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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS APLICÁVEIS À EDUCAÇÃO
INFANTIL
Por: Silvana Vieira Medeiros
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ATIVIDADES PEDAGÓGICAS APLICÁVEIS À EDUCAÇÃO
INFANTIL
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Infantil e
Desenvolvimento
Por: Silvana Vieira Medeiros
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu marido
Luciano pelo carinho e
companheirismo presentes em toda
execução do trabalho.
Aos meus queridos filhos
que souberam compreender o tempo
que precisei dedicar aos meus estudos.
À minha família que me
apoiou e ajudou nesta trajetória.
À professora Mary Sue que
me orientou de maneira carinhosa e
colaborou para a pesquisa tornar-se
uma realidade.
E agradeço a Deus, sempre
em minha vida.
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DEDICATÓRIA
A meus filhos Giovana e Matheus e a
Luciano, com carinho imensurável.
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RESUMO
O professor precisa estar em constante estudo para tornar o seu
trabalho eficiente. O seu trabalho com as crianças não pode ser uma cópia das
atividades costumeiras ou uma maneira de ocupar o tempo de crianças
pequenas. A Educação Infantil de qualidade tem um professor incumbido das
atividades pedagógicas, um profissional atento aos teóricos que pesquisaram
profundamente o desenvolvimento das crianças e que dão base para atitudes
responsáveis na prática de sala de aula. Além disso, o professor precisa ser
capaz de organizar suas idéias e utilizar os seus estudos em um planejamento
funcional. Baseadas no Referencial Curricular da Educação Infantil, as
atividades propostas buscam estimular a criatividade, a imaginação, a
concentração e a capacidade de inter-relação das crianças, sendo ainda
capazes de transpor tais relações para o mundo externo à sala de aula. O que
motivou esta pesquisa foi a necessidade de encontrar atividades interessantes
para serem aplicadas na Educação Infantil, fundamentadas na regulamentação
vigente. A presença de atividades lúdicas na Educação Infantil remonta os
séculos XVIII e XIX, com a introdução de jogos e brinquedos que estimulassem
o processo de aprendizagem. As atividades destacadas e propostas nesta
pesquisa propõem o envolvimento do aluno com a realidade em que vive e
vislumbram as seguintes habilidades: Linguagem Oral e escrita, Artes Visuais,
Música, Movimento, Matemática, e conhecimento de mundo (Natureza e
Sociedade).
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METODOLOGIA
O presente trabalho utilizou a pesquisa bibliográfica como método de
investigação científica para fundamentação teórica, a partir de documentos,
artigos e livros.
Além das fontes já descritas, este trabalho também associa os
conhecimentos desenvolvidos ao longo do curso de Educação Infantil e
Desenvolvimento.
Trata-se de uma pesquisa empírica, calcada em um estudo sobre
alguns teóricos relevantes na Educação Infantil e sobre as diretrizes do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. A partir desse estudo,
surge a etapa de organizar sugestões de atividades significativas para serem
aplicadas com segurança nas aulas das crianças de 0 a 6 anos.
Para propor as atividades, faz-se necessário também um estudo sobre
propostas de como se realizar o planejamento, gerando assim conhecimentos
que possam auxiliar os educadores no desenvolvimento dessa temática.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Dos primórdios ao Referencial Curricular 10
CAPÍTULO II - Conversando sobre planejamento 19
CAPÍTULO III - Sugestões de atividades 26
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 44
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INTRODUÇÃO
A criança do século XXI tem seu lugar bem marcado na sociedade.
Tem voz, movimento, preferências e opiniões respeitadas, estudados e
garantidos em forma de lei.
Hoje, muitas crianças ingressam em uma creche antes mesmo de um
ano de idade e com isso já começam um ritmo de escolaridade. Para
acompanhar a criança nesse caminho até a fase de alfabetização de uma
maneira prazerosa e cheia de possibilidades criativas é preciso um profissional
preparado. Assim o profissional da Educação Infantil entra em cena como um
mediador, como um provocador, capaz de propiciar situações que garantam o
desenvolvimento e troca entre as crianças.
O presente trabalho, dessa maneira, tem o intuito de facilitar a prática
do professor da Educação Infantil e propõe sugestões de atividades para que o
professor possa aplicá-las em suas aulas com segurança e base teórica.
A Educação Infantil foi consolidada no passado por grandes
pensadores como Rosseau, Froebel, Pestalozzi, Montessori, Piaget, entre
outros, e é fundamental proporcionar ao professor da Educação Infantil
material de estudo para seu desenvolvimento profissional. Faz-se necessário,
então, um estudo sobre as atividades próprias para a Educação Infantil, sua
importância e aplicabilidade.
Para contemplar nessas atividades pedagógicas os eixos de trabalho
relevantes na faixa de 0 a 6 anos, o Referencial Curricular para a Educação
Infantil serve de base de orientação. O Referencial Curricular é organizado em
três volumes nos quais são definidos eixos que servirão de orientação para as
atividades aqui sugeridas: formação pessoal e social, movimento, música,
artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática.
Outro ponto importante para o professor da Educação Infantil é o
planejamento. O planejamento é uma tarefa necessária, mas que exige tempo
e dedicação. Tempo este muitas vezes escasso no dia-a-dia do professor que
trabalha em mais de uma escola. O planejamento, então, é apresentado neste
trabalho como um aliado para se alcançar o sucesso das aulas. A proposta é
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retirar o fardo de um planejamento cheio de regras e obrigações para
transformá-lo em uma peça útil do processo ensino-aprendizagem.
O professor, ao fazer seu plano, tem neste trabalho subsídios para
compor sua rotina diária de maneira lúdica e pautada em pressupostos
teóricos consolidados.
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CAPÍTULO I
DOS PRIMÓRDIOS AO REFERENCIAL CURRICULAR
A Educação Infantil assumiu a importância devida, sendo estudada e
garantida em forma de lei:
A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO,1996, p.30).
Para garantir o desenvolvimento integral da criança citado na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, é preciso que o professor também passe
por um processo de desenvolvimento profissional, tornando sua prática
segura e eficaz. O conhecimento das teorias levará o professor da
Educação Infantil a refletir sobre o seu trabalho, apropriando-se de
contribuições dos diversos teóricos.
É preciso desmistificar a idéia de que uma teoria específica por si só
trará respostas completas e norteará toda prática educativa. O professor
deve desenvolver o seu trabalho, buscando contribuições das diversas
teorias adquiridas durante toda a sua formação e assim apoiar a sua prática
em uma base rica que o ajudará a decidir entre uma atividade e outra,
selecionar um texto adequado, escolher a brincadeira certa na hora certa,
buscar a música apropriada para a sua aula, entre tantas opções.
Muitos teóricos desenvolveram seus estudos sobre a educação. Com
o intuito de contribuir no processo de desenvolvimento profissional do
professor da Educação Infantil serão apresentados aqui alguns teóricos que
contribuíram para o conhecimento da criança.
Para iniciar esse estudo precisa-se mergulhar em um mundo
diferente, em uma época na qual a visão que temos da infância não existia.
O sentimento e o entendimento que temos hoje pela infância já foi bem
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distinto. Até o século XII, por exemplo, a criança não era sequer retratada
pela arte medieval (ARIÈS – 1981:17), e quando havia alguma referência à
criança, esta era representada como uma miniatura do adulto. Não havia o
pensamento, como existe atualmente, de que a criança já tivesse uma
personalidade. Somente no século XVII houve um significativo progresso
nos temas da primeira infância. Assim, este compêndio tem início a partir
dos trabalhos de Comênio, na República Tcheca do século XVII e vai até
Heloísa Marinho, filósofa e psicóloga brasileira dedicada à educação da
criança de 0 a 6 anos.
1.1 – Os teóricos
1.1.1 – João Amós Comênio (1592-1657) escreveu sua primeira grande obra,
Didática Magna (1632), que contribuiu para reformas na educação de diversos
países da Europa. Comênio, nessa obra, já demonstra a importância da
educação nos primeiros anos:
Todos os ramos principais que uma árvore virá a ter, ela fá-los despontar do seu tronco, logo nos primeiros anos(...), todas as coisas, que queremos instruir um homem para utilidade de toda a vida, deverão ser-lhes plantadas logo nesta primeira escola. (COMENIO,1985, p.415).
Percebe-se então um embrião da Educação Infantil em pleno início do século XVII!
1.1.2 – Jean Jacques Rousseau ( 1712-1772) trouxe para a sua época a idéia de que a criança tem sua maneira própria de pensar e de sentir, não devendo ser considerada um adulto pequeno. Escreveu o livro “Emílio”, publicado em 1762, no qual demonstrou a importância que dava à criança pequena. Nessa obra que inspirou a pedagogia moderna, Rousseau dedicou dois livros à infância: o primeiro, tratava da criança até os dois anos e o segundo, dos 2 aos 12 anos. 1.1.3 – Johann Heinrich Pestalozzi (1746 -1827), influenciado por Rousseau, foi considerado também um dos precursores da Escola Nova. Seus estudos enfatizavam a psicologia ligada à educação e davam importância a questão da intuição como base para se atingir o conhecimento. Foi Pestalozzi que fundou a Escola Primária Popular, introduzindo a idéia de uma educação social, contrária à concepção vigente de educação individualista. Sua obra constituiu um ponto de partida para a educação do século XIX.
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1.1.4 – Frierich Fröebel (1782 -1852) foi quem criou os “kindergartens” (jardins de infância) que não só influenciaram a educação infantil européia, como também a educação infantil na América. Foi o primeiro educador a reconhecer a importância do jogo na educação e com isso enfatizou o papel educativo das atividades lúdicas e do brinquedo no processo de aprendizagem da infância. Essa visão de educação infantil como jardim de infância chega ao Brasil no século XX, nas décadas de 20 e 30 , como registra Kramer: “ No Brasil, essa concepção de pré-escola como “jardim de infância” foi inaugurada com o movimento da Escola Nova nas décadas de 20 e 30 deste século, sendo até hoje muito difundida” ( KRAMER, 2007, p.28). 1.1.5 – Ovide Decroly (1871- 1932) desenvolve seus estudos sobre educação em uma época em que a educação está passando por mudanças significativas – início do movimento da Escola Nova. Seus estudos sobre a educação partem do princípio de que a necessidade gera o interesse e assim propôs que o ensino fosse desenvolvido a partir dos “Centros de Interesse”. Com essa idéia, Decroly demonstra que são necessárias novas estratégias que levem as crianças a realizarem suas atividades: a observação, a associação e a expressão da criança. 1.1.6 – John Dewey (1859 -1952) foi considerado um dos mais importantes teóricos da educação americana e um ícone do movimento da Escola Nova. Para Dewey a escola deve ser a expressão da vida e acreditava que a maneira para se aprender era o fazer. Defendia o método científico como alicerce do trabalho na sala de aula. Outra contribuição de Dewey foi a concepção de educar através do “método de projetos”, muito utilizado em várias escolas de educação infantil atualmente. Esse sistema de projetos foi aperfeiçoado pelos discípulos de Dewey, dentre eles William Heard Kilpatrick. 1.1.7 – Maria Montessori (1870 – 1952) formou-se em medicina e aprimorou seus estudos em filosofia e psicologia. Dedicou-se inicialmente às crianças com necessidades especiais e depois seus estudos se voltaram para a educação de todas as crianças. Desenvolveu um método de ensino baseado no ritmo próprio, na construção da personalidade através do trabalho, na liberdade, na ordem, no respeito e na normalização. Seu método influenciou a educação infantil de diversos países. 1.1.8 – Celestin Freinet (1896 – 1966) foi um professor francês que trouxe a vertente da dimensão social na educação. O aluno não é visto como um ser isolado, mas um ser inserido dentro de uma comunidade, que deve agir dentro dessa comunidade através, por exemplo, de oficinas de trabalhos manuais e intelectuais, de projetos e contratos de trabalho, de cooperativa escolar, da correspondência interescolar, do contato com a família, de jornais de classe, entre outras técnicas. Freinet pretende despertar no aluno a consciência de seu meio e de sua história. Muitas práticas exercidas na educação infantil tem base na pedagogia de Freinet : a aula-passeio que leva o aluno à realidade de seu ambiente, os cantinhos temáticos na sala de aula, o livro da vida (que é um diário individual e coletivo), o desenho livre e o texto livre.
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1.1.9 – Jean Piaget (1896 – 1980) em seus estudos não propõem uma didática ou método de ensino. No campo da epistemologia, estudou como ocorria a construção do conhecimento. Deixou uma bagagem riquíssima que dá subsídios para o educador orientar a sua prática. Demonstra na sua obra que é na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e reconstruindo hipóteses sobre o ambiente em que vive, como podemos ratificar nas afirmações de Kramer:
Para Piaget, o desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio; o eixo central, portanto, é a interação organismo /meio. ( KRAMER, 2007, p.29).
Piaget concluiu em sua obra que a forma de aprender da criança passa por estágios e esses estágios apesar de não terem idades rígidas, têm uma seqüência constante. São eles: sensório-motor, operatório-concreto e operatório abstrato. O professor da Educação infantil deve estar atento para agir de maneira a estimular a criança, respeitando seu nível de desenvolvimento e criando atividades para que o conhecimento seja produzido. No livro Com a pré-escola nas mãos Sonia Kramer e sua equipe de colaboradoras traz alguns princípios baseados na teoria de Piaget que podem orientar a prática do professor na Educação Infantil:
1)Tudo começa pela ação. As crianças conhecem os objetos usando-os(...) 2)Toda atividade na pré-escola deve ser representada (semiotizada) permitindo que a criança manifeste seu simbolismo.KRAMER, 2007, p.29). 3)A criança se desenvolve no contato e na interação co outras crianças: a pré-escola deve sempre promover a realização de atividades em grupo. 4)A organização é adquirida através da atividade e não o contrário.(...) 5)O professor é desafiador da criança: ele cria “dificuldades” e “problemas”(...) 6) Na pré-escola é essencial haver um clima de expectativas positivas em relação às crianças, de forma a encorajá-las a ter confiança nas suas próprias possibilidades(...) 7) No currículo da pré-escola informado pela teoria de Piaget as diferentes áreas do conhecimento (linguagem,
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matemática,ciências naturais e sociais) são integradas. O eixo central desse currículo são as atividades.
1.1.10 - Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934) apresenta a perspectiva do pensamento sociointeracionista. Com essa visão, Vygotsky trazia para sua época a idéia de que o homem em seu processo intelectual interage com o ambiente. E ainda, chama a atenção para a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem, divergindo de Piaget, quando argumenta:
Discordamos de Piaget num único ponto, mas um ponto importante. Ele presume que o desenvolvimento e o aprendizado são processos totalmente separados e incomensuráveis, e que a função da instrução é apenas introduzir formas adultas de pensamento que entram em conflito com as formas de pensamento da própria criança, superando-as, finalmente. Estudar o pensamento infantil separadamente da influência do aprendizado, como fez Piaget, exclui uma fonte muito importante de transformações e impede o pesquisador de levantar a questão da interação do desenvolvimento e do aprendizado, peculiar a cada faixa etária. Nossa abordagem se concentra nessa interação. Após ter descoberto muitos vínculos internos complexos entre os conceitos espontâneos e científicos, esperamos que as futuras investigações comparativas ajudem a esclarecer a sua interdependência, e antecipamos uma ampliação do estudo do desenvolvimento e do aprendizado para as faixas etárias mais baixas. Afinal de contas, o aprendizado não se inicia na escola.(VYGOTSKY, 2003, p. 145)
1.1.11 – Henri Wallon (1879 -1962) foi o primeiro teórico a enfatizar a afetividade no desenvolvimento do indivíduo. As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa e é através delas que o aluno vai manifestar os seus desejos. Seus estudos estão baseados em quatro elementos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. 1.1.12 – Heloisa Marinho (1903 – 1994), educadora brasileira, direcionou seus estudos para a linguagem da criança pequena e dedicou-se a à formação do educador, defendendo a formação em nível superior. Implantou o primeiro curso brasileiro de formação de professores de Educação Infantil em 1939: Curso de Formação de Professores Pré-primário do Instituto Técnico do Colégio Bennett. Elabora a Escala do Desenvolvimento da Criança, lançada pela Papelaria América em 1957. Heloísa Marinho foi influenciada pelas idéias de Dewey e acreditava que o professor deve saber educar a criança para a
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vida e pela própria vida. Em seu livro Vida e Educação no Jardim de Infância mostra o que acredita ser papel do professor da Educação Infantil:
O conhecimento da atividade criadora e da evolução natural da criança modificou o trabalho da professora de jardim de Infância. A técnica rígida dos exercícios sensoriais pertence ao passado. Qual a missão da educadora? Não basta organizar materiais, conhecer arte, música, a natureza, a psicologia infantil. A educadora precisa amar a criança e saber educá-la para a vida pela própria vida.(MARINHO, 1967, p.220)
O breve histórico aqui apresentado leva à reflexão sobre a importância
do professor da Educação Infantil. Percebe-se então:
o a origem de muitas práticas já embutidas no fazer
pedagógico desse professor;
o que o professor tem papel fundamental para promover a
interação entre seus alunos e fazer com que aprimorem e
desenvolvam diversas habilidades;
o que o professor pode buscar em diferentes teorias suporte
para suas aulas, com a certeza de que estará contribuindo
para o desenvolvimento da criança sem utilizar atividades
repetitivas ou sem significado.
1.2 – O Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil
O texto que segue, serve de abertura para a segunda parte deste
capítulo que trata do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:
Tudo o que realmente vale a pena saber, eu aprendi no jardim de infância.
Tudo o que hoje preciso realmente saber, sobre como viver, o que fazer e
como ser, eu aprendi no jardim de infância. A sabedoria não se encontrava no
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topo de um curso de pós-graduação, mas no montinho de areia da escola de
todo dia. Estas são as coisas que aprendi lá:
1. Compartilhe tudo.
2. Jogue dentro das regras.
3. Não bata nos outros.
4. Coloque as coisas de volta onde pegou.
5. Arrume a sua bagunça.
6. Não pegue as coisas dos outros.
7. Peça desculpas quando machucar alguém.
8. Lave as mãos antes de comer e reze antes de deitar.
9. Dê descarga.
10. Biscoitos quentinhos e leite fazem bem para você.
11. Respeite o outro.
12. Leve uma vida equilibrada: aprenda um pouco, pense um pouco... e
desenhe.. e pinte... e cante... e dance... e brinque... e trabalhe um pouco todos
os dias.
13. Tire uma soneca às tardes.
14. Quando sair, cuidado com os carros.
15. Dê a mão e fique junto.
16. Repare nas maravilhas da vida.
17. O peixinho dourado, o hamster, o camundongo branco e até mesmo a
sementinha no copinho plástico, todos morrem... nós também.
NOTE:
Pegue qualquer um desses itens, coloque-os em termos mais adultos e
sofisticados e aplique-os à sua vida familiar, ao seu trabalho, ao seu governo
ou ao seu mundo e verá como ele é verdadeiro, claro e firme. Pense como o
mundo seria melhor se todos nós, no mundo todo, tivéssemos biscoitos e leite
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todos os dias por volta das três da tarde e pudéssemos nos deitar com um
cobertorzinho para uma soneca. Ou se todos os governos tivessem como regra
básica devolver as coisas ao lugar em que elas se encontravam e arrumassem
a bagunça ao sair.
Estas são verdades, não importa a idade.
Ao sair para o mundo é sempre melhor darmos as mãos e ficarmos juntos.
Robert Fulghum
Esse texto traz com simplicidade o que todo professor da Educação
Infantil sabe: deve-se investir na base, a educação da criança antes dos 6
anos de idade deve fazer parte da educação básica do indivíduo. Assim, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996, estabelece pela primeira vez no
Brasil a relevância da Educação Infantil e, para atender as determinações
dessa lei foi desenvolvido um documento – Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil – no qual são apresentados objetivos, conteúdos e
orientações didáticas para os profissionais que trabalham com as crianças de 0
a 6 anos.
O Referencial Curricular apresenta-se organizado em três volumes: um
volume introdutório com informações sobre creches e pré-escolas brasileiras,
reflexões sobre criança, educação, profissional e sobre a instituição de
Educação Infantil; um volume sobre Formação Pessoal e Social; outro, sobre
Conhecimento de Mundo; e um anexo que trata de Estratégias e Orientações
para a Educação de Crianças com Necessidades Educacionais Especiais.
Os volumes 2 e 3 trazem idéias e reflexões sobre o tema abordado e
propõem objetivos, conteúdos e orientações gerais para o professores. Essas
abordagens são categorizadas em dois grupos para facilitar o professor:
crianças de 0 a 3 anos e crianças de 4 a 6 anos de idade.
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Encontra-se no volume de Formação Pessoal e Social informações e
sugestões sobre linguagem, auto-estima, interação, imagem, respeito à
diversidade, coordenação, jogos e brincadeiras, cuidados essenciais,
organização do tempo, entre outros temas.
Já o terceiro volume – Conhecimento de Mundo - traz um estudo sobre
os seguintes eixos orientadores de atividades: movimento, música, artes
visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade e matemática.
Os três volumes, enfim, formam um material de consulta bastante
valioso para o professor utilizar na sua trajetória profissional.
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CAPÍTULO II
CONVERSANDO SOBRE PLANEJAMENTO
“Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo
são as crianças.”
Fernando Pessoa
É pensando no “melhor do mundo” que este capítulo se apresenta
como um momento de reflexão para os educadores da Educação Infantil.
Este capítulo não tem a pretensão de trazer idéias novas sobre
planejamento ou novos quadros com diferentes maneiras de sistematizar
objetivos e estratégias, o que se pretende aqui é discutir o ato de planejar,
mostrando seu papel de facilitador do trabalho do professor da Educação
Infantil.
A conversa que propõe este capítulo tem por objetivo maior ajudar o
professor a levar para as suas crianças o que ele tem de melhor, na hora certa,
no local apropriado. Para tanto, é necessário fazer planos. Quando se
pretende fazer uma viagem, por exemplo, são traçados planos: o local,
quando, o que levar, quem levar... Pois bem, a viagem profissional do
professor da Educação Infantil já tem seu destino: a sua turma de crianças!
Mas o que levar? Quem levar?
No primeiro capítulo foram destacados alguns teóricos que com
certeza devem partir com o educador da Educação Infantil para a sua viagem.
Escolher aqueles com os quais mais se identificou e buscar seus estudos (nas
referências bibliográficas há indicações para se enriquecer sobre o assunto)
são passos para nortear o caminho.
Sonia Kramer e suas colaboradoras auxiliam o professor da Educação
Infantil neste âmbito quando abordam que é preciso ter em mente três
aspectos para a organização dos conteúdos:
1º) a realidade social e cultural das crianças (os conhecimentos que adquiriram, a linguagem, os valores, o saber, enfim, do meio em que vivem);
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2º) o desenvolvimento e as características próprias do momento que estão vivendo (cognitivo-linguísticas, sócio-afetivas e psicomotoras); 3º) os conhecimentos socialmente disponíveis em relação ao mundo físico e social (a língua portuguesa, a matemática, as ciências naturais e as ciências sociais.(KRAMER, 2007, p.49).
Tendo em vista esses aspectos, fica mais fácil trazer para a prática
diária atividades significativas, que atendem às necessidades das crianças e
seus interesses.
Danilo Gandin e Carlos Henrique Carrilho Cruz no livro Planejamento
na Sala de Aula mostram a importância do planejamento:
Se pensarmos a educação escolar como processo que faz parte da construção de uma sociedade e das pessoas que a compõem, se compreendermos que muito conteúdo preestabelecido é completamente domesticador ou inútil, então precisaremos muito do planejamento. Não de qualquer planejamento, muito menos de quadrinhos que os professores preencham para a manutenção do faz-de-conta, mas de um planejamento que tenha como perspectiva a construção de uma realidade, através da transformação da realidade existente.(GANDIN & CRUZ, 2007, p.15)
Mais uma vez é destacado o valor de um plano voltado para a
realidade, que faz parte da vida do aluno e torna a prática do professor mais
valiosa ainda.
Gandin e Cruz ressaltam ainda que o planejamento de sala de aula,
com aqueles quadrinhos que tentam ajudar o professor a dizer como e com
que vai dar suas aulas, devem ter uma dimensão nova. Essa dimensão que
traz um novo enfoque no planejamento é a decisão sobre o que e o para quê.
As estratégias que o professor vai elaborar são a expressão de uma atitude a
ser vivenciada por alunos e professores para sanar uma necessidade e assim
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transformar a realidade. Dessa maneira, o professor vai buscar uma finalidade
para a atividade, tornando-a significativa para o aluno.
Outro ponto interessante e facilitador a respeito de planejamento é a
forma de trabalhar com Temas Geradores. Segundo Kramer, trabalhar com
Temas Geradores significa a possibilidade de articular, no trabalho
pedagógico, a realidade sociocultural das crianças, o desenvolvimento infantil e
os interesses específicos que as crianças manifestam, bem como os
conhecimentos da humanidade que todos têm direito de acesso. Dessa
maneira os conhecimentos vão sendo construídos com os alunos.
Os Temas Geradores podem ser cíclicos e gerados pelas crianças,
famílias, professores e outros profissionais da escola.
Os cíclicos são aqueles relacionados a datas, festas e acontecimentos
comemorados periodicamente, como Páscoa, Dia do Índio, Dia do Trabalho,
Dia das Mães, eleições, Copa do Mundo etc.
Essa é uma proposta de organizar as aulas de maneira em que haja
um fio condutor, ou seja, o tema Índio ou Trabalho, por exemplo, não cai
aleatoriamente na sala de aula, fora de contexto só para marcar uma data. O
que acontece quando se trabalha com temas geradores cíclicos é tornar essas
datas significativas, com história e finalidade. O tema Índio pode gerar uma
pesquisa sobre os costumes de algumas tribos brasileiras atuais; pode gerar
um trabalho de arte em que os alunos construam objetos com argila; a
confecção de instrumentos musicais e produção e reprodução de músicas; um
passeio ao Museu do Índio; pode também gerar uma conversa sobre as
características físicas de diferentes povos, observando e respeitando as
diferenças... Enfim, esse tipo de planejamento mantém o aluno dentro da
realidade do mundo em que vive, sem deixar o lado lúdico e criativo de lado.
Os temas gerados pelas crianças, suas famílias, professores e outros
profissionais da escola, como o próprio nome já diz, são temas que partem do
interesse e curiosidade dos alunos ou da comunidade escolar:
Curiosidade é uma coceira que dá dentro da cabeça, no lugar onde moram os pensamentos. A curiosidade aparece quando os olhos começam a fazer perguntas. Os olhos das crianças são sempre curiosos. Elas querem ver
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o que está escondido, querem saber o que está por detrás das coisas.(ALVES, 2005, p. 12)
O professor sensível também tem seus olhos curiosos e atentos para
sentir o que interessa a sua turma. Com essa sensibilidade, a aparição
repentina de uma aranha no teto da sala, que causa alvoroço e curiosidade
entre as crianças, pode ser o ponto de partida para o estudo desses animais.
Sob esse enfoque, o professor pode trabalhar de maneira interdisciplinar: pode
ser feita uma a ore na sala para saber a opinião de cada um sobre a
quantidade de patinhas que a aranha tem e dessa a ore pode surgir a
confecção de um gráfico feito pelo professor, organizando a opinião da turma
sobre o tema (linguagem e matemática). A partir daí vem a pesquisa na
biblioteca, o desenho (linguagem, artes visuais), a brincadeira de imitar o
movimento do animal (movimento), as músicas sobre o tema (música),
observação do local onde vivem (natureza e sociedade).
Esses temas brotam da realidade da criança e da comunidade em que
ela está inserida. Assim, se o professor observa problemas de higiene em sua
turma, pode transformar essa dificuldade no início de uma transformação
através do tema gerador. O tema higiene parte então da necessidade da turma
para ser trabalhado nas atividades diárias. O professor pode conversar com a
turma sobre a importância de manter o corpo limpo para evitar doenças; pode
adotar práticas de limpeza mais efetivas antes de iniciar as atividades e ao
terminá-las; pode confeccionar com a turma “dentes gigantes” de garrafa pet,
mostrando o dente feliz e limpo e o dente triste e com cárie; a turma pode
pintar toalhinhas com diferentes técnicas de pintura; pode criar a paródia de
uma música de roda sobre higiene, entre outras atividades. O trabalho poderia
ter como encerramento uma palestra para a família sobre higiene com a
presença de um médico, dentista ou enfermeiro, além da presença das
crianças, trazendo informações sobre higiene.
Os temas podem se estender por uma, duas ou mais semanas de
acordo com a necessidade do grupo. Um tema pode ser mais curto que o
outro, dependendo da abrangência que se quer. O professor também deve ter
a sensibilidade para não prolongar demais o tema, desgastando a turma.
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Outro ponto importante ao desenvolver seu planejamento, segundo
Kramer e colaboradoras, no livro Com a Pré-Escola nas Mãos, é organizar um
plano semanal baseado no tema gerador onde o professor organiza o material
que vai utilizar, busca em seus arquivos o que tem sobre o tema, seleciona
textos e músicas sobre o assunto, para então partir para o plano diário:
O plano diário deriva do planejamento semanal delineado para o desenvolvimento do tema gerador ( ver capítulo 3). As atividades e seus objetivos em relação ao desenvolvimento infantil e aos acontecimentos trabalhados encontram-se aí descritos, e com eles o plano diário precisa guardar coerência.(KRAMER, 2007, p. 84)
O procedimento de organizar-se semanalmente ajuda o professor a
sentir-se mais seguro durante o seu trabalho, pois o material didático, os
materiais de consumo dos alunos e as estratégias já estão relacionados.
Esse planejamento semanal está inserido dentro de um planejamento
maior que pode ser semestral, por exemplo. No planejamento semestral a
equipe pedagógica faz a previsão dos temas cíclicos e das atividades que
serão feitas relacionadas a eles. Pode-se inserir também algum tema que a
equipe escolar e a família já observou que seria interessante e enriquecedor
para os alunos. No decorrer do semestre o professor, observando a sua turma,
vai inserindo temas geradores de atividades de acordo com o interesse dos
alunos. Dessa maneira o professor constrói um planejamento vivo e
participativo.
Dentro das atividades que o professor vai selecionar para cada tema, é
preciso estar atento aos seis eixos de trabalho sugeridos no Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil: Movimento, Música, Artes
Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. Ao
contemplar esses eixos de trabalho em suas atividades o professor estará
desenvolvendo de maneira ampla as habilidades de seus alunos, evitando
concentrar-se em um determinado eixo ou deixar de contemplar algum.
Ao organizar as atividades é necessário também, para o professor da
Educação Infantil, destacar quais atividades serão permanentes na sua prática.
Atividades permanentes são aquelas situações propostas de forma
24
sistemática, mas não necessariamente diárias. O Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil traz algumas sugestões de atividades
permanentes dentro de cada eixo, como se pode destacar:
ü Movimento: As atividades que buscam valorizar o
movimento nas suas dimensões expressivas,
instrumentais e culturais podem ser realizadas
diariamente.
ü Música: A prática de cantar e ouvir música pode ocorrer
com a ore cia e de forma permanente nas instituições
de Educação Infantil. Jogos de improvisação,
interpretação e composição podem ser realizadas duas a
três vezes por semana, em períodos curtos de vinte a
trinta minutos.
ü Artes Visuais: Os ateliês ou ambientes de trabalho nos
quais são oferecidas várias atividades simultâneas como
desenhar, pintar, modelar, recortar, colar, é um exemplo
de atividade permanente que permite ao aluno fazer suas
próprias escolhas no seu próprio tempo.
ü Linguagem Oral e Escrita: Contar e ler histórias, realizar a
leitura compartilhada de livros, tomar emprestado um livro
em uma roda de leitura são atividades que podem ser
realizadas periodicamente.
ü Natureza e Sociedade: Os cuidados com os animais e
plantas criados e cultivados na sala são exemplos de
atividades permanentes. Além dessa atividade pode-se
estimular diariamente o cuidado com o meio ambiente,
como o incentivo à economia de água e luz e os cuidados
para manter o ambiente limpo.
ü Matemática: No âmbito da Matemática, pode-se usar o
calendário como atividade permanente, além de:
distribuição de material, contagem dos alunos na
chamada diária e controle de quantidade de peças de
jogos.
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Para possibilitar a eficácia do planejamento em forma de temas
geradores, algumas diretrizes precisam ser observadas, segundo Kramer,
2007. Os temas devem, então: permitir a manifestação da curiosidade dos
alunos; quebrar preconceitos, evitando a manutenção de modelos prontos; ter
uma visão contextualizada e flexível; favorecer o acesso das crianças ao
conhecimento científico; ter a duração de acordo com sua amplitude e
interesse das crianças e articular diferentes áreas do conhecimento.
Torna-se facilitador para o trabalho do professor da Educação Infantil
manter um arquivo de temas com textos, músicas, sugestões de dinâmicas e
atividades etc. Com esse hábito, a cada ano o arquivo fica mais rico,
interessante e capaz de ajudar no planejamento.
E, então, essa conversa sobre planejamento tem sua finalização no
momento, com o desejo de ser mais um degrau da pesquisa do professor da
Educação Infantil para dinamizar e aprimorar seu trabalho.
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CAPÍTULO III
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Este capítulo propõe a sugestão e a análise de atividades aplicáveis à
Educação Infantil. As atividades são desenvolvidas dentro dos eixos
determinados no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:
Linguagem, Artes Visuais, Música, Natureza e Sociedade, Movimento e
Matemática.
3.1– 1ª atividade – Brincadeiras com trechos do poema Brincadeiras, de Ricardo Azevedo:
Para começar esta seleção de atividades pedagógicas o eixo
Linguagem oral e escrita será escolhido como caminho central e o tema
POESIA marcará as três primeiras atividades.
Convite
Poesia
É brincar com palavras
Como se brinca
Com bola, papagaio, pião.
Só que
Bola, papagaio, pião
De tanto brincar
Se gastam.
As palavras não:
Quanto mais se brinca
Com elas
Mais novas ficam.
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Como a água do rio
Que é água sempre nova.
Como cada dia
Que é sempre um novo dia,
Vamos brincar de poesia?
José Paulo Paes
É claro que apesar de a linguagem em forma de poesia se apresentar
como foco norteador, outros eixos aparecerão naturalmente e de maneira
interdisciplinar, enriquecendo a atividade, como a música, o movimento e a
arte, por exemplo.
A poesia é uma pulga,
Coça, coça, me chateia,
Entrou por dentro da meia,
saiu por fora da orelha,
faz zumbido de abelha,
mexe, mexe, não se cansa,
nas palavras se balança,
fala, fala, não se cala
a poesia é uma pulga,
de pular não tem receio,
adora pular na escola...
só na hora do recreio!
Sylvia Orthof
Que a sala de aula venha a ser sempre um recreio com lugar reservado para o sonho, o jogo, a brincadeira, pois é brincando que a criança elabora sua aprendizagem em relação ao mundo e a si mesmo.(MIGUEZ,, 2003, p. 50)
28
Fátima Miguez em seu livro Nas Arte-Manhas do Imaginário Infantil,
ressalta o valor da poesia e incentiva o professor a utilizá-la em suas aulas.
Brincar de poesia também deve ser uma atividade presente na Educação
Infantil!
A sugestão aqui, traz trechos do poema de José Paulo Paes para
serem trabalhados nas séries iniciais e gerar ricas atividades:
Brincadeiras Uni duni tê, Salame a ore, Um sorvete a ore, O escolhido foi você. (...) Todo o mundo sai a toda, Correndo atrás do colega, É preciso estar esperto, Na hora do pega-pega. (...) Pega, joga, dribla, passa, Corre, chuta, cai e rola, Cabeceia, grita, pula, Vai e volta atrás da bola. (...) É gostoso e divertido, Não tem risco nem perigo, A vida ganha sentido, Quando se tem um AMIGO.
O professor pode escrever o poema no quadro ou trazer o texto em um cartaz e fazer a leitura para a turma. É importante mostrar o texto escrito e incentivar o interesse pela leitura. Em seguida, pede para a turma repetir as três primeiras estrofes e demonstrar como são as brincadeiras tratadas no poema. Aliar a brincadeira com a poesia é o próximo passo, então entra aqui o espaço para todos brincarem com as brincadeiras do poema.
Outra possibilidade é reler junto com a turma a última estrofe, enfatizando a palavra AMIGO. Então cada um dirá o nome do amigo que está ao seu lado esquerdo.
As turmas de 0 a 3 anos podem fazer em uma folha ofício o carimbo da sua mão ao lado da mão do seu amigo. Já as turmas de 4 a 6 anos podem observar qual é a letra inicial e a final da palavra AMIGO, observar quais os
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colegas da turma que têm a letra inicial igual a sua, ir até o poema, identificar a palavra AMIGO e suas letras, entre outras atividades.
Para finalizar, a turma pode realizar um amigo-oculto, no qual o presente será um desenho feito para o amigo.
3.2– 2ª Atividade – Livro de Parlendas
As parlendas, trava-línguas, cantigas de roda e adivinhas fazem parte da poética folclórica, vão formando ligações de afetividade que auxiliam o professor na sua prática.(MIGUEZ, 2003,p. 40) Janela, janelinha, Porta, campainha, Ding dong. Sol e chuva Casamento de viúva Chuva e sol Casamento de espanhol. A galinha do vizinho Bota ovo amarelinho... Bota 1, bota 2... -Alô, o tatu taí? - Não, o tatu num a? Mas a mulher do tatu tando É o mesmo que o tatu a!
O trabalho com parlendas se estende em vários eixos, pois trabalha a linguagem oral, possibilita trabalhos nas artes visuais, podem ser cantadas, possibilitam o gancho inicial para se trabalhar matemática, natureza, além de contribuir para a manutenção do nosso folclore vivo. Assim, recitar as parlendas para que as crianças aprendam ou iniciá-las para que continuem deve ser uma atividade presente na Educação Infantil.
Também é interessante apresentar figuras com desenhos que representem as parlendas e pedir para a turma relacionar a figura com a parlenda, propondo assim um jogo de associações.
Para a confecção do livro o professor pode reproduzir as parlendas para que a turma as ilustre. Nesse momento, de acordo com a faixa etária, o professor pode fazer interferências colocadas previamente no papel para que a criança continue o desenho a partir da interferência feita. Montar o livro com as parlendas ilustradas é o resultado final da proposta.
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3.3– 3ª Atividade – Saquinhos de adivinhas O que é, o que é? Tem dente, mas não tem boca Não morde, mastiga ou come. É careca e tem cabelo Quem adivinha seu nome? ( o pente) O que é, o que é? São sempre grandes amigos Passam o dia se batendo Mas não fazem mal aos outros Embora vivam mordendo? (os dentes) O que é, o que é? São luzes, mas não têm fio São quietas e agitadas Se dormem durante o dia À noite ficam acordadas? (as estrelas) O que é, o que é? Duas bolas coloridas Carregam um brilho profundo São feito duas janelas Mostrando a vida e o mundo? (os olhos)
Brincar com adivinhas, fazer piadas são atividades que encantam as crianças. Dessa maneira, a sugestão é montar um joguinho de adivinhas. Para isso o professor deve dispor de saquinhos de pipoca e colar na parte externa um pedaço de papel com a adivinha escrita. Dentro do saquinho, deve colocar uma fichinha com a figura da resposta da adivinha.
Para começar a brincadeira, chamar um aluno para escolher um saquinho e tentar adivinhar a adivinha, depois da leitura do professor. Caso não saiba a resposta, a criança puxa a fichinha de dentro do saquinho com a resposta. É interessante reler a adivinha com a turma, explicando a resposta. Dessa maneira a leitura e a escrita são enfatizadas.
A criança que tentou adivinhar chama outro colega para escolher outro saquinho de adivinhas.
3.4– 4ª Atividade – Mergulho nas cores
O eixo central das próximas atividades será as Artes Visuais. Através
das Artes Visuais a criança pode expressar suas experiências, revelar
sentimentos, expor idéias... Cabe ao professor utilizar essa linguagem
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adequadamente, explorando suas diversas facetas como: a apreciação de uma
obra de arte, a exploração e manipulação de objetos diversos (latinhas, caixas,
papelões, embalagens de produtos, pedaços de pana, etc), o uso da argila,
entre outras atividades.
Nesta primeira atividade de Artes Visuais como eixo principal, o tema
PINTURA será explorado. Para iniciar a atividade, é necessário que o
professor forre uma parte do chão da sala com papel quarenta quilos.
A apreciação da arte deve ser incentivada desde as séries iniciais. Se o
professor traz para a sala de aula imagens de obras de arte, peças de
artesanato e esculturas, por exemplo, possibilita um acesso maior do aluno à
prática da leitura de imagens. Assim, nesta atividade a idéia é trazer para a
sala obras de arte que retratam a infância e suas brincadeiras. Sugestão:
pesquisar imagens de Cândido Portinari na Internet, em obras como: Futebol,
Meninos Soltando Papagaios, Palhacinhos na Gangorra, entre outras telas. O professor pode, então, explorar as telas através da observação de
detalhes, elaborando de perguntas que instiguem a descoberta e o interesse
das crianças. O Referencial Curricular sugere também que se forneça
informações sobre a vida do autor, suas obras e outras características. Depois é indicado montar um mural com essas telas e figuras de
revistas pesquisadas pela turma sobre o tema, pôr músicas animadas do gosto
da turma e distribuir tinta guache para as crianças representarem, com as
mãos, no papel quarenta quilos, as brincadeiras das quais mais gostam.
3.5– 5ª Atividade – Bolinhas de sabão
Nesta atividade, a apreciação de uma obra continuará sendo a idéia
base para o desenvolvimento de outras atividades. A tela escolhida neste
momento é As Bolas de Sabão, 1867, de Èdouard Manet. Essa tela retrata um
menino fazendo uma bola de sabão. As crianças têm prazer em reconhecer
certas figuras, relacionando-as com a sua realidade e histórias já conhecidas,
assim o professor pode apresentar a tela para a turma e pedir para descrevê-
la, ressaltar que é uma obra muito antiga e mostrar que essa brincadeira é
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muito antiga também. Perguntar quando a turma brincou de fazer bolas pela
última vez e sugerir que a turma vá para o pátio para fazer bolinhas de sabão.
Em outro momento, é válido também apresentar para a turma a imagem
da tela Cascão e as Bolas de Sabão, 1999, de Mauricio de Sousa e mostrar
como podemos, a partir de uma tela, fazer uma obra nossa, seguindo o nosso
jeito de desenhar. O professor antes de apresentar a tela, pode mostrar
revistinhas da Turma da Mônica para uma apreciação de imagens. Em outro
momento, sugerir que as crianças façam o desenho de uma criança (que pode
ser ela mesma ou não), fazendo bolinhas de sabão.
No momento do desenho, vale destacar que o professor pode fazer
uma interferência previamente no papel, ajudando a avançar na representação
da figura. A interferência nessa atividade pode ser: os círculos para a cabeça e
a bolinha de sabão já estarem no papel; uma colagem do rosto da criança para
a turma continuar o desenho; a colagem da figura de uma criança para a turma
fazer apenas o canudinho, a bola de sabão e o fundo da tela. De acordo com a
idade e conhecimento da turma o professor fará a interferência que achar
apropriada.
Expor os trabalhos em um mural favorece a valorização do trabalho
pelas crianças
3.6– 6ª Atividade – Modelando a história
Para esta atividade, a modelagem será o tema norteador. A
modelagem proporciona o desenvolvimento da coordenação motora fina da
criança, além da percepção de espessuras e proporções, pois trabalha o
movimento das mãos e dos dedos.
É interessante deixar a criança manipular o material – que pode ser
argila ou massa de modelar, por exemplo – livremente no início da atividade,
para a criança conhecer o material e suas possibilidades.
O professor nessa atividade escolhe uma história ou vai criando com a
turma uma história. Sugere-se, então, modelar personagens e objetos da
história junto com as crianças, de acordo com o que foi contado.
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3.7- 7ª Atividade – Roda de música com os cds A Arca de Noé 1 e 2, (Universal) e o cd De Paes para Filhos com poemas de José Paulo Paes (MCD Records)
A proposta agora é entrar no mundo da Música. Em verdade, o mundo
é musical, vive-se cercado de sons, ruídos, barulhos, ritmos, músicas... O
professor vai utilizar a música para gerar prazer, danças, brincadeiras,
descobertas e apreciação.
A atividade descrita abaixo pode fazer parte da rotina semanal da
turma.
O professor para essa proposta deve criar um cantinho agradável
da sala, que pode, por exemplo, ser forrado por um tapete confeccionado de
pedaços de TNT decorados pela turma e colados em forma de tapete com cola
quente e sentar em roda com a turma. Conversar com a turma sobre as
músicas que serão colocadas e explicar que elas foram escritas como poesia e
depois foram musicadas. É interessante também ler alguns poemas e depois
colocá-los para serem apreciados em forma de música. Para dar a
oportunidade de as crianças ampliarem seu repertório musical, o professor
pode cantar as músicas com a turma, bater palmas no ritmo da música, fazer
movimentos de acordo com a melodia e perguntar às crianças sobre quais são
as suas músicas preferidas,
3.8– 8ª Atividade- Construindo instrumentos
Dar a oportunidade para as crianças descobrirem sons diferentes a
partir de objetos comuns é bem interessante. Essa atividade, então, propõe a
construção de um chocalho.
Com embalagens de iogurte (tipo garrafinha) a turma pode
confeccionar um chocalho bem resistente. Dependendo do som que se deseja,
pode-se usar areia ou feijão dentro e fazer uma tampa com papel cartão. O
professor deve deixar a turma utilizar o chocalho livremente, percebendo os
sons que pode produzir e a partir de então, cantar músicas do repertório das
crianças e marcar o ritmo com o som do chocalho.
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3.9 – 9ª Atividade- Jogos Musicais
Segundo o referencial Curricular, os jogos sonoro-musicais permitem
trabalhar questões relacionadas ao som, ao silêncio e à música. Pode-se
trabalhar a expressão corporal, a concentração, a disciplina e a atenção por
meio de contraste entre silêncio e som na brincadeira da estátua, por exemplo.
Serão citados agora alguns jogos e brincadeiras que podem ser
trabalhados na Educação Infantil: brincadeira da estátua, descobrir de onde
vem um determinado som, jogos de imitação de sons vocais e reconhecer um
trecho de uma canção e completá-la.
3.10 – 10ª Atividade: Zoológico na escola
O respeito pelo meio ambiente deve ser incentivado desde os
primeiros anos. A consciência de que vivemos em grupo e que cada ser e cada
elemento tem um papel importante na sociedade pode estar presente na
prática diária em estratégias voltadas para a realidade. Levar a turma para o
zoológico em um passeio memorável de descobertas é vontade de qualquer
professor, mas nem sempre consegue-se viabilizar as idéias que surgem no
planejamento. A atividade a seguir propõe o contato da turma com os animais
de uma maneira que não substitui um passeio, mas traz o contato das crianças
com os animais:
Nessa atividade, o primeiro passo é combinar com os funcionários da
escola para trazerem no dia determinado o seu animal de estimação, ou um
animal que tenha facilidade para conseguir. Com essa atitude, podem chegar
cães, gatos, peixinhos, coelhos, insetos, passarinhos, tartarugas, hamster...
Depois de arrumar os animais em um espaço da escola fresco que
servirá de local para a visitação das turmas, o próximo passo é organizar as
turmas em turnos para que cada uma possa observar com calma e interagir
com os animais sob a orientação do professor, fazendo perguntas e
direcionando a visita.
Em outro momento, a turma pode, com o professor, organizar os
animais observados em um cartaz de acordo com suas características. Fazer
35
perguntas, anotar as respostas, sugerir pesquisas para se chegar a
organização dos animais em grupos. Exemplos: animais terrestres e aquáticos;
animais com penas, animais com pelos e animais com escamas etc.
As crianças gostam muito de atividade de imitação, assim a
oportunidade é ótima para pedir para os alunos que se movimentem, imitando
os animais que viram. Depois, a turma pode também desenhar o animal que
achou mais interessante, fazer colagens com penas, miçangas, papéis
diversos e expor os trabalhos pela escola.
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3.11 – 11ª Atividade: Chega de sujeira! Lixo é na lixeira!
A proposta agora é levar o grupo para uma passeata no quarteirão da
escola, sensibilizando a comunidade para o cuidado em manter a cidade limpa.
Antes de sair para a passeata é preciso fazer um trabalho na própria escola
para que alunos e funcionários se conscientizem de que todos são
responsáveis pelo ambiente onde vivem e precisam ter atitudes responsáveis.
Uma das atitudes responsáveis será preparar cartazes com as crianças
alertando sobre os cuidados com o meio ambiente.
Outra idéia é eleger uma mascote (uma árvore, um animalzinho, por
exemplo) para a passeata que pode ser distribuído com sementinhas para as
pessoas na rua. Preparar paródias e gritos de incentivo para serem cantados
durante a passeata são necessários também.
Após esse trabalho, é hora de ir para a rua! Assim, todos sairão pelos
arredores da escola, sensibilizando as pessoas da rua para não jogarem o lixo
no chão, afinal... Chega de sujeira! Lixo é na lixeira!
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3.12 – 12ª Atividade: Um, dois, feijão com arroz!
A atividade a seguir vai trabalhar o tema alimentação de forma lúdica e
interdisciplinar. Para iniciar a conversa sobre alimentação saudável, a parlenda
abaixo ajudará:
Um, dois, feijão com arroz.
Três, quatro, feijão no prato.
Cinco, seis, feijão inglês.
Sete, oito, comer biscoito.
Nove, dez, comer pastéis.
O professor apresenta a parlenda para a turma recitá-la em voz baixa,
em voz alta, devagar e mais rápido e pede para as crianças identificarem os
alimentos que aparecem na parlenda.
É interessante aproveitar o momento e utilizar a atividade como
estratégia para mostrar a importância de alguns alimentos como verduras,
legumes e frutas. Conversar também sobre os alimentos preferidos e fazer
uma lista com os alimentos preferidos pela turma (o professor será o escriba).
Como finalização da proposta, escolher um dos alimentos preferidos
para ser feito pela turma com ajuda do professor.
3.13 – 13ª Atividade: Brincando de circo
O movimento é um enfoque essencial na Educação Infantil. Muito além
de simples deslocamento do corpo, o movimento é um tipo de linguagem na
qual a criança comunica-se com as pessoas ao seu redor, reagindo no
ambiente em que está. O trabalho com o movimento permite o
desenvolvimento de aspectos próprios da motricidade da criança e a
ampliação da sua cultura corporal, segundo o Referencial Curricular Nacional
para a Educação Infantil.
A atividade descrita abaixo possibilitará que a criança familiarize-se
com a imagem do próprio corpo e explore as possibilidades de gestos e ritmos
corporais na brincadeira.
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Para a atividade é preciso montar na sala um ambiente que lembre uma
lona de circo com tiras de papel crepom saindo de um ponto do teto e
pregadas na parede com fita adesiva. Pôr também um espelho na sala e
pregar uma faixa de fita adesiva colorida no chão. Além disso, o professor
pode dispor de uma caixa com fantasias.
O ambiente proporciona a entrada no mundo da fantasia e com isso o
professor pode pedir vários movimentos dentro do contexto do circo. Sugerir a
Brincadeira de Circo. Neste momento, dizer para a turma que todos serão
malabaristas e deverão andar sobre a fita adesiva colorida que está no chão.
No final do traçado da fita haverá um espelho e depois de caminhar sobre a
fita, a criança fará uma careta engraçada de frente para o espelho. O professor
pode dar outros comandos com a criança de frente para o espelho, como: pôr
a mão no nariz, pular com a mão na cabeça...
Em outro momento todos serão palhacinhos e rolarão pelo chão,
balançarão a cabeça, farão caras engraçadas para os colegas... Pedir para
cada criança buscar um acessório da caixa de fantasias para brincar
livremente e olhar-se no espelho. E para finalizar, a turma arrumará a sala e
participará de uma sessão de pipoca!
3.14 – 14ª Atividade: Circuito do movimento
Nesta atividade o professor vai organizar várias atividades motoras (no
mínimo três) em um circuito, no pátio, de modo que toda a turma passe por
todas as atividades.
A atividade propõe o seguinte circuito: saltar sobre algo: jornal,
almofada, obstáculos desenhados no chão como um leão, a boca do tubarão;
passar em zig-zag entre garrafas pet; saltar dentro de bambolês, caixas ou
figuras desenhadas no chão como casinhas, lagos, flores; engatinhar embaixo
de mesas, cordas, túneis de pano; pular com um pé só até uma determinada
distância ou desenhar uma amarelinha em caracol para as crianças pularem e
dispor um cesto para as crianças arremessarem uma bola no cesto.
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3.15 – 15ª Atividade: Brincadeiras populares
Resgatar os jogos e brincadeiras populares que fazem parte da nossa
cultura é uma atividade que deve ser incentivada na escola. Neste momento
podem ser trabalhadas a questão das regras e a competição de maneira
saudável.
Serão descritas três atividades e algumas que também não devem ser
esquecidas no planejamento da Educação Infantil serão relacionadas: pique-
pega e outros piques, coelho na toca, corre-cotia, bambolê, empinar pipa,
chicotinho queimado, gato e rato, cabra-cega, esconde-esconde, corrida de
carrinho de mão, entre outras.
Batatinha frita: Riscar uma linha no chão separando uma criança do
grupo; o grupo fica atrás da linha e a criança fica mais à frente, de costas; ela
grita “batatinha frita 1,2,3” e vira para o grupo; enquanto a criança está de
costas, as outras crianças aproximam-se ao máximo, em passos largos da
criança e ficam imóveis, pois os que forem pegos em movimento devem
retornar à linha de partida; a brincadeira recomeça quando alguma criança
alcançar a que está afastada.
Pique-corrente: As crianças são divididas em dois grupos, o grupo da
corrente(crianças de mãos dadas) e o grupo que deverá fugir da corrente; a
corrente deve tentar pegar as crianças que estão fugindo, sem se soltar; as
crianças que forem pegas passam a fazer parte da corrente.
Cobrinha: Amarrar uma das extremidades de uma corda em um local
baixo. Na outra ponta, o professor deve movimentar a corda rapidamente,
fazendo os movimentos da cobrinha. As crianças são convidadas a pular sobre
a cobra de corda.
3.16 – 16ª Atividade: Explorando o ambiente
Com essa atividade o professor pode explorar diferentes conceitos
relacionados à Matemática como: noção de quantidade, de maior e menor,
mais leve e mais pesado, mais grosso e mais fino, formas geométricas, entre
outros.
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A atividade consiste em levar a turma para um local onde se possa
explorar o ambiente, como: um quintal, um parquinho, uma sala preparada
para a atividade. Nesse ambiente, professor e alunos vão brincar de caçador
de tesouros e o professor vai dizer para as crianças quais serão os tesouros
que eles devem procurar. Pedir, então, que as crianças procurem, por
exemplo, 3 pedrinhas, 4 folhas secas, 2 bolas, enfim, a quantidade e o objeto
que forem adequados para o ambiente.
Os objetos encontrados devem entrar em uma caixa ou um baú, pois
são os tesouros da turma. Esses objetos servirão para atividades posteriores,
como: colagens, contagens, confecção de jogos e brinquedos.
A partir do tesouro encontrado o professor começará a propor pequenos
probleminhas do tipo: “Se tirarmos as folhas, quantos objetos ficarão? Vamos
contar? Conseguimos encontrar mais folhas ou mais pedrinhas? Qual objeto
encontramos em menor quantidade? Qual é o mais pesado de todos? Se
juntarmos as bolinhas com os carrinhos, quantos objetos teremos? Qual o
mais leve? Qual tem o formato da caixa?”.
Verificar as possibilidades e conferir as respostas são atitudes que
fazem parte do final da atividade.
3.17 – 17ª Atividade: Fique de olho
Para esta atividade o professor deve providenciar um cartaz com uma
figura que apresente um ambiente (praia, jardim, uma rua...) e nesse ambiente
haverá diversas quantidades de animais, objetos, seres. A próxima tarefa é
colocar o cartaz na sala para a observação da turma e pedir para observarem
bem, pois o cartaz não ficará ali por muito tempo. Depois da observação, o
professor deve retirar o cartaz da visão da turma.
Assim, a partir da apreciação da imagem o professor questiona o grupo
sobre as características do cartaz, como: “Havia formigas? Quantas? Qual a
cor da blusa da menina? Havia outra coisa com essa cor? O que havia na
figura com o formato da bola? O cachorro estava perto ou longe da menina?
Havia mais borboletas ou passarinhos?”
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É importante registrar as respostas no quadro e recolocar o cartaz no
quadro para a turma conferir as suas respostas.
3.18 – 18ª Atividade: Múltiplas possibilidades
Algumas práticas diárias simples trabalham noções matemáticas e
podem estar presentes nas aulas da Educação Infantil. Serão relacionadas a
seguir algumas dessas atividades que trabalham: marcação do tempo,
identificação de números nos diferentes contextos em que se encontram,
identificação da posição de um objeto, explicitando a noção de sucessor e
antecessor, utilização da contagem oral e do cálculo mental.
A primeira sugestão é o uso do calendário na sala de maneira
participativa, marcando o dia do mês e da semana, observando quem vem
antes e depois. Fica interessante fazer a chamadinha diária, observando
quantas crianças vieram, quantas faltaram, quantos meninos e quantas
meninas. Outra proposta são os jogos de trilha, utilizando dados. Ao contar a história de um livro, por exemplo, o professor pode destacar as páginas e
observar em que página a turma parou. Além disso, são atividades muito válidas: colecionar na sala um álbum
de interesse da turma; pesquisar informações numéricas de cada aluno
(quantos anos, qual o peso, qual o tamanho...) e anotar em uma fichinha; marcar em um cartaz o tamanho de cada criança e comparar as diferenças e
semelhanças; observar os números e quantidades que aparecem em uma receita e conversar sobre eles, pôr a receita em prática no refeitório com a
turma. Com essas atividades rápidas o professor trabalha diversas noções
matemáticas com o prazer da turma.
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CONCLUSÃO
É um desafio para o educador manter em seu cotidiano a dinâmica
capaz de tornar suas aulas prazerosas e desafiadoras. Através de atividades
lúdicas o professor da Educação Infantil pode fazer o elo entre o conhecimento
que se quer desenvolver e o interesse do aprendiz.
Revela-se muito importante que o professor tenha conhecimento do
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, além de aprofundar-
se no estudo dos teóricos que alicerçaram muitas práticas pedagógicas. Ter o
trabalho fundamentado em uma pesquisa dá subsídios e segurança para
realizá-lo de maneira eficiente.
Faz-se necessário organizar as atividades para poder atingir os eixos de
desenvolvimento infantil propostos no documento oficial, o Referencial
Curricular Nacional. Para tanto, o uso de temas geradores proporciona uma
organização flexível e abrangente.
Esta pesquisa acrescenta, dessa maneira, à formação do educador da
Educação Infantil, um estudo capaz de facilitar e tornar o trabalho vivo de
práticas significativas. E propõe também a continuidade dos estudos sobre as
atividades lúdicas aplicadas no cotidiano da sala de aula da Educação Infantil.
42
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VIGOTSKI, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
www.iphem.com.br. IPHEM, Instituto de Pesquisas Heloísa Marinho, 1-3 p.,
acessado em 12/11/09.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .......................................................................................... 2
AGRADECIMENTOS ....................................................................................... 3
DEDICATÓRIA .............................................................................................. . 4
RESUMO ........................................................................................................ 5
METODOLOGIA ............................................................................................ 6
SUMÁRIO ..........................................................................................................7
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8
CAPÍTULO I
Dos Primórdios ao Referencial Curricular.........................................................10
1.1 – Os teóricos ..............................................................................................11
1.1.1 – João Amós Comênio ....................................................................11
1.1.2 – Jean Jaques Rousseau ................................................................11
1.1.3 – Johann Heinrich Pestalozzi ..........................................................11
1.1.4 – Frierich Fròebel ............................................................................12
1.1.5 – Ovide Decroly ...............................................................................12
1.1.6 – John Dewey .................................................................................12
1.1.7 – Maria Montessori ..........................................................................12
1.1.8 – Celestin Freinet ........................................................................... 12
1.1.9 – Jean Piaget ..................................................................................13
1.1.10 – Lev Semenovich Vygotsky .........................................................14
1.1. 11 – Henri Wallon .............................................................................14
1.1.12 – Heloísa Marinho .........................................................................14
1.2 – O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ...................15
CAPÍTULO II
Conversando sobre Planejamento ...................................................................19
CAPÍTULO III
Sugestões de Atividades .................................................................................26
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3.1 – Brincadeiras com trechos do poema Brincadeiras, de Ricardo Azevedo 26
3.2 – Livro de Parlendas...................................................................................29
3.3 – Saquinhos de Adivinhas .........................................................................29
3.4 – Mergulho nas cores ................................................................................30
3.5 – Bolinhas de sabão ..................................................................................31
3.6 – Modelando a história ...............................................................................32
3.7 – Roda de música ......................................................................................33
3.8 – Construindo instrumentos........................................................................33
3.9 – Jogos musicais ........................................................................................34
3.10 – Zoológico na Escola ..............................................................................34
3.11 – Chega de sujeira! Lixo é na lixeira! .......................................................35
3.12 – Um, dois, feijão com arroz! ...................................................................35
3.13 – Brincando de circo .............................................................................. 36
3.14 – Circuito do movimento ..........................................................................37
3.15 – Brincadeiras populares .........................................................................37
3.16 - Explorando o ambiente ..........................................................................38
3.17 – Fique de olho .......................................................................................39
3.18 – Múltiplas possibilidades ........................................................................40
CONCLUSÃO ..................................................................................................41
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................42
ÍNDICE .............................................................................................................44