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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA RESÍDUOS SÓLIDOS APLICADOS NA INDÚSTRIA MOVELEIRA Por: João Ricardo Gomes de Queiroz Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

RESÍDUOS SÓLIDOS APLICADOS NA INDÚSTRIA MOVELEIRA

Por: João Ricardo Gomes de Queiroz

Orientador

Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

RESÍDUOS SÓLIDOS APLICADOS NA INDÚSTRIA MOVELEIRA

Apresentação de monografia a AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em GESTÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS

EM QSMS/ SGI.

Por: João Ricardo Gomes de Queiroz

3

AGRADECIMENTOS

Deus, que sempre me guia, à Nilza minha

mulher estimada, à minha filha Ana Luiza,

aos meus pais sempre tão presentes e toda

família; professores, orientador Prof. Jorge

Tadeu Vieira Lourenço; colegas de pós e

toda equipe profissional da AVM.

4

DEDICATÓRIA

.....dedica-se aos meus amores; Nilza e Ana

Luiza, assim como aos orientadores de todo

percurso, colegas e toda estimada equipe AVM.

5

RESUMO

O presente estudo trata da questão dos resíduos gerados pelo setor

moveleiro no Brasil, um forte consumidor de recursos naturais com potenciais

renováveis. Constituído por pequenas e médias empresas, o setor caracteriza-se

pelo uso intensivo de mão de obra, pelo baixo dinamismo e processo produtivo

consolidado. Utilizando como matéria prima principal em seus produtos a madeira

maciça, as indústrias deparam-se em seus processos produtivos, com volumes

cumulativos de resíduos que conflitam com as questões ambientais. Para conhecer

a situação atual são apresentados alguns exemplos da utilização dos resíduos

gerados pela indústria moveleira, juntamente com uma metodologia originalmente

proposta para o setor da construção civil, também voltada para o aproveitamento de

resíduos, e lucrando com a beneficiamento deste resíduos através da criação de

novos produtos

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METODOLOGIA

Os métodos de fabricação que levam ao problema dos resíduos sólidos da

indústria moveleira.

O levantamento da pesquisa foi realizado em produções bibliográficas

específicas, como: legislações do setor, revistas, artigos, sites e trabalho em campo

na indústria C.R. Santos Estofados do setor de móveis de luxo, dados da

ABIMÓVEL – Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, RANGEL A. S.

Estudo da competitividade da indústria brasileira, Revista Educação & Tecnologia e

alguns artigos das faculdade do Espírito Santo, Rio Grande do Sul e CEFET-PR.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Resíduos Sólidos 09

CAPÍTULO II - O Cenário Moveleiro e a Questão Ambiental 17

CAPÍTULO III – Aproveitamento dos Resíduos na Produção de Novos Objetos 27

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 47

8

INTRODUÇÃO

O presente estudo trata da questão dos resíduos gerados pelo setor

moveleiro no Brasil, um forte consumidor dos recursos naturais com potencial

renovável. Constituído por pequenas e médias empresas, em um mercado

segmentado, o setor moveleiro caracteriza-se pelo uso intensivo de mão de obra,

pelo baixo dinamismo e processo produtivo consolidado, em que o padrão de

inovação ainda não envolve um estilo mais empresarial de gerenciar a produção.

Apresenta-se um modelo de tratamento dos resíduos, a fim de que sejam

transformados em matéria prima para outros setores, rentabilizando o processo,

qualificando a mão de obra, melhorando a qualidade das aparas geradas,

apresentando soluções de maquinários com refinamentos que gerem menos

resíduos não aproveitáveis, soluções de armazenagens das aparas e classificando

para o uso dos diferentes setores que podem utilizá-los como matéria prima.

No Capítulo I serão abordadas as problemáticas, classificações e

características dos resíduos sólidos, como são gerados e os principais setores da

indústria que contribuem para sua produção, bem como será mostrado o panorama

destes resíduos no Mundo e no Brasil.

No Capítulo II serão apresentados os resíduos gerados pela indústria

moveleira, seus impactos ambientais, com os principais resíduos gerados e os

programas utilizados para melhorar esse impacto no meio ambiente.

No Capítulo III também será mostrada a utilização destes resíduos na

fabricação de novos produtos, salientando a melhora na produção, e com a evolução

tecnológica os sub produtos que são criados através deles e que seriam descartados

apenas.

Na conclusão, por sua vez, busco esclarecer que com a transformação dos

resíduos gerados pelas indústrias moveleiras, eles podem ser transformados em

novos produtos, gerando uma nova receita e produzindo ganho para a própria

indústria e o meio ambiente.

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CAPÍTULO I

RESÍDUOS SÓLIDOS

A questão que envolve o homem e o 'lixo' vem desde os primórdios de sua

existência, entretanto, a sua capacidade de geração de resíduos era bastante

limitada se comparada com os dias atuais.

Para ilustrar esse fato, pode-se verificar vários relatos apresentados nas

escrituras sagradas, que mostram o comportamento do homem primitivo em relação

aos seus rejeitos. Na cidade de Jerusalém, por exemplo, animais que eram

sacrificados tinham suas peles, carnes e excrementos incinerados.

O vocábulo 'lixo' deriva do latim lix, que significa cinza. Essa denominação se

originou na Antiga Europa, onde a maioria dos resíduos domésticos que vinham do

fogão e da lareira eram restos de lenha, carvão e cinza.

Segundo Bidone e Povinelli (1999), o termo resíduo sólido, que muitas vezes é

usado como sinônimo para lixo, deriva do latim residuu e significa sobras de

substâncias, acrescido de sólido para diferenciar de resíduos líquidos ou gasosos.

O conceito de 'lixo' e resíduo, de acordo com Calderoni (1998), varia

conforme a época e o lugar, sendo também importante ressaltar os fatores

econômicos, jurídicos, ambientais, sociais e tecnológicos. O termo 'lixo', na

linguagem corrente, é sinônimo de 'resíduo', nos processos produtivos industriais

geralmente utiliza-se 'resíduos' como significado de 'rejeitos' ou 'refugos'.

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos)

resultantes das atividades humanas e da natureza, que podem ser parcialmente

utilizados, gerando entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de

recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitário, econômico e

estético.

Com base em Lima (2001), considera-se que os resíduos sólidos são

constituídos de substâncias:

• Facilmente Degradáveis (FD): restos de comida, sobras de cozinha,

folhas, capim, cascas de frutas, animais mortos excrementos;

• Moderadamente Degradáveis (MD): papel, papelão e outros

produtos celulósicos;

• Dificilmente Degradáveis (DD): trapo, couro, pano, madeira,

borracha, cabelo, pena de galinha, osso, plástico;

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• Não Degradáveis (ND): metal não ferroso, vidro, pedras, cinzas,

terra, areia, cerâmica.

Os resíduos sólidos apresentam grande diversidade e complexidade. Suas

características físicas, químicas e biológicas variam de acordo com a fonte ou

atividade geradora. Fatores econômicos, sociais, geográficos, educacionais,

culturais, tecnológicos e legais afetam o processo de geração dos resíduos sólidos,

tanto em relação à quantidade gerada, quanto à composição qualitativa. Uma vez

gerado o resíduo, a forma como é manejado, tratado e destinado pode alterar suas

características de maneira, que em certos casos, os riscos à saúde e ao ambiente

são potencializados. A ABNT, através da norma NBR 10.004/ 2004 define resíduos

sólidos como:

Resíduos nos estados sólidos e semissólido que resultam de atividades de

origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o

seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso

soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível (CASTILHOS JR, et al., 2006, p. 01).

Nesta definição observa-se as várias fontes ou atividades geradoras de

resíduos, como também, a possibilidade do resíduo apresentar-se em diferentes

estados físicos como os lodos de estações de tratamento de água e esgoto. Esta

norma classifica os resíduos quanto a sua periculosidade à saúde pública e ao meio

ambiente. O grau de periculosidade dos resíduos depende de suas propriedades

físicas, químicas e infectocontagiosas.

1 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define pela NBR 10004

(NBR 10004/2004, p.3) que os resíduos são classificados em:

a) resíduos classe I - Perigosos;

b) resíduos classe II - Não perigosos; c) resíduos classe II A - Não inertes;

d) resíduos classe II B -. Inertes

Os resíduos classe I, considerados pela norma como perigosos, são

aqueles que apresentam periculosidade ou características como:

a) Inflamabilidade;

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b) Corrosividade;

c) Reatividade;

d) Toxicidade;

e) Patogenicidade.

Segundo a ABNT (NBR 10004/2004, p. 5), os resíduos classe II não

perigosos, são descritos pela norma como, por exemplo:

a) Resíduo de restaurante (restos de alimentos);

b) Sucata de metais ferrosos;

c) Resíduo de madeira;

d) Bagaço de cana.

Os resíduos classe II A - Não inertes, são classificados pela ABNT (NBR

10004/2004, p. 5), como aqueles que não se enquadram nas classificações de

resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta

Norma. Os resíduos classe II A - Não inertes podem ter propriedades, tais como:

biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade quaisquer resíduos que,

quando amostrados de uma forma representativa, segundo a NBR 10007 (apud

IETEC, 2003 [online]), e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água

destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme NBR 10006, não tiverem

nenhum em água.

Já os resíduos classe II B - Inertes são de seus constituintes solubilizados a

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se

aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

De acordo com o Ambiente Brasil, os resíduos podem ser

classificados como:

Ø Quanto à composição física:

- Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras,

guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina,

cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças;

- Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos,

legumes, alimentos estragados, etc.

Ø Quanto à composição química:

- Orgânico: composto por pó de café e chá, cabelos, restos de alimentos,

cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos estragados, ossos,

aparas e podas de jardim;

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- Inorgânico: composto por produtos manufaturados como plásticos, vidros,

borrachas, tecidos, metais (alumínio, ferro, etc.), isopor, lâmpadas, velas, parafina,

cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças, etc.

Ø Quanto à origem:

- Domiciliar: proveniente da vida diária das residências, constituído por restos

de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras e outros), produtos deteriorados,

jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas

descartáveis e uma grande diversidade de outros itens, pode conter alguns resíduos

tóxicos;

- Comercial: oriundo dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços,

tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes;

- Público e de Serviços de Saúde: originário dos serviços de limpeza urbana,

incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias,

galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, (constituído

por restos de vegetais diversos e embalagens);

- Hospitalar: descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias

(algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado,

órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina

sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas características, merece

um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final.

Deve ser incinerado e os resíduos levados para aterro sanitário;

- Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários: resíduos

sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos.

Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que

podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países;

- Industrial: proveniente das atividades nos diversos ramos da indústria, tais

como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria

alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por

cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras,

borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande

quantidade de lixo tóxico, que necessita de tratamento especial pelo seu potencial

de envenenamento;

- Radioativo: oriundo da atividade nuclear (resíduos de

atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados

apenas com equipamentos e técnicos adequados;

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- Agrícola - resíduos sólidos das atividades, agrícola e pecuária, como

embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo

proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial;

- Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras,

solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de

reaproveitamento.

Ø Quanto às características físicas:

- Composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em

relação ao peso total do lixo;

- Peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles

ocupado, expresso em kg/m³. Sua determinação é fundamental para o

dimensionamento de equipamentos e instalações;

- Teor de umidade: esta característica tem influência decisiva,

principalmente nos processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em

função das estações do ano e da incidência de chuvas;

- Compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a

redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma

pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma

pressão equivalente a 4 kg/cm2. Tais valores são utilizados para dimensionamento

de equipamentos compactadores.

- Chorume: substância líquida decorrente da decomposição de material

orgânico.

Ø Quanto às características biológicas:

Segundo Lima (2001), a massa dos resíduos sólidos apresenta agentes

patogênicos e micro-organismos prejudiciais à saúde humana. A tabela 01

apresenta o tempo de sobrevivência (em dias) de micro-organismos patogênicos

presentes nos resíduos sólidos.

Tabela 01: Tempo de Sobrevivência de Micro-organismo Patogênicos nos Resíduos

Sólidos (extraído de Lima. 2001 p. 34)

Micro-organismos Doenças R.S. (dias)

Bactérias - -

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Salmonella typhi Febre Tifoide 29-70

Salmonella paratyphi Febre Paratifoide 29-70

Salmonella sp Samoneloses 29-70

Shigella Desinteira Bacilar 02-07

Coliformes fecais Gastroenterites 35

Leptospira Leptospirose 15-43

Mycrobacterium tuberculosis Tuberculose 150-180

Vibrio chelerae Cólera 1-13

Vírus - -

Enterovírus Poliomielite (Polivírus) 20-70

Helmintos - -

Ascaris lumbricóides Ascaridíase 2000-2500

Trichuris trichiura Trichiuríase 1800**

Larvar de ancilóstomos Ancilostomose 35**

Outras larvas de vermes - 25-40

Protozoários - -

Entamoeba histolytica Amebíase 08-12

A Tabela 02 apresenta a forma de transmissão de enfermidades

transmitidas por Macro Vetores e Reservatório relacionados com os resíduos

sólidos.

Tabela 02: Enfermidades relacionadas com os Resíduos Sólidos, Transmitidas por

Macro Vetores e Reservatórios. (extraído de Lima. 2001 p. 34)

Vetores Forma de Transmissão Enfermidades

Rato e Pulga Mordida, urina, fezes e picada.

Leptospirose

Peste Bubônico

Tifo Murino

Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva.

Febre Tifoide

Cólera

Amebíase Disenteria

Giardíase

Ascaridíase

Mosquito Picada Malária

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Febre Amarela

Dengue

Leishmaniose Febre

Tifoide

Cólera

Barata Asas, patas, corpo e fezes Giardíase

Gado e Porco Ingestão de carne contaminada. Teníase

Cisticercose

Cão e Gato Urina e fezes Toxoplasmose

2 - RESÍDUOS NO MUNDO

O homem é certamente a espécie que mais modifica o meio em que vive

devido a sua alta capacidade de inteligência e raciocínio, o que vem acarretando um

grande desequilíbrio da biosfera.

Vivemos em uma sociedade moderna onde adotou-se um modelo de

desenvolvimento que gera um elevado padrão de produção e consumo devido ao

acelerado crescimento populacional, o que resulta em um processo de urbanização

intenso e desordenado, gerando sérios problemas de ordem ambiental e de saúde

pública (BELI et al., 2005).

Neste momento de grande desenvolvimento tecnológico em que vivemos

surge a necessidade de estudos e projetos para solução do lixo que está

intimamente ligada à sua composição qualitativa, assim como suas características

físico-químicas e biológicas.

A população mundial, é hoje mais de 7 bilhões de habitantes, e acredita-se

esteja gerando aproximadamente 600 milhões de ton./ano, sendo que os

maiores geradores são: Estados Unidos da América - EUA, Japão, Inglaterra, França

e Alemanha.

Observa-se que os maiores geradores de resíduos são países altamente

povoados e com economias desenvolvidas. Estes países têm o gerenciamento de

resíduos, onde a seletividade dos mesmos é alta, ocorrendo principalmente em

países europeus e no Japão. Nos países desenvolvidos, há uso de incineração do

lixo para gerar energia (Inglaterra e Alemanha). Nos EUA 50% do lixo é destinado a

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aterros sanitários adequados e o restante em forma de incineração, reciclagem,

compostagem e outros. (OLIVEIRA, 2009).

3 - RESÍDUOS NO BRASIL

O tratamento dado aos resíduos sólidos no Brasil pode ser bem avaliado

a partir da própria dificuldade em obter informações confiáveis e detalhadas sobre o

tema. Os dados existentes sobre o assunto são escassos, falhos e conflitantes, a

começar das estimativas sobre a quantidade de resíduos gerados (JURAS, 2009).

A realidade sobre a produção, tratamento e destino dos resíduos precisam ser

conhecidos de forma integrada para que soluções adequadas sejam propostas. Nos

dias atuais, os resíduos continuam sendo considerados como importantes fontes de

contaminação do ambiente, ocasionando um efeito bumerangue para o próprio

homem. É o que se sabe até o momento. Talvez outros efeitos só possam ser

descobertos no decorrer dos anos, ou sentidos nas gerações futuras.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico de 2000, realizada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2008) revelou que o lixo produzido

diariamente no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% eram

destinados a aterros sanitários, 22,3% a aterros controlados e apenas 30,5% a

lixões. Ou seja, mais de 69% de todo o lixo coletado no Brasil apresentava um

destino final adequado, em aterros sanitários e/ou 18% controlados. Todavia, em

número de municípios, o resultado não é tão favorável: 63,6% utilizavam lixões e

32,2%, aterros adequados (13,8% sanitários, 18,4% aterros controlados), sendo que

5% não informaram para onde vão seus resíduos.

Os números da pesquisa permitem, ainda, uma estimativa sobre a quantidade

coletada de lixo diariamente, onde, nas cidades com até 200.000 habitantes, são

recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante; nas cidades com mais de 200 mil

habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por

habitante.

17

CAPÍTULO II

O CENÁRIO MOVELEIRO E A QUESTÃO AMBIENTAL

Para conceituar o setor moveleiro no sistema produtivo brasileiro é

necessário verificar os estímulos gerados em sua cadeia produtiva. Identificar

requisitos competitivos, através do aprimoramento do design, dos processos

organizacionais, das novas formas de gestão e processos, das modificações de

estratégias comerciais, distribuição e outros.

A evolução da sua produtividade, como indicador do seu posicionamento no

mercado interno e externo, revela indicativo de seu desempenho sobre os aspectos

produtivos, organizacionais e questões ambientais, sendo este fato, requisito

relevante no posicionamento da empresa na escala competitiva de mercado. 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA - PERFIL DA INDÚSTRIA MOVELEIRA

O setor moveleiro, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias do

Mobiliário - ABIMÓVEL (2005) é formada por mais de 16.112 micros, pequenas e

médias empresas que geram mais de 189.372 empregos. O Registro Anual de

Informações Salariais - RAIS estima que exista no país um número superior a 50 mil

empresas, isto na consideração das empresas formais e informais. São empresas

tradicionais, familiares, e na grande maioria, de capital inteiramente nacional.

As empresas fabricantes de móveis são classificadas em relação ao seu

tamanho considerando as faixas de indivíduos na ativa, segundo as fontes de

referencia citadas no documento MDIC/ SDP/ DMPNE - 05/12/02, do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:

a) Micro empresas (até 9 empregados)

b) Pequenas empresas (10 a 49 empregados)

c) Médias (50 a 99 empregados)

d) Grandes (mais de 100 empregados)

De acordo com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná -

IBQP, o setor moveleiro brasileiro é caracterizado pela predominância de pequenas

e medias empresas que em seus processos de produção apresentam intensiva mão

de obra, equipamentos com baixo recurso tecnológico, produção de pequena escala e

principalmente por ser manterem familiares. Já as grandes e médias empresas de

móveis possuem: equipamentos automatizados, plataformas de projetos em

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tecnologia CAD/CAM8, centros de usinagem; vinculo ao comercio exterior e

investimento em política de mercado. Posicionam-se através da inovação, utilizando

práticas contratuais para profissionais como designers, e empregando intensa

renovação de seus equipamentos.

O setor moveleiro define-se segundo ABIMÓVEL (2005) como uma "indústria

tradicional, com padrão de desenvolvimento tecnológico determinado pela indústria

de bens de capital com mudanças incrementais no processo de produção".

Indústrias de móveis, no Brasil, caracterizam-se pela variedade de produtos finais

confeccionados por meio de processo diversificado em função das diferentes

matérias-primas utilizáveis. Portanto, a diversidade de matéria-prima permite

segmentar o sistema de produção em várias modalidades. Desta forma as empresas

produzem vários tipos de móveis tais como cozinha, banheiro, estofados, entre

outros, valendo-se dos aspectos técnicos e mercadológicos.

Em relação a matéria-prima, de acordo com ABIMÓVEL (2005) os móveis

feitos em madeira representam um valor considerável na produção do setor

moveleiro, pois favorece a segmentação em dois grandes tipos de móveis, os

retilíneos e torneados. Os retilíneos, cuja matéria-prima principal constitui-se de

madeira processada (aglomerados e painéis de compensados); os torneados , cuja

principal matéria-prima é a madeira maciça - de lei ou de reflorestamento, podendo

também incluir painéis de medium-density fiberboard (MDF), passíveis de serem

usinados.

O MDF utilizado na Europa e EUA desde a década de 70 (o material foi

desenvolvido pelos EUA no final da década de 60), foi introduzido no Brasil na

década de 90 para substituir o aglomerado e a madeira maciça nas partes visíveis

dos móveis, onde é necessária a utilização de usinagem para trabalhar

esteticamente o produto. (GARCIA & MOTTA, 2005).

Os consumidores conscientes da nova realidade exigem o uso de madeiras

de reflorestamento que primam com o cuidado do meio ambiente. O uso

diversificado dessas madeiras centrado na necessidade dos consumidores torna

necessário estratégias de agregação de valor aos produtos, tais como, novo design,

mistura com outros materiais, novo acabamento e outros. A aceitação das

alternativas de madeiras nativas e reflorestadas, que estão sendo introduzidas no

mercado, passa por uma análise dos produtos que leva em conta certas

características que representam o diferencial no mercado. (REVISTA DA MADEIRA,

2006).

Quanto à tecnologia, o setor moveleiro faz uso de investimento tecnológico

19

somente na carência de continuidade nos seus processos produtivos. Contudo,

existe favorecimento de cooperação entre as indústrias de móveis e as das

máquinas, uma vez que, as tecnologias utilizadas pelo setor moveleiro encontram-se

de maneira acessível e muito difundido permitindo a constate atualização das suas

bases técnicas.

Outros fatores de competitividade da indústria de moveis, além da tecnologia,

são: o aprimoramento do Design, a inovação dos materiais, e as estratégias

comerciais e de distribuição. Na vantagem competitiva através do design é possível

vivenciar não tão somente a estética, e sim, a praticidade, diminuição do consumo

de matéria-prima, garantia de manufaturabilidade com redução de tempo de

fabricação e aumento da eficiência na fabricação. Tudo isso na consideração de que

seja ecologicamente correto em termos de descarte produtivo e do próprio material

empregado, e ainda traga soluções para a vida dos consumidores.

É importante observar que a demanda por produto moveleiro depende

fundamentalmente do crescimento demográfico e do crescimento da renda per

capita, havendo redução disso, pode-se verificar que a indústria moveleira, no seu

conjunto, tem conseguido superar os desafios de um mercado caracterizado pela

estagnação da renda disponível para o consumo.

No panorama mundial, as indústrias moveleiras beneficiam-se da presença de

produtores especializados na confecção de componentes para a fabricação dos

móveis, ou seja, o aumento da horizontalização na produção. A horizontalização

favorece a eficiência da cadeia produtiva, a redução dos custos industriais e em

consequência a flexibilização da produção. A entrada de novos equipamentos

automatizados com base na microeletrônica e de novas técnicas de gestão

empresarial aceleram os processos obtendo-se assim, maior escala de produto na

mesma linha de produção, perdendo o seu caráter artesanal.

A mistura de diferentes materiais na confecção de móveis em geral barateia o

custo final, e matem o mesmo patamar de qualidade. Podemos exemplificar com o

sofisticado estilo do móvel italiano que em geral mistura metais, madeira, vidro,

pedra, couro, entre outros materiais, procurando distinguir seus produtos com

projetos exclusivos. De acordo com Ecodesign há restrições em relação ao uso de

diferentes materiais no mesmo produto, pois, dificulta a reutilização e separação dos

componentes após o final da vida útil do produto. (BNDES, 2002).

O novo estilo de vida da sociedade moderna, priorizou maior funcionalidade e

conforto, introduzindo novos conceitos ao projeto do produto. Surgindo assim os

20

móveis funcionais que dispensam a figura do montador. Isto são conceitos que

surgiram nos EUA, na década de 50, relacionados com materiais e equipamentos de

fácil montagem e aplicação, com embalagens atrativas e auto- explicativas do

produto. É uma tendência típica de países desenvolvidos, onde a mão de obra é

cara. Essa ideia desenvolveu-se devido ao aumento da demanda

por móveis multifuncionais adequados a espaços pequenos. (ABIMOVÉL, 2005).

Conforme BNDES (2002), isto serve como estratégia de diferenciação do

produto, onde o preço corresponde ao importante fator de competitividade no setor.

Na medida em que a indústria reduziu preços, os móveis foram perdendo o seu

anterior caráter de bens de luxo, o que resultou no declínio do ciclo de reposição de

estoque. Ao que tudo indica as fortes tendências para o futuro residem,

principalmente, num tipo de móvel prático, padronizado e confeccionado

principalmente com madeira de reflorestamento de baixo custo.

A criação de normas e o cumprimento são pontos importantes para o setor

moveleiro. Atualmente existem normas para berços (terminologia, características

físicas e dimensionais), para móveis escolares (características físicas e dimensionais,

ensaios de estabilidade, resistência e durabilidade) e para móveis de escritório

(características físicas e dimensionais, ensaios de estabilidade, resistência e

durabilidade). Essas normas estabelecem requisitos mínimos de desempenho aos

produtos, quando colocados no mercado final.

No contexto internacional conforme a Revista da Madeira (2007), durante

algumas décadas a Itália vinha se mantendo na posição do maior fornecedor de

móveis do mundo, a China os teria ultrapassado, recentemente. Como maior

exportador de móveis a China atingiu recordes em produtos de madeiras, tornando-

se atualmente o maior exportador do mundo.

Em relação ao meio ambiente, a revista Educação & Tecnologia (2003),

existem muitos estudos a respeito da representatividade da indústria moveleira,

entretanto, com relação às questões ambientais o panorama mostra-se diferente.

Conhece-se pouco do setor quanto ao tratamento de seus resíduos, no que se

refere a sua classificação, a sua geração no processo produtivo e aos mecanismos

de reintegração ao ambiente de onde foram retiradas, uma vez consideradas

"produto".

Sobre o meio ambiente é possível comentar que a cadeia produtiva do setor

apresenta-se pouco organizada, isso traz dificuldade na implementação de

programas ambientais que envolvem todos os elos da cadeia (Figura 01).

21

Existe também, uma interferência negativa com a falta de organização na

questão da competitividade entre as indústrias locais, que dependem da aquisição

de matérias-primas de outros estados, elevando com isso, os seus custos.

ABIMOVEL (2005) esclarece que o setor moveleiro se caracteriza pela destacada

segmentação na sua linha de produção (Sub-Especialização), em vista das

significativas diferenças nos seus desenvolvimentos tecnológicos.

PROJETO - Pesquisa - Design - Desenvolvimento - Normalização - Customização - Eng. Simultânea

MATÉRIA-PRIMA - Madeira e derivados - Metal - Polímeros - Vidro - Têxteis - Couro - Fibras naturais e sintéticas - Rochas INSUMOS - Adesivos - Acabamentos e revestimentos - Abrasivos

MANUFATURA - Padronização - Equipamentos - Ferramentas - Processos - Tecnologia

MERCADO FINAL - Pessoa física - Pessoa jurídica

- Solda - Embalagens - Material de costura ACESSÓRIOS - Articulação - Fixação - Suspensão - Acabamento COMPONENTES - Peças - Conjunto de peças LOGÍSTICA

- Modais de transporte - Armazenamento

SERVIÇOS - Montagem - Assistência técnica - Serviço de assistência ao consumidor (SAC)

COMERCIALIZAÇÃO - Lojistas - Exportação - Distribuição - Representação. comerciais

Figura 01 - Cadeia produtiva do setor moveleiro (extraído de CETEMO, 2005)

Contudo, na presença de iniciativa de maior integração neste panorama

vislumbra-se melhoria através de programas incentivados pelas entidades

representativas e pelos órgãos governamentais. Neste caso, a cadeia produtiva se

capacita com o programa PROMÓVEL da ABIMÓVEL que formam consórcios de

empresas, permitindo através da desverticalização uma maior especialização na

produção de peças e componentes para o mobiliário. A implantação de uma

fábrica de MDF no estado de Rio Grande do Sul (Bento Gonçalves) serve como

exemplo de contribuição para o setor moveleiro. (ABIMÓVEL, 2005).

Algumas empresas apontam dificuldade na implantação de programas

ambientais devido à interferência do governo que se insere nos programas com o

22

intuito de avaliar e apontar possíveis contribuições na atividade do Setor.

As dificuldades apontadas por algumas empresas na implantação de

conceitos ambientais, são: os consumidores ainda não valorizam produtos

ambientalmente diferenciados; a conscientização dos clientes; cultura interna

voltada à proteção ambiental; treinamento; mais pesquisas incentivadas pelas

entidades do setor; custos gerados pela implementação de programas ambientais;

união das empresas para desenvolver programas comuns a elas; desconhecimento

de tecnologias ambientalmente corretas; falta de fornecedores capacitados;

desenvolvimento de produtos em conjunto com os fornecedores; falta de matéria-

prima menos impactante ao meio ambiente; incentivos às empresas fabricantes;

correto destino dos resíduos e a utilização dos resíduos como matéria-prima para

outros produtos.

2 - TENDÊNCIAS AMBIENTAIS NO SETOR MOVELEIRO

Diversas entidades ligadas ao setor moveleiro (SENAI / CETEMO,

Universidade de Caxias do Sul, SINDIMÓVEIS, MOVERGS, ABIMÓVEL, Empresas

Fornecedoras, Empresas Produtoras, outros), realizaram estudos e ensaios sobre a

evolução do segmento e diagnosticaram também dentro delas, aquelas relacionadas

a questões ambientais.

Entretanto, na consideração dos aspectos ambientais, verificam-se

novas tendências, que se destacam por novos tipos de madeiras melhoradas

geneticamente, desenvolvimento de novas fibras para a fabricação de chapas

prensadas, novos tipos de adesivos orgânicos para aglutinar fibras e colagem de

peças, sistemas de pintura que não geram tantos resíduos e não afetam a saúde

dos trabalhadores. Dentre as madeiras melhoradas geneticamente podemos

elucidar o eucalipto, apto a substituir as madeiras nobres. Os produtos Lyptus®,

desenvolvido pela Aracruz Celulose, correspondem a um tipo de eucalipto com

durabilidade e estabilidade dimensional maiores e com um aspecto visual mais

regular do que os eucaliptos reflorestados para a indústria de papel e celulose, o que

garante padrões apropriados ao uso em móveis. (MÜLLER, 2004).

O IBAMA, a fim de resguardar as espécies mais requisitadas, estimula a

solicitação de outras espécies e colabora também com estas, na questão

econômica, esforçando-se em divulgar madeiras e exploração de madeiras nobres

conhecidas. O reflorestamento pode vir a colaborar com a diminuição do efeito

estufa, desde que manejado corretamente em termos ambientais, pois as espécies

23

vegetais na fase de crescimento fixam o carbono existente na atmosfera para a

formação da biomassa.

Dentre as alternativas mencionadas, como matérias-primas para a fabricação

dos móveis existem a "madeira plástica", fabricado a partir do plástico reciclado e

fibras vegetais, entre elas, a própria serragem. O produto possui características

semelhantes à madeira, com possibilidade de serem serrado, usinado e pintado e,

além disso, possui vantagens em relação ao MDF e ao aglomerado, com maior

resistência à umidade e não utilização de resinas à base de formaldeído para

aglutinar as fibras. (MÜLLER, 2004).

Outra alternativa de relevância é a "madeira líquida" sendo desenvolvida pelo

Institut Chemische Technologie (ICT), na Alemanha, e consiste em um polímero que

pode ser processado como um termoplástico. A substancia significativa deste

produto é a lignina, componente presente nas plantas celulósicas como a madeira,

que forma uma estrutura fixadora das fibras de celulose. Ela corresponde a um

subproduto nas indústrias de papel e celulose, que normalmente se emprega na

geração de energia. Misturada com fibras naturais, a lignina gera um composto que,

quando submetido a altas temperaturas, pode ser moldado, produzindo pequenas

peças, placas e painéis, que podem ser utilizados em equipamentos que trabalham

com outros materiais termoplásticos sintéticos. (MÜLLER, 2004).

O setor de tintas são os que apresentam maiores impactos ambientais dentro

do setor moveleiro, as tintas mais utilizadas no setor contêm solventes que podem

prejudicar a saúde dos funcionários e geram borras de difícil descarte. Atualmente,

já existem soluções alternativas, como as tintas a base de água, pintura a pó com

cura ultravioleta e outras.

O setor de adesivos, também apresenta alternativas que visam minimizar

impactos ao meio ambiente, soluções como a cola a base de soja, pesquisado pela

Universidade do Arkansas, EUA, que alem de ser originada de fontes renováveis,

utiliza elemento ambientalmente seguros, elimina problemas associados com a

emissão de formaldeídos e outros componentes voláteis de adesivos com base

sintética. Outro adesivo a base de amido de milho, biodegradável, resistente à

umidade está sendo desenvolvido pelo Centro Nacional para Pesquisas utilizadas na

agricultura dos Estados Unidos, sendo apresentada como produtos que não causam

intoxicações. Os fabricantes nacionais também aderiram na carona de

desenvolvimento de novos adesivos, disponibilizando ao mercado brasileiro,

adesivos de contato em meio aquoso, com as vantagens de não apresentarem

24

odores irritantes, não serem inflamáveis e não liberarem solventes no meio

ambiente. (MÜLLER, 2004). 3 - PRINCIPAIS RESÍDUOS GERADOS PELO SETOR MOVELEIRO

No Brasil, a matéria-prima predominante na fabricação de produtos da

indústria moveleira ainda é a madeira, oriunda de florestas nativas ou de plantios, a

qual abastece as indústrias madeireiras para originar a madeira maciça e os painéis.

Na cadeia produtiva do setor, se estabelecem à indústria petroquímica, através da

indústria química que fornece tintas e vernizes, bem como através da indústria de

plásticos, importante fornecedores de componentes e acessórios para os móveis.

Também possui grande parcela de participação o setor de mineração, através

de quatro esferas distintas, que são; a indústria de vidros, a indústria de pedras

ornamentais (mármores e granitos), a indústria metalúrgica, apresenta o

fornecimento dos metais que complementam os móveis elaborados. Está presente

ainda neste grupo a indústria de máquinas, importante aporte para o

desenvolvimento dos equipamentos utilizados pelo setor moveleiro. E finalmente o

setor da agropecuária contribuindo com a indústria têxtil, a qual fornece os tecidos;

quer seja pelos curtumes, fornecendo couros e derivados igualmente utilizados

pelas indústrias moveleiras

São dois os canais pelos qual o setor moveleiro distribui os móveis

produzidos: os móveis sob encomenda e os móveis para venda no varejo. Com

esse desígnio, as empresas do setor moveleiro elaboram seus produtos para serem

consumidos por clientes tipificados por residências, empresas, hotéis,

escritórios, entre outros. (FEPAM,2003),

Os resíduos gerados pela indústria moveleira, apesar de não apresentarem

os mesmos volumes de outros segmentos da economia, devem ser devidamente

analisados e valorizados para um adequado tratamento. Também porque, quando

analisada toda a cadeia produtiva moveleira, em envolvimentos com outros setores

industriais aumentam sua quantidade de resíduos gerados.

A madeira não representa a única matéria-prima presente na estrutura dos

móveis elaborados pela indústria moveleira brasileira, uma vez que, conforme

Schneider (2003), a mesma é utilizada para a fabricação de chapas de MDF

(Medium-Density Fiberboard), aglomerados, chapas duras e outros materiais

25

utilizados na elaboração dos produtos.

4 - PROGRAMAS AMBIENTAIS OBSERVADOS NA INDÚSTRIA MOVELEIRA

Com o objetivo de fortalecer as empresas, munindo-as de novas alternativas

de mercado, como base para um crescimento forte e sustentável visando aumentar

as exportações do setor, a ABIMOVÉL em conjunto com órgãos governamentais,

Programa Brasileiro de Incremento à Exportação de Móvel - PROMÓVEL é

estruturado em dezessete projetos. Entre as principais ações do programa estão:

a) a criação do Selo Verde;

b) treinamento e capacitação para qualificação ISO;

c) formação de consórcios de micro, pequenas e médias empresas para a

produção e exportação em grande escala e adequação das plantas fabris para o

mercado externo.

Entre os que possuem preocupações ambientais, cabe destacar dois:

Sensibilização ISO 14000 e Selo verde. (ABIMÖVEL, 2005).

Quanto à "Sensibilização ISO 14000", ABIMÓVEL reconhece que a

responsabilidade empresarial com o meio ambiente passou de caráter obrigatório

para voluntária. Nesse reconhecimento criou-se o projeto de sensibilização ISO

14000, que procura obter vantagem competitiva e diferencial no mercado, através da

conscientização pela preservação do meio ambiente que cumpre seu papel

preponderante, no mercado externo, relacionado a compra e uso de produtos.

Conforme ABIMÓVEL (2005), o programa reúne objetivos que levam em conta os

seguintes requisitos: a conquista de novos mercados; o desenvolvimento de práticas

sustentável nas empresas; a melhoria da imagem das empresas moveleiras; a

execução de práticas que evitem desperdícios e diminuam acidentes e passivos

ambientais e por último, promovam integração entre gestão ambiental e gestão dos

negócios.

Para o alcance dos objetivos, implementa-se o programa em etapas

denominadas de Sensibilização para a questão ambiental que interfere

positivamente nos negócios: estratégias ecológicas nas empresas; benchmarking, na

área ambiental; a gestão ambiental na competitividade, como cooperação, as novas

normas mundiais da ISO-14000; Gestão Ambiental e parte da Qualidade; avaliação da

empresa de acordo com a ISO-14000.

Em relação ao "Selo Verde", ABIMÓVEL (2005) comenta que as exigências

do mercado internacional estão cada vez voltadas para a ecologia e a preservação

26

ambiental. Isto coloca aos exportadores de móveis brasileiros na obrigação de

utilizarem na confecção dos seus móveis, matérias-primas (madeira) legitimamente

comprovadas de que são provenientes de florestas renováveis ou remanejados, uma

vez que isso evidencia a diminuição da poluição ambiental. O programa, juntamente

com órgãos do governo, produtores e manufaturadores da madeira, visa emitir

certificados que estabeleçam parâmetros, condições, e requisitos para a emissão de

madeira de origem brasileiro. Os procedimentos para a prática deste programa

serão baseados em normas internacionais ou em práticas estabelecidas

internacionalmente. Na implantação do programa serão ouvidos os órgãos de

controle e de normalização, observando os seguintes passos: trabalhar junto ao

IBAMA, ABNT e INMETRO na identificação da metodologia apropriada e evidenciar

critérios para emissão do certificado; credenciar órgãos certificadores.

Empresas que produzem madeiras, desde o plantio ao fornecimento do

produto, serão solicitadas a discutir assunto pertinente. Os móveis brasileiros de

exportações serão Certificados por abordar procedimentos necessários para a

certificação.

É importante também, salientar que, além da certificação da madeira, é de

boa prática buscar um selo que certifique o produto como um todo, analisando todas

as fases do ciclo de vida, proporcionando informações a respeito dos insumos

utilizados e dos processos produtivos empregados na produção. (ABIMÖVEL, 2005).

Tibor (1996) sugeriu da existência de alguns benefícios antecipados com a

introdução da Rotulagem Ambiental, tais como:

a) Reivindicações ambientais precisas, verificáveis e não enganosas;

b) Melhor alternativas informadas a compradores e consumidores;

c) Redução das restrições e barreiras comerciais.

A Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, no documento Agenda 21, constata o atual surgimento, em

muitos países, de um consumidor mais consciente do ponto de vista ecológico. Isto

revela também maior interesse, por parte de algumas indústrias, em fornecer bens

de consumo ambientalmente correto. Estes acontecimentos constituem um avanço

significativo que deve ser estimulado pelos governos e organizações internacionais,

juntamente com o setor privado. Contudo, segundo Tybor (1996), "o setor privado

deveria desenvolver critérios e metodologias de avaliação de impacto sobre o meio

ambiente e das exigências de recursos durante a totalidade dos processos e ao

longo de todo ciclo de vida dos produtos". Os resultados que venham a ser obtidos

27

das avaliações devem modificar-se com clareza em indicadores para serem

informados aos consumidores e encarregados em posição de tomar decisões.

CAPÍTULO III

APROVEITAMENTO DOS RESIDUOS NA PRODUÇÃO DE NOVOS OBJETOS

Para reforçar a ideia de que o tratamento adequado de resíduos pode

colaborar com a sustentabilidade do meio ambiente, serão apresentados

casos de aproveitamento dos resíduos de madeira que acontecem em

situações diferentes, mas com a mesma intenção, ou seja, encontrar soluções

criativas que beneficiem a sociedade a partir do que foi descartado. 1 - IMPLATAÇÃO DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA

A produção mais limpa é uma alternativa de melhoria proposta na

pesquisa, pois ela oferece possíveis ganhos na minimização dos impactos

ambientais, e pode apresentar vantagens financeiras às empresas moveleiras.

Reconhece-se que o objetivo almejado pelas empresas na adoção desta

alternativa é a sustentabilidade que se ampara sob uma análise complexa e

estruturada dos processos produtivos e dos recursos utilizados, sejam eles

materiais, energéticos ou humanos. Uma vez identificados os fatores e as

fontes de geração dos resíduos implementa-se ações de alternativas para a

prevenção ou minimização dos mesmos.

Existem diversas formas de operações para a diminuição dos impactos

ambientais. A questão da redução de insumos e matéria-prima na produção do

mesmo produto é prática que reduz o consumo de energia, economiza

matéria- prima e contribui para preservação ambiental. A viabilidade desta

questão esta diretamente relacionada à minimização dos desperdícios,

melhoria das máquinas, equipamentos e processos, matérias-primas mais

eficientes e sensibilização dos funcionários para a conscientização sobre a

importância da sua contribuição na redução dos insumos e matéria-prima.

Para se alcançar os propósitos nas intervenções do programa, a

empresa deve concentrar os esforços, na gerência e funcionários, utilizando

procedimentos solucionadores de problemas de ordem técnica e ambiental

sem aumento de custos para a Empresa. Investimentos que visam utilização

29

de matérias primas ou tecnologias menos poluentes, a redução de utilização

dos recursos naturais e reaproveitamento de alguns resíduos gerados pelo

processo produtivo trazem retorno, tanto para o meio ambiente, como para o

equilíbrio econômico da empresa.

Algumas práticas de preservação ambiental com relação às matérias-

primas são: Verniz ou cola a base de água, produtos menos poluentes,

redução do uso de recursos naturais, tecnologias mais eficientes,

reaproveitamento de resíduos, embalagens mais eficientes.

Para a consecução dos objetivos do programa, Produção Mais Limpa é

necessário que as empresas direcionem esforços para os aspectos

fundamentais do referido programa, descritos abaixo:

a) Minimização dos resíduos sólidos, utilizando-se técnicas adequadas

como a substituição de matérias-primas, modificação de tecnológica,

procedimentos de práticas operacionais para eliminação dos resíduos na

própria fonte geradora. No próprio processo produtivo, evita-se considerável

volume de geração de resíduos, porem dificilmente será reduzido à zero.

Neste contexto se inserem as chamadas tecnologias limpas. A utilização de

materiais de maior durabilidade e recicláveis são fatores ou ferramentas que

evitam a geração de resíduos e desperdícios. Desta forma transcrevemos a

seguir algumas recomendações relacionadas a esse contexto que poderão

contribuir com o desempenho das empresas pesquisadas:

- a utilização de novos tipos de madeiras melhoradas geneticamente,

com desenvolvimento de novas fibras para a fabricação de chapas prensadas.

Dentre as madeiras melhoradas geneticamente podemos recomendar o

eucalipto, como matéria-prima apta a substituir as madeiras nobres;

- novos adesivos orgânicos para aglutinar fibras e colagem de peças;

- sistemas de pintura que minimizem a produção de resíduos e não

afetem a saúde dos colaboradores.

b) Coleta seletiva na própria fonte geradora, com o intuito de

encaminhar os resíduos para reciclagem, compostagem, reuso, tratamento e

outras destinações alternativas, como aterros, coprocessamento e incineração.

Ela depende de três fatores como:

30

- tecnologia, para realizar a coleta, a separação e a reciclagem;

- informação para motivar o público-alvo;

- mercado para assimilação do material recuperado.

Na coleta seletiva, os rejeitos (trapos, borracha e pedaços de madeira)

encontrados no lixo seco são conduzidos ao aterro. Os papéis, vidros, metais e

plásticos, são materiais recuperáveis, coletados separadamente e

encaminhados à reindustrialização. A viabilidade de reciclagem de certos

produtos é determinada pelas empresas de acordo com a possibilidade de

mercado.

A reciclagem economiza energia, água e matérias-primas, assim como,

reduz o volume de resíduos, da poluição da água e do ar e podem ser

realizadas internamente ou externamente, conforme ações citadas a seguir:

- reciclagem interna: onde os materiais voltam para o processo original.

Ex.: aproveitamento de pedaços e/ou peças defeituosas que retornam para a

linha de montagem e são transformadas em um novo produto;

- reciclagem externa ou pós-consumo: os materiais através de

transformações pelo processo industrial visam adquirir produto (reciclado) para

a mesma finalidade ou outra qualquer. Ex.: garrafas de refrigerantes plásticos

que se transformam em camisetas.

O setor moveleiro se integra neste contexto, uma vez que, os seus

resíduos, tais como resto de madeira, borras de tintas são facilmente

recicláveis por empresas que utilizam estes materiais como matéria-prima.

Com eles se obtém arrecadação financeira, pois possuem um valor de venda

no mercado. Porem, esse ganho (receita) será sempre inferior ao valor do

resíduo gerado, sendo o preço da matéria- prima bem mais alta que o preço

de venda da sucata.

c) Reutilização ou Reuso, dos resíduos, dos materiais e dos produtos

praticamente sem transformação física ou físico-química. Ex.: garrafas de vidro

reenchidas e reutilizadas.

d) Redução do uso do material, evitando problemas de tratamento e

disposição final de resíduos, uma vez que, os materiais voltam para novos

processos produtivos. Ex.: cacos de vidro usados em construção de estradas.

31

A estocagem indevida dos resíduos dentro da própria indústria pode

causar contaminação e dificultar a reciclagem e consequentemente interferir

no interesse econômico da empresa.

e) Tratamento de resíduos sólidos, para transformar componentes

agressivos em formas menos perigosas ou insolúveis, com a finalidade de

reduzir seu volume, sua toxicidade, ou até de exterminá-los. Sugere-se a

seguir algumas formas de tratamentos de resíduos sólidos:

- alteração da estrutura química de determinados produtos tornando-os

mais acessível para serem assimilados pelo meio ambientes;

- isolando e destruindo os componentes perigosos dos resíduos,

utilizando meios químicos, para a obtenção da redução do volume e de sua

periculosidade.

Na produção dos resíduos orgânicos podem-se utilizar todos os

materiais de origem animal ou vegetal. Não é permitido acrescentar vidros,

plástico, metal, madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas,

óleo, tinta, couro, e papel no composto orgânico. Estes resíduos podem ser

encaminhados para reciclagem industrial, onde terão destino mais nobres.

As Usinas de compostagem são instalações dotadas de pátio de

compostagem e conjunto de equipamentos destinados a promover e/ou

auxiliar o tratamento de frações orgânicas dos resíduos sólidos.

f) Identificação e seleção dos resíduos gerados na empresa conforme

indicação dos principais processos produtivos, com suas entradas, matérias-

primas e saídas. Contudo, essa identificação deverá conter os principais

resíduos e suas áreas geradoras. Ou seja, que para estabelecer uma política

de controle de resíduos, define-se corretamente aquilo que vai ser controlado.

O fluxograma facilita a visualização destas entradas e saídas de cada

processo, possibilitando identificar formas de eliminação ou minimização do

resíduo na fonte. Por tanto, a segregação e posterior identificação do resíduo

deve ser a etapa inicial do trabalho. Na prática é possível ser evitada a mistura

de resíduos incompatíveis, melhorando a qualidade dos resíduos permitindo a

recuperação ou a reciclagem reduzindo com isto o volume dos resíduos

perigosos a serem tratados.

32

g) Caracterização e classificação dos resíduos, pois determinam quais

os procedimentos a serem tomadas, tipo de manuseio, acondicionamento,

armazenagem, transporte e destino final. Ter conhecimento das características

do resíduo considera-se um fator importante para analisar as alternativas de

tratamento, disposição e recuperação de energia. Sobre a classificação dos

resíduos, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabeleceu um

conjugado de normas que tem por objetivo padronizar em nível nacional e

caracterizar os resíduos de acordo com sua periculosidade:

NBR 10.004 - Resíduos Sólidos - Classificação

NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos - Procedimento

NRB 10.006 - Solubilização de Resíduos - Procedimento NBR 10.007 -

Amostragem de Resíduos - Procedimento 2 - PROCESSOS DE APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE MADEIRA GERADOS PELAS INDÚSTRIAS

Alguns aspectos relacionados aos usos de resíduos oriundos das

empresas moveleiras e seus impactos no meio ambiente, serão apresentados

a seguir:

- tipo de matéria-prima utilizada - o seu resíduo da madeira maciça não

e considerado tóxico, podendo ser aproveitado para forração de estábulos, na

retenção de umidade do solo (agricultura). O aproveitamento de resíduo de

painéis de madeira processada limita-se na queima para geração de energia.

Nos dois casos em referencia, o descarte indevido, são fatores de poluição e

inutilização de áreas, podendo também, causar poluição nos recursos hídricos;

- tipo de processo empregado - a tecnologia moderna apresenta

recursos que reduzem perdas e coletas de resíduos com maior eficácia;

- tamanho da empresa - geração de resíduos, coleta e

reaproveitamento é atividade que possuem menor controle nas pequenas

empresas;

- localização da empresa - a proximidade de setores facilita o

aproveitamento dos resíduos que os utilizem em seus processos.

A otimização do uso de madeira, poderá contribuir para minimizar os

33

possíveis efeitos da escassez, aumentar e melhorar o aproveitamento de

resíduos. Com base a isto, torna-se importante sensibilizar aos proprietários e

o encarregado dos setores para que se conscientizem da necessidade de

gerenciar quantidade de resíduos gerados, novas técnicas de classificação,

planejar formas de armazenamento, de transporte e de transformação em

subprodutos de maior valor agregado. Hoje em dia já existe evidência de

práticas de aproveitamento de resíduos para a produção de aglomerado e

MDF. Os fabricantes de painéis reconstituídos se abastecem na atualidade,

das serrarias, das indústrias de móveis, de painéis compensados, e grandes

quantidades de resíduos de madeira: serragem, cavacos, entre outros.

Atualmente a relevância dos resíduos está na possibilidade de serem

aproveitados como um bem de consumo, assim pode-se afirmar que eles se

reintegram na cadeia produtiva. Os resíduos colaboram com a

sustentabilidade do meio ambiente enquanto sofrerem tratamentos

adequados, no reforço desta ideia é apresentado um exemplo de

aproveitamento dos resíduos de madeira que representa intenção de criar

soluções que beneficiem a sociedade a partir do que foi descartado.

De acordo com Morett (2002), o grupo de pesquisa do Núcleo

Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de

Campinas - NIPE da Unicamp apresentam uma experiência de processo de

termoconversão denominada de "Pirólise rápida". O resultado desse processo

é um vapor chamado pelos pesquisadores de bio-óleo, combustível energético

que pode substituir o diesel, outros combustíveis fósseis, com a vantagem de

ser renovável e não poluente. Afirmam, também, que pode substituir resinas

fenólicas, um produto derivado do petróleo e utilizado como aditivo na

fabricação de cimento celular ou nas colas para madeiras compensadas.

2.1 - Processo de briquetagem e suas vantagens

O briquete é uma alternativa para o aproveitamento energético de

qualquer biomassa vegetal. Quirino (2004) afirmou que a técnica de

34

compactação de resíduos para uso energético é pouco conhecida e utilizada

no Brasil. Os empresários ao tomarem conhecimento desta técnica mostram-

se surpresos e interessados por causa do ganho para a empresa.

O processo de briquetagem consiste na aplicação de pressão através

de uma prensa mecânica em uma massa de matéria prima transformando-a

em um sólido cilíndrico compacto (figura 2) com elevada densidade e poder

calorífico (Filippetto 2008).

Figura 2: Briquete (Extraído de http://chamaverdelenhaecologica.blogspot.com.br/)

Vale e Gentil (2008) comentaram que a serragem, em algumas Regiões

do Brasil, custa R$ 10,00/ton., sendo vendida como briquete no mercado

doméstico de varejo como padarias, pizzarias e churrascarias em até R$

290,00/ton. Já Abreu (2007) afirmou que os preços do briquete variam entre

R$170,00 a R$200,00/ton.

A briquetagem é uma forma eficiente para concentrar a energia

disponível na biomassa. Este fato pode ser explicado pela consideração de

que 1,00 m³ de briquetes contêm pelo menos quatro vezes mais energia que

1,00 m³ de resíduos, levando-se em consideração a densidade a granel e o

poder calorífico médio destes materiais (QUIRINO, 1991).

Segundo Pereira (2000), a densidade da madeira é um fator importante

para avaliar sua qualidade como, por exemplo, a produção e a qualidade do

carvão vegetal e os custos operacionais ligados ao seu transporte e

armazenamento. Madeiras mais densa apresentam maior poder calorífico por

35

unidade volumétrica. Madeiras mais leve possuem aproximadamente o mesmo

poder calorífico por unidade de peso, mas possuem menor poder calorífico por

unidade de volume.

As pesquisas apontam como vantagem na utilização do briquete o

preço, que, em geral, é menor que algumas energias concorrentes. Vale e

Gentil (2008) afirmaram que, em comparação com a lenha, seu concorrente

direto, o briquete possui maior densidade energética, tem maior rapidez na

geração de temperatura e calor, proporciona redução dos custos de

transporte, proporciona menor custo de manuseio, infraestrutura de

armazenamento, movimentação, mão de obra, encargos sociais, maior apelo

ambiental por ser produzido de resíduos.

Outra vantagem da briquetagem é a redução do volume do material

(Tabela 3), implicando em um armazenamento de energia maior em um menor

espaço para estocagem (FLORES et al., 2009).

Tabela 3 - Comparação da redução de volume da serragem de Pinus e Eucaliptus (adaptado de Flores et al. 2009).

Material Volume antes da

briquetagem

Volume depois da

briquetagem

Redução de

Volume

Eucaliptus sp. 125 cm³ 20,01cm³ 83,99%

Pinus sp. 100 cm³ 18,95 cm³ 81,05%

Esta redução do volume de serragem, além de reduzir o espaço de

estocagem, ainda diminui os espaços vazios quando os briquetes estão

empilhados em um caminhão, reduzindo o custo com transporte, levando

maiores quantidades por viagem.

Pela exigência da baixa umidade e pela elevada densidade relativa

aparente que o briquete apresenta, são menos higroscópicos e mais

resistentes ao apodrecimento ou à fermentação do que os resíduos na

condição natural (QUIRINO, 2004).

36

2.2 - Mercado de briquetes

Eriksson e Prior (1990) comentaram que o Brasil apresenta condições

favoráveis para o mercado de briquetes por uma combinação de fatores como

altas concentrações localizadas de resíduos vegetais, especialmente na

indústria madeireira, e na indústria agro-alimentar, o que reduz os custos de

coleta e de transporte e permite a instalação de plantas de briquetagem

diretamente nas proximidades destas indústrias, forte demanda de

combustíveis sólidos (lenha e carvão vegetal), como resultado de programas

políticos de valorização dos recursos energéticos nacionais e restrições

ambientais para a exploração de madeira.

Segundo Vale e Gentil (2008), com dados obtidos de setores como

usineiros,revendedores e especialistas, afirmam que existem em torno de 60

usinas de briquetagem no Brasil, tanto para uso próprio na geração de energia

como para comércio atacadista ou varejista, produzindo anualmente 450 mil

toneladas de briquete de madeira e como preços variáveis de R$ 150,00/ton. a

R$ 400,00/ton.

Um estudo realizado por Filippetto (2008) frisou que o preço de venda

do briquete varia em relação ao tipo de cliente, da quantidade encomendada e

da distância da entrega. Em geral, as empresas entrevistadas pelo autor,

vendem o briquete por preços de no mínimo R$100,00/ton e um preço máximo

de R$420,00/ton. Retirando os extremos, a Figura 3 ilustra a oscilação dos

preços entre R$ 200,00 e R$ 305,00 reais por tonelada no mercado interno.

Figura 3 – Preço dos briquetes no mercado nacional (extraída de Filippetto, 2008).

37

Por ser um produto relativamente novo em termos comerciais, ainda

não existem informações consolidadas de mercado, nem normas de

especificações técnicas ou comerciais. Na compra do briquete os compradores

baseiam na unidade volumétrica (m³) ou mássica (toneladas), como ocorre

com a lenha, e isto gera distorções em função da variação da densidade

energética. Neste caso o preço é por metros cúbicos ou toneladas e não pelo

agente principal do uso, que é a energia e assim o ideal seria o preço por

unidade energética, R$.Kcal-1(ZAKRISSON, 2002 apud VALE & GENTIL,

2008).

O frete de compra da matéria prima e o valor do frete de entrega do

briquete contabilizam até 35% do valor final (THEK e OBERNBERGER, 2002).

Isto significa que para as empresas madeireiras, que decidem briquetar seus

resíduos, por terem matéria prima a custos reduzidos dentro da fábrica ou

quando a usina de briquetagem está perto dos consumidores; são maiores as

chances de sucesso na competição. Existem casos em que o briquete é

vendido a distâncias de até 650 km, e ainda assim em condição de lucro e por

outro lado existem casos de usinas que estão próximas ao cliente final, mas

são obrigadas a buscar a matéria prima em distâncias de até 350 km, podendo

ter seu negócio inviabilizado (VALE & GENTIL, 2008).

Porém, em relação ao mercado de briquetes, Silva (2008) afirmou que

este sofre concorrências, principalmente do bagaço de cana em tempos de

safra. Enfim, como todo ramo de atividade tem seus altos e baixos, mas de

maneira geral, as Usinas de Reciclagem vem ganhando espaço no Brasil, pela

cultura da população em consumir sem se preocupar com a degradação do

meio.

3 - O REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO MADEIREIRO NA PRODUÇÃO DE PEQUENOS OBJETOS DE MADEIRA

Os pequenos objetos de madeira são conhecidos no setor madeireiro

pela sigla POM. Os POM podem ser agrupados em artigos domésticos de

38

caráter utilitário, de caráter decorativo, de uso pessoal, brinquedos e

complementos de outros produtos, entre outros. Eles apresentam propriedade

mercadológica interessante em relação aos demais produtos de madeira, pois

não sofrem exigência quanto à espécie de madeira. Se o produto atende às

necessidades básicas de sua função, a espécie de madeira com a qual ele é

confeccionado não interfere na sua aquisição. Pequenos objetos

confeccionados com resíduos e apresentados como "reaproveitados" podem

difundir os painéis de madeira e valorizar o trabalho artesanal.

A partir dos dados coletados e das visitas técnicas foi observado que a

matéria-prima, utilizada por 80% dos artesãos, é exclusivamente resíduo

gerado no processamento primário da madeira (serrarias), uma pequena

parcela, cerca de 20%, dos artesãos utilizam resíduos do processamento

secundário especificamente das indústrias de laminados localizados em

Paragominas, município situado no nordeste do Pará. A matéria prima para a

fabricação de POM’s é comprada nas indústrias de beneficiamento primário e

secundário a um preço acessível, segundo os artesãos, e os tipos de resíduos

utilizados são aparas, sobras e rejeitos.

Os artesãos selecionam o material a partir de dois critérios:

conhecimento das espécies quanto suas características organolépticas e

trabalhabilidade. Para a criação dos pequenos objetos são utilizadas em torno

de 20 espécies madeireiras e dentre as espécies mais utilizadas, destacam-se

Pau-roxo, Pau-amarelo, Cedro, Jatobá, Angelim rajado, Copaíba, Timborana,

Ipê, Cumaru e Bacuri.

O artesanato com POM’s nesta pesquisa foi classificado segundo Vieira

(2006) como artesanato utilitário e popular os quais demonstram que as obras

são baseadas em moldes fáceis de serem copiados e em objetos que podem

ser utilitários ou apenas decorativos e criação baseada em motivos

tradicionais, ligados à cultura popular. O processo para a produção dos

pequenos objetos é artesanal, o trabalho manual do artesão está presente em

todas as etapas da produção. Em alguns momentos os artesãos utilizam

máquinas modificadas e em outros momentos o trabalho é realizado

exclusivamente à mão.

39

Essa dualidade da produção entre a utilização de máquinas adaptadas

e alguns processos realizados à mão se deve ao fato do manuseio de peças

de pequenas dimensões, o que torna o processo produtivo mais lento e mais

oneroso. No processo de produção que utiliza rejeitos de laminados, a

guilhotina é a primeira máquina que processa o material residual, seguido da

lixadeira e tico-tico, o acabamento é feito com pirógrafo e verniz para madeira.

Os produtos finais desse tipo de processo são: cartões, blocos de notas,

quadros, brincos e imãs de geladeira (Figura 4). Figura 4: Produtos do processo que utiliza rejeitos de laminados.(extraída de Revista Árvore, v.33, n.1, p.171-177, 2009)

Para o processo que utiliza sobras e aparas, a primeira etapa consiste

no processamento dos resíduos na serra circular, plaina e acabamento na

lixadeira, prensa e verniz para madeira.

Existe uma diversidade de produtos produzidos como utensílios

domésticos, caixas, porta bijuteria, pratos, chaveiros, porta copos, e

brinquedos em miniatura como carros, helicópteros e trens (Figura 5).

40

Figura 5: Produtos do processo que utiliza aparas e sobras. a- Utensílio doméstico. b- canecas, caixas, porta copos. c- brinquedos em miniatura. (extraída de Revista Árvore, v.33, n.1, p.171-177, 2009)

O mercado de POM’s é de abrangência regional, sua distribuição e

comercialização são realizadas pelos próprios artesãos que expõe seus

trabalhos em eventos, no próprio local de produção dos POM’s e

principalmente na Praça da República em Belém, os produtos variam com

preços de R$5,00 a R$60,00. Todos os artesões que expões seus trabalhos

na praça fazem parte de associações e cooperativas que possuem como papel

principal divulgar por meio de eventos e exposições os trabalhos dos artesãos.

O processo criativo se dá por conta dos próprios artesãos que modificam,

inovam e criaram novos produtos de acordo com a demanda do mercado,

todos os entrevistados estão trabalhando no setor a mais de 20 anos. Esse

último dado demonstra que o setor de POM’s se consolidou no mercado

regional e acompanhou de forma prática as ideias de desenvolvimento

sustentável, onde se observa claramente que existe uma destinação

ambientalmente adequada por meio da reutilização dos resíduos produzidos

por indústrias madeireiras e que o setor de POM’s cumpre com a definição

citada no Capítulo II, artigo 3º inciso VII da Lei nº12. 305 de 2 de agosto de

2010 a qual dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 4 - REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS

Segundo a publicação de SANT’ ANNA (2013), mais que estética a

reutilização de materiais está ligada a necessidade, visto que estamos ás

vésperas da implantação da nova lei nacional de resíduos sólidos que visa a

preservação do meio ambiente e o reaproveitamento de materiais, proibindo o

41

despejo de todo esse material em lixões encaminhando-os para aterros

sanitários, muitos destes materiais vão também para reciclagem.

Relembra o designer de interiores CÁLIO (2013), de São Paulo que os

materiais guardam história e um trabalho artesanal muitas vezes extinto, este é

o diferencial do mercado. O arquiteto CALAZANS (2013) também opina e

concorda, dizendo que não há porque jogar fora um material por sua vez

nobre, muitas vezes necessitaria apenas de um beneficiamento. 4.1 - Como Reutilizar Materiais na Confecção de novos Móveis.

De acordo com VIECELLI (2006), existe uma infinidade de materiais e

maneiras para se fazer um móvel, entre eles se destacam os móveis de pallet

e móveis de caixote, fortes tendências do momento e são bastante usados em

mesas, estantes, floreiras, sofás, camas, entre outros objetos de decoração.

Garrafas pet, jornal, lata, pneu, papelão entre outros, também podem

ser reaproveitados e transformados em artesanato, que da forma correta

podem ficar muito interessantes complementando a decoração de ambientes

residenciais e comerciais.

Sobras de chapas de MDF e derivados de madeira, principal matéria-

prima usada na fabricação de móveis,também podem ser utilizados de forma

criativa para elaboração de móveis de alto padrão estético e funcional

Segundo pesquisa de campo em marcenarias cascavelense o processo

de reutilização de MDF em moveis é bem simples, pode ser feito de forma

artesanal e manual, usando ferramentas simples, como serra, cola, furadeira,

martelo, pregos, parafusos, sendo a principal delas, a criatividade. As

dimensões das sobras das chapas de MDF são muito variadas, assim pode-se

montar móveis de varias formas e tamanhos. Baseado nisso, pode-se fazer

mesas de centro, cadeiras, mesas para jantar, mesas de apoio, painéis

decorativos, painéis para televisão, cabeceiras de cama, criados, cozinhas,

balcões para diversos usos, entre outros.

A seguir alguns exemplos de móveis confeccionados a partir de

materiais reutilizados:

42

Figura 6: Mesa de Vidro e MDF reaproveitando materiais de marcenarias. (extraída de FERREIRA, Tiago,2014) Exemplo de Banco em formato de animal reaproveitando materiais de

marcenaria confeccionado pela empresa CR Santos.

Exemplo de mesa de apoio feita com aparas de madeira do processo de

marcenaria confeccionado pela empresa CR Santos.

.

Foto 1: Banco em formato de animal reaproveitando materiais de marcenaria (C.R. Santos Estofados, 2014)

Foto 2: Banco em formato de animal reaproveitando materiais de marcenaria (C.R. Santos Estofados, 2014)

43

Foto 3: Mesa de apoio feita com aparas de madeira do processo de marcenaria (C.R. Santos estofados, 2014)

Foto 4: Mesa de apoio feita com aparas de madeira do processo de marcenaria (C.R. Santos estofados, 2014)

44

CONCLUSÃO

Este estudo tratou dos resíduos gerados pela indústria moveleira e seu

aproveitamento como novos produtos. A falta de planejamento para o

tratamento dos resíduos gera uma série de problemas para as empresas e

para a sociedade. Observou-se que, metodologias voltadas para a orientação

de atividades de pesquisa e desenvolvimento da reciclagem de resíduos

possibilitam grandes avanços no conhecimento. Por isso, este artigo

apresentou alguns tópicos que precisam ser aprofundados e discutidos tanto

na academia quanto no meio empresarial. Existe carência de pesquisas e

divulgação para o aproveitamento de resíduos gerados pela indústria

moveleira, apesar das ações isoladas das empresas e de empreendimentos

pontuais para resolverem os problemas dos resíduos que produzem.

Conclui-se que, com o aprimoramento profissional e o uso de

maquinário mais moderno e certificado será possível gerar menos resíduos na

produção moveleira e quando gerados, esses resíduos possam ser melhor

aproveitados para a produção de novos produtos, gerando mais lucro tanto

para a indústria como para o meio ambiente.

45

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50

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Resíduos Sólidos 09

1 - Classificação dos Resíduos 10

2 – Resíduos no Mundo 15

3 - Resíduos do Brasil 16

CAPÍTULO II

O Cenário Moveleiro e a Questão Ambiental 17

1 - Considerações Gerais da Indústria Moveleira 17

2 – Tendências Ambientais no Setor Moveleiro 22

3 - Principais Resíduos Gerados pelo Setor Moveleiro 23

4 – Programas Ambientais Observados na Indústria Moveleira 24

CAPÍTULO III

Aproveitamento dos Resíduos na Produção de Novos Objetos 27

1 - Implantação de Produção Mais Limpa 27

2 – Processos de Aproveitamento de Resíduos de Madeira

Gerados pelas Indústrias 31

2.1 - Processo de briquetagem e suas vantagens 32

2.2 - Mercado de briquetes 35

51

3 - O Reaproveitamento do Resíduo Madeireiro na Produção de

Pequenos Objetos de Madeira 36

4 – Reaproveitamento de Materiais 39

4.1 - Como Reutilizar Materiais na Confecção de novos Móveis 40

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 47