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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O DESAFIO DE LIDAR COM PESSOAS
“A ÉTICA DO SABER CUIDAR DE LEONARDO BOFF:
Uma Aplicação à Gestão de Recursos Humanos”
Monografia apresentada à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial à
conclusão do curso de Pós-graduação “LATU
SENSU” em Pedagogia Empresarial.
Por: Iza Maria Rocha Castro
Rio de Janeiro, 24 de Maio de 2010
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela minha vida, por todas as
oportunidades e conquistas que estou
conseguindo realizar, mesmo com as
dificuldades, que só me dão estimulo para que
eu possa construir e cada vez mais, me
preparar para a minha caminhada profissional e
pessoal.
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DEDICATÓRIA
“O cuidado somente surge quando a existência
de alguém tem importância para mim. Passo
então a dedicar-me a ele; disponho-me a
participar de seu destino, de suas buscas, de
seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim de
sua vida” Leonardo Boff (1999) p.91.
Aos profissionais de RH, que têm o papel de
apontar para um atalho que leve a uma posição
social bastante favorável e principalmente, no
sentido de estimular as pessoas para que elas
reflitam sobre sua história, sua vida, quem são,
e o que querem.
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RESUMO
O presente estudo tem como objetivo acrescentar valor aos profissionais
de RH de maneira contínua, desenvolvendo atitudes, posturas, habilidades e
talentos como estratégia organizacional, fazendo com que reconheçam a
importância do cuidado com o ser humano como ferramenta para minimizar as
insatisfações profissionais e pessoais, buscando um novo olhar, uma nova
escuta para a complexa interação dos múltiplos saberes e dos diferentes níveis
de realidades, de culturas e filosofias gerando pesquisas, atitudes e ações
transdisciplinares, alicerçadas em valores e sentidos éticos, enfocando o
caráter e a confiança, pois você não pode ter confiança sem ética, mas você
pode ter ética sem confiança e, baseado nesses pressupostos, a Ética do
Cuidado no momento atual das organizações, pede urgência de novas
posturas. O Cuidado é a única atitude realmente revolucionária para o agora. O
cuidar requer a assimilação de dimensões que permitam direcionar uma prática
de integridade respeitando a inteireza humana. Pretende-se ainda, reconhecer
o momento de desenvolvimento do profissional diante de um dos grandes
problemas contemporâneos que são o (individualismo e a perda dos valores
éticos), podemos escolher entre dois caminhos: o do compromisso daqueles
que sonham coletivamente e são agentes transformadores da realidade, ou a
alienação que destruirá toda e qualquer possibilidade de transformação, agindo
não somente como Pedagogo Empresarial, mas como interventor do processo
de mutação do cenário das organizações e das pessoas, tentando minimizar
essas dificuldades na construção do conhecimento e na aplicação desse
conhecimento no mundo corporativo. É preciso que haja uma confiança
inteligente, e passar confiança para a equipe é necessário para que o grupo
trabalhe em sinergia.
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METODOLOGIA
O trabalho de pesquisa será focado à Gestão do Cuidado visando
fortalecer a identidade organizacional a partir do processo de Educação e
Desenvolvimento. Uma organização constituída de uma cultura necessita de
seus colaboradores e onde há pouca autonomia, acaba gerando apatia e
afetando seus resultados. Sem cuidado deixamos de ser humanos. Nesse
estudo serão analisadas bibliografias de importância qualitativa, buscando
maior aproximação quanto ao real enfoque do objeto de estudo, apoiada em
conceitos teóricos de autores que apresentam trabalhos significativos nesse
campo de atuação e que darão suporte às idéias aqui apresentadas. Segundo
Idalberto Chiavenato (2002) p.7- fala-se hoje em Gestão de Pessoas como se
elas fossem parceiras da instituição e não simplesmente elementos estranhos
e separados. A antiga tradição de extrair o máximo possível dos conhecimentos
e habilidades de seus funcionários, sem nada repor ou adicionar em troca,
perde espaço.
Assim sendo, serão feitas consultas a livros de cunho científico nas
áreas de recursos humanos, educação, pedagogia, psicologia, filosofia, entre
outras áreas afins. Serão lidos textos de autores como: Leonardo Boff, Paulo
Freire, Idalberto Chiavenato.
O objeto de estudo está centrado em ferramentas que devem ser usadas
para iniciar um processo de mudança em uma organização, pois o
comprometimento e o envolvimento conta ponto, e é essencial para esse
processo. Tomar cuidado das pessoas significa; dialogar com elas,
examinando-as, interrogando-as e contestando-as, com o fim de desafiá-las a
assumir a responsabilidade que é própria do ser humano, de encontrar a
verdade da existência, ou seja, as coordenadas que possam servir de guia
no desenho do sentido da vida. O importante é se empenhar para que haja
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SUMÁRIO
Introdução 9
CAPÍTULO I
1- PEDAGOGO EMPRESARIAL – Por uma Gestão do Cuidado 12
1.1 - A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar: a organização como
um sistema vivo. 16
1.2- Como o RH pode proporcionar mudança de comportamento
com qualidade de vida 18
CAPÍTULO II
2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE ÉTICA
NAS ORGANIZAÇÕES
2.1- O que é ética. 23
2.2- A ética profissional 24
2.3- O que destrói a confiança numa organização 26
CAPÍTULO III
3- GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORORDAGEM TRANSDISCIPLINAR 31
3.1 A Importância da Felicidade Interna Bruta (FIB) na Vida
Pessoal e Profissional. 33
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
ÍNDICE 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
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INTRODUÇÃO
O problema a ser colocado nessa pesquisa propõe ao Pedagogo
Empresarial auxiliar o RH no desafio de lidar com pessoas, na ética do saber
cuidar, no processo de desenvolvimento com instrumentos que permitam ao
indivíduo (funcionário), ter um melhor rendimento propondo medidas para o seu
desempenho, aumentando assim sua produtividade, pois o profissional de RH,
normalmente sabendo o que deve ser feito e buscando estratégias para
melhorar o desempenho da organização, normalmente não tem poder para tal.
Baseado nesses pressupostos pergunto: - Qual a tarefa do pedagogo na
empresa e reagindo no interior da organização torna melhor o desempenho das
equipes?
Uma crise ética é algo sério, é quando o errado passa a ser concebido
como certo. Uma empresa não se faz com idéias, mas com pessoas. As
pessoas é que são portadoras de valores, ou não. Um bom gestor deve saber
como e quando compartilhar informações, porque uma informação mal
colocada pode gerar caos na área. E para Leonardo Boff ética é tudo aquilo
que ajuda a tornar o ambiente saudável.
Acrescentar valor às pessoas, faz com que a equipe de maneira
contínua e intensa, desenvolva atitudes, posturas e habilidades que permitam
também a desenvolver talentos humanos como uma estratégia organizacional.
Apesar de acreditarmos na busca incessante por parte das
organizações em oferecer a aprendizagem do cuidar, do bem-estar, da saúde,
da boa qualidade de vida, pouco se tem analisado o cuidar ético no que se
refere ao próximo.
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Uma das preocupações de Leonardo Boff é a crise que afeta a
humanidade pela falta de cuidado. Para sair desta crise, segundo o
autor, precisamos de uma nova ética, ela deve nascer de algo essencial ao ser
humano, reside mais no cuidado que na razão e na vontade e, em nenhum
momento, é citado o cuidar do outro.
A sua principal missão é desenvolver o potencial humano, seus
conhecimentos, suas habilidades, com autodisciplina decorrente da autonomia
e da responsabilidade. E, para que isso ocorra, precisamos:
• Trazer aos profissionais de RH uma reflexão acerca da aplicabilidade da
ética nas organizações;
• Entender a realidade e saber tirar proveito do momento atual em favor
da empresa, levando o Gestor de RH a conquistar mais poder nas
organizações;
• Buscar o desenvolvimento contínuo da capacidade de seus
colaboradores, estimulando a criatividade, a motivação pelo trabalho e o
engajamento em relação à empresa;
• Desenvolver o FIB (Felicidade Interna Bruta) nas organizações ao invés
do PIB (Produto Interno Bruto);
Quem quer crescer na carreira tem que formar sucessores, mais do que
treinar o profissional para as tarefas rotineiras, tem que plantar as boas práticas
e conhecimentos. Ter comprometimento não significa acatar todas as
determinações da empresa, pois envolvimento sem submissão é essencial à
carreira.
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CAPÍTULO I
1- PEDAGOGO EMPRESARIAL – POR UMA GESTÃO
DO CUIDADO
Leonardo Boff (1999) p.33, defende a opção pelo cuidado. Cuidar, como
ele diz, é mais que um ato, é uma atitude de preocupação, de responsabilidade
e de envolvimento afetivo com o outro. As pessoas não possuem somente
corpo e mente, são seres espirituais. E devemos valorizar esse lado espiritual
do sentimento e do cuidado com o nosso planeta.
Assim, podemos relacionar que a ética preconizada por Leonardo Boff
(1999), o saber cuidar do outro e do ambiente é considerada uma das
intervenções dos profissionais de RH e, para atingirmos os objetivos devemos
contribuir para a autonomia, autoestima, cooperação, solidariedade, integração,
e cidadania, pois é preciso saber cuidar.
“É preciso procurar se desenvolver, tornar-se um gestor
mais capacitado para servir melhor. Estamos na era do
serviço, por isso, é preciso servir com coração gentil e
alma”. Oscar Motomura (www.revistamelhor.uol.com.br)
Não podemos esquecer, na maioria das vezes, de que, serão os
aspectos pessoas que farão com que o colaborador trabalhe como desejamos
e precisamos. O importante é assegurar a delegação para que cada líder
esteja preparado para tomar as melhores decisões, ou seja, um sistema que
proporcione criatividade na visão, priorização das ações e disciplina na
execução.
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Se quisermos nos preservar no mercado, precisamos saber as novas
formas de trabalhar buscando alternativas, atuando no sentido de modernizar
dentro da nossa pequenez e, agindo de forma objetiva e calculista, seremos
um profissional tolerável.
É preciso estar sempre se perguntando: O que preciso fazer para inovar
no mercado de trabalho? É bom lembrar que não é fácil mudar, tanto na vida
particular quanto numa organização, estamos continuamente diante da
necessidade de escolher entre mudanças profundas e a coragem de assumir o
risco do novo. A escolha entre incerteza e conformismo nos leva geralmente a
optar pelo conformismo.
“Sejamos galinhas e águias: realistas e utópicos, enraizados
no concreto e abertos ao possível ainda não ensaiado,
andando no vale, mas tendo os olhos nas montanhas.
Recordemos a lição dos antigos: se não buscarmos o
impossível (águia), jamais conseguiremos o possível
(galinha). Leonardo Boff: 1997 'A águia e a galinha'.
Na organização produtiva, cada um é valorizado pela sua diferença, pela
sua contribuição individual. A maioria das empresas tem uma máquina de moer
gente! E para que isso não ocorra deixo algumas perguntas no ar:
− Que pessoas precisamos ser?
− Como mudar?
As empresas que fazem a diferença são empresas que transformam
idéias em produtos e o único caminho é ser brilhante naquilo que você está
fazendo, não abaixando a cabeça para a mediocridade. Se quisermos manter
o clima de entusiasmo na organização, precisamos reconhecer o esforço do
colaborador.
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Para que possamos refletir na construção de uma organização
produtiva, onde cada indivíduo é movido por sua força individual é preciso que
todos tenham o mesmo objetivo comum, com a seguinte pergunta:
− O que nós podemos fazer?
− O que podemos fazer para reverter ou colaborar com esse quadro?
E para que busquemos novos caminhos propondo soluções e
alternativas, transformando idéias, agregando valores e serviço, todo
profissional de RH deveria ser:
• um profissional que vê a empresa como um todo;
• ter visão sistêmica e raciocínio não linear;
• capacidade de análise e realização;
• capacidade de ouvir e interagir com o outro;
• ver o interesse social antes de tudo.
Ou seja, o que todo gestor deveria fazer segundo Mário Quintano:
“Sentir primeiro, pensar depois.
Perdoar primeiro, julgar depois.
Amar primeiro, educar depois.
Esquecer primeiro, aprender depois.
Agir primeiro, cobrar depois.
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois”.
E para que os funcionários estejam engajados na organização, é preciso
que haja uma linguagem comum, que os departamentos se compreendam
melhor e consequentemente se ajudem em uma comunicação mais positiva.
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O fato de cada vez mais se exigir uma postura voltada para o
autodesenvolvimento e a aprendizagem contínua tem levado as organizações a
se comprometerem com a educação de seus colaboradores, em vez de
somente privilegiar o conhecimento técnico e instrumental, também é
valorizado o desenvolvimento de atitudes, posturas e habilidades,
desenvolvendo os talentos humanos como uma estratégia organizacional.
Desde Sócrates, o conceito do cuidado de si, atravessou toda a cultura antiga.
Inicialmente o cuidado de si identifica-se com o conhecer-se a si mesmo,
porque sem saber quem somos, é difícil conhecer a arte pela qual podemos
nos tornar melhores, enquanto que se nos conhecermos a nós mesmos,
poderemos também conhecer o cuidado de nós mesmos, Sócrates afirma que
“é bom, antes de qualquer outra coisa, cuidar das pessoas, para que cresçam
do melhor modo possível”.
Antigamente recrutava-se e selecionava-se candidatos procurando
introduzi-los já com os conhecimentos e habilidades adquiridos em suas
experiências anteriores. A preocupação atual das organizações é acrescentar
valor às pessoas de maneira contínua e intensa. Quer dizer, o cuidado se
encontra na raiz primeira do ser humano, antes que ele faça qualquer coisa. E
se fizer, ele sempre vem acompanhado de cuidado. Portanto, uma Gestão
focada em resultados, necessitará de uma gestão focada no cuidado. Nesta
perspectiva o cuidado ultrapassa aquele momento de atenção, de vigiar, de
simplesmente atender ou atuar de acordo com o treinamento oferecido pela
organização. Segundo Leonardo Boff (1999) p.89, significa reconhecer o
cuidado como um modo de ser essencial presente e irredutível à outra
realidade anterior. Não temos cuidado, somos cuidado. Sem cuidado deixamos
de ser humanos.
“A esperança está na própria essência da imperfeição dos
homens, levando-os a uma eterna busca. A busca não se
faz no isolamento, mas na comunicação entre os homens”.
Paulo Freire (1987) p.82.
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E partindo do pressuposto que “a esperança está na própria essência da
imperfeição dos homens...” é relevante que, para o colaborador ter um perfil
comportamental adequado com as exigências da empresa ou as habilidades
técnicas, as organizações devem avaliar, antes de tudo, os tipos de
comportamentos que sejam adequados para o cargo e é necessário que se
perceba exatamente quem somos, onde estamos e para onde vamos, que
nossos olhares estejam atentos a uma nova percepção da realidade.
1.1- A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar:
A Organização como um sistema vivo.
Não há nada melhor para o desenvolvimento profissional que a
experiência e a troca de conhecimentos entre integrantes de equipes e, é
atuando na formação desses processos que a empresa fomenta ricas
experiências e desenvolvimento aos seus profissionais. O mais importante não
é gostar de gente, e sim, entender a ciência do comportamento humano. A área
de RH precisa se tornar aquela que melhor trabalha em equipe, em que o clima
seja o melhor possível, a mais compromissada com seu autodesenvolvimento e
com os valores da empresa. O ser humano está descobrindo que o ato de
perceber é solitário, mas o fazer é em grupo. É preciso humanizar, trazer as
pessoas, pois o que tem vida não se controla. É necessário que conheçamos
essas pessoas, que veja na organização como um sistema vivo – energia e,
conhecendo seus funcionários, entender seus potenciais e suas fragilidades. A
partir daí, é possível criar programas específicos que promovam um ambiente
propício para o seu desenvolvimento, incentivando a criatividade, dando
feedbacks, além de ações por meio de reconhecimento através de trabalhos ou
projetos efetivamente realizados, ou por meio de remuneração adequada que
esteja de acordo com o nível de responsabilidade ou de resultados e seja
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competitiva com relação ao mercado. É importante que o RH conheça em
detalhes o negócio e a forma como ele está estruturado, para auxiliar cada
profissional quanto aos próximos passos e as áreas para as quais ele poderá ir.
Acredita-se que o futuro do RH nas empresas seja de especialistas que
agreguem funções generalistas e tomem decisões com os diretores das áreas
quanto ao direcionamento do negócio. Esse modelo já existe em algumas
organizações, mas não funciona exatamente dessa forma, já que muitos
profissionais de RH começaram apenas recentemente a entender a
necessidade de se formar pessoas capazes de assumir esse papel. As
organizações devem ser analisadas a partir da nova visão sistêmica, não há
mais como esconder informação. As organizações têm que formar lideranças
transformadoras, se não conquistar a equipe, fica muito mais difícil. É preciso
dar significado aos propósitos, devendo ser claro e abrangente, inspirando as
lideranças para a construção de um plano de interferência eficiente, dando
significância a valores.
Muitas das vezes, mandamos embora a pessoa da vida, não a pessoa
do trabalho. Temos que aceitar o diferente tem que haver pluralidade, fazer
como um processo, tudo nos ensina a pluralidade. Ser plural não significa
vozes que discordam, mas dizer e buscar o mesmo de formas diferentes. A
verdade é um corpo de muitas faces e só ela é plural.
“... nós agimos pela nossa intelectualidade, pela capacidade
que temos de elaborar raciocínios e reflexões. Só que
nossas inteligências são usadas unifocalmente e não
multifocalmente”. Augusto Cury (2007) p.165.
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1.2- Como o RH Pode Mudar Comportamentos
com Qualidade de Vida.
Programas de qualidade de vida no trabalho deveriam ser aqueles que
proporcionam vida além do trabalho. Precisamos respeitar os direitos humanos
no trabalho. E se é verdadeiro que a família é um valor que você prioriza, se
trabalha para o bem-estar dela, é natural que despenda um tempo com ela.
Qualidade de vida no trabalho não é questão de programa, mas a forma como
as pessoas tratam umas às outras.
Hoje, há menos empregos disponíveis e, por outro lado, pessoas
trabalhando sob pressão nas empresas. A tecnologia está cada vez mais
disponível e eficiente. Muitas vezes, é melhor ter robôs fazendo tarefas
repetitivas do que os seres humanos, pessoas que têm sentimento, pensam,
acreditam e são capazes de inovar. É preciso que haja uma comunicação
interna como instrumento de estratégia e gestão, construindo caminhos com
diálogo (vencer juntos). Informação não é comunicação, comunicar requer o
que a pessoa sente, pensa e o que eu posso. As pessoas não podem ser vistas
no trabalho com seus papéis, é importante que os colaboradores se agreguem
em torno de um propósito. Segundo Alvim Toffler “Analfabeto do século XXI
não será aquele que não conseguir ler ou escrever, mas aquele que não puder
aprender e, por fim, aprender de novo”.
As pessoas que fazem o trabalho de duas ou três ficam exaustas,
doentes, inaptas a trabalhar em alta performance, e a produtividade cai.
Quando as pessoas ficam exaustas, frequentemente se tornam irritadiças e
começam a ter um comportamento agressivo. As primeiras vítimas, além delas
mesmas, são seus parceiros e filhos. Quando comportamentos violentos são
demonstrados na frente das crianças. Como vão ficar quando adultas? Serão
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violentos também? Reclamamos contra a violência, mas essa não é uma
questão apenas relacionada ao dinheiro, pode ser também decorrente do
estresse. Quando pessoas ficam estressadas, é esperado que fiquem
ansiosas, deprimidas, irritadas e esses sintomas frequentemente não
propiciam boas condições para o ambiente familiar.
O Fenômeno da vida não tem uma referência, é uma teia de
relacionamentos e que na estrutura de valores, nos fazem identificar o que é
bom com o bem. O bem atende as minhas necessidades, meus interesses. O
bom é circunstancial, nem sempre é benéfico, temos que abrir mão de algumas
necessidades, pois a vida se sustenta através de uma teia de relações e as
questões só se resolvem se houver a possibilidade de um entendimento global.
Precisamos identificar – situação / equilíbrio – estratégia operacional
com harmonia entre rumos e ritmos, planejando para a transformação e
desenvolvimento humano para a criação do novo. O objetivo é manter-se
saudável, pois a qualidade de vida, a ênfase tem que estar na vida e não na
qualidade. Para as empresas, isso nada significa por que não pagam o preço. A
sociedade é quem paga, mas, em longo prazo, as empresas vão pagá-lo.
Empresas são parte da sociedade e os executivos têm responsabilidade
social sobre o que os funcionários vão se tornar em suas famílias. O mundo
mudou! E vai continuar mudando. Se o homem muda, todos nos temos que
mudar. De acordo com trecho da música “Fora da Ordem” de Caetano Veloso:
‘Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial!’
Além do aspecto social, as empresas também precisam de pessoas
criativas, produtivas, são itens que requerem um ambiente sadio, uma
perspectiva de futuro. Se você decide investir em um trabalho, tem em mente
que existe um futuro.
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Segundo Estelle M. Morin (Revista Melhor - 2003) existem 6
(seis) fatores que ajudam as pessoas a descobrirem
significado no trabalho:
1. ÉTICA – se o que você faz é moralmente correto no
processo e nos resultados, se não prejudica ninguém, você
se sente orgulhoso do que faz uma boa pessoa;
2. SENSO DE PROPÓSITO – as pessoas gostam de saber
que o que fazem é útil para a sociedade, para a empresa,
para o grupo. O trabalho é algo transformador;
3. PRAZER - se você gosta do que faz, o seu trabalho se
reveste de significado.
4. AUTONOMIA – é um fator clássico. Liberdade é algo
muito importante para o ser humano. Gostamos de ir para o
trabalho pensando em fazê-lo da melhor forma. Por isso, é
bom que tenhamos feedback, objetivos claros, mas também
liberdade para fazer o que julgamos melhor. Se você
detecta um problema, precisa ter espaço para resolvê-lo da
melhor maneira.
5. EFICÁCIA PESSOAL – um trabalho com significado é
aquele que você se sente capaz de realizá-lo, tendo as
condições e recursos para fazê-lo com êxito. Muitas vezes,
uma pessoa faz o trabalho de duas, com um monte de
tarefas por dia. A eficácia pessoal é muito importante para a
autoestima. Quando você se sente capaz de fazer o que
fala ou quando é desafiado a fazer algo que exija
imaginação e criatividade, isso dá um sentido de
crescimento e realização;
6. RELAÇÕES QUE TEMOS NO TRABALHO – você pode
tomar uma decisão na ausência do seu superior e saber que
terá respaldo.
Profissionais de RH representam o valor dos seres humanos nas
organizações, seja como consultor, conselheiro ou diretor, devem ter
consciência do problema das pessoas, encará-los e ajudá-los, com os
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gestores, a criar condições de modo que ele faça sentido. Promovendo-as de
forma a ajudá-las a fazer aquilo que elas fazem de melhor. Não há
relacionamento se não houver comunicação e a comunicação só vai ser
estratégica, se estiver alinhada na empresa, temos que treiná-las em suas
virtudes, não em suas fraquezas. Faça aquilo que você é bom e seja feliz. Você
será criativo e eficaz, e isso dará significado ao seu trabalho. Não existe
trabalho bobo, todos agregam valor à organização, mas temos esse
condicionamento da hierarquia em nossa cabeça. “Quanto mais alto estiver,
melhor você será”.
As empresas que praticam a inovação desenvolvem facilitadores como
estrutura descentralizada, reconhecimento dos funcionários, ausência de
punição por erros e estímulo a experiência. Além disso, praticam o permanente
treinamento de suas equipes nos requisitos básicos da inovação: criatividade,
empreendedorismo, projetos e mudanças.
São critérios básicos para se trabalhar em uma empresa:
• Imparcialidade;
• Respeito;
• Camaradagem;
• Credibilidade
“É perfeitamente possível alguém ser influenciado pelos
ideais e pela autoridade dos outros, a ponto de ignorar o
que desejaria e poderia ser. Quem cresce num ambiente
extremamente restritivo e autoritário dificilmente chegará a
atingir o conhecimento de si mesmo”. Joseph Campbell
(1990) p.152.
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Em suma, embora seja impossível modificar algumas características
essenciais das pessoas, podemos incentivar comportamentos, estilo de vida e
formas de interação com o mundo que permitem o desenvolvimento de novos
padrões cognitivos e facultem aos indivíduos oportunidades de geração
de insights criativos. O mais importante, no entanto, está no fato de que, no
contexto organizacional, o que vale mesmo é a capacidade criativa coletiva, de
maneira contínua, colaborativa e sistemática. Ainda que a criatividade individual
seja importante, necessária e altamente desejável, no ambiente corporativo
ganha relevância a combinação de múltiplas fontes criativas – o que exige
enorme disposição e disciplina para implementar as medidas necessárias,
viabilizando a obtenção de resultados afetivos e diferenciados.
É importante para as organizações que os gestores de RH estejam
engajados e gostem de trabalhar e procurem motivar sempre seus
colaboradores.
“Uma das grandes qualidades do líder de gestão de
pessoas é contribuir para o crescimento de seus
colaboradores, e ele só consegue isso quando busca o
autoconhecimento”. Oscar Moturama
(www.revistamelhor.uol.com.br)
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CAPÍTULO II
2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE
DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
2.1- O Que é Ética
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma
pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a
conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom
funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste
sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está
relacionada com o sentimento de justiça social. É, em outras palavras, a
ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens na
sociedade.
O pensamento filosófico indicava caminhos, a busca do melhor – do
bem e do belo. Ética enquanto filosofia e consciência moral, é essencial a vida
em todos os seus aspectos, seja pessoal, familiar, social ou profissional.
Aristóteles defendia que a virtude não é uma habilidade inata e que ela
pode e deve ser adquirida assim como desenvolvida pelo exercício. A virtude é
conseqüência de nossa disposição, de nossa escolha deliberada, racional e
autônoma de praticar boas ações. A moral lida com a inexatidão, pois embora
exista possibilidade de escolhermos racionalmente, ainda podemos agir
inclinados por desejos ou paixões. Toda ação moral almeja um fim, cada um
destes fins representa para nós um bem e o maior bem para os seres humanos
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é a felicidade. Aristóteles dava exemplos e citava questões do cotidiano, como
bom mestre, e como bom mestre investia no conhecimento, confiante de que
podemos errar muito mais por ignorância do que por maldade.
As empresas que se preocupam com a ética, mostram-se mais capazes
de competir com sucesso e conseguem obter não apenas a satisfação e a
motivação dos seus profissionais, mas também resultados compensadores em
seus negócios.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida,
mantendo com os outros, relações justas e aceitáveis. Via de regra, está
fundamentada nas idéias e virtudes, enquanto valores perseguidos por todo ser
humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
Quando na antiguidade grega Aristóteles apresentou o problema teórico
de definir o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o conteúdo do Bem
e não definir o que cada indivíduo deveria fazer numa ação concreta, para
que seu ato seja considerado bom ou mau. Evidentemente, esta investigação
teórica sempre deixa conseqüências práticas, pois quando definimos o Bem,
estamos indicando um caminho por onde os homens poderão se conduzir nas
suas diversas situações particulares.
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2.1- A Ética Profissional
Olhar em volta é preciso, há que se perceber os problema e buscar as
soluções que muitas das vezes estão mais próximas de que se pode imaginar.
A área de Recursos Humanos deixou de ser um mero departamento de
pessoal para se tornar o personagem principal de transformação dentro da
organização. Como enxergar o outro? Não conseguimos perceber as teias da
rotina. A gestão de pessoas em geral, ainda está muito vinculada ao paradigma
mecanicista, tendo absorvido pouco do paradigma holístico.
Segundo Leonardo Boff (1999) p.98 “A ditadura do modo-de-ser-
trabalho-dominação está atualmente conduzindo a humanidade a
um impasse crucial: ou pomos limites à voracidade produtivista
associando trabalho e cuidado, ou vamos ao encontro do pior”.
O homem é um ser no mundo, que só realiza sua existência no encontro
com outros homens, sendo que, todas as suas ações e decisões afetam as
outras pessoas, é quando o indivíduo obtém sucesso, utilizando-se de
determinado meio (motivo), tenderá a repeti-lo para a solução de outros
problemas, o que caracterizará o estilo da pessoa. Nesta convivência, nesta
coexistência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e
harmonizem esta relação. Essas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam
os limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as
limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais que
nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Pois são freqüentes as
queixas sobre falta de ética na sociedade, na política, na indústria e até mesmo
nos meios esportivos, culturais e religiosos.
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A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o
fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à
eficiência que todo o profissional deve possuir para exercer bem a sua
profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes
que deve assumir no desempenho de sua profissão.
Ser ético, portanto, é buscar sempre o bem, combater vícios e
fraquezas, cultivar virtudes. Assim, se a empresa quiser competir com o
sucesso, será importante manter uma sólida reputação de comportamento
ético. Para Leonardo Boff (1999) p.97, “As pessoas vivem escravizadas pelas
estruturas do trabalho produtivo, racionalizado, objetivado e despersonalizado,
submetidas à lógica da máquina”.
A noção de ética não se esgota na consciência tranqüila. A consciência
tranqüila tem uma atividade, uma ação do nosso caráter. Ética é um
fenômeno humano e universal para o bem comum – ÉTICA / LEI / MORAL –
devem estar numa lei universal.
2.2- O Que Destrói a Confiança Numa Organização
A maioria das pessoas não se empenha em criar uma relação de
confiança no ambiente de trabalho e alguns dos fatores chave incluem
promessas não cumpridas, comportamentos antiéticos, injustiças (por exemplo:
promoções baseadas em favoritismo), resultados insatisfatórios, falta de
comunicação, falta de reconhecimento, falta de feedback, etc.
Segundo Brian Swuimme: “’O Universo é um Dragão’, embora
não existam dragões, nós somos o fogo do dragão, somos a
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chama criativa, cintilante, cauterizadora e curativa de um
universo temeroso e encantador. Os que falharem nessa
tentativa, continuam na terra como cobras e lagartos”.
O processo tem que começar com as pessoas nas posições chave,
liderando pelo exemplo e conquistando a confiança, demonstrando que confia
nos seus colaboradores e a melhor maneira de conquistar a confiança é
compartilhar informações. Isto ajuda as pessoas a pensar de maneira mais
ampla sobre a organização. Muito mais problema do que a falta de recurso, é a
falta de gestão.
Segundo Gabriel Chalita, no livro “Os Dez Mandamentos da Ética”
aborda os pontos fundamentais da ética para o nosso tempo, na busca da
própria superação humana:
PRIMEIRO MANDAMENTO: FAZER O BEM – p.36
O bem é a finalidade da ética. Ou seja, como disciplina, a
ética procura determinar os meios para atingir o bem. O
bem é a finalidade de todas as atividades humanas.
SEGUNDO MANDAMENTO: AGIR COM MODERAÇÃO –p.57
A ética deve refletir a própria unidade complexa que o ser
humano, deve corresponder à realidade humana, cheia de
paixões e de regras, de renovações criativas e de condutas
que se repetem, de desejos e de proibições. Não é difícil
admitir que vivemos situações contraditórias quase todos os
dias, e que sempre temos de decidir como agir, de acordo
com o que consideramos melhor ou de acordo com nossos
hábitos.
TERCEIRO MANDAMENTO: SABER ESCOLHER – p.73
Outro aspecto importante da ética, que é o estudo das
escolhas: sua natureza, sua importância, suas relações com
a excelência e as atividades éticas de modo geral. Enquanto
a excelência revela as ações em termos de qualidade, as
26
escolhas revelam o caráter de cada pessoa, pois tornam
visíveis os julgamentos interiores de cada um, suas opiniões
sobre a forma de comportamento que considera adequada.
As escolhas revelam, enfim, conceitos e preconceitos.
QUARTO MANDAMENTO: PRATICAR AS VIRTUDES - p.91
Como a excelência moral é desempenhada conforme as
emoções e as vontades em jogo, em cada situação. Sempre
é bom lembrar que não existe um número determinado de
virtudes. Também é bom lembrar que as formas de
excelência moral não são completamente distintas umas
das outras. É fácil perceber que existem situações em que
uma virtude não pode aparecer sem a outra, e outras
situações em que é muito difícil distinguir uma coisa de
outra.
QUINTO MANDAMENTO: VIVER A JUSTIÇA – p.107
A justiça é a excelência mais completa exatamente porque
sintetiza as outras excelências. Ela é ao mesmo tempo
individual e coletiva. Não há possibilidade de ser justo
comigo mesmo sem ser justo com o outro.
SEXTO MANDAMENTO: VALER-SE DA RAZÃO – p.129
Para agir eticamente, devemos direcionar nossas
disposições interiores segundo o meio-termo, e não pela
falta de uma disposição, nem pelo excesso dela. Assim, por
exemplo, vimos que a coragem é o meio-termo entre a
covardia e a temeridade, e a sinceridade é o meio-termo
entre a falsa modéstia e a arrogância. Isso nos permite ver a
forma geral de todas as atividades éticas, que nos garantem
agir em busca do bem, por meio de atitudes e ações
também boas.
SÉTIMO MANDAMENTO: VALER-SE DO CORAÇÃO p146
Elemento que molda o caráter do indivíduo e influencia as
nossas ações. Para agir eticamente, precisamos controlar
nossos impulsos para conseguir alguma coisa que deseja.
OITAVO MANDAMENTO: SER AMIGO – p.164
A ética se preocupa ao mesmo tempo com o bem da
comunidade de cada pessoa, porque não é possível falar
27
numa comunidade feliz sem que ela seja composta de
indivíduos que vivem bem, consigo mesmos e com o
próximo. E não existe nenhum tipo de relacionamento além
da amizade em que o bem pode ser experimentado e
cultivado mais verdadeiramente.
NONO MANDAMENTO: CULTIVAR O AMOR – p.182
Faz parte da própria natureza dos seres humanos
desenvolver relações com seus semelhantes, das mais
variadas formas. Para analisar esses relacionamentos
estamos utilizando o conceito de amizade, ampliando-o
bastante, mas a palavra é muito adequada, pois aponta para
a disposição essencial que deve haver em toda atividade
ética, a boa vontade em relação ao outro e a abertura para
estabelecer novas relações.
DÉCIMO MANDAMENTO: SER FELIZ – p.199
Qual é o prêmio que se reserva a quem age eticamente, a
quem é justo, a quem é bom? Talvez sejam os prazeres
mais elevados e duradouros? Talvez, no fim das boas
práticas, esteja a felicidade? Não, na verdade o prêmio por
ser justo é a própria justiça praticada, a vitória conquistada
pelo bem é fazer o bem, e a recompensa por agir
eticamente é ser ético.
As questões éticas devem ser trabalhadas em todos os níveis da
atividade empresarial. A ética empresarial envolve as regras básicas de
comportamento, tanto ao nível do colaborador, como do gestor, como dos
dirigentes da empresa. É através da ética profissional que podemos melhorar o
clima organizacional. Assim, esperamos que todos se sensibilizem para a
necessidade de terem um comportamento pautado pela ética.
Segundo Leonardo Boff (1999) p.110 “Quando um acolhe o
outro e assim se realiza a co-existência, surge o amor como
fenômeno biológico. Ele tende a expandir-se e a ganhar
formas mais complexas. Uma destas formas é a humana.
28
Ela é mais que simplesmente espontânea como nos demais
seres vivos; é feito projeto da liberdade que acolhe
conscientemente o outro e cria condições para que o amor
se instaure como o mais alto valor da vida”.
Todos os homens são dotados de razão. Esse é o princípio fundamental
da democracia. Como toda mente é capaz de adquirir um conhecimento
verdadeiro, não é preciso que uma autoridade especial, ou uma revelação
especial, lhe diga como as coisas deveriam ser. O grande desafio é
trabalhar o comportamento de nossa empresa. Toda empresa em qualquer
cenário, tem que trabalhar perante seus colaboradores, ter atitude.
A Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES),
desde a sua fundação 1986, atua em quatro grandes vertentes que visam a
mobilizar a Sociedade Civil Brasileira na Busca do Bem Comum pautada na
Ética na Atividade Empresarial, é indiscutível que as boas decisões
empresariais resultem de decisões éticas.
29
CAPÍTULO III
3- GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORDAGEM
TRANSDISCIPLINAR
Pode-se afirmar que gerir pessoas não é mais um fator de uma visão
mecanicista, sistemática, metódica, ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e
obediência. Precisamos aprender a lidar no mundo em constante crise,
conservando sua saúde física, emocional, mental, espiritual e social,
desenvolvendo a performance para o melhor rendimento no trabalho.
Segundo Leonardo Boff (1999) p.11. “A sociedade
contemporânea, chamada sociedade do conhecimento e da
comunicação, está criando, contraditoriamente, cada vez
mais incomunicação e solidão entre as pessoas. A Internet
pode conectar-nos com milhões de pessoas sem
precisarmos encontrar alguém... ... mundo virtual criou um
novo habitat para o ser humano, caracterizado pelo
encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do
tato e do contato humano.”
Numa época, em que informações e conhecimentos nos chegam em
grande quantidade e quase à velocidade da luz, é tempo de constatarmos que
a única coisa permanente é a mudança. Sempre motivadas por crises, às
grandes mudanças de paradigma são desencadeadas através da
transformação de consciência.
30
Tentamos mudar as estruturas do nosso local de trabalho,
especializamo-nos cada vez mais, usamos espaços e tecnologias do século
XXI e, ainda assim, algo parece nos escapar.
Talvez não estejamos vivendo apenas mais uma época de mudança e
sim, uma mudança de época. Os novos paradigmas nos instigam a acessar
nossos potenciais efetivos e afetivos para melhorarmos o nosso FIB* pessoal e
coletivo. O Ser humano é a chave para as organizações que buscam
competência com efetividade e afetividade como alicerce para o sucesso do
negócio através dos pilares: Pessoas, Planeta e Lucro.
Numa abordagem transdisciplinar, o gestor precisa desenvolver o
potencial humano, ou seja, sua performance para a excelência dos resultados
do negócio. Somente a percepção de nós mesmos e do outro nos ensina a
respeitar e valorizar os traços característicos de cada um, possibilitando a
aliança das diferenças complementares.
É preciso estimular a força dos comportamentos conscientes, o
gerenciamento dos processos de mudança e a produtividade, através de
técnicas e reflexões para ativar as quatro inteligências: QI (Quociente
Intelectual) aprender a conhecer, QF (Quociente Físico-Presença) aprender a
fazer, QE (Quociente Emocional) aprender a conviver, QS (Quociente Espiritual
– Intuitivo) aprender a ser.
FIB – Felicidade Interna Bruta. O conceito de Felicidade Interna Bruta nasceu em 1972, no Butão, um pequeno país do
Himalaia, quando o rei Jigme Singye questionou se o Produto Interno Bruto seria o único índice para designar o
desenvolvimento de uma nação. Desde então, o reino do Butão começou a praticar esse conceito e a atrair a atenção
do resto do mundo com a sua nova fórmula para o cálculo de riqueza de um país, que considera outros aspectos além
do desenvolvimento econômico, como a sustentabilidade, conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das
pessoas.
31
Gerando assim, grupos mais produtivos com mais saúde, aumentando o
FIB* organizacional e a consciência da sustentabilidade a partir das ecologias
pessoal, social e ambiental.
O bom líder é aquele que é capaz de se perceber e criar estratégias
para chegar no grupo e transformar a empresa em qualquer situação. E para
que sobreviva perante as adversidades precisa:
• Comunicar – quais são as prioridades da empresa sem subestimar a
capacidade das pessoas. Uma empresa que tem mais de cinco
prioridades não tem nenhuma;
• Ouvir – o que os colaboradores têm a dizer (papo de botequim). O Ser
humano precisa acreditar em alguém, se não acreditar na empresa e no
seu líder, como vai trabalhar.
3.1- A Importância da Felicidade Interna Bruta na Vida
Pessoal e Profissional:
Aldous Huxley imaginou em “Admirável Mundo Novo” a ingestão de
pílulas de “emoções” variadas para suprir a carência humana num mundo
altamente mecanizado, frio, impessoal. É fundamental a contribuição e a
interação das pessoas nas empresas.
Nossa sociedade, em nome do progresso, colocou em segundo plano
valores fundamentais para o ser humano. A massificação, o individualismos
exacerbado, a alta competitividade e o conceito de desenvolvimento associado
ao máximo de produtividade por um mínimo custo fizeram da sociedade uma
instituição predatória.
32
“Hoje os sinos dobram sobre o realismo materialista. A física
quântica demonstrou a profunda interconexão de tudo com
tudo e a ligação indestrutível entre realidade e observador;
não há realidade em si, desconectada da mente que pensa;
ambas são dimensões de uma mesma realidade complexa.
O universo é consciente. A modernidade cosmológica
demonstrou que este universo é matematicamente
inconsciente sem a existência de um Espírito Sagrado e
uma mente infinitamente ordenada”. Leonardo Boff (1999)
p.24
É preciso uma cultura aberta e propícia, e para isso a empresa precisa
ter líderes abertos que tenham aderência a essa cultura, assim, cria-se formas
para que o colaborador possa trazer inovação, descobrindo e utilizando seu
potencial humano. É quando você se dá conta e usa com efetividade suas
qualidades e talentos contagiando a todos e, para Leonardo Boff o que
verdadeiramente humaniza é o sentimento profundo, a vontade de partilhar e a
busca do amor.
Percebemos que os velhos modelos não funcionam e que uma saída
deverá ser cunhada dentro da nossa realidade, gestada em cada um de nós e
não imposta por um ou outro pensamento dominante. E como a motivação
influencia na produtividade da empresa, faz-se necessário que o colaborador
se sinta parte do negócio. Motivar não é difícil, o difícil é manter a motivação.
O profissional de sucesso consegue colocar felicidade no que faz; e, os
verdadeiros campeões são aqueles que têm consciência de que suas vidas
dependem de seus pensamentos e de suas ações. Faça a sua equipe sonhar,
nada motiva mais que o sonho.
33
Já dizia o saudoso compositor Gonzaguinha, em sua
música Guerreiro Menino: “O homem se humilha, se
castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e a vida é o
TRABALHO; e sem o seu TRABALHO, o homem não tem
honra, e sem a sua honra, se morre, se mata. Não dá pra
ser feliz...”.
É preciso que o indivíduo encontre um ambiente propício para a criação,
portanto, o trabalho pode e deve ser a maneira mais simples da realização do
ser humano. Freud dizia que a felicidade está embasada em dois pilares: o
trabalho e o amor, ou seja, você precisa trabalhar. O que precisamos entender
e encarar, é que o trabalho, é uma forma de realizar o ser humano, e as
empresas precisam procurar oportunidades alternativas em que suas
competências serão úteis, precisa fazer uma análise de sua própria realidade,
descobrir-se, precisa analisar quais talentos e atributos da empresa são
importantes e fundamentais para o mercado de forma a criar oportunidades
desenvolvendo-as.
É através de uma abordagem transdisciplinar que podemos desenvolver
o potencial humano e, somente a percepção de nós mesmos e do outro nos
ensina a respeitar e valorizar os traços característicos de cada um,
possibilitando a aliança das diferenças.
Segundo Leonardo Boff (1999) “Face a esta situação
de falta de cuidado, muitos se rebelam. Fazem de sua
prática e de sua fala permanente contestação. Mas
sozinhos sentem-se impotentes para apresentar uma
saída libertadora”.
34
CONCLUSÃO
Para concluir este trabalho sobre “O DESAFIO DE LIDAR COM
PESSOAS – A Ética do Saber Cuidar de Leonardo Boff: Uma Aplicação a
Gestão de Recursos Humanos”, acredito ser da maior importância a
reformulação do papel das empresas e organizações no que diz respeito ao
CUIDAR.
Leonardo Boff (1999), defende o ponto de vista de que a espiritualidade
deve vir a frente da religião. Para o autor, a espiritualidade é capaz de ligar,
religar e integrar. Compartilharmos a idéia de que religião significa religar com
algo, no caso um Ser Divino. Juntamente com o citado autor, aceitamos a idéia
de que a espiritualidade deve ser priorizada e não apenas a religião. Através da
Gestão de Pessoas, não podemos oferecer tipos de religião ou muito menos
influenciá-las para esta ou aquela, entretanto podemos estimular a
espiritualidade, através do saber cuidar, não somente de si e de seu corpo,
mas, sobretudo do próximo e do nosso planeta. Assim é necessário que
cuidemos dos outros e vivamos com amor.
Não é mais possível continuarmos vivendo de forma miserável,
enganando os outros, dizendo meias verdades, manipulando, cedendo a jogos
de poder. Temos que buscar novos valores e transcender os valores da
empresa.
A proposta é que Gestores de RH reflitam sobre sua atuação, que
ajudem o funcionário a descobrir como se sentir melhor na função que ocupa e
como administrar os conflitos e as relações na equipe, que ultrapassem a
tendência apenas técnica e que através de sua gestão possam oferecer uma
aprendizagem do saber cuidar, que, antes de tudo, paremos um pouco para
pensar sobre nossas próprias verdades e propostas de vida, que nos
35
esforcemos para adquirir conhecimentos ético-humanistas, baseado em que
toda profissão deve obedecer princípios básicos de desenvolvimento: a técnica,
o aprimoramento profissional e a ética.
Para ser feliz, esteja aberto aos resultados e só assim, você adquire
sabedoria, dando clareza necessária à objetividade diante das situações e ao
desapego aos hábitos improdutivos.
“Eu tenho um sonho que um dia essa nação se erguerá e viverá o
verdadeiro significado de seus princípios: ... nós acreditamos que esta
verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais”.
Martin Luther King
37
BIBLIOGRAFIA
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Maria Helena Pires Martins. São Paulo: Moderna, 1993.
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Rio de Janeiro: Ed. Vozes 1997.
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REIS, Ana Maria Viegas. Desenvolvimento de Equipes; Série Gestão de
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TERRA, José Cláudio Cyriney. Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio
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Revista Melhor : Gestão de Pessoas. Nº 195 – Novembro 2003.
www.vivendo-no-extremo.blogspot.com/2009/09/importancia-da-etica-
nasorganizações.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 9
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
1 - PEDAGOGO EMPRESARIAL – Por uma Gestão do Cuidado. 12
1.1- A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar:
A organização como um sistema vivo. 16
1.2- Como o RH pode proporcionar a mudança de comportamento
com qualidade de vida. 18
CAPÍTULO II
2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE ÉTICA NAS
ORGANIZAÇÕES
2.1- O Que é Ética 23
2.2 - A Ética Profissional 24
2.3- O Que Destrói a Confiança Numa Organização 26
40
CAPÍTULO III
3-GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORDAGEM
TRANSDISCIPLINAR 29
3.1- A Importância da Felicidade Interna Bruta (FIB) na Vida Pessoal
e profissional 31
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 37
INDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-graduação Lato Senso
Título: O Desafio de Lidar com Pessoas – A Ética do Saber Cuidar de Leonardo Boff:
Uma Aplicação a Gestão de Recursos Humanos
Data da entrega:
Autora: Iza Maria Rocha Castro
Avaliado por: Iza Maria Rocha Castro
Conceito Final