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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
O DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE
ATRAVÉS DA PRÁTICA DA CAPOEIRA
PÔR: ALICE DOS SANTOS VIEIRA
ORIENTADOR
PROFESSOR FABIANE MUNIZ
RIO DE JANEIRO
2003
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
O DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE
ATRAVÉS DA PRÁTICA DA CAPOEIRA
Apresentação de Monografia à
Universidade Cândido Mendes como
condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Psicomotricidade.
Pôr: Alice Dos Santos Vieira
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DEDICATÓRIA
“Dedico esse trabalho, a Alice dos Santos
Vieira e a Adir Rodrigues Vieira, meus pais,
por serem os primeiros professores da escola
da vida.”
Alice dos Santos Vieira
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RESUMO
A intenção do pesquisador ao desenvolver estudo foi evidenciar a
importância do jogo como recurso que contribui para o desenvolvimento da
psicomotricidade no educando, reconhecendo que no contexto da Educação
Física escolar o importante é orientar o aluno em direção a um crescimento e
amadurecimento integral.
No decorrer do trabalho é feita uma análise a respeito do jogo,
evidenciando sua importância biológica e social e também avaliando a sua
utilização como recurso didático relevante a psicomotricidade é apresentada,
também como um estágio, alcançado através dos movimentos, e que reforça
grandemente a finalidade formativa da educação física, facilitando de maneira
direta e efetivação do alcance da prática da capoeira.
Todas estas questões foram fundamentadas tomando-se como fio
condutor as obras de autores bem inteirados nesse assunto. como Maria Celia
Mariane com sua obra na capoeira como proposta educativa no contexto da
Educação Física no Ensino Fundamental; dentre outros autores, citados na
Bibliografia deste estudo.
A perspectiva dessa pesquisa é poder contribuir com educadores e
profissionais da área de educação física e esportes, no sentido de oferecer um
material para estudo e reflexão sobre o tema, haja visto que muitos deles, por
falta de tempo ou de oportunidade, pouco têm conhecimento a respeito do valor
dos assuntos aqui enfocados.
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METODOLOGIA
Para conclusão do referido trabalho desenvolveu-se uma vasta pesquisa
bibliográfica, analisando o que os autores lidos perceberam e descreveram, com o
interesse de destacar os pontos fundamentais a respeito da capoeira procurou-
se apresentar as várias dimensões de conhecimentos diretamente relacionadas
com o assunto.
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SUMÁRIO
I Introdução 07
II Problema 10
III Reversão da Literatura 11
3.1 Fundamentos da capoeira 11
3.2 Formação do ritmo e sua influência na parte recreativa da
capoeira 13
3.3 A parte dos instrumentos da capoeira ou ritimidade 15
3.4 O jogo recreativo da capoeira, relacionado com educação
física infantil 16
3.5 Capoeira educação através do movimento psicomotor 19
3.6 Origem da capoeira 22
3.7 Capoeira – dança ou luta 24
IV O benefício dessa cultura no processo educativo 26
4.1 Educação, militarismo e arianismo 29
V Resultados, Conclusões e Recomendações 33
Bibliografia 36
Anexos 37
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I. INTRODUÇÃO
A escola atual deve se transformar em um espaço de formação e
informação em que a aprendizagem de conteúdos, a formação de conceitos,
desenvolvimento de habilidades e a avaliação das tarefas relevantes possam
fornecer a maturação do aluno na sociedade em que vive e onde necessita
aprender a conviver no aspecto cognitivo, emocional e motor.
O trabalho de Educação Física Infantil nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, é de inquestionável importância, pois possibilitam aos alunos a
terem desde de cedo oportunidade de desenvolver habilidades corporais e de
participar de atividades culturais, como jogos, esportes, luta, ginástica e dança
com finalidade de prazer e lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções. A
Capoeira por excelência engloba todos os aspectos citados acima onde justifica a
razão do referido tema de pesquisa, com o esporte nacional Capoeira.
Os conhecimentos sobre o corpo, seu processo de crescimento e
desenvolvimento, que são construídos concomitantemente com o
desenvolvimento de práticas corporais, no caso a Capoeira, ao mesmo tempo que
dá subsídios para o cultivo de bons hábitos alimentares, higiene e atividades
corporais.do indivíduo, permite compreende-las com direitos humanos
fundamentais. Elucidando a formação de direitos fundamentais, pode-se avaliar o
jogo. Ao interagirem com os adversários, os alunos podem desenvolver o respeito
mútuo, buscando participar de forma leal e não violenta. Conforta-se com o
resultado de um jogo e com a presença de um árbitro permitem a vivência e o
desenvolvimento da capacidade de julgamento de justiça (e de injustiça).
A Capoeira pode se dar em diversas concepções tais como:
• Capoeira luta;
• Capoeira dança;
• Capoeira folclore;
• Capoeira esporte;
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• Capoeira filosofia de vida;
• Capoeira lazer e recreação.
Apesar de ter inumeradas diversas concepções a prática dela
(capoeira) na escola, deverá acontecer de forma global, dando liberdade ao
educando para buscar sua afinidade maior de acordo, com sua identificação. Mas
no caso específico de educação física infantil, com as crianças na faixa etária de
4 a 6 anos, a Capoeira, tem um melhor resultado por intermédio da recreação.
Faixa etária esta, que está compreendida, na segunda infância, ou
média infância, utiliza-se do método da recreação para que se conquiste o seu
objetivo. “O rio só chega ao seu objetivo, porque desvia de todos os seus
obstáculos.” (Vadis, 1997, p.54). Pensando neste prima, adotaremos como
recreação enquanto a sua atitude assim determine. Qualquer tarefa empreendida
era busca de uma satisfação pessoal interior, colocada dentro dos limites da
afetividade, gerada por estímulos da vontade que sem outra intenção que a
própria, satisfação emergente dela aparece nitidamente intercalada nos limites da
recreação.
A Capoeira permite ao ser aprender a fazer algo de belo na cultura:
quer na produção de sons e estímulos, que teatralizando, e o uso harmonioso de
seu próprio corpo, e se não for capaz por si mesmo, de se satisfazer com tais
formas de atividade, deveria achar prazer na que outros executam.
As atividades recreativas mais importantes são aqueles que a
pessoa domina de um modo mais completo, de tal forma que possa sumir nelas,
assim com a Capoeira: tocando, jogando, batendo palma , dançando, dando-lhes
tudo o que tem e tudo o que é.
Refletindo sobre o papel da escola, templo símbolo da educação,
cabe trabalhar com repertório cultural local (Capoeira), partindo de experiências
vividas, mas também garantir o acesso a experiências que não teriam foram da
escola.
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II. PROBLEMA
2.1 Qual o benefício da Capoeira, no processo educativo físico infantil.
2.2 Compreender que não se trata de uma simples atividade, mas sim efetuando
um trabalho de prática, não só pelo esporte, mas sim de ser o esporte, a Capoeira
uma forma, uma estratégia, um motivo para realizar-se o processo educativo
fundamentado em nossas raízes culturais, um jeito de brasileiro para uma
educação também brasileira, de nossas crianças.
2.2.1 Pesquisar o benefício, que a prática da Capoeira de forma recreativa,
resultará na Educação Física Infantil.
2.2.2 Estudar o provável resultado do elo educação física infantil e Capoeira
recreativa.
2.2.3 Significância do Estudo
O estudo pretende mostrar a utilização da manifestação cultural nacional capoeira
no processo educativo. Podendo vir a servir como mais uma fonte de consulta
para os profissionais relacionados à área.
2.3 Dimitação do Estudo
Livros publicados na língua portuguesa a partir de 1899.
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III. REVERSÃO DA LITERATURA
3.1. FUNDAMENTOS DA CAPOEIRA
Consistirá em um programa desenvolvido através de atividades
dinâmicas, estando portanto, dentro do campo de interesses e necessidades dos
alunos na sua fase de desenvolvimento, assim, entende-se que o professor não
deve ministrar as atividades em ordem determinada e nem de forma imperativa,
deve, sim, atender as preferências e interesses dos alunos, gerando esses forem
solicitados por eles.
O professor terá oportunidade para criar por si mesmo ou com ajuda
dos alunos, outros movimentos que possam produzir os mesmos efeitos que os
anteriores programados, quando esses não forem bem assimilados pelos alunos,
ou não se realizar de forma lúdica e prazerosa.
Movimentos básicos simples:
• Ginga: Principal movimento da capoeira, responsável pela
mobilidade do aluno durante o jogo e de onde partem todos os
outros movimentos contidos neste esporte.
• Cocorinha: enquadra nos movimentos defensivos, tem como
finalidade defender o indivíduo dos golpes traumatizantes de
trajetória semi-circulares ou circulares.
• Aú: indispensável na prática da capoeira, por ser um dos
movimentos mais característicos, e também por ser geralmente
usado no início da roda de capoeira, permitindo ainda uma
aproximação ou afastamento do outro jogador, dependendo da
necessidade.
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• Meia-lua-de-frente: movimento traumático de fácil execução,
usado normalmente como finta ou preparação para um
movimento mais potente, podendo ser usado como um objetivo
em si contra o adversário.
• Benção: movimento de fácil execução e dupla ação, podendo
ser aplicado com intuito de traumatizar ou desequilibrar o
adversário.
• Queixada: movimento traumático. Consiste na execução de um
giro de mais ou menos 180 com a perna do sentido de dentro
para fora, no plano antero-posterior.
• Martelo: movimento traumatizante de bastante utilização no jogo
da capoeira. Consiste na elevação da perna executora flexionado
de forma lateral no sentido de abduzir este membro em relação
ao próprio corpo , em ação simultânea com a inclinação do
tronco e da extensão da perna procurando atingir com o corpo do
pé, o lado do rosto ou a região lateral do tronco do adversário.
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3.2 FORMAÇÃO DO RITMO E SUA INFLUÊNCIA NA PARTE
RECREATIVA DA CAPOEIRA.
A composição do ritmo da Capoeira se faz de instrumentos de
percussão. Antes de mais nada, o que é percussão?
O nome percussão vem da palavra percutu que significa bater, ou
seja, tudo que batemos e produz um som pode se tornar um instrumento de
percussão. As possibilidades são muitas, mas não ficam só por ai, pois o conceito
de “percussão” é tão vasto, que tudo, independente da forma de produção de
som, pode se tornar instrumento de percussão. Como assim? A família de
instrumentos de percussão é muito grande e muito rica em timbres. Tão grande,
que podemos dividi-la em duas:
• instrumentos afinados: podem emitir notas;
• instrumentos não-afinados: (não é a mesma coisa que
desafinado) não podem emitir notas.
Cada uma destas categorias pode dividir-se ainda em grupos, como
os:
• membrafones: (instrumentos com membrana ou pele) como
os tímpanos e os tambores em geral;
• idiofones (de teclas), como os vibrafones, as macimbas;
• instrumentos de raspar como os reco-recos;
de chocoalhar, como os ganzás;
de friccionar, como a cuíca.
• monocóico percutido (uma só corda) com o berimbau.
O berimbau é considerado “par da Capoeira”. Até porque é o
berimbau que dita o ritmo do jogo. Há três tipos de berimbaus usados na
capoeira: o berra-boi (ou gunga), o berimbau de centro ou médio, e o viola. O que
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diferencia cada um destes berimbaus é o tamanho de suas cabaças. O berra-boi
possui a cabaça maior e , por isso, é de todos, o que emite sons mais graves. É o
berimbau encarregado da marcação do toque e de fornecer a base melódica para
os demais. O berimbau de centro reproduz mais as médias freqüências, servindo
de contraponto ao berra-boi. Por ultimo há o viola, berimbau que possui a menor
cabaça e, por ter o som mais agudo, é responsável pelo solo da música. É no
viola que o tocador faz os repiques e floreia os tons da capoeira.
Antigamente havia mais rigidez quanto ao uso de três berimbaus na
Capoeira de Angola, e somente um na regional. Isso por causa do toque de São
Bento Grande de Biruta, no qual era utilizado somente um berimbau e dois
pandeiros. Hoje, tanto da angola quanto da regional, fazem parte os três
berimbaus descritos. O que diferenciam um “estilo” do outro são alguns toques, e
dois instrumentos que em geral são tocados angola e não na regional – o reco-
reco e o ganzá.
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3.3 A PARTE DOS INSTRUMENTOS DA CAPOEIRA OU
RITMICIDADE
A parte dos instrumentos da capoeira ou ritmicidade, que por sua
vez, só embeleza a arte com estímulos de ludicidade e prazer, através de
associação de outros estímulos a movimentação tais como, a imagem propiciada
pelo som e a musicalidade (cantando, tocando, batendo palma).
A musicalidade é tão significativa na capoeira ao ponto de
chamarem a prática de dança da copeira, significância esta que muito favorece a
parte recreativa atada acima com nome de lucidade e prazer.
15
3.4 O JOGO RECREATIVO DA CAPOEIRA, RELACIONADO COM
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
As novas concepções da educação física escolar destacam o aluno
como um todo integrado. A criança é vista como um ser historicamente situado,
dona de um saber que é importante para sua vida em sociedade. Ao mesmo
tempo, tem capacidade crítica para situar-se no mundo, para ser por ele
modificado e para transformá-lo.
É a partir dessa visão que se desenvolve o trabalho de capoeira
recreativa, na educação física infantil.
Em nosso entendimento, a criança deve aprender a viver em
sociedade e para isso é necessário que ela internalize os elementos da cultura
corporal ou motora que são relevantes para seu grupo social, como também as
normas de convívio presentes nos diferentes grupos sociais dos quais participa.
Não podemos perder de vista que as organizações sociais são dinâmicas
propiciando formas mais adequadas para satisfazer as diferentes maneiras, cada
espaço social (família, escola, igreja, etc.).
Entender a Educação Física Escolar, têm valor inestimável
oferecendo à criança a oportunidade de vivência, formas diferentes, formas de
organização, as quais as preferidas são as recreativas, onde se encaixa
perfeitamente a capoeira.
A capoeira como Educação Física Infantil deve ser considerada
fundamentalmente como uma parcela do contexto da educação geral das
crianças, nas respectivas faixas etárias, as atividades físicas integram os
programas escolares e aqueles caracterizados como lazer e recreação, são as de
maior interesse das crianças, tornando meios de entretenimento, de diversão e
enriquecimento cultural, este, necessário ao equilíbrio da criança como membro
de uma civilização que está dentro de um processo industrial em permanente
transformação.
16
Alguns educadores estão descobrindo o valor dos movimentos da
capoeira como exercícios físicos, conscientizando pessoas da sua importância
para a saúde física e mental de qualquer indivíduo que a pratica. Justifica-se
também a importância da capoeira como processo individual e coletivo, que
desenvolve potencialidades nas crianças e ajuda as mesmas a estabelecerem
relações com o grupo do qual fazem parte atuando, com plena consciência da
diferença entre educar e adestrar, pois é uma ciência que lida com pessoas e não
com objetos.
Em outro plano, a capoeira como educação física, possui o mesmo
significado que cultura, está totalmente correlacionada à sociedade e será
compreendida como uma equação entre o princípio do prazer e o da realidade, do
saber e o da mentira. Assim, entende-se a capoeira no panorama da educação
física infantil não só como uma redundância aos aspectos fisiológicos, se os
objetivos vão mais longe: fazer uma verdadeira educação que crie condições para
os educandos se tornarem sujeitos de sua própria estória, consciente das coisas
que os cercam, crescendo de forma significativa o seu potencial cultural. Isto,
democraticamente com total liberdade de participação e expressão.
Mas para que isto aconteça é preciso de professores ou mestres de
capoeira com competência profissional, ciente do quê, como, porquê e onde
fazer; e principalmente consciente politicamente, sabendo a quem está servindo,
quem está sendo beneficiado, enfim, educadores que tenham uma visão da
totalidade dos benefícios da capoeira e do universo que ela engloba.
Outro fator é que se faz diferente do esporte espetacular, alto nível e
competitivo, ela deve considerar o desenvolvimento natural de cada criança. Se
quisermos, a capoeira no ensino fundamental como mais uma atividade de
educação física voltada para a socialização, para o coletivismo, é necessário
desenvolver nas crianças novos interesses de cada criança, que no caso se
compreende entre 4 a 6 anos. Assim, a capoeira antes de ser oferecida como
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prática recreativa dentro da escola, deve ser entendida pelos seus reais valores e
princípios dentro do contexto educacional.
Esta disciplina está ocupando o seu espaço no ensino fundamental,
contribuindo também para o desenvolvimento psicomotor das crianças; além de
oferecer uma filosofia própria pelo seu caráter recreativo e educativo, que inclui o
prazer da distração, do esforço e do progresso, servindo para promoção humana
em benefício da sociedade através do movimento.
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3.5 CAPOEIRA EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO MOVIMENTO
PSICOMOTOR
Este sub-tópico, digna-se pela importância do desenvolvimento
psicomotor que a prática da capoeira irá proporcionar.
Nesta concepção, as leis de evolução psicomotora destacam-se
como fator importante que deve ser levado em conta pelo professor de educação
física, que visa o desenvolvimento completo e harmonioso dos educadores.
O desenvolvimento da evolução psicomotora na criança através da
prática da capoeira, só será possível, a partir do momento que o professor levar
em conta a maturidade de sua aprendizagem, suas condições internas e
externas. O quadro, quanto e como a criança é capaz de valizar alguns
movimentos de capoeira estão relacionados com o ambiente material social e
emocional. Esses oferecem grande contribuição, por serem uma fonte de
estímulos de experiências que influem no desenvolvimento adequado da criança.
Se considerarmos a prática da capoeira como uma atividade
psicomotora, devemos buscar o espaço dela no contexto escolar, porque ela têm
muito o que contribuir na educação global das crianças, pela sua expressividade
em todos os seus aspectos educativos. Movimentar as crianças através de uma
atividade como esta, é oportunizá-las a conhecer as noções de como ela é
formada e quais as suas possibilidades de alcançar seus objetivos internos e
externos.
A capoeira como atividade psicomotora, está diretamente
relacionada com os aspectos histórico-sócio-culturais, as emoções, sentimentos
e percepções, fazendo com que, quem a pratica perceba as coisas no seu meio e
no meio dos outros.
Pode-se então dizer, que a capoeira como educação psicomotora
tem características fundamentais, o movimento é dos fatores principais nesta
19
concepção, o que faz com que o desenvolvimento geral da criança tenha uma
íntima relação com os elementos psicomotores: esquema corporal, orientação
temporal, estruturação espacial, coordenação, motricidade fina e percepção
sensorial.
Como a finalidade de mostrar a importância da capoeira no
desenvolvimento psicomotor da criança, para isso faz-se necessário abordar
alguns pontos fundamentais da educação psicomotora como pré-requisitos de
aprendizagem no processo educacional.
Várias ciências têm demonstrado através de estudos científicos,
aprovados também pelos críticos da educação, que a educação psicomotora
serve de base para o desenvolvimento integral da criança, por este baseiam-se
no movimento como um suporte para a aprendizagem.
A capoeira como uma educação psicomotora tem como objetivo
principal o desenvolvimento da criança em todas as suas dimensões psicológicas,
neurológicas, sociais e espirituais. A capoeira se propõe a refazer as fases que
possam ter sido mal sucedidas do desenvolvimento psicomotor das crianças e
com a possibilidade de reabilitar e moralizar o comportamento geral das mesmas,
favorecendo pré-requisitos para a sua aprendizagem formal e não formal no seu
contexto social.
Entendendo educação psicomotora como uma ação pedagógica,
que tem como finalidade o desenvolvimento, entre outros mental e motor das
crianças, com a meta de levá-las a dominar o seu próprio corpo e adquirir um
controle voluntário.
Le Bouldr, vê a educação psicomotora como uma educação de base
no contexto escolar, levando a criança a tornar consciência de si mesma, da sua
lateralidade, do seu espaço, da dominação do tempo, de adquirir hábitos para
seus gestos e movimentos. Permite, então, a perseverança em suas ações,
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prevenindo inadaptações que mais tarde tornaram-se mais difíceis de serem
corrigidos.
O mesmo autor, afirma que a educação psicomotora diz respeito a
uma formação de base indispensável a toda criança normal ou com problemas.
Deve-se ainda assegurar o desenvolvimento completo funcional da criança como
também ajudar sua afetividade à expandir-se e a equilibrar-se através do
intercâmbio com o ambiente humano.
O professor, que se dispõe a trabalhar com criança não deve
confundir a satisfação que a criança tem pela atividade realizada com a educação
das opções motoras essenciais.
Acredita-se que o desenvolvimento psicomotor das crianças tem
relação com as condições constitucionais escolares e seu ambiente. Dizendo
ainda que não se pode mais aceitar a educação psicomotora como uma
intervenção pontiral, isolada, retirada do contexto pedagógico escolar.
Mas para que isso aconteça, é preciso ao mesmo tempo, que o
professor dê toda importância à expressão corporal, atualmente ignorada, negada
ou reprimida à criança. Entende-se assim, que estes aspectos podem ser
desenvolvidos na criança através, das aulas de Educação Física, as quais, devem
utilizar, a capoeira recreativa, enfim, atividade dita psicomotora.
Considerando a capoeira uma prática recreativa psicomotora,
devemos buscar o espaço dela no contexto escolar, porque ela tem muito o que
contribuir na educação global das crianças, pela sua expressividade em todos os
seus aspectos educativos.
21
3.6 ORIGEM DA CAPOEIRA
Sabe-se que os Papuas (Oceania), já no séc.XVI, praticavam uma
modalidade de luta com os pés. É muito provável que eles, nômades que eram,
tenham propagado tal luta por quase toda a África. Via navio negreiro é
perfeitamente possível que ela tenha desembarcado, mais tarde, no Rio, na Bahia
e até em Pernambuco. Em aqui chegando, sincretizou-se com as culturas
indígena e européia.
Quanto à origem etimológica, o negro escravo, que fugia para os
capões, que fugia para os quilombos, que fugia para as capoeiras, pode Ter, até
involutariamente , sugerido o nome capoeira. (Lacé Lopes, 1994, p.48).
Certamente, após a invasão, veio a colonização e com ela a suposta necessidade
de mão-de-obra, a mais barata possível, o que gerou a atuação dos “famigerados
degredados”, tão temidos pelos alunos de nossos grupos escolares, na primeira
metade desse século o que causou a degeneração do índio e do negro
seqüestrado no continente africano. ( Tavares, 1984, p.32).
No transporte desses homens nos navios negreiros, situação
deplorável que levou o intelectual Castro Alves a denunciá-las em versos
rigorosamente elaborados e que, certamente faria Fernando Pessoa reformular
sua construção sobre a necessidade de navegar, certamente mais do que
navegar, sobreviver, era preciso. E sobreviver era preciso! Resistir tornou-se uma
ação estratégica onde o corpo era o principal referencial. A resistência não era
apenas à violência física, mas também a violência simbólica exercida pelos
dominadores, que se esforçavam em impor, aos negros, novos valores culturais,
tais como: catolicismo, a língua portuguesa, “boas maneiras, etc.”
Desta forma estes homens que em nenhum momento se renderam
aos brancos, no surgimento à capoeira: uma linguagem polissêmica que, uma das
contradições do processo de denominação, representou importante elemento
para a preservação da identidade sócio-cultural, consolidada no cotidiano de
22
origem negro-africano, para a luta pela sobrevivência física, sendo um corpo
vivido o seu repertório cultural e ao mesmo tempo, uma das principais armas
contra o opressor, e, como síntese, elemento chave no processo de (re) criação
cultural.
Numa interpretação mais próxima da visão fenomênica da realidade,
Almir das Areias atribuiu o surgimento da capoeira, enquanto “luta de autodefesa
para enfrentar o inimigo” a uma imitação de certas ações de determinados
animais (Almir das Areias, 1984, p.16).
23
3.7 CAPOEIRA-DANÇA OU LUTA
No passado uma luta disfarçada em dança para despistar os olhares
dos feitores e senhores dos negros escravos e atualmente divulgados em
academias e centros de atendimentos sociais, tal como: escolares, considerado
por muitos como luta marcial e por outros como arte ou dança folclórica. A
capoeira tem nos últimos anos levantado muitas controvérsias.
Há diferentes tipos de capoeira e diferentes formas de atuação.
Pode se dançar, jogar, lutar e brincar capoeira. Quando dança a capoeira, a
preocupação do capoeirista concentra-se na expressão corporal, e a arte
comando o espetáculo. Ao jogar capoeira, o lazer transforma-se em competição,
tendo de haver um vencedor. Quando se luta capoeira, o que se tem em jogo é a
capacitação física, se bem que a competição também se faz presente. E ao
brincar, a coreografia é a Tonica, porem, a livre expressão é o que embala esse
prazer.
Como espaço de reflexões e aprendizados a certa da vivência dos
educandos pode se destacar alguns aspectos importantes. Através do encontro
com o folclore, o aluno resgasta o próprio passado, a historia, a cultura contida na
trajetória da capoeira, a trajetória da raça negra em nosso país. Encontrando
explicações na cultura e na história, resgatando a dignidade, o auto-respeito, a
auto-valorização e a força de uma classe social que vem sobrevivendo apesar do
desrespeito que vem sobrevivendo, apesar do desrespeito por partes das
autoridades governamentais.
Outro aspecto de relevante importância abordado, é o fato de que
todos dançam, cantam e batem palmas. É uma forma de expressão a liberação
de energias negativas, além de viabilizar o enfrentamento de eventual timidez, ao
mesmo tempo em musicalização do ritmo, atenção, etc. Ajudando os jovens a
vencerem certos obstáculos que o corpo e a mente impõem, levando a
conscientização de seus próprios limites e conseqüentemente a respeito pelo
limite alheio.
24
Até a década dos anos trinta, quando a prática da capoeira era
proibida, o uso do apelido recebido na primeira graduação, embora exaltasse
certa característica marcante do comportamento do educando, além da
confirmação da sua identidade, uma identificação como grupo.
Enfim, diante destas podemos observar que o papel do mestre de
capoeira é da mais alta importância. Então cabe a essa figura paternal, e de
autoridade lidar com estes aspectos mencionados acima de uma forma que leve
ao desenvolvimento de personalidade sadias, onde o respeito a si próprio e ao
outro é o sentimento de coletividade seja o aspecto cultivado como o amor de um
jardineiro. (Colhem, 1996, p.2).
25
IV. O BENEFÍCIO DESSA CULTURA NO PROCESSO
EDUCATIVO
Estes subtópicos têm como função abordar os aspectos do
desenvolvimento da criança e na escolar, através do jogo da capoeira.
Considerando os objetivos da educação física para o ensino fundamental. Os
objetos educacionais do ensino fundamental para as primeiras séries são os de
desenvolver a saúde, resistência física e a coordenação da criança, através da
execução de exercícios adequados que satisfaçam sua necessidade de
movimento acrescentando ainda exercícios de agilidade, velocidade, força,
resistência e equilíbrio, além de despertar a fantasia e imaginação, como
também, o desenvolvimento de hábitos de disciplina, ordem e postura.
A capoeira, caracterizada como jogo que utiliza constantemente o
movimento, yrm msid uma justificativa forte para ser inserida no ensino
fundamental, porque atinge os objetivos anteriormente citados. De acordo com
tais objetivos, a educação física infantil através da capoeira, não deixa de ser
uma educação global, pois atua na educação do físico, da mente e nas relações
sociais. A educação do físico subtende desenvolver no indivíduo aptidões físicas,
ou seja, estabilidade emocional, saúde, desempenho, eficiência tecnicamente
bem constituído.
A capoeira oportuniza à criança a retenção de situações alegres e
prazerosas que tornam mais descontraídas, favorece ainda a formação de
subsunçores para a expressão de novos movimentos a combinação destes.
Quando se ensina a capoeira para um grupo de crianças como
também outros esportes elas não aprendem somente com o professor.
Elas aprendem, também, umas com as outras, pois cada uma possui
uma maneira de pensar, agir, que são reflexos da própria história de cada uma
26
delas. Essa troca de aprendizagem é um dos comportamentos sociais que podem
ser estimulados através de pratica de capoeira. (Cunha, 1984, p.32).
Proclamada a independência do Brasil, os nacionalistas mais
acirrados pretendiam que a nação se desligasse de outros laços, que ainda
aprendiam à antiga metrópole. Não era apenas de uma nova Constituição que
precisávamos. Tínhamos necessidade de nacionalizar a nossa educação, de
diminuir a espantosa quantidade de analfabetos, de melhorar as condições
culturais do povo.
Para a historia da nossa Educação, o ano de 1823 foi um dos mais
interessantes. Na sessão de 4 de junho, da Assembléia Constituinte, o deputado
pela província de Minas Gerais, padre Belchior Pinheiro de Oliveira, em nome da
Comissão de Instrução Pública, leu uma proposta em que se indicavam os meios
de estimular os gênios brasileiros a elaborar um tratado completo de Educação.
(Silva, 1995, p.21).
Desenvolvimento do esporte como meio educativo. Cada vez mais,
também, se torna corrente o entendimento de que se quisermos conhecer um
povo, devemos conhecer, dentre outros aspectos, suas atividades esportivas
tradicionais, suas concepções e formas de desenvolvimento esportivo.
Estimular o desenvolvimento das atividades esportivas (capoeira)
fundamentadas nos princípios de Educação integral, a partir de praticas que
privilegiam o intelectual, o afetivo, o motor e o social por intermédio de ações
contextualizadas e dinâmicas, tendo a escola como um dos pólos irradiadores.
É preciso rever a capoeira numa ótica transformadora e obter a sua
prática educativa de conscientização, pois o ato de lecionar capoeira não é
meramente um ato de amor, mas um ato político por intermédio do qual podemos
abrir um novo horizonte para um verdadeiro caminho no exército da cidadania.
(Barbieri, 1994,p.5 e 23).
27
Os estímulos auxiliares como altamente diversificados: eles incluem
os instrumentos a linguagem das pessoas que se relacionam pela própria criança,
incluindo o uso do próprio corpo. (Vygotsky,1991, p.139)
As crianças pequenas copiam o estilo e os exemplos da que vêem e
observar em seu dia-a-dia. Isso também acontece em relação ao
desenvolvimento das habilidades motoras. Nesse sentido, cabe ao adulto ou o
professor responsável, mostrar as diferentes formas de execução de uma
determinada ação motora.
O professor utiliza jogos e brincadeiras com regras criadas e
discutidas com as próprias crianças visando à formação de atitudes e valores
como: cooperação, responsabilidade, respeito pelas diferenças, trabalho coletivo,
auto-avaliação, etc. (Deheinzelin,1991,p.107-9).
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4.1 EDUCAÇÃO, MILITARISMO E ARIANISMO
É interessante observarmos que o projeto de construção da nacionalidade
presentes nas ideologias do Estado Novo procurou reunir os elementos de conservação das
tradições e proposta modernizante numa única dimensão. Uma identidade coletiva surgiria da
recuperação do passando aliada aos progressos técnicos e políticos da época. Diversos autores
do período evidenciam a preocupação com a recuperação de tipos regionais tais como: Gilberto
Freyre, Cassiano Ricardo, Alceu Amoroso Lima, etc...
O envolvimento do Estado com esfera cultural, orientou-se basicamente pelo
binômio modernização e nacionalismo (Schwartzman, 1984,p.51).
A educação brasileira, após a revolução de 1930, sofreu significativo processo de
adequação às novas características da sociedade, orientando-se pelo espírito pragmático contido
no processo de industrialização em andamento no país. Intensificaram –se as lutas por um ensino
laico, o que produziu acirrados conflitos entre os intelectuais engajados no movimento da escola
nova e a igreja , que via na educação um importante instrumento no combate ao individualismo e
ao materialismo que parecia difundir-se pela sociedade brasileira.
É interessante observarmos, a ocorrência da fusão dos princípios liberais da
escola novismo, com o ideário político autoritária em voga, na época em palestra proferida na
escola do Estado Maior das Forças Armadas, em 1939, por exemplo, Lourenço Filho, buscou a
conciliação destas duas concepções, procurando pontos médios que articulassem o espírito militar
da disciplina e da hierarquia com as propostas de uma educação de massas com vistas ampliação
da cidadania. O ponto de encontro era emergência de uma organização de uma sociedade
brasileira, e neste projeto, educadores e militares seriam, as falanges de um mesmo e só exército.
(Schwartzaman, 1894, p.70).
Na implementação deste projeto de uma educação racional e disciplinadora, com
o objetivo de moldar o novo homem, impulsionado por ideais nacionalistas e pela concepção da
autoridade e da força como instrumentos políticos primordiais, o corpo ocupou um lugar de
destaque. Devemos observar que ainda ecoavam embora já não prevalecia no panorama
intelectual brasileiro as teses arianizantes defendidas por Nina Rodrigues, Arthur Ramos e outros
autores na passagem do século. Ao lado dos resquícios das teorias racistas, já presentes no
ambiente intelectual brasileiro, aparecem as doutrinas autoritárias importadas, de forte conotação-
nazi-facista. É nesse espaço ideológico que se constituíram as primeiras iniciativas consistentes
no sentido da institucionalização da educação física no Brasil.
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A implantação da educação física nas escolas atendia aos anseios eugênicos e
autoritários do Estado Brasileiro da década de 30 e do Estado Novo. Cantarino Filho destaca
significativo fragmento de um artigo de autor norte-americano da época, Irving Fischer, intitulado
“A nova educação física”, publicando diversas vezes no Brasil pelo periódico “educação física”, de
1934 a 1943. autores brasileiros, especializados em educação física também expressaram essa
tendência eugênica, relacionando atividades físicas com desenvolvimento da raça. Esse caso de
Inezil Penna Marinho, então técnico de Educação da Divisão de Educação Física, do Ministério da
Educação e Saúde (1940), ao afirmar que: “a educação física está reservando papel
preponderante na padronização de nossa raça”.
Vale a pena destacar que Penna Marinho, um dos autores mais conceituados na
área de educação física no Brasil, veio lançar as bases de um método de educação física apoiado
nas raízes culturais brasileiras e nas técnicas de capoeira. Nota-se a persistência de fortes
conotações biologistas e uma anacrônica preocupação nacionalista. Afirma em epígrafe ao seu
trabalho: “A Ginástica Brasileira inspirada na capoeira, encontra suas raízes histórico-sócio-
culturais na própria vida de povo brasileiro, constituindo uma mensagem de BRASILIDADE”.
(Marinho, 1981,b:03). Depois de algumas citações em que procurar destacar a “debilidade física
do branco e o embrutecimento” do negro, Inezil Penna Marinho afirma: “Por todas essas
qualidades, mais inteligente que o negro e mais destro que o branco, o mulato se tornaria o tipo
ideal de capoeira arrogante por excesso na sua preocupação de demonstrar que nada possuía na
submissão do negro escravo”(Marinho, 1981:27).
Em 1930, o ministro da guerra baixou uma portaria organizando o centro militar de
Educação física, com o objetivo de ser um centro formador de especialistas na área determinando
que o Método Francês fosse oficialmente adotado.
Embora desde 1929, a Associação Brasileira de Educação já dirigisse severas
críticas à adoção do método francês no meio escolar, em 30 de junho de 1931, Francisco
Campos, ministro da educação e saúde, através da portaria número 70, definiu os programas de
educação física para o ensino secundário com base nas “(...) normas e diretrizes do Centro Militar
de Educação Física”.
Em 1933, foi fundada a escola de educação física do Exército no Rio de Janeiro,
substituindo o Centro Militar de Educação Física, com o objetivo de “proporcionar o ensino do
método de educação física regulamentar”e “orientar e difundir a aplicação do método (Marinho,
1980 a: 22)”.
A ausência de uma interpretação humanista da educação física e a introdução da
disciplina e de praticas tipicamente militares (marchas e lutas como jiu-jitsu), greco-romana, Box,
etc..), nos indicam os efeitos ideológicos do método Francês enquanto educação física escolar. A
30
educação física integrou-se a uma ampla política de estabelecimento de uma rigorosa disciplina
corporal na vigência da República de Vargas. Destacando o fato de que o momento político
abordado, ao contrário do Brasil oligárquico em que havia uma repressão pura e simples das
atividades corpóreo-gestuais nas camadas subalternas da sociedade, constitui uma “retórica do
corpo”. (Uréira, 1998, p.60-8).
O professor de capoeira certamente facilita ou dificulta o desenvolvimento da
personalidade de seus alunos. Isto significa que o educador 00deve estar consciente de suas
atribuições, tendo em mente que deveria ser um conservador do sistema mecanicista ainda
predominante em nosso país. (Cunha, 1984, p.32).
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V. RESULTADOS, CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A Educação Física Infantil será uma atividade transformadora a
partir do momento em que o profissional de Educação Física conseguir encontrar
sua identidade social a luz de uma visão histórico-cultural de classe e, no ato de
sua prática desportiva ou educativa a enulação do espírito crítico, da denuncia, do
conflito e da contra educação alienante.
Para isto, tornar-se necessário que todos envolvidos na problemática da Educação
Física nacional criem novas situações de ensino-aprendizagem, novas bases filosóficas,
resgatando a verdadeira essência de uma educação humanística, encontrando desta forma novos
caminhos em beneficio de uma futura sociedade.
Um país especialmente se ainda em fase de desenvolvimento, deve cultivar seu
folclore, seus costumes e suas tradições. A capoeira, pela sua origem, pela sua história de lutas e
de glórias e, sobretudo, pelo seu extremo fascínio e especulosidade poderia ser mais bem
explorada como uma unidade didática por ser tão embora de ludo-motricidade, recreação e prazer.
Nesta visão, o professor de Educação Física que ministra aulas de capoeira, deve
ter presente que o aluno é o centro de atenção e o clima deve ser favorável à formação de uma
personalidade criativa, crítica e integrada, que tenha um ambiente de descontração e de
reciprocidade. Tenta-se, por uma aula de capoeira que favoreça ao educando a realização plena
de momentos corporais como um processo de impulsão interna que parte do seu espírito, e que
em conseqüências surja um envolvimento global, mas em primeiro lugar, uma educação física
infantil que não seja insensível aos problemas sociais.
A aplicação do termo lazer à infância não é consensual. Isto ocorre pelo peso
considerável do aspecto “tempo” na conceituação do lazer. O que importa destacar, no âmbito
deste estudo, é o componente lúdico da cultura da criança.
A análise da criança inserida na sociedade demonstra que, de uma perspectiva
mais geral, o que vem sendo verificado, de modo crescente, é o furto da possibilidade da vivência
do lúdico na infância, ou pela negação temporal e espacial do jogo, do brinquedo, da festa, ou
mesmo através do consumo “obrigatório” de determinados bens e serviços oferecidos como num
grande superdesafio. A sociedade burguesa instrumentalizando a cultura , destacando o seu
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caráter produtivo e sua manifestação enquanto produto apenas desvaloriza, ou até mesmo deixa
de considerar a criança como tal, por não reconhece-la como produtora de cultura.
Não propondo a instrumentalização da infância, mas até mesmo desta perceptiva
é fundamental a vivência do componente lúdico da cultura da criança. Não definindo também a
“preservação” da infância em “infantilismo”, posição mística ou romântica, que ignora o principio
de realidade. Definido a necessidade de se respeitar o direito a alegria, ao prazer, a propiciados
pelo componente lúdico da cultura bom de sustentação para a efetiva participação cultural critica,
criativa e transformadora. A própria atividade produtiva ganharia, assim, um sentido ao permitir a
leitura lúdica do mundo, e o prazer primário a realidade.
O professor de capoeira ao decidir por esta estrutura de aula (recreativa), deveria
ter em mente que este jogo deveria existir por si só, onde o lúdico serviria como objetivo, tal como
acontece nas aulas formais. Entendendo que a sua participação poderá ser influenciadora
mediante sua respectiva visão da própria arte de capoeira.
A dinâmica da capoeira parece também indicar-los que o ser humano nunca deve
permanecer estático. A movimentação é essência da vida, e esta movimentação só leva a um
estado de permanente vigília e constante atenção. Para agira ou contrapor-se a uma ação, é
necessário movimentar-se.
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BIBLIOGRAFIA
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Manole, 1994.
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MARIANI, Flavia e GUIMARÃES, Maria Célia. A capoeira como proposta
educativa no contexto da Educação Física no Ensino Fundamental. Goiânia GO,
1995.
MARIOTTI, Fabian. A Recreação e os jogos. Argentima. Editora Kodomo, 1996.
MEL CHERTS/HURTADO, Johann G.G. Dicionário de Psicomotricidade e
Ciências Afins. Porto Alegre, Prodil, 1991.
SILVA, Antonio de Siqueira e BERTOLIN, Rafael. Atividades de Educação Moral e
Cívica. São Paulo, Is.d1.
SILVA, Clara, Benedita, e BRITO, Elto. Capoeira: Ser ou não ser, eis a questão.
Goiânia: IS. EDI, 1992.
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ANEXOS
Índice de Anexos
Anexo 1 – Ingresso referente a peça: “4 por 4” da Companhia de Dança Débora
Colker. Teatro João Caetano.
Anexo 2 – Ingresso referente a peça: Circo da Paixão – Godspell. Teatro
Carlos Gomes.
Anexo 3 – Ingresso referente a peça: “A peça sobre o bebê”. Teatro das Artes.
Anexo 4 – Ingresso referente a visita ao Palácio Tiradentes, em anexo prospecto
elucidando a história.
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A N E X O S