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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO EM UMA SOCIEDADE GLOBALIZADA
Por: Geraldo Henrique Lemos Barbosa
Orientador
Prof. Antonio Fernando Vieira Ney
Brasília
2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDUCAÇÃO EM UMA SOCIEDADE GLOBALIZADA
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Administração Escolar
Por: Geraldo Henrique Lemos Barbosa
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Érica, minha
esposa querida e aos meus filhos amados
Henrique e Esther.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a sociedade globalizada e refletir criticamente sobre as influências e efeitos que ela traz para a escola hodierna. A pergunta-problema é: será que a escola sendo vista como uma empresa, participante de um mercado competitivo, tem sofrido prejuízo em sua função precípua, que é a de educar? Em busca de se chegar a uma resposta, o caminho percorrido foi à tentativa de se compreender globalização, mercado educacional, gestor educacional frente sua realidade vivencial que o cerca e a cultura educacional, que mostra que apesar de estar inserida no mercado econômico a escola não é considerada uma empresa. Conclui-se que a globalização influencia a escola, entretanto, a educação, por ela mesma, pode mudar essa realidade por ser cíclica, dinâmica e ativa.
METODOLOGIA
A escolha do assunto originou-se da reflexão e do questionamento à
conjuntura atual. Emerge daí a crescente importância do debate acerca da
sociedade globalizada, mercado educacional, os efeitos dessa sociedade na
educação, para assim repensar a construção do saber. Assim, esta pesquisa é
o resultado de uma revisão bibliográfica desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos que busca
estabelecer uma correlação entre a sociedade globalizada e seus reflexos na
educação atual.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Sociedade Globalizada
1.1 – Globalização 10
1.2 – Pós-modernidade 12
CAPÍTULO II - Mercado Educacional
2.1 – Escola Empresa 15
2.2 – Gestão Educacional 16
2.3 – Cultura Organizacional 16
2.4 – Planejamento Estratégico 18
2.5 – Projeto Político-pedagógico 19
2.6 – Marketing Escolar 20
CAPÍTULO III – Gestor Escolar
3.1 – Conceitos de Liderança 22
3.2 – Tipos de Liderança 23
3.3 – Estilos de Liderança 24
3.4 – Gestor Escolar 26
CAPÍTULO IV – Cultura Educacional 4.1 – Educação 28 4.2 – Escola 29 4.3 – Cultura Escolar 30 CONCLUSÃO 31 BIBLIOGRAFIA 34 FOLHA DE AVALIAÇÃO 37
8
INTRODUÇÃO
O ser humano desde que nasce integra-se a um grupo social e recebe
dele um patrimônio cultural. O primeiro veículo dessa transmissão é a família,
em seguida vem a escola. Porém, em todos os veículos em que o ser humano
interage com a sociedade ele assimila valores, e regras que são aprendidas
por meio da educação. A educação tem como objetivo dela é transmitir a
cultura, adaptar o indivíduo à sociedade, desenvolver suas potencialidades, e
como conseqüência, o desenvolvimento da personalidade e da própria
sociedade. (Oliveira)
Para a efetivação desse processo realizado pela educação Mizukami
afirma que é preciso que aconteça um fenômeno, denominado por ela, de
fenômeno educativo, que é humano, histórico e multidimensional. Nele está
presente, tanto a dimensão humana quanto técnica, a cognitiva, a emocional, a
sócio-política e cultural, não se tratando de uma mera justaposição das
referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas múltiplas implicações e
relações.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a sociedade globalizada
e refletir criticamente sobre as influencias e efeitos que ela traz para a escola
hodierna.
Será que a escola sendo vista como uma empresa, participante de um
mercado competitivo, tem sofrido prejuízo em sua função precípua, que é a de
educar?
A escolha do assunto originou-se da reflexão e do questionamento à
conjuntura atual. Emerge daí a crescente importância do debate acerca da
sociedade globalizada, mercado educacional, os efeitos dessa sociedade na
educação, para assim repensar a construção do saber.
Esta pesquisa é o resultado de uma revisão bibliográfica que busca
estabelecer uma correlação entre a sociedade globalizada e seus reflexos na
educação atual.
Sendo assim, esta pesquisa foi desenvolvida com base em material já
9
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.Para o
levantamento bibliográfico foi necessário uma reflexão acerca dos assuntos
estudados. Por meio desta postura foi possível perceber controvérsias
existentes entre sociedade globalizada e educação e contrastar essa realidade
ideais libertários da educação, como é o caso de Paulo Freire.
A pesquisa foi dividida em quatro partes: na primeira abordará a
sociedade globalizada, para que haja um entendimento do contexto vivencial
em que se encontra a escola e o fazer educação. A segunda parte
especificamente apresentará o mercado educacional e seus meandros. A
terceira a postura do gestor educacional. Por fim, a última parte mostrará que
em meio a sociedade em que está inserida a educação sempre cumprirá seu
papel de transformar o ambiente, pois na educação há um cultura que o tempo
não consegue atingi-la pois ela não é um produto final ela está sempre em
processo de construção, ela é inacabada.
10
CAPÍTULO I
SOCIEDADE GLOBALIZADA
Conhecer o contexto vivencial atual é de suma importância para o
pensar e o desenvolver do ser humano, bem como o refletir sobre educação.
Por isso, iniciaremos o trabalho identificando a sociedade chamada
globalizada.
1.1 - Globalização
O processo de globalização atingiu a sociedade como um todo, e a
escola também sofreu a influência desse conjunto de transformações na ordem
política e econômica mundial.
O termo que tem sido popularizado devido os meios de comunicação
utilizá-lo nos mais variados sentidos e contextos. O que é então globalização?.
Gehringer define globalização como um termo que tem origem na
palavra grega globus, que significa “esfera” e surgiu a partir de artigos
publicados pelo canadense Marshall Mc Luhan na década de 1960, em que ele
antecipa o iminente surgimento de uma “aldeia global”, a qual toda a
humanidade forma uma tribo única, com costumes e hábitos semelhantes
influenciados pela expressão das redes de comunicação, que levariam a
mesma mensagem para todo o mundo e no mesmo instante.
Para Cristovam Buarque1 a globalização começou no dia em que um
anônimo primitivo, em alguma parte de um continente ainda sem nome, movido
por um sentimento de curiosidade, caminhou além dos limites conhecidos por
sua tribo e encontrou um grupo de desconhecidos, com o qual entabulou algum
tio de comunicação. A partir daquele momento, os homens nunca mais
pararam de caminhar, de olhar ao redor e de integrar-se em um processo de
1 BUARQUE, Cristovam. Admirável Mundo Atual – Dicionário pessoal dos horrores e das esperanças do mundo globalizado. São paulo: Geração Editorial, 2001. página 173.
11
globalização cada vez mais amplo. Desde o final do século XV, com a invenção
d novos equipamentos de navegação e as grandes descobertas, esse processo
se espalhou por todo o planeta, ao mesmo tempo em que aumentava a
influência européia no mundo, No século XIX, o telégrafo submarino reduziu o
tempo com que às informações, as ordens e as decisões importantes
chegavam a diversos lugares do mundo – em pontos específicos, em
quantidades limitadas e coma alguma defasagem de tempo. O processo atual
de globalização se diferencia do iniciado a centenas de milhares de anos
porque o mundo se tornou um só e instantâneo. O conhecimento das
informações, o acesso às coisas e a influência do poder ficaram internacionais
e chegam ao mesmo tempo em todas as partes. Globalização é essa
simultaneidade totalizante, que se instalou sem uma integração entre os
homens. Para surpresa de todos que observam o mundo global, a globalização
torna iguais os seres, não importa o grupo a que pertençam, mas faz com que
dentro de cada grupo as pessoas sejam mais diferentes entre elas do que no
passado.
Idalberto Chiavenatto2 afirma que a globalização é um fenômeno
mundial e irreversível que apresenta os seguintes aspectos:
§ O desenvolvimento e intensificação da tecnologia da informação e dos
transportes, fazendo do mundo uma aldeia global.
§ A ênfase no conhecimento e não nas matérias primas básicas.
§ A formação de espaços pluri-regionais (como NAFTA, Comunidade
Européia e MERCOSUL).
§ A internacionalização do sistema produtivo, do capital e dos
investimentos.
§ A automação, com a máquina substituindo o ser humano, e o decorrente
desemprego estrutural.
§ A gradativa expansão dos mercados.
§ As dificuldades e limitações dos Estados Modernos e a obsolência do
direito.
§ O predomínio das formas democráticas do mundo desenvolvido.
2 CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2ed. Rio de janeiro: CAMPUS, 1999. página 103.
12
§ A redução da possibilidade de uma conflagração mundial pela
insistência de polarização de blocos militares.
Do ponto de vista de Lourdes Machado3 estamos numa situação em que
“... globaliza-te ou ficarás à margem da nova ordem mundial, parece ser a
versão moderna do “decifra-me ou te devoro”, é o repto lançado pelas
esfinge dos tempos modernos”.
Para Bassi globalização é um processo de integração mundial que está
ocorrendo nos setores de comunicações, economia. Finanças e nos negócios.
Por sua amplitude e velocidade, esse fenômeno afeta profundamente pessoas,
empresas e nações, pois altera os fundamentos sobre os quais se organizou a
economia mundial nos últimos 50 anos. Bassi afirma que o mundo atual vive
um momento de transformação equivalente ao ocorrido na Revolução
Industrial, iniciada no s[éculo XVIII, com a diferença de que a velocidade das
mudanças é incomparavelmente maior.
Maia nos mostra que o neoliberalismo tornou-se a ideologia dominante do
nosso momento histórico. Ela se concretiza na Globalização, ou seja, processo
de interligação crescente das economias das nações industralizadas por meio
das novas tecnologias e do comércio.
Costa, sob a ótica sociológica, segue o pensamento de Octavio Ianni, que
dividiu o capitalismo em três momentos: o primeiro corresponde à emergência
e instalação na Europa, instaurando o trabalho livre, a mercantilização da
produção do mundo sob a forma de Estados Nacionais.
O segundo momento corresponde a industrialização e a um processo
mais efetivo de implantação do capitalismo no mundo. Por meio de estreitas
relações internacionais de dependência econômica e política que submetem as
nações a centros hegemônicos, caracterizando imperialismo.
O terceiro momento fé a globalização que apresenta modelos alternativos
ao capitalismo, em especial o mundo comunista, entram em decadência, há um
enfraquecimento dos Estados Nacionais, abalando as identidades regionais e
os nacionalismos. Formam-se organismos internacionais para administração
para a administração econômica, social e política, como a ONU – Organização
das Nações Unidas. A informática revoluciona a produção de bens e a divisão
3 MACHADO, Lourdes M. “Mercado Global: A esfinge do presente”. In: SILVA Jr. (org). VI Circuito PROGAD. São Paulo Unesp – Prograd, 1996, pp. 91-106.
13
internacional do trabalho com ao advento da comunicação em massa por meio
das mídias digitais. A racionalização econômica atinge níveis jamais pensados
e as relações internacionais de redefinem.
A globalização tem sido sinônimo de outros processos históricos, o mais
conhecido é a pós-modernidade.
1.2 - Pós-modernidade
A sociedade pós-moderna apresenta como um fator preponderante o
desconstrutivismo, processo que tem sua gênese no campo das artes visuais e
da arquitetura que procura romper com tudo que caracterizou a produção
artística da Modernidade.
Stanley Grenz4 acredita que pós-modernismo assume formas diversas. Ele
aparece personificado em certas atitudes e expressões que tocam o dia-a dia
de inúmeras pessoas da sociedade contemporânea. Tais expressões vão da
moda à televisão e compreendem aspectos penetrantes da cultura popular,
como por exemplo a música e o cinema. O pós-modernismo está também
encarnado numa variedade de expressões culturais que incluem a arquitetura,
a arte e a literatura. Mas o pós-modernismo é, sobretudo, uma perspectiva
intelectual.
O pós-modernismo rejeita a idéia do erudito solitário nascido do Iluminismo.
Os pós-modernos denunciam a pretensão dos que declaram ver o mundo de
um ponto de vista estratégico com base no qual se acham capacitados a falar
categoricamente à humanidade em nome dela. Os pós-modernos substituíram
esse ideal do Iluminismo pela crença de que todas as reivindicações à verdade
– e, em ultima análise, à verdade em si mesma – estão condicionadas
socialmente, ou seja, a verdade é aquilo que cada um acredita como sendo sua
verdade. Em outras palavras não existe verdade absoluta.
Em meio a esse contexto de competição entre as nações, do mercado livre,
da mudança da ética e de valores, diversidade cultural, crises sociais,
encontra-se a educação e a escola para que ela seja considerada dinâmica e
competitiva precisa desenvolver habilidades para responder prontamente às
demandas da sociedade.
4 GRENZ, Stanley J. Pós-modernismo: um guia para entender a filosofia do nosso tempo. Trad. Antivan Guimarães Mendes. São Paulo: Vida Nova, 1997. Página 179.
14
Segundo Almeida multiplicaram-se cada vez mais os diagnósticos
sombrios a respeito da sociedade globalizada: hegemonia da ocidentalização
do planeta, emergência de fundamentalismos adormecidos, imposta por uma
monocultura de mente. São muitos também os estudos e pesquisas que tratam
dos eminentes desastres ecológicos de grandes proporções, das condições
subumanas dos excluídos do desenvolvimento econômico, da crescente
violência das grandes e médias cidades, dos resultados imprevisíveis da
biotecnologia, do desequilíbrio crescente entre o exponencial avanço
tecnológico e a diversidade de formas culturais tradicionais de viver e
conhecer.
A sociedade pós-moderna quebrou com paradigmas e tornou-se uma
sociedade, racionalista, materialista, hedonista, cética, relativista e pessimista.
As pessoas passam a se relacionar em rede. Costa comenta sobre isso: “as
relações em rede vão nos fazendo perder as referências do mundo que nos
cerca, adquirindo uma artificialidade nova e desconhecida do cotidiano da
cultura”.
Outros problemas que são levantados por Costa são: a metropolização,
as disparidades e desigualdades sociais.
Entretanto, o que essa realidade vigente influencia a Escola. Em tempos
de economia neoliberal, o tema gestão associa-se aos paradigmas que
fundamentam as mudanças conservadoras na forma de pensar a sociedade e
a gestão educacional.
Maria Teresa Leitão de Melo defende que a tese trazida para o interior
da escola é a da qualidade total da educação e propõe como fórmula a ser
aplicada a da gestão empresarial na qual busca por resultados, o pragmatismo
pedagógico, a eficiência e a eficácia dos modelos deixa patente a
competitividade como método e a busca pelo processo individual como regra.
Por isso, que o próximo capítulo aborda o mercado educacional como
agente influenciador de mudanças na escola atual.
15
CAPÍTULO II
MERCADO EDUCACIONAL
Alto desempenho, competitividade, sucesso no mercado, são palavras
que passaram fazer parte do vocabulário da escola moderna. Muitos são
aqueles que defendem que de fato a escola precisa funcionar como uma
empresa e ser gerida com o fim de obter lucro. O presente capítulo apresentará
a visão dos que são favoráveis da escola se tornar uma empresa, bem como
também mostrar a estrutura de funcionamento de uma escola com esses
padrões.
2.1 – Escola Empresa
Para Santos a escola deve perceber e acompanhar os grandes avanços
do conhecimento, as mudanças da clientela escolar, o aumento quantitativo e
qualitativo das exigências da nova sociedade globalizada. O sucesso, deve ser
conquistado sempre e, bem administrado, evita a acomodação.
Colombo defende que as instituições de ensino, precisam mudar seus
paradigmas e passar a olhar para si mesmas como empresas inseridas em um
cenário de negócios, que precisam identificar e atender as necessidades e as
expectativas de seus clientes, proprietários e mantenedores na busca de
melhores posições competitivas, por meio das quais obterão a conquista de
excelentes padrões de qualidade.
O mercado educacional é uma realidade e tem crescido
assustadoramente como nos mostra Oliver Mizne5 quando registra que em
1991, uma faculdade americana chamada DeVry tornou-se a primeira
instituição de ensino no mundo a abrir seu capital em bolsa de valores. Era o
primeiro passo de um processo, agora visivelmente inevitável, de atração
mútua entre dois improváveis parceiros: o setor da educação e o mercado
financeiro. Ele continua dizendo que em 30 países estudados, ricos e pobres,
5 MIZNE, Oliver. “A Educação como Negócio”. In: COLOMBO, Sonia Simões. Gestão Educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2004. página 125.
16
na Europa, nas Américas e na Ásia, o gasto governamental com educação já é
bastante representativo, ficando entre 4 e 7% do PIB.
Berbel acredita que para uma escola sobreviver e desenvolver-se,
necessitará realizar um conjunto vasto e complexo de processos internos não
pedagógicos-educacionais, porém complementares e que dão suporte a estes.
Além disso seus processos administrativos precisam ser bem construídos,com
uma logística interna bem planejada, Atuando de modo a corrigi-los e
aperfeiçoá-los, impedindo que degenerem ou se desestruturem, Por isso o
próximo tópico abordará sobre gestão educacional.
2.2 - Gestão Educacional
Gestão diz respeito a uma atividade relacionada a um modelo de
administração descentralizada e participativa.
Denise Pacheco6 defende que a escola é uma instituição social de
caráter sistêmico aberto, que apresenta um conjunto de elementos (estrutura
física, recursos humanos e materiais, em um entorno) que funde e gera em si a
história pessoal de cada um desses elementos vivências culturais
diferenciadas, leitura do mundo também distintas.
Ela chama de visão sistêmica à identificação da especificidade das ações de
cada um dos elementos, visando à sua plena otimização, tarefa que exige a
atuação responsável e competente do gestor escolar.
Na concepção de um modelo de gestão escolar de cunho sistêmico e
metodológico, devem ser estabelecidos, inequívoca e inicialmente, os
fundamentos filosóficos e conceituais que o sustenham: a cultura
organizacional, o planejamento estratégico, o projeto político–pedagógico, os
processos e a tecnologia de processamento da informação (comunicação), os
recursos humanos e materiais, a qualidade e os instrumentos de avaliação e
reestruturação.
2.3 - Cultura Organizacional
Cada instituição educacional possui sua própria cultura organizacional
que define modos de funcionamento, as relações da equipe e os valores que
6PACHECO, Denise Gomes Real da Cruz – Os desafios do gestor escolar. Módulo VI – Gestão Estratégica e Planejamento na Administração Escolar. Página 3
17
orientam sua prática. Assim, é de fundamental importância o gestor e seus
colaboradores compreenderem a cultura organizacional da instituição em que
exercem suas funções.
O que é preciso notar é que já existem estudos que mostram que a
cultura organizacional no Brasil difere de outras culturas organizacionais, o que
pode parecer óbvio, entretanto é digno de ressalvas, uma vez se entenda com
mais clareza a cultura do seu povo o gestor pode se criar uma cultura
organizacional mais próxima e fácil de ser seguida.
Prates & Barros7 afirmam que ao pensar em se modelar a cultura
brasileira, devemos levar em consideração não somente o traço cultural típico
de forma isolada e descrevê-lo, mas, principalmente, sua interação com outros
traços, formando uma rede de causas e efeitos que se reforçam e se
realimentam. É sob esta perspectiva que propõem um modelo de ação cultural
brasileira na gestão empresarial – um modelo do estilo brasileiro de
administrar, que retrata um sistema cultural com várias facetas, mas que age
simultaneamente através de seus vários componentes.
Dentro da perspectiva definida de se pensar a cultura brasileira,
conforme pesquisas, pode ser caracterizado como um sistema composto de
quatro subsistemas: o institucional (ou formal) e o pessoal (ou informal), o
dos líderes e dos liderados, apresentando traços culturais em comum e traços
especiais, que articulam o conjunto como um todo.
O institucional está relacionado com os traços culturais que encontramos
no espaço da “rua”, enquanto os traços típicos do espaço da “casa” compõem
o subsistema pessoal.
O subsistema dos líderes faz um corte, reunindo traços encontrados
naqueles que detêm o poder, enquanto o subsistema dos liderados abrange
aspectos culturais mais próximos daqueles subordinados ao poder. É muito
importante notar que esta é uma visão dinâmica e relativa, pois qualquer
cidadão pode encontrar características nos subsistemas, conforme a situação
na qual se encontre.
7 PRATES, Marco Aurélio Spyer e BARROS Betânia Tanure. “ O estilo brasileiro de administrar: sumário de um modelo de ação cultural brasileiro com base na Gestão empresarial”. In: MOTTA, Fernando C. Prestes e CALDAS Miguel P. Organizadores. Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo,: Atlas, 1997. página 55.
18
Neste ponto, ressalta-se que, mais do que uma estrutura cultural, será
fundamentalmente seu processo de funcionamento que estará definido o
sistema de ação cultural brasileiro. São as estratégias de articulação dos
elementos dessa estrutura cultural que sustentam a operacionalização do
sistema, garantindo sua ação. Essas estratégias podem ser consideradas
como invenções sociais, isto é, construídas pelo conjunto social, mas também,
subordinadas a elas, se vistas de numa perspectiva de curto prazo.
Pensar sobre a cultura organizacional é de extrema relevância para o
sucesso de toda e qualquer instituição, seja ela de ensino ou não, mas pensar
em se amoldar a cultura sem perder a essência e sua responsabilidade é de
extremo visão administrativa.
Cada cultura tem suas características peculiares e é de extrema
importância esse reconhecimento para não se criar regras e normas que os
colaboradores ou não fazem, ou fingem que fazem.
2.4 – Planejamento Estratégico
O planejamento estratégico é um importante instrumento de gestão que
auxilia, consideravelmente, o administrador educacional em seu processo
decisório na busca de resultados mais efetivos e competitivos para a instituição
de ensino.
O planejamento estratégico8 é um conjunto estruturado de ações
estratégicas, capazes de levar à uma organização tal da instituição que
possibilite melhores resultados nos investimentos administrativos e
pedagógicos, sejam em termos de rentabilidade nos estudos feitos pelos
alunos ou na proposta pedagógica do professor.
O Planejamento Estratégico tem a ver com a longevidade, perenidade, e
sustentabilidade do trabalho pedagógico proposto. Neles estão contidos
caminhos alternativos, escolhidos para se alcançar os objetivos
estabelecidos pela comunidade escolar.
O Processo de planejamento apresenta as seguintes características:
8 GERHARDT, Mauri. Adaptado por AGAREZ, Vera Lúcia Vaz. Introdução ao Planejamento Estratégico. Módulo I – Gestão Estratégica e Planejamento na Administração Escolar. Páginas 6-11
19
§ Processo ordenado e racional;
§ Atividade continua e permanente;
§ Visa a otimização da prática educativa
§ Considera as mudanças do meio ambiente externo.
No meio escolar, planejamento é pensado como um meio para a
obtenção de recursos humanos e tecnológicos eficientes, com o intuito
de sempre se adaptar tais recursos aos novos cenários e exigências do
futuro. Por fim, na elaboração do Planejamento Estratégico as pessoas
que participam devem ter a visão mais abrangente, holística e
sistêmica possível.
Compõem a cultura do planejamento Estratégico:
§ Valores, credos, crenças, marcos doutrinais e mitos;
§ Estilo de liderança;
§ Comportamento grupal;
§ motivação;
§ Espírito de equipe;
§ Qualidade do ambiente;
§ Qualidade de vida;
§ Espírito de criatividade e inovação.
2.5 – Projeto Político- pedagógico
O projeto político–pedagógico é a consolidação do processo de
planejamento estratégico. Concretiza-se num documento que evidencia
detalhadamente os objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser
posto em prática na escola, expressando a síntese das exigências sociais e
legais do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade
escolar.
Para Taheshy Tachizawa e Rui Otávio9 o projeto político-pedagógico
deve ser estruturado a partir do Planejamento Estratégico desenvolvido,
que por sua vez considera o teor de uma análise e ambiental e diagnóstico
9 TACHIZAWA, Taheshy & Andrade, Rui Otávio Bernardes de. Gestão de Instituições de Ensino. Rio de Janeiro: Ed. Da Fundação Getúlio Vargas, 1999. página 90.
20
interno a ser efetuado no âmbito da instituição de ensino dentro dos
contornos delineados pelo modelo de gestão.
José Libâneo10 afirma que o projeto político–pedagógico é tanto a
expressão da cultura da escola como sua recriação e desenvolvimento.
Expressa a cultura da escola porque está assentado nas crenças, valores,
significados, modos de pensar e agir das pessoas que o elaboram. Ao mesmo
tempo, é um conjunto de princípios e práticas que se deseja visando a
intervenção da realidade.
O projeto político –pedagógico precisa ser construído para deixar
evidente a todos a que a instituição de ensino veio, proporcionando a toda
comunidade segurança sobre seu trabalho.
2.6 - Marketing Escolar
Um assunto recente e que ainda encontra muitas barreiras para ser
tratado é o marketing escolar.
Entretanto, se faz necessário a abordar sobre o tema porque ele é um
fator desencadeador da propagação do projeto político-pedagógico.
Segundo Ana Célia Ariza11 fazer marketing escolar requer respeitar um
calendário de ações e estar presente o ano inteiro. Não existe uma fórmula
básica e fácil para conquistar e manter alunos. Contudo, o que se pode afirmar
com segurança é que o aluno quer receber um serviço educacional sério e de
qualidade oferecido por um corpo docente qualificado e capacitado,
assessorado por funcionários treinados e motivados, com instalações
adequadas e, obviamente, ver o nome da sua escola projetado entre as
melhores.
A principal tarefa do marketing, na instituição educacional, é determinar
as necessidades, os desejos oferecidos, preservando, dessa maneira, seu
aluno, e captando novos.
Ana Célia Ariza12 apresenta tipos de marketing:
10 LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2001. página 125. 11 ARIZA, Ana Célia. “Planejamento e Ações de Marketing”. In: COLOMBO, Sonia Simões. Gestão Educacional: uma nova visão. Porto Alegre: Artmed, 2004. página 68. 12 Idem. páginas 71-72
21
§ Relacionamento – tem como objetivo construir uma relação duradoura
com o aluno e seus familiares, baseada na confiança, colaboração,
compromisso, parceria, investimentos e benefícios mútuos, resultando
na otimização do retorno para escola e seus clientes.
§ Um a um – nesse tipo a escola procura tratar o aluno individualmente.
§ Direto – direciona ações ao público-alvo, buscando uma resposta direta
na ação da comunicação.
§ Endomarketing – adoção de ações que valorizam e motivam o
profissional, fazendo-o produzir e render mais suas funções.
§ Dreamketing – ações da escola que devem ser desenhadas para
estimular o aluno a estudar nela, mais o conceito experiência, em que a
escola deve enaltecer as experiências positivas decorrentes de ser
freqüentada.
§ Marketing digital – ações intermediadas por canais eletrônicos como a
Internet.
§ Fidelização ou retenção – são ações integradas, sistemáticas e
contínuas de comunicação e promoção, gerando freqüência e repetição
na rematrícula por parte dos alunos e recompensando-os por isso.
Enfim, a gestão escolar não se limita apenas controlar recursos,
coordenar funcionários e controle no cumprimento dos dias letivos e horas-
aula. O novo modelo de gestão está integrado à esfera holística da instituição
de ensino e todos os seus aspectos.
O gestor deve priorizar a criação de novos mecanismos que dêem
sustentação e eficácia à ação gestora, de modo a considerar os fatores
subjetivos do meio em que ele está inserido, a formação de educadores, além
dos anseios específicos da comunidade a que ele atende.
Sobre o gestor escolar abordar-se-á no capítulo que se segue mais
detalhadamente
22
CAPÍTULO III
GESTOR ESCOLAR
Para que se tenha uma gestão escolar eficaz e producente é preciso que
a liderança seja competente, compromissada, ágil e disposta a cumprir suas
atribuições. O presente capítulo abordará a conceituação de liderança, tipos
de líder, estilos de liderança e sobre o papel de um gestor escolar.
3.1 - Conceitos de Liderança
O conceito de liderança tem sofrido nos tempos hodiernos grandes
transformações que se pode perceber por meio da diferente leitura do que
venha ser liderança. O conceito de liderança atual vai além de ordens dadas
são ordens cumpridas, agora passa a ser mais servil, solidária, mais próxima,
descartando a idéia personalista, tirana e déspota.
James C. Hunter trabalha essa nova idéia de liderança servil. Ele
começa ao definir liderança como " a habilidade de influenciar pessoas para
trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns , inspirando
confiança por meio do caráter. Para ele três palavras merecem destaque:
habilidade, influenciar e caráter. A partir disso ele constrói seu conceito de
liderança ao afirmar que :
Liderança não é gerência. Uma coisa é controlar, organizar, orçar,
manter a ordem outra coisa é conquistar as pessoas, envolvê-las de forma que
coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência a serviço de
um objetivo.
Liderança não é ser chefe, isso porque a liderança é a capacidade de
influenciar os outros para o bem. O cargo não é questão sine qua non para ser
um líder. A liderança é maior do que a hierarquia burocrática.
Liderança é uma tremenda responsabilidade. A responsabilidade
assumida como líder aumenta mais rápido do que o grau de autoridade que
recebe. Se líder é ter consciência da responsabilidade que a função exige.
23
Liderança é uma habilidade. Liderança é uma questão de caráter, e esta
traduzida em ações que deixam claro aos liderados a postura de caráter do
líder..
John Haggai define liderança com um esforço de exercer
conscientemente uma influência especial dentro de um grupo no sentido de
levá-lo a atingir metas de permanente benefício que atendam às necessidades
reais do grupo.
Stephen Robbins conceitua liderança como a capacidade de influenciar
um grupo para alcançar metas.
Jim Kouzes e Barry Posner defendem que só os líderes que prestam
serviço merecem o comprometimento. Para eles, a lealdade não é algo que um
chefe possa exigir; é algo que as pessoas escolhem conceder a uma pessoa
que seja merecedora.
Em meio a todos esses conceitos pode-se concluir, que a essência
da liderança é servir aos seus liderados para que eles possam se sentir
subsidiado a demonstrarem excelência nos exercício de suas funções.
3.2 - Tipos de Liderança
A lista de tipos de liderança é muito extensa, e para o trabalho foi escolhida
a de John Maxwell que apresenta os seguintes tipos de liderança:
1. Líderes inseguros são autocentrados e suas ações, toda informação e
todoa decisão, necessariamente, tem que passar pelo seu filtro de
egocentrismo. E as pessoas que trabalham com esse tipo precisam
desviarem se de sua insegurança para que esta não seja projetada
neles.
2. Líder sem visão não costumam prover direção ou incentivo, e ao
perderem a visão, geralmente, prdem a paixão, o que torna o trabalho
desestimulante.
3. Líder Incompetente é ineficaz e muitas vezes continua assim , não gosta
de ouvir ninguém, gera situações complicadas a todos as pessoas a
quem lidera e também para toda a organização.
4. Líder Egoísta sua liderança visa seu próprio benefício sempre, seu
avanço sempre é à custa dos outros os que estão a sua volta. Não sabe
24
compartilhar as bonificações da liderança com as pessoas que
trabalham para ele.
5. Líder Camaleão seus liderados nunca sabem qual será sua reação, e
isso faz com que haja um desperdício de tempo e energia que poderiam
ser usados em outras atividades na tentativa de prever e antecipar o
próximo passo desse tipo de líder.
6. Líder Político difícil de identificar são motivados pelo desejo de seguirem
em frente. É muito complicado seguir pessoas cujas decisões estão
baseadas em ambições políticas, e não na missão ou no sucesso da
organização.
7. Líder Controlador esse tipo de liderança dificulta o dinamismo , pois
interrompe com constância o progresso das ações, pois acreditam que
ninguém pode fazer um trabalho tão bem quanto eles.
3.3 - Estilos de liderança
Como exemplo do que foi estabelecido nos tipos de liderança o mesmo
critério foi escolhida a lista de estilo de liderança formulado por Bill Hybels
aborda os seguintes estilos de liderança: 1 – Estilo de liderança visionário é o líder tem em mente uma figura nítida do
que o futuro pode guardar. Esse líder fala com entusiasmo infatigável de
sua visão e não mede esforços para que ela se torne realidade.
2 – Estilo de liderança direcional é o líder que tem uma incrível habilidade para
escolher o caminho certo para uma organização quando ela chega a um
impasse decisivo. Ele tem a habilidade de discernir o caminho a ser tomado.
Esse estilo de liderança é extremamente importante porque erros em
momentos decisivos podem arruinar organizações.
3 – Estilo de liderança estratégica é a habilidade de pegar uma empolgante
visão e fragmentá-la em uma série de fase alcançáveis e seqüenciais, para
assim, possibilitar, a uma organização marchar de forma consciente para
concretização de sua missão.
4 – Estilo de liderança gerencial esse tipo de liderança pode parecer
paradoxal, mas não o é porque o líder que ele chama de gerencial é a
25
capacidade que o líder possui de organizar pessoas, processos e recursos, no
esforço de cumprir uma missão.
5 – Estilo de liderança motivacional é a liderança que possui habilidade de
manter seus companheiros de equipe empolgados. Ale disso apresentam o
senso de saber quem precisa de reconhecimento público, e quem precisa
apenas de uma palavra de encorajamento particular.
6 – Estilo de liderança pastoral é um homem ou mulher que monta uma equipe
lentamente, ama os membros da equipe profundamente, acalenta-os
gentilmente, apóia-os firmemente, escuta-os constantemente. Esse tipo de líder
traz os membros da equipe para uma tão rica experiência que os estimula a
realizar sua missão.
7 – Estilo de liderança que forma equipe o líder conhece a visão compreende
como alcançá-la, mas percebe que será necessária uma equipe de líderes e
trabalhadores para executar o objetivo. Formadores de equipes possuem uma
percepção sobrenatural para pessoas certas, com as habilidades certas, o
caráter certo e a apropriada combinação com os outros membros. Em seguida,
bons formadores de equipes sabem como dispor essas pessoas nas posições
corretas, pelos motivos corretos, liberando-os assim para que produzam os
resultados certos.
A diferença entre o líder pastoral e o líder formador de equipes é que o
último é movido mais por uma clara compreensão da visão que pelo desejo de
cuidar e criar um ambiente comunitário.
8 – Estilo de liderança empreendedor possui uma peculiaridade funcionam
otimamente já no início das atividades. Se esses líderes não puderem iniciar
algo novo regularmente, começam a perder energia. Uma vez que um projeto
esteja em funcionamento e operando plenamente, passando a exigir um
gerenciamento estável e contínuo, ou, logo, que ocorram complicações,
exigindo a necessidade de intermináveis discussões a respeito de políticas,
sistemas e controles, a maioria dos líderes empreendedores perdem o
entusiasmo, a concentração, e às vezes até mesmo a confiança.
Por isso, o líder precisa estar atento e por vezes refletir criticamente sobe seu
estilo de liderança apercebendo-se o que acontece em sua volta.
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3.4 - Gestor Escolar
A gestão escolar moderna precisa superar o caráter personalista de
liderança. Para isso é necessário diferenciar os conceitos definir os papéis.
Ao gestor escolar cabe, indiscutivelmente, uma postura em consonância com
os fundamentos da proposta de escola, pois de nada adianta pregar
dogmaticamente um idéia que não seja de fato vivenciada. É outra instância de
um currículo oculto do qual partem coerência entre discurso e prática,
consistência de trabalho, além de segurança para corpo docente, funcionários,
alunos e pais.
A postura do diretor vai mobilizar toda a equipe, espera-se dele que:
Tenha criatividade;
Perceba o macro;
Saiba trabalhar em equipe;
Seja ágil na resolução de problemas;
Se comunique com eficiência.
“O papel inerente do gestor (...) é determinado pelas tarefas e regras de
gestão que lhe competem e não pela personalidade de quem eventualmente o
ocupa”.(Tachizawa, 1999, p.64)
Compreender qual a dimensão ocupada pelos sujeitos nos processo de
gestão democrática e qual sua dinâmica no grupo é um dos grandes desafios
do gestor escolar.
Schein identifica quatro desafios que os líderes têm de enfrentar: criar,
construir, manter e mudar; independentemente do estágio de desenvolvimento
em que se encontram as organizações. Por criar entende-se a energia
propulsora da mudança dentro da organização, enfrentando sucessivos
fracassos, mas mantendo a capacidade de animador junto aos seus
subordinados. Construir implica determinar a cultura da organização, seus
valores, crenças e premissas. Manter significa a capacidade de crescer junto
com a organização, isto é, ter condições de reavaliar-se e perceber a
necessidade de desenvolver novas formas de liderança diante de novos
contextos. E a capacidade de mudar determina a necessidade de um líder
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agente de mudança que, além de adquirir novos conceitos e habilidades, deve
ter o discernimento do que não é mais interessante para a organização.
Cindi Rigsbee, mostra a receita de um grande diretor, a saber:
• Eles vêem a escola como uma família.
• Tratam os professores como profissionais.
• São bem informados.
• Estão próximos das famílias.
• Têm grande s reservas de energia.
• Promovem o espírito de equipe.
• Desenvolvem líderes.
• Recebem ajuda de qualidade.
Enfim, o gestor educacional moderno tem que fazer com que os
estudantes e pais se sintam seguros com a decisão que fizeram em
relação à escola, como um ambiente saudável de aprendizado e
cuidado, bem como fazer com que os funcionários sintam vontade de
serem cada vez mais melhores profissionais.
28
CAPÍTULO IV
CULTURA ESCOLAR
Esse capítulo final demonstrará que não é o mercado, ou a sociedade
que muda a educação e a escola e sim que as duas em trabalho conjunto que
transformam a sociedade.
A afirmação anterior encontra apoio nas palavras de Almeida quando
diz:“Uma sociedade-mundo que oscila entre a ocidentalização do planeta e a
diversidade cultural, entre progresso e miséria, parece ter na educação uma
chave importante para enfrentar o cenário de incerteza que caracteriza nosso
futuro comum.
Esse capitulo aborda a questão da cultura escolar, o que se faz necessário,
abordar os significados de educação e escola.
4.1 - Educação
A educação, por sua natureza, não é uma realidade acabada que se dá
a conhecer de forma única e precisa em seus aspectos multifacetados.
Para Aranha educação não é uma simples transmissão da herança dos
antepassados, mas um processo pelo qual também se torna possível a
gestação do novo, e a ruptura com o velho. Educação é um conceito genérico,
mais amplo, que supõe o processo de desenvolvimento integral do homem,
quer seja da sua capacidade física, intelectual e moral, visando não só a
formação de habilidades, mas também do caráter e da personalidade social.
Cita a definição do professor J. Carlos Libâneo: “educar ( em latim, e-ducare) é
conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é
suscetível de educação”. Para ela, educação é fundamental para humanização
e socialização do homem e dura a vida inteira, e que não se restringe a mera
continuidade, mas supõe a possibilidade de rupturas pelas quais a cultura se
renova e o homem faz a história.
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Demerval Saviani define educação como “um processo que se
caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prática social global”.
E Durkheim mostra que educação é a ação exercida pelas gerações
adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida
social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de
estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no
seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.
Por fim, segundo Aranha, a educação não deve ser apenas considerada
como simples transmissora de valores, mas também como instrumento de
crítica dos valores herdados e dos novos valores que estejam sendo propostos.
A educação deve abrir espaços para que seja possível a reflexão crítica da
cultura. Deve instrumentalizar o ser humano capacitando-o a agir sobre o
mundo e ao mesmo tempo compreendendo a ação exercida.
A escola tem o papel de transmitir um saber em constante mudança, não
definitivo, que não separa teoria e prática, educação e vida.
4.2 - Escola
Quando se fala em escola lembranças surgem de momentos
inesquecíveis que marcam vidas.
Gehringer ao conceituar escola se remete ao grego skhole que significa
“tempo livre”. Momentos de tranqüilidade e despreocupação, fora do trabalho,
dedicados ao aprendizado e às discussões filosóficas normalmente ao ar livre.
Ele continua e afirma que esse sentido original reaparece na frase “trabalhar
naquela empresa foi a minha melhor escola”, porque é nas empresas, à parte
da rotina e das atribuições normais, que cada pessoa pode dar a si mesma a
oportunidade de aprender o que quer, como quer e quando quer.
Para Aranha a escola não deve ser a transmissora de um saber acabado e de
finitivo, não pode separara teoria e prática, educação e vida.
Do ponto de vista sociológico, segundo Oliveira, a escola pode ser
estudada como um grupo social ou como uma instituição. Ela é uma reunião
de indivíduos como objetivos comuns e em contínua interação. Visto por esse
ângulo, a escola é um grupo social que transmite conhecimento. Mas a escola
é também uma instituição, ou seja, uma estrutura mais ou menos permanente
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que reúne normas e procedimentos padronizados, altamente valorizados pela
sociedade, cujo principal objetivo é a socialização do individuo e a transmissão
de determinados aspectos da cultura e do conhecimento.
Oliveira conclui seu pensamento afirmando que a escola reflete os
valores da sociedade em que se encontra.
A escola deve ser um lugar de construção do saber, este tem que ter
sabor que agrada o paladar para que haja transformação pessoal e da
sociedade. A escola exerce o papel de mediação entre o ser humano e os
modelos sociais.
4.3 - Cultura Escolar
Cultura Escolar foi termo extraído do texto “Cultura Escolar: quadro
conceitual e possibilidades de pesquisa”, escrito por Fabiany de Cássia
Tavares Silva. Para ela, a escola é um objeto de estudo com elemento está sempre
presente quando o objeto de estudo é a escola, que é uma cultura própria
dessa instituição. Cultura que a conforma de uma maneira muito particular,
com uma prática social própria e única.
Com uma função social básica, que vai além de prestar serviços
educativos. Logo, não pode ser entendida como uma organização social, pois,
essa figura burocrática está calcada na necessidade de gerir seu espaço e
tempos particulares, o que, obviamente, contradiz as premissas que instituem a
função social da escola, bem como o seu entendimento como um mundo social
instituído de uma cultura própria. A estrutura organizacional da escola não está
sustentada apenas por um plano racional determinado pela burocracia. A
escola é uma totalidade mais ampla, “compreendendo não apenas as relações
ordenadas conscientemente, mas, ainda, todas as que derivam de sua
existência enquanto grupo social” (CANDIDO, 1964, p. 107).
A organização e a estrutura de funcionamento e, portanto, de tomada de
decisões no cotidiano escolar é peculiar, pois as escolas são instituições
especiais e diferentes das organizações sociais, conforme afirma Nóvoa:
As escolas são instituições de um tipo muito particular, que não podem
ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina: a educação não tolera a
31
simplificação do humano (...) que a cultura da racionalidade empresarial
sempre transporta (NÓVOA, 1998, p. 16).
Enfim, por mais que a escola entre no mercado econômico e se
estruture como uma empresa ela é uma instituição que instruí, forma, capacita
e descobre habilidades, pois ela trabalha com vida.
32
CONCLUSÃO
A sociedade globalizada, plural, individualista, materialista, hedonista, é
a realidade do contexto vivencial atual. Esse contexto tem trazido muitos
benefícios, bem como malefícios a todos os seres humanos.
Educação, em sua forma institucionalizada, que é a escola, devido as
mudanças da sociedade, precisou repensar sua visão administrativa, agindo de
forma menos burocrática e mais gestacional.
O que gerou a necessidade de se preparar o gestor educacional para
acompanhar a competitividade, alcançar resultados, gerir a escola para que ela
acompanhe as demandas da sociedade atual. O que pode ser um perigo, se
houve o cuidado, de não se olhar para educação como um produto, com
modelos pré-estabelecidos, o que não passa de transmissão de idéias
selecionadas e organizadas logicamente. Para fazer com que os estudantes
tenham êxito em suas provas de seleção, para que o currículo seja dado a fim
de cumprir o programa.
Atenção para não considerar o ser humano como inserido num mundo
que irá conhecer por meio de informações que lhes serão fornecidas e que se
decidiu serem as mais importantes e úteis para ele. Enxergá-lo um receptor
passivo, que até que, repleto das informações necessárias, pode repeti-las a
outros que ainda não as possuam, assim como pode ser eficiente em sua
profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos.
Diante disso o que nos remete são a lembrança de Paulo Freire, que
lutou com afinco para fazer uma educação que não se caracterizava por
depositar no aluno, conhecimento, informações e fatos e sim conscientizá-lo de
seu papel como agente de transformação na sociedade em que vive.
Por isso, acreditando que a educação transforma a sociedade, que não
segue padrões, pois a sua dinamicidade não permite, e por ser cíclica espera-
se que se pode mudar a abordagem atual, denominada educação bancária
33
cibernética, para uma educação libertária cibernética que desfruta do novo,
mas sempre o avalia para mante-lo em constante mudança.
34
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