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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ACIDENTE DE TRABALHO: MINIMIZANDO OS RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO Por: Dolores Betzel Reetz Orientador Prof. Carlos Alberto Nascimento VITÓRIA - ES 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ACIDENTE DE TRABALHO:

MINIMIZANDO OS RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Por: Dolores Betzel Reetz

Orientador

Prof. Carlos Alberto Nascimento

VITÓRIA - ES

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ACIDENTE DE TRABALHO:

MINIMIZANDO OS RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes –

IAVM, como condição prévia para a conclusão do Curso de

Pós-Graduação “Lato Sensu” em Gestão Estratégica e

Qualidade.

Por: Dolores Betzel Reetz

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela saúde, determinação e

sabedoria; ao meu esposo pelo incentivo e

colaboração, aos meus filhos pela

compreensão.

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é carinhosamente dedicado ao

meu marido e aos meus filhos Raynner,

Jacqueline e Karine.

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RESUMO

Segurança do Trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e

psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, que eliminando as condições inseguras do

ambiente, quer instruindo ou convencendo as pessoas sobre a implantação de práticas

preventivas. Anualmente, são divulgadas as estatísticas de acidentes ocorridos no país com

o numero de mortos, feridos, aleijados, incapacitados para o trabalho e incapacitados para a

vida normal. Configurando-se em perdas desastrosas.

O acidente é um fato súbito, inesperado, imprevisto (embora algumas vezes previsível) e

não premeditado ou desejado; e, ainda como causador de dano considerável, embora não

especifiquem se tratam de dano econômico (prejuízo material) ou dano fisico as pessoas

(dor, sofrimento, invalidez ou morte).

Dentro deste contexto, o presente trabalho visa proporcionar o desenvolvimento em que a

análise de risco pode minimizar os acidentes de trabalho, através de uma abordagem

sistêmica, que possa ser utilizada por profissionais da área. Para tanto, foi realizada uma

revisão detalhada de vários trabalhos, desenvolvidos por diversos autores, além das

legislações vigentes no pais, relativos às estratégias para a melhoria do desempenho da

segurança.

Com intuito de promover melhoria, as legislações de segurança têm sido aprimoradas

porém a constância dos altos índices de acidentes nos últimos anos, reflete a necessidade

de mudança da abordagem pontual, que está sendo utilizada para uma abordagem

sistêmica. Onde passa-se a ter uma visão macro da organização, integrando todos os níveis

hierárquicos de forma a propiciar o desenvolvimento e a consecução de um objetivo maior,

garantíndo a saúde e a segurança de todos os elementos da organização. Com isso, um

ambiente de trabalho agradável pode melhorar o relacionamento interpessoal e a

produtividade, assim como reduzir acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade do

pessoal. Fazer do ambiente um local agradável para se trabalhar tornou-se fundamental

para as empresas bem-sucedidas.

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METODOLOGIA

Este estudo delimita-se a concientizar da importância da implementação de sistemas de

gestão de garantia da segurança e saúde do trabalhador; descrevendo métodos de análise de

riscos visando minimizar os acidentes de trabalho nas organizações, levando a uma melhor

qualidade de vida do trabalhador, consequentemente contribuir para o desenvolvimento

acelerado das empresas e da sua gestão estratégica. Para o desenvolvimento do trabalho

foram utilizados livros, revistas, jornais obtidos em bibliotecas públicas, faculdades

particulares e acervo pessoal, consulta a internet em artigos sobre o assunto e sites oficiais

com legislação pertinente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPITULO 1 – Histórico da Segurança do Trabalho 09

1.1. Histórico sobre a garantia da segurança aos trabalhadores 09

1.2. Conceitos básicos 15

CAPITULO 2 – A importância de Adotar um Sistema se Segurança de Trabalho 18

2.1. Integração entre os sistemas de gestão 19

2.2. Paralelo entre os sistemas de gestão 23

2.3. Custo direto e indireto dos acidentes 25

CAPITULO 3 – A Segurança do Trabalho 27

3.1. Classificação dos acidentes de trabalho 29

3.2. Elementos dos acidentes no trabalho 30

3.3. Causas dos acidentes no trabalho 31

3.4. A análise de Risco no Ambiente de Trabalho 33

3.5. O papel funcional da área de recursos humanos e segurança 35

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 47

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

A implantação de sistemas de gestão de garantia da qualidade e, mais recentemente, dos

sistemas de gestão ambiental e de gestão da segurança e da saúde do trabalho, tem dado

oportunidade para o surgimento de instrumentos multiplicadores da capacidade

empresarial de produzir com melhor qualidade, menores custos e implementar a inovação

tecnológica.

A gestão de segurança e saúde do trabalho tem um papel de destaque no desenvolvimento

da motivação dos trabalhadores. O investimento permanente nas pessoas passa, também,

pela melhoria das suas capacidades e competências, no sentido de uma melhor

compreensão dos processos desenvolvidos e, portanto, da sua identificação com a empresa,

com os seus objetivos e prioridades. Investir em formação na área da segurança a saúde no

trabalho é, acima de tudo, contribuir para o desenvolvimento acelerado das empresas e da

sua gestão estratégica.

A sociedade através do processo de conscientização da importância do conceito de

qualidade no seu âmbito mais geral, aplicado à vida como um todo, têm exigido das

organizações melhorias da qualidade de vida no trabalho. Dentro do enfoque das

necessidades do ser humano, a qualidade de vida no trabalho tem sua forma mais básica na

segurança do trabalho.

Objetivamos com este trabalho, analisar as transformações nas organizações a partir da

analise de risco para minimizar os acidentes de trabalho

Objetivamos mostrar que um programa de Segurança do trabalho minimiza

significativamente os acidentes de trabalho, melhorando a produtividade e qualidade,

consequentemente maior retorno economico. O gerenciamento da segurança e saúde

ocupacional gera grandes problemas, principalmente devido à dificuldade da gerência em

utilizar abordagens mais modernas na concepção de ferramentas de apoio a gestão, assim

buscamos demonstrar as vertentes que já existem de efeciência da análise de risco de

acidentes do trabalho

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CAPITULO 1

HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

O direito e a higiene do trabalho nem sempre tiveram progressão linear e conjunta na sua

evolução ao longo do tempo. A higiene do trabalho é considerada uma conquista recente,

pois só se desenvolveu modernamente, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundiais.

Porém, de acordo com Cruz (1996), quatro séculos A.C., os trabalhos médicos já

apresentam referencias às moléstias causadas por certas ocupações e cuidados para

preveni-las, Hipócrates aconselhou a limpeza após o trabalho, referindo-se a doenças entre

trabalhadores das minas de estanho; Aristóteles referiu-se a doenças profissionais dos

corredores e a maneira de evitá-las; Galeno, já na era cristã, fez referência a doenças de

ocupação entre trabalhadores das minas de chumbo do Mediterrâneo.

1.1. Histórico sobre a garantia da segurança aos trabalhadores

O primeiro trabalho realmente importante sobre doenças profissionais, foi escrito em 1700

pelo médico italiano Bernardino Ramazzinni, hoje considerado o “pai da Medicina do

Trabalho”. Em sua obra “De morbis artflcum diatriba”, descreve cerca de 100 ofícios

diferentes e os riscos específicos de cada um, além disto, acrescenta às perguntas de rotina

feitas ao doente pelo médico, outras perguntas referentes à profissão.

Quanto às normas de proteção do trabalho, desde o século XIV as Corporações de Artesâos

ou Corporações de Ofícios regulamentavam e protegiam certas ocupações. Segundo Cruz

(1996), seus estatutos elaboraram a primeira regulamentação trabalhista, compreendendo

normas sobre a aprendizagem, a duração do trabalho, o descanso nos feriados, entre outros.

Já, quando se fala da evolução histórica do direito do trabalho, deve-se focalizar a

Revolução Industrial iniciada no século XVIII, que deu nova fisionomia ao processo de

produção de bens na Europa e em outros continentes. As leis trabalhistas surgiram como

conseqüência da questão social e da reação humanista, que precedeu a Revolução

Industrial e que se propôs a garantir e preservar a dignidade do ser humano ocupado nas

indústrias.

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A força muscular dos homens e dos animais foi substituída pela força motriz, o que

modificou as condições de trabalho. Com isso, houve a necessidade de dotar a ordem

jurídica de um instituto para reger as relações entre empregados e empregadores.

A evolução do maquinismo trouxe problemas, desconhecidos anteriormente, que passaram

a fazer parte do cotidiano dos empregados e empregadores, como bem coloca Nascimento

(1992).

“O emprego da máquina, que era generalizado, trouxe problemas

desconhecidos, principalmente pelos riscos de acidentes que comportava. A

prevenção e a reparação de acidentes, as proteções de certas pessoas (mulheres e

menores) constituíam uma parte importante da regulamentação do trabalho”.(

NASCIMENTO, 1992, p. 158).

A introdução da máquina no processo industrial criou a figura do assalariado, substituindo

o trabalhador escravo, servil e corporativo. As mulheres e os menores passaram a integrar

o quadro de empregados das fabricas, uma vez que não era mais fundamental a

qualificação e a capacidade pessoal, anteriormente indispensável aos artesãos.

O trabalho ficou sujeito à lei da oferta e da procura, o contrato de trabalho, que em teoria

era resultado do livre acordo das partes, na realidade tinha suas normas fixadas pelo

empregador, e como não era escrito, era modificado ou dado por acabado quando este

determinasse. Após isso, o Estado Liberalista, onde o empregador tinha plena liberdade no

regramento das condições trabalhistas, desapareceu para dar lugar a um Estado que

intervinha na ordem econômica e social, colocando barreiras ao princípio da ampla

liberdade de contratação.

1.1.1. Regulamentação dos direitos do trabalhador

Na regulamentação jurídica do trabalho pelo Estado predominou, inicialmente, o propósito

de proteger o menor e a mulher e o de limitar a duração da jornada de trabalho. Deste

modo, segundo Nascimento (1992), a maior parte das leis editadas nesta época, destinam-

se a estes assuntos, aÍern do que, demonstram um maior intervencionismo por parte do

poder público.

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Assim, é o caso da Lei de Amparo aos Pobres, da Inglaterra, editada em 1601, que

reconheceu a obrigação do Estado de amparar o indigente nacional.

Outra norma jurídica, que demonstra a mesma idéia de protecionismo estatal na ordem

social, é a Lei de Peel, de 1802, da Inglaterra. Esta norma tinha o intuito de amparar o

trabalhador, protegendo as crianças, limitando a jornada de trabalho há 12 horas,

estabelecendo deveres com a educação e higiene do local de trabalho, em especial dos

dormitórios.

Já a Lei de 1833, também da Inglaterra, foi constituída para proteger os menores e

fiscalizar as condições de trabalho das fábricas. Esta Lei proibiu o trabalho de menores de

9 anos, limitou a jornada diária de menores de 13 anos a 09 horas, dos adolescentes de

menos de 18 anos a 12 horas. Além disso, proibiu o trabalho noturno e, ainda, instituiu a

nomeação de inspetores de fábrica para fiscalizar o cumprimento das normas estabelecidas.

Em 1867, com modificação destas leis, começa a ser ampliada a visão de segurança no

trabalho, são estipuladas maiores proteções em relação ao maquinário, ventilação mecânica

para controle de poeíras e proibição das refeições nos locais de trabalho. Em 1897, foi

inaugurada a inspeção médica e nasceu a idéia de indenização.

Estes fenômenos, segundo Nascimento (1992), ocorreram também na França e na

Alemanha, que em 1869, criou uma Lei dispondo que:

“Todo o empregador é obrigado a fornecer e a manter, à sua própria custa, todos

os aparelhos necessários ao trabalho, tendo em vista a sua natureza, em

particular do ramo da industria a que sirvam, e o local de trabalho em ordem a

fim de proteger os operários, tanto quanto possível, contra riscos de vida e de

saúde”. (NASCIMENTO, 1992, p. 168).

Na Alsácia, Engel Dolfus em 1861, tomou a iniciativa da segurança industrial, ao levantar

a voz contra o fatalismo, criando a associação industrial para a prevenção de acidentes do

trabalho. O acidente do trabalho e as doenças profissionais eram considerados, nesta época,

como fatais acompanhantes do trabalho. A esta associação, seguiram-se outras espelhadas

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pela Europa. As primeiras leis de seguro contra acidenes, surgiram em 1877 na suiça e em

1883 na alemanha.

O direito trabalhista estendeu-se em outras atividades, além das industriais, como

consequência das inivações da tgécnica, das novas máquiinas do desenvolvimento das

comunicações e dos novos profiossionais que surgiam. A legislação industrial, portnato,

transformou-se gradativamente em direito operário, caracterizando a expansão do direito

trabalhista.

As normas protecionistas do trabalho rapidamente institucionalizaram-se e penetraram nas

Constituições modernas, como é o caso, da Constituições modernas. Como é o caso, da

constituição do México de 1917. Esta foi a primeira a tratar de dereitos trabalhistas,

empondo jornada diária de trabalho de 8 horas, jornada máxima noturno de 7 horas,

proibeção do trabalho de menores de 12 anos e limitação de 6 horas de trabalho para

menores de 16 anos. Além disso, institui obrigatoriedade do descanso semanal, proteção

contra acidentes do trabalho, higiene e segurança do trabalho, direito de sindicalização, de

greve, de conciliação e arbitragem dos conflitos, de indenização de dispensa e de seguros

sociais.

A segunda Constituição a tratar do assunto, foi a da Alemanha, que disciplinou a

participação dos trabalhadores nas empresas, a criação de um direito unitário do trabalho, a

liberdade de coalizão dos trabalhadores, o direito a um sistema de seguros sociais e o

direito de representação dos trabalhadores na empresa.

A Constiutição de Weimar (1919) e a Del lavoro da Itália (1927) são considerados também

como bases dos sistemas democráticos sociais. A Carta Del lavoro foi à base dos sistemas

corporativos que existiram em Portugal, Espanha e no Brasil, tendo como princípio a

intervenção do estado na ordem econômica, o controle do direito coletivo do trabalho e a

concessão, por lei, dos direitos dos trabalhadores.

O direito do trabalho, enfim, firmou-se em praticamente todos os paises,

independentemente de sua estrutura econômica, politica ou juridica, como uma

necessidade de regramento das relações do trabalho. O direito trabalhista, no seu contexto

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contemporâneo, passou a desempenhar também, além da função de tuelar o trabalhador, a

função de coordenar os interesses entre o capital e o trabalho. As normas protecionistas

passaram a conviver com outras normas, criadas para a solução de problemas originados

em epócas de crise. Atualmente, o direito do trabalho tem dado grande ênfase ao

sindicalismo, à proteção contra o desemprego e á ampliação das negociações coletivas.

1.1.2. Direito e a Saúde do Trabalho no Brasil

As transformações que ocorriam na Europa e a elaboração de normas de proteção ao

trabalhador em diversos paises foram fatores externos que influíram no direto do trabalho

brasileiro. Além disto, de acordo com Nascimento (1992), o ingresso do Brasil na

Organização Internacional do Trãbalho, criada no Tratado de Versalhes, em 1919, fez com

que se tivesse o compromisso de observar normas trabalhistas.

Após a abolição da escravatura e a Proclamação da República, iniciou-se o período liberal

no Brasil, marcado pela alienação do Estado a qualquer manifestação trabalhista. Não se

pode dizer, é verdade, que este tenha sido um período de grandes reivindicações, já que as

greves, em busca de melhores salários e redução da jornada de trabalho, eram esporádicas

e de pouca repercussão. Assim, a Constituição de 1891 não estava voltada para a questão

social, e se omitiu em relação ao direito trabalhista.

A primeira lei que tratou especificamente do acidente de trabalho no Brasil foi à lei n°

3.724 de 15-01-1919, adotando a teoria do risco profissional. A partir de 1930, a proteção

ao trabalhador ganhou novo impulso no campo político e legislativo. No governo de

Getúlio Vargas, houve uma reestruturação da ordem jurídica trabalhista e inúmeras foram

as leis disciplinou-se a duração da jornada de trabalho no comércio (Dcc. n° 21.186) e na

indústria (Dec. n° 21.364), o trabalho das mulheres nos estabelecimentos industriais e

comerciais recebeu texto especial (Dec. n° 21.417-A), assim como, o trabalho dos menores

(Dcc. n° 22.042).

Também a questão da higiene do trabalho obteve progressos a partir de 1930. Com a

criação do Ministério de Educação e Saúde editaram-se leis sobre Saúde Pública em geral,

incluindo um capítulo de higiene industrial, com fiscalização sobre estabelecimentos

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industriais. Em 1934, era assinada a lei dos acidentes do trabalho (Dcc. n° 24.637),

prevendo proteção e indenização para alguns tipos de acidentes profissionais e, em 1937,

era ratificada a Convenção de Genebra sobre moléstias passíveis de indenização.

A constituição de 1934 previu o sistema da pluralidade sindical que, com a Carta

Constitucional outorgada ao país em 1937, foi substituído pelo regime da unidade sindical,

inspirada no sistema corporativista italiano. Este sistema legal, portanto, baseou-se em

institutos que caracterizavam a forma autoritária de organização sindical, como bem coloca

Nascimento (1992). A Constituição declarou a greve e o lockout recursos anti-sociais e, em

seu Art. 139, instituiu a Justiça do Trabalho “para dirimir os conflitos oriundos de relações

entre empregadores e empregados regulados na legislação social”.

As leis, disciplinadoras das relações trabalhistas, tomaram-se muitas e originaram um

sistema fragmentado e falho. Cada profissão tinha uma lei própria, o que prejudicava

muitas outras profissões que ficavam fora da proteção legal. Decidiu-se, então, reunir os

textos legais em um só diploma, acrescentando-se, ainda, inúmeras e importantes

inovações. Foi promulgada, pelo Decreto-Lei n° 5.452, em 1943, a Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT), cujo artigo 154 e seguintes, tratava dos problemas da saúde do

trabalhador, já sob o título de Higiene e Segurança do Trabalho.

No entanto, esta Consolidação não representou a cristalização do direito do trabalho, já que

as ordens trabalhistas, dinâmicas e mutáveis, precisas de constantes modificações legais.

Este fato é notado pelo número de decretos, decretos-lei e leis elaborados posteriormente,

os quais tratam de assuntos como: repouso semanal remunerado; décimo terceiro salário;

proteções contra acidentes; além de diversas e progressivas modificações no que se refere a

indenizações por acidentes, tipos de lesões e moléstias profissionais. Dentre estas, está a

portaria n° 3.214 de 8/711978, aprovando, conforme art. 200 da CLT, as Normas

Regulamentadoras (NR) relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estabelecendo

ênfase na prevenção do acidente de trabalho, modificando a antiga visão de apenas

indenizar os prejuízos já causados.

A partir de 1946, as Nações Unidas reconhecem a Organização Internacional do Trabalho

(OIT), cabendo a esta a proteção ao trabalhador, a defesa do principio de liberdade de

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associação, o incentivo ao ensino técnico e vocacional, entre outras atividades correlatas. O

Brasil adota as convenções da OIT através da ratificação, sendo da competência exclusiva

do Congresso Nacional, a resolução sobre estes compromissos.

Em 5 de outubro, de 1988 foi aprovada pela Assembléia Nacional Constituinte, uma nova

Constituição Federal, como conseqüência da luta pela normalização democrática e pela

conquista do Estado de Direito Democrático, iniciado assim que se instalou o golpe de

1964. Vários direitos do trabalhador foram consagrados em nível constitucional, com

inovações de relevante importância para o sistema jurídico trabalhista. A livre criação dos

sindicatos, já prevista pela convenção nG 87, da OIT de 1948, o direito de greve e a

redução da jornada semanal de trabalho de 48 para 44 horas, foram algumas das matérias.

Além destas, a generalização do regime de fundo de garantia, indenizações para as

dispensas arbitrariam, estabilidade especial para o dirigente das comissões internas de

prevenção de acidentes de trabalho e das empregadas gestantes, entre outras inovações

foram um grande passo para o respeito à autonomia privada coletiva na ordem trabalhista.

1.2. Conceitos básicos

No art. 196, da Constituição Federal, o direito a saúde é garantido a todos os cidadãos por

meio de medidas que visem a redução do risco de doenças e outros agravos, além de

acesso a ações para sua proteção e recuperação. A Segurança do Trabalho é então definida

como:

“O conjunto de medidas que versam sobre condições especificas de instalação

do estabelecimento e de suas maquinas, visando à garantia do trabalhador contra

a natural exposição aos riscos inerentes a pratica da atividade profissional”

(Constituição da República Federativa do Brasil, art. 196, 1988).

A higiene do trabalho é definida como:

“A higiene do trabalho refere-se ao conjunto de normas e procedimentos que

visa à proteção da integridade fisica e mental do trabalhador, preservando-o dos

riscos de saúde inerentes às tarefas do cargo e ao ambiente fisico onde são

executadas. A higiene do trabalho está relacionada com o diagnóstico e com a

prevenção de doenças ocupacionais a partir do estudo e controle de duas

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variáveis: o homem e seu ambiente de trabalho.” (CHIAVENATO, 2000, p.

431)

Assim, modernamente, de acordo com Cruz (1996), a higiene do trabalho tem como

principais objetivos:

• Promover, manter e melhorar a saúde dos trabalhadores;

• Eliminar ou amenizar os infortúnios do trabalhador, tais como acidentes,

doenças, intoxicações industriais etc., pelo controle higiênico dos materiais,

processos e ambiente do trabalho;

• Aplicar as medidas de prevenção às doenças transmissíveis comuns ou não ao

trabalho;

• Estender estas medidas de medicina preventiva aos membros da família e ao

lar do trabalhador, pela visita do médico e da enfermeira, articulados pelo

serviço social.

O conceito legal de acidente do trabalho encontra-se no Art. 2° da Lei n° 6.367, de

19.10.76, sob a seguinte definição: “Acidente do Trabalho é aquele que ocorre pelo

exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação

funcional eu cause a morte ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade

para o trabalho”.

Do ponto de vista prevencionista o acidente do trabalho é “uma ocorrência não programada

que interfere no andamento do trabalho, ocasionando danos materiais ou perda de tempo

útil” (FUNDACENTRO, 1980).

Na época contemporânea, a segurança e medicina no trabalho são objetivos eu as leis dos

diferentes paises procuram atingir. Estas agem por meio de medidas de engenharia

referentes às condições mínimas de segurança oferecidas pelos locais de trabalho, ou por

meio de exigências destinadas à manutenção dos efeitos jurídicos dos acidentes de trabalho

e moléstias profissionais.

Para que o trabalhador atue em local apropriado são fixadas condições mínimas a serem

observadas pelas empresas, quer quanto às instalações onde as oficinas e demais

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dependências se situam, quer quanto às condições de contagio com agentes nocivos à

saúde ou de perigo que a atividade possa oferecer. O complexo técnico resultante das

invenções e da utilização dos instrumentos, máquinas, energias e materiais, modificam-se e

se intensificam através das civilizações. A relação entre o homem e o fator técnico exige

uma legislação tutelar da saúde, da integridade física e da vida do trabalhador.

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CAPITULO 2

A IMPORTÂNCIA DE ADOTAR UM SISTEMA DE

SEGURANÇA DO TRABALHO

No contexto atual do mercado brasileiro, em que o tema qualidade vem sendo discutido

com interesse cada vez maior, é imprescindível que as empresas promovam a melhoria do

nível de qualidade de seu trabalho e o aumento de sua produtividade.

A aquisição da qualidade está intimamente ligada à melhoria das condições de segurança,

pois é muito improvável que uma organização alcance a excelência de seus produtos

negligenciando a qualidade de vida daqueles que os produzem (MIRANDA iR, 1995,

p.15). Neste sentido, a questão da segurança no trabalho ganha dimensão muito mais

abrangente do que a humanitária, a econômica e a da imagem da empresa, para associar-se

também à possibilidade de se atingir a qualidade do produto e o sucesso da empresa.

Algumas características das empresas têm influência marcante na questão gerencial de

recursos humanos, conseqüentemente, na sua qualidade e produtividade, bem como grande

heterogeneidade do produto, à medida que cada atividade gera um produto único, embora o

emprego de grande variedade de materiais, processo produtivo, repercutindo na grande

variabilidade de medidas de segurança, na alta rotatividade da mão-de-obra, dificultando

um processo de treinamento contínuo, mão-de-obra de baixa qualificação, alta proporção

de trabalhadores com baixa escolaridade e nenhuma formação profissional, onde a

qualificação é por meio de treinamento em canteiros onde não são evidenciados os riscos

das funções (LIMA & HE1NECK, 1995).

Os resultados dessas características geram uma baixa produtividade, além de um alto

índice de acidentes de trabalho. O custo aumenta, evidentemente, o custo de qualquer

atividade produtora. Mediante uma avaliação adequada dos custos dos acidentes, as

gerências de uma empresa podem dar conta que, mais que um gasto do ponto de vista

financeiro, um programa de segurança adequado e eficiente intervém favoravelmente na

produtividade.

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2.1. Integração entre os sistemas de gestão

2.1.1. Sistemas Organizacionais

Os seres humanos necessitam, desde sempre, associarem-se a outros para melhor suprirem

suas necessidades de sobrevivência no planeta, isto é, para associarem-se com um objetivo

a ser alcançado, os quais não alcançariam isoladamente devido as suas limitações. Estas

associações, quando apresentam uma determinada estrutura e acontecem de maneira

organizada e espontânea são chamadas de organizações. Assim, a nossa sociedade moderna

e industrializada se caracteriza por ser uma sociedade composta de organizações.

A empresa tornou-se o modelo de referência para as atividades humanas em geral. Desta

forma, a evolução da concepção de organização deve ser coerente com a concepção de

mundo e de homem. E os valores adotados na elaboração destas concepções, por

conseqüência, irão influir diretamente no conceito de organização.

A teoria geral das organizações tem sido contemplada, através dos tempos, por escolas

com abordagens próprias visando à otimização do desempenho e dos resultados

organizacionais. Todas estas teorias tentam explicar comportamentos e características

peculiares aos seus objetos de estudo. A partir dos conceitos, parâmetros e variáveis

organizacionais oriundos de cada uma das escolas, foram desenvolvidas ferramentas gerais

e especificas para realizar, segundo sua ótica, o desenvolvimento organizacional no todo

ou em partes.

2.1.2. Sistema de Gestão

As atividades que tem como finalidade à coordenação, o controle e a direção da estrutura

organizacional, integram a chamada tarefa empresarial e estão a cargo da administração.

Isto é, sua execução visa alcance dos objetivos e metas da organização.

A tarefa empresarial tem sido objeto de estudo de muitas escolas e abordagens

organizacionais distintas, permitindo que a observação, análise e avaliação de uma

entidade organizada, varie em função dos parâmetros e variáveis em que se baseiam. Com

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base nestas várias abordagens, foram desenvolvidas ferramentas gerais e especificas para

realizar, segundo suas óticas, o desenvolvimento organizacional no todo, ou em parte.

Um sistema de gestão é composto, segundo Arantes (1994), pelos subsistemas

institucional, tecnológico e humano-comportamental. Estes devem estar integrados e

possuir uma forte interdependência, pois só assim poderão contribuir de forma consistente

para a realização dos objetivos organizacionais.

Todos os sistemas de gestão têm como ponto de partida um objetivo fundamental, a

sobrevivência da organização como entidade livre e próspera. Este pressuposto de vê estar

vinculado a sua estratégia de crescimento e perpetuação. Partindo-se deste ponto

fundamental, a estrutura de um sistema de gestão deve ser concebida, de acordo com

Carvalho e Frosini (1995), com base na coerência entre:

“Os aspectos das atividades, produtos, serviços e recursos da organização que

interagem ou podem interagir com o fundamento do sistema de gestão; a

política e as diretrizes gerais definidas pelos gestores executivos; os objetivos

fixados para suportar as políticas; e as metas vinculadas às áreas relevantes da

organização, isto é, que estejam conectadas com os objetivos

estabelecidos”.(CARVALHO E FROSINI, 1995, p. 256)

Segundo Castro (1997), no entanto, quase a totalidade das políticas, objetivos e metas

fixadas através do desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão tem seu

atingimento pleno de médio a longo prazo, e apenas se tornam viáveis por meio de uma

mudança de paradigma organizacional. Com esta mudança, faz-se necessário compreender

que qualquer sistema, conforme Carvalho e Frosini (1995), está sujeito a inúmeras

variáveis que se interagem de maneira complexa. O comportamento destas variáveis

necessita ser estudado de modo a distinguir os pontos de alavancagem que permitam

utilizar os recursos materiais e humanos, para o efetivo atingimento de políticas, objetivos

e metas fixadas.

A concepção e o desenvolvimento de sistemas de gestão, de acordo como trabalho de

Castro (1997), deve ser conduzidos de maneira planejada;

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• Definição de um ponto fundamental para o qual todos os sistemas devem

convergir, proporcionando a integração e a harmonização dos fundamentos

associados a estes sistemas;

• Definição das interfaces de forma a deixar claras as interdependências entre as

varias funções que compõem os sistemas;

• Estabelecimento de canais de comunicação que sejam eficientes em transmitir

dados e informações em tempo hábil para a toma de decisões, que impactem um

ou mais sistemas de gestões; e

• Implantação de controle e avaliação, com o intuito de corrigir eventuais

desvios encontrados com relação aos fundamentos dos sistemas de gestões.

De posse do exposto, percebe-se, através de um trecho do trabalho de Carvalho e Frosini

(1995): “o desafio inicial reside na capacidade de a organização definir os aspectos do seu

negocio que devem fundamentar um ou mais sistemas de gestão “. Esta consideração deve

estar vinculada à sua estratégia de crescimento e perpetuação, pois o futuro só pode ser

determinado a partir de uma visão sistêmica do presente.

Esta visão sistêmica é tratada com certa propriedade e com uma ótica abrangente e,

estrategicamente, necessária, para que a organização seja pró-ativa, a fim de manter a sua

fatia e a imagem no mercado.

Para a obtenção de um sistema gerencial equilibrado, procura-se dividir a organização em

partes elementares. Isto já foi feito pro Mckinsey (apud Castro, 1997), usando uma

abordagem de sete elementos, denominado modelo dos 7-S. Cada elemento, precisa

atender às necessidades do objetivo compartilhado e dos outros elementos, sendo eles:

• Objetivo compartilhado (Shared purpose): captura a meta ou missão da

organização;

• Estratégia (Sirategy): compreende os planos de negócios da organização como

um todo e os planos das diversas partes da organização para alcançar o objetivo

compartilhado;

• Estrutura (Structure): identifica as funções e responsabilidades integradas das

partes da empresa;

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• Sistemas (Systems): compreende o processo, praticas, procedimentos ou

atividades de negócios que geram resultados em direção às metas da empresa;

• Equipe (StaJ: são as pessoas na organização, seu status e áreas de atividades;

• Estilo (Style): é a forma como os gerentes e equipe se comportam, utilizam o

tempo e são reconhecidos e recompensados pela organização;

• Habilidade (SkilF): qualificar a equipe e permitir acesso às habilidades

necessárias para implementar os padrões de desempenho, conhecimento, recursos

e capacidades.

Todos os elementos do modelo 7-S precisam ser considerados adequadamente na

concepção, desenvolvimento ou analise de organizações com o objetivo de realizar

mudanças, com o intuito de adaptação às novas exigências do mercado, legais ou

comunitárias.

O desenvolvimento, implementação e manutenção de sistemas de gestão Segundo Castro

(1997), “a palavra perda não esta associada a nenhum adjetivo que a qualifique; com isso,

pode significar perdas monetárias, prejuízos ao meio ambiente, riscos à saúde e a

segurança e outros tantos problemas que podem afetar de forma direta ou indireta a

sociedade como um todo”.

Para a defmição do conceito de perda, consideram-se as atividades, os produtos, os

serviços e os processos da organização, bem como, qualquer parte interessada que de

alguma maneira, possa ser atingida pelos efeitos oriundos das perdas já definidas.

A maior preocupação das organizações atualmente é garantir a qualidade de seus produtos

ou serviços, para tanto, esta qualidade deve ser o foco das políticas, objetivos e metas de

sistema de gestão. Para a garantia desta qualidade, as organizações devem definir, de

acordo com seu subsistema institucional, os enfoques que irão ser priorizados no seu

sistema de gestão. Estes em ser da garantia da qualidade, da qualidade ambiental e da

saúde e segurança.

Para qualquer um dos enfoques dados aos sistemas de gestão, devem ser estabelecidos

padrões mínimos de desempenho para todas as atividades. Assim, os sistemas de gestão

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devem ser concebidos com uma estrutura capaz de, primeiramente, atingir e fazer cumprir

as diretrizes básicas e especificas que fundamentam a sua concepção e o seu

desenvolvimento. Tal característica é inerente a qualquer sistema de gestão, que, uma vez

qualificado, por seu ponto focal, como garantia da qualidade, meio ambiente ou garantia da

saúde e segurança, dentre outros, passa a definir a razão fundamental de sua existência.

Estas características fundamentais dão origem a efeitos, também fundamentais, aos quais

está vinculada à eficácia do sistema de gestão. Para tanto, a organização deve ser eficaz ao

estabelecer critérios que considerem as partes interessadas, legislações aplicáveis e outros

fatores que estejam relacionados com os fundamentos do sistema de gestão.

Segundo Castro (1997), aplicando-se estes conceitos aos Sistemas de Gestão de Garantia

da Qualidade (SGQ), Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e Sistema de Gestão da

Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO), pode-se estabelecer um paralelo entre estes.

Para tanto, deve-se ter em conta que o primeiro ponto em comum entre estes está na

própria concepção dos sistemas de gestão: o SGQ está voltado aos aspectos da qualidade

dos produtos e serviços fornecidos aos seus clientes; o SGA refere-se aos aspectos

ambientais das atividades, produtos e serviços de uma organização; e, o SGSSO volta-se

aos aspectos de segurança e saúde das atividades, produtos e serviços de uma organização.

2.2. Paralelo entre os sistemas de gestão

Estabelecendo-se os elementos básicos de cada sistema é possível visualizar-se um quadro

comparativo da fundamentação, dos aspectos e dos efeitos fundamentais desses três

sistemas de gestão. De acordo com Castro (1997), esta comparação pode ser visualizada

como segue.

Sistema de Gestão da Garantia da Qualidade (SGQ):

• Fundamento — provê confiança adequada aos clientes ou a quem possa

interessar, verificando se os produtos e serviços da organização atenderão aos

requisitos especificados;

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• Aspectos fundamentais — representados pela totalidade das características

dos produtos e serviços da organização;

• Efeitos fundamentais — correspondem aos requisitos para a qualidade que

expressam ou traduzem em um conjunto de especificações, explicitados em

termos quantitativos ou qualitativos; às características dos produtos e serviços

em função das necessidades explicitas e implícitas dos clientes e/ou mercado.

Sistema de Gestão Ambiental (SGA):

• Fundamento — voltado para o meio ambiente no que se refere à diminuição

e/ou eliminação das varias formas de poluição e efeitos adversos decorrentes,

bem a racionalização dos recursos naturais renováveis e/ou não-renováveis.

• Aspectos fundamentais — representados pelas características e componentes

das atividades, produtos e serviços de uma organização que podem interagir

com o meio ambiente.

• Efeitos fundamentais — refere-se a qualquer alteração e ou impacto

significativo ao meio ambiente, total ou parcial, benéfico ou adverso, direto ou

indireto, real ou potencial, como decorrência das atividades, produtos e serviços

de uma organização.

Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO):

• Fundamento refere-se à segurança e saúde dos funcionários e/ou de outras partes

interessadas que possam ser afetadas pelos processos, operações, produtos, serviços e

demais atividades da organização;

• Aspectos fundamentais representam as características e componentes das atividades,

produtos, serviços e recursos de uma organização, podendo interagir com a segurança e

saúde ocupacional;

• Efeitos fundamentais representam a freqüência e magnitude da conseqüência de um

evento especifico classificado como perigoso, sendo tal evento decoifente das atividades,

produtos, serviços e recursos da organização.

Partindo-se dos elementos revisados toma-se clara a necessidade de implantação de

sistemas de gestão que sejam eficientes para a garantia de um bom desempenho

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organizacional. Os sistemas de gestão de qualidade, meio ambiente e segurança e saúde

ocupacional são básicos no gerenciamento de todas e qualquer empresa que busque o

crescimento e até a sua sobrevivência. Porem, o funcionamento não articulado destes

sistemas faz com que o aproveitamento do potencial destes não seja total.

Os gastos devido à duplicidade de funções, desencontros e demoras nas informações além

da necessidade de um maior contingente de pessoal faz com que o potencial dos sistemas

de gestão seja somente utilizado em parte. A integração deste funcionamento, então, é

imprescindível para o real aproveitamento destas ferramentas gerenciais.

2.3. Custo direto e indireto dos acidentes

O acidente do trabalho constitui fator negativo para a empresa, para o empregado e para a

sociedade. Suas causas e custos devem ser analisados. O Seguro de Acidentes do Trabalho

cobre apenas os gastos com despesas médicas e indenizações ao acidentado. As demais

modalidades de seguro contra riscos fortuitos como o fogo, por exemplo, propiciam à

seguradora a fixação de taxas de acordo com o risco individual existente em cada empresa.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na sua norma 1 8-R estabelece que o

custo direto do acidente é o total das despesas decorrentes das obrigações para com os

empregados expostos aos riscos inerentes ao exercício do trabalho, como as despesas com

assistência médica e hospitalar aos acidentados e respectivas indenizações, sejam estas

diárias ou por incapacidade permanente. Em geral, estas despesas são cobertas pelas

companhias de seguro.

O custo indireto do acidente do trabalho, segundo a ABNT, envolve todas as despesas de

fabricação, despesas gerais, lucros cessantes e demais fatores cuja incidência varia

conforme a indústria. Já o INPS inclui no custo indireto do acidente do trabalho os

seguintes itens: gastos do primeiro tratamento, despesas sociais, custo do tempo perdido

pela vítima, perda por diminuição do rendimento no retomo do acidentado ao trabalho,

perda pelo menor rendimento do trabalhador que substitui temporariamente o acidentado,

calculo do tempo perdido pelos colegas de trabalho etc. Aceita-se, em diversos países, a

proporção de 4 para 1 entre os valores do custo indireto e do direto. O custo indireto

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representa, portanto, quatro vezes o custo direto do acidente do trabalho, sem se falar na

tragédia pessoal e familiar que o acidente de trabalho pode provocar.

Os números registrados de acidentes do trabalho são assustadores. Na maior parte das

vezes, o que ocorre é a transgressão das normas de segurança do trabalho, que, se

obedecidas, poderiam reduzir essa lamentável incidência. Há que se lembrar que tanto a

moléstia profissional quanto o acidente do trabalho conferem responsabilidade civil e

criminal ao empregador nos casos de dolo ou culpa.

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CAPITULO 3

A SEGURANÇA DO TRABALHO

No contexto atual do mercado brasileiro, em que o tema qualidade vem sendo discutido

com interesse cada vez maior, é imprescindível que as organizações promovam a melhoria

do nível de qualidade de seu trabalho e o aumento de sua produtividade.

A aquisição da qualidade esta intimamente ligada à melhoria das condições de segurança,

pois é muito improvável que uma organização alcance a excelência de seus produtos

negligenciando a qualidade de vida daqueles que os produzem (Miranda Jr., 1995). Neste

sentido, a questão da segurança no trabalho ganha dimensão muito mais abrangente do que

a humanitária, a econômica e a da imagem da empresa, para associar-se também à

possibilidade de se atingir a qualidade do produto e o sucesso da empresa.

Um acidente do trabalho é resultado de uma corrente de eventos, do mesmo modo com que

o defeito de um produto ou serviço resulta de um conjunto de fatores de não-

conformidades no processo de produção. Faz-se então necessário visualizar os acidentes

através do mesmo caminho que os defeitos.

As organizações tratam seus defeitos através de técnicas de gerenciamento da qualidade,

materializadas no Controle da Qualidade, Garantia da Qualidade e crescentemente no

Gerenciamento da Qualidade (TQM).

A ISO norma 8402, define gerenciamento da qualidade como “o aspecto da função de

gerenciamento total que determina e implementa as polfticas de qualidade”, O

gerenciamento da segurança pode tomar o mesmo caminho da garantia da qualidade. O

gerenciamento de segurança nos termos de controle de perdas pode cortas as perdas por

acidentes e alcançar o custo ótimo, que é um elemento essencial do moderno

gerenciamento da qualidade.

A criação desta cultura de segurança é primordial para a implementação efetiva e eficiente

do gerenciamento de segurança. Um comportamento seguro no trabalho deve ser resultado

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do acesso a meios de prevenção e conhecimento adequados além da motivação.

Obviamente este ultimo elemento é menos tangível, porem é onde um grande numero de

medidas podem ser adotadas. O foco comportamental do TQM pode gerar competências

no gerenciamento da segurança, pela obtenção de alto nível iniciativa entre empregados.

Como um exemplo desta iniciativa todos os trabalhadores devem ter o poder de parar o

trabalho, em parte ou em todo o setor, devido a uma preocupação justificável com a

segurança.

O desenvolvimento de uma cultura de melhoria continua para o gerenciamento da

segurança, pode ser comparado com a cultura desenvolvida para a garantia da qualidade. A

organização tem aceitado que a qualidade não pode ser “inspecionada” em um produto, e o

tempo irá mostrar que segurança não pode ser “inspecionada” em uma atividade. Assim, o

comportamento baseado em uma cultura de segurança deve ter em conta princípio de

melhoria continua.

A segurança no trabalho esta relacionada com a prevenção de acidentes e com a

administração de riscos ocupacionais. Sua finalidade é profilática no sentido de antecipar-

se para que os riscos de acidentes sejam minimizados. Algumas organizações tratam à

segurança no trabalho como uma prioridade fundamental. Sem um total comprometimento

da alta direção, qualquer tentativa de reduzir acidentes terá pouco sucesso. E os gerentes e

supervisores constituem o elo na cadeia administrativa.

Um programa de segurança no trabalho requer as seguintes etapas:

1. Estabelecimento de um sistema de indicadores e estatísticas de acidentes.

2. Desenvolvimento de sistemas de relatórios de providências.

3. Desenvolvimento de regras e procedimentos de segurança.

4. Recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de

segurança.

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3.1. Classificação dos acidentes de trabalho Os acidentes no trabalho são classificados em: 3.1.1. Acidentes sem afastamento Após o acidente, o empregado continua trabalhando sem qualquer sequela ou prejuízo

considerável. Este tipo de acidente não provoca o afastamento do trabalho nem é

considerado nos cálculos dos coeficientes de freqüências (CF) e de gravidade (CG),

embora deva ser investigado e anotado em relatório, além de exposto nas estatísticas

mensais.

3.1.2. Acidente com afastamento É o acidente que provoca o afastamento do empregado do trabalho. Os acidentes podem

ser ser classificado em:

3.1.2. 1. Incapacidade temporária

Provoca a perda temporária da capacidade para o trabalho e suas seqüelas se prolongam

por um período menos do que um ano. No retorno ao trabalho, o empregado assume sua

função sem qualquer redução da sua capacidade de trabalho.

3.1.2.2. Incapacidade parcial permanente

Provoca a redução parcial e permanente para o trabalho e suas seqüelas se prolongam por

período maior do que um ano. É geralmente motivada por:

• Perda de qualquer membro ou parte deste.

• Redução da função de qualquer membro ou parte deste.

• Perda da visão ou redução funcional de um olho.

• Perda da audição ou redução funcional de um ouvido.

• Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas que

resultem, na opinião do médico, em redução de menos de três quartos da

capacidade de trabalho.

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3.1.2.3. Incapacidade permanente total

Provoca a perda total, em caráter permanente, da capacidade de trabalho. É geralmente

motivada por:

• Perda da visão de ambos os olhos.

• Perda da visão de um olho com redução em mais da metade da visão do outro.

• Perda anatômica ou impotência funcional de mais de um membro ou de suas

partes essenciais (mão e pé).

• Perda da visão de um olho, simultânea à perda anatômica ou impotência funcional

de uma das mãos ou pé.

• Perda da audição de ambos os ouvidos ou, ainda, redução em mais da metade de

sua função.

• Quaisquer outras lesões orgânicas, perturbações funcionais ou psíquicas

permanentes que ocasionem, sob opinião médica, a perda de três quartos ou mais

capacidade para o trabalho.

3.1.2.4. Morte

O acidente provoca a morte do empregado.

3.2. Elementos dos acidentes no trabalho

Em todo acidente no trabalho estão presentes os seguintes elementos:

3.2.1 O agente É definido como o objeto ou substância (a máquina, o local, o equipamento, que poderiam

ser adequadamente protegido) diretamente relacionados com a lesão, como a prensa, a

mesa, o martelo, a banheira etc.

3.2.2. A parte do agente A parte do agente que está diretamente associado ou relacionada com a lesão, como o

volante, o pé da mesa, o cabo do martelo, o piso da banheira etc.

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3.2.3. A condição insegura É a condição fisica ou mecânica existente no local, na máquina, no equipamento ou na

nstalação (que poderia ter sido protegida ou corrigida) e que leva à ocorrência do acidente,

como o piso escorregadio, oleoso, molhado, com saliência ou buraco, máquina desprovida

de proteção ou com polias ou partes móveis desprotegidas, instalação elétrica com fios

descascados, motores sem fio-terra, iluminação deficiente ou inadequada.

3.2.4. O tipo de acidente É a forma ou modo de contato entre o agente do acidente e o acidentado; ou ainda, o

resultado desse contato como as batidas, tombos, escorregões, choques etc.

3.2.5. O ato inseguro É a violação de procedimento aceito como seguro, ou seja, deixar de usar equipamento de

proteção individual, distrair-se ou conversar durante o serviço, fumar em área proibida,

lubrificar ou limpar máquina ligada ou em movimento.

3.2.6. O fator pessoal de insegurança

É qualquer característica, deficiência ou alteração mental, psíquica ou fisica — acidental

ou permanente — que permite o ato inseguro. São problemas como visão defeituosa,

audição deficiente, fadiga ou intoxicação, descuido, desatenção, problemas particulares,

desconhecimento das normas e regras de segurança.

3.3. Causas dos acidentes no trabalho

Mas, o que causa o acidente no trabalho? Existem duas causas básicas de acidentes no

local de trabalho: as condições inseguras e os atos inseguros.

3.3.1. Condições inseguras

As condições inseguras constituem as principais causas dos acidentes no trabalho. Incluem

fatores como:

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• Equipamento sem proteção.

• Equipamento defeituoso.

• Procedimentos arriscados em máquinas ou equipamentos.

• Armazenamento inseguro, congestionado ou sobrecarregado.

• Iluminação deficiente ou imprópria.

• Ventilação imprópria, mudança insuficiente de ar ou fonte de ar impuro.

• Temperatura elevada ou baixa no local de trabalho.

• Condições físicas ou mecânicas inseguras que constituem zonas de perigo.

As providências nestes casos são eliminar ou minimizar as condições inseguras. Outros

fatores de acidente relacionados com o trabalho e que são considerados condições

inseguras são: o cargo em si, a programação de trabalho prolongado e o clima psicológico

do local de trabalho.

Um departamento de contabilidade geralmente apresenta menos acidentes do que um

departamento de solda ou expedição.

A programação de trabalho e a fadiga também afetam os índices de acidentes. Os acidentes

ocorrem menos durante as primeiras cinco ou seis horas da jornada de trabalho. Os índices

de acidentes aumentam com o número de horas trabalhadas no mesmo dia devido à fadiga.

Além disso, os acidentes ocorrem mais durante os turnos noturnos de trabalho.

Também o clima psicológico do local de trabalho afeta os índices de acidentes. Os

acidentes ocorrem mais frequentemente em fábricas com alto grau de demissões sazonais e

onde há hostilidade entre os empregados, queixas de salários baixos e de condições de vida

inadequadas.

3.3.2. Atos inseguros

Eliminar apenas as condições inseguras é insuficiente, pois as pessoas também causam

acidentes. Os atos inseguros dos funcionários são:

• Carregar materiais pesados de maneira inadequada.

• Trabalhar em velocidades inseguras — muito rápidas ou lentas.

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• Utilizar esquemas de segurança que não funcionam.

• Usar equipamento inseguro ou usá-lo inadequadamente.

• Não usar procedimentos seguros.

• Assumir posições inseguras.

• Subir escadas ou degraus depressa.

• Distrair, negligenciar, brincar, arriscar, correr, pular, saltar, abusar etc.

É necessário minimizar as condições de insegurança. As causas dos atos inseguros podem

ser atribuídas a certas características pessoais que predispõem aos acidentes, como

ansiedade, agressividade, falta de controle emocional etc. As características pessoais, a

personalidade e a motivação das pessoas provocam certas tendências comportamentais que

predispõem a acidentes como a tendência a assumir riscos e tomar atitudes inadequadas.

Essas tendências de comportamentos levam a atos inseguros, como desatenção e falhas em

seguir procedimentos, e aumentam a probabilidade de acidentes.

3.4. A análise de Risco no Ambiente de Trabalho

No inicio do século XX, os antigos bondes da Light & Company trafegavam pelas

principais ruas do Rio de Janeiro e de São Paulo ostentando cartazes com os dizeres:

“prevenir acidentes é dever de todos”. Era uma responsabilidade geral. Passados quase cem

anos, o lema não se tornou obsoleto. Pelo contrário, tornou-se bem atual. Há também um

velho e popular ditado que diz: “mais vale prevenir do que remediar”. Esse ditado adquire

forte importância nos tempos modernos.

Na prática, todo programa de prevenção de acidentes focaliza duas atividades básicas:

eliminar as condições inseguras e reduzir os atos inseguros.

3.4.1. Eliminação das condições inseguras

A eliminação das condições inseguras é o papel dos funcionários da primeira linha de

defesa. Engenheiros de segurança desenham cargos para eliminar ou reduzir os riscos

físicos dos ocupantes. Os supervisores e gerentes de linha assumem importante papel na

redução das condições inseguras.

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• Mapeamento de áreas de risco: trata-se de uma avaliação constante e permanente

das condições ambientais que podem provocar acidentes dentro da empresa. Um

mutirão de esforços de gerentes, funcionários e especialistas de RH atua no sentido

de mapear e localizar as possíveis áreas de perigo potencial e sugerir ações no sentido

de neutralizar ou minimizar tais condições.

• Análise profunda dos acidentes: todo relatório de acidente, com e sem afastamento

do trabalho, deve ser submetido a uma profunda análise para que se descubram suas

possíveis causas, como condições ou atos inseguros. A partir daí, indicam-se as

providências no sentido de eliminar essas causas para prevenir novos e futuros

acidentes.

• Apoio irrestrito da alta administração: todo programa bem-sucedido de prevenção

de acidentes repousa no compromisso da alta direção. Esse compromisso é

importante para ressaltar a importância que a alta direção coloca no programa de

profilaxia contra acidentes na empresa.

3.4.2. Redução dos atos inseguros

Os acidentes são similares a outros tipos de desempenho pobre. Estudos psicológicos

sugerem que não se deve selecionar as pessoas que apresentam tendências para acidentar-

se em cargos específicos.

As técnicas de seleção de pessoal procuram identificar certos traços humanos (como

habilidade visual ou coordenação motora) relacionados com acidentes em certos cargos.

pesquisas sugerem testes sobre traços relacionados com acidentes, como:

• Estabilidade emocional e testes de personalidade.

• Medidas de coordenação muscular.

• Testes de habilidade visual.

• Testes de maturidade emocional, desempenho seguro e cuidadoso.

• Suscetibilidade à exposição a produtos tóxicos.

Existem uma clara relação entre predisposição a acidentes e proficiência no cargo. A

seleção de pessoas baseada em testes que apontam para a questão da predisposição a

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acidentes permite que os gerentes reduzam os acidentes e melhorem a qualidade dos

funcionários ao mesmo tempo.

• Comunicação interna: a propaganda e cartazes sobre segurança no trabalho podem

ajudar a reduzir atos inseguros. Um estudo mostra que o comportamento seguro teve

um aumento de 20%. Contudo, os cartazes não substituem os programas de

segurança, mas podem ser combinados com eles e outras técnicas, como o

treinamento, para reduzir condições de insegurança.

• Treinamento: o treinamento de segurança reduz acidentes, principalmente quando

envolve novos empregados, no sentido de instruí-los em práticas e procedimentos

para evitar potenciais riscos e trabalhar desenvolvendo sua percepção em relação à

segurança no trabalho.

• Reforço positivo: os programas de segurança baseados no reforço positivo podem

melhorar a segurança no trabalho. Objetivos de redução de acidentes devem ser

formulados em conjunto com os funcionários e com ampla divulgação e comunicação

dos resultados. Muitas empresas adotam o lema zero em acidentes e passam a

ostentar cartazes com o numero de dias sem acidentes. São importantes as reuniões

periódicas com grupos de empregados para discussão de casos e exemplos,

encorajando-os para que façam distinção entre comportamentos certos e errados em

situações de perigo, além da demonstração de gráficos de freqüência e localização de

acidentes, e ainda a elaboração de uma listagem de regras de segurança pessoal (o

que fazer e o que não fazer em situações de risco).

3.5. O papel funcional da área de recursos humanos e segurança

No tocante à segurança e higiene, várias são as áreas contributivas: Seleção, Treinamento,

Serviço Social, Serviço Médico, Serviço de Segurança Industrial.

O trabalho entre staff e a hierarquia de linha deve basear-se em critérios cooperativos,

utilizando-se esta última do maior grau possível da competência do primeiro, acionando-o

sempre que necessário na busca de soluções que levem à preservação da saúde, no sentido

mais amplo, dos trabalhadores e, conseqüentemente, da saúde da organização.

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3.5.1. Seleção

Normalmente, a área está capacitada a detectar, com considerável probabilidade de acerto,

características psicológicas que, em determinadas situações de trabalho, poderão causar

riscos de acidentes.

Nesse sentido, o cliente de Seleção, ao solicitar um preenchimento de uma vaga, deve

esclarecer sobre riscos potenciais existentes, condições de trabalho, tipo de atividades a ser

desenvolvido, enfim, um perfil profissiográfico que dê à área de Seleção parâmetros para

uma real análise dos candidatos frente ao trabalho proposto. Cabe ressaltar que, em

remanejamentos internos, tal retina deve ser mantida.

3.5.2. Treinamento

Não é suficiente treinar um trabalhador na execução de uma tarefa. É necessário treiná-lo

para executá-la com segurança. As informações sobre os riscos inerentes ao trabalho

devem ser detalhadas para compor os programas específicos em cada operação em

particular. Os cursos sobre utilização de equipamentos de proteção individual,

equipamentos de proteção coletiva, primeiros socorros etc. são importantes, porém não-

exaustivos.

Por outro lado, segurança é mais do que uma simples questão de treinamento: é um

“problema” de educação, deve ser realizado no dia-a-dia e durante o próprio trabalho,

conscientizando os trabalhadores e, principalmente, mantendo essa conscientização. Essa

função cabe à chefia; todavia, as técnicas de treinamento poderão auxiliá-la, sugerindo

métodos, planos de reciclagem etc.

Cabe aqui um parênteses especial sobre a relação a segurança tem com ordem e limpeza

(SOL). Iniciativas colocadas em prática por varias empresas demonstraram de forma cabal

que o housekeeping cria condições favoráveis a uma conscientização em segurança, haja

visto que, associado a programas de Qualidade Total, o trabalhador percebe e valoriza,

mantendo um comportamento cooperativo e “disciplinado”, quando a organização do

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ambiente fisico lhe proporciona diretamente uma melhor condição de trabalho (menores

condições de risco) e mesmo de qualidade de vida.

3.5.3. Serviço Social

A concorrência de preocupações de ordem econômica, desajustes familiares, educação dos

filhos etc., no passado, eram encaradas como tabu nas empresas. Era comum ouvirmos

algo do tipo: “Os seus problemas pessoais ficam fora da empresa, aqui temos de trabalhar”.

Essa visão cindida do trabalhador felizmente está mudando. O homem é um ser uno e

singular. Não dá para separar o homem profissional do homem pessoa. Existe, sim, uma

diferenciação de papéis sociais.

Uma das competências do Serviço Social é conhecer os recursos (quer da empresa quer da

comunidade) disponível e a forma de encaminhamento das pessoas para que resolvam ou

minimizem os problemas supracitados. É preciso lembrar que os profissionais dessa área

são especializados para tal fim, capazes de analisar com maior profundidade e orientar com

mais propriedade.

Todavia, não podemos ignorar o fato de que é o chefe quem tem o contato próximo e diário

com o subordinado, cabendo a ele a percepção inicial de que “há algo errado” e o

encaminhamento, quando for o caso, ao Serviço Social.

É importante salientar que não é necessário ter o problema resolvido para que a tensão

diminua. O simples fato de se sentir amparado e ajudado poderá dar ao trabalhador a

suficiente tranqüilidade para agir com segurança.

3.5.4. Serviço Médico

É comum problemas de saúde afetarem a segurança do trabalhador. A mudança de enfoque

de uma medicina curativa para uma medicina preventiva demonstra, na prática, que está na

prevenção de acidentes e doenças do trabalho, aliada a estudos de problemas ambientais e

riscos ergonômicos, o caminho a ser trilhado.

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Cada vez mais, a área vem ganhando um status de gerenciamento da saúde em vez de

gerenciamento da doença e, de forma contumaz, o médico do trabalho é convidado (e com

forte poder de influência) a participar de decisões de layout, instalação de equipamento /

máquinas, além, é claro, das N campanhas educativas (AIDS, Alcoolismo, Ergonomia etc.).

3.5.5. Serviço Especializado de Segurança

A mudança principal nesta área é que, num passado recente, se perguntassem quem fazia a

segurança na empresa, a resposta seria: é o Departamento de Segurança. De um papel

funcional de fiscalização e controle, assume um papel de orientador e de assessoria aos

clientes internos, e aí é que residem as soluções e também os principais desvios

conceituais.

O entrosamento necessário com as áreas clientes (principalmente setores de fabricação e

manutenção) e com as áreas clientes-fornecedores de Recursos Humanos é condição

primordial para sua eficácia. Os problemas que normalmente surgem centram-se na

definição de quem é a competência e a autoridade para resolver determinadas situações e

risco.

3.5.6. Condições Ambientais de Trabalho

O trabalho das pessoas é profundamente influenciado por três grupos de condições:

• Condições ambientais de trabalho: como a iluminação, temperatura, ruído etc.

• Condições de tempo: como duração da jornada de trabalho, horas extras, períodos de

descanso etc.

• Condições sociais: como organização informal, status etc.

A higiene do trabalho ocupa-se do primeiro grupo: as condições ambientais de trabalho,

embora não se descuide totalmente dos outros dois grupos. Por condições ambientais de

trabalho queremos referir-nos às circunstancias físicas que envolvem o empregado

enquanto ocupante de um cargo, na organização. É o ambiente físico que envolve o

empregado, enquanto ele desempenha uma função.

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Os três itens mais importantes das condições ambientais de trabalho são: iluminação, ruído

e condições atmosféricas.

3.5.7. Iluminação

A iluminação refere-se à quantidade de luminosidade que incide no local de trabalho do

empregado. Não se trata de iluminação em geral, mas a quantidade de luz no ponto focal

do trabalho. Assim, os padrões de iluminação são estabelecidos de acordo com o tipo de

tarefa visual que o empregado deve executar: quanto maior a concentração visual do

empregado em detalhes e minúcias tanto mais necessária a luminosidade no ponto focal de

trabalho.

A má iluminação causa fadiga à vista, prejudica o sistema nervoso, concorre para a má

qualidade do trabalho e é responsável por razoável parcela dos acidentes. Um sistema de

iluminação deve possuir os seguintes requisitos:

• Ser suficiente de modo que cada foco luminoso forneça toda quantidade de luz

necessária a cada tipo de trabalho;

• Ser constante e uniformemente distribuída de modo a evitar a fadiga dos olhos,

decorrente das sucessiva acomodações em virtude das variações da intensidade da luz.

Deve-se evitar contrastes violentos de luz e sombra e as oposições de claro e escuro.

A distribuição da luz pode ser:

• Iluminação direta faz a luz incidir diretamente sobre a superfície iluminada. É a mais

econômica e mais utilizada para grandes espaços.

• Iluminação indireta faz a luz incidir sobre a superfície a ser iluminada por meio da

reflexão sobre paredes e tetos. É a mais dispendiosa. A luz fica oculta da vista por

alguns dispositivos ou anteparos opacos.

• Iluminação semi-indireta combina os dois tipos anteriores, pelo uso de globos

translúcidos para refletir a luz no teto e nas partes superiores das paredes, que a

transmitem para a superficie a ser iluminada (iluminação indireta). A luz é difundida

diretamente pelo globo (iluminação direta), havendo, portanto, dois efeitos luminosos.

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• Iluminação semi-direta é aquela em que a maior parte da luz é dirigida diretamente à

superfície a ser iluminada (iluminação direta), havendo, todavia, alguma luz que é

refletida por intermédio das paredes e do teto.

• Ser disposta no sentido de não causar ofuscamento ou respiandecência, que tragam

fadiga à visão, em face da necessidade de constantes acomodações visuais.

3.5.8. Ruído

O ruído é considerado um som ou barulho indesejável. O som tem duas características

principais: a freqüência e a intensidade. A freqüência do som é o número de vibrações por

segundo, emitidas pela fonte de ruídos, e é medida em ciclos por segundo (cps). A

intensidade do som é medida por decibéis (db). A evidencia e as pesquisas feitas mostram

que o ruido não provoca diminuição no desempenho do trabalho. Todavia, a influência do

ruído sobre a saúde do empregado e, principalmente, sobre sua audição, é poderosa. A

exposição prolongada a níveis elevados de ruídos produz, de certa forma, perda de audição,

proporcional ao tempo de exposição. Em outros termos quanto maior o tempo de exposição

ao ruído maior o grau de perda da audição.

O efeito desagradável dos ruídos depende da:

• Intensidade do som;

• Variação dos ritmos ou irregularidades; e

• Freqüência ou tom dos ruídos.

A intensidade do som varia enormemente. A menor vibração sonora audível corresponde a

1 decibel (1db), enquanto os sons extremamente fortes costumam provocar sensação

dolorosa a partir de 120db.

O nível máximo de intensidade de ruído permitindo legalmente em ambiente fabril é de 85

decibéis. Acima disto, o ambiente é considerado insalubre. Os ruídos entre 85 e 95 decibéis

podem produzir danos auditivos crônicos, diretamente proporcionais às intensidade,

freqüneias e tempos de exposição.

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Níveis Gerais de Ruído

Tipo de som Decibéis

Menor vibração sonora audível 1

Murmúrio 30

Conversação normal 50

Trafego intenso — 70

Inicio da fadiga causada por barulho 75

Ruídos industriais externos 80

Apitos e sirenes 85

Escapamentos de caminhões 90

Começo da perda de audição 90

Maquinas de estaquiamento 110

Serrarias 115

Limiar do estrondo doloroso 120

Prensa hidráulica 125

Aviões ajato 130

O controle dos ruídos visa à eliminação, ou pelo menos, à redução dos sons indesejáveis.

Genericamente, os ruídos industriais podem ser:

• Contínuos (como máquinas, motores ou ventiladores);

• Intermitentes (como prensas, ferramentas pneumáticas, forjas); e

• Variáveis (como pessoas que falam, manejo de ferramentas ou materiais).

Os métodos utilizados para o controle dos ruídos na indústria, podem ser incluídos em uma

das cinco classificações abaixo:

• Eliminação do ruído no elemento que o produz, mediante reparação ou novo

desempenho da máquina, engrenagens, polias, correias etc.;

• Separação da fonte do ruído, mediante anteparos ou montagem das máquinas e

demais equipamentos sobre molas, feltros ou amortecedores de ruídos;

• Encerramento da fonte do ruído dentro de paredes à prova de ruídos;

• Tratamento dos tetos, paredes e solos em forma acústica para a absorção de ruídos; e

• Equipamento de proteção individual (EPI), como protetor auricular.

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3.5.9. Temperatura

Umas das condições ambientais relevantes é a temperatura. Existem cargos cujo local de

trabalho se caracteriza por elevadas temperaturas, como é ocaso da proximidade de fornos

de siderurgia e de cerâmica, de forjarias etc., nos quais o ocupante precisa vestir roupas

adequadas para proteger sua saúde. Em outro extremo, existem cargos cujo local de

trabalho impõe temperaturas baixíssimas, como em frigoríficos, que exigem roupas

adequadas para proteção. Nestes casos extremos, a insalubridade constitui a característica

principal destes ambientes de trabalho.

3.5.10. Umidade

A umidade é conseqüência do alto grau de teor higrométrico do ar. Existem condições

ambientais de elevada umidade do local de trabalho, como é o caso da maioria das

tecelagens que exigem alta gradação higrométrica para tratamento dos fios. Porém, existem

condições ambientais de pouca ou nenhuma presença de umidade, como é o caso das

indústrias de cerâmicas onde o ar é chamado de “seco”. Nestes dois casos extremos, a

insalubridade também constitui a característica principal.

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CONCLUSÃO

As Organizações apresentam um importante papel no processo de desenvolvimento do

Brasil, servindo de maneira eficaz para à retomada do crescimento econômico e

diminuição do nível de desemprego, dado sua capacidade de gerar vagas no mercado de

trabalho.

Apesar dessa importância para a economia brasileira, o setor apresenta alguns fatores que

interferem na sua produtividade e na sua qualidade, conseqüentemente na competitividade

das empresas. A nova mentalidade do público vem impulsionando as empresas a

absorverem novas técnicas de gerências construtivas, parte dos programas de segurança no

trabalho. Sendo assim, as empresas que investem em segurança e saúde do trabalhador

certamente estarão investindo em competitividade.

As empresas nos últimos anos têm reestruturado, de acordo com as exigências do mercado

consumidor, a forma de competir. Uma vez que as empresas estão cada vez mais

procurando satisfazer as necessidades dos consumidores. Sendo assim, muitas empresas

vêm investindo em qualidade e produtividade para aumentar sua competitividade, através

da gestão da segurança do trabalho.

A pesquisa deve sempre buscar a melhoria da qualidade de vida da população. Dentro

dessa visão, a busca pela melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores visa contribuir

para a diminuição das desigualdades sociais. Assim, neste trabalho buscou-se mais

especificamente focalizar à analise de risco no ambiente de trabalho.

Desde seu início, este trabalho buscou a prevenção de acidentes não como algo que possa

ser traçado como um novo panorama, mas sim em demonstrar as vertentes que já existem

de eficiência da análise de risco de acidentes do trabalho, e apresentar uma análise das

principais dos autores pesquisados. A garantia da segurança e saúde ocupacional denota a

necessidade mais básica dos seres humanos, ou seja, garantir sua sobrevivência.

Com intuito de promover melhoria, as legislações de segurança têm sido aprimoradas

porém a constância dos altos índices de acidentes nos últimos anos, reflete a necessidade

de mudança da abordagem pontual, que está sendo utilizada para uma abordagem

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sistêmica. Onde passa-se a ter uma visão macro da organização, integrando todos os níveis

hierárquicos de forma a propiciar o desenvolvimento e a consecução de um objetivo maior,

garantir a saúde e a segurança de todos os elementos da organização. Com isso, a

possibilidade dos trabalhadores aderirem a estes novos programas de melhoria da

segurança é bem maior. Uma vez que esta integração em torno de um objetivo comum

pode anular os mecanismos de defesa psicológicas desenvolvidos devido ao baixo nível de

qualidade de vida desses trabalhadores. Estes mecanismos, “ estratégias defensivas

coletivas “, são criados parindo do princípio que ignorando o perigo ele deixa de existir. E

são responsáveis pela resistência dos trabalhadores em aderir aos programas atuais de

segurança.

Os elementos para o desenvolvimento da análise no ambiente de trabalho nas organizações

foram levantados através da análise de diversas propostas de planejamento de segurança e

de relatos de experiências, sugeridas por vários autores. Como resultado desta análise

surgem os passos principais destas propostas, podendo ser visualizados, de uma maneira

genérica, nos seguintes itens:

• Primeiramente é necessária uma análise inicial da situação da empresa e da

realidade nacional no que se refere a segurança e saúde ocupacional. Esta análise

deve incluir o reconhecimento das estatísticas nacionais e regionais e avaliação da

organização, incluindo o levantamento das condições gerais da empresa além dos

perigos das operações específicas. Vários métodos de análise podem ser utilizados

nesta etapa porém, devem sempre incluir a visão dos trabalhadores, pois a

participação destes é fundamental para o êxito de todo o sistema;

• Como segundo item, tem-se a necessidade do estabelecimento de uma política de

segurança pela alta gerência da organização através do desenvolvimento de uma

forte e disseminada cultura de segurança e da definição de metas e estratégias de

ações;

• Faz-se também necessário o planejamento de um sistema de melhoria contínua da

segurança com a definição de objetivos e indicadores de resultados, para

verificação do alcance desses objetivos. Além disso, a disponibilização de recursos,

a criação de programas de implantação para os empreendimentos, o uso de

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incentivos para trabalhadores, são de grande importância para o bom desempenho

do sistema;

• Na fase de implementação do sistema e de suma importância a conscientização e

o desenvolvimento de competências. Estes deverão ser enfocados através de

treinamentos e da realização de reuniões de segurança, além do uso de outros

elementos que busquem estimular a cooperação de todos na implementação e

manutenção do sistema;

• Para que o sistema possa ser constantemente melhorado é importante que este seja

dotado de um mecanismo de verificação dos erros e deficiências. Para tanto, é

necessário entre outras medidas, o desenvolvimento de registros, monitoramentos e

principalmente auditorias. Estes devem resultar em ações que busquem a imediata

correção do sistema;

• Como as mudanças, tanto internas a organização quanto as referentes ao ambiente

externo a esta, tem ocorrido com grande freqüência na sociedade atual, é

importante que sejam realizadas, no sistema implantado, análises críticas. Estas

devem objetivar além da constante adaptação do sistema, a criação de uma visão de

futuro melhorando a tomada de decisão e a ação pró-ativa da alta gerência.

Além dos elementos necessários a elaboração do sistema de gestão, foram levantados

diversos pontos considerados de suma importância para a melhoria do desempenho da

Segurança e Saúde Ocupacional nas organizações. Dentre esses os mais importantes foram:

• A necessidade de sensibilização da alta gerência das empresas para a questão da

garantia da Segurança e Saúde Ocupacional. Essa sensibilização pode ser efetuada

principalmente através da constatação dos altos custos resultantes da ocorrência

acidentes, tanto em termos dos custos diretos dos acidentes, como pela perda da

qualidade do produto e produtividade do processo.

• A necessidade do comprometimento da alta gerência com o desenvolvimento e

operacionalização do sistema de gestão, uma vez que cabe a esta o investimento

dos recursos além de servir como modelo de comportamento para seus

colaboradores.

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• A importância do desenvolvimento de uma cultura de segurança, uma vez que,

sem o desenvolvimento desta, toma-se muito improvável a melhoria do

desempenho da segurança, pois a mudança comportamental de todos no ambiente

de trabalho e imprescindível.

• A importância do treinamento, tanto no sentido de informar aos trabalhadores

sobre a existência dos perigos existentes, como para ensinar e sistematizar o uso de

procedimentos seguros para execução das funções.

• A viabilidade de serem utilizados esquemas de incentivos para auxiliar a

conscientização dos empregados. O uso destes deve ser estudado e controlado, pois

pode estimular comportamentos indevidos.

• A participação dos empregados, tanto na elaboração do planejamento como na

implantação do sistema é de grande importância, pois além de propiciar o

conhecimento, estimula o desenvolvimento de comportamentos seguros.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de suprir uma grande deficiência encontrada no

gerenciamento da segurança nas organizações, pois a maioria não valoriza a importância

deste item para o bom desempenho da empresa. Porém a necessidade de enfocar a garantia

da segurança por uma abordagem de natureza sistêmica tem sido ressaltada tanto por

empresários como por pesquisadores.

Assim, através de um levantamento bibliográfico foram definidos os principais elementos a

serem considerados para o desenvolvimento da análise de risco no ambiente de trabalho

como forma de minimizar os acidentes de trabalho. Além destes, foram encontrados

também, elementos de natureza comportamental que são vitais para o bom desempenho

desse sistema. Dessa forma, a pesquisa ora apresentada subsidiará as empresas à

elaborarem a sua análise de risco, buscando além da melhoria da qualidade de vida de seus

empregados o desempenho nos negócios da empresa, pois conforme demonstrado nesta

pesquisa, a análise de risco no ambiente de trabalho minimiza significativamente os

acidentes de trabalho.

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INDICE

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... DEDICATÓRIA ................................................................................................................ RESUMO .......................................................................................................................... METODOLOGIA ............................................................................................................ SUMÁRIO ........................................................................................................................ INTRODUÇÃO ................................................................................................................ CAPITULO 1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO......................................................... 1.1. Histórico sobre a garantia da segurança aos trabalhadores ................................... 1.1.1. Regulamentação dos direitos do trabalhador ................................................. 1.1.2. Direito e a Saúde do Trabalho no Brasil. ....................................................... 1.2. Conceitos básicos.................................................................................................... CAPITULO 2 A IMPORTÂNCIA DE ADOTARUM SISTEMA DE SEGURANÇA DO TRABALHO....................................................................................................................... 2.1. Integração entre os sistemas de gestão................................................................... 2.1.1. Sistemas Organizacionais............................................................................... 2.1.2. Sistema de Gestão ........................................................................................ 2.2. Paralelo entre os sistemas de gestão ...................................................................... 2.3. Custo direto e indireto dos acidentes ..................................................................... CAPITULO 3 A SEGURANÇA DO TRABALHO ................................................................................. 3.1. Classificação dos acidentes de trabalho ................................................................ 3.1.1. Acidentes sem afastamento............................................................................ 3.1.2. Acidente com afastamento.............................................................................. 3.1.2.1. Incapacidade temporária......................................................................... 3.1.2.2. Incapacidade parcial permanente............................................................ 3.1.2.3. Incapacidade permanente total.......................,....................................... 3.1.2.4. Morte ...................................................................................................... 3.2. Elementos dos acidentes no trabalho..................................................................... 3.2.1 O agente........................................................................................................... 3.2.2. A parte do agente........................................................................................... 3.2.3. A condição insegura....................................................................................... 3.2.4. O tipo de acidente .......................................................................................... 3.2.5. O ato inseguro................................................................................................. 3.2.6. O fator pessoal de insegurança....................................................................... 3.3. Causas dos acidentes no trabalho........................................................................... 3.3.1. Condições inseguras....................................................................................... 3.3.2. Atos inseguros................................................................................................ 3.4. A análise de Risco no Ambiente de Trabalho ...................................................... 3.4.1. Eliminação das condições inseguras.............................................................. 3.4.2. Redução dos atos inseguros............................................................................ 3.5. O papel funcional da área de recursos humanos e segurança................................. 3.5.1. Seleção............................................................................................................. 3.5.2. Treinamento.....................................................................................................

030405060708 0909101315 18 1919192325 2729292929293030303030313131313131 3233333435 36 36

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3.5.3. Serviço Social.................................................................................................. 3.5.4. Serviço Médico................................................................................................ 3.5.5. Serviço Especializado de Segurança .............................................................. 3.5.6. Condições Ambientais de Trabalho ............................................................... 3.5.7. Iluminação....................................................................................................... 3.5.8. Ruído................................................................................................................ 3.5.9. Temperatura .................................................................................................... 3.5.10. Umidade ........................................................................................................

CONCLUSÃO ................................................................................................................... BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... INDICE .............................................................................................................................. FOLHA DE AVALIAÇÃO ...............................................................................................

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “lato Sensu”

Curso: Gestão Estratégica e Qualidade

Título da Monografia: Acidentes do Trabalho: Minimizando os Riscos no Ambiente do

Trabalho

Autor: Dolores Betzel Reetz

Orientador: Prof. Carlos Alberto Nascimento

Data da Entrega:____________________________

Avaliado por: _____________________________

Conceito: _________________________________

_______________, ______ de _________________ de _______