universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo lato … · para demonstrar que o brasil sempre se...

67
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A Contribuição do Direito Ambiental para o Meio Ambiente e para o Desenvolvimento Sustentável VITORIA MEDEIROS DE MELO Orientador Prof. William Rocha Rio de Janeiro 2009

Upload: doandat

Post on 21-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Contribuição do Direito Ambiental para o Meio Ambiente e para o Desenvolvimento Sustentável

VITORIA MEDEIROS DE MELO

Orientador

Prof. William Rocha

Rio de Janeiro

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A Contribuição do Direito Ambiental para o Meio Ambiente e para o Desenvolvimento Sustentável

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Direito Ambiental

Por: Vitória Medeiros de Melo

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus e depois a

todos aqueles que de uma forma ou de

outra estiveram ao meu lado na luta

por essa nobre conquista.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

4

DEDICATÓRIA

Aos meus queridos e amados filhos.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

5

RESUMO

A presente monografia teve como motivação principal para sua escolha e elaboração a necessidade de realizar maiores estudos no âmbito do Direito Ambiental, visto que é um campo de estudo que tem recebido maior atenção nos últimos anos, embora ainda não se aproxime da importância que normalmente se atribui a outros ramos do Direito. Além disso, a motivação surgiu da verificação de que na própria doutrina encontram-se alternativas relevantes para solucionar os problemas de preservação e reparação ambiental. O trabalho abordará questões pertinentes ao tema proposto como, por exemplo, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, dano ambiental, entre ouras questões com o objetivo de que se possa fazer uma reflexão sobre a importância de se preservar o planeta e fazer que a legislação em favor do meio ambiente seja cumprida. Palavras-chave: Direito Ambiental; Meio Ambiente; Desenvolvimento Sustentável; Dano Ambiental.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi basicamente bibliográfica e documental, ou seja, laudos obtidos na própria faculdade, matérias absorvidas nas disciplinas ministradas etc.

Será feita a coleta de dados por meio de pesquisa em livros de diversas bibliotecas do Estado, meios eletrônicos e artigos diversos.

A análise do material coletado será feita de forma que passe por todas as fases da leitura: exploratória, seletiva, analítica e reflexivo-interpretativa, possibilitando a formulação de um juízo de valor a respeito das obras estudadas.

Essa etapa do projeto requer leitura para que, por meio desta, se possa adquirir um bom nível de conhecimento do tema e formar um juízo de valor, que possibilitará uma boa análise do tema em estudo.

A leitura exploratória será dinâmica, visando a explorar o material bibliográfico colhido, buscando, assim, obter uma visão global do assunto.

A leitura seletiva será mais profunda do que a exploratória. Ao passo que a leitura analítica será realizada a partir dos textos selecionados, com a finalidade de ordenar as informações colhidas, com a construção de um sumário.

Finalmente, será feita uma leitura interpretativa que representa a última etapa do processo de leitura das fontes bibliográficas. Este será o momento em que será possível se obter uma visão crítica do tema abordado.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 8

CAPITULO I – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA .................................. 10

1.1 - Breve histórico da legislação ambiental brasileira ....................................... 10 1.2 - O conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA .................................. 18 1.3 - Sistema Nacional do Meio Ambiente ........................................................... 21 1.4 - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA ........................................................................................... 23 CAPITULO II – MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL . 26 2.1 – A conceituação de Meio Ambiente e seus componentes ............................ 26 2.2 – A noção de desenvolvimento sustentável ................................................... 31 CAPÍTULO III - DANO AMBIENTAL ..................................................................... 35 3.1 - O dano ambiental e sua conceituação ......................................................... 35 3.2 - Obstáculos à constatação e comprovação do dano ambiental .................... 36 3.3 - A avaliação dos danos ambientais e a natureza econômica do Direito Ambiental ............................................................................................................. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 43 ANEXO – Lei 9605/98 .......................................................................................... 46

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

8

INTRODUÇÃO

Atualmente, a preocupação com a proteção ambiental tem ocupado

posição de destaque entre aquelas de maior importância para toda a

sociedade.

Assim, pode-se dizer que é comum verificar que as atenções estão

voltadas para a inviabilidade da idéia de explorar os bens naturais como se

estes fossem inesgotáveis. Tal fato ocorreu, pois o ser humano percebeu que

o desenvolvimento indiscriminado pode afetar o equilíbrio ecológico, a

qualidade de vida e a própria vida, passando o meio ambiente ser discutido

crescentemente. Inicialmente o termo meio ambiente era utilizado para definir

o estudo da relação entre as espécies animais e o seu ambiente orgânico e

inorgânico. Hoje, o mesmo termo é empregado para designar um amplo e

variado movimento social, no qual também deve estar inserido a ciência

jurídica – o Direito, especificamente o Direito Ambiental.

Logo, é possível dizer que o termo meio ambiente não é um termo

compacto e restrito. Ao contrário, engloba diferentes áreas do saber e da

pesquisa, onde se busca sempre o equilíbrio entre a natureza e o Homem.

Dentro deste contexto bastante abrangente, de interdisciplinaridade, e

de complementação mútua, é que o Direito deve estar preparado para atuar

em face ao chamado social e às necessidades atuais no sentido de proteger o

meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável. É nessa linha de

raciocínio que o presente trabalho acadêmico teve como área de atuação o

Direito Ambiental e as normas jurídicas de proteção ao meio ambiente. E terá

como objetivo analisar os aspectos mais importantes no que se refere à

proteção ambiental, ao desenvolvimento sustentável e os danos causados ao

meio ambiente, em virtude da relevância que esta temática possui para toda a

sociedade e, utilizando os dizeres da própria Constituição Federal, para as

gerações presentes e futuras.

O trabalho se encontra dividido em três capítulos, conforme o sumário

apresentado. A primeira parte procura transmitir os conceitos básicos para o

desenvolvimento de um estudo mais detalhado no âmbito da questão

ambiental. Será apresentado o conhecimento de breve histórico da legislação

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

9

ambiental brasileira e os princípios do Direito Ambiental considerados mais

relevantes. Em contrapartida, no capítulo seguinte, poderá ser vista a

conceituação de meio ambiente e de desenvolvimento sustentável. O terceiro

e, último capítulo, tratará mais especificamente da questão do dano ambiental

e os questionamentos envolvendo sua comprovação e valoração.

Tudo isto será feito com a finalidade de mostrar que todo e qualquer

esforço ainda é pouco para salvar e preservar o planeta da destruição e do

desequilíbrio provocado pelo Homem, e dentro deste contexto vale reforçar

que o Direito Ambiental tem o dever de dar sua contribuição em favor do meio

ambiente, do desenvolvimento sustentável e das gerações presentes e futuras

que habitam a Terra.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

10

CAPITULO I – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA 1.1 - Breve histórico da legislação ambiental brasileira

Desde os primórdios o ser humano convive com o meio ambiente,

porém no decorrer do processo histórico é possível observar que esta

convivência tem passado por mudanças.

No começo o homem tinha o meio ambiente como fonte de sua

subsistência, isto é, o homem tirava seu sustento da natureza, plantava,

caçava e procurava nos recursos naturais diferentes maneiras de se alimentar,

se vestir e se abrigar. Com o advento da revolução industrial, o homem foi

descobrindo novas tecnologias e passou a perceber o meio ambiente como um

fornecedor de matéria prima, isto é, o homem passou a explorar os recursos

naturais do planeta descontroladamente com o objetivo de expandir o

desenvolvimento das atividades industrias.

Felizmente, com o passar do tempo, o homem tomou consciência de

que também faz parte do ecossistema, e que sua sobrevivência e até mesmo a

sobrevivência do planeta depende do equilíbrio e da preservação ambiental,

por isso, passou a explorar os recursos naturais se preocupando com as

gerações futuras e procurando agir de forma ecologicamente correta, sempre

que possível evitando o desperdício e os danos desses recursos naturais.

Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio

ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano de 1830 o código

criminal qualificou como crime o corte ilegal de madeira. Também,

posteriormente a Lei 601/1850 discriminou a ocupação do solo no que

concerne a atos ilícitos como desmatamentos e incêndios criminosos.

De acordo com ANTUNES (1998), anos mais tarde, a partir de 1920 foi

elaborado uma legislação com uma preocupação maior em relação ao meio

ambiente. Já na década de 30, o autor, leciona que passa a haver o

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

11

estabelecimento do controle federal sobre o uso e a ocupação do território e de

seus recursos naturais.

Acerca do tema NEDER (2002) diz:

O Estado brasileiro após a década de 30, no que diz respeito ao meio ambiente, cria o estabelecimento do controle federal sobre o uso e ocupação do território e de seus recursos naturais. Em um clima de competição entre o Governo central e as forças políticas e econômicas de diferentes unidades da Federação. Os recursos ambientais como a água, a fauna e a flora passaram a ser regidos por uma legislação diferenciada, de maneira a não existir articulação entre cada um desses elementos ou entre cada uma das políticas específicas. (p. 45)

Dentro deste contexto, passam a existir vários Decretos, como por

exemplo, o Decreto-lei 825/38 que passou a reger os recursos hídricos. Em

contrapartida, a fauna passou a ser regida pelo código de Caça também

conhecido como Decreto –lei 5894/43. A flora pelo Código Florestal ou Decreto

23793/34. Sem mencionar o Decreto-lei 794/38 que se refere ao Código de

Pesca.

Avançando no tempo, conforme FARIAS (1999), os anos 60 são

marcados pela elaboração e edição de novas normas ambientais com

destaque para o Estatuto da Terra, também conhecido como Lei 4504/64, e

para o Código Florestal, Lei 4771/65.

Apesar do grande progresso na Legislação Brasileira através da criação

desses decretos, não havia propriamente uma preocupação ecológica, pois

não existia uma ponderação sobre a relação existente entre os recursos

naturais entre si, ou seja, o meio ambiente não era visto de forma conjunta e si

de forma isolada como se um recurso natural não exercesse influencia sobre o

meio ambiente como um todo. Além disso, o Estado se preocupava mais com

lucro financeiro proveniente desses recursos do que efetivamente com sua

preservação.

Na visão de NEDER (2002), a legislação da década de 60 objetivava a

viabilização das regras administrativas e das políticas relativas a cada recurso

ambiental, tendo como unidade centralizadora a autoridade geopolítica do

Governo Federal, cuja função era administrar os recursos naturais e seu uso

por meio de outorgas e concessões a particulares, que desta forma, poderiam

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

12

explorar a fauna, flora, minérios, rios, entre outros recursos naturais. Sem falar

o fato de que a União criou um órgão específico para cada recurso natural,

como por exemplo, Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

(DNAEE), Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF),

Departamento Nacional de Prospecção Mineral (DNPM), Superintendência do

Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) e Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional (IPHAN).

O autor supracitado, explica que cada um desses órgãos federais

desempenhava suas atribuições e competências dentro do território nacional,

sem se importar com a atuação dos outros órgãos existentes, ocasionando

conflitos e falta de integração entre as ações e os órgãos federais citados

acima. Logo, havia uma falta de sintonia entre os órgãos criados pela União, o

que muitas vezes comprometia a eficiência das ações e medidas em favor do

meio ambiente.

Outros acontecimentos importantes marcaram os anos 60 e

contribuíram para que a sociedade construísse uma consciência ecológica

foram: a divulgação de dados referentes ao aquecimento global e ao

crescimento dos danos à camada de ozônio; em 67 a ocorrência de catástrofes

ambientais, como o vazamento do petroleiro Torrey Canyon; a ameaça

imobiliária contra o parque de Vanoise, na França; entre outros.

Dentro desta visão social e ecológica as discussões acerca da

necessidade e da importância da preservação ambiental foi ganhando

importância mundial, por isso a década de 60 foi muito importante.

Posteriormente, na década de 70, houve a Conferência das Nações Unidas em

Estocolmo onde foi criada a Declaração do Meio Ambiente, quando ficou

instituído nos seus primeiro e segundo princípios que todo ser humano tem

direito fundamental à liberdade, igualdade e qualidade de vida em um meio

ambiente que possibilite uma sobrevivência digna visando não apenas a

preservação, mas também a melhoria do meio ambiente no presente e no

futuro. Fazendo, desta forma, que as nações passem a construir seu

desenvolvimento econômico sem interferir e / ou prejudicar o desenvolvimento

natural do ecossistema, ou seja, passa a existir uma preocupação em garantir

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

13

a preservação do meio ambiente para as gerações futuras e simultaneamente

o progresso e o combate à miséria.

SILVA (1998) adverte que a conferência realizada em Estocolmo foi tão

importante que exerceu influência sobre a Constituição Federal de 1988 e a

partir de então, mais do que nunca, consagrou-se que o meio ambiente é

patrimônio da humanidade e por esta razão é essencial que seja garantida não

só sua preservação como também sua defesa.

Acerca da questão MILARÉ (2004) diz:

No Brasil a partir dos anos 80 a legislação começou a se preocupar com o meio ambiente de uma forma global e integrada. A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, foi o primeiro grande marco em termos de norma de proteção ambiental no país. Essa legislação definiu de forma avançada e inovadora os conceitos, princípios, objetivos e instrumentos para a defesa do meio ambiente. Além disso, reconhece ainda a importância dos recursos naturais para a vida do seres do planeta e para a qualidade de vida destes seres. (p.115)

O segundo marco, conforme o autor supracitado, foi a edição da Lei da

Ação Civil Pública ou Lei nº 7.347/85, que disciplinou a ação civil pública como

instrumento de defesa do meio ambiente e dos demais direitos difusos e

coletivos e fez com que os danos ao meio ambiente pudessem efetivamente

chegar ao Poder Judiciário. Ainda dentro deste contexto, houve Constituição

Federal de 1988 considerada pelo autor acima o terceiro grande marco da

legislação ambiental ao encampar tais elementos em um capítulo dedicado

inteiramente ao meio ambiente e em diversos outros artigos em que também

trata do assunto, fazendo com que o meio ambiente atingisse à categoria de

bem protegido constitucionalmente.

LIMA (2002) diz:

O Direito Ambiental constituiu-se mais rapidamente no Brasil que na maioria dos países. O fato de não termos um código ambiental não impediu a sistematização das novas regras jurídicas. Em 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro, prevê um capítulo integralmente dedicado ao meio ambiente (capítulo VI, do título VIII, da Ordem Social) que é, em suma, o artigo 225, onde estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público a à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (p.36)

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

14

Ainda sobre nossa Constituição SEGUIN (2001) confirma:

Em 1.988 nossa Lei Fundamental, pela primeira vez na história, abordou o tema meio ambiente, dedicando-lhe um capítulo, que contempla não somente seu conceito normativo, ligado ao meio ambiente natural, como também reconhece suas outras faces como: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente cultural e o patrimônio genético, também tratados em diversos outros artigos da Constituição. O Art. 225 exerce na Constituição o papel de principal norteador do meio ambiente, devido a seu complexo teor de direitos, mensurado pela obrigação do Estado e da Sociedade na garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, já que se trata de um bem de uso comum do povo que deve ser preservado e mantido para as presentes e futuras gerações. (p. 45)

Além do artigo 225 existem outros artigos na Constituição dedicados ao

meio ambiente ou a ele vinculados como: Art. 5º: XXIII; LXXI; LXXIII; Art. 20: I;

II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º; Art. 21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV;

Art. 22: IV; XII; XXVI ; Art. 23: I;III; IV; VI; VII; IX; XI ; Art. 24: VI; VII; VIII ; Art.

43: § 2º, IV e §3º ; Art. 49: XIV; XVI ; Art. 91: § 1º, III ; Art. 129: III; Art. 170: IV;

Art. 174: §§ 3º e 4º ; Art. 176 e §§; Art 182 ; Art. 186; Art. 200: VII; VIII ;Art.

216: V e §§ 1º, 3º e 4º ; Art. 225 ; Art. 231; Art. 232 ; Arts. 43 e 44 do ADCT.

No que condiz a questão das competências, A Constituição, além de

garantir a preservação do meio ambiente, antes protegido somente a nível

infraconstitucional, quis também definir as competências dos entes da

federação, criando novidades na técnica legislativa, através da inserção de

vários artigos em seu texto impondo disciplina a competência para legislar e

para administrar. Tal iniciativa teve como objetivo promover a descentralização

da proteção ambiental. Desta forma, União, Estados, Municípios e Distrito

Federal passaram a ter ampla competência para legislarem sobre a questão

ambiental.

A competência privativa da União, conforme SIRVINSKAS (2005), só

pode ser exercida pela União, exceto mediante edição de Lei Complementar

que autorize os Estados a legislarem sobre as matérias relacionadas com as

águas, energia, populações indígenas, jazidas e outros recursos minerais,

além das atividades nucleares de qualquer natureza. O autor leciona que o Art.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

15

22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV-águas, energia,

informática, telecomunicações e radiofusão; XII-jazidas, minas, outros recursos

minerais e metalurgia; XXVI-atividades nucleares de qualquer natureza;

Parágrafo Único: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar

sobre questões específicas das matérias relacionadas a este artigo.

O autor citado anteriormente fala também da Competência Comum, que

está no Art. 23 que concede à União, Estados, Municípios e o Distrito Federal

competências comuns, pela qual os entes integrantes da federação atuam em

cooperação administrativa recíproca, objetivando atingir os objetivos descritos

pela própria Constituição. Neste caso, prevalecem às regras gerais

estabelecidas pela União, salvo quando houver lacunas, as quais poderão ser

supridas, por exemplo, pelos Estados, no uso de sua competência supletiva ou

suplementar. Segundo o Art. 23 é competência comum da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III- proteger os documentos,

obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as

paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; IV- impedir a evasão, a

destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor

histórico, artístico e cultural; VII- preservar as florestas, a fauna e a flora; VIII-

fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; IX-

promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições

habitacionais e de saneamento básico; X- combater as causas da pobreza e os

fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores

desfavorecidos; XI- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de

direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais e m seus

territórios; Parágrafo Único: Lei complementar fixará normas para a

cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,

tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito

nacional.

Já a Competência Concorrente, consta no Art. 24, implica no

estabelecimento de moldes pela União a serem observados pelos Estados e

Distrito Federal. O Art. 24 diz que compete à União, aos Estados e ao Distrito

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

16

Federal legislar concorrentemente sobre: VI- florestas, caça, pesca, fauna,

conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao

meio ambiente e controle da poluição; VII- proteção ao patrimônio histórico,

artístico, turístico e paisagístico; VIII- responsabilidade por dano meio

ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, turístico

e paisagístico. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da

União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União

para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos

Estados. §3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão

competência legislativa plena, para atender suas peculiaridades. § 4º A

superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei

estadual, no que lhe for contrário.

A respeito da Competência Municipal, SIRVINSKAS (2005) diz que ela

estabelece mediante a observação da legislação federal e estadual, que os

Municípios podem editar normas que atendam à realidade local ou até mesmo

preencham lacunas das legislações federal e estadual (Competência Municipal

Suplementar). A Competência Municipal consta no Art. 30 o qual diz que

compete aos Municípios: legislar sobre assuntos de interesse local;

suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

Todos esses fatos e medidas foram muito importantes, pois através

deles tem se buscado a preservação do meio ambiente de forma integrada e

global. Sem falar que todos esses fatos ocorridos nas décadas de 60, 70 e 80,

contribuíram para que nos anos 90 também ocorressem novas mudanças em

relação ao meio ambiente.

Neste cenário, na década de 90, o Brasil criou e renovou diversos

instrumentos de intervenção sobre o meio ambiente que regulam e limitam o

uso dos recursos naturais. No ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro foi

realizada a ECO 92 quando foi possível não só reafirmar os princípios

estabelecidos em Estocolmo, mas também inserir novos princípios àqueles já

estabelecidos anteriormente.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

17

Em 08 de janeiro de 1997 foi criada a Lei n.º 9.433, que institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos, colocando a Bacia Hidrográfica como espaço

geográfico de referência e a cobrança pelo uso de recursos hídricos como um

dos instrumentos da política ambiental.

Em 12 de fevereiro de 1988 foi criada a Lei de crimes ambientais que

dispões sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e

atividades lesivas ao meio ambiente, entre outras inovações, transformando

algumas contravenções em crimes, colocando responsabilidade sobre as

pessoas jurídicas por infrações cometidas por seu representante legal e

permitindo a extinção da punição com a apresentação de laudo que comprove

a recuperação ambiental.

É válido mencionar também os instrumentos de gestão, como por

exemplo, o licenciamento ambiental que prevê estudos de impacto ambiental

antes mesmo da instalação de qualquer fonte causadora de poluição. Além

disso, há a lei de crimes ambientais que torna o Brasil um dos pioneiros no

mundo inteiro a dar um caráter criminal ao dano ambiental.

MACHADO (2003) sinaliza que muitos consideram a legislação brasileira

bastante rígida em relação a muitos países em desenvolvimento.

Em suma, verifica-se que a Legislação Ambiental Brasileira já percorreu

um longo caminho até os dias de hoje, evolui bastante e com certeza

continuará progredindo sempre visando corrigir as falhas existentes e adaptar-

se as necessidades da sociedade.

1.2 - O conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA

A sigla CONAMA significa Conselho Nacional do Meio Ambiente.

Pode-se dizer que o Conselho Nacional do Meio Ambiente, ou

CONAMA como é mais conhecido, é um órgão consultivo e deliberativo do

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

18

Sistema Nacional do Meio Ambiente- também chamado de SISNAMA – e foi

instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente regulamentada pelo Decreto 99.274/90. Posteriormente o CONAMA

foi alterado pelo Decreto 2120/97. Mais recentemente, em março de 2009

sofreu nova alteração.

Conforme DECRETO 6792/09:

O presidente Luis Inácio Lula da Silva, editou o Decreto nº 6.792, de 10/03/2009, publicado no Diário Oficial da União de 11/03/2009, que altera e acresce dispositivos ao Decreto nº99.274/1990, para dispor sobre a composição e funcionamento do Conselho Nacional do meio Ambiente (Conama). Além do Instituto do meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (Ibama), como órgãos executor do Sistema nacional do Meio Ambiente (Sisnama), o novo decreto inclui o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mentes, no inciso IV do artigo 3º do antigo decreto. A composição do Conama, antes integrado pelo Plenário e Câmaras Técnicas, recebeu mais quatro grupos, quais sejam: I) Plenário; II) Câmara Especial Recursal; III) Comitê de Integração de Políticas Ambientais; IV) Câmaras Técnicas; V) Grupos de Trabalho e VI) Grupos Assessores. Pelo decreto antigo, cabia ao Conama, entre outras atribuições, estabelecer, mediante proposta da SEMAM/PR, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e pelo Distrito Federal; Com a nova redação caberá ao Conselho: III) decidir, por meio da Câmara Especial Recursal, como última instância administrativa, os recursos contra as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; O número de membros das Câmaras Técnicas passou para dez – titulares e suplentes, observando-se para tanto a participação das diferentes categorias de interesses multi-setorial representadas no Plenário. A nova redação define a Câmara Especial Recursal como instância administrativa do CONAMA responsável pelo julgamento, em caráter final, das multas e outras penalidades administrativas impostas pelo IBAMA. Este dispositivo tem apenas um parágrafo, que fixa como terminativo o caráter das decisões desta Câmara, cuja composição será: I) Ministério de Meio Ambiente, que a presidirá; II) Ministério da Justiça; III) Instituto Chico Mendes; IV) Ibama; V) Entidade ambientalista; VI) Entidades empresariais e VII) Entidades de trabalhadores.1

NARDY (2003), explica que as Câmaras Técnicas, mencionadas na

citação anterior, nada mais são do que instâncias encarregadas de

desenvolver, examinar e relatar ao Plenário matérias de sua competência. O

autor esclarece ainda que o Regimento Interno prevê a existência de 11

1 Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm#art1 > Acesso em 10.04.09

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

19

Câmaras Técnicas compostas por 07 Conselheiros, que elegem um

Presidente, um Vice-presidente e um Relator. Os Grupos de Trabalho criados

por tempo determinado para analisar, estudar e apresentar propostas sobre

matérias de sua competência.

É da competência do CONAMA: estabelecer, mediante proposta do

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-

IBAMA, dos demais órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do

CONAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou

potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, pelo

Distrito Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto;

determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas

e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados,

requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como às

entidades privadas, informações, notadamente as indispensáveis à apreciação

de Estudos Prévios de Impacto Ambiental e respectivos Relatórios, no caso de

obras ou atividades de significativa degradação ambiental, em especial nas

áreas consideradas patrimônio nacional; decidir, após o parecer do Comitê de

Integração de Políticas Ambientais, em última instância administrativa, em grau

de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades

impostas pelo IBAMA; determinar, mediante representação do IBAMA, a perda

ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter

geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de

financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; estabelecer,

privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada

por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos

Ministérios competentes; estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao

controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso

racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; estabelecer os

critérios técnicos para a declaração de áreas críticas, saturadas ou em vias de

saturação; acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza-SNUC conforme disposto no inciso I do art. 6 o da

Lei 9.985, de 18 de julho de 2000; estabelecer sistemática de monitoramento,

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

20

avaliação e cumprimento das normas ambientais; incentivar a criação, a

estruturação e o fortalecimento institucional dos Conselhos Estaduais e

Municipais de Meio Ambiente e gestão de recursos ambientais e dos Comitês

de Bacia Hidrográfica; avaliar regularmente a implementação e a execução da

política e normas ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores;

recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do Relatório de

Qualidade Ambiental, previsto no inciso X do art. 9 o da Lei 6.938, de 1981;

estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos; promover a integração

dos órgãos colegiados de meio ambiente; elaborar, aprovar e acompanhar a

implementação da Agenda Nacional do Meio Ambiente, a ser proposta aos

órgãos e às entidades do SISNAMA, sob a forma de recomendação; deliberar,

sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e moções, visando o

cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente; elaborar o

seu regimento interno.

São atos do CONAMA: resoluções; moções; recomendações;

proposições e decisões. As resoluções tratam de deliberação vinculada a

diretrizes e normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental

e ao uso sustentável dos recursos ambientais. As moções têm a ver com

manifestações de qualquer espécie relacionada com a temática ambiental. Já

as recomendações têm relação com manifestações sobre implementação de

políticas, programas públicos e normas com repercussão na área ambiental,

inclusive sobre os termos de parceria de que trata a Lei no 9.790, de 23 de

março de 1999. As proposições, quando se tratar de matéria ambiental a ser

encaminhada ao Conselho de Governo ou às Comissões do Senado Federal e

da Câmara dos Deputados e finalmente as decisões, quando se tratar de

multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA, em última instância

administrativa e grau de recurso, ouvido previamente o CIPAM.

As reuniões do CONAMA são públicas e abertas a todos da sociedade.

Ordinariamente, há a cada três meses uma reunião do CONAMA no Distrito

Federal. Porém nada impede que possam ser realizadas reuniões

extraordinárias fora do Distrito Federal, toda vez que houver uma convocação

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

21

do seu Presidente seja por iniciativa própria ou por exigência de no mínimo 2

ou 3 de seus membros

Em suma a finalidade do CONAMA é de assessorar, avaliar e propor ao

Conselho de Governo, diretrizes políticas governamentais voltadas para o meio

ambiente e para os recursos naturais. Além disso, deliberar dentro de sua

competência normas e padrões condizentes com o meio ambiente

ecologicamente equilibrado e essencial a uma qualidade de vida saudável.

1.3 – Sistema Nacional do Meio Ambiente

No ano de 1981 estabeleceu-se a Política Nacional do Meio Ambiente

através da mediação da Lei 6938/81 e da criação do Sistema Nacional do Meio

Ambiente - SISNAMA.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente foi criado com o intuito de

estabelecer padrões que viabilizassem l o desenvolvimento sustentável,

através de ações e instrumentos capazes de garantir uma maior proteção ao

meio ambiente e seus recursos naturais. Suas diretrizes foram criadas

baseadas nas normas e planos destinados a guiar os entes públicos da

federação de acordo com os princípios do Art. 2 da Lei 6938/81

É possível encontrar o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA,

no Art. 6 da Lei 6938/81 conforme a seguir:

Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos territórios e dos Municípios, bem como as Fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA assim estruturado: I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990); II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

22

essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990); III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990); IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990); V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989); VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989).2

De acordo com o Decreto acima citado, o § 1º delibera que os Estados,

na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborem

normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio

ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.

No § 2º os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e

estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo

anterior.

No § 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais deverão

fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando

solicitados por pessoa legitimamente interessada.

E no § 4º consta que o Poder Executivo está autorizado a criar uma

Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA.

Em outras palavras, verifica-se que o SISNAMA está estruturado nos

três poderes: Federal; Estadual e Municipal, isto é, o Sistema Nacional do Meio

Ambiente reúne órgãos e instituições ambientais da União, dos Estados, dos

Municípios e do Distrito Federal, cujo objetivo fundamental é assegurar o

cumprimento aos princípios constitucionalmente previstos e às normas

instituídas visando atingir a melhoria da qualidade ambiental.

2 Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm> Acesso em 10.04.09

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

23

1.4 - O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis é uma autarquia federal, foi criado pela Lei 7735/89, no dia 22 de

fevereiro de 1989. O IBAMA está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente -

MMA sendo o responsável pela execução da Política Nacional do Meio

Ambiente e elabora diversas atividades para a preservação e conservação do

patrimônio natural, exercendo o controle e a fiscalização sobre o uso dos

recursos naturais.

Através da fusão de órgãos brasileiros que atuavam no setor ambiental

o foi criado IBAMA. Os órgãos que se uniram para formar o IBAMA foram:

Secretaria do Meio Ambiente – SEMA; Superintendência da Borracha –

SUDHEVEA; Superintendência da Pesca – SUDEPE; Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal – IBDF.

LIMA (2002) esclarece que o IBAMA é um órgão federal que tem como

função executar a Política Nacional do Meio Ambiente que tem poderes para

agir nas esferas não só federal, mas também nos Estados e Municípios. Além

disso, o autor explica que o IBAMA fiscaliza as seguintes áreas: pesca, fauna,

poluição, degradação, normatização, pesquisa, educação ambiental, técnica e

unidades de conservação entre outras. Diz ainda que os objetivos do IBAMA

são: reduzir os efeitos prejudiciais e prevenir acidentes causados pela

utilização de agentes e produtos agrotóxicos, seus componentes e afins, bem

como seus resíduos; promover a adoção de medidas de controle de produção,

utilização, comercialização, movimentação e destinação de substâncias

químicas e resíduos potencialmente perigosos; controlar e fiscalizar os

territórios regional e nacional; intervir nos processos de desenvolvimento

geradores de significativo impacto ambiental, nos âmbitos regional e

nacional; monitorar as transformações do meio ambiente e dos recursos

naturais; executar ações de gestão, proteção e controle da qualidade dos

recursos hídricos; manter a integridade das áreas de preservação permanentes

e das reservas legais; ordenar a utilização dos recursos pesqueiros em águas

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

24

sob domínio da União; ordenar o uso dos recursos florestais

nacionais; monitorar o status da conservação dos ecossistemas, das espécies

e do patrimônio genético natural, visando à ampliação da representação

ecológica; executar ações de proteção e de manejo de espécies da fauna e da

flora brasileiras; promover a pesquisa, a difusão e o desenvolvimento técnico-

científico voltados para a gestão ambiental; promover o acesso e o uso

sustentado dos recursos naturais e desenvolver estudos analíticos,

prospectivos e situacionais verificando tendências e cenários, com vistas ao

planejamento ambiental.

FREITAS (1995) esclarece que a competência do IBAMA pode ser

supletiva nos casos onde os Municípios e Estados não atuam seja por

negligência, omissão, solicitação ou por qualquer outra razão. Além disso, o

autor diz que o IBAMA pode ter também competência concorrente ou plena.

No caso de competência concorrente quando couber ação de qualquer ente

federativo, nos casos de licenciamento e de áreas de fiscalização, e

competência plena nas regiões federais, divisas de Estados, fronteiras, mar

territorial, unidades de conservação federais, reservas indígenas e onde existir

interesse direto da União.

Um fato interessante a respeito do IBAMA é que em março de 2009 será

o Instituto completará vinte anos de existência. Em comemoração aos seus 20

anos de criação, o IBAMA lançará campanha educativa com um filme

publicitário de 30” e três spots (anúncios para rádio), que tem como slogan

“Cuidar do meio ambiente todo mundo pode”. Em todo o país, os cidadãos

poderão assistir ao filme e ouvir os anúncios, pois emissoras de TV e de rádio

começarão a veiculação da campanha em horário destinado à utilidade

pública.

Juntamente com o IBAMA sua ouvidoria, cujo nome é Linha Verde,

estará completando 20 anos, pois este serviço existe desde 1989 quando o

Instituto foi criado. O objetivo da Linha Verde é receber e verificar a

procedência das denúncias e reclamações feitas pelos cidadãos a respeito das

atividades do órgão e de seus servidores, criando um vínculo entre o IBAMA e

a sociedade. Logo, o objetivo principal da ouvidoria do IBAMA é fortalecer os

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

25

canais de comunicação entre o Instituto e o público externo, buscando uma

aproximação entre as ONGs, Entidades Representativas, Organizações

Públicas e Privadas da sociedade de nosso país.

Resumindo, o IBAMA é o órgão federal que deve fiscalizar, proteger e

garantir a qualidade ambiental. Além disso, o IBAMA é responsável pelo

licenciamento e autorização da utilização dos recursos naturais, e, dentre suas

atribuições, está a educação ambiental.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

26

CAPITULO II – MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL 2.1 – A conceituação de Meio Ambiente e seus componentes

De acordo com ANTUNES (1998) o conceito de meio ambiente ainda

está em construção, visto que o homem ainda está em processo de

compreender a natureza e o meio em que está inserido. E por isso, muitos

especialistas, como, por exemplo, REIGOTA (1995) consideram que o termo

“meio ambiente” não estabelece um conceito que possa ou que interesse ser

configurado de forma rígida e definitiva.

Sendo assim, o autor supracitado considera importante estabelecer o

conceito de meio ambiente como uma “representação social”, ou seja, uma

concepção que evolui no tempo e depende do grupo social em que é

empregada. Essa representação social sofre mudanças ao longo do tempo,

pois o termo meio ambiente tem a ver com a qualidade de vida das pessoas,

que por sua vez é algo dinâmico, já que as pessoas estão sempre em

movimento procurando melhorar sua qualidade de vida. Em outras palavras,

para REIGOTA (1995), é primordial levar em conta a concepção que cada

grupo social tem do termo “meio ambiente” e, principalmente, de como cada

grupo percebe o ambiente em que está inserido, pois a visão desse grupo

social é que forma o conceito de meio ambiente para indicar o espaço no qual

este grupo vive e se desenvolve trocando energia e interagindo com ele, sendo

transformado e transformando-o.

Por isso, é válido dizer que no caso do ser humano ao meio ambiente (e

entende-se por meio ambiente o espaço físico e biológico) soma-se o espaço

sociocultural, visto que o Homem está sempre interagindo com os elementos

do seu ambiente, causando vários tipos de modificações que ocorrem com o

passar da história da humanidade. E, ao transformar o ambiente, o homem

também muda sua própria visão a respeito da natureza e do meio em que vive,

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

27

daí justifica-se o conceito de meio ambiente dado pelo autor supracitado,

quando atribui ao meio ambiente a definição de “representação social”.

Continuando no âmbito da conceituação, SAUVÉ (2009) diz que o meio

ambiente é o conjunto dos agentes físicos, químicos e biológicos e dos fatores

sociais suscetíveis de ter um efeito direto ou indireto, imediato ou não, sobre

os seres viventes e as atividades humanas.

Verifica-se, então que há várias conceituações de meio ambiente, que

também pode ser entendido como ecossistema, que por sua vez é

compreendido como um sistema aberto que inclui, em uma certa área, todos

os fatores físicos e biológicos (elementos biótipos, os seres vivos, incluindo o

ser humano, e os elementos abióticos, os seres sem vida como o solo e o ar)

do ambiente e as suas interações.

Há ainda estudiosos como, por exemplo, DAJOZ (1973), que definem o

ecossistema como uma unidade funcional, que inclui, ao mesmo tempo, os

seres vivos e o meio físico e biológico onde vivem, com todas as interações

recíprocas entre o meio e os organismos.

Acerca do tema ODUM (1988) diz:

O ecossistema pode ser conceituado como um sistema resultante da integração de todos fatores vivos e não vivos do ambiente. Sendo assim, qualquer unidade que inclua todos os organismos de uma determinada área interagindo com o meio físico de forma tal a originar um fluxo de energia definindo claramente uma estrutura trófica, uma diversidade biológica e um ciclo de matérias intercâmbio de matéria entre partes vivas e não vivas pode ser considerado como ecossistema. (p.20)

Então, verifica-se que a conceituação do meio ambiente é algo bastante

abrangente e que envolve também a relação dos seres vivos e não vivos que

interagem entre si, modificando-se mutuamente.

Na área de Direito, especificamente no Direito Ambiental, a doutrina

brasileira é praticamente unânime em asseverar que a expressão meio

ambiente não utilizada adequadamente, pois trata-se de uma expressão

redundante, uma vez que 'meio' e 'ambiente' são sinônimos. Tanto que,

segundo o Dicionário Aurélio a palavra meio quer dizer lugar onde se vive com

suas características e condicionamentos geofísicos; já a palavra ambiente

significa aquilo que cerca ou envolve os seres vivos ou as coisas. Logo,

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

28

observa-se que os dois vocábulos têm significados semelhantes e são

utilizados redundamente. Por isso, em alguns países como, por exemplo, Itália

e Portugal, costumam-se empregar somente a palavra ambiente.

Não obstante a esta redundância, o uso do termo meio ambiente

acabou sendo cristalizado e passou a ser empregado no meio jurídico, assim,

os técnicos e a própria legislação terminaram por adotar o termo meio

ambiente. Conseqüentemente, a Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que

dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, não apenas acolheu como

precisou a terminologia: no Artigo 3º que discorre: ”Para os fins previstos nesta

Lei, entende-se por Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e

interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas".

A conceituação acima é tida como bastante abrangente na opinião de

especialistas como MACHADO (2003), pois segundo o autor a definição que

consta na Lei acima citada faz com que se possa entender a natureza como

um todo de um modo interativo e integrativo. O autor acredita que com tal

definição a Lei finalmente englobou a idéia de ecossistema, que é a unidade

básica da ecologia, ciência que estuda a relação entre os seres vivos e o seu

ambiente, de maneira que cada recurso ambiental passou a ser considerado

como sendo parte de um todo indivisível, com o qual interage constantemente

e do qual é diretamente dependente. Para o autor, a definição da Lei trata de

uma visão sistêmica que encontra abrigo em ramos da ciência moderna, como,

por exemplo, a Física Quântica, segundo a qual o universo, como tudo que o

constitui, é composto de uma teia de relações em que todas as partes estão

interconectadas.

A terminologia meio ambiente foi consagrada definitivamente com o

advento da Constituição Federal de 1988, quando foi utilizada vária vez em

diferentes dispositivos a expressão meio ambiente recepcionando e atribuindo

a esta expressão o sentido mais abrangente possível.

Dentro deste contexto a doutrina brasileira de direito ambiental passou,

com fundamentação constitucional, a dar ao meio ambiente o maior número de

aspectos e de elementos envolvidos. Com fulcro nessa compreensão mais

abrangente, SILVA (1998) define: “o meio ambiente é a interação do conjunto

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

29

de elementos naturais, artificiais, e culturais que propiciem o desenvolvimento

equilibrado da vida em todas as suas formas". (p.18)

Por outro lado NARDY (2003) conceitua:

Entende-se por meio ambiente a união e a interação dos elementos naturais, artificiais, culturais e do trabalho que viabilizem o desenvolvimento equilibrado de todas as formas, sem exceções. Conseqüentemente, não existirá um ambiente sadio enquanto não se elevar, ao máximo de excelência, a qualidade da integração e da interação desse conjunto. (p.10)

Assim, é possível observar que há muitas conceituações de meio

ambiente, todavia, a que mais se enquadra nos estudos de Direito Ambiental é

a citada acima, pois conforme adverte o autor acima, há quatro elementos que

servem de basiladores (meio ambiente natural, meio ambiente artificial, meio

ambiente cultural e meio ambiente do trabalho) no que concerne ao estudo do

meio ambiente. Esses quatro elementos atendem a uma necessidade

metodológica facilitadora na identificação da atividade agressora e do bem

diretamente degradado, visto que o meio ambiente por definição é unitário.

Sob esta perspectiva, considera-se como meio ambiente natural ou

físico os recursos naturais, como o solo, a água, o ar, a flora e a fauna, e a

correlação recíproca de cada um destes elementos com os demais. Esse é o

aspecto imediatamente ressaltado pelo citado inciso I do art. 3º da Lei nº.

6938/81.

Por outro lado os elementos formadores do meio ambiente artificial são os

elementos construídos pelo ser humano, como, por exemplo, os edifícios,

considerados espaços públicos fechados, os equipamentos comunitários, que são os

espaços públicos abertos, como as ruas, as praças e as áreas verdes. Apesar da

definição de meio ambiente artificial está ligada ao conceito de cidade, vale dizer que

este conceito engloba também a zona rural, uma vez que faz referência aos espaços

habitáveis, visto que nele os espaços naturais cedem lugar ou se integram às

edificações urbanas artificiais, conforme MACHADO (2003).

Já o meio ambiente cultural é o patrimônio histórico, artístico,

paisagístico, ecológico, científico e turístico formado tanto pelos bens de

natureza material (lugares; objetos e documentos de importância para a

cultura), quanto pelos bens de natureza imaterial (idiomas, danças, cultos

religiosos e costumes de uma maneira geral).

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

30

O meio ambiente do trabalho, conforme FIORRILLO (2003), é entendido

como uma extensão do conceito de meio ambiente artificial, o autor diz que o

meio ambiente de trabalho é o conjunto de fatores que são pertinentes às

condições do ambiente de trabalho (local de trabalho, as ferramentas, as

máquinas, os agentes químicos, biológicos e físicos, as operações, os

processos, a relação entre trabalhador e meio físico).

.

Ainda no que diz respeito aos elementos do meio ambiente, há autores

como BRANCO (1987), por exemplo, que separam os elementos do meio

ambiente em: elementos vivos (organismos) e não vivos (meio físico). Para o

autor a meio ambiente é constituído de interações entre os organismos e o

meio físico, sendo assim, o autor, define ainda essas interações como fluxos

de energia e informações entre organismos e meio físico com a finalidade de

manter a nutrição e a biodiversidade existente na natureza.

Então, o autor supracitado acredita que os seres humanos, os vegetais ,

animais e microorganismos que vivem numa região constituem uma

comunidade biológica e estão ligados entre si por uma complexa rede de

relações que inclui o ambiente físico no qual estão inseridos.

Logo, estará em destaque, após a identificação dos elementos do meio

ambiente, o espaço das relações estabelecidas entre eles: de um lado, destacam-se

os fatores físicos do ambiente, quando ao lidar com as relações de trocas de energia

e do uso dos recursos minerais, vegetais ou animais entre os elementos naturais ou

construídos. E, de outro, destacam-se os fatores sociais do ambiente ao lidar com as

relações econômicas, culturais, políticas que podem abranger os níveis local, regional

e internacional.

Portanto, o meio ambiente é necessariamente algo que faz parte da vida

do ser humano e do qual o ser humano faz parte. Por isso, ao falar de

problemas ambientais, fala-se também do problema da falta de esgoto

sanitário, da falta de água, da energia elétrica, do ar poluído, da qualidade dos

alimentos, da disposição dos vários tipos de lixo, do carro de som, dos

panfletos dos políticos, da ventilação, do ordenamento das praças e

quarteirões, da higiene e segurança no trabalho, do resguardo do patrimônio

histórico e arqueológico, da proteção às danças e costumes, da defesa dos

animais e das florestas, do transporte público, da arborização urbana, do

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

31

consumo verde, da industrialização adequada etc. Em outras palavras, tudo na

vida do ser humano e o próprio ser humano é parte do meio ambiente,

conforme ODUM (1988), por isso é fundamental preservá-lo.

2.2 A NOÇÃO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A noção de desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente

na vida contemporânea, isto porque é um conceito que abrange também o

desenvolvimento social, além de envolver a questão da proteção ambiental.

O desenvolvimento sustentável é um conceito que tem revelado a

preocupação com futuro das nações e das próximas gerações, por isso em

1987 foi publicado um documento chamado “Nosso Futuro Comum”, também

conhecido como Relatório Brundtland. Este documento foi de grande

relevância, pois foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento das Organizações das Nações Unidas (ONU), com a

finalidade de definir e conceituar o desenvolvimento sustentável como aquele

que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

O Relatório Brundtland enfatiza três dimensões fundamentais que são:

proteção ambiental; crescimento econômico e equidade social. Além disso, o

mesmo recomenda medidas como: atendimento das necessidades básicas da

população (educação, alimentação, saúde,lazer etc.), controle da urbanização

desordenada, diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de

tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis.

Verifica-se então que nos anos 80 já havia uma preocupação não só

com a utilização dos recursos naturais e com o desenvolvimento econômico,

mas também com a qualidade de vida do ser humano sem, no entanto,

prejudicar o meio ambiente.

Todavia, esta preocupação não se estagnou na década de 80,

posteriormente no ano de 1992 houve um evento muito importante, a ECO 92,

pois promoveu debates e reflexões importantíssimos para a elaboração de um

modelo de desenvolvimento sustentável, fato que resultou no documento

conhecido como Agenda 21, onde se busca basicamente a harmonia entre o

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

32

desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais de forma

consciente, equilibrada ou sustentável, conforme SATO & SANTOS (1996).

Assim, dentro deste contexto, a partir da ECO 92, que foi realizada na

Cidade do Rio de Janeiro, os conceitos de desenvolvimento sustentável e

sustentabilidade transformaram-se em um importante referencial estratégico de

desenvolvimento social e ambiental para as organizações privadas, que

passaram refletir na importância do desenvolvimento econômico ser atingido

sem provocar danos e prejuízos para o meio ambiente.

Apesar da elaboração do Relatório Brundtland e da Agenda 21, ambos

com a finalidade de refletir, de estabelecer metas e conceitos acerca do

desenvolvimento sustentável, CUNHA & GUERRA (2003) asseveram que não

há um consenso sobre o significado preciso ou operacional de

desenvolvimento sustentável. Para os autores, a proposta de desenvolvimento

sustentável pode ser entendida como uma forma alternativa de

desenvolvimento, que possui todos os ingredientes de uma proposta utópica,

já que busca a conciliação de interesses contraditórios, sem que a ordem

estabelecida em nível da economia mundial atual seja, sequer, mexida.

Desta forma, pode-se dizer que a noção de desenvolvimento sustentável

é algo utópico para alguns estudiosos, ao passo que para outros, como, por

exemplo, CAVALCANTI (1995), trata-se de uma noção que pode ser

compreendida como um novo paradigma cultural e científico, pois anseia pela

construção de novos valores, percepções, conceitos e pensamentos que

determinarão como a sociedade enfrentará a realidade vivida e como a ciência

irá se organizar, diante desse novo campo de atuação disciplinar ou

interdisciplinar.

Já para BUARQUE (1996) a noção de desenvolvimento sustentável

pode ser compreendida como algo operacional, isto é, o desenvolvimento

sustentável pode ser conceituado como o processo de mudança social e de

aumento das oportunidades da sociedade, compatibilizando, no tempo e no

espaço, o crescimento e a eficiência econômica, a conservação ambiental, a

qualidade de vida e a eqüidade social, partindo de um claro compromisso com

o futuro e a solidariedade entre gerações.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

33

Na visão de SEN (1993), a sustentabilidade pode ser analisada em

diferentes categorias como: social; econômica; ecológica; espacial; cultural.

Segundo o autor supracitado, a sustentabilidade social – busca o

estabelecimento de um padrão de desenvolvimento que conduza à distribuição

mais eqüitativa da renda, assegurando a melhoria dos direitos da grande

massa populacional e a redução das atuais desigualdades sociais. Já a

sustentabilidade econômica, para o mesmo, só é viável através da alocação e

do manejo eficiente dos recursos naturais para redução dos custos sociais e

ambientais por parte das instituições privadas.

Ao passo que a sustentabilidade ecológica, no entendimento do autor

supracitado, é o aumento ou a manutenção da capacidade de suporte do

planeta, mediante intensificação do uso do potencial de recursos disponíveis,

compatível com um nível mínimo de deterioração deste potencial; e a limitação

do uso dos recursos não-renováveis pela substituição por recursos renováveis

e, ou, abundantes e inofensivos.

Já a sustentabilidade espacial tem a ver com uma configuração urbano-

rural mais equilibrada, evitando-se a concentração da população em áreas

metropolitanas ou em assentamentos humanos em ecossistemas frágeis.

Em contrapartida, a sustentabilidade cultural, segundo o mesmo autor

antes mencionado, é a garantia da continuidade das tradições e da pluralidade

dos povos.

Torna-se óbvio, então, que a conceituação de sustentabilidade, dentro

do contexto de desenvolvimento sustentável é bastante abrangente, dando

margem a diversas interpretações, de acordo com a perspectiva e os

interesses envolvidos na análise.

Contudo, vale enfatizar que a noção de desenvolvimento sustentável

está interconectada às atividades econômicas de certas indústrias que têm seu

tipo de negócio associado ao uso dos recursos naturais, como, por exemplo,

as empresas que, pela sua natureza, são consumidoras intensivas de recursos

naturais, energia ou água. E também daquelas que desenvolvem atividades

que implicam altos riscos para as populações ou geram grandes impactos

ambientais ou sociais, como é o caso das usinas nucleares, indústria de

cigarro, entre outras.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

34

Assim, se essas indústrias não promoverem uma profunda

transformação na sua forma de produzir ou nas características dos seus

produtos, terão maiores dificuldades de se enquadrarem no conceito de

sustentabilidade, e cabe ao legislador fazer cumprir o que preconize a lei em

favor e proteção ao meio ambiente para que seja evitado o dano ambiental que

constitui a temática do capítulo a seguir.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

35

CAPÍTULO III - DANO AMBIENTAL 3.1 - O dano ambiental e sua conceituação

De acordo com a Lei 6938/81, especificamente no artigo 3º, há a

conceituação de que o dano ambiental é a alteração adversa das

características do meio ambiente, de tal maneira que prejudique a saúde, a

segurança e o bem-estar da população, crie condições prejudiciais às

atividades sociais, afete desfavoravelmente a biota, prejudique condições

estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, por fim, lance rejeitos ou energia

em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Acerca da conceituação de dano ambiental, ANTUNES (1998) leciona

que dano é o prejuízo, ou seja, uma alteração negativa da situação jurídica,

material ou moral que é causada a alguém por um terceiro que se vê obrigado

ao ressarcimento. Dentro desta ótica, a doutrina civilista tem entendido que

somente é ressarcível o dano que preencha aos requisitos da certeza,

atualidade e subsistência. O dano ambiental, na concepção do autor

supracitado, é o prejuízo ao meio ambiente.

Segundo MILARÉ (2004) a Constituição Federal não elaborou um

conceito técnico-jurídico de meio ambiente, além disso, acerca da relação

entre degradação ambiental e poluição, o autor diz : “dano ambiental é a lesão

aos recursos ambientais, com conseqüente degradação – alteração adversa

ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida”. (p.115)

São recursos ambientais, nos termos da Lei 6.938/81, art. 3o, V, a

atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar

territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Soma-

se a esse conjunto de recursos ambientais os elementos artificiais e culturais,

uma vez que o meio ambiente resulta das interações recíprocas do ser

humano com a natureza, conforme NARDY (2003).

Para NARDY (2003) o dano ambiental pode degradar o meio ambiente

(sentido amplo) ou seus elementos naturais (sentido estrito). Além disso, o

autor esclarece que do ponto de vista jurídico, meio ambiente é uma algo

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

36

comum a todos, algo que pode ser composto por bens pertencentes ao

domínio público ou ao domínio privado, encontrando tutela no Direito público

ou privado.

Para ANTUNES (1998) o dano ambiental é um fenômeno físico-material

e também pode integrar um fato jurídico qualificado por uma norma e sua

inobservância, e somente pode cogitar-se de um dano se a conduta for

considerada injurídica no respectivo ordenamento legal. Em outras palavras, o

autor supracitado diz que sempre deve haver uma norma que proíba certa

atividade ou proteja determinado bem ecológico. Todavia, torna-se evidente

que o ato de interpretar os fatos diante do texto da norma sempre será

influenciado pela atitude pessoal do intérprete.

Na verdade o conceito de dano ambiental é um conceito ainda em

construção, pois a lei é passível de diferentes interpretações, sofrendo

variações de acordo com as circunstâncias e fatos apresentados.

Acerca da conceituação de dano ambiental MILARÉ (2004) diz:

Não há um conceito fixo para meio ambiente e dano ambiental. Na verdade, o conceito de dano ambiental, assim como o de meio ambiente, é aberto, ou seja, está sujeito a ser preenchido conforme cada realidade concreta que se apresente ao intérprete da Lei. (p.115)

Assim, pode-se dizer que a definição de dano ambiental será dada de

acordo com a circunstância apresentada e também tal definição será em

função da interpretação daquele quem analisa os fatos.

3.2 - Obstáculos à constatação e comprovação do dano ambiental

A constatação do dano ambiental e sua comprovação são de grande

relevância para a questão da preservação ambiental, pois representam o

começo daquilo que poderia ser chamado de processo de reparação dos

danos, conforme ANTUNES (1998).

Todavia, o Brasil possui uma grande extensão territorial fato que muitas

vezes dificulta o monitoramento e vigilância das áreas ambientais, como, por

exemplo, a floresta Amazônica que tanto tem sofrido com os crimes

ambientais. Além disso, outro fator representa um obstáculo à constatação de

dano ambiental que é a difícil percepção de que o dano foi cometido.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

37

Na prática verifica-se que nem sempre é fácil perceber ou constatar que

um dano esteja ocorrendo ao meio ambiente, como é o caso de

contaminações lentas e graduais da água por produtos químicos.

Segundo BENJAMIN (1993), uma das maiores dificuldades se

estabelece quando é preciso revelar provas de danos cuja natureza faz com

que se manifestem ao longo do tempo, podendo ser em anos ou décadas. O

autor adverte que é comum nos tribunais haver a interpretação judicial de que

há insuficiência das provas, negando por esse motivo a condenação dos

supostos poluidores ou a adoção de medida preventiva requerida, infelizmente.

Acerca de provas para a comprovação de dano ambiental BOBBIO (1992) diz:

“A ação civil pública, instrumento processual adequado para impedir ou

reprimir o dano ecológico deve repousar sobre fatos concretamente

demonstráveis e que possam ser imputados a quem lhes der causa”. (p.45)

Assim, muitas vezes torna-se um obstáculo a comprovação do dano

ambiental visto que, conforme já mencionado antes, as provas nem sempre

são evidentes e imediatas, pois a natureza muitas vezes só vai evidenciar o

dano causado com o passar do tempo.

É relevante também, citar outro obstáculo identificado à comprovação

do dano ambiental que é a necessidade de perícias, fato que constitui

dificuldade, ou até mesmo empecilho, para o sucesso de eventuais ações

judiciais, conforme LEITE (2002).

Resumindo, pode-se dizer que a temática do dano ambiental é

certamente complexa, e não fica restrita apenas ao problema da constatação e

comprovação do dano ambiental. Em determinadas situações é muito

complicado estabelecer a relação de causalidade entre o dano causado e o

fato gerador deste.

Além disso, há também um obstáculo importante a ser considerado que

é a dificuldade em comprovar um dano futuro.

Obstáculo à parte, não se pode e nem se deve de desistir buscar provas

de que o dano ambiental foi causado e mais importante que a comprovação do

dano é fazer com que os responsáveis por tal ato, paguem de acordo com o

que determina a doutrina brasileira.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

38

3.3 - A avaliação dos danos ambientais e a natureza econômica do Direito Ambiental

MILARÉ (2005) elucida que avaliar um dano ambiental constitui tarefa

complexa e que pode ficar envolta em uma grande controvérsia, pois é

inevitável que surjam questionamentos como: Existe a possibilidade de fixar

um valor justo para a vida de um animal ou para a de toda uma floresta ? A

vida existente em um determinado trecho de um rio tem preço? É possível

compensar a morte de um animal ou de uma planta arbitrando-se um valor a

ser pago pelo responsável ? E o que dizer a respeito da extinção de uma

espécie ?

Não se pretende neste trabalho encontrar soluções para todos os

questionamentos propostos acima, mas sim pretende-se abrir os olhos para

uma realidade que está diante de todos na sociedade, que por sua vez precisa

clamar por providências no sentido de punir os responsáveis pelos crimes

ambientais e por iniciativas que favoreçam o desenvolvimento sustentável.

BENJAMIN (1993) alerta para um sério problema em relação à

avaliação de um dano ambiental que é o fato de que se calcula o valor global e

final da indenização sobre o dano imediatamente visível, que o autor denomina

de a ponta do iceberg. Essa comparação sugerida pelo autor, revela sua idéia

de que grande parte do dano ambiental não é sequer constatada, discutida ou

reparada. Além disso, o mesmo autor diz que as deficiências do sistema legal

fazem com que praticamente todas as ações civis públicas propostas no Brasil

fiquem absolutamente paradas exatamente na fase de cálculo do dano

causado.

NARDY & SAMPAIO (2003) dizem que a jurisprudência tem

entendido que a avaliação feita de um determinado dano ambiental não deve

ser necessariamente exata, em razão das dificuldades que cercam o ato de

avaliar um dano ambiental, conforme já visto anteriormente. Para os autores

supracitados essa postura tem reflexos positivos para a tutela que se procura

implementar, na medida em que diminui a possibilidade de retardos

desnecessários no processo de avaliação dos danos.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

39

Vale dizer que a questão de avaliação monetária do ambiente

danificado constitui motivo para discussões e divergências sem resposta

precisa e definitiva, conforme MACHADO (2003).

A avaliação monetária de um dano ambiental não é tão simples

como a avaliação de um bem material como um carro ou uma casa, assim a

tarefa de avaliar, na esfera do meio ambiente, tem peculiaridades decorrentes

da dificuldade de se atribuírem valores aos bens ambientais (água, ar, solo,

silêncio...). (LEITE, 2002)

Vale dizer que os recursos naturais supracitados nunca tiveram

preços verdadeiros, porque se acreditava que eles eram gratuitos, além de

inesgotáveis. Ao se verificar que isso não era verdadeiro, a Organização das

Nações Unidas - ONU recomendou a compatibilização do crescimento

econômico com a preservação ambiental, conforme já visto em capítulo

anterior.

Quando se fala em avaliação monetária do meio ambiente,

automaticamente, se pressupõe a existência de integração dos campos da

Economia e do meio ambiente, que antes era considerado um elemento

externo ao objeto da Economia. Todavia, vale esclarecer que tal pensamento

está ultrapassado, pois como já dito antes é difícil estipular valores quando o

que está em jogo é a vida e o equilíbrio do planeta e do próprio ser humano.

A avaliação monetária do meio ambiente é para alguns estudiosos,

como ANTUNES (1998) algo bastante polêmico. Assim, sobre a temática o

Antunes diz:

A adoção de um valor arbitrado para significar a espécie destruída tem a desvantagem de estabelecer um macabro sistema pelo qual aqueles que possuem recursos financeiros poderão pagar uma soma para compensar a área ou espécie prejudicada. Por outro lado, este mecanismo tem como lado positivo a fixação de um critério objetivo a ser imposto ao poluidor. (p.152)

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

40

Dentro desta ótica, é possível afirmar que a questão monetária do dano

ambiental pode ser positiva ou negativa dependo do ângulo que é avaliada.

O autor supracitado leciona que quando se trata de desenvolvimento e

da satisfação das necessidades humanas, surgem duas alternativas opostas

que são: considerar que o processo produtivo deve funcionar a toda força e

sem maiores restrições, situação não sustentável; ou que deve existir

desenvolvimento e preservação ambiental ao mesmo tempo.

MILARÉ (2004) assevera que a avaliação monetária é um procedimento

que exige cautela em todos os sentidos, para que a situação não se transforme

em um grande mercado oficial de negociações envolvendo o meio ambiente,

para não agravar ainda mais os problemas ambientais futuros.

Verifica-se então, que o Direito Ambiental, como tudo no mundo

capitalista, tem um aspecto econômico muito forte, que vai desde o princípio

do poluidor-pagador até os valores das indenizações, passando pelos custos

com educação ambiental, estudos de impacto ambiental e responsabilidade

civil objetiva.

Além disso, outra evidência do cunho econômico do Direito Ambiental

se revela através da cobiça gerada pelos recursos naturais, como é o caso da

água, como exemplo é possível citar o Brasil, um país onde a gestão dos

recursos hídricos pode envolver interesses econômicos de grande vulto.

Acerca do tema CUNHA & GUERRA (2003) dizem:

No planeta todo, a água de boa qualidade virou um produto raro; tão raro que começou a parecer normal pagar para obtê-la em quantidade suficiente. A década de 90 presenciou o passo seguinte: a privatização dos serviços de captação, tratamento e distribuição de água potável. Entretanto, ao mesmo tempo, surgiram pressões contraditórias. De um lado, há a necessidade de conscientizar o consumidor: afinal, ele também costuma ser o poluidor, quer na forma de usos domésticos, industriais ou agrícolas. Por outro lado, as “forças ocultas” do mercado objetivam promover a gestão privada dos recursos hídricos e a privatização dos lucros que ele propicia (...). (p.248)

Assim, de acordo com a citação acima, a exploração do uso da água

(que é um importantíssimo recurso natural) tem os dois lados da moeda, de um

lado a questão do uso indiscriminado e de forma não sustentável, a medida

que o homem a consome sem a consciência de que deve economizá-la e que

não deve poluí-la e de outro lado, a questão econômica, visto que certos

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

41

grupos comercializam esse importante recurso natural e procuram tirar lucro

através da privatização desse recurso natural que deveria ser gratuito e usado

de forma democrática e sustentável.

Dentro deste cenário do mundo capitalista, onde o Homem procurar tirar

lucro de tudo inclusive dos recursos naturais, que encontram-se disponíveis

gratuitamente na natureza, é tarefa do legislador fazer cumprir o que preconiza

a doutrina brasileira em favor do meio ambiente e do desenvolvimento

sustentável, a fim de vencer os obstáculos existentes na comprovação do dano

ambiental e de evitar que o poder econômico e os interesses financeiros se

coloquem acima do interesse social e do bem comum.

Em suma, é possível asseverar que entre todas as dificuldades e

obstáculos mencionados aqui, com certeza a maior luta de todas está em fazer

cumprir a lei e a valorização da reparação do dano ambiental, como ponto de

essencial importância à questão da preservação do meio ambiente.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

42

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo DAJOZ (1973) através da forma humana a natureza toma

consciência de si mesma, isto implica em dizer que o homem pode verbalizar a

natureza, transformá-la e destruí-la. Logo, segundo o autor, a destruição da

natureza é ao mesmo tempo causa e conseqüência da aniquilação da

consciência humana. Então, sob esta perspectiva, pode-se dizer que a

preservação ou a destruição do meio ambiente esta nas mãos do ser humano.

Felizmente, o ser humano tem voltado mais sua atenção para a questão

da preservação do meio ambiente, no entanto, isto não tem sido o suficiente

para reverter o quadro de degradação e destruição do patrimônio ambiental.

Assim, é dentro deste contexto que a doutrina brasileira deve fazer com

que os princípios do Direito Ambiental, apresentados neste trabalho, sejam

amplamente divulgados e postos em prática.

Espera-se que diante de tudo foi exposto, tenha ficado claro que as

ações em prol da defesa do meio ambiente devem ter eminentemente caráter

preventivo a fim de evitar a ocorrência de danos ambientais, em virtude de sua

difícil reparação. Além disso, espera-se que tenha fica entendido que a

responsabilidade civil objetiva por danos ambientais é um instituto essencial

para a eficaz tutela do meio ambiente, e como tal deve ser implementada

sempre que houver essa possibilidade.

Em suma procurou-se mostrar que os operadores do Direito devem

estar plenamente conscientes da importância de seu trabalho no contexto da

mobilização social para a proteção dos recursos naturais, da qualidade de vida

e do equilíbrio social.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

43

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1998. BARROS, Flávio Augusto Monteiro de. Direito Penal: parte geral. Vol 1. São Paulo. Ed. Saraiva, 1999. BENJAMIN, Antônio Herman. Introdução ao Direito Ambiental brasileiro. Revista de Direito Ambiental, 1999, n.º 14, p. 50/52 _____. Dano Ambiental, Prevenção, Reparação e Repressão. RT, 1993. v. 2.

BITTENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito penal: parte geral. Vol. 1, 6º ed. rev. atual. São Paulo, ed. Saraiva, 2000.

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos, tradução de Carlos Nelson Coutinho. 4a reimpressão, Rio de Janeiro, Campus, 1992.

BRANCO, Samuel Murguel & ROCHA, Aristides Almeida. Elementos de ciências do Ambiente. São Paulo; CETESB/ASCETESB, 1987..

BUARQUE, S. Desenvolvimento sustentável. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1996. 39 p.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Vol 1. 4º ed. rev. e atual. São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.

CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo, Cortez Editora, 1995. 429 p.

CUNHA, S.B.; GUERRA A.J.T. A questão ambiental: diferentes abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2003, 248p.

DAJOZ, R. Ecologia Geral. São Paulo, Vozes, 1973, 472p.

FARIAS, Paulo José Leite. Competência Federativa e proteção ambiental. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1999.

FERRAZ Junior, Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. 4º ed. São Paulo, 2003.

FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 4º ed. ampl. São Paulo. Ed. Saraiva, 2003.

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

44

FREITAS, Vladimir Passos. Direito Administrativo e Meio Ambiente. 1a edição, 2a tiragem, Curitiba, Juruá, 1995.

LEITE, Jose Rubens Moratto.Dano Ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial.São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2002

LIMA, André. (org.). O direito para o Brasil Sócio Ambiental. Por to Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2002. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro, 11a ed. rev., atual e ampl., São Paulo: Malheiros Editores, 2003. MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação Civil Pública: em defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e dos consumidores: Lei (7.347/85 e legislação complementar) 6º ed. rev. e atual. São Paulo, 1999. MILARÉ, Edis. Direito do ambiente. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.115/116.

______.Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 4º ed. rev. e atual e ampl. São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2005.

NALINI, José Renato. Ética ambiental. 2º ed. Ed. Milennium. Campinas, 2003.

NARDY, Afrânio. SAMPAIO, José Adércio Leite e WOLD, Chris. Princípios de direito ambiental. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2003. NEDER, Ricardo Toledo. Crise socioambiental: Estado e sociedade civil no Brasil (1982-1998). São Paulo: Annablume-Fapesp, 2002, p. 25. ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro, Guanabara, 1988, 434p.

PIVA, Rui Carvalho. Bem Ambiental. São Paulo. Ed. Max Limonad, 2000.

PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do ambiente, patrimônio cultural, ordenação do território e biossegurança (com análise da Lei nº 11.105/2005) São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2005.

REIGOTA, Marcos. Meio Ambiente e Representação Social. São Paulo: Cortez, 1995 (questões de nossa época, v. 41)

RODRIGUES, Marcelo Abelha. Instituições de Direito Ambiental. Vol. 1. São Paulo. Ed. Max Limonad, 2002.

SALGE JR., Durval. Instituição do bem ambiental no Brasil pela Constituição Federal de 1988: seus reflexos ante os bens da União. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003,p. 87. SATO, M.; SANTOS, J. E. Agenda 21 em sinopse. São Carlos, 1996. 41 p. Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

45

SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: Uma Análise Complexa. Disponível em http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev10/educação_ambiental_e_desenvolvim.html visitado em 02/05/2009 SCHMIDHEINY, S. Mudando o rumo - uma perspectiva empresarial global sobre desenvolvimento e meio ambiente. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1992. 368 p. SÉGUIN, Elida e CARRERA, Francisco. Planeta Terra: uma abordagem de Direito Ambiental. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001, p. 43/50. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 384 p. SERAGELDIN, I. The fortune at the bottom of the pyramid. In: Finanças e Desenvolvimento, 1993. p.6-10 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 2ª edição. 3ª tiragem. São Paulo: Malheiros, 1998. SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 26. SUTTON, P. ‘Sustainability: what does it mean’, 2000, Green Innovations website. Disponível em: http://www.green-innovations.asn.au/sustblty.htm Acesso em: 20.05.09 < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm> Acesso em 10.09.04 < http://www.ibama.gov.br/2009/04/ibama-lanca-campanha-ambiental-na-midia/#more-4514> Acesso em 10.04.09 <http://www.jurisambiente.com.br/ambiente/constituicaofederal.shtm> Acesso em 04.03.09 WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT – WBCSD. A eco-eficiência: criar mais valor com menos impacto. Disponível em: http://www.wbcsd.ch/newscenter/reports/2000/EEcreating-portugese.pdf Acesso em: 25.04.09

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Pierangeli, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro:parte geral. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais, 1997.

ANEXO – LEI 9.605/98

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

46

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.

Mensagem de veto

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º (VETADO)

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Art. 5º (VETADO)

CAPÍTULO II

DA APLICAÇÃO DA PENA

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

47

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:

I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída.

Art. 8º As penas restritivas de direito são:

I - prestação de serviços à comunidade;

II - interdição temporária de direitos;

III - suspensão parcial ou total de atividades;

IV - prestação pecuniária;

V - recolhimento domiciliar.

Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.

Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.

Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.

Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar,

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

48

freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:

I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada;

III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

49

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.

Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.

Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.

Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.

Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:

I - multa;

II - restritivas de direitos;

III - prestação de serviços à comunidade.

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

50

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.

Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:

I - custeio de programas e de projetos ambientais;

II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;

III - manutenção de espaços públicos;

IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CAPÍTULO III

DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO

ADMINISTRATIVA OU DE CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.

§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.

§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.

§ 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais.

§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem.

CAPÍTULO IV

DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

51

Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

Parágrafo único. (VETADO)

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;

II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;

III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;

IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do dano.

CAPÍTULO V

DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE

Seção I

Dos Crimes contra a Fauna

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

52

I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.

§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;

II - em período proibido à caça;

III - durante a noite;

IV - com abuso de licença;

V - em unidade de conservação;

VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.

§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.

Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

53

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:

I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;

II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente:

Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:

I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;

II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos;

III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:

I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Pena - reclusão de um ano a cinco anos.

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

54

Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:

I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

III – (VETADO)

IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

Seção II

Dos Crimes contra a Flora

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).

Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:

Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

55

Art. 40. (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, Áreas de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação será considerada circunstância agravante para a fixação da pena.

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Art. 40-A. (VETADO) (Artigo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação da pena. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

56

Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 43. (VETADO)

Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:

Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Art. 47. (VETADO)

Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

57

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração;

d) em época de seca ou inundação;

e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Seção III

Da Poluição e outros Crimes Ambientais

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

58

§ 1º Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º Se o crime:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.

§ 3º Se o crime é culposo:

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

59

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 57. (VETADO)

Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.

Art. 59. (VETADO)

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Seção IV

Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural,

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

60

religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.

Seção V

Dos Crimes contra a Administração Ambiental

Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa.

Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

61

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)

CAPÍTULO VI

DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.

§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de polícia.

§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.

Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os seguintes prazos máximos:

I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração, contados da data da ciência da autuação;

II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

62

III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;

IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X – (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas.

§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo.

§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:

I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha;

II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha.

§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

63

§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.

§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei.

§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

§ 8º As sanções restritivas de direito são:

I - suspensão de registro, licença ou autorização;

II - cancelamento de registro, licença ou autorização;

III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;

IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.

Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.

Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

CAPÍTULO VII

DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:

Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

64

I - produção de prova;

II - exame de objetos e lugares;

III - informações sobre pessoas e coisas;

IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;

V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.

§ 2º A solicitação deverá conter:

I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;

II - o objeto e o motivo de sua formulação;

III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;

IV - a especificação da assistência solicitada;

V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.

Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.

CAPÍTULO VIII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no

Page 65: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

65

caput possam promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha sobre: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos representantes legais; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual período; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser superior ao valor do investimento previsto; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo do estabelecimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos que deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a pessoa física ou jurídica que o houver firmado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

Page 66: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

66

§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do plano. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão oficial competente, mediante extrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)

Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.

Art. 81. (VETADO)

Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Gustavo Krause

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.2.1998

Page 67: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Para demonstrar que o Brasil sempre se preocupou com o meio ambiente, vale fazer uma retrospectiva e citar que já no ano

67

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A Contribuição do Direito Ambiental para o Meio Ambiente e para o Desenvolvimento Sustentável

Autor: Vitória Medeiros de Melo.

Data da entrega: 14 de Julho de 2009.

Avaliado por: William Rocha Conceito: