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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O INGLÊS INSTRUMENTAL NAS
UNIVERSIDADES
Por: Fernanda Carvalho de Almeida
Orientador
Prof. Ms. Antônio Ney Vieira
Rio de Janeiro
2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O INGLÊS INSTRUMENTAL NAS
UNIVERSIDADES
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Docência
do Ensino Superior.
Por: Fernanda Carvalho de Almeida
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me proporcionar
inspiração e coragem para prosseguir,
Ao meu orientador Prof. Antônio Vieira
a quem agradeço sinceramente pela
colaboração . A minha irmã Fabíola e
minha mãe Maria Celia pelo apoio e
incentivo ao longo dos meus estudos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a memória do
meu padrinho e amigo Francisco Anísio
por toda atenção, amor e apoio que
sempre teve por mim.
5
Resumo A aprendizagem da língua estrangeira contribui para o processo
educacional como um todo, indo muito além de um conjunto de habilidades
lingüísticas.
Porém, o fato de como o ensino de uma língua estrangeira,
principalmente o da Língua Inglesa, deveria ser aplicado é muito discutido
por educadores hoje.
Nas universidades brasileiras, atualmente, o ensino da Língua Inglesa
está tendo sua importância reconhecida a cada dia que passa. Com isso,
professores de cursos de nível superior estão utilizando cada vez mais
técnicas do Inglês Instrumental. Visando assim, atender aos interesses de
seus alunos, já que cada curso possui uma necessidade específica em
relação a Língua Inglesa.
O Inglês Instrumental não se restringe somente a habilidade de
leitura, mas também na escrita, na audição e na oralidade. Uma
característica desta abordagem é que a língua não é ensinada com um fim
em si mesma, mas como um meio para se alcançar uma finalidade
específica.
O professor, que é o principal agente no processo ensino-
aprendizagem tem um papel fundamental ao lecionar a Língua Inglesa. Ele
deve ser muito mais que um professor, deve ser um colaborador, um
facilitador, um orientador; pois sem isso as técnicas do Inglês Instrumental
perderiam completamente seu verdadeiro propósito.
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Este trabalho de pesquisa buscará comprovar a importância da
Língua Inglesa nos dias atuais, e que o Inglês Instrumental é o método ideal
para o ensino desta disciplina nas universidades brasileiras.
7
METODOLOGIA
O presente trabalho tem como objeto de estudo o ensino de Inglês
Instrumental nas universidades brasileiras e seus benefícios. A metodologia
do Inglês Instrumental tem como premissa básica levar o aluno a descobrir
suas necessidades acadêmicas e profissionais dentro de um contexto
autêntico, oriundo do mundo real, a fim de supri-las.
A metodologia adotada para a confecção desta obra foi à leitura de
livros especializados em ESP (English for Specific Purposes) e lingüística
aplicada escritos por brasileiros e estrangeiros especialistas nessa área.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
A IMPORTÃNCIA DA LÍNGUA INGLESA 15
CAPÍTULO II
A ORIGEM DO INGLÊS INSTRUMENTAL 19
CAPÍTULO III
ESTRATÉGIAS DE LEITURA 23
CAPÍTULO IV
O PROFESSOR DE INGLÊS INSTRUMENTAL 29
CAPÍTULO V
DIDÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL 35
CAPÍTULO IV
SUGESTÕES DE MATERIAIS PARA AS AULAS DE INGLÊS
INSTRUMENTAL 41
CONCLUSÃO 44
9
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 47
10
INTRODUÇÃO
O estudo de uma língua estrangeira leva a uma nova concepção da
natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem
funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua
materna. Ao mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e
valores de outras culturas, contribui para desenvolver a percepção da
própria cultura por meio de compreensão de culturas estrangeiras, contribui
com o desenvolvimento de habilidades de dizer e entender o que outras
pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações. Leva,
portanto, à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto ao da
cultura materna.
Essa compreensão intelectual promove ainda a aceitação das
diferenças nas maneiras de expressão e de comportamento. Assim,
colabora-se para a construção , e para o cultivo pelo aluno, de uma
competência. Não só no uso de línguas estrangeiras , mas também na
compreensão de outras culturas.
A aprendizagem da língua estrangeira é também, uma possibilidade
de aumentar a auto-percepção do aluno como ser humano e como cidadão.
Daí centra-se no engajamento discursivo do aluno, ou seja, em sua
capacidade de se engajar e engajar outros discursos, de modo agir no
mundo social.
Dessa maneira, o foco da leitura pode ser justificado pela função
social das línguas estrangeiras no país e também pelos objetivos
responsáveis tendo em vista as condições existentes, tornando-se função
primordial na instituição de ensino.
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Entre as línguas estrangeiras contemporâneas, o Inglês é a
homogênica, dando particular acesso à ciência e à tecnologia modernas, à
comunicação intercultural e ao mundo dos negócios, sendo certamente um
diferenciador sócio-cultural. Entretanto, a posição dominante do inglês no
campo dos negócios, na cultura popular e nas relações acadêmicas e
internacionais, coloca-o paradoxalmente como a língua do poder econômico
e dos interesses sociais, constituindo-se em uma possível ameaça para as
demais línguas.
Nesse sentido, torna-se ainda mais necessária a sua aprendizagem, a
fim de se criar condições para a sua negociação, a troca e a integração
desde que haja consciência crítica suficiente até para se formular contra-
discursos culturais em relação às desigualdades entre países e grupos
sociais. Assim, os alunos passam por meros consumidores passivos da
cultura e conhecimento a criadores ativos, pois o uso da língua estrangeira é
uma forma a mais de agir no mundo para transformá-lo.
A Língua Inglesa tornou-se idioma internacional de integração no
mundo da tecnologia, ciência e comércio; e para que estudantes desta
disciplina sejam integrados neste contexto é preciso desenvolver neles uma
habilidade: a leitura. A prática da leitura de textos em línguas estrangeiras é
cada vez mais comum em estudos da cultura científica e tecnológica.
Na universidade e nos cursos de pós-graduação, os professores
freqüentemente solicitam fontes de consulta e pesquisa em língua
estrangeira para a execução de trabalhos nas mais diversas áreas, fazendo
assim, o ensino da Língua Inglesa extremamente necessário.
A abordagem instrumental no ensino de línguas é divulgada e
discutida em contextos de pesquisa desde a década de 70 em um âmbito
internacional.
12
Faz-se necessário diferenciar o ensino geral de línguas do ensino
instrumental. A diferença entre um e outro está no fato de que o primeiro,
não há uma definição exata dos fins a serem alcançados, enquanto no
segundo, os objetivos são delineados.
O ensino instrumental é aquele cujo objetivo e conteúdo são
determinados de acordo com as necessidades do aluno na língua
estrangeira de maneira prática e funcional, ou seja, a língua é vista como um
instrumento para alcançar os fins desejados.
O Inglês Instrumental pode ser definido , de acordo com que a
própria palavra denota, como um treinamento instrumental da Língua
Inglesa.
Conhecido internacionalmente como ESP (English for Specific
Purposes ), ou seja, Inglês para Fins Específicos, seu principal objetivo é
capacitar o aluno, em um tempo relativamente curto, a ler e compreender o
essencial para o desempenho de determinada atividade.
A prática do Inglês Instrumental geralmente não inclui só o estudo
da língua falada, mas também o da escrita , da audição e da oralidade.
Essa nova forma de ler textos em Inglês envolve estratégias de leitura, tais
como: fazer previsão do conteúdo do texto a partir da análise de títulos,
gráficos e ilustrações, buscar um conhecimento prévio do assunto pelo
leitor, concentrar a atenção nas palavras cognatas e deduzir o significado
das palavras desconhecidas a partir do contexto , procurar informações
específicas ou fazer uma leitura rápida sem se preocupar com o
conhecimento específico de cada palavra.
O processo de leitura é concebido como uma interação entre o leitor,
o texto, e o contexto; o leitor passa a ser visto como um sujeito ativo, um
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bom usuário de estratégias e um aprendiz cognitivo, preparando , assim, os
alunos para a habilidade da leitura e não da comunicação oral.
O ensino da Língua Inglesa através de técnicas instrumentais é
considerado a melhor forma de interação entre o aluno e o mundo
globalizado. O Inglês Instrumental trabalhado em muitas instituições
brasileiras enfatiza a habilidade da leitura e esta é a norteadora do processo
de ensino aprendizagem não só do inglês, mas contribui para a
compreensão de textos em outras línguas inclusive.
Pesquisas demonstram que o ensino da língua estrangeira orientada
para o desenvolvimento de habilidades específicas tem apresentado
excelentes resultados. Aumenta a motivação do aluno pelo rápido
aprendizado, tornando-o auto-suficiente para o desempenho de suas
funções e incentivando-o a buscar o seu próprio desenvolvimento e
aperfeiçoamento.
Esta pesquisa pretende comprovar a eficácia do Inglês Instrumental
no processo de ensino da Língua Inglesa nas universidades brasileiras, e
como este método atende as perspectivas dos alunos e professores.
14
CAPÍTULO I
A Importância da Língua Inglesa
15
A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA INGLESA O inglês é a língua oficial de mais de quarenta países, seja como
primeira e/ou segunda língua. A língua inglesa é atualmente a mais adotada
no mundo como segunda língua.O papel de língua estrangeira chefe que o
francês ocupou por dois séculos a partir de 1.700 foi indubitavelmente
assumido pelo inglês: das publicações científicas do mundo 679 estão em
inglês; nenhuma outra língua é mais estudada ou usada como língua
estrangeira ; o inglês é a língua que hoje em dia mais se aproxima da língua
franca, pois em torno de 700 milhões de pessoas a falam ( um aumento de
40% nos últimos 20 anos) que atualmente representa mais de 1/7 da
população do mundo.
A globalização entendida como processo de interdependência nas
relações comerciais, financeiras, industriais e tecnológicas entre os países,
sinaliza importantes e significativas modificações no comportamento das
organizações e conseqüentemente, das profissionais. Desta forma, o
domínio da língua inglesa configura-se como habilidade necessária ao
acompanhamento das informações a nível mundial e das novas tecnologias.
A invasão do vocabulário inglês no cotidiano do Brasil é notória.
Nossa cultura, nossa economia, nossa língua, estão sendo devoradas pelo
domínio da língua inglesa.
Vinte milhões de brasileiros estudam inglês atualmente entre
crianças, adolescentes e adultos. Há três mil e trezentas e quarenta e cinco
escolas de inglês registradas em nosso país. Isso não significa que todos
esses cursos sejam capazes de oferecer um aprendizado eficaz.
O mercado está cada vez mais exigente e as escolas se vêem
obrigados a inovar e atualizar seus métodos de aprendizagem. Ficaram
16
definitivamente para trás as lições que não remetiam o estudante ao seu
cotidiano. É comum o uso de computadores, vídeo cassetes, gravadores e
até antenas parabólicas para captar imagens e, principalmente, sons de
programas de televisão ingleses e americanos. Os alunos querem mais
avanço tecnológico e, acima de tudo, profissionalismo.
Recentemente, a expansão massiva de negócios internacionais levou
a um enorme crescimento na área do Inglês para fins de negócios ou
comércios. Dentro do Inglês Instrumental o maior setor de materiais
publicados é do Inglês comercial.
O Inglês Instrumental é a maior atividade no mundo hoje. É uma
iniciativa envolvendo educação, treinamento e prática, chegando até os três
maiores domínios do conhecimento: linguagem, pedagogia e o interesse em
áreas específicas dos alunos. Professores do Inglês Instrumental precisam
de treinamento para descrever e lecionar o idioma e um treinamento para
padronizar um curso de idiomas. Além disso, ao contrário daqueles
professores envolvidos no ensino do inglês tradicional eles precisam de
algum conhecimento , de acesso a informação sobre o que os alunos estão
envolvidos profissionalmente como por exemplo, economia, física,
enfermagem, direito.
Materiais autênticos (como por exemplo, textos, discussões em fita
cassete, entrevistas) podem ser necessários para este trabalho ou situações
de estudo para serem desenvolvido como materiais de sala de aula. Assim,
o Inglês Instrumental pode ser visto como dependente de sua
implementação bem sucedida e materiais de especialistas de muitas outras
áreas profissionais.
A pedagogia do Inglês Instrumental foi sempre importante na Grã-
Bretanha e na América do Norte porém com a Grã-Bretanha levando
vantagem no desenvolvimento de programas e cursos, praticantes nos EUA
17
e no Canadá obtiveram liderança em questões de prática em sala de aula e
pesquisas.
O Inglês Instrumental não é uma questão de ensinar variedades
especializadas da Língua Inglesa. O fato do idioma ser usado para fins
específicos não quer dizer que seja uma forma especial do idioma, diferente
das outras formas.
Certamente, há algumas características que devem ser identificadas
como típicas de um contexto particular e que, portanto , é mais provável que
o aprendiz encontre a situação . Mas estas diferenças não deveriam ser
permitidas de encobrir a vasta área do objetivo comum que está subjacente
a todo o uso do Inglês, e na verdade ao uso de todos os idiomas.
É indiscutível a importância do conhecimento da língua inglesa nos
cursos universitários. Considerando a competitividade do mercado e a
necessidade de atualização constante de informações científicas e
tecnológicas e as dificuldades das traduções de artigos, livros e outras
publicações em tempo hábil, ou seja, com a mesma velocidade em que são
escritos, as universidades, então , resolveram mudar o enfoque do ensino de
inglês como língua estrangeira, passando do estudo sistemático de
vocabulário e regras gramaticais para um estudo mais abrangente de textos
autênticos retirados das próprias fontes de informação.
Denominado de ESP- English for Specific Purposes- a palavra
purpose (finalidade) parece ser o termo crucial, indicando que esse tipo de
ensino se encontra nos objetivos que procuramos alcançar.
18
CAPÍTULO II
A Origem do Inglês Instrumental
19
A ORIGEM DO INGLÊS INSTRUMENTAL
O nome designado para o que é chamado popularmente de Inglês
Instrumental é “English for Specific Purposes” (ESP), que em português que
dizer: Inglês com objetivos Específicos. Surgiu através de correntes
convergentes que apareciam através do mundo.
A primeira delas foi à demanda do Mundo Novo. Os Estados Unidos ,
após a Segunda Guerra Mundial , em 1945 , obteve uma grande expansão
nas atividades científicas , técnicas e econômicas no âmbito internacional.
Tal expansão criou um mundo unificado e dominado por duas forças: a
tecnologia e o comércio, cujos progressos, logo geraram uma necessidade
de uma língua internacional. O poder econômico dos Estados Unidos, exigia
que as pessoas de todas as partes do mundo aprendessem a língua inglesa,
mas não por prazer ou para adquirir prestígio, e sim porque o Inglês passava
a ser a chave da circulação internacional da tecnologia e do comércio. Desta
forma, tornou-se imprescindível a aprendizagem desta língua para fins
específicos.
A segunda tendência foi à revolução lingüística, que passava a focar
a língua que é usada na comunicação real, isto é, a língua que falamos de
diferentes maneiras de um contexto a outro. No ensino da língua inglesa há
diferenças quando a referência é o inglês do comércio, da engenharia, da
medicina, da psicologia, da economia ou o acadêmico. Desta forma, se a
língua varia de uma situação de utilização a outra, tais situações passam a
ser específicas, servindo de base para os cursos destinados a aprendizes.
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A terceira corrente centraliza o foco nas necessidades e interesses
do aluno , o que despertará , logicamente maior motivação para o
aprendizado. Os textos apresentados pelos professores de inglês serão de
acordo com a área peculiar dos seus alunos.
O ensino do English for Specific Purpose ( ESP ), aconteceu nas
universidades brasileiras no final dos anos 70.
O Inglês Instrumental não se restringe somente a habilidade de
leitura, mas também na escrita, na audição e na oralidade. Uma
característica desta abordagem é que a língua não é ensinada com um fim
em si mesma, mas como um meio para se alcançar uma finalidade
específica. Há uma seleção de itens a serem ensinados de acordo com os
propósitos do curso.
No que se refere ao vocabulário , não é a quantidade de palavras que
o aluno conhece que é relevante, mas a utilização de estratégias que o
auxiliem a compreender o significado daquelas que lhes são desconhecidas.
Finalizando , o professor neste contexto não é mais uma autoridade e
sim um orientador. As estratégias ensinadas devem estimular a solução de
problemas, facilitando desta forma o entendimento.
No Brasil, a habilidade de leitura é mais ensinada, porque segundo
pesquisas realizadas, detectou-se ser ela a que mais interesse desperta
entre os aprendizes, não só para fins acadêmicos, como profissionais.
Historicamente, o enfoque dado à leitura dentro do processo de
ensino-aprendizagem de língua estrangeira tem variado de acordo com a
corrente metodológica em voga. Até o final da década de 40, esse processo
estava centrado na leitura e tinha por base o método do ensino da gramática
e da tradução. Com a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu-se o método
21
áudio-visual baseado nas teorias behavioristas em voga na época, com o
propósito de ensinar línguas européias aos soldados americanos que
partiam para o campo de batalha.
Com o desenvolvimento desse método, a leitura foi praticamente
ignorada, tendo sido, inclusive, considerada prejudicial à aquisição de uma
boa pronúncia, quando apresentada ao aprendiz antes que ele tivesse
adquirido fluência oral. O objetivo da leitura era o domínio de habilidades e
fatos isolados através da decodificação mecânica de palavras e da
memorização pela repetição. O aprendiz possuía um papel passivo de um
instrumento receptor de conhecimentos vindo de fontes externas.
22
CAPÍTULO III
Estratégias de Leitura
23
Estratégias de Leitura
Ler significa conhecer, interpretar, decifrar. A maior parte dos
conhecimentos é feita através da leitura, que possibilita não só a aplicação ,
como também o aprofundamento do saber em determinado campo cultural e
científico. A finalidade da leitura é a procura, capitação , a crítica , a retenção
e a integração do conhecimento.
Ler não é um ato mecânico, e sim um processo ativo. A mente filtra as
informações recebidas interpreta essas informações e seleciona aquelas que
são consideradas relevantes. O que se fixa em nossa mente é o significado
geral do texto. Portanto, usar o dicionário toda vez que não se conhece uma
palavra se torna um processo improdutivo.
A leitura é um processo de comunicação complexo no qual a mente
do leitor interage com o texto numa dada situação ou contexto. Durante o
processo de leitura, o leitor constrói uma representação significativa do texto
através da interação de seu conhecimento conceptual e lingüístico com
pistas existentes no texto.
A leitura é um jogo lingüístico de adivinhação, e um processo seletivo
que envolve o uso mínimo de informações disponíveis, selecionadas do
insumo perceptivo de acordo com as expectativas do leitor. Ao processar
essa informação , o leitor efetua as predições mais confiáveis por meio de
processos cíclicos de estratégias de colheita de amostragem, predição,
testagem e confirmação.
O leitor usa pistas mínimas de linguagem dentro dos próprios componentes
da linguagem. Essas pistas (grafofônicas, sintáticas ou semânticas) ajudam
24
o leitor a colher amostras, confirmar, corrigir e rejeitar as predições feitas em
relação à mensagem. Ou, em outras palavras, o leitor realiza a tarefa de ler
através da colheita de amostras, apoiando-se na redundância da língua e no
seu conhecimento das restrições lingüísticas.Ele prediz estruturas, testa-as
de acordo com o conteúdo semântico construído a partir da situação e do
discurso em progresso e, por fim, confirma-as ou não ao continuar a leitura.
Nesse processo, um leitor proficiente na língua apóia-se em
estratégias que os levam às mais confiáveis predições com o uso mínimo de
informações disponíveis. Ou seja, para atingir seu objetivo, ele emprega os
três sistemas já citados: as pistas grafofônicas, sintáticas e semânticas.
Esses sistemas são usados simultânea e interdependentemente de tal forma
que aquilo que constitui uma informação gráfica útil depende da quantidade
de informações sintáticas e semânticas disponíveis.
No entanto,há um limite restrito da quantidade de informações que o
leitor é capaz de receber, processar e memorizar. O uso preciso de todas as
pistas disponíveis não somente seria lento e ineficaz como afastaria o leitor
do objetivo principal, ou seja, a compreensão.
Portanto, o leitor proficiente não usa toda informação contida na
página, mas seleciona aquelas pistas mais produtivas para se determinar a
mensagem do autor;em outras palavras, ele aprende a organizar sua
percepção de acordo com o que é ou não lingüisticamente significativo. Isto
quer dizer que, deforma natural, ele faz uso tanto do conteúdo formal como
do redundante encontrados na língua.
A leitura também é vista como um processo lingüístico. Ela envolve
uma comparação , um balanço entre a informação visual e a não-visual.
Quanto mais conhecimento prévio se possui do assunto, menos informação
visual é necessária para se identificar uma letra, uma palavra ou um
25
significado do texto. Em outras palavras, se o leitor concentra-se mais na
estrutura visual das palavras impressas, menor significado será processado.
A leitura, portanto, envolve mais especificamente formular perguntas
apropriadas e encontrar respostas relevantes. É a interação das pistas
visuais com o conhecimento armazenado na memória do leitor que lhe
possibilitará predizer o que irá encontrar no texto.
Existem pelo menos três elementos essenciais de um modelo
adequado de leitura. O primeiro elemento é que a leitura é plurinivelada, ou
seja, o leitor nativo usa vários níveis de linguagem, simultaneamente, para
chegar ao significado. Isto quer dizer que o leitor faz uso de seu
conhecimento do mundo, de seu conhecimento pragmático, discursivo,
sintático, morfológico e fonológico na construção e reconstrução do
significado.
O segundo elemento é que a leitura é interativa. Nela, a compreensão
do leitor é orientada pelas estruturas do conhecimento, ou esquemas do
leitor, e o conteúdo específico e estruturas lingüísticas existentes no texto.
Todos os níveis de conhecimento básico interagem simultaneamente
enquanto o leitor constrói um significado para o texto.
Em terceiro lugar a leitura implica a geração de hipóteses à medida
que o leitor faz predições a respeito do significado de um texto. Essas
predições serão confirmadas ou rejeitadas à medida que prosseguir a leitura.
Além do mais a leitura pode ser vista como um processo em que tanto o
texto como o leitor sofrem uma mudança, ou seja, o leitor adquire novos
conhecimentos ao reconstruir o texto.
A aprendizagem da leitura deve fornecer aos alunos oportunidades
para o processo de total interligação da linguagem e habilidades
conceptuais, dando ênfase não só ao significado pretendido pelo autor e
26
pelo leitor, mas também às estratégias para a construção do significado de
um texto. Os alunos precisam se tornar menos dirigidos pelos texto e mais
orientados para as estratégias, ao aprenderem a proceder à colheita de
amostragem, predição, confirmação e rejeição de hipóteses que fomulam ao
ler.
O que se nota ao observar um aluno que aprende leitura em uma
língua estrangeira é o seu apego maior a determinados aspectos estruturais
do texto( correspondência de som-letra,sílabas , morfemas e palavras) do
que com unidades maiores. Enquanto estabelece essa “luta” com a língua
tem sua atenção desviada e, dessa forma, deixa de ter acesso a maior
número de informações, afastando-se assim de uma aproximação mais
direcionada para o significado.
Portanto, os professores de um língua estrangeira precisam facilitar a
aquisição pelos alunos de todas as pistas de linguagem relacionada á leitura
em um a língua estrangeira.Isso significa que o aprendiz de uma língua
estrangeira precisa aprender a aproveitar todas as pistas e redundâncias
disponíveis na língua escrita , seguindo os procedimentos usados
automaticamente por um nativo da língua. Precisa aprender a usar as
habilidades adequadas e as estratégias de leitura exigidas por uma
determinada tarefa de leitura . Deve aprender a adivinhar ao ler e basear
suas adivinhações no menor número de pistas possível.
Um outro aspecto importante é que, numa aula de leitura , a finalidade
da leitura deve retratar as mesmas finalidades encontradas na vida real. A
leitura pressupõe uma variedade de atividades substancialmente diferentes
uma das outras. Ler em voz alta não é o mesmo que ler em silêncio. A
leitura de poesias requer uma percepção dos sons das palavras, das rimas,
das imagens evocadas. A leitura de um texto técnico ou científico, exige a
atenção voltada para os fatos e as informações mais específicas.
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Assim, o processo de leitura varia não dependendo apenas da
dificuldade do material textual., mas também das intenções do leitor ao
aproximar-se do texto. Partindo dessa perspectiva, verificamos que para se
aprender a ler uma língua estrangeira é necessário desenvolver as
habilidades de linguagem( vocabulário , estrutura, discurso), bem como o
desenvolvimento das habilidades lingüísticas Tais como skimming
(estratégia que consiste em lançar os olhos rapidamente sobre o texto ,
realizando uma breve leitura a fim de captar somente o assunto geral),
scanning( estratégia de leitura não linear empregada pelo leitor de forma
seletiva, com intenção de localizar exatamente as informações que
necessita) e predicting.
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CAPÍTULO V
O Professor de Inglês Instrumental
29
O PROFESSOR DE INGLÊS INSTRUMENTAL
O professor de Inglês Instrumental atua como o principal agente para
o sucesso do aprendizado de língua inglesa, pois é ele quem irá animar todo
o processo. É papel do professor reconhecer as necessidades dos alunos, e
juntamente com eles possibilitar meios para tentar supri-las. É o professor
quem precisa despertar, preparar e oferecer condições para que seus alunos
se tornem leitores independentes e capazes de se aprimorar à medida que
novas situações lhe forem apresentadas. É também função do professor
conscientizar os alunos do conhecimento que eles já trazem, e procurar
sempre que possível valorizá-lo, para que eles tenham mais condições de
influenciá-lo, transformá-lo, ampliá-lo e avaliá-lo.
Pressupõe-se como condição indispensável para um bom
desempenho de um professor de Inglês Instrumental, a sua capacidade de
saber ajudar o aluno a aprender como melhor atingir a compreensão do
texto. O professor dessa disciplina deve ter em mente que o importante não
é pretender saber ensinar tudo, mas saber ajudar o aluno a aprender tudo.
Uma das características da abordagem instrumental é ensinar o aluno
a alcançar a sua autonomia no processo de aprendizagem. Para ser bem
sucedido e atingir os seus objetivos, ele tem que perceber que deve
caminhar autonomamente. O papel do professor é facilitar a aprendizagem
dos alunos, fornecendo as ferramentas necessárias para que eles alcancem
essa autonomia. O professor assume a posição de um facilitador do
processo de aprendizagem.
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Opta-se pela palavra facilitador, por ser um termo já usado por Carl
Rogers para definir esse tipo de professor que trabalha com a proposta
humanista , cujo ensino é centrado no aluno , cuja ênfase está no
desenvolvimento de uma postura de vida, em seus processos de construção,
organização, em sua capacidade de atuar como pessoa integrada; que
aceita o aluno como pessoa, respeitando-o e até se preocupando com seu
emocional.
Professor facilitador é aquele que acredita na capacidade de
autodesenvolvimento e que procura estimular essa valorização do “eu” do
aluno para melhor desenvolver suas potencialidades, que é autêntico e
congruente, que tem a habilidade de compreender seus alunos, sempre de
uma maneira empática, que é um especialista em relações humanas, ao
garantir esse clima de relacionamento pessoal; que se coloca no lugar dos
alunos para que eles se sintam compreendidos, ao invés de julgados ou
avaliados. Um profissional que se esforça para desenvolver um estilo próprio
para facilitar a aprendizagem dos alunos, que aceita e recompensa as
melhores respostas dadas pelos alunos; que usa técnicas de sensibilização
para ajudá-los; que envolve um clima de liberdade para aprender, que
avança sempre a partir do que o aluno já tem; que enfatiza, sempre, o
sucesso dos alunos e nunca o fracasso; enfim, que privilegia a cooperação,
a confiança, o respeito e a autonomia dos alunos.
O professor de inglês Instrumental além de, em alguns momentos,
dividir a tarefa da escolha do material com os alunos, também vê os
conteúdos como incompletos, os aprendendo novamente a cada
circunstância diferente. Constata-se, portanto, que a visão do professor
como único informante cede lugar a uma visão mais construtivista, onde
ambos, professor e alunos, caminham juntos na construção do saber.
É importante que o professor se mostre como uma pessoa autêntica,
que não fará promessas, mas que terá juntamente com os alunos atingir os
31
objetivos desejados. Cabe ao professor estar preparado para guiar os alunos
em direção a este sucesso estando ciente das fraquezas e potencialidades
dos seus alunos, e através de uma contínua assistência melhor trabalhá-las.
Para tal, faz-se necessário que o professor muitas vezes se desloque da
postura de como se ensina, para como se aprende, e que enfatize uma
relação horizontal entre ele e os alunos, trocando o seu papel de professor
para o de aluno e que mostre ao aluno que ele também pode ser um
professor. Verifica-se ainda a importância do professor dividir seu
conhecimento teórico com o aluno para que este possa refletir melhor sobre
o seu próprio conhecimento, diminuindo assim à distância do seu saber e lhe
proporcionando maior autonomia.
Observa-se que o autoconhecimento do professor é muito importante
para que ele possa melhor transmitir seus pensamentos e sentimentos,
acreditar e apostar na capacidade de seus alunos e melhor compreendê-los.
Os alunos não são todos iguais, não tem o mesmo background
sociocultural nem o mesmo ritmo de aprendizagem. Isso justifica o fato de
que, numa mesma turma, assistindo às mesmas aulas e tendo, a mesma
oportunidade de aprendizagem, alguns alunos não tiram o mesmo proveito
de todas as aulas ou, no mínimo, ficam com dúvida quanto ao que foi
apresentado e precisam de mais tempo para amadurecer o conhecimento.
Por isso,é importante também, que o professor desenvolva um bom nível de
relacionamento com os alunos para que possa melhor conhecê-los, e aceitá-
los, para então, poder ajudá-los.
O professor de Inglês Instrumental deve estar sempre e totalmente
aberto para uma mudança , reconstrução. Essa mudança não significa
incerteza quanto ao fazer, mas sim a certeza da necessidade de buscar
novas maneiras de entender os alunos, e novos meios de construir com
eles. Essa mudança não impede que o professor tenha um planejamento. O
professor precisa estar sempre preparado para saber o que ensinar, como
32
fazê-lo da melhor maneira para a realidade do aluno que ele tem no exato
momento, os objetivos a serem atingidos, e as atividades mais adequadas a
esses objetivos.
Nesse sentido, observa-se a necessidade do questionamento que o
professor deve fazer quanto ao seu próprio trabalho. Construindo e
renovando de acordo com a realidade e necessidade dos alunos no
momento, e caminhando junto com estes para que desta forma possam
juntos construir novos conhecimentos. Este procedimento didático se torna
eficaz e de grande valor à medida que, ao respeitar o universo de cada
aluno, o professor dê oportunidade, apoio, incentivo e segurança aos alunos
mais calados, bloqueados, receosos, inseguros e insuficientes. E que a cada
descoberta, o professor possa perceber a qualidade de seu próprio trabalho,
procurando, assim,aperfeiçoá-lo ou reconstruí-lo.
É importante que o professor utilize técnicas de sensibilização com os
alunos para então conscientizá-los. Tal processo deve ocorrer durante toda
a prática pedagógica (com total ênfase no início do curso), pois ele está
intimamente ligado ao alcance dos objetivos. Quanto mais conscientizados
estiverem os alunos, maior será sua participação e envolvimento no
processo da aprendizagem de leitura. Observa-se que essa conscientização
deve ocorrer também por parte dos professores, pois logo após a descoberta
das necessidades dos alunos e da descoberta do professor como facilitador
é preciso que ambos, professor e alunos, saibam por que e para que estão
construindo juntos.
Conscientizar é fazer com que os alunos entendam, tanto com seus
corações quanto com suas mentes, o motivo pelo qual eles estão
aprendendo e praticando as habilidades ensinadas, como eles as utilizam
individualmente, a que ponto as estratégias propostas são efetivas e o que
envolve o processo de leitura. A conseqüência dessa conscientização irá
33
fomentar toda a motivação do trabalho de leitura a ser desenvolvido durante
e, até mesmo, após o curso.
A motivação deve estar presente no professor e no aluno em todos os
momentos em que estiverem juntos,pois tanto a motivação quanto a
conscientização são fatores fundamentais para o sucesso da aprendizagem
das técnicas de leitura. Como resultado dessa conscientização e motivação
ocorre uma confiança nos alunos, o que faz com que o professor aposte no
êxito de seu trabalho. Por outro lado os alunos adquirem segurança e
autonomia para prosseguirem sozinhos, o que consolida, reforça e incentiva
a própria aprendizagem.
34
CAPÍTULO V
Didática do Inglês Instrumental
35
Didática do Inglês Instrumental
A fim de tornar a aprendizagem de inglês mais efetiva, o aluno deve
aprender a aprender, pois na disciplina de inglês Instrumental o mais
importante não é adquirir conhecimentos, mas sim aprender a adquirir
conhecimentos. Dentro dessa perspectiva, é importante compreender o
processo pelo qual o aluno passa durante o aprendizado, como uma rede
complexa de fatores que são decisivos para determinar seu sucesso. Assim,
a conscientização do aluno a respeito do uso de estratégias de leitura é
apontada como um caminho para o aprender a aprender.
A proposta do Inglês Instrumental é criar um bom leitor, um leitor
eficiente, e esse tipo de leitor é aquele que aplica as estratégias de leitura
corretamente, lê com objetivo determinado e consciente do valor de sua
leitura. Portanto, é de crucial importância o conhecimento das fases para o
alcance destes objetivos.
Na primeira fase, é necessário fazer uma sondagem para um melhor
conhecimento das necessidades dos alunos. Depois é desenvolvido um
trabalho de sensibilização para que seja conhecida a proposta do curso, os
objetivos a serem atingidos, as atitudes a serem desenvolvidas pelos alunos,
e para que haja a descoberta do professor facilitador que irá incentivá-lo,
ajudá-lo, valorizá-lo e caminhar junto com ele neste percurso da
aprendizagem ao invés de apenas informá-lo, avaliá-lo e julgá-lo. É
trabalhada também a conscientização do estrangeirismo que vem crescendo
no Brasil como mais um recurso facilitador da compreensão da leitura em
língua inglesa, e a conscientização das vantagens oferecidas por este curso.
É importante enfatizar que o raciocínio lógico é um dos fatores mais
importantes para a compreensão de um texto. Para tal, é trabalhado
36
atividades de leitura que ajudem a desenvolver nos alunos/leitores
habilidades que aprimoram este raciocínio lógico. É exercitada a habilidade
de extrair as informações mais importantes para a compreensão e em
seguida raciocinar logicamente o comprometimento destas palavras com
todo o contexto. Essas atividades são realizadas em português com algumas
palavras inventadas, a fim de que o aluno possa vivenciar a experiência da
necessidade de recorrer a estratégias de leitura para uma compreensão
dentro do seu próprio idioma .
A segunda fase, ou melhor denominada, a fase das atividades, é
caracterizada pelo desenvolvimento das estratégias de leitura. Estratégias
de leitura são os procedimentos que auxiliam na compreensão de textos
escritos sem que seja necessária tradução dos textos na íntegra. Nessa fase
é utilizado um material mais rico em pistas pictográficas e outros recursos
que possam facilitar a compreensão. Para tal, recomenda-se começar o
trabalho por frases, anúncios, e, então, pequenos artigos fragmentados com
exercícios de compreensão orientada.
Os alunos são levados a fazer uma leitura rápida e superficial para
entender a idéia geral do texto, sem se fixar em palavras e estruturas
desconhecidas, identificando pontos importantes para a compreensão, tais
como título, distribuição gráfica do texto, autor, fonte, ilustrações, diagramas,
tabelas, gráficos e etc. Esse tipo de leitura é denominado skimming. Os
alunos são incentivados a fazer um skimming, interpretando significados de
informação não verbal apresentadas no texto e sua relação com o texto
escrito.
Em seguida, os alunos são levados a fazer uma leitura para obter
informações específicas, sem recorrer à leitura linear do texto. Faz-se uma
leitura rápida selecionando as idéias que realmente lhe interessam. Esse
tipo de leitura é conhecido como scanning. Os alunos são incentivados a
37
inferir o significado do texto e relacionar idéias em partes diferentes do
mesmo texto.
É importante evidenciar aos alunos a necessidade de interação
equilibrada dos dois tipos de processamentos de informações: o “bottom-up”,
que é a informação que os alunos podem obter por meio dos elementos
lingüísticos do texto e o “top-down” que é a utilização da bagagem de
experiência ou bagagem cultural trazida pelos alunos para a página
impressa contribuindo, assim, para melhor inferir sobre o assunto do texto.
Um trabalho de linguagem mais orientada, ou seja, o ensino do
reconhecimento gramatical com finalidade de facilitar a compreensão, desde
o início da fase das atividades, contribui muito para facilitar a compreensão.
Porém , este trabalho pode variar de acordo com as necessidades dos
alunos. Esse tipo de trabalho deve ser contextualizado e ensinado como
uma das partes integrantes da compreensão e não como o fundamental para
ela.
A gramática, no Inglês Instrumental, só deve ser apresentada a partir
do momento em que ela possa atrapalhar a compreensão. Esses aspectos
gramaticais devem ser mostrados de uma forma natural, sem que obedeça a
nenhuma ordem pré-estabelecida, e que nunca se evidencie o aspecto
gramatical como produção de língua, pois o objetivo principal do curso de
Inglês Instrumental oferecido pelas universidades brasileiras é ensinar como
compreender textos em inglês e criar o hábito por esta leitura, e não de falar
o idioma.
É bom lembrar, também que como a proposta é criar bons leitores,
nada mais importante que criar desde o início o hábito da leitura por
unidades de pensamento, para que não criem o vício de pegar o sentido das
palavras isoladamente. Cabe, portanto, ao professor, enfatizar que o
contexto levará o aluno ao significado das palavras, e que nunca a tradução
38
de uma palavra será o importante para a compreensão do contexto. Para tal,
o aluno precisará estar sempre trabalhando por blocos de idéias ou unidades
de pensamento. Os alunos que fazem uso dessa estratégia, além de serem
leitores maduros, conseguem, também, expressar suas idéias mais
claramente e com menor incidência de erro.
É importante que os alunos sejam preparados desde o início a fazer
uma leitura crítica, avaliando sempre o que acabaram de ler. É proposta do
Inglês Instrumental formar o leitor crítico, e para tal é preciso conscientizar
os alunos de que a partir do momento que atingem a compreensão eles já
estão aptos a aprender com o texto, a questioná-lo, a concordar, e até
discordar das idéias do autor.
Nessa etapa do curso os alunos em geral já são capazes de deduzir o
significado das palavras novas pelo contexto, saber usar o dicionário de
maneira apropriada e como última estratégia, lidar melhor com as palavras
polissêmicas e tomar decisões na escolha dos significados.
É oportuno mencionar que o curso de Inglês Instrumental não propõe
o uso de glossário, o que muito limitaria os alunos, e que, sem dúvida, os
levaria, também, a uma margem maior de insegurança e dependência. É
proposta do Inglês Instrumental capacitar os alunos a utilizar o dicionário,
observando a significação específica das palavras dentro do texto
(significação contextual) e observando sua classe gramatical, a fim de que
possa prepará-los para outras circunstâncias de leituras futuras, e torna-los
leitores autônomos, independentes, e seguros. A utilização do dicionário
deve ser feita sempre que necessário, porém como última estratégia.
A proposta sugerida para a terceira fase do curso é o aprimoramento
das técnicas aprendidas na segunda fase. Já que os alunos diferem nas
suas habilidades, experiência de vida, interesses e que cada um tem seu
39
próprio tempo para executar sua tarefa, é proposto um enfoque mais
individualizado nesta terceira fase do curso.
Os textos apresentados nesta última fase passam a ser mais longos e
algumas vezes mais complexos, à medida que estejam mais relacionados
com assuntos mais específicos. Tendo-se por objetivo a preparação do
aluno para a vida acadêmica e profissional, é, nesta fase, dada a
oportunidade dos alunos poderem, inclusive, escolher seus próprios textos,
relacionados co suas áreas de estudo.
Esta proposta de auto- seleção de textos contribui muito para que os alunos
ganhem mais autonomia e segurança, pois eles se conscientizam de que
podem ser capazes de ler outros textos em inglês, além dos indicados pelo
professor. Observa-se, inclusive, que muitas vezes estes textos tendem a
suprir as reais necessidades para a vida acadêmica ou profissional no exato
momento.
Verifica-se neste momento que os alunos continuam a ter um papel
participativo, pois eles adquirem mais habilidades para reconhecer o valor da
leitura, discutem freqüentemente o que lêem com o professor e colegas, o
que, sem dúvida, contribui muito para um maior envolvimento com o texto
escolhido e para um real interesse por leituras adicionais.
Propõe-se, portanto, o incentivo e desenvolvimento da autonomia na
escolha dos textos na última fase, para que o aluno possa melhor, e de
maneira mais eficaz, monitorar sua própria aprendizagem e se conscientizar
de que ele mesmo tem um papel importante na sua aprendizagem.
40
CAPÍTULO VI
Sugestões de Materiais para as Aulas de Inglês
Instrumental
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Sugestões de Materiais para as Aulas de Inglês
Instrumental
Com as aulas de Inglês Instrumental oferecido por universidades
brasileiras o aluno aprende a ler para ter acesso a informações. O material
trabalhado ao longo do curso é selecionado a partir de documentos de
trabalho ou situações vivenciadas no dia-a-dia do grupo.
Os materiais selecionados são de extrema importância pois eles
organizam o processo de ensino/aprendizagem. Além disso, há outras
razões para que o professor seja cuidadoso na escolha dos materiais: eles
são usados como recurso de linguagem, como apoio para aprendizagem e
também para motivar e estimular os alunos.
Os textos trabalhados durante as aulas de Inglês Instrumental devem
ser autênticos, objetivando dessa forma a preparação dos alunos. É
importante que os textos sejam de interesse dos alunos , pois estes só se
sentem motivados a ler o que é relevante ou o que atrai seus interesses. É
importante que a seleção desses textos deve estar sujeita aos desejos,
necessidades e demandas dos alunos.
Um texto pode afetar e incentivar as pessoas a aprender a ler, por
isso, é importante que os textos sejam agradáveis , interessantes, atuais,
reais e até mesmo polêmicos, de preferência, especializados na área de
interesse do leitor e sempre originais.
Convém lembrar que o processo de leitura é concebido como uma
interação entre o leitor, o texto, e o contexto: o leitor passa a ser visto como
42
um sujeito ativo, um bom usuário de estratégias e um aprendiz cognitivo.
Baseado nesses pressupostos, os pesquisadores de leitura acreditam que a
compreensão não será encontrada na página impressa, mas na mente do
leitor que lê aquelas palavras.
O leitor constrói significados fazendo inferências e interpretações. A
informação é armazenada na memória de longo-prazo em estruturas de
conhecimento organizadas. A essência da aprendizagem constitui ligar
novas informações ao conhecimento prévio sobre o tópico, a estrutura ou o
gênero textual e as estratégias de aprendizagem. A construção de
significados depende, em parte, da meta-cognição, da habilidade do leitor de
refletir e controlar o processo de aprendizagem (planejar, monitorar a
compreensão e revisar os usos das estratégias e da compreensão), e das
suas crenças sobre desempenho, esforço e responsabilidade.
Portanto, visto que o significado não está contido nas palavras, na
página impressa, é preciso que o professor incentive o aluno a se envolver
com a leitura e que o induza a fazer uma maior reflexão para entender o que
o autor está tentando dizer. O aluno/leitor deve ter uma participação ativa e
questionadora, pois precisará estar sempre interrogando o texto.
Quanto à apresentação do texto deve ser bem legível, de preferência
rico em pistas pictográficas e apresentado de maneira bem convidativa à
leitura, o que, sem dúvida, facilita a compreensão e incentiva a leitura.
Os textos devem ser fundamentalmente originais, podendo ser
manchetes de jornais e revistas, anúncios, artigos de jornais ou revistas de
preferência especializadas no assunto de interesse dos alunos. Para os
textos mais longos é interessante que sejam fragmentados e intercalados
por exercícios de compreensão tornando assim a leitura mais agradável,
despertando a curiosidade. e quebrando a monotonia de um texto longo. A
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sugestão de exercícios entre um e outro para´grafo , além de proporcionar e
facilitar a compreensão do aluno, fazendo-o trabalhar por blocos menores de
pensamento, mantém. também, uma atenção mais contínua, e com certeza,
proporciona um envolvimento maior com o assunto lido.
É interessante que os textos a serem trabalhados não sejam
destinados somente a ensinar as estratégias de leitura apresentadas
anteriormente, mas também utilizados para informar, divertir, enfim,
transmitir uma mensagem. Ao longo do curso uma postura de vida é
desenvolvida: o aluno não só aprende estratégias que o levam a ler, mas
também cria bons hábitos de leitura.
44
CONCLUSÃO
Podemos perceber que o idioma é um fenômeno enorme e
completamente complexo, e que é impossível para qualquer indivíduo
aprender até mesmo sua própria língua completamente. A forma que um
falante nativo maximiza seus recursos de aprendizado para combater o
problema de adquirir competência em seu próprio idioma é simplesmente
aprender quais aspectos do idioma ele precisam quando precisam disto.
Porém, os benefícios acima só podem ser considerados se o curso de
Inglês Instrumental for executado apropriadamente. Existem desvantagens
significativas para escolas de idiomas locais e livros como fonte de consultas
do Inglês Instrumental. Para que os cursos sejam eficientes, deve haver um
contato próximo entre as empresas e o fornecedor de Inglês Instrumental.
Assim, os treinamentos necessários poderão ser acessados e programas,
cursos e materiais práticos poderão ser desenvolvidos apropriadamente.
Além disso, o progresso poderá ser alcançado. O resultado é um mecanismo
altamente eficaz para o treinamento que é feito para as necessidades das
empresas.
O trabalho tentou mostrar como a abordagem instrumental no ensino
de língua inglesa pode contribuir para ampliar as oportunidades de
desenvolvimento para alunos universitários, através do contato com as
últimas novidades de suas áreas de estudo, disponibilizadas em textos
autênticos em língua inglesa.
O inglês também é uma poderosa ferramenta para o fomento da
integração curricular, uma vez que os vários textos a serem trabalhados em
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sala de aula tratam de tópicos pertencentes a outras disciplinas, criando,
assim, um elo entre as mesmas.
A abordagem instrumental tem sido utilizada largamente e com êxito
em vários cursos universitários. O “specific Purpose” (fim específico) mais
comum dentre as universidades participantes é a leitura de literatura
específica em inglês. Conseqüentemente há um consenso dentro do projeto
em concentrar no ensino de estratégias de leitura, com o uso de material
autêntico
.
46
BIBLIOGRAFIA
HUTCHINSON, Tom, WATERS, Alan. English for Specific Purposes.
Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
LAROSA, M. A., AYRES, F. A. Como produzir uma monografia passo a
passo...siga o mapa da mina. Rio de Janeiro: WAK, 2002.
MACIEL, Anna Maria Becker. Novos Rumos para uma questão: proficiência
em língua ou proficiência em leitura. São Paulo: Cortez, 1989.
MASETTO, Marcos Taraso. Docência na universidade. Campinas, SP:
Papirus, 1998.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Oficina de lingüística aplicada. Campinas,SP:
Mercado de Letras, 1996.
NUTTAL, Cristine. Teaching reading skills. Oxford: Heinemann, 1996.
ROBINSON, Pauline. ESP today. U.K: Prentice hall International, 1991.
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA INGLESA 14
CAPÍTULO II
A ORIGEM DO INGLÊS iNSTRUMENTAL 18
CAPÍTULO III
ESTRATÉGIAS DE LEITURA 22
CAPÍTULO IV
O PROFESSOR DE INGLÊS INSTRUMENTAL 28
CAPÍTULOV
DIDÁTICA DO INGLÊS INSTRUMENTAL 34
CAPÍTULO VI
SUGESTÕES DE MATERIAIS PARA AS AULAS DE INGLÊS
INSTRUMENTAL 40
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 47
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Título da monografia: O Inglês Instrumental nas Universidades
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Autor: Fernanda carvalho Almeida
Data da Entrega: 3 de abril de 2004.
Avaliado por: ___________________________ Conceito:______
Avaliado por: ___________________________ Conceito:______
Avaliado por: ___________________________ Conceito:______
Conceito Final: __________