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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO: A RESILIÊNCIA COMO ESTRATÉGIA PARA
ENFRENTAR OS DESAFIOS NO COTIDIANO ESCOLAR
Por: Miguel Ângelo Lopes
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO: A RESILIÊNCIA COMO ESTRATÉGIA PARA
ENFRENTAR OS DESAFIOS NO COTIDIANO ESCOLAR
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Miguel Angelo Lopes
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AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus pela permissão de servir através da
Educação para construção de um mundo melhor
4
DEDICATÓRIA
Dedico à minha amada Lucinete por acreditar no meu
potencial e me apoiar irrestritamente.
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RESUMO
A resiliência consiste em conhecer a história do indivíduo, analisá-lo
em seu contexto, para então intervir de maneira apropriada, buscando as
razões capazes de motivá-lo e fortificá-lo. O aprendizado da resiliência, mais
que pelo discurso das palavras, ocorre pelas práticas e vivências, pelo curso
dos acontecimentos que as pessoas incorporam a capacidade de resistir à
adversidade e utilizá-la para o seu crescimento pessoal, social e profissional.
Nesse sentido, a monografia vem apresentar a proposta do Projeto Planeta
Azul como instrumento para a formação de elementos humanos e ambientes
resilientes. Desta forma no primeiro capítulo é realizado um mapeando
conceituações acerca da Supervisão no Brasil e a evolução de suas
competências e influências. No segundo capítulo, discorre sobre as
concepções de Resiliência e os fundamentos físicos e psicológicos, bem como
a competências que o gestor deve ter para ser resiliente, a influencia do
espírito religioso como fator positivo ou negativo no contexto escolar, além de
demonstrar diferenças entre escolas comuns e resilientes através de atividades
como instrumentos de colaboração para o surgimento da capacidade de
resiliência. O terceiro capítulo apresenta a historicidade do Planeta Azul e sua
contribuição em escolas brasileiras como recursos, capaz de despertar
discentes e docentes a capacidade de Resiliência discutindo-se os resultados
de análises de dados quantitativos e qualitativos da prática pedagógicas
vivenciada nas escolas, além de uma breve abordagem da metodologia
adotada, informações sobre a população, os tipos de atividades fontes de
renda, moradia, nível educacional dos pais e alunos e análise dos resultados.
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METODOLOGIA
A metodologia norteadora desta pesquisa é a qualitativa e
quantitativa.
Segundo Minayo (2003, p. 16-18) a pesquisa qualitativa “é o
caminho do pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e
trata-se basicamente do conjunto de técnicas a ser adotada para construir uma
realidade”, portanto, possibilita a leitura da realidade numa abordagem
universal de valores e significados que não podem ser quantificados, mas
descrito sobre o processo de investigação a qual o pesquisar compreende as
variáveis na visão do sujeito integrante da pesquisa. Desta forma é
fundamental a pesquisa qualitativa associada a pesquisa quantitativa pois esta
norteia estatisticamente os fenômenos de forma precisa demonstrando as
transformações de atitudes do grupo pesquisado.
Considerando que a base teórica é fundamental para a
sustentabilidade da pesquisa como meio de investigação utilizado foi a
pesquisa bibliográfica.
Para Manzo (1971:32 apud Lakatos, 2003:183) a bibliografia pertinente “oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente” e tem por objetivo permitir ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações (Trujillo, 1974:230)”.
Desta forma, a pesquisa bibliográfica, proporcionou uma apreciação
do assunto numa ótica diferente, com novos olhares para construção de
conhecimentos.
A pesquisa de campo sustentou a coleta de informações para
responder ao questionamento da pesquisa, viabilizando a leitura dos
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fenômenos e sua relação no contexto pesquisado. Que para Lakatos
(2003:186) “consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de
variáveis que se presume relevantes, para analisá-los”. No entanto, ela não
pode ser interpretada como simples coleta, uma vez que os dados foram
coletados com base em objetivos preestabelecidos pelo pesquisador.
Entendendo que para análise de dados e apresentação dos
resultados é importante a leitura dos documentos construídos pelos
pesquisados no decorrer da pesquisa, teve como meio de investigação a
pesquisa documental. Segundo Lakatos (2003:174) “A característica da
pesquisa documental é que a fonte de coletas de dados está restrita a
documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes
primárias”. Permitindo assim, a compreensão do universo observado.
A pesquisa foi delimitada a partir da pratica proposta pela Fundação
Mokiti Okada, através do Projeto Planeta Azul que vem sendo realizado em
algumas escolas brasileiras, que possibilita condições pragmáticas para
formação de alunos e ambientes resilientes cabendo ao gestor escolar ser o
facilitador para tal.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................09
CAPÍTULO I - Supervisão: evolução de suas competências e influências de
cada época.......................................................................................................13
CAPÍTULO II - Resiliência: fundamentos físicos e psicológicos.......................20
CAPÍTULO III – Historicidade do Planeta Azul: sua contribuição em escolas
brasileiras como recursos, capaz de despertar discentes e docentes a
capacidade de Resiliência................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 62
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................. 63
ÍNDICE..............................................................................................................65
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INTRODUÇÃO
Mesmo diante do progresso do mundo e da ciência, a humanidade
não encontrou a felicidade, vivendo em uma realidade de conflitos e
insatisfações. A valorização do materialismo trouxe conseqüências como o
desequilíbrio entre o homem e seu meio, criando desarmonias em varias áreas
da atividade humana.
Denunciar, expor, frisar as deficiências do sistema de ensino público
tem sido uma constante, na esperança de que sociedade, governo,
responsáveis pela educação, se alertem na busca de soluções que venham
reverter o quadro penoso que se apresenta.
Se quisermos elevar o nível de formação escolar, temos que
remover as causas do baixo desempenho. E como no ambiente escolar
podemos proporcionar condições para que nossos alunos possam lidar com as
condições materiais, de saúde, segurança, nível de educação, relações
familiares e de amizade, comportamentos de risco entre outros, em que estão
envolvidos e que estao tornando os jovens e os adolescentes cada vez mais
infelizes e desacreditados?
Dar uma boa educação é melhorar a qualidade de vida, bem-estar e
estímulo coletivo. É garantir cidadania a todo indivíduo, valorizando o pessoal e
o coletivo.
Os novos tempos exigem uma nova mentalidade, uma nova postura
de vida, com o renascimento de valores espirituais, ético e morais há muito
esquecidos. É preciso buscar a plenitude do desenvolvimento espiritual e
material.
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Há necessidade de se repensar o conceito de formação dos nossos
alunos, levando em consideração um conceito mais amplo, estudando a
essência do ser na sua totalidade, não apenas numa visão materialista. O que
se sugere aqui é um estudo, uma atenção especial para questão da visão do
ser numa Visão Holística.
O termo Educação Holística foi proposto pelo americano R. Miller (1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais, de humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação. São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano. (Yus, 2002, p.16).
A Visão Holística da Educação é um novo modo de relação do ser
humano com o mundo; uma nova visão da natureza, da sociedade, do outro e
de si mesmo. Segundo o Relatório da Comissão Internacional de Educação
para a UNESCO, intitulado “Educação: um tesouro a descobrir”, 1994 (que é a
base para documentos e pareceres atuais do MEC) são quatro os pilares
básicos da Educação para o século XXI: Aprender a fazer; Aprender a
conhecer; Aprender a ser; Aprender a viver juntos.
Educar origina-se do vocabulário latino que significa “ajudar a
levantar”. No oriente costuma-se dizer que o “homem é um ser adormecido”:
estamos cercados de pessoas que não tem consciência de si mesmo, nem do
seu potencial, e que vegetam por esta vida. Educar, portanto, seria ajudar o
homem a despertar de sono milenar.
Educar é ajudar a despertar. É facilitar carinhosamente para o ser
em desenvolvimento, possibilitando o florescimento do seu potencial. Por isso,
é essencial acreditar neste ser em desenvolvimento, na sua capacidade
criadora, e, portanto, é fundamental acreditar em si mesmo.
Pensar na escola como sendo um lugar que pode gerar uma
transformação tão grandiosa que ultrapasse os limites espaciais da vida de um
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estudante é algo que nos parece longe demais, no entanto, estudos recentes
mostram a tendência de uma nova pedagogia capaz de possibilitar transformar
todas as adversidades em fatores positivos para a formação dos alunos: a
Resiliência.
No meio educacional, ainda é comum encontrar professores que
nunca sequer ouviram falar sobre o assunto. Qual a relação ou contribuição da
resiliência na gestão escolar? Qual o perfil de gestão capaz de promover essa
a formação aos docentes e possibilitar propostas para se trabalhar a resiliência
no ambiente escolar?
Assim, o tema desta pesquisa é GESTÃO: a resiliência como
estratégia para enfrentar os desafios no cotidiano escolar. A questão central
deste trabalho tem como problematização: seria a RESILIÊNCIA a qualidade
necessária e imprescindível dos gestores da escola para atender essa
exigência?
Desta forma o tema nasce da necessidade de um novo perfil de
gestão, capaz de enfrentar o insucesso da instituição escolar que persiste no
caminho da formação curricular tecnicista, desprezando os fatores ambientais,
psicossociais, econômicos, sociais e culturais, que interferem na aprendizagem
e principalmente na formação integral do aluno, utilizando a adversidade como
fator positivo para promoção de mudança e evolução na qualidade da
educação.
Tendo como objetivo analisar a RESILIÊNCIA como estratégia de
alargamento das fronteiras da formação humana, proporcionando aos gestores
uma nova visão do entendimento dos obstáculos e adversidades encontrados
no cotidiano escolar.
Desta forma, nos capítulos que seguem, apresento concepções
teóricas e práticas fundamentais para a compreensão da pesquisa e suas
transformações no contexto educacional e social. E que estas transformações
devem perpassar por todos os segmentos escolares promovendo a igualdade
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e o respeito ao ser humano, através dos conteúdos, das ações e práticas
pedagógicas.
Assim, no primeiro capítulo é realizada parcialmente uma discussão
teórica mapeando conceituações acerca da Supervisão no Brasil e a evolução
de suas competências e influências de cada época.
No segundo capítulo, busca-se discorrer sobre a concepções de
Resiliência e os fundamentos físicos e psicológicos, bem como a competências
que o gestor deve ter para ser resiliente, a influencia do espírito religioso como
fator positivo ou negativo no contexto escolar, além de demonstrar diferenças
entre escolas comuns e resilientes através de atividades como instrumentos de
colaboração para o surgimento da capacidade de resiliência.
O terceiro capítulo é conclusivo. Nele apresenta a historicidade do
Planeta Azul e sua contribuição em escolas brasileiras como recursos, capaz
de despertar discentes e docentes a capacidade de Resiliência discutindo-se
os resultados de análises de dados quantitativos e qualitativos da prática
pedagógicas vivenciada nas escolas, além de uma breve abordagem da
metodologia adotada, informações sobre a população, os tipos de atividades
fontes de renda, moradia, nível educacional dos pais e alunos e análise dos
resultados.
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CAPÍTULO I
SUPERVISÃO NO BRASIL: EVOLUÇÃO DE SUAS
COMPETÊNCIAS E INFLUÊNCIAS DE CADA ÉPOCA
As atividades educativas foram iniciadas no Brasil em 1549 pelo
jesuíta Manoel da Nóbrega e no primeiro plano de ensino por ele elaborado
surgia a função supervisora, sem se manifestar ainda a idéia de supervisão,
era uma espécie de “vigia” da boa conduta e das regras da educação, como
exemplo, temos o Ratio Studiorium, um plano de regras sobre as atividades
educativas, que regia o reitor, o prefeito de estudos (supervisor), os
professores, as disciplinas, as provas escritas, o bedel (auxiliar do prefeito de
estudos, também com a mesma função), os alunos, enfim, tudo era regido por
este plano. No qual o diretor era o reitor e o prefeito de estudos era seu
assistente, a quem os professores e alunos deveriam obedecer. A função de
prefeito de estudos era regulada por trinta dessas regras, onde por diversas
vezes ele assumia o papel de bedel e inspetor, pois assistia às aulas dos
professores e lia apontamentos dos alunos, e o que não conseguisse resolver,
deveria levar ao conhecimento do reitor. (SAVIANI, 1999).
Verifica-se então que o supervisor já tinha alguma autoridade, mas
muito longe de uma autonomia. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil em
1759 devido as Reformas Pombalinas, visto que se entendia que estes eram
muito conservadores, uma vez que as mudanças já estavam acontecendo e os
jesuítas insistiam em dominar o pensamento pedagógico da época.
Com isso, um documento foi criado, nele estava previsto o cargo de
diretor geral dos estudos e a designação de comissários, que exerciam a
supervisão envolvendo aspectos de direção, fiscalização, coordenação,
inspeção e orientação de ensino (seriam os comissários do diretor). Assim, a
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idéia de supervisão passa a englobar aspectos político-administrativos em
nível de sistema concentrado na figura do diretor geral (SAVIANI, 1999).
Em 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I em Assembléia Geral
decretou a primeira lei da educação que instituiu em todas as cidades, vilas e
lugares mais populosos do Império, que houvesse escolas de primeiras letras
quantas fossem necessárias. Nessa lei foi determinado em seu artigo 5º que
os estudos se realizassem seguindo um método chamado de “Ensino Mútuo”,
onde o professor atuava como docente e supervisor, instruindo monitores
(alunos mais avançados) para auxiliá-los na supervisão das atividades dos
demais alunos (SAVIANI, 1999).
Nessa época, todo o poder estava concentrado nas mãos do
Imperador e todos os mestres eram de sua escolha e só ele poderia nomear
ou delegar que a assembléia recrutasse, nomeasse e designasse seus
ordenados e atribuições, dentre elas a de aplicar um ensino de qualidade aos
“augustos” (príncipes-discípulos) do Império. Esses mestres não recebiam
nenhum adjetivo, eram apenas homens que muito sabiam e eram
remunerados ao passar a diante seus conhecimentos.
Em 12 de agosto de 1834, foi promulgada a lei que chegou mais
perto da democracia durante o período imperial, o Ato Adicional de 34 –
marcado pela vinda da corte portuguesa para o Brasil e pela futura
independência política do Brasil, que tentou descentralizar o poder do
Imperador, pois pretendia dar mais autonomia às províncias, dar uma
possibilidade de intervenção no governo no campo primário e secundário, e
não criar dois sistemas paralelos de ensino, visto que isso vinha acontecendo.
Como conseqüência das reformas deste Ato Adicional, surgiram
também as Escolas Normais, que formavam e que iriam substituir o “velho”
mestre pelo “novo” professor de ensino primário, mas apenas na província, já
que só quarenta e seis anos depois é que foi criada a Escola Normal da Corte.
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Ainda em 1834, o então ministro do Império, Chichorro da Gama,
em relatório sobre as reais condições da educação no sistema em vigor,
afirmou que eram preciso medidas urgentes para remediar a situação em que
a escola se encontrava, uma vez que o sistema de ensino mútuo não havia
correspondido às expectativas. Uma dessas remediações seria a criação de
um cargo de Inspetor de Estudos, pois, segundo o ministro, essa supervisão
permanente realizada por esse inspetor tiraria das mãos dos ministros as
ações sobrecarregadas, como as de presidir eles mesmos o exames,
supervisionar as escolas e emitir relatórios e pareceres, ou seja, as tarefas
estariam melhores distribuídas.
Partindo disso, no âmbito de suas reformas em 1854, Couto Ferraz
estabeleceu em regulamento a missão de um inspetor geral, a função de
supervisionar todas as escolas (SAVIANI, 1999). Essa inspeção apresentava
grandes mecanismos de controle e vigilância sobre o professor por meio da
rigorosidade do regulamento, havia conferências das atividades e da
metodologia empregada várias vezes no ano. Podemos perceber a ampliação
da função supervisora, na qual além de presidir exames dos professores, lhe
conferia diplomas, podia autorizar a abertura de escolas, rever livros e até
mesmo corrigi-los ou substituí-los por outros que julgasse convenientes.
No ano de 1881 quando a Escola Normal Oficial foi fundada na
então capital do Império, não havia a preocupação com a qualidade do ensino
e muito menos com a formação de quem o executaria. (GERALDO, 2001).
Em 1892, houve mais uma tentativa de implantar uma
desburocratização quanto a ação educativa, por haver uma preocupação com
o perfil do inspetor geral da escola, que apenas doutrinava e não orientava os
docentes, mas a resistência venceu e a reforma não se concretizou. Mas em
1897, uma lei extinguiu o Conselho que regulamentava as Escolas Normais e
as inspetorias passaram a ter apenas um inspetor geral para todo o estado,
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auxiliado por dez inspetores escolares, ou seja, um supervisor para controlar
todas as escolas da região e em cada uma dessas escolas, um supervisor
encarregado de deixá-lo informado sobre tudo o que acontecia dentro dessa
escola.
Percebe-se então, pela primeira vez uma preocupação com a
formação de uma equipe com suas funções bem definidas. Mas mesmo com
essa reforma, ainda estava longe a concepção de um supervisor focado na
aprendizagem, mas apenas o encarregado de zelar pela função dada a escola
que servia aos interesses da fé e do Estado (PILETTI, 2000).
Quanto à formação dos profissionais dessa escola, sabe-se que
somente os letrados da elite podiam formar essa equipe, pois estavam
credenciados a isso. E se nem mesmo os professores eram bem preparados,
pode-se perceber que a figura do supervisor não era tida como uma pessoa
que se preparou especificamente para a função.
Por muito tempo, essa função supervisora se deu desta forma, mas
em 1924, várias mudanças na sociedade aconteceram devido o processo
crescente de industrialização e urbanização, e na economia que passou a
exigir reformas na educação para que esta pudesse acompanhar as
mudanças. Surge então, uma nova categoria profissional: os técnicos em
escolarização, chamados de especialistas em educação, dentre eles estava o
supervisor. Essas mudanças permaneceram por muito tempo somente no
âmbito estadual, pois o poder nacional ainda não havia demonstrado interesse,
até que com uma reforma acontecida após a revolução de 30, isso ganha
proporção nacional e surge a necessidade de se reestruturar o ensino
brasileiro. Um decreto foi criado e implantado nas Faculdades de Educação
para formar professores de diferentes disciplinas das escolas secundárias e
com isso foi criado o curso de pedagogia para formar professores de
disciplinas do curso Normal e formar “técnicos de educação”, a nova categoria
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que havia surgido, foram então tomadas as primeiras medidas legais para a
reforma do ensino superior.
Em 1969, a Pedagogia ganha uma nova roupagem e se transforma
em uma abordagem tecnicista, os cursos de Pedagogia são reformulados pelo
parecer nº 252/69 do Conselho Federal de Educação, que nessas
circunstâncias ao invés de formar o técnico em educação com várias funções,
davam-nos habilitações dentro do curso, como: administração, inspeção,
supervisão e orientação e o magistério de disciplinas profissionalizantes dos
cursos normais e um mestrado com habilitação em planejamento educacional.
Esse parecer, até então, foi a forma mais radical de profissionalizar a função
do supervisor educacional, contribuindo para o reconhecimento profissional da
atividade do supervisor no sistema de ensino, buscando dar a esse profissional
uma identidade própria com características que as distinguisse das demais.
esse decreto também provocou inovações no sistema educacional.
Daí por diante, vários movimentos foram criados primando por
melhorias no sistema e nos cursos de formação de educadores, se estendendo
até o final dos anos 70, e em outubro de 1979, acontece o encontro Nacional
de Supervisores de Educação, na ocasião defendia-se uma tese de que a
função do supervisor é uma função política e não apenas técnica (SAVIANI,
1999).
É chegada a conclusão a partir daí que o supervisor deveria assumir
seu papel político. A sua habilitação com a criação dos cursos de pedagogia os
tornavam pedagogos, que faziam o curso e se tornavam educadores que
seguiam ainda um modelo ideológico, embora mais moderno. Percebe-se
então que a concepção havia mudado, mas a sua formação não, e esse
profissional estava longe dele próprio se ver como político, com identidade
própria, já que desde a sua origem ele sempre defendeu apenas os interesses
dos dominantes e não tinha poder algum de decisão.
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Nessa fase da história mesmo já sendo reconhecido de certa forma,
o supervisor teria que se integrar a essa nova idéia de ser um profissional que
exerceria funções políticas, com autonomia e que envolveriam a escola, a
comunidade, o sistema e os planejamentos.
1.1 A Supervisão nos dias atuais
Hoje a função supervisora se mostra bem mais ampla e o
profissional dessa área entende a verdadeira essência desse termo:
“supervisor”, aquele que vê o geral, que vê além e articula ações entre os
elementos que envolvem a educação. O supervisor de hoje sabe que
precisa ser um constante pesquisador e com isso poderá contribuir para o
trabalho docente, pois essa equipe conta com a sua orientação e apoio.
O supervisor atual sabe que precisa se dividir em muitas habilidades
e criar elos entre as atividades de supervisionar, orientar e coordenar,
desenvolvendo relações verdadeiramente democráticas (FERREIRA, 2007).
A função supervisora nos dias atuais se mostra através de
profissionais maduros, capacitados para melhor executar propostas de
resolução de problemas e enfrentar os desafios na escola, e existem muitos
desafios para o profissional da Supervisão Escolar, já que hoje se especializa
para exercer essa função.
Apesar de ainda existir muita negatividade dentro das escolas e
muitas vezes o supervisor ter que se deparar com situações de descrédito por
parte da equipe escolar, resistências e banalização do seu trabalho, ele tende
a não desistir porque já entendeu que é capaz de transformar, já se vê como
político, como um articulador e extrapola a esfera pedagógica, criando uma
onda de relacionamento mais estreito com os docentes, as famílias, a
comunidade, o sistema e outros elementos que possam se integrar a
escola.
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Um grande desafio ainda enfrentado, era o fato da função
supervisora já ser reconhecida e mesmo assim não ser regulamentada, é
importante salientar, pois é muito comum confundir regulamentação
profissional com o reconhecimento da profissão e a garantia de direitos,
quando, na verdade, regulamentar significa impor limites, ordenar
competências, atribuições e fixar responsabilidades.
Podemos citar nos dias de hoje, desafios que se mostram bastante
visíveis, como: a falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino, os
recursos escassos, a má vontade de alguns educadores, alguns alunos, por
parte de alguns funcionários administrativos, enfim, uma série de coisas que
dificultam o trabalho do supervisor, mas que não o impedem de criar na sua
atividade profissional meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola
mude sua cara, e se transforme na escola de nossos sonhos.
Diante deste contexto, como a resiliência pode ser usada enquanto
estratégia para enfrentar esses e muitos outros desafios no cotidianos escolar?
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CAPÍTULO II
RESILIÊNCIA: FUNDAMENTOS FÍSICOS E
PSICOLÓGICOS
2.1 Concepções
A palavra resiliência tem sua definição de acordo com a área em
que é empregada. O termo tem origem no latim resílio que significa retornar a
um estado anterior (MONTEIRO, et al., 2001). Originaria da Física e trata-se
da capacidade dos materiais de resistirem aos choques, sendo a propriedade
que possuem de voltar ao normal depois de submetidos à máxima tensão.
A Psicologia, no entanto, destaca a importância das relações
familiares, sobretudo na infância, enquanto fatores fundamentais na formação
dos indivíduos, gerando a capacidade deles suportarem crises, bem como
superá-las. Desta forma, a resiliência representa a capacidade concreta das
pessoas de não só retornarem ao estado natural de excelência, superando
situações críticas, mas também de utilizá-las em seus processos de
desenvolvimento pessoal, sem se deixarem afetar negativamente,
capitalizando as forças negativas de forma construtiva.
Para Sampaio (2005), as pessoas resilientes buscam no
autoconhecimento o equilíbrio necessário para aprender a transformar
emoções negativas em positivas. Não se abate facilmente, não culpa os outros
pelos seus fracassos e tem um humor invejável. Porém, não são todas as
pessoas que conseguem ultrapassar estes momentos de crise. O próprio
sofrimento físico e psicológico pode inibir e, de certa forma, alterar a resposta
resiliente do sujeito. O ser resiliente não significa ser uma pessoa que consiga
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resistir a todas as pressões do meio, isto é, o indivíduo, por muito resiliente que
seja, pode chegar a um ponto em que não tolere mais a pressão externa.
No campo da Saúde Publica o conceito de resiliência foi assimilado
ganhou uma conotação voltada para a promoção da saúde, do bem-estar e da
qualidade de vida. Segue paralelamente ao movimento contemporâneo pela
promoção da saúde da criança e do adolescente. Esta perspectiva modifica a
forma de olhar a adolescência, jogando para o passado o determinismo das
experiências infantis malsucedidas, iluminando novos caminhos de
flexibilidade. Assim,
a noção de resiliência vem complexificando-se sendo abordada como um processo dinâmico que envolve a interação entre processos sociais e intrapsíquicos de risco e proteção. O desenvolvimento do constructo enfatiza a interação entre eventos adversos da vida e fatores de proteção internos e externos ao indivíduo. (ASSIS, PESCE & AVANCI, 2006:19).
À medida que se fortalece a resiliência, reduz-se a vulnerabilidade e
vice-versa. Alguns fatores agem como facilitadores da vulnerabilidade infanto-
juvenil, enquanto outros agem proativamente, funcionando como mecanismos
de proteção (Ver Quadro 01). As redes sociais, por exemplo, são fundamentais
para a promoção da resiliência. Elas podem ser definidas
como a soma de todas as relações que um indivíduo percebe como significativas ou define como diferenciadas da massa anônima da sociedade. Essa rede corresponde ao nicho interpessoal da pessoa e contribui substancialmente para seu próprio reconhecimento como indivíduo e para sua auto-imagem (SLUZKI, 1997:41-42).
Esse entendimento é importante, visto que não se pode ser
resiliente sozinho. Um dos fatores mais necessários para o desenvolvimento
da resiliência é o apoio e o acolhimento pelos membros de sua rede pessoal e
social. Essas pessoas atuam como “tutores de resiliência” (CYRULNIK, 2004)
ou “figuras de apego” (BOLWBY, 2002). A resiliência sintetiza, na verdade, o
resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor que
perpassam as relações intra e inter-humanas.
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Quadro 1- Componentes de Risco e Resiliência
Fatores Risco Resiliência
Predisponentes Estresse pré e perinatal;
Expressão verbal pobre; Defeito
ou deficiência física;
Temperamento agressivo;
Necessidade de controle externo;
Baixo nível de inteligência;
Dificuldade de aprendizagem;
Mudanças puberais
Acreditar em algo maior do que
em si mesmo; Bom traquejo social
dirigido a outra pessoa;
Autocontrole; Alto nível de
inteligência; Autoconceito positivo;
Alto nível de auto-estima
Familiares Baixo nível de educação materna;
Desarmonia familiar; Alto nível de
estresse materno; Pobreza;
Doença mental na família;
Superpressão; Ausência de
relação mãe-filho positiva;
Ambiente familiar caótico; Família
numerosa
“Conexão” com pelo menos um
dos pais; Coesão familiar; Família
estruturada; União entre os irmãos
Externos Pequeno ou nenhum apoio
externo
Mais do que quatro eventos
estressantes na vida
Cuidado por adulto além dos pais;
Envolvimento com a escola e/ou
Comunidade; Trabalho em grupo
de amigos; Poucos eventos
negativos na vida; Acreditar em
algo fora de si
Mesmo
Fonte: BLUM, 1997:17
Vários pesquisadores estão investindo na capacidade de se
promover a resiliência, obtendo resultados satisfatórios (MONTEIRO, et al.,
2001), sugerindo algumas estratégias centradas na pessoa, tais como:
1) Redirecionamento do impacto de risco.
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2) Redirecionamento da reação, que se faria por uma trajetória
negativa.
3) Desenvolvimento da auto-estima e do poder de ações
positivas, por meio de relações pessoais, de novas
experiências e de aprendizagem para suplantar desafios.
4) Criação de oportunidades que permitam ao indivíduo ter
acesso a recursos.
A resiliência, portanto, é um fenômeno que pode ser
promovido/aprendido. Costa (1995:12) enfatiza que a resiliência não é
privilégio de alguns.
O estudo sistemático da resiliência nas pessoas e nas organizações revelou que ela não é uma qualidade única e extraordinária, característica intransferível de um grupo especial de pessoas. Não. A resiliência é antes de tudo a resultante de qualidades comuns que a maioria das pessoas já possui, mas que precisam estar corretamente articuladas e suficientemente desenvolvidas.
Vicente (1996) indica a existência de três fatores que promovem a
resiliência:
- O modelo do desafio;
- Os vínculos afetivos e
- O sentido de propósito no futuro.
As principais características que se destacam nas pessoas
resilientes são:
- O reconhecimento da verdadeira dimensão do problema;
- O reconhecimento das possibilidades de enfrentamento, e
- O estabelecimento de metas para sua resolução.
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Sobre os vínculos afetivos, ele afirma que: “A aceitação
incondicional do indivíduo enquanto pessoa, principalmente pela família, assim
como a presença de redes sociais de apoio, permitem o desenvolvimento de
condutas resilientes” (idem, p. 9). Em relação ao sentimento de propósito no
futuro, Vicente identificou que além do sentimento de autonomia e confiança,
encontram-se características, como: expectativas saudáveis, direcionamento
de objetivos, construção de metas para alcançar tais objetivos, motivação para
os sucessos e fé em um futuro melhor.
Dessa forma, desenvolver a resiliência consiste em conhecer a
história do indivíduo, procurar analisá-lo em seu contexto, para então intervir
de maneira apropriada, buscando as razões capazes de motivá-lo e fortificá-lo.
O aprendizado da resiliência, mais que pelo discurso das palavras, ocorre
pelas práticas e vivências, pelo curso dos acontecimentos que as pessoas
incorporam a capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu
crescimento pessoal, social e profissional. Para Azevedo (2000), a resiliência
funda-se numa interação entre a pessoa, enquanto ser humano e o seu eu,
enquanto produto de desenvolvimento, situada num contexto ambiental que ela
influencia e que por ela é também influenciada. Assim, se entendermos a
resiliência como uma capacidade universal, para que esta se desenvolva, é
necessário utilizar os próprios recursos e trabalhá-los em estrita ligação com o
seu meio social e cultural.
2.2 O gestor resiliente e suas competências
A partir das definições gerais acima apresentadas com relação a
origem e fundamentação do termo resiliência, passo a apresentar agora o que
vem se discutindo em relação da mesma com a educação.
As possibilidades da existência de uma escola resiliente só serão
possíveis se os gestores da escola estiverem comprometidos com a proposta,
proporcionando ao corpo docente e discente as condições para tal, visto que
25
os responsáveis por uma instituição resiliente devem ser ágeis apresentando
facilidades frente a diversidade, reajustando rapidamente e sobretudo
encontrando saídas (ANTUNES, 2003).
Visto de forma positiva, a resiliência é um valor a construir, portanto
uma capacidade, no entanto, num prisma negativo uma característica a
lamentar (ANTUNES, 2003). Portanto, podemos sentir alguma empolgação,
pois, historicamente o brasileiro possui forte resistência utilizando tal
capacidade em momentos difíceis economicamente falando, por exemplo,
vestindo-se mal, comendo restos, suportando cargas, etc.
Quanto à existência atualmente de professores resilientes, ainda
são em pequena, mas crescente quantidade. Para Antunes
Professores resiliente, ainda que em baixa quantidade, começam a ocupar as salas de aula, mas prisioneiros de um sistema educacional arcaico que os formou. Em seus empregos desenvolvem programas, estratégias de ensino, esquemas de avaliação e currículos que se opõe a resiliência e, dessa forma não aplicam, seu extraordinário potencial para um processo renovador.
Com a democratização do ensino e a “facilidade” de acesso a
escola aconteceram grandes mudanças. Aquela criança que antes era
afastada dos estudos devido ao trabalho infantil ou por qualquer outra
dificuldade imposta por uma sociedade elitista, conseguiram chegar a sala de
aula. Com isso hoje a quantidade de alunos resilientes é muito grande, muito
mais do que se possa imaginar (ANTUNES, 2003).
Portanto, se há um crescente numero de professores resilientes e
a existência de uma grande quantidade de alunos resilientes, como possibilitar,
ainda que discretamente, uma correção ou adequação ou nova formação para
que seja possível desenvolver e fazer nascer uma escola resiliente, capaz de
criar uma ambiente educacional rico e estimulante e que aprendesse a fazer da
resiliência as características essenciais de seu modelo de organização?
26
Antunes (2003:29-30) aponta cinco princípios básicos para uma
organização resiliente:
1) Crença na capacidade de manter estados de resiliência ou desejo sincero de conquistar os fundamentos dessa capacidade.
2) Cultura. A cultura resiliente pressupõe princípios de auto-
organização, mutabilidade, confiança, liderança e criatividade. Visa sempre desenvolver a confiança entre as pessoas, capacidade amoldável de administração, estratégias de buscas de saídas e relevância de estados de auto-estima e automotivação.
3) Planejamento: uma organização resiliente não brota
espontaneamente, deve ser construída em uma infra-estrutura de flexibilidade e espírito cooperativo, após estudo, reflexão e acurado planejamento dinâmico.
4) Espaço ambiental: o local de operação de uma organização
resiliente pode ser rico ou pobre, suntuoso ou extremamente simples, mas deve propicia nível de flexibilidade e contato entre as pessoas, recursos para atuar com agilidade diante de eventuais imprevistos, meios para ser freqüentemente auto-analisado e exemplos concretos de experiências de proteção ambiental e respeito a vida.
5) As pessoas são o elemento mais importante, pois sintetizam o
núcleo estrutural que incorpora o espírito resiliente. Necessitam ser adequadamente selecionadas, aceitarem suas permanente educabilidades e apresentarem habilidades e competência geradoras de comportamento e atitudes eficazes em ambiente incertos.
De forma resumida, Antunes apresenta as principais características
diferenças entre a Escola Comum e a Escola Resiliente (Ver Quadro 02).
A intenção aqui não é aprofundar o conceito de escola resiliente e
sim, apresentar uma proposta que vem sendo aplicada em algumas escolas
brasileiras através do Projeto Planeta Azul e que possibilitam de como lidar
com a adversidade na escola e na sala de aula, deixando bem claro que, sem
apoio e acompanhamento dos gestores da escola não se consegue alcançar
tal resultado.
27
Quadro 02 – Quadro Comparativo Escola Comum x Escola Resiliente
Escola Comum Escola Resiliente
Fundamentação
Busca ser excelente, mas
destina-se apenas à elite,
currículo enciclopédico,
estímulo à hierarquia e seleção.
Igualdade na oportunidade,
individualidade no tratamento, ensinar
para a vida.
Conteúdos
Representa um fim em si
mesmo.
Inspiram-se na realidade e cotidiano
do aluno; meios para desenvolver
competências e abrir inteligências.
Aprendizagem
Propriedade do professor que a
ministra aos alunos.
Construção natural do aluno,
intermediada pela ação dos
professores, dos colegas e do
ambiente.
Conhecimento
Compartimentado em
disciplinas, privilegiando a
padronização e a memorização.
Construção de conceitos, significação
e sentido e inspira-se no cotidiano do
aluno.
Estrutura
Curricular
Fracionada, estática e linear e
organizada por disciplinas.
Integrada, dinâmica e estruturada em
rede interdisciplinar que permite a
oportunidade de conhecer, fazer,
relacionar, aplicar e transformar.
Organizada por áreas de
conhecimento, tema gerador ou
competências requeridas.
Habilidades
Memorizar, descrever, repetir. Compreender, analisar, sintetizar,
classificar, relatar, aplicar, transferir e
outras.
Sala de aula
Espaço para transmissão de
saberes.
Espaço de reflexão, emprego de
habilidades operatórias e geração de
situações de aprendizagens
transformadoras.
Estratégias de
ensino
Aulas expositivas e trabalho em
grupo fracionado.
Projetos, jogos operatórios e
atividades de pesquisa e conclusão.
28
Atividades
Pedagógicas
Cópia, memorização e
padronização.
Projetos, estudos de caso e resolução
de problemas para desenvolver
competências.
Ação do
Professor
Transmissor de informações e
determinador dos conteúdos a
serem trabalhados.
Facilitador de aprendizagens,
construtor de significações, argüidor,
gerenciador de informações e
incentivador da sensibilidade, da
inclusão e da ética.
Ação do aluno
Passiva, pronta para receber e
memorizar conteúdos
fragmentados e solicitados em
provas.
Ativa, reflexiva e participativa na
construção de conhecimentos e
aplicação dos mesmos em sua vida e
em suas relações interpessoais.
Livros e
apostilas
Com conteúdos voltados para
um fim em si mesmo e
atividades padronizadas.
Um entre os inúmeros recursos
didáticos, como televisão, rádio,
jornais, revistas, computador, vídeos e
muito outros.
Avaliação
Classificatória, excludente e
exaltadora da capacidade de
memorizar.
Diagnóstica da efetiva aprendizagem
e geradora de informações que
possibilitam avaliar o desenvolvimento
e domínio das competências.
Fonte: ANTUNES, 2003:92-94)
2.3 Espírito religioso do gestor como fator positivo ou negativo
do exercício de suas funções.
Quando se diz espírito religioso, logo vem a imagem de alguém que
deseja impingir a fé que professa, que deseja educar de forma confessional,
que se trata da transmissão de conhecimentos religiosos através da educação
etc. Volcan (2003:440) indica que:
Emoções e convicções de natureza não-material, com a suposição de que há mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remete a questões como significado e o sentido da vida, não se limitando a qualquer tipo específico de crença ou prática religiosa.
29
Estudos atuais sobre resiliência indicam que a conscientização em
torno dos valores humanos básicos são fundamentais à melhoria da qualidade
de vida, sobretudo, em contextos marcados pela adversidade. Admite-se
assim, que o objetivo da experiência formativa, mediada filosoficamente por
uma visão integral ou multidimensional, confunde-se com o objetivo de todas
as tradições espirituais: despertar as potencialidades do humano que habita
em cada um de nós. A espiritualidade é um fator de promoção da resiliência
(ASSIS, PESCE & AVANCI, 2006).
O objetivo principal da espiritualidade é a melhoria dos
pensamentos, palavras e ações, afetando o comportamento dos indivíduos,
que passam a ter uma noção mais clara de sua identidade, e dos valores que
necessitam desenvolver para a busca de uma vida melhor. Essa
transformação parte do íntimo de cada um, que busca um contato maior com
os seus sentimentos, posicionando-se diante das situações da vida, de seus
relacionamentos.
A resiliência sintetiza, na verdade, o resultado de intervenções de
apoio, de otimismo, de dedicação e amor que perpassam as relações intra e
inter-humanas.
Desta forma, desenvolver a resiliência, consiste em conhecer a
história do indivíduo, procurar analisá-lo em seu contexto, para então intervir
de maneira apropriada, buscando as razões capazes de motivá-lo e fortificá-lo.
O aprendizado da resiliência, mais que pelo discurso das palavras, ocorre
pelas práticas e vivências, pelo curso dos acontecimentos que as pessoas
incorporam a capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu
crescimento pessoal, social e profissional. E nesse aspecto, os gestores com
espírito religioso com certeza terão mais facilidade de desenvolver e gerenciar
uma escola resiliente.
30
CAPÍTULO III
HISTORICIDADE DO PLANETA AZUL: SUA
CONTRIBUIÇÃO EM ESCOLAS BRASILEIRAS COMO
RECURSOS, CAPAZ DE DESPERTAR DISCENTES E
DOCENTES A CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA.
Instituída no Brasil em 19 de janeiro de 1971, a Fundação Mokiti
Okada - M.O.A., que tem como patrono o filósofo contemporâneo japonês
Mokiti Okada (1882-1955), é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos. Considerada de Utilidade Pública em âmbito Federal pelo Decreto
de Lei n° 89057 de 24 de novembro de 1983, e no estado de São Paulo pelo
Decreto Lei n° 20848 de 14 de março de 1983, atua em todo o território
nacional, desenvolvendo projetos que viabilizam a formação de uma sociedade
harmoniosa e progressista.
Sua missão é pragmatizar a trilogia Verdade-Bem-Belo da Filosofia
de Mokiti Okada, a fim de concretizar um mundo ideal.
Nesse sentido procura criar e desenvolver projetos nas áreas de
educação, cultura, saúde, meio ambiente e assistência social, que promovam
na vida humana a conquista da verdadeira saúde, prosperidade e paz.
Mokiti Okada nasceu no Japão, no bairro de Hashiba, extremo leste
de Tóquio, em 23 de dezembro de 1882. Faleceu em 10 de fevereiro de 1955,
deixando prontas as bases para a construção de um mundo espiritual e
materialmente evoluído, denominado por ele “Paraíso Terrestre”, expressão
que significa a concretização do mundo ideal. Um mundo onde o pensamento,
as palavras e as ações do ser humano se fundamentam na Verdade da Lei da
Natureza, ou seja, no Grande Ordenamento Jurídico Universal, que submete,
regula e harmoniza toda a Criação.
31
Ele realizou estudos sobre diversas áreas do conhecimento
humano, como política, medicina, educação, filosofia, economia, entre outras,
mas, sobretudo, dedicou-se ao estudo da religião, das artes e da agricultura,
apresentando propostas viáveis para um desenvolvimento social integrado.
Incentivou a prática do altruísmo e a apreciação do Belo, como
formas para a elevação da sensibilidade e a aplicação de um método agrícola
sustentável, que preserva o meio ambiente e promove a saúde de produtores e
consumidores, oferecendo alimentos puros e saborosos.
Toda sua filosofia foi estabelecida com base nas Leis da Natureza,
alicerçada nos princípios da Verdade, Bem e Belo. Embora tenha sido escrita
nas décadas de 30 a 50 do século passado, parece ter sido feita para os dias
atuais, pela sua perfeita aplicabilidade na vida cotidiana do homem
contemporâneo.
3.1 A Filosofia
Os órgãos competentes estabelecem as políticas educativas como
um processo permanente de enriquecimento do conhecimento e
principalmente como uma via privilegiada de construção da própria pessoa,
das relações entre indivíduos, grupos e comunidades. Esses propósitos estão
fortalecidos com a preocupação desses dirigentes e suas equipes ao
devotarem atenção as finalidades e aos meios para implementarem o
processo educativo de forma a alcançarem os resultados almejados.
No intuito de materializar cada um desses nobres propósitos,
buscam identificar as características de sua realidade social, para investir com
habilidade e segurança na edificação de medidas e providências que venham
concretizar esses planos com eficácia.
A educação como base de uma sociedade equilibrada, harmoniosa
e feliz impõe cuidados especiais, investimentos maciços e, na maioria das
vezes, os resultados não são satisfatórios, em razão de uma distorção focal
32
materialista, na qual se privilegia o tratamento das conseqüências em
detrimento da prevenção das causas.
Aqui faço remissão ao relatório elaborado para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, onde estão
alinhadas uma série de tensões que constituem o cerne da problemática do
século em referência, a serem ultrapassadas, destacando dentre elas:
A tensão entre a indispensável competição e o cuidado com a igualdade de oportunidades. A pressão da competição faz com que muitos responsáveis esqueçam a missão de dar a cada ser humano os meios de poder realizar todas as suas oportunidades, devendo a educação ocorrer ao longo da vida, de modo a conciliar a competição que estimula, a cooperação que reforça e a solidariedade que une. A tensão entre o espiritual e o material. Muitas vezes, sem sequer se aperceber disso ou sem ter capacidade para o exprimir, o mundo tem sede de ideal ou de valores a que chamaremos morais, para não ferir ninguém. Cabe à educação a nobre tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convicções de cada um, respeitando inteiramente o pluralismo, esta elevação do pensamento e do espírito para o universal e para uma espécie de superação de si mesmo. Está em jogo – e aqui a Comissão ateve o cuidado de ponderar bem os termos utilizados – a sobrevivência da Humanidade.1
O sistema moderno de ensino utiliza-se de recursos como a
matemática, para desenvolver o raciocínio, da leitura para ajudar a escrever
melhor, da arte para desenvolver a sensibilidade, do esporte para interagir no
coletivo, da geografia para explicar fenômenos e fronteiras, da história para
contextualizar, da biologia para analisar e decifrar a vida na terra e de outras
disciplinas para justificar a importância de desenvolver o complexo intelecto-
cultural do homem. Isso é baseado no consenso de que a educação baseia-se
apenas em conhecimento teórico e prático sobre as ciências exatas, humanas
e biológicas. Mas será que todo homem diplomado ou doutorado foi realmente
educado para a vida? Não podemos esquecer que ele não é só corpo e mente.
O homem possui emoções, espírito. E é isso que faz toda a diferença!
1 Educação: um tesouro a descobrir. – 3. Ed. – São Paulo: Cortez; Brasília, Df: MEC : UNESCO, 1999, pp. 15
33
É preciso ficar atento a um detalhe muito importante: No verdadeiro
processo educativo, a internalização dos valores espirituais, morais e éticos
antecedem o conhecimento. A formação do homem antecede a formação
profissional.
Aurélio Buarque define em seu dicionário que EDUCAR É
CULTIVAR O ESPÍRITO. Portanto, o que falta a esses cidadãos é o cultivo do
espírito, sejam eles pobres ou ricos, materialmente falando.
À vista dessas circunstâncias o Projeto Planeta Azul objetivando a
formação integral das crianças, através da atuação em sua base educacional e
cultural vem auxiliando os educadores no trabalho voltado para a
internalização de conceitos espirituais, morais e éticos, incentivando o
desenvolvimento da espontaneidade, vontade própria, iniciativa e criatividade.
Os pais e educadores precisam tomar consciência que para educar
crianças não basta apenas dar a elas uma boa assistência médica, uma boa
escola, boas roupas, cursos de inglês, informática. É preciso ensiná-los a
enfrentar a vida, sem que para isso seja preciso eliminar a própria vida ou a de
outra pessoa, para ser feliz ou vitorioso.
No mundo de hoje, o ser humano tem de crescer para ser vitorioso
diante da sociedade e muitas vezes não consegue se ver vitorioso para si
mesmo.
A criança que aprende desde cedo a cultivar seu espírito, sua
própria vida, sua família, seu planeta e tudo que faz parte dele, será um
homem pronto para usar seu diploma e sua profissão para seu próprio
desenvolvimento e o de toda a humanidade.
O Projeto Planeta Azul através de seus instrumentos para-didáticos
objetiva a formação integral do homem, despertando-o para o espiritualismo e
o altruísmo, fazendo com que o mesmo creia no invisível, ensinando que
existem espírito e sentimento não só no ser humano mas também nos animais,
nos vegetais e nos demais seres. Demonstra através de resultados que é
34
possível equilibrar e harmonizar o nosso planeta através da mudança do nosso
sentimento e com a compreensão do verdadeiro significado da vida e sua
missão.
A Fundação Mokiti Okada, preocupada em encontrar um caminho
para a formação integral do verdadeiro homem, levando-se em conta
principalmente a base do seu caráter, identificou a necessidade de fortalecer
as práticas educacionais com o resgate dos valores espirituais, morais e éticos.
Dessa forma, desenvolveu o PROJETO PLANETA AZUL.
Através dos recursos paradidáticos, o projeto atua auxiliando no
cultivo do espírito e na internalização dos valores morais e éticos, que são a
base do caráter, complementando os demais métodos instrumentalizados para
a formação intelecto-cultural dos educandos.
As crianças de hoje, futuros homens do século XXI, devem ganhar
desde já capacidade, coragem e consciência de que a felicidade só pode ser
conquistada através da prática do amor altruísta.
Para isso, pretende-se que, através do Programa Planeta Azul por
um Mundo Melhor consiga-se:
- Atuar na construção da estrutura de valores da criança,
objetivando a sua formação espiritual, moral e ética, transformando seus
sentimentos e mudando seu comportamento,
- Contribuir para o desenvolvimento de todas as
potencialidades do indivíduo, gerando o sentimento de que o mais
importante não é ser reconhecido como homem inteligente e poderoso,
mas ser amado como um homem íntegro, honesto, altruísta e útil à
sociedade,
- Ensinar o aluno a ser humano, priorizando o caráter, a
bondade, a simpatia, a compreensão, a tolerância e o espírito como
essência de vida. Sem o aprendizado desses conceitos, estará impedido
35
de utilizar outros conhecimentos corretamente, para o bem da sociedade
e o alcance da cidadania almejada por todos,
- Desenvolver no educando a espontaneidade, iniciativa,
criatividade e vontade própria,
- Difundir os conceitos de Felicidade, Cidadania, Organização,
Gratidão, Altruísmo, Respeito, Amizade e Honestidade,
- Desenvolver a capacidade participativa, a colaboração e a
consciência coletiva da criança, através de experiências pautadas na
prática constante dos valores espirituais, morais e éticos,
- Possibilitar a internalização dos conceitos morais e éticos,
objetivando a assimilação e incorporação pelos educandos de novas
atitudes.
3.2 O Gibi
A Revista Planeta Azul – Por Um Mundo Melhor foi desenvolvida
para fortalecer a formação de sentimentos positivos já nos primeiros anos da
infância, atualmente a maioria dos pais encontra-se fora do lar, por razões
diversas, quando os principais problemas na formação do ser humano ocorrem
ficando sem respostas no devido tempo. Nesta fase os problemas são simples
de serem resolvidos, evitando efeitos nocivos tanto na adolescência, quanto na
juventude e na idade adulta. A revista atua nesta fase de forma preventiva
antes que os problemas agravem-se.
Em 1987, surgiu o primeiro esforço através do ensaio denominado
Revista Girassol, direcionada para crianças de pré-escolas, e de escolas do
ensino fundamental. Gradativamente foi encontrando novos desafios e evoluiu
para a história em quadrinhos, hoje na forma da Revista Planeta azul por um
Mundo Melhor.
36
A revista é editada em oito edições anuais e distribuída pela
Fundação Mokiti Okada, correspondentes aos meses do ano letivo, cada uma
composta com histórias verídicas, vividas pelas crianças em sala de aula, em
suas famílias ou na comunidade, e contadas para outras crianças, adaptadas
aos personagens de forma simples e sincera.
Seus personagens representam animais em extinção, abordando
temas como: bondade, cortesia, perdão, respeito aos pais, familiares e ao
próximo, preservação da natureza, organização, limpeza pessoal e em família,
a verdadeira alimentação saudável, arte e beleza, atuando na formação do
caráter altruísta e espiritualista das crianças.
Até o ano de 2007 a seleção das historias publicadas mensalmente,
os temas de formação discutidos com professores, etc, eram movidos pela
emoção dos gestores do projeto, porem, a partir de 2008, houve um
amadurecimento da proposta.
A idéia de promover uma ação pedagógica no âmbito escolar
encontra-se fundamentada no postulado pedagógico da formação do ser
humano íntegro e integral.
Há muito a Pedagogia discute e, ao mesmo tempo, se ressente de
um projeto político-pedagógico capaz de transpor os limites do ensino
propedêutico, alicerçado na transmissão de conteúdos pré-existentes e na
visão restrita da formação tecnicista de crianças, jovens e adultos.
É quase unânime o pensamento dos grandes e modernos teóricos
da educação, a exemplo de Piaget, Vigotsky, Freire, Anísio, dentre outros,
quanto à necessidade da escola orientar-se pela formação do ser humano
íntegro e integral, nas suas múltiplas dimensões, sejam elas intelectivas,
afetivas ou sociais.
É notório o insucesso da instituição escolar quando persiste no
caminho da formação curricular tecnicista, desprezando os fatores ambientais,
37
psicossociais, econômicos, sociais e culturais, que interferem na
aprendizagem.
Impõe-se assim uma revisão da teoria e prática pedagógicas, na
direção e no alargamento das fronteiras da formação humana, aqui entendida
como uma aprendizagem enriquecida pelos pressupostos da ética, da estética
e dos mais nobres valores humanos.
A pretensão da educação de operar como estratégia de
desenvolvimento humano e transformação social sinaliza para uma nova
pedagogia – A PEDAGOGIA DE VALORES.
Foi perseguindo essa nova ótica e ética das relações ensino-
aprendizagem que várias escolas do Brasil identificaram no projeto PLANETA
AZUL da Fundação Mokiti Okada, uma perspectiva prática e inovadora de
construção de valores na formação das crianças.
O projeto Planeta Azul, objetiva oferecer uma metodologia ludo-
pedagógica, baseada em revistas literárias que são elaboradas a partir de
situações e vivências extraídas da realidade das crianças que freqüentam o
ensino infantil e ciclos do ensino fundamental, trabalhando a reflexão teórico-
prática dos valores que habitam ou desabitam o universo simbólico dessas
pessoas. Honestidade, altruísmo, verdade, sinceridade, solidariedade,
fraternidade, gratidão, dentre outros valores são objeto de um diálogo rico e
lúdico entre professores e alunos, sedimentando comportamentos e hábitos
que promovam a sociabilidade, o respeito e a construção de uma vida em
comunidade saudável e próspera para todos.
Desde 2008, ao longo de cada ano letivo é desenvolvida uma
proposta diferente que tem o objetivo de favorecer a formação integral dos
alunos possibilitando e colaborando com a construção do conhecimento sem
fragmentações. O tema principal é “A arte de viver em paz”, que recebe tópicos
adicionais que ampliam o debate sobre a questão, como, por exemplo, “A arte
de viver em paz – em harmonia com a natureza”.
38
Como mencionado anteriormente, as histórias que são
publicadas, são baseadas em experiências vivenciadas pelos próprios alunos.
Chegam a redação do Planeta Azul, centenas de cartas de crianças para os
personagens. Aquelas que trazem experiências relevantes são transformadas
em roteiros e produzidas em novas histórias para serem publicadas em
edições seguintes e que se encaixam dentro da proposta anual.
Para ilustrar, gostaria de apresentar um exemplo. Na cidade de
Guaraquecaba, no Estado do Paraná, chegou para redação do Projeto Planeta
azul a experiência do aluno João, do 3º. Ano do Ensino Fundamental da escola
daquela cidade. Conta ele, que sua tia depois que começou a trabalhar na lan
house que abriu na cidade, trabalha tanto que tem esquecido ate de se
alimentar. Participante do Projeto Planeta Azul e sabedor da importância d
pratica das pequenas ações altruístas ensinado pelos personagens, ele,
preocupado com a saúde da tia, diariamente começou após as aulas, levar
lanche e frutas para ela o que a deixou muito feliz e agradecida.
Os próprios alunos, estimulados pela professora fizeram o roteiro
(Ver Quando 03) da experiência de João, adaptando-a para os personagens
da Revista Planeta Azul.
Quadro 03 – Roteiro da Historia Horário das Refeições
CENA TEXTO
Dra. Ararilda finalizando aula de ciências (lousa com desenho de relógio, escrito “café da manhã”, “almoço”, “jantar”) diz aos alunos enquanto Dourado fala:
Dra. Ararilda: - Respeitar os horários das refeições é muito importante. Dourado: - Sabe Dra. Ararilda, minha tia não respeita.
Cena da sala, mostrando os alunos, Cascudão pergunta e Dourado responde:
Cascudão: - Como assim Dourado ?!?!?! Dourado: - Ela trabalha na loja de roupas, e corre tanto que nem se lembra de comer.
Flora fala, Abelhuda completa, e Dourado finaliza:
Flora: - Ela precisa se cuidar. Abelhuda: - Senão vai acabar adoecendo.
39
Dourado: - Eu cuido para que isso não aconteça.
Dra Ararilda questiona: Dra Ararilda: - Como assim Dourado ?
Cena de pensamento de Dourado (saindo da escola e indo para casa) que narra a história:
“Todo dia quando saio da escola vou em casa buscar algo para ela comer ....”
Cena da casa de Dourado, sua mãe embrulhando algo e dizendo:
Mãe de Dourado: - Leve para sua Tia, ela deve estar faminta ....
Nova cena de pensamento, dessa vez a tia na loja, atendendo clientes, escuta um ronco de sua barriga.
“Outro dia ela me disse, que escuta sua barriga roncar de tanta fome ....”
Cena de Dourado entrando na loja e sua tia vindo ao seu encontro dizendo, e Dourado respondendo:
Tia do Dourado: - Obrigada Dourado, você é demais ...
Dourado finaliza dizendo enquanto sua tia o abraça toda feliz:
“Ela fica feliz eu mais ainda por poder cuidar dela ....”
Cena da sala de aula, Dra Ararilda parabenizando Dourado que completa:
Dra. Ararilda: - Parabéns Dourado pelo cuidado e amor por ela .... Dourado: - Só que hoje vou dar uma bronca nela !!!
Todos da Turma surpresos questionam: Todos: - Bronca ?!?!?!?!?!?
Dourado finaliza enquanto todos gargalham:
Dourado: - Sim, pois ela terá que aprender a respeitar os horários das refeições ... Todos: - Ha ha ha
Feito o roteiro e aprovado pela equipe pedagógica o mesmo é
encaminhado para que a arte seja elaborada. Repara-se que houve uma
mudança no local de trabalho da tia para que não pudesse ser causado algum
estimulo para freqüência a lan house pelos alunos. A historia foi publicada na
edição 111, do mês de agosto de 2010 da Revista Planeta Azul (Ver abaixo).
40
41
42
43
3.3 Desenvolvimento do Projeto na Escola
Seu inicio tem como primeira ação a Campanha do Obrigado. É
um movimento, que tem a intenção de trabalhar o conceito de gratidão numa
parceria assumida pelos educadores, crianças e pais, onde se faz necessário
que a criança possa conhecer desenvolver os conceitos e para isso, todos
ficarem atentos a observação de sempre verem o lado positivo de tudo que
acontece e manifestar gratidão em qualquer circunstância.
É uma ação completa que faz bem a quem agradece e alimenta o
coração de quem recebe o agradecimento. E este acúmulo de práticas
virtuosas fará da criança uma pessoa virtuosa.
Esta campanha certamente será um poderoso instrumento para
desenvolver a iniciativa, a vontade própria, a espontaneidade e a criatividade
d8a criança, bem como para promover a transformação do seu comportamento
e o aproveitamento nas salas de aula.
A prática voluntária do bem fará com que ela se sinta útil e amada
pelas pessoas com as quais convive em sociedade. Além do mais, fortalecerá
seus laços de amizade, aumentando sua auto-estima.
O ato de fazer algo em favor do outro é o mesmo que para si
mesmo. É uma forma de praticar o amor-próprio, o respeito, a
responsabilidade e a compreensão. Nada mais promove a saúde do corpo e
da alma do que o espírito de gratidão.
Há de acontecer uma preparação para o inicio, o lançamento, que
será o marco do inicio da Campanha do Obrigado. O professor deverá
promover aos alunos, a confecção de algum estimulo, que ser oferecido pelos
alunos à aquela pessoa do qual receberão o primeiro obrigado da Campanha.
O objetivo da Campanha do Obrigado, é fazer com que os alunos recebem no
mínimo 10 “obrigados” por dia.
44
Esse estímulo poderá ser um acróstico, um origami, ou qualquer
outra coisa, desde que seja produzida pelo próprio aluno, e no ato da
confecção, caber ao professor promover um ambiente satisfatório, com música
que promovam um ambiente de tranqüilidade (músicas clássicas, serenas),
direcionando o momento deles à aquela pessoa que será premiada com o que
ele está fazendo. O professor deverá orientar ao aluno escolher uma pessoa
muito especial para ele.
O aluno João da historia referida anteriormente sentiu-se estimulado
pela Campanha do Obrigado e desta forma passou a ter um olhar mais
cuidadoso com sua tia.
Vale lembrar, que o professor recebe junto com cada edição, o
Ponto de Apoio, material produzido para os educadores que indica uma série
de sugestões de como trabalhar as historias da revista do mês com seus
alunos, alem de textos e artigos com temas relevantes para estudos.
3.4 Atividades de espiritualidade como instrumentos de
colaboração para o surgimento da capacidade de Resiliência
Alem de toda possibilidade que a geração das historias possibilita,
visto que os próprios alunos são protagonistas, e de forma simples retratam o
seu cotidiano, promovendo assim melhoria na auto-estima, conhecendo a
importância de ser grato em qualquer circunstancia, ver sempre lado positivo
das coisas, proporcionando nesta fase importante da vida em que são
consolidados os valores que servirão de base para o resto de suas vidas, o
Projeto Planeta Azul sugere a pratica de algumas propostas do exercício de
espiritualidade ao longo do desenvolvimento do trabalho e que as denominam
ATIVIDADES PERMANENTES que podem ser aplicadas de maneira simples e
acessível.
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São sugestões de propostas que possibilitam colaborar a formação
dos alunos no que se refere aos aspectos social, afetivo, cognitivo e
emocional, e ainda pretendem contemplar o sentido da verdadeira educação –
compreendida pelo Projeto Planeta Azul como sendo aquela que desenvolve o
autoconhecimento, o cuidado para com o outro e a responsabilidade pela
preservação e perpetuação do ambiente planetário. São indicadas ao longo do
ano como sugestões nos Pontos de Apoio com as historias que possibilitam
realizá-las.
Eis as mais importantes:
• Campanha do Obrigado
Já explicada detalhadamente anteriormente.
• Ikebana (arranjos florais)
A missão da flor é alegrar a vida através de sua beleza e com isso
purificar a atmosfera espiritual e elevar o indivíduo através do Belo, assim,
sugerimos preparação de arranjos florais pelos alunos e professores. Essa
atividade visa desenvolver a sensibilidade e o equilíbrio necessários à boa
convivência. Quando preparam os Ikebanas (arranjos florais), alunos e
professores são levados a refletir sobre a beleza das flores e a missão que as
mesmas possuem em suas vidas. Os momentos para realização das
confecções dos arranjos florais são sugeridos ao longo do ano letivo.
• Horta
O trabalho da horta conscientiza o aluno sobre a qualidade dos
produtos que consome no dia a dia e apresenta uma possibilidade mais
saudável para se cultivar esses alimentos – a agricultura natural, método
preconizado por Mokiti Okada. Essa proposta propicia o contato com
46
elementos da Natureza e desperta na criança o desejo de cuidar e preservar a
vida.
Mesmo sem espaço na escola para elaboração da horta em
canteiros, é possível realizar essa atividade através de oficinas que são
sugeridas e orientadas ao longo do ano letivo.
• Cozinha Experimental
Esta é uma atividade que tem por finalidade enriquecer os
conteúdos e os conceitos trabalhados a partir do preparo de alimentos. Na
cozinha, além de serem desenvolvidos conceitos de todas as disciplinas
(frações, quantidades, pesos e medidas, valor nutricional, cores, formas
geométricas, diversidade cultural...), também são desenvolvidos valores e
atitudes quanto a gratidão pelo agricultor, pelo alimento a mesa, à higiene,
desperdício, reaproveitamento, etc.
Os ingredientes de cada receita devem ser divididos pelas crianças
do grupo, favorecendo, assim, o desenvolvimento da responsabilidade e o
comprometimento com a realização da atividade.
Sugestões de receitas mais saudáveis são indicadas ao longo do
ano letivo.
• Relaxamento
Ao contrário do que se pensa o Relaxamento não traz em si a idéia
de “acalmar” o aluno e com isso fazê-lo “prestar mais atenção” na aula. O
princípio e o motivo principal desta é aproximar o máximo possível a freqüência
cerebral (ondas) dos alunos, através de exercícios de respiração, e com isso
“preparar” o cérebro para receber os conhecimentos do dia de trabalho.
47
Os relaxamentos podem acontecer com uma música baixinha, em
que a professora orienta o aluno a perceber sua respiração, fazendo
movimentos de alongamento do corpo; também pode promover “viagens
imaginárias” envolvendo lugares paradisíacos, cores, sons...
• Livro da Aprendizagem
Esta atividade consiste na abertura de um caderno para registro
diário de uma aprendizagem ou acontecimento relevante no dia de trabalho da
turma. O próprio grupo decide o mecanismo de produção, que pode ser uma
dissertação, um desenho, uma técnica de artes e ou qualquer outra forma de
expressão e comunicação que revele a emoção e o sentimento dispensados
durante a realização da atividade; cabe ao grupo ainda definir o critério de
seleção do aluno que fará o registro do dia (sorteio, ordem alfabética, etc.),
bem como selecionar dentre as atividades propostas a que será impressa no
material. O material produzido será riquíssimo para seleção de argumentos
(experiências vivenciadas pelos alunos) para futuras publicações na Revista
Planeta Azul.
• Pensamento da Semana
Junto com cada edição do Ponto de Apoio (material produzido para
os professores) sugere-se um Pensamento, uma mensagem (ou pode ser
utilizado qualquer outro), que determina a prática da semana que visa a
reflexão dos alunos sobre os valores e as posturas positivas que devemos
desenvolver para com o outro e perante a vida. O Pensamento deve ser lido
diariamente (no início da aula) e, durante a semana a turma deve realizar um
trabalho com o Pensamento em questão, envolvendo o conteúdo programático
da série. Pode ser um cartaz, um jogral, uma musica, dança, etc.
48
• Musicas do Projeto
Através de temas educativos, os alunos irão resgatam valores já
esquecidos. As letras e as melodias mudam o sentimento das crianças, como
conseqüência, as atitudes.
Os ritmos são variados, modernos, passando por pagode, reggae,
sertanejo, forró e axé. Há músicas que lembram a década de 70, ou ainda
temas, mais clássicos, como valsas, operetas, e músicas lentas, como a
canção “Por um Mundo Melhor”.
3.5 Caracterizações de pessoas e ambientes resilientes em
escolas
Para comprovar a possibilidade da caracterização de pessoas e
ambientes resilientes em escola, nada melhor que a própria pratica. Pretendo
apresentar a segui algumas experiências que aconteceram em algumas escola
escolas brasileiras a partir da participação das mesmas no projeto Planeta
Azul.
.
3.5.1. – Uma experiência pessoal
No ano de 2004, tive oportunidade de estagiar na EI Jardim
D’Yasmin, escola de Educação Infantil na cidade de São Paulo, onde,
semanalmente ministrava aulas de Educação Ambiental para todos os alunos,
divididos em dois grupos: pela manhã Maternal e Jardim I junto e à tarde
jardim II e Pré. Destaco algumas das atividades desenvolvidas:
Campanha do Obrigado com os docentes da Escola
Como sugestão da mantenedora da Escola, numa reunião
pedagógica realizou-se como atividade a Campanha do Obrigado. Foi
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interessante, pois assim, durante uma semana, praticaram entre eles ações
para receberem os “obrigados”, vivenciaram a Campanha antes que fosse
aplicada aos alunos, acho que essa iniciativa foi muito válida, pois o olhar dos
educadores e outros funcionários da escola, quando de iniciativas dos alunos
em servir, estariam mais atentos a entender o processo, e assim, até valorizar
essas ações.
Cabe destacar, que nesse momento de realização com os
professores, houve reflexões pertinentes ao tema Gratidão, ao Perdão, a
Magoas, Ressentimentos, etc., e foi a partir desse dia, que alguns “nós” que
existiam entre alguns docentes da escola foram desatados.
Campanha do Obrigado com os Alunos
Maternal e Jardim I
Para esse grupo de alunos, fiz uma atividade bem lúdica, como
ainda não sabem ler, nesse dia não fiz uso da Revista, falei apenas das coisas
boas que temos na vida e para quem temos que agradecer.
A Campanha do Obrigado eu disse a eles que era um campeonato,
e sempre interagindo com eles, fomos definindo as regras. Montamos um
painel, com o nome de cada um deles, e diariamente seriam anotadas as
quantidades de “obrigados” que teriam recebido. Eles ficaram empolgados e
de pronto começaram a agir para acumular pontos no placar.
Como estimulo para receberem o primeiro “obrigado”, distribui a
eles, aleatoriamente, figuras dos personagens, que iriam colorir e oferecer a
alguém, e aproveitei esse mesmo material, para apresentar a cada um deles,
quem eram cada um dos personagens, que animais eram, onde vivem, etc.
Nesse dia vivencie um episodio muito interessante: ao perguntar a
um dos alunos do Jardim I, o que eu poderia fazer para “Tia Paula”, que ela
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ficaria feliz, feliz e me diria “obrigado”, ele disse: - “Dorme com ela”. Desviei a
atenção e continuei a atividade. Depois da aula, em conversa com a
mantenedora da escola, relatei a ela sobre o que o aluno tinha me dito. Ela me
ensinou uma coisa que nunca mais esquecerei: indagou-me se não tinha
filhos, disse que sim, e se nunca elas tinham pedido para dormir comigo. Por
que criança gosta de dormir com o adulto? Pois é, o que o aluninho quis dizer
era que “Tia Paula” ia ficar feliz pois ia se sentir segura, protegida, de fato, a
perversidade ocorreu em minha cabeça. Desse dia em diante sempre quando
uma criança me diz algo que parece ter conotação “maliciosa”, procuro ler
antes o seu mundo.
Jardim II e Pré
Como os alunos dessas duas turmas já estavam alfabetizados, o
lançamento da Campanha do Obrigado já foi mais direta, fizemos a leitura da
historia principal, montamos o mini arranjo, etc. Não houve nenhum fato que
surpreendesse, uma vez que todos eles já conheciam a Revista e seus
personagens.
Porém, como fechamento da Campanha do Obrigado, os alunos
produziram O livro dos Obrigados, e nele registraram o obrigado mais
significativo que cada um deles recebeu.
O poder da Palavra
Foi cozido um pouco de arroz, só com água, e colocado em dois
vidros iguais e limpos. Num deles, os alunos colocaram a identificação de uma
palavra positiva e no outro uma com uma palavra negativa, escolheram AMOR
e RAIVA respectivamente. Os vidros foram colocados em ambientes diferentes
da escola.
51
O vidro identificado com AMOR, os alunos foram orientados para
que todas vezes que por ele passassem, manifestassem palavras de carinho e
de afeto, enquanto que do outro, o da RAIVA, fizessem o contrário,
expressassem palavras negativas, de tristeza, etc.
Durante um mês os vidros foram deixados nesses ambientes
diferentes da escola e foram tratados dessa forma, e foi com as características
abaixo que cada um deles ficou:
Foi surpreendente a deteriorização do arroz contido no vidro da
palavra RAIVA, enquanto que o do AMOR manteve-se branquinho como no
inicio.
Foi discutido com os alunos e feita uma analogia de como nosso
corpo reage quando ouvimos palavras carinhosas, de elogios de quando
ouvimos lamurias, reclamações, criticas, etc. Com isso, passaram todos a
controlar a palavra que dirigia aos seus amiguinhos, uma vivencia
extraordinária.
Há de se ressaltar que sempre os exemplos de boa palavra, de
conduta, de carinho, respeito, etc, buscavam sempre na imagem de um dos
personagens da Revista Planeta Azul.
Horta na Escola
Fizemos uma experiência com os alunos, plantando algumas
verduras e legumes no espaço que havia na escola. Nesse dia, fiz uso de
marionetes dos personagens do Planeta Azul para introduzir algumas questões
aos alunos e convidei um colega de trabalho, engenheiro agrônomo, que
voluntariamente foi dar explicações aos pequenos.
Falou sobre o solo, os microorganismos, minhocas, sementes,
cuidados que se deve ter com os passarinhos, sobre adubos, cuidados diários
para se aguara em horário corretos, até chegar o dia da colheita. E foi tão
52
significante para eles, pois dias seguidos explicavam cada detalhe que meu
amigo agrônomo tinha ensinado a eles.
O dia da colheita foi espetacular. Colocaram a semente e 40 dias
depois colheram um rabanete, era mágica a fisionomia deles. Levaram para
suas casas, e a maioria deles, pela primeira vez comeram rabanete.
Cabe ainda salientar, que durante esse mês de cuidados com a
horta, foi trabalhado sobre as frutas, legumes, verduras, suas épocas, seus
componentes nutricionais, sempre com o personagem Zé Minhoca do Planeta
Azul ensinando a eles.
Achei importante citar essa minha experiência pessoal em sala de
aula, valendo ressaltar o apoio que foi recebido da mantenedora da escola
para realização dessas atividades.
Cabe destacar ainda, que as adversidades não são privilégios de
escolas publicas, visto que o que presenciava nessa escola em que estagiei
problemas graves que envolviam a todos, desde funcionário, professores,
familiares dos alunos, etc. E a mantenedora, com seu espírito religioso e alta
espiritualidade, sempre utilizava as praticas básicas do Projeto planeta Azul
para orientar os envolvidos nas situações e possibilitar aprendizado e
crescimento.
3.5.2. – Classe Especial
Profa. Raquel leciona para uma Classe Especial na EE Jardim
Campo de Fora em São Paulo, Capital, com 15 alunos, na faixa dos 8 aos 15
anos. São crianças de problemas físicos e mentais variados, alguns deles até
dependentes, usam inclusive fraldão. Tive oportunidade de conhecer um pouco
de seu trabalho durante algumas visitas que fiz à escola, uma vez que passou
a utilizar o Planeta Azul com os alunos.
53
A Campanha do Obrigado ocorreu de forma convencional, mas o
que surpreendeu nesse grupo de alunos durante o período da Campanha do
Obrigado, foi eles terem escrito o roteiro de uma peça teatral com o tema
Gratidão. Segundo a profa. Raquel, o entusiasmo dos alunos foi tão grande,
que queriam que fossem convidados os colegas de outras classes para
assistirem a apresentação da peça. Queriam apenas alguns, quando se deram
por conta, quase todos os outros alunos da escola passaram pela classe desse
alunos e assistiram a peça.
Eles próprios que providenciaram cenário, figurinos, numa iniciativa
que até então não tinham, pois como citado anteriormente, são muito
dependentes. Profa. Raquel atribui a Campanha do Obrigado, à prática de
boas ações que incentiva, a solidariedade, como agentes provocadores dessa
mudança entre seus alunos.
Os alunos dessa classe especial demonstram grande carinho entre
eles. Quando um deles participa da aula, falando alguma coisa, todos os
outros aplaudem, abraçam, é emocionante a forma como eles se relacionam,
quando um demonstra dificuldade, outros são solidários e correm apara ajudar.
3.5.3. – Classe de Recuperação de Ciclo
Professora Sueli foi convidada pela diretora da EE Jardim Campo de
Fora, em São Paulo, Capital, assumir uma sala projeto de recuperação de
ciclo. Essa sala era composta por alunos repetentes da 4ª. Série e por alguns
alunos que por meio da INCLUSÃO vieram da classe especial.
Era sua primeira experiência com esse tipo de alunos, achou que
não daria conta, tamanho eram os problemas que apurou no dia a dia da
classe.
54
Foi quando, ao conhecer o Projeto Planeta Azul, viu nele a
esperança, e com isso ganhou forças para cumprir seu trabalho com os
alunos.
Professora Sueli contou em visitas que realizei na escola, um pouco
de sua vivencia com o Planeta Azul:
Campanha do Obrigado
Nessa Campanha, através do afeto e do carinho, os alunos
passaram a se respeitar mais, pois, para ganharem o “obrigado” passaram a
mover ações que até então não tinham. O interessante era que, sempre
ficavam atentos em fazer coisas que agradassem a professora, e quando isso
não acontecia, logo iam se desculpar.
Caíque, aluno que veio da classe especial, era um aluno muito
agitado, se irritava quando as coisas não aconteciam do seu agrado. Hoje é
um aluno calmo, até sua bisavó outro dia esteve na escola e disse a profa.
Sueli que Caíque estava fazendo coisas que não era acostumado fazer em
casa, como por exemplo, ajudá-la nos afazeres de casa.
Como usa nas disciplinas?
1. Língua Portuguesa
A professora Sueli contou que, sempre faz a leitura de todas as
historias com os alunos, enfocando sempre a atitude dos personagens em
situações, abre debates, e em ocasiões que julgava necessário em alguma
situação que acontecesse, pergunta aos alunos, se fosse determinado
personagem, como ele reagiria ? Usa também a escrita com aqueles que ainda
não conseguem ler, através de cópias dos textos dos balões.
55
Disse que, todos seus alunos escreveram uma carta ao seu
personagem preferido. Os alunos achavam que a carta que ficaria lá na escola,
ela disse que não, que ia ser mandado lá para o Planeta Azul mesmo. Quando
chegaram as cartas com as respostas lá do Planeta Azul, conta ela que quase
explodiram de emoção, talvez pela primeira vez em suas vidas que estavam
recebendo uma carta.
Outra emoção forte aconteceu quando, no cantinho do leitor de uma
edição da Revista Planeta Azul, saíram cartas dos alunos de sua classe.
Ficaram radiantes, até a mãe de Donizete, aluno que também veio da classe
especial, veio falar para profa. Sueli que seu filhos não falava mais “palavrões”
como antes, e como o nome dele saiu nessa revista, quis saber onde comprar
para dar aos seus familiares, de tão orgulhosa que estava do filho.
2. Artes
Tinha dificuldade de desenvolver atividades com desenho com os
alunos, pois eles sempre diziam não serem capazes de desenhar. Porém,
numa atividade em que fariam desenho de seu personagem preferido, foi
surpreendente o entusiasmo deles e a felicidade do trabalho que produziram,
recuperando ainda mais a auto-estima deles.
Houve uma experiência muito interessante relatada pela aluna
Karen, que disse um dia a professora ter aprendido a arrumar a mesa para
servir as refeições que nem “Flora” arrumou na história. Profa. Sueli aproveitou
o gancho da aluna e naquele dia todos os alunos debateram de como podem
arrumar a mesa em suas casas bem bonita, colocando mais beleza na mesa.
3. Geografia
Baseado numa história onde um dos personagens vive uma
situação do caminho da escola para sua casa, profa. Sueli pediu aos seus
56
alunos que observassem os trajetos de sua casa até à escola, e fizessem uma
comparação com o trajeto daquela história. Foi interessante, pois os alunos
perceberam, por exemplo, o quanto de lixo tem na rua, como são as pessoas,
como se comportam, o tipo de casas, prédios, comércios, etc, entre outros
detalhes que nunca tinham percebido.
3.5.4 – O professor na historia publicada
Em outubro de 2009, quando realizava um encontro de formação
com professores da EM Carlos Murion na cidade Salvador, no Estado da
Bahia, indaguei ao grupos que naquele ano apenas duas historias daquela
escola haviam sido publicadas ao longo do ano nas edições da Revista
Planeta Azul.
Infelizmente falta formação aos professores para terem seus olhares
mais apurados ao cotidiano do que acontece e do que seus alunos são
capazes de fazer e de certa forma surpreenderem com suas ações altruístas.
Após rápida explanação de alguns exemplos de outras escolas,
começaram a citar dezenas de exemplos de praticas, porem, naquela ocasião
soh era possível uma historia apenas, visto que estava sendo finalizada a
edição do próximo mês e restava roteirizar mais uma experiência para ser feita
a arte da mesma. Pedi que selecionassem a melhor na visão deles e que o
próprio grupo fizesse o exercício de criar o roteiro a partir da experiência.
Selecionaram a experiência contada por profa. Ana Gelma, que
lecionava para uma turma do 3º. Ano do Ensino Fundamental.
Ana Gelma aniversaria em janeiro, portanto, sempre longe de seus
alunos por conta das férias escolares. Certo dia, ao chegar para mais um dia
de trabalho em sua sala de aula foi surpreendida pelos seus alunos. Para
agradar a sua querida professora prepararam uma linda surpresa para
comemorar o seu aniversário em uma data fictícia.
57
Quando viu sua historia publicada na edição 106 da Revista Planeta
Azul com o titulo Agradando com criatividade, andava com o exemplar sempre
em mãos para mostrar a todos a sua historia e o grande carinho de seus
alunos.
A partir dessa experiência, a professora disse que se ela, adulta,
mais de 40 anos de idade, não cabia dentro dela tamanha emoção pela
publicação de sua historia, imagina o que isso representa para os alunos.
3.5.5 – Exemplos de promoção de auto-estima na família
Também da EM Carlos Murion de Salvador, Bahia, apresento duas
experiências d que serviram para motivar as famílias dos alunos com relação a
auto-estima.
Caíque, aluno do 3º ano do Ensino Fundamental, ao finais de
semana acompanha a mãe a praia. Enquanto ela trabalha em um quiosque,
ele brinca e se diverte. Num determinado dia, Caíque observou que um garoto
que soltava pipa na praia, cravou a lata de linha na areia para ir de encontro ao
pai que vinha com um sorvete para ele. Caíque observou que a lata de linha
estava saindo da areia e correu para segurar, salvando assim a pipa de se
perder. O garoto ao voltar junto com o pai, ficou muito agradecido a Caíque por
ter segurado a lata com a linha de sua pipa.
Essa historia foi publicada na edição 98 da Revista Planeta Azul
com o titulo Dia de sol na praia, e quando a mãe de Caíque tomou
conhecimento da publicação, e que ocorreria uma tarde de autógrafos, em que
seu filho iria ser homenageado, correu para a escola, queria falar com a
diretora, queria de qualquer jeito mais um exemplar daquela revista para
mostrar a sua patroa que seu filho tinha saído na revista e tinha se tornado
famoso.
58
Até então a relação dessa mãe com Caíque era levada por severas
discussões, brigas, ela pouco participava junto a escola, porem, daquele dia
em diante, a relação deles se tornou de fato uma relação de mãe e filho, a em
sala de aula o aproveitamento do garoto tornou-se mais satisfatório, conta a
diretora da escola.
Outro aluno dessa mesma escola, do 4º. ano do Ensino
Fundamental, contou que um dia vindo de ônibus para escola, percebeu que o
motorista demonstrava algum cansaço. Preocupado, aproximou-se do mesmo
e começou a conversar com ele, perguntar sobre seu trabalho, se era difícil
dirigir, etc., para que despertasse do cansaço e chegasse com segurança a
escola. Agradecido o motorista ao final se ofereceu para ir a escola um dia
falar sobre seu trabalho e sobro o transito.
Sua história foi publicada na edição 112 da revista Planeta Azul com
o titulo Querido Diário – A caminho da escola. Coincidentemente, na mesma
semana em que receberam o exemplar na escola, um jornal local fazia
reportagem sobre a escola. Falando dos projetos desenvolvidos, a diretora
contou a repórter sobre o Projeto Planeta Azul e citou o exemplo desse aluno e
mostrou a revista que a historia havia sido publicada. A publicação da historia
desse garoto no jornal local fez com que ele passasse a ser reconhecido pelas
pessoas no bairro. Disse então que, para ser famoso não precisa fazer algo
tão grande ou ter muito dinheiro, basta ajudar as pessoas, e que teria que se
comportar melhor ainda depois disso, pois os outros estariam de olhos mais
atentos nele, contou o garoto. O pastor da igreja em que a família freqüenta
para homenagear o menino, ofereceu as dependências da biblioteca da igreja
e ainda salgadinhos e refrigerantes para os convidados na tarde de autografo.
Sua mãe enviou uma carta de agradecimento a escola, dizendo que
aquele momento na vida do filho foi um marco para transformação dele e de
sua família.
59
3.5.6 – Lição de responsabilidade
Sempre que visito a EM Henrique Brod na cidade de Toledo no
Paraná, a diretora juntamente coma professoras das turmas inseridas no
Projeto Planeta Azul preparam sempre alguma surpresa. No primeiro semestre
de 2010, prepararam uma apresentação teatral pelos alunos e e seguida
iríamos nos confraternizar num café da manha coletivo, cada aluno trazendo
algo, inclusive os alunos da turma da tarde vieram a escola para participarem
juntos.
Foi emocionante, o brilho no olhar das crianças, a satisfação dos
professores e da diretora durante a apresentação, perfeito. Mas o melhor eu
ainda estava por saber.
Durante a confraternização do café da manha coletivo, a diretora
veio me apresentar Hugo, aluno do 3º. ano do Ensino Fundamental que tinha
sido foi um dos participantes centrais da apresentação do teatro.
Contou a diretora que no dia anterior, Hugo, retornando para casa
foi atropelado por uma motocicleta sendo resgatado e levado para o hospital
da cidade. Mais tarde, no hospital, o medico passou para avaliar o garoto e
disse que estava tudo bem, porem, ele ficaria internado para observação ate o
dia seguinte, visto que ele havia batido com a cabeça.
Hugo começou a chorar, disse que não podia ficar, que teria que ir
embora. A enfermeira o tranqüilizou dizendo que não tomaria injeções, qe
penas ficar ali deitadinho vendo TV. Ele continuava a dizer que não podia ficar.
O medico perguntando o por que, recebeu do garôo a seguinte resposta: “-
Amanhã na minha escola vamos receber o coordenador nacional do Projeto
Planeta Azul, irei participar da apresentação do teatro, não posso faltar, por
que senão não dará certo, por favor ....”. A mãe do garoto explicou ao medido
do que se tratava e ele liberou para que fosse, mas que tão logo acabasse a
apresentação, ele voltasse para ser avaliado.
60
Não resisiti e vim as lagrimas. Quantas pessoas por muito menos
deixam de cumprir compromissos se justificando? Alem disso, o carinho e
admiração do garoto pela proposta do projeto, me faz acreditar cada vez mais
que é possível reverter situações, trabalhar a adversidade de maneira positiva,
basta criarmos oportunidades para isso.
Sua historia foi publicada na edição 109 da Revista Planeta Azul
com o titulo Querido Diário – Lição de Responsabilidade.
3.5.7 – Estamos todos distraídos
Ainda da cidade de Toledo no Paraná, mas da EM João Carlos
Treis, conheci a historia de Jean, 3º ano do Ensino Fundamental.
Sempre que visito escolas participantes do projeto Planeta Azul,
gosto de interagir, mesmo que rapidamente, com cada uma das turmas.
Naquele dia, perguntei a turma de Jean, o que estavam fazendo
para receber os “obrigados” na pratica das ações altruístas da Campanha do
Obrigado.
Jean disse que no ano anterior recebia menos, mas que esse ano
estava recebendo mais. Perguntei o por que e ele disse que no ano anterior
ele estava meio atrapalhado, e assim não conseguia ajudar nem a mãe e nem
a irmã.
Abrimos uma discussão. Será que estamos atrapalhados ou
distraídos? Será que quando um grupo de jovens está num ônibus e entra uma
senhora grávida ou algum idoso, eles desconhecem que tem que ceder o
lugar? Concluímos que não, andamos tão distraídos que nem percebemos o
que as pessoas ao nosso redor precisam que façamos para ajudá-las.
No final da visita a diretora da escola revelou que Jean no ano
passado havia tido problemas em casa e que havia fugido, ficando três dias
61
desaparecido e que na ocasião quase fora encaminhado ao Conselho Tutelar
da cidade. Disse que a participação da turma de Jean no Projeto Planeta Azul
proporcionou uma reviravolta positivamente falando em sua vida. Tornou-se
doce, meigo, atencioso e seu rendimento na sala de aula também melhorou
satisfatoriamente
Sua historia foi publicada na edição 109 da Revista Planeta Azul
com o titulo Estar atento e prestativo.
.
62
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio a tantas mudanças de ordem social, política, econômica,
filosófica e diante da violência estrutural que vem invadindo os portões da
escola, a formação de professores não pode se configurar exclusivamente pela
ênfase em técnicas e metodologias de ensino, mas, deve ser incluída a
capacidade de interpretar os acontecimentos e posicionar-se frente aos
mesmos.
A resiliência, é um elemento positivo de sensibilização, atenção e
conhecimento para o professor enfrentar com adequação os problemas que
surgem ao longo de sua caminhada. As qualidades dos resilientes permitem
curarem-se de feridas dolorosas, assumirem suas vidas e irem em frente para
viver e amar plenamente.
Ficaria dias escrevendo exemplos e mais exemplos de pequenas
praticas capazes de transformar o destino de alunos e professores participante
do Projeto Planeta Azul.
Ficou evidente que, sem a participação dos gestores no processo,
apoiando e estado ao lado do professor nas situações de adversidades, talvez
nem toso conseguissem alcançar os resultados que foram colhidos.
Esta pesquisa possibilitou conhecer um pouco sobre a resiliência e
o quanto o Projeto Planeta Azul serve de instrumento de parceria na formação
de pessoas e ambientes resilientes.
Pretendo num futuro bem próximo aprofundar esse estudo quem
sabe numa tese de mestrado.
63
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
ASSIS, S. G. de. ; PESCE, R. P.; AVANCI, J. Q. Resiliência: enfatizando a proteção dos adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2006. ANTUNES, Celso; Resiliência - A construção de uma nova pedagogia para uma escola publica de qualidade. Petrópolis: Vozes, 2003. AZEVEDO, J. Resiliência del adolescente e sus componentes emocionais durante su desenvolvimento. Publicado no site: www.monografias.com. Lisboa, 2000. BLUM, R. W. Risco e resiliência. Sumário para desenvolvimento de um programa. In: Adolescência Latinoamericana 1414-7130/1-16-19, 1997.
BOWLBY, J. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes, 2002. CYRULNIK, B. Os patinhos feios. São Paulo: Martins Fontes, 2004. COSTA, A. C. G. Resiliência. Pedagogia da presença. São Paulo: Modus Faciend, 1995. FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão escolar in Supervisão Escolar: Novos Desafios e Propostas. Ana Machado, web artigos, publicada em 12/10/2007. www.webartigos.com.br. FILHO, Geraldo Francisco. A Educação Brasileira no contexto histórico. Campinas, SP: Alínea, 2001. MONTEIRO, D. S. dos A.; PEREIRA, L. F.; SARMENTO, M. R. MERCIER, T. M. de A. Resiliência e pedagogia da presença: intervenção sócio-pedagógica no contexto escolar. Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia – Faculdade de Comunicação e Educação, das Faculdades Integradas São Pedro - Campus II. Vitória, junho, 2001 PILETTI, Claudino; PILETTI, Nelson. Filosofia e História da Educação. São Paulo: Ática, 1999.
64
SAVIANI, Demerval. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à profissão pela mediação da idéia. In:____________ FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Supervisão Educacional para uma escola de qualidade: da formação a ação. São Paulo: Cortez, 1999. cap. 1, p.13-38. SAMPAIO, S. A psicopedagogia como promovedora da resiliência. Publicado em 13/09/2005 18:22:00 SLUZKI, W. Psicologia do adolescente. Uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997. p. 41-42.
VOLCAN, S. M. A.; SOUSA, P.L.R.; MARI, J.J.; HORTA, B.L. Relações entre bem estar espiritual e transtornos psiquiátricos menores: estudo transversal. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 4, p. 440-445, 2003.
65
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO....................................................................................02
AGRADECIMENTO...................................................................................03
DEDICATORIA........................................................................................04
RESUMO................................................................................................05
METODOLOGIA......................................................................................06
INTRODUÇÃO..................................................................................................09
CAPÍTULO I - Supervisão: evolução de suas competências e influências de
cada época.......................................................................................................13
1.1 A Supervisão nos dias atuais......................................................................18
CAPÍTULO II - Resiliência: fundamentos físicos e psicológicos.......................20
2.1 Concepções...............................................................................................20
2.2 O gestor resiliente e suas competências ...................................................24
2.3 Espírito religioso do gestor como fator positivo ou negativo do exercício de
suas funções.....................................................................................................28
CAPÍTULO III – Historicidade do Planeta Azul: sua contribuição em escolas
brasileiras como recursos, capaz de despertar discentes e docentes a
capacidade de Resiliência................................................................................30
3.1 A Filosofia...................................................................................................31
3.2 O Gibi..........................................................................................................35
3.3 Desenvolvimento do Projeto na Escola.....................................................43
3.4 Atividades de espiritualidade como instrumentos de colaboração para o surgimento da capacidade de Resiliência........................................................44
3.5 Caracterizações de pessoas e ambientes resilientes em escolas .............48
66
3.5.1. – Uma experiência pessoal.....................................................................48
3.5.2. – Classe Especial....................................................................................53
3.5.3. – Classe de Recuperação de Ciclo .......................................................53
3.5.4 – O professor na historia publicada........................................................56
3.5.5 – Exemplos de promoção de auto-estima na família.............................57
3.5.6 – Lição de responsabilidade...................................................................60
3.5.7 – Estamos todos distraídos...................................................................60
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 62
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................. 63
ÍNDICE..............................................................................................................65
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................67
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - INSTITUTO A VEZ DO
MESTRE
TITULO DA MONOGRAFIA: GESTÃO: A RESILIÊNCIA COMO ESTRATÉGIA
PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS NO COTIDIANO ESCOLAR
AUTOR: Miguel Angelo Lopes
DATA DE ENTREGA: 19/01/2011
AVALIADO POR: Prof. Mary Sue Pereira CONCEITO: