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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA AMBIENTAL PARA AS EMPRESAS PRIVADAS NO MUNDO GLOBALIZADO Por: Juliana Gouveia Leite Orientador Prof. Vera Agarez Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA AMBIENTAL PARA AS

EMPRESAS PRIVADAS NO MUNDO GLOBALIZADO

Por: Juliana Gouveia Leite

Orientador

Prof. Vera Agarez

Rio de Janeiro

2009

2

FOLHA DE ROSTO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA AMBIENTAL PARA AS

EMPRESAS PRIVADAS NO MUNDO GLOBALIZADO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Ambiental.

Por: Juliana Gouveia Leite

3

AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos às

pessoas que direta ou indiretamente

colaboraram para a realização desta

monografia.

Agradeço a DEUS por me fazer capaz de

realizar este trabalho iluminando meu

caminho e me dando saúde e

perseverança.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu noivo e a

minha família sempre presentes em

minha vida.

5

RESUMO

No ambiente competitivo, globalizado e dinâmico no quais as empresas estão

inseridas atualmente, a tomada de decisões cresce em complexidade e exige

informações mais precisas e rápidas para que o gestor tome suas decisões.

Portanto, é cada vez mais importante que a gestão ambiental seja

adequadamente valorizada, considerando o grande peso em função da

representatividade de seus custos e sua influência sobre outros parâmetros

competitivos. É fundamental a participação do gestor ambiental e as

contribuições que ele pode apresentar para garantir a sustentabilidade, através

da logística reversa, das tecnologias que afetem menos o meio ambiente. Pois

uma boa gestão logística ambiental pode contribuir para a redução dos

impactos ao meio ambiente, causados pelas diversas atividades que compõe a

logística empresarial. Também faz parte do papel do gestor ambiental à

identificação de como os processos logísticos provenientes das negociações

globais causam impactos no meio ambiente e análise de como o transporte

logístico contribui para poluição ambiental.

6

METODOLOGIA

O método que leva ao problema proposto é baseado na coleta de dados

através de pesquisas bibliográficas em livros acadêmicos, periódicos, revistas

especializados, além da Internet e material de apoio disponibilizado através de

apostilas e artigos distribuídos durante o curso de Gestão Ambiental. O método

bibliográfico possui limitações na medida em que a pesquisa sofrerá a

subjetividade da interpretação.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – GESTÃO LOGÍSTICA 09

CAPÍTULO II – GESTÃO AMBIENTAL 17

CAPÍTULO III – LOGÍSTICA AMBIENTAL 28

CAPÍTULO IV – LOGÍSTICA REVERSA 36

CONCLUSÃO 46

ANEXOS 48

BIBLIOGRAFIA 52

ÍNDICE 53

8

INTRODUÇÃO

Nesse novo tempo de globalização, o mundo passa por diversas

transformações apresentando um comportamento dinâmico em um ambiente

extremamente competitivo. Por estas razões, as organizações devem estar

empenhadas em avaliar seu desempenho valorizando cada vez mais a questão

logística e suas ferramentas.

Em plena fase de globalização, onde o mercado exige que se produza

mais, com menores custos, maior qualidade e melhor atendimento, a utilização

da Logística nas empresas é uma questão de sobrevivência.

A criação de valor para as organizações através de um método que se

adapte facilmente a velocidade crescente da necessidade de se obter

informações apuradas, em tempo real ultrapassando as fronteiras dos

paradigmas existentes e sobrevivendo a concorrência global e intensa.

A combinação de crescimento econômico mais lento e a concorrência

mais acirrada forçaram as empresas em todos os setores a se concentrarem

na aplicação eficaz e eficiente de recursos logísticos.

Atualmente as empresas de transporte e logística consideram cada vez

mais os aspectos ambientais em seu processo de tomada de decisões,

formulando políticas ambientais, estratégias e programas de processamento

dos materiais e subprodutos. Uma estratégia ambiental deve ser preventiva e

deve também incluir um sistema de gestão ambiental com políticas sólidas,

responsabilidade e processos de auditoria.

9

CAPÍTULO I GESTÃO LOGÍSTICA

1.1 Introdução

O papel da gestão logística pode ser entendido como o gerenciamento

estratégico de um grupo de atividades que tem como objetivo garantir o

atendimento ao cliente com o produto certo, no lugar certo, no tempo certo,

minimizando todos os custos envolvidos nesse processo. Portanto, o transporte

de carga está diretamente relacionado com estas quatro considerações.

Outra questão relevante em relação à gestão logística é a minimização

das perdas e danos, focando principalmente nos custos e para que isto ocorra

outro fator muito importante também deve ser considerado: o nível de serviço.

O nível de serviço pode ser descrito como a capacidade para atender às

expectativas de clientes em relação ao desempenho de entregas, à

disponibilidade de informações relativas às cargas transportadas, etc.

Para que este nível seja medido e medidas reativas e/ou corretivas

sejam tomadas, o gestor precisa ter nas mãos uma ferramenta que atenda

suas necessidades e dê visibilidade do processo como um todo, além de

determinar metas e índices para acompanhar a performance.

A alta competitividade faz com que as empresas concentrem maiores

esforços para atender o cliente com excelência. Com a grande oferta de

produtos no mercado, as organizações precisam mostrar algum diferencial, que

faça com que o cliente opte por seus produtos. Por isso, as empresas devem

mensurar corretamente sua performance.

Para FLEURY (2000, p.29), “as mudanças econômicas vêm

transformando a visão empresarial sobre logística, que passou a ser vista não

10

mais como uma simples atividade operacional, um centro de custos, e sim

como uma atividade estratégica, uma ferramenta gerencial que pode

representar vantagem competitiva”.

1.2 Conceito de Logística

Historicamente, a palavra Logística tem sua origem na palavra loger,

que significa alojar. Esta palavra, no passado, definiu atividades realizadas

pelos militares, com relação ao avanço de suas tropas e o transporte,

abastecimento e alojamento.

A definição do Council of Supply Chain Management Professionals

norte-americano para descrever logística, como o processo de planejar,

implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de

produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o

ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos

requisitos do consumidor.

Para BOWERSOX E CLOSS (2001, p.23), a logística de uma empresa é

um esforço integrado com o objetivo de ajudar a criar valor para o cliente com o

menor custo total possível. A logística existe para satisfazer as necessidades

do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing. Do

ponto de vista estratégico, os executivos de logística procuram atingir uma

qualidade pré-definida de serviço ao cliente por meio de competência

operacional que represente o estado-da-arte. O desafio é equilibrar as

expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do

negócio.

Em geral, logística pode ser definida como um processo de gerenciar

estrategicamente a aquisição, a movimentação e o armazenamento de

materiais, peças e produtos acabados. A logística empresarial estuda como a

gerência pode prover melhor nível de rentabilidade aos serviços de distribuição

aos clientes e/ou consumidores, por meio de planejamento organizado e

11

controle efetivo das atividades de movimentação e armazenagem, objetivando

facilitar o fluxo de produtos.

A Logística também é reconhecida pela doutrina moderna como uma

das três artes básicas militares:

• Estratégia: amplos planos para emprego da força militar no ar, na

terra e no mar. Isso inclui a estrutura de força e seus objetivos gerais

em tempos de guerra e paz.

• Táticas: o emprego e a manobra de forças para implementar as

estratégias.

• Logística: a provisão de recursos para suportar a estratégia e as

táticas das forças de combate.

1.3 Logística Empresarial

No começo, as empresas estavam apenas interessadas em praticar a

Logística como uma ferramenta meramente operacional para escoamento de

produção. Nessa época, o atendimento ao cliente era algo que não tinha valor,

conforme a conhecida frase de Henry Ford, apud VAZ (2003, p.22): "O público

pode ter o automóvel que quiser, desde que seja Ford e preto".

Com o passar do tempo, as empresas perceberam que se as

necessidades dos clientes fossem atendidas, maiores seriam as chances de

que eles se tornassem fiéis, principalmente pela grande concorrência que se

iniciava. É importante destacar que durante os últimos trinta anos, as empresas

também buscaram se estruturar internamente, investindo em áreas (nos anos

80, principalmente na área financeira e nos anos 90 em produção) e processos,

principalmente devido ao processo de globalização, pelas alternativas

estruturais na economia mundial e pelo desenvolvimento tecnológico.

Com o surgimento de novas formas e ferramentas na administração

moderna, como é o caso do Just in Time, criado pela indústria Japonesa a fim

12

de trabalhar com um estoque mínimo buscando uma maior eficiência na

produção com custos reduzidos, houve uma conseqüência direta: a

necessidade de se obter sistemas logísticos confiáveis e flexíveis que

possibilitassem o planejamento e conseqüentemente o sucesso da operação.

A última etapa para a equalização de suas atividades para atender as

necessidades dos clientes e controlar seus custos é a área de Logística, que

não era tão valorizada e notada como tem sido recentemente.

Hoje as empresas perceberam que para atender as necessidades dos

clientes, é impossível trabalharem isoladamente. Por isso, têm buscado a

integração entre fornecedores e clientes para conseguir chegar ao cliente final,

satisfazendo suas necessidades e conseguindo sucesso nos negócios.

A Logística Empresarial evoluiu muito desde seus primórdios. Agrega

valor de lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva.

Além de agregar os quatro tipos de valores positivos para o consumidor final, a

Logística moderna também procura eliminar do processo tudo o que não tenha

valor para o cliente, ou seja, tudo que acarrete somente custos e perda de

tempo. A moderna Logística procura incorporar:

• Prazos previamente acertados e cumpridos integralmente, ao longo

de toda a cadeia de suprimento;

• Integração efetiva e sistêmica entre todos os setores da empresa;

• Integração efetiva e estreita (parcerias) com fornecedores e clientes;

• Busca da otimização global, envolvendo a racionalização dos

processos e a redução de custos em toda a cadeia de suprimento;

• Satisfação plena do cliente, mantendo nível de serviço

preestabelecido e adequado.

Podemos ressaltar também como objetivos da Logística Empresarial os

itens:

13

• Reduzir os custos globais;

• Gerar altos giros de estoque;

• Garantir a continuidade do fornecimento;

• Obter nível de qualidade desejada;

• Obter rapidez na entrega;

• Manter registros, controles e transmissão de dados instantâneos e

confiáveis.

1.4 Estratégia Logística

A aplicação de estratégias para diversos segmentos da empresa é muito

importante visto que sem um direcionamento ou um objetivo dificilmente

chegará a permanecer por muito tempo no mercado.

Para SLACK et al (2002, p. 87), “estratégia é mais do que uma só

decisão; é o padrão global de decisões e ações que posicionam a organização

em seu ambiente e têm o objetivo de fazê-la atingir seus objetivos de longo

prazo”.

Para que uma empresa seja bem sucedida, a estratégia logística e a

estratégia competitiva devem estar alinhadas, ou seja, ambas devem convergir

para os mesmos objetivos. Se esse alinhamento não é alcançado, surgem

conflitos entre os diferentes objetivos funcionais.

A Logística que dá condições reais de garantir a posse do produto, por

parte do consumidor, no momento desejado. Portanto, para que isto ocorra, a

utilização da estratégia correta deve ser adotada.

14

1.5 Cadeia de Suprimento

A definição de Supply Chain Management (SCM), ou em português,

Gerenciamento da Cadeia de Suprimento foi apresentada por NOVAES (2007,

p.40), como SCM é a integração dos processos industriais e comerciais,

partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando

produtos, serviços e informações que agredirem valor para o cliente.

O conceito de SCM está bastante relacionado à Logística. Mas existe

uma diferença no conceito de Logística adotado pelo Council of Supply Chain

Management Professionals, onde a definição assume a Logística como parte

integrante ou subconjunto do SCM, ou seja, é uma das preocupações do

mesmo. O SCM, por sua vez, pode ser entendido como a integração dos

diversos processos de negócios e organizações, desde o usuário final até os

fornecedores originais, que proporcionam os produtos, serviços e informações

que agregam valor para o cliente.

Todavia há outra corrente que defende a idéia de que o SCM é um

aprimoramento, ou uma evolução, da Logística. Considerando que o SCM

levou o processo evolutivo mais longe, integrando efetivamente os elementos

que participam da cadeia de fora estratégica e sistêmica. Isso, sem dúvida é

uma evolução, ou aprimoramento, das práticas logísticas tradicionais.

De qualquer forma, a gestão da cadeia de suprimento trata da

integração holística dos processos de negócio através da cadeia produtiva,

com o objetivo de atender o consumidor final mais efetivamente. Isso pode

ocorrer tanto através da redução dos custos, como da adição de mais valor aos

produtos finais.

Os principais objetivos do SCM são os seguintes:

• Ligação e coordenação estreitas das atividades envolvidas na

compra, na fabricação e na movimentação de um produto;

15

• Integração de fornecedores, fabricantes, distribuidores e clientes;

• Redução de tempo, esforço redundante e custos de estoque;

• Ajuda na compra de materiais e na transformação de matéria-prima

em produtos semi-acabados e acabados;

• Ajuda na distribuição de produtos acabados aos clientes;

• Tratamento da logística reversa – itens devolvidos fluem na direção

contrária do comprador ao vendedor.

Figura 1- Cadeia de suprimento típica1

1.6 Logística Integrada

Logística Integrada pode ser entendida como a competência que vincula

a empresa a seus clientes e fornecedores. As informações recebidas de

clientes e sobre eles fluem pela empresa na forma de atividades de vendas,

previsões e pedidos.

As informações são filtradas em planos específicos de compras e de

produção. No momento do suprimento de produtos e materiais, é iniciado um

fluxo de bens de valor agregado que resulta, por fim, na transferência de

propriedade de produtos acabados aos clientes. Assim, o processo tem duas

ações inter-relacionadas: fluxo de materiais e fluxo de informações.

1 Fonte: NOVAES (2007, p.39)

Produto acabado

Fabricantes de componentes

Atacadistas e distribuidores

Fornecedores de matéria-

prima

Indústria Principal

Varejista

Final

16

O conceito de logística integrada é representado na área sombreada da

figura abaixo:

Figura 2 – A integração logística2

Todas as funções, desde o suprimento físico até a distribuição física, ou

seja, desde a saída da matéria-prima do produtor até a entrega do produto final

no varejo, estão integradas em só sistema: a cadeia de suprimentos.

Dessa forma, logística e distribuição passam a ser uma mesma

atividade, a administração de todos os produtos relacionados com o transporte

dos produtos, sua colocação no mercado e todas as transações entre

fornecedores e clientes.

2 Fonte: BOWERSOX E CLOSS (2001, p. 44)

Clientes Fornecedores Distribuição Física Suprimento Apoio à

Manufatura

Fluxo de Materiais

Fluxo de Informações

17

CAPÍTULO II GESTÃO AMBIENTAL

2.1 Introdução

Nos últimos anos as empresas têm incorporado a seu cotidiano e ao

planejamento estratégico a gestão ambiental, pois perceberam que seus

consumidores passaram a preocupar mais com as questões ambientais e ter

seu produto ou serviço associado ao conceito de sustentabilidade passou a ser

um diferencial competitivo.

Esta percepção e crescente sensibilidade com o meio ambiente podem

ser claramente observadas em declarações de missões empresariais e nas

estratégias de gestão de meio ambiente como parte integrante da reflexão

empresarial, pelo menos nas empresas líderes e ditas excelentes em seus

setores. O consumidor precisa de informações sobre os impactos dos produtos

e processo sobre o meio ambiente.

Buscando atender os consumidores mais exigentes, as empresas

passam a ter não só um controle ambiental sobre seus processos, mas

também uma gestão ambiental empresarial para fornecer suporte aos clientes

e fornecedores internos e externos da empresa.

Sendo assim, os gestores estão desenvolvendo novas relações entre

seus negócios, a sociedade e o ambiente natural, de forma a reduzir a

intensidade (ou até parar) com o processo global de dano ambiental e

neutralização de práticas abusivas aceitas em um passado não muito distante.

2.2 Histórico da questão ambiental

A primeira onda verde ocorreu na década de 70, na qual as empresas

utilizavam, com certo exagero publicitário, campanhas a favor de questões

18

ambientais. Em seguida, a segunda onda verde teve início nos anos 90 e

passou a adotar um modelo de sustentabilidade apresentado pela primeira vez,

na década de 70.

No relatório Brundtland, apresentado em 1987, o desenvolvimento

sustentável é apresentado como o desenvolvimento que atende as

necessidades do presente sem prejudicar a capacidade das futuras gerações

de atender as suas próprias necessidades.

DONATO (2008, p.22) descreve que a preservação do meio ambiente

ganha destaque no mundo a partir de 1970, com o surgimento de grupos

voluntários que apontam a necessidade de incluir o tema meio ambiente nas

discussões da sociedade. No Brasil, já na década de 1980 com a

redemocratização do país, cresce o número de organizações não

governamentais ambientalistas e surgem novas propostas de preservação do

meio ambiente. Algumas se transformam em Políticas Públicas, dando

contornos mais definidos à futura legislação ambiental brasileira.

O aumento significativo de indústrias poluidoras do ar e da água e com

contaminações acidentais da população é que o mundo começou a se

preocupar com os efeitos danosos da poluição. A Conferência de Estocolmo

em 1972, tratou basicamente do controle da poluição do ar e da água. Nesta

época surgiram também os primeiros organismos oficiais de controle ambiental.

Nos anos 80, iniciou-se a fase de planejamento ambiental, pois apenas

o controle da poluição gerada não era mais aceito como uma alternativa

tecnicamente viável e acreditava-se que com um planejamento adequado, os

impactos poderiam ser minimizados.

Esta década foi marcada por grandes desastres ecológicos como o

acidente da Union Carbide (em 1984, na Índia), a explosão de uma usina

nuclear em Tchernobil (1986) e o grande derramamento de óleo provocado

19

pelo navio Exxon Valdez (no Alasca, em 1989) e pela identificação da

degradação da camada de ozônio.

Os anos 90 trouxeram a globalização da economia e, por conseguinte,

dos conceitos de gestão (por exemplo, a adoção mundial da série ISO 9000) e

também a globalização dos conceitos relativos ao meio ambiente, uma vez

que, desde a explosão de Tchérnobil, constatou-se que os impactos ambientais

são também globais e não apenas locais.

A Conferência do Rio de Janeiro (ECO 1992) trouxe o compromisso com

o desenvolvimento sustentável, o tratado da Biodiversidade e o acordo para

eliminação gradual dos CFC’s.

Em função da crescente cobrança da sociedade sobre as empresas,

DONAIRE (1999, p.95) demonstrou como o desenvolvimento das questões

ambientais dentro das empresas aconteceu em três fases: controle ambiental

nas saídas do processo produtivo, integração do controle ambiental nas

práticas e controles dos processos e integração do controle ambiental

juntamente à gestão administrativa.

O mesmo autor ainda descreve que este último estágio, considerado o

mais avançado, reflete a situação vivenciada atualmente por grande parte das

empresas, pois seus consumidores não buscam mais satisfazer suas

necessidades quantitativas, mas querem saber do conteúdo do produto e como

eles são feitos.

2.3 Gestão Ambiental no Brasil e no Mundo

A constituição de 1988 foi a primeira constituição brasileira a tratar

abertamente a questão ambiental. Esta constituição traz um capítulo específico

(capítulo VI), sobre o meio ambiente, inserido no título da ordem social, porém

a questão ambiental permeia todo seu texto. Este capítulo enfatiza a

20

necessidade de sua defesa e preservação e procura estabelecer mecanismos

para que isso ocorra. Outro destaque na defesa do meio ambiente é a criação,

em 1989, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis

(IBAMA).

O art. 225, da Constituição Federal - CF – 1988, defende que todos têm

direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do

povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações.

A Lei n° 6.938, de 1981, estabelece a Política Nacional do Meio

Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o

Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o Cadastro de

Defesa Ambiental.

De uma maneira geral, pode-se afirmar que, mesmo no Brasil, existe

uma preocupação crescente com a questão ambiental. A legislação está se

tornando cada vez mais rigorosa e complexa.

Todavia, entretanto, o avanço da legislação e a possibilidade de uma

fiscalização mais rígida esbarram ainda no escasso volume de recursos

financeiros destinados às questões ambientais e na falta de articulação entre

os governos federal, estaduais e municipais, sociedade civil, e mesmo entre

vários órgãos federais, que frequentemente se opõem a questões como uso da

terra ou dos recursos hídricos.

LEITE (2003, p.22) ressalta que as legislações ambientais envolvem

diferentes aspectos do ciclo de vida útil de um produto, desde a fabricação e o

uso de matérias-primas virgens até sua disposição ou a de produtos que o

constituem. Dessa maneira, essas legislações regulamentam a produção e o

uso de selos verdes para identificar produtos “amigáveis” ao meio ambiente. As

21

regulamentações que existem atualmente na maioria das grandes metrópoles

proíbem o descarte de móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, baterias de

automóveis e pilhas em aterros sanitários.

Segundo JUNIOR (1998, p.51), na Europa as questões ambientais já

são a terceira prioridade da população (após emprego e saúde). Cerca de 60%

dos consumidores (principalmente na Alemanha) estão dispostos a pagar até

10% a mais por produtos ambientalmente corretos. Atualmente, meio ambiente

já é o quinto negócio no mundo, devendo subir para terceira posição no início

do novo milênio.

2.4 Desenvolvimento da Política de Gestão Ambiental nas Empresas

A variável ambiental, tanto quanto a social, é introduzida na reflexão

estratégica de empresas líderes como um diferencial competitivo, através da

percepção de que o posicionamento e o reforço de suas imagens corporativas

permitirão a perenização de seus negócios, em um ambiente em que esta

diferenciação é extremamente difícil através de outras variáveis

mercadológicas, crescendo o número de alianças verdes entre empresas e

organizações ambientalistas.

A implantação de uma política de gestão ambiental é uma ferramenta

básica para alcançar os objetivos citados na missão e visão da empresa e tem

que ser considerado como uma prioridade corporativa, pelo estabelecimento de

políticas com programas e práticas que visem conduzir as atividades

empresariais de uma maneira ambientalmente sadia. Tais políticas com seus

programas e práticas devem, por sua vez, se integrar totalmente em todas as

atividades da empresa, mesmo que aparentemente nada relacionadas à

produção propriamente dita.

Uma política de gestão ambiental deve ter as seguintes funções:

22

• Buscar educar, treinar e motivar os empregados, tendo como alvo a

melhoria contínua do desempenho ambiental;

• Continuamente conduzir pesquisas em todas as fases da produção,

a fim de minimizar os impactos ambientais;

• Desenvolver planos de emergência e de contingências para

situações de risco ambiental, treinar e reciclar todo o pessoal

envolvido, inclusive o público vizinho;

• Promover continuamente o diálogo com os empregados e o público

próximo;

• Promover auditorias internas e avaliações regulares, através de

auditorias externas e monitoramentos, não fazendo mistério dos

resultados;

• Prover meios de economizar matérias primas e energia;

• Implantar sistemas de gestão que monitore e reduza as emissões

atmosféricas, emissões de efluentes e geração de resíduos.

O mundo vive hoje uma grande crise na gestão ambiental, fora do

ambiente industrial, sendo crescentes as preocupações referentes à qualidade

de vida dos seres humanos. Como elementos formadores de grupos de

pressão sobre as empresas:

• Clientes (já se preocupam com o potencial de danos ao meio

ambiente dos produtos);

• Investidores (desejam saber onde estão sendo aplicados seus

recursos);

• Agentes financeiros (exigem avaliação ambiental para liberar

recursos);

• Seguradoras (também exigem avaliação ambiental para contrato de

seguros);

• Público em geral (cada vez mais consciente);

• Leis e regulamentos (cada vez mais restritivos);

23

• Competidores (utilizando a gestão ambiental como instrumento de

marketing); e

• ONGs (Organizações não governamentais).

DONATO (2008, p.86) acredita que a estratégia ambiental moderna

pressupõe a adoção da Produção Limpa e da Eco inovação, que são as bases

do Gerenciamento Ambiental de Alto Desempenho. Nesta estratégia a melhor

alternativa econômica é a eliminação e não o gerenciamento dos impactos

ambientais.

Todavia, a política ambiental deve ser definida pela alta administração

da empresa, ou seja, por sua diretoria executiva e, eventualmente, também

pelo seu conselho de administração. Isto depende muito da estrutura de

decisão característica da empresa, porém o recomendável é que a função que

detenha o poder de estabelecer políticas e fornecer os recursos é que defina a

política ambiental.

2.5 Responsabilidade Empresarial

LEITE (2000) relata que o Council of Logistics Management (C.L.M.,

1993: 53), em pesquisa junto a 17 empresas, na década de 90, constatou três

principais atitudes empresariais de comprometimento neste sentido: Atitude

Reativa, Atitude Pró Ativa e Atitude de Acréscimo.

1. Atitude reativa: Empresas são caracterizadas pelo cumprindo a

legislação ambiental vigente, regulamentos e adequação às

pressões externas da sociedade, revelando uma visão introspectiva

que não inclui os impactos de seus produtos ou processos ao meio

ambiente nas reflexões estratégicas da empresa.

2. Atitude pró-ativa: Empresas apresentam a vantagem de se

antecipar às novas regulamentações, e mesmo influir nas mesmas,

24

criando uma imagem satisfatória junto ao público e razoável

comprometimento da hierarquia superior com os problemas

ambientais.

3. Atitude de acréscimo: Empresas revelam grande

comprometimento com o meio ambiente integrando-o em sua

reflexão estratégica como diferencial competitivo, utilizam a análise

de ciclo de vida do produto no sentido de medir os impactos

causados ao meio ambiente, projetam produtos para serem

facilmente desmontados ou reciclados (Design for Recycling), criam

uma relação de comprometimento com o meio ambiente em suas

redes de suprimento e distribuição (EPR = Extended Product

Responsability), incentivam as diversas áreas especializadas na

concepção e operação de redes de distribuição reversas, de

sistemas de reciclagens internos e em parcerias nas cadeias

reversas (Reverse Supply Chain) e gerando diferencial competitivo

através da distribuição reversa.

2.6 ISO 14000:2004

A ISO 14001:2004, se refere à implantação de um Sistema de Gestão

Ambiental (SGA) que é a única norma de certificação da série. É inegável que

as normas da série ISO 14000 vêm aprimorando o gerenciamento ambiental

nas empresas. Esta norma organizou, padronizou e sistematizou o

gerenciamento ambiental nas empresas.

BOWERSOX, CLOSS E COOPER (2006, p.122) apontam que a ISO

14000 lida com diretrizes e procedimentos para gerenciar o impacto ambiental

de uma empresa. Porém, o processo de certificação da ISSO é efetuado pela

auditoria de políticas, sistemas e procedimentos para a gestão ambiental e de

qualidade de uma empresa. Não inclui testes reais de produtos ou auditoria de

25

satisfação do cliente. Apesar dessa limitação, o certificado ISO é um indicador

importante do compromisso de uma empresa.

Como a legislação ambiental é diferente nos diversos países e regiões,

surgiu a necessidade de uma linguagem comum para expressar a

conformidade com a gestão ambiental, a norma ISO 14001, aprovada em sua

versão final no Rio de Janeiro, em 1996.

Os benefícios da certificação ambiental pela ISO 14001 são os seguintes:

• Pode evitar as auditorias ambientais públicas previstas em lei

estadual;

• Harmoniza a gestão ambiental dentro do sistema de gestão das

empresas;

• Promove o desenvolvimento sustentável;

• Quebra possíveis barreiras técnicas às exportações;

• Fornece vantagem mercadológica em relação à concorrência, a ser

explorada por marketing;

• Promove a melhoria de processos e racionalização do consumo de

matérias-primas;

• Promove a diminuição do consumo de energias;

• Promove a adequação aos princípios de atuação responsável de

forma prática.

Por outro lado, segundo o gerenciamento ambiental proposto na ISO

14001, a norma não se baseia em uma estratégia ambiental moderna, o que

pode levar as empresas a um desempenho ambiental abaixo do desejado e a

prejuízos na imagem institucional. O modelo proposto tem como foco o

atendimento à legislação, o gerenciamento de resíduos gerados e a

administração dos impactos ambientais da atividade.

26

Do ponto de vista econômico, o resultado é péssimo, pois os seguintes

pontos devem ser considerados:

• São muito elevados os custos com tratamento e destinação final de

resíduos;

• Desperdícios de matérias-primas e insumos;

• Penalidades, seguros e indenizações relativas a um alto risco

ambiental.

Do ponto de vista ambiental, o desempenho é baixo, não havendo

resultados expressivos que possam fortalecer a imagem da organização

perante uma sociedade cada vez mais consciente da importância do

desenvolvimento sustentável.

Todavia, com a certificação na ISO 14000 a empresa mostra para seus

clientes e para a sociedade a sua responsabilidade com o meio ambiente, além

de estar em conformidade com as exigências da norma.

Todos os problemas e desafios encontrados durante a certificação ou

implantação do sistema de gestão podem ser reduzidos com a adoção de um

sistema de gerenciamento integrado e automatizado, que dá todo o suporte

para a melhoria contínua e para todo o controle e desempenho dos processos.

Durante a implantação e certificação da ISO 14000, as organizações

podem encontrar alguns desafios, como:

• Resistência às mudanças e a cultura organizacional;

• Falta de envolvimento e interesse, dificultando a padronização;

• Dificuldade em interpretar de forma correta os requisitos da norma ISO

14000;

27

• Identificar e avaliar os riscos ambientais associados com as operações

das organizações;

• Identificar e determinar a importância de cada aspecto ambiental a fim

de priorizar as ações necessárias para os programas ambientais;

• Recursos limitados.

28

CAPÍTULO III LOGÍSTICA AMBIENTAL

3.1 Indrodução

O papel do gestor ambiental está diretamente relacionado com o

conceito de desenvolvimento sustentado. Este conceito, cujo objetivo é o

crescimento econômico minimizando os impactos ambientais, tem sido

constantemente utilizado nos dias de hoje, baseado na ideia de atender às

necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras no

atendimento de suas necessidades.

Afinal de contas, as atividades logísticas geram resíduos de toda a

natureza que devem ter destinação final dentro das normas estabelecidas pela

legislação ambiental. O plano de gerenciamento de resíduos deve definir o que

fazer com estes resíduos. Empenhar-se numa constante busca por tecnologias

não-agressoras ao meio ambiente, com o objetivo de harmonizar e minimizar o

impacto das atividades produtivas deve ser um dos pilares da política de

sustentabilidade das empresas logísticas.

O aumento da população mundial e o desenvolvimento econômico dele

resultante acentuaram nossa conscientização quanto à importância das

questões ambientais. E nestas – seja em reciclagem, embalagem de materiais,

transporte de materiais perigosos, reforma de produtos para venda

complementar – sempre há profissionais de logística envolvidos.

3.2 Logística Ambiental nas Empresas

A logística ambiental apresenta uma série de vantagens para as

empresas praticantes, podendo ser destacadas: obediência à legislação

ambiental no que se trata do tratamento de produtos pós-uso; retorno de

produtos à linha de produção, gerando economias; conscientização ambiental

29

dos consumidores; diminuição dos custos com descarte de lixo. Uma empresa

que realiza esse tipo de planejamento pode utilizá-lo como diferencial e obter

vantagens competitivas no mercado.

Para DONATO (2008, p.235), as empresas logísticas que querem adotar

uma política para um desenvolvimento logístico sustentável devem adotar nas

suas operações medidas de gestão destinadas a minimizar e a controlar os

impactos ambientais provocados por suas atividades. A criação de um plano de

sustentabilidade empresarial permitirá a formulação de planos corporativos que

previnam impactos ao meio ambiente. A seguir apresentados alguns princípios

que contribuirão para adoção de um desenvolvimento logístico sustentável.

Estes princípios são:

• Comércio justo e solidário;

• Ecoprodutos;

• Consumo responsável.

Preocupadas com as questões ambientais, as empresas estão cada vez

mais acompanhando o ciclo de vida de seus produtos. Isto se torna cada vez

mais quando se observa um crescimento considerável no número de empresas

que trabalham com reciclagem de materiais, um exemplo desta preocupação é

o projeto Replaneta, que consiste em coleta de latas de alumínio e garrafas

PET, para posterior reciclagem, e que tem como bases de sustentação para o

sucesso do negócio a automação e uma eficiente operação de logística

reversa.

Em muitas oportunidades, o planejamento da logística num cenário

ambiental não é diferente daquele necessário nos setores de manufatura e/ou

serviços. Contudo, existem alguns casos em que surgem complicações

adicionais, como as regulamentações impostas pelos governos, que tornam a

logística para um produto mais cara ao ampliar o canal de distribuição.

30

Existe uma crescente preocupação em relação ao impacto das

operações logísticas no meio ambiente. Em particular, os impactos provocados

pelo uso dos equipamentos de manuseio e transporte de materiais.

3.3 Logística para Sustentabilidade

O caminho que as empreses devem buscar para garantir a

sustentabilidade ambiental resulta na busca da harmonização de interesses, no

aumento do grau de organização social comprometida com a preservação

ambiental e na utilização da informação como importante instrumento de

gestão logística.

As novas regulamentações ambientais, em especial as referentes a

resíduos, vêm obrigando as empresas da área de logística a levar em

consideração nos seus cálculos de custeio com os “custos e benefícios

externos”. E, em função disto, entende-se que a logística ambiental pode ser

vista como um novo paradigma no setor.

Existe um vínculo entre a logística ambiental e a logística reversa ao

afirmar que a logística reversa é uma ferramenta operacional para logística

ambiental, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só de resíduos na

esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do

ciclo de vida dos produtos, já que a logística reversa viabiliza a devolução para

a produção, materiais que serão reaproveitados.

O participante final dos sistemas de transporte, o público, tem seu

interesse voltado à acessibilidade, ao custo e à efetividade, assim como aos

padrões ambientais e de segurança. O público cria indiretamente demandas de

transporte ao adquirir bens de consumo. Ao mesmo tempo em que é

importante minimizar o custo de transporte para os consumidores, o impacto ao

meio ambiente e as questões de segurança são foco de preocupações.

31

Os efeitos de poluição do ar e do derramamento de óleo é um problema

social relacionado ao transporte. O custo do impacto ambiental e da segurança

é, em última análise, pago pelos consumidores.

3.4 Aspectos e Impactos Ambientais Gerados pelos Sistemas de

Transporte

Para que uma empresa tenha um eficiente sistema logístico é

necessário que seja feito um estudo detalhado em sua cadeia de suprimentos

para evitar custos desnecessários, demora nos processamentos e

consequentemente nas entregas. Deve-se evitar também perda de

mercadorias, gastos excessivos com estocagem e rotas cruzadas.

Por outro lado, uma boa gestão do sistema de transportes permite que a

empresa aumente a eficiência do sistema logístico como um todo e da cadeia

de suprimentos.

O sistema logístico deve trabalhar a um custo compatível com os

objetivos do negócio. Assim, em função do valor econômico do que se está

transportando, das exigências de rentabilidade do negócio e considerando as

estratégias competitivas vitais para o sucesso, deverá ser adotado um modal e

escolhido o sistema mais adequado para operá-lo.

Para BOWERSOX, CLOSS E COOPER (2006, p.122) o transporte de

produtos usa recursos ambientais de forma direta e indireta. Diretamente, ele

representa um dos maiores consumidores de combustíveis e óleo dos Estados

Unidos. Apesar de o nível de consumo de combustível e óleo ter diminuído a

partir da fabricação de veículos mais econômicos, o consumo como um todo

ainda permanece alto. De forma indireta, o transporte tem impacto sobre o

meio ambiente devido aos congestionamentos, à poluição do ar e sonora.

32

3.4.1 Transporte Rodoviário

O transporte rodoviário é aquele efetuado por caminhões e carretas,

ligando cidades e países limítrofes. Para viagens de curta e média distância, o

modal rodoviário é o mais utilizado no comércio internacional de mercadorias.

Os aspectos ambientais do transporte rodoviário são caracterizados de

acordo com as necessidades do aumento da atividade produtiva decorrente da

dinamização da economia que demandam o uso intensivo dos veículos

automotores trazendo como consequencia direta o aumento do volume de

tráfego nos diversos modos de transportar como também o aumento no

consumo dos diversos insumos e consequentemente aumento na geração de

resíduos.

Os impactos ambientais desta modalidade de transporte causam uma

grande parte da poluição ambiental verificada nos grandes centros urbanos.

Esta poluição é causada pelos poluentes atmosféricos gerados pela queima de

combustíveis fósseis em veículos automotores.

3.4.2 Transporte Aéreo

É o transporte realizado por empresas de navegação aérea, através de

aeronaves de vários tipos e tamanhos, nacional e internacionalmente. Pode ser

utilizado praticamente para todas as cargas, embora com limitações em relação

ao marítimo, quanto à quantidade e especificação.

Os aspectos ambientais do transporte aéreo podem ser observados com

o aumento no volume do tráfego aéreo aumentou intensamente, porém a

intensificação da atividade gera um aumento no consumod dis duversos

insumos que atendem a este modal de transporte. A intensificação da atividade

da aviação também contribuiu para as alterações climáticas.

33

Embora a parte das emissoes globais de gases com efeito estufa

corresponde à aviação ainda seja reduzida (cerca de 3%), o seu crescimento

acelerado prejudica os progressos realizados em outros setores.

Os impactos ambientais são devidos ao aumento da atividade do

transporte aéreo. Como consequência direta há o aumento no nível de ruído e

vibracoes para as vizinhancas dos aeroportos, como também o aumento do

odor decorrente da queima do combustível de aviação e intensificação das

esteiras de fumaça no ar (nuvens de fumaça persistentes formadas pela

queima de combustível de aviação).

3.4.3 Transporte Aquaviário

Este tipo de transporte é realizado por navios, pelos mares, oceanos,

rios e lagos, podendo ser dividido em três formas de navegação:

• Cabotagem: Navegação realizada entre portos do litoral brasileiro via

marítima ou entre esta e as vias navegáveis interiores.

• Navegação interior: realizada em hidrovias interiores, em percurso

nacional ou internacional.

• Navegação de longo curso: realizada entre portos brasileiros e

estrangeiros.

Ao mesmo tempo, podemos dividir o transporte aquaviário em três

modalidades:

• Transporte Marítimo: realizado por navios em oceanos e mares.

Pode ser utilizado para todos os tipos de carga e para qualquer porto

do globo, sendo o único meio de transporte que possibilita a remessa

de milhares de toneladas ou de metros cúbicos de qualquer produto

de uma só vez.

34

• Transporte Fluvial: realizado em rios. Neste tipo de modal, as

embarcações utilizadas são as balsas, chatas, além de navios de

todos os portes, pequenos, médios e grandes. Considerando o

potencial de suas bacias hidrográficas, o transporte fluvial tem ainda

uma utilização muito pequena no Brasil. O grande volume de

mercadorias transportadas por este modal é de produtos agrícolas,

fertilizantes, minérios, derivados de petróleo e álcool.

• Transporte Lacustre: realizado em lagos e tem como característica a

ligação de cidades e países circunvizinhos. É um tipo de transporte

bastante restrito em face de serem poucos os lagos navegáveis.

Também pode ser utilizado para qualquer carga, a exemplo do

marítimo.

Uma das principais consequências desta atividade é a alteração nos

habitats causados por resíduos biológicos decorrentes da movimentaçào das

águas entre os portos (águas de lastro). Outro ponto é a geração de resíduos

associados ao uso de motores (principal, geradores, etc).

Como impacto ambiental, a poluiçào marítima por alijamento de

resíduos, tais como derramamento de óleo cru, derivados de petróleo claros

como gasolina, óleo diesel e querosene e outras matérias é regulamentado por

normas para controlar e regular, em nível mundial, o despejo de dejetos e

outras substâncias de qualquer espécie por embarcações e plataformas.

3.4.4 Transporte Ferroviário

Transporte ferroviário é aquele efetuado por vagões, puxados por

locomotivas, sobre trilhos e com trajetos pré-determinados, não permitindo a

flexibilidade quanto a percursos.

35

Os aspectos ambientais do modal ferroviário são apontados como a

geração de ruído e vibrações, como também geração de SOx, NOx, poeira e

CO, provenientes da queima de combustível fóssil, associado ao uso dos

motores principais e do gerador de energia das locomotivas.

Impacto ambiental ocorre diretamente na vegetação em até 100 m de

distância de cada lado da área de domínio da ferrovia. Impacto direto sobre a

fauna terrestre devido a atropelamento e ruídos excessivos.

3.4.5 Transporte Dutoviário

O transporte Dutoviário pode ser dividido em:

• Oleodutos: transportam produtos como petróleo, óleo

combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e

outros;

• Minerodutos: transportam produtos como Minério de Ferro e

Concentrado Fosfático;

• Gasodutos: transportam gás natural. O Gasoduto Brasil - Bolívia

(3150 km de extensão) é um dos maiores do mundo.

Um duto permite que grandes quantidades de produtos sejam

deslocadas de maneira segura, diminuindo o tráfego de cargas perigosas por

caminhões, trens ou por navios e, consequentemente, reduzindo os riscos de

acidentes ambientais.

36

CAPÍTULO IV LOGÍSTICA REVERSA

4.1 Introdução

A logística reversa pode ser considerada como uma nova área dentro da

logística empresarial, onde o foco é voltado para o exame dos fluxos reversos,

ou seja, naqueles que fluem no sentido inverso ao da cadeia direta, a partir dos

produtos descartados como pós-consumo ou dos produtos de pós-venda, com

o objetivo de agregar valor de diversas naturezas.

Grande parte do desperdício é gerado pela grande diferença entre a

quantidade de material descartado e de material que poderia ser, mas não é,

reutilizado, sendo assim, a Logística Reversa estuda as melhores formas de

direcionamento do produto após seu consumo e seu possível

reaproveitamento.

O processo de logística reversa movimenta materiais reaproveitados que

retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição. A

logística reversa é composta por uma série de atividades que a empresa tem

que realizar para atendê-lo, como por exemplo, coletas, embalagens

separações, expedição até os locais de reprocessamento dos materiais quando

necessário.

Segundo BALLOU (2006, p.29), embora seja fácil pensar em logística

como sendo simplesmente o gerenciamento do fluxo de produtos dos pontos

de aquisição das matérias primas até o consumidor final, para muitas empresas

existe também um canal logístico reverso que precisa ser igualmente

administrado.

Sendo assim, o processo de logística reversa tem que ser sustentável,

pois se trata de questões muito mais amplas que simples devoluções. Os

37

materiais envolvidos nesse processo geralmente retornam ao fornecedor, são

revendidos, recondicionados, reciclados ou simplesmente são descartados e

substituídos.

Para BARNIERI e DIAS (2002, p.54), a logística reversa deve ser

concebida como um dos instrumentos de uma proposta de produção e

consumo sustentáveis, por exemplo, se o setor responsável desenvolver

critérios de avaliação ficará mais fácil recuperar peças, componentes, materiais

e embalagens reutilizáveis e reciclá-los.

A Logística reversa é uma área da logística empresarial que planeja,

opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes ao retorno

dos bens de pós-consumo e de pós-venda ao ciclo de negócio ou ao ciclo

produtivo, por meio de canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de

diversas naturezas como: econômicas, ecológicas, legais, logístico de imagem

corporativa, entre outros, e tem por objetivo tornar civil o retorno dos bens ou

dos materiais que os constituem ao ciclo produtivo ou de negócio.

4.2 Aplicação da Logística Reversa nas Empresas

O canal reverso precisa ser considerado como parte do escopo do

planejamento e controle logísticos.

Atualmente, empresas modernas utilizam-se da logística reversa,

diretamente ou por meio de terceirizações com empresas especializadas, como

forma de ganho de competitividade no mercado, conforme os dados da tabela

abaixo.

38

Tabela 1 – Motivos estratégicos para as empresas operarem os canais reversos3

Motivo estratégico Porcentagem de empresas respondentesAumento de competitividade 65.2%Limpeza de canal - estoques 33.4%Respeito às legislações 28.9%Revalorização econômica 27.5%Recuperação de ativos 26.5%

GOMES E RIBEIRO (2004, p.140) apontam que a logística reversa tem

como propósitos a redução, a disposição e o gerenciamento de resíduos

tóxicos e não-tóxicos. Implementar estratégias e programas de logística

reversa em uma empresa exige muito empenho e vontade de ultrapassar

grandes dificuldades. Desenvolver projetos de logística reversa em toda a

cadeia de suprimentos ainda é uma tarefa difícil.

Um dos aspectos de maior interesse para a logística reversa e que tem

contribuído para seu afloramento na estratégia empresarial é a flexibilidade de

retorno de mercadorias, por meio de contratos específicos ou por iniciativas

próprias de bem servir aos clientes, agregando-lhes valor financeiro ou de outra

natureza.

A logística reversa pode auxiliar a empresa na retenção de seus clientes,

pois mesmo quando todo o processo logístico, da fábrica ao consumidor final

tenha atendido a todas as expectativas do mesmo, qualquer dificuldade de

devolução do produto pode gerar insatisfação para o cliente. Variadas razões

de insatisfação ao longo dos canais reversos da empresa podem gerar a perda

do trabalho de comercialização do produto e, por conseqüência do cliente.

Podemos ressaltar que a logística reversa agrega valor de alguma

natureza às empresas, seja pelo retorno de bens ao ciclo de negócios ou ao

ciclo produtivo. Entretanto, o objetivo estratégico econômico não é o único da

3 Fonte: LEITE apud Rogers e Tibben-Lembke (2003, p.24)

39

Logística Reversa; dois novos fatores incentivam as decisões empresariais em

adotá-la: o fator competitividade e o fator ecológico.

4.3 Canais de Distribuição Reversa

Os canais de distribuição são constituídos pelas diversas etapas pelas

quais os bens produzidos são comercializados até chegar ao consumidor final,

seja uma empresa ou uma pessoa física.

A vida de um produto, do ponto de vista da logística, não se encerra com

a entrega ao consumidor. Produtos tornam-se obsoletos, danificados ou

inoperantes e são devolvidos à origem devido a imposições da legislação

ambiental ou porque sua reutilização faz sentido em termos econômicos. O

canal logístico reverso pode usar o canal logístico normal no todo ou em parte,

ou, então, exigir um projeto separado. A cadeia de suprimentos se encerra com

o descarte final de um produto. O canal reverso precisa ser considerado como

parte do escopo do planejamento e controle logísticos.

Para LEITE (2003, p.224), o tempo de retorno é determinante nas

operações logísticas, pois a obsolescência rápida dos diversos modelos

lançados no mercado exige ágeis ações empresariais, principalmente no ramo

de varejo. Ocorre em grande parte pelos mesmos caminhos da distribuição

direta, entre os diversos integrantes da cadeia. A coleta e consolidação têm

caminho contrário das entregas sendo tanto mais difíceis quanto mais elos

houver a serem transpostos em seu retorno.

A devolução por motivo de defeito ou de problema de qualidade em

geral requer decisão de natureza técnica em um dos elos da cadeia de

distribuição direta para definir o destino dos bens devolvidos, que poderão ser

dirigidos ao mercado secundário, a processos de remanufatura ou de reforma,

ao processo de reciclagem de materiais constituintes ou a um dos sistemas de

distribuição final apropriados.

40

O centro de distribuição reverso recebe de diferentes regiões, as

mercadorias retornadas com a finalidade de identificar, selecionar e escolher o

melhor destino para recaptura de valor. A vantagem está na economia de

escala, revalorizações dos produtos e economia de espaço de estoques nas

origens do retorno, obtidos pela consolidação de grandes quantidades

simultaneamente.

Segundo LEITE (2003, p.206), a logística reversa divide-se em dois

campos: pós-venda e pós-consumo.

São consideradas três grandes categorias de bens produzidos: os bens

descartáveis que são bens que apresentam duração de vida útil média de

algumas semanas; bens semiduráveis que são os bens que apresentam

duração de vida útil de alguns meses; e, finalmente, bens duráveis,

representados por bens que apresentam duração de vida útil média variando

de alguns anos a algumas décadas.

A figura abaixo reúne as duas grandes áreas de atuação da logística

reversa que são diferenciadas pelo estágio ou fase do ciclo de vida útil do

produto retornado. O produto logístico e os canais de distribuição reversos,

pelos quais fluem, bem como os objetivos estratégicos e as técnicas

operacionais utilizadas em cada área de atuação são distintos.

41

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDA

ReciclagemIndustrial

Seleção/Destino

DesmancheIndustrial

Consolidação

Reuso Coletas

Consolidação

Coletas

Cadeia de distribuição direta

Consumidor

Bens de pós-venda

Bens de pós consumo

Figura 3 - Área de atuação e etapas reversas4

Os bens de pós-venda caracterizam-se por apresentar pouco ou

nenhum uso, distinguindo-se dos produtos de pós-consumo, que se

caracterizam por serem utilizados até o fim de sua vida ou eventualmente até

não apresentar utilidade ao primeiro possuidor, que os disponibiliza ou

comercializa para extensão de utilizações.

4.3.1 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Venda (CDR-PV)

Logística reversa do pós-venda é a área de atuação que se ocupa do

planejamento, operacionalização e controle do fluxo físico e das informações

logísticas correspondentes de bens de pós-venda, com ou sem uso, os quais

por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição

direta que se constituem de uma parte dos canais reversos pelos quais fluem

esses produtos.

O objetivo estratégico de retorno de pós-venda é agregar valor ao

produto logístico devolvido pelo fluxo de retorno entre os diversos elos da

cadeia de distribuição direta, conforme o objetivo ou motivo de retorno

estabelecido.

4 Fonte: LEITE, 2003, P.17

42

O objetivo econômico visa recapturar o valor financeiro do bem de pós-

venda pela revenda no mercado primário, venda no mercado secundário,

ganho econômico por meio do desmanche, remanufatura, reciclagem industrial

ou disposição final, sendo a agilidade logística de revalorização essencial e o

tempo, fator negativo na recuperação de valor.

O objetivo da competitividade, por sua vez, possibilita a diferenciação

frente a seus concorrentes quanto à qualidade do produto, funcionalidade do

modelo, recursos adicionais, redução no excesso de mercadorias retornadas

entre outros, que com o tempo passam a ser imperceptíveis ao cliente.

Alguns dos motivos da logística reversa do pós-venda são: razões

comerciais, erro nos processamentos de pedidos, defeitos, falhas, substituição

de componentes, qualidade, garantia, avaria, produto sem embalagem ou com

embalagem danificada ou não identificada corretamente, aumento de

competitividade no mercado pela diferenciação de serviços, recuperação de

valor econômico dos produtos, obediência à legislação dentre outros.

A figura abaixo esquematiza, na área da direita, alguns exemplos típicos

de agregação de valor que poderão ser proporcionados pela logística reversa

de pós-venda aos seus clientes da cadeia de distribuição.

43

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDA

Reaproveitamento de componentes

Liberação de área de loja

Reaproveitamento de materiais Redistribuição de estoques

Incentivo a nova aquisição Fidelização de clientes

Revalorização ecológica Nível de serviços

Feedback de qualidade

Imagem corporativaCompetitividade

Redução de custos

Cadeia de distribuição direta

Consumidor

Bens de pós-venda

Bens de pós consumo

Figura 4 – Fluxos logísticos reversos – agregando valor5

Os produtos de pós-venda retornam através da própria cadeia de

distribuição direta, tendo em geral como origem do retorno um dos elos da

cadeia ou o próprio consumidor final e tendo como destino geralmente o

fabricante do produto. O retorno de pós-venda é devido a dois motivos

principais, genericamente chamados de problemas de garantia ou qualidade e

a problemas comerciais.

A figura abaixo resume as diversas categorias de retorno dos bens de

pós-venda utilizadas na logística reversa. A figura também destaca parte dos

canais reversos de produtos de pós-consumo, identificando a interdependência

existente entre esses fluxos reversos.

5 Fonte: LEITE (2003, p.207)

44

Figura 5 - Categorias de Retorno de Pós-Venda6

4.3.2 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo (CDR-

PC)

Para LEITE (2003, p.18), a logística reversa de pós-consumo é a área

de atuação da logística reversa que equaciona e operacionaliza igualmente o

fluxo físico e as informações correspondentes de bens de pós-consumo

descartados pela sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao

ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos específicos.

Seu objetivo estratégico é agregar valor a um produto logístico

constituído por bens incluídos ao proprietário original ou que ainda possuam

condições de utilização, por produtos descartados pelo fato de terem atingido o

fim de vida útil e por resíduos industriais.

Após o término de sua vida útil os bens transformam-se em produtos de

pós-consumo, e, podem ser enviados a destinos finais tradicionais, como a

incineração ou os aterros sanitários, considerados meios seguros de

estocagem e eliminação, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de

desmanche, reciclagem ou reuso em uma extensão de sua vida útil.

6 Fonte: LEITE (2003 p. 211)

45

Desmanche ou canibalização pode ser entendido como um sistema de

revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta,

sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes em

condições de uso ou de remanufatura são separados de partes ou materiais

para os quais não existem condições de revalorização, mas que ainda são

passíveis de reciclagem industrial.

Reciclagem é o canal reverso de revalorização, em que os materiais

constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente,

transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão

reincorporadas à fabricação de novos produtos.

Os bens duráveis, quando transformados em bens de pós-consumo e

não apresentando condições de serem reutilizados, poderão ser enviados

diretamente ao “lixo urbano”, ser desmontados nos canais reversos de

desmanche ou diretamente enviados ao canal reverso de reciclagem. No caso

de apresentarem condições de utilização, são comercializados nos canais

reversos de segunda mão.

Os bens descartáveis podem ser dirigidos aos canais reversos do lixo

urbano ou reciclagem, por meio dos diferentes modos de coleta: coletas de lixo

urbano, coletas seletivas ou coletas informais.

Para LEITE apud TIBBEN-LEMBKE (2003, p.235), produto pós-consumo

pode ser classificado como em condições de uso, fim de vida útil, e resíduos

industriais. Um produto considerado em condições de uso apresenta interesse

de reutilização. Ele irá entrar no canal reverso do reuso e será negociado por

um valor reduzido no mercado de segunda mão. Esse ciclo terminará quando o

produto chegar ao seu fim de vida útil.

46

CONCLUSÃO

Devido a legislações ambientais mais severas e maior consciência por

parte dos consumidores, as empresas estão não só utilizando uma maior

quantidade de materiais reciclados como também tendo que se preocupar com

o descarte ecologicamente correto de seus produtos ao final de seu ciclo de

vida.

Estabelecer caminhos eficientes de reutilização, reciclagem, reuso e

reaproveitamento energético se torna de suma importância na consolidação de

atividades sustentáveis. Mas, apesar disso, muitas empresas não trabalham

com esse tipo de planejamento. O que vemos é o total desconhecimento ou

mesmo abandono deste tipo de prática.

Concluímos que a Logística é a área da gestão responsável por prover

recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades

de uma empresa e entre suas atividades, podemos citar o transporte,

movimentação de materiais, armazenamento, processamento de pedidos e

gerenciamento de informações, buscando aperfeiçoar seus processos e,

consequentemente, proporcionando um ganho na parte do nível de serviço.

A Logística deve ter como foco principalmente no cliente, procurando

adequar todos os processos da empresa para atender suas necessidades.

Entretanto, também é necessário levar em consideração os gastos envolvidos

no processo.

A Logística, cujo principal componente é normalmente o transporte, é

vista como a última fronteira para a redução dos custos das empresas. Neste

cenário, fica evidenciado que a utilização de conceitos de gestão estratégica no

setor de transporte de cargas contribui para a sobrevivência das empresas.

47

O transporte está diretamente ligado à distribuição física e podemos citar

cinco modais de transporte básicos ferroviário, aéreo, aquaviário, rodoviário e

dutoviário.

Enquanto a logística tradicional trata do fluxo de saída dos produtos, a

Logística Reversa tem que se preocupar com o retorno de produtos, materiais

e peças ao processo de produção da empresa. Na onda da preservação, a

logística reversa se apresenta como ótima ferramenta e arma para implantação

real da sustentabilidade.

O objetivo estratégico da logística reversa é agregar valor sobre um

produto ou com pouca utilidade ao fabricante. A logística reversa deverá

planejar, operar e controlar o fluxo do retorno dos produtos consumidos ou de

seus materiais constituintes. A logística reversa estuda meios para inserir

produtos descartados novamente ao ciclo de negócios, agregando-lhes

valores. A logística ambiental estuda meios de planejar e diminuir impactos

ambientais da logística comum.

O aumento da consciência ambiental dos consumidores e as tendências

legislativas ambientais estimulam as empresas a serem cada vez mais

responsáveis pelo ciclo de vida de seus produtos. Sendo assim, o

desenvolvimento da Logística Reversa é um forte incentivo para a

sustentabilidade dos recursos, permitindo que mais bens e serviços sejam

produzidos aliados a redução de impacto ao meio ambiente.

48

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas

49

ANEXO 1

Conteúdo de revistas especializadas

Revista Época – Edição n.º 571 27 de abril de 2009

50

51

Revista Época – Edição n.º 571 27 de abril de 2009

52

BIBLIOGRAFIA

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. Rio Grande do Sul:Artmed, 2006. BARNIERI, José D.; DIAS, Marcio. Logística Reversa como instrumento de programas de produção e consumo sustentáveis. Revista Tecnologística, São Paulo, Ano VI, n°.77. Abril, 2002. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J.; COOPER, M. Bixby. Gestão Logística de Cadeias de Suprimentos. Rio Grande do Sul:Artmed, 2006. DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1999. DONATO, Vitório. Logística Verde – Uma abordagem Sócio-ambiental. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2008 FLEURY, Paulo F. Logística Empresarial – A perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GOMES, Carlos F. S; RIBEIRO, Priscila C. Gestão da Cadeia de Suprimentos Integrada a Tecnologia. São Paulo: Cengage Learning, 2004. JUNIOR, Ênio V. Sistema Integrado de Gestão Ambiental. São Paulo: Aquariana, 1998. LEITE, Paulo R. Logística Reversa – Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003. ______.Canais de distribuição reversos: fatores de influência sobre as quantidades recicladas de materiais. In: III Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais. São Paulo, 2000. NOVAES, Antonio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSON, Robert. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2002. VAZ, Gil Nuno. Marketing Institucional: o Mercado de Idéias e Imagens. São Paulo: Cengage Learning, 2003.

53

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ..................................................................................................... 2

AGRADECIMENTOS................................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ............................................................................................................ 4

RESUMO ..................................................................................................................... 5

METODOLOGIA .......................................................................................................... 6

SUMÁRIO .................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 8

CAPÍTULO I GESTÃO LOGÍSTICA............................................................................ 9

1.1 Introdução ................................................................................................... 9

1.2 Conceito de Logística................................................................................10

1.3 Logística Empresarial................................................................................11

1.4 Estratégia Logística...................................................................................13

1.5 Cadeia de Suprimento ...............................................................................14

1.6 Logística Integrada ....................................................................................15

CAPÍTULO II GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................17

2.1 Introdução ..................................................................................................17

2.2 Histórico da questão ambiental ................................................................17

2.3 Gestão Ambiental no Brasil e no Mundo..................................................19

2.4 Desenvolvimento da Política de Gestão Ambiental nas Empresas........21

2.5 Responsabilidade Empresarial .................................................................23

2.6 ISO 14000:2004 ..........................................................................................24

CAPÍTULO III LOGÍSTICA AMBIENTAL...................................................................28

3.1 Indrodução .................................................................................................28

3.2 Logística Ambiental nas Empresas ..........................................................28

3.3 Logística para Sustentabilidade ...............................................................30

3.4 Aspectos e Impactos Ambientais Gerados pelos Sistemas de

Transporte .............................................................................................................31

3.4.1 Transporte Rodoviário...........................................................................32

3.4.2 Transporte Aéreo ...................................................................................32

3.4.3 Transporte Aquaviário ...........................................................................33

3.4.4 Transporte Ferroviário...........................................................................34

3.4.5 Transporte Dutoviário............................................................................35

54

CAPÍTULO IV LOGÍSTICA REVERSA ......................................................................36

4.1 Introdução ..................................................................................................36

4.2 Aplicação da Logística Reversa nas Empresas.......................................37

4.3 Canais de Distribuição Reversa................................................................39

4.3.1 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Venda (CDR-PV)..41

4.3.2 Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo (CDR-PC)

44

CONCLUSÃO .............................................................................................................46

ANEXOS.....................................................................................................................48

BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................52

ÍNDICE........................................................................................................................53