universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … dos anjos fernandes.pdf · por: armando dos anjos...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O IMPACTO DA INFORMÁTICA
NO
ENSINO SUPERIOR
Elaborado por:
Armando dos Anjos Fernandes
Orientador
Profº. Maria Poppe
Rio de Janeiro
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O IMPACTO DA INFORMÁTICA
NO
ENSINO SUPERIOR
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Docência do Ensino Superior.
Por: Armando dos Anjos Fernandes
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, que em todos os
momentos me proporcionou o
conhecimento, a luta e a possibilidade
de vencer meus desafios e aos mestres
que me transmitiram uma realidade,
apontando novos horizontes e novas
perspectivas.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a minha esposa, minha filha,
parentes e amigos que tiveram a
serenidade de me aceitar como sou,
coragem para me incentivar nos
momentos difíceis e sabedoria para
criticar os meus erros.
5
RESUMO
O rápido avanço tecnológico no mundo atual, principalmente no
campo da informática, vem sendo um desafio para os educadores frente a
necessidade de sua constante atualização quanto aos recursos oferecidos pelo
computador.
Foram analizados os recursos tecnológicos utilizados pelos
professores em sala de aula, suas vantagens e desvantagens, e suas
repercussões na relação professor – aluno. Podemos abservar uma recepção
positiva por parte dos professores quanto a utilização de novas tecnologias na
universidade, embora ainda se faça necessária uma revisão das estratégias e
práticas adotadas.
É imprescindível incentivar pesquisas para avançar o conhecimento
de novas tecnologias da informática e também analisar a importância da
atualização constante dos professores.
É preciso uma tomada de consciência, por parte dos professores e
administradores, do papel que desempenha a informática na educação e no
Ensino Superior. Somos parte da era tecnológica, e isto não apenas do ponto
de vista técnico-pedagógico, mas sobretudo como uma questão
epistemológica.
Quanto ao impacto da utilização de novas tecnologias na relação
professor-aluno, embora tenham sido citadas algumas alterações negativas,
pode-se observar que grande parte dos professores acredita que a tecnologia é
uma forma de aproximar aluno e professor e de gerar conhecimento.
6
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento de dados com professores do Ensino
Superior através de questionário, com questões abertas e fechadas, visando
obter informações sobre os recursos tecnológicos utilizados e os que gostariam
de ter condições de utilizar. O questionário foi distribuído aos professores que
responderam voluntariamente.
As respostas obtidas mostram que o software aplicativo Power Point
é usado com maior freqüência e em seguida a utilização de e-mails e aulas
realizadas no laboratório de informática. Os professores também indicaram os
recursos que gostariam de utilizar: a construção de home pages para a
disciplina e a indicação de sites com conteúdo da disciplina.
Quanto às questões abertas foi realizada uma análise de conteúdo
das respostas apresentadas:
- Enriquecimento e diversificação: quando se refere ao uso de novas
tecnologias para enriquecer as aulas.
- Aprendizagem: quando faz referência à aprendizagem do aluno,
professor e aluno construindo conhecimento, aluno participando do
processo.
- Atualização: respostas que se referem ao fato de que as novas
tecnologias dão maiores possibilidades de acesso a informações
atualizadas.
- Facilidade/rapidez: engloba respostas que se referem às facilidades do
uso de novas tecnologias, citando a rapidez e praticidade.
- Motivação: quando se refere ao uso de novas tecnologias como uma
forma de motivar mais o aluno para as aulas ou até mesmo o professor,
despertar o interesse.
Foi feita extensa pesquisa bibliográfica e também pesquisados sites
na Internet.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08
CAPÍTULO I - Didática e a utilização da informática no Ensino Superior.. 10
CAPÍTULO II - Fatores que contribuem para aceitação do uso do computador
pelos educadores ........................................................................................18
CAPÍTULO III – Desafios que enfrenta a educação brasileira ................... 23
CONCLUSÃO ..............................................................................................35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................36
ÍNDICE ............................................................................................................... 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO .............................................................................38
INTRODUÇÃO
8
O uso da informática na educação superior tem ocupado um espaço
cada vez maior, exigindo uma adaptação e uma atualização constante por
parte dos professores. A Universidade, tendo como finalidade ser produtora de
conhecimento e como compromisso atender às demandas sociais, através de
ensino e pesquisa, necessita conhecer como está se dando a utilização de
novos recursos pelos professores e suas percepções quanto a vantagens e
desvantagens dessas mudanças, para que assim possa desenvolver
capacidades para lidar com os novos desafios.
Acredita-se que a universidade seria o Logus privilegiado para a
formação de profissionais em condições de acompanhar a produção científica e
tecnológica mais avançada e de realizar pesquisas e adaptações locais dessa
produção.
Atualmente, embora exista uma grande tendência ao uso do
computador na educação (Jonassem,1996; Moraes, 1997), em geral tem sido
utilizada uma abordagem que usa o computador, na maior parte das vezes,
exclusivamente como uma máquina de ensinar, não representando grande
avanço aos métodos tradicionais e convencionais de ensino.
A aprendizagem, que resulta do uso desta abordagem, privilegia a
mera absorção de informação, freqüentemente pela repetição e memorização,
ficando o aluno na posição predominante passiva de mero receptáculo de
informações, sem um papel mais ativo na construção de sua aprendizagem.
Os benefícios da utilização de novas tecnologias no ensino se darão
a partir de ambientes em que interações se constituam de forma cooperativa e
construtiva, entendendo a aprendizagem como um processo de exploração e
descoberta, e sendo dado ao aluno, nesse processo, o papel ativo de
construtor de sua própria aprendizagem.
9
Necessidade da transformação da educação brasileira visando uma
mudança estrutural da sociedade, uma atualização constante, com
professores bem preparados e motivados para podermos acompanhar os
avanços tecnológicos representados pela informática.
O impacto da evolução tecnológica na vida das pessoas. A
Universidade aparece como a principal responsável na preparação da
sociedade no favorecimento de uma renovação pedagógica e a introdução da
informática através de disciplinas tradicionais.
A utilização da informática na Educação com o objetivo de
socialização do conhecimento e a formação para o exercício da cidadania.
Os desafios enfrentados pela educação brasileira para criar estilos
pedagógicos que incentivam o ensino-aprendizagem ativo, reflexivo e criativo,
que respeitem o contexto sócio-político da realidade brasileira.
CAPÍTULO I
10
DIDÁTICA E A UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NO ENSINO
SUPERIOR
Cabe a universidade investir na produção acadêmica de
conhecimento novo e inovador, repensando aspectos teóricos e metodológicos,
integrando efetivamente o ensino e a pesquisa. A inserção das novas
tecnologias requer uma postura criativa, visto que se o recurso for utilizado de
forma inadequada, sem uma crítica aos fundamentos de sua ação, poderá não
alcançar os objetivos propostos.
1.1 A Informática como recurso pedagógico
Pensar em informática como um recurso pedagógico que propicia
um aumento na eficiência e na qualidade do ensino é, antes de mais nada,
pensá-la vinculada à realidade da educação de seus professores e alunos, é
pensa-la voltada para a busca da superação dos problemas de ensino é, enfim,
procurar identificar formas de seu uso que constituam respostas para os
problemas de nossa Educação.
Nesse contexto, cabe a Universidade a formação dos recursos
humanos responsáveis pela condução e resolução dos problemas que afligem
a sociedade. A qualidade desta modalidade de ensino é objeto constante de
preparação por parte de todos aqueles que direta ou indiretamente estão
envolvidos no processo educacional. Assim, a acentuada perda de qualidade
decorrente da expansão desordenada do ensino universitário e sua
concomitante massificação têm levado invariavelmente a um decréscimo
qualitativo na formação de recursos humanos. A universidade não está sendo
capaz de formar indivíduos que, no exercício de suas funções na sociedade,
possam propor e implementar as soluções exigidas. Desse modo, a definição
da participação da Universidade na resolução dos problemas nacionais passa,
11
obrigatoriamente, pela consideração do papel fundamental que tem o professor
como indivíduo e o corpo docente como grupo.
A utilização mais intensa e abrangente de métodos e técnicas
pedagogicamente adequados ao contexto da Universidade, deve abranger a
capacitação do docente universitário no sentido de prover-lhe uma formação
didático pedagógica suficientemente consistente a ponto de produzir melhoria
na qualidade de seu ensino.
“Para que a informática penetre na escola, uma
condição local essencial deve ser cumprida: a existência
de uma equipe de professores motivados capazes de
dedicar tempo a um projeto pedagógico preciso, e
dispondo de meios que lhes permitam adquirir ou adaptar
os programas, garantir a manutenção e estocagem do
material e organizar os locais necessários” (Lesoure,
1988, p.21).
Cremos que todos os jovens devem deixar o ensino médio com um
conhecimento básico sobre a estrutura e o funcionamento das tecnologias mais
comuns. Sem esse conhecimento não é possível controlar o uso das mesmas,
criticando-as e colocando-as em seu devido lugar.
Pouca gente sabe que todas as máquinas têm efeitos colaterais
indesejáveis, por exemplo, a televisão induz a um estado de sonolência no
telespectador, independentemente do programa. Assim, esse aparelho não
permite normalmente uma atitude crítica e consciente do telespectador,
gravando em seu subconsciente tudo o que é transmitido, sem que geralmente
seja filtrado pelo consciente. Motores a explosão provocam poluição, cujos
efeitos deveriam ser conhecidos por todos (talvez aí se desse, em nosso país,
mais importância ao álcool como combustível, apesar de ser, de imediato, mais
caro). Motocicletas, por serem veículos muito ágeis, induzem a atitude do
12
motoqueiro, exigindo um enorme esforço de autocontrole por parte dos
motoristas para serem guiadas consciente e calmamente. Automóveis
produzem um isolamento dos passageiros em relação ao ambiente, fazendo
com que eles absorvam um número enorme de imagens em pouco tempo, o
que não é uma atitude normal do ser humano.
O desconhecimento do funcionamento básico das máquinas leva a
um grave problema individual. A atitude normal do ser humano, ao desfrontar-
se com algo que não entende, é investigar esse algo e seu entorno até poder
associar, pelo pensamento, sua percepção sensorial com um conceito
relacionando suas idéias com o mundo observado. Por exemplo, ao ver uma
árvore balançando, uma pessoa procurará a causa, que pode ser o vento,
ficando com isso satisfeita sua curiosidade.
No entanto as máquinas estão ficando cada vez mais complicadas, e
com isso as pessoas passam a ficar inertes frente a uma incompreensão de
seu funcionamento, sentindo-se impotentes para compreendê-las. Por
exemplo, quantas pessoas conhecem o princípio do funcionamento de um
motor a explosão, ou uma sustentação das asas de um avião? Essa abdicação
da curiosidade e da ação de investigar, uma verdadeira paralisia mental,
parece-nos significar a diminuição, o abafamento de uma característica
humana essencial, diminuindo assim o caráter humano da pessoa. Talvez essa
atitude influencie negativamente outras áreas que exigem curiosidade e
investigação, particularmente em relações individuais e sociais.
Obviamente, não é necessário que a escola ensine a usar uma tevê
ou um elevador, como também outras máquinas cujo uso se tornou corriqueiro.
O importante é ensinar o princípio de funcionamento dessas e outras
máquinas, para que elas não sejam um mistério e possam ser usadas
criticamente.
13
No caso dos computadores, deve se levar em conta que eles
penetram em todas as atividades humanas, pois substituem uma parte de
nossos pensamentos. De fato, não se encontra um automóvel ou uma máquina
de lavar roupa dentro de um escritório, de um dormitório ou de uma fábrica. No
entanto, pode-se muito bem encontrar computadores nesses locais. Devido a
esse uso universal, cada vez mais crescente, é necessário ensinar tanto o que
eles são como a usa-los em aplicações de utilidade geral, mostrar como podem
ser bem e mal empregados e quais os benefícios e malefícios que trazem à
sociedade e aos indivíduos.
Algumas das influências nefastas dos computadores, como por
exemplo a necessária quantificação e empobrecimento da informação de
qualquer dado processado por eles, só podem ser compreendidas se houver
um conhecimento de sua estrutura interna, tanto do ponto de vista lógico
quanto de hardware. Por isso somos favoráveis a que sejam abordados no
ensino.
1.2 Os professores como principais agentes de inovação
educacional
Os professores são os principais agentes de inovação educacional.
Sem eles nenhuma mudança persiste, nenhuma transformação é possível.
A educação brasileira passa por um momento especialmente crítico
e caótico. Diante dessa realidade duas posições básicas podem ser
assumidas.
“Uma analisa a crise como uma disfunção do sistema.
Este não é colocado em questão. Trata-se de melhorar,
aperfeiçoar o sistema e perguntar-se sobre o papel da
14
informática nesta perspectiva. A segunda posição parte
da necessidade de uma mudança estrutural da sociedade
e da educação” (Candau, 1992, p.14).
O Sistema de Ensino tem de ser repensado a partir da ênfase no
seu compromisso com a socialização do conhecimento e a formação para uma
cidadania consciente, ativa e crítica. Não tem sentido reforçar uma perspectiva
em que a aprendizagem seja concebida quase que exclusivamente como
processo de assimilação, adestramento intelectual, profissional e social.
Necessitamos favorecer o potencial reflexivo, não somente o pensamento
convergente e analítico, mas também divergente e intuitivo de nossos jovens e
adultos. É a perspectiva da transformação a nível pessoal, social e
educacional.
A Universidade Brasileira contribui para o desenvolvimento do país,
no desempenho de suas verdadeiras funções, isto é, gerar e transmitir novos
conhecimentos através da pesquisa básica e aplicada. O que vem ocorrendo,
no entanto, é uma expansão da função da universidade no setor de pesquisa e
uma estagnação e/ou involução na função de ensino, constatando-se um
desequilíbrio que abrange as duas funções. O decréscimo na qualidade de
ensino influi decisivamente nas possibilidades de expansão da pesquisa, já que
debilita as possibilidades de orientação aos pesquisadores para a escolha e
implantação dos problemas e programas a pesquisar.
Ao professor da Universidade é conferida a responsabilidade de
difundir o saber no intuito de revisá-lo e ampliá-lo, democratizando-o na troca
de experiências com seus alunos. A ele cabe a tarefa de lançar no mercado
profissional, pessoas competentes que efetivamente possam responder as
demandas sócio-político-econômico-culturais em vigor, no seu mais alto grau.
Para o professor sem bagagem pedagógica e carente de conhecimento do seu
conteúdo específico, o emprego do computador acelera suas falhas, revelando
suas incoerências. Por outro lado, para o professor de sólidos conhecimentos e
15
experiência no nível didático e de conteúdo, o computador otimiza a produção
e seu uso provoca o crescimento e aprofundamento deste profissional.
Há uma mentalidade difusa nos meios educacionais que encara a
tecnologia avançada como força para resolver os problemas escolares. Na
verdade, as dimensões basilares que definem a qualidade e a direção da
educação encontram-se na formulação do professor, nas condições de trabalho
que lhes são dadas e nas condições dadas ao aluno no nível econômico e
cultural e na filosofia educacional da escola. Qualquer tecnologia intervém no
quadro já dado, realçando as características definidas pela política
hegemônica.
A informática enquanto ciência da informação constitui-se a partir de
teorias que conflitam com as teorias defendidas nas últimas décadas e que,
tendo no horizonte a democratização da educação e da sociedade, propõe uma
educação emancipatória em busca de um desenvolvimento em que o conjunto
da população nacional participa e usufrua dos avanços alcançados. É o projeto
de uma educação emancipatória que, em última instância, está por trás do
questionamento da informática e da educação bancária e tecnicista que se
constitui pela memorização, aquisição e processamento de conteúdos
(informações) resultando um trabalho intelectual (“conhecimento”) considerado
alienado, uma vez que é desenvolvido de modo fragmentado, estático e
descontextualizado.
Trata-se de uma concepção de conhecimento que não
instrumentaliza para o exercício da plena cidadania, que não educa para
compreender, explicar e habilitar-se para a apropriação do saber e intervenção
nos processos definidores das práticas sociais concretas, específicas e gerais.
Ou seja, uma determinada disciplina precisa ser desenvolvida de tal forma que
o aluno possa habilitar-se a dominar o conhecimento específico, mas também
possa aprender as relações do conjunto do seberes entre si e as inserções
16
desta área do conhecimento nas práticas sociais e nos seus processos
definidores.
1.3 Como articular os avanços tecnológicos representados
pela informática ?
A questão é como articular, por um lado, os avanços tecnológicos
representados pela informática e demandados pela sociedade, e por outro, a
democratização da educação escolar sistematizada em um projeto político-
pedagógico emancipatório.
As novas tecnologias não saíram do nada repentinamente, com o
sinistro objetivo de dominar o mundo. Foram chamadas pela evolução geral da
sociedade, pertencendo à lógica geral de nossa época. Não se pode fixar-se a
uma estratégia de dicotomia contábil, que visaria a reduzir a coluna de efeitos
negativos e alongar a de efeitos positivos.
Por “novas tecnologias”, os teóricos críticos entendem algo mais do
que simples inovações no campo da ciência e Tecnologia. Essas técnicas
representam um domínio sem precedentes do homem sobre a natureza do
universo, em seus aspectos genéticos, microeletrônicos e energéticos, com
graves repercussões na vida social, econômica, política e cultural dos povos.
“As novas tecnologias foram elevadas à dignidade
de um conceito, tornando-se emblema salvador da
modernidade em crise, seu sinal de unificação. E, entre
elas, a Informática aparece como uma tecnologia que está
mudando nosso modo de viver, pensar e trabalhar,
gerando, com a automação da memória e a programação,
quiçá uma “revolução informática”, com implicações tanto
técnicas quanto ideológicas. Mereceria ela, no entanto, ter
17
lugar entre as grandes revoluções da história humana?”
(Chesneaux, 1995, p.109 ).
Tecnologia não é um produto independente da sociedade. Pelo
contrário, “embora exista um paradigma tecnológico, há um número muito
grande de possíveis trajetórias tecnológicas, e isso depende da sociedade em
que estamos.
“O terreno no qual a técnica conquista seu poder
sobre a sociedade é o poder que os economicamente
mais fortes exercem sobre a sociedade. A racionalidade
técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é
o caráter compulsivo da sociedade alienada em si
mesma” (Romiszowski, 1983, p.48).
Portanto, quanto à informatização da educação, o esforço no sentido
de formar indivíduos livres, seguros e responsáveis, capazes de pensar por
conta própria, será necessariamente maior e mais difícil no futuro do que já tem
sido.
CAPÍTULO II
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA ACEITAÇÃO DO
USO DO COMPUTADOR PELOS EDUCADORES
Alguns fatores como a explosão tecnológica da microeletrônica e o
ritmo acelerado do impacto do computador na vida das pessoas, contribuem
18
para a modificação da atitude dos educadores para aceitação do computador
na educação.
A Educação e o Treinamento são as áreas da informática que maior
interesse vem despertando: artigos descrevem projetos já em andamento,
resultados já alcançados e preocupações éticas, pedagógicas e outras. Todos
descrevem as mesmas aplicações, citam poucos resultados concretos, pois as
escolas que visam computadores ainda não produziram uma “massa crítica” de
dados sobre as suas experiências e citam as mesmas preocupações,
principalmente com os efeitos psicológicos sobre os alunos e com a
“importação de tecnologias estrangeiras”.
Diante disso, ao relacionarmos Educação e Informática, devemos
considerar dois aspectos importantes:
- A educação informatizada.
- A educação para a informatização.
A educação informatizada destaca o uso do computador no ensino
como um recurso não em substituição ao professor, mas em auxílio a este e a
educação para a informatização que é a preparação do indivíduo para o mundo
tecnológico com o qual cada vez mais terá contato em sua vida.
A Universidade aparece atualmente como uma destas estruturas
capazes de difundir e utilizar o computador com a preocupação de preparar
uma sociedade informatizada. Existem três metas importantes e atuais com o
uso da informática na educação:
- Desenvolver uma formação de cultura geral em informática (para que
serve, o que pode contribuir na vida moderna, quais suas limitações e
aspectos econômicos-políticos-sociais associados a ela).
- Favorecer simultaneamente uma renovação pedagógica, abrindo para o
processo ensino-aprendizagem novas perspectivas na área de recursos
19
instrucionais, auxiliando o professor a questionar-se sobre a validade de
seu conteúdo e o modo como está sendo transmitido.
- Introduzir a informática através de disciplinas tradicionais, sem que seja
criada uma nova disciplina específica, que viria sobrecarregar um
currículo já extenso e correria o risco de se tornar mais um
conhecimento estanque sem ligação e/ou aplicação com a estrutura
curricular de um determinado curso.
Estamos conscientes que existem limitações ao uso desta técnica,
pois apesar de poder ser utilizada em todas as matérias, o uso da informática
não pode se fazer de maneira idêntica em todas as disciplinas, tornando-se
necessário sua adequação. A própria renovação pedagógica ligada
à utilização da informática no ensino superior, pelas suas próprias
características, dá-se lentamente, não sendo possível esperar-se resultados
rápidos.
2.1 A informática na Educação usada como socialização do
conhecimento e formação da cidadania
É necessário equipar adequadamente as Unidades de Ensino e
Pesquisa, prioritariamente as que têm a função de formação de
professores, para que possam a partir da prática, tornar realidade a
Informática na Educação. A preparação da criança, do jovem e do adulto
para os complexos processos da informática exige uma escola capaz de
possibilitar a compreensão teórico-prática dos fundamentos técnicos e
científicos e sócio econômicos das tecnologias emergentes e presentes no
mundo do trabalho.
A didática que sirva de suporte a uma proposta de utilizar a
Informática na Educação precisa considerar dois aspectos fundamentais:
- A socialização do conhecimento.
- A formação para o exercício da cidadania.
20
“Conhecer é uma capacidade iminentemente
humana. É do próprio homem construir conhecimento,
não somente transmití-lo ou reproduzí-lo. Conhecer é um
ato profundamente pessoal e criativo” (Candau, 1992,
p.16).
Na nossa sociedade a participação no processo de elaboração do
conhecimento sistematizado é privilégio de poucos. O compromisso da
educação é com a socialização do conhecimento, com a ampliação da
participação dos diferentes segmentos da sociedade no processo da
transmissão e construção do saber científico, do saber sistematizado. Não
somente por seu valor instrumental na constituição de uma nova sociedade
mas, articulado com este, por seu valor profundamente humanizador e por seu
potencial liberador. Toda inovação no âmbito da Educação deve favorecer este
objetivo.
Outro objetivo é a formação para o exercício da cidadania. Uma
cidadania ativa, crítica e responsável. Isso supõe pessoas que
verdadeiramente, sejam sujeito de sua história pessoal e social. Com uma
identidade claramente assumida, capazes de fazer opções conscientes em
termos éticos e de sentido da vida humana. Com uma visão de realidade sócio-
econômica e cultural em que viveu explicitamente trabalhada, com um
compromisso ativo com a humanização da sociedade.
Socialização do conhecimento e formação para a cidadania são
objetivos básicos da Educação no momento histórico do nosso país. Toda
inovação educativa tem de perguntar-se sobre como situar sua contribuição
neste horizonte de uma educação comprometida com a construção de um
conhecimento e a formação de cidadãos capazes de contribuírem para a
transformação social e a afirmação da democracia e da justiça social na
sociedade brasileira.
21
O objetivo da informatização deve ser a construção de uma
sociedade democrática, com participação mais igualitária no conhecimento, nas
inovações e nas riquezas. A informatização da sociedade vai tender para uma
ou outra dimensão, democratizante ou então oligopólica, dependendo do
esquema político-social de distribuição do poder e das riquezas, onde está
imerso o processo de informatização.
A didática para a informática no nível superior deve considerar, além
dos aspectos já discutidos a definição de uma política nacional de informática
na educação, cujas primeiras diretrizes estavam no âmbito da Política Nacional
de Informática, que nos anos 80 eram suficientemente amplas, permitindo as
Universidades, aos sistemas estaduais de ensino e as escolas de 1º e 2º graus
a formação de recursos humanos e as pesquisas e experiências para o
desenvolvimento de tecnologia, tendo em vista as necessidades brasileiras.
Nos anos 80 houve o auge das propostas de Informática na Educação
chegando-se aos anos 90 sem uma política de informática na educação
implementada, apenas algumas pesquisas e propostas isoladas.
2.2 O que pode ser feito para alcançarmos novas perspectivas
com relação as novas tecnologias na educação?
Investimentos na atualização do professor é uma sábia e coerente
perspectiva de cuidar da educação na sua totalidade: os conteúdos, a
avaliação, o currículo, a psicologia do aluno e até as questões de política
educacional brasileira. Junto a isso propiciar experiências voltadas em
informática educativa as comunidades docentes de escolas e Universidades,
além de fornecer embasamentos filosófico e pedagógico que permitam refletir
criticamente sobre o processo educacional.
Equipar as escolas públicas e universidades com aparelhagem de
informática, no mínimo mostrar ás pessoas que as freqüentam, que elas são
22
tratadas com respeito. A escola para a grande maioria das crianças, se
apresenta como o primeiro agente socializador, e é nela que os filhos das
classes sociais menos privilegiadas vão ver pela primeira vez como esta
sociedade a trata e a valoriza.
O país já tem a sua disposição, seja na área de software, seja na de
hardware, material a preços acessíveis e resistentes que permitem iniciar
trabalhos pedagogicamente consistentes.
A adaptação dos currículos das escolas e Universidades para a
inclusão das disciplinas de informática e cursos flexíveis capaz de formar
professores de informática com alto conhecimento em didática e técnicas
pedagógicas.
CAPÍTULO III
DESAFIOS QUE ENFRENTA A EDUCAÇÃO
BRASILEIRA
Um dos maiores desafios que enfrenta a educação brasileira é
favorecer estilos pedagógicos que promovam um processo de ensino-
aprendizagem estimulante, ativo, reflexivo e criativo.
O projeto pedagógico no conjunto das lutas sociais inclui tanto uma
diretriz teórica com os meios de processar a prática escolar, onde Pedagogia e
Didática se correspondam mutuamente, a primeira, buscando na prática
educativa a compreensão crítica da sociedade e da cultura, constituindo-se na
23
teoria da ação educativa, e a segunda questionando a prática educativa,
proporcionando elementos para a reavaliação teórica. Nesse contexto o
professor é o mediador entre a teoria e a prática. Daí a necessidade da teoria
pedagógica para determinar o sentido de sua ação e da didática para embasar
o aspecto técnico dessa ação.
Esses aspectos destacam que o papel que cabe à educação
sintetiza-se em interpretar, analisar, construir, avaliar e transformar a realidade.
A didática predominante continua enfatizando a transmissão de um
conhecimento pronto, a repetição e a memorização, em alguns casos, a
compreensão, a aplicação e a realização de exercícios mecânicos, de
adestramento ou de aplicação de conceitos, leis ou princípios à situações
particulares. A educação na maior parte das vezes não estimula a capacidade
de dúvida, de incerteza, a consciência de que todo conhecimento é provisório,
que está em contínuo processo de criação e recriação. Certamente existem
escolas que favorecem um trabalho nessa linha mas são em número reduzido
e não afetam de modo significativo a dinâmica do sistema como um todo.
Nas áreas de forte desenvolvimento tecnológico, a desatualização
dos professores é muito rápida. As tecnologias associadas à informática e aos
computadores são reconhecidamente as que maior evolução sofreram nas três
últimas décadas. O seu impacto em termos de organização da sociedade só
agora começa a fazer sentir de forma generalizada, tendo implicações em
praticamente todos os domínios do conhecimento. Os quadros superiores das
organizações têm consciência da grande importância das tecnologias da
informação, quer os que diretamente se relacionam com a função informática
quer os que planejam ou administram.
Atualmente existe um enorme manancial de informação sobre estes
assuntos e diversos cursos e seminários de elevada qualidade, vocacionando
para o segmento dos quadros profissionais e que procuram dar uma visão
24
abrangente das tecnologias, métodos e tendências da engenharia, informática
e computadores.
Existem três formas de aplicação de novas tecnologias na educação
em países em desenvolvimento.
- A partir da caracterização do contexto e das necessidades reais da
população, com o compromisso de enfrentar os problemas mais
relevantes que afetam a educação, coloca-se o conhecimento científico,
as metodologias, as técnicas utilizadas e os equipamentos a serviço da
solução dos referidos problemas;
- A partir de um conhecimento teórico dos instrumentos, estes são
aplicados indiscriminadamente, permanecendo um enfoque meramente
eficientista, procurando-se “otimizar” aberta ou disfarçadamente,
consciente ou inconscientemente, o sistema vigente com todas as suas
ambigüidades;
- Tendo por base uma visão superficial dos conhecimentos disponíveis
para fazer tecnologia educacional e com uma ausência de sensibilidade
humana, se faz pseudo-tecnologia educacional para justificar pseudo-
cientificamente decisões sem uma análise crítica do contexto
educacional vigente.
Na prática predominam a “terceira” e a “segunda” aplicações.
Certamente a tecnologia da informação não é uma exceção. No entanto, a
existência de algumas experiências na linha da primeira abordagem
assinalada, permitem afirmar sua possibilidade e lançar um desafio a ser
enfrentado, tornando o assunto mais compreensível e atraente para os
educandos.
O grande desafio da didática atual é o seguinte:
“Assumir que o método didático têm diferentes
estruturantes e que o importante é articular esses
25
diferentes estruturantes e não exclusivar qualquer um
destes tentando considerá-lo como o único”. (Candau,
1991, p.21).
Certamente o conteúdo, a estrutura e a organização interna de cada
área do conhecimento e sua lógica específica, são estruturantes do método
didático educacional mas não são os únicos. O sujeito da aprendizagem, que
tem sua configuração própria e evolutiva, uma criança, um adolescente, um
adulto, as diferenças individuais e estilos cognitivos são elementos básicos do
processo de ensino-aprendizagem.
Outros estruturantes são o elemento lógico geral, o contexto em que
se dá a prática pedagógica, as variáveis político-sociais e culturais e os fins da
educação. Somente articulando todos estes estruturantes, a partir de uma clara
concepção da Educação e do processo de ensino-aprendizagem, é possível
caminhar na construção de uma didática e de uma pedagogia capazes de
romper com a prática educativa predominante em nossas escolas.
Na educação o objeto, o experimento, os sujeitos aprendizes,
também falam de si, não se enquadrando, a priori, em nenhuma fórmula pré-
concebida. Sendo assim, a dinâmica da realidade faz-nos rever, a todo
instante, nossa prática, fazendo com que novos ajustes sejam introduzidos ou
mesmo inventados. Estes são também os desafios da informática no ensino
fundamental, médio e superior.
3.1 O uso da informática em educação como uma proposta
pedagógica
Que não nos contentemos com mudanças periféricas ou que se
reduzam a otimizar o existente. É necessário colaborar com a transformação.
26
Construir uma nova configuração do processo de ensino-aprendizagem capaz
de integrar articuladamente, processo e produto, dimensão intelectual e afetiva,
objetividade e subjetividade, assimilação de conhecimentos e construção
criativa, compromisso com o saber e a questão do poder na escola, dimensão
lógica e psicológica, aspectos gerais e específicos da aprendizagem, dimensão
política e técnica da prática pedagógica, função de ensino e de socialização da
escola.
A partir disso, o uso da informática em educação deve estar inserido
numa proposta pedagógica que respeite o contexto sócio-político da realidade
brasileira, as condições prévias do aluno e a avaliação permanente das
aquisições e processos intelectuais, antes, durante e após a utilização do
computador.
A didática é uma prática com seus pressupostos filosóficos, com sua
teoria de aprendizagem e com procedimentos hierárquicos, regrados e
instrumentados que balizam a relação aluno-professor. Os pressupostos
filosóficos fornecem uma visão de Homem e colocam um objetivo à Educação.
As teorias de aprendizagem aspiram a um estatuto científico para dar a palavra
final. Mal se distingue das questões filosóficas, cabe as teorias da
aprendizagem dar uma descrição fiel dos processos psicológicos que levam um
indivíduo a perceber, conceituar, lembrar, generalizar as descobertas nesse
campo retroagindo sobre as concepções filosóficas assim como estas influem
no caminho das pesquisas.
“dever-se-ia criar uma metodologia de uso do
computador na educação, não a metodologia que se
encontra costumeiramente por aí, nem a metodologia
empacotada nos primeiros programas educacionais. É
importante uma metodologia como norteadora da
prática pedagógica” (Almeida, 1988, p.367).
27
Outra dimensão da metodologia do ensino seria aquela que fizesse
ser criada a partir da análise do trabalho, ou seja, que formasse a estrutura
curricular, os programas, as estratégias que os professores adotam, as formas
de avaliação, levantando toda a problemática, desde os seus currículos e
programas até o seu sistema de avaliação, detectando os pontos de entraves
ao desenvolvimento da sua prática cotidiana educativa. Será feito um
levantamento da problemática para detectar quais são os itens em que o
computador poderá dar uma contribuição para a solução e que outros âmbitos
da tecnologia não poderá dar a solução adequada, e aí sim, poderemos aplicá-
lo.
O computador, nesse caso, entrará no final de um processo de
análise crítica dos problemas pedagógicos, ao invés de entrar como uma
solução a priori, sem ter sido feito um levantamento do problema. É só a partir
disso que se deve elaborar programas educacionais com apoio do computador.
Almeida defende uma “metodologia de produção de material
informatizado aplicado à educação”.
O professor utilizará todos os recursos da informática para fazer
trabalhos gráficos, desenhos, ilustrações e textos em suas aulas, sem
conhecer computação, pois vai utilizar apenas os recursos da máquina.
O curso montado para uma aula e passado para a estrutura
computacional, é um curso de uma instrução programada, bastante sofisticada,
que está embutida dentro do computador, e o conhecimento que um professor
precisa ter de programação para montar um curso com esse recurso é
extremamente pequeno.
Se fosse criada uma metodologia de produção de material de
informática aplicada à educação, na qual tivéssemos muitos recursos a
disposição, para produzir os nossos cursos com uma metodologia mais
28
sofisticada, mais aprofundada, as conseqüências pedagógicas seriam várias e
benéficas.
Além disso é necessário também um acompanhamento pedagógico
extremamente crítico dos programas produzidos. É muito fácil lançar
programas sem que haja acompanhamento pedagógico ou avaliação
sistemática das suas conseqüências. Entretanto, é preciso fazer uma análise
pedagógica em profundidade, e não utilizar esse elemento como se fosse bom
por essência simplesmente, por ser informatizado. Por pertencer à informática,
ele pode até representar um fator negativo para a escola, decorrendo disto a
necessidade de se refletir sobre ele, analizando-o com muito cuidado.
3.2 Procedimentos práticos dos pressupostos e das teorias
Outro aspecto da didática que precisamos analisar são os
procedimentos, que são a manifestação prática dos pressupostos e das teorias.
São hierarquizados, pois são estabelecidas prioridades, regradas, porque ditam
normas à maneira de conduzir o aprendizado e uso de recursos (livros, vídeo,
televisão). É nesse ponto que entra o computador , pois ele é um instrumento
independente do ensino e aproveitado por ele. São independentes porque não
dizem respeito a nenhuma matéria em particular e nem surgiram de uma
necessidade do ensino. Foram criados pela tecnologia para finalidades alheias
à educação e, bem ou mal, reaproveitados pelo ensino.
Assim discute-se não o instrumento, mas a forma de empregá-lo. Os
instrumentos que atraem o ensino são instrumentos de comunicação. A relação
de ensino é uma relação de comunicação por excelência que visa a formar e
informar. É justamente por ser um instrumento de comunicação que o uso do
computador torna-se problemático: tendo a pedagogia um “como transmitir
conhecimentos” tendo em vista uma filosofia e uma teoria, estes instrumentos
se inserem diretamente no âmago da questão. Empregar qualquer instrumento
29
significa modificar a relação aluno-conhecimento, a relação aluno-professor e a
relação escola-sociedade.
Na relação aluno-conhecimento, o ensino discute não apenas o
que ensinar, mas também como vai travar contato com tal conteúdo. A relação
aluno-conhecimento é modificada pelos meios empregados para estabelecê-lo.
Na relação aluno-professor a modificação desta relação decorre da
primeira, de duas formas:
- O professor tem à sua disposição mais possibilidades didáticas de
transmitir conhecimentos e, conseqüentemente, mudar sua maneira de
dar aula;
- O “status” de dono do conhecimentos se modifica: o aluno pode obter
maior autonomia de estudo com a existência de livros do que quando
havia um só manuscrito para muitos. O conhecimento passa por outras
mãos que são as do professor e a relação aluno-professor se vê
modificada por estas novas formas de comunicação.
Na relação escola-sociedade, a sociedade encontra novos meios
de estocar e comunicar o conhecimento. A cultura, como um todo, se organiza
de maneira diferente para gerar o seu patrimônio. A escola representa uma
reposição (atualizada ao contexto das novas tecnologias) dos termos de um
antigo debate entre as pedagogias tradicional, tecnicista e renovada. De fato,
as divergências entre essas concepções de educação se assentam ao longo
do tempo, principalmente sobre a questão dos métodos de ensino e não tanto
sobre as finalidades básicas e as funções sócio-políticas da educação.
A partir deste estudo, após várias entrevistas com docentes que
ministram aulas em universidades, constatou-se que o avanço da informática
na educação é uma realidade inquestionável, que está presente em toda a
instituição e na sociedade. A maioria dos professores mostraram interesses em
se atualizar e utilizar o computador cada vez mais em suas aulas, como
30
recurso didático. A área de atuação dos docentes intrevistados pode ser
situada dentro de duas linhas metodológicas básicas:
- Investimento na atualização do professor, por ser este o agente principal
para o desencadeamento de um trabalho correto, capaz de fazer
abortar, distorcer ou achar os verdadeiros rumos da informatização na
Educação.
- Integração do trabalho com o computador ao currículo, o que exige do
professor e a Universidade uma reflexão sistemática acerca de seus
objetivos, de suas técnicas, dos conteúdos escolhidos, das grandes
habilidades e seus pré-requisitos, enfim, ao próprio significado da
Educação.
Constatou-se um grande questionamento e dúvidas dos docentes
em relação a informática na Educação. Devido a quase nula formação na
área pedagógica, a maioria acredita que quem utiliza a informática no
ensino deve abordar a questão do ponto de vista das teorias de educação,
da interdisciplinaridade da estrutura dos cursos, da infra-estrutura das
escolas, dos usuários, e do conhecimento, no caso, específico da
Informática como ciência mais ampla e do conhecimento existente sobre a
utilização do computador na educação.
Ressaltaram as deficiências teóricas e metodológicas frente ao tema
que não podem ser superadas sem uma grande discussão e não devem ser
encobertas com treinamentos técnicos.
Os docentes conhecem muito bem a informática, mas pouco a parte
didático-pedagógica. É necessário uma complementação para sanear essa
lacuna. Alguns não estão acostumados com a questão do conteúdo, não
sabem bem como transmitir os conhecimentos que dominam.
31
O conhecimento específico do docente, na maioria das vezes,
sobrepõe-se ao conhecimento didático-pedagógico. Um tipo de
conhecimento necessariamente não precisa sobrepor-se ao outro. Os dois
precisam andar juntos, lado a lado. Não adianta o profissional ser uma
pessoa com uma boa formação acadêmica, com muitos cursos, se não
consegue propiciar o aprendizado aos alunos.
Constatou-se, ao longo da pesquisa que os entrevistados estão
preocupados com a defasagem que se coloca entre o projeto educacional
vigente e as demandas técnicas, científicas e teóricas, postas e impostas
pelo avanço tecnológico, particularmente da informática.
Com base na situação dos cursos de licenciatura no contexto da
realidade educacional brasileira, várias deficiências foram apontadas a
inadequação do preparo do professore em geral para um trabalho docente
que se apóie e /ou utilize tecnologias educacionais informatizadas.
“O ensino da Informática carece de uma coisa
muito importante que é a metodologia. Não existe uma
metodologia para o Ensino da Informática e normalmente
os docentes ensinam os seus alunos da mesma forma
como aprenderam, de um jeito formal, não-sistematizado,
não programado. Eles desconhecem a questão do
planejamento de ensino, o que é planejamento de ensino,
o que dificulta muito o trabalho. Numa sala de aula, há um
programa a cumprir e, se o docente não tiver um mínimo
de planejamento, não conseguirá cumpri-lo. É preciso que
ele tenha muita clareza sobre a questão da avaliação, e
até da avaliação com instrumentos mais formais. Mas, o
que se nota no mercado, pelo menos nas instituições em
que pudemos recolher informações, é que realmente
muito pouca gente está trabalhando em algum projeto
32
para desenvolver uma metodologia para a área.”
(Lepíscopo, 1992, p.16).
Esta ausência de metodologia não ocorre só na área de Informática,
ela acontece também em outras áreas. Quando se lida com uma área de
conhecimento mais específica, é preciso ter uma metodologia, uma abordagem
eficaz para ensiná-la. No caso da informática, talvez diferentemente das outras
áreas, até porque se trabalha com tecnologia de ponta, há a mistificação que
ainda existe em relação à máquina.
Há ainda, infelizmente, muitos profissionais que propositadamente
mistificam a máquina, mistificam o conhecimento, achando que a informática se
sobrepõe a todas as demais áreas. Este é um grande engano, uma
incoerência, porque esses tipos de idéias contradiz a própria tendência da
microinformática, que é a disseminação dos microcomputadores. O
microcomputador existe hoje para ser um instrumento, uma ferramenta
acessível a qualquer pessoa.
A formação na área de Informática é resultado de um conjunto de
conhecimentos, Não se pode, por exemplo, considerar apenas o aspecto do
conhecimento específico, uma boa formação em informática ou em qualquer
área, é dar condições para o aluno saber interpretar o que está em volta dele.
Infelizmente não se observa nas Universidades em geral uma preocupação
com esse objetivo. A universidade hoje não está preocupada em dar nem essa
“boa formação” aos alunos, nem a formação profissional propriamente dita.
Outro aspecto importante que deve ser trabalhado com os alunos é
o da abrangência de sua formação e da sua atuação político-social futura. O
aluno precisa ter uma visão real sobre o impacto da informática na sociedade,
ter consciência que o computador poderá vir a tirar empregos e ter clareza
quanto a forma em que esse processo ocorre ou pode ocorrer. Na verdade, as
33
pessoas podem ser recicladas, podem adquirir conhecimentos na área de
informática e serem aproveitadas.
O avanço da informática proporciona aos educadores grandes
variedades de meios e recursos no sentido de auxiliá-los em seu trabalho. O
surgimento de novas tecnologias e métodos de ensino vieram solicitar a
utilização de instrumental mais eficaz para atender os usuários. Mas, apesar
dos avanços tecnológicos, ainda temos na sociedade uma realidade
educacional que deixa a desejar, onde o nível de formação do professor
freqüentemente é inadequado para a classe. Não há domínio de conteúdo,
recebem baixa remuneração e tem alta rotatividade profissional.
Parece ser mais cômodo manter-se a escola acatando a educação
como um imenso processo de acumulação de dados, alguns necessários,
outros supérfluos, sempre privilegiando a consciência individual. Com o
advento do computador, o homem, produto de uma escola tradicional, torna-se
antiquado e obsoleto, e como reservatório de conhecimento é facilmente
superado pela máquina.
34
CONCLUSÃO
Concluimos, que para atingir a informatização da Educação de
nossas escolas e universidades seria necessário, em primeiro lugar, vontade
política dos governantes apoiada num projeto pedagógico, como um todo,
assessoria de técnicos na área educacional e de informática, capacidade de
articulação com organismos que já detém experiência na área.
A informática constitui-se a partir de teorias que conflitam com as
teorias defendidas nas últimas décadas e que, tendo no horizonte a
democratização de educação e da sociedade, propõe uma Educação
emancipatória em busca de um desenvolvimento econômico, político, sócio
cultural e democratizado onde o conjunto da população participe e usufrua dos
avanços alcançados.
O papel da Educação e do Ensino em geral devem ser
redimensionados, em função das contribuições que o avanço tecnológico
emprestará forçosamente à estrutura sócio-política-cultural de toda a
humanidade. Isto significa que, também e principalmente a área de formação
de professores será, irreversivelmente afetada por esta verdadeira revolução
que remete a relevância do estudo e desenvolvimento de alternativas para o
enfrentamento da problemática aí implicada.
35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
LESOURE, J. Education & Societé: les defies de I’an 2000. La Decourverter,
Paris: 1988.
CANDAU, Vera M. Informática na Educação: um desafio. Tecnologia
Educacional, R.J. 1991/92.
CHESNEAUX, P. Informática e Educação, Paris, 1995
ROMISZOWSKI, Alexander. Computador na Educação: como começar com o
mínimo de recursos. Tecnologia Educacional, R.J. 1983.
ALMEIDA, F. J. Pedagogia e informática, São Paulo: FDE, 1988.
LEPÍSCOPO, M. Informática: a formação profissional do SENAC. São Paulo,
1992.
PACHECO, S. B. Internet: as relações de ensino-aprendizagem no
hiperespaço. São Paulo, 1997.
Sites:
http://www.nied,unicamp.br/publicações/separatas/seps.pdf
http://karina.etcom.ufrgs.brmzgardo/artigo.htm
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/pqqdco.html
36
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ........................................................................................ 2
AGRADECIMENTO ........................................................................................ 3
DEDICATÓRIA ............................................................................................... 4
RESUMO ........................................................................................................ 5
METODOLOGIA ............................................................................................. 6
SUMÁRIO ....................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8
CAPÍTULO I .................................................................................................. 10
DIDÁTICA E A UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NO ENSINO SUPERIOR . 10
1.1 – A informática como recurso pedagógico ................................................10
1.2 – Os professores como principais agentes de inovação educacional ......13
1.3 – Como articular os avanços tecnológicos representados pela informática ?
16
CAPÍTULO II ................................................................................................... 18
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA ACEITAÇÃO DO USO DO
COMPUTADOR PELOS EDUCADORES ....................................................... 18
2.1 – A informática na Educação usada como socialização do conhecimento e
formação da cidadania ................................................................................... 19
2.2 – O que pode ser feito para alcançarmos novas perspectivas com relação
as novas tecnologias na educação?................................................................ 22
CAPÍTULO III .................................................................................................. 23
DESAFIOS QUE ENFRENTA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA .......................... 23
3.1 – O uso da informática em educação como proposta pedagógica ........... 26
3.2 – Procedimentos práticos dos pressupostos e das teorias ...................... 29
CONCLUSÃO ................................................................................................. 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 36
ÍNDICE ........................................................................................................... 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 38
37
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: O impacto da informática no Ensino
Superior
Autor: Armando dos Anjos Fernandes
Data de entrega:
Avaliado por: Conceito:
Rio de Janeiro, _____ de _______________ de 2004