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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA NA INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS AUTISTAS Por: Deluzia da Costa Martins Profa. Mary Sue Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA NA INCLUSÃO

EDUCACIONAL DOS AUTISTAS

Por: Deluzia da Costa Martins

Profa. Mary Sue

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSO”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA ARTETERAPIA NA INCLUSÃO

EDUCACIONAL DOS AUTISTAS

Rio de Janeiro

2015

Apresentação de monografia a AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em

Educação Especial e Inclusiva.

Por: Deluzia da Costa martins

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me permitir galgar mais um degrau na vida, a meus familiares, a minha mãe, em memória, por terem abraçado a minha vocação de educar. Ao curso por me mostrar a importância da Arte na inclusão dos indivíduos autistas.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus alunos e pessoas que, direta e indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho acadêmico e sua constante atualização.

5

RESUMO

A escolha deste tema para o projeto refere-se à oportunidade que

todo autista deve ter de frequentar uma escola comum. Cada vez mais

observamos que crianças autistas são capazes de ir além do esperado e com

isso sua inclusão na escola é obtida com sucesso. Uma das maneiras que de

se auxiliar o desenvolvimento de autistas é trabalhar com a arte terapia, que

intensifica o estímulo vindo do meio para a criança, durante sua formação

escolar, colaborando assim na organização do pensamento, na aprendizagem,

na interatividade e na afetividade. Uma outra forma de trabalhar a inclusão

escolar dos autistas é através da musicoterapia que possibilita abrir a

comunicação desses com o meio e que dentro do ambiente escolar é de suma

importância para seu aprendizado. A inclusão escolar está expandindo sua

visão e estratégias. Através de um corpo docente capacitado é possível educar

e reeducar inserindo a arte terapia como auxiliar nesse processo. Quanto mais

cedo iniciar a reeducação mais fácil será a adaptação do autista. É nesse

momento que a arteterapia permite o desenvolvimento das habilidades

intelectuais e cognitivas, expressando sentimentos, concretizando a

imaginação e as ações internalizadas.

6

METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido através uma pesquisa

bibliográfica, onde, foram consultados, diversas literaturas relativas ao assunto

em estudo, artigos publicados na internet e que possibilitaram que este

trabalho tomasse forma para ser fundamentado.

Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o

levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,

publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o

pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um

determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na

manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro

passo de toda a pesquisa científica.

As pesquisas foram realizadas com o objetivo de colher informações

específicas sobre o autismo e suas particularidades, assim como da arte

terapia e musicoterapia auxiliando na inclusão escolar desses indivíduos. Essa

análise será realizada por meio de fichamento dos textos e resumos de artigos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................8

CAPÍTULO I – Autismo e suas características................................10

CAPÍTULO II – A Arte terapia..........................................................19

CAPÍTULO III – A musicoterapia.....................................................30

CONCLUSÃO..................................................................................38

BIBLIOGRAFIA................................................................................40

ÍNDICE.............................................................................................43

8

INTRODUÇÃO

Ao pensarmos no desenvolvimento educacional e social dos autistas

nos deparamos com uma luta: a inclusão destes. Na sociedade atual, pessoas

com certas limitações ocasionadas por transtornos do desenvolvimento, o que

compromete a comunicação e interação social, mas com capacidade de

aprendizagem, vem tendo sérias dificuldades de serem incluídos nas escolas

participando do convívio social deste ambiente.

As causas do autismo ainda são desconhecidas, mas a pesquisa na

área é cada vez mais intensa. Provavelmente, há uma combinação de fatores

que levam ao autismo. Sabe-se que a genética e agentes externos,

desempenham um papel chave nas causas do transtorno. A busca contínua de

informações e conhecimentos proporcionará a amenização dos processos de

exclusão que se instalam em diferentes contextos sociais, em especial na

escola, facilitando assim a aprendizagem desses indivíduos, como

apresentaremos no capítulo I.

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um

movimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais e

sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou

temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do

que garantir o direito de todos à educação, assim consta na Constituição.

O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva

para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas

escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às

necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas

especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades

de exclusão.

O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola regular

decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos

desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas

9

pedagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse

sucesso, quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos

não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino

é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Pois não apenas as

deficientes são excluídas, mas também as que são pobres, as que não vão às

aulas porque trabalham, as que pertencem a grupos discriminados, as que de

tanto repetir desistiram de estudar (Mantoan, 2007).

A arte terapia é um processo terapêutico que faz uso da arte e a

entende como uma representação simbólica da vida intrapsiquica do indivíduo

e também como um recurso mediador da interação com as pessoas. Este

processo terapêutico trabalha com a intersecção de vários conhecimentos:

educação, saúde, arte e ciências. É um dispositivo terapêutico que possui uma

prática transdisciplinar, visando resgatar o homem em sua integridade por meio

de processos de autoconhecimento e transformação. A arte em si é uma forma

de expressão, comunicação, linguagem e é inerente ao ser humano além de

estar ao alcance de todos (Valladares, 2008).

No capítulo II será possível entender o que é arte terapia e o que a

mesma pode proporcionar na vida social, familiar e escolar de uma criança

autista. Embora a mesma seja considerada ainda como um tratamento

alternativo, já ficou comprovado cientificamente que os benefícios

proporcionados pela mesma são incontáveis, como poderá ser visto ao

decorrer do trabalho. Será compreendido ainda como a arte terapia pode

funcionar de maneira que poderá desenvolver todos os sentidos de uma

criança, desde os seus sentimentos e emoções como sua parte motora, por

exemplo.

No III e último capítulo, será tratada a musicoterapia. Assim como a

arte terapia, a mesma é considerada um tratamento alternativo. Contudo, é um

tratamento alternativo que vem apresentando resultados positivos ao longo dos

anos. A mesma começou a ser analisada e observada nos EUA e, a partir dos

seus resultados, começou a ganhar o mundo.

10

CAPÍTULO I

O que é o autismo?

“O autismo, embora possa ser visto como uma condição

patológica, também deve ser encarado como um modo de ser

completo, uma forma de identidade profundamente diferente”.

(Oliver Sacks, Pág: 35, 1998)

Pode-se começar a entender o autismo infantil a partir da citação feita

pela OMS – Organização Mundial da Saúde – Cid (1984), “uma síndrome

presente desde o nascimento, que se manifesta invariavelmente até os três 30

meses de idade. Caracteriza-se por respostas anormais a estímulos auditivos

ou visuais e, por problemas graves quanto à compreensão da linguagem

falada. A fala custa a aparecer e, quando isto acontece, nota-se ecolalia, uso

inadequado dos pronomes, estrutura gramatical imatura, inabilidade de usar

termos abstratos. Há também, em geral, uma incapacidade na utilização social,

tanto da linguagem verbal quanto corpórea”.

Entende-se com isso que, a criança que possui autismo tende a ter

problemas para estabelecer relacionamentos sociais. Podendo desenvolver

manias estranhas que serão entendidas somente por elas mesmas, como por

exemplo, criar laços com objetos. E, mesmo com tantos estudos, ninguém

nunca foi capaz de provar que uma criança autista possui uma espécie de

déficit cognitivo. Esta possui somente, até então, uma maneira individual e

particular de levar a sua vida, criando a sua própria rotina e rituais sem dividir

isto com ninguém.

O DSM IV – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders –

(1995), nos dá a seguinte definição sobre o autismo: “as características

essenciais do autismo são a falta de responsabilidade a outras pessoas,

11

marcante lesão a capacidade comunicativa e respostas bizarras a aspectos

diversos do meio ambiente, todas com manifestação antes dos 30 meses de

idade. A incapacidade de desenvolver um relacionamento interpessoal se

mostra na falta de resposta ao contato humano e no interesse pelas pessoas,

associada a uma falha no desenvolvimento do comportamento normal”.

Quando cita-se o fato de incapacidade de desenvolver um

relacionamento interpessoal, significa que tais crianças possuem dificuldade

até mesmo de fazer contatos visuais e respostas faciais, por exemplo. Além da

não aprovação a contatos físicos, o claro desinteresse ou indiferença por

coisas/pessoas, etc.

Para os organicistas, o autismo está ligado a fatores bioquímicos e

neurológicos. Para os psicodinamicistas, está ligado ao ambiente.

Kanner foi a primeira pessoa a começar a desenvolver um estudo

sobre o autismo infantil e, em 1944, após muito observar, descreveu as

seguintes características sobre crianças autistas:

“ Extremo isolamento desde o início da vida;

Incapacidade para usar a linguagem de maneira significativa; e

Insistência ansiosamente obsessiva na preservação da mesmice”.

Kanner (1944) crê que o fato do autismo estar presente na vida de uma

criança não tem a ver com a forma que os pais demonstram amor e carinho

por ela, afirmando que a causa do mesmo não pode estar ligada a maneira que

eles se relacionam com os seus filhos. Pois, tais crianças podem apresentar

sinais de isolamento desde o início de suas vidas, apresentando ausência até

mesmo de pequenos movimentos quando ainda são bebês.

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Uma psiquiatra chamada Wing, no ano de 1979, apresentou mais

características após observar crianças autistas, sendo elas:

“Severo prejuízo social;

Severas dificuldades de comunicação, verbais e não verbais; e

Ausência de atividades imaginativas, incluindo o brincar faz de conta,

substituída pelo comportamento repetitivo”.

Tais características estão de acordo com as que Kanner havia

apresentado desde o início dos seus estudos.

Alguns psicanalistas, como Gren (1914), afirmam que toda criança

possui um primeiro objeto de amor e, que este primeiro objeto é a própria mãe,

funcionando a mãe como um espelho para a sua cria. Porém, independente de

como siga esta gestação, a mãe não responsável pelo estabelecimento da

patologia, não podendo a mesma ser apontada como causadora de qualquer

patologia, como algumas pessoas chegaram a acreditar um dia. Como se a

forma que a mãe se relacionava com o seu filho pudesse interferir nisto

diretamente.

Desde os primeiros dias de vida uma criança pode ser capaz de dar

sinais involuntários de autismo, porém, ao completar seus 8-9 meses, esta

evidência passa a aparecer de forma mais nítida.

Pode-se citar como primeiros sinais de autismo a falta de reflexo no

momento da amamentação, onde o bebê não demonstra qualquer aproximação

do peito da sua mãe por conta própria, onde não o busca e não suga o seu

alimento da forma como deveria fazer normalmente. Porém, para afirmar que

este bebê é autista, será necessário o acompanhamento para que este

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diagnóstico seja dado por um profissional especializado, pois, este pode

possuir apesar de todas as características parecidas, alguma outra disfunção

que tenha sintomas praticamente iguais de uma criança autista.

De forma cronológica, Gauderer (1993) apresenta algumas

características que crianças autistas possuem.

Normalmente, até os seis meses, uma criança autista não apresenta

muita interação social. Além de atrasar ou não emitir balbucios, não demonstrar

movimentos antecipatórios, apresentar rigidez ou flacidez muscular.

Após os seis meses, a criança começa a recusar alimentos sólidos.

Não demonstra ansiedade ou medo de pessoas que não fazem parte do seu

ciclo diário.

Neste período, toda criança começa a viver a sua fase conhecida como

espelho, onde a mesma passa a diferenciar a sua imagem do outro. Porém,

isto não ocorre com a criança autista, pois, parece não ter ocorrido o

nascimento desta, tendo em vista que o seu mundo exterior e o outro parecem

não existir.

Para Foster (1960), uma criança autista demonstra também certa

dificuldade na parte de comunicação não-verbal. Podendo ainda demonstrar

algum tipo de aflição, agito ou pânico diante de algum som, ruído, iluminação,

texturas, mudanças sensoriais e sensações proprioceptivas.

Gauderer (1993) diz que crianças que apresentam características de

autismo precisam ter os seus membros, principalmente as mãos, observados.

Pois, estas tendem a observar as mãos quando atingem o sexto mês de vida,

fazendo movimentos com elas, porém, sem olhá-las.

Ainda de acordo com o autor, quando estas atingem a idade de 2-3

anos, não interessam-se por brinquedos ou quando interessam-se, fazem uso

do mesmo em desacordo com a verdadeira função dele. Este desinteresse

mostrado pelos objetos, é o mesmo mostrado por pessoas. Não tendem a fazer

contato visual algum ou, quando fazem, é como se não houvesse ninguém na

sua frente, como se as pessoas fossem objetos.

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Ao atingir seus cinco anos de idade, a fala continua sendo atingida,

pois, a criança continua a não interagir fazendo uso da palavra e, quando fala

algo, geralmente é algo desconexo, sem sentido aparente. O que diminui e

muito a chance de alguém conseguir compreender o que está sendo dito. A

todo tempo, como desde o início da sua vida, a criança não demonstra

qualquer tipo de afeto, mantendo-se distante emocionalmente a todo tempo.

Embora a criança autista seja alguém que mantem-se distante de tudo

e todos aparentemente, estas possuem de alguma forma seus próprios

interesses.

Para Mannoni (1983), “o destino do autista não se fixa tanto a partir de

um acontecimento real perturbador como a partir da maneira pela qual o sujeito

foi excluído por um ou outro dos pais de uma possibilidade de entrada numa

estrutura triangular”. Portanto, pode-se afirmar que uma criança portadora de

autismo tem um papel de um objeto parcial, onde a própria exclui-se do mundo

exterior, não assumindo uma identidade própria.

Foi no ano de 1979, após o lançamento o filme Meu filho, meu mundo,

que o autismo passou a ficar mais conhecido. A princípio considerava-se

autistas aquelas crianças que apresentavam um grande comprometimento em

sua rotina diária e, após anos de estudo, concluiu-se que o autismo pode

apresentar-se em diferentes graus. Entendendo-se que o autismo é uma série

de sintomas que resulta num comprometimento de socialização de forma

negativa, descartando a possibilidade de ser uma doença específica.

Tais sintomas estão ligados às características citadas por Kanner e

Wing e, para que o diagnóstico possa ser decretado, faz-se necessário que

haja comprometimento na parte da imaginação da criança, comportamento,

interesses repetitivos e dificuldade de comunicação. A intensidade dos

sintomas nem sempre são iguais, porém, estes afetam todas as áreas

apresentadas, sem exceção.

O grau do autismo pode ir do severo ao leve, possibilitando que a

criança autista estabeleça algum tipo de contato social dentro das suas regras

quando esta possui o grau leve.

15

No que diz respeito ao comprometimento na interação social, se a

criança possuir o autismo de forma severa, poderá apresentar dificuldade e

reações comportamentais drásticas se deparar-se com alguma mudança em

sua rotina ou algum novo acontecimento. A partir disto, pode desenvolver

algum vício motor, como repetição de movimentos, frases ou palavras.

A criança que possui o autismo num grau severo no quesito

comprometimento da imaginação, esta não desenvolve brincadeiras

imaginárias, como criar histórias, falas para personagens/bonecos, reprodução

de fatos, etc. Já a que apresenta um grau leve, consegue realizar diversas

atividades, reage bem a possíveis mudanças e notícias, possui interesse por

algo.

Quando o comprometimento está presente na comunicação, a criança

que sofre do grau severo não apresenta qualquer tipo de linguagem, verbal e

não verbal. E, aquela que possui um grau leve, pode ter um vocabulário que

quando falado pode parecer estranho, além da dificuldade de iniciar uma

conversa e compreender uma linguagem figurada.

Por este motivo que atualmente o autismo é visto como uma síndrome

comportamental com diferentes graus de intensidade. Os graus podem ser

divididos em: leve, intermediário e severo.

Baird (2006) afirma que “hoje, levando-se em conta as modificações

conceituais e a maior divulgação na imprensa do que é autismo, os estudos

científicos estimam que uma em cada uma 100 crianças nascidas estaria no

espectro autístico”.

Desta forma, pode-se perceber que o autismo está bem presente no

desenvolvimento infantil.

De acordo com Winnicott (1997), “a psiquiatria é ineficaz em alguns

casos, ao colocar determinados sintomas psiquiátricos como responsáveis pela

formação de uma determinada doença (...) qualquer sintoma que venha a

caracterizar-se como pertencente a um quadro autístico, pode ser também

encontrado em outras crianças não autistas”.

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Durante muitos anos acreditou-se que os próprios pais ou alguns

fatores psicológicos eram os originadores do autismo. Acreditava-se que eles

poderiam ser os causadores se estes não demonstrassem qualquer tipo de

afeto aos seus filhos ou, quando tinham algum tipo de comportamento

obsessivo com estes. Com o passar dos anos, após estudos médicos, ficou

comprovado que os pais não podem de maneira alguma serem

responsabilizados por isso, pois, definiu-se o autismo como uma desordem

neurobiológica. Estando o autismo ligado a biologia e não a psicologia, embora

ainda não haja nos dias de hoje uma comprovação desta afirmação. Porém,

são grandes e fortes as evidências.

Como prova destas fortes evidências pode-se citar o relato de London

(1999), onde o mesmo diz que “o índice de concordância de autismo entre

gêmeos monozigóticos é de 60%, enquanto nos dizigóticos é de apenas 5-

10%”.

A partir deste relato pode-se afirmar que os genes têm uma forte

presença neste panorama, embora não possam ser apontados como único

fator.

O diagnóstico de autismo não pode ser dado em cima de algum

exame, sendo necessário basear-se em dados clínicos, histórico e observação

de comportamento. Os exames podem funcionar de maneira que irão investigar

se a criança possui alguma doença que pode apresentar os mesmos ou

sintomas parecidos com os do autismo ou, como forma de tentar descobrir

alguma alteração genética que possa associar-se a um quadro de autismo.

Segundo estudos, 70% dos casos de autismo, a criança começou a

apresentar sintomas desde os seus primeiros dias de vida.

A primeira observação dos pais geralmente ocorre quando percebem

que a criança está demorando a falar. Além da criança não reagir a chamados

com o seu nome, o que pode parecer que ela não está ouvindo. Porém, esta

mesma criança reage a barulhos que lhe chamam a atenção, podendo este

barulho estar perto ou longe. Além de não falar ou falar muito pouco, a mesma

não faz uso de gestos e, se quiser pegar algo, usará a mão de uma outra

17

pessoa para que esta pegue o que ela quer. Pode permanecer por muito tempo

fazendo uma única coisa ou olhando para uma única coisa.

Pode apresentar episódios de grande agitação/medo frente a barulhos

específicos, ao tatear coisas e, até mesmo diante de atos simples, como cortar

o cabelo e unha. Além de apresentar dificuldade para fazer amigos e brincar de

forma interativa.

É comum que crianças autistas tenham interesses e manias incomuns.

Têm necessidade de rotina e podem possuir alguma habilidade especial.

Tendem ainda a se aterem a parte de uma informação, cena ou pessoa,

fixando-se aos detalhes que são do seu interesse somente.

Lovaas, Schreibman, Koegel e Kehm (1974) ao observarem crianças

que apresentavam autismo e exporem as mesmas a estímulos auditivos,

visuais e táteis, perceberam que as mesmas concentravam-se a um estímulo

por vez, comprovando que estar têm enorme dificuldade com toda e qualquer

tarefa simultânea.

Foi a partir da década de 80 que deu-se início a um movimento que

lutava pelo direito da criança com alguma necessidade especial frequentar a

escola regular.

Quando professores juntaram-se para lutar que crianças autistas

pudessem ir à escola sabiam que as principais dificuldades a serem

enfrentadas seriam de compreender sua linguagem, rituais e agressividade, por

parte do aluno. E, por parte do educador, a insegurança, dúvida de abordagens

pedagógicas e falta de estrutura.

Esta estrutura vai além do espaço físico, mas, de materiais adequados

para desenvolver algum trabalho de acordo com a necessidade específica.

Além da falta de preparo específico para reconhecer se um aluno seu está

apresentando algum sintoma relacionado ao autismo.

Mantoan e Prieto (2006) afirmam que “combinar igualdades e

diferenças no processo escolar é andar no fio da navalha”. Sendo necessário

um forte trabalho e acompanhamento de políticas públicas educacionais

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inclusivas para conseguir identificar qual o profissional tem melhor

habilidade/aptdão para desenvolver o trabalho com estas crianças, sendo

construído um planejamento onde o desenvolvimento destas crianças será

praticado de acordo com etapas estipuladas para manter uma qualidade e as

crianças poderem alcançar a sua autonomia em algum momento, ainda que

esta autonomia seja parcial.

Para Pichon-Riviere (1995), “os sujeitos inseridos no contexto de

inclusão escolar tais como professores, educadores, pais e alunos, devem

estar orientados para compreender que as relações de intersubjetividade são

agentes proporcionadores de relações pessoais com maior qualidade”.

Para Mittler (2003), a inclusão escolar tem como objetivo principal

garantir que todas as crianças, portadoras de necessidades especiais tenham a

chance de integrar um grupo, comunidade ou sistema educacional como de

direito, tendo acesso a tudo que todas as outras crianças têm. Fazendo disto

uma maneira de tentar impedir que uma minoria como crianças autistas seja

segregada, visando quebrar barreiras e preconceitos.

É na Constituição Brasileira que toda criança tem resguardo e

legalizado o seu direito à educação independente de qual seja a sua

necessidade ou deficiência.

Desta maneira, fica assegurado o direito de todas as crianças, autistas

ou portadoras de outras necessidades especiais, de frequentarem a escola de

forma igualitária. Cabendo aos educadores e escola a responsabilidade de agir

de maneira que a escola irá adaptar-se ao aluno e não o contrário.

19

CAPÍTULO II

A arte terapia

“A criatividade leva o ser humano a caminhar para o novo, sair de um

estado inerte, leva a interação com o que rodeia através das

expressões criativas, dinamizadas por meios plásticos ou

performáticos, o universo de cada ser manifesta toda sua

complexidade e sua totalidade”.

(Urrutigaray, Pás: 17, 2004)

Fazer o uso da criatividade do indivíduo e expor o resultado desta

criatividade tente a aumentar o desenvolvimento e entendimento do que faz

parte do interior do ser humano, possibilitando que sentimentos possam ser

expostos, compreendidos e trabalhados. Além de externas ideias,

pensamentos, emoções, etc. E, ao ser compreendido, o indivíduo pode ser

incluído na sociedade/escola de maneira mais fácil, pois, este será entendido

pelos de mais e poderá ter suas necessidades especiais entendidas pelo

próximo.

De acordo com Allessandrini (1996), “o ETC – Continuum das Terapias

Expressivas – é um instrumento que explica como desenvolver o trabalho

terapêutico por intermédio da expressão artística”.

Para Kagin & Lusembrink (1978), o ETC ocorre em níveis diferentes e

sequencial, sendo eles:

“ – Nível cinestésico-sensorial;

20

- Nível perceptual-afetivo;

- Nível cognitivo-simbólico; e

- Nível criativo”.

O nível cinestésico-sensorial faz uso do sistema sensorial,

principalmente o tato, desta maneira, fica possível fazer a utilização de diversos

materiais e movimentos de toda parte motora.

O nível perceptual afetivo está ligado à expressão, afeto e forma.

Evidenciando a parte da percepção.

O nível cognitivo simbólico funciona na parte de planejar e prever

ações e sensações.

O nível criativo está ligado à criação, interação e ação.

Allessandrini (1996) crê que a oficina criativa pode ser um método

utilizado no campo educacional e terapêutico visando sempre a melhoria

daquele que está fazendo uso de tal método, tendo em vista que um dos

objetivos principais é externar os sentimentos e pensamentos de maneira livre.

Os trabalhos plásticos executados funcionam como as palavras não

ditas a princípio, onde após, o executor poderá expressar-se verbalmente ou

não.

A arte terapia pode funcionar perfeitamente como um trabalho

terapêutico, fazendo uso principalmente da expressão artística do indivíduo,

incentivando e promovendo a criatividade e possibilitando a descoberta de

novas sensações que até então seguiam no inconsciente somente, porém,

influenciavam diretamente na personalidade. Trabalhando fortemente no poder

da transformação.

21

Urrutigarai (2014) defende que “a produção artística criativa permite a

qualquer ser humano independente de idade, capacidade física ou intelectual,

exprimir sentimentos e intuições o que permite num processo arte terapêutico a

compreensão de vários aspectos dos sujeitos atendidos”

Quando o método da arte terapia é utilizado com crianças especiais,

todo o processo permanece o mesmo, sendo necessário o acompanhamento

de um terapeuta que possa auxiliar nas descobertas transformações que

surgirão no decorrer do trabalho, pois, pode acontecer uma falta de real

compreensão do que está acontecendo por parte de quem está sendo tratado.

“Desenvolvendo seu potencial, o homem torna-se capaz de descobrir

modelos de superação para seus problemas”.

(Urrutigarai, Pág: 142, 2004)

A arte terapia é capaz de proporcionar uma compreensão da parte

interna e subjetiva do indivíduo fazendo uso de imagens e expressões.

Ainda de acordo com Urrutigarai (2004), “a possibilidade de poder

penetrar na esfera irracional da vida e da experiência, através do contato com

as imagens produzidas, possibilita a ativação da fantasia, que por sua vez

desenvolve a capacidade criativa”.

Para Andrade (2000), “a arte é uma forma de expressão do ser

humano e como tal, uma forma de comunicação e de linguagem simbólica, é

um produto da intuição e da observação, do inconsciente e do conhecimento,

do talento e da técnica, da criatividade”.

Foi no final do século XIX que a arte terapia surgiu e passou a ser

usada como uma ferramenta terapêutica, sendo considerada por alguns como

tratamento alternativo.

22

No ano de 1876, um psiquiatra conhecido como Max Simom passou a

estudar e publicar pesquisas e artigos sobre pessoas com deficiências mentais

que tinham a capacidade de realizar manifestações artísticas.

No ano de 1888, um advogado criminalista renomado, conhecido como

Lombroso, passou a realizar análises psicopatológicas de desenhos feitos por

pessoas com algum tipo de doença mental para identificar e classificar qual

doença mental essas pessoas tinham.

No ano de 1906, o psiquiatra Mohr começou a estudar a possibilidade

de ser feita a utilização de desenhos para analisar e identificar traços da

personalidade do indivíduo.

Andrade (2000) informa que Prinzhorn foi o precursor da realização de

trabalhos onde eram feitas comparações de desenhos feitos por doentes

mentais.

Segundo Muller (2005), a arte terapia funciona de maneira que tem o

poder de conectar o mundo interno ao mundo externo da simbologia e

significado, podendo fazer uso de várias ferramentas como dança, desenho,

pintura, música, etc.

De acordo com a psicologia defendida por Freud, a manifestação

artística está inteiramente ligada ao inconsciente. Como afirmam Bilbão & Cury

(2005), Freud crê que “a arte é fruto do mecanismo através dos quais os

impulsos sexuais reprimidos, por não serem aceitos, são desviados para uma

meta de satisfação, socialmente aceita pelo mecanismo de sublimação”.

Ao citar Freud, Silveira (1992) diz que “os conteúdos reprimidos no

inconsciente serão trazidos à consciência pelo reestabelecimento, através do

trabalho analítico, das ligações intermediárias que são as recordações verbais”.

Para Jung (1971), “uma obra de arte não é apenas um produto

derivado, mas uma reorganização criativa justamente daquelas condições das

quais uma psicologia causalista queira derivá-la”.

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Ainda de acordo com o mesmo, “a obra de arte deverá ser considerada

uma realização criativa, aproveitando livremente todas as condições prévias.

Seu sentido e sua arte específica lhe são inerente e não se baseiam em suas

condições prévias externas, aliás, poderíamos até falar de um ser que utiliza o

homem e suas disposições pessoais apenas como solo nutritivo, sejas forças

ordena conforme suas próprias leis, configurando-se a si mesma de acordo

com o que pretende ser”.

A Net Working Groups of Cert Therapy definiu a arte terapia como

“unidade harmônica de atividades artísticas e terapêuticas em áreas da saúde

do homem”.

A mesma pode ser realizada de maneiras incontáveis, sempre usando

teorias psicológicas como base para o seu desenvolvimento.

Atualmente é utilizada em tratamentos terapêuticos, salas de aula,

hospitais, clinicas, etc. Podendo realizar atividades em grupo ou individuais.

Sendo isto definido de acordo com a necessidade de quem vai praticar,

podendo ser considerada uma atividade multidisciplinar.

De acordo com Philippini (1996), “a arte terapia é um processo

terapêutico que tem por base a criação e análise de produções artísticas, que

violadas, poderão oferecer dificuldades para serem decodificadas”.

A partir do auxílio terapêutico que for criado e exteriorizado poderá ser

compreendido e tratado.

Como afirma Golinelli (2002), “o arte terapeuta configura-se como um

facilitador do processo, onde buscará ultrapassar a técnica, valendo-se da

intenção e da sensibilidade”.

O objeto principal da arte terapia é o indivíduo que cria, pois, é a partir

dele que o objeto de estudo e análise irá surgir.

Ainda de acordo com Golinelli (2002), “o arte terapeuta buscará

compreender que além das formas criativas, é a navegação empreendida pelos

24

clientes, através dos diversos materiais artísticos que vão propiciar os efeitos

terapêuticos”.

Naumburg (1996) coloca a arte terapia de maneira que “dinamicamente

orientada, baseia-se no reconhecimento de que os pensamentos e sentimentos

fundamentais do homem derivam do inconsciente e frequentemente exprimem-

se melhor em imagens do que em palavras (...) as técnicas de arte terapia

baseiam-se no conhecimento de que todo indivíduo, tenha ou não treinamento

em arte, possui capacidade latente para projetar seus conflitos internos sob

forma visual”.

No ano de 1952, a psiquiatra Nise da Silveira, fundou o Museu de

Imagens do Inconsciente. Nestes museus eram expostas obras plásticas

criadas em ateliês de pintura e modelagem.

A psiquiatra, no entanto, embora fizesse uso de artes, não admitia que

o termo arte terapia fosse utilizado para referir-se ao que continha em seu

museu. A mesma defendia a ideia que a palavra arte estava ligada à estética,

não sendo a estética assunto de interesse terapêutico, tendo em vista que

estes trabalhos eram utilizados para compreender as sensações, sentimentos,

compreensões e sentimentos dos pacientes. Desta maneira, os pacientes

embora fizessem uso de artes, não eram artistas, eram somente pacientes

fazendo uso de uma ferramenta livre.

Para a psiquiatra, o seu trabalho tinha como foco estudar a linguagem

simbólica, tendo esta a possibilidade de transformar-se e transformar.

De acordo com Jung (1999), “o símbolo é também uma manifestação

do inconsciente”. E, o inconsciente pode ser separado de maneira que há o

inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

O inconsciente coletivo - impessoal - não está ligado ao inconsciente

pessoal e nele moram as imagens humanas universais, contendo tudo o que

não alcançou a consciência, funcionando como uma espécie de sombra.

25

Stein (2006) afirma que “o conteúdo específico da sombra pode mudar,

dependendo das atitudes e do grau de defensidade do ego. Usualmente o ego

não possui sequer consciência de que projeta uma sombra”.

Para Jung, toda manifestação expressiva funciona como um símbolo

do inconsciente individual ou coletivo.

Para Bello (1998), o símbolo pode funcionar como “uma força

orientadora, indicando uma possibilidade adormecida na inteligência

inconsciente, vem dos níveis mais profundos da mente e quando essa energia

é levada para a consciência, cria um eixo entre selt e o ego”. Desta forma, a

expressão simbólica é expressa por meio de imagens, podendo representar

diversas coisas ao mesmo tempo.

Stein (2006) esclarece que “o self, ou si mesmo, na concepção

junguiana é transcendente, o que significa que não é definido pelo domínio

psíquico nem está contido nele, mas situa-se, pelo contrário, além dele e, num

importante sentido, define-o. O si mesmo forma a base para o que no sujeito

existe de comum com o mundo, com a estrutura do ser”.

Ainda de acordo com o mesmo, o ego é “aquele fator complexo com o

qual todos os conteúdos conscientes se relacionam. E este fator que constitui,

por assim dizer, o centro do campo da consciência e, dado que este campo

inclui a personalidade empírica, o ego é o sujeito de todos os atos conscientes

da pessoa”.

Ao observar os trabalhos artísticos realizados pelos seus pacientes,

Jung (1971) os descreveu da seguinte forma:

“Todos esses quadros têm um caráter marcadamente simbólico e

primitivo, o que se manifesta tanto através do desenho, quanto da cor

(...) estas características indicam a natureza das forças criativas

subjacentes. Trata-se de tendências irracionais, simbológicas, de

caráter histórico ou arcaico tão definido, que não é difícil traçar o seu

paralelo com formações semelhantes na arqueologia e na historia das

religiões comparadas. Assim sendo, é lícito supor que os nossos

trabalhos pictóricos provenham principalmente das regiões da psique,

26

que designei como inconsciente coletivo. Entendo por esta expressão

um funcionamento psíquico inconsciente, genérico, humano, que está

na origem não só de todas as nossas representações simbológicas

modernas, mas também de todos os produtos análogos do passado

da humanidade. Tais imagens brotam de uma necessidade natural e

esta, por sua vez, é por elas satisfeitas”.

(Jung, Pág: 48, 1971)

Para o psiquiatra e autor, há uma forte relação entre inconsciente e

consciente, onde o inconsciente, algumas vezes funciona de maneira que

tende a completar a parte consciente, gerando desta forma os símbolos

compensatórios. Tais símbolos reconstroem partes danificadas. Para que isto

ocorra, é necessário que o consciente trabalhe em conjunto.

Logo, acredita-se que a arte terapia pode funcionar de maneira que

consiga acessar o inconsciente, tendo em vista que este opera na parte

simbólica do funcionamento humano. E, para melhor compreender o sujeito

que está expressando-se é necessário ter conhecimento de parte da sua vida

pessoal.

Bello (1998) reconhece a importância da arte pois o enxerga como “um

canal para o nível não verbal de percepção que existe na psique, onde a

energia do inconsciente se liga a um arquétipo e se expressa simbolicamente,

faz emergir, através desses símbolos vivos, conteúdos que vão se transformar

e direcionar a pessoa no seu processo de inviduação”.

Ao fazer uso da expressão “individuação”, Jung teve o intuito de referir-

se à progressão psicológica do ser humano. Podendo este ser definido como,

segundo Stein L2006), “a experiência total de integridade ao longo de uma

vida inteira, o surgimento do si mesmo na estrutura psicológica e na

consciência”.

27

Deste modo, entende-se como “individuação” como um processo onde

o indivíduo possui uma personalidade unificada/integrada.

Para Bello (2008), neste processo os indivíduos obrigatoriamente têm

que conflitar com o seu inconsciente. Desta maneira, a manifestação artística

funciona como um jeito de combater este conflito, podendo trabalhar com

organizador do que está sendo confrontado.

O uso da arte pode funcionar também como forma de reestabelecer o

equilíbrio psíquico e, como veículo de comunicação com o mundo externo,

onde o mundo interno é exteriorizado.

“No processo arte terapêutico, os materiais expressivos diversos, a

adequação do setting e o acolhimento do arte terapeuta permitem

que a energia psíquica traduza-se em concretude através das

produções diversas e a cada transformação dos materiais,

analogicamente, acontecem transformações a nível psíquico”.

(Philippini, Pág: 11, 1995)

Para se ter algum tipo de comunicação, haverá sempre o que

comunica-se e o que recebe a mensagem. O ato da comunicação pode ser

realizado de maneiras variadas, como por meio da escrita, fala, sinais,

expressões faciais, etc. Isso desde o início da vida de todo ser humano.

Alguns, por motivo de deficiência, problema psicológico, neurológico ou

algo do tipo, podem fazer uso da arte terapia, com a ajuda de um profissional

para comunicar-se. Trabalhando com a ferramenta que melhor lhe atende e

ajuda a expressar-se.

No caso de uma criança autista, a fala pode ser algo completamente

inexistente. Desta forma, a arte terapia torna-se não somente um meio de

28

comunicação, mas também uma maneira de ajudar que a parte psíquica sofra

uma organização.

Pereira (1976) informa que “para Jung como para Cassirer e hoje para

Bion, a doença mental consiste então numa deficiência da função simbólica do

pensamento. Nos pacientes ora domina um pensamento autista, por

dominância das pulsões, o que gera condutas impulsivas e anti sociais, ou o

pensamento racionalista, outro processo de liquidação do símbolo em que o

individuo perde sua energia e torna-se um robô mecanizado, animado pela

razão e o consciente. Ambos os pensamentos são sintomáticos da

desintegração do simbólico e por isso ao associar are e linguagem em terapia,

buscamos o vínculo perdido entre imagem e verbo, imaginação e conceito e

queremos ajudar o homem a ser aquele que sente aquilo que pensa”.

Pain (1996) defende a ideia que a partir do trabalho plástico que

realizado pela arte terapia, a criança pode expressar-se e comunicar-se de

maneira que não faz habitualmente.

Quando a criança não fala, faz necessário explorar outras

possibilidades para que esta possa conectar-se ao mundo externo, tentando

incentivar a sua parte comunicadora.

Baptista e Bosa (2002) alertam para o fato que “a criança com autismo

não consegue interpretar cognitivamente as mensagens sócio afetivas dos de

mais integrantes do seu grupo social”.

Logo, entende-se que a arte terapia pode ser utilizada para

compreender e tratar. Para isto, basta identificar qual melhor técnica para ser

utilizada no caso e dar início ao que for proposto para melhorar o

desenvolvimento da criança.

Dentre todas as técnicas utilizadas, as mais comuns são o uso de

desenhos, símbolos, pintura, recorte e cola.

Ao fazer uso destas técnicas, o profissional estará dando à criança

autista a possibilidade de desenvolver o seu entendimento do mundo externo.

29

A partir de figuras e imagens, pode-se trabalhar, por exemplo, as

expressões faciais que estão ligadas aos sentimentos.

Ao fazer uso do recorte, a coordenação motora e noção espacial da

criança estarão sendo trabalhada diretamente.

Ao fazer uso da colagem, pode-se trabalhar a percepção.

Assim sendo, ainda que a arte terapia seja considerada atualmente

como tratamento alternativo, já ficou comprovado após anos de estudos que

esta pode trazer benefícios muito significativos na vida pessoal e escolar da

criança.

Além disso, a mesma ainda é uma grande ferramenta no que diz

respeito à inclusão.

Como é sabido, o ato de incluir significa fazer com que as crianças

aprendam os conceitos básicos, para que desta forma possam ter uma

convivência melhor e um espaço na sociedade.

Integrar o mundo de uma criança autista ao mundo externo, não é

tarefa fácil, tendo em vista, que elas criam seu próprio mundo e isolam-se nele,

porém, fazendo uso das ferramentas corretas e de forma correta, esta tarefa

torna-se completamente possível.

30

CAPÍTULO III

A Musicoterapia

Como diria Sá (2003), a musicoterapia pode funcionar como uma

“terapia extremamente eficiente na abertura de canais de comunicação, ela é

concebida como possibilitadora de mudanças significativas na vida do autista,

tanto nos contextos terapêutico e educacional como no ambiente

sócio/familiar”.

3.1 – Musicoterapia

O uso da música como forma de tratar a saúde é uma prática que

acontece há muitos anos.

De acordo com Barcellos (1992), há relatos na bíblia que mostram que

em algum momento a música foi utilizada como uma ferramenta para curar

males.

Diz também o autor que esta prática é utilizada ainda por tribos e rituais

como forma de curar ou reestabelecer a saúde.

Contudo, foi nos EUA que foram feitos estudos científicos relacionados

à musicoterapia. Em seus estudos, participavam músicos e soldados que

estiveram presentes na guerra e que sofreram danos psíquicos/emocionais e

físicos.

O intuito deste pesquisa era o de verificar a possibilidade de minimizar

as consequências deixadas pela guerra, tentando fazer com que traumas

fossem esquecidos e superados.

31

O estudo era feito de maneira que eram realizados encontros para

interação de soldados e músicos, onde todos podiam trocar experiências.

Segundo Chagas e Pedro (2008), ao perceberem a melhora

significativa e mudanças positivas do quadro clínico dos pacientes em questão,

a equipe médica que estava realizando o estudo concluiu que os músicos

podiam aprofundar seus estudos e chegar ao ponto de serem verdadeiros

terapeutas, pois, eram altamente capacitados para isso.

Ainda de acordo com Chagas e Pedro (2008), no Brasil, a

musicoterapia passou a ter evidência quando professores de música

começaram a realizar trabalhos na educação especial, usando a música para

transformar.

No ano de 1970, uma professora paraense, conhecida como Clotilde

Leinig, tinha forte influência no quesito musicoterapia no Brasil, pois, não só

estudava, mas praticava a musicoterapia.

Bruscia (2000) ao citar a Federação Mundial de Musicoterapia, diz que

“a musicoterapia consiste na utilização da música e/ou de seus elementos por

um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para

facilitar e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização,

expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, com o

propósito de atender às necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e

cognitivas”.

O objetivo principal da musicoterapia está em ajudar a reestabelecer e

desenvolver aptidões para que o individuo tenha mais chances de melhorar a

sua interação e integração social, além de poder gerar uma melhor qualidade

de vida.

Um renomado professor conhecido como Benenzon realizou trabalhos

de musicoterapia com crianças autistas. O mesmo tinhas as crianças autistas

como referencia, pis, acreditava que a musicoterapia era extremamente capaz

de oferecer oportunidades de comunicação, onde as crianças podiam fazer uso

de sons para representar estados e, com isso, poder intervir para tratar.

32

Muitos são os motivos que levam a crer que a musicoterapia é

altamente eficaz ao ser usada especialmente com crianças autistas, como o

fato de saber que a música pode estar inteiramente ligada aos sentimentos e

emoções da criança, pode otimizar a integração, interação, inclusão e

socialização.

Para uma melhor compreensão do que pode significar a musicoterapia

na vida de uma criança autista, Sá (2003) diz que “podemos optar pensar o

processo terapêutico como uma máquina maior, que se vale de métodos e

técnicas (...) visando atingir os ditos objetivos terapêuticos que, na verdade,

não passam de modelos pré determinados por uma máquina dominante –

família, sociedade, religião e outras instituições. Ou podemos pensar a terapia

como um processo de desengessamento de desterritorialização, buscando

criar linhas de fuga, máquinas de guerra, reterritorializações, com vistas à

formação de novos territórios não tão estratificantes e consequentemente, a um

desencadeamento de devires”.

Entende-se que a musicoterapia, após muitos estudos, pode funcionar

como uma forma de inovar, dar a possibilidades de criar e superar.

Como afirma Bruscia (1999), a musicoterapia possibilita que

sentimentos e ideias reclusas exteriorizem-se por meio de sons.

A musicoterapia pode apresentar-se de diversas formas e com

diferentes fundamentações.

Algumas destas formas são as metodologias analística, o método GIM,

a musicoterapia comunitária, etc; desta forma, fica comprovado que a

musicoterapia é completamente diversa e capaz de atingir muitos mundos.

Outro método que pode ser citado é a musicoterapia criativa, que tem o

intuito de trabalhar a criança que está em desenvolvimento, valorizando toda a

sua produção musical e respeitando-a. Este método está muito ligado ao

improviso.

33

De acordo com Benenzon (1987), ao fazer uso deste método,

instrumentos são utilizados de forma que “dão suporte ao processo músico

terapêutico, funcionando como um objeto intermediário”.

Esta musicoterapia criativa teve início em 1970, segundo informações

de Alvares (2003). Pelo que consta em relatos, Paul Nordoff e Clive Robins

foram os responsáveis por isto. Ambos tinham grande envolvimento com

crianças que apresentavam necessidades especiais.

Paul Nordoff era compositor, concertista e pianista. Clive Robins,

educador.

Para Zuckerkandl (1973), “não há povo ou tribo sem música, conquanto

primitiva. Onde quer que exista fala, há também canto”.

O autor acredita que a musicalidade existe em todos os indivíduos.

Exemplo disso está nos sons emitidos pelo próprio corpo humano. Como o som

da risada, do batimento cardíaco, da respiração, entre outros. Para ele,

“experimentar música é experimentar-se a si mesmo”.

Queiroz (2003) crê que a musicalidade tem o dom de oferecer a

possibilidade da comunicação sem fazer uso de palavras.

Ainda de acordo com o mesmo, “a musicalidade deve ser considerada

como um modo de perceber a realidade do mundo, modo este que difere por

completo daquele da intelecção verbal. A musicalidade é um aspecto do mundo

em que todas as coisas estão unidas, onde o mundo é um todo, uma unidade”.

A musicoterapia criativa permite que a autenticidade seja trabalhada e,

com isso, a criança é capaz de conquistar/reconquistar sua auto confiança.

Duas coisas podem trabalhar em conjunto com a musicoterapia

criativa, que são os conceitos music child e condiction child.

Music child corresponde ao self da criança. Isto é, está ligado à

experiência musical, onde a mesma pode demonstrar significado e satisfação

ao experimentar a música e a si mesmo. Além de experimentar o mundo e o

que há nele, aumentando consequentemente suas capacidades.

34

O condiction child acontece quando a criança permaneceu por muito

tempo numa condição deficiente.

Ao observar tudo isso, percebe-se que a música tem o poder de

transformar e melhorar a vida de crianças que possuem necessidades

especiais ou não.

Como acredita Robbins (1991), toda mudança, transformação ocorrida

na criança ao se fazer uso da musicoterapia ocorre de maneira que começa na

parte interna para depois vir à parte externa.

Para a musicoterapeuta Craveiro de Sá, a musicoterapia ao ser

utilizada com crianças autistas, esta possibilita o entendimento dos tempos

autísticos.

Assim, entende-se que a criança autista tem a sua maneira de marcar

o seu território, criando uma barreira no quesito comunicação.

Ainda de acordo com a musicoterapeuta, a música pode ser

responsável por oferecer experiências que ajudarão a criança autista a realizar

coisas diferentes do seu habitual, podendo participar no mundo externo ao qual

ela isola-se de maneira que também não permite que ninguém penetre no seu

mundo criado por ela mesma.

Para fazer uso da musicoterapia com crianças autistas é imprescindível

que seja feito antes de tudo uma análise para que se possa compreender a

necessidade e intensidade do grau apresentado pela criança e, para que se

possa fazer o uso correto da ferramenta, onde será alcançado algum êxito e

todo o tratamento não será realizado em vão.

Como relata Bruscia (2003), todo esse processo de identificação

denomina-se assessment, que tem como objetivo identificar os sinais dados

pelo paciente para que se possa identificar as suas necessidades terapêuticas.

Além desta etapa inicial, o assessment estará sempre presente quando

o profissional precisar fazer algum tipo de identificação.

35

Para Benenzon (1985), “não cabe a menor dúvida que a musicoterapia

é para a criança autista a primeira técnica de aproximação, pois, o enquandre

não verbal é o que permite a esta estabelecer os canais de comunicação”.

Acredita-se que as crianças autistas que reagem a musicoterapia,

demonstrando algum tipo de satisfação, às vezes até mesmo cantando,

desligam-se mesmo que momentaneamente do seu mundo interno onde

mantem-se isolado e de alguma forma conecta-se com o mundo exterior.

Costa (1989) diz que “o processo musicoterápico então parece

proporcionar a oportunidade de (re) vivenciar fases muito arcaicas de formação

do ego, mas de uma nova forma. A sonoridade, nesta nova vivência, é

introjetada como prazer, levando a possibilidade de relacionamento com o

outro e de inserção no discurso cultural”.

Desta forma, com tudo que foi exposto por todos os autores que são

plenos estudiosos da área, é altamente perceptível os benefícios que a

musicoterapia pode proporcionar às crianças que possuem necessidades

especiais, como as crianças autistas.

A criança autista tende a viver de maneira completamente isolada e a

tentativa de penetrar em seu isolamento para tentar fazer com a mesma tenha

algum tipo de interação e integração com a sociedade e as pessoas que o

cerca é uma luta diária.

Em alguns casos, após alguns anos de insistência têm-se algum

resultado, com outros, ao realizar as atividades por pouco tempo, já é possível

visualizar algum tipo de resultado.

Embora o autismo seja algo que pode atingir muitas crianças, não

necessariamente as mesmas serão iguais, apresentarão os mesmos sintomas

e responderão aos tratamentos de maneira diferente.

Cada criança autista é um mundo que precisa ser explorado com

atenção, paciência e cautela para que seja possível alcançar o objetivo final,

que é o de integrar e incluir sempre.

36

3.2 – Musicalidade

Como diz Barcellos (2004) em relação a musicalidade, esta “será

desenvolvida ou não, ou até sufocada, dependendo de vários aspectos como o

meio e as possibilidades de cada um de desenvolvê-la”.

O incentivo a uma criança seja ela autista ou não, para que esta

desenvolva aptidões é de suma importância. Principalmente no momento que

em que a criança está em formação/desenvolvimento.

E, o incentivo da musicalidade é tão importante quanto todas as outras

coisas que podem vir a serem trabalhadas.

Este incentivo pode acontecer dentro de casa mesmo, não

necessariamente é preciso que as crianças estejam matriculadas em aulas de

música, por exemplo.

Em casa, pode-se oferecer à criança ferramentas que possam vir a

despertar o seu interesse e descubra ao manuseá-las, sons. Tais ferramentas

podem ser instrumentos, brinquedos musicais, objetos que façam algum tipo de

barulho, etc.

Este incentivo musical pode ser o responsável pela criança vir a

transformar-se e até mesmo descobrir/desenvolver um talento.

Além disso, por meio da música, pode haver a integração e

socialização da mesma, podendo ainda aprimorar outras áreas como a

coordenação motora, motricidade fina, percepção sonora, raciocínio lógico,

entre outros.

A musicalidade/musicalização é capaz de desenvolver a manifestação

artística e expressiva da criança, de desenvolver o sentido estético e ético, a

consciência social e coletiva, a aptidão inventiva e criadora, ajudar no equilíbrio

emocional, fazer com que os valores afetivos sejam reconhecidos e muitas

outras coisas que venham a somar e otimizar todo esse processo durante o

seu desenvolvimento.

37

No que diz respeito à criança autista especialmente, como afirma

Benenzon (1985), “não cabe a menor dúvida que a musicoterapia é para a

criança autista a primeira técnica de aproximação, pois, o enquadre não verbal

é o que permite a esta estabelecer os canais de comunicação”.

Logo, é altamente perceptível que a música pode ser responsável

ainda por proporcionar a quem precisa de um pouco mais de atenção, uma

melhor qualidade de vida. E, com certeza, esta é uma qualidade de vida muito

merecida para todos que precisam dela. Sendo a música, talvez, a única

ferramenta capaz de proporcionar além de tudo, prazer e satisfação.

38

CONCLUSÃO

Conclui-se com o trabalho apresentado que, embora o autismo seja

algo que afeta um grande número de crianças, este, muitas vezes, parece ser

uma incógnita até mesmo para quem deveria saber como lidar com a questão.

Percebeu-se que as escolas, muitas vezes, ao receber um aluno com

este tipo de “deficiência” não sabe se portar com o mesmo, pois, não possui

estrutura muitas vezes física e profissional para que possa fazer com que esta

criança tenha a oportunidade de integrar-se no que diz respeito na sua vida

social e escolar.

Ainda há aqueles que possuem algum tipo de preconceito, acreditando

que a escola regular não deveria receber e muito menos misturar alunos que

possuem necessidades especiais com alunos que não possuem.

Como foi visto, por este motivo, na década de 80 profissionais no

intuito de proporcionar qualidade de vida para estas crianças lutaram o quanto

puderam para que as mesmas tivessem seus direitos resguardados.

Ainda que a sociedade neste quesito esteja caminhando lentamente, é

motivador perceber que nos dias de hoje, muitas são as escolas que estão

preocupando-se em adaptar-se e especializar-se para serem capazes de

receber tais alunos e oferece-los uma rotina digna.

Como demonstrado, duas ferramentas que podem ser altamente

positivas se usada de maneira correta com a devida atenção são a arte terapia

e a musicoterapia, que podem proporcionar a criança a oportunidade de

exteriorizar o que elas tanto prendem em seu interior. E, conforme for, as

mesmas em algum momento permitirão que o seu mundo isolado seja

penetrado.

39

O uso destas ferramentas não significa que a criança será curada.

Como visto no primeiro capítulo, o autismo é um conjunto de sintomas que

pode ter diferentes graus.

Desta forma, o uso desses tratamentos alternativos como são

chamados hoje, é para que a criança principalmente tenha a oportunidade de

expressar-se sem fazer uso de palavras.

Entendeu-se que diferente do que se acredita muitas vezes, a

comunicação pode ser feita de diferentes modos, cabe a cada um de nós tentar

compreender o que o outro está querendo nos dizes da sua forma. E, que no

final, mesmo com todas as nossas diferenças, seremos sempre iguais.

Independente de alguns possuírem algum tipo de necessidade

especial/deficiência e outros não. Sendo necessário que todos interajam de

maneira igualitária para que possamos então nos considerarmos uma

humanidade como um todo. Onde todos podem interagir e sentir-se incluído

sem diferenças/inferiorizações.

40

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2008.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

AUTISMO E SUAS CARACTERÍSTICAS 10

CAPÍTULO II

A ARTE TERAPIA 19

CAPÍTULO III

A MUSICOTERAPIA 30

3.1. Musicoterapia 30

3.2. Musicalidade 36

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 43