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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM ESTUDO DA POLUIÇÃO E DO PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DE GUANABARA - PDBG Por: Alessandra Cavalcante Carneiro Orientador Prof. Maria Esther de Araujo Oliveira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTUDO DA POLUIÇÃO E DO PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO

DA BAÍA DE GUANABARA - PDBG

Por: Alessandra Cavalcante Carneiro

Orientador

Prof. Maria Esther de Araujo Oliveira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTUDO DA POLUIÇÃO E DO PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO

DA BAÍA DE GUANABARA - PDBG

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental

Por: Alessandra Cavalcante Carneiro

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AGRADECIMENTOS

A minha irmã Jacqueline, por ser a

razão dos meus esforços pessoais, a

amiga Karina Monteiro pela

cumplicidade, atenção e carinho.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu avô Sr. José, que sempre

está ao meu lado, a minha irmã

Jacqueline e ao meu irmão Vinicius que

tanto vos amo, e aos meus amigos, pelo

apoio e carinho de sempre.

RESUMO

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A recuperação ambiental da Baía de Guanabara é justificável pelo

gerador de benefícios econômicos, pela sua beleza rara e sua importância no

ecossistema.

O presente trabalho efetua primeiramente, o levantamento histórico da

Baía de Guanabara, seguida do grande impacto ambiental que vem sofrendo

diariamente devido a despejo de esgoto doméstico e resíduos industriais são

lançados nos seus corpos hídricos, além dos aterramentos oficiais e

clandestinos, decorrente ao aumento demográfico ao redor da Baía,

finalizando com o investimento do Governo do Estado com o programa de

Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que está diretamente relacionado

ao interesse ambiental de recuperação da qualidade de água com concessão

dos serviços de saneamento, incluindo a distribuição de água, a coleta e o

tratamento de esgotos, á ser administrada e monitorada por órgãos estaduais,

respectivamente: agência reguladora estadual (Cedae) e Instituição Estadual

do Meio Ambiente (INEA).

METODOLOGIA

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Os instrumentos utilizados para coleta de informação necessárias para o

desenvolvimento da monografia referente ao estudo proposto foram: recursos

da internet, jornais de grande circulação no Rio De Janeiro, levantamento

bibliográficos disponíveis e consulta ao Inea e a Cedae .

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Abordagem Histórica da Baía de Guanabara 10

CAPÍTULO II

Principais problemas e causas da degradação ambiental da bacia da Baía de

Guanabara 14

CAPÍTULO III

O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara – PDB 19

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29

ÍNDICE 32

INTRODUÇÃO

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O presente estudo discute os impactos ambientais que a Baía de

Guanabara vem sofrendo ao longo do tempo e o investimento do Programa de

despoluição da Baía de Guanabara – PDBG, que teve como filosofia iniciar o

processo de recuperação da qualidade do meio ambiente da região. O tema

sugerido é de fundamental relevância, pois a Baía de Guanabara é um estuário

de rara beleza, um ecossistema de importância inquestionável, situado no Rio

de Janeiro, que vem sofrendo diariamente grande impacto ambiental com

despejos de esgoto doméstico e resíduos industriais que são lançados em

seus corpos hídricos, além dos aterramentos oficiais e clandestinos.

Ainda existem regiões que não são tão afetadas, mantendo suas

características naturais quase preservadas. O órgão gerenciador do

monitoramento destes impactos é o INEA que coordena o Programa de

Despoluição da Baía de Guanabara (site INEA, jan. 2006).

O crescimento demográfico e industrial são os principais responsáveis

pelos problemas ambientais da Baía, porém não são os únicos, ainda existe o

desmatamento, a destruição dos manguezais e das matas ciliares, que por

serem ecossistemas de função depurativa, e de manutenção das margens, o

seu desequilíbrio tem potencial para acarretar catástrofes ambientais (site

ambientebrasil, ago. 2005)

Recuperar a Baía de Guanabara, no entanto, não é uma tarefa simples, pois,

“a história de degradação da Baía está diretamente relacionada ao

“desenvolvimento” (crescimento) dos centros urbanos e ela associadas. Desde

os primórdios do surgimento e expansão da cidade do Rio de Janeiro, o

homem “lutou” contra o meio ambiente, que no caso, eram dominados por

lagoas, brejos, pântanos e manguezais, localizados entre mar e a montanha.

Portanto, essa realidade física moldou, principalmente nos momentos iniciais

da expansão da cidade do Rio de Janeiro, a distribuição do homem que ali se

fixava” (Soares, 2003). Em vista de um quadro como esse somente no início

dos anos 90 um investimento público ambiental, o Governo do Estado do RJ

com recursos financeiros do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID),

e do Japan Bank for Internacional Cooperation (JBIC), constituíram um

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investimento de cerca de 800 milhões no Programa de Despoluição da Baía de

Guanabara (PDBG), que possuía um projeto inicialmente de um sistema de

redes de esgotamento sanitário, assim simultaneamente a “possível”

recuperação da qualidade do meio ambiente na região da Baía de Guanabara.

(Oliveira, 2006)

Diante de um quadro de intensa degradação ambiental que a Baía de

Guanabara vem sofrendo, o trabalho tem como objetivo discutir questão da

recuperação da qualidade da água da Baía de Guanabara, através do

programa do governo PDBG, que atende às necessidades nas áreas de

saneamento básico, abastecimento de água, coleta e destinação final de

resíduos sólidos, drenagem, controle industrial e monitoramento ambiental.

CAPÍTULO I

ABORDAGEM HISTÓRICA DA BAÍA DE GUANABARA

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A Baía de Guanabara é uma das mais importantes referências naturais

e culturais do Brasil, do Estado do Rio de Janeiro e de todos os municípios que

a margeiam. A beleza da sua paisagem e a sua natureza exuberante foram

repetidamente e entusiasticamente ressaltadas por viajantes, pintores, poetas,

estudiosos e, por tantos, anônimos admiradores.

Desde a chegada dos primeiros visitantes europeus, justificadas palavras

ufanistas eram usadas para descrever a sensação de esplendor ao chegar à

Guanabara (site Portal da Baía de Guanabara, 2011):

"... tudo he graça ho que della se pode dizer". Tomé de Souza, em carta a D.

João III (1553).

"É a mais fértil e viçosa terra que há no Brasil". Pero de Magalhães Gandavo,

em "Tratado da Terra do Brasil" (1572).

"É a mais airosa e amena baía que há em todo o Brasil". Pe. José de Anchieta

em uma de suas Cartas (1585).

"Esta terra é um paraíso terrestre". Parny, em "Ouvres choisies". (1773).

Após quase 400 anos do descobrimento do Brasil, a Baía de Guanabara

pouco havia alterado o seu aspecto físico. As águas permaneciam límpidas,

suas praias pareciam pinturas feitas pela natureza e recantos aprazíveis. O

porto de Mauá, que se localizava ao fundo da baía, era o início do acesso para

Minas Gerais e Petrópolis, que se fazia pela Estrada União-Indústria e, neste

porto, desembarcava D. Pedro II e sua corte em busca das residências de

verão na serra do Estado. (Silva, 2001)

Foi no início deste século que a cidade do Rio de Janeiro começou a

tomar a forma que tem atualmente, com a abertura de grandes e largas

avenidas, obras de saneamento que foram feitas com a canalização de vários

rios e o aterramento das zonas lamacentas da Praça Mauá, Gamboa e Saúde,

ilhotas e mangues, além da construção do grande cais da Praça Mauá até o

Canal do Mangue. (Jornal do Brasil, 1998).

A baía é a resultante de uma depressão tectônica formada

no Cenozoico, entre dois blocos de falha geológica: a chamada Serra dos

Órgãos e diversos maciços costeiros menores. Constitui a segunda maior baía,

em extensão, do litoral brasileiro, com uma área de aproximadamente 380 km².

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Considerando-se a sua barra como uma linha imaginária que se estende da

ponta de Copacabana até a ponta de Itaipu, esta sofre um estreitamento entre

a ponta da Fortaleza de São João, na cidade do Rio de Janeiro, e a ponta

da Fortaleza de Santa Cruz, na de Niterói, com uma largura aproximada de

1.600 metros. Relativamente a meio dessa passagem, ergue-se uma laje

rochosa (ilha da Laje), utilizada desde os colonizadores como ponto de apoio à

defesa da barra, o atual Forte Tamandaré (antigo Forte da Laje). (site

Wikipédia, 2011).

As profundidades médias na baía são de 3 metros na área do fundo, 8,3

metros na altura da Ponte Rio-Niterói e de 17 metros no canal de entrada da

barra. Na área do fundo, onde deságua a maior parte dos rios, o acúmulo de

sedimentos constituiu manguezais, envoltos pela vegetação própria da Mata

Atlântica. Rios que deságuam na baía: Rio Alcântara, Rio Bomba, Rio

Guaxindiba, Rio Iguaçu, Rio Imboaçu, Rio Irajá, Rio Macacu, Rio Maracanã,

Rio Marimbondo, Rio Méier (com 3.470 metros de extensão), Rio Pavuna, Rio

Quitungo (com 3.560 metros de extensão), Rio Sarapuí, Rio Timbó, Rio

Trapicheiros, Rio Iriri, Rio Guaraí, Rio Guapimirim. (site Wikipédia, 2011).

Os rios da Bacia, que atravessam as áreas mais densamente povoadas são

verdadeiros vasadouros de esgoto a céu aberto, recebendo ainda grandes

contribuições de despejos industriais e lixo. Nesta situação estão incluídos os

afluentes da Costa Oeste da Baía, que vão do Canal do Mangue ao Canal de

Sarapuí, além dos rios Alcântara, Mutondo, Bomba e Canal do Canto do Rio,

na Costa Leste. Esses rios são utilizados basicamente, para diluição de

despejos, embora o uso que lhes é recomendado seja o de harmonia

paisagística e estética. Os demais rios da bacia são menos degradados. Neles,

existe a manutenção da qualidade própria a usos mais nobres, tais como a

preservação de flora e fauna, visando a preservação do ecossistema da Baía

de Guanabara. O rio Guapi-Macacu tem a água de melhor qualidade da Bacia,

sendo fonte de abastecimento público para os municípios de Niterói e São

Gonçalo, com captação no canal de Imuana Estação de Laranjal (Saúde e

Ambiente em Revista, 2006).

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A bacia que drena para a Baía de Guanabara tem uma superfície de

4.000 km², integrada pelos municípios de Duque de Caxias, São João de

Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, São

Gonçalo, Magé, Guapimirim, Itaboraí, Tanguá e partes dos municípios do Rio

de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio

Bonito e Petrópolis (este último município tem área muito pequena dentro da

bacia drenante à Baía de Guanabara e é totalmente coberta por florestas), a

maioria localizada na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta região

abriga cerca de dez milhões de habitantes, o equivalente a 80% da população

do estado do Rio de Janeiro e apresentou, no período 1980-1991, a maior taxa

de crescimento do País. Mais de 2/3 dessa população, 7,6 milhões de

habitantes, habitam na bacia da Baía de Guanabara. (site Wikipédia, 2011).

De acordo com Lima (2006), a densidade populacional é particularmente

alta na parte oeste da bacia — a população do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu,

Duque de Caxias, São João de Meriti e Nilópolis representa cerca de 80% da

população total da bacia — onde a contribuição de efluentes domésticos e

industriais é significativa, com uma pequena parcela de esgotos sanitários

sendo tratada adequadamente. Mesmo tendo perdido parte de seu encanto

desde a descoberta pelos portugueses, a geografia desta região continua

sendo, na presença espetacular de seu sítio natural, a imagem que atrai e

fascina tanto seus moradores quanto todos que dela se aproximam. De fato,

pouquíssimos núcleos urbanos do mundo têm na natureza a força de sua

imagem.

A Baía de Guanabara atingiu os atuais níveis de poluição a partir de um

processo de degradação que se intensificou, principalmente, nas décadas de

1950-1960, com o elevado crescimento urbano, especialmente na Região

Sudeste do País. Outra conseqüência da ocupação, a partir dos anos 1950, foi

o surgimento na região da bacia hidrográfica da baía de um dos maiores pólos

de desenvolvimento industrial do país. Embora seja composto principalmente

de indústrias de pequeno e médio porte, são as indústrias de grande porte as

responsáveis por grande parte da poluição de origem industrial afluente à baía.

Os despejos industriais se constituem em fonte de poluição considerável das

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águas da baía, representando cerca de 20% da poluição orgânica

biodegradável, sendo, ainda, responsável pela quase totalidade da poluição

química por substâncias tóxicas e metais pesados, nocivos à saúde humana,

que acabam por se acumular nos sedimentos. (Lima, 2006)

As concentrações de metais pesados nos sedimentos superficiais da

Baía são maiores na parte interna oeste, próximo às desembocaduras dos rios

São João de Meriti, Sarapuí e Iguaçu , decrescendo em direção ao canal

central e à entrada da Baía.Os picos de concentração de mercúrio, cromo,

cobre e níquel, são observados nos rios da Costa Oeste. Outros metais, como

ferro, manganês, cádmio e zinco, encontram-se distribuídos ao longo da Bacia,

com maiores concentrações no lado Oeste. As concentrações de mercúrio são

maiores nos rios Acari e São João de Meriti, devido à influência da Cia

Eletroquímica Panamericana (Saúde e Ambiente em Revista, 2006).

O crescimento populacional e o desenvolvimento industrial trouxeram,

além da poluição decorrente desse crescimento, questões ambientais de

ordem física, tais como a destruição dos ecossistemas periféricos à baía, os

aterros de seu espelho d’água, o uso descontrolado do solo e seus efeitos

adversos em termos de assoreamento, sedimentação de fundo, inundação e

deslizamento de terra. A tendência mais preocupante do processo de

degradação da baía tem sido o crescimento de algas nas regiões sudoeste e

noroeste. O elevado grau de eutrofização vem se espalhando das regiões

oeste e noroeste, altamente urbanizadas, para as demais outras regiões,

ameaçando a qualidade de água da baía. Em resumo, pode-se afirmar que

sérios problemas de saúde pública caracterizam a região da bacia hidrográfica

da Baía de Guanabara, devido à gestão inadequada dos esgotos sanitários e

dos resíduos sólidos urbanos (FEEMA, 1998)

CAPÍTULO II

PRINCIPAIS PROBLEMAS E CAUSAS DA

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA BACIA DE

GUANABARA

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De posse das informações apresentadas na tabela 9, técnicos do

Governo do Estado do Rio de Janeiro e profissionais que trabalham na Área de

Meio Ambiente chegaram à conclusão que, em dimensão equivalente a um

Estádio do Maracanã, é tudo lançado diariamente na Baía de Guanabara sem

o menor tratamento. (Leal, 1998).

Tabela : Carga despejada diariamente na Baía de Guanabara

Carga despejada diariamente na Baía de

Guanabara

400 toneladas de carga orgânica

64 toneladas de carga orgânica industrial

0,3 tonelada de carga de metais pesados

7 toneladas de carga de óleo

6 toneladas de carga orgânica de lixo Doméstico

Fonte: Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro (CEDAE), 1996.

São lançados na Baía de Guanabara: cerca de 400 toneladas/dia de

esgoto doméstico com pouco ou nenhum tratamento - despejos industriais das

6 mil indústrias poluidoras que lançam 64 toneladas/dia de óleos e metais

pesados, como chumbo, zinco, mercúrio e cromo, e fenóis - aproximadamente

7 toneladas/dia de óleo das refinarias, dos terminais de petróleo e também dos

postos de gasolina que jogam o resto de combustíveis na rede pluvial - todo

tipo de sujeira (Poluição Mista) fica concentrada na área que vai do Centro ao

limite de Caxias com Magé, com ponto crítico no Canal do Cunha (entre

Ramos e Ilha do Fundão), onde a quantidade estimada de lixo que desemboca

nesse trecho é algo próximo de 11 mil toneladas por dia - vazadouros de lixo

ou lixões de Gramacho e São Gonçalo. (CEDAE, 1996).

Dentre as principais fontes de poluição, citam-se: Magrini & Santos

(2001)

• Dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de petróleo.

• 14 terminais marítimos de carga e descarga de produtos oleosos.

• 14.000 estabelecimentos industriais.

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• Mais de 1.000 postos de combustíveis.

• Rede intricada de transporte de matérias primas, combustíveis e produtos

industrializados permeando zonas urbanas altamente congestionadas.

Aterros e assoreamento: Alguns trechos de suas margens foram

aterrados para a construção de cais e de vias públicas, como o Aterro do

Flamengo, a Avenida Brasil, a Linha Vermelha, a Rodovia Niterói-Manilha,

entre outros. (site Wikipédia, 2011)

O líquido que sai diariamente dos lixões para a baía (chorume) é algo

próximo a 800 litros - o lixo flutuante é formado por objetos que, se ninguém

tirar, ficarão durante décadas ou séculos boiando. A perda de profundidade e a

diminuição do espelho d’água (assoreamento) é algo alarmante, onde os

aterros e obras de macrodrenagem, que mudam o curso original dos rios, são

os maiores responsáveis por esse problema. Estima-se que a Baía de

Guanabara perde cerca de 5 cm de profundidade/ano e que a maior parte

dessa lâmina d’água mede aproximadamente 7,5 metros chegando, em

determinados pontos, a 3 metros. O fim dos manguezais é também uma outra

causa desse problema e, nos dias de hoje restam 80 km2

de manguezais para

260 km2

em 1500. (Leal, 1998).

Desmatamento: a área remanescente da Mata Atlântica no Estado do

Rio de Janeiro se restringiu à cerca de 1.265 km², o que corresponde a apenas

37,5% do original. No período de 1995 e 1997 verificou-se uma redução de

577 hectares nas áreas florestadas do Estado, o equivalente a um campo de

futebol por dia. No período de 1984 e 1991, na Bacia da Baia de Guanabara,

as áreas urbanizadas expandiram-se em 77 km² e as florestas reduziram-se

em 95 km². A carência de habitação para a população de baixa renda resultou

na ocupação de áreas inadequadas à urbanização: encostas íngremes,

margens de rios e áreas inundáveis. Entre 1995 e 1997, apareceram somente

nas bordas do Parque Nacional da Tijuca, 46 novas favelas. Retirada a

floresta, no solo desprotegido aumentam os deslizamentos de encostas e as

enxurradas, causando assoreamento e obstrução dos rios com lama e lixo. As

calhas obstruídas provocam inundações de áreas urbanizadas. (Fellenberg,

1980).

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Destruição de Manguezais: a Baía de Guanabara tinha originalmente

260 km² de sua bacia cobertos por manguezais, restaram apenas 82 km²

atualmente. A destruição dos manguezais causa a redução da capacidade de

reprodução de diversas espécies de vida aquática e aumenta o processo de

assoreamento que ao longo do tempo resulta na redução de profundidade da

Baía. (Saúde e Ambiente em Revista, 2006)

A superfície original da Baía de Guanabara sofreu uma redução de 30%,

devido aos aterros destinados a criar novas áreas de urbanização. Das 188

ilhas que existiam em 1500, restam apenas 127. Tais interferências no

ambiente natural causam graves alterações no sistema de circulação de

águas, reduzindo a capacidade de auto depuração da Baía, o que causa danos

à vida aquática (site UFRJ, 2006).

Deficiência do sistema de Saneamento Básico: a falta de tratamento dos

esgotos sanitários é a principal fonte de poluição da Baía de Guanabara. As

redes coletoras são insuficientes à média da população urbana do país. Em

áreas mais pobres da Bacia esgotos correm a céu aberto. . Em todos os casos,

os efluentes sanitários acabam chegando in natura à Baía, receptora natural

de todos os rios, canais e galerias. Estima se que, até o início do PDBG 1, a

Baía recebia cerca de 17 m³/s de efluentes domésticos sem tratamento,

correspondendo a 465t./dia de carga orgânica. Esse volume equivale a um

estádio do Maracanã por dia (site FEEMA, 2006).

Ineficiência na coleta e destino final do lixo: a deficiência na coleta e a

falta de locais adequados para receber o lixo gerado pela população são um

dos principais problemas da Bacia da Baía de Guanabara, causando grandes

danos ambientais como:

• focos de proliferação de doenças;

• contaminação do solo;

• poluição das águas superficiais e subterrâneas;

• obstrução dos sistemas de drenagem.

Das quase 13.000 toneladas por dia de lixo geradas na Bacia da Baía

de Guanabara, 4.000 toneladas não chegam a ser coletadas, sendo vazadas

em terrenos baldios, rios e canais. Das 9.000 toneladas por dia que são

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coletadas, 8.000 toneladas vão para o aterro de Gramacho, cuja vida útil

estará esgotada em poucos anos. O restante do lixo é lançado em vazadouros,

sem medida de controle adequada. Os resíduos hospitalares, apesar de

representarem pequena parcela do volume total de lixo gerado na Bacia,

devem ser prioridade devido à presença de microorganismos patogênicos,

resíduos químicos e materiais cortantes. Só o Município do Rio de Janeiro,

mantém atualmente um sistema aceitável de coleta e destino final desse tipo

de resíduo (site, FEEMA, 2006).

Poluição Industrial: é estimado que 64 toneladas de carga orgânica e

sete toneladas de óleo são lançados por dia na Baía, contendo 0,3 tonelada de

metais pesados como chumbo, cromo, zinco e mercúrio. As responsáveis por

essa carga poluente são as indústrias alimentícias e químicas, especialmente

as petroquímicas. Das 450 indústrias classificadas como prioritárias para

controle, estima-se que 55 são responsáveis por 80% da carga poluidora (site

FEEMA, 2006).

Acidentes ambientais: como vazamentos de óleo, que ocorrem com

certa freqüência nas refinarias, portos comerciais, estaleiros e postos de

combustíveis. Como exemplo, ocorreu em janeiro de 2000 um vazamento de

1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, causando grandes danos

aos manguezais, praias e à população de pescadores, ou em março de 2006,

diante de uma mortandade de peixes e óleo invadindo a praia de Ramos, os

moradores da região acusando o Aeroporto Internacional Antônio Carlos

Jobim por lavar os aviões se deixar óleo escoar para as águas da baía. Mas o

maior vazamento registrado ocorreu em março de 1975 por ocasião do

acidente de navegação protagonizado pelo N/T Tarik Ibn Zyiad, quando 6

milhões de litros de óleo contaminaram as águas da baía. (site Wikipédia,

2011).

Como conseqüência ecológica desse problema, de 1553 até hoje, a

Baía de Guanabara perdeu cerca de 30% de sua área; desapareceu a lagosta

(Pannuliru argus) que era muito comum no litoral brasileiro; o cação

(Ginglymostoma cirratum) entra somente na Baía de Sepetiba por serem

encontradas quantidades maiores de peixes pequenos; o golfinho cinza

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(Sotalia fluviatilis), símbolo adotado pelo Programa de Despoluição da Baía de

Guanabara, só aparece em pequenos grupos; as baleias jubarte (Megaptera

novaengliae) de 16 metros de comprimento e de 25 a 30 mil quilos, que

vinham atrás de crustáceos e peixes pequenos não são mais encontradas; a

tartaruga verde (Chelonia mydas) que podem pesar até 90 quilos, era

encontrada com facilidade nos costões rochosos da Urca e em Niterói, hoje

não aparecem mais. (Jornal do Brasil, 1998).

Do ponto de vista da Saúde Pública, o rejeito representa um elemento

que não deve ser desprezado no estudo da estrutura epidemiológica, uma vez

que, pela sua variada composição, poderá conter agentes biológicos ou

resíduos químicos tóxicos que poderão alcançar o homem direta ou

indiretamente, afetando-lhe a saúde. (Rouquayrol, 1986).

CAPÍTULO III

PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO DA BAÍA DE

GUANABARA - PDBG

Preocupado em reverter o crescente processo de poluição nas águas da

Baía de Guanabara, principalmente no que se diz respeito aos elevados graus

de concentrações de óleos e graxas, carga orgânica e metais pesados, o

Governo do Estado do Rio de Janeiro implantou o que chamou de Programa

de Despoluição da Baía de Guanabara – PDBG. Na realidade trata-se de um

conjunto de ações que devem ser realizadas de forma integrada, tendo como

principal finalidade resgatar as condições ambientais da Região Metropolitana

do Rio de Janeiro. Como resultado do sucesso desse programa, espera-se

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obter uma significativa melhoria na qualidade de vida da população do Estado,

melhoria da balneabilidade das praias do interior da baía, uma recuperação da

pesca comercial que serve de fonte de renda para quem depende dessa

atividade, redução de surtos de doenças de veiculação hídrica e redução do

processo de assoreamento da calha dos rios e fundo da baía em função do

depósito de resíduos sólidos. (Cavalcanti, 1999).

A partir da década de 1970, e especialmente a partir da Conferência de

Estocolmo em 1972, a questão ambiental da Baía da Guanabara começou a

mobilizar o interesse local e internacional. A Organização Mundial de Saúde -

OMS, atuando como agência executiva do Programa de Desenvolvimento das

Nações Unidas - PNUD e em cooperação com órgãos locais, chamou a

atenção para a presença de duas refinarias na bacia, para a densidade

populacional e industrial da área e para os conseqüentes riscos ambientais e

econômicos (O’Connor et al., 1977). A despoluição da Baía, contudo, só

passou a ser tema de financiamento internacional a partir das mudanças

institucionais ocorridas no Brasil a partir de 1990, com a implementação de

políticas de liberalização do mercado similares às implantadas nos Estados

Unidos e Grã-Bretanha durante a década de 80.

O Banco Interamericano - BID e o Fundo Japonês para a Cooperação

Internacional –OECF anunciaram que financiariam o Programa de Despoluição

da Baía da Guanabara - PDBG durante a Eco-92, no Rio, em junho de 1992.

Os primeiros recursos foram liberados no final do ano de 1994, pouco depois

da implantação do Plano Real e da assinatura do acordo de renegociação da

dívida brasileira no mercado internacional. O programa teve um impulso no

período de 1995 a 1998, que corresponde ao primeiro governo da aliança do

PSDB e PFL, partidos de centro e direita que sustentaram o governo federal de

Fernando Henrique Cardoso e o governo estadual de Marcello Alencar. Neste

período foram gastos em obras e consultorias cerca de 350 milhões de dólares

com o PDBG. (Sanches, 2000).

O Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG),

inicialmente previsto como um projeto de saneamento com um objetivo social

¾ melhorar a qualidade de vida da população mediante o fornecimento de um

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sistema de redes de esgotamento sanitário ¾ tornou-se cada vez mais um

projeto voltado simplesmente para a construção de grandes estações de

tratamento mediante o uso de tecnologias convencionais. (Lima, 2006)

Segundo Oliveira (2006), O PROGRAMA DE DESPOLUIÇÃO DA BAÍA

DE GUANABARA – PDBG representa um amplo e complexo conjunto de obras

e outras atividades multidisciplinares, cujo objetivo principal é reduzir os índices

de poluição da Baía de Guanabara, melhorando a qualidade de vida da

população que vive no entorno da Baía de Guanabara.

A área abrangida pelo Programa compreende a Baía da Guanabara

(390km², incluindo 50km² de ilhas e ilhotas) e sua Bacia Hidrográfica (cerca de

4.000km²), perfazendo um total de cerca de 4.400km² (figura 1). (Oliveira,

2006)

Dentre os problemas identificados, destacam-se aqueles relacionados

ao lançamento de esgotos sanitários de origem doméstica, dos efluentes

industriais, dos vazamentos de óleos e dos resíduos urbanos, hospitalares e

industriais. Foi realizado um diagnóstico para definir áreas prioritárias para a

implementação das medidas compensatórias ou mitigadoras.

O Programa foi planejado em três fases:

• Fase I – Programa de Despoluição da Baía de Guanabara.

• Fase II – Programa de Recuperação Ambiental da Bacia da Baía de

Guanabara.

• Fase III – Programas Ambientais Complementares.

Inicialmente definiu-se, como prazos limites para o alcance dos objetivos

traçados, os anos de 2000 e 2010, respectivamente, para os objetivos de curto

prazo (conclusão da Fase I) e médio prazo (conclusão da Fase II).

A Fase I do PDBG está estruturada em cinco áreas de intervenção,

denominadas Componentes:

• Componente I – Saneamento (Abastecimento de Água e Esgoto

Sanitário) que representa cerca de 70% do total investido no programa, de

forma a suprir os serviços sanitários adequados à população da bacia da Baía

de Guanabara;

• Componente II – Macrodrenagem (Drenagem urbana);

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• Componente III – Resíduos sólidos – que se destina a dar forma

adequada ao lixo coletado;

• Componente IV – Programas ambientais complementares - no qual

existe necessidade de uma atenção não menos importante na execução do

programa, ou seja, Projeto de Controle de Poluição Industrial, Monitoramento

Ambiental, Educação Ambiental e Reforço Institucional

• Componente V – Mapeamento digital - que irá atualizar e retificar os

cadastros imobiliários. (Gonçalves, 1998).

A Fase II visa complementar as obras realizadas na primeira, tendo

como foco principal a gestão ambiental (monitoramento e controle do uso de

recursos naturais).

A Fase III destina-se a complementar as obras realizadas em ambas as

fases anteriores, visando, fundamentalmente, fortalecer as instituições públicas

que atuam ambientalmente. (Oliveira, 2006).

Em 1992, a definição da concepção do sistema de esgotamento e

tratamento de esgotos, para a primeira etapa do PDBG, teve como referência o

Plano Diretor de Esgotamento Sanitário do Rio de Janeiro (SANERIO),

elaborado em 1978, pela CEDAE, que previa o lançamento de parte dos

esgotos originários das bacias contribuintes no Oceano Atlântico e o restante

na Baía de Guanabara, com adoção de tratamento secundário na maioria das

Estações de Tratamento de Esgotos (ETE’s), a serem construídas (FEEMA,

1998).

Devido às restrições orçamentárias do PDBG e por orientação do BID,

foi priorizada nessa primeira fase, a construção de rede de esgotos, visando

minimizar os problemas de saúde pública e a implantação de tratamento

primário, de modo a impedir uma maior degradação das águas da Baía de

Guanabara e, a atender à Constituição Estadual. (Lima, 2006)

À época, a opção de implantar na primeira fase do PDBG, apenas o

tratamento primário, permitia que as futuras expansões das Estações de

Tratamento de Esgotos pudessem incorporar, num futuro próximo, mudanças

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na tecnologia visando aumentar a eficiência de remoção de nutrientes. (Lima,

2006)

A construção de redes de esgotos não acompanhada de estações de

tratamento levaria a uma melhoria das condições de saúde da população,

entretanto, estaria associada a um aumento das cargas lançadas na Baía e a

uma deterioração adicional da qualidade de água. A adoção de tratamento

primário, a tecnologia mais simples e barata, compensava o impacto negativo

para a qualidade de água resultante da implantação dessas redes. Com a

execução de redes e ligações domiciliares, o Governo propunha-se a elevar o

nível de atendimento na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, atingindo,

prioritariamente, as bacias com maior densidade populacional e baixo nível de

renda, onde era maior o risco sanitário, decorrente do lançamento de esgotos

in natura em valas a céu aberto. Por outro lado, a execução de cerca de 90 km

de coletores-tronco e interceptores procurou atender às necessidades básicas

para evitar a contaminação das principais bacias sujeitas a enchentes, com

fluxo dos esgotos nas canalizações existentes. No âmbito do Programa, os

centros de tratamento previstos foram: Alegria, Pavuna, Sarapuí, São Gonçalo

(Sistema II), Niterói Sul-Icaraí, Ilha do Governador e Paquetá, além do

condicionamento adequado do lodo produzido na ETE Penha. Foram

executadas, ainda, obras de esgotamento sanitário em 29 favelas da Zona Sul

do Rio de Janeiro, Ilha do Governador e Niterói (FEEMA, 1998).

O andamento das discussões técnicas sobre o problema de eutrofização

da baía, levaram, em fase posterior, a modificações nos sistemas de

tratamento previstos, com a adoção do Chemical Enhanced Primary Treatment

(CEPT), que considera a adição de coagulantes químicos no tratamento

primário. Na primeira etapa do PDBG, verificouse, porém, que a implantação

desta tecnologia acabou por privilegiar a redução da área de decantação ao

invés da remoção de Fósforo, que ficou limitada a 35%. O CEPT pode ser

utilizado para remover até 75% do Fósforo, remoção esta mais compatível com

os níveis requeridos para o controle da eutrofização da Baía de Guanabara

(FEEMA, 1998).

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A Tabela, a seguir, apresenta as principais estações de tratamento

existentes na Baía de Guanabara, construídas na década de 1980 ou com

recursos da primeira fase do PDBG.

Tabela 5 – Estações de Tratamento de Esgotos Existentes na Bacia da Baía de

Guanabara

Bacia de Esgotamento

ETE Situação Atual Vazão Média(L/s)

Capidade Tipo de Tratamento

Emissário Submarino

- 8.000 12.000 -

Alegria Alegria 820 5000 Primário e Secundário em 2007

Penha Penha 1600 1600 Secundário Pavuna – Meriti

Pavuna 1000 1500 CEPT – Sedimentação + floculante químico

Acari 210 210 Secundário Sarapuí Gramacho 185 185 Lagoas de

estabilização Sarapuí 1000 1500 CEPT –

Sedimentação + floculante químico

Bota Joinville * 100 100 Primário Imboassu São Gonçalo 120 765 Secundário

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Niterói Icaraí 952 952 CEPT – Sedimentação + floculante químico

Toque-Toque 260 260 USAB** Barreto 260 260 USAB**

Ilha do Governador

Ilha do Governador

525 525 USAB**

Paquetá Paquetá 27 27 Secundário = Emissário

Fonte: Lima, 2006

Nota 1: * A ETE Joinville foi implantada com recursos do Governo do Estado

do Rio de Janeiro, mas

atualmente não está em operação.

Nota 2: ** UASB - Up flow Anaerobic Sludge Blanket.

Segundo o site da cedae, 2010 (www.cedae.com.br), o PDBG executou

requalificação e ampliação ETEs, segue:

ETE Penha: com tratamento secundário, para a vazão de 1.600 litros por

segundo, além de melhorias e ampliação na ETE Ilha do Governador, para

tratar em nível secundário, 700 litros por segundo.

O Sistema Niterói: construção do Emissário Submarino de Icaraí, com 39km

de extensão, e requalificação e ampliação da ETE Icaraí com tratamento

secundário, e vazão de 1.350 litros por segundo.

Sistema Paquetá: construção da Estação de Tratamento de Esgotos e do

Emissário Submarino, com 2,5km.

Sistema São Gonçalo: Construção da ETE São Gonçalo, em nível

secundário, tratando uma capacidade máxima de 800 litros por segundo,

atendendo uma população estimada de 235 mil habitantes.

Sistema Pavuna: Construção da Estação de Tratamento em nível secundário,

com vazão de 1.500 litros por segundo, atendendo a uma população de 6

milhões, 232 mil e 500 habitantes.

ETE Alegria com a inauguração em nível secundário possibilitou o tratamento

de 2.500 litros de esgotos por segundo. Os Coletores Troncos com a atual

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vazão instalada permitem o tratamento de 216 milhões de litros de esgotos por

dia, o que equivale ao volume de um Maracanãzinho.

ETE Sarapuí já se encontra concluída com capacidade instalada de 1.500

litros por segundo, com tratamento secundário. As obras de construção do

Tronco Interceptor de Esgotos de Sarapuí estavam paralisadas e foram

reiniciadas em 10/06/2010. O Tronco Interceptor possui extensão total de

6.154 metros, com diâmetro de 2.000 mm e profundidade média de 9 metros.

Foram assentados, até o início de janeiro de 2011, 5.656 metros desses

troncos. Esse tronco viabilizará o esgotamento sanitário para a ETE Sarapuí,

dos municípios de Belford Roxo, São João de Meriti, Mesquita e parte de Nova

Iguaçu. Com a interligação do final do percurso desse tronco ao Tronco

Coletor Nova Baixada, será possível o esgotamento de diversos municípios da

Baixada para a ETE Sarapuí.

A atual administração da CEDAE está viabilizando junto ao Governo do

Estado do Rio de Janeiro, recursos financeiros para realizar as seguintes

obras: Complementação da Estação de Tratamento de Esgotos de Alegria, em

nível secundário, de 2.500 litros por segundo, para 7.400 litros por segundo

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CONCLUSÃO

Entende-se por Saneamento o conjunto de atividade relacionada com o

abastecimento de água potável, o manejo de água pluvial, a coleta e

tratamento de esgoto, a limpeza urbana, o manejo do resíduos sólidos e o

controle de pragas e qualquer tipo de agente patogênico, visando a saúde das

comunidades, para esse conjunto funcionar bem, precisa-se de investimentos,

recursos e comprometimento na execução das redes de esgoto pelo setor

publico (Governo do Estado), em vista, a maioria dos sistemas de esgoto

implantados funciona deficientemente, por vários anos, comprometendo, por

conseqüência, a eficácia do programa, enfim o saneamento é fundamental no

Programa de Despoluição da Baía de Guanabara.

A gestão para Baía de Guanabara faz-se necessário parcerias entre o

Estado e Prefeituras, para que o saneamento ao redor da Baía seja eficiente

para evitar lançamento de esgoto sanitário sem tratamento adequado nos

corpos hídricos, além de investimentos na diminuição das taxas de geração de

resíduos industriais e urbanos.

A sociedade deve ter uma participação mais efetiva no programa,

interessando-se pela gestão ambiental, que é a ferramenta necessária para os

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projetos de ações e monitoramento, desenvolvendo um bom relacionamento

entre os programas de educação ambiental, de saneamento e de controle

ambiental. Com isso a função social e ambiental estará diretamente ligada à

execução e a conclusão dos coletores de esgotos, necessários para a coleta e

transporte de esgotos a ser tratado e a educação ambiental.

O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) deve se estruturar após a fusão

da Fundação Estadual de Engenharia e Meio Ambiente (Feema), a

Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) e o Instituto Estadual de

Florestas (IEF), para que assuma como principal agente controlador ambiental

da Baía. Além disso, convênios com as secretarias estaduais dos municípios

ao redor de Baía devem ser feitos para descentralizar as ações de controle

ambiental, a fim de que a INEA não fique sobrecarregada, é necessário que as

pequenas e grandes empresas incorporem os sistemas de gestão ambiental,

afim de atuar nos procedimentos de prevenção de acidentes e controle aos

resíduos gerados pelas mesmas.

A Baía é um bem de toda sociedade que há décadas vem sendo

prejudicada com a falta de consciência e de planejamento urbano, a

despoluição da mesma requer um esforço conjunto, ou seja, conhecida pela

sociedade unida pelo governo. É importante a divulgação do programa que

está sendo implantado pelo governo, a sociedade deve se interar das

industrias que fazem parte da gestão ambiental, contribuindo assim, para a

despoluição da Baía, informar quanto se está recuperando, o que está se

despoluindo, os investimento financeiros e tecnológicos. Assim a sensibilização

pelo programa de despoluição da Baía de Guanabara pode ser acompanhada

pela população.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(TÍTULO) 10

CAPÍTULO II

(TÍTULO) 14

CAPÍTULO III

(TÍTULO) 19

CONCLUSÃO 27

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29

ÍNDICE 32