universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · legitimá-la o caráter divino do poder...

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNO CASSIO LUIZ DE FRANÇA FORMAÇÃO DE AGENDA E PROCESSO DECISÓRIO NOS GOVERNOS FHC E LULA: Uma análise sobre a dinâmica e as oportunidades de negociação no processo de tomada de decisão do setor elétrico SÃO PAULO 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIREITO EMPRESARIAL: Responsabilidade tributária empresarial

Por: ANDRESSA SARA NEVES CORREIA LIMA

Prof. William Rocha

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIREITO EMPRESARIAL: Responsabilidade tributária empresarial

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Publico e Tributário.

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AGRADECIMENTOS

O caminho da vida pode ser árduo e imprevisível, se vivemos sob o

signo do “deixa a vida me levar”, mas prefiro crer que a vida é uma construção

sublime e cheia de conquistas. Parece que foi ontem, tão perto, que iniciei

essa jornada. O conhecimento é uma trilha pela qual se percorre apenas um

trecho, sempre. O sonho de uma formação superior nos uniu para

concretizarmos esse sonho juntos. Ao longo dessa caminhada, muitos foram

os obstáculos que enfrentamos, os problemas que tivemos, os desânimos que

nos bateram à porta. No entanto, chegamos, e percorremos esse caminho na

certeza de que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”, como dizia o

poeta.

O momento é de agradecer, portanto, a Deus sobretudo, fonte de

vida e razão maior de nossa existência. Em seguida, agradecer aos meus

familiares, sem os quais não estaria aqui, pois a força e o incentivo, o carinho e

a esperança deles me alimentaram na realização desse projeto de vida.

Agradeço, também, aos amigos de sala, pela convivência, pela

cumplicidade, pela solidariedade, acolhimento e pelo valor maior que

aprendemos: o trabalho em equipe sempre nos enriquece. Agradeço de igual

forma aos amigos que me acompanharam e me ajudaram, de uma maneira ou

de outra, com incentivo, força, conselhos e opiniões valiosos que me

permitiram deixar sempre vivo o desejo de mudança que a educação é capaz

de propiciar ao ser humano. Agradeço aos professores que, ante o tumulto das

horas, souberam dar o melhor de si para que nos tornássemos profissionais

competentes para um mercado que exige cada vez mais de nós.

Desejo honrar minha profissão, valorizar o que aprendi, ser fiel aos preceitos

que aqui edifiquei e, dentro de meus limites e possibilidades, contribuir para

uma sociedade mais justa e, conseqüentemente, para um mundo mais

igualitário.

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DEDICATÓRIA

Dedico meu trabalho aos

meus pais do qual sempre me

incentivaram e colaboraram para

o meu crescimento, e à minha

filha que me inspira a querer ser

sempre melhor.

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“O homem com um novo conhecimento é

Um homem transformado” .

Álvaro Vieira Pinto

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RESUMO

As altas cargas tributárias contribuem negativamente para o

crescimento as empresas nacionais, que é um país reconhecidamente

dotado de belezas naturais e que poderia encontrar neste setor um escopo

para a criação de mais frentes de empregos. Alterando a legislação fiscal,

traduz-se um real incentivo implementando uma mova política para

investimentos, melhorando a qualidade dos serviços prestados e tornando o

setor competitivo internacionalmente, pois somos prestadores de serviços, e

não circuladores de mercadorias. Nesta perspectiva, se finaliza apontando

que o decréscimo das tributações estimularia o crescimento os

empreendedores poderiam investir mais em infra-estrutura, melhorar os

serviços prestados e contratar mais mão-de-obra e atrair mais empresas

transnacionais para o Brasil, o que é de indubitável importância para a

economia brasileira.

Palavras-chaves: Cargas tributárias- Tributos- Legislação Fiscal

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ABSTRACT

The high tax rates contribute negatively to growth domestic companies,

which admittedly is a country endowed with natural beauty and that this sector

could find a scope for creating more jobs fronts. Changing the tax laws,

translates into a real incentive, implementing a policy to move investments,

improving the quality of services and making the sector internationally

competitive, since we are providers of services, not goods circulators. From this

perspective, it concludes by stating that the decrease of the tax increase growth

entrepreneurs could invest more in infrastructure, improve services and hire

more manpower and attract more multinational companies to Brazil, which is of

undoubted importance for the Brazilian economy

Keywords: Freight Tax-Taxes-Tax Law

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,

jornais, revistas, questionários... e a resposta, após coleta de dados, pesquisa

bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as

entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de

produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que

cederam o material ou que foram o objeto de observação e estudo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPITULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA 11

1.1 O SISTEMA TRIBUTÁRIO 11

1.2 A TRIBUTAÇÃO 12

1.3 DEFINIÇÃO DE TRIBUTO 14

1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS 15

1.5 ESPÉCIES DE TRIBUTOS 18

1.6 PRINCÍPIOS GERAIS DA TRIBUTAÇÃO 22

1.7 OS PRINCÍPIOS JURÍDICOS DA TRIBUTAÇÃO 23

CAPITULO II -A RESPONSABILIDADE CIVIL 27

2. TRIBUTAÇÃO DE PRODUTOS 31

CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40

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INTRODUÇÃO

Este presente estudo analisará o tema Responsabilidade Tributária

Empresarial. Muitos doutrinadores nas últimas décadas definem o sistema

tributário brasileiro como caro, complexo, e, em muitos aspectos, regressivo e

ineficiente. Um fato a ser considerado é a sua boa arrecadação e o fato de a

carga tributária brasileira ser a maior da América Latina - próxima de 30% do

PIB.

Há várias espécies tributárias: impostos, contribuições sociais,

contribuições econômicas, taxas e contribuições de melhoria. As três esferas

de governo: União, estados e municípios, possuem competência impositiva

para cobrar tributos.

Por muitos anos as principais críticas ao sistema tributário nacional

são o seu alto custo, tanto direto (do Fisco) quanto indireto (dos contribuintes);

seu elevado grau de complexidade que tem uma relação direta com o alto

custo; e seus espaços, que permitem o planejamento tributário e a sonegação,

o que desfaz, pelo menos parcialmente, a sua progressividade formal. Além

disso, o sistema reduz a eficiência econômica, principalmente por ter elevado

número de alíquotas de IPI e de ICMS.

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CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÒRICA

1.1 O sistema tributário

Conforme TORRES (2008), um sistema tributário pode ser entendido

com sendo o conjunto de elementos normativos, dotados de unidade interna,

coerência lógica, ordem, ausência de contradições que organizam e

sistematizam a instituição e a cobrança dos tributos. Ele é composto de vários

subsistemas, que englobam os tributos cobrados especificamente no território

nacional e os incidentes sobre a riqueza internacional partilhados por Estados

soberanos1.

No entanto, há de se registrar que o regime de exação vigente em

um determinado momento é um produto histórico, fruto de um processo de

evolução contínuo no tempo. Para BALEEIRO (2008, p. 233) ele “integra-se

com os vários impostos que cada país adota, segundo o seu gênero de

produção, a sua natureza geográfica, a sua forma política, as suas

necessidades e ainda as suas tradições”2.

Dessa forma, “não é possível estabelecer-se cientificamente um

sistema tributário padrão ou ideal para todos os países, nem para qualquer

deles. Não se pode apagar o passado nem desprezar fatores políticos, morais,

psicológicos e até religiosos”, conclui aquele autor (BALEEIRO, 2008, p. 233)3.

Em relação das dificuldades de se implementar um regime ideal,

1 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário, Rio de Janeiro, Renovar, 2008, p.353-366. 2 BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributário Brasileiro, atualização Mizabel Derzi, IOF,SP, 2008.

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pode-se imaginar características que um bom sistema deverá ter. Dentro das

quatro regras fundamentais estabelecidas por Adam Smith, ou seja, justiça,

certeza, comodidade e economia, BALEEIRO (2008) ressalta que, de modo

geral, são requisitos para um bom sistema a produtividade, a elasticidade, a

compatibilidade com a estrutura econômica, de modo que promova o

desenvolvimento, ser conforme com as idéias morais do povo, a simplicidade,

a ausência de pluritributação e não ser regressivo4.

O sistema tributário brasileiro passou por profunda reforma na

década de 60. Desde então, com exceção da reforma realizada no âmbito da

Assembléia Nacional Constituinte, em 1987/1988, ele evoluiu continuamente

sem alterações significativas em sua estrutura básica. Embora a Carta Política

de 1988 tenha eliminado alguns tributos, e introduzido modificações nas

características de outros, reforma de então teve como resultado principal a

descentralização dos recursos públicos, ampliando o grau de autonomia fiscal

dos estados-membros e dos municípios (VARSANO, 2008)5.

1.2 A tributação

AMED e NEGREIROS (2008) relacionam o aparecimento do tributo,

tal como é concebido hoje, ao surgimento do próprio Estado. Segundo eles, a

tributação em modelos próximos aos dos tempos atuais só pode ser concebida

dentro de uma estrutura de poder coercitivo. Então, parte da riqueza produzida

pela população poderia ser transferida para um soberano ou um agente

público, mesmo quando essa transferência tinha como justificativa para

legitimá-la o caráter divino do poder exercido sobre os súditos, ou a proteção a

3 ibidem. 4 ibidem 5 VARSANO apud REZENDE, F. A metamorfose do estado. São Paulo: Edições Abag, 2008.

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ser-lhes dada em caso de conflitos6.

Dessa forma, nas sociedades primitivas, anteriores ao surgimento

das Cidades-Estados, onde inexistia o instituto da propriedade privada, não

havia espaço para a instituição dos tributos, pois os bens eram coletivos e a

riqueza, advinda do trabalho, era compartilhada por todos.

O dízimo foi a forma de tributo mais conhecida das cidades antigas,

cuja origem remonta à Lei Mosaica dos hebreus e o Egito dos tempos dos

Faraós. A questão tributária, no entanto, será notabilizada no mundo antigo

com o advento do Império Romano. Será inclusive nesta civilização que o

termo tributo será cunhado, dentro da acepção que carrega até os dias atuais:

(...) a palavra tributo vem do latim tributum, -i, cujo verbo tributo, -ere

significa ‘dar, conceder, fazer elogios, presentear’. Designava primitivamente

as exigências em bens ou serviços que as tribos vencedoras faziam às tribos

vencidas. Posteriormente, essas exigências passaram a ser feitas à própria

sociedade. (FRANCO, 2005, p. 18)7.

Com o desmoronamento do Império Romano e o surgimento do

feudalismo as práticas tributárias foram severamente transformadas. De fato,

em cada feudo vigia uma ordem tributária que regia as relações entre o servo

da gleba e o senhor feudal. É a época em que vigoravam os conhecidos

direitos feudais, dentro de uma completa descentralização político-

administrativa do Estado. Dentre as principais obrigações devidas ao senhor,

existiam a corvéia – trabalhos forçados nas terras do senhor e as redevances –

retribuições pagas em produtos ou dinheiro pelo Servo ao dono do feudo. O

6 AMED, Fernando José. NEGREIROS, Plínio José Labriola de Campos. História dos Tributos no

Brasil, São Paulo, 2008, Editora Nobel.

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fim do feudalismo marca o surgimento dos estados nacionais na Europa

Ocidental, a partir do século IV. Percebe-se uma gradativa centralização do

poder nas mãos do monarca, a despeito da gradativa perda de autonomia dos

feudos. Com isso, o rei, enquanto representante do Estado, passa a ser o

responsável pela cobrança dos tributos, indispensáveis para a manutenção da

máquina administrativa e os gastos da coroa, bem como os empreendimentos

necessários à expansão do capital (AMED; NEGREIROS, 2008) 8.

1.3 Definição de Tributo

FALCÃO (2008) destaca que o conceito de tributo tem estado, na

maioria das vezes, relacionado intrinsecamente ao direito positivo. Segundo

ele, tal fato tem acarretado grandes inconvenientes na medida que retira a

conotação universal que é peculiar a todo conceito e tende a apresentar a

realidade apenas parcialmente.

FALCÃO (2005) acosta-se na definição de Rubens Gomes de Sousa

para o instituto, tendo em vista o aceno que o conceito faz para a natureza de

não-restituibilidade daquelas exações. Dessa forma, tributo é a receita

derivada que o Estado arrecada mediante o emprego da sua soberania. Essa

receita que se destina ao custeio da máquina governamental, deve estar

previamente fixada em lei e não carece de contraprestação diretamente

equivalente.

No Brasil, a definição de tributo foi expressamente dada pelo Código

Tributário Nacional (CTN). Nos termos do art. 3o daquele diploma legal:

7 FRANCO, G . A inserção externa e o desenvolvimento. Revista de Economia Política, 18(3):121-147, Julho.2005

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“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo

valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída

em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

(BRASIL, Código Tributário Nacional, art.3o)

Partindo da definição dada pelo CTN, pode-se definir tributo como o

meio pelo qual o Estado estabelece uma relação obrigacional que é satisfeita

mediante uma prestação pecuniária. No entanto, a afetação do patrimônio do

particular, expresso em moeda corrente ou outra modalidade de pagamento

previsto no art. 162 do código, não decorre de pena imputada ao contribuinte

em face da prática de ato ilícito.

É salutar destacar da definição dada pela legislação ordinária o

comentário de MACHADO (2008, p.54), segundo o qual “tributo como

conceituado no art. 3o do CTN, é um gênero, do qual o art. 5o do mesmo

Código indica como espécies os impostos, as taxas e as contribuições de

melhoria”.

1.4 Classificações dos Tributos

Vários são os esforços despendidos no sentido de se desenvolver

uma classificação que contemple todos as nuanças que cerca a natureza do

tributo. De fato, nenhuma sistematização, por extensiva ou criteriosa que se

tenha obtido, é acatada sem ressalvas pela doutrina dominante. A fronteira que

delimita as espécies é tênue, nem sempre aplicável universalmente. No

entanto, como assinala CARRAZZA (2009), sendo as classificações

instrumento de trabalho intelectual, não existindo certas ou erradas, senão

mais úteis ou menos úteis, para facilitar a abordagem do tema ora em estudo,

8 AMED, Fernando José. NEGREIROS, Plínio José Labriola de Campos. História dos Tributos no Brasil, São Paulo, Editora Nobel. 2008.

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serão apresentadas as classificações que se tornaram clássicas no meio

acadêmico.

DALTON (2003), em sua obra Princípios de Finanças Públicas,

tomando a espécie imposto, pelo gênero tributo, apresenta várias

classificações. A primeira, e mais comum, é a que distingue os tributos em

diretos e indiretos. A base dessa distinção consiste em saber sobre quem recai

a obrigação de recolher e pagar o imposto.

O tributo direto é aquele pago pela pessoa sobre quem recai a

obrigação legal do imposto. Já os tributos indiretos são aqueles cuja obrigação

atinge uma pessoa, mais quem efetivamente paga é outra. Nesse caso, o ônus

da exação pode ser transferido total ou parcialmente para outras pessoas.

Geralmente, o imposto sobre a renda é classificado no primeiro grupo,

enquanto os tributos sobre o consumo são tidos como indiretos.

RIANI (2007) caracteriza os tributos diretos como sendo aqueles que

incidem sobre os rendimentos dos indivíduos; enquanto os tributos indiretos

aqueles que oneram os bens e serviços transacionados nas relações

comerciais. Nessa abordagem fica evidente o fato de que nos tributos indiretos

pode ser objeto de repercussão do contribuinte legal para o de fato,

transferência que se torna mais difícil nos tributos diretos.

Outra diferenciação apresentada é entre os tributos que incidem

sobre a propriedade e os que incidem sobre mercadorias. SILVA (2006)

apresenta uma classificação semelhante a essa, ao categorizar os tributos,

conforme a base econômica sobre a qual incidem, em três grandes grupos:

sobre a riqueza (patrimônio), sobre a renda e sobre venda de mercadorias ou

serviços. No primeiro grupo a base de incidência é o estoque de capital

acumulado. No segundo grupo a exação incide sobre o fluxo de rendimentos, e

no terceiro tem como fato econômico motivador do tributo as transações de

compra e venda de mercadorias. No que tange as bases econômicas que

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oneram, DALTON (2003) distingue os tributos em dois grupos, isto é,

incidentes sobre a renda ou sobre o capital.

Dentro de uma abordagem mais moderna da função dos tributos,

MACHADO (2008) os distingue conforme os fins e objetivos com eles visados.

Dessa forma, eles poderão ter natureza fiscal, extrafiscal ou parafiscal. Diz-se

que um tributo é fiscal quando visa proporcionar recursos ao Estado, só

exigindo o interesse monetário. Em sua arrecadação a preocupação social,

política ou de intervenção econômica é secundária, ou inexistente. Já o tributo

extrafiscal se concretiza no instante em que se junta a sua cobrança outros

interesses que não o da simples arrecadação de recursos financeiros,

configurando a intervenção do Estado no domínio econômico ou social. Esses

tributos estão diretamente relacionados com as funções de ajustamento da

distribuição da riqueza e da renda e com a garantia de estabilização

econômica do Estado.

O tributo parafiscal é aquele que visa proporcionar recursos para

custear encargos paralelos ao da administração pública direta. Este tipo de

tributo é instituído por uma determinada pessoa política, todavia, sua

arrecadação, fiscalização, administração e uso de verbas são cometidos à

outra pessoa jurídica de direito público. Essa classificação dificilmente poderá

afirmar que um tributo é estritamente fiscal ou extrafiscal, senão

predominantemente. Uma classificação qualitativa, que leva em conta a

vinculação da atividade estatal decorrente da exação, distingue os tributos em

vinculados e não vinculados.

Consideram-se vinculados os tributos que necessitam de uma

contraprestação estatal, como é o caso das taxas e das contribuições de

melhoria. Já os tributos não vinculados são aqueles que para sua cobrança

não se exige qualquer contraprestação por parte do Estado. Os impostos são

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tributos não vinculados por excelência9. Em estados de estrutura federativa, os

tributos, de acordo com a competência impositiva, poderão ser classificados

em federais, estaduais ou municipais, tendo em vista o ente político a que

incube instituí-los.

Os tributos podem, ainda, ser classificados quanto às espécies

existentes. CARAZZA (2009) destaca que essa classificação é de especial

relevância nos países de estrutura federal, onde a questão da competência

tributária é de fundamental importância para se precisar a quem cabe a

instituição da exação.

O CTN, em seu artigo 4º dispõe:

“Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo

fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I- a denominação e demais características formais adotadas pela

lei;

II- a destinação legal do produto da sua arrecadação”.

1.5 Espécies de Tributos

CARAZZA (2009) destaca que no Brasil a Constituição Federal, além

de efetuar uma classificação estrita das espécies tributárias, apontou os

respectivos regimes jurídicos, de modo que a distinção entre elas não é

apenas nominal, senão conceitual. Diante disso, o arquétipo genérico de cada

tributo está traçado no Texto Maior, de modo que o legislador

infraconstitucional não pode dele se afastar. O autor ressalta que essa

classificação jurídica dos tributos, relaciona-se diretamente com a natureza

privativa das competências tributárias dos entes políticos. Diante disso, esse

estudo só se justifica em países cuja aptidão para instituir tributos é partilhada

9 Torres, 2008

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pelas diversas esferas de governo. No caso brasileiro, a competência é

dividida entre União, estados-membros e Distrito Federal e os municípios.

A Carta Política atual cita expressamente três espécies de tributos:

os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Porém, seu texto

normatiza mais duas outras espécies, as “contribuições” e os empréstimos

compulsórios. À parte as discussões doutrinárias quanto à natureza tributária

ou não dessas últimas espécies10, ocorre que através deles o Estado, por meio

do seu jus imperius, impõe aos cidadãos exações em nada diferente dos

impostos, taxas ou contribuições de melhoria.

CARAZZA (2009) define imposto como sendo a modalidade de

tributo que tem por hipótese de incidência um fato qualquer, não consistente

numa atuação estatal. Já o artigo 16 do CTN define como: “Art. 16. Imposto é

o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independentemente

de qualquer atividade específica, relativa ao contribuinte”. As taxas são tributos

vinculados a uma contraprestação estatal específica ao contribuinte. Elas têm

como fato gerador o exercício regular do Poder de Polícia ou a utilização,

efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao

contribuinte ou posto à sua disposição.

Sua definição consta nos 77 e 78 do CTN e tem como fato gerador o

exercício regular do poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de

serviço público, específico e divisível, prestado ou colocado à disposição do

contribuinte (art. 77). O poder de polícia é a atividade da administração pública

que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade em razão do interesse

público, concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à

disciplina da produção, do mercado, à tranqüilidade pública ou ao respeito à

propriedade e aos direitos individuais ou coletivos (art. 78).

10 Entende que os empréstimos compulsórios não são tributos, Machado (2008, p. 56). São de

opinião contrária, Carraza (2009, p. 379).

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Segundo para CARAZZA (2009), ela é uma obrigação ex lege que

nasce da realização de uma atividade estatal relacionada, de modo específico,

ao contribuinte, embora muitas vezes por ele não requerida ou, até mesmo,

sendo para ele desvantajosa. Existem, portanto, basicamente dois tipos de

taxas: as taxas de fiscalização (ou de poder de polícia) e as de serviço. A

primeira tem como fato gerador o poder de polícia, que é o poder disciplinador

através do qual o Estado pode intervir nas atividades dos cidadãos para

garantir a ordem e a segurança. As taxas de serviço têm como fato gerador à

utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível. A

tributação por meio de taxa deve ser cobrada tendo por base de cálculo o

custo da atuação do Poder Público, não podendo, portanto, ser estipulado

valor arbitrário e nem ser cobrada de qualquer pessoa. Deve-se procurar uma

maior aproximação do custo, tanto do serviço, quanto das ações, que levam

aos atos de polícia.

A contribuição de melhoria é um tributo vinculado a uma

contraprestação específica de obra pública da qual decorra valorização

imobiliária. Para MACHADO (2008), o teto máximo é o custo total da obra a ser

rateado por todos os beneficiários, porém só até o limite do real benefício que

resultar para o determinado imóvel.

Sua definição também está nos artigos 81 e 82 do CTN:

“Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos

Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas

respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas

de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa

realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar

cada imóvel beneficiado.

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Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observa os seguintes

requisitos mínimos:

I - publicação prévia dos seguintes elementos:

a. memorial descritivo do projeto;

b. orçamento do custo da obra;

c. determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela

contribuição;

d. delimitação da zona beneficiada;

e. determinação do fator de absorção do beneficio da valorização

para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II – fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação,

pelos interessados, (...);

III – regulamentação do processo administrativo de instrução e

julgamento da impugnação (...), em prejuízo da sua apreciação judicial”.

O ordenamento jurídico brasileiro prevê ainda as contribuições

sociais, que para muitos tributaristas11 constituem verdadeiros tributos,

qualificados pela finalidade que devam alcançar. Os recursos advindos da

cobrança dessas exações ficam vinculados ao custeio de determinados fins,

previamente estabelecidos.

Para MACHADO (2008) elas constituem uma espécie do gênero

tributo, da qual existem três subespécies: a) contribuições de intervenção no

domínio econômico (CIDE); b) contribuições de interesse de categorias

11 Carrazza (2009, p. 389)

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profissionais ou econômicas; c) contribuições de seguridade social.

As duas primeiras espécies têm fundamento no art. 149 e parágrafos

da CF de 1988, enquanto as destinadas ao custeio da seguridade social

possuem bases jurídicas no art. 195, incisos I, II e III, e seu §6o; nos art. 165,

§5o e art. 194, incisos VII.

São contribuições sociais instituídas pelo art. 195 da CF de 1988:

a. para o empregador, ela incide sobre a folha de salários (INSS –

Lei nº 8.212/91), sobre o faturamento (COFINS – Lei Complementar nº 70/91 e

PIS – Lei Complementar nº 7/70) e sobre o lucro (CSLL – Lei nº 7.689/88).

b. para o trabalhador, sua contribuição em como contrapartida a

garantia da Seguridade Social (assistência médico-hospitalar, aposentadoria).

Há, então, um serviço público ou efetivamente prestado ou colocado à sua

disposição.

1.6 Princípios Gerais da Tributação

Para SILVA (2001) a teoria da tributação possui dois princípios

fundamentais: neutralidade e eqüidade. Pelo princípio da neutralidade a

tributação não deve interferir nas decisões de alocação dos recursos tomadas

com base nas leis de mercado. Dessa forma, o governo ao instituir um tributo

deverá fazê-lo de modo que a sua cobrança não implique na modificação dos

preços relativos dos bens e serviços, do contrário a tributação estará

contribuindo para que as decisões econômicas se tornem menos eficientes.

O segundo princípio está relacionado com a justiça fiscal promovida

pelo regime de tributação adotado. Nesse sentido, ela preceitua uma

distribuição eqüitativa do ônus tributário pelos indivíduos. A eqüidade da

tributação pode ser avaliada sobre dois prismas distintos. A tributação é justa

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se o ônus for repartido entre os indivíduos, de acordo com o benefício que

cada um obtém do provimento de bens e serviços pelo governo – princípio do

benefício. Sob outro prisma, haverá eqüidade se a repartição se realizar

conforme a capacidade contributiva de cada indivíduo – princípio da

capacidade contributiva. (SILVA, F., 2001).

Esse último preceito Riani (1997) denomina de princípio da

habilidade de pagamento, segundo o qual o ônus tributário deverá recair sobre

os indivíduos de acordo com as respectivas rendas e riquezas.

Dalton (1960) acrescenta ainda um terceiro prisma sob o qual o

princípio da eqüidade pode ser avaliado: o custo, para o governo, de serviços

prestados a determinados contribuintes. Embora reconheça, de modo geral, a

pouca aplicação do preceito, ele ilustra uma situação em que ele seria factível:

o custo do serviço da dívida pública. Para o autor “seria eqüitativo fazer cada

portador de apólices da dívida pública pagar, mediante uma contribuição

especial, sua participação nessa despesa”. (DALTON, 1960, p. 78)

1.7 Os Princípios Jurídicos da Tributação

Além dos princípios gerais da tributação, de enfoque eminentemente

econômico, tributaristas vislumbram preceitos jurídicos fundamentais,

emanados do texto constitucional, aos quais deverão subordinar as decisões

de política tributária do governo.

No sentido que ora é posto, Carrazza (1999) informa que o termo

princípio vem do latim “principium”, “principii”, que se refere a idéia de começo,

origem, base. Eles são fundamentos basilares de um ordenamento jurídico,

pois exercem a função de sustentação, interpretação e integração da ordem

constituída. Muitas vezes, dão guarida a direitos e garantias individuais. Dessa

forma, asseguram o respeito ao cidadão-contribuinte, fazendo com que o

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Estado não extrapole, nem abuse, da sua competência de exigir e arrecadar

tributos.

Machado (1999) destaca, dentre os inúmeros princípios existentes,

os considerandos universais, ou seja, que são comuns a todos os sistemas

jurídicos:

a) Princípio da legalidade ou da reserva legal. Nos termos do

dispositivo acima, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. (BRASIL,

Constituição Federal, art. 150, inc. I).

Esse princípio limita a atuação do poder tributante em prol da justiça

e da segurança jurídica dos contribuintes;

b) Princípio da capacidade contributiva:

Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão

graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à

administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses

objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o

patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

(BRASIL, Constituição Federal, art. 145, §1o).

Como explica Machado (1999), atualmente tal preceito vem

cristalizado no corpo das constituições de um número muito grande de países,

de modo que se tornou consciência universal que o princípio, independente de

previsão constitucional, é norma de justiça e de tal modo deve ser seguido

pelos intérpretes das legislações tributárias;

c) Princípio da anterioridade. Conforme esse princípio, é vedado aos

entes tributantes cobrar tributo no mesmo exercício financeiro em que haja

sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Também se vê aqui o desejo

de se estabelecer a segurança jurídica na relação tributária. O Estado vê-se

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obrigado a aguardar o início do próximo exercício financeiro, para iniciar a

cobrança do tributo criado ou aumentado. Esse princípio comporta exceções,

quanto ao II, IE, IPI e IOF, impostos extraordinários de guerra e o empréstimo

compulsório. Eles podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que

foram instituídos ou aumentados;

d) Princípio da irretroatividade. Não se pode cobrar tributo relativo a

situações ocorridas antes do início da vigência da lei que as tenha definido.

Dessa forma, a lei sempre se aplicará a fatos geradores ocorridos após o início

da sua vigência. A regra geral é da irretroatividade da lei, sendo exceção a

ocorrência de leis retroativas, tais como as leis interpretativas, a lei penal mais

benigna, etc;

e) Princípio da igualdade ou isonomia tributária. A igualdade jurídica

dos cidadãos é proclamada no art. 5º, I da CF, que afirma "todos são iguais

perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza [...]". Decorre desse

dispositivo que a isonomia ou igualdade tributária nada mais é que a

confirmação do princípio constitucional básico: todos são iguais perante a lei.

Os poderes tributantes não poderão tratar os iguais de forma desigual,

independentemente do nome que tenham os rendimentos, títulos ou direitos

dos indivíduos. A lei tributária não poderá ser imposta de forma diferenciada

em função de ocupação profissional ou função exercida;

f) Princípio da vedação de confisco. O Estado não pode criar tributo

que seja utilizado com efeito de confisco, ou seja, o tributo não pode ser tão

gravoso que atinja de forma exacerbada o patrimônio do contribuinte;

g) Princípio da liberdade de tráfego. Segundo Machado (1999), a CF

garante a todos os indivíduos a liberdade de locomoção dentro do território

nacional. O artigo 150 inciso V confirma tal liberdade, ao assegurar que não se

pode limitar o tráfego de pessoas ou bens através da criação de tributos

interestaduais ou intermunicipais, exceto pela cobrança de pedágio, em vias

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conservadas pelo Poder Público;

h) Princípio da uniformidade geográfica da tributação. Esse princípio

é citado por Carvalho (2002) e preceitua que a União não pode criar tributos

que impliquem em distinção ou preferência por um estado, Distrito Federal ou

município, em relação aos demais. Os incentivos fiscais, concedidos através

de leis, que visam a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-

econômico entre as diferentes regiões, são exceções a este princípio.

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CAPÍTULO II

A RESPONSABILIDADE CIVIL

O homem, como ser vivo inserido na sociedade, ao exercer sua

atividade, provoca uma alteração no meio que pode ter diversas

conseqüências, seja sobre si mesmo, sobre terceiros ou sobre bens próprios

ou alheios.

Assim, o homem como “ser no mundo” é responsável. A

responsabilidade está estreitamente conectada com a liberdade, pois obrigado

a ela o homem pode optar e esta eleição (livre arbítrio) que é o que permite

responsabilizá-lo por seus atos, já que o ser humano pode eleger entre

provocar um dano ou não o provocar. Em síntese: é responsável aquele que a

lei chama a “responder” frente a um dano causado a outra pessoa ou a seu

patrimônio. A responsabilidade é um conceito universal, não há sociedade sem

responsabilidade, pois a convivência não seria possível. A norma jurídica

supõe a existência de alguém responsável por seus atos.

Juridicamente, o termo “dano” é todo detrimento, prejuízo,

menoscabo patrimonial e inclusive não patrimonial (por exemplo, dano moral

ou dano psicológico) que sofre um indivíduo.

É um dos elementos que moldam a responsabilidade civil, junto com

a antijuridicidade e a culpabilidade. Para que o dano seja susceptível de

reparação deve reunir os seguintes requisitos:

- Deve ser verdadeiro: isto é, deve ser real e efetivo, não pode ser

um dano hipotético.

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- Deve ser subsistente: isto é, deve existir, não pode ter

desaparecido ou se desvirtuado.

- Deve ser próprio: isto é, deve ser pessoal do reclamante, ou ter

legitimação jurídica para reclamá-lo.

- Deve afetar um interesse legítimo: ou um bem juridicamente

protegido, por exemplo, a vida ou a saúde.

- Deve guardar relação de causalidade com o fazer antijurídica: o

dano deve ser conseqüência direta do fazer antijurídico de seu

autor;

- Deve ser significativo: deve ter entidade suficiente, isto é, ter certa

importância jurídica ou econômica.

Sua classificação se dá da seguinte forma:

- DANO MATERIAL: é o causado no patrimônio e que pode

quantificar-se economicamente, isto é, são susceptíveis de valoração

econômica;

- DANO MORAL: é o causado no foro íntimo das pessoas e que

não têm valoração econômica, no entanto, os juízes põem um

valor econômico para poder consertar-se. Ressalta-se que de

acordo com a Constituição de 1988, a proteção à integridade

moral da pessoa, a proteção da integridade moral da pessoa,

neste sentido inserido a intimidade, a vida privada, a honra, a

imagem, sob pena de indenização sob o dano moral ou material

decorrente de sua violação (CF, artigo, 5o , inciso X).

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Quando o fato danoso se produz, gera diversas conseqüências, das

quais o autor do dano deve responder pelas conseqüências imediatas. Em

alguns casos responderá pelas conseqüências imediatas somente quando

poderia prevê-las e evitá-las, raramente responderá pelas conseqüências

casuais (somente naqueles casos em que o autor do fato as previu), e nunca

pelas conseqüências remotas.

Reale (2005) classifica o dano moral em duas espécies, o dano

moral objetivo e o dano moral subjetivo, o primeiro atingindo a dimensão moral

da pessoa no meio social em que vive, envolvendo o dano de sua imagem, já o

dano moral subjetivo, se correlaciona com o mal sofrido pela pessoa em sua

subjetividade, em sua intimidade psíquica, sujeita à dor ou sofrimento

intransferíveis porque ligados a valores de seu ser subjetivo, que o ilícito veio

penosamente subverter, exigindo inequívoca reparação.

Existem danos diretos e indiretos, ou puros e reflexos, consoante se

manifestem como conseqüências imediatas ou mediatas do fato lesivo. São

puros os danos que se exaurem nas lesões a certos aspectos da

personalidade, enquanto os reflexos constituem extrapolações de atentados ao

patrimônio ou aos demais elementos materiais do acervo jurídico lesado. Por

fim, o citado mestre ensina que se dizem subjetivos ou objetivos os danos

morais, quando se circunscrevem à esfera íntima ou valorativa do lesado, ou

se projetam no círculo de seu relacionamento familiar ou social. Por outras

palavras, conforme se atinja a esfera subjetiva ou de relações do interessado.

(BITTAR,2006)

A culpabilidade como noção básica em nosso sistema jurídico

instaura o alicerce subjetivo da responsabilidade. Apresenta-se em duas

versões tradicionais: a culpa e o dolo.

A culpabilidade pesquisa a relação entre a vontade do agente

produtor do dano e seu ato. Dita vontade é qualificada como reprovável

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quando o sujeito deseja cometer o ato e pode prever suas conseqüências

danosas, isso é dolo. Também sua conduta é reprovável quando o sujeito que

comete o dano não adota as medidas necessárias para preveni-las nem as

tem em vista, isto é a culpa.

A responsabilidade civil é em essência subjetiva, pelo que a

presença de culpa é geralmente indispensável (há exceções a este princípio,

que ocorrem quando a lei em certos casos específicos atribui responsabilidade

objetiva, isto é, sem culpa; por exemplo, quando se utilizam coisas perigosas

como os automóveis ou os elevadores, seus donos respondem sempre que

essas coisas produzam dano, independentemente de que tenham ou não

culpa).

A diferença entre a culpa e o dolo está dada pela intenção de querer

provocar o dano, ainda que ambas as condutas em definitiva sejam

reprováveis, a culpa se considera de menor gravidade e por essa razão, os

delitos culposos têm menores penas do que os dolosos.

As três formas clássicas em que se exterioriza a culpa são:

• Negligência: quando o sujeito omite a realização de um ato que

teria evitado o resultado danoso;

• Imprudência: o sujeito ao fazer precipitadamente não prevê as

conseqüências danosas que produz sua conduta;

• Imperícia: consiste na incapacidade técnica para o exercício de

uma função, profissão ou arte determinada;

• Inobservância: dos deveres e regulamentos de um cargo.

Precisa-se também atuar com moderação, sem excessos, sem

temeridade e sem soberba, isto é com prudência. O atuar com pressa, sem

tomar as previsões que o caso requer constitui a imprudência.

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2. A tributação de produtos

De acordo com o PORTAL TRIBUTÁRIO (2010) o imposto sobre

produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados, nacionais

e estrangeiros. Suas disposições estão regulamentadas pelo Decreto

7.212/2010 (RIPI/2010). O campo de incidência do imposto abrange todos os

produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na Tabela de Incidência

do IPI (TIPI), observadas as disposições contidas nas respectivas notas

complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (não-

tributado).

Ressalta-se que o produto industrializado pode ser conceituado como

o resultante de qualquer operação definida no RIPI como industrialização,

mesmo incompleta, parcial ou intermediária e a industrialização caracterizam-

se por qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o

acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para

consumo, tal como (PORTAL TRIBUTÁRIO, 2010):

I – a que, exercida sobre matéria-prima ou produto

intermediário, importe na obtenção de espécie nova

(transformação);

II – a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de

qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o

acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento);

III – a que consista na reunião de produtos, peças ou

partes e de que resulte um novo produto ou unidade

autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal

(montagem);

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IV – a que importe em alterar a apresentação do produto,

pela colocação da embalagem, ainda que em

substituição da original, salvo quando a embalagem

colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria

(acondicionamento ou reacondicionamento);

V – a que, exercida sobre produto usado ou parte

remanescente de produto deteriorado ou inutilizado,

renove ou restaure o produto para utilização (renovação

ou recondicionamento).

Não se considera industrialização:

I – o preparo de produtos alimentares, não

acondicionados em embalagem de apresentação:

a) na residência do preparador ou em restaurantes,

bares, sorveterias, confeitarias, padarias, quitandas e

semelhantes, desde que os produtos se destinem a

venda direta a consumidor;

b) em cozinhas industriais, quando destinados a venda

direta a corporações, empresas e outras entidades, para

consumo de seus funcionários, empregados ou

dirigentes;

II – o preparo de refrigerantes, à base de extrato

concentrado, por meio de máquinas, automáticas ou não,

em restaurantes, bares e estabelecimentos similares,

para venda direta a consumidor;

III – a confecção ou preparo de produto de artesanato.

IV - confecção de vestuário, por encomenda direta do

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consumidor ou usuário, em oficina ou na residência do

confeccionador;

V – o preparo de produto, por encomenda direta do

consumidor ou usuário, na residência do preparador ou

em oficina, desde que, em qualquer caso, seja

preponderante o trabalho profissional;

VI – a manipulação em farmácia, para venda direta a

consumidor, de medicamentos oficinais e magistrais,

mediante receita médica;

VII – a moagem de café torrado, realizada por

comerciante varejista como atividade acessória;

VIII - a operação efetuada fora do estabelecimento

industrial, consistente na reunião de produtos, peças ou

partes e de que resulte:

a) edificação (casas, edifícios, pontes, hangares, galpões

e semelhantes, e suas coberturas);

b) instalação de oleodutos, usinas hidrelétricas, torres de

refrigeração, estações e centrais telefônicas ou outros

sistemas de telecomunicação e telefonia, estações,

usinas e redes de distribuição de energia elétrica e

semelhantes;

c) fixação de unidades ou complexos industriais ao solo;

Nota: O disposto neste item não exclui a incidência do

imposto sobre os produtos, partes ou peças utilizados

nas operações nele referidas.

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IX – a montagem de óculos, mediante receita médica;

X – o acondicionamento de produtos classificados nos

Capítulos 16 a 22 da TIPI, adquiridos de terceiros, em

embalagens confeccionadas sob a forma de cestas de

natal e semelhantes;

XI – o conserto, a restauração e o recondicionamento de

produtos usados, nos casos em que se destinem ao uso

da própria empresa executora ou quando essas

operações sejam executadas por encomenda de

terceiros não estabelecidos com o comércio de tais

produtos, bem assim o preparo, pelo consertador,

restaurador ou recondicionador, de partes ou peças

empregadas exclusiva e especificamente naquelas

operações;

XII – o reparo de produtos com defeito de fabricação,

inclusive mediante substituição de partes e peças,

quando a operação for executada gratuitamente, ainda

que por concessionários ou representantes, em virtude

de garantia dada pelo fabricante;

XIII – a restauração de sacos usados, executada por

processo rudimentar, ainda que com emprego de

máquinas de costura;

XIV – a mistura de tintas entre si, ou com concentrados

de pigmentos, sob encomenda do consumidor ou

usuário, realizada em estabelecimento varejista, efetuada

por máquina automática ou manual, desde que fabricante

e varejista não sejam empresas interdependentes,

controladora, controlada ou coligadas.

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Também por força do artigo 12 da Lei 11.051/2004, não

se considera industrialização a operação de que resultem

os produtos relacionados nos códigos 2401.10.20,

2401.10.30, 2401.10.40 e na subposição 2401.20 da

TIPI, quando exercida por produtor rural pessoa física.

De acordo com HARADA (2007) na tributação por fora, o valor do

tributo não integra o preço da mercadoria ou do serviço. O valor do imposto

incidente sobre a mercadoria ou o serviço é separado do preço respectivo. O

imposto não pertence ao comerciante ou ao prestador de serviço. Seu

destaque no documento fiscal significa que o vendedor da mercadoria ou o

prestador do serviço fica na condição de depositário daquele valor pertencente

ao fisco. É o critério utilizado, dentre outros, pelos Estados Unidos e pelo

Japão. Pode-se dizer que tal critério trará problemas relacionados com trocos,

quando o preço for pago em dinheiro, mas, além de espelhar um critério

transparente, ele inibe a sonegação. Quem deixa de recolher o dinheiro de que

é depositário comete crime.

A maioria das empresas no Brasil não utiliza a tributação por fora:

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Figura: HARADA, 2007

De acordo com HARADA (2007) na tributação por dentro, o valor do

imposto é embutido no preço da mercadoria ou do serviço. A alíquota do

imposto é aplicada sobre o preço reajustado pelo montante do imposto, isto é,

o imposto incide sobre si próprio. Por isso, a alíquota nominal do ICMS, por

exemplo, de 18% equivalerá a uma alíquota real de 21,38%. A alíquota

nominal de 25%, que incide sobre o consumo de energia elétrica, equivalerá a

uma alíquota real de 33,35%.

Essa questão foi levada aos tribunais, mas a jurisprudência consagrou

a constitucionalidade do imposto de cálculo por dentro, que não permite ao

consumidor visualizar o preço da mercadoria antes da incidência do imposto, a

não ser no caso de tributação do consumo de energia elétrica. Efetivamente,

neste caso, a conta de energia elétrica apresenta de forma discriminada o

valor da energia consumida, a alíquota de 25% e o preço final da energia

consumida. Essa transparência, fez com que os consumidores batessem à

porta do Judiciário, alegando majoração da alíquota de 25% para 33,35%.

Nas vendas de mercadorias não há essa transparência; o valor do

imposto acha-se embutido e enrustido no preço, por isso ninguém foi a juízo

alegando a majoração indevida da alíquota de 18% para 21,38%.

Uma coisa é o valor do ICMS destacado na nota fiscal, para fins de

registro contábil, com o objetivo de tornar efetivo o princípio da não

cumulatividade do imposto; outra coisa bem diversa é o valor do ICMS que

integra o valor da operação de circulação de mercadoria, vale dizer, o preço da

mercadoria no qual, obviamente, estão incluídos não apenas o valor do ICMS,

mas também outros encargos que compõem o custo da mercadoria (salários,

aluguéis, outros tributos etc).

Ressalta-se que a PEC 233/2008 regulamenta o cálculo por dentro.

Vamos citar um exemplo de como ficou a tributação depois da nova

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regulamentação. Suponha as alíquotas de 5% (IPI), 10% (IVA-F) e 18%

(ICMS). O preço final pago pelo consumidor será R$ 149,25. O IPI recolhido

seria de R$ 7,46 (que equivale a 5% de R$ 149,24). O IVA-F de R$ 14,92 (que

equivale a 10% de R$ 149,25) e o ICMS de R$ 26,87 (18% de R$ 149,25). Em

suma, o consumidor recolherá R$ 49,25 em tributos e as alíquotas efetivas

serão de 7,46% (IPI), 14,92% (IVA-F) e 26,87% (ICMS)

No caso da incidência por fora, os tributos recolhidos seriam: R$ 5,00

de IPI; R$ 10,00 de IVA-F e R$ 18,00 de ICMS, totalizando R$ 33,00.

Ressalta-se que assim, a incidência eleva os tributos recolhidos em

quase 50%. Nesta vertente, o total das alíquotas efetivas é de 49,25%

enquanto o total das alíquotas nominais, anunciadas ao consumidor, é de 33%.

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Figura: HARADA (2007)

CONCLUSÃO

Logo, observou-se que as altas cargas tributárias contribuem

negativamente para o crescimento as empresas nacionais, que é um país

reconhecidamente dotado de belezas naturais e que poderia encontrar neste

setor um escopo para a criação de mais frentes de empregos.

Salienta-se ainda que a elevada carga tributária representa grande

obstáculo ao desenvolvimento das empresas nacionais brasileiras, atingindo

diretamente a sociedade. De acordo com estudo realizado pelo Senado

Federal, a alíquota modal de ICMS cobrada no Brasil é 13 vezes maior do que

nos Estados Unidos, quase 6 vezes do Canadá, mais de 4 vezes a da Itália e

2,5 a da Alemanha.

E que se comparado outro países em desenvolvimento, o quadro

também é desfavorável, como o caso do México e da Colômbia, onde a carga

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tributária incidente é mais de duas vezes inferior à brasileira.

Alterando a legislação fiscal, traduz-se um real incentivo

implementando uma mova política para investimentos, melhorando a qualidade

dos serviços prestados e tornando o setor competitivo internacionalmente, pois

somos prestadores de serviços, e não circuladores de mercadorias.

Nesta perspectiva, finaliza-se apontando que o decréscimo das

tributações no setor, estimularia o crescimento do mesmo, e os seus

empreendedores poderiam investir mais em infra-estrutura, melhorar os

serviços prestados e contratar mais mão-de-obra e atrair mais empresas

transnacionais para o Brasil, o que é de indubitável importância para a

economia brasileira.

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http://www.base.br/paginas/diferenca.html acesso em 11/2006-11-23

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VARSANO, Ricardo. Financiamento do regime geral de previdência social

no contexto do processo de reforma tributária em curso / Ricardo Varsano.

— Rio de Janeiro : Ipea, 1996. 15 p. :