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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
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DOS CONFLITOS FAMILIARES À ESCOLA:
PROPOSTAS AO SERVIÇO SOCIAL
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Por: Any Gleise Jacinto
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Orientador
Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE <>
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DOS CONFLITOS FAMILIARES À ESCOLA:
PROPOSTAS AO SERVIÇO SOCIAL
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Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes
como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Terapia de Família.
Por: . Any Gleise Jacinto
AGRADECIMENTOS
....A DEUS.
....Aos Conselhos Tutelares de Araruama e São
Pedro Da Aldeia pelo apoio e compreensão.
....Ás amigas de turma pela dedicação umas as
outras.
....Ao Professor Nilson, pelo carinho e
dedicação sem os quais não resultariam neste
maravilhoso trabalho.
DEDICATÓRIA
..... AOS MEUS PAIS E IRMÃO: FAMÍLIA.......
....Á TODAS AS PESSOAS QUE ACREDITAM
NA FORÇA DO DIÁLOGO FAMILIAR.....
RESUMO
O interesse do nosso trabalho provém do fato de que não é só a violência ou outros fatores externos à família que ocasiona a saída do aluno da escola, mas também dentro da dinâmica familiar. Cada criança que deixa de estudar é uma derrota dupla da escola e da sociedade. Ao enfocarmos a importância da família e da escola na formação da personalidade, aprendizagem das relações, constatamos que elas são principais recursos para a melhoria da qualidade das mesmas, da saúde mental e da qualidade de vida. Para tanto, o principal teórico utilizado neste trabalho foi Ana Maria Nunes de Souza. Assim, vamos retratar a imbricação do Serviço social na Educação onde um dos nossos produtos, fruto da ação profissional, isto é, a expansão da consciência real da cidadania expressa os direitos universalizantes – um deles a Educação.
Palavras-chave: Educação, Família, Serviço Social, Evasão Escolar, Terapia Familiar.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
I - Trabalhando em conjunto: as parcerias 09
II - Otimização das fronteiras familiares 21
III - Desafios e propostas para o Serviço Social na Educação 33
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 46
ANEXOS 48
ÍNDICE 62
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
ATIVIDADES CULTURAIS 64
INTRODUÇÃO
A proteção da família é um processo lento, onde imagina-se que a mesma
não poderia sozinha “preparar” o homem para o mundo e sim com auxílio de entidades,
programas e projetos que interferem na vida familiar. Não é de se esperar que a família
reforce-se para reprimir esta “invasão” de privacidade e fazer-se privilegiada inclusive
politicamente na sociedade.
Ora, todo esse respaldo convém à guisa de uma socialização mais disciplinar
– não limitada – entre os membros. Podemos assim dizer que a família é co-prestadora de
serviços à política social vigente.
No que concerne a isto, verifica-se um significativo diferencial acerca das
relações familiares, isto é, a multiplicidade de informações, o direito à instrução,
socialização e, claro, educação. Este garantido pela Constituição, Estatuto da Criança e
Adolescente (8.069/90) ou na Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96)
dentre outras propicia o acesso de crianças e adolescentes a estas informações. Entretanto,
sabemos que ocorrem inúmeros problemas sociais que atingem estes jovens e, contudo,
provocam a chamada evasão escolar. Assim, a dinâmica familiar fica totalmente
heterogênea devido aos novos padrões de comportamento e obviamente transformando o
pensamento das pessoas. Mediante a supressão de nossos sentimentos, somos guiados a
uma atitude objetiva, onde temos pouco tempo para resolver os problemas – sejam eles
quais forem.
Nesse processo, convém refletir uma questão: como a dinâmica familiar é
mantida quando algo que, a priori, não vem de fora ocasiona a evasão escolar? Ou seja,
vamos analisar de que forma os conflitos familiares estão implicados no processo de evasão
escolar.
No capítulo I, vamos refletir acerca da própria evasão escolar, e como ela
está sendo enfrentada. A perspectiva de direitos e a concretização da cidadania remete
necessariamente compreender como ela (a evasão) aparece e de que forma afeta não só a
escola mas a família . Compreender a educação como Política é repensar o conceito de
educação e mais, refletir a função social da escola enquanto espaço para inclusão social.
Para tanto, utilizamos vários autores entre eles Sílvio M. Kaloustian
No capítulo II, vamos discutir a respeito da família propriamente e os
conflitos familiares, podendo até mesmo ocasionar a evasão escolar. Logicamente, a
atualidade dos conflitos é discutível. Antigamente, não existia a separação criança e adulto,
isto é, ambos viviam “misturados. A partir do momento em que começa a surgir o
sentimento de infância, o convívio de pais e filhos aumenta além da privacidade e a
proximidade entre pais e filhos.
Dentro deste pensar, surgem as escolas para atender as crianças e a partir daí
surge o sentimento de família e o convívio familiar. Nesse ínterim tomamos base da autora
Ana Maria Nunes de Souza, com suas contribuições acerca da terapia familiar.
Finalizando, no capítulo III, são apresentadas propostas e reflexões do
Serviço Social na Educação a exemplo do autor Ney Luiz Teixeira de Almeida e Marilda
Iamamoto, os quais utilizamos, compõem estratégias para melhor análise. Nas
aproximações do Serviço Social com a área da Educação, vê-se a convergência dos seus
respectivos projetos ético-políticos, voltados para a formação de atitudes mais ativa e
participativa, contribuindo ambos para a efetivação de uma sociedade mais justa.
CAPÍTULO I
TRABALHANDO EM CONJUNTO: AS PARCERIAS
Neste capítulo iremos abordar os fatores que geram a evasão escolar e,
conseqüentemente, quais são os programas/projetos no município e no Estado que estão
tentando diminuir este índice, ainda assustador no âmbito educacional, de forma a
beneficiar não só o aluno mas a sua família.
1.1 – Refletindo sobre a evasão escolar
O ser humano é um ser social e histórico e está em constante interação
com a vida social, construindo sua história transformando o ambiente social, ao
mesmo tempo em que transforma a si mesmo. Para atingir este objetivo é necessário
que aprendamos desde a mais tenra idade para tal. E uma das fases mais importantes
é na infância até a adolescência.
As experiências em grupos são muito importantes para o seu
desenvolvimento futuro pois a criança aprende no seu meio social. É, portanto, comum que
ela utilize a língua e os conceitos sociais do ambiente em que vive, reconhecendo a ambos
como seres em formação e merecedores de atenção.
Por isso, um dos lugares mais interessantes para esse aprendizado, esse
“desenvolvimento intelectual” é a escola. Aliás, a educação é um direito assegurado à
todas as pessoas através de ações feitas pelo Estado, família com o apoio da sociedade,
segundo a Constituição Brasileira (arts. 205 e 227) e o Estatuto da Criança e do
Adolescente (art. 4º).
Art.227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.1
Mas, infelizmente, sabemos que a educação não funciona como deveria:
a priori, é fundamentado pelo Estado e “repartido” por todos nós, família, sociedade
em geral, sendo, escola, Conselhos Tutelares, Universidades, etc. Entretanto, um ou
outro age de forma indireta, ocasionando divergências que no fundo, repercutem ao
aluno.
Dentre as divergências, podemos identificar a evasão escolar, que
atualmente, é tema de vários debates e seminários, cenário das políticas públicas e da
educação em particular e ocorre quando o aluno deixa a escola e não mais retorna. Sobre
esta questão, há uma complexidade de fatores que outrora revelam uma realidade muito
preocupante, o que atinge não só em seu nível micro – à escola – mas em seu nível macro –
o Estado e o país. Além disso, a evasão escolar não escolhe ninguém: nenhum aluno,
família ou Escola está livre deste fato e somando-se às faltas injustificadas, apresenta-se
como um grande desafio para os que estão envolvidos com o referido direito. Assim a
intervenção dos órgãos responsáveis deve ser firme e compartilhada, atendendo aos
interesses de todos, cada um na sua especificidade revertendo a situação.
Normalmente, quando uma criança falta e/ou evade da escola, procura-se de
antemão detectar as causas que ocasionaram a mesma. Cada criança que deixa de estudar é
uma derrota dupla da escola e da sociedade.
Quando tais situações se verificam, constata-se que o direito à educação não
está sendo devidamente respeitado, justificando a necessidade de intervenção dos órgãos
responsáveis, conforme apontados na Constituição e no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
A freqüência às aulas, como sabido por todos (educadores) é fundamental na
vida escolar dos alunos, pois traz implicações em seu desempenho e aprendizado, além de
contribuir para que determinados valores sejam assimilados, se consideramos que a escola é
por excelência um espaço de formação do indivíduo como cidadão. Portanto, quando um
1 Constituição Federativa do Brasil
aluno passa a ter faltas consecutivas sem justificativa, ou evade-se definitivamente, faz-se
necessário a investigação dos motivos, que podem ir desde uma simples transferência de
escola sem o devido procedimento burocrático até a situações onde o aluno esteja em
situação de risco pessoal ou social.
É impressionante como a evasão ainda vem alarmando o país, o que dá a
entender que há uma distância ainda razoável com a relação a realidade: de um lado, o
slogan: “Todos na escola!”, ou “ Toda criança na escola” e de outro a exclusão. Já dito
acima, as causas que geram o fenômeno são complexas – família escola, o próprio aluno,
políticas governamentais – impedem ou excluem a criança de seu meio escolar: a escola por
vezes não é atrativa ou é autoritária? E os professores? Despreparados? Tem motivação? E
o aluno? desinteressado, indisciplinado, com problema de saúde, gravidez? E os pais?
Outro fator preponderante e que merece destaque refere-se ao trabalho
infantil, que , de fato, é um dos responsáveis pelo fenômeno - reduz, pelo cansaço, a
capacidade de concentração das crianças e, ao submeter a sua saúde a riscos e abusos, as
conduz ao absenteísmo eventual, que, por sua vez, provoca baixos índices de freqüência
escolar e repetência. Em última instância, especialmente se a qualidade da educação for
precária, conduz a criança ao desalento e, finalmente, à evasão.
A análise política do fracasso escolar evidencia que além dos fatores sócio-
econômicos e nutricionais, são vários os problemas implícitos no âmbito
educacional, que contribuem para as baixas taxas de escolarização e o
afunilamento nos níveis de ensino, como: o excesso de burocratização da
Política Educacional; a descontinuidade e a dificuldade de sua avaliação; a
falta de aplicação dos recursos previstos em lei; a distância entre os atores
sociais que formulam as políticas educacionais, aqueles que executam e os
sujeitos que são usuários desse serviço; bem como o fato das políticas
educacionais não considerarem as diferenças regionais, culturais e as
desigualdades sociais.
Sabemos que para identificar e intervir nas causas gera disputa de interesses
troca de “acusações”, camuflando a realidade que ali se apresenta. Faz-se necessário a
implementação de projetos sociais e idéias que diminua o índice de evasão, e claro,
estimule a paz nas escolas. De tudo, procuramos culpados para tantos fatores: no entanto, a
criança/adolescente sente que sem ela – a escola – fica difícil obter o tão sonhado sucesso
profissional e muitos ainda têm de lutar para conquistar “um lugar ao sol”. A caminhada é
árdua mas se todos os projetos e argumentações fossem estudados com mais afinco, muitos
benefícios surgiriam.
1.2 – Humanização da escola e da cidadania
Vimos que no item anterior que a evasão escolar atinge todas – ou quase
todas – as camadas da sociedade. A priori, a educação é fundamental, visto
que a Lei assegura que a escola deve ser democrática e aberta para todos
mas infelizmente não é assim.
Com a desigualdade social e estrutural crescente, os Estados Nacionais
mostram a cada dia seu poder voltado à lógica mercantil e especificamente o nosso país, a
má distribuição de renda e qualidade dos serviços públicos somam ao quadro de total
abandono refletindo-se na própria população. A intervenção de políticas sociais,
econômicas e culturais na sociedade impões a formação de uma nova mentalidade de modo
a fortalecer valores democráticos, principalmente cidadania e participação na transformação
das relações sociais.
Nesse patamar, a escola é um meio de conduzir os segmentos da população
desde a forma mais básica até o nível mais complexo. A articulação e modernização do
sistema educacional exige do Estado mais agilidade e flexibilidade da mesma forma, uma
educação de qualidade para todos preservando dignidade, buscando a justiça e melhor
desenvolvimento participativo e criativo e a cidadania justamente está envolvida com esta
questão.
A cidadania no Brasil sofre os reflexos dos problemas sociais, que são
conseqüentes de um modelo histórico de desenvolvimento econômico e social, baseado na
exclusão, tendo também como aliado uma base social de salários irrisórios, por meio do
qual se formou um sistema de proteção social injusto, onde a universalização, a
uniformização e redistribuição dos benefícios sociais possuem pouco valor.
Assim, a escola tem a missão de encaminhar jovens ao mercado de trabalho
futuro e à melhoria de vida principalmente, entretanto esbarra em alguns obstáculos que a
impede ou não de evoluir:
1. família do aluno;
2. professores incapacitados e/ ou frustrados;
3. realidade do aluno;
4. o próprio aluno;
5. a diminuição do tempo das crianças e adolescentes nas escolas
Esta última coloca-se como forma de aumentar o número de turnos e,
conseqüentemente, de alunos atendidos por cada unidade escolar também é apontada como
um dos fatores de comprometimento da qualidade do ensino em várias regiões do país.
Discutir os entraves que geram o fracasso/ evasão escolar é mais do que
indicar um ou outro fator. Trata-se sobre o aprendizado, eficácia do serviço público,
igualdade de “chances”, recursos para investimento no sistema educacional e formas de
cidadania. Por vezes, a escola não conhece a realidade do aluno, dissociando o mesmo do
contexto em que está inserido. Daí dizer que a escola não é atrativa, é autoritária ou
insuficiente pois reúne conhecimentos determinados.
Na verdade, a escola tem se organizado a partir e apenas da noção de cultura,
acreditando que a mesma acumulada pela humanidade, desenvolverá o que há de melhor no
indivíduo. Por outro lado, como a escola é parte da sociedade, precisa colocar indivíduos
criativos capazes de produzir riquezas, de transformar, inventar, etc. Sendo assim, a escola
não pode ficar atrelada ao passado não pode ser reduzida a uma fortaleza infantil sem
articular os conteúdos à vida cotidiana, ou seja, o conhecimento escolar com os do dia-a-
dia.
Se analisarmos pela ótica da família, vimos alguns pais preocupados com a
qualidade de ensino, outros se seus filhos vão conseguir vaga na escola e ademais, não
cumprimento do pátrio poder, desinteresse ao destino do filho, chegam cansados do
trabalho, etc. Pela ótica da escola, mais precisamente do professor, a responsabilidade se
deve às expectativas em relação aos alunos, às vezes considerados deficientes ou até
sobrecarregados e desvalorizadas em seu trabalho.
Importa dizer que, se por um lado, a família não tem participado da vida
escolar da criança, de outro lado, os professores também não têm procurado visitar a
família para saber as razões pelas quais as crianças deixam a escola, isto é, embora os
professores não tenham estabelecido contato com a família, estes, por um lado, esperam
que a família venha até eles para se informar acerca dos acontecimentos da escola em
alguns momentos, em especial, sobre o comportamento e desempenho de seu filho.
Contudo, a escola não é a única instância de formação de cidadania, mas a
formação de cidadãos supõe instituições que possam resgatar a produção e comunicação do
conhecimento para o indivíduo através de práticas participativas e criativas.
1.3 – O labirinto da assistência via políticas sociais e educacionais
O resgate da história da educação brasileira permite-nos antecipar que --
embora a onda da democratização das políticas públicas, principalmente a de educação,
tenha sido veiculada na sociedade brasileira desde meados da década de 70, com a
disseminação, de mecanismos democráticos, em. algumas realidades educacionais
espalhadas por todo pais-, só a partir da década de 90, após a promulgação da Constituição
de 88, consagra o princípio da descentralização polítipo-administrativa com a ampliação
dos espaços de participação da população na área da assistência, da saúde e da educação.
Isso denota que sintonizamos com esforço o combate às desigualdades e
injustiças tão potentes em variar formas para a excludência das pessoas que começam desde
à falta de emprego e partilhas e bens até os controles e as hierarquizações dos saberes,
como tentativas de coisificar os que aprendem e dos que ensinam. Estas excludências, a
priori, crescem assustadoramente ocasionando dolorosas repercussões - em termos sociais.
Apesar dos bons índices de matrículas na história da educação brasileira, continuamos a
observar muitas crianças/ adolescentes fora da escola.
Segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Censo de 2000, órgão governamental, dois terços da população brasileira sobrevivem da
renda familiar mensal de até dois salários mínimos; outros 20% da população atravessam o
mês com menos de meio salário mínimo. Estes são alguns dos fatores que impedem à
freqüência às aulas e além disso, a profunda desigualdade social brasileira também está na
origem do problema. Em dezembro de 2001, o IBGE divulgou o Censo 2000 e, segundo
este, no período de 1991 a 2000 houve redução da taxa de analfabetismo (de 19,7% para
12,8%). Infelizmente, devemos colocar os pés no chão e termos consciência de que
precisamos avançar mais.
No mundo da escola, todos esses fatores implicam – e muito – de forma
decisiva aos que dela usufruem – e quando usufruem. Reduzem as escolas ao seu termo
mínimo às classes populares, trabalhando apenas sua própria desvalia enquanto para as
“escolas de elite”, oferecem mais recursos e habilidades refletindo dois brasis escolares: de
um lado, universidades e escolas de ponta e de outro, escolas sem luz e telhado além de
crianças e jovens menos favorecidos lutando por uma vaga na escola.
As classes subalternizadas também apelam à escola, esperando instrumentos
e chaves de participação social e acesso individual à vida, mas como garantir este
“conforto” para todos? Até onde vai a educação em nosso país?
Segundo Wanderley,
Nos tempos modernos, a educação foi entendida como meio privilegiado para universalizar os valores e as práticas da modernidade, numa frase, formar cidadãos. Sabe-se que se a educação é determinada pela realidade em que se insere, ao mesmo tempo ela contribui para determinar a constituição dessa mesma realidade.2
Não obstante, quando vemos ações que influenciam a não-cidadania para
maioria da população, reivindicamos cada vez mais educação de qualidade, contemplando a
todos para a conceituação da cidadania, expandindo-se na família, escola, igrejas,
comunidades, etc.
Dentro deste contexto, o combate à evasão escolar – refletido anteriormente
no tópico 1.1 – é um direito à esta educação e à cidadania prioritário a todos. Para enfrentá-
la, portanto, além de rever a forma de avaliação, a organização pedagógico-curricular da
escola e a formação de professores, é preciso enfrentar os sérios problemas sociais que
impedem milhões de famílias brasileiras de colocarem e manterem seus filhos na escola.
Nesse sentido, vários governos municipais e estaduais têm implementado
iniciativas – algumas próprias – que estimulem famílias de baixa renda a manterem seus
filhos estudando, entre elas o programa Bolsa-escola.
A idéia do Bolsa-Escola, de incentivar a permanência na escola aquelas
pessoas que estão praticamente alijados, excluídos de seus direitos mais fundamentais,
segue-se muito importante, mas deve ser visto com ressalvas: é um ponto de partida para a
redução da tamanha desigualdade social e econômica pois é muito pouco para a
sobrevivência de uma família. Daí, o trabalho infantil acaba sendo outra deficiência e que
rende mais do que a quantia oferecida pelos governos.
O grande equívoco do programa é atribuir à concessão de uma cesta básica a
capacidade de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população usuária. A isto
se acrescenta ainda como distorção da proposta sócio-educativa, a destituição da população
da sua condição de sujeito e cidadão, visto que esta não é ouvida em nenhum momento
enquanto sujeito do programa e da própria educação. Ademais, contribui para criar e
reproduzir vínculos de dependência, clientelismo e de relações paternalistas, que
2 WANDERLEY(2000), p.156
minimizam a situação de extrema pobreza mas funciona, perversamente, como instrumento
de reforço a subalternidade.
Conforme a situação for detectada, ocorrerá a intervenção daquelas pessoas e
instituições que estão diretamente obrigadas com a educação, por força da Constituição e
do Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo que atuarão dentro dos limites de sua
competência e atribuição, utilizando-se de todos os recursos disponíveis.
No que diz respeito ao ECA, o grande desafio apontado é a efetiva
implementação ao paradigma da proteção integral e de seus dispositivos em especial a
universalização das políticas públicas e promoção do protagonismo das crianças e
adolescentes. Logicamente, as políticas públicas voltadas para a infância e juventude
passaram a ter reconhecimento dos mesmos como sujeito de direitos.
Assim, a intervenção com sucesso para evitar a ocorrência da evasão escolar
ou infreqüência do aluno, deve se realizar quando se constata que a sua ausência pode
comprometer o ano letivo, ou seja, a intervenção tem que ser preventiva, para não
prejudicar ainda mais o aluno e o principal agente do processo para o combate a evasão
escolar é o professor, face ao seu contato direto e diário com o aluno, cabendo diagnosticar
quando o mesmo não está indo a escola (injustificadamente) e iniciar o processo de
resgate.
Quando a evasão dos alunos ocorre em razão da escola (incluindo a parte
pedagógica, pessoal e material), atuam a escola, a diretoria de ensino (estado) e secretaria
de educação (no âmbito municipal), visando a melhoria do ensino, para torná-lo mais
atraente ao aluno evadido.
Contudo, se o problema da evasão estiver centrado no comportamento do
próprio aluno, a intervenção direta deve ocorrer na (e pela) família, escola, conselho tutelar,
ministério público e poder judiciário. A atuação da família e da escola é a mais ampla
possível – onde vamos nos restringir ao estudo -, sendo que os demais atuam com base no
que diz a legislação menorista (ECA) ou da educação (LDB). Indiretamente, atuam o
conselho municipal da criança e do adolescente, secretarias de assistência social e saúde,
dentro das políticas públicas que visem o regresso do aluno, incluindo programas
específicos para a área (ex. reforço escolar, bolsa escola – dito acima - , etc.).
Com relação aos pais,no caso do aluno deixar de freqüentar a escola, ocorre
diretamente pela escola, conselho tutelar, ministério público e poder judiciário.
Com este, é importante realizar campanha de esclarecimento, mostrando que
o estudo formal é um direito da criança e do adolescente e que, o responsável pode,
inclusive responder “processos por abandono intelectual” quando seus filhos evadem dos
bancos escolares e em consonância com os Conselhos Tutelares, realizando projetos de
complementação de renda e acompanhamento psicológico e social.
Talvez este problema complexo e com variáveis tão múltiplas como o da
exclusão – ou evasão – escolar, seja difícil falar numa solução rápida e eficaz mas nunca é
tarde para apontar propostas. Ou seja, a exclusão – ou evasão – escolar pode estar ligada à
questão da exclusão social, pois engano é pensar que o fato da criança deixar de estudar
fora conseqüência da exclusão social, o que contrariamente seria correto.
CAPÍTULO II
OTIMIZAÇÃO DAS FRONTEIRAS FAMILIARES
Neste capítulo, procuraremos refletir a respeito da interação familiar - entre
ela com a escola e com a sociedade - e como a comunicação familiar se processa, de forma
a focalizar a sua dinâmica e daí conflitos existentes e quando ocorre a evasão escolar.
O indivíduo se desenvolve na família e com ela deixa marcas que serão
levadas para todas as áreas: profissional, social, sexual, etc. Ao enfocarmos a importância
da família na formação da personalidade, na aprendizagem das relações, constatamos que
ela é um dos principais recursos para a melhoria da qualidade das mesmas, da saúde mental
e da qualidade de vida.
Assim, por a família perpassar estes valores sejam morais, religiosos e/ou
ideológicos , muitos profissionais adotam esta tendência que predomina no coletivo da
sociedade. Segundo Mioto,
Imbuídos dessa ideologia, muitas vezes os profissionais, embora compartilhando da idéia que a família não é um grupo natural, naturaliza as suas relações e com isso trabalha com estereótipos do ser pai, ser mãe, ser filho. Esquecem-se que dinâmica relacional estabelecida em cada família não é dada, mas é construída a partir de sua história e de negociações cotidianas que ocorrem internamente entre seus membros e externamente com o meio social mais amplo.3
A partir desta reflexão, temos a família como um processo que constrói-se
das relações cotidianas podendo conforme o seu desenvolvimento ser um espaço sadio para
os seus membros ou um espaço com limitações e sofrimentos para estes. Entretanto,
observa-se que as mudanças no interior das famílias são permeadas de vários fatores –
como o preconceito, por exemplo - e descritas como desencadeantes de desestruturação e
desequilíbrio.
3 MIOTO(1997), p. 117
2.1 – Breve Reflexão sobre o Papel da Família
Refletir sobre a família requer pensar em toda uma gama de valores,
comportamentos, encontros e desencontros. Falar de família não é fácil pois atualmente não
é impossível enxergar que o modelo –se é que podemos chamar de modelo – de família têm
se diversificado, mas, com certeza, é um dos melhores locais que queremos estar.
Logicamente, é um sistema equilibrado o qual um casal especificamente se
une para formar a família. Nesse processo de evolução do ciclo de vida
familiar, cada fase será marcada de uma reestruturação, ou seja, cresce na
medida em que seus membros se comunicam. Pessoas se encontram,
estabelecem laços de comunhão, amizade, etc. As amizades não são feitas
com base em interesses pessoais mas sim no “coletivo”, onde impera a
necessidade relacional de cada pessoa e de pessoa para pessoa. Esse
vínculo é a condição para esse desenvolvimento.
As famílias em nossa sociedade são predominantemente nucleares, apesar
dos novos arranjos familiares, sendo reproduzidas culturalmente, Ora, ela –
a família – é transmissora de cultura, valores ideológicos e cad uma traz uma
marca própria que pode se denominar de “lema” ou “pacto”, que são
recursos que seus membros podem ter para sentirem-se firmes, ou para
adaptação proveniente das mudanças do dia-a-dia e experiências como
nascimento, enfermidade, escola, novo emprego, ou a falta deste, ausência
de uma dos membros e para que estas família continue assim, será
necessário organização.
A organização familiar que se insere vai penetrando no decorrer da história
do homem. É claro, que, a família como conhecemos hoje não é uma simples organização
natural nem uma imposição divina: ela nutre e garante a manutenção dos membros para sim
e mais tarde, interagir na sociedade. Como então realizar este processo?
Educar as novas gerações exige realmente muito esforço e acima de tudo
carinho e respeito pelo que está aprendendo. A maior expectativa para a família é o
oferecimento de cuidados e afetos garantindo a sobrevivência dos membros. Os primeiros
aprendizados dos hábitos e costumes ocorrem na família e é tão importante que quando na
sua ausência, é “amparada” por instituições que cumpram essa transmissão de valores e
normas como creches, pré-escolas, jardins-de-infância e, claro, as escolas.
A priori, não podemos nos esquecer que todo esse “sentimento de família”
foi aprofundado a partir final do século XVII na Europa. Antes, não havia o sentido de
infância que hoje temos. Segundo Áries,
...A educação da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos...4
Contudo, poderíamos dizer que a família não era tão valorizada, existia vida
comum e não a privacidade. Ainda com Áries,
... a criança não tinha o vínculo com a família o que era importante. Aos 7 anos, a criança era educada por outra família, ficando “independente” de sua família de origem.5.
A partir do momento em que a escolarização da criança foi aumentando, o
“sentimento de família” foi se intensificando e valorizando a privacidade e a criança, etc.
Desde muito cedo a criança tornava-se “independente” e assim, a relação pais-filho não era
profunda demonstrando que o sentimento não era natural mas artificial.
Com isso, o desejo de educar, de ter perto seu filho tornou-se fator
primordial, surgindo o fortalecimento dos laços afetivos e promovendo maior integração
entre os membros familiares: o filho torna-se um parceiro e as relações familiares
flexibilizam-se; a forma educativa muda, aliando respeito às tradições, ao respeito à
personalidade infantil. A criança herda um nome, sobrenome, uma história e mitos
familiares que interferem na identificação que ela constrói ao longo da vida.
4 ARIÈS (1981), p. 10 5 Ibidem, p. 10
Pouco a pouco, a família ia tomando forma mas ainda havia intervenções
principalmente da Igreja Católica, mais tarde da psicanálise, psiquiatria moral, pedagogos e
também terapeutas de família mas sempre preocupando-se com suas organizações interna e
externa.
Com o tempo, a organização a convivência familiar estruturou-se por toda a
sociedade a tal ponto que se pensarmos no s dias de hoje, papéis familiares, a divisão do
trabalho mudou e muito: vemos aí a questão da individualidade nas famílias modernas
provocando um confronto mais evidente, afetando as relações internas que em
contrapartida, sofre as mudanças do externo. Como a família não é homogênea/estática,
trava-se uma luta incessante de preservação e desconcentração.
Em outras palavras, “o que se põe em questão, na família com a introdução
da individualidade, não é a autoridade em si, mas o princípio da hierarquia no qual se
baseia a autoridade tradicional.”6
De fato , a autoridade antigamente, era muito firme até mesmo sádica: as
regras eram precisas e obviamente os membros acabavam a comportamentos submissos ou
rebeldes. É importante oferecer experiências, estimular a curiosidade, a responsabilidade e
o senso crítico. Desde a mais tenra infância os pais podem e devem mostrar aos filhos que
dão valor à convivência familiar que estabelecem constantemente o diálogo para que todos
possam entender e compreender-se um ao outro.
É importante que os contatos sejam nítidos e as regras equilibradas.
Algumas famílias não conseguem fundamentar a comunicação: cada um em seu quarto, não
conversam e quando o fazem chegam a invadir a privacidade do outro enquanto indivíduo
ou função na família.
Se não cultivar o diálogo desde jovem, o amor, a sinceridade, a família cai
no abstrato, no conflito e daí vemos tantas desestruturas até então chegando à agressão por
vezes ( em todos os níveis). Convém lembrar que tudo isso atinge países ricos e pobre e
pode ser observado em todas as classes sociais.
6 SARTI (2000), p. 43.
Para que vivamos condicionados aos jargões e expressões do tipo “ isso é
certo”, “isso é errado”, entre outros, a dinâmica familiar fica bastante abalada devido às
pressões que influenciam no agir e pensar das pessoas. A forma com que nos relacionamos
também interfere neste processo.
2.2 - As fronteiras entre família x escola x sociedade
Atualmente, há uma forte consciência de que a educação formal que uma
criança recebe é como se fosse um benefício para ela e sua família, fator este primordial
para o desenvolvimento e a qualidade de vida desta criança e do próprio país.
Neste sentido, torna-se necessário verificar como esta política educacional
vem traduzindo questões como: Por que a política educacional contemporânea vem
solicitando a participação das famílias nas escolas? E Como vem ocorrendo a relação
família-escola no interior das instituições públicas?
A política educacional em curso no país vem sendo calcada no sentido de
viabilizar um projeto nacional de educação que represente/configure os padrões
internacionais pautados nas diretrizes econômicas, sociais e culturais traçadas por
organismos internacionais, compatíveis com o atual contexto da “mundialização
financeira”.
Revertendo ao âmbito da família, verificamos certo abandono, pois as ações
políticas não são voltadas a considerar essa realidade, sendo sobrecarregada, tendo que
enfrentar todas as mudanças sem ter condições, muitas vezes, de sobrevivência. Além de
suas carências materiais, está carente no sentido político e em sua cidadania. E a cidadania
tem ampla relação com a conquista de qualidade de vida que resguarde a dignidade da vida
humana, com desenvolvimento da potencialidade e capacidade humanas.
À nossa atuação profissional, enquanto assistentes sociais, nos defrontamos
com todas estas questões pois são problemas emergenciais que nos impedem de atuar mais
profundamente diante das questões que a extrema exclusão impõe à população. Isto é, o
Estado para “mostrar serviço” busca programas assistenciais para conter conflitos, formas
paliativas e não construindo a cidadania.
Refletir sobre esta realidade nos remete a construir não só espaços de
informação mas também de escuta e participação da população, especificamente da família.
Assim, o ponto de partida para políticas sociais (idoso, criança, etc) começa no espaço
familiar, este que constitui-se o início da formação do ser humano e do cidadão. Conforme
Takashima,
No plano da cidadania o dia-a-dia da família em seu nível privado, é o lócus do exercício das relações democráticas entre seus membros enquanto grupo para, a partir desta socialização serem capazes de vivenciar o nível de esfera pública.7
Neste contexto, o trabalho com famílias é extremamente conservador e/ou
periférico explicável à cultura dominante. Exemplos visíveis são os diverso programas de
complementação de renda, distribuições diversas como cestas alimentares, abrigos,
orfanatos, etc. Torna-se necessário a atenção da sociedade.
Nos dias de hoje, a “salvação” para uma vida melhor é o básico: a escola.
Como antigamente adultos e crianças viviam juntos, nada era poupado: somente com o
sentimento de infância, o de família e o da religiosidade tudo mudou: os pais sentem
necessidade de delegar cuidados para um lugar onde seus filhos pudessem ficar
“protegidos” do mundo dos adultos, ou seja, a escola. Daí começa o processo de
escolarização, não para substituir a família mas sim como fator institucional. Houve
também a separação entre família e a sociedade ( público e o provado ), a intimidade
familiar...
Se observarmos atualmente, a escola cresceu bastante e praticamente todas
as famílias reconhecem a sua importância. Historicamente, escola e família têm buscado,
7 TAKASHIMA Apud KALOUSTIAN (1998), p.79
seja isoladamente ou não, adequar-se às mudanças sociais que as desafiam constantemente
não só para si próprias mas aos membros que a compõem. Alguns exemplos podem ser
mencionados como “amigos da Escola”, “ Alfabetização Solidária”, “Bolsa-Escola”, “dia
Nacional da Família na Escola”, entre outros.
Entretanto, a participação da família na escola e vice-versa não chega a ser
expressiva, nem ocorre de forma espontânea. Por exemplo, o projeto “ Dia Nacional da
Família na Escola” mostra a interação escola-família, para a instalação de novas relações
Estado-sociedade. Mais que promover o enriquecimento dessas interação (mediante
aproximação, convívio, socialização, comunicação e expressão cultural) o projeto busca
induzir o envolvimento e catalisar colaboração e contribuições, ou seja, conclama a família
a ações efetivas no fazer da escola.
Mas, segundo os professores, a família é uma instituição carregada de
problemas afetivos e financeiros, mas que, es esta procurasse mais a escola e se interessasse
mais pelo saber da criança/ adolescente, talvez fosse possível evitar a evasão escolar. No
que tange à defasagem de aprendizagem, para os professores esta é um dos empecilhos à
permanência do aluno na escola, pois acredita, que , em virtude desta defasagem, os alunos
não conseguem acompanhar as atividades escolares, e conseqüentemente acabam
abandonando a escola. Acreditam que a construção de uma política de integração entre
escola e família dos alunos seria um fator de suma importância tanto na prevenção da
evasão, quanto na re/inclusão da criança na vida escolar.
As escolas assumem uma função cada vez mais preponderante na vida das
famílias, pelo tempo que os alunos passam em suas instalações que, invariavelmente, é
mais tempo do que essas crianças e adolescentes passam com seus pais. Muitas vezes são
os professores a perceber problemas emocionais, comportamentais e mesmo orgânicos,
sendo que os pais, nesses casos, acabam seguindo orientações desses “desconhecidos” de
como bem cuidar dos filhos.
2.3 – Aconselhamento Familiar: uma proposta de terapia
Conforme analisado, refletimos sobre a evasão escolar e suas repercussões
na família e sociedade. Também vimos que inúmeras situações que os jovens e crianças
convivem são intoleráveis e mostram que algo – ou tudo – deve ser revisto. Incansáveis
pesquisas e debates são realizados para revelar vários fatores como violência, drogas, as
amizades e defasagem de aprendizagem e condicionam as pessoas e padrões de
comportamento.
A dinâmica familiar por si só fica bastante alterada devido a tais padrões e
influenciam no agir e pensar dos membros: televisão, computador, internet, emissoras
radiofônicas colocam diante de nós incontáveis somas de informações e porventura,
interferem na comunicação familiar.
Quando uma pessoa expressa suas dificuldades e não é compreendida, por
exemplo, fica difícil achar subsídios para solucionar os problemas que tenha.
Ora, se a família é uma comunidade, um sistema ou mesmo a interação entre
pessoas, ela cresce na medida em que os membros se desenvolvem e durante esse
crescimento a fala, as conversas, os encontros se solidificam, ou seja, todos podem e devem
exprimir seu modo de ser, seus pensamentos, anseios, dúvidas e ter a certeza de que são
ouvidos e acolhidos.
A comunicação, neste sentido torna-se fundamental nesse processo e para a
saúde emocional na família e uma ordem saudável, uma direção às relações. Assim, a
natureza dessas relações que são transmitidas pelas informações entre os membros e pela
própria comunicação notamos o teor das reações e sentimentos. Daí vamos ver que no
diálogo é necessário um balanço da vida familiar e que numa época de visões diferentes das
pessoas e do mundo, vários temas precisam ser abordados para não só “proteger” mas
incrementar o desenvolver da família.
Geralmente, os profissionais utilizam-se de técnicas e práticas de caráter
educativo, participativo, reflexivo e crítico no trabalho com famílias por meio de
aconselhamento familiar. Esta prática exerce influência direta no indivíduo e requer o
preparo de saber ouvir e compreender, proporcionando com o cliente ou a família atendida
o vínculo, a empatia demandando o cuidado primordial, não só na comunicação mas nas
expressões usadas pelo mesmo.
Este tipo de situação nos faz lembrar um caso ocorrido no Conselho Tutelar
o qual realizamos estágio de observação e acompanhamos o atendimento da
família.
Certa ocasião, acompanhamos o atendimento de uma família
composta pelo casal e seis filhos, quatro entre 3 e 10 anos, e os outros dois
17 e 18 respectivamente. O filho mais velho já não residia com eles. Já
haviam sido denunciados ao Conselho várias vezes por maus-tratos aos
filhos, este último à filha de 17 anos que era obrigada a ficar em casa para
cuidar dos irmãos menores, nenhum deles ia à escola – esta encontrava-se
no início da rua onde morava - e também não tinha sequer convívio social.
Mesmo o Conselho oferecer todos os recursos possíveis, a situação parecia
ser estressante. Pedimos a presença de um familiar mais próximo da família
para auxiliar –nos. A menina disse que sua tia seria a melhor pessoa.
Ao começar o atendimento, perguntamos o porquê de tantas
denúncias contra eles, se os mesmos argumentam que todos estão bem.
Ninguém responde. Para quebrar o silêncio, a tia responde que sempre vai à
casa deles, mas nunca vê nada. Sempre que pode leva alguma coisa para a
família porque já passaram necessidade e ela que trabalha e mora distante
deles, ajuda no que for necessário.
Notamos também que desde o início do atendimento, ambas
sentaram distantes, tanto mãe e filha nada falavam nem se olhavam,
somente quando algo era perguntado à adolescente então esta hesitava em
responder, olhava rapidamente para a mãe e então respondia. Resolvemos
questionar da mãe o que ela achava deste comportamento. Disse que
somente a coloca para trabalhar mas que “gostava” da filha e que ela assim
estava bom. Perguntamos então se elas conversavam, etc. Disse que não.
Pedimos então para que conversassem mais uns com os outros, saber o que
precisam, suas vontades e se ajudarem. Além disso, fazer com que as
conversas fossem base para muitas outras que porventura pudesse surgir.
A família retornou após dois meses. A diferença era notável a
começar pela adolescente que, atualmente com 18 anos, decidiu trabalhar
para ajudar na casa e estudar. Disse que com a conversa, pôde saber o que
seus pais queriam dela e vice-versa, todos procuravam obter mais amizades
e visitar os parentes. Perguntamos como tudo começou. Em resposta, disse
a mãe: falamos sempre a verdade.
Vimos então, que esse trecho ilustra situações em que os adultos demonstram
ditar as ”regras do jogo” na sua relação com a criança e adolescente, como se estes fossem
transgressores da ordem vigente. É claro que na convivência familiar, a necessidade de
conciliar projetos individuais/ coletivos permeiam toda a vida mas é preciso distinguir o que é
coletivo (família) e o individual (pessoa):
... família tem um significado único para cada pessoa, e é a partir dele que, como profissionais, nos posicionamos diante da família objeto de estudo reflexão e atuação profissional.8
Basta olhar para a influência que ainda temos sobre a nossa família, pai,
mãe, tia, irmãos: eles sempre nos influenciam porque nós depositamos
neles nosso afeto e nosso respeito, e o que eles nos dizem é importante,
mesmo que digamos o contrário. Através da linguagem, seja ela falada ou
gestual, vamos estabelecendo as dificuldades/ facilidades na relação de
família. Por exemplo, o que pode possibilitar um crescimento emocional
estaria relacionado ao desenvolvimento de regras que são discutidas entre
os membros e organizar o comportamento destes dentro do meio familiar.
Se por algum momento, a comunicação estiver confusa – o que em muitos
momentos podemos presenciar – vai influir na dinâmica dos papéis
estabelecidos.
8 SOUZA(1997), p. 20.
Assim, é importante saber sempre o que a criança/ adolescente sente em
relação às diversas situações de família. O vínculo pai/mãe e filho/a
necessita estar constantemente demarcado pelas fronteiras do que é de
competência do mundo adulto e do que é de competência do universo
infantil. Tal postura permitirá que não se transfira às crianças determinadas
responsabilidades, que envolvem desde o vestir-se, alimentar-se, cuidar de
si e dos seus pertences, até a elaboração e cumprimento de regras e normas
disciplinares, aplicação de sanções, tanto expiatórias quanto por
reciprocidade. Ainda com Souza,
Muitas vezes se discute a inadaptação escolar de um adolescente sem que as causas sejam buscadas em sua origem verdadeira: o que poderá ter acontecido em sua família que o levou a esse tipo de comportamento no ambiente escolar? É verdade que a intensidade dessa influência tende a se tornar menos forte conforme nos desenvolvemos, participamos de outros grupos, adquirimos maior independência (...)9
Acreditamos que os pais devem estar atentos à vida social dos
adolescentes, dialogando e aproximando-os do convívio familiar e por isso
quando ele se afasta da família, muda de comportamento, de aparência e de
amigos, mostrando indícios de que algo pode estar acontecendo e o
fundamental, não ter vergonha de enfrentar a situação, tanto pais quanto
filhos.
9 Ibidem, p.113.
CAPÍTULO 3
DESAFIOS E PROPOSTAS
PARA O SERVIÇO SOCIAL NA EDUCAÇÃO
Este capítulo retrata a imbricação do Serviço social na Educação onde um
dos nossos produtos, fruto da ação profissional, isto é, a expansão da consciência real da
cidadania expressa os direitos universalizantes – um deles a Educação. Enquanto direito
social, a educação possui três eixos: desenvolvimento harmonioso e progressivo do nível
cognitivo e psicológico da criança; tornar os indivíduos conscientes de sua condição básica
de cidadão, titular de direitos e deveres; e, por fim, a qualificação profissional, onde a
educação além de informar e ensinar o indivíduo para sua vida em sociedade, passa a
desempenhar um papel central na sua formação profissional.
O acesso à cidadania social como “conferência de direitos” e “respeito à
dignidade” passou a depender de políticas de proteção e redistribuição
sociais na forma de renda complementar, etc. Mas mesmo estes direitos
sendo fundamentais, são passíveis de veto. Diante do cotidiano e da
contemporaneidade da sociedade brasileira, convém indagar-nos sobre o
que compete à escola e o que compete à família, principalmente ao se
considerar as novas configurações familiares e as diferentes concepções de
infância circulantes nos inúmeros contextos socioculturais.
Acredita-se que através de um processo de médio a longo prazo, a
conscientização da sociedade na viabilização do trabalho escolar seja cada vez maior, uma
vez que desde a aprovação da LDB em 1996,várias mudanças ocorreram em todos os níveis
do sistema educacional no Brasil, da Educação infantil até os cursos universitários para a 3º
idade.
Diante desse quadro, o Serviço Social têm como novo campo de atuação na
qual deve visar a construção de sujeitos ativos, fazer vínculo escola x
família, baseado numa proposta de sociabilidade e não intervir somente em
situações emergentes que surgirem ou recortes apresentados pela
demanda.
3.1 – O Serviço Social e a Educação
Não é de hoje que a inserção do Serviço social na área da educação tornou-
se importante. Também não é difícil perceber que a importância do trabalho com a família é
relativizada em favor da atuação junto à comunidades e movimentos sociais. Nos anos 60
até início dos anos 80, a área escolar era esvaziada pelos profissionais de Serviço Social por
não oferecer atrativos e assim migravam para outras áreas – como saúde e previdência, por
exemplo.
Atualmente,a inserção do assistente social na educação é importante pois
impõe desafios como desenvolver trabalhos conscientes, transformadores e
qualificados não esquecendo de nosso fundamental princípio que é o
Código de Ética Profissional.
Já dizia Almeida10 que a relação Serviço social e Educação era restrita à
dimensão educativa e só se intensificou a partir dos anos 90 até nossos
dias. Mediante a LDB e do foco com que o campo educacional passou a ter
no mundo globalizado, tanto os educadores quanto assistentes sociais
podem redimensionar as possibilidades de intervenção o que sem dúvida,
influi numa prática social e política vinculando caminhos mas eficientes.
O perfil deste trabalho requer compromisso com a Educação no que se
refere ao conceito, desenvolvimento de programas e ações educacionais e
principalmente vendo o aluno e a escola como um todo procurando refletir
acerca de sua realidade e estreitar o vínculo família x escola. As
possibilidades de ascensão do Serviço social são inúmeras porque
promovendo a escola e instrumentalizando politicamente crianças e suas
10 ALMEIDA apud CFESS(1998)
famílias para democratizar o acesso à políticas públicas e reduzindo
desigualdades11.
Assim, quando ocorre a evasão escolar, organiza-se um trabalho na escola e
na família para saber as causas. Ambas tem se esforçado em dar voz e vez a
todos mas sabemos que a análise é mais profunda. Como destaca Neder,
Certamente, as causas do fracasso escolar, por exemplo, não
podem ser explicadas pela “desestruturação” ou
“irregularidade” da família, ou pela desnutrição (duas visões
calcadas em causas biológicas, naturalizadas). O referido
fracasso tem que ser identificado na incapacidade da política
educacional oficial no país de enxergar as diferenças
culturais, para então formular estratégias eficazes de
educação pública de qualidade.12
Nesse princípio, convém atuarmos junto a outros profissionais para maior
sucesso. Aí é importante deter-se por meio da interdisciplinariedade13 onde
neste processo – incluindo o Serviço social – auxilia na concretização e
socializaão das informações tanto para os profissionais atuantes nas
escolas para que reflitam sobre o contexto escolar quanto à família e
também a comunidade. Segundo Severino,
A educação é, aliás, o exemplo, dos mais evidentes, da
necessidade de uma abordagem interdisciplinar, seja como
objeto de conhecimento e pesquisa, seja como espaço de
intervenção sociocultural.14
Para tanto, as atividades do assistente social na escola podem ser
identificadas em (na):
11 ver GUERRA (2002) 12 NEDER apud KALOUSTIAN(2002), p.27 13 ver SÁ (2002) 14 SEVERINO apud SÁ (2002), p. 20
- Elaboração, execução de programas de orientação sócio-econômica e
familiar caracterizando não só a população escolar mas prevenindo a evasão
escolar;
- Realizando visitas sociais para conhecer o ambiente familiar e
encaminhando pais e/ou alunos para atendimento de suas necessidades;
- Participação em equipe interdisciplinar, entre outros.
Convêm lembrar que um número mínimo de escolas compõem a categoria
em seu espaço de trabalho, mas de acordo com o Decreto 19904 de 16 de
maio de 200115 pelo então Prefeito César Maia apóia a categoria em cada
escola do país, o que infelizmente ainda não foram implementados.
Enquanto isso, a questão social avança e nos obriga a engajar alternativas
emergentes para “driblar” o elevado (dês)controle institucional e
conseqüentemente a exclusão social da população. Daí, o assistente social
deve ficar atento às complexidades as quais o campo educacional vem
atravessando: não é somente ocupar espaço “quase que” inexplorado mas
identificar, refletir e intervir nas questões que invadem as escolas – pobreza,
fome, desemprego, gravidez precoce, violência – e que ocasionam evasão
escolar, mais violência, etc.
3.2 – Projeto Tutela Escolar: Desenvolvimento de Vínculos entre
Família, Escola e Comunidade
Este projeto trata-se de um trabalho realizado juntamente com a equipe do
Conselho Tutelar do Município de São Pedro Da Aldeia , em parceria com a
15 Decreto de Lei nº 19904 de 16 de maio de 2001, que cria grupo que definirá estrutura de apoio às escolas e/ou às Coordenadorias Regionais de Educação (ver anexo).
Secretaria de Educação e a Secretaria de Ação social. Tentamos mostrar em
termos metodológicos o índice considerável de alunos evadidos da escola e
a devida atuação por parte não só dos conselheiros, mas das escolas e da
própria Secretaria de Educação.
Antes, porém, será importante destacar o município o qual realizamos o
trabalho. O Município de São Pedro da Aldeia teve sua emancipação político administrativa
em 17 de dezembro de 1892. Tratava-se de uma Vila que pertencia ao
Município de Cabo Frio, que teve sua origem num pedaço de terra doado aos Padres
Jesuítas para formarem uma aldeia de índios, com o objetivo de proteger Cabo Frio.
Com atividades voltadas para a pesca e extração do sal, foi mudando suas
características com a construção da ponte Rio-Niterói, que influenciou o
Município com um considerável fluxo migratório, propiciando o crescimento
de loteamentos e condomínios que aqueceram o comércio e as atividades
econômicas locais. O Município passou a ter novas características: as áreas
que eram ocupadas por salinas foram cedendo espaço para loteamentos,
quase que extinguindo-se uma atividade econômica que era um marco
histórico da Região dos Lagos e geradora de renda para muitas famílias
locais.
Hoje, a principal atividade econômica do Município é o comércio e a
prestação de serviços assim como o turismo da pesca e atividades
agropecuárias, pouco expressivas. De acordo com a SEMED de São Pedro ,
existem 32 escolas que vai desde a Creche até o Ensino Médio, antigo 2º
Grau, mas vamos analisar até o Ensino Fundamental (1ª a 8ª), onde destas,
traçamos um paralelo, dividindo as escolas em:
Nível 1: escolas que vão da creche até a 4ª série;
Nível 2: escolas que oferecem somente de 1ª a 4ª séries;
Nível 3: escolas que oferecem somente de 1ª a 8ª séries;
Nível 4: escolas que oferecem somente de 1ª a 8ª séries e 2º
grau;
Nível 5: escolas que oferecem somente Creche e Pré-escolar I e
II e,
Nível 6: escolas que oferecem somente da Creche até 8ª série.
ÍNDICE DE EVASÃO ESCOLARNÍVEIS ALUNOS EVADIDOS
1 3826 345
2 602 99
3 735 44
4 3080 128
5 231 20
6 1411 98
TOTAL 9885 734
Não podemos negar que o índice de evasão escolar é alarmante e que deve
ser reduzido o mais breve possível. Com relação ao Conselho Tutelar, os
objetivos fundamentais eram contribuir para ações na prevenção da evasão
escolar e oportunizar as famílias atendidas ao atendimento necessário além
de conhecer a dinâmica dessas famílias para acompanhamento e evitar
conflitos familiares por meio de Visitas domiciliares e propiciar a interação
família x escola x comunidade.
O interesse em tal projeto provém do fato de que não só a violência de
outros fatores externos à família ocasiona a saída do aluno da escola. É
possível talvez identificar como os membros familiares se socializam, se
conflituam em seu todo, o que permitiria avaliar e compreender os mesmos
que chegavam ao Conselho. De acordo com o Presidente, a escola deve
estar em comunhão com a família:
O problema da evasão escolar é solúvel, mas com a aplicação do FICAI16.
Com ela, a redução da evasão escolar seria de 40% mas por falta de maiores
recursos e as escolas não utilizavam por completo este instrumento,
acabamos não realizando-a com eficiência. As famílias que aqui chegam, pai
e mãe trabalham, por vezes desestruturada, é da classe pobre, e por incrível
que pareça, os pais não moram distante da escola.Para mim, a maior culpa
são dos pais.
Não formulamos hipóteses à priori, mas questões sobre os sentimentos,
valores do outro e para com o outro. Também não utilizamos roteiro e nas
entrevistas usamos perguntas soltas.
Acompanhamos muitos casos dos conselheiros, seja na sede ou nas
“diligências” feitas. O Conselho tem atuação em todo o município e assim
pudemos conhecer a fundo como vive a população.Na fase exploratória,
procuramos captar o que os pais e os filhos – quando estavam em casa –
para falar o que achavam de estudar mais, educar filhos, trabalho. A cada
entrevista feita, notávamos entraves com relação à dinâmica familiar, ou
seja, se a comunicação entre os membros é feita de forma tal e se há
conflitos e além disso, saber o que o outro acha de atuações decorrentes na
família.
Isso é altamente importante porque conforme o atendimento ia sendo
realizado, víamos que em algumas famílias não eram os membros que eram
“doentes”, mas o nível de diálogo, a comunicação que foi estabelecida
nesse meio, isto é, a ausência de comunicação.
Em tempo, nos faz relembrar um caso ocorrido na sede do Conselho onde
vemos a má comunicação familiar. Usaremos E. para identificar a criança ,
S., a mãe e R. o pai.
16 FICAI – ficha de comunicação de aluno infreqüente, onde busca-se realizar um trabalho de resgate do aluno de forma uniformizada e compartilhada, em curto espaço de tempo (anexo).
E. tem 10 anos e mais uma vez não vai à escola. S. não hesitou e o leva até o
Conselho. Chegando, diz que não agüenta mais seu filho. Chorando, E. tenta
se desvencilhar de todas das formas da mãe, mas em vão. Pedimos então
que se acalmassem pois assim não poderíamos ajudar. Ela o segurava
firmemente e chegou a dar dois beliscões para que se comportasse.
Ao olhar tal atitude, a sensação de raiva e de dor era latente. Tomados por
tal, não podíamos deixar que esse sentimento tomasse conta e acabaríamos
por deturpar o atendimento. Resolvemos então perguntar porquê tanta
raiva? De súbito, S. responde que E. está demais e não sabe como fazer para
que ele mudasse. Perguntamos o que ela achava disso tudo.
Relatou que seu marido, militar da ativa, era transferido para vários lugares e
tinha que mudar “ as crianças” de colégio sempre; tinha 3 filhos ao todo e
ambos levados mas ele era o pior (sic). Às vezes não queria ir à escola, o
que concordava. Com assim, perguntamos. Um dia, conta, estava sonolenta
e ouviu um dos filhos dizer para ficarem quietos para não acorda-la pois
senão os levaria para a escola (risos).
E. permanecia calado e com a cabeça baixa. Um breve silêncio. Decidimos
quebrá-lo brincando com E. dizendo ser muito espertinho. E. ri mas diz que
na escola é chato, a professora, a escola, tudo, até a mãe. S. olha para o filho
perplexa e ríspida, pergunta que mal fez para que ele dissesse aquilo se ela
dava tudo o que queria. Sua expressão era de revolta e chegava quase a
gritar como o menino. Não tinha resposta. Notamos que as lágrimas estavam
à mostra. Contratransferencialmente sentimo-nos como uma criança com
vontade de gritar, dizer o que sente, sem poder. De repente, E. caiu em choro
pedindo por seu pai. Aquilo nos angustiava e então, como que
instintivamente, pedimos licença à mãe e tomamos E. nos braços para tentar
amenizar a situação. E. parecia nos abraçar com todas as forças.
S. olha para nós com olhar confuso, talvez sem saber o que fazer ou dizer.
Assim que E. se acalmou, sugerimos analisar o problema juntos. De início,
pedimos para que S. saísse. Logo depois, E. disse que a mãe só mandava
fazer tudo e quando não queria batia nele. E. queria brincar mas a mãe não
deixava. Quando levava coisas da escola para casa ela não dava atenção. E
o papai, perguntamos. Disse que também não, só chegava cansado.
Pedimos então que a mãe entrasse. Indagamos sobre sua educação para
com os filhos. Relata que sempre teve vida difícil e que sempre trabalhava
para fora e não tinha tempo para olhar os filhos então dividia o trabalho com
eles. Os meninos(filhos) são um pouco rebeldes e por isso deixa-os de
castigo. Perguntamos se ela conversava com eles ou brincava. Não,
gesticulando com as mãos e a cabeça. Quase nunca.
Com este relato, podemos sentir como muitas famílias perdem o centro da
união familiar pois é com ele que podemos saber como está o membro.
Quanto a nós, assistentes sociais, no decorrer da análise, vamos
vivenciando essas questões de condição, relacionamento, casal, filhos,
casal e filhos, que são elementos que permeiam esse universo familiar e que
podem ser trabalhados e devolvido para essas famílias. Na verdade, quando
trabalhamos com essa discussão temática, de problemas, chega a um certo
momento de inquietação onde se pergunta: Porque fazer isto? Que benefício
trará para a família? De que maneira transformamos esta discussão numa
integração para essas pessoas? Importa saber que, dentro de um
atendimento, ou fora dele, muitos conflitos familiares surgem quando filhos
ou pais não sabem realmente a potência de seus deveres e também do dano
que causam em levar a vida diante de caprichos. Se analisarmos nossos
atos podemos ver que cometemos erros que podem levar ao desafeto e
rompimento da relação do diálogo e da comunicação.
O grande cerne da questão seria não perder de vista a função que estamos
desempenhando, como podemos conduzir nossa função e de que maneira
vamos estar trabalhando a mudança individual / coletiva. Importante também
a escuta compreensiva e reflexiva demonstrando o apoio para não camuflar
o problema e encarando-o por iguais partes delimitando-o e percebendo
onde está o motivo, ou seja, detectar a causa do conflito familiar.
CONCLUSÃO
Homens, Mulheres, crianças e idosos vivem condicionados a jargões do tipo
“Isso é necessário”, “Os homens podem...”, “ As mulheres devem...” influenciando no agir
e pensar das pessoas e alterando drasticamente a dinâmica familiar.
Percebemos no trabalho com famílias maior leitura da realidade atual,
mostrando como profissionais e instituições devem atuar: as instituições de ensino devem
apenas dar continuidade aos valores que aprenderam em casa e a família passa os valores
éticos e morais. Infelizmente, a escola acaba exercendo outras funções além de ensinar.
Neste caso, faz-se necessária a implementação de idéias que contribuam para
a promoção de comportamentos sociais que estimulem a construção de um ciclo da paz no
ambiente escolar. Ações essas que estimulem a revalorização do relacionamento e
participação entre os alunos, seus familiares, professores, dirigentes escolares e membros
da comunidade.
Hoje em dia, podemos verificar que a forma de “ensinar” é mais que um
benefício para ela e sua família,isto é, peça-chave para o desenvolvimento e a qualidade de
vida do próprio país. A falta do apoio familiar no cotidiano escolar do filho poderá
influenciar na imagem que os/as professores/as possam ter dessa criança e na avaliação da
aprendizagem da mesma, pois critérios como participação, interesse e presença dos pais na
escola, ainda figuram como indicadores positivos diante dos olhares escolares sobre às
capacidades e competências dos alunos.
Nas famílias estudadas, tínhamos o cuidado de “escutar” todos os membros
tomando precaução de não impor regras ou conceitos que viessem prejudica-los. Assim, o
ponto fundamental consistiu na “escuta compreensiva”, isto é, na medida que o familiar
expunha suas dificuldades trabalhava-se com ele as respostas numa ação reflexiva, ao passo
que a maioria dos profissionais realiza uma “escuta-crítica”, ou seja, quando o familiar
coloca determinada situação, o profissional já trabalha em sua mente uma forma de explicar
o que está acontecendo com ele.
O assistente social, especificamente, impede com esta ação que o familiar dê
suas próprias respostas: desse modo, não há possibilidade de ele expressar a sua existência,
enquanto sujeito no mundo de hoje. Essa auto-reflexão, acreditamos ser uma ponte entre o
mundo e o familiar, uma vez que é passível de erros e acertos. É preciso pensar a família a
muitas possibilidades suprimindo até mesmo uma atitude mecanicista.
É nessa vertente que questionamos a movimentação da família como ponto
para avaliações, mudanças e conflitos. Este último, Só tem solução quando os envolvidos
estão dispostos a fazer de tudo para chegar a solução justa para todos e, principalmente,
mostrar que o núcleo familiar é passível de adaptação devido às mudanças do cotidiano.
Afirmamos, então, que a família, na verdade, mudou muito, devido à
constituição de identidade, ao surgimento de novos modos de ser entre homens e mulheres
– também filhos – acabando por surgir novas regras.
Quanto a atuação do Conselho Tutelar, acreditamos que deve haver maior
aproximação entre a população e os conselheiros e também com os órgãos públicos. As
próprias instâncias públicas não sabem de fato o papel dos conselheiros e faz com que
tenha um discurso negativo. Nas escolas, por exemplo, os estudantes pensam no Conselho
apenas como um órgão punitivo. Nesse sentido, sugerimos trabalhos sócio-educativos
envolvendo o próprio Conselho Tutelar, Escola, Família e Sociedade.
Por fim, queremos, com este trabalho, propiciar uma visão nova ao que
concerne no modo de abordar o familiar sem as perguntas diretas ou centradas somente em
um assunto e descobrir, em primeiro nível, como está a família em seu conjunto.
BIBLIOGRAFIA
1. ALMEIDA,Ney Luiz Teixeira de. “O Serviço Social na Educação In: REVISTA
INSCRITA, nº6, Conselho Federal de Serviço Social, 2000.
2. ARIÈS, Philippe. HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA FAMÍLIA. Rio
de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S. A., 1981.
3. BRASIL. Lei nº8069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
4. _______. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases
da Educação Nacional.
5. CFESS. Código de Ética do Assistente Social. 3ªed. Brasília:CFESS,
1997.
6. GUERRA, I. A INSTRUMENTALIDADE DO SERVIÇO SOCIAL. Editora
Cortez. São Paulo. 1999
7. MIOTO, Regina CéliaTamaso. “Família e Serviço Social – contribuições
para o debate” In: SERVIÇO SOCIAL & SOCIEDADE. nº 55, São Paulo;
Cortez, nov.1997.
8. NEDER, Gizlene. “Ajustando o foco das lentes: um novo olhar sobre a organização
das famílias no Brasil” In: KALOUSTIAN, Sílvio M. (org.) FAMÍLIA
BRASILEIRA: A BASE DE TUDO. 5ªed, SãoPaulo, Cortez, Brasília, DF:
UNICEF,2002.
9. SÁ, Jeanete L. M.(org.) SERVIÇO SOCIAL E INTERDISCIPLINARIDADE: DOS
FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS À PRÁTICA E INTERDISCIPLINAR NO
ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO. 4ªed., São Paulo: Cortez, 2002.
10. SARTI, Cinthia Andersen. “ Família e individualidade: um problema
moderno”. CARVALHO, Maria do Carmo B. (org.). In: A FAMÍLIA
CONTEMPORÂNEA EM DEBATE. São Paulo: Cortez, 1995.
11. SEVERINO, Antônio J. “Subsídios para uma reflexão sobre os novos caminhos da
interdisciplinaridade” In: SÁ, Jeanete L. M.(org.) SERVIÇO SOCIAL E
INTERDISCIPLINARIDADE: DOS FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS À
PRÁTICA E INTERDISCIPLINAR NO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.
4ªed., São Paulo: Cortez, 2002.
12. SOUZA, Ana Maria Nunes de. A FAMÍLIA E SEU ESPAÇO – Uma Proposta de
Terapia Familiar, 2ªed., Rio de Janeiro: Agir, 1997.
13. TAKASHIMA,Geney M. K. “O Desafio da política de atendimento à família: dar
vida às leis – uma questão de postura” In: KALOUSTIAN, Sílvio M. (org.)
FAMÍLIA BRASILEIRA: A BASE DE TUDO. 5ªed, SãoPaulo, Cortez, Brasília,
DF: UNICEF,2002.
14. WANDERLEY, Luiz Eduardo W. “Educação e Cidadania” In: SERVIÇO SOCIAL
E SOCIEDADE. nº62, São Paulo; Cortez, mar.2000.
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Revista SEMED - Ano I, nº 1, Jan/Fev, 2003;
Anexo 2 >> Ficha de Comunicação de Aluno Infrequente - FICAI; Anexo 3 >> Decreto de Lei nº 19904 de 16 de maio de 2001; Anexo 4 >> Internet; http://www.fundabrinq.org.br/redeprefeitocrianca/1997_2000/premio/catalogo2000/belo_horizonte.pdf http://www.cidadesdobrasil.com.br/iniciativa/iniciativa02.htm
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
INTERNET
Esta é a versão em html do arquivo http://www.ceud.ufms.br/grm/EsFaPolEdGi.rtf. G o o g l e cria automaticamente versões em texto de documentos à medida que vasculha a web. Os seguintes termos de pesquisa foram destacados: família e evasão escolar http://www.cidadesdobrasil.com.br/iniciativa/iniciativa02.htm
ESCOLA, FAMÍLIA E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO*1
Giselle Cristina Martins Real - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Dourados, Mato Grosso do Sul.
Dirce Nei Teixeira de Freitas - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Dourados, Mato Grosso do Sul.
A política educacional em curso no país vem sendo lapidada no sentido de concretizar um projeto nacional de educação que represente as novas configurações pretendidas para a sociedade, mais próximas de padrões internacionais pontuados nas diretrizes econômicas, sociais e culturais traçadas por organismos internacionais, compatíveis com o atual contexto da “mundialização financeira” (Chesnais, 1998).
Diante desse contexto, vislumbra-se o processo de reformas a que vem sendo submetido o sistema educacional brasileiro, sobretudo, após a década de 90. Ainda, é marcante a presença da lógica neoliberal e do redimensionamento do papel do Estado na implementação das medidas sociais, inclusive na área educacional, que vem pontuando os projetos e programas vigentes para a área (Fonseca, 1996, Vieira, 1999; Gentili, 1995).
Alguns exemplos podem ser mencionados como o FUNDEF (Fundo para o Desenvolvimento e Valorização do Magistério), “Empresa Solidária”, “Amigos da Escola”, “Alfabetização Solidária”, “Bolsa-Escola”, “Dia Nacional da Família na Escola”, entre outros
Estes projetos têm visado, implicitamente, a contribuição da sociedade civil na viabilização do trabalho escolar, tanto por meio de prestação de serviços, como de pagamento de taxas e outros emolumentos.
Focaliza-se, neste trabalho, a participação da Família na escola, enquanto uma medida da política pública vigente. Tomando como ponto de partida a realidade e o fazer de escolas públicas, busca-se verificar como esta vem traduzindo a política educacional formalizada na instância federal, tendo como questões: Por que a política educacional contemporânea vem solicitando a participação das famílias nas escolas? A família está acatando a esse chamamento do Estado? Como vem ocorrendo a relação família-escola no interior das instituições públicas?
Este trabalho resulta de reflexões suscitadas pela pesquisa “Escola Pública de Mato Grosso do Sul e as demandas das classes médias nos anos 90”, no que esta diz respeito ao município de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. Tais dados foram obtidos por meio de entrevistas e questionários com os gestores educacionais de escolas públicas e privadas, e as famílias de crianças de classe média, além de análise documental.
1. A frágil interação escola pública e família
O crescimento da escola pública2, sobretudo após a instituição da universalização do ensino fundamental pela Constituição Federal de 1988, engendrou novas configurações nos padrões de funcionamento das escolas. Entre os diversos determinantes do contexto em que essa escola está inserida, destacam-se as modificações demográficas, as transformações na estrutura familiar e a crise econômica ( Marques, 1998; Carvalho, 2000). Neste sentido, a escola pública vem sinalizando dificuldades em atuar com efetividade em vistas de suas problemáticas internas3 -- reflexos de problemáticas do contexto social e econômico. Dados do SAEB4 têm sido evocados como um indicador de tal situação.
A pesquisa realizada apontou o aumento do número de escolas particulares de pequeno porte, recurso de que se valem famílias de classe média5 como alternativa diante da frágil interação com a escola pública.
Outro indicador é o discurso de gestores de escolas públicas, expressão de fragilidades na interação escola-família. Para estes as expectativas dos pais de alunos são no sentido de que a instituição escolar assuma tarefas em substituição à família (Freitas e Real, 2001).
A pesquisa detectou também que a participação da família na escola não chega a ser expressiva, nem ocorre de forma espontânea.
No geral, foram mencionadas participações induzidas pela direção da escola em conselhos ou colegiados escolares, na Associação de Pais e Mestres, em atividades promocionais e culturais. Ainda que a participação seja não-espontânea, os pais 'atendem a todas as solicitações'. A participação se dá, pois, somente se e quando solicitada pela escola (ibid., p. 58).
Pode-se afirmar que as famílias “não se mostram propensas a aderir às políticas voltadas para o estabelecimento de novas relações Estado-sociedade, inclusive políticas orientadas pela lógica do mercado” (ibid., p. 85).
Esses dados suscitam reflexão se relacionados à medida recente do ministro da educação: o “Dia Nacional da Família na Escola”. Em que pesem prováveis motivações eleitoreiras, esse projeto soma com outras medidas de mobilização social, intenção anunciada já com o Plano Decenal de Educação para Todos (Brasil, 1993).
2. Família, Escola e Política Educacional
A co-responsabilidade da família com a educação está presente nos documentos que formalizam a política educacional brasileira, como exemplo menciona-se o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90);
os arts. 5º,13, 29, 32 e outros da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/96).
Na esteira do princípio de gestão democrática do ensino público, e já na esfera da gestão, o projeto “Dia Nacional da Família na Escola” explicita o sentido da interação escola-família, na ação federal orientada para a instalação de novas relações Estado-sociedade. Mais que promover o enriquecimento dessa interação (mediante aproximação, convívio, socialização, comunicação e expressão cultural) o projeto busca induzir o envolvimento e catalisar colaboração e contribuições, ou seja, conclama a família a ações efetivas no fazer da escola.
Ao observar a proposta do projeto verifica-se a tônica da participação da família na consecução e viabilização das atividades didático-pedagógicas.
Quando os pais se envolvem na Educação dos filhos, eles aprendem mais, enfatiza o ministro Paulo Renato, usando as quatro operações da Matemática para acentuar os objetivos da campanha: dividir responsabilidades, somar esforços, multiplicar resultados e diminuir a evasão escolar, a violência, o uso de drogas (MEC, 2001a: 11).
São ressaltadas experiências que explicitam o modelo pretendido de participação da família na escola, conforme matéria de divulgação veiculada pelo MEC:
(...). Já a diretora, Maria de Fátima de Souza Barretos, 42 anos, lembra que o País exige um novo perfil do cidadão e nada mais louvável do que as escolas entrarem em sintonia com a comunidade. Ela ressalta que indo à escola, a mãe pode até mesmo sugerir um nova receita para a merenda escolar ou o pai carpinteiro pode ajudar a consertar carteiras, por exemplo. (ibid idem: 11) Muitas escolas, por iniciativa própria, já contam com a parceria das famílias. Com isso, as notas de seus filhos só vêm melhorando. A Escola Estadual Hélio de Souza Bueno, de Nova Olinda, no estado do Tocantins, é um desses exemplos. Cada turma tem um pai ou uma mãe que trabalha voluntariamente como monitor. Eles ajudam a verificar a freqüência às aulas, o rendimento das crianças e até o comportamento. Também orientam as crianças nas tarefas de casa, visitam os estudantes que faltaram para saber o motivo das faltas e, quando há necessidade, substituem professores. Parceiros ativos dos educadores, esses pais voluntários trabalham intensamente na integração escola-família, participando ainda das festas e de todas as atividades sociais da escola. (grifos nossos, MEC, 2001b)
Estes relatos denotam a indução da participação, dita voluntária, da sociedade civil, sobretudo da família, no fazer da escola pública e suscitam indagações como: qual a concepção de qualidade que admite tais recursos como suficientes? Qual a relevância da educação e da escola no contexto das políticas públicas?
Vale ressaltar que, não se está questionando a importância da relação família-escola. Mas, este trabalho aponta a necessidade de estudos mais profundos sobre as soluções para “a actual crise da escola” propostas na política educacional brasileira.
Referências Bibliográficas
CANÁRIO, Rui. O professor entre a reforma e a inovação. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani; SILVA JUNIOR, Celestino Alves da. Formação do educador e avaliação educacional: v. 3 -Organização da escola e do trabalho pedagógico. São Paulo: Editora da UNESP, 1999. p. 271 - 289.
CARVALHO, Maria do Carmo Brant de (org.). A família contemporânea em debate. 3. ed. São Paulo: EDUC/Cortez, 2000. CHESNAIS, François (coord.). A mundialização financeira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, 1998. FONSECA, Marília. O financiamento do Banco Mundial à educação brasileira: vinte anos de cooperação internacional. In: TOMMASI, Livia de; WARDE, Mirina Jorge; HADDAD, Sérgio (orgs.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez/PUC-SP/Ação Educativa, 1996. p. 229-252. FREITAS, Dirce Nei Teixeira de; REAL, Giselle Cristina Martins. Escola Pública, Políticas Públicas e demandas das classes médias em Dourados,MS, anos 1990: Relatório de Pesquisa. Dourados: UFMS, 2001. GENTILI, Pablo (org.) Pedagogia da exclusão: crítica ao neoliberalismo em educação. Trad. Vânia Paganini Thurler e Tomaz Tadeu da Silva. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1996. MARQUES, Ramiro. Professores, famílias e projecto educativo. 2. ed. Porto: ASA, 1998. MEC. Família e escola de mãos unidas. Jornal do MEC, Brasília, p. 11, maio de 2001a. ______.24 de abril: Dia Nacional da Família na Escola. Noticias -Março/2001. Brasília, 27 mar. 2001. Disponível em <http://www.mec.gov.br> . Acesso em: 04 abr. 2001b.
VIEIRA, Evaldo. Reforma do Estado e Educação. In: BICUDO,Maria Aparecida Viggiani; SILVA JUNIOR,Celestino Alves da.Formação do educador e avaliação
educacional: v.3-Organização da escola e do trabalho pedagógico.São Paulo:Editora da UNESP,1999.p. 263 - 270.
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
Trabalhando em conjunto: as parcerias 9
1.1 - Refletindo sobre a evasão escolar 10
1.2 – Humanização da escola e da cidadania 13
1.3- O labirinto da assistência via políticas sociais e educacionais 16
CAPÍTULO II
Otimização das fronteiras familiares 21
2.1 – Breve reflexão do papel da família 23
2.2 – As fronteiras entre família x escola x sociedade 26
2.3 – Aconselhamento familiar: uma proposta de terapia 29
CAPÍTULO III
Desafios e propostas para o Serviço Social na Educação 33
3.1 – O Serviço social e a Educação 35
3.2 – Projeto Tutela Escolar: desenvolvimento de vínculos entre família, escola e comunidade 37
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 45
ANEXOS 47
ÍNDICE 62
FOLHA DE AVALIAÇÃO 63
ATIVIDADES CULTURAIS 64
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: Dos conflitos familiares à escola:Propostas ao Serviço Social
Autor: Any Gleise Jacinto
Data da entrega: 21 DE JUNHO DE 2003
Avaliado por: Conceito:
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Conceito Final: