universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · ... houve a preocupação de se ... do...

41
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E O DESTAQUE DO BRASIL NESSE CONTEXTO Por: Nilton Pedro Elias Rodrigues Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2011

Upload: dangduong

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E O DESTAQUE DO BRASIL

NESSE CONTEXTO

Por: Nilton Pedro Elias Rodrigues

Orientador

Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro

2011

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO E O DESTAQUE DO BRASIL NESSE

CONTEXTO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão no Setor Petróleo e

Gás.

Por: Nilton Pedro Elias Rodrigues

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

3

AGRADECIMENTOS

Aos ilustres professores que me deram

embasamento para a realização desse

trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

4

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado à minha querida

esposa pelo grande incentivo em todos os

principais momentos de minha vida.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

5

RESUMO

Na Matriz Energética Mundial, sem dúvida nenhuma, o petróleo com

seus derivados é a principal fonte de desenvolvimento dos países. Entretanto,

quando os principais produtores, localizados no Oriente Médio, se deram

conta da sua importância como fornecedores privilegiados ao mundo

capitalista, começaram a surgir sérios conflitos, muitas das vezes armados,

gerando problemas de difícil solução, pois dependiam de entendimentos

políticos que por sua vez envolviam também fanatismos religiosos,

notadamente nos países do Oriente Médio, que são os grandes produtores

mundial dos hidrocarbonetos. As possíveis soluções para os países que

dependem do petróleo passam pela mudança das suas matrizes energéticas

na busca de novas fontes de energia. Nesse sentido, o Brasil vem buscando

substituir o petróleo, principalmente, por ser uma fonte finita e também pelo

fato de gerar poluição na queima dos seus derivados. Assim uma das

alternativas aos combustíveis fósseis que vem sendo apresentada no mercado

brasileiro é a utilização de biocombustíveis. É fato, lembrar que o Brasil é um

dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool etílico,

oriundo da fermentação da cana, desde o início dos anos 70. Um problema,

dos mais graves na Indústria petrolífera, é o fato dela sempre envolver

danosos riscos quando em operação, haja visto o recente vazamento

(novembro de 2011), completamente inesperado, ocorrido na Bacia de

Campos.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

6

METODOLOGIA

Paralelamente aos conhecimentos adquiridos através das aulas

ministradas no curso, a metodologia adotada para este trabalho foi a pesquisa

em bibliografia especializada, bem como em revistas, jornais e pesquisas

diárias em conteúdos digitais localizados em portais e sites verticais. Além

destas fontes, se destacam informações obtidas em agências reguladoras,

notadamente da ‘ANP’.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I – HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA ............................11

1.1– Antiguidade ....................................................................................11

1.2– Origens da Indústria petrolífera .....................................................11

1.3– Oriente Médio ................................................................................12

1.4– O pós-segunda guerra e a criação da OPEP ................................15

1.5– Sete irmãs .....................................................................................17

CAPÍTULO II – O PETRÓLEO NO BRASIL, BREVE HISTÓRICO ..................19

2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos campos de

petróleo da camada pré-sal ...................................................................20

2.2 - Exploração dos campos petrolíferos no litoral brasileiro ..............21

2.3 - Exploração dos campos petrolíferos na camada

pré-sal ....................................................................................................23

2.3.1 - O que é o pré-sal .............................................................23

2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil ..................24

2.3.3 – Riscos da exploração do petróleo no pré-sal..................24

2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente ..............................................25

2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade, uma

tragédia anunciada .....................................................................25

2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de cuidado

necessário com o meio ambiente ...............................................28

2.3.7 – Pior acidente ambiental dos E.U.A. deu sinal de

alerta para euforia do pré-sal ......................................................30

CAPÍTULO III – MUDANÇA NA MATRIZ ENERGÉTICA DO PAÍS .................32

3.1–Histórico da Matriz Energética brasileira ........................................32

3.2 – Biodiesel .......................................................................................33

3.3 – Importância do biodiesel ...............................................................34

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

8

3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira ..................................35 CAPÍTULO IV – DISTRIBUIÇÃO DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO – E A EMINENTE “GUERRA” INSTITUCIONAL ..............................36 CONCLUSÃO ..................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................39

ÍNDICE .............................................................................................................40

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

9

INTRODUÇÃO

A Geopolítica do petróleo e o destaque do Brasil nesse contexto, é o

tema que foi desenvolvido neste trabalho. Principalmente porque a enorme

dependência do mundo em relação ao petróleo, uma história escrita no século

passado, e a fatalidade geológica pela qual o maior conjunto das reservas

mundiais do combustível está localizado numa região das mais instáveis

politicamente, transformaram esta fonte fóssil de energia em mensageira de

discórdias. Constituindo enormes problemas diplomáticos entre os países.

Essa fonte de energia, que interfere na ordem econômica dos países é

capaz também de alterar socialmente qualquer região, por ações políticas

ordenadas. Ao se buscarem outras fontes de energia, como soluções

inevitáveis, desenvolvem-se, principalmente, a tecnologia, a indústria dentre

outros segmentos da economia, aí o Brasil vem tomando destaque cada vez

maior. Alterar a matriz energética é sem dúvida a única saída daqueles que

precisam da energia para sua sobrevivência, buscando sempre formas

harmoniosas entre o desenvolvimento e o meio ambiente.

Verificou-se, recentemente, o acidente na Bacia de Campos, em um de

seus poços. Enfim, o petróleo agrega riqueza, mas também pode trazer sérias

consequências aos seres vivos, inclusive a morte. O petróleo descoberto na

região denominada pré-sal é sem dúvida um indicador de riqueza e também

uma preocupação constante quanto aos possíveis danos ambientais que

poderá vir a ocorrer.

A busca pela substituição do petróleo como principal fonte de energia é

urgente devido a sua eminente escassez e a poluição gerada pela queima de

seus derivados. Por isso, novas fontes de energia estão sendo estudadas e

testadas para minimizar a dependência dos combustíveis fósseis, sendo o

Brasil um dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool

etílico, oriundo da fermentação da cana, desde a década de 1970.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

10

A entrada do biodiesel derivado da biomassa e denominado biodiesel

na matriz energética brasileira é de significativa importância ambiental, social e

econômica, além de confiar um curso histórico no Brasil de investimentos em

energias.

Do capítulo I ao capítulo IV foram feitas exposições da História da

Indústria Petrolífera, com dados e datas desde a sua criação até os tempos

atuais. O petróleo no Brasil teve uma abordagem atualizada onde foram

mostradas as grandes descobertas mais recentes. Por ser o petróleo uma

fonte de energia finita, houve a preocupação de se abordar as formas de

atuação do Brasil para mudar sua Matriz Energética. Para finalizar mostrou-se

a necessidade dos cuidados com o meio ambiente no intuito de minimizar os

acidentes, bem como o grande problema da distribuição dos royalties do

petróleo e gás entre os estados produtores e não produtores, discussão que

poderá sair da esfera política para a esfera judicial.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

11

CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

No primórdio da civilização, os homens sacrificavam as baleias e delas

extraíam um óleo que era utilizado para a iluminação de ambientes, entretanto

com a descoberta do petróleo, que em certos locais brotava da terra, a prática

da matança das baleias foi quase extinta. O petróleo passou a ser utilizado em

substituição ao óleo das baleias. Estava assim descoberto, o que mais tarde

veio a ser chamado de “ouro negro”.

1.1 – Antiguidades

Registros indicam que a utilização do petróleo remontam a 4000 a.c..

Os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judéia já utilizavam o

betume para pavimentação de estradas, calefação de grandes construções,

aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes e até laxativo. Os

chineses já perfuravam poços, utilizando haste de bambu. No início da ERA

CRISTÃ, os árabes davam ao petróleo fins bélicos e de iluminação e o petróleo

de Baku, no Azerbaijão, já era produzido em escala comercial, por volta de

1270.

1.2 – Origens da indústria petrolífera

A moderna indústria petrolífera data de meados do século XIX. Em

1850, James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído

do carvão e xisto betuminoso e criou processo de refinação. O primeiro poço

moderno foi perfurado em Bibi-Hey bat, no Azerbaijão, no ano de 1846. O

primeiro poço comercial nas Américas foi perfurado no Canadá, em 1858. Em

agosto de 1859, o norte americano Edwin Laurentine Drake perfurou o primeiro

poço nos Estados Unidos para a procura do petróleo, no estado da

Pensilvânia. Como esse poço revelou-se produtor, passou daí a ser

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

12

considerado pelos americanos como sendo o início da moderna indústria

petrolífera. (WIKIPEDIA, 2011)

1.3 – O Oriente Médio

A história da exploração petrolífera no Oriente Médio nasceu da

rivalidade entre a Grã-Bretanha e o Império Russo.

Após algumas outras tentativas frustradas o britânico Willian Knox

d’Arcy, em 28 de maio de 1801, assinou contrato com a Pérsia (atual Irã)

começando assim produção em escala comercial.

Ao mesmo tempo na Mesopotâmia (atual Iraque), a Turkish Petroleum

Company, fundada em 1912 por iniciativa da Royal Dutch Shell e do Deutsche

Bank (cada um com 50% das ações), em colaboração com o armênio Calouste

Gulbenkian manifestava interesse no negócio. Nesse cenário, alguns dias

antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, o jovem parlamentar Winston

Churchill colocou em votação na Câmara dos Comuns a proposta de

nacionalização da Anglo-Persian, através da qual o governo britânico adquiria

50% das ações da companhia pelo montante de 2,2 milhões de libras.

Em seguida, os britânicos envidaram esforços para obter a fusão da

Turkish com a Anglo-Persian. Ainda em 1914, o novo consórcio passou a ser

controlado em 50% pelos ingleses, ficando a Shell e o Deutsche Bank com

25% cada um; 5% dos lucros eram destinados a Gulbenkian, que passou a ser

conhecido desde então como o “Senhor 5%”.

Com a Primeira Guerra Mundial em progresso, a cooperação anglo-

germânica para a exploração petrolífera era anulada. Com a rendição alemã e

o desmembramento do Império Otomano, as potências vencedoras passaram

a controlar o mercado na região.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

13

O primeiro-ministro britânico Lloyd George e o presidente do conselho

francês Alexandre Millerand firmaram o acordo de San Remo, através do qual

o instrumento do desenvolvimento petrolífero ficou sendo a Turkish Petroleum

Company; os franceses receberam a parte alemã da companhia, que havia

sido sequestrada pelos britânicos durante a guerra. Em troca, os franceses

renunciaram a suas pretensões territoriais sobre Mossul (no norte do Iraque). A

Grã-Bretanha, por sua vez, declarou que qualquer companhia privada que

explorasse jazidas de petróleo ficaria sob o seu controle.

O acordo de San Remo representou um duro golpe para os Estados

Unidos da América, que, diante da hegemonia britânica passaram a

demonstrar preocupação com o seu abastecimento. Um acordo entre ambas

as nações só foi firmado em 1925.

Enquanto isso, Faiçal I do Iraque confirmou oficialmente a concessão

celebrada em 1912, permitindo o início da prospecção em seu país.

Finalmente, a 15 de outubro de 1927, perto de Kirkuk, ecoou um imenso

estrondo, sucedido por um jorro de petróleo de 15 metros acima da torre. Para

explorá-lo, foi assinado um contrato, em 31 de julho de 1928, no hotel das

Termas de Ostrende, nos Países Baixos. Pelos seus termos, estabelecia-se a

Iraq Petroleum Company (em substituição à Turkish Petroleum Company) cujo

capital foi repartido entre a britânica Anglo-Persian (23,75%), a Companhia

Francesa de Petróleo (23,75%), um cartel estadunidense (Gulf, Texaco, Exxon

e Mobil) ( 23,75%) e os 5% de Gulbenkian. Reunidos, os representantes

dessas companhias traçaram uma linha vermelha em torno do território do

antigo Império Otomano, onde apenas a Pérsia e o Kuwait foram excluídos. No

interior dessa zona, todas as operações petrolíferas deveriam ser

desenvolvidas em colaboração entre elas, e apenas entre elas.

De acordo com os relatórios dos geólogos à época, a Arábia parecia

“desprovida de qualquer perspectiva de petróleo” e a prospecção ali deveria

“ser classificada na categoria do puro jogo”. Entretanto, o fato do petróleo

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

14

ocorrer em abundância na Pérsia e no Iraque indicava que o mesmo podia

ocorrer na Arábia, levando a que o neozelandês Frank Holmes, com

experiência na África do Sul e em Aden, no Iemen, se estabelecesse na

pequena ilha de Bahrein. Holmes obteve do xeique local uma concessão para

a prospecção de petróleo, em 1925.

Em 1926, com seus recursos esgotados, Holmes propôs vender a sua

concessão aos britânicos, mas foi rechaçado, uma vez que, mesmo duvidando

da presença de óleo na região, percebiam-no como um intruso. Holmes então

dirigiu-se a Nova York e propôs a venda da sua concessão aos

estadunidenses, adquirida pela Gulf Oil em 1927. Essa companhia, entretanto

tornou-se parte da Iraq Petroleum Company em 1928. Como esta era

signatária do acordo da Linha Vermelha, tornava-se impossível para a Gulf

operar sozinha no Bahrein. Desse modo revendeu as suas ações à Standard

Oil of California (SOCAL, ex-Standard Oil Company), que havia ratificado o

acordo. Essa operação irritou os britânicos, que não admitiam que os

estadunidenses se instalassem no Oriente Médio. Sob a égide britânica, os

xeiques não podiam agir por conta própria. Uma cláusula de nacionalidade

britânica era exigida para explorar o petróleo. Para contornar o impedimento, a

SOCAL estabeleceu uma filial no Canadá, um território britânico. Um ano mais

tarde, convencidos de que não havia petróleo em Bahrein, os britânicos

acabaram concordando. As perfurações iniciaram-se, desse modo, em 1931.

Em 31 de maio de 1932, uma jazida era descoberta, vindo a inverter o

equilíbrio regional e mundial, e criando uma situação que dura até aos dias de

hoje. (WIKIPEDIA, 2011)

Na Arábia Saudita, em maio de 1933, o rei Ibn Saud, concedeu à

SOCAL o direito de exploração do petróleo de seu país por 60 anos, mediante

um pagamento de 35 mil peças de ouro. O articulador do mesmo foi Saint John

Philby, antigo funcionário britânico do Império das Índias, transformado em

conselheiro de Ibn Saud.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

15

Derrotados na Arábia Saudita, os britânicos associaram-se aos

estadunidenses, um ano e meio mais tarde, em partes iguais, no Kuwait, a

última zona de prospecção. As seis primeiras perfurações foram infrutíferas até

que, em 1938, vastas reservas foram descobertas no Kuwait e na Arábia.

1.4 – O pós-segunda guerra e a criação da OPEP

Após a Segunda Guerra Mundial, o movimento pela descolonização foi

seguido pelo direito das nações de disporem livremente dos próprios recursos

naturais. Nesse contexto, os países do Golfo Pérsico passaram a manifestar o

desejo de libertar-se das companhias petrolíferas ocidentais. Assim, em 1948,

com o apoio dos Estados Unidos enquanto superpotência, obtiveram o fim do

“acordo da Linha Vermelha”. Empresas recém-chegadas, como a

estadunidense Getty Oil Company, ofereceram melhores condições à Arábia

Saudita, obrigando as companhias petrolíferas, determinadas a manter as suas

posições, a conceder a este país, em 1950, uma fatia dos lucros da exploração

petrolífera na base de 50/50. Essa concessão foi estendida ao Bahrein e,

posteriormente, ao Kuwait e ao Iraque.

Como as multinacionais anglo-americanas (as “sete irmãs”),

conservassem o controle dos preços e dos volumes de produção, 1950 foi

também o ano da primeira tentativa de contestação. No Irã, o primeiro-ministro

Mohammed Mossadegh nacionalizou as jazidas do país. Os britânicos,

prejudicados, organizaram um bloco militar em favor das exportações. Durante

quatro anos os iranianos resistiram até que, em 1954, os estadunidenses

eliminaram Mossadegh, assumiram o controle do petróleo iraniano e, de

passagem, afastaram os ingleses.

Em 1960, a Arábia Saudita, o Kuwait, o Irã, o Iraque e a Venezuela

criaram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)

permitindo que, pela primeira vez na História, os países produtores de petróleo

se unissem contra as “sete irmãs”.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

16

Ainda demoraria uma década, entretanto, para que a correlação de

forças entre países consumidores e países produtores fosse alterada.. Isso

aconteceu quando, devido a um acidente que danificou o oleoduto entre a

Arábia Saudita e o Mar Mediterrâneo, levou a uma diminuição da oferta de 5

mil barris/dia no mercado. Como consequência, os preços do petróleo subiram,

e a OPEP deu-se conta de seu poder.

As nacionalizações voltaram à ordem do dia nos países árabes: em

1972, o Iraque recuperou o controle da sua história petrolífera, nacionalizando-

a em 1975. Sem desejar serem reduzidas a meros compradores de petróleo,

as companhias ocidentais introduziram uma nova figura jurídica para manter o

seu “status”: os “contratos de partilha da produção”. Por eles, passaram a se

associar à produção local do petróleo e a comercializar por sua própria conta

uma parte da produção da jazida.

A Guerra do Yom Kipur (1973), provocou o primeiro choque petrolífero

mundial. A OPEP elevou o preço do barril em 70% e limitou a sua produção.

No ano seguinte (1974), o Kuwait e o Qatar assumiram o controle (em até

60%) das companhias que atuavam em seu território. A Arábia Saudita fez o

mesmo antes de nacionalizar completamente a Arabian-American Oil

Company (ARAMCO) em 1976.

Esses fatos levaram a que países produtores passassem a controlar o

mercado, tendo as companhias perdido a capacidade de ditar os preços do

crude. Elas conservam, e mantém até hoje, ainda, a primazia sobre o

refinamento, o transporte e a comercialização do óleo e derivados. Se em

1940, o Oriente Médio produzia 5% do petróleo mundial, em 1973, à época do

choque petrolífero, atingia 36,9%. (ANP, 2011)

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

17

1.5 – Sete irmãs

Sete irmãs é o apelido dado às sete maiores companhias de petróleo

transnacionais, que dominaram o mercado petrolífero internacional até os anos

1960.

Parte das empresas que compunham o cartel das sete irmãs foi

formado pelas empresas americanas resultantes da fragmentação do

monopólio da Standard Oil Company, provocada pela lei anti-truste de

Sherman, nos Estados Unidos.

As quatro empresas americanas (Esso, Texaco, Socony e Socal)

resultantes do fim da Standard Oil, juntaram-se à anglo-britânica Shell e à

Amoco (atual BP), para controlarem o mercado petrolífero e impor baixos

preços aos países produtores enquanto garantiam altas taxas de lucro. Até os

dias de hoje estas empresas controlam setores importante do refino e

distribuição de produtos derivados de petróleo, apesar de terem perdido o

controle sobre a maior parte das reservas petrolíferas mundiais que foram

nacionalizados pelos países petrolíferos (OPEP, México, Rússia).

O grupo das Sete irmãs fazia o possível para impedir que outras

empresas entrassem no mercado petrolífero, dificultando o acesso de novas

companhias às maiores reservas mundiais, como as do Oriente Médio.

Foi somente quando os países produtores de petróleo começaram a

tomar o controle sobre a produção e determinar os preços, à partir da

formação da OPEP, em 1960, que o poder das Sete irmãs passou a declinar.

As companhias que formaram este Cartel eram:

• Royal Dutch Shell. Atualmente chamada de Shell

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

18

• Anglo-Persian Oil Company, Mais tarde, British Petroleum

Amoco,ou BP Amoco. Atualmente é conhecida pelas iniciais BP.

• Standard Oil of New Jersey (Esso). Exxon, que se fundiu com a

Mobil, atualmente, ExxonMobil.

• Standard Oil of New York (Socony). Posteriormente Mobil, que

fundiu-se com a Exxon, formando a ExxonMobil.

• Texaco. Posteriormente fundiu-se com a Chevron, formando a

ChevronTexaco de 2001 até 2005, quando o nome da

companhia voltou a ser apenas Texaco.

• Standard Oil of California (Socal). Posteriormente formou a

Chevron, que incorporou a Gulf Oil e posteriormente se fundiu

com a Texaco.

• Gulf Oil. Absorvida pela Chevron, posteriormente ChevronTexaco.

Desta forma, as sete irmãs tornaram-se apenas quatro: ExxonMobil,

ChevronTexaco, Shell e BP. (WIKIPEDIA, 2011)

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

19

CAPÍTULO II

O petróleo no Brasil, breve histórico

Em 1932 foi instalada a primeira refinaria de petróleo do país, a

Refinaria Rio-Grandense de Petróleo, em Uruguaiana, a qual utilizava petróleo

importado do Chile, entre outros países.

Foi somente no ano de 1939 que foi descoberto óleo em Lobato

(Salvador), no estado da Bahia.

Desde os anos 1930 o tema do petróleo foi amplamente discutido no

Brasil, polarizado entre os que defendiam o monopólio da União e os que

defendiam a participação da iniciativa privada na exploração petrolífera.

Entretanto, naquele período, o país ainda dependia das empresas privadas

multinacionais para todas as etapas da exploração petrolífera, desde a

extração, refino até a distribuição de combustíveis.

Após a Segunda Guerra Mundial iniciou-se no país um grande

movimento em prol da nacionalização da produção petrolífera. Naquela época

o Brasil era um grande importador de petróleo e as reservas brasileiras eram

pequenas, quase insignificantes. Mesmo assim diversos movimentos sociais e

setores organizados da sociedade civil mobilizaram a campanha “O petróleo é

nosso!”, que resultou na criação da Petrobrás em 1953, no segundo Governo

de Getúlio Vargas. A Lei 2004 de 3 de outubro de 1953 também garantia ao

Estado o monopólio da extração de petróleo do subsolo, que foi incorporado

como artigo da Constituição de 1967 (Carta Política de 1967) através da

Emenda nº 1, de 1969. O monopólio da União foi eliminado em 1995, com a

EC 9/1995 que modificou a Art. 177 da Constituição Federal.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

20

Após a crise petrolífera de 1973, a Petrobrás modificou sua estratégia

de exploração petrolífera, que até então priorizava parcerias internacionais e a

exploração de campos mais rentáveis no exterior. Entretanto, naquela época o

Brasil importava 90% do petróleo que consumia e o novo patamar de preços

tornou mais interessante explorar petróleo nas áreas de maior custo do país, e

a Petrobrás passou a procurar petróleo em alto mar. Em 1974 a Petrobrás

descobre indícios de petróleo na Bacia de Campos, confirmados com a

perfuração do primeiro poço em 1976. Desde então esta região da Bacia de

Campos tornou-se a principal região petrolífera do país, chegando a responder

por mais de 2/3 do consumo nacional até o início dos anos 90, e ultrapassando

90% da produção petrolífera nacional nos anos 2000. (CARDOSO, 2010).

Em 2007 a Petrobrás anunciou a descoberta de petróleo na camada

denominada Pré-sal, que posteriormente verificou-se ser um grande campo

petrolífero, estendendo-se ao longo de 800 Km na costa brasileira, do estado

do Espírito Santo ao de Santa Catarina, abaixo de espessa camada de sal

(rocha salina) e englobando as bacias sedimentares do Espírito Santo, de

Campos e de Santos. O primeiro óleo do pré-sal foi extraído em 2008 e alguns

poços como Tupi estão em fase de teste.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

21

2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos campos de

Petróleo da camada Pré-sal

O Rio concentra todos os campos do pré-sal em um raio de 500

quilômetros. É uma condição logística única. Além disso, ao redor da cidade

estão reunidos 56% do produto interno brasileiro, dois portos grandes (Rio de

Janeiro e Itaguaí) e o segundo maior aeroporto do país (Internacional Antônio

Carlos Jobim), o único em condições de passar por um processo de expansão

imediato. Sem falar nos impactos óbvios, como crescimento imobiliário,

geração de empregos e melhoria acentuada da infraestrutura.

O Rio de Janeiro está se transformando, a partir do avanço do setor de

óleo e gás, em uma potência mundial nos desenvolvimentos tecnológicos e

científicos voltados à atividade brasileira. O Rio já desenvolve tecnologias mais

avançadas em águas ultraprofundas do que, por exemplo, é registrado no

Golfo do México. Há avanços importantíssimos nas áreas de nanotecnologia e

biotecnologia, envolvendo materiais extremamente sofisticados.

Um dos fatores que beneficia o Rio na atração de investimentos na área

de petróleo é a existência de espaços para a implantação de grandes

conglomerados empresariais e industriais. A cidade tem um fator evidente, que

é a presença em seu território de onze zonas industriais. Estudos apontam três

grandes oportunidades: industrial, pesquisa e tecnologia e gestão de serviços.

São três vetores de crescimento na área de óleo e gás (ABRANCHES, 2011).

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

22

2.2 – Exploração dos campos petrolíferos, no litoral Brasi

leiro

Os vários insucessos da exploração, por parte da Petrobrás, de petróleo

em terra, indicava a necessidade da saída para o mar, onde as primeiras

pesquisas haviam começado em 1957. Em fins de 1966, a Petrobrás deu um

passo importante nessa direção, com a construção da plataforma de

perfuração Petrobrás I, para operar a profundidade de até 30 metros. Mas foi o

período entre 1967 e 1968 que marcou o verdadeiro início da exploração

sistemática da plataforma continental. Nesse período, a maioria das bacias

marítimas foi coberta pelas equipes de pesquisa da Petrobrás, usando o

método de sísmica de reflexão em suas porções rasas. Em 1968, iniciou-se a

perfuração do primeiro poço, na costa capixaba. As análises dos dados

sísmicos processados mostraram uma série de locais propícios à acumulação

de óleo e gás na plataforma continental. Sem conseguir bons resultados no

poço do Espírito Santo, a plataforma de perfuração foi deslocada para o litoral

de Sergipe. Lá, já no segundo poço perfurado no mar brasileiro, ocorreu a

primeira descoberta: o campo de Guaricema, que deu início à tradição de

batizar com nomes de peixes as descobertas no mar.

Depois de Guaricema, ocorreram outras descobertas no litoral do

nordeste: em 1970 os campos de Caioba, Camorim, Robalo e Dourado, em

Sergipe; em 1973, Ubarana, no Rio Grande do Norte.(GAUTO, 2011)

O sucesso inicial nas bacias marítimas fez a exploração submarina

avançar ainda mais. A crise de 1973, com a súbita elevação dos preços do

petróleo, que quadruplicaram no mercado internacional, levou a Petrobrás a

promover mudanças em sua filosofia exploratória: foram revistas decisões de

investimentos em exploração, tanto em sísmica como em perfuração de poços

ou na pesquisa tecnológica associada. Acima de tudo, o choque internacional

foi um estímulo para que a Petrobrás intensificasse operações, na plataforma

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

23

continental. Na ocasião, quase 80% do petróleo consumido no País era

importado.

A descoberta do Campo de Garoupa em 1974, no litoral do Estado do

Rio de Janeiro inaugurou definitivamente uma nova fase para a produção de

petróleo no Brasil. Ao revelar a Bacia de Campos, mais importante província

petrolífera do País, essa descoberta significou o grande marco do sucesso da

Petrobrás na plataforma continental.

Em 1975, foi descoberto o campo de Namorado e, no ano seguinte o

de Enchova. A partir do crescente conhecimento geológico e geofísico da

Bacia de Campos, seguiu-se uma série de descobertas, fato esse que veio

ocorrendo até os dias atuais. A tecnologia se tornou vanguarda no mundo e

levou a Petrobrás a bater vários recordes internacionais. No início dos anos

1980, a exploração avançou para uma nova fronteira em águas profundas e,

mais tarde, em águas ultraprofundas. Logo começaram as descobertas:

Marimbá e Albacora em 1984, Marlin, em 1985, Barracuda e Caratinga, três

anos depois, e o supercampo de Roncador, em 1996, foram o prenúncio da

mais recente fase exploratória e de desenvolvimento de produção. (GAUTO,

2011).

2.3 – Exploração dos campos petrolíferos em camadas

pré-sal

No Brasil a perfuração de poços em camadas pré-sal está sendo o novo

desafio na exploração de petróleo “offshore”. Em 2004 foram perfurados

alguns poços em busca de óleo na Bacia de Santos, pois lá haviam sido

identificadas, acima da camada de sal, rochas arenosas depositadas em águas

profundas, que já eram conhecidas. Em 2006 quando a perfuração já havia

alcançado 7600 metros de profundidade a partir do nível do mar, foi

encontrada uma acumulação gigante de gás e reservatórios de condensado de

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

24

petróleo, um componente leve do petróleo. No mesmo ano, em outra

perfuração feita na Bacia de Santos, a pouco mais de 5 mil metros de

profundidade a partir da superfície do mar, veio a grande notícia: o poço,

posteriormente batizado de Tupi, apresentava indícios de óleo abaixo da

camada de sal. O sucesso levou à perfuração de mais sete poços e em todos

se encontrou petróleo. Foi dada a largada para a exploração na camada pré-

sal. (GAUTO, 2011)

2.3.1 – O que é o pré-sal.

Pré-sal é o nome dado às reservas de hidrocarbonetos em rochas

calcárias que se localizam abaixo de camadas de sal. As últimas descobertas

no Brasil mostram uma camada de aproximadamente 800 quilômetros de

extensão por 200 quilômetros de largura, que vai do litoral de Santa Catarina

ao do Espírito Santo.

2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil

Para extrair o óleo e o gás da camada pré-sal, será necessário

ultrapassar uma lâmina d’água de mais de 2000 metros, uma camada de 1000

metros de sedimentos e outra de aproximadamente 2000 metros de sal. É um

processo complexo que demanda tempo e dinheiro.

O petróleo encontrado nesta área engloba três bacias sedimentares

(Santos, Campos e Espírito Santo), a capacidade estimada da reserva pode

proporcionar ao Brasil a condição de exportador de petróleo. Confirmada a

hipótese, o governo brasileiro analisará a possibilidade de solicitar a adesão do

país à OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo).

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

25

Vários campos de poços de petróleo e gás natural já foram descobertos

na camada pré-sal, entre eles estão o Tupi, Guará, Bem te vi, Carioca, Júpiter

e Iara. Tupi é o principal campo de petróleo descoberto, tem uma reserva

estimada pela Petrobrás entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo,

sendo considerado uma das maiores descobertas do mundo dos últimos sete

anos. A produção teste foi iniciada em 2009 e o início da produção em larga

escala está previsto para 2016.

2.3.3 – Riscos da exploração de petróleo no pré-sal

Fora o risco de não haver os alardeados bilhões de barris de petróleo no

pré-sal, a Petrobrás ainda poderá enfrentar outros problemas. Existe chance

de a rocha reservatório, que armazena o petróleo e o gás em seus poros não

se prestar à produção em larga escala a longo prazo com a tecnologia

existente hoje. Como a rocha geradora de petróleo em Tupi possui uma

formação heterogênea, talvez também sejam necessárias tecnologias distintas

em cada parte do campo. Além disso, há o receio de que a alta concentração

de dióxido de carbono presente no petróleo local possa danificar as

instalações.

Outro fator complicador é a distância entre a costa e os poços de

perfuração da camada pré-sal (300 quilômetros), necessitando, portanto, de

alternativas que realizem o transporte rápido e eficiente de pessoas, materiais

e equipamentos.

Testes realizados pela Petrobrás, em 2010, mostraram que ainda não

estão totalmente superados os desafios tecnológicos no bloco der Tupi,

ficando a produção inicial de teste abaixo de 15 mil barris de petróleo,

frustrando as expectativas iniciais.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

26

2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente

Um dos maiores desafios da extração de petróleo localizado na camada

do pré-sal é o ambiental. Os depósitos do pré-sal contêm uma grande

concentração de dióxido de carbono, bem superior a de reservas em águas

rasas. Portanto, sua exploração de forma inadequada pode contribuir para o

aquecimento global, visto que o dióxido de carbono é um dos grandes vilões

desse processo.

2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade

Recentemente, notadamente no mês de novembro de 2011, observou-

se o derramamento de óleo do campo de Frade, explorado pela companhia

americana Chevron, com danos ainda não dimensionados ao meio ambiente.

O acidente da Chevron está rodeado de muitas perguntas sem resposta.

Entretanto, deveria estar servindo de alerta para o governo federal repensar as

licitações para exploração de petróleo. Sendo o campo de Frade um dos

maiores em produção no Brasil desde 2009 e, se o vazamento se deu por uma

falha geológica, essa falha deveria ter sido prevista no estudo de impacto

ambiental. O governo está investindo muito dinheiro na exploração em alto mar

do petróleo, porém quase nenhum no plano de segurança.(ORDOÑEZ,2011)

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

27

A causa provável do acidente, segundo a Chevron, seria uma falha

geológica localizada a cerca de 150 metros de um poço injetor que estava

sendo perfurado. O Ibama ainda não confirmou ou rechaçou a versão

apresentada pela empresa americana. Esta informou que a mancha segue em

direção sudeste afastando-se da costa.

O Ibama informou que está acompanhando o plano de emergência da

petroleira e que a empresa será autuada assim que o vazamento for

estancado, pois o valor da multa deverá ser proporcional ao dano ambiental

causado.

Nunca tivemos uma política ambiental transparente em nenhuma das

esferas do governo, mas a situação piorou. Exploração de petróleo tem riscos

sérios, e eles estão sendo tratados sem transparência.

A plataforma usada pela Chevron, a Sedco706, é da empresa

Transocean, que esteve no centro do acidente da BP, no Golfo do México, em

2010.

Pelas informações até agora divulgadas, o vazamento foi consequência

indireta da perfuração de um poço submarino no local. A rocha onde o óleo

está contido acabou fraturada e a pressão exercida pelo poço fez com que

esse vazamento surgisse em outro ponto não observado na perfuração. Por

sorte, as condições do mar impediram que a mancha de óleo que aflorou à

Eno transporte de hidrocarbonetos e no apoio à ação da indústria no mar. Mas

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

28

negar a existência desses riscos como vem fazendo aqueles que defendem a

redivisão dos royalties do petróleo é um absurdo, contestável diante de

vazamentos como ocorreu no campo operado pela Chevron.

A produção brasileira de petróleo e gás se concentra no litoral do Rio de

Janeiro. Espírito Santo e São Paulo se tornarão grandes produtores também.

Em breve, farão parte dessa lista Paraná e Santa Catarina. A Petrobrás

descobriu reservatórios expressivos em águas profundas de Sergipe, e

continua a extrair óleo e gás no litoral da Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte

e Ceará. É preciso repetir para sensibilizar os ouvidos moucos dos

parlamentares em Brasília, que os royalties são uma compensação financeira

para, entre outros fatores, o risco de acidentes.

Além da pressão sobre a infraestrutura das áreas confrontantes, em

terra, estados e municípios precisam ser compensados para viabilizar outras

atividades que não tem relação direta com a indústria do petróleo, uma riqueza

finita.

E essa compensação deve ser proporcional à atividade petrolífera das

regiões. A tentativa de dividir a receita dos royalties e das participações

especiais tem sido no sentido de desvincular a produção da compensação

financeira, adotando-se outro critério, como, por exemplo, a renda média por

habitante de cada estado ou município em termos nacionais.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

29

Ora, é justo que se ponha em prática programas federais e regionais

que busquem corrigir os desequilíbrios observados na renda média ou em

outros indicadores sociais, mas os royalties do petróleo não são o caminho

adequado e nem correto para se atingir tal objetivo, pois assim estará sendo

criada uma nova distorção. O conceito dos royalties não pode ser desfigurado,

pois perderá a razão de ser, como tributo.

2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de cuidado

necessário com o meio ambiente

A empresa americana Chevron não estava preparada para identificar o

vazamento de petróleo no campo de Frade, na Bacia de Campos, e seu plano

de emergência para acidentes não vem sendo cumprido. E mais, quem

identificou a presença de óleo em alto mar foi a Petrobrás, que, além de

parceira da Chevron no campo do Frade, opera outra plataforma numa área

contígua, o campo de Roncador. Foi a estatal quem verificou que a fonte de

vazamento de petróleo não estava na área de Roncador e, imediatamente,

avisou a operadora do campo vizinho. Só então a Chevron mobilizou sua

equipe e usou um robô para tentar identificar a origem do derrame. O

equipamento no entanto, tinha capacidade limitada de operação e não

conseguia fazer uma leitura precisa das coordenadas do local de onde vinha o

petróleo.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

30

Por falta de equipamento adequado a Chevron teve que recorrer à

Petrobrás, que lhe emprestou dois robôs capazes de colher dados mais

precisos. Foi a partir desses dados que a petrolífera americana pode,

finalmente, arregaçar as mangas para tentar conter o vazamento.

A Chevron não está recolhendo o óleo que vem poluindo o litoral

fluminense. A empresa está usando outra técnica, a de dispersão mecânica, o

que significa jogar areia sobre o óleo derramado.

A estratégia de jogar areia sobre o petróleo visa a empurrá-lo para

baixo. Essa foi a solução adotada pela petroleira americana. Essa estratégia,

na verdade, empurra o custo ambiental do vazamento para a natureza, pois

dessa forma o óleo não será removido.

2.3.7 – Pior acidente ambiental dos Estados Unidos deu

sinal de alerta para a euforia do pré-sal

O Brasil vivia ainda a euforia da descoberta de generosas jazidas de

petróleo na camada do pré-sal, quando a explosão de um poço no Golfo do

México explorado pela British Petroleum (BP) no dia 20 de abril de 2010 soou

como um alerta sobre os riscos da atividade petrolífera.

A plataforma perfurava o poço de Macondo, a 68 quilômetros da costa

de Venice, na Louisiana, a uma profundidade superior a 4 quilômetros,

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

31

considerando a camada abaixo do mar. O acidente provocou o vazamento de

milhões de litros de óleo, configurando o pior desastre ambiental dos Estados

Unidos.

Cientistas refaziam os cálculos do volume de vazamento, estimando que

teria havido um derrame entre 20 mil e 40 mil barris até o dia 3 de junho.

Em 20 de junho, o Congresso americano divulgou um documento da BP

estimando o vazamento no pior cenário em 100 mil barris por dia.

O custo do derramamento foi estimado em 40 bilhões de dólares, mas

para cientistas e ambientalistas, o verdadeiro custo econômico e ecológico do

desastre só poderá ser avaliado daqui a alguns anos, quando seus efeitos se

tornarem evidentes, sobretudo na vida marinha da região.

O Brasil quer destinar 70% do orçamento do setor energético para

exploração de petróleo e gás. É hora de inverter essa prioridade e destinar a

maior parte desse valor às prevenções de prováveis acidentes que poderão vir

a ocorrer com a extração de petróleo no pré-sal. Tendo em vista que as

configurações geológicas aí existentes ainda são bastante imprevisíveis.

(ORDOÑEZ, 2011).

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

32

CAPÍTULO III

Mudança na Matriz Energética brasileira

A busca pela substituição do petróleo como principal fonte de energia é

urgente devido a sua eminente escassez e a poluição gerada pela queima de

seus derivados. Uma das alternativas aos combustíveis fósseis que vem sendo

apresentada no mercado brasileiro é a utilização de biocombustíveis. Por

terem origem vegetal, eles contribuem para o ciclo do carbono na atmosfera e

por isto são considerados renováveis já que o CO2 emitido durante a queima

é praticamente reabsorvido pelas plantas que irão produzi-lo. O Brasil é um

dos pioneiros em combustíveis renováveis, já utilizando o álcool etílico, oriundo

da fermentação da cana, desde a década de 1970. (GAUTO, 2011).

3.1 – Histórico da matriz energética brasileira

A lei 9478/97 em seus dispositivos sobre o conselho nacional de política

energética (CNPE), estabelece como uma das atribuições do CNPE (art.2º,

inciso III): rever periodicamente a matriz energética nacional. Essa atribuição

visa tornar a periodicidade da revisão uma imposição legal no país, visto que,

exceto no período 1976-1979, quando o balanço energético nacional

apresentava projeções da matriz para um horizonte de 10 anos, a revisão da

matriz energética nacional havia sido intermitente.

Já sob a égide da lei 9778/97, o CNPE, regulamentado pelo decreto nº

3520/00 e formalmente implementado em 30/10/2000, instituiu, em

consonância com seu regimento interno e atribuições legais (propor ao

presidente da República políticas nacionais e medidas específicas na área de

energia), oito comitês técnicos (CTs), com vigência de 12 meses (prorrogáveis

a critério do plenário). Os CTs tinham atribuição de desenvolver estudos e

análises sobre matérias específicas da área energética, os quais serviam como

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

33

subsídios ao CNPE no exercício de suas atividades. Entre os oito CTs criados

pelo CNPE para o período 2000-2001, encontrava-se o Comitê Técnico da

matriz energética – CT3 (2000-2001), cujos resultados foram divulgados ainda

que com circulação restrita em CNPE (2002). Após o prazo de vigência dos

CTs 2000-2001, os mesmos foram reestruturados para o exercício de 2002,

definindo novos CTs com mandatos e temas de trabalho renovados. Com a

reestruturação, a atribuição de empreender a revisão da matriz energética

nacional foi designada ao denominado Comitê Técnico do Planejamento do

Suprimento de Energia – CT2 (2001-2002), no qual foi criado o Grupo de

Trabalho da Matriz Energética – GT1. O GT1/CT2 (2001-2002) sob a

Coordenação de Estudos e Planejamento Energético do Ministério de Minas e

Energia (MME) empreendeu, então, a revisão das projeções da matriz

energética nacional em 2002, cujos resultados foram apresentados no MME.

Em 2004, com o intuito de amparar tecnicamente a missão do MME, o

governo sancionou a lei 10847/2004 que estabeleceu a criação da Empresa de

Pesquisa Energética (EPE). A EPE é vinculada ao Ministério das Minas e

Energia e tem como objetivo a prestação de serviços na área de estudos e

pesquisas destinadas a substituir o planejamento do setor energético, tais

como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral,

fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.

3.2 – Biodiesel

O biodiesel é um combustível obtido a partir de matérias primas vegetais

ou animais. As matérias primas vegetais são derivadas de óleos vegetais tais

como soja, mamona, colza, palma, girassol e amendoim, entre outros, e as de

origem animal são obtidas do sebo bovino, suíno e de aves. Inclui-se entre

essas alternativas de matéria prima os óleos utilizados em fritura.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

34

3.3 – Importância do biodiesel

As fontes renováveis de energia assumem importante presença no

mundo contemporâneo pelas seguintes razões: os cenários futuros apontam

para o possível fim das reservas de petróleo; a concentração de petróleo

explorado atualmente está em áreas geográficas de conflito, o que impacta no

preço e na regularidade de fornecimento do produto; as novas jazidas em

prospecção estão situadas geograficamente em áreas de elevado custo para

sua extração (como o pré-sal); e as mudanças climáticas com as emissões de

gases de efeito estufa liberados pelas atividades humanas e pelo uso intensivo

de combustíveis fósseis, com danosos impactos ambientais, reorientam o

mundo contemporâneo para a busca de novas fontes de energia com

possibilidade de renovação e que assegurem o desenvolvimento sustentável.

Com o propósito de minimizar os impactos ambientais, está previsto

para janeiro de 2012, o início de produção pela Petrobrás do óleo diesel S50

para caminhões com nova geração de motores (euro 5) que vão estrear no

mercado apenas em março de 2012. Mesmo assim, cerca de três mil postos

em todo o país precisam estar preparados para atender a esses veículos, que

somente poderão ser abastecidos com o S50, óleo diesel menos poluente.

Caminhões com motores antigos não terão problemas se utilizarem o

S50, mas não haverá ganho relevante na emissão de partículas poluentes que

diminuiria em menos de 10%. Já a combinação dos motores novos com o

diesel S50 reduz a emissão em mais de 80%. (GAUTO, 2011)

Em 2013, as refinarias da Petrobrás produzirão também o S10, hoje o

óleo diesel “mais limpo” do mercado. Temporariamente, tanto uma parte do

óleo, quanto da gasolina, virão do exterior. Quando as futuras refinarias

entrarem em operação (a Abreu Lima em Suape e a Comperj no Rio de

Janeiro) é que essas importações deixarão de ocorrer

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

35

3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira

Em 2005, a Lei nº 11097 introduziu definitivamente o biodiesel na Matriz

Energética. Um conjunto de decretos, normas e portarias, estabelecendo prazo

para cumprimento da adição de percentuais mínimos de misturas de biodiesel

ao diesel natural também foram criados para regularizar a produção do

biodiesel.

A entrada do biodiesel derivado da biomassa e denominado biodiesel na

matriz energética brasileira é de significativa importância ambiental, social e

econômica, além de confiar um curso histórico no Brasil de investimentos em

energias mais limpas tais como o álcool e as hidrelétricas.(CARDOSO, 2010)

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

36

CAPÍTULO IV

Distribuição dos royalties do petróleo brasileiro- e

a eminente “guerra” institucional

Explorar petróleo é uma atividade de risco – em alto mar é mais

arriscado ainda – no pré-sal será mais difícil e o perigo bem maior.

O acidente da multinacional Chevron (em novembro de 2011) na Bacia

de Campos, aconteceu em uma área do pós-sal, isto é, a exploração ainda não

é do pré-sal, as sondas da empresa petrolífera americana estavam

aproximadamente 1500 metros abaixo do chão do mar, e o pré-sal, 6 a 7 mil

metros. No pré-sal, tudo é mais complicado tecnologicamente: acontecendo

um acidente, seguramente os danos serão mais custosos.

O espírito da legislação que trata os royalties como compensação aos

estados produtores, não só pelos transtornos que tem na exploração do

petróleo, mas também pelo fato de que o petróleo não tem ICMS cobrado na

sua origem e sim onde é consumido. Prejudica também de sobremaneira os

estados produtores. ( NOGUEIRA, 2011)

O fato é que as participações governamentais na extração de petróleo e

gás natural, bem assim de recursos minerais, nunca geraram volumes

importantes de receita e nem despertaram maiores atenções sobre sua divisão

entre as três esferas de governo e entre as unidades de cada uma dessas

esferas até há poucos anos. A descoberta de enormes reservas de petróleo e

gás em mar, nas camadas do pré-sal, mudou radicalmente este cenário.

A exploração do pré-sal em mar passou a ser vista como espécie de

novo e futuro eldorado para as finanças públicas estaduais e municipais, capaz

de gerar um enorme e inesgotável volume de receitas e, para tanto se

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

37

disseminou a ideia de que as participações não devem caber originalmente

aos estados e as prefeituras confrontantes dos campos em mar ou afetados

pela citada produção, que será gerada fora do território em terra. Nesse

contexto, o novo marco regulatório em si passou para o segundo plano no

Congresso Nacional na apreciação final do projeto que o regulamentou. Tanto

na Câmara quanto no Senado, foram apresentadas e aprovadas propostas

com o objetivo de redistribuir para todos os estados e para todos os

municípios.

No dia 23 de novembro de 2011, foi publicado no jornal “O Globo”

matéria jornalística com o seguinte título: “Rio de Janeiro e Espírito Santo,

recorrerão ao Supremo Tribunal Federal pelos royalties – parlamentares vão

impetrar mandado de segurança para suspender a tramitação do projeto

aprovado”. Verifica-se ainda assim que não está havendo entendimento

necessário entre os parlamentares, no sentido de se elaborar textos

legislativos capazes de atenuar as demandas por soluções racionais entre as

partes envolvidas. (NOGUEIRA, 2011)

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

38

CONCLUSÃO

A produção de hidrocarbonetos como fonte de energia é utilizado em

grande escala pela maioria dos países desenvolvidos e, por outros em vários

estágios de desenvolvimento. Entretanto, historicamente, é também um vetor

de desarmonia, chegando em muitos casos a conflitos armados. No caso

brasileiro, verifica-se que a questão dos “royalties” em discussão no Congresso

Nacional – com evidência durante o ano de 2011 – vem apontando para uma

possível desarmonia institucional entre os estados produtores e os não

produtores de petróleo. Talvez as grandes perdas na partilha, para estados

como o Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, venham tomar novos

rumos com o recente acidente – novembro de 2011 – na Bacia de Campos

caso haja reflexão dos políticos que defendem a nova divisão dos royalties do

petróleo, sobre o seguinte tema: sem eles o Rio de Janeiro ficaria apenas com

os riscos ambientais, potencialmente, eminentes.

Lembrando, sempre, que o petróleo é uma riqueza finita, aqueles que

não fizerem alterações profundas em suas matrizes irão amargar sérias

consequências.

Especialmente no caso brasileiro, observa-se a crescente preocupação

das autoridades competentes na busca de novas tecnologias capazes de

atender uma demanda energética que só faz crescer com o tempo. Deste

modo, formas como energias oriundas do etanol, dos ventos, das marés, dos

raios solares dentre outras, em estados embrionários de pesquisa, faz com

que tenhamos confiança em um futuro que pelo menos não seja tão

dependente dos derivados do hidrocarboneto.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABRANCHES, Sergio, O Globo, Rio de Janeiro, p. 31, 19/11/2011.

ANP. Biodiesel. Disponível em: www.anp.com.br. Acesso em: 29/04/2011.

CARDOSO, Luiz Claudio. Petróleo do poço ao posto. Rio de Janeiro:

Qualitymark , 2010.

GAUTO, Marcelo Antunes. Petróleo S.A. – Exploração, produção, refino e

derivados. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2011.

História da Petrobrás em 10 fascículos. Revista Isto é, Edição especial,

2007.

MINC, Carlos, O Globo, Rio de Janeiro, Editorial, 17/11/2011, p. 6.

______. O Globo, Rio de Janeiro, p. 27, 17/11/2011.

NOGUEIRA, Danielle, Vazamento na Bacia de Campos. O Globo, Rio de

Janeiro, p. 26, 25/11/2011.

Nova cidade do Petróleo. O Globo, Rio de Janeiro, 09/08/2011, Suplemento

Especial, p. 3 e 7.

ORDOÑEZ, Ramona, Riscos do petróleo, O Globo, Rio de Janeiro, p. 33,

19/11/2011.

Petróleo Líbio cai à metade e preço dispara no mundo. O Globo, Rio de

Janeiro, 1ª página, 24/02/2011.

Pré-sal no Brasil, www.brasilescola.com/brasil/pre-sal.htm, 15/11/2011.

SCLIAR, Fábio, O Globo, Rio de Janeiro, p. 25, 18/11/2011.

WIKIPÉDIA. A história do petróleo. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>. Acesso em: 23/02/2011.

______. Sete irmãs. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete

irm%C3%A3s>. Acesso em: 22/02/2011.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

História da Indústria Petrolífera 11

1.1 – Antiguidades 11

1.2 – Origens da indústria petrolífera 11

1.3 – O Oriente Médio 12

1.4 – O pós-segunda guerra e criação da OPEP 15

1.5 – Sete Irmãs 17

CAPÍTULO II

O petróleo no Brasil, breve histórico 19

2.1 – O Rio de Janeiro e a concentração dos

campos da camada pré-sal 20

2.2 – Exploração dos campos petrolíferos, no

litoral Brasileiro 21

2.3 – Exploração dos campos petrolíferos em

camadas pré-sal 23

2.3.1 – O que é o pré-sal 23

2.3.2 – Potencial de exploração do pré-sal no Brasil 24

2.3.3 – Riscos da exploração do petróleo no pré-sal 24

2.3.4 – Pré-sal e o meio ambiente 25

2.3.5 – Vazamento de petróleo no campo de Frade,

uma tragédia anunciada 25

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ... houve a preocupação de se ... do petróleo remontam a 4000 a.c.. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, ... na Pérsia e no

41

2.3.6 – Petroleira americana Chevron e a falta de

cuidado necessário com o meio ambiente 28

2.3.7 – Pior acidente ambiental dos E.U.A. deu sinal

de alerta para euforia do pré-sal 30

CAPÍTULO III

Mudança na Matriz Energética brasileira 32

3.1 – Histórico da Matriz Energética brasileira 32

3.2 – Biodiesel 32

3.3 – Importância do biodiesel 33

3.4 – O biodiesel na Matriz Energética brasileira 34

CAPÍTULO IV

Distribuição dos royalties do petróleo brasileiro

e a eminente “guerra” institucional 36

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 40