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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A AGRICULTURA ORGÂNICA PRODUZIDA NO BREJAL NA ZONA RURAL DO DISTRITO DA POSSE E O PERFIL DOS CONSUMIDORES NO EMPÓRIO ORGÂNICO Por: Katia Soares de Lima Orientador Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AGRICULTURA ORGÂNICA PRODUZIDA NO BREJAL NA ZONA

RURAL DO DISTRITO DA POSSE E O PERFIL DOS CONSUMIDORES

NO EMPÓRIO ORGÂNICO

Por: Katia Soares de Lima

Orientador Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A AGRICULTURA ORGÂNICA PRODUZIDA NO BREJAL NA ZONA RURAL DO DISTRITO DA POSSE E O PERFIL DOS CONSUMIDORES NO EMPÓRIO ORGÂNICO

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como

requisito para obtenção do grau de especialista em Gestão Ambiental.

Por: Kátia Soares de Lima

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família que me apoiou nos momentos mais difíceis nesta pesquisa e fizeram que eu não desistisse no caminho.

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RESUMO

Esta monografia irá abordar o perfil dos consumidores orgânicos no

estabelecimento Gob Empório Orgânico Ltda, no qual serão pesquisadas as variáveis:

sexo, renda familiar, grau de instrução, consumo de orgânicos, periodicidade de

consumo, entre outros. Essas variáveis serão pesquisadas com base em 83 entrevistas

realizadas.

Esta pesquisa teve como fundamentado traçar o perfil dos consumidores

orgânicos dos produtos oriundos na área rural do Brejal em Petrópolis, para isso, deu-

se à necessidade de criação de um questionário para atender aos objetivos específicos

na verificação às causas que podem favorecer o aumento do consumo de orgânicos

nesse estabelecimento e verificar as causas que levam os consumidores a consumir

alimento orgânico em vez do convencional.

Para isso, ao analisar os dados serão abordados de forma subjetiva sem contudo

mensurar com modelo econometrico ou com expansão dos dados.

Palavras-Chave: agricultura, distribuição e consumidores.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa está sendo feita a partir de um levantamento bibliográfico

sobre os assuntos referentes à agricultura familiar orgânica, perfil dos consumidores

orgânicos e a forma como esses produtos são distribuídos. Esse levantamento

bibliográfico não tem a intenção de esgotar o assunto e, sim, dar suporte para analisar

o perfil dos consumidores.

Para alcançar os objetivos gerais e específicos, foi elaborados um estudo de caso,

com fim qualitativo na empresa Gob Empório Orgânico ltda, situada na zona sul do

estado do Rio de Janeiro, aplicando um questionário para mapear o perfil dos

consumidores deste produto, dentro das delimitações de tempo e espaço.

A aplicação do questionário terá como fundamento levantar no sentido qualitativo

as principais variáveis como renda, periodicidade de consumo, instrução, moradia,

idade e sexo.

A partir da aplicação desse questionário, a autora pode através de figuras e

tabelas, analisar os dados com o objetivo qualitativo sem a utilização de um modelo

econométrico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

07

CAPÍTULO I - AGRICULTURA FAMILIAR ORGÂNICA 15

CAPÍTULO II - CONSUMIDOR DE PRODUTOS ORGÂNICOS 27

CAPÍTULO III - CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO 35

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

BIBLIOGRAFIA CITADA 63

ÍNDICE 65

FOLHA DE AVALIAÇÃO 66

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INTRODUÇÃO

Alimentos orgânicos são alimentos produzidos através de um sistema de produção

que leva em conta a interação entre o conjunto do ambiente entorno da plantação e sua

cultura, dando um enfoque especial na preservação e conservação ambiental,

colocando o meio ambiente como um dos componentes da produção, fomentando e

destacando a biodiversidade, ciclos biológicos e atividade do solo.

Na produção não podem ser usados agrotóxicos, antibióticos, hormônios, aditivos

artificiais, transgênicos e ionizantes. O controle de organismos que podem ser tornar

pragas ou doenças são cuidados através do controle ambiental e práticas culturais.

Atualmente, usa-se a recirculação dos nutrientes e da matéria orgânica alem de

recursos naturais renováveis como energia solar e processos biológicos para diminuir a

dependência por recursos não renováveis.

O movimento orgânico começou a ganhar força a partir dos anos1 60 e 70

passando a ser chamar de agricultura alternativa. Nesse movimento estavam contidos

vários grupos distintos com diversidades de filosofias e conhecimentos, mas com um

ideal comum de buscar uma agricultura ecologicamente sustentável, viável (no sentido

financeiro), socialmente correta e que tenha uma integração com o meio ambiente. Já,

no ano de 84, foi elaborada a Carta de Petrópolis2 para sintetizar o pensamento em prol

da agricultura orgânica e sustentável.

No estado do Rio de janeiro, na zona rural da Posse, a região de Brejal3 em

Petrópolis passou, a partir do fim da década de 70, com a demanda da classe média

alta do Rio de janeiro a produzir alimentos orgânicos, mais precisamente, verduras,

legumes e frutas.

1 Ao mencionar anos 60, 70 e 80, a autora se reporta ao século 20. 2 Carta elaborada em 1984, durante o II Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa, que sintetizou o pensamento com foco em desenvolvimento sustentável de mais de 1.800 pessoas entre técnicos, produtores e autoridades públicas. 3 Brejal é uma localidade rural do distrito da Posse e fica a 100 km do município do Rio de Janeiro.

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Nesse meio termo foi criada a Associação Harmonia Ambiental - COONATURA4

em 1978, com a finalidade de integralizar produtores com consumidores. Essa

associação reuniu mais de 2000 associados, no Rio de Janeiro, e passou a

desenvolveu um projeto social agregando associativamente cerca de 15 famílias5 que

aprenderam a plantar utilizando uma tecnologia mais saudável e, desta forma, recebem

mais do que receberiam vendendo ao Ceasa. Essas famílias são responsáveis pela

produção de quase 70% das verduras orgânicas no estado do Rio de Janeiro, segundo

ABIO6.

No ano de 1984 foi fundada a ABIO (Associação de Agricultores Biológicos do

estado do Rio de Janeiro) com a finalidade de ajudar e ser um facilitador na troca de

experiências entre os associados e criar meios para a comercialização dos seus

produtos através de estruturas de feiras e pontos no varejo.Hoje, os agricultores filiados

a ABIO têm sua produção certificada7 como orgânica, atendendo os requisitos do

Ministério da Agricultura para o produto ser considerado orgânico.

Tabela 1 – Produtores certificados pela Abio por região ano base de 2008

Região Número de propriedades certificadas

Serrana 68

Fluminense 54

Metropolitana 19

Litorâneas 10

4 A Coonatura e’ uma ONG sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública estadual, e pioneira no setor da Agroecologia fluminense. Após 20 anos de luta ecológica, aparece ainda hoje como a maior produtora de hortigranjeiros ecológicos do estado do Rio de Janeiro. 5 Inicialmente foram 15 famílias no sítio semente, mas a partir de 2000 passou a ter mais de 55 fámilias. 6 Foi fundada em 1984 por produtores orgânicos que comercializavam isoladamente. 7 Selo especifico que atesta a qualidade, origem e destino dos produtos orgânicos.

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9

Costa Verde 05

Paraíba 01

Sem informação 04

Total 161

Fonte: ABIO, 2002, pág 4.

A partir da tabela 1, verifica-se a importância da ABIO no estado do Rio de Janeiro

e, no contexto, a região serrana na produção orgânica. As concentrações de produtores

estão concentradas na região serranas e muitos produtores estão isolados em alguns

municípios.

A explicação da concentração na região serrana (a primeira é o trabalho da

COONATURA) está ligada diretamente da sua proximidade com outros municípios da

capital do estado e, também, por historicamente esta região já ter produção agrícola.

Segundo Campos (2001), afirma que a produção orgânica é de pequena

propriedade rural e foi trazida por pequenos investidores oriundos da capital,

confirmada pela tabela 2.

Tabela 2 – Área rural certificada ano de 2008.

Área Porcentagem (%)

Até 5ha 59,0

5 a 10 ha 13,7

10 a 20 ha 13,0

20 a 100 ha 9,3

Mais de 100ha 1,9

Sem informação 3,1

Total 100

Fonte: ABIO,2002, pág 9.

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Agora, passando em números a produção no Brasil, segundo relatório da IFOAM

(Internacional Federation of Organic Agriculture Moviments) em conjunto com Yussefi &

Willer (2003 e 2006), o Brasil tem como exportação: café, soja, açúcar e carne e para o

mercado interno: frutas, legumes e verduras. Os principais produtores são: São Paulo,

Paraná e Rio Grande do Sul. O Rio de Janeiro embora não seja um grande produtor,

sua importância está na construção do movimento orgânico nacional devido ao

pioneirismo na produção e iniciativas de difusão deste modelo agrícola.

O Rio de Janeiro tem sua produção voltada para atender o mercado interno, sem

exportação, possuindo segundo a ABIO, estabelecimentos rurais certificados

espalhados por 38 municípios do Rio de janeiro representando mais de 190

propriedades.

Já a comercialização é feita nos dias terça, quinta e sábado e entregue na Cobal

Humaitá (algumas lojas vão retirar na Cobal), feiras livres e nos supermercados.

No ano de 2002, foi aberto um ponto de comercialização na Cobal Humaitá

denominado Empório Orgânico com a finalidade de atender aos associados da

COONATURA e a demanda por produtos orgânicos manufaturados e o FLV (fruta,

legumes e verduras). Essa loja passou a comercializar com um preço diferenciado os

produtos vindo do Brejal na forma de feira livre e entrega a domicilio. Nesse entreposto,

possui uma farta variedades de produtos, alem de atender demanda por alimento vivo8,

especialmente suco de clorofila9 e salada viva.

O Empório Orgânico é administrado por ex-diretor da COONATURA e tendo como

objetivo ter sempre em suas prateleiras produtos ecologicamente corretos.

Legislação brasileira de orgânicos

Fonseca (2001) afirma que os agricultores eram assessorados por ONGs

(COONATURA e COOLMEIA) que orientavam com práticas alternativas de produção e 8 Alimento vivo são produtos derivados da terra que não vão ao fogo com temperatura acima do ambiente. 9 Suco de clorofila é a fusão de raízes, folhas e maça batidos no liquidificador.

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comercialização aproximando produtor ao consumidor. Com o aumento da demanda

por esses novos produtos e, também, da produção fez com que surgisse a necessidade

de regulamentação.

Por isso, em 1994, iniciou-se a discussão entre o governo e a sociedade para

regulamentar os parâmetros técnicos da produção, apontando os insumos permitidos e

os proibidos alem do transporte, comercio e processamento dos produtos. Essa

regulamentação ocorreu em maio de 1999 com a publicação da Instrução Normativa de

007/99 do MAPA (BRASIL, 1999, pág 3.).

Em 2003, a lei 10831 (anexo 1) dispõe sobre definição da agricultura orgânica,

suas definições e condições obrigatórias para produção e comercialização no âmbito

nacional, mas faltou sua regulamentação fazendo com que documentos normativos

organizam a atividade como IN 007/99, IN 16/04, decreto 6323/07 e portaria 158 do

MAPA.

Até a data de 2005, Medaets & Fonseca (2005) afirmam que o Estado atesta que

o organismo que está apto para ser fiscalizador dos produtores e comercializadores

com a finalidade de garantir ao consumidor que os mesmos estão de acordo com as

normas técnicas vigentes.

Em 2008, foi publicada instrução normativa das comissões e da produção primária

- animal e vegetal (BRASIL, 2008, pág 1.).

Em 2009, foi publicada instrução normativa nº 50 com objetivo de regulamentar a

agricultura orgânica (BRASIL,2009, pág 1.).

Contextualização do problema

A distribuição de verduras, legumes e frutas orgânicas (o chamado de feira

orgânica) está concentrada na entrega direta do produtor ao lojista, estruturada

principalmente em carros particulares dos produtores, fazendo com que a qualidade e a

quantidade de entrega fique prejudicada. O perfil dos consumidores desses produtos

deverá ser de classe acima de D, conforme tabela 3. Por isso, a tendência é de um

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consumo diário e com diversidades, onde o peso maior está ligado diretamente a ter

oferta de produtos.

O mapeamento do perfil dos consumidores e a produção de orgânicos no brejal

tende a ter uma relação direta entre demanda e oferta, mas podemos verificar, nessa

pesquisa, que a produção não deve atender o consumidor devido a falta de produtos

em conseqüência da natureza (chuvas em janeiro a março, sol forte em dezembro).

Com isso, a justificativa dessa pesquisa e verificar o perfil dos consumidores e

cruzar com o atendimento de suas necessidades diárias de consumo dentro da relação

do ponto de venda Gob Empório Orgânico e a produção do Brejal.

Tabela 3 – Classe social no Brasil em relação ao salário mínimo

Classe Faixa de salário

mínimo A acima de 30 B 15 a 30 C 6 a 15 D 2 a 6 E 0 a 2

Fonte: (IBGE, 2006,pág 3.)

Abrangência da pesquisa

A abrangência da pesquisa fica restrita a ponto de venda Gob Empório Orgânico

situada na Cobal Humaitá no estado do Rio de janeiro e o período de aplicabilidade do

questionário, por meio de entrevista, será no mês de junho de 2010.

Relevância científica

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Essa pesquisa poderá ser uma fonte de consulta para outros trabalhos científicos

e poderá servir de base para uma pesquisa quantitativa com a intuição de mensurar

esse mercado, através de um modelo econométrico.

Objetivos da pesquisa

Há um objetivo geral e dois objetivos específicos, listados a seguir.

Objetivo geral

Levantar o perfil dos consumidores de alimentos orgânicos no estabelecimento

Gob Empório orgânico Ltda.

Objetivo específico

Verificar as causas que podem favorecer o aumento do consumo de orgânicos

nesse estabelecimento.

Verificar as causas que levam os consumidores a consumir alimento orgânico em

vez do convencional.

Delimitação da pesquisa

A necessidade de um foco preciso para atender os objetivos dessa monografia

levou à exclusão de aplicar um questionário para os produtores rurais do Brejal. Assim

também, a necessidade de focar este trabalho nos dados disponíveis limitou a pesquisa

na Gob Empório Orgânico ltda.

A característica descritiva adotada nesta monografia não permite a obtenção de

resultados como os que seriam encontrados através da utilização de um modelo

econométrico. Isso trás como conseqüência subjetividade das conclusões, mas permite,

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ainda assim, um resultado com valor acadêmico e podendo ser de base para futuros

estudos que buscam testa-los.

A principal delimitação dessa pesquisa é a aplicabilidade do questionário apenas

em um ponto de venda e o espaço curto de tempo para realizar essa pesquisa.

A outra delimitação é a utilização de dados secundários para avaliação da

produção de orgânicos no Brejal, devido à falta do tempo e de recursos para a elaborar

um questionário específico para os agricultores, onde envolvam os produtos produzidos

e sua periodicidade.

Essa monografia foi estrutura em três capítulos, incluindo esta introdução. Nos

capítulos I, II e III, como forma de desenvolvimento do raciocínio, serão descritas as

definições encontradas na bibliográfica sobre agricultura orgânica familiar,

consumidores de produtos orgânicos e os canais de distribuição. Na conclusão está o

resultado dos dados coletados por variáveis.

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CAPÍTULO I

AGRICULTURA FAMILIAR ORGÂNICA

Gutierrez e Trápaga (1986) definem a agricultura familiar a partir de três

características centrais:

1. Gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizada são feitos por

pessoas que mantém vinculo de sangue ou de junção (casamento);

2. O trabalho na lavoura é realizado por membros da família e

3. A propriedade da lavoura pertence à família e sua produção é transmitida nos

casos de falecimento ou aposentadoria entre seus membros.

Portanto, podemos concluir que a agricultura familiar se distingue por ser uma

unidade produtiva que utiliza como força do trabalho fundamentalmente o trabalho

familiar e sua característica econômica esta voltada principalmente no grau de

integração da produção ao mercado, assim como da transformação e do

beneficiamento de produtos agrícolas no interior do estabelecimento.

Já no ponto de vista produtivo, os agricultores possuem uma forte capacidade de

adaptação às restrições enfrentadas, tendendo a explorar de forma intensiva os

recursos disponíveis nos mais diferentes ambientes, mostrando forte racionalidade no

manejo do sistema de produção, por isso Buainan (2003) afirma que metade dos

estabelecimentos do tipo familiar depende exclusivamente da força física dos seus

integrantes para realizar suas tarefas agrícolas necessárias para produção como arar,

semear entre outras. Essas atividades são realizadas com apenas dois instrumentos

(foice e enxada).

Assis (1996) afirma que a partir dos anos de 1960 que a iniciativa da agricultura

orgânica passou a ser difundida em nível mundial. Na década de 1920 surgiram alguns

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movimentos contrários à adubação química que valorizavam o uso de matéria orgânica

e de outras práticas favoráveis aos processos biológicos10.

Segundo Ehlers (1994), esses movimentos podem ser agrupados em quatro

grandes vertentes:

1. Agricultura biodinâmica, iniciada por Rudolf Steiner em 1924;

2. Agricultura orgânica, iniciada por Albert Howard;

3. Agricultura biológica, iniciada por Jerome Irving Rodale e

4. Agricultura natural, iniciada por Mokiti Okada.

Verificando na literatura acadêmica, o Ministério da Agricultura e do

Abastecimento do Brasil definiu a agricultura orgânica como sendo sistema de

produção agropecuária e industrial em que a tecnologia empregada otimiza o uso de

recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a cultura e tendo como finalidade à

auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais e a

minimização da dependência de energia não renovável e a eliminação do emprego de

agrotóxicos e qualquer outro insumo artificiais tóxicos, geneticamente modificado ou

radiações ionizantes em qualquer fase da produção.

Segundo Embrapa (2006) a agricultura orgânica esta fundamentada em princípios

agroecologicos e de conservação de recursos naturais, tais como:

1. Respeito à natureza: a mentalidade do agricultor deve estar voltada as limitações

da natureza e dos recursos não renováveis, tendo como solução a reciclagem de

resíduos orgânicos;

2. Diversificação de culturas: uma das soluções para ter maior abundancia e

diversidade de inimigos naturais, isto é, a diversificação espacial (rotação de

cultura) permite estabelecer barreira físicas impedindo a migração de insetos e

3. Solo como organismo vivo: desse modo o manejo do solo privilegia praticas que

passam a ter uma grande quantidade de matéria orgânica, através do uso de

10 Antigamente a idéia de que o aumento da produção agrícola seria diretamente proporcional à quantidade de substância química incorporada ao solo considerado o maior precursor da agroquímica.

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adubos verdes favorecendo os processos biológicos fundamentais para

construção da fertilidade do solo.

Hoje, no Brasil, temos a Lei dos Orgânicos (Lei nº 10.381) que foi aprovada no

ano de 2003 que consiste na normatização da prática da produção dos orgânicos.

Segundo Marchiori (2006), o alimento orgânico é resultado da busca do equilíbrio

do solo e demais recursos humanos, conservando o ecossistema ao e sua integração

com os seres humanos.

Já Barbosa (2007) relata que é importante achar mecanismos que mantenha o

agricultor e sua família na zona rural, mas deve dar condições para que ele possa

reproduzir socialmente sem a assistência do governo proporcionando ambiente

favorável para sua qualidade de vida.

Portanto, podemos verificar que Barbosa e Marchiori preocuparam com o sistema

orgânico e o agricultor, tornando-se um movimento inserido na produção sustentável

com o objetivo principal em dar soluções para as questões voltadas à preservação

ambiental, melhoria das condições socioeconômicas dos agricultores familiares e a

segurança dos alimentos produzidos por eles para o consumo dos seres humano.

Então esses elementos (solo, agricultor e meio ambiente) podem constituir em

uma estratégia importante para sustentabilidade do agricultor no campo.

Em relação à mudança da prática da agricultura convencional para orgânica leva

um período mínimo de dois anos para que haja uma integração de equilíbrio entre

agricultor e ambiente, principalmente numa área que estava como uma intensa

produção convencional, pois a produtividade é baixa.

Para ser agricultor orgânico, há necessidade que o candidato seja submetido a um

processo de investigação das condições ambientais do estabelecimento agrícola e da

sua produção. São considerados aspectos como o não uso de agrotóxicos ou adubos

químicos nos últimos dois anos, a existência de barreiras vegetais quando há vizinhos

que praticam a agricultura convencional, a qualidade da água a ser utilizada na

irrigação e lavagem dos produtos, condições de trabalho e da vida dos trabalhadores,

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cumprimento da legislação sanitária e a inexistência de lixo espalhado pelo

estabelecimento.

Já Santos e Monteiro (2004) menciona que para ser produtor familiar e orgânico, o

produtor deve respeitar as normas durante todas as etapas de produção, desde da

preparação do solo até a embalagem do alimento, sempre preservando os recursos

naturais. O agricultor assina um contrato com uma certificadora que prevê a fiscalização

periódica da sua produção, de modo a garantir a rastreabilidade e a qualidade do

produto a ser disponibilizado para o consumidor final.

Segundo Carvalho e Wanderley (2006) retrata que a agricultura orgânica em áreas

já certificadas é formada por pequenos agricultores e, em grande parte delas,

caracteriza-se o cultivo de hortaliças com pouca diversidade de cultura em uma mesma

unidade produtiva. O cultivo continuado das mesmas espécies vegetais normalmente

aumenta a incidência de doenças e pragas quando os agentes transmissores

permanecem nos restos culturais; essa seqüência de culturas pode cortar o ciclo,

evitando sua expansão.

Por isso, o principal entrave da produção de alimentos orgânicos é a baixa escala

de produção, o que implica maiores custos por unidade de produto, seguida da falta de

recursos dos produtores e de treinamento, da desorganização do sistema de produção

e do processo de comercialização. Na contra mão do sistema convencional, o agricultor

tem que pagar para ser certificado, fiscalizado e também pela assistência técnica, que é

quase toda particular e exercida por consultores credenciados pelas certificadoras.

A tabela 4 sintetiza as principais potencialidades e necessidades elaboradas por

essa autora tendo como importância da centralização da gestão da produção e do

trabalho numa mesma figura: a família, a qual possuem os mesmo interesses. Estas

características permitem estabelecer uma relação mais íntima entre ambos os

processos, diminuindo o custo de gestão e supervisão de mão de obra necessário ao

controle da qualidade do processo de produção.

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Tabela 4: Resumo das potencialidades e necessidades no processo da adoção da

agricultura orgânica dentro da agricultura familiar

Potencialidade Necessidade

Econômico

• Propriedade é a

única fonte de renda;

• O trabalho na lavoura

é realizado pela

família e

• A administração é

feita família.

• Conhecimento de

tecnologia para lidar

com as adversidades

e

• Conhecimento do

mercado e de seu

funcionamento.

Organização

• Facilidade na

aquisição de

conhecimentos;

• Diversificação da

produção e

integração entre a

produção animal e

vegetal e

• Tamanho da

propriedade.

• Adequação as

normas do selo

orgânico;

• Acesso as

informações e

conhecimento técnico

e

• Uso de tecnologia de

gestão.

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

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No ano de 2005, foram discutidos os princípios da agricultura orgânica e revistos

pela IFOAM, esses princípios enfatizam as raízes pela quais a agricultura orgânica deve

crescer e se desenvolver. Dentro das diversas áreas discutidas, descrevo o princípio da

universalidade que guia o desenvolvimento da agricultura orgânica: Principio da saúde,

Principio da ecologia, Principio da Equidade e Princípio da precaução.

O principio da saúde deve ser o de sustentar e aumentar a saúde do solo, das

plantas, dos animais, do homem e do planeta seja por meio do manejo do solo, do

processamento dos alimentos, da distribuição ou do consumo. Entende-se que somente

em solo saudável é possível produzir alimentos que vão sustentar animais e pessoas

de forma saudável, influenciando a saúde das comunidades que, por sua vez, não pode

ser separada da saúde do ecossistema no qual se inserem. Assim, quaisquer

substâncias, sejam adubos químicos, agrotóxicos, drogas veterinárias e aditivos para o

processamento dos alimentos, que possam, de alguma forma, ter efeito adverso à

saúde das pessoas, dos animais, das plantas ou do ecossistema devem ser evitadas.

O princípio da ecologia deve assentar nos ciclos biológicos, harmonizando e

sustentando os sistemas ecológicos. Assim, a produção deve basear-se nos processos

ecológicos e na reciclagem. As culturas, as criações e o extrativismo devem se ajustar

aos ciclos e balanços ecológicos da natureza. O manejo orgânico deve ser adaptado às

condições locais, à ecologia da região, às tradições e culturas locais. Os insumos

externos devem ser reduzidos através da reutilização, reciclagem e manejo eficiente

dos recursos naturais, inclusive da energia, para que seja possível conservar esses

recursos. A caça e a coleta devem observar um plano de manejo que não prejudique a

sobrevivência da espécie. O balanço ecológico deve ser obtido através do desenho de

sistemas de produção e do manejo da diversidade genética, tanto das plantas

cultivadas como da cobertura vegetal em geral.

Todos que participam da produção orgânica, como produtores, processadores,

destruidores e consumidores devem proteger o ambiente, incluindo a paisagem, o

clima, a biodiversidade, o ar e a água, mas também os homens e os animais.

O princípio da equidade basea-se em relações que garantam oportunidade de vida

para todos e assegurem equidade em relação ao bem comum. A equidade é

caracterizada pela igualdade, respeito, justiça e gestão responsável do mundo

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compartilhado, tanto entre os seres humanos como nas relações com os outros seres

vivos. Assim, todos os envolvidos com a agricultura orgânica, sejam produtores,

trabalhadores rurais, processadores, distribuidores, comerciantes e consumidores,

devem conduzir as relações humanas sociais de modo a assegurar qualidade de vida e

justiça a todos os envolvidos. A agricultura orgânica deve ter como objetivo produzir

alimentos de qualidade em quantidade suficiente para contribuir para a redução da

pobreza e para fortalecer a segurança alimentar.

Portanto, este principio dá ênfase no que se deve proporcionar aos animais de

criação condições de vida que estejam de acordo com sua características, seu

comportamento natural e bem estar, além disso, os recursos naturais e ambientais

devem ser usados na produção orgânica de forma ecologicamente sustentável e

socialmente justa, devendo manter-se como legado para as gerações futuras.

O principio da precaução esta condicionada no planejamento e desenvolvimento

de forma cuidadosa e responsável da agricultura orgânica de modo a proteger a saúde

e o bem estar das pessoas e das gerações futuras, bem como a qualidade do

ambiente, portanto, agricultura orgânica deve procurar aumentar a eficiência e a

produtividade, mas sem colocar em risco a sustentabilidade dos agroecossistemas. O

entendimento dos ecossistemas e agroecossistemas os ainda incompletos, desse

modo, todo cuidado deve ser tomado.

Complementando esses princípios, o decreto 6.323 define como qualidade que

traz, vinculada a ela, os princípios da produção orgânica relacionada a questões

sanitárias, ambientais e sociais. A noção de qualidade é relativa ao usuário do produto

e envolvem pelo menos três atores:

• Os produtores responsáveis pela qualidade agronômica e zootécnica

(rendimento, rusticidade, resistência às doenças e pragas);

• Os distribuidores responsáveis pela qualidade tecnológica do produto (produção,

conservação, transformação e transportes).

• Os consumidores que se reagrupam em diferentes expectativas:

• Hedonismo;

• Nutrição e saúde;

• Qualidade sanitária;

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22

• Qualidade holística;

• Preocupações ambientais;

• Preocupações éticas e sociais.

Saindo da esfera dos princípios e entrando na analise da dimensão das

informações da agricultura orgânica, podem classificar em:

• Dimensão sociocultural – os agricultores familiares possuem a posse da

propriedade, tendo o desejo de continuar na atividade agrícola através de seus

filhos após a aposentadoria;

• Dimensão técnico-agronomica – os agricultores apresentam falta de experiência

e informação técnica como o maior problema. Em seguida podemos citar a falta

de equipamentos adaptados para facilitar o trabalho e dificuldades para planejar

a produção. Os problemas da dimensão técnico-agronomica no seu conjunto se

refletem na dificuldade de manter a regularidade, quantidade, qualidade e

diversidade de produção;

• Dimensão econômica - há necessidade de apoio financeiro para a produção de

orgânicos, por isso o governo deve dar prioridade quanto ao apoio financeiro e

incentivo fiscais para que mais pessoas permanecem na produção até que a

fase de conversão seja concluída;

• Dimensão ecológica - essa dimensão está relacionada diretamente a questão da

água e do uso dos fertilizantes naturais envolvidos na produção, assim como os

meios tecnológicos para plantio e armazenamento;

• Dimensão político-institucional – essa dimensão está ligada às políticas públicas

para o desenvolvimento da agricultura orgânica. Atualmente temos no Rio de

Janeiro isenção de ICMS e crédito direto junto ao BNDES para o plantio.

1.1 Certificação e procedimentos técnicos dos produtos orgânicos

A Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Orgânica (INFOAM)

exige dos produtores orgânicos a certificação, pois a mesma é uma garantia para o

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consumidor de que ele está comprando um alimento sem a utilização de produtos

químicos indesejados e que colabora com a preservação do meio ambiente por ser

produzido em condições adequadas.

Cada certificadora possuem diretrizes próprias, sendo que cada uma exige aos

produtores que trabalhem com um mínimo de porcentagem de produção orgânica,

variando entre 85 a 95%, devendo exercer controle apropriado sobre o uso de suas

licenças, certificadas e marcas de certificação. As entidades certificadoras (registradas

no ministério da agricultura) podem emitir um certificado declarando que um produtor ou

comerciante está autorizado a usar a marca de certificação em produtos especificados,

chamado de selo orgânico, símbolo ou logotipo que identifica o produto.

Com base na certificadora IBD, a exigência para um produto conseguir o selo

orgânico depende dos insumos utilizados, a conversão da propriedade, o rótulo do

produto, adubação orgânica, a importância da produção animal juntamente com a

produção vegetal, o manejo integrado para que a propriedade funcione como

organismo agrícola, como deve ser feito o controle de pragas e doenças. Podemos citar

os passos mínimos para obter o selo:

• Escolher a área e os produtos da propriedade que quer certificar;

• Solicita a certificadoras informações sobre os custos e as providencias que

deve tomar;

• Então, a certificadora envia ao produtor o orçamento e a proposta de

trabalho;

• Se o produtor estiver de acordo, ele assina o contrato com certificadora;

• Depois, ele mostra o manejo orgânico que usa na propriedade,

preenchimento um formulário da certificadora.

Após seguir esses passos, a certificadora realiza os seguintes passos:

• Certificadora marca o dia da visita de inspeção;

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24

• O inspetor visita a propriedade, para ver se o manejo está de acordo com

as normas da legislação vigente;

• O inspetor deixa com o produtor um resumo das conclusões da inspeção.

Já após a inspeção, fica a cargo da certificadora verificar os processos de

produção e verificar dentro da legislação a conformidade da produção, conforme

abaixo:

• O inspetor escreve o relatório da inspeção, mostrando os pontos fortes e o

que pode melhorar no projeto orgânico da propriedade;

• A certificadora estuda o relatório da inspeção, orienta o produtor sobre os

produtos e as áreas que serão certificadas e, se for o caso, mostra o que

deve ser mudado;

• O produtor faz as mudanças necessárias e informa a certificadora;

• Assim que a propriedade estiver produzindo de acordo com as normas

vigentes, a certificadora emite o certificado orgânico e o produtor pode

vender a sua produção com o selo de orgânico.

As ferramentas para a certificação orgânica que são os documentos básicos do

produtor que servem para anotar o planejamento do plantio da lavoura e serem

enviados para a certificadora para a renovação e ou retirada do selo. Podemos citar as

principais anotações:

• Plano de manejo da propriedade – o produtor precisa planejar como cuidará

de sua lavoura durante o ano e anotar esse plano no papel;

• Mapa ou croquis da propriedade – é preciso ter um mapa ou desenho da

propriedade, mostrando as áreas de lavoura, pasto, águas, rios, estradas,

terreiros, galpões, residências e outras construções. Se não tiver um mapa,

pode ser um desenho feito à mão mesmo;

• Registro de compra de insumos – os insumos usados no ano agrícola

devem ser anotados. Adubos, produtos para controle de pragas e doenças

e outros produtos permitidos para a produção orgânica, devem ser

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comprados com notas fiscais ou recibos, que devem ser guardados pelo

produtor;

• Registro de aplicação de insumos – os tratos culturais devem ser anotados

com dia de aplicação e sua nota fiscal;

• Registro de venda de produtos orgânicos – a propriedade deve ter anotado

o planejamento da produção a ser vendida como orgânica para que seja

enviada a certificadora, caso seja solicitada;

• Registro de estoque de produtos orgânicos – o proprietário deve manter

anotado o estoque de produtos orgânicos;

• Registro de beneficiamento de produtos orgânicos - se houver

beneficiamento do produto, esse procedimento deve ser registrado pelo

produtor.

Já em relação aos procedimentos técnicos, segundo o (Instituto Agronômico do

Paraná – IAPAR, 2005, pág 28.), baseado na tecnologia de processos, a produção

orgânica vegetal, destacam-se:

1. Manejo e conservação do solo e da água:

• Adubação orgânica e verde;

• Cultivo mínimo e plantio direto;

• Cobertura morta e viva;

• Uso de máquinas e implementos agrícolas leves e médios que evitem

compactação do solo;

• Reflorestamento;

• Proteção de mananciais e nascentes;

• Emprego de rochas minerais moídas como fonte de cálcio;

2. Manejo da cultura:

• Sementes e mudas produzidas organicamente;

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26

• Espécies rústicas e variedades resistentes a pragas e patógenos;

• Espécies e variedade de plantas adaptadas às condições ambientais locais.

3. Manejo de pragas e doenças:

• Manejo de culturas utilizando rotação, consorciação, cultivo em faixas, plantas

repelentes e preservação de refúgios naturais;

• Manejo biológico de pragas por meio de técnicas que permitam o aumento da

população de inimigos naturais ou a introdução dessa população reproduzida em

laboratórios;

• Métodos físicos e mecânicos como emprego de armadilhas luminosas, barreira

e armadilhas mecânicas.

4. Manejo de plantas invasoras:

• Uso de praticas que se coloquem à frente das invasoras, tais como: plantio na

época recomendada, adubação verde, rotação e consorciação de culturas;

• Uso de cobertura morta, viva e plantas de efeito alelopático;

• Adoção de práticas mecânicas recomendadas.

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27

CAPÍTULO II

CONSUMIDORES DE PRODUTOS ORGÂNICOS

Algumas pesquisas, principalmente realizadas pelas certificadoras, têm mostrado

que o consumidor orgânico é normalmente um profissional liberal ou funcionário

público, na maioria do sexo feminino, com idade variando entre 31 e 50 anos.

Apresenta nível de instrução elevada tendo em sua maioria cursado o ensino superior.

A maioria é usuário de internet com renda entre 9 e 12 salários mínimos. São pessoas

que têm o hábito de praticar esportes com freqüência e, mesmo morando na cidade,

procuram um estilo de vida que privilegie o contato com a natureza, o que faz com que

freqüentem parques e bosques regularmente. Estes dados indicam que locais de feiras

orgânicas ou agroecológicas têm maior sucesso em áreas naturais (parques, bosques,

praças, etc.). Além disso, são pessoas preocupadas com saúde e qualidade de vida,

que privilegiam terapia e medicina alternativas.

Portanto, podemos dizer que existem dois tipos de consumidores orgânicos

(tabela 5). O primeiro tipo refere-se ao grupo dos consumidores mais antigos, que estão

motivados, são bem informados e exigentes em termos de qualidade biológica do

produto. Estes consumidores são os freqüentadores das feiras verdes de produtos

orgânicos e tem um nível de consciência ambiental maior em relação à população.

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TABELA 5. TENDÊNCIAS DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS ORGÂNICOS SEGUNDO CARACTERÍSTICAS DE CONSUMO.

Características Consumidor novo Consumidor antigo

Ato de ir as compras de produtos orgânicos

Ocasional Regular (Fiel)

Tempo de consumo < 5 anos > 5anos Preferência de compra Supermercados Feiras e lojas

Preço suplementar(disposição para pagar mais)

10-20% 20-30%

Qualidade percebida Saúde e segurança alimentar Saúde, meio ambiente, qualidade vida

Freios para compra Preço Falta de informação

Procedência (origem do produto)

Valores Comprometido Consciente Fonte: (Instituto Akatu,2005, pg 39.)

Um segundo tipo, mais recente, ainda pouco estudado, é o consumidor das

grandes redes de supermercados, que apesar de ser uma pessoa comprometida com a

questão ambiental, compra mais por impulso e de forma menos regular quando

comparado ao grupo anterior. Neste sentido, são necessárias estratégias de fidelização

do consumidor antigo e retenção ou manutenção do novo consumidor.

Já levando para o perfil do consumidor orgânico, conhecer o mesmo é importante

para orientar o trabalho na produção, direcionar o processo de marketing e

comercialização, além de dar uma idéia da importância desse segmento de consumo

no mercado interno.

Segundo Ruchinski &Brandenburg (1999) o perfil dos consumidores orgânicos são

aqueles com o perfil socioeconomico elevado e uma tendência de escolaridade alta.

Esses autores verificaram em pesquisa empírica em feiras no município de Curitiba a

renda e escolaridade, tendo como resultados uma tendência que mais de 68% dos

consumidores da feira possuem renda acima de 12 salários mínimo e escolaridade

superior.

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Já Ritchter (2002) aponta diversas falhas no desenho de questionários e

estatísticas para medir a demanda por produtos orgânicos bem como as conclusões

que são obtidas de acordo com estes métodos. Entre os problemas, Richter menciona:

1) Comparações diretas entre pesquisas que partem de amostras não representativas

dos consumidores ou de diferentes regiões;

2) Modelos que explicam o consumo de produtos orgânicos a partir de um número

insuficiente de atributos para as decisões de compra;

3) Respostas de consumidores sobre consumo de orgânicos tendem a não ser

validadas através de perguntas sobre o significado de um produto ser orgânico para os

consumidores. Isto levaria a uma sobre estimativa do interesse e envolvimento dos

consumidores com esses produtos;

4) Respostas de consumidores sobre sua disponibilidade em pagar mais por produtos

orgânicos, mas sem isto ser confrontado com as suas efetivas práticas;

5) Valorização muito limitada da influência do ambiente/entorno sobre as decisões de

consumo, que podem ter um papel central;

6) Coleta de informações em pesquisas quantitativas sobre motivos abstratos ou

barreiras - mais saudáveis, mais caros, dentre outros - que influenciariam as decisões

dos consumidores, mas sem considerar o contexto individual e coletivo da resposta e os

significados que envolvem as respostas.

Ritchter também critica pesquisas qualitativas que partem de painéis domiciliares,

nos quais as amostras são pouco representativas e/ou os participantes têm pouco

conhecimento ou orientação sobre como reconhecer um produto orgânico ou sobre as

diferentes definições do mesmo, quando eles/elas têm que registrar suas compras. Ao

comparar dados de paises, regiões ou categorias de consumidores por nível de renda,

educação, idade, sexo, estado civil, dentre outros, corre-se o risco de extrair conclusões

pouco plausíveis. Desta maneira, os dados estatísticos projetados destas pesquisas

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podem indicar índices de demanda mais altos dos que seriam obtidos em relação às

efetivas práticas de consumo dos entrevistados.

Spaargaren (2003) coincide com a necessidade de superar o referencial de

análise sobre consumo sustentável que tem dominado o campo de pesquisas

empíricas, e que se inspira numa variante do modelo psico-social do comportamento

humano. Este modelo parte de atitudes individuais para predizer comportamentos

concretos e futuros, tomando, por exemplo, diversos indicadores fixos para identificar

uma consciência ambiental. A este modelo, Spaargaren opõe o que denomina o modelo

das práticas sociais, no qual as estruturas sociais não são consideradas variáveis

externas, mas são introduzidas como cruciais para a análise. Em lugar de tomar como

central o individuo e suas atitudes em relação a um aspecto de suas práticas de

consumo, no modelo das práticas sociais são destacadas as práticas de consumo

efetivas, situadas no tempo e no espaço, que um indivíduo compartilha com outros

atores sociais. E, em lugar de focalizar os aspectos isolados do comportamento,

procura-se estabelecer o modo como um grupo de atores sociais vincula diversas

práticas cotidianas para reduzir impactos ambientais nas suas rotinas diárias.

Para a pesquisa a ser realizada por mim, usa-se o modelo tradicional de

pesquisas, ou seja, o foco é a região e o consumidor.

2.1 Comunicação entre produtor e consumidor

O espaço na grande mídia ainda é insuficiente para sensibilizar o consumidor

sobre os problemas relacionados aos agrotóxicos e aos benefícios da alimentação

orgânica. Apesar de pesquisas mostrarem que esta é uma questão de alto risco para a

saúde pública, a preocupação dos consumidores só será despertada e seus hábitos

modificados, se houver um trabalho mais eficiente de comunicação.

Neste sentido, a COONATURA com poucos recursos para a divulgação optou por

privilegiar campanhas de contato direto para fidelização dos consumidores, com

pequenos investimentos e grandes resultados.

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O trabalho da associação é articulado junto a uma rede de produtores e

consumidores, que envolve as feiras verdes, associações, empresas, restaurantes,

lojas, pequenos varejos e outras iniciativas de comércio justo e solidário. Entre as

estratégias de fortalecimento desta rede destacamos:

• Visita dos consumidores às propriedades - esta atividade batizada de “passeio

orgânico” tem se mostrado como uma das estratégias de maior impacto na

conscientização e divulgação da produção. O passeio, realizado nos finais de

semana, permite verificar as dificuldades dos agricultores in loco e esclarecer

dúvidas dos consumidores em relação à forma de produção, beneficiamento,

comercialização e certificação, contribuindo para uma mudança de atitude do

consumidor e do produtor.

• Diversão e arte - a dimensão artística, seja pela música, poesia, ioga, dança ou

qualquer outra forma de arte, permite integrar as pessoas no seu mundo e nos

seus processos. É a partir daí, por diferentes estímulos, que estamos agregando

benefícios físicos, espirituais e sociais as pessoas. Neste sentido, a

COONATURA ampliou estas atividades artísticas, realizadas nos passeios, para

os locais de venda direta, com destaque para as feiras orgânicas. O resultado

tem sido extremamente compensador como uma forma alternativa de

comunicação.

• Informação continuada - fazer parte de uma rede é uma troca constante. Por

isso, a COONATURA tem se preocupado em informar os associados por meio

de informativos, mensagens eletrônicas e atualização do sítio na internet. O

objetivo é informar e orientar continuamente o consumidor sobre a produção

orgânica, além de denunciar os riscos para saúde do uso de agrotóxicos e de

produtos transgênicos, dando dicas para uma alimentação mais saudável e um

consumo responsável, esse trabalho serve de incentivo para que mais

agricultores convertam suas propriedades para a produção agroecológica. Além

disso, incentiva para que os alimentos orgânicos estejam nas escolas, nos

hospitais, nos restaurantes, num maior número de feiras e disponíveis para maior

parte da população a preços acessíveis.

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• Trabalho voluntário - um aprendizado que podemos relatar é de que esta

atividade precisa ser necessariamente prazerosa, lúdica, de qualidade, em

direção a uma ação que não precisa ser necessariamente grande, mas precisa

ser eficiente. Motivar as pessoas a participarem deste movimento é o nosso

principal desafio, que temos conseguido com “trabalho, diversão e arte”. Outro

aspecto que precisa ser incluído nas políticas públicas é o apoio financeiro a

grupos de consumidores organizados para desenvolvimento de estratégias de

comunicação mais eficazes. Temos tido dificuldade em encontrar programas

neste sentido, motivo pelo qual todas iniciativas supracitadas foram

operacionalizadas com recursos próprios. Se por um lado, os recursos próprios

favorecem o desenvolvimento endógeno e sustentado do grupo, por outro, o

apoio externo acelera o processo de comunicação, sendo a feira um lugar de

encontro, de troca, um espaço privilegiado de educação para o consumo e

relações de confiança para construção de um projeto sustentável, o desafio é a

expansão destes espaços em todas as cidades. A escolha do local deve

considerar os hábitos deste tipo de consumidor. Portanto, parques, praças e

bosques são locais ideais para o sucesso de uma feira agroecológica.

2.2 Comportamento do consumidor

O processo de decisão de compra inclui o estudo de como o consumidor toma

decisões ao longo de seu envolvimento com um determinado produto. Conforme

Blackwell, Miniard e Engel (2005 ) o comportamento do consumidor pode ser definido

como “as atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm, consomem e

dispõem de produtos e serviços”. Os consumidores decidem comprar um produto na

intenção de resolver algum problema, satisfazer algum desejo ou necessidade,

formando um processo de decisão de compra. Blackwell, Miniard e Engel (2005)

sugerem um modelo seqüencial do processo de decisão de compra com base em sete

estágios: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de

alternativas pré-compra, compra, consumo, avaliação pós-consumo e descarte. Em

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33

complemento a esse modelo, Levy e Weitz (2000), destacam que durante este

processo, o consumidor é submetido a exercer esforços no processo de decisão de

compra de um determinado bem ou serviço. Quanto maior for o envolvimento de

compra, maior o gasto psicológico e físico do comprador neste processo.

Aplicar o estudo do comportamento do consumidor em estabelecimentos de varejo

implica na observação de atitudes dos clientes frente à loja e frente aos produtos, de

modo a proporcionar estrutura e suprimentos adequados aos seus desejos. No varejo,

para o que os estabelecimentos possam adequar suas ofertas em termos de produtos e

serviços aos anseios dos consumidores, é importante conhecer os tipos de clientes e os

tipos de produtos que motivam as ações destes em direção ao consumo.

Diante destas definições teóricas sobre o comportamento do consumidor, destaca-

se a linha de pensamento que consiste na percepção de valores como influência neste

comportamento. Os valores consistem em crenças que influenciam as atitudes

humanas, inclusive aponto de influenciar o processo de decisão de compra de um

determinado bem ou serviço.

No Brejal, os produtores acreditam que três fatores levam o consumidor a comprar

no Gob Empório Orgânico, a seguir:

• Primeiro fator: o preço praticado é menor devido a venda ser direta do

produtor ao consumidor. Primeiramente, este preço é menor que outros

estabelecimentos comerciais e depois devido a estabilidade apresentada

pela empresa, que tem se mantido constante por um longo tempo (8anos),

apesar das flutuações naturais da produção;

• Segundo fator: A procedência dos produtos, que pode ser observada pelo

consumidor, por conta do constante estreitamento de sua relação com os

produtores, realizados por meio de visitas às propriedades produtoras, o

que resulta na constatação de que o sistema é confiável;

• Terceiro fator: Esta relacionada diretamente ao segundo fator, tendo em

vista que no decorrer de 8 anos de existência, a empresa foi consolidando

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34

sua imagem de organização ética e confiável, onde a propaganda boba a

boca encarrega-se de divulgar seus produtos e sistema de trabalho.

Podemos citar como forte indicio desses fatores, uma entrevista realizada no ano

de 2003 pelo proprietário Gilmar Oliveira de Brito a cliente Roberta Fontes onde a

mesma conheceu a empresa através da amiga. A cliente reconheceu que a qualidade

dos produtos e a saúde de sua família foram determinantes para que ela seja

consumidora de produtos orgânicos. Este fato confirmou a visão da direção de que a

propaganda boca a boca é o principal canal de divulgação de seu trabalho e que a

busca por uma qualidade na alimentação representa o maior atrativo da empresa.

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CAPÍTULO III

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

Na literatura acadêmica, Kotler (1998 ) define que o canal de marketing representa

um conjunto de organizações interdependentes, envolvidas no processo de tomar um

produto ou serviço disponível para uso ou consumo.

Já Megido e Szulcsewski (2002) retratam que os canais se distribuição consistem

em:

“Organizações que servem para colocar à disposição de consumidores

finais/clientes produtos que são originais de um fabricante”.

Portanto, baseado nessas definições, pode-se afirmar que canais de distribuição

são estruturas funcionais que mediante suas operações geram a movimentação de

produtos e serviços entre membros participantes de um mercado, facilitando o

atendimento das necessidades de demanda, podemos, a partir deste esclarecimento,

ressaltar a existência de dois tipos de distribuição:

• Direta – quando o produtor vende diretamente ao consumidor e

• Indireta – quando o produtor utiliza intermediários que colocam o produto ao

alcance dos consumidores.

Essa divisão em direta e indireta está contemplada, ainda, três sistemas de

distribuição para atender as estratégias das empresas:

• Distribuição exclusiva – O produtor opta por um intermediário que irá trabalhar

apenas com sua linha de produtos;

• Distribuição seletiva – O produtor ao visar apenas seu público alvo, opta pelo

intermediário que atendam suas estratégicas, sem, contudo, ser exclusivo;

• Distribuição intensiva – O produtor coloca seus produtos no maior número de

pontos de venda possível.

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Podemos citar como canal de comercialização de produtos orgânicos no Rio

de Janeiro as feiras livres, venda de cestas, os supermercados e as lojas de

produtos naturais.

As feiras livres ou ecológicas, provavelmente a forma mais popular de

comércio orgânico no Rio de Janeiro e muitos governos locais subsidiam este tipo

de comercio. Apesar de esse tipo de distribuição ter pouco significado econômico,

elas são importantes para os pequenos produtores e no total representa uma

importante parte do mercado orgânico local. No município do Rio de Janeiro temos

diversas feiras ecológicas certificadas como podemos citar: feira do Gloria, Ipanema,

Botafogo e Copacabana onde movimenta centenas de pessoas e a produção,

principalmente, da região do brejal.

A cesta domiciliar vem crescendo gradualmente devido a sua praticidade e por

ser fixo, no qual o cliente tem produtos de qualidade sem sair de casa. Este método

de venda serviu como ponto de partida para outros métodos de comercialização e

resultou no desenvolvimento de associações de produtores de lojas e distribuidoras

especializadas, como por exemplo, a rede ecológica que é uma associação que

distribui cestas a preço de produtor. Esse método ajuda a disseminar o alimento

orgânico para diversas classes econômicas.

Os supermercados possuem uma política de distribuição focada no estoque de

produtos sendo que a linha orgânica varia com o tipo de mercado e as

características locais dos seus consumidores. Podemos citar 3 tipos de estratégicas

dos supermercados em relação aos orgânicos:

• Estratégia orgânica mínima - essa estratégia é quando um supermercado

tem uma quantidade limitada de produtos orgânicos, junto com outros

produtos. A empresa não anuncia separadamente os produtos orgânicos e

não visualiza dominantes na loja. Não há o propósito explicito de dar a

empresa um perfil de orgânicos ou ambientalistas, e a empresa não tem sua

própria marca de orgânico.

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• Estratégia orgânica básica - essa estratégica envolve um número maior de

produtos naturais e ou orgânicos, embora os primeiros, incluindo-se os

cultivados com agrotóxicos possam ter mais espaço. Há uma comunicação

da empresa com os consumidores de seu compromisso com estes produtos.

A seleção dos produtos é realizada de acordo com os critérios de lucro, sem

nenhum tipo de subsidio. Procura-se obter um máximo de ganho em termos

de competitividade e de imagem para os consumidores.

• Estratégia orgânica máxima – está relacionada com o supermercado que

valoriza ao máximo entre os demais produtos os que são orgânicos. Esta

empresa orienta diretamente no apoio a produtores orgânicos para aumentar

e manter a oferta. Os funcionários são treinados sobre o beneficio de

consumir produtos orgânicos para orientar os consumidores, assim como

para manter em bom estado os produtos nas gôndolas.

Portanto, a diferença entre estes 3 tipos fundamenta-se na variedade de produtos

oferecidos, na motivação e na competência dos funcionários do setor de venda e na

apresentação no supermercado.

Já a distribuição nas lojas de produtos especializada atigem a um publica

interessado em produtos naturais e geralmente estão ligados ao meio ambiente. Esses

verdadeiros hortifrutis têm alcançado diversificação na variedade de hortaliças, legumes

e frutas, as novas formas de apresentação e exposição e a busca da excelência na

decoração têm um caminho privilegiado para manter e atrair novos clientes, o que tem

se refletido na sua participação, portanto é uma porta chave para atrair os

consumidores, já que as visitas às lojas especializadas são mais freqüentes para se

abastecer destes produtos.

O foco desta pesquisa é o ponto de venda Gob Empório Orgânico situada na

Cobal Humaitá.

Figura 1- Foto dos produtos orgânicos do Brejal

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Fonte: COONATURA, 2006, pág 36.

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CONCLUSÃO

No período de 30 de maio a 09 de junho de 2010 foram entrevistas 28 pessoas

que estavam comprando ou entraram na loja Gob Empório Orgânico Ltda, situada na

Cobal Humaitá, no qual falei para os entrevistados que este questionário tinha fins para

obtenção do trabalho final do Curso de Gestão Ambiental na UCAM.

Portanto, os resultados ficaram expostos na loja para que possam ver o fruto

dessa pesquisa.

Para melhorar a visualização dos resultados, a apresentação dos dados serão

apresentados na forma de gráficos, em função de cada uma das questões levantadas

no questionário.

Sexo

O sexo feminino teve uma participação de 86,25% nas entrevistas enquanto que o

sexo masculino teve uma participação de 13,75%; estes números revelam que as

mulheres são as responsáveis pelo poder de compra dentro do domicilio e geralmente

dá prioridade aos produtos mais saudáveis para família.

Apesar do horário da pesquisa ser no horário comercial, as entrevistas foram

direcionadas somente para o responsável da compra, descartando as secretárias ou

funcionários do domicilio.

Conforme as referências desta pesquisa, a mulher é a responsável pela compra

do domicilio, conforme figura 2.

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40

Figura 2- Sexo dos entrevistados.

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Seqüência1 86,25% 13,75% 0%

Feminino Masculino Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

Faixa etária

A pesquisa apresentou em sua grande parte consumidora acima de 29 anos

sendo assim confirmando a tese que a maioria dos consumidores são da faixa etária

mais elevada. Isso é importante para que o lojista alcance um marketing diferenciado

para atender esse público.

Podemos também acrescentar nesta pesquisa, dados do IBGE11 (Censo 2000)

onde a zona sul (botafogo) possui grande concentração de pessoas acima de 30 anos,

diferente da zona norte.

11 Os dados foram consultados na página http://www.ibge.gov.br.

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Os resultados foram os seguintes: em primeiro lugar ficou a faixa de 46 a 59, em

segundo lugar pela faixa de 30 a 45, terceiro acima de 60 anos, seguido por 19 a 29 e,

em ultimo, 0 a 18 anos com 1%, conforme figura 3.

Verifica-se, portanto que o consumo de orgânicos pode estar relacionado a faixa

etária ou que quanto maior a idade maior é a conscientização com o meio ambiente e a

saúde.

Figura 3- Faixa etária dos pesquisados

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Seqüência1 1% 12% 27% 38% 22% 0%

0 a 18 19 a 29 30 a 45 46 a 59Acima de 60

Sem resposta

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42

Renda Familiar

A variável renda familiar demonstrou que o consumo de orgânico está relacionado

diretamente a renda da família. A pesquisa foi realizada no bairro de botafogo onde o

nível de vida é relativamente superior a outros bairros, como consideramos a renda

atrelada ao salário mínimo podemos afirmar que uma a renda acima de R$5110,00 é

predominante para que haja sobra no orçamento para compra de orgânicos, pois os

valores destes produtos são em média 80% acima do convencional.

Podemos apresentar os dados da seguinte forma: até 10 salários mínimos 41% e

acima de fica com 59%. A classe entre 0 a 2 ficou com apenas 3% ou seja 2 pessoas

entrevistas, conforme figura 4.

Portanto, podemos afirmar diante dos números que o consumidor tem

conhecimento específico do beneficio do consumo de orgânico e também consciência

ambiental, já que, esses produtos não interferem de forma negativa o solo.

Já a incidência de 2 entrevistados terem renda entre 2 a 5 salários mínimos

podem ser conseqüência da resposta tenha vindo de um não morador do bairro, visto

que, a incidência de pontos de vendas na zona norte e oeste serem menores que na

zona sul.

Esse resultado da pesquisa vai de encontro a pesquisa realizada por Campos

(2001) no qual o mesmo desvincula a renda familiar do consumo de orgânicos, apesar

de sua pesquisa ser realizada no sul do país pois nesta região a produção é maior e

tem uma cultura forte de consumo de orgânicos.

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43

Figura 4- Renda familiar das famílias pesquisadas

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

Escolaridade

A figura 5 retrata que quanto maior é a escolaridade maior é o interesse pelo

alimento orgânico ou o consumo orgânica esta vinculada à renda e escolaridade. O

nível de conhecimento dos orgânicos pode estar ligado ao ensinamento acadêmico.

Esta variável deverá ser estudada com bastante cautela devido a sua

particularidade cultural, como já mencionamos aqui, na região sul do Brasil essa

pesquisa pode ter um resultado totalmente contrário visto que o consumo não está

ligado à renda e sim a cultura do povo europeu de consumo orgânico.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Seqüência1 0% 3% 38% 59% 0%

0 a 2 2 a 5 5 a 10Acima de 10

Sem resposta

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44

Portanto, a uma leitura simples de dados, podemos afirmar que nessa pesquisa

quase que a totalidade dos entrevistados possuem nível superior com ou sem pós-

graduação e apenas 1 pessoas afirmou que possui ensino médio, enquanto que o

ensino fundamental não teve resposta, conforme figura 9.

Conclui-se que essa variável ao ser pesquisada deva ser a nível nacional. A

pesar de ter estudos que comprovam essa relação (Guivant 2003).

Figura 5- Grau de Escolaridade

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Seqüência1 0% 1% 27% 72% 0%

Ensino fund.

Ensino médio

Ensino superior

Pós graduado

Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

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45

Periodicidade de Consumo de Orgânicos

A figura 6 retrata que 43% dos entrevistados consumem alimentos orgânicos

diariamente, 32% consomem 1 vez por semana enquanto que 25% consomem 3 vezes

por semana. Essa incidência pode estar relacionada ao estilo de vida saudável e a

preocupação com o meio ambiente que são as principais características das pessoas

que freqüentam e consomem produtos hortifrutigranjeiros orgânicos nos pontos de

distribuição: cestas domiciliares, lojas de produtos naturais, supermercados e feiras

ecológicas.

Esta variável é relacionada a renda familiar e quanto maior a renda familiar maior

será o consumo destes produtos.

Já para o produtor, com base nestes dados ele pode fazer um planejamento de

oferta de produtos para evitar os prejuízos e os excessos de oferta.

Figura 6- Periodicidade de consumo de orgânicos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

Seqüência1 43% 32% 25% 0%

Diariamente 1 vez semana 3 vezes semana Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

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46

Motivos de consumo de orgânicos

A figura 7 retrata um empate entre as opções de respostas comprovando que em

relação ao consumo de orgânicos as palavras chaves são: saúde, meio ambiente e livre

de agrotóxicos.

Posso também mencionar que no Rio de Janeiro, no momento desta pesquisa,

uma onda de publicidade incentivando o consumo de orgânicos e mostrando sua

ligação benéfica com o meio ambiente.

Lendo os resultados dos dados temos empatado as opções saúde e meio

ambiente com 34% seguido por sem agrotóxico com 32%.

Podemos afirmar também que o propósito dos entrevistados que o importante é o

produto não intervir no meio ambiente com a utilização dos agrotóxicos.

Ao entrevistar as pessoas, muitas faziam perguntas sobre o meio ambiente e

agrotóxicos, além de demonstrar um vasto conhecimento e preocupação com o futuro

da humanidade com o descaso dos governantes com o convivo da relação meio

ambiente e o ser humano.

Isso pode ser comprovado com a pesquisa realizada por Levy e Weitz (2000) onde

os consumidores estão ficando cada vez mais conscientes e exigentes quanto à

produção, certificação e o meio ambiente buscando cada vez mais alimentos naturais e

orgânicos, demonstrando preocupação com o uso do meio ambiente.

Esta pesquisa através destas variáveis pesquisadas tem demonstrado o interesse

do consumidor final pela saúde, meio ambiente e o não uso de fertilizantes químicos

nas lavouras e nos produtos processados.

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Figura 7- Opção de consumo de orgânicos

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

Seqüência1 34% 32% 34% 0%

SaúdeSem

agrotóxicoMeio

ambienteSem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

Obstáculos para consumo de orgânicos

A pesquisa retratou que o fator preço é o mais representativo, com cerca de 62%,

atravessando a decisão para adquirir os produtos, pois muitos dos entrevistados

reconhecem a importância de consumir o produto. A diferencia de preços entre o

alimento convencional e o orgânico ainda é alta constituindo um complicador para as

camadas mais baixas da população confirmada por essa pesquisa.

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O diretor do Gob Empório Orgânico Gilmar Brito defende a alta do preço de

orgânicos devido ao fato que a variedade e quantidade é menor causando uma alta no

frete do produto, além de uma camada reduzida que consomem esses produtos.

Por isso, a alta de preço gera a eletilização do seu consumo fazendo com que

lojas especializadas e supermercados destinam seus produtos em bairros nobres do

Rio de Janeiro.

Na leitura dos dados, o preço foi o fator determinante com 62% seguido pela

variedade dos produtos. Ninguém mencionou a quantidade, conforme figura 8.

Em relação à variedade, a produção fica localizada no distrito brejal, uma região

fria que propicia o plantio de verduras prejudicando os legumes e sem produção de

frutas.

Figura 8- Obstáculos para o consumo de orgânicos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Seqüência1 62% 38% 0% 0%

Preço Variedade Quantidade Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

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Certificação

A certificação dos produtos é importante para que os consumidores saibam a

procedência dos alimentos orgânicos, no entanto, nesta pesquisa a maioria (68%) não

sabe que os produtos são certificados ou desconhece o assunto. Os entrevistados

compram em virtude da confiança da loja devido à mesma ser pioneira no Rio de

Janeiro no segmento de orgânicos.

Os entrevistados que só compram alimentos certificados (32%) retrataram que

verificaram no site do Ministério da Agricultura e verificaram o nome da loja, outros

apontaram o selo na embalagem dos produtos.

Conclui-se que neste quesito, a compra está relacionada com a fidelidade dos

consumidores com a loja e que a certificação ficou em segundo plano.

Já no ponto de vista acadêmico, Barbosa (2007) menciona que os consumidores

associam os alimentos orgânicos á questão do meio ambiente e uma boa saúde,

deixando de lado a questão de compra de alimentos certificados, depositando a

confiança no produto e/ou na loja.

No caso específico da loja Gob Empório Orgânico, as verduras tem procedência

exclusiva da Bio Hortas alimentos ltda que é certificada pela ABIO, os legumes tem

procedência da BIO Hortas alimentos Ltda e da Cultivar Alimentos que tem certificação

internacional. As frutas têm procedência da Korin da Igreja Messiânica do Brasil,

também devidamente certificada pelo seu Instituto.

Os demais alimentos que são cereais, laticínios e outros possuem certificação de

acordo com a região de sua precedência.

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50

Figura 9- Certificação

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Seqüência1 32% 68% 0%

Sim Não Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

Incentivos para aumentar a demanda por orgânicos

A leitura dos números mostra que 71% dos entrevistados, o fator preço prejudica o

aumento do consumo desses alimentos seguido por maior variedade de pontos de

venda e por último maior oferta de alimentos.

Foi levantado pelos entrevistados que deveria ter maior esclarecimento, por parte

do governo, sobre os benefícios desse alimento e o governo abrir linha de crédito e

isenção de impostos para produção e comércio.

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Figura 10- Incentivos para aumentar a demanda por orgânicos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Seqüência1 71% 8% 21% 0%

Melhor preço Maior ofertaMais ponto de Venda

Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

Atendimento na loja

O resultado mostra que a totalidade é fiel ao ponto de venda e não freqüenta a

concorrência devido a qualidade, confiança e ao excelente atendimento praticado na

loja. Os clientes quando indagados porque compram produtos do brejal e freqüentam o

Gob Empório Orgânico apresentaram as seguintes justificativas:

• O produto é personalizado, isto é, alimento com qualidade e atendimento

excelente;

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• A empresa passa informativos sobre alimentos orgânicos via e-mail, deixando os

clientes sempre bem informados;

• Visitação a produção no Brejal dá maior confiança sobre a qualidade dos

produtos adquiridos;

• Os funcionários sempre atendem os pedidos dos entrevistados, ora concedendo

descontos ou reservando produtos escassos.

Figura 11- Fidelidade do cliente ao ponto de venda

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Seqüência1 100% 0% 0%

Sim Não Sem resposta

Fonte: Dados elaborados á partir da pesquisa proposta inicialmente.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Lei dos Orgânicos Lei N° 10.831; Anexo 2 >> Questionário.

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Anexo 1 Lei dos Orgânicos Lei N° 10.831

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA LEI Nº 10.831, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2003 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a Seguinte Lei: Art. 1º Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo

aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do

uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à

integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a

sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios

sociais, a minimização da dependência de energia não renovável,

empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e

mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação

do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes,

em qualquer fase do processo de produção, processamento,

armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio

ambiente.

§ 1º A finalidade de um sistema de produção orgânico é:

I - a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;

II - a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a

recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas

modificados em que se insere o sistema de produção;

III - incrementar a atividade biológica do solo;

IV - promover um uso saudável do solo, da água e do ar; e reduzir ao

mínimo todas as formas de contaminação desses elementos que possam

resultar das práticas agrícolas;

V - manter ou incrementar a fertilidade do solo a longo prazo;

VI - a reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o

emprego de recursos não-renováveis;

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VII - basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas

organizados localmente;

VIII - incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia

produtiva e de consumo de produtos orgânicos e a regionalização da

produção e comércio desses produtos;

IX - manipular os produtos agrícolas com base no uso de métodos de

elaboração cuidadosos, com o propósito de manter a integridade orgânica e

as qualidades vitais do produto em todas as etapas.

§ 2º O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial

abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural,

regenerativo.biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam

os princípios estabelecidos por esta Lei.

Art. 2º Considera-se produto da agricultura orgânica ou produto orgânico,

seja ele in natura ou processado, aquele obtido em sistema orgânico de

produção agropecuário ou oriundo de processo extrativista sustentável e

não prejudicial ao ecossistema local.

Parágrafo único. Toda pessoa, física ou jurídica, responsável pela geração

de produto definido no caput deste artigo é considerada como produtor para

efeito desta Lei.

Art. 3º Para sua comercialização, os produtos orgânicos de verão ser

certificados por organismo reconhecido oficialmente, segundo critérios

estabelecidos em regulamento.

§ 1º No caso da comercialização direta aos consumidores, por parte dos

agricultores familiares, inseridos em processos próprios de organização e

controle social, previamente cadastrados junto ao órgão fiscalizador, a

certificação será facultativa, uma vez assegurada aos consumidores e ao

órgão fiscalizador a rastreabilidade do produto e o livre acesso aos locais de

-produção ou processamento.

§ 2º A certificação da produção orgânica de que trata o caput deste artigo,

enfocando sistemas, critérios e circunstâncias de sua aplicação, será

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matéria de regulamentação desta Lei, considerando os diferentes sistemas

de certificação existentes no País.

Art. 4º A responsabilidade pela qualidade relativa às características

regulamentadas para produtos orgânicos caberá aos produtores,

distribuidores, comerciantes e entidades certificadoras, segundo o nível de

participação de cada um.

Parágrafo único. A qualidade de que trata o caput deste artigo não exime os

agentes dessa cadeia produtiva do cumprimento q de demais normas e

regulamentos que estabeleçam outras medidas F relativas à qualidade de

produtos e processos.

Art. 5º Os procedimentos relativos à fiscalização da produção, circulação,

armazenamento, comercialização e certificação de produtos orgânicos

nacionais e estrangeiros, serão objeto de regulamentação pelo Poder

Executivo.

§ 1º A regulamentação deverá definir e atribuir as responsabilidades pela

implementação desta Lei no âmbito do Governo Federal.

§ 2º Para a execução desta Lei, poderão ser celebrados convênios, ajustes

e acordos entre órgãos e instituições da Administração Federal, Estados e

Distrito Federal.

Art. 6º Sem prejuízo das responsabilidades civil e penal cabíveis, a infração

das disposições desta Lei será apurada em processo administrativo e

acarretará, nos termos previstos em regulamento a aplicação das seguintes

sanções, isolada ou cumulativamente:

I - advertência;

II - multa de até R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);

III - suspensão da comercialização do produto;

IV - condenação de produtos, rótulos, embalagens e matérias-primas;

V - inutilização do produto;

VI - suspensão do credenciamento, certificação, autorização, registro ou

licença; e matéria de

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VII - cancelamento do credenciamento, certificação, autorização, registro ou

licença.

Art. 7º Caberá ao órgão definido em regulamento adotar medidas cautelares

que se demonstrem indispensáveis ao atendimento dos objetivos desta Lei,

assim como dispor sobre a destinação de produtos apreendidos ou

condenados na forma de seu regulamento.

§ 1º O detentor do bem que for apreendido poderá ser no- meado seu

depositário.

§ 2º Os custos referentes a quaisquer dos procedimentos mencionados

neste artigo correrão por conta do infrator.

Art. 8º As pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que

produzam, transportem, comercializem ou armazenem produtos orgânicos

ficam obrigadas a promover a regularização de suas atividades junto aos

órgãos competentes.

Parágrafo único. Os procedimentos de registro, cadastramento,

licenciamento e outros mecanismos de controle deverão atender ao

disposto no regulamento desta Lei e nos demais instrumentos legais

pertinentes.

Art. 9º Os insumos com uso regulamentado para a agricultura orgânica

deverão ser objeto de processo de registro diferenciado, que garanta a

simplificação e agilização de sua regularização.

Parágrafo único. Os órgãos federais competentes definirão em atos

complementares os procedimentos para a aplicabilidade do disposto no

caput deste artigo.

Art. 10º. Para o atendimento de exigências relativas a medidas sanitárias e

fitossanitárias, as autoridades competentes deverão, sempre que possível,

adotar medidas compatíveis com as características e especificidades dos

produtos orgânicos, de modo a não descaracterizá-los.

Art. 11º. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, definindo as normas

técnicas para a produção orgânica e sua estrutura de gestão no âmbito da

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União, dos Estados e do Distrito Federal.

§ 1º A regulamentação deverá contemplar a participação de representantes

do setor agropecuário e da sociedade civil, com reconhecida atuação em

alguma etapa da cadeia produtiva orgânica.

§ 2º A regulamentação desta Lei será revista e atualizada sempre que

necessário e,no máximo, a cada quatro anos.

Art. 12º. (VETADO).

Parágrafo único. O regulamento desta Lei deverá estabelecer um prazo

mínimo de 01 (um) ano para que todos os segmentos envolvidos na cadeia

produtiva possam se adequar aos procedimentos que não estejam

anteriormente estabelecidos por regulamentação oficial.

Art. 13º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Márcio Thomaz Bastos

Roberto Rodrigues

Marina Silva

ESTE TEXTO NÃO SUBSTITUI O PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL DA

UNIÃO DE

24/12/2003, SEÇÃO 1, PÁGINA 8.

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Anexo 2

Questionário do perfil dos consumidores de produtos hortifrutigranjeiros orgânicos no

Gob Empório Orgânico, situado na Cobal Humaitá, Rio de Janeiro.

QUESTIONÁRIO

1. SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO 2. IDADE: ( ) 0 a 18 ( ) 19 a 29 ( ) 30 a 45 ( ) 46 a 59 ( ) acima de 60 anos 3. RENDA FAMILIAR: ( ) 0 a 2 SÁL. MÍN. ( ) 2 a 5 SÁL. MÍN ( ) 5 a 10 SÁL. MÍN ( ) acima de 10 SÁL. MÍN 4. ESCOLARIDADE: ( ) ENSINO FUNDAMENTAL ( ) ENSINO MÉDIO ( ) ENSINO SUPERIOR ( ) PÓS-GRADUADO 5. PERIODICIDADE DE CONSUMO DE ORGÂNICOS: ( ) DIARIAMENTE ( ) 1 VEZ POR SEMANA ( ) 3 VEZES POR SEMANA 6. POR QUE CONSUMIR ORGÂNICOS: ( ) SAÚDE ( ) SEM AGROTÓXICO ( ) MEIO AMBIENTE

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7. QUAL A PRINCIPAL DIFICULDADE DO CONSUMO DE ORGÂNICOS: ( ) PREÇO ( ) VARIEDADE ( ) QUANTIDADE 8. EM RELAÇÃO À CERTIFICAÇÃO, COMPRA PRODUTOS CERTIFICADOS: ( ) SIM ( ) NÃO 9. O QUE INCENTIVA O AUMENTO DO CONSUMO ORGÂNICO: ( ) MELHOR PREÇO ( ) MAIOR OFERTA ( ) MAIS PONTO DE VENDA 10. EM RELAÇÃO AO ATENDIMENTO, VOCÊ É FIEL AO PONTO DE VENDA: ( ) SIM ( ) NÃO DECLARO QUE LI E ENTENDI AS PERGUNTAS DESSE QUESTIONÁRIO E SOU VOLUNTARIO (A) PARA RESPONDER ESSAS PERGUNTAS E FAZER PARTE DESTA PESQUISA. NOME:___________________________________ PESQUISADOR:____________________________

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61

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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EHLERS, E. Agricultura alternativa: uma visão histórica. Estudos Econômicos, São

Paulo v.4, p. 231-262, 1994.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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2 - ASSIS, R. L. et al. Aspectos socioeconômicos da agricultura orgânica no estado do

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

DEDICATÓRIA 03 RESUMO 04 METODOLOGIA 05

SUMÁRIO 06

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

AGRICULTURA FAMILIAR ORGÂNICA

15

1.1 Certificação e procedimentos técnicos dos produtos orgânicos 22

CAPÍTULO II

CONSUMIDOR DE PRODUTOS ORGÂNICOS 27

2.1 Comunicação entre produtor e consumidor 30

2.2 Comportamento do consumidor 32

CAPÍTULO III

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO 35

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 61

BIBLIOGRAFIA CITADA 63

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