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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DESENHO INFANTIL: UMA FERRAMENTA DE APOIO PARA A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Por: LUCÉLIA FREITAS Orientador Profª Maria da Conceição Maggioni Poppe Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DESENHO INFANTIL: UMA FERRAMENTA DE APOIO PARA A

INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Por: LUCÉLIA FREITAS

Orientador

Profª Maria da Conceição Maggioni Poppe

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DESENHO INFANTIL: UMA FERRAMENTA DE APOIO PARA A

INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Lucélia Freitas

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AGRADECIMENTOS

“Um homem sem amigos, e como um livro sem

escrituras”.

(Autor Desconhecido)

Agradecer, ao meu ver, se faz necessário. Ser grata é a retribuição de

todo carinho e educação pelo qual pessoas que passaram, estão presentes ou

passarão em nossa vida, são homenageadas pela colaboração em nossa

constituição como sujeito.

E é acreditando nisso que com muito amor e gratidão agradeço ao

elenco de personagens da história da minha vida redigida até aqui e que

influenciarão nos próximos capítulos, pois concordo com Dewey quando cita

que “o conhecimento do passado é a chave para entender o presente”.1

Sustentando-me nessa crença, dedico este trabalho a seres humanos

que se constituíram em uma condição sine-qua-non em minha formação.

Por isso começo a agradecer a meu amigo maior, que me acompanhou

em todos os momentos, dando-me sabedoria e discernimento nos momentos

de decisão, mais que um obrigada, eu dedico o meu louvor ao amigo DEUS.

Seguido dos meus amados pais pela eterna luta travada para que eu

pudesse, hoje, estar aqui a concretizar mais esta etapa, bem como pela eterna

dedicação e amor que a mim confere.

A toda minha família que sempre foi exemplo de vida para mim, e que

1 DEWEY, Democracia y educación, Buenos Aires, Losada, 3ª ed., 1957.

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cotidianamente motivaram, e certamente motivarão muitos outros sonhos que

hão de se concretizar também.

A orientadora Maria da Conceição Maggioni Poppe.

Aos amigos que me deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado

nossos caminhos, aos que acompanharam ao nosso lado nossas angústias,

aos que participaram entre uma cena e outra do espetáculo de nossas vidas, e

finalmente àqueles que não só estiveram presentes, mas que auxiliaram e

contribuíram para uma caminhada menos penosa.

Agradeço a todos que me encorajaram a seguir sempre em frente e

àqueles que de alguma forma contribuíram para a minha caminhada.

Eu poderia desejar a todos vocês mencionados um muitíssimo obrigada,

mas acredito que isto seja muito pouco perto do que vocês fizeram por mim.

Assim, peço a Deus que os abençoe sempre e que me dê força para retribuí-

los à altura, em algum momento das nossas caminhadas pela vida.

Amo muito todos vocês!!!

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os profissionais

que têm lutado por uma educação que

possibilite uma transformação social, visando

a justiça, a igualdade entre os povos e

principalmente ao comprometimento com os

cidadãos de hoje e do amanhã.

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RESUMO

Os trabalhos plásticos das crianças muitas das vezes são utilizados

como passatempo, ou uma forma de preencher o vazio entre uma atividade e

outra,porém é um objetivo precípuo desta pesquisa desmistificar essa

concepção,comprovando que a criança faz uma relação próxima do desenho e

da percepção do adulto. Neste sentido o desenho é uma forma de

representação que pode revelar o conteúdo da imagem mental da criança. Isso

tudo porque o desenho propicia à criança um contato consigo mesmo e com o

universo. Através do desenho não só demonstra seu mundo interior, seus

conflitos, seus receios, suas descobertas, suas alegrias, suas tristezas, etc.,

como os trabalha.

Neste trabalho foram elaborados os pontos primordiais do

desenvolvimento do grafismo infantil.Foram destacados aspectos do

desenvolvimento gráfico infantil como: a importância de sua significação como

forma de expressão, tanto oral como escrita; como o desenho representa a

linguagem própria infantil como vocabulários e repertório próprio de signos

gráficos, alem de sua colaboração no processo de socialização da mesma. No

decorrer do trabalho serão mostrados alguns desses exemplos, através do

material concreto, de como se processa o desenvolvimento gráfico da criança

em diferentes fases de desenvolvimento.

Com isso o presente estudo procura focalizar características e funções do

desenho a fim de mostrar a sua importância para a criança e o

desenvolvimento do trabalho psicopedagógico nas escolas.

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METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta-se como um espaço de investigação e

reflexão sobre o desenho infantil no contexto psicopedagogico.

Pretende-se com este trabalho buscar subsídios para que o

psicopedagogo amplie o seu conhecimento acerca das questões relevantes na

utilização desta estratégia para a ação educativa e para a prática

psicopedagógica.

Para tanto a metodologia do presente estudo está ancorada na

observação de práticas no âmbito de atuação de psicopedagogos e na análise

de livros e periódicos atuais sobre a psicopedagogia e desenho infantil.

Desse modo as contribuições de Piaget (1975) para quem os estágios

de desenvolvimento serão decisivos na compreensão dos desenhos infantis,

Luquet (1927) que discorre sobre as fases do desenho infantil e Porto (2006) a

qual nos revela algumas formas de intervenção psicopedagógica serão uma

condição sine qua non para a realização desta pesquisa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - NOS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA E DO DESENHO ........................................................................................................ 11

CAPÍTULO: II - A LEITURA INTERPRETATIVA DO DESENHO INFANTIL .. 18

CAPÍTULO III - NOVAS PRÁTICAS DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: O QUE DIZ O DESENHO? ......................................... 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 56

FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................. 60

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INTRODUÇÃO

O desenho tem influencia importante sobre o desenvolvimento da

personalidade infantil, e por isso ela deve ser estimulada para que a criança

possa ampliar as possibilidades cognitivas, afetivas, sócias e criadoras da

criança.

Partindo desses pressupostos pode-se compreender que há vários

sentidos na expressão gráfica do desenho infantil, pois nele a criança utiliza-se

de múltiplos caminhos para registrar percepções, conhecimentos, emoções,

vontade, imaginação, memória no desenvolvimento de uma forma de interação

social, apropriada a suas condições físicas, psíquicas, históricas e culturais.

Com isso torna-se pertinente estabelecer um estudo que me permita

compreender como a criança desenha para significar seu pensamento, sua

imaginação, seu conhecimento, criando um modo simbólico de objetivação de

seu pensamento. Não obstante cabe destacar que a não compreensão por

parte dos educadores das questões expressas acima é um fator determinante

para a escolha do tema.

Pautada em alguns estudiosos da área, trabalho com a hipótese de que

o desenho constitui uma língua que possui vocabulário. Percebe-se que a

criança faz uma relação próxima do desenho e da percepção do adulto. O

desenho é uma forma de representação que pode revelar o conteúdo da

imagem mental da criança. Isso tudo porque o desenho propicia à criança um

contato consigo mesmo e com o universo. Através do desenho não só

demonstra seu mundo interior, seus conflitos, seus receios, suas descobertas,

suas alegrias, suas tristezas, etc., como os trabalha.

O desenho infantil tem sido objeto de estudo de psicólogos, psiquiatras,

sociólogos e pedagogos, pelo fato de a representação gráfica ser considerada

um meio para o acompanhamento e a compreensão do desenvolvimento da

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criança, constituindo um original campo de estudo. O desenvolvimento nesse

campo de estudo se dá por conta de que a imagem, em todas as suas formas,

vem ocupando cada vez mais papel importante na comunidade e na interação

social. A atividade do desenho pode indicar os múltiplos caminhos que a

criança usa para registrar percepções, conhecimentos, emoções, imaginação,

memória no desenvolvimento de uma forma de interação social, apropriada a

suas condições físicas, psíquicas, históricas e culturais.

A criança geralmente faz a interpretação de seu desenho seguida de um

comentário verbal, ou seja, a interpretação verbal que é a intimidade exposta e

revelada.A interpretação verbal da criança pode ser mais criativa do que seu

próprio desenho e sendo assim, sua interpretação pode se tornar uma estória.

Sabemos que o desenho através do seu signo visual pode conter várias

interpretações. Exemplo: agora o desenho pode ser uma casa, daqui a pouco

se torna uma montanha e vai mudando de acordo com a vontade da criança.

No capitulo l: objetiva-se repensar acerca de algumas concepções

históricas referentes a psicopedagogia e ao desenho, comprovando alguns

fatos estruturalmente enraizados.

No segundo capítulo, é abordada a questão do processo da produção do

desenho, como surgimento de diferentes processos psicológicos, tornando

claro como o a criança vai dialogando com o mundo que a cerca por meio do

desenho. Neste capítulo é também apresentado o desenvolvimento da criança

através do grafismo segundo autores consagrados.

Por fim objetiva-se analisar o desenho infantil enquanto uma das

estratégias e instrumentos no trabalho de investigação psicopedagógica.

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CAPÍTULO I - NOS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA

PSICOPEDAGOGIA E DO DESENHO

Tendo por objetivo repensar acerca de algumas concepções históricas

referentes a psicopedagogia e ao desenho, comprovando alguns fatos

estruturalmente enraizados este capítulo busca uma compreensão da trajetória

da psicopedagogia e do desenho.

1.1 - A Psicopedagogia em pauta

Mais do que a união entre a pedagogia e a psicologia,a

psicopedagogia pode ser considerada como um campo de atuação próprio,na

medida em que recebe influências da psicanálise, da lingüística, da filosofia

humanista-existencial e da medicina,etc...

Desse modo pode-se dizer que a psicopedagogia surgiu da

necessidade de compreensão do processo de aprendizagem, de caráter

interdisciplinar, uma vez que possui seu próprio objeto como característica a

ambigüidade tanto da palavra como ao que se reporta. Sistematiza um corpo

teórico, definindo seu objeto de estudo e delimitando seu campo de atuação.

Assim, a psicopedagogia é um campo do conhecimento em Educação

e Saúde que se ocupa do educando em seu processo de ensino-

aprendizagem. Pode-se dizer então, segundo Porto (2006) que o

psicopedagogo é um “clínico geral”, pois leva em conta, a grande variedade de

temas: a afetividade, o desenvolvimento, a aprendizagem, as relações sociais

e institucionais, a deficiência mental entre outros, com o mesmo grau de

importância, tanto os aspectos físicos como os psicológicos e os sociais. A

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intervenção psicopedagógica implica em um trabalho terapêutico (clínico) ou

preventivo (institucional).

De acordo com Sampaio (2005):

Os primeiros Centros Psicopedagogicos foram

fundados na Europa, em 1946, por Boutonier e

Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes

Centros uniam conhecimentos da área de

Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde

tentavam readaptar crianças com comportamentos

socialmente inadequados na escola ou no lar e

atender crianças com dificuldades de aprendizagem

apesar de serem inteligentes. Esperava-se através

desta união Psicologia-Psicanálise-Pedagogia,

conhecer a criança e o seu meio, para que fosse

possível compreender o caso para determinar uma

ação reeducadora.

In: www.psicopedagogia.com.br

Foi então na década de 70, em Buenos Aires, que surgiu a primeira

faculdade de psicopedagogia da Argentina. Neste período pode-se destacar a

ênfase na formação filosófica e psicológica, a psicologia experimental na

formação do psicopedagogo e a carreira de graduação com inclusão das

disciplinas clínicas.

Equipes de psicopedagogos faziam diagnóstico e tratamento em

centros de saúde mental, com resultados no campo da aprendizagem, mas

com o aparecimento de graves distúrbios de personalidade. Assim, advém uma

mudança na abordagem psicopedagógica, realçando a atuação nas áreas de

educação e saúde.

A psicopedagogia no Brasil analisa o processo de aprendizagem e

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suas dificuldades e, de forma profissional, engloba campo de conhecimento.

Na questão da formação, acentua o caráter interdisciplinar. De acordo com

Bossa:

‘’A psicopedagogia trabalha com uma concepção de

aprendizagem segundo a qual participa desse processo

um equipamento biológico disposições afetivas e

intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito

com o meio, sendo que essas disposições influenciam e

são influenciadas do sujeito pelas condições

socioculturais do sujeito e do seu meio’’ (BOSSA, 2000,

p.22).

Ao realizar trabalho de clínica e de prevenção, o profissional deve ter

como base um referencial teórico. Como prevenção, deve detectar

perturbações na aprendizagem, participar ativamente do grupo educativo e

desempenhar orientação individual e em grupo, fazendo com que a criança

encare a escola de hoje, ampliando sua personalidade, favorecendo iniciativas

pessoais, respeitando interesses e sugerindo atividades.

O trabalho psicopedagogico implica na compreensão da situação de

aprendizagem do sujeito, o que requer uma modalidade particular de ação para

cada caso no que diz respeito à abordagem, tratamento e forma de atuação.

Assim, o trabalho adquire um desenho clínico próprio e o psicopedagogo deve

buscar o significado de informações que lhe permitirá dar sentido ao sujeito

observado, objetivando a aprendizagem do conteúdo escolar e trabalhando a

abordagem preventiva. Para isso, o psicopedagogo deve tomar uma atitude de

investigador e interventor.

Na psicopedagogia institucional o sujeito é a instituição e sua complexa

rede de relações. O psicopedagogo trabalha na construção de conhecimento

do sujeito que, neste caso, é a instituição, com sua filosofia, valores e

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ideologia. Na instituição escolar o trabalho psicopedagogico deve ser pensado

no campo da socialização de conhecimentos disponíveis, na promoção do

desenvolvimento cognitivo e na construção de regras de conduta, num projeto

social mais amplo. A escola, vista como sujeito, é participante do processo de

aprendizagem e é a grande preocupação do psicopedagogo na ação

preventiva. Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um

profissional qualificado, esta apto a trabalhar na área de educação, dando

assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para

a melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para

prevenção dos problemas de aprendizagem. Por meio de técnicas e métodos

próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagogico

visando à solução de problemas em espaços institucionais. Juntamente com

toda a equipe escolar, esta mobilizada na construção de um espaço adequada

as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimento. Ele elege

a metodologia e / ou a forma de intervenção como objetivo de facilitar e/ou

desobstruir tal processo. Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro

da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação

pessoal e profissional implica a configuração de uma identidade própria e

singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de

atuação na instituição escolar.

O tratamento psicopedagogico visa eliminar sintomas. Deste modo, a

relação do psicopedagogo com seu paciente tem como objetivo solucionar os

efeitos nocivos do sintoma para, após, dedicar-se a garantir os recursos

cognitivos. Pressões internas e externas conduzem o profissional a desviar-se

de seu propósito esquecendo-se de trabalhar o sujeito de modo que ele atinja

situação de autonomia frente ao processo de aprendizagem.

São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os

alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na

escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com a maiorias das

crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivo toa simples

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de serem resolvidos. Problemas familiares, com os professores, com os

colegas da turma, nos conteúdos escolares, nas avaliações...

Dessa forma o psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a

compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno,

abrindo espaço para que a escola viabilize recursos para atender as

necessidades de aprendizagem. Com isso o psicopedagogo institucional passa

a se tornar uma ferramenta poderosa no auxilio da aprendizagem.

Partindo desses pressupostos pode-se então perceber que as

intervenções psicopedagógicas no ambiente Escolar auxiliam e muito na

construção/consolidação da aprendizagem dos educandos, para tanto é mister

identificarmos algumas ferramentas de intervenção psicopedagógica que

facilite este trabalho2.

1.2 – Desenho: uma linguagem expressiva para a humanidade

"O homem sempre desenhou. Sempre deixou registros

gráficos, índices de suas experiência, comunicados

íntimos destinados à posteridade para que este possa se

expressar,se fazer compreender O desenho, assim como

a linguagem é tão antigo e tão permanente , sempre

esteve presente desde que o homem inventou o homem".

(Derdyk,1989 p. 45)

2 Preocupações com os recursos que podem ser utilizados no diagnóstico e

intervenção psicopedagógica são constantes na tocante à Psicopedagogia,

principalmente porque ela ainda não se constituiu uma profissão é, portanto,

uma área de prestação de serviços, embora a Associação Brasileira de

Psicopedagogia esteja empenhando-se para seu reconhecimento enquanto

profissão regulamentada.

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Uma análise acerca da história do desenho (ou “pré-história”) começa

quase que ao mesmo tempo em que uma análise do próprio homem.

Nas cavernas ficaram gravados, por meio de desenhos, os hábitos e

experiências dos primitivos “homens das cavernas” que usavam as pinturas

rupestres como forma de se expressar e comunicar antes mesmo que se

consolidasse uma linguagem verbal.

Ao longo dos séculos o desenho passou a ser utilizado cada vez de

formas mais diferentes. Sendo até mesmo, um precursor da linguagem escrita,

da fotografia e assim, do cinema, e até mesmo das representações

cartográficas.

Na pré-história o desenho surgiu como forma de as pessoas se

comunicarem facilitando o desenvolvimento de uma linguagem falada e escrita.

Não que o homem tenha aprendido a desenhar antes de falar, porque isso é

praticamente impossível de determinar uma vez que a linguagem falada não

deixa marcas em paredes como as pinturas rupestres. Mas é inegável que a

expressão por meio de pinturas facilitou a comunicação para aqueles povos.

No que tange a antigüidade o desenho ganha “status”de sagrado, na

medida em que é utilizado para decorar tumbas e templos (tanto o é que, para

os antigos egípcios uma grave condenação para alguém após a morte é ter

raspados todos os desenhos e inscrições de sua tumba).

Com o passar do tempo as ferramentas utilizadas para o desenho, tais

como a invenção do papel pelos chineses há mais de três mil anos ou a criação

da caneta em esferográfica, em 1938 permitiram não só a evolução destes

“apetrechos”,como também a evolução do próprio desenho.

Na década de 90 para cá as evoluções foram enormes. Centenas de

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periódicos no mundo todo tratam exclusivamente do assunto “desenho” em

suas mais diversas modalidades: cartuns, charges, desenhos técnicos,

desenho artístico, caricatura, animes, mangás, grafite e outros.

Todos com o seguinte objetivo: comunicar-se, mesmo que por vezes

inconsciente, através da arte.

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CAPÍTULO: II - A LEITURA INTERPRETATIVA DO

DESENHO INFANTIL

“O desenho fala sujeito, da sua subjetividade, da sua

posição frente ao mundo”

(Porto, 2006 p.67)

Este capítulo tem por finalidade compreender que a leitura interpretativa

é uma atividade intertextual, portanto interpretar o desenho da criança significa

elaborar tentativas de apreensão de significados que o autor (a) atribuiu às

figurações.Por isso não há uma maneira correta de si interpreta já que existe

diferente característica de leitores. A interpretação do desenho da criança esta

presa ao reconhecimento do interprete, as relações interpessoais, que são a

base do desenvolvimento, têm que fundamentar também a análise da atividade

gráfica. E é justamente nas formulações gerais de Vygotsky para uma teoria

histórico-cultural que podemos encontrar novos elementos para a superação

das concepções sobre desenho até hoje predominantes.

Vygotsky (apud Ferreira, 1998) argumenta a favor de um funcionamento

psicológico histórico-cultural: as chamadas funções psicológicas superiores que

são construídas no seio das relações entre os homens. Há uma interação

contínua entre as condições sociais, que estão em constante mudança, e a

base biológica do homem. Com o uso de signos, ocorrem transformações

qualitativas nos processos psíquicos, pois o acesso do sujeito ao mundo é

mediado pelas ferramentas (instrumentos) e pelos sistemas simbólicos de que

ele dispõe. Segundo o autor, a criança, ao desenhar, não reproduz a imagem

do objeto que vê, de forma reflexiva. Ela cria figuras para representar os

objetos que lhes transmitem sentido e essas mesmas figuras criam novos

campos de realidade.

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A imaginação é uma atividade mental que se desenvolve gradualmente

e esta vinculada com a realidade significativa da criança.

A teoria histórico-cultural de Vygotsky é um dos modos de conceber o

desenvolvimento e o conhecimento humanos, que pode fundamentar não só a

compreensão da constituição do desenho das crianças como também suas

interpretações. O desenho é uma das esferas de atividade simbólica por meio

da qual a criança pode liberar e exercitar sua imaginação. Esta é uma das

características constituintes do desenho e perpassa a realização da atividade

gráfica. Ao desenhar, a criança “materializa” sua imaginação, criando outras

realidades. As marcas gráficas funcionam como elementos que possibilitam à

criança libertar-se de seu cotidiano e permitem que crie situações imaginárias,

às vezes muito distantes de seu dia a dia.

Afirmando as influências dos fatores biológicos e sociais na constituição

e no desenvolvimento humanos, Vygotsky, ao que referir-se especificamente

ao desenvolvimento da criança diz que ‘’ O desenvolvimento infantil é um

processo altamente complexo que não pode ser definido, em estágios com

base em uma só de suas característica’’. Vygotsky (apud Ferreira, 1998).

O desenho como signo, é considerado na teoria histórico-cultural não

como simples derivado da memória, mas como algo constituído pelas

interações sócias, que pode modificar a estrutura das funções

psicológicas.Para a psicologia histórica – cultural, os instrumentos os signos

são elementos mediadores fundamentais no processo do desenvolvimento.Na

teoria histórico-cultural, as relações interpessoais, que são à base do

desenvolvimento humano, devem funcionar como parâmetro para a análise do

desenho, a linguagem é considerada um sistema de signo básico entre os

seres humanos e, em todas as suas formas, é o signo mediador para o

desenvolvimento das funções psicológicas e para a contribuição da

consciência. Assumindo a constituição social do grafismo, este trabalho

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privilegia um olhar sobre as condições sociais de produção dessa atividade

humana.

Pela mediação dos signos, pensamento e conhecimentos são

constituídos. A linguagem, como signo por excelência, mediadora no

desenvolvimento das funções psicológicas, constitui o desenho da criança.

Quando a criança desenha pelo prazer de desenhar ela esta estimulando

dentro de si funções psicológicas superiores como: a percepção; a atenção; a

memória; a imaginação; é estas são constituídas e mediadas pelos signos, e

pela linguagem. Como produto dessa atividade humana, o desenho desde o

rabisco, o traçado, até figuras mais elaboradas, pode adquirir o caráter de

instrumento simbólico. Como signo, o desenho pode ser uma ferramenta

psicológica que direciona a mente e a conduta da criança, atuando como

mediadora no desenvolvimento das funções psicológicas.

A criança, ao nomear o desenho, faz isso numa seqüência evolutiva.

Essa seqüência foi usada por Vygotsky como exemplo para explicar a

elevação de uma atividade ao nível intencional, pela fala egocêntrica.

É comum ver crianças em idade pré-escolar desenhando e falando para

si mesma.É a fala egocêntrica orientando o desenho. O desenvolvimento do

pensamento acompanha o desenvolvimento da fala pelo fato de ser esta a

constituidora.Segundo Vygotsky (apud Ferreira, 1998 p.18). a criança

apresenta o desenvolvimento da fala pelo seguinte esquema: primeiro a fala

social; depois a fala egocêntrica e então a fala interior. Dessa forma, o

desenvolvimento do pensamento vai do social para o individual.

Em idade pré-escolar, a criança, ao desenvolver a fala, desenvolve

também o seu pensamento, e suas ações e assim ela vai se desenvolvendo

gradualmente ate mesmo na atividade de desenhar. Tal evolução é

decorrente, também, na internalização das práticas sócias e dos signos.

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Através da fala, as crianças estabelecem relações que podem refletir-se

nas figurações do desenho. A criança aprende, desde muito cedo, que seus

movimentos gráficos têm um significado a partir da mediação do outro.

É justamente na fala do outro, que traz embutido um olhar sobre o

desenho, que aparecem elementos relacionados à imaginação. Estimulada

pela fala do ‘’outro’’, a criança pode imitar um esquema figurativo. Nesse

movimento interativo, utilizam-se muitas formas de apropriação de

conhecimentos do ‘’outro’’. Portanto, ’’apropriar-se’’é aprender que exige da

criança um complexo de ações para constituir-se, e este conhecimento é

estabelecido pelas mediações sócias, históricas e culturais e pelo

desenvolvimento das operações mentais e motoras.as atividades mentais da

criança são constituídas e desenvolvidas na complexidade de suas múltiplas

interações com a realidade conceituada e mediada pelo’’outro’’ e pelos

signos.Assim as figurações e imaginação fundem-se compondo o desenho da

criança que constitui um campo de significações aberto às interpretações.

Quando perguntamos para a criança “O que você desenhou?”; “Conta

para mim o que você desenhou” provocam imediatamente na criança um

movimento de pensamento calcado na imaginação. A garatuja necessita do

apoio da palavra para ser significada, pois nem o adulto e às vezes nem a

própria criança, autora do traço, reconhecem um sentido rabisco feitos na folha

de papel. No momento em que o desenho ainda não pode ser identificado, o

conteúdo imaginativo emerge através da palavra. Esta é necessária para a

identificação das marcas ou pelo menos das intenções da criança.

Considerando que as crianças têm freqüentado creches e escolas de

educação infantil cada vez mais cedo e que nessas instituições é que vai se

dar um contato mais formalizado com as atividades gráficas, torna-se

extremamente importante à maneira com que nelas tais atividades são

abordadas. Ao desconsiderar as relações entre desenho e imaginação, a

escola acaba por naturalizar o grafismo da criança, deixando-a desenhar por

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conta própria, completamente “abandonada” ou então tratando essa atividade

de forma extremamente mecânica, perdendo a riqueza de possibilidades

geradas pela atividade de desenho.

2.1 - As primeiras linguagens gráficas da criança na expressão

e comunicação de suas representações com o mundo

Garatujas, girinos, sóis, desenhos transparentes, e cada vez mais

próximos da forma que podemos chamar de real, são as representações de

como a criança lê o mundo, enxerga a vida, expressa o que sente.

O desenho, primeira manifestação da escrita humana, continua sendo

a primeira forma de expressão usada pala criança.

Neste sentido, o desenho aparece muito antes da entrada da criança

na escola, mas o fato é que há uma mudança qualitativa no grafismo a partir do

seu ingresso neste novo universo. Se até então a influência do outro poderia

ser sutil - ou não -, agora há uma preocupação mais formalizada em relação à

produção gráfica. A escolarização tanto pode oferecer amplas oportunidades

de desenvolver, ampliar e modificar o repertório gráfico da criança, quanto de

abafá-lo e/ou prejudicá-lo.

Através do desenho, a criança vai dialogando com o mundo,

desenvolvendo no papel suas emoções, em constante busca de sua

inteligência e comunicação. O desenho, como linguagem visual, tem signos

próprios, elementos básicos de apropriação que lhe são particulares. Nossa

relação com ele vai além do aspecto figurativo explícito e aciona a fantasia e a

imaginação. O desenho é a manifestação de uma necessidade vital da criança

de se expressar.

Por isso quando a criança desenha, ela estabelece um vínculo entre os

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objetos e o seu desenho, sem ter a intenção de representar, algo através dos

seus traços.A criança apresenta no desenho todos os elementos mais

característicos do objeto, independente da posição que eles ocupem no objeto

real. Ela cria figuras para representar os objetos que lhes transmitem sentido e

essas mesmas figuras criam novos campos de realidade. A imaginação é uma

atividade mental que se desenvolve gradualmente e está vinculada com a

realidade significativa.Pelo processo de associação, a criança agrupa os

elementos que foram selecionados e modificados, combinando-os num todo

complexo por meio do trabalho da imaginação.

A representação gráfica do espaço no desenho requer a organização

das vivências espaciais da criança e a capacidade de poder expressar tais

representações numa linguagem. Leite (1998) pretende ressaltar a idéia de

que o desenho é único e individual que não pode ser questionado,

possibilitando a construção de uma leitura singular.

Para Vygotsky (apud Leite,1998), quando estamos desenhando

também expressamos nossos sentimentos, nossas afetividades, nossos

conhecimentos e esses juntos são as imagens que temos de nós mesmos e da

humanidade em gera. A criança quando desenha faz uma representação da

realidade.A leitura e a compreensão gráfica são elementos de imagem que só

ganham significados quando aciona a experiência, a imaginação do indivíduo.

Partindo desse entender o desenho infantil desde suas primeiras

garatujas desordenadas, vai construindo seus próprios movimentos, ampliando

seus horizontes lingüísticos, uma vez que estes começam a trazer

intencionalidade.

Leite (1998), afirma que a criança pinta e desenha o que sente ou sabe

que existe, mesmo que não seja o que é possível ver. Por exemplo, as

caricaturas que são formas muito intensas de brincar com a realidade, são as

expressões mais explícitas da ludicidade presente na grafia. Quando a criança

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começa representar o espaço de modo topológico não quer dizer que ela o

vivencie da mesma forma, pois há uma defasagem entre a percepção do

espaço e sua representação gráfica no desenho.

Portanto, ao desenhar, a criança está relacionando seu conhecimento

objetivo e seu conhecimento imaginativo. E, quando se apropria das

convenções do desenho, a criança está aprimorando esse sistema de

representação gráfica mais isso não quer dizer que ela deva representar os

objetos.

Assim como nas brincadeiras, as crianças registram suas histórias o

desenho é também uma forma de brincadeira que faz um registro histórico e

cultural, pois quando olhamos o desenho ou uma pintura de uma criança, não é

difícil perceber os significados de suas experiências pessoais. O desenho como

registro de experiências é muito significativo para as crianças pré-escolares,

porque é a primeira linguagem gráfica delas. A utilização do desenho

espontâneo é muito utilizada para se conhecer a personalidade da criança -

entre outras coisas, pois ele propicia conhecer o universo simbólico, temático e

conceitual da criança, porque se tratar de uma atividade não dirigida, o sujeito

que vai determinar o que vai realizar graficamente, segundo seus interesses.

Porém muitas das vezes na escola encontramos modelos para serem

seguidos e copiados em sala de aula como, por exemplo; pintar o que foi

mimeografado ou até mesmo que as crianças cubram os pontilhados. Será que

desta forma através do desenho a criança estará relacionando-se e interagindo

com o seu entorno, ou essas atividades de colorir e pontilhar não dão imagem

de repetição?

O psicopedagogo tem que estar atento, pois em muitas escolas é o

educador que determina o que as crianças desenharão, e tem o interesse de

nomear os rabiscos do papel, ao invés de estarem observando o movimento

sinestésico que a criança está desenvolvendo. Estamos cada vez mais

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limitando o desenho, como ele fosse uma “língua-morta”, pois as crianças

muitas vezes não reproduzem nada em si só repetem tudo o que o educador

determina. Com isso os educadores estão desconsiderando o desenho como

linguagem e comunicação cultural, como possibilidade de reflexão visual de

nossa própria cultura, desvalorizando a expressividade própria da infância

quando, por exemplo, rasgamos ou empilhamos sem a menor importância os

desenhos da infância.

Leite (1998), afirma que a cultura e a expressão da criança tem que ser

valorizada em sua singularidade e compreendidas em sua totalidade. É

necessário que a criança tenha acesso aos livros aos museus, a dança, porque

assim elas passam a ter opiniões e construir o seu próprio conhecimento. (É

importante que mostremos as crianças as diferentes linguagens: a fala, os

jogos, dramatizações, música, dança, desenho, pintura, literatura, argila etc.),

possibilitando que elas conheçam o outro e a si próprio, e tendo o direito de

expressar-se livremente.

Para a arte, para a ciência e para a técnica, o desenho é um instrumento

de conhecimento. O desenho infantil também tem como função abranger o

meio de comunicação e de expressão. Ele, enquanto linguagem, requisita uma

postura global. Desenhar não é copiar formas, figuras, não é simplesmente

proporção, escala. A visão parcial de um objeto nos revelará um conhecimento

parcial desse mesmo objeto. Desenhar objetos, pessoas, situações, animais,

emoções e idéias são tentativos de aproximação com o mundo. Desenhar é

conhecer, é apropriar-se.

A criança projeta no desenho o seu esquema corporal, deseja ver a

própria imagem refletida no espelho do papel. Existe uma vontade de

representação, como também existe uma necessidade de trazer à tona desejos

interiores, comunicados, emoções e sentimentos. A criança rabisca pelo prazer

de rabiscar, de gesticular, de se afirmar. O grafismo que daí surge é

essencialmente motor, orgânico, biológico, rítmico.

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Mesmo sendo indecifráveis para nós, os rabiscos das crianças provém

de uma intensa atividade do imaginário. O corpo inteiro está presente na ação,

concentrado na pontinha do lápis. Este funciona como ponte de comunicação

entre o corpo e o papel. Seria interessante repensar o espaço físico

proporcionando à criança para desenhar, a fim de promover várias situações

espaciais e corporais: desenhar de pé, sentado, deitado geram conseqüências

e posturas distintas da relação da criança com a mão, com o olho, com os

sentidos, com o instrumento, com o espaço. E a partir daí a criança começa a

perceber que tudo aquilo que está no papel partiu dela. Não lhe foi dado, foi

inventado por ela mesma, podendo assim desenvolver suas criações. Ela, ao

visualizar uma forma em meios aos rabiscos, manifesta a sua capacidade de

percebê-la. A forma pode ser associada ou não a uma figura. A criança torna-

se sensível ás diferentes partes do corpo.

2.2 - Desenho infantil: um longo Universo a percorrer

"Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda

uma Existência para aprender a desenhar como as

crianças". (Picasso, 2004 p. 83)

Segundo Bordoni (2007) os primeiros estudos sobre a produção gráfica

das crianças datam do final do século passado e estão fundados nas

concepções psicológicas e estéticas de então. É a psicologia

genética,inspirada pelo evolucionismo e pelo princípio do paralelismo da

filogênese com a ontogênese que impõe o estudo científico do

desenvolvimento mental da criança.Assim:

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As concepções de arte que permearam os primeiros

estudos estavam calcadas em uma produção estética

idealista e naturalista de representação da realidade.

Sendo a habilidade técnica, portanto, um fator prioritário.

Foram poucos os pesquisadores que se ocuparam dos

aspectos estéticos dos desenhos infantis. (Bordoni,

2007.p. 56)

Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma língua

que possui vocabulário e sua sintaxe. Percebe-se que a criança faz uma

relação próxima do desenho e a percepção pelo adulto. Ao prazer do gesto

associa-se o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Os

primeiros rabiscos são quase sempre efetuados sobre livros e folhas

aparentemente estimados pelo adulto, possessão simbólica do universo adulto

tão estimado pela criança pequena. O desenvolvimento progressivo do

desenho implica mudanças significativas que, no início,dizem respeito à

passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais

ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos Essa passagem é possível

graças às interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de

outras pessoas.

O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade

de falar de registrar, marca o desenvolvimento da infância, porém em cada

estágio, o desenho assume um caráter próprio. Estes estágios definem

maneiras de desenhar que são bastante similares em todas as crianças,

apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade. Esta

maneira de desenhar própria de cada idade varia, inclusive, muito pouco de

cultura para cultura.

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2.2.1 As fases de evolução do desenho: entre Luquet e Piaget

É possível analisar a evolução do desenho infantil a partir da idade

cronológica e do desenvolvimento cognitivo. Em cada idade correspondente

observamos características semelhantes. Essas características comuns sofrem

uma evolução: há conquistas no desenho que necessariamente antecedem as

outras.

Pesquisador francês Georges-Henri Luquet (1876 - 1965), torna-se um

referencial muito propício para a presente pesquisa, na media em que por meio

de suas contribuições pode-se classificar os seguintes estágios do

desenvolvimento infantil:

1- Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe

fim ao período chamado rabisco. A criança que começou

por traçar signos sem desejo de representação descobre

por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear

seu desenho.

2- Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos

tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança

procura reproduzir esta forma.

3- Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12

anos, caracteriza-se pelo fato que a criança desenha do

objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta

fase ela mistura diversos pontos de vista (perspectivas).

4- Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos,

marcado pela descoberta da perspectiva e a submissa às

suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento

progressivo do grafismo que tende a se juntar as

produções adultas. (Luquet, 1969 p.68)

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Outro autor bastante consagrado no cenário psicopedagógico é o

biólogo suíço Jean Piaget (1896- 1980) para quem a evolução do desenho

infantil está pautada nos seguintes estágios:

1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2

anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A

criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura

humana é inexistente ou pode aparecer da maneira

imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o

interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente.

Pode

ser dividida em:

• Desordenada: movimentos amplos e desordenados.

Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito,

porém não represento". Ainda é um exercício.

• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares;

coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer

de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do

traçado; interesse pelas formas.

2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória,

aparece a descoberta da relação entre desenho,

pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos

são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então

aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo

devido à vínculos emocionais. A figura humana, torna-se

uma procura de um conceito que depende do seu

conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos.

Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há

relação ainda com a realidade, dependerá do interesse

emocional. Dentro da expressão, o jogo simbólico

aparece como: "nós representamos juntos".

3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações

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concretas (7 a 10 anos).Esquemas representativos,

afirmação de si mediante repetição flexível do esquema;

experiências novas são expressas pelo desvio do

esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito

definido de espaço: linha de base. Já tem um conceito

definido quanto a figura humana, porém aparecem

desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão

ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das

relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um

desvio do esquema de cor expressa por experiência

emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico

coletivo ou jogo dramático e a regra.

4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações

concretas, mas já no final desta fase. Existe uma

consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No

espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona

a linha de base. Na figura humana parece o abandono

das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior

rigidez e formalismo.Acentuação das roupas

diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do

esquema de cor, a acentuação será de enfoque

emocional. Tanto no Esquematismo como no Realismo, o

jogo simbólico é coletivo, jogo dramático e regras

existiram.

5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações

abstratas (10 anos em diante) É o fim da arte como

atividade expontânea. Inicia a investigação de sua própria

personalidade. Aparece aqui dois tipos de tendência:

visual (realismo, objetividade); háptico (expressão

subjetividade) No espaço já apresenta a profundidade ou

a preocupação com experiências emocionais (espaço

subjetivo). Na figura humana as características sexuais

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são exageradas, presença das articulações e proporções.

A consciência visual (realismo) ou acentuação da

expressão, também fazem parte deste período. Uma

maior conscientização no uso da cor, podendo ser

objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: "eu

represento e você vê" Aqui estão presentes o

exercício,símbolo e a regra.(Piaget,1975 p.92)

2.2.3 - Algumas reflexões acerca do desenho infantil

Os trabalhos plásticos das crianças muitas vezes são utilizados como

passatempo, como uma forma de preencher o espaço vazio entre uma

atividade e outra. Entretanto, o desenho infantil tem múltiplos aspectos,

podendo ser uma fonte de linguagem específica, pode revelar traços de

personalidade da criança, pode mostrar dificuldades embutidas no seu

processo de aprendizagem e a sua visão de mundo.

A maneira como é muitas vezes trabalhado o desenho em sala de aula

não atende a estes múltiplos aspectos. As escolas de educação infantil, não

preparam os seus professores a fim de que os mesmos entendam o

processo de desenhar que resulta nos rabiscos e nas garatujas, a imagem

criada pelas crianças. "A criança desenha, entre outras tantas coisas, para

divertir-se. (...) O desenho é o palco de suas encenações, a construção de

seu universo particular" (DERDYK 1989. P. 50).

Edith Derdyk, não vê o desenho apenas como uma manifestação

gráfica através do lápis e papel. Para essa autora, o desenho é uma

atividade total, que tanto pode ser uma manifestação gráfica, como pode ser

uma linguagem específica que envolve toda uma postura global. Quando se

esta desenhando há um movimento total, surge uma libertação

interior.’’Desenhar é conhecer, é apropriar-se’’ (Derdyk, 1989, p. 24).

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Nesta fase a criança age para pensar, ou seja, através de seus

movimentos e atitudes ela organiza seu pensamento. Há traços de unidade

entre o pensar e o fazer; portanto, através dos rabiscos há uma necessidade

de comunicação. Os desenhos tentam imitar a escrita, ainda não

denominada pela criança, quando a criança começa a ser alfabetizada

muitas das vezes o desenvolvimento do grafismo pode ser inibir, pois o

desenho torna-se um trabalho desvalorizado, do passado, visto que o

importante é saber a ler e a escrever.

Para a criança o entendimento do mundo externo só se dá na inserção

do individuo no mundo e uma das formas de apropriação dele é o

desenho.’’Através do desenho a criança cria e recria individualmente formas

expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade que

podem ser apropriadas pelas leituras simbólicas dos adultos’’ (Brasil, 2002,

p.8).

Toda as construções artísticas das crianças devem ser valorizadas, pois

é através delas que podemos perceber as dificuldades que possam levar a

criança à não ter o desenvolvimento esperado, tendo em vista que, a

construção gráfica é externamente do inconsciente.

Os movimentos dos desenhos são mais elaborados, conforme o

desenvolvimento infantil, a criança passa pela fase da rabiscação até chegar à

formação da cena de um desenho. Todavia esta construção só é possível a

partir da vivência da criança com os outros desenhos.

A partir do desenho da criança, também podemos observar o

desenvolvimento motor, detectando algum atraso que a criança apresente

através do desenho. Dessa forma nós educadores devemos estar sempre

atentos para poder detectar ou mesmo ajudar a criança, incentivando-a e

dando-lhe estímulos para que o processo de desenvolvimento seja contínuo.

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As organizações espaciais também são importantes para o

desenvolvimento da criança, pois eles influenciam na sua inteligência. Os

planos de movimento e a representação espacial são de um significado muito

grande para o desenvolvimento da concretização do espaço do mundo da

criança. Assim, uma das formas de avaliar a psicomotricidade da criança é

olhar o seu desenho espontâneo. Seu desenvolvimento motor na maioria das

vezes esta intrínseco à sua idade cronológica. Este desenvolvimento é

necessário para que a criança desenvolva algumas habilidades, no entanto não

é necessário que se faça exercícios específicos neste sentido. O papel da

escola seria proporcionar situações para que as crianças criem e desenvolvam

novos traços e cada vez mais complexos.

Piaget (1975) considera que o desenho é uma representação, isto é, ele

supõe a construção de uma imagem bidimensional, crê-se que o desenho seja

mais complexo que a imagem inicial do objeto quando este for representado

através da linguagem gráfica, pois a criança também usará a interpretação em

sua representação. Para Piaget, os níveis da evolução do desenho infantil,

alem de constituírem uma introdução ao estudo da imagem mental, revelam

uma convergência com a evolução da geometria espontânea da criança , ou

seja,o desenvolvimento do desenho é solidário com a estruturação do espaço,

pela criança. Assim, ‘’as primeiras representações espaciais da criança são

topológicas, antes de serem projetivas ou de se conformarem com a métrica

euclidiana’’ (Piaget, 1975, p.58).

Para que hajam movimentos mais elaborados por parte da criança é

necessário que ela tenha conhecimento do seu corpo. O quanto maior o

conhecimento e a consciência da sua dimensão corporal, maior poderá ser seu

desenvolvimento motor.

Por isso quando a criança não tem sua coordenação bem desenvolvida

ela pode vir a desenvolver problemas de aprendizagem e estas dificuldades

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certamente podem ser evitadas se acontecer um trabalho que valorize o

desenvolvimento psicomotor da criança na educação infantil.

Fatos estes que justificam a grande relevância do estudo sobre o

desenho infantil como ferramenta de intervenção psicopedagógica.

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CAPÍTULO III - NOVAS PRÁTICAS DE INTERVENÇÃO

PSICOPEDAGÓGICA: O QUE DIZ O DESENHO?

Como mencionado em outros capítulos, o desenho é uma das formas

humanas de representação do pensamento, por isso por meio da grafia a

criança pode apresentar a forma como pensa o mundo, a maneira como esse

processo se dá e indicar dificuldades na área da cognição.

Partindo desse entender o desenho é uma das manifestações do

desenvolvimento da criança, ao lado da afetividade, pensamento e motricidade.

Entender como a criança desenha permite entender como se dá seu

desenvolvimento global. Na medida em que o psicopedagogo compreende que

o desenho não é apenas uma manifestação criadora da criança.

Com isso esse capitulo tem por finalidade corroborar o quanto o

desenho pode auxiliar ao trabalho de intervenção psicopedagógica.

3.1 - Desenho: uma ferramenta de apoio para a intervenção

psicopedagógica

Ao desenhar, a criança exprime o que conhece de um objeto, a

representação mental que ela tem construída dele no momento em que

desenha. Cada desenho tem um significado pessoal, assim como sua

expressão. Todo o símbolo analisado deve ser visto dentro do contexto da

história pessoal do autor do desenho, pois pode ter um significado diferente

para outra pessoa. Ao analisar-se vários desenhos de uma mesma criança ao

longo de um período, é possível visualizar as mudanças que ocorrem e a

conseqüente evolução do desenho.

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Não sendo tolhidas pelos adultos ou pela escola, as crianças terão

enorme prazer em desenhar, representando por estudos e conquistas

sucessivas, tudo o que existmundo.

Por meio do estudo e da leitura do desenho, o psicopedagogo pode

compreender todo o processo de desenvolvimento do grafismo e seu olhar

passa a ser outro em relação à produção artística infantil. Após avaliar a

produção gráfica dos alunos, o psicopedagogo pode criar alguns

procedimentos de intervenção que possibilitem o desenvolvimento dos sujeitos

aprendentes.. Entre várias propostas está o desenho com interferência.

Autores como Luquet e Piaget indicam que o empobrecimento do desenho

ocorre pela falta de compreensão dos adultos (pais e professores) em relação

às fases do grafismo e procedimentos equivocados de intervenção nesse

grafismo. Ora as propostas pedagógicas nessa área visam o treino de

habilidades motoras em exercícios de cópia e pintura em ilustrações, ora são

livres sem qualquer intervenção do professor. Isso leva a produções

estereotipadas a partir dos nove/dez anos até a vida adulta. O psicopedagogo

que compreende o desenho como uma expressão do pensamento da criança

poderá construir um projeto de trabalho nessa área, associado a outros

projetos, possibilitando o desenvolvimento não apenas artístico mais também

do pensamento da criança. Haverá, com certeza, um ganho muito grande.

As pessoas tendem a expressar em seu desenho, de forma involuntária,

uma visão de si mesmo tal como são ou como gostariam de ser. Quando

observa-se os desenhos de crianças, percebe-se a transmissão de aspectos

que eles talvez jamais verbalizaram.

Afinal como bem destaca Bossa (1997 p.83):

Expressar - se através do desenho é colocar sua vida no

papel, com toda a emoção. Através do desenho livre, a

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criança desenvolve noções de espaço, tempo quantidade,

seqüência, apropriando-se do próprio conhecimento, que

é construído respeitando seu ritmo. Aprende também a

função social da escrita pois sua comunicação, feita

através do desenho, pode ser compreendida por outras

pessoas antes que ela aprenda a usar a escrita

convencional para se comunicar.

O desenho infantil expressa o mundo interno da criança, sua

personalidade. Através dele, pode-se conhecer seus pensamentos, desejos,

fantasias, medos e ansiedades. Pelo desenho constata-se como ela percebe e

compreende o mundo, havendo a expressão de aspectos afetivos e cognitivos

de sua personalidade. Além disso, pode-se através da análise do desenho,

constatar o nível de maturidade intelectual da criança.

É possível analisar a evolução do desenho infantil a partir da idade

cronológica e do desenvolvimento cognitivo. Em cada idade correspondente

observamos características semelhantes. Essas características comuns sofrem

uma evolução: há conquistas no desenho que necessariamente antecedem as

outras.

Para Sara Paín:

O que podemos avaliar através do desenho ou relato é a

capacidade do pensamento para construir uma

organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção.

Também permitirá avaliar a deteriorização que se produz

no próprio pensamento. Esta autora ainda nos diz que o

pensamento fala através do desenho onde se diz mal ou

não se diz nada, o que oferece a oportunidade de saber

como o sujeito ignora (1992, p. 61).

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3.2 - Educando o Olhar da Observação

Partindo do pressuposto de que o desenho fala do sujeito, da sua

subjetividade, da sua posição frente ao mundo torna-se mister educarmos o

nosso olhar da observação para os desenhos que nos são apresentados.

Isso porque o ato de desenhar é propício para a projeção na medida em que

o sujeito é “Livre” para dizer ou fazer o que quiser, o que o “condena” a

revelar o seu desejo,e suas inquietações.

No entanto, cabe destacar que para que o desenho se apresente

como um auxiliador no trabalho do psicopedagogo temos que ter um

conhecimento prévio acerca das contribuições de Luquet. Que servem como

orientações preliminares para que o trabalho psicopedagógico possa ter

elementos centrais que merecem ser analisado e não como uma “camisa de

força” descontextualizada, do sujeito aprendente que produtor do desenho.

Ou seja, os aspectos a serem analisados não devem ser vistos

isoladamente, e sim em conjunto, e não devem seguir uma “receita, o que

nos faria correr o risco de uma interpretação equivocada.Importantíssimo

destacar que a análise de um desenho deve ser feita por meio de outros

desenhos, da história do sujeito e principalmente do que o sujeito fala

acerca do mesmo, afinal interpretações são hipóteses e não certezas e não

devem se basear em dados isolados ou no imaginário do profissional que o

analisa. Neste sentido o psicopedagogo deve ter o cuidado de não projetar

no desenho analisado seus conteúdos, sendo indispensável evitar

generalizações, pois cada produção é única.

Neste sentido, o que pode ser projetado através do desenho é de

suma importância, pois aspectos como: a percepção consciente e

inconsciente do sujeito em relação a si mesmo e as pessoas significativas do

seu ambiente, sua forma de agir, atuar, se posicionar frente ao mundo,

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conflitos e sentimentos inconscientes, coisas que o sujeito não seria capaz

de expressar em palavras, mesmo que conscientes, a realização de desejos,

auto-imagem idealizada ou realista de si mesmo,a sexualidade,“Stress”

situacional são questões que podem estar nitidamente expressas por meio

da confecção dos desenhos apresentados.

Discorrendo deste entender cabe assinalar, como mencionado outrora

que a observação durante a confecção dos desenhos é uam condição sine

qua non.

Desse modo algumas interrogações devem permear a análise

psicopedagógica: Ele se entrega confiante e confortavelmente a

tarefa?Expressa dúvidas sobre sua habilidade e, nesse caso, expressa

essas dúvidas direta ou indiretamente, verbalmente, ou através de atividade

motora? Realiza movimentos, ou exibe expressões verbais que revelam

insegurança, ansiedade, autocrítica etc.

De acordo com autores consagrados como Luquet e Piaget e como

apresentado no transcorrer deste trabalho alguns aspectos estudados no

desenho merecem destaque sendo estes:

• Fases do desenvolvimento (cognitivo, psicomotor e afetivo)

• Percepção visual

• Oralidade

• Expressão

• Reprodução

• Criatividade

• Traços da Subjetividade

• Psicopatologia

Nos aspectos expressivos devemos analisar:

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Seqüência

Esta análise pode nos indicar a quantidade de energia do

sujeito e o controle do sujeito sobre a mesma.

Nos estados depressivos, por exemplo, os desenhos se

caracterizam por uma acentuada pobreza de detalhes ou

uma incapacidade de completar todos os desenhos, por

mais pobres que sejam.

A maioria das pessoas desenha com uma certa

seqüência esquemática a figura humana (cabeça,

pescoço, tronco, braços e pernas, dedos e pés colocados

por último) denotando organização de pensamento; os

que denotam excessiva impulsividade, excitabilidade,

trabalham confusamente.

Tamanho

Este aspecto nos oferece pistas sobre à auto-estima

realista do sujeito ou uma imagem idealizada de si

mesmo.

A relação entre o tamanho do desenho e o espaço

disponível na folha de papel pode estabelecer também um

paralelo com a relação dinâmica entre o sujeito e o seu

ambiente, ou entre o sujeito e as figuras parentais.

O tamanho sugere a forma pela qual o sujeito esta

reagindo à pressão ambiental.

Tamanho normal

Inteligência, com capacidade de abstração espacial e de

equilíbrio emocional.

Tamanho diminuto

Pode ser caso de inteligência elevada, mas com

problemas emocionais.

Pode indicar inibição da personalidade, desajuste ao

meio.

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Repressão à agressividade.

Timidez e sentimento de inferioridade.

Tamanho grande

Se estiver bem centrada, pode ser ambições que serão

alcançadas.

Tamanho exageradamente grande (atingindo quase os

limites da pagina)

Sentimento de constrição do ambiente, com

concomitante ação supercompensatória, ou fantasia (uma

pessoa pequena que se desenha grande, por exemplo)

Debilidade mental, não tem noção de tamanho.

Tendências narcisistas, ou exibicionistas.

Também revela forte agressividade.

Pressão no Desenhar

Oferece indicações sobre o nível de energia sujeito.

1- Pouca pressão, traço leve.

Baixo nível de energia, repressão e restrições.

Indivíduos deprimidos, medrosos, e com sentimentos de

inadequação preferem traços muitos leves, quase

apagados.

Movimento nos Desenhos

O movimento está associado à inteligência e ao tônus

vital.

Quase todos os desenhos sugerem alguma forma de

tensão sinestésica, desde a rigidez até a extrema

mobilidade.

Figura sem movimento indica repressão e inibição.

Pessoas jovens mostram mais movimentos funcionais,

produtos de suas fantasias.

Movimento excessivo – Indica excitação. Também pode

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ser necessidade de comunicação. O individuo inquieto, o

homem de ação, produz desenhos que contêm

considerável movimento.

Quase todos os desenhos sugerem alguma forma de

tensão sinestésica, desde a rigidez até a extrema

mobilidade.

Figura sem movimento indica repressão e inibição.

Pessoas jovens mostram mais movimentos funcionais,

produtos de suas fantasias.

Movimento excessivo – Indica excitação. Também pode

ser necessidade de comunicação. O individuo inquieto, o

homem de ação, produz desenhos que contêm

considerável movimento.

Sombreamento ou borradura

O sombreamento pode indicar inteligência.

São consideradas expressões de ansiedade, indicando

conflito.

Se muito acentuados, pode se pensar em angustia e

depressão.

Estereotipias

Consiste em repetição mecânica do mesmo esquema,

quase sempre sem conteúdo e realizado com

regularidade.

Em sujeitos com mais de doze anos expressam

deficiências de expressão, falta de independência no

julgar, primitivismo, realismo estreito, limitado horizonte

psicológico (junto a outros indícios, pensa-se em atraso

no desenvolvimento mental).

Localização

No meio da página: Indica pessoa ajustada: Crianças que

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desenham no centro da página mostram-se mais

autodirigidas, autocentradas.

Desenhos fora do centro da página: Pessoas menos

centradas mais dependentes.

Desenho em um dos cantos: Pessoas fugindo ao meio.

Pode indicar fuga ou desajuste do indivíduo ao ambiente.

Quanto ao uso das cores parto da premissa que o uso por determinadas

cores refere-se à vida emocional e afetiva (empatia, tensão, conflito, harmonia)

do sujeito; isso porque pertencemos a um meio cultural aonde até as próprias

cores estão impregnadas de significados.

Uma técnica de exacerbada importância para o psicopedagogo refere-se

ao desenho a família, que nos revela um pouco do como esse sujeito

aprendente se posiciona em seu núcleo familiar. Para isso devemos nos

atentar minuciosamente para a análise de cada figura - A primeira pessoa

desenhada: verificar traços, negrito, transparência, riscados, localização,

proporção etc., da pessoa desenhada. Verificar a segunda, a terceira pessoas

desenhadas e, assim, sucessivamente. De acordo com a colocação das

figuras, descobre-se a valência dessas pessoas, para o sujeito.Verificar

também se há a omissão do sujeito - Não sente que participa, realmente, na

família. Não recebe a afetividade que necessita. Rejeita, ou se sente rejeitado

(ou desejo de se afastar),omissão de elementos da família (por ex. irmãos),o

tamanho das diferentes figuras (por ex. figura materna grande e o pai

representado como pequeno e insignificante),expressão facial dos genitores...

3.3 - Da teoria à prática: atividades para o trabalho

psicopedagógico

Com a finalidade de concretizar os apontamentos defendidos no

presente trabalho monográfico objetiva-se, com este subcapítulo, fornecer

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atividades já experenciadas na práxis psicopedagógica que nos auxiliam na

percepção do desenho não como um mera “passatempo”, mas como um

recurso psicopedagógico de suma importância.

Diante do exposto as atividades sugeridas abaixo podem ser aplicadas

tanto pelo psicopedagogo, ou fornecidas ao professor regente para que em

parceria com o psicopedagogo, este educador possa caminhar em prol da

aprendizagem dos sujeitos aprendentes.

1. Desenho Espontâneo – Sem proposta temática

Objetivo: O desenho espontâneo propicia conhecer o universo simbólico,

temático e conceitual da criança.As atividades de desenho espontâneo são

realizadas com uma dupla finalidade:

a) para que a criança experimente de modo criativo a linguagem expressiva

sem a intervenção do adulto.

b) para que o professor observe, acompanhe e estimule o desenvolvimento

gráfico de seus alunos.

2. História do desenho

Acompanhar a criação de um desenho espontâneo pela criança e depois

incentivá-la a contar a história do seu desenho.

Objetivo: Investigar as relações que a criança estabelece entre os símbolos

gráficos e seus significados, sua interpretação dos grafismos, e os vínculos que

ela cria entre as formas desenhadas.

3. Desenho da história

Selecionar histórias pequenas, com a temática do interesse das crianças, na

sua faixa etária e relacionada com as suas vivências, permitindo a

identificação.

Objetivo: Reconstruir, através do desenho, a história contada,estabelecer

relações entre suas vivências, o referente (a história lida) e a sua

representação no desenho. Ao desenhar, cada criança faz um recorte da

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história de acordo com seus interesses.

4. Desenho de vivências

O desenho como registro de experiência é uma atividade que possibilita

documentar experiências, pensamentos, alegrias, perdas, enfim, tudo que é

significativo. É enriquecedor do repertório gráfico, por referir-se às mais

diversas situações.

Objetivo: Estabelecer relações entre a leitura real com o desenho e registrar as

experiências.

5. Jogo dos rabiscos

Este jogo é realizado entre duas crianças em idades semelhantes. Um jogador

faz uma figura e o outro faz outra, de modo que n cena desenhada, haja uma

interação entre as formas. Pode ser chamado assim diálogo gráfico.Requer

invenção e fantasia, e durante a criação das formas cada um vai dizendo o que

acontece e o que acontecerá no desenho.

O jogo dos rabiscos consiste em dialogar graficamente, sendo que a criança

faz um traço e a outra completa-o dando sentido ao rabisco, assim

sucessivamente.

Objetivo: Criar um espaço de relações, de comunicação e de experiência de

interação entre as crianças e as formas.

6. Desenho de observação

O desenho de observação é realizado na presença de objetos significativos

para as crianças (brinquedos...) ou imagens, elementos da natureza ou cenas

escolhidas pela criança em livros de histórias, em revistas,em jornais,

desenhos de TV, etc.

Objetivo: Transformar a imagem observada em registro desenhado, fazer a

transposição de objetos tridimensionais ou bidimensionais para uma linguagem

gráfica. Desenvolver a interpretação.

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7. Reunião das partes

Criar uma cena com recortes geométricos de formas simples.A criança brinca

com o material, explorando-o e depois é convidado a registrar em desenho a

cena criada.Objetivo: Observar as correspondências e as transformações, a

interpretação em desenho e estabelecer um diálogo com a

criança,incentivando-a a comentar o que percebem.

8. Jogo gráfico

Desenhar diferentes tipos de figuras, animais e objetos. Escolher o objeto que

a criança já conhece e experimentou.Objetivo: Ampliar número e variedade de

objetos desenhados, formas e cenas do cotidiano que aparecem pouco

trabalhados, expressando suas concepções acerca da relação objeto-símbolo

gráfico.

9. Leitura da sua produção

Realizar a leitura de maneira informal e flexível, formulando perguntas acerca

do conjunto de seus desenhos.

1. Mostra quais os desenhos que fizeste quando começamos a nos reunir e

quais fizeste por último. É esta a ordem? Por quê?

2. O que desenhaste? (Levar a criança a descrever o que observa.)

3. Esses desenhos são iguais? (Comparar alguns desenhos iniciais com os

últimos feitos.)

4. O que muda de um desenho para outro? Por que será que o desenho muda?

5. Como se aprende a desenhar?

Estas são sugestões de perguntas.

Basicamente deve-se conduzir a conversa pedindo que a criança fale

sobre seus desenhos, explicando o que desenhar, quem aparece no desenho e

o que acontece na cena gráfica do desenho.

10. Leituras de Obras de Arte

Escolher reproduções de obras de arte significativas e que possuem

similaridade de vocabulário e do repertório com a linguagem gráfica das

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crianças. O vocabulário diz respeito ao tipo de linha, texturas, pontos, planos

de que o sujeito se vale para criar suas formas. O repertório relaciona-se ao

tema e às categorias de objetos que são desenhados.

Organizar as imagens em conjuntos segundo suas similaridades ou diferenças

temáticas, de tratamento e expressividade.

Objetivo: Ampliar o universo visual e estético, a observação, a percepção de

semelhanças e diferenças, desenvolver o vocabulário, associar,relacionar e

desvelar idéias.

Questões propostas:

1. O que se pode ver neste trabalho?

2. Que cores ele tem?

3. Ele lembra algo bom, triste, divertido...? Por quê?

4. Gostas deste trabalho? Por quê?

11. Por onde vai?

Objetivo: Noções de espaço, deslocamento, direção, representação gráfica.

Material: Caixas, folhas de jornal, papel para desenhar, lápis.

Atividades:

Colocar os obstáculos alinhados, simulando quarteirões de uma cidade.Uma

criança percorre as ruas, dobrando, seguindo em frente, enquanto as outras

colocam-se no chão, diante das folhas, traçam o percurso que

observaram.Cada criança desenvolve, por sua vez, o caminho que preferir.

12. Abrindo caminhos

Objetivos: Noção de espaço, coordenação, representação gráfica, superfície

plana.

Material: Corda, barbante grosso, folhas de papel, giz de cera.

Atividade:Com a corda, todos juntos formam um pequeno caminho. Desenhar

nas folhas o caminho feito.

13. Sinaleira

Objetivo: Identificação das cores, regras, coordenação.

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Atividade:

Verde: As crianças avançam e se movimentam livremente, imitando o som de

carros e ônibus.

Vermelho: Parando, desligam o motor (silêncio).

Amarelo: Dão arrancada e se movem no mesmo lugar.

14. Brincadeira dos opostos

Objetivo: Representação mental, indicação de diferenças, vocabulário

Atividade:

Elencar contrastes, montar uma história onde cada participante

acrescenta um novo elemento, exatamente oposto ao anterior.

15. Rios abertos

Objetivo: Noções de espaço, representação gráfica.

Material: Folhas de jornal ou outro papel, giz de cera.

Atividade:

As crianças desenham rios fazendo diferentes traçados. Recortar, separando

em duas partes.Desenhar a paisagem em ambos os lados do rio.Após navegar

pelo meio, juntando todos os rios abertos.

16. Desenho com obstáculos

Objetivo: Noção de figura/fundo, eliminar traços estereotipados, limites.

Material: Bloquinhos de madeira, papelão, tampas, etc... Papel de formatos

variados e tamanho grande, lápis de cera ou giz colorido molhado no leite ou

em água com açúcar.

Atividade:

Os bloquinhos podem ser grudados com fita crepe dobrada (para ser retirado

depois). Escolher o local para colocar os objetos na área do papel que a

criança menos usa. Cobrir a superfície do papel com cores variadas. Retirar

o(s) objeto(s). A(s) área(s) em branco poderão ser retrabalhadas, criando

figuras na superfície.

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17. Exploração básica: Qualidades de Superfície

Objetivo: Conhecer texturas, consistência física e térmica dos objetos,

conhecer o mundo pelos receptores primários: olfato, gustação e tato, e

secundários: meios simbólicos da visão, audição e fala.

Materiais: Lápis de cera, papel, objetos do meio.

Atividades:

Explorar com as mãos os diferentes materiais e suas

características,nomeando-as, em seguida deslocá-las no papel com lápis de

cera deitado.O papel pode ser preso com fita para ficar firme.As texturas

podem ser variadas, com cores diferentes, sobrepostas, comparadas com as

dos colegas.Podem ser trabalhadas posteriormente formas recortadas

irregulares ou geométricas de papel grosso, para tirar a impressão.Também

podem ser de plástico que adere à superfície da classe.O resultado pode ser

usado em cartões, molduras, colagens para completar desenhos.

18. Rabiscos e formas

Objetivo: Perceber as diferenças entre as linhas e seu uso para representar

simbolicamente, fazer associações.

Materiais: Corpo, corda ou fita crepe, lápis de cera, papel.

Atividades:

- Trabalhar no espaço, com os movimentos da criança, o se corpo e finalmente

no papel.

- Esticar a corda que define a linha no espaço. Todos fazem uma fila ao lado. A

fila se afrouxa e vira roda, demarcada pela corda.

- A fita crepe é estendida no chão, inventar jeitos diferentes de andar sobre a

linha reta. Fazer igual com a linha curva.

- Sensibilização tátil: adivinhar o sinal que foi traçado nas costas. A criança

adivinha traçando com o seu dedo sobre a classe. Usar fichas com traços para

os alunos realizarem desenhos nos colegas.

- Completar o traço: as crianças recebem folhas com traços e imaginam o resto

do desenho, considerando a figura e o fundo. Podem realizar o jogo em duplas.

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19. Esquema Corporal (1) - Contorno

Objetivo: Representar a figura humana graficamente.

Material: Folhas grandes de papel Kraft, giz ou lápis de cera.

Atividades:

Antes de desenhar é preciso conhecer o próprio corpo pelo tato, visão no

espelho.

Trabalhar em duplas, para o contorno. As posições podem ser variadas,

com braços e pernas dobradas, com movimento.

Colar um limite concreto na linha de contorno. Pintar, colar detalhes para o

rosto, roupas.Essa atividade pode ser feita usando o sistema de silhueta com

projetor.

20.Esquema Corporal (2) – Completando Figuras

Objetivo: Domínio do todo e das partes, figura/fundo. Simetria

Materiais: Recortes incompletos de figuras humanas, cola, tesoura, lápis

ou tintas, papel.

Atividades: Perguntar o que falta. Para crianças menores as figuras devem ser

simples, de frente.Completar as partes que faltam. Pensar junto com as

crianças no contexto, no fundo.Perguntas como onde está, o que faz, do que

gosta, quem é o seu amigo, ajudam a completar as idéias.As figuras podem ser

de animais, meios de transporte, casas,paisagens.

21. Impressão Digital – Carimbo

Objetivo: Imaginação, marcas expressivas, criação coletiva.

Materiais: Dedos, tintas, papel, lápis colorido.

Atividade:

Tirar a impressão dos dedos e colocar detalhes para criar personagens,com

lápis colorido.As crianças podem criar em pequenos grupos, pensando em

montar suas próprias histórias que serão contadas para todas as colegas.

22. Figuras com canudinhos

Objetivo: Representação simbólica, noção de espaço

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Material: Canudinhos de refrigerantes

Atividades:

Explorar todas as possibilidades de armar figuras no chão. Pode-se sugerir

objetos, conduzindo para maior complexidade. Registrar em desenho as figuras

montadas.

23. Fantoches diferentes

Objetivos: Pensamento simbólico, construção de personagens,comunicação.

Materiais: Palitos de picolé, cartolinas 15x15, figuras coloridas:humanas,

animais ou imaginárias.

Atividade: Montar cenas breves imaginadas, de histórias...

24. Quebra-cabeça – Corpo

Objetivo: Espaço, representação da figura humana.

Materiais: Recortes de revista com figuras humanas

Atividade: Cortes simples horizontal/vertical.

25. Sair e voltar para casa

Objetivo: Coordenação, noção espacial, representação gráfica.

Material: giz colorido, piso

Atividade: Desenhar no chão a própria casa

Sair a passeio, traçando o percurso no chão.Respeitar a casa dos outros

quando passar por elas.Pode-se fazer visitas, entrando em outras casas e

retornando à sua.

3.4 - Tecendo breves reflexões

Analisando os aspectos pautados no capítulo III do presente trabalho

monográfico pode-se constatar que o uso de desenhos para o trabalho

psicopedagogico é de suma importância na medida em que são considerados

formas de comunicação facilitadoras no trabalho com os sujeitos aprendentes,

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em que se permite o acesso à fantasias, desejos, impulsos, afetos, conflitos,

ansiedades e defesas que estariam sendo expressas de uma forma indireta

através das mesmas.Quando observa-se os desenhos de crianças, percebe-se

a transmissão de aspectos que eles talvez jamais verbalizaram.

Em outras palavras, “toda linguagem é uma linguagem exposta à

emergência dos efeitos do inconsciente” (NASIO, 1993, p.79). Nessa

perspectiva, Deleuze (2006) ressalta que a estrutura se estabelece daquilo que

é linguagem, seja ela esotérica ou não-verbal, do mesmo modo em que “só há

estrutura do inconsciente à medida que o inconsciente fala e é linguagem”

(DELEUZE, 2006, pp.238-9). O desenho é uma outra forma de linguagem por

meio do qual o inconsciente também se manifesta. Para Campos (1999) o

desenho na vez de técnica projetiva reflete uma impressão do “todo” do

indivíduo, como uma “Gestalt”2 organizada, que aparece em toda a sua

extensão, pelo olhar do examinador experiente na técnica da interpretação de

desenho.

Quanto às atividades propostas estas ilustram diversas maneiras para

que o desenho possa ser explorado na relação com os sujeitos aprendentes,

comprovando deste modo que a “didática” para a utilização dos desenhos

como ferramentas psicopedagogica também é de suma importância, uma vez

que as técnicas a serem desenvolvidas são decisivas para o sucesso do

trabalho do psicopedagogo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenho infantil, como dissemos neste trabalho, tem sido objeto de

estudos de diversos especialistas, pelo fato de a representação gráfica ser

considerada um meio para o acompanhamento e a compreensão do

desenvolvimento da criança.Interpretar o desenho das crianças como muitos

educadores fazem, implica que a criança não se expresse de maneira livre e

espontânea os fatores de seu conhecimento, de sua figuração e sua

imaginação. Para discutir este tais elementos constitutivos, este trabalho

abordou questões de imagem; signo; pensamento; percepção; memória;

interações sociais; representação simbólica e linguagem.As abordagens

enfocam o desenho relacionando ao desenvolvimento da criança através das

representações gráficas, como meio de comunicação e interação.

Conforme as fases de desenvolvimento vem construindo a internalização

do inconsciente. A partir dele, pode-se detectar atrasos no desenvolvimento

infantil, através de seus registros gráficos, permitindo ao educador interferir

com incentivos e estímulos para que o processo de desenvolvimento da

criança seja continuo. Visando que quando a criança não desenvolve a

coordenação motora poderá vir desencadear problemas de aprendizagem.

As atividades propostas por educadores às crianças devem ter

significados para que possam causar um interesse maior na criança e a partir

das atividades gráficas elas possam expressar e compreender o mundo a sua

volta.

Podemos ainda observar na evolução das representações gráficas que o

desenvolvimento da criança evolui conforme suas interações e podemos dizer

que após o contato com a fase de figuração a criança entrará em contato num

próximo estágio de evolução, isto é, com a figuração esquemática, a qual a

criança entra em contato com o real a partir de suas realizações plásticas.

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O desenvolvimento gráfico é um processo natural, composto de fases,

pelas quais as crianças passam, na qual estas ela tem que passar

gradualmente, pois somente assim a criança poderá construir sua

autoconfiança e desenvolver a expressão gráfica.Não podemos classificar o

desenho como melhor ou pior, pois cada um tem sua fala de maneira única e

singular.

Hoje em dia as crianças estão sendo alfabetizados muito cedo, os pais

querem que seus filhos logo comecem a ler e escrever, havendo assim uma

antecipação das fases com que as crianças deveriam passar. Observamos

uma desvalorização natural de um trabalho utilizando o corpo, e as atividades

plásticas e a música, mesmo sabendo que a primeira linguagem utilizada pela

criança é corporal e é através dela que a criança desenvolve outras maneiras

de se expressar, como, fazendo um grafismo, cantando, brincando, e por fim

escrevendo. Assim percebemos que todas as linguagens, ou seja, a corporal, a

plástica, a musical e a oral são pré-requisitos para a construção da escrita, por

isso não podemos pular estas fases, no desenvolvimento da criança.

Na pratica psicopedagogica, enfrentamos, inúmeras vezes, episódios

com crianças que nos revelam através do desenho, do traço, da posição, as

suas limitações ou dificuldades reais em relação a escola, a seus colegas, ou a

sua vida familiar. Ao analisar o desenho infantil, cabe os psicopedagogos a

levantar indícios que poderão levá-lo a uma evidencia ou seja, ao desenhar a

criança utiliza a folha de papel em branco para registrar, contar sua historia.

Seja através de riscos, linhas, garatujas, entre outros. Ao elaborar ou expressar

a mensagem / desenho a criança pode fazê-lo conscientemente ou não, e o

papel em branco passa a ser o elo de ligação , entre o interlocutor, o mediador

e entre quem desenha e a quem o desenho e mostrado.

Portanto o psicopedagogo necessita alem da formação acadêmica,

utilizar-se de sutileza e sensibilidade no tratamento com as crianças.

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Ao utilizar o desenho infantil na investigação psicopedagogica, o

psicopedagogo deve observar os elementos que compõe o desenho para que

se possa então, estabelecer os aspectos expressivos e projetivos que

permitirão uma analise mais ampla que possibilitará ao psicopedagogo traçar

estratégias de intervenção.

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Documentos Eletrônicos:

SAMPAIO. Simaia. Um pouco da História da Psicopedagogia.

In:http://www.psicopedagogia.com.br acesso em 16/02/2010 às 10h

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ÍNDICE

AGRADECIMETOS .................................................................................................... 3

DEDICATÓRIA .............................................................................................................. 5

RESUMO ......................................................................................................................... 6

METODOLOGIA ........................................................................................................... 7

SUMÁRIO ....................................................................................................................... 8

ITRODUÇÃO ............................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - OS CAMIHOS DA HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA E DO DESEHO .............................................................................................................. 11

1.1 - A PSICOPEDAGOGIA EM PAUTA ............................................................................ 11

1.2 – DESENHO: UMA LINGUAGEM EXPRESSIVA PARA A HUMANIDADE ......................... 15

CAPÍTULO: II - A LEITURA ITERPRETATIVA DO DESEHO IFATIL 18

2.1 - AS PRIMEIRAS LINGUAGENS GRÁFICAS DA CRIANÇA NA EXPRESSÃO E COMUNICAÇÃO DE SUAS REPRESENTAÇÕES COM O MUNDO .......................................... 22

2.2 - DESENHO INFANTIL: UM LONGO UNIVERSO A PERCORRER ................................... 26

2.2.1 As fases de evolução do desenho: entre Luquet e Piaget ............................... 28

2.2.3 - Algumas reflexões acerca do desenho infantil ............................................ 31

CAPÍTULO III - OVAS PRÁTICAS DE ITERVEÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: O QUE DIZ O DESEHO? ............................................... 35

3.1 - DESENHO: UMA FERRAMENTA DE APOIO PARA A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ..................................................................................................................................... 35

3.2 - EDUCANDO O OLHAR DA OBSERVAÇÃO ............................................................... 38

3.3 - DA TEORIA À PRÁTICA: ATIVIDADES PARA O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO ........ 43

3.4 - TECENDO BREVES REFLEXÕES .............................................................................. 51

COSIDERAÇÕES FIAIS ....................................................................................... 53

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 56

DOCUMETOS ELETRÔICOS: ............................................................................ 58

ÍDICE .......................................................................................................................... 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 60

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · àqueles que de alguma forma contribuíram para a minha caminhada. Eu poderia desejar a todos vocês mencionados um muitíssimo

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: DESENHO INFANTIL: UMA FERRAMENTA DE

APOIO PARA A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Autor: LUCELIA MARQUEZ

Data da entrega: 22/03/2010 Conceito: