradas de segunda linha pelo mercado. A carteira teórica é formada

pelas empresas que obtiveram as 100 primeiras colocações no ranking de

excelência e liquidez. A participação de cada empresa na carteira teórica

reflete o peso relativo de seu patrimônio líquido no patrimônio líquido agregado

das 100 maiores empresas escolhidas para compor a referida carteira. Tanto a

composição quanto à estrutura de ponderação da carteira teórica são revistas e

atualizadas anualmente ou quando ocorre a interrupção da negociação de uma

ação que compõe o índice.

Na ausência de cotações considera-se a cotação da última negociação

realizada com a ação. Tanto para a subscrição, os dividendos e as

bonificações são aplicados uma fórmula de ajuste que segue a metodologia

comumente adotada pelas bolsas de valores.

IV) Índice Brasileiro de Ações (IBA)

O Índice Brasileiro de Ações foi desenvolvido com o objetivo de

oferecer maior e representatividade do comportamento global do mercado

acionário brasileiro. Ele representa o comportamento de uma carteira

adequadamente diversificada, com abrangência nacional, permitindo com isso

a sua utilização nos mercados futuros (PINHEIRO, 2007).

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64Ele é gerado e divulgado pela Comissão Nacional de Bolsas de Valores

e a consideração básica para a determinação da amostra de ações a ser

utilizada no índice a presença regular em pregões. Para evitar a distorção

provocada por algumas ações que aparecem regularmente nos pregões, mas

tem o preço de suas negociações potencialmente pouco representativo, foram

adotados dois critérios: a freqüência de presença em pregões e o número

médio de negócios em um período passado recente.

O critério adotado para que uma ação fosse incluída na amostra é a

participação em pelo menos 80% dos pregões nos últimos seis meses, com

uma média de 10 negócios por pregão. Como o número de pregões em meses

normais oscila em torno de 22, esse critério geral pode ser operacionalizado

exigindo-se que, para a inclusão na amostra do IBA, uma ação deva ser

negociada em pelo menos 18 pregões por mês e tenha apresentado, ainda,

pelo menos 220 negócios em cada um dos últimos seis meses (PINHEIRO,

2007).

A aplicação pura e simples destes dois critérios poderia levar algumas

empresas a incluírem mais de uma ação no índice. Múltiplas inclusões

resultariam em um excessivo peso de uma única empresa no índice. Nesse

contexto, apenas uma ação de cada empresa foi incluída na amostra do índice,

como critério adicional adotado para a sua geração (PINHEIRO, 2002). Os

estudos iniciais para a composição da amostra do índice brasileiro de ações

foram fundamentados na aplicação dos critérios de número mínimo de

presença em pregões e de negócios sobre as ações negociadas na Bolsa de

Valores em cada um dos últimos seis meses. De julho a dezembro de 1984,

produziu uma amostra de 25 ações. Neste total, entretanto, quatro empresas

(Petrobrás, Mannesmann, Vale e Acesita) apresentaram mais de uma ação na

amostra. Eliminando-se as ações menos líquidas dessas empresas (Petr ON,

Mann PN, Vale ON e Aces ON) chega-se à amostra de ações da Bolsa de

Valores a serem incluídas em tese, no índice brasileiro de ações em janeiro/85

(PINHEIRO, 2007).

Algumas ações foram incluídas na amostra de São Paulo. Sua amostra

considerou apenas os negócios da bolsa de maior liquidez. Por este critério,

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65chegou-se a uma amostra de 45 ações, que passaram a integrar em tese, os

estudos iniciais do IBA para amostra válida em janeiro de 1985. Para adequar-

se à utilização como instrumento de negociação em mercado futuro, o IBA é

gerado pelo valor de mercado de uma carteira definida pela quantidade com

que cada ação nela participa. Nesse sentido, ele passa a ser um índice de

preços.

A carteira de ações que o define é representativa do conjunto de

investidores privados. Entretanto, no caso brasileiro, algumas considerações

são necessárias, o mercado dispõe de uma expressiva participação de

empresas controladas por um estado possuidor de grande quantidade de

ações que não podem vir livremente ao mercado. Nesse contexto, a

quantidade de ações possuídas pelo governo deve ser retirada do total das

quantidades de ações emitidas pelas empresas estatais, para que a carteira

possa ser considerada como representativa do setor privado da economia. A

carteira do IBA passa, então, a ser definida pela quantidade de ações de cada

ação da amostra nas mãos do público privado.

V) Índice Brasil para liquidação (IBX)

O Índice Brasil para Liquidação é um índice de preços que mede o

retomo de uma carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as

mais negociadas na Bovespa, em termos de número de negócios e volume

financeiro, ponderadas no índice pelo seu respectivo número de ações

disponíveis à negociação no mercado (PINHEIRO, 2007).

Arbitrariamente fixado em 1.000 pontos para a data de 28-12-95, o IBX

teve sua divulgação iniciada em 2-1-97. Com o objetivo de estabelecer seu

valor inicial em 1.000 pontos, o valor de mercado da carteira foi ajustado por

um redutor (coeficiente de ajuste). O valor do índice é divulgado diariamente

após o encerramento do pregão, e calculado utilizando-se o preço de

fechamento observado nas transações realizadas no mercado a vista, com

lotes padrões da Bovespa (PINHEIRO, 2007).

A carteira teórica do índice tem vigência de quatro meses, vigorando

para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a dezembro. Ao

final de cada período a carteira é reavaliada. O redutor do índice será alterado

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66sempre que necessário, para acomodar inclusões ou exclusões de ações na

carteira, à época de seu rebalanceamento periódico ou quando ocorrerem

ajustes decorrentes de proventos/eventos concedidos pelas empresas. O peso

específico de cada ação no índice poderá alterar-se ao longo da vigência da

carteira, em função da evolução dos preços de cada ação e da distribuição de

proventos pela empresa emissora. Quando da distribuição de proventos por

empresas emissoras de ações pertencentes ao índice, efetuar-se-ão os ajustes

necessários de modo a assegurar que o índice reflita não somente as

variações das cotações da ação, como também o impacto da distribuição dos

proventos. Em função desta metodologia, o IBX é considerado um índice que

avalia o retorno total (Total Return) das ações componentes de sua carteira.

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CONCLUSÃO

Diante destes textos, observa-se que o Sistema Financeiro Nacional foi

institucionalizado e implementado (1964/68) na economia brasileira, seguindo

uma orientação que privilegiou a especialização de suas instituições e

mercados segundo áreas de captação e aplicação dos recursos mobilizados.

A estrutura financeira funciona suportada por uma intrincada rede de

subsídios e incentivos fiscais, a qual responde, em boa parte, pelas receitas do

setor. A correção monetária, depois substituída pela TR - Taxa Referencial de

Juros, foi sempre à forma adotada para operar nos mercados com taxas de

juros reais, o que estimula os fluxos financeiros voluntários na economia,

complementados, sempre, pela poupança compulsória mobilizada em fundos,

tais como o FGTS, o PIS e o COFINS. Desde julho de 1994, o governo federal

anuncia a extinção ou o espaçamento para um ano da correção monetária,

com o fortalecimento da moeda e a queda pronunciada do processo

inflacionário.

Correção Monetária, poupança compulsória e incentivos fiscais foram

os pilares sobre os quais se construiu a estrutura de intermediação financeira

do Brasil. A conglomeração, decorrente de orientação e estímulos do governo,

e também da solução para problemas de falências de instituições financeiras,

passou a redefinir o Sistema Financeiro Nacional, iniciando a ruptura com o

modelo da especialização. Ao se esgotar o processo de conglomeração no

âmbito doméstico da economia, ficam colocadas as bases para a

transformação desses conglomerados em bancos múltiplos ou universais,

suspendendo, assim, o estigma da especialização.

A determinação oficial em extinguir o processo inflacionário brasileiro

traduziu-se numa política monetária extremamente austera, e isso modificou a

estrutura financeira da rede bancária brasileira. A inflação criava importante

fonte de receita para os bancos. A perda dessa receita precisa ser

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68compensada, numa economia sem correção monetária generalizada, por um

processo de reestruturação dos bancos, visando à dramática redução de

custos. O prazo entre a data de depósito de um cheque e seu pagamento é

conhecido como float. No Brasil, pode ser de 24 horas, 48 horas, ou alguns

dias úteis, dependendo da distância entre as praças onde o cheque é cobrado

e pago. Em outros países, esse período pode se alongar bastante.

O Banco Central enxugou a quantidade de dinheiro circulando na

economia, elevou os juros e, em alguns casos, provocou a chamada

desintermediação bancária (os cheques pré-datados no financiamento ao

consumidor são parte deste processo). A redução da quantidade de dinheiro

chegou a representar inéditos 86% sobre os depósitos, uma situação sem

paralelo nos sistemas bancários mundiais.

As dívidas de clientes bancários que deveriam ser lançadas como

créditos em liquidação eran1 taxadas com o Imposto de Renda e a

Contribuição Social, até o esgotamento das instâncias judiciais que podem

levar até 20 anos, na legislação brasileira. As fusões foram estimuladas através

do PROER - Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do

Sistema Financeiro Nacional. O PROER criou o FGC - Fundo de Garantia de

Créditos, popularmente chamado seguro-depósito, que garante depósitos e

aplicações até o limite de R$ 20.000,00 por depositante, o que deve

salvaguardar os interesses de 98% dos clientes da rede bancária, e

aproximadamente 50% dos passivos bancários. O FGC é constituído de

contribuições obrigatórias dos bancos à razão de 0,025% mensais sobre o

saldo de depósitos e aplicações do mês anterior, além de outras verbas

específicas.

A Lei de Mercado de Capitais extinguiu a figura do corretor de fundos

públicos e instituiu as sociedades corretoras, instituições financeiras membros

da Bolsa de Valores, constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por

quotas de responsabilidade ilimitada. Os objetivos dessa transformação foram

diversos: extinguir a vinculação do corretor ao Estado, em termos de

serventuário; subordiná-lo ao regime da lei comercial; permitir uma fiscalização

direta dos organismos federais em relação às atividades daqueles que eram

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69corretores estaduais. Desde que autorizada pelo Banco Central e pela

Comissão de Valores Mobiliários, qualquer sociedade pode adquirir um título

patrimonial da Bolsa em que deseje ingressar, submetendo-se às exigências

legais e estatutárias da mesma, e tornando-se uma sociedade corretora.

Enfim, percebe-se que o Brasil vem conseguindo, nos últimos anos, dar

passos importantes no sentido da democracia e da estabilidade econômica.

Também temos conseguido algumas vitórias contra grandes males, como o

estatismo e o corporativismo. O caminho a percorrer, porém, ainda é imenso e

cheio de obstáculos. O mercado de capitais é agente e beneficiário desse

processo e continuará cumprindo o seu papel.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BORBA, Jose Edwaldo Tavares. Direito societário. 9.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. CAVALCANTE, Francisco; MISUMI, Jorge Yoshio. Mercado de capitais. 7.reimp. Rio de Janeiro: Comissão Nacional de Bolsas: Elsevier, 2003. FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. 16.ed.rev.atual. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. ROCCA, Carlos Antonio (Org.); et. al. O novo plano diretor do mercado de capitais: enfrentando com maturidade os desafios da crise. Rio de Janeiro: Elsevier : IBMEC, 2009

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71

BIBLIOGRAFIA CITADA BARBEDO, Cláudio Henrique; et al. Mercado de derivativos no Brasil: conceitos, operações e estratégias. Rio de Janeiro: Record, 2005. BONFIM, Antulio Neves. Derivativos de créditos e outros instrumentos. (trad.) JAEGER, Cristiane. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 BOVESPA. O mercado de ações na década do real. Disponível em: www.acionista.com.br. Acesso em: jul.2010. CARDOSO, Eliana A. Economia brasileira ao alcance de todos. São Paulo: Brasiliense, 2000. CARNEIRO, R. M. Desenvolvimento em Crise: A Economia Brasileira no Último Quarto do Século XX. São Paulo: Unesp, 2002. CARVALHO, Fernando Cardim de, et. al. Economia monetária e financeira: teoria e política. Rio de Janeiro: Campus, 2000. CAVALCANTE FILHO, Francisco Silva; MISUMI, Jorge Yoshio. Mercado de capitais. 4 ed. rev. e aum. Belo Horizonte: CNBV, 2002. FARHI, M. O Impacto dos Ciclos de Liquidez no Brasil: Mercados Financeiros, Taxa de Câmbio, Preços e Política Monetária. In: CARNEIRO, R. (Org.). A Supremacia dos Mercados e a Política Econômica do Governo Lula. São Paulo, Unesp, 2006. FARHI, M. Derivativos financeiros: hedge, especulação e arbitragem. Revista Economia e Sociedade, IE/Unicamp, Campinas (13), p.93-114, dez. 1999. GUTTMANN, Robert. Uma introdução ao capitalismo dirigido pelas finanças. Revista Novos Estudos, Cebrap, n. 82, p.11-33, nov. 2008. MELLAGI FILHO, Armando; ISHIKAWA, Sérgio. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Atlas, 2003. NOBREGA, Maílson da, et al.. BOVESPA. Mercado de capitais: sua importância para o desenvolvimento e os entraves com que se defronta no Brasil. Estudos para o desenvolvimento do mercado de capitais. Disponível em: www.bovespa.com.br. Acesso em: jul.2010.

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72OREIRO, J. L. P. Autonomia, Fragilidade e Equilíbrio: a Teoria sobre os Controles de Capitais. In: SICSÚ, J.; FERRARI FILHO, F. (Orgs.). Câmbio e Controles de Capitais. Rio de Janeiro: Campus, 2006. PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. RUDGE, Luiz Fernando; CAVALCANTE, Francisco. Mercado de capitais. 3 ed. rev. e aum. Belo Horizonte: CNBV, 1996. SITE BOVESPA. História do Índice Bovespa. Disponível em: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=Ibovespa&Opcao=0&idioma=pt-br. Acesso em: jul.2010. TAVARES, M. C.; BELLUZZO, L. G. M. A Mundialização do Capital e a Expansão do Poder Americano, in: FIORI, J. L., (Org.), O Poder Americano. Petrópolis: Vozes, 2005.

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ÍNDICE AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ................................................................................................... 4

RESUMO ........................................................................................................... 5

METODOLOGIA ................................................................................................ 6

LISTA DE SIGLAS ............................................................................................. 7

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I ..................................................................................................... 14

MERCADO E SISTEMA FINANCEIRO DO BRASIL ........................................ 14

1.1 Conceito, funções e estrutura .................................................................... 23

CAPÍTULO II .................................................................................................... 37

MERCADO DE CAPITAIS E A BOLSA DE VALORES .................................... 37

2.1 Situação da custódia e liquidação de ações .............................................. 44

CAPÍTULO III ................................................................................................... 49

BOLSA DE VALORES NO BRASIL ................................................................. 49

3.1 Índices de ações da Bolsa ......................................................................... 59

CONCLUSÃO .................................................................................................. 67

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 70

BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................. 71

ÍNDICE ............................................................................................................. 73