universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · inscita a melhoria da qualidade de vida e...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A IMPORTÂNCIA SOCIAL DO ESPORTE E OS EFEITOS DOS
MEGAEVENTOS
Por: Martinho Neves de Miranda
Orientador
Prof. Wiliam L. Rocha
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A IMPORTÂNCIA SOCIAL DO ESPORTE E OS EFEITOS DOS
MEGAEVENTOS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Direito
Desportivo.
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AGRADECIMENTOS
....A Deus, aos amigos e parentes, em
especial a minha esposa Flávia e meus
filhos Camila e James e o que vai
nascer com a graça de Deus.
4
DEDICATÓRIA
.....dedico este trabalho a Meu Pai, meus
irmãos e a todos os meus sobrinhos para
que sirva de exemplo e estímulo para que
se empenhem nos estudos pois não
importa a idade para se atingir um
objetivo...
5
RESUMO
Em uma sociedade cujas diferenças sociais são bastante acentuadas,
o esporte é utilizado com ferramenta de inclusão social devido a sua
característica de reunir e congregar um grupo em prol de um objetivo cuja
finalidade, em muitos caos é simplesmente uma brincadeira e, posteriormente
um sonho de conquistas para os que conseguem se destacar em uma
determinada modalidade esportiva.
O esporte rompe as barreiras do preconceito e, principalmente,
aqueles cujos equipamentos utilizados são de baixo custo como o futebol, é
praticado por uma massa de pessoas em diversos locais e comunidades
carentes. Em muitos casos a prática desportiva torna-se uma porta de
salvamento para toda a família, onde o jovem com habilidade diferenciada
busca o caminho do profissionalismo para buscar uma “ascensão social”.
O esporte é sem dúvida uma forma saudável de promover a cidadania
e a inclusão dos indivíduos. Com a prática desportiva, podemos aliar a
educação quando alicerçada por pilares de respeito, doutrina e
companheirismo, também a melhora significativo na saúde dos praticantes,
gerando grande economia aos cofres públicos
Hoje, o Brasil vem se destacando no cenário esportivo mundial, não
somente pelo futebol, mas também em outras modalidades até então
consideradas restritas às grandes potências desportivas. Nossos atletas se
destacam na natação, na ginástica olímpica e em várias outras modalidades.
Nosso país diante da sua ascensão no cenário econômico mundial
buscou sediar eventos de grande magnitude no cenário internacional e a
chegada destes megaeventos inclui o Brasil em definitivo como sendo uma das
grandes potências esportivas. Espera-se que toda a logística envolvida na
realização destes megaeventos, venha se transformar em legados sociais para
as comunidades pobres e também traga desenvolvimento econômico,
principalmente para a Cidade do Rio de Janeiro que abre suas portas para o
Turismo internacional.
METODOLOGIA
6
O trabalho envolveu pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado,
levantamentos e sistematização de informações obtidas através de leitura de
livros, jornais, revistas e pesquisas em documentos..A pesquisa bibliográfica
reúne um instrumento teórico que fornecerá subsídios para o entendimento
dos objetos de estudo, permitindo balizar as informações obtidas.
A pesquisa abrangerá obras que tratem do tema e traga consigo
informações sobre o tema e seu contexto social e também os abordados em
outros países.
Ao mesmo tempo foram realizados levantamentos de informações
sobre os objetos de estudo através da busca de material iconográfico e
documentos para análise já existentes como planilhas, informações sobre os
impactos dos novos desafios impostos a toda a sociedade local. Não foram
realizadas pesquisas de campo, apenas o levantamento já feito em pesquisa e
material disponível pelo próprio governo.
As informações foram estruturadas segundo o tema que norteiam os
objetivos da pesquisa, indicando as diferenças e semelhanças existentes entre
as diversas experiências.
É importante incluir os créditos às instituições que cederam o material
ou que foram o objeto de observação e estudo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Importância Social do Esporte 10
CAPÍTULO II - Impacto Econômico do Esporte 24
CAPÍTULO III - O Legado dos Mega Eventos 27
CONCLUSÃO 42
ANEXOS 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48
ÍNDICE 50
FOLHA DE AVALIAÇÃO 52
8
INTRODUÇÃO
É inegável a importância do esporte como veículo de transformação
social. Através dele os jovens se distanciam das drogas e do crime, e é um
caminho para que os indivíduos de baixa renda alcancem o sucesso e
melhorarem suas condições de vida. Quantos atletas têm surpreendido o
mundo com vitórias nos esportes que vieram das favelas ou da periferia das
grandes cidades? Quantos talentos saem de lugares miseráveis para se
sobressaírem em determinada modalidade esportiva. Muitos começaram a
treinar nas ruas com os colegas, ou em unidades mantidas por projetos
sociais, até que foram descobertos, receberam apoio e puderam mostrar ao
mundo suas habilidades, conseguindo atingir um “Status social” que
normalmente não conseguiria.
O esporte e a cidadania caminham juntos, em parceria. Estão nas
praticas de atividades físicas, muitos direitos dos indivíduos, além da
desenvoltura de algumas habilidades essenciais para a cidadania e a
hegemonia entre as pessoas. O esporte em geral, e principalmente aqueles
praticados em grupo, contribuem para que sejam desenvolvidos nas pessoas
valores, como a tolerância e respeito. Aprende-se a aceitar os erros alheios,
inscita a melhoria da qualidade de vida e fomenta uma convivência de
igualdade entre os indivíduos, visto que entre os atletas estão pessoas de
níveis sociais bastante diferenciados, fazendo com que classes sociais
diferentes, através do esporte possam estar reunidas numa situação de
igualdade.
A prática desportiva ajuda a desenvolver a melhoria de sua saúde
física e mental. O Esporte também registra grande impacto na economia
informal e formal além de promover a inclusão de pessoas deficientes
trazendo-as para uma vida ativa e mais digna
O ponto culminante do esporte no cenário mundial, sem dúvida e a
realização de eventos grandiosos que congregam atletas de todo o mundo os
chamados “MegaEventos Esportivos”, promovendo uma competição sadia e
promovendo o intercâmbio da Paz universal. Além de movimentar altas cifras
9
financeiras, trás também grandes modificações estruturais nas cidades sedes
das competições.
.
CAPÍTULO I
10
IMPORTÂNCIA SOCIALDO ESPORTE
CONCEITO
...O esporte favorece a inclusão social, a integração e a igualdade de
oportunidades.
Devido à importância que o esporte representa para o
desenvolvimento sócio-Econômico e cultural do país, cabe ao Estado produzir
elementos que visem integrar a prática desportiva, nos mais diversos níveis da
sociedade, neste sentido o texto constitucional em seu artigo 217 assegura
que:
“É dever do Estado, fomentar práticas desportivas
formais e não-formais, como direito de cada um,
observados.....”
1.1 – O Esporte na Educação
Pelo Papel que desempenha na educação formal e não formal, o
desporto reforça o capital humano gerando indivíduos educados e com
melhores perspectivas de vida. Os valores veiculados pelo esporte contribuem
para desenvolver os conhecimentos, a motivação, as competências e a
disponibilidade para fazer esforços pessoais para atingir metas.
Comprovadamente, o tempo consagrado às atividades esportivas na escola e
na universidade tem efeitos benéficos para a saúde e para a educação que
devem em muito ser valorizadas e apoiadas. Desta feita, o esporte e as
atividades físicas devem ser apoiadas, através de programas de aprendizagem
ao longo de toda vida, assim promover a participação em oportunidades
11
educativas através do desporto deveria ser uma prioridade para o governo,
incentivando parcerias escolares com os setores públicos e privados visando o
desenvolvimento pessoal e profissional através da prática esportiva.
A prática esportiva é um instrumento educacional que visa o
desenvolvimento integral das crianças e adolescentes, ensinando-os a lidar
melhor com suas necessidades, desejos e expectativas, fazendo com que os
jovens desenvolvam competências técnicas, sociais e comunicativas,
essenciais para o desenvolvimento individual e social. O esporte, como
instrumento pedagógico, precisa se integrar às finalidades gerais da educação,
de desenvolvimento das individualidades, de formação para a cidadania e de
orientação para a prática social. O campo pedagógico do Esporte é um campo
aberto para a exploração de novos sentidos/significados, ou seja, permite que
sejam explorados pela ação dos educandos envolvidos nas diferentes
situações. Além de ampliar o campo experimental do indivíduo, cria
obrigações, estimula a personalidade intelectual e física e oferece chances
reais de integração social. O esporte funciona como um diferencial na
formação do cidadão e na construção de uma sociedade mais saudável em
todos os sentidos. O corpo e a mente exercem influência mútua e sempre
devemos cuidar de um para mantermos o outro saudável
É sabido que vivemos numa sociedade complexa. A instituição família
encontra-se, hoje, de "mãos atadas" que, somado ao desaparecimento da
socialização primária, mergulha numa profunda crise de valores sociais. É
neste ponto que entendemos o papel decisivo do esporte, juntamente com a
educação, na busca por princípios e valores sociais, morais e éticos. É
necessário, portanto, buscarmos uma nova orientação a qual os valores do
esporte, do jogo e da brincadeira, não permaneçam apenas dentro das escolas
ou dos clubes, mas que transitem para além. Dessa forma, cabe ao professor
de Educação Física criar condições para que o esporte seja assumido como
um valor de referência na inclusão e no bem-estar, não apenas de crianças e
jovens, como também de adultos, idosos e deficientes físicos
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1.1.1 – Pedagogia do Esporte
Antes de refletir sobre refletirmos sobre as questões concernentes à
pedagogia do esporte e sua implicação para a prática pedagógica em
Educação Física, é preciso refletir sobre o conceito de pedagogia, substrato
para pensarmos sua aplicação no esporte. De um modo geral, a pedagogia
não se refere unicamente ao modo como vamos ensinar nossos alunos - seja
no âmbito escolar ou acadêmico - mas, poderíamos dizer que:
A pedagogia seria uma reflexão sobre todo o contexto que envolve a ação
educativa, coadunando numa efetiva prática de intervenção. Uma intervenção
comprometida, intencional, dirigida, organizada e ciente de suas
responsabilidades educacionais (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2004, p. 9).
O professor de Educação Física pode ser visto como um pedagogo e,
como tal, este possui algumas responsabilidades no que tange a transmissão
de conhecimentos, dando um tratamento, uma direção pedagógica que pode
ser intencional, consciente ou organizada. Com efeito, é correto afirmar que
para se ensinar um determinado conteúdo não basta que o professor seja um
especialista em determinada área do conhecimento. Nas palavras de Libâneo
(2002, p. 35):
A educação visa fundamentalmente preparar o homem (crianças,
jovens e adultos) para a vida, construindo o seu tempo e o seu lugar no
mundo, procurando "inculcar os valores vigentes, o modo de viver do grupo,
seu sistema de crenças e convicções, seu saber e suas técnicas, bem como,
de sua perspectiva libertária, assegurar o pleno exercício da cidadania".
Não há dúvidas de que o esporte é um fenômeno sócio-cultural de
grande relevância em nossa sociedade; cada vez mais, diferentes grupos
sociais praticam esporte, nos parques, nas ruas, como forma de lazer,
distração e integração. Tal é a sua importância, enquanto fenômeno social e
cultural que o esporte hoje é praticado no mundo todo (FLORENTINO, 2006b).
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Diante dos fatos, o professor, tendo consciência da ferramenta valiosa
(esporte) que possui em suas mãos, deve aprofundar o desenvolvimento de
atitudes afetivas e coletivas, fazendo com que seus alunos (não importando a
raça, o credo, o gênero) reconheçam e respeitem sem discriminação, as
características pessoais, físicas, sexuais e sociais do próximo. Em outros
termos, uma prática educativa que negue as desigualdades que acabam
inviabilizando o trabalho do professor com seus alunos
Segundo Bento (1991), o ensinar na Educação Física e no esporte,
não deve se caracterizar numa simples transmissão de conhecimento ou
imitação de gestos, mas, sim, deve ser entendido como uma prática
pedagógica que leve em conta o sujeito, o seu contexto. O educando deve ser
instigado a aprender esportes, por meio de uma pedagogia desafiante, que
possibilite uma busca pelo superar-se; o esporte há de ser uma atividade
instauradora e promotora de valores.
Hoje, há uma nova orientação, por assim dizer, na qual as áreas que
se relacionam com o movimento humano - incluindo o esporte - não podem
estar isoladas de seu contexto social, cultural e humanístico. De acordo com
Queirós (2004), não se pode mais ignorar as mudanças que ocorrem no
sistema social e no sistema tradicional do esporte, tendo em vista que o
mesmo está inserido em uma mudança de valores, tal como outros sistemas
parciais da sociedade contemporânea. Para tanto, devemos buscar
compreender quais os valores que regem o desenvolvimento do esporte na
atual conjuntura social; qual o seu paradigma norteador no processo de
mudanças axiológicas as quais estamos vivendo contemporaneamente.
Portanto, uma das formas de se alcançar este objetivo é pensarmos
numa prática educativa do esporte orientada por um viés inclusivo, que vise a
promoção de atividades recreativas, formativas e sociais. Uma prática que (re)
construa valores, tais como: responsabilidade, respeito ao próximo, respeito às
regras, desenvolvimento da personalidade, da tolerância, da integração e
conviviabilidade. E para que isso ocorra é preciso que o professor acredite na
mudança, zele por uma coerência total entre suas idéias e suas ações na
prática educacional; busque conteúdos e uma metodologia de ensino
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dinâmica. Em suma, uma aprendizagem formativa que faça do seu aluno um
ser pensante, autônomo, criativo e crítico.
1.2 – O Esporte e a Saúde
Historicamente, a prática desportiva tem priorizado e enfatizado a
dimensão bio-fisiológica. Entretanto, a partir da década de 80, a presença de
outros ramos do saber, especialmente das Ciências Humanas tem participado
deste debate. Novas questões, advindas da percepção da complexidade das
ações humanas, tem sido trazidas por este outro campo científico. Passa-se a
estudar a prática desportiva em uma visão mais ampla, priorizando a
multidisciplinariedade, onde o homem, cada vez mais, deixa de ser percebido
como um ser essencialmente biológico para ser concebido segundo uma visão
mais abrangente, onde se considera os processos sociais, históricos e
culturais.
A par das evidências de que o homem contemporâneo utiliza-se cada
vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de
atividade física é fator decisivo no desenvolvimento de doenças degenerativas
sustenta-se a hipótese da necessidade de se promoverem mudanças no seu
estilo de vida, levando-o a incorporar a prática de atividades físicas ao seu
cotidiano. Nessa perspectiva, o interesse em conceitos como “ATIVIDADE
FÍSICA”, “ESTILO DE VIDA” e “QUALIDADE DE VIDA” vem adquirindo
relevância, ensejando a produção de trabalhos científicos vários e constituindo
um movimento no sentido de valorizar ações voltadas para a determinação e
operacionalização de variáveis que possam contribuir para a melhoria do bem-
estar do indivíduo por meio do incremento do nível de atividade física habitual
da população.
Da análise às justificativas presentes nas propostas de implementação
de programas de promoção da saúde e qualidade de vida por meio do
incremento da atividade física e práticas desportivas, depreende-se que o
principal argumento teórico utilizado está fundamentado no estilo de Vida
Ativa.
15
Tal estilo tem sido apontado, por vários setores da comunidade
científica, como um dos fatores mais importantes na elaboração das propostas
de promoção de saúde e da qualidade de vida da população. Este
entendimento fundamenta-se em pressupostos elaborados dentro de um
referencial teórico que associa o estilo de vida saudável ao hábito da prática de
atividades esportivas e, consequentemente, a melhores padrões de saúde e
qualidade de vida.
O pressuposto sustenta a necessidade de se proporcionar um maior
conhecimento, por parte da população, sobre os benefícios da atividade
esportiva e de se aumentar o seu envolvimento com atividades que resultem
em gasto energético acima do repouso, tornando os indivíduos mais ativos.
Neste cenário, entende-se que o incremento do nível de atividade esportiva
constitui um fator fundamental de melhoria da saúde pública.
Entidades ligadas à Educação Física e às Ciências do Esporte como a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o Conselho Internacional de Ciências
do Esporte e Educação Física (ICSSPE), o Centro de Controle e Prevenção de
Doença - USA (CDC), o Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), a
Federação Internacional de Medicina Esportiva (FIMS), a Associação
Americana de Cardiologia e o Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão
Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) preconizam que sessões de trinta
minutos de atividades físicas por dia, na maior parte dos dias da semana,
desenvolvidas continuamente ou mesmo em períodos cumulativos de 10 a 15
minutos, em intensidade moderada, já são suficientes para a promoção da
saúde (Matsudo,1999). Nesta mesma direção, encontram-se numerosos
trabalhos de abordagem epidemiológica assegurando que o baixo nível de
atividade física intervém decisivamente nos processos de desenvolvimento de
doenças degenerativas (Powell et al., 1985).
Dentre os estudos mais expressivos envolvendo esta linha de
pesquisa, tem-se o estudo de Paffenbarger (1993). Analisando ex-alunos da
Universidade de Harvard, o autor observou que, a prática de atividades
esportivas está relacionada a menores índices de mortalidade. Comparando
indivíduos ativos e moderadamente ativos com indivíduos menos ativos,
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verificou que a expectativa de vida é maior para aqueles cujo nível de atividade
física é mais elevado. Com relação ao risco de morte por doenças
cardiovasculares, respiratórias e por câncer, o estudo sugere uma relação
inversa deste com o nível de atividade física.
Estudos experimentais sugerem que a prática de atividades esportivas
de intensidade moderada atua na redução de taxas de mortalidade e de risco
de desenvolvimento de doenças degenerativas como as enfermidades
cardiovasculares, hipertensão, osteoporose, diabetes, enfermidades
respiratórias, dentre outras. São relatados, ainda, efeitos positivos da atividade
física no processo de envelhecimento, no aumento da longevidade, no controle
da obesidade e em alguns tipos de câncer (Powell et al.,1985;
Gonsalves,1996; Matsudo & Matsudo,2000).
A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1999), em
posicionamento oficial, sustenta que a saúde e qualidade de vida do homem
podem ser preservadas e aprimoradas pela prática regular de atividade
esportiva.
A prática esportiva é muito importante, tendo impacto positivo na
qualidade de vida e na saúde das pessoas, sobretudo na terceira idade, já que
favorece o equilíbrio físico e emocional dessa faixa etária. “No aspecto
funcional, destaca-se o aumento da força em até 200%, além do fortalecimento
dos ossos; aumento da mobilidade e flexibilidade nas articulações, melhora do
equilíbrio, manutenção da postura e aumento da capacidade de coordenar
melhor os movimentos. No aspecto psicológico, posso citar o aumento da
disposição, melhora da auto-estima e da sensação de bem estar. Esse
conjunto de benefícios colabora para que o idoso saia de um eventual estado
depressivo”,
Dentro do princípio de que cada Real investido em atividade física se
economiza três na área da Saúde, vários segmentos do governo tem
implementado projetos que incentivem a prática desportiva ou de simples
atividades físicas no dia a dia das pessoas e o resultado começa a aparecer
em curto prazo. Estes programas pretendem melhorar a qualidade de vida da
população e reduzir gastos consideráveis na área da saúde.
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"A prática regular de atividade física sempre esteve ligada à imagem de
pessoas saudáveis. Antigamente, existiam duas idéias que tentavam explicar a
associação entre o exercício e a saúde: a primeira defendia que alguns
indivíduos apresentavam uma predisposição genética á prática de exercício
físico, já que possuíam boa saúde, vigor físico e disposição mental; a outra
proposta dizia que a atividade física, na verdade, representava um estímulo
ambiental responsável pela ausência de doenças, saúde mental e boa aptidão
física. Hoje em dia sabe-se que os dois conceitos são importantes e se
relacionam."
1.3 – O Futebol como fator de inclusão social
Diversas pessoas não sabem a importância da atividade física
principalmente a importância do futebol para o corpo e para a mente. Mas
diversos fatos devem ser analisados como: a perspectivas de inclusão e
ascensão social através do esporte, especificamente o futebol. Pensando nisso
e procurando reunir uma série de raciocínios sobre a história mundial do
futebol, caracterizada pelo início de um jogo com o uso da bola. É importante
identificar o quanto o esporte é usado como ferramenta de transformação e
inclusão social e como o futebol é preferido para a utilização em projetos
sociais e, ainda, comprovar o quanto o futebol já contribuiu para a formação de
profissionais de sucesso que saíram de uma vida humilde e hoje ostentam
riqueza e, ainda assim, investem em programas sociais envolvendo o futebol.
Podemos concluir que o esporte é uma ferramenta eficaz na inclusão
social, sendo ainda, uma possibilidade de ascensão sócio-financeira.
1.3.1 A inserção do futebol na cultura brasileira.
“Os padrões culturais de cada povo se refletem igualmente na modalidade
desportiva que se vai praticar. Por isso que foi necessário estudar as
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perspectivas de inclusão e ascensão social através do esporte,
especificamente o futebol”.
Na sociedade atual, pode-se perceber que muitos pais incentivam seus
filhos a prática esportiva, com ênfase na competição. Principalmente naquela
que acarretará a vitória e a divulgação do feito: medalhas, comentários em
jornais e rádios locais, premiação pública na escola ou no clube. Segundo
Leyla muitos esportes proporcionam a inclusão e a facilidade de sua prática
sem muitos investimentos, mas nenhum supera o futebol. “É ao redor dos
campos de futebol que se formam as pequenas comunidades. Ele atrai os
olhares, aumenta a paixão e mais ainda, faz brotar sonhos de uma carreira rica
e famosa. Por isso deve ser mais bem avaliado pelos governos e instituições
sociais, como importante alternativa para projetos de inclusão”.
O Brasil possui um verdadeiro exército de pessoas capazes e
dispostas a trabalharem nesse processo. Muitos têm usado o esporte mais
atrativo e viável para as classes menos privilegiadas para inclusão na escola e
como cidadão ativo. O futebol é o esporte que requer menos custo em seus
equipamentos, comparados os outros esportes praticados no país. Muito antes
que apenas uma atividade esportiva, o futebol como inclusão social não tem
sido visto apenas como agente emancipador e transformador, mas como uma
promessa de realização de sonho para muitos. “Para utilizar o futebol como
agente de interação social, é necessário entre outras coisas, promover o
equilíbrio entre cooperação e competição, caso contrário corre-se o risco de
modificá-lo em sua essência, obstruindo a construção de uma nova concepção
de ensino em escolinhas de futebol”.
Deve-se ter em mente, que a responsabilidade social é participar
decisivamente do esforço de inclusão. “Incluir socialmente significa garantir a
participação do indivíduo em todo e qualquer ambiente social que o cerca.
Portanto, sendo as escolinhas de futebol um espaço contextual de ensino do
futebol, por exemplo, cria-se como uma possibilidade bastante interessante
para o exercício da inclusão, da oportunidade, da garantia dos direitos para
todos”.
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1.4 – Inclusão de Deficientes Através do Esporte
O esporte adaptado para deficientes surgiu no começo do século XX,
com atividades esportivas para jovens com deficiências auditivas. Mais tarde,
em 1920, iniciaram-se atividades como natação e atletismo para deficientes
visuais. Para portadores de deficiências físicas, o esporte adaptado só
começou a ser utilizado após a Segunda Guerra Mundial, para reabilitação e
inserção social dos soldados que voltavam para casa mutilados. Inicialmente, a
intenção era oferecer uma alternativa de tratamento aos indivíduos que
sofreram traumas medulares durante o conflito. Entretanto, em 1944, por meio
de um convite do Governo Britânico, o neurologista e neurocirurgião alemão
Ludwig Guttmann, que escapara da perseguição aos judeus na Alemanha
nazista, inaugurou um centro de traumas medulares dentro do Hospital de
Stoke Mandeville. É neste ponto da história que o desenvolvimento e fomento
do esporte paraolímpico ganharia força.
Em 1948, Guttmann decidiu organizar competições esportivas
envolvendo veteranos da Segunda Guerra Mundial com ferimentos na medula
espinhal em Stoke Mandeville, England. Eram os primeiros jogos para atletas
com deficiência fisíca. No mesmo ano, no dia da cerimônia de abertura dos
Jogos Olímpicos de Londres, os jogos de Mandeville Stoke foram lançados e a
primeira competição para atletas em cadeira de rodas foi organizada.
Participaram 16 atletas veteranos de guerra, 14 homens e duas mulheres.
Quatro anos depois, atletas dos Países Baixos juntaram-se aos jogos; e assim
o evento internacional, hoje conhecido como Paraolimpíada, nasceu.
Os jogos olímpicos especiais para atletas com deficiência foram
organizados pela primeira vez em Roma em 1960, imediatamente após os
Jogos Olímpicos. Eles são considerados os primeiros jogos Paraolímpicos.
Cerca de 400 atletas vindos de 23 países competiram em 8 esportes, 6 deles
ainda inclusos no programa de competição Paraolímpica (tênis de mesa, arco
e flecha, basketball, natação, esgrima e atletismo). Desde então, os Jogos
Paraolímpicos são organizados a cada quatro anos, sempre no mesmo ano
20
dos Jogos Olímpicos. Fruto do crescimento do esporte adaptado, em 1964, foi
criada a Organização Internacional de Esportes para Deficientes (ISOD).
Os jogos Paraolímpicos evoluíram e hoje, depois apenas dos Jogos
Olímpicos, são o principal evento esportivo mundial.
O Esporte Adaptado no Brasil surgiu em 1958. Atualmente é
administrado por 6 grandes instituições: A ABDC (Associação Brasileira de
Desporto para Cegos), a ANDE (Associação Nacional de Desporto para
Excepcionais), a ABRADECAR (Associação Brasileira de Desportos em
Cadeira de Rodas), a ABDA (Associação Brasileira de Desportos para
Amputados), a ABDEM (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes
Mentais) e a CBDS (Confederação Brasileira de Desportos para Surdos).
1.4.1 - Papel do Esporte na Vida do Deficiente Físico
O esporte é um veículo para a inclusão da pessoa com deficiência na
sociedade. Nos aspectos físicos e motores, o esporte melhora a condição
cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação
motora e o equilíbrio. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade
de sociabilização com pessoas portadoras e não portadoras de deficiências,
torna o indivíduo mais independente para a realização de suas atividades
diárias e faz com que a sociedade conheça melhor as potencialidades dessas
pessoas especiais. No aspecto psicológico, o esporte melhora a autoconfiança
e a auto-estima das pessoas portadoras de deficiência, tornando-as mais
otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos.
1.5 – Ascensão Social Através do Esporte
DENILSON - FUTEBOL
Na família de Denilson há casos de gente que não passou pela
peneira. Dois primos, que a parentela jura serem tão bons de bola quanto o
atacante do Real Betis, são hoje motoristas de lotação. Se não tivesse sido
descoberto por um olheiro do São Paulo aos 13 anos, Denilson provavelmente
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estaria na mesma situação. Ele passou a morar no clube de segunda a sexta-
feira. Treinava seis horas por dia. Quando os outros iam para o chuveiro,
ficava sozinho no campo por mais meia hora, ensaiando dribles e embaixadas.
Com 16 anos, assinou seu primeiro contrato, com um salário de 700 reais. Era
quase a soma dos vencimentos do pai operário e da mãe empregada
doméstica. Com o dinheiro ajudou a reformar a casa em que a família vivia em
Diadema, na Grande São Paulo. Logo que começou a ganhar dinheiro de
verdade, realizou um sonho da mãe: revestiu a casa toda de mármore – pisos
e paredes. "Eu sempre limpava o mármore da casa das patroas e só
imaginava o dia em que ia ter isso na minha", diz a mãe, Amélia de Oliveira,
que atualmente mora com o filho em Sevilha, na Espanha. O salário mensal de
Denilson é hoje 910 vezes maior que a renda per capita de Diadema, cidade
onde nasceu (TEICH, 2002 p. 5).
ACELINO DE FREITAS – POPÓ – BOXE
Acelino Freitas nasceu numa família pobre, de um bairro da periferia
da capital baiana, a Cidade Nova, localizado na região da Baixa de Quintas,
filho de Niljalma Freitas e Zuleica (?). Recebeu da mãe o apelido com que
torno-se conhecido: Popó, por ter mamado até uma idade avançada.
Seu pai era também pugilista, assim como três dos seus irmãos, dos
quais Luís Cláudio foi quem mais o incentivou a também ingressar na
profissão, o que fez já aos catorze anos de idade.
Até o primeiro título mundial, morava com os pais e irmãos em um
casebre, de 6,75 m², que tinha panos como divisórias.
Seus treinamentos básicos são feitos na cidade natal, onde construiu
um ginásio, voltado para a preparação de novos talentos.
Se lançou candidato a deputado federal pela Bahia nas eleições de
2010 pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB)
JOAQUIM CRUZ - ATLETISMO
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Atleta brasiliense (12/3/1963-). Campeão e recordista olímpico na
corrida de 800 metros, é o primeiro brasileiro a ganhar medalha de ouro em
prova de pista em Olimpíadas. Caçula dos seis filhos de um carpinteiro,
Joaquim Carvalho Cruz nasce em Taguatinga, no Distrito Federal.
Sonha ser jogador de basquete, mas, em maio de 1977, é inscrito, por
trote, nas provas de atletismo do Campeonato Brasiliense Estudantil. Participa
da competição e chama a atenção pelo desempenho nos 1 500 metros. No
início de 1978 começa a treinar e logo estréia em competições oficiais de
atletismo, ganhando duas medalhas de ouro (400 e 800 metros) no
Campeonato Brasileiro de Menores.
Em dois anos conquista sete medalhas de ouro internacionais e uma
de bronze. Em junho de 1981 bate o recorde mundial nos 800 metros da
categoria 18/19 anos, no 7º Troféu Brasil, no Rio de Janeiro, e recebe uma
bolsa de estudos da Bring Young University, em Utah, nos Estados Unidos
(EUA).
Nos 800 metros, leva o bronze no Mundial de Helsinque, na Finlândia,
em 1983, ganha o ouro nas Olimpíadas de Los Angeles (1984), ouro nos
Jogos Pan-Americanos de Indianápolis (1997) e prata em Seul (1998). Em
1995 obtém a medalha de ouro no Pan-Americano de Mar del Plata nos 1 500
metros. Abandona a carreira em 1997.
Formado em línguas românicas pela Universidade de Oregon (EUA)
em 1988 e em educação física na Point Loma Nazarene College (San Diego,
EUA) em 1995, atualmente é treinador pessoal de condicionamento físico e
técnico de atletismo.
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CAPÍTULO II
IMPACTO ECONÔMICO DO ESPORTE
2.1 - Impacto Econômico do Esporte
O esporte de competição demonstra ser de grande importância para a
indústria do entretenimento. De fato, esta indústria, estima-se, apresentará as
maiores taxas de crescimento ao longo do século XXI, e o esporte está se
transformando no principal setor dessa indústria, considerando seu impacto
social e a importância econômica que esta atividade desempenhará na
economia dos países nos próximos anos.
O futebol possui cerca de um bilhão de praticantes em todo mundo,
Movimenta quase US$ 260 bilhões anualmente. Durante a Copa do Mundo de
24
1998 na França, atraiu uma audiência televisiva acumulada estimada em cerca
de 36 bilhões de pessoas (Fonte: Ministério dos Esportes)
2.2 - O Esporte Na Economia e Na Geração De Empregos
O Esporte Alavanca a Economia, desta forma, o setor de tem a
capacidade de alavancar a atividade econômica de forma direta e indireta nos
seguintes setores da Indústria têxtil, Indústria de Calcados, Indústria de
Equipamentos, Comunicação, Entretenimento, Comércios varejista e
atacadista, Indústria da construção civil, Internet, Serviços financeiros.
Medicina e Indústria farmacêutica.
Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas - FGV1, A indústria do
esporte movimenta R$ 25 bilhões, emprega 300 mil pessoas, apresenta taxa
de crescimento bem acima da média: enquanto o Produto Interno Bruto - PIB
cresceu à taxa média de 2,25% de 1996 a 2000. Esse segmento registrou
aumento médio anual de 12,34% no período.
Metade dos R$ 25 bilhões movimentados pelo setor é relativa à
indústria de artigos esportivos, como roupas, calçados e equipamentos. Dos
50% restantes, R$ 8,7 bilhões são relativos a serviços diretamente ligados ao
setor, como prática esportiva em clubes e academias, arrecadações em
estádios e quadras, marcas e direitos autorais, marketing, comunicação
esportiva (televisões, rádios etc). Os R$ 2,8 bilhões restantes correspondem ao
valor indireto gerado pelo esporte, como gastos com transporte, alimentação e
hospedagem de atletas e manutenção de equipamentos e de infra-estrutura
poliesportiva.
Alem dos R$ 25 bilhoes há uma parcela de R$ 18 bilhões anuais
relativa ao esporte nas instituições de ensino e aos investimentos das
empresas em ginástica laboral, subsídios e convênios com clubes e academias
de ginástica, e até mesmo a economia obtida por elas e pelo Instituto Nacional
de Seguro Social - INSS com a redução de dias não trabalhados em virtude de
adoecimento de funcionários.
25
Dessa forma, podemos dizer que esse setor, em sua plenitude, é
responsável por 3% do PIB ou R$ 60 Bilhões
2.3 - O Esporte Resistindo as Crises Econômicas
Uma das características mais importantes deste setor é a sua
capacidade de crescer mesmo em períodos de crise. Isso porque quando a
economia está em crescimento as pessoas têm mais dinheiro e gastam mais
com esporte. Quando a economia se encontra em retração, os desempregados
têm mais tempo livre para a prática do esporte.
E, ainda segundo a FGV, mesmo com o alto ritmo de crescimento
registrado nos últimos anos, o setor ainda tem potencial para crescer de forma
acelerada. De fato, apenas 1,1% da População Economicamente Ativa - PEA
do País pratica esporte pelo menos duas vezes por semana. Se comparado
com outros países, como os EUA, por exemplo, onde este percentual atinge
18% só com o fisiculturismo, fica claro o potencial de crescimento do setor no
Brasil.
O mercado de licenciamento no Brasil ainda e embrionário, nos EUA
cerca de US$ 14 bilhões são gerados no mercado de Royalties e, US$700
milhões (50%) são provenientes do setor de esportes .
No Brasil, US$100 milhões gerados mercado de royalties e apenas
US$6 milhões (6%) se referem ao esporte.
Certamente o Esporte tem um enorme potencial ainda não
devidamente explorado no Brasil.
26
CAPÍTULO III
O LEGADO DOS MEGAEVENTOS
CONCEITO
As competições esportivas, os jogos que mobilizam as massas, que
alteram as nossas rotinas, têm sido nos tempos modernos verdadeiros
mecanismos, elos quase perfeitos de união entre importantes dimensões da
vida em sociedade. Apresentam claramente fragilidades e limites, certezas e
incertezas, estruturas para organizar e acontecimentos, para transformar. De
certo modo, transferimos para nossos atletas a responsabilidade de honrar a
pátria, as cores da nossa bandeira, de salvar a nação, através de uma vitória,
de uma medalha, de um gol que nos dê o título mundial, o ouro olímpico, o
lugar mais alto do pódio.
3.1 - O Legado Dos Megaeventos
27
Mas, e se mudássemos os atletas dessa “partida”? Saem os atletas, os
desportistas, entram em campo políticos, governantes e empresários? Esses
são personagens fundamentais deste ‘jogo’, onde nada é mais oportuno do
que uma grande mobilização em torno dos megaeventos esportivos que
acontecerão no Estado do Rio de Janeiro. Instituições governamentais,
políticas, acadêmicas e da sociedade em geral, discutindo, formulando
conceitos e fundamentos que dizem respeito aos legados desses futuros
eventos: Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo
de 2014, Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.
Esse processo ocorre em um tempo novo, em um momento
significativo e histórico em que as sociedades enfrentam mudanças profundas,
fundamentadas em um novo paradigma social e tecnológico segundo o qual a
informação e o conhecimento tornam-se fatores expressivos no
desenvolvimento dos estados.
Nossa reflexão vai além de ações e construções. Dela fazem parte os
objetivos, interesses e as propostas de uma sociedade justa, soberana e
democrática que garantam dignas condições de vida e direitos fundamentais a
todos os cidadãos.
Esta é uma ótima oportunidade para também falarmos sobre o - legado
que as Copas e Olimpíadas podem deixar para os países sede.
Se acompanharmos a história, veremos o quanto o espetáculo
cresceu, mas são poucos os relatos sobre seus legados, efetivamente, ou seja:
a primeira Copa do Mundo transmitida pela TV foi a de 1954, porém as
imagens eram em preto e branco e as partidas somente foram transmitidas,
por questões de logística, para a Europa. A cobertura do evento para o Brasil
foi feita por meio do rádio de 1954 a 1966 e, a primeira Copa transmitida ao
vivo, pela televisão para o Brasil, foi a de 1970, em preto e branco. A partir de
1974 com o advento da tecnologia, houve a possibilidade da transmissão ao
vivo e em cores para nosso país. Hoje escolhemos como queremos assistir as
transmissões, gravamos, reproduzimos, inclusive interagimos a qualquer
28
momento, utilizando as tecnologias digitais; mais recente surgiu o blue-ray e, o
3D também já é uma realidade.
Acompanhamos o mega crescimento do espetáculo e a grande
evolução do esporte, das organizações ligadas aos eventos, dos veículos de
comunicação e, das tecnologias que surgem a cada dia. Observando alguns
eventos esportivos como a Copa do Mundo: 2002 do Japão e 2006 da
Alemanha e, as Olimpíadas de Atenas em 2004; baseado no
acompanhamento e atuação efetiva nestes e outros eventos de grande porte,
diríamos até que sua produção não é uma missão demasiadamente difícil;
basta observar que vários outros países já realizaram, mesmo com pouca ou
nenhuma experiência no setor, pois contaram com o modelo de negócio FIFA
e a injeção de bilhões de dólares em suas economias, quer seja pública ou
privada antes e durante os eventos. Enfim, entendo que é preciso discutir e
levar esta preocupação urgentemente para seus organizadores, principalmente
quando falamos em Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, que hoje são
realidade para o Brasil.
Ainda não observamos um tratamento sério da questão do Legado dos
Eventos, por seus organizadores; que entendo deveriam se comprometer em
levar ao maior número possível de cidades brasileiras, motivação e
oportunidades ímpares, uma vez que somente 12, dos 5.565 municípios
brasileiros serão sedes da Copa do Mundo. Nestas ocasiões também teremos
oportunidade de ver quem são os bons administradores e políticos do nosso
país, independente da vocação das cidades: indústria, serviço, turismo, pois
também cabe ao Governo Federal criar oportunidades para o Pós Evento, mas
acompanhamos cotidianamente notícias sobre diversos Comitês Pro Copa,
direcionando seus planejamentos apenas para antes e durante os eventos,
como: construção de estádios, infra-estrutura urbana, transporte, aeroportos,
portos; o que certamente são muito bem-vindos, mas o ideal seria que esta
discussão sobre como o país ganhará dinheiro e prestígio, principalmente,
após a Copa 2014 e Olimpíada 2016 -, pois o que normalmente vemos depois
são dezenas de elefantes brancos pelo país, além de obras inacabadas ou
mesmo abandonadas, que poderiam ter sido pensadas para aproveitamento
29
pós evento como escolas, creches, centros de formação de atletas, parques
abertos ao público, corredores e sistemas de transporte realmente eficazes.
3.2 – Impactos Negativos Dos Megaeventos
“Em contraposição ao cenário de criação de empregos, investimentos
externos, obras de infra-estrutura, valorização de bairros e boom econômico
que têm sido divulgados, temos a possibilidade de sairmos desses eventos
numa situação pior do que aquela na qual entramos, com aumento da exclusão
social, remoção de famílias, desvios de dinheiro e perda de patrimônio
público.“
por Fernando Paganatto e Mateus Novaes(*), em 27/06/2011
Em abril deste ano, Raquel Rolnik, urbanista, professora da
Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações
Unidas para o Direito à Moradia Adequada, divulgou, pela Relatoria da ONU,
violações do Estado relativas às desapropriações para as obras para a Copa
do Mundo e Olimpíadas. Segundo Rolnik, as remoções têm sido feitas de
maneira forçada, sem diálogo com as populações afetadas e com
indenizações baixas, sem planejamento quanto ao futuro dos desapropriados.
A denúncia é extremamente oportuna em tempos nos quais o bom
legado dos Megaeventos tem sido alardeado. Em contraposição ao cenário de
criação de empregos, investimentos externos, obras de infra-estrutura,
valorização de bairros e boom econômico que têm sido divulgados. Temos a
possibilidade de sairmos desses eventos numa situação pior do que aquela na
qual entramos, com aumento da exclusão social, remoção de famílias, desvios
de dinheiro e perda de patrimônio público.
Os dados acerca das desapropriações são preocupantes. Só no
entorno do estádio a ser construído em São Paulo, por exemplo, para sediar os
jogos do mundial de futebol, 5.200 pessoas correm o risco de ser despejadas
de suas casas. No país todo, esta situação engloba 60 mil brasileiros. As
desculpas do poder público de serem áreas de risco são extremamente
inapropriadas, pois famílias vivem nos locais há décadas e nunca foram alvos
30
de políticas públicas. E mesmo hoje, o que se tem visto são remoções sem
planejamentos que garantam o direito à moradia decente, direito este garantido
pela Constituição Federal e por tratados internacionais assinados pelo país,
como a Declaração de Direitos Humanos da ONU.
Resta-nos concluir que está em jogo o famoso “preço do
desenvolvimento”, no qual algumas famílias têm de ser sacrificadas, sendo
deslocadas de seus habitats históricos para que a sociedade como um todo
obtenha progresso. Porém, ao analisarmos mais a fundo o processo e seus
resultados, nos indagamos se realmente é o progresso o que estamos
construindo.
Voltemos à denúncia realizada por Raquel Rolnik. Segundo a relatora,
as indenizações pagas às famílias são ínfimas se comparadas aos preços do
mercado imobiliário. Ainda mais dentro de um contexto de supervalorização
dos imóveis que as obras para a Copa têm trazido às regiões atingidas e
refletindo em áreas próximas, em “efeito cascata”. O resultado disso é uma
expulsão dos moradores de seus bairros, sendo levados a regiões distantes,
causando uma nova onda de urbanização descontrolada em bairros que hoje
são menos habitados. Ou seja, mais pessoas serão alocadas em locais com
dificuldades de infra-estrutura, transportes, atendimento hospitalar etc.,
causando um novo passivo social ao país e aumentando a exclusão.
junte-se a isso a intenção do poder público de não indenizar moradores
de áreas irregulares, ilustrada pela declaração da Agecopa (Agência Estadual
de Projetos da Copa 2014) de Mato Grosso, e teremos uma onda crescente de
favelização. Ou seja, moradores que hoje estão em situação precária em
bairros com algum atendimento público, como o caso de Itaquera, em São
Paulo, serão deslocados para regiões nas quais o Estado não chega. É como
se fizéssemos um “afastamento dos pobres” e a criação de guetos. O
problema da falta de garantias de direitos pelo poder público a essas pessoas
não será solucionado, porém a valorização imobiliária será garantida com mais
uma região de alto padrão.
Os resultados disso são alarmantes: intensificação da formação de
“bairros dormitórios”, aumento da lotação no sistema de transporte público, ao
31
deslocar mais trabalhadores para bairros periféricos distantes, aumento de
pessoas desatendidas pelo poder público e o conseqüente crescimento do
poder paralelo, representado pelo tráfico de drogas nas grandes cidades
brasileiras.
Mas há quem ganhe com isso. As empreiteiras e empresas de
construção civil estão contratando e fazendo negócios atrás de negócios. No
Brasil, até 2014, serão aplicados R$ 108 bilhões somente em infra-estrutura,
segundo cálculos da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de
Base (Abdib). Os empregos que essa onda de obras criará podem ser
apresentados como um dado a confirmar o bom legado da Copa.
Porém, são empregos em sua grande maioria temporários, que podem
ou não se sustentar, o que dependerá de outras ações relativas ao
planejamento macroeconômico.
Se pegarmos o exemplo da África do Sul, nação em desenvolvimento
que sofreu conseqüências da crise econômica mundial em 2009 e que
organizou o mais recente mundial em 2010, o cenário não é de euforia. De
acordo com o relatório sobre o índice de empregos da Adcorp de Emprego,
uma das mais respeitadas do país. Divulgado em 22 de junho de 2010, o nível
de emprego caiu 6,2% entre abril e maio daquele ano, justamente pela
conclusão das obras da Copa. O índice mostrou que o nível de desemprego no
país, que em 2008 era de 21,9%, continuou a aumentar mesmo com a
realização do megaevento, chegando a 25,2% no primeiro semestre de 2010.
Há, ainda, a preocupação com o retorno financeiro previsto. No caso da África
do Sul, os ganhos com a Copa eram estimados em 0,5% do PIB do país,
porém, os gastos já haviam passado dos 6,5% de seu Produto Interno Bruto.
Em compensação, a FIFA, entidade internacional que gerencia o futebol e o
mundial de seleções, obteve lucro de US$ 3,2 bilhões, livres de impostos, e
destinaria apenas 3% desse valor para auxílio em obras sociais no país.
Mesmo que as remoções fossem feitas em nome da certeza de um
desenvolvimento econômico e social, ainda assim teriam de acontecer com um
planejamento visando o bem-estar das comunidades atingidas, com um
32
indicativo de que as melhorias em condição de habitação e expectativa de vida
chegassem a elas também.
Nem um, nem outro. Tanto o desenvolvimento a partir dos
investimentos realizados para os megaeventos é incerto, como a preocupação
com a qualidade de vida das populações atingidas está fora de pauta.
O exemplo de São Paulo é emblemático. Favelas que historicamente
estão alojadas na região próxima ao estádio a ser construído serão
despejadas. Os projetos incluem avenidas de acesso à nova arena e a
construção de um parque linear como compensação ambiental para as obras
viárias. Nada tem se falado sobre o futuro dessas comunidades.
É óbvio que o desaparecimento de favelas é essencial para a
valorização imobiliária da região, que é o legado mais claro que a Copa deixará
para o bairro de Itaquera. Bem como a apresentação de uma cidade
desenvolvida, com condomínios de padrão elevado, avenidas bem
pavimentadas e uma grande área verde demonstram ao público turista que a
cidade vai muito bem.
3.2.1 - Os Gastos - Dinheiro público para uso privado
Conforme frisamos, se as desapropriações ao menos fossem parte de
um projeto de desenvolvimento econômico e social, num futuro próximo seu
passivo social seria compensado através do progresso do país todo, também
chegando àquelas comunidades deslocadas. Porém, não é esse o resultado
que virá, tampouco é o quadro que esperam os organizadores.
Na mais recente Copa do Mundo, a promessa de desenvolvimento
como legado à África do Sul esvaiu-se ao término do evento. Os estádios
construídos hoje têm um custo de manutenção anual de R$ 17 milhões, que
sai dos cofres públicos. Tornaram-se os famosos “elefantes brancos” em
regiões onde o futebol sozinho não consegue prover os custos das arenas.
É o que parece ser o futuro de alguns estádios no Brasil. No caso de
Manaus, por exemplo, nem todo o público do campeonato amazonense de
2011 seria capaz de lotar a nova arena a ser construída para a Copa. O
público dos 80 jogos da competição, somado, ficou em pouco abaixo de 38 mil
pessoas, bem aquém dos 47 mil lugares do novo estádio. Esse dado dá a
33
dimensão do legado da Copa: grandes obras que favorecem o mercado
imobiliário e aquecem o setor de construção civil, mas que serão inúteis à
população em médio prazo, e um custo ao erário em longo prazo.
Os investimentos em áreas sociais foram ínfimos dentro de um
universo catastrófico. O país que apresenta uma taxa de 18% dos adultos
infectados pelo HIV recebeu investimentos de escassos US$ 106 milhões –
apenas 2,5% do que foi gasto com a realização do evento. Na educação, os
investimentos relacionaram-se à capacitação de pessoal a ser empregado nas
obras e no atendimento ao público da Copa. Sem o planejamento sócio-
econômico adequado, a maior parte dessa mão-de-obra, agora qualificada,
voltou a fazer parte da estatística do desemprego, que, como já vimos, está em
torno de 25%.
O que devemos nos perguntar é se o dinheiro previsto para ser gasto
em eventos de tal envergadura não estaria sendo melhor aproveitado em
investimentos sociais. Por exemplo: o Brasil hoje perde cerca de US$ 15
bilhões (R$ 25 bilhões) por ano por conta de erros em projetos de engenharia,
só em obras públicas. Esse dado é ligado, segundo estudos apresentados no
Encontro Nacional de Engenheiros, em 2010, à má formação de nossos
engenheiros. Outro dado aponta que o país gasta, anualmente, cerca de R$
300 milhões com o tratamento de doenças relativas à falta de higiene, que
poderiam ser substancialmente reduzidas com um efetivo investimento em
saneamento básico, do qual carece metade da população brasileira. É um
investimento com retorno ambiental, social e econômico.
Por fim, temos o exemplo dos Jogos Pan-americanos de 2007, nos
quais R$ 7 bilhões foram gastos e hoje muitas obras, como o Velódromo e o
Parque Aquático Maria Lenk, têm sido pouco aproveitadas, com a população
afastada dos benefícios que os equipamentos poderiam trazer caso suas
utilizações tivessem sido planejadas na concepção. Obviamente, a população
carioca viu na época uma oportunidade de desenvolvimento da cidade, porém
suas expectativas hoje não vivem nem na memória. Os Jogos passaram e foi
como se não tivessem jamais acontecido, a não ser por conta das obras
portentosas em locais inabitados.
34
3.3 – Desafio Para Futuras Sedes
A preocupação é pertinente já que os Jogos Olímpicos são o evento
com maior poder de transformação na paisagem geográfica das cidades e os
equipamentos esportivos afetam diretamente a dinâmica urbana.
Devido a falta de metodologias específicas sobre legado de
megaeventos, se faz necessária, no país, a presença de estudiosos
estrangeiros no tema, que poderão contribuir de forma essencial para a
construção do conhecimento e, orientar os pesquisadores nacionais para quais
caminhos seguir, através de erros e acertos do passado, em cidades que
receberam os mesmos Megaeventos que o Brasil está por sediar.
3.3.1 - A experiência Inglesa
Os Jogos de Londres 2012 começaram em 2005, quando a capital
britânica foi escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para sediar a
olimpíada pela terceira vez na Era Moderna (as duas anteriores ocorreram em
1908 e 1948). Desde então, a cidade está se preparando para receber o
evento. O legado que os Jogos poderão deixar também está sendo discutido
há mais de três anos. Chris Gratton, da Sheffield Hallam University (Grã-
Bretanha), destacou que os Jogos Olímpicos já estão acontecendo em
Londres desde que a cidade foi escolhida pelo COI. “Existem programas
sociais que já estão em andamento em benefício de jovens em situação de
risco. Há muitos programas gerados pelos Jogos, mas que não fazem parte do
evento”. O britânico ressaltou ainda a regeneração que está sendo feita na
área de Stratford, local que abrigará a maior parte das instalações esportivas.
“Pequim estava mais preocupada em fazer uma olimpíada espetacular,
enquanto que Londres quer inspirar os jovens para o esporte”, destacou
Gratton. Iain McCury, da University of East London (Grã-Bretanha), também
falou sobre os impactos das obras em Stratford, destacando que apenas um
número pequeno de pessoas teve que ser deslocado de suas residências. “A
35
maior mudança em Londres será no sistema de transporte, pois os Jogos vão
proporcionar esta necessidade. A capital britânica estará conectada com a
Europa”, comemora McCury. “As pessoas estão apoiando os Jogos de
Londres, apesar das criticas da mídia. Ainda existe um receio da população
por uma característica típica inglesa”, completou Gratton. Os professores ainda
revelaram que Londres não está pronta no momento, mas com certeza estará
com todas as instalações finalizadas em 2012 apesar da crise mundial. “Pode
ser um problema, mas a crise também fará as pessoas pensarem em Jogos
mais focados em desenvolvimento de programas sociais e culturais e, menos
comerciais”. Deste modo os Jogos de Londres 2012 pretendem se aproximar
mais dos princípios da Carta Olímpica, que de forma resumida pregam a
construção de um mundo melhor e mais pacífico, educando a juventude por
meio do esporte (SANFELICE, 2007).
3.3.2 - O Brasil Condenado a Sediar os Megaeventos
Para os especialistas brasileiros, o país ainda não está devidamente
preparado para receber uma edição dos Jogos Olímpicos. No entanto a
maioria concorda que este é um processo inevitável, há inúmeros aspectos
que devem ser levados em consideração, como transporte, saúde, infra-
estrutura e comunicação. “Qualquer evento é muito bom para sua cidade e
país, mas precisa ser bem gerenciado para não trazer prejuízos sociais”,
Todas as obras deverão ser projetadas pensando na utilização das
mesmas no futuro, principalmente projetos viários projetos sociais.
Observamos exemplos semelhantes de países emergentes em décadas
passadas como Japão, Itália, Coréia do Sul e, atualmente a China. O momento
político atual condena o Brasil a ser sede dos Jogos Olímpicos. O evento serve
como lançamento de nações, para uma visão internacional. O Brasil está entre
os cinco maiores países emergentes do mundo e tem potencial para sediar os
megaeventos, juntamente com Rússia e Índia.
Ainda não conseguimos analisar o legado que o Pan nos deixou e, isso
coloca dúvidas sobre nossa capacidade de planejamento. O Rio de Janeiro é
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“uma grande cidade com graves problemas sociais e ambientais, típicos do
subdesenvolvimento”. Seul (Coréia do Sul), sede dos Jogos em 1988, e
Barcelona (Espanha), que abrigou a maior competição esportiva em 1992, são
modelos urbanísticos a serem seguidos e observados devido ao êxito que
obtiveram, principalmente o exemplo coreano, de um país – na época –
emergente, caso do Rio de Janeiro e do Brasil no cenário mundial.
3.4 – Impacto Nas Leis do País “Em nome dos megaeventos, leis e direitos ficam no banco de reserva”
Este tema está no ponto alto dos debates pois a organização de
megaeventos amplia situações de estado de exceção, onde normas são
flexibilizadas e direitos são negados em nome da realização de grandes obras
de infra-estrura, da aquisição de altas quantias de recursos financeiros e
mudanças na estrutura urbana. A agilidade necessária para dar conta das
demandas e prazos exigidos por organismos internacionais como a FIFA leva
parcela das tarefas do poder público para as mãos do capital privado – e o
interesse coletivo fica no meio do caminho, escancarando a desigualdade na
distribuição de oportunidades e benefícios no processo. "Tudo se torna válido
porque os projetos têm um horizonte temporal de rapidez. Nesse contexto, o
estado de exceção passa ser quase regra, quase uma técnica de governo.
Das competições esportivas voltadas ao lazer, os megaeventos têm se
configurado em atividades econômicas de entretenimento, organizadas em um
circuito mundial e baseadas principalmente no turismo: "Os megaeventos são
atividades criadas para circulação de capital. São criados novos territórios de
investimentos e novas fronteiras para a expansão do capital. A cidade acaba
sendo apropriada como uma máquina de investimento". Esse processo teve
início entre os anos 70 e 80, como consequência da própria crise do sistema
capitalista.
Três anos antes da Copa de 2014, muitas capitais brasileiras já vivem
a supressão de leis e a violação de direitos humanos. Apontamos como um
exemplo de lei de exceção o convênio firmado entre o governo estadual, a
prefeitura de Curitiba e o Clube Atlético Paranaense, que possibilitou a
37
liberação de 90 milhões de reais em Potencial Construtivo para o Clube. "Os
termos do convênio são extremamente confusos, complexos e ilegais",
baseada em análises feitas por especialistas.. Trata-se, conforme se
evidenciou durante os debates, de toda uma engenharia jurídica para tentar
legitimar o que é, em essência, transferência de patrimônio público para
atividades particulares. O mesmo acontece em São Paulo com a prefeitura
doando em forma de redução de impostos e incentivos fiscias verdadeiras
fortunas para que o Corinthians possa realizar a grandiosa obra de seu tão
sonhado Estádio.
Em Fortaleza, casas estão sendo marcadas para demolição, sem
qualquer aviso anterior, para dar lugar à instalação de um trem de alta
velocidade. Novas obras para receber as Olimpíadas de 2016 são motivos de
ameaças de despejo na Vila Autódromo e de outras comunidades no Rio de
Janeiro. E a história se repete em Belo Horizonte e Porto Alegre, por conta de
obras para a Copa.
Dados referentes a megaeventos já realizados em outros países
demonstram a repetição do problema vivido no Brasil: em Seul, nas
Olimpíadas de 1988, 15% da população urbana foi expulsa e 48 mil edifícios
foram demolidos. Mil famílias foram desalojadas em Nova Deli, na Índia, em
decorrência dos Jogos da Commonwealth. A Copa do Mundo da África do Sul
resultou na remoção de 20 mil famílias para regiões empobrecidas da cidade e
na segregação forçada da população em situação de rua.
3.5 – Efeitos Positivos
A Copa 2014 se apresenta como uma excelente oportunidade na área
da promoção turística e para a fixação da imagem positiva do Brasil, com uma
vantagem sobre as experiências de outras Copas, como a dos Estados Unidos
ou da Alemanha. No caso norte-americano, o primeiro desafio era convencer a
população da importância do futebol; na Alemanha, apregoar aos alemães
sobre a necessidade de “bem receber”, fomentando o tema “O mundo entre
38
amigos”. A nossa Copa será a primeira em dimensões continentais em um país
que é realmente apaixonado por futebol.
A Copa Mundial a ser sediada pelo Brasil em 2014 constitui, sem
dúvida, o evento de maior espectro nos próximos dez anos, juntamente com os
Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Um megaevento que tem como
peculiaridade sua ampla abrangência. Mobilizará simultaneamente diversas
cidades brasileiras e envolverá todas as regiões. Será de fato a Copa de um
país inteiro, uma vez que as cidades-sedes escolhidas estão localizadas em
pontos estratégicos, diferentemente da Copa de 50, que foi disputada em
apenas seis cidades.
A expectativa é de que milhares de turistas estrangeiros estarão aqui
para assistir à Copa. Em função desta premissa inicia-se a reflexão sobre os
impactos do megaevento esportivo na infra-estrutura das cidades-sedes, assim
como sobre seus potenciais benefícios ao cotidiano e à qualidade de vida das
populações locais. Investimentos e projetos já estão na pauta do governo
federal para atendimento às demandas turísticas a serem geradas pelo
campeonato mundial.
A idéia é obter um desempenho considerável a exemplo da anfitriã
Alemanha, que registrou 2,5 milhões de pernoites com turistas estrangeiros, o
que representou um retorno de 20% de crescimento comparado ao ano
anterior. Foram arrecadados de 4,8 bilhões a 5,5 bilhões de euros só no setor
hoteleiro. Além disso, o crescimento não se limita apenas ao período da Copa,
mas também ao pré e pós-evento. Assim, o mercado de turismo alemão
acusou crescimento de visitantes vindos do Reino Unido (36%), dos EUA
(21%) e da Suécia (19%).
No Brasil, o segmento de eventos desfruta de uma fase peculiar. Está
devidamente reconhecido pela nova Lei Geral do Turismo e faz parte dos
setores econômicos na cadeia produtiva de turismo. Portanto, afirmar sobre a
intersecção entre estes dois fenômenos é seguramente uma verdade. Há
muito, a relação entre Turismo e evento é relatada com propriedade por alguns
estudiosos que atestam sua importância tanto para quem pratica como para
quem promove. Eventos bem organizados, aliados a uma programação
39
turística opcional, pré e pós-evento, podem ampliar o número de participantes
e acompanhantes.
Por outro lado, o evento em si gera turismo, pois, sendo também
atrativo turístico, cria fluxo turístico por ocasião do retorno do turista ou pela
propagação da imagem positiva do lugar, que pode gerar a vinda de outros
turistas. Pode-se dizer, então, que o turismo de eventos alavanca o turismo de
lazer e que o mercado de eventos está profundamente ligado à atividade
turística.
Em termos mundiais, a captação e a promoção de eventos vêm sendo
consideradas as atividades que mais retorno econômico e social oferecem ao
país e às cidades que os sediam.
Entre esses benefícios ocasionados pelo turismo de eventos,
destacam-se:
- ajuda a equilibrar oferta e demanda, minimizando problemas de sazonalidade
típicos da baixa estação turística,
- gera fluxos de pessoas e agrega valor à oferta turística;
- serve como instrumento de comunicação e marketing para a atração dos
participantes;
- o turista de eventos permanece mais tempo na cidade e gasta mais do que o
turista de lazer;
- valoriza os conteúdos locais, culturais, econômicos e sociais da região onde
se desenvolve, inserindo-se na programação ou ainda como pano de fundo do
próprio destino;
- favorece a atuação de todo o trade turístico da localidade receptora, bem
como das localidades emissoras;
- gera negócios e motiva políticas públicas;
40
- oportuniza ou gera a criação de empregos de investimentos, de distribuição
de renda e de captação de divisas;
- os eventos são espaços para a divulgação de destinos turísticos e
comercialização de produtos e serviços inerentes;
- proporciona prestigio à cidade/país-sede, que é alvo da imagem positiva na
mídia espontânea que o evento gera.
Por todos estes fatores, é visível a importância estratégica dos eventos para as
localidades e sua promoção turística.
Neste clima de festa e com propósitos bem definidos, que o próprio
megaevento desenhou, indivíduos de diferentes nações serão aqui recebidos.
Toda atividade turística carrega de forma implícita a hospitalidade, mas no
caso das cidades-sedes de um megaevento esportivo como a Copa do Mundo,
tal responsabilidade é ainda maior, pois ao ganhar o processo de candidatura
o país anfitrião ganha visibilidade e o mundo todo tem, por assim dizer, os
olhos voltados para a sede.
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CONCLUSÃO
Com Base nos estudos realizados, concluímos a importância do
esporte na vida dos brasileiros e assim, percebemos que no esporte, assim
como na educação em geral, o desenvolvimento dos valores (sociais, morais e
éticos) também se faz importante e necessário quando o que está em jogo é a
formação humana. Numa época de profundas mudanças, em que há um
pluralismo de idéias e de culturas, as crianças e os jovens carecem de
encontrar na prática esportiva, um modelo de esporte que respeite a sua
identidade, suas diferenças e seus limites.
Portanto, uma das formas de se alcançar este objetivo é pensarmos
numa prática educativa do esporte orientada por um viés inclusivo, que vise a
promoção de atividades recreativas, formativas e sociais. Uma prática que
construa valores, tais como: responsabilidade, respeito ao próximo, respeito às
regras, desenvolvimento da personalidade, da tolerância, da integração e de
convivência.
Em relação aos grande eventos, a análise dos custos/benefícios de
sua realização, é uma tarefa complexa mas fundamental para decisões
envolvendo candidaturas para megaeventos desportivos. O custo cada vez
mais alto necessário para atender as exigências impostas pelas federações
internacionais e a necessidade de financiamento público, requerem bastante
responsabilidade na preparação destes cálculos. A maioria dos estudos que
dão suporte às candidaturas costuma apresentar super estimativas do impacto
que os eventos gerarão nas economias locais. Estudos realizados vários anos
após a realização de alguns destes eventos, não conseguiram confirmar as
previsões iniciais e encontraram resultados que deixaram a desejar. Com
relação ao crescimento do PIB, fluxo turístico, geração de novos empregos e a
futura utilização das estruturas construída para o evento.
A decisão sobre a organização de um megaevento, não deve se ater
apenas a valores econômicos, uma vez que estes eventos tem o potencial de
42
gerar uma série de benefícios sociais intangíveis. Uma delas que podemos
utilizar como exemplo será a metodologia de avaliação utilizada nos jogos
olímpicos de Londres em 2012.
Para garantir que eventos como a copa do mundo em 2014 e os jogos
olímpicos de 2016 trarão o retorno esperado para o Brasil, será preciso de
muita responsabilidade e transparência na aplicação dos recursos públicos, e
um bom plano inicial que considere o impacto possível e a futura aplicação da
infra-estrutura gerada com a passagem do evento.
Nesta linha pensamento, esperamos que as autoridades consigam
conduzir os megaeventos fazendo com que os ganhos esperados na área
social e econômica esteja dentro do planejado. O preço a pagar é muito alto,
vimos no contexto do estudo exemplos positivos e negativos e, de certo
devemos estar atentos para aprender com aqueles que já cometeram erros na
gestão destes eventos e também aproveitar os exemplos positivos daqueles
que fizeram da passagem de megaeventos um marco para a vida dos
cidadãos, da cidade e do país.
43
ANEXOS
Índice de anexos
O autor utiliza esse espaço para trazer conteúdos de apoio,
objetivando aprofundar a prática da pesquisa e suas diferentes formas de
produção. Assim, o educando recebe uma bibliografia de apoio na confecção
de questionários, entrevistas, mensuração dos resultados entre outros.
Anexo 1 >> Entrevista;
Anexo 2 >> Mapa indicativo dos Megaeventos.
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ANEXO 1
PRODUZINDO O MATERIAL
Entrevista - 27/04/2011 16:46 ‘Não-legado’ dos megaeventos Por Marianna Araujo
“O torcedor não costuma pensar que ir ao estádio é um ato político, mas é”. A
frase é do geógrafo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Christopher Gaffney, que também é membro da Associação Nacional dos
Torcedores (ANT), entidade dedicada ao enfrentamento da exclusão do povo
brasileiro dos estádios de futebol, do desrespeito à cultura torcedora e da
retirada de comunidades de trabalhadores em nome da Copa do Mundo e das
Olimpíadas.
Para Gaffney, todas as etapas da realização dos megaeventos esportivos de
2016 e 2014 envolvem o estabelecimento de novas regras e novas formas de
governar com vistas a gerar um estado de exceção onde o autoritarismo vigora
cada vez mais livre de constrangimentos. Segundo o geógrafo, estas são
mudanças jurídicas seguidas por mudanças sócio-espaciais que contam com a
anuência da grande mídia. Confira.
Observatório de Favelas: Você fala em "democratizar a Copa do Mundo de
2014". O que essa expressão quer dizer?
Chris Gaffney: Ninguém vota por uma Copa acontecer. Não há referendo, não
há plebiscito, não existe opinião pública a respeito. Se o governador do estado,
o prefeito, o Ministério do Esporte, o Presidente da República, o Ricardo
Teixeira, o seu Sepp Blatter tivessem perguntado para o cidadão, podemos
fechar o Maracanã por quatro ou cinco anos, descaracterizá-lo, e gastar 1,5
bilhão para receber cinco jogos de futebol em 2014, e privatizar os lucros, o
que teríamos dito?
Depois de falar em 2007 que o governo federal não bancará a Copa, agora
estamos dispostos gastar de sete bilhões de dinheiro público em doze
estádios, em doze cidades, sem perguntar a ninguém, sem passar pelas
instituições democráticas. Que órgão do governo decidiu colocar um estádio
em Natal e não em Goiás, em Manaus e não em Belém? Ninguém toma
45
responsabilidade. Quem da CBF, do Ministério do Esporte, da Prefeitura
perguntou ao usuário, ao torcedor
– que tipo de estádio vocês querem, demandam, precisam? Por que não
podemos seguir um modelo que inclui mais a sociedade civil nesse processo?
Há uma falta de informação, uma falta de transparência, uma falta de
coordenação e planejamento, uma falta de inclusão social, grandes falhas de
gestão e um desrespeito total pelo senso comum.
O caminho que estamos seguindo é longe de ser o único. Dentro de todas as
possibilidades, estamos no caminho menos democrático, o menos
responsável, o mais autocrático com menos mecanismos de controle. O
modelo atual é que menos atende as demandas da sociedade e mais atende
as demandas de uma empresa Suíça. Pior, “eles” estão destruindo lugares
comuns, palcos públicos e espaços sagrados de memória coletiva para
reformulá-los em shoppings.
ANEXO 2
47
BENTO, Jorge Olímpio. Novas motivações, modelos e concepções para a
prática desportiva. In: BENTO, Jorge Olímpio (Org.). O desporto do século XXI:
os novos desafios. 1991, p. 17-34.
Desporto para crianças e jovens: das causas e dos fins. In: GAYA, Adroaldo;
MARQUES, António; TANI, Go. Desporto para crianças e jovens: razões e
finalidades. Porto Alegre: UFRGS, 2004, p. 21-56.
Da pedagogia do desporto. In: TANI, Go; BENTO, Jorge Olímpio; PETERSEN,
Ricardo Demétrio de Souza (Orgs.). Pedagogia do Desporto. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006, p. 26-40.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio. Positivo,
2004.
FONSECA, M. A.; MAIA, R. A. J. A Motivação dos Jovens para a Prática
Desportiva Federada. Lisboa: Centro de Estudos e Formação Desportiva,
2000.
JUCHEM, Luciano. Motivação à prática regular de atividades físicas: um
estudo sobre tenistas brasileiros infanto-juvenis. 2006. 101f. Dissertação
(Mestrado em Ciências do Movimento Humano) - Escola de Educação Física,
UFRGS, Porto Alegre.
MINISTÉRIO DO ESPORTE. Dimensões pedagógicas do esporte. Brasília:
UnB/CEAD, 2004.
PAES, Roberto Rodrigues. A pedagogia do esporte e os jogos coletivos. In: DE
ROSE JR, Dante. Esporte e atividade física na infância e na adolescência.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
_______. Pedagogia do esporte: contextos, evolução e perspectivas. Rev.
Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 20, n.5, p. 171.
Suplemento, set 2006.
48
TUBINO, Manoel. Educação Física e o Esporte do Ocidente no Século XX.
Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, Vol. 1, n. 2, p. 99-100.
julho/dezembro, 2005.
WEINBERG, Robert S.; GOULD, Daniel. Fundamentos da psicologia do
esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Legados de Megaeventos Esportivos, Lamartine Da Costa, Dirce Correa,
Elaine Rizzuti Villano e Ana Miragava, Brasília, Ministério do Esporte, 2008
WWW.paue.com.br
(*) Fernando Paganatto e Mateus Novaes são membros da Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras (ANT) e do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus.
Fonte: http://copa2014curitiba.wordpress.com/2011/06/27/o-legado-dos-ou-exclusao-de-direitos/
Constituição da República Federativa do Brasil. Serie Legislação Brasileira,
Editora Saraiva, 1988.
Congresso Nacional. Lei 9615. Brasília-DF, 1998.
http://www.efdeportes.com/efd128/legado-de-megaeventos-desafio-para-
futuras-sedes-olimpicas.htm
MASCARENHAS, Gilmar. A cidade e os grandes eventos olímpicos: uma
geografia para quem? Lecturas Educacion: Física y Deportes. Buenos Aires,
Ano 10, n° 78, novembro de 2004. http://www.efdeportes.com
SANFELICE, Gustavo Roese. Esporte contemporâneo e olimpismo na
cobertura dos Jogos Olímpicos. Lecturas: Educacion Física y Deportes.
Buenos Aires, Ano 12, n° 108, maio de 2007. http://www.efdeportes.com
ÍNDICE
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FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
1 - CAPÍTULO I
Importância Social do Esporte
1.1 – O Esporte Na Educação 10
1.1.1 – Pedagogia do Esporte 12
1.2 – O Esporte Na Saúde 14
1.3 – O Futebol e a Inclusão Social 17
1.3.1 – Inserção na Cultura Brasileira 18
1.4 – A Inclusão de Deficientes Através do Esporte 19
1.4.1 – Papel do Esporte Para o Deficiente 20
1.5 – A Ascensão Social Através do Esporte 21
2 - CAPÍTULO II
O Impacto Econômico do Esporte
2.1 – O Esporte Na Economia e Empregos 24
2.2 – O Esporte Resistindo às Crises Econômicas 24
3 - CAPÍTULO III
O Legado Dos Megaeventos
3.1 – Os Legados 27
3.2 – Impactos Negativos 29
3.2.1 – Os Gastos Dinheiro Público Para Privado 33
3.3 – Desafios Para Futuras Sedes 34
3.3.1 – A Experiência Inglesa 35
3.3.2 – O Brasil Como Sede 36
3.4 – Impacto Nas Leis Do País 37
3.5 – Efeitos Positivos 38