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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O DESAFIO DE LIDAR COM PESSOAS “A ÉTICA DO SABER CUIDAR DE LEONARDO BOFF: Uma Aplicação à Gestão de Recursos Humanos” Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial à conclusão do curso de Pós-graduação “LATU SENSU” em Pedagogia Empresarial. Por: Iza Maria Rocha Castro Rio de Janeiro, 24 de Maio de 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O DESAFIO DE LIDAR COM PESSOAS

“A ÉTICA DO SABER CUIDAR DE LEONARDO BOFF:

Uma Aplicação à Gestão de Recursos Humanos”

Monografia apresentada à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial à

conclusão do curso de Pós-graduação “LATU

SENSU” em Pedagogia Empresarial.

Por: Iza Maria Rocha Castro

Rio de Janeiro, 24 de Maio de 2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela minha vida, por todas as

oportunidades e conquistas que estou

conseguindo realizar, mesmo com as

dificuldades, que só me dão estimulo para que

eu possa construir e cada vez mais, me

preparar para a minha caminhada profissional e

pessoal.

3

DEDICATÓRIA

“O cuidado somente surge quando a existência

de alguém tem importância para mim. Passo

então a dedicar-me a ele; disponho-me a

participar de seu destino, de suas buscas, de

seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim de

sua vida” Leonardo Boff (1999) p.91.

Aos profissionais de RH, que têm o papel de

apontar para um atalho que leve a uma posição

social bastante favorável e principalmente, no

sentido de estimular as pessoas para que elas

reflitam sobre sua história, sua vida, quem são,

e o que querem.

4

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo acrescentar valor aos profissionais

de RH de maneira contínua, desenvolvendo atitudes, posturas, habilidades e

talentos como estratégia organizacional, fazendo com que reconheçam a

importância do cuidado com o ser humano como ferramenta para minimizar as

insatisfações profissionais e pessoais, buscando um novo olhar, uma nova

escuta para a complexa interação dos múltiplos saberes e dos diferentes níveis

de realidades, de culturas e filosofias gerando pesquisas, atitudes e ações

transdisciplinares, alicerçadas em valores e sentidos éticos, enfocando o

caráter e a confiança, pois você não pode ter confiança sem ética, mas você

pode ter ética sem confiança e, baseado nesses pressupostos, a Ética do

Cuidado no momento atual das organizações, pede urgência de novas

posturas. O Cuidado é a única atitude realmente revolucionária para o agora. O

cuidar requer a assimilação de dimensões que permitam direcionar uma prática

de integridade respeitando a inteireza humana. Pretende-se ainda, reconhecer

o momento de desenvolvimento do profissional diante de um dos grandes

problemas contemporâneos que são o (individualismo e a perda dos valores

éticos), podemos escolher entre dois caminhos: o do compromisso daqueles

que sonham coletivamente e são agentes transformadores da realidade, ou a

alienação que destruirá toda e qualquer possibilidade de transformação, agindo

não somente como Pedagogo Empresarial, mas como interventor do processo

de mutação do cenário das organizações e das pessoas, tentando minimizar

essas dificuldades na construção do conhecimento e na aplicação desse

conhecimento no mundo corporativo. É preciso que haja uma confiança

inteligente, e passar confiança para a equipe é necessário para que o grupo

trabalhe em sinergia.

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METODOLOGIA

O trabalho de pesquisa será focado à Gestão do Cuidado visando

fortalecer a identidade organizacional a partir do processo de Educação e

Desenvolvimento. Uma organização constituída de uma cultura necessita de

seus colaboradores e onde há pouca autonomia, acaba gerando apatia e

afetando seus resultados. Sem cuidado deixamos de ser humanos. Nesse

estudo serão analisadas bibliografias de importância qualitativa, buscando

maior aproximação quanto ao real enfoque do objeto de estudo, apoiada em

conceitos teóricos de autores que apresentam trabalhos significativos nesse

campo de atuação e que darão suporte às idéias aqui apresentadas. Segundo

Idalberto Chiavenato (2002) p.7- fala-se hoje em Gestão de Pessoas como se

elas fossem parceiras da instituição e não simplesmente elementos estranhos

e separados. A antiga tradição de extrair o máximo possível dos conhecimentos

e habilidades de seus funcionários, sem nada repor ou adicionar em troca,

perde espaço.

Assim sendo, serão feitas consultas a livros de cunho científico nas

áreas de recursos humanos, educação, pedagogia, psicologia, filosofia, entre

outras áreas afins. Serão lidos textos de autores como: Leonardo Boff, Paulo

Freire, Idalberto Chiavenato.

O objeto de estudo está centrado em ferramentas que devem ser usadas

para iniciar um processo de mudança em uma organização, pois o

comprometimento e o envolvimento conta ponto, e é essencial para esse

processo. Tomar cuidado das pessoas significa; dialogar com elas,

examinando-as, interrogando-as e contestando-as, com o fim de desafiá-las a

assumir a responsabilidade que é própria do ser humano, de encontrar a

verdade da existência, ou seja, as coordenadas que possam servir de guia

no desenho do sentido da vida. O importante é se empenhar para que haja

6

comunicação entre você e sua equipe para que cada um represente seus

papéis com convicção.

7

SUMÁRIO

Introdução 9

CAPÍTULO I

1- PEDAGOGO EMPRESARIAL – Por uma Gestão do Cuidado 12

1.1 - A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar: a organização como

um sistema vivo. 16

1.2- Como o RH pode proporcionar mudança de comportamento

com qualidade de vida 18

CAPÍTULO II

2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE ÉTICA

NAS ORGANIZAÇÕES

2.1- O que é ética. 23

2.2- A ética profissional 24

2.3- O que destrói a confiança numa organização 26

CAPÍTULO III

3- GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORORDAGEM TRANSDISCIPLINAR 31

3.1 A Importância da Felicidade Interna Bruta (FIB) na Vida

Pessoal e Profissional. 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

8

INTRODUÇÃO

O problema a ser colocado nessa pesquisa propõe ao Pedagogo

Empresarial auxiliar o RH no desafio de lidar com pessoas, na ética do saber

cuidar, no processo de desenvolvimento com instrumentos que permitam ao

indivíduo (funcionário), ter um melhor rendimento propondo medidas para o seu

desempenho, aumentando assim sua produtividade, pois o profissional de RH,

normalmente sabendo o que deve ser feito e buscando estratégias para

melhorar o desempenho da organização, normalmente não tem poder para tal.

Baseado nesses pressupostos pergunto: - Qual a tarefa do pedagogo na

empresa e reagindo no interior da organização torna melhor o desempenho das

equipes?

Uma crise ética é algo sério, é quando o errado passa a ser concebido

como certo. Uma empresa não se faz com idéias, mas com pessoas. As

pessoas é que são portadoras de valores, ou não. Um bom gestor deve saber

como e quando compartilhar informações, porque uma informação mal

colocada pode gerar caos na área. E para Leonardo Boff ética é tudo aquilo

que ajuda a tornar o ambiente saudável.

Acrescentar valor às pessoas, faz com que a equipe de maneira

contínua e intensa, desenvolva atitudes, posturas e habilidades que permitam

também a desenvolver talentos humanos como uma estratégia organizacional.

Apesar de acreditarmos na busca incessante por parte das

organizações em oferecer a aprendizagem do cuidar, do bem-estar, da saúde,

da boa qualidade de vida, pouco se tem analisado o cuidar ético no que se

refere ao próximo.

9

Uma das preocupações de Leonardo Boff é a crise que afeta a

humanidade pela falta de cuidado. Para sair desta crise, segundo o

autor, precisamos de uma nova ética, ela deve nascer de algo essencial ao ser

humano, reside mais no cuidado que na razão e na vontade e, em nenhum

momento, é citado o cuidar do outro.

A sua principal missão é desenvolver o potencial humano, seus

conhecimentos, suas habilidades, com autodisciplina decorrente da autonomia

e da responsabilidade. E, para que isso ocorra, precisamos:

• Trazer aos profissionais de RH uma reflexão acerca da aplicabilidade da

ética nas organizações;

• Entender a realidade e saber tirar proveito do momento atual em favor

da empresa, levando o Gestor de RH a conquistar mais poder nas

organizações;

• Buscar o desenvolvimento contínuo da capacidade de seus

colaboradores, estimulando a criatividade, a motivação pelo trabalho e o

engajamento em relação à empresa;

• Desenvolver o FIB (Felicidade Interna Bruta) nas organizações ao invés

do PIB (Produto Interno Bruto);

Quem quer crescer na carreira tem que formar sucessores, mais do que

treinar o profissional para as tarefas rotineiras, tem que plantar as boas práticas

e conhecimentos. Ter comprometimento não significa acatar todas as

determinações da empresa, pois envolvimento sem submissão é essencial à

carreira.

10

CAPÍTULO I

1- PEDAGOGO EMPRESARIAL – POR UMA GESTÃO

DO CUIDADO

Leonardo Boff (1999) p.33, defende a opção pelo cuidado. Cuidar, como

ele diz, é mais que um ato, é uma atitude de preocupação, de responsabilidade

e de envolvimento afetivo com o outro. As pessoas não possuem somente

corpo e mente, são seres espirituais. E devemos valorizar esse lado espiritual

do sentimento e do cuidado com o nosso planeta.

Assim, podemos relacionar que a ética preconizada por Leonardo Boff

(1999), o saber cuidar do outro e do ambiente é considerada uma das

intervenções dos profissionais de RH e, para atingirmos os objetivos devemos

contribuir para a autonomia, autoestima, cooperação, solidariedade, integração,

e cidadania, pois é preciso saber cuidar.

“É preciso procurar se desenvolver, tornar-se um gestor

mais capacitado para servir melhor. Estamos na era do

serviço, por isso, é preciso servir com coração gentil e

alma”. Oscar Motomura (www.revistamelhor.uol.com.br)

Não podemos esquecer, na maioria das vezes, de que, serão os

aspectos pessoas que farão com que o colaborador trabalhe como desejamos

e precisamos. O importante é assegurar a delegação para que cada líder

esteja preparado para tomar as melhores decisões, ou seja, um sistema que

proporcione criatividade na visão, priorização das ações e disciplina na

execução.

11

Se quisermos nos preservar no mercado, precisamos saber as novas

formas de trabalhar buscando alternativas, atuando no sentido de modernizar

dentro da nossa pequenez e, agindo de forma objetiva e calculista, seremos

um profissional tolerável.

É preciso estar sempre se perguntando: O que preciso fazer para inovar

no mercado de trabalho? É bom lembrar que não é fácil mudar, tanto na vida

particular quanto numa organização, estamos continuamente diante da

necessidade de escolher entre mudanças profundas e a coragem de assumir o

risco do novo. A escolha entre incerteza e conformismo nos leva geralmente a

optar pelo conformismo.

“Sejamos galinhas e águias: realistas e utópicos, enraizados

no concreto e abertos ao possível ainda não ensaiado,

andando no vale, mas tendo os olhos nas montanhas.

Recordemos a lição dos antigos: se não buscarmos o

impossível (águia), jamais conseguiremos o possível

(galinha). Leonardo Boff: 1997 'A águia e a galinha'.

Na organização produtiva, cada um é valorizado pela sua diferença, pela

sua contribuição individual. A maioria das empresas tem uma máquina de moer

gente! E para que isso não ocorra deixo algumas perguntas no ar:

− Que pessoas precisamos ser?

− Como mudar?

As empresas que fazem a diferença são empresas que transformam

idéias em produtos e o único caminho é ser brilhante naquilo que você está

fazendo, não abaixando a cabeça para a mediocridade. Se quisermos manter

o clima de entusiasmo na organização, precisamos reconhecer o esforço do

colaborador.

12

Para que possamos refletir na construção de uma organização

produtiva, onde cada indivíduo é movido por sua força individual é preciso que

todos tenham o mesmo objetivo comum, com a seguinte pergunta:

− O que nós podemos fazer?

− O que podemos fazer para reverter ou colaborar com esse quadro?

E para que busquemos novos caminhos propondo soluções e

alternativas, transformando idéias, agregando valores e serviço, todo

profissional de RH deveria ser:

• um profissional que vê a empresa como um todo;

• ter visão sistêmica e raciocínio não linear;

• capacidade de análise e realização;

• capacidade de ouvir e interagir com o outro;

• ver o interesse social antes de tudo.

Ou seja, o que todo gestor deveria fazer segundo Mário Quintano:

“Sentir primeiro, pensar depois.

Perdoar primeiro, julgar depois.

Amar primeiro, educar depois.

Esquecer primeiro, aprender depois.

Agir primeiro, cobrar depois.

Navegar primeiro, aportar depois

Viver primeiro, morrer depois”.

E para que os funcionários estejam engajados na organização, é preciso

que haja uma linguagem comum, que os departamentos se compreendam

melhor e consequentemente se ajudem em uma comunicação mais positiva.

13

O fato de cada vez mais se exigir uma postura voltada para o

autodesenvolvimento e a aprendizagem contínua tem levado as organizações a

se comprometerem com a educação de seus colaboradores, em vez de

somente privilegiar o conhecimento técnico e instrumental, também é

valorizado o desenvolvimento de atitudes, posturas e habilidades,

desenvolvendo os talentos humanos como uma estratégia organizacional.

Desde Sócrates, o conceito do cuidado de si, atravessou toda a cultura antiga.

Inicialmente o cuidado de si identifica-se com o conhecer-se a si mesmo,

porque sem saber quem somos, é difícil conhecer a arte pela qual podemos

nos tornar melhores, enquanto que se nos conhecermos a nós mesmos,

poderemos também conhecer o cuidado de nós mesmos, Sócrates afirma que

“é bom, antes de qualquer outra coisa, cuidar das pessoas, para que cresçam

do melhor modo possível”.

Antigamente recrutava-se e selecionava-se candidatos procurando

introduzi-los já com os conhecimentos e habilidades adquiridos em suas

experiências anteriores. A preocupação atual das organizações é acrescentar

valor às pessoas de maneira contínua e intensa. Quer dizer, o cuidado se

encontra na raiz primeira do ser humano, antes que ele faça qualquer coisa. E

se fizer, ele sempre vem acompanhado de cuidado. Portanto, uma Gestão

focada em resultados, necessitará de uma gestão focada no cuidado. Nesta

perspectiva o cuidado ultrapassa aquele momento de atenção, de vigiar, de

simplesmente atender ou atuar de acordo com o treinamento oferecido pela

organização. Segundo Leonardo Boff (1999) p.89, significa reconhecer o

cuidado como um modo de ser essencial presente e irredutível à outra

realidade anterior. Não temos cuidado, somos cuidado. Sem cuidado deixamos

de ser humanos.

“A esperança está na própria essência da imperfeição dos

homens, levando-os a uma eterna busca. A busca não se

faz no isolamento, mas na comunicação entre os homens”.

Paulo Freire (1987) p.82.

14

E partindo do pressuposto que “a esperança está na própria essência da

imperfeição dos homens...” é relevante que, para o colaborador ter um perfil

comportamental adequado com as exigências da empresa ou as habilidades

técnicas, as organizações devem avaliar, antes de tudo, os tipos de

comportamentos que sejam adequados para o cargo e é necessário que se

perceba exatamente quem somos, onde estamos e para onde vamos, que

nossos olhares estejam atentos a uma nova percepção da realidade.

1.1- A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar:

A Organização como um sistema vivo.

Não há nada melhor para o desenvolvimento profissional que a

experiência e a troca de conhecimentos entre integrantes de equipes e, é

atuando na formação desses processos que a empresa fomenta ricas

experiências e desenvolvimento aos seus profissionais. O mais importante não

é gostar de gente, e sim, entender a ciência do comportamento humano. A área

de RH precisa se tornar aquela que melhor trabalha em equipe, em que o clima

seja o melhor possível, a mais compromissada com seu autodesenvolvimento e

com os valores da empresa. O ser humano está descobrindo que o ato de

perceber é solitário, mas o fazer é em grupo. É preciso humanizar, trazer as

pessoas, pois o que tem vida não se controla. É necessário que conheçamos

essas pessoas, que veja na organização como um sistema vivo – energia e,

conhecendo seus funcionários, entender seus potenciais e suas fragilidades. A

partir daí, é possível criar programas específicos que promovam um ambiente

propício para o seu desenvolvimento, incentivando a criatividade, dando

feedbacks, além de ações por meio de reconhecimento através de trabalhos ou

projetos efetivamente realizados, ou por meio de remuneração adequada que

esteja de acordo com o nível de responsabilidade ou de resultados e seja

15

competitiva com relação ao mercado. É importante que o RH conheça em

detalhes o negócio e a forma como ele está estruturado, para auxiliar cada

profissional quanto aos próximos passos e as áreas para as quais ele poderá ir.

Acredita-se que o futuro do RH nas empresas seja de especialistas que

agreguem funções generalistas e tomem decisões com os diretores das áreas

quanto ao direcionamento do negócio. Esse modelo já existe em algumas

organizações, mas não funciona exatamente dessa forma, já que muitos

profissionais de RH começaram apenas recentemente a entender a

necessidade de se formar pessoas capazes de assumir esse papel. As

organizações devem ser analisadas a partir da nova visão sistêmica, não há

mais como esconder informação. As organizações têm que formar lideranças

transformadoras, se não conquistar a equipe, fica muito mais difícil. É preciso

dar significado aos propósitos, devendo ser claro e abrangente, inspirando as

lideranças para a construção de um plano de interferência eficiente, dando

significância a valores.

Muitas das vezes, mandamos embora a pessoa da vida, não a pessoa

do trabalho. Temos que aceitar o diferente tem que haver pluralidade, fazer

como um processo, tudo nos ensina a pluralidade. Ser plural não significa

vozes que discordam, mas dizer e buscar o mesmo de formas diferentes. A

verdade é um corpo de muitas faces e só ela é plural.

“... nós agimos pela nossa intelectualidade, pela capacidade

que temos de elaborar raciocínios e reflexões. Só que

nossas inteligências são usadas unifocalmente e não

multifocalmente”. Augusto Cury (2007) p.165.

16

1.2- Como o RH Pode Mudar Comportamentos

com Qualidade de Vida.

Programas de qualidade de vida no trabalho deveriam ser aqueles que

proporcionam vida além do trabalho. Precisamos respeitar os direitos humanos

no trabalho. E se é verdadeiro que a família é um valor que você prioriza, se

trabalha para o bem-estar dela, é natural que despenda um tempo com ela.

Qualidade de vida no trabalho não é questão de programa, mas a forma como

as pessoas tratam umas às outras.

Hoje, há menos empregos disponíveis e, por outro lado, pessoas

trabalhando sob pressão nas empresas. A tecnologia está cada vez mais

disponível e eficiente. Muitas vezes, é melhor ter robôs fazendo tarefas

repetitivas do que os seres humanos, pessoas que têm sentimento, pensam,

acreditam e são capazes de inovar. É preciso que haja uma comunicação

interna como instrumento de estratégia e gestão, construindo caminhos com

diálogo (vencer juntos). Informação não é comunicação, comunicar requer o

que a pessoa sente, pensa e o que eu posso. As pessoas não podem ser vistas

no trabalho com seus papéis, é importante que os colaboradores se agreguem

em torno de um propósito. Segundo Alvim Toffler “Analfabeto do século XXI

não será aquele que não conseguir ler ou escrever, mas aquele que não puder

aprender e, por fim, aprender de novo”.

As pessoas que fazem o trabalho de duas ou três ficam exaustas,

doentes, inaptas a trabalhar em alta performance, e a produtividade cai.

Quando as pessoas ficam exaustas, frequentemente se tornam irritadiças e

começam a ter um comportamento agressivo. As primeiras vítimas, além delas

mesmas, são seus parceiros e filhos. Quando comportamentos violentos são

demonstrados na frente das crianças. Como vão ficar quando adultas? Serão

17

violentos também? Reclamamos contra a violência, mas essa não é uma

questão apenas relacionada ao dinheiro, pode ser também decorrente do

estresse. Quando pessoas ficam estressadas, é esperado que fiquem

ansiosas, deprimidas, irritadas e esses sintomas frequentemente não

propiciam boas condições para o ambiente familiar.

O Fenômeno da vida não tem uma referência, é uma teia de

relacionamentos e que na estrutura de valores, nos fazem identificar o que é

bom com o bem. O bem atende as minhas necessidades, meus interesses. O

bom é circunstancial, nem sempre é benéfico, temos que abrir mão de algumas

necessidades, pois a vida se sustenta através de uma teia de relações e as

questões só se resolvem se houver a possibilidade de um entendimento global.

Precisamos identificar – situação / equilíbrio – estratégia operacional

com harmonia entre rumos e ritmos, planejando para a transformação e

desenvolvimento humano para a criação do novo. O objetivo é manter-se

saudável, pois a qualidade de vida, a ênfase tem que estar na vida e não na

qualidade. Para as empresas, isso nada significa por que não pagam o preço. A

sociedade é quem paga, mas, em longo prazo, as empresas vão pagá-lo.

Empresas são parte da sociedade e os executivos têm responsabilidade

social sobre o que os funcionários vão se tornar em suas famílias. O mundo

mudou! E vai continuar mudando. Se o homem muda, todos nos temos que

mudar. De acordo com trecho da música “Fora da Ordem” de Caetano Veloso:

‘Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial!’

Além do aspecto social, as empresas também precisam de pessoas

criativas, produtivas, são itens que requerem um ambiente sadio, uma

perspectiva de futuro. Se você decide investir em um trabalho, tem em mente

que existe um futuro.

18

Segundo Estelle M. Morin (Revista Melhor - 2003) existem 6

(seis) fatores que ajudam as pessoas a descobrirem

significado no trabalho:

1. ÉTICA – se o que você faz é moralmente correto no

processo e nos resultados, se não prejudica ninguém, você

se sente orgulhoso do que faz uma boa pessoa;

2. SENSO DE PROPÓSITO – as pessoas gostam de saber

que o que fazem é útil para a sociedade, para a empresa,

para o grupo. O trabalho é algo transformador;

3. PRAZER - se você gosta do que faz, o seu trabalho se

reveste de significado.

4. AUTONOMIA – é um fator clássico. Liberdade é algo

muito importante para o ser humano. Gostamos de ir para o

trabalho pensando em fazê-lo da melhor forma. Por isso, é

bom que tenhamos feedback, objetivos claros, mas também

liberdade para fazer o que julgamos melhor. Se você

detecta um problema, precisa ter espaço para resolvê-lo da

melhor maneira.

5. EFICÁCIA PESSOAL – um trabalho com significado é

aquele que você se sente capaz de realizá-lo, tendo as

condições e recursos para fazê-lo com êxito. Muitas vezes,

uma pessoa faz o trabalho de duas, com um monte de

tarefas por dia. A eficácia pessoal é muito importante para a

autoestima. Quando você se sente capaz de fazer o que

fala ou quando é desafiado a fazer algo que exija

imaginação e criatividade, isso dá um sentido de

crescimento e realização;

6. RELAÇÕES QUE TEMOS NO TRABALHO – você pode

tomar uma decisão na ausência do seu superior e saber que

terá respaldo.

Profissionais de RH representam o valor dos seres humanos nas

organizações, seja como consultor, conselheiro ou diretor, devem ter

consciência do problema das pessoas, encará-los e ajudá-los, com os

19

gestores, a criar condições de modo que ele faça sentido. Promovendo-as de

forma a ajudá-las a fazer aquilo que elas fazem de melhor. Não há

relacionamento se não houver comunicação e a comunicação só vai ser

estratégica, se estiver alinhada na empresa, temos que treiná-las em suas

virtudes, não em suas fraquezas. Faça aquilo que você é bom e seja feliz. Você

será criativo e eficaz, e isso dará significado ao seu trabalho. Não existe

trabalho bobo, todos agregam valor à organização, mas temos esse

condicionamento da hierarquia em nossa cabeça. “Quanto mais alto estiver,

melhor você será”.

As empresas que praticam a inovação desenvolvem facilitadores como

estrutura descentralizada, reconhecimento dos funcionários, ausência de

punição por erros e estímulo a experiência. Além disso, praticam o permanente

treinamento de suas equipes nos requisitos básicos da inovação: criatividade,

empreendedorismo, projetos e mudanças.

São critérios básicos para se trabalhar em uma empresa:

• Imparcialidade;

• Respeito;

• Camaradagem;

• Credibilidade

“É perfeitamente possível alguém ser influenciado pelos

ideais e pela autoridade dos outros, a ponto de ignorar o

que desejaria e poderia ser. Quem cresce num ambiente

extremamente restritivo e autoritário dificilmente chegará a

atingir o conhecimento de si mesmo”. Joseph Campbell

(1990) p.152.

20

Em suma, embora seja impossível modificar algumas características

essenciais das pessoas, podemos incentivar comportamentos, estilo de vida e

formas de interação com o mundo que permitem o desenvolvimento de novos

padrões cognitivos e facultem aos indivíduos oportunidades de geração

de insights criativos. O mais importante, no entanto, está no fato de que, no

contexto organizacional, o que vale mesmo é a capacidade criativa coletiva, de

maneira contínua, colaborativa e sistemática. Ainda que a criatividade individual

seja importante, necessária e altamente desejável, no ambiente corporativo

ganha relevância a combinação de múltiplas fontes criativas – o que exige

enorme disposição e disciplina para implementar as medidas necessárias,

viabilizando a obtenção de resultados afetivos e diferenciados.

É importante para as organizações que os gestores de RH estejam

engajados e gostem de trabalhar e procurem motivar sempre seus

colaboradores.

“Uma das grandes qualidades do líder de gestão de

pessoas é contribuir para o crescimento de seus

colaboradores, e ele só consegue isso quando busca o

autoconhecimento”. Oscar Moturama

(www.revistamelhor.uol.com.br)

21

CAPÍTULO II

2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE

DA ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

2.1- O Que é Ética

O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma

pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a

conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom

funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste

sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está

relacionada com o sentimento de justiça social. É, em outras palavras, a

ciência da conduta, a teoria do comportamento moral dos homens na

sociedade.

O pensamento filosófico indicava caminhos, a busca do melhor – do

bem e do belo. Ética enquanto filosofia e consciência moral, é essencial a vida

em todos os seus aspectos, seja pessoal, familiar, social ou profissional.

Aristóteles defendia que a virtude não é uma habilidade inata e que ela

pode e deve ser adquirida assim como desenvolvida pelo exercício. A virtude é

conseqüência de nossa disposição, de nossa escolha deliberada, racional e

autônoma de praticar boas ações. A moral lida com a inexatidão, pois embora

exista possibilidade de escolhermos racionalmente, ainda podemos agir

inclinados por desejos ou paixões. Toda ação moral almeja um fim, cada um

destes fins representa para nós um bem e o maior bem para os seres humanos

22

é a felicidade. Aristóteles dava exemplos e citava questões do cotidiano, como

bom mestre, e como bom mestre investia no conhecimento, confiante de que

podemos errar muito mais por ignorância do que por maldade.

As empresas que se preocupam com a ética, mostram-se mais capazes

de competir com sucesso e conseguem obter não apenas a satisfação e a

motivação dos seus profissionais, mas também resultados compensadores em

seus negócios.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida,

mantendo com os outros, relações justas e aceitáveis. Via de regra, está

fundamentada nas idéias e virtudes, enquanto valores perseguidos por todo ser

humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.

Quando na antiguidade grega Aristóteles apresentou o problema teórico

de definir o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o conteúdo do Bem

e não definir o que cada indivíduo deveria fazer numa ação concreta, para

que seu ato seja considerado bom ou mau. Evidentemente, esta investigação

teórica sempre deixa conseqüências práticas, pois quando definimos o Bem,

estamos indicando um caminho por onde os homens poderão se conduzir nas

suas diversas situações particulares.

23

2.1- A Ética Profissional

Olhar em volta é preciso, há que se perceber os problema e buscar as

soluções que muitas das vezes estão mais próximas de que se pode imaginar.

A área de Recursos Humanos deixou de ser um mero departamento de

pessoal para se tornar o personagem principal de transformação dentro da

organização. Como enxergar o outro? Não conseguimos perceber as teias da

rotina. A gestão de pessoas em geral, ainda está muito vinculada ao paradigma

mecanicista, tendo absorvido pouco do paradigma holístico.

Segundo Leonardo Boff (1999) p.98 “A ditadura do modo-de-ser-

trabalho-dominação está atualmente conduzindo a humanidade a

um impasse crucial: ou pomos limites à voracidade produtivista

associando trabalho e cuidado, ou vamos ao encontro do pior”.

O homem é um ser no mundo, que só realiza sua existência no encontro

com outros homens, sendo que, todas as suas ações e decisões afetam as

outras pessoas, é quando o indivíduo obtém sucesso, utilizando-se de

determinado meio (motivo), tenderá a repeti-lo para a solução de outros

problemas, o que caracterizará o estilo da pessoa. Nesta convivência, nesta

coexistência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e

harmonizem esta relação. Essas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam

os limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as

limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais que

nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem. Pois são freqüentes as

queixas sobre falta de ética na sociedade, na política, na indústria e até mesmo

nos meios esportivos, culturais e religiosos.

24

A ética é ainda indispensável ao profissional, porque na ação humana “o

fazer” e “o agir” estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à

eficiência que todo o profissional deve possuir para exercer bem a sua

profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes

que deve assumir no desempenho de sua profissão.

Ser ético, portanto, é buscar sempre o bem, combater vícios e

fraquezas, cultivar virtudes. Assim, se a empresa quiser competir com o

sucesso, será importante manter uma sólida reputação de comportamento

ético. Para Leonardo Boff (1999) p.97, “As pessoas vivem escravizadas pelas

estruturas do trabalho produtivo, racionalizado, objetivado e despersonalizado,

submetidas à lógica da máquina”.

A noção de ética não se esgota na consciência tranqüila. A consciência

tranqüila tem uma atividade, uma ação do nosso caráter. Ética é um

fenômeno humano e universal para o bem comum – ÉTICA / LEI / MORAL –

devem estar numa lei universal.

2.2- O Que Destrói a Confiança Numa Organização

A maioria das pessoas não se empenha em criar uma relação de

confiança no ambiente de trabalho e alguns dos fatores chave incluem

promessas não cumpridas, comportamentos antiéticos, injustiças (por exemplo:

promoções baseadas em favoritismo), resultados insatisfatórios, falta de

comunicação, falta de reconhecimento, falta de feedback, etc.

Segundo Brian Swuimme: “’O Universo é um Dragão’, embora

não existam dragões, nós somos o fogo do dragão, somos a

25

chama criativa, cintilante, cauterizadora e curativa de um

universo temeroso e encantador. Os que falharem nessa

tentativa, continuam na terra como cobras e lagartos”.

O processo tem que começar com as pessoas nas posições chave,

liderando pelo exemplo e conquistando a confiança, demonstrando que confia

nos seus colaboradores e a melhor maneira de conquistar a confiança é

compartilhar informações. Isto ajuda as pessoas a pensar de maneira mais

ampla sobre a organização. Muito mais problema do que a falta de recurso, é a

falta de gestão.

Segundo Gabriel Chalita, no livro “Os Dez Mandamentos da Ética”

aborda os pontos fundamentais da ética para o nosso tempo, na busca da

própria superação humana:

PRIMEIRO MANDAMENTO: FAZER O BEM – p.36

O bem é a finalidade da ética. Ou seja, como disciplina, a

ética procura determinar os meios para atingir o bem. O

bem é a finalidade de todas as atividades humanas.

SEGUNDO MANDAMENTO: AGIR COM MODERAÇÃO –p.57

A ética deve refletir a própria unidade complexa que o ser

humano, deve corresponder à realidade humana, cheia de

paixões e de regras, de renovações criativas e de condutas

que se repetem, de desejos e de proibições. Não é difícil

admitir que vivemos situações contraditórias quase todos os

dias, e que sempre temos de decidir como agir, de acordo

com o que consideramos melhor ou de acordo com nossos

hábitos.

TERCEIRO MANDAMENTO: SABER ESCOLHER – p.73

Outro aspecto importante da ética, que é o estudo das

escolhas: sua natureza, sua importância, suas relações com

a excelência e as atividades éticas de modo geral. Enquanto

a excelência revela as ações em termos de qualidade, as

26

escolhas revelam o caráter de cada pessoa, pois tornam

visíveis os julgamentos interiores de cada um, suas opiniões

sobre a forma de comportamento que considera adequada.

As escolhas revelam, enfim, conceitos e preconceitos.

QUARTO MANDAMENTO: PRATICAR AS VIRTUDES - p.91

Como a excelência moral é desempenhada conforme as

emoções e as vontades em jogo, em cada situação. Sempre

é bom lembrar que não existe um número determinado de

virtudes. Também é bom lembrar que as formas de

excelência moral não são completamente distintas umas

das outras. É fácil perceber que existem situações em que

uma virtude não pode aparecer sem a outra, e outras

situações em que é muito difícil distinguir uma coisa de

outra.

QUINTO MANDAMENTO: VIVER A JUSTIÇA – p.107

A justiça é a excelência mais completa exatamente porque

sintetiza as outras excelências. Ela é ao mesmo tempo

individual e coletiva. Não há possibilidade de ser justo

comigo mesmo sem ser justo com o outro.

SEXTO MANDAMENTO: VALER-SE DA RAZÃO – p.129

Para agir eticamente, devemos direcionar nossas

disposições interiores segundo o meio-termo, e não pela

falta de uma disposição, nem pelo excesso dela. Assim, por

exemplo, vimos que a coragem é o meio-termo entre a

covardia e a temeridade, e a sinceridade é o meio-termo

entre a falsa modéstia e a arrogância. Isso nos permite ver a

forma geral de todas as atividades éticas, que nos garantem

agir em busca do bem, por meio de atitudes e ações

também boas.

SÉTIMO MANDAMENTO: VALER-SE DO CORAÇÃO p146

Elemento que molda o caráter do indivíduo e influencia as

nossas ações. Para agir eticamente, precisamos controlar

nossos impulsos para conseguir alguma coisa que deseja.

OITAVO MANDAMENTO: SER AMIGO – p.164

A ética se preocupa ao mesmo tempo com o bem da

comunidade de cada pessoa, porque não é possível falar

27

numa comunidade feliz sem que ela seja composta de

indivíduos que vivem bem, consigo mesmos e com o

próximo. E não existe nenhum tipo de relacionamento além

da amizade em que o bem pode ser experimentado e

cultivado mais verdadeiramente.

NONO MANDAMENTO: CULTIVAR O AMOR – p.182

Faz parte da própria natureza dos seres humanos

desenvolver relações com seus semelhantes, das mais

variadas formas. Para analisar esses relacionamentos

estamos utilizando o conceito de amizade, ampliando-o

bastante, mas a palavra é muito adequada, pois aponta para

a disposição essencial que deve haver em toda atividade

ética, a boa vontade em relação ao outro e a abertura para

estabelecer novas relações.

DÉCIMO MANDAMENTO: SER FELIZ – p.199

Qual é o prêmio que se reserva a quem age eticamente, a

quem é justo, a quem é bom? Talvez sejam os prazeres

mais elevados e duradouros? Talvez, no fim das boas

práticas, esteja a felicidade? Não, na verdade o prêmio por

ser justo é a própria justiça praticada, a vitória conquistada

pelo bem é fazer o bem, e a recompensa por agir

eticamente é ser ético.

As questões éticas devem ser trabalhadas em todos os níveis da

atividade empresarial. A ética empresarial envolve as regras básicas de

comportamento, tanto ao nível do colaborador, como do gestor, como dos

dirigentes da empresa. É através da ética profissional que podemos melhorar o

clima organizacional. Assim, esperamos que todos se sensibilizem para a

necessidade de terem um comportamento pautado pela ética.

Segundo Leonardo Boff (1999) p.110 “Quando um acolhe o

outro e assim se realiza a co-existência, surge o amor como

fenômeno biológico. Ele tende a expandir-se e a ganhar

formas mais complexas. Uma destas formas é a humana.

28

Ela é mais que simplesmente espontânea como nos demais

seres vivos; é feito projeto da liberdade que acolhe

conscientemente o outro e cria condições para que o amor

se instaure como o mais alto valor da vida”.

Todos os homens são dotados de razão. Esse é o princípio fundamental

da democracia. Como toda mente é capaz de adquirir um conhecimento

verdadeiro, não é preciso que uma autoridade especial, ou uma revelação

especial, lhe diga como as coisas deveriam ser. O grande desafio é

trabalhar o comportamento de nossa empresa. Toda empresa em qualquer

cenário, tem que trabalhar perante seus colaboradores, ter atitude.

A Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (FIDES),

desde a sua fundação 1986, atua em quatro grandes vertentes que visam a

mobilizar a Sociedade Civil Brasileira na Busca do Bem Comum pautada na

Ética na Atividade Empresarial, é indiscutível que as boas decisões

empresariais resultem de decisões éticas.

29

CAPÍTULO III

3- GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORDAGEM

TRANSDISCIPLINAR

Pode-se afirmar que gerir pessoas não é mais um fator de uma visão

mecanicista, sistemática, metódica, ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e

obediência. Precisamos aprender a lidar no mundo em constante crise,

conservando sua saúde física, emocional, mental, espiritual e social,

desenvolvendo a performance para o melhor rendimento no trabalho.

Segundo Leonardo Boff (1999) p.11. “A sociedade

contemporânea, chamada sociedade do conhecimento e da

comunicação, está criando, contraditoriamente, cada vez

mais incomunicação e solidão entre as pessoas. A Internet

pode conectar-nos com milhões de pessoas sem

precisarmos encontrar alguém... ... mundo virtual criou um

novo habitat para o ser humano, caracterizado pelo

encapsulamento sobre si mesmo e pela falta do toque, do

tato e do contato humano.”

Numa época, em que informações e conhecimentos nos chegam em

grande quantidade e quase à velocidade da luz, é tempo de constatarmos que

a única coisa permanente é a mudança. Sempre motivadas por crises, às

grandes mudanças de paradigma são desencadeadas através da

transformação de consciência.

30

Tentamos mudar as estruturas do nosso local de trabalho,

especializamo-nos cada vez mais, usamos espaços e tecnologias do século

XXI e, ainda assim, algo parece nos escapar.

Talvez não estejamos vivendo apenas mais uma época de mudança e

sim, uma mudança de época. Os novos paradigmas nos instigam a acessar

nossos potenciais efetivos e afetivos para melhorarmos o nosso FIB* pessoal e

coletivo. O Ser humano é a chave para as organizações que buscam

competência com efetividade e afetividade como alicerce para o sucesso do

negócio através dos pilares: Pessoas, Planeta e Lucro.

Numa abordagem transdisciplinar, o gestor precisa desenvolver o

potencial humano, ou seja, sua performance para a excelência dos resultados

do negócio. Somente a percepção de nós mesmos e do outro nos ensina a

respeitar e valorizar os traços característicos de cada um, possibilitando a

aliança das diferenças complementares.

É preciso estimular a força dos comportamentos conscientes, o

gerenciamento dos processos de mudança e a produtividade, através de

técnicas e reflexões para ativar as quatro inteligências: QI (Quociente

Intelectual) aprender a conhecer, QF (Quociente Físico-Presença) aprender a

fazer, QE (Quociente Emocional) aprender a conviver, QS (Quociente Espiritual

– Intuitivo) aprender a ser.

FIB – Felicidade Interna Bruta. O conceito de Felicidade Interna Bruta nasceu em 1972, no Butão, um pequeno país do

Himalaia, quando o rei Jigme Singye questionou se o Produto Interno Bruto seria o único índice para designar o

desenvolvimento de uma nação. Desde então, o reino do Butão começou a praticar esse conceito e a atrair a atenção

do resto do mundo com a sua nova fórmula para o cálculo de riqueza de um país, que considera outros aspectos além

do desenvolvimento econômico, como a sustentabilidade, conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das

pessoas.

31

Gerando assim, grupos mais produtivos com mais saúde, aumentando o

FIB* organizacional e a consciência da sustentabilidade a partir das ecologias

pessoal, social e ambiental.

O bom líder é aquele que é capaz de se perceber e criar estratégias

para chegar no grupo e transformar a empresa em qualquer situação. E para

que sobreviva perante as adversidades precisa:

• Comunicar – quais são as prioridades da empresa sem subestimar a

capacidade das pessoas. Uma empresa que tem mais de cinco

prioridades não tem nenhuma;

• Ouvir – o que os colaboradores têm a dizer (papo de botequim). O Ser

humano precisa acreditar em alguém, se não acreditar na empresa e no

seu líder, como vai trabalhar.

3.1- A Importância da Felicidade Interna Bruta na Vida

Pessoal e Profissional:

Aldous Huxley imaginou em “Admirável Mundo Novo” a ingestão de

pílulas de “emoções” variadas para suprir a carência humana num mundo

altamente mecanizado, frio, impessoal. É fundamental a contribuição e a

interação das pessoas nas empresas.

Nossa sociedade, em nome do progresso, colocou em segundo plano

valores fundamentais para o ser humano. A massificação, o individualismos

exacerbado, a alta competitividade e o conceito de desenvolvimento associado

ao máximo de produtividade por um mínimo custo fizeram da sociedade uma

instituição predatória.

32

“Hoje os sinos dobram sobre o realismo materialista. A física

quântica demonstrou a profunda interconexão de tudo com

tudo e a ligação indestrutível entre realidade e observador;

não há realidade em si, desconectada da mente que pensa;

ambas são dimensões de uma mesma realidade complexa.

O universo é consciente. A modernidade cosmológica

demonstrou que este universo é matematicamente

inconsciente sem a existência de um Espírito Sagrado e

uma mente infinitamente ordenada”. Leonardo Boff (1999)

p.24

É preciso uma cultura aberta e propícia, e para isso a empresa precisa

ter líderes abertos que tenham aderência a essa cultura, assim, cria-se formas

para que o colaborador possa trazer inovação, descobrindo e utilizando seu

potencial humano. É quando você se dá conta e usa com efetividade suas

qualidades e talentos contagiando a todos e, para Leonardo Boff o que

verdadeiramente humaniza é o sentimento profundo, a vontade de partilhar e a

busca do amor.

Percebemos que os velhos modelos não funcionam e que uma saída

deverá ser cunhada dentro da nossa realidade, gestada em cada um de nós e

não imposta por um ou outro pensamento dominante. E como a motivação

influencia na produtividade da empresa, faz-se necessário que o colaborador

se sinta parte do negócio. Motivar não é difícil, o difícil é manter a motivação.

O profissional de sucesso consegue colocar felicidade no que faz; e, os

verdadeiros campeões são aqueles que têm consciência de que suas vidas

dependem de seus pensamentos e de suas ações. Faça a sua equipe sonhar,

nada motiva mais que o sonho.

33

Já dizia o saudoso compositor Gonzaguinha, em sua

música Guerreiro Menino: “O homem se humilha, se

castram seus sonhos, seu sonho é sua vida e a vida é o

TRABALHO; e sem o seu TRABALHO, o homem não tem

honra, e sem a sua honra, se morre, se mata. Não dá pra

ser feliz...”.

É preciso que o indivíduo encontre um ambiente propício para a criação,

portanto, o trabalho pode e deve ser a maneira mais simples da realização do

ser humano. Freud dizia que a felicidade está embasada em dois pilares: o

trabalho e o amor, ou seja, você precisa trabalhar. O que precisamos entender

e encarar, é que o trabalho, é uma forma de realizar o ser humano, e as

empresas precisam procurar oportunidades alternativas em que suas

competências serão úteis, precisa fazer uma análise de sua própria realidade,

descobrir-se, precisa analisar quais talentos e atributos da empresa são

importantes e fundamentais para o mercado de forma a criar oportunidades

desenvolvendo-as.

É através de uma abordagem transdisciplinar que podemos desenvolver

o potencial humano e, somente a percepção de nós mesmos e do outro nos

ensina a respeitar e valorizar os traços característicos de cada um,

possibilitando a aliança das diferenças.

Segundo Leonardo Boff (1999) “Face a esta situação

de falta de cuidado, muitos se rebelam. Fazem de sua

prática e de sua fala permanente contestação. Mas

sozinhos sentem-se impotentes para apresentar uma

saída libertadora”.

34

CONCLUSÃO

Para concluir este trabalho sobre “O DESAFIO DE LIDAR COM

PESSOAS – A Ética do Saber Cuidar de Leonardo Boff: Uma Aplicação a

Gestão de Recursos Humanos”, acredito ser da maior importância a

reformulação do papel das empresas e organizações no que diz respeito ao

CUIDAR.

Leonardo Boff (1999), defende o ponto de vista de que a espiritualidade

deve vir a frente da religião. Para o autor, a espiritualidade é capaz de ligar,

religar e integrar. Compartilharmos a idéia de que religião significa religar com

algo, no caso um Ser Divino. Juntamente com o citado autor, aceitamos a idéia

de que a espiritualidade deve ser priorizada e não apenas a religião. Através da

Gestão de Pessoas, não podemos oferecer tipos de religião ou muito menos

influenciá-las para esta ou aquela, entretanto podemos estimular a

espiritualidade, através do saber cuidar, não somente de si e de seu corpo,

mas, sobretudo do próximo e do nosso planeta. Assim é necessário que

cuidemos dos outros e vivamos com amor.

Não é mais possível continuarmos vivendo de forma miserável,

enganando os outros, dizendo meias verdades, manipulando, cedendo a jogos

de poder. Temos que buscar novos valores e transcender os valores da

empresa.

A proposta é que Gestores de RH reflitam sobre sua atuação, que

ajudem o funcionário a descobrir como se sentir melhor na função que ocupa e

como administrar os conflitos e as relações na equipe, que ultrapassem a

tendência apenas técnica e que através de sua gestão possam oferecer uma

aprendizagem do saber cuidar, que, antes de tudo, paremos um pouco para

pensar sobre nossas próprias verdades e propostas de vida, que nos

35

esforcemos para adquirir conhecimentos ético-humanistas, baseado em que

toda profissão deve obedecer princípios básicos de desenvolvimento: a técnica,

o aprimoramento profissional e a ética.

Para ser feliz, esteja aberto aos resultados e só assim, você adquire

sabedoria, dando clareza necessária à objetividade diante das situações e ao

desapego aos hábitos improdutivos.

“Eu tenho um sonho que um dia essa nação se erguerá e viverá o

verdadeiro significado de seus princípios: ... nós acreditamos que esta

verdade seja evidente, que todos os homens são criados iguais”.

Martin Luther King

36

37

BIBLIOGRAFIA

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Maria Helena Pires Martins. São Paulo: Moderna, 1993.

BOFF, Leonardo. Saber Cuidar – Ética do Humano, Compaixão Pela Terra. Rio

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Rio de Janeiro: Ed. Vozes 1997.

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Formação de Valores das Novas Gerações. São Paulo: Gente, 2005.

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Fronteira, 2003.

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos

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CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração - Rio de Janeiro.

Campus, Revista e Atualizada.

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CURY, Augusto. Superando o Cárcere da Emoção. São Paulo: Academia de

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MORTARI, Luigina. Por uma Pedagogia do Cuidado. Tradução Livre por Sônia

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MOSCOVICI, Fela. Renascença Organizacional: A Revalorização do Homem

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REIS, Ana Maria Viegas. Desenvolvimento de Equipes; Série Gestão de

Pessoas – Ana Maria Viegas Reis, Helena Tonet, Luiz Carlos Becker Jr., Maria

Eugênia Belczack Costa. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

TERRA, José Cláudio Cyriney. Gestão do Conhecimento: O Grande Desafio

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Revista Vencer – Ano III, Nº 30 – Março 2002 – www.vencer.com.br.

Revista Melhor : Gestão de Pessoas. Nº 195 – Novembro 2003.

www.vivendo-no-extremo.blogspot.com/2009/09/importancia-da-etica-

nasorganizações.

39

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 9

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

1 - PEDAGOGO EMPRESARIAL – Por uma Gestão do Cuidado. 12

1.1- A Atuação Estratégica do RH – Um novo olhar:

A organização como um sistema vivo. 16

1.2- Como o RH pode proporcionar a mudança de comportamento

com qualidade de vida. 18

CAPÍTULO II

2- UMA REFLEXÃO ACERCA DA APLICABILIDADE ÉTICA NAS

ORGANIZAÇÕES

2.1- O Que é Ética 23

2.2 - A Ética Profissional 24

2.3- O Que Destrói a Confiança Numa Organização 26

40

CAPÍTULO III

3-GESTÃO DE PESSOAS NUMA ABORDAGEM

TRANSDISCIPLINAR 29

3.1- A Importância da Felicidade Interna Bruta (FIB) na Vida Pessoal

e profissional 31

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 37

INDICE 39

FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

41

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-graduação Lato Senso

Título: O Desafio de Lidar com Pessoas – A Ética do Saber Cuidar de Leonardo Boff:

Uma Aplicação a Gestão de Recursos Humanos

Data da entrega:

Autora: Iza Maria Rocha Castro

Avaliado por: Iza Maria Rocha Castro

Conceito Final