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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O NEOLIBERALISMO NO DIREITO DO TRABALHO E A
TUTELA CONSTITUCIONAL OURTORGADA ÀS
RELAÇÕES LABORAIS
Priscila Felipe de Souza Batista
Orientadores: Prof. Carlos Afonso Leite Leocadio
Prof. Ivan Simões Garcia
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O NEOLIBERALISMO NO DIREITO DO TRABALHO E A
TUTELA CONSTITUCIONAL OURTORGADA ÀS
RELAÇÕES LABORAIS
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Direito e Processo do Trabalho
Por: Priscila Felipe de Souza Batista
3
Se as coisas são intangíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que triste os caminhos, se não fora
a presença das estrelas
Mário Quintana
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar forças para fazer
de cada dia um recomeço e um
aprendizado, e à minha grande amiga
Rosilene, incansável em motivar e me
apoiar em todas as horas.
5
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha mãe,
Rachel, presença constante em minha
memória, como eterna incentivadora.
6
RESUMO
O presente trabalho analisa a mudança paradigmática que se instaura
diante das novas relações jurídicas advindas da globalização e aborda como
fica a tutela ao trabalhador diante desse novo contexto.
Analisa também a atuação do Estado juiz para efetivação dos direitos
sociais diante da dificuldade da Administração Pública em fazer cumprir todos
os direitos sociais. Aborda a como fica a tutela dos direitos sociais mínimos do
ser humano.
São citados neste trabalho, os principais produtos do mercado
globalizado que influenciaram, e influenciam até hoje, de uma forma direta ou
indireta, às atividades laborais.
Através do estudo crítico dos problemas advindos com o neoliberalismo
é posto em análise também as propostas de solução para resolução dos
problemas. São citados os posicionamentos de vários doutrinadores em defesa
da efetivação das garantias constitucionais.
Para maior enriquecimento do estudo, são abordadas as mais
importantes formas de interpretação, apresentadas por doutrinadores para
melhor adequarem a normatização à realidade desse novo cenário, a fim de
que o direito não seja uma ciência inócua.
7
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisas em sites
jurídicos e através de pesquisas e estudos de acervos jurídicos. Foram trazidos
ensinamentos constantes em obras doutrinárias de Direito Constitucional, de
Teoria Geral do Estado e de Direito do Trabalho. Juristas como Ricardo Lobo
Torres, Paulo Bonavides, Daniel Sarmento e Ingo Wolfgand Sarlet, foram de
grande valia para o desenvolvimento deste tema.
Este trabalho faz um quadro do contexto do neoliberalismo à luz do
Direito do Trabalho e do Direito Constitucional.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I - NEOLIBERALISMO 12
1.1- Neoliberalismo – conceito e origem: 12
1.1.1- Evolução histórica - do Estado Liberal ao Estado
Neoliberal: 15
1.2 - A globalização e a mundialização do direito laboral: 18
1.3- O Estado Mínimo e o Direito do Trabalho Mínimo: 21
1.4 - Produtos de um mundo globalizado: 23
1.5 - O Neoliberalismo no Brasil: 25
CAPÍTULO II – OS PARADIGMAS DO DIREITO E OS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DIANTE DE UM NOVO ESTADO 26
2.1 - Os Paradigmas do Direito e sua mutação com o advento
das crises: 26
2.2 - Os direitos fundamentais no Neoliberalismo – abordagem
geral: 27
2.3- A migração do poder e o surgimento de novas relações
a serem tuteladas 31
CAPÍTULO III- A TUTELA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO
NEOLIBERALISMO SOB A ÓTICA DOUTRINÁRIA 33
3.1- A busca de uma efetiva tutela para os direitos fundamentais: 33
3.1.1- O Princípio da Ponderação de Bens, a relativização
9dos Direitos Fundamentais e a Constituição aberta – solução
para colisão de direitos: 35
3.1.2 - A interpretação dos direitos fundamentais, a
Interpretação dos direitos sociais e a Reserva do Possível: 37
3.1.3 - A tutela do mínimo existencial: 40
3.1.4 - Direitos sociais fundamentais? 41
3.2 - A tutela internacional dos direitos fundamentais: 43
3.4- Tratados Internacionais de Direitos Humanos: 44
CONC LUSÃO 47
BIBLIOGRAFIA 49
10
INTRODUÇÃO
O Neoliberalismo faz ressurgir alguns paradigmas norteadores do
liberalismo, porém sob novo enfoque.
O fracasso do modelo de Estado do Bem Estar Social, que não foi
efetivamente implantado na maior parte dos países, foi o terreno propício para
a propagação das idéias neoliberais. O fracasso do socialismo com o fim da
União Soviética também foi um dos fatores que contribuíram para a
propagação dos ideais deste novo Estado.
As grandes potências, em crescente desenvolvimento, já estavam com
seus mercados internos esgotados, e necessitavam de outros mercados para
atenderem sua demanda. Essa necessidade de expansão dos mercados, fez
fortalecer o movimento neoliberal, que vislumbrava na abertura dos mercados
uma nova possibilidade de desenvolvimento econômico, através de
intercâmbios.
Através do grande avanço tecnológico dos meios de comunicação e
transporte esses intercâmbios foram viabilizados, gerando, indubitavelmente, o
crescimento dos países desenvolvidos, e o aumento de suas riquezas.
Grandes potências se consolidaram neste período. Por sua vez, os
países em desenvolvimento e os países subdesenvolvidos aumentaram suas
dividas na luta por terem uma fatia dentro do contexto de avanços do novo
mundo que se instaurou. A ampla concorrência mundial, porém, sempre os
desfavorecia, eis que não tem como competir com os grandes conglomerados
e impérios capitalistas, que foram na verdade os que mais ganharam com a
implantação das idéias neoliberais.
Mas todo esse crescimento não veio sozinho, trouxe grandes problemas
sociais, como o desemprego, devido ao crescimento da automação, e dos
novos mecanismos implantados na produção, que substituiu o trabalho humano
11em algumas etapas da produção. O desemprego vem seguido de uma série de
problemas.
Outra grande dificuldade apresentada no trabalho é a efetividade dos
direitos sociais neste contexto, onde se valoriza o capital em detrimento do
cidadão.
No Estado Neoliberal há uma troca de poder, pois os grandes impérios
capitalistas detêm maior parte do poder que o próprio Estado. Assim sendo,
surgem novas relações a serem tuteladas, não só os direitos e deveres do
Estado para com o ser humano, mas a tutela das relações entre os cidadãos.
O Estado, com o objetivo maior de promover o desenvolvimento da
economia e a expansão dos mercados, se distancia da tutela dos direitos
sociais.
O produtos da globalização como a terceirização, o surgimento de
cooperativa, o enfraquecimento dos sindicatos, criam reflexos nas relações
laborais, trazendo desemprego, aumento do mercado informal, exclusão social
e flexibilização das leis trabalhistas, através de negociações coletivas e
acordos coletivos.
A efetivação dos direitos fundamentais sociais apresenta grande
dificuldade, pois o Estado com seu orçamento não consegue resolver todos os
problemas sociais, assim há que se ponderar valores, e tentar garantir o
mínimo existencial.
Diante desse novo cenário, surge o dilema do que deve ser tutelado ou
não, e como fazer essas escolhas dramáticas.
Como formas de resolução dos problemas decorrentes do Estado
Neoliberal, são apresentadas várias teorias doutrinárias defendidas pelos
nossos doutrinadores.
12
CAPÍTULO I
NEOLIBERALIMO
1.1- Neoliberalismo - conceito e origem:
Segundo a “Wikipédia - a enciclopédia livre”- “Neoliberalismo” é um
termo que foi usado em duas épocas diferentes com dois significados
semelhantes, porém distintos, o conceito que utilizamos em nosso estudo, é o
adotado a partir da década de 1970, que se refere a uma doutrina econômica
que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção
estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis
e ainda assim num grau mínimo (minarquia).
LUIZ FERNANDO SGARBOSSA e GESIELA JENSEN, em obra
conjunta, assim se manifestaram:
O neoliberalismo consiste em um movimento de reação político teórico contra o Estado social e sua intervenção na economia. Assim condena a intervenção estatal na economia, atribui – como faziam as escolas liberais das quais descende – a auto regulação dos mercados. (SGARBOSSA, www.jusnavegandi.com.br, acessado em 17.06.2009)
O NEOLIBERALISMO não representa exatamente uma nova corrente do
liberalismo, como nos remeteria seu significado literal. O neoliberalismo na
verdade apenas utiliza-se de alguns paradigmas norteadores do liberalismo. O
que chamamos de neoliberalismo, consiste na verdade no fenômeno de
ressurgência dos princípios liberais do início do século XX, mas em muitos
aspectos o neoliberalismo se contrapõe a algumas características do
liberalismo, não podendo ser considerado com uma sub-espécie do mesmo.
Consoante Jesus Huerta de Soto, em capítulo de seu livro “Escola
Austríaca” citados no sítio ‘www.causaliberal.net’, o neoliberalismo se originou
na referida escola, tendo com um dos seus precurssores o economista
13Friedrich August von Hayek, sofrendo também influência de outros pensadores
como Milton Friedman e Ludwig Von Mises.
Friderich August Von Hayek, membro da Escola Austríaca de
Economica e vencedor do “nobel” de 1974 de Ciências Econômicas, tem suas
ideais defendidos em sua principal obra “O caminho da servidão”. Numa breve
menção a esta obra, feita no sítio da ‘wikipédia- enciclopéida livre’, se destaca
que Hayek defendia a espontaneaidade como uma fonte prepulsora de novas
idéias.Insta salientar que a mesma fonte relata a forte influência de suas idéias,
que influenciaram não só as ciências econômicas, como também a psicologia,
a política e o direito.
De grande contribuição para o Nelioberalismo, foram os ensinamentos
do filósofo Ludwig von Mises, também membro da escola austriaca, que
pregava que a liberdade individual era inseparável da liberdade econômica.
Jesus Huerta de Soto, em sua obra sobre a Escola Austríaca, citando a
importância do filósofo Ludwig von Mises para a escola austríaca afirmou que
o filósofo teve seu nome emprestado para batizar o instituto de divulgação da
escola austríaca.
Outro filósofo que também contribuiu para o Neoliberalismo foi o
professor Milton Friedman, da Escola de Chicago, e também vencedor do
Prêmio de Ciências Econômicas. Segundo o sítio ‘wikipédia- enciclopéida livre’,
Milton Friedman era defensor do liberalismo econômico, do capitalismo
“laissez-faire” e do livre mercado e era contra qualquer regulamentação que
inibisse a ação das empresas, pois para ele a solução para os problemas de
uma sociedade é dada por um sistema de liberdade e seu maior lema era que
a “ liberdade econômica é uma condição essencial para a liberdade das
sociedades e dos indivíduos”.
No campo do Direito do Trabalho, informações extraídas do referido site,
nos informam que Friedman foi um grande crítico do salário mínimo,
entendendo que este, além de não conseguir aumentar o valor real da renda,
excluiria a mão-de-obra pouco qualificada do mercado de trabalho. Cita-se
também que ele era reconhecido como o maior advogado do neoliberalismo
14econômico, e defendia a economia de livre mercado e as garantias e
liberdades individuais.
Os ideais desses três economistas fizeram nascer o neoliberalismo,
que tem como uma de suas características preponderantes a luta por uma
economia de livre mercado, que consiste na atuação dos agentes econômicos
de forma livre, sem a intervenção dos governo. Trouxeram como influência do
liberalismo o a teoria do liberalismo econômico, pregada por Adam Smith e
que defendia que o elemento de geração de riqueza está no potencial de
trabalho, trabalho livre sem ter, logicamente, o Estado como regulador e
interventor.
1.1.1- Evolução histórica - do Estado Liberal ao Estado
Neoliberal:
Os anseios primaveris da Revolução Francesa, de liberdade, igualdade
e fraternidade não chegaram a realizar-se no Estado Liberal. Os trabalhadores,
fortemente oprimidos pela exploração em prol dos interesses capitalistas,
deram início a uma luta pela realização dos direitos humanos.
PLAUTO FARACO DE AZEVEDO atribui ao fracasso do Estado Liberal,
a miserabilidade humana causada pelos excessos capitalistas:
Os excessos individualistas do capitalismo, que conduziram à absolutzação do direito de propriedade, levaram as massas proletárias a um grau de miséria incompatível com a dignidade humana. (AZEVEDO,2000,p.81)
A situação do trabalho humano era degradante. Vários países, em
especial a Inglaterra e na França, viviam momento de grave exploração do
trabalho humano, com jornadas de trabalho desumanas, salários de fome,
exploração do trabalho da mulher e do trabalho infantil, falta de segurança e
de higiene nos locais de trabalho, entre outros.
Entretanto, a voracidade pelo lucro fez com que o Estado Liberal não
tomasse medidas para solução dos problemas sociais. Neste sentido:
15O impulso para amenizar tal quadro era tolhido pelo temor dos empresários de criar condições menos favoráveis em relação aos demais, levando à incapacidade de enfrentar a concorrência, no mercado. (AZEVEDO, 2000,p.81)
A luta social dos trabalhadores no período liberal, em prol de uma vida
digna, e de melhores condições laborais, foram o terreno propício para fazer
nascer nomas juridicas asssitenciais, protetivas e regulamentadoras do
trabalho, que vieram a se concretizar no Estado Social. Nesse momento já
surgiam com força, em oposição aos ideais capitalistas, a critica socialista.
O fracasso do modelo econômico pregado, aliado a crise social foram
foram os grandes responsáveis pelo fim do Estado Liberal.
O liberalismo teve seu declínio de forma lenta, a partir do final do século
XIX. Mas foi com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e com
a grande depressão que ele entrou em crise e caiu em descrédito.
Com a queda do liberalismo, as teorias de intervenção do Estado na
economia começaram a ganhar força e fazer nascer o Estado Social, que
tiveram grande influência das idéias de Keynes. Essas idéias deram suporte
teórico a esse tipo de intervenção governamental na economia, e foram
implantadas quase que simultaneamente pelo plano “New Deal”, do presidente
norte-americano Franklin Roosevelt.
Foi neste contexto que as idéias de John Maynard Keynes (1883-1946)
começaram a ganhar vulto, com a tentativa Keynesiana de aperfeiçoar o
liberalismo econômico, pois via o atual modelo caminhando para um inevitável
fracasso, influenciando os novos rumos do Estado.
KEYNES pregava a resolução do problema da humanidade com a
conjugação da eficácia econômica, da justiça social e da liberdade,
sustentando que isso só poderia acontecer através de reformas profundas.
E neste contexto de crise econômica, política e social, o Estado vai se
transformando lentamente de Estado Liberal a Estado Social, também
chamado de ‘Welfare State’, de Estado do Bem Estar e de Estado Providência.
16 No Estado Social há um grande desenvolvimento dos serviços públicos.
Nasce um Estado que oferece um leque de bens, serviços e prestações para
realização da justiça social.
O Estado Social intervém na economia e concilia os interesses da
propriedade, os interesses individuais, com os interesses gerais.
Mas, como abordam vários doutrinadores, é bom mencionar que o
Estado do Bem Estar não se concretizou na sua plenitude nem mesmo na
Europa, nem na América do Norte, muito menos nos países de 3º mundo (que
englobam a maior parte dos países da Ásia, da África, da América Central e da
América do Sul).
Ainda no Estado Social, os países ricos criaram os acordos de “Bretton
Woods” e estabeleceram regras intervencionistas para a economia mundial,
surgiu o FMI, houve rápido crescimento nos países europeus e no Japão, que
viveram sua “Era de ouro” e a Europa renascia, através do financiamento
conseguido por meio do “Plano Marshall”. Até o início da década de 1960 foram
os "anos dourados" das economias capitalistas.
O tratado de ‘Bretton-woods’, datado de julho de 1944, que instituiu o
dólar americano como moeda de pagamento internacional, consolidou as
bases capitalistas norte-americanas e viabilizou a grande circulação de bens e
riquezas por todo o globo terrestre.
Entretanto no final da década de 1960 e na década de 1970, dois
choques sucessivos nos preços mundiais do petróleo dão início à crise do
“Welfare State”. A crise do petróleo inviabilizou o acordo de Bretton Woods e
acarretou no endividamento interno excessivo principalmente do países
subdesenvolvidos. As taxas de lucratividade decrescentes e os altos índices da
inflação nos países desenvolvidos também foram os responsáveis pela queda
do modelo do Estado Social.
O Estado Social entrou em crise com os dois choques do petróleo na
década de 70, e a partir daí instaurou-se um questionamento ao dirigismo
estatal.
17 Neste contexto, surge o NEOLIBERALISMO, com enfoque na teoria da
"mão invisível", defendida por Adam Smith e por outros neoliberais, que
defendiam o livre fluxo de mercadorias e a economia globalmente liberalizada.
Esse novo modelo foi introduzido pelas elites político-econômicas mundiais,
como Estados Unidos e Grã-Bretanha, com o "Thatcherismo" e o
"Reaganismo", por acreditarem que esse processo melhor atenderia a seus
interesses econômicos do momento turbulento que atravessavam.
PLAUTO FARACO DE AZEVEDO afirma que o Estado Neoliberal surge
com a crise do modelo econômico pós-guerra, e afirma que os neoliberais
atribuem a falência do antigo regime ao poder excessivo outorgado pelo Estado
aos sindicatos, que exerciam grandes pressões reivindicatórias no campo
social, tornando inviável o atendimento de todas as necessidades estatais
reivindicadas sem trazer enorme prejuízo ao desenvolvimento econômico do
Estado, que se encontrava cada vez mais falido com o crescimento dos gastos
sociais.
Os neoliberais também sustentavam que o Estado tinha que romper com
essa enorme carga social para não falir, e tinha que adotar posturas de
proteção à estabilidade monetária, em nome da sua própria sobrevivência.
O neoliberalismo vê a intervenção do Estado no mercado como uma
ameaça à liberdade econômica e política. Ele prega a necessidade da redução
do Estado a um Estado Mínimo.
Com a evolução do neoliberalismo, rompe-se com os modelos “fordista”
e “taylorista” de produção e implanta-se os moldelos “just in time” e do
“Kanban”, implantando o modelo de produção da japonesa “Toyota”.
Como medidas defendidas pelo neoliberalismo, podemos destacar:
abertura dos mercados, privatização das empresas estatais, redução do poder
do Estado de fixar ou "autorizar" preços, diminuição e neutralização da força
dos sindicatos, flexibilização das leis trabalhistas, cortes nas políticas sociais,
redução de tributação, desregulamentação, direito do trabalho mínimo,
desedificação da Justiça do Trabalho, terceirazação, trabalho cooperativado,
entre outras.
18
1.2 - A globalização e a mundialização do direito laboral:
A globalização é um fenômeno multifacetado que surgiu recentemente e
teve sua origem de intensos e extensos intercâmbios, de várias dimensões e
por todo o globo terrestre. Esses intercâmbios, interligando dinamicamente
todo o mundo, já existiam, mas não na mesma velocidade, extensão e
intensidade. Seu aumento acelerado se viabilizou com os avanços das
tecnologias de comunicação e transporte.
ABILI LÁZARO CASTRO DE LIMA bem conceitua globalização como:
uma crescente interconexão em vários níveis da vida cotidiana a diversos lugares longínquos do mundo. (SGARBOSSA; JENSEN, www.jusnavegandi.com.br, p.2, acessado em 17.06.2009, apud LIMA, 2002, p.127)
A globalização, também chamada de mundialização, trouxe várias
transformações no contexto econômico, social, cultural, político e nas relações
jurídicas. A globalização operou em diversos campos, mas a globalização
econômica influencia e norteia a globalização em todo o contexto. Ela é um
resultado do desenvolvimento capitalista.
Ela é vista como uma estratégia dos conglomerados, das poderosas
instituições financeiras e dos organismos internacionais, que viviam em
crescimento desenfreado, e necessitavam ampliar seus mercados.
Assim, em nome da mundialização da economia, do intercâmbio de bens
e serviços em todo o planeta é que é alterado todo o cenário político, cultural,
científico.
A internet propiciou um fluxo em alta velocidade de informações e idéias
nunca vistas, o que viabilizou uma troca em momento real de informações pelo
mundo inteiro. Mas a globalização na comunicação não se deu apenas pela
internet, mas com a comunicação telefônica celular, com o crescimento
desenfreado dos meios de comunicação e sua interligação mundial.
A intensificação da aproximação dos povos, facilitada pelos novos meios
de transporte e de comunicação acarretou também a mundialização do Direito
19Laboral. A nova estrutura econômica advinda desse intercâmbio em todo o
globo terrestre fez nascer também um novo cenário nas relações laborais.
A influência no Direito do Trabalho teve estreita ligação com alguns dos
instrumentos da globalização da economia, quais sejam: a revolução
tecnológica, a automação, o desdobramento de unidades produtivas e a
abertura dos mercados. Esse novo período para o Direito do Trabalho,
guardadas suas proporções e peculiaridades, apresenta algumas similitudes
com o feudalismo, sendo até mesmo chamado de retorno ‘high tech’ ao
feudalismo.
Em seu primeiro momento, a globalização trouxe crescimento e aumento
econômico acelerado a países capitalistas emergentes. O Japão, os ‘tigres
asiáticos’, entre outros vários exemplos de grandes potências, se consolidaram
e se beneficiaram com a mundialização. Entretanto os países menos
desenvolvidos aumentaram em muitos seu endividamento.
O Brasil é um exemplo de país que não teve os mesmos benefícios com
a ‘internacionalização’, que, indubitavelmente foi instaurada para atender os
interesses dos impérios capitalistas. Como um país de 3º. mundo em
desenvolvimento, o Brasil tem problemas sociais que precisam ser resolvidos e
não simplesmente geridos por uma “mão invisível”, como pregam os
neoliberais.
A economia mundial foi alterada com a quebra das barreiras
econômicas, gerando uma alta competitividade nos mercados internos e
externo e trouxe o desdobramento da cadeia produtiva, com a divisão da
produção em etapas, promovendo a produção de um só produto em larga
escala.
Com a mundialização dos mercados, e com o crescimento dos
conglomerados e multinacionais, ligadas ao setor privado do mundo capitalista.
Esses novos centros de poder reduzem o poder estatal e vão tomando o seu
lugar. A migração de poder do Estado para o setor privado é visível neste
período.
20 Esse período também é marcado pelo surgimento de diversas
instituições e organizações e países em desenvolvimento e ligadas aos
interesses capitalistas.
Mas a globalização não trouxe apenas desenvolvimento. Num
crescimento desenfreado, impulsionado por interesses do capital, a
globalização seguiu vencendo barreiras e não respeitando limites, não só
fronteirísticos, como também jurídicos; o que acarretou no surgimento de várias
mazelas sociais.
Embora a mundialização da economia seja deveras importante e
necessária para o desenvolvimento e modernização da produção e para o
atendimento dos vários mercados internos que já não mais sobrevivem com
sua produção interna, já esgotada e limitada para atender os anseios e
demandas de seus povos, ela não pode dar-se de forma desordenada e
desenfreada, atendendo tão-somente aos reclamos dos “poderosos do
sistema” e sacrificando os direitos e acarretando problemas sociais para uma
massificada classe de excluídos.
Sobre o tema assim se manifestou RODRIGO DEON:
A globalização da economia, por meio de seus instrumentos, como a revolução cibernética, inferiorizou o homem à condição de mero instrumento de trabalho, substituindo-o pela máquina e priorizando o capital sobre o valor da dignidade da pessoa humana. É claro que se deve buscar o progresso econômico do país, no entanto, o desenvolvimento político, econômico e o social devem estar harmonizados com o ordenamento jurídico para que os direitos fundamentais não sejam ignorados na relação de trabalho. (DEON, www.direitonet.com.br, acesso em 17.06.09).
É necessário criar mecanismos para obstar que o processo de
internacionalização da economia promova desestabilidade social e acarrete no
sepultamento dos direitos e garantias conquistadas a duras penas pela classe
operária. A relação “capital x trabalho” urge por ser equilibrada. A globalização
deve obedecer a limites mínimos de ordem social e jurídica a fim de que não
instaure um verdadeiro caos globalizado!
21
1.3 - O Estado Mínimo e o Direito do Trabalho Mínimo
O modelo de Estado defendidos pelas teorias neoliberais é um modelo
de Estado Mínimo, reduzido; onde a atuação do Estado é minimizada em
detrimento dos interesses dos grandes grupos do sistema capitalista.
O Estado minimalista tem como objeto principal a economia de mercado
e os avanços do capitalismo. Ele caminha em direção oposta ao “ welfare
state”, que tinha como foco a efetivação plena da justiça social.
LUIZ FERNANDO SGARBOSSA, bem definiu esse modelo de estado:
um Estado de formatação mínima, que somente exerça funções bem definidas como estatais para tais correntes – tais quais segurança pública e administração da justiça - , bem como a formação de um mercado mundial, com supressão das barreiras à circulação de bens e serviços ao redor do globo, de modo a permitir que o mercado mundial assim instaurado, por seus mecanismos próprios, como a concorrência global assim instaurada, regule a si mesmo. (SGARBOSSA, www.jusnavegandi.com.br, acessado em 17.06.2009, p.2),
Os mais radicais defedem até mesmo a minarquia, onde o Estado
mínimo não tem obrigação de promover o bem-estar social e o
desenvolvimento produtivo. O Estado se reduz, tendo tão-somente que
defender as fronteiras, se limitando a cuidar da segurança interna e externa.
Há porém os que defendam que o Estado Mínimo também deva assegurar
direitos negativos para manter a ordem social.
Minarquismo ou minarquia é uma teoria política que prega que a função do Estado é assegurar os direitos negativos da população, isto é: impedir a coerção física da população. Ou seja, estão entre as funções do Estado a promoção da segurança, da justiça e do poder de polícia, além da criação de legislação necessária para assegurar o cumprimento destas funções. (WIKIPEPEDIA, a enciclopédia livre.pt.wikipedia.org/., acesso em 17.06.09).
O Direito do Trabalho Mínimo caminha contra uma legislação trabalhista
que proteja excessivamente o trabalhador, alegando que uma excessiva tutela
acaba por desprotegê-lo, trazendo o aumento ao descumprimento da
22legislação trabalhista, inviabilizando as relações formais de emprego e
contribuindo para a elevação dos índices de desemprego.
Em nome do desenvolvimento da economia, esse Estado Mínimo retira
uma séries de direitos do ordenamento, afirmando que os elevados custos
sociais engessam o mercado de trabalho, pois torna muito elevado o curto do
empregado formal para o empregador.
Como forma de solução de grande parte dos problemas trabalhistas,
defende-se a intervenção mínima do Estado na solução dos conflitos laborais e
propõem uma redução efetiva do Direito do Trabalho, ou seja, uma
desregulamentação , e sustentam que a atuação estatal deve dar-se de forma
excepecionalíssima, como forma secundária para resolução dos conflitos mais
extremos.
O Direito do Trabalho Mìnimo consiste em relegar os direitos do
trabalhador arduamente conquistados e admitir em nome dos avanços da
economia e em nome do capital, a aniquilação dos direitos fundamentais do
cidadão, permitindo que o trabalhador cada vez tenha condição de trabalho
menos favorecidas. O poder de decisão estatal se esvazia diante do poder as
megacorporações capitalistas.
1.4 - Produtos de um mundo globalizado:
Como principais produtos do neoliberalismo, que repercutem nas
relações trabalhistas, de forma direito ou indireta, podemos destacar: o
processo tecnológico, a privatização, o declínio dos movimentos sindicais, a
exclusão social, a desregulamentação e a flexibilização das leis trabalhistas e a
terceirização.
O progresso tecnológico desenfreado que se deu neste período,
desalojou a mão-de-obra e fez crescer o desemprego. A revolução tecnológica
que se instaurou por todo o mundo, priorizou o capital sobre o valor da pessoa
humana.
23 Afirmando que a privatização traria crescimento mais rápido, e
sustentando que o setor privado e propiciaria melhores e mais ágeis resultados
que o setor público, a privatização foi estimulada.
Com o declínio dos movimentos sindicais, surgem os acordos e as
convenções coletivas como substitutos do papel exercido pelos grandes
movimentos sindicais.
Com o enfraquecimento dos sindicatos, perde-se muito, pois os acordos
e convenções, não têm a mesma força dos movimentos sindicais, limitando-se
apenas a preservar o emprego, e abrindo mão de diversos direitos dos
trabalhadores.
Com o declínio do movimento sindical, os empregados perdem a força
reinvidicatória e imperam os baixos salários, a mitigação dos direitos sociais, o
aumento das negociações coletivas e acordos, e a adoção de medidas de
constitucionalidade questionável, como a taxação da contribuição
previdenciária para os inativos, entre outras.
Outro problema inevitável é a exclusão social. Os que ficam à margem
do sistema capitalista são excluídos, e neles podemos incluir não só os
desempregados, como também os subempregados, que caminham sem o
amparo das garantias constitucionais e sem a tutela dos direito mínimos
necessários à concretização da justiça social.
Os desempregados, também chamados pelos neoliberais de ”exército
industrial de reserva”, são na verdade excluídos por viverem fora da dinâmica
social e econômica neoliberal, pois uma vez sem trabalho, num mundo
capitalista, o homem perde totalmente seu valor.
Para PAUL SINGER:
a precarização do trabalho inclui tanto a exclusão de uma crescente massa de trabalhadores do gozo de seus direitos legais como a consolidação de um ponderável exército de reserva e o agravamento de suas condições.” (RAMOS, www.jusnavegandi.com.br. p.4, acessado em 03.07.2009, apud SINGER, 1999, p. 28)
24 A desregulamentação consiste na progressiva supressão das regras
imperativas, com visível recuo da força das leis trabalhistas e um crescimento
avançado das convenções coletivas, que ganham força como meio de adaptar
o direito juslaboral aos novos anseios do capital e das empresas, e como
tentativa de garantir empregos em meio a crise econômica.
A flexibilização das leis trabalhistas tem sido vista como forma de
solucionar a crise das relações laborais e os problemas sociais decorrentes
dessa crise.
A flexibilização propõe o afastamento direto do Estado, como
responsável por dirimir as lides defendendo que a autonomia privada coletiva
tem melhores condições para dirimir os conflitos sociais e trabalhistas através
da negociação, pois está mais perto da realidade e pode melhor se ajustar aos
anseios da sociedade. Ela defende também a criação de órgãos extrajudiciais
para solucionarem os conflitos e defende a mediação e a arbitragem como
forma de composição das lides. O papel do Estado-juiz seria enxugado,
limitando-se tão somente a atuar em casos extremos.
Preservadas as diferenças, em dados momentos a flexibilização
encontra grande apoio na desregulamentação, entretanto é necessário cautela
quando a solução proposta versar em desregulamentação para que a mesma
preserve sempre os mínimos fundamentais direitos dos trabalhadores, em
nome da sobrevivência do próprio Estado Democrático de Direito.
Importante salientar que a flexibilização é um instituto diferente da
desregulamentação, embora possa apresentar objetivos em comum em alguns
casos concretos. A flexibilização busca na verdade uma adequação das leis ao
cenário econômico atual, e nem sempre essa adequação necessita ser feita
através da desregulamentação, que somente deve ocorrer em casos extremos,
sem a mitigação dos direitos fundamentais.
Na flexibilização preservam-se os direitos fundamentais mínimos e
respeitam-se os princípios basilares do direito.
No Brasil a mais importante flexibilização das normas trabalhistas se
operou envolvendo a protegida estabilidade no emprego. A Constituição
25Federal de 1988, já influenciada pela flexibilização, foi relativizada nos padrões
preceituados pela OIT, trazendo normas mais flexíveis para os contratos de
trabalho.
1.5 - O Neoliberalismo no Brasil:
PAULO BONAVIDES criticando a crise instaurada pelo neoliberalismo
questiona qual soberania interna e externa resta ao Brasil na sociedade
globalizada do século XXI, uma vez que o Brasil teve sua economia
desnacionalizada, teve os seus maiores conglomerados empresariais
privatizados e teve sua ordem jurídica desconstitucionalizada através de série
de emendas constitucionais.
Questionando a política neoliberal adotada pelos governos brasileiros,
ele diz que o questionável domínio da inflação, que nem mesmo pode definir-se
como erradicação completa, pela própria cultura inflacionária brasileira; teve
um preço muito alto, uma vez que vê a contenção da inflação como um dos
raros benefícios do governo neoliberal aqui instalado, que conceitua como o
regime neoliberal mais antidemocrático do mundo. Como exemplo das maiores
perdas do país decorrente das ações governamentais neoliberais ele cita a
privatização das riquezas nacionais, a quebra do monopólio da Petrobrás e das
telecomunicações.
Assim dispôs o mencionado doutrinador, sobre o neoliberalismo no
Brasil:
Sobremodo enfraquecido desde as bases e estruturas de seu poder econômico e político, o País, atado a uma sociedade internacional financeiramente desorganizada, ferozmente competitiva e governada por concentrações maciças de pitais, ocupará nesse cenário, um lugar inferior, desempenhando papel, de todo o ponto, secundário.
(...) indiferente às mazelas sociais, atado a compromissos com o
capital externo, preocupado em desmantelar as garantias da Previdência, sem horizontes para a Educação e a Saúde. (BONAVIDES, 2004, p. 56 e 138)
26
CAPÍTULO II
OS PARADIGMAS DO DIREITO E OS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DIANTE DE UM NOVO ESTADO
2.1 – Os paradigmas do Direito e sua mutação com o advento
das crises
O doutrinador José Eduardo Soares bem definiu paradigma como:
uma teoria básica, uma tradição científica e algumas aplicações científicas, que são aceitas pelos cientistas as ponto de suspenderem o esforço critico de discussão de seus pressupostos e de suas possíveis alternativas substitutivas. (SARMENTO, 2008, p. 3, apud FARIA, 1988, p. 21.)
Os paradigmas, porém, em certo momento, passam a não responderem
mais aos anseios jurídicos em determinados momentos, e há assim novamente
um movimento científico de mudança, que alguns doutrinadores defendem que
pode dar-se através de uma revolução científica e outros defendem que pode
dar-se simplesmente através de uma evolução.
Os defensores de que a mudança de um paradigma acarreta numa
revolução científica divergem dos outros doutrinadores no ponto nodal de que
eles argumentam que os paradigmas não podem coexistir e há a necessidade
de uma ruptura com o paradigma anterior para a implantação do novo. Os
defensores da evolução argumentam que os paradigmas podem coexistir-se,
mas que com a evolução do ordenamento jurídico, que ocorre de acordo com o
momento que se vive e os anseios da sociedade, há paradigmas que operam
com força determinante e outros que coexistem com menor influência.
Somos defensores da tese da coexistência dos paradigmas do direito e
nos unimos ao doutrinador DANIEL SARMENTO, quando ele sustenta que:
27as mudanças muitas das vezes são graduais, subsistindo intactos certos aspectos do conhecimento acumulados no passado. (SARMENTO, 2008, p. 4)
Defendendo a comunicação interparadigmática, afirmamos que assim
como em todo o ordenamento jurídico, o Direito do Trabalho também é
impulsionado a modificar-se em certos aspectos e na sua estrutura para poder
se manter vivo em novos contextos sociais, políticos ou diante de outras
mudanças.
Alguns paradigmas predominam em certo cenário e contexto histórico,
influenciando e norteando as relações jurídicas, como também servindo de
relevada importância na delimitação do direito material.
PEREZ LUNÕ estabelece o paradigma que norteia o neoliberalismo:
a economia e o mercado, antes instrumentos a serviço dos grandes fins éticos da sociedade política passaram a ser os fins desta atividade. (MELLO, 1999, p. 7 e 8, apud LUNÕ,1996, p. 35 e 36)
Comentando este artigo CELSO DE ALBUQUERQUE MELLO diz que o
final do século XX não foi dominado pela influência dos juristas e sim foi
dominado e fortemente influenciado pelos economistas.
No capitulo dedicado aos Direitos Fundamentais examinamos os
paradigmas do direito que marcam o neoliberalismo, como o Direito do
Trabalho se apresenta nesse período, qual a influência interpretativa dos
Direitos Fundamentais Constitucionais nesta fase e como se denota a proteção
constitucional das garantias constitucionais do trabalhador este período em que
o sistema jurídico é orientado pelo neoliberalismo.
2.2 - Os direitos fundamentais no Neoliberalismo- abordagem
geral:
Os direitos fundamentais e princípios constitucionais devem ser
interpretados tendo em vista as cosmovisões vigentes em cada época, devem
ser interpretados à luz dos já citados “paradigmas do direito”, que evoluem.
28Consoante DANIEL SARMENTO:
os direitos fundamentais são realidades históricas que resultam de lutas e batalhas travadas no tempo, em prol da afirmação da dignidade humana. (SARMENTO, 2008, p. 4)
Neste mesmo sentido, destacamos citação sempre citada por Hanna
Arendt “ os direitos humanos não são um dado, mas um construído”.
Assim sendo, o Estado Liberal apresentará obviamente uma visão
constitucional diferente do Estado Social e também diferente do Estado Pós
Social, que é objeto do nosso estudo.
Nosso Direito Constitucional vigente tem com base o modelo
consagrado e influenciado pelo Iluminismo, que dá especial tutela aos direitos
fundamentais, aos direitos humanos, e em especial ao balizado princípio da
dignidade da pessoa humana e em especial pela Revolução Francesa, cujos
ideais de igualdade, liberdade e fraternidade embasam nossos direitos
fundamentais.
Sobre a necessária tutela ao trabalho, devido não só a seu valor
econômico, mas principalmente pelo seu valor humanístico, assim dispôs LUIZ
OTAVIO LINHARES RENAULT:
é necessária a erradicação por completo da mentalidade de que o trabalho, qualquer que seja o sistema de produção, é um simples bem material, que só interessa ao indivíduo e não a toda a sociedade; é indispensável o convencimento por parte de alguns setores produtivos de que a organização do trabalho alheio ‘deslizou’ definitivamente e irremediavelmente, há mais de um século, do plano puramente contratual para uma necessária e indispensável dimensão de tutela, pouco importando se o sistema de produção é rígido ou flexível ‘fordista’ ou ‘toyotista’. (ALMEIDA, www.jusnavegandi.com.br, p.2, acessado em 17.06.2009, apud RENAULT, 2004, p. 75)
Reforçando a preponderante importância da proteção ao trabalhador
para obtenção de um desenvolvimento pleno de uma sociedade, em
obediência não só ao Princípio da Valorização do Trabalho - como meio de
concretização da justiça social - e ao Princípio da Dignidade da Pessoa
29Humana, vale a pena destacar as palavras de AMAURI MASCARO
NASCIMENTO:
os reflexos da globalização não caracterizam o desenvolvimento do país, visto que para isso, será necessária a melhoria de qualidade de vida dos homens. (ALMEIDA, www.jusnavegandi.com.br, p.2, apud NASCIMENTO, 1981, p. 44)
E indubitavelmente o trabalho é um instrumento de realização da justiça
social porque “age distribuindo renda”, como bem fundamentou INGO
WOLFGANG SARLET.
Todos os princípios que norteiam o Direito do Trabalho se originam do
princípio basilar de DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, pois sem a garantia
da mínima dignidade do trabalhador, todos os outros princípios não se
concretizariam. Nossa Carta Magna em seu art. 1º consagra como
fundamentos de construção da sociedade brasileira, a dignidade da pessoa
humana e o valor social do trabalho.
INGO WOLFGANG SARLET, bem conceitua dignidade da pessoa
humana como:
a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem à pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existências mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e na vida em comunhão com os demais seres humanos. (ALMEIDA, www.jusnavegandi.com.br, p.3, apud SARLET, 2002, p. 62)
Demonstrando o importante valor do ser humano, a ponto de ser
constitucionalmente e internacionalmente tutelado, assim se pronuncia o
supracitado doutrinador:
É o Estado que existe em função da pessoa humana, e não o contrário, já que o ser humano constitui a finalidade precípua, e não meio da atividade estatal. (op. cit., p. 68)
30
O Estado deve cumprir o seu papel, sua função democrática de ser um
agente garantidor desses direitos, em nome da sobrevivência do próprio
Estado Democrático de Direito e da própria modernidade.
Nesse sentido, são as palavras de ELIMAR PINHEIRO DO
NASCIMENTO:
Enquanto a modernidade ganha novas qualificações e novas dimensões, com a crescente mundialização da economia, agudizando tendências que se encontravam em seu interior, desde os seus primórdios, a exclusão constitui uma ameaça real e direta à modernidade, destruindo um de seus espaços essenciais, o da igualdade. Na superação das tendências de exclusão, reside, portanto, a possibilidade de redefinição de modernidade, o que demanda, paradoxalmente, uma maior efetivação do Estado-nação. Sem ética nacional e sem Estado de Direito, intervindo nos processos econômicos, a modernidade tende a desaparecer. E ao é que se revela a influência indireta do processo de mundialização sobre o esgotamento da modernidade, pois ele retira poderes do Estado, esgarça-o simultaneamente para fora (internacionalização da produção e para baixo (controle do crescimento da desigualdade). (ALMEIDA, www.jusnavegandi.com.br, p.3, apud NASCIMENTO In: ARRUDA JÚNIOR, 1998, p. 241).
Os desdobramentos do neoliberalismo não devem caminhar contra o
ordenamento constitucional e contra a legislação trabalhista.
O Direito do Trabalho, universalmente inserido no rol de direitos
humanos, tem como escopo a promoção da justiça social. O Direito do
Trabalho Mínimo caminha justamente em oposição ao ideal de justiça social,
ao reduzir e quase extinguir os direitos sociais, acarretando no aumento das
desigualdades sociais.
O trabalhador brasileiro encontra-se, em sua grande maioria, à margem
do Direito do Trabalho, ou seja, na informalidade, resguardado de qualquer
proteção.
O atual modelo se desviou dos valores defendidos pelo Direito do
Trabalho, quais sejam: a dignidade econômica (conferindo justa
contraprestação de bem material em troca do trabalho), e a dignidade da
31pessoa humana (respeitando os direitos sociais do trabalhador e
resguardando a dimensão humanística do trabalho e sua função social).
Entram em conflito a proteção ao trabalhador e o processo de
globalização da economia, que visa o aumento do lucro das empresas e a alta
competitividade das mesmas no mercado. Os direitos fundamentais do
trabalhador perdem espaço e tem sua incidência questionada quando o mesmo
cerceia o desenvolvimento da mundialização e os interesses do capital.
A mais tutelada das garantias fundamentais do trabalhador em nosso
ordenamento era a estabilidade no emprego. O modelo do contrato de trabalho
brasileiro sempre primou por oferecer emblemática proteção a essa garantia.
Porém, o Poder Constituinte de 1988 já seguiu as diretrizes traçados pela OIT
e relativizou essa proteção.
O desenvolvimento é salutar, mas que se faça com justiça social,
preservando dos direitos sociais do trabalhador.
Para a solução dos casos concretos advindos de conflitos entre os
direitos fundamentais, é necessária a relativização dos direitos e garantias
constitucionais de 1ª, 2ª e 3ª geração.
2.3 - A migração do poder e o surgimento de novas relações a
serem tuteladas:
O modelo tradicional de tutela dos direitos constitucionais e de tutela
dos direitos humanos pela comunidade internacional resta defasado e inócuo
neste novo panorama, que é profundamente alterado com o ideário neoliberal
posto em pratica e com a nítida migração do poder. O Estado perde poder e
comando e uma nova ordem passa a vigorar com o poder nas mãos do império
capitalista
ANTONIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE bem define a deficiência
dos instrumentos de proteção aos direitos fundamentais em decorrência de
novas relações que surgem advindas na internacionalização da economia e da
migração do poder da esfera pública para a esfera privada:
32Com efeito, o fato de os instrumentos de proteção internacional em nossos dias voltarem-se essencialmente à prevenção e punição de violação de direitos humanos cometidas pelo Estado ( seus agente e órgãos) revela uma grande lacuna: a de prevenção e punição dos violadores dos direitos humanos por entidades outras que o Estado, inclusive por simples particulares e mesmo por autores não identificados. Cabe examinar com mais atenção o problema e preencher essa preocupante lacuna. A solução que se vier a dar a este problema poderá contribuir decisivamente ao aperfeiçoamento dos mecanismos de proteção internacional da pessoa humana, tanto os de proteção dos direitos humanos ‘stricto sensu’ quanto os de Direito Internacional Humanitário. (SGARBOSSA; JENSEN, www.jusnavegandi.com.br, p.8, acessado em 17.06.2009, apud TRINDADE, v.I,2003, p. 371)
33
CAPÍTULO III
A TUTELA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO
NEOLIBERALISMO SOB A ÓTICA DOUTRINA
3.1 - A busca de uma efetiva tutela para os direitos
fundamentais:
Conforme preleciona RICARDO LOBO TORRES, os direitos
fundamentais em larga medida se confundem com os direitos humanos.
NORBERTO BOBBIO bem assevera que:
O problema fundamental em relação aos direitos do homem hoje, não é tanto o de justificá-lo, mas o de protegê-los. (MELLO. 1999. p. 7 e 8, BOBBIO. 1992, p. 24)
Alguns doutrinadores têm alegado que é necessária a redefinição dos
direitos fundamentais, pois as garantias já estão asseguradas na Constituição.
RICARDO LOBO TORRES defende que uma reflexão sobre os aspectos dos
direitos fundamentais à luz das garantias constitucionais pode trazer soluções.
Muitos autores também vêem como grande entrave para a
concretização dos direitos humanos a colisão entre os princípios que norteiam
os direitos humanos no plano interno e no plano externo.
Como proposta de solução para os conflitos decorrentes da colisão de
direitos fundamentais, DANIEL SARMENTO defende a aplicação do método da
ponderação de bens.
GUSTAVO AMARAL também aponta como outra dificuldade encontrada
na prestação da tutela dos direitos fundamentais, a interpretação desses
direitos e o conflito entre os poderes e defende que a resolução desse
problema pode dar-se através da aplicação do Princípio da Razoabilidade.
34À luz desse princípio, o cidadão que requerer a tutela de seu direito
social judicialmente, terá a resolução da demonstração de forma cabal, em
Juízo, pelo Estado, dos motivos que ensejaram o descumprimento da norma e
de sua possibilidade ou impossibilidade de realizar o direito social. Assim, o
Poder Judiciário não invadirá a competência do Poder Executivo.
Nossa Constituição Federal tem várias disposições que expressam a
velada proteção do legislador constitucional aos direitos humanos.
CELSO DE ALBUQUERQUE MELLO diz que para tutelar os direitos
humanos há que se controlar o neoliberalismo:
O DIP e o Direito Constitucional têm que se adaptarem. Se deixar o neo-liberalismo sem um controle, ele se aproxima deste estágio, os direitos humanos econômicos e sociais serão violados maciçamente e teremos no nosso planeta algumas milhares de pessoas vivendo nababescamente e milhões de indivíduos vivendo abaixo do nível de pobreza. (op.cit,, p. 03)
CELSO DE ALBUQUERQUE MELLO afirma também que no
capitalismo, só os direitos humanos é que podem atuar em defesa da pessoa
humana. O Estado é tão mínimo e na verdade só cuida dos interesses
monetários, favorecendo somente a uma pequena elite financeira.
O maior de todos os problemas dos direitos humanos é sem sombra de
dúvida, sua efetivação.
CELSO DE ALBUQUERQUE MELLO alega que o antagonismo existente
entre os juristas e economistas também contribuem para obstar a efetividade. A
oposição entre eles é inevitável, pois enquanto os juristas defendem os direitos
humanos – orientados pelo princípio da dignidade da pessoa humana, os
economistas defendem o equilíbrio monetário - sem qualquer espírito
humanitário. E como no Neoliberalismo prepondera a política econômica, em
detrimento do direito constitucional. É a política econômica que sai vencendo,
norteando as políticas públicas do país.
A Constituição Federal deve ser interpretada com métodos vinculados
ao regime político, social de cada Estado, de modo a conseguir adequar a
35efetivação de seus preceitos e a dar efetiva tutela dos direitos fundamentais do
cidadão.
SMEND assim assinala sobre o tema:
Por sua própria natureza a Constituição não tendo a regular suposições concretas, mas a abarcar a totalidade do Estado e a totalidade do processo de integração. E é esta mesma finalidade a que não apenas permite, mas que inclusive exige do interprete constitucional uma interpretação extensiva e flexível, que difere em grande medida de qualquer outra forma de interpretação jurídica. (MELLO, 1999, apud SMEND, 1985, p. 63, 65, 87, 153,197 e 198):
Assim, os direitos constitucionais devem ser interpretados e tutelados à
luz da realidade, diante do contexto histórico que se vive.
CELSO DE ALBUQUERQUE MELLO defende que a interpretação deve
dar-se de forma a tentar assegurar os direitos fundamentais diante do contexto
que vivemos.
3.1.1 - O Princípio da Ponderação de Bens, a relativização dos
Direitos Fundamentais e a Constituição aberta – solução para
colisão de direitos:
Como mecanismos de efetivação da tutela aos direitos fundamentais,
auxiliando a interpretação das normas constitucionais surgem princípios
doutrinários importantes, como o Princípio da Ponderação de Bens, a
relativização dos Direitos Fundamentais e a Constituição aberta, que são
propostas doutrinárias para resolver o grave problema decorrente da colisão de
direitos.
Assim dispõe DANIEL SARMENTO sobre o Princípio da Ponderação de
Bens:
Este princípio desempenha um papel extremamente relevante no controle da constitucionalidade dos atos do poder público na medida em que ele permite de certa forma a penetração no mérito do ato normativo, para aferição da sua razoabilidade e racionalidade, através da verificação da relação curto-benefício
36da norma jurídica e da análise da adequação entre o seu conteúdo e a finalidade por ela perseguida. (...) A ponderação de bens deve assim reverenciar ao princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. Desta sorte, a compreensão de cada interesse em jogo, num caso de conflito entre princípios constitucionais, só se justificará na medida em que: (a) mostrar-se apta a garantir a sobrevivência do interesse contraposto, (b) não houver solução menos gravosa, e (c) o benefício logrado com a restrição a um interesse compensar o grau de sacrifício imposto ao interesse antagônico. (...) Outro limite que a doutrina impõe à ponderação de bens é o respeito ao núcleo essencial dos direitos fundamentais. Considera-se que existe um conteúdo mínimo destes direitos, que não pode ser amputado, seja pelo legislador, seja pelo aplicador do Direito. (MELLO, 1999, p. 57, 59 e 60)
A abertura da Constituição é decorrente do racionalismo crítico, tendo
suas bases nos fundamentos pregados por KARL POPPER e é utilizada por
alguns juristas que recorrem à moderna teoria constitucional.
A abertura da Constituição consiste na relativização das normas
constitucionais para que a mesma não seja rígida em todas as matérias para
não engessar o direito a se adaptar diante das mudanças.
DANIEL SARMENTO também defende a constituição aberta, assim
ponderando:
A Lei Fundamental deve ser dotada de elasticidade material suficiente para abrigar sob o seu manto ideologias e cosmovisões diferentes, sem optar de modo definitivo por nenhuma delas. O constituinte não deve engessar a sociedade, mas antes fomentar o embate entre idéias e projetos divergentes, convertendo-se com isso em agente catalizador do ideal democrático e pluralista. (op. cit., p.65)
Em defesa da Constituição aberta conjugada com o princípio da
ponderação de bens, o supracitado doutrinador sustenta que eles são o
mecanismo que melhor adequarão o convívio entre valores e princípios
constitucionais antagônicos. Segundo o doutrinador, é necessário apenas
adequar e interpretar as garantias fundamentais já constantes no nosso
ordenamento, relativizando-as, quando necessário. Senão, vejamos:
37 O fato é que a coexistência de diversos direitos fundamentais,
ao lado de outros princípios constitucionais igualmente relevantes, impõe inexoravelmente a relativização de cada um, como imperativo da convivência harmônica entre os mesmos. (MELLO, 1999, p. 69)
Os críticos da adoção do princípio da ponderação de bens alegam que
este princípio promove o esvaziamento dos direitos fundamentais; confere ao
juiz uma margem exagerada de discricionariedade para eleger o princípio a
regular o caso concreto e que desequilibraria o princípio da divisão dos três
poderes, pois outorgaria ao Poder Judiciário uma outorga de maior poder,
diminuindo o papel do Poder Legislativo.
DANIEL SARMENTO rebate todas as críticas sustentando que não
ocorre o esvaziamento do direito, pois o que ocorre é a relativização dos
direitos fundamentais frente a um caso concreto, e jamais a dissolução
normativa da lei fundamental. Quanto à alegada discricionariedade conferida
ao julgador, ele rebate á critica argüindo que a validade da decisão judicial por
estar sujeita a uma decisão fundamentada e pautada em critérios racionais,
não permitiria uma afronta aos valores consagrados na Constituição Federal. E
quanto ao desequilíbrio dos poderes, DANIEL SARMENTO defende que o
mesmo não ocorrerá, pois a aplicação do método da ponderação pelo Poder
Judiciário pressupõe a inexistência de regra legislativa específica para resolver
o conflito entre os direitos fundamentais antagônicos.
Entretanto Daniel Sarmento afirma que este tema é quase que
desconhecido para a doutrina e a jurisprudência brasileiras.
3.1.2 - A interpretação dos direitos fundamentais, a
interpretação dos direitos sociais e a ‘Reserva do Possível’:
GUSTAVO AMARAL sustenta que para interpretar os direitos
fundamentais, primeiramente é necessário enxergar os direitos fundamentais
como norma cogentes, passíveis de tutela judicial, ao menos no seu núcleo
mínimo. Entretanto ele exorta que a grande dificuldade dessa interpretação
38está justamente no consenso doutrinário sobre o que seja este núcleo mínimo
em cada direito fundamental e diante de cada caso concreto.
Assim dispôs o supracitado doutrinador:
no tocante aos direitos fundamentais, por constituírem requisitos mínimos a serem observados, voltam-se não para o campo hipotético, mas para o concreto, de modo que a atividade interpretativa ocorrerá causuisticamente, ante a situações concretas, inclusive com a ponderação de valores e interesses e demandando ‘escolhas dramáticas. (op. cit., p. 101)
Tratando da interpretação dos direitos sociais, RICARDO LOBO
TORRES, enfrentando o tema, alega que os direitos sociais ao contrário do
direito das liberdades trabalham dentro da reserva do possível ou na
conformidade da autorização orçamentária.
O direito social tem seu domínio dentro do campo do possível, e muitas
vezes as demandas orçamentárias impossibilitam o atendimento a todos os
cidadãos, fazendo com que o atendimento ao direito de um indivíduo gere a
negação do direito do outro, levando o intérprete a ter que fazer difíceis
escolhas.
O problema da eficácia dos direitos sociais, segundo GUSTAVO
FRANCO, ocorre em relação aos direitos sociais positivos, sustentando sua
afirmação da seguinte forma:
a efetividade social dos direitos negativos é por demais simples, exige apenas que o Estado não faça, não reprima, não censure. Nada fazer, no comum das vezes, não reclama custos, não reclama aparatos. Já a efetividade dos direitos positivos, ao seu turno, demanda a existência de um aparato estatal de prestação, incluindo estrutura física, logística e pessoal, a gerar gastos que devem ser cobertos. (op. cit., p. 107,108)
GUSTAVO AMARAL assevera ainda que assegurar uma máxima
eficácia das normas constitucionais sem ter como custeá-las e efetivá-las é
ainda mais grave que negar a efetividade atual da prestação de alguns direitos
positivos sociais. Entretanto ele afirma que há diversos doutrinadores que
39defendem a máxima eficácia dessas normas constitucionais, citando o
Professor Luiz Roberto Barroso como um dos defensores dessa máxima
efetividade.
GUSTAVO AMARAL diverge desse entendimento, ponderando que a
efetividade das normas constitucionais deve ser compreendida de outra forma,
por ser impossível dar máxima efetividade à todos direitos positivos sociais.
Defendendo a reserva possível para resolver a eficácia dos direitos
positivos sociais, assim se pronunciou o já citado doutrinador:
Em termos práticos, teria o Estado que demonstrar judicialmente que tem motivos fáticos razoáveis para deixar de cumprir concretamente, a norma constitucional assecuratória de prestações positivas. Ao Judiciário competiria apenas ver da razoabilidade e da faticidade dessas razões, mas sendo-lhe defeso entrar no mérito da escolha, se reconhecida a razoabilidade. (op. cit., p. 111, 112)
PAULO BONAVIDES destaca que ao se fazer difíceis escolhas diante de
direitos fundamentais a tutelar, na impossibilidade prestar tutela a todos os
direitos fundamentos tutelados, há que se dar preponderância aos direitos
relacionados com a democracia, informação e pluralismo.
Por fim, GUSTAVO FRANCO assevera:
A postura de máxima eficácia de cada pretensão, sobre o fato de não adentrar no conteúdo do direito a ser dada a eficácia, implica em negação da cidadania, na medida em que leva à falência do Estado pela impossibilidade de cumprir todas as demandas simultaneamente e rompe com a democracia, pretendendo trazer para o ambiente das Cortes de Justiça reclamos que têm seu lugar nas ruas, na pressão popular e não na tutela paternalista dos ‘sábios’. (op. cit., p.115)
3.1.3 - A tutela do mínimo existencial:
A globalização fez instaurar uma nova era no direito, com a valorização
dos direitos humanos num plano internacional. O ser humano passa a ser visto
como sujeito de tutela num plano internacional. Sobre essa nova era dos
40direitos, decorrentes de uma nova dimensão da cidadania, assim se pronuncia
RICARDO LOBO TORRES:
Os direitos fundamentais -...- integram o conceito de cidadania desde a sua afirmação nos primórdios do liberalismo. (...) Ganharam o ‘status’ constitucional ao serem declarados nos grandes textos básicos das nações cultas, alicerçando a cidadania constitucional. Mas, diante dos efeitos da globalização e das declarações internacionais, os direitos humanos conquistam expressão universal; permitindo que se vislumbre também uma cidadania mundial, internacional ou supranacional. (op. cit., p.254, 255)
Dentro dessa nova dimensão da cidadania trazida pelo neoliberalismo,
RICARDO LOBO TORRES dispõe que o homem num plano internacional, com
essa nova dimensão de cidadania também vislumbrada no aspecto social e
econômico, é sujeito de uma cidadania social e econômica com uma nova
dimensão aberta para o campo do trabalho e do mercado. Assim ele sustenta a
“incorporação dos direitos sociais ao status da cidadania.
RICARDO LOBO TORRES defende que o ser humano deve obter do
Estado ao menos uma tutela mínima, que não pode ser denegada em nome de
intervenções estatais e a essa tutela mínima ela chama de mínimo
existencial.
Sobre o direito ao mínimo existencial, assim o citado doutrinador se
manifestou:
Sem o mínimo necessário à existência cessa a possibilidade de sobrevivência do homem e desaparecem as condições iniciais da liberdade. A dignidade humana e as condições materiais da existência não podem retroceder aquém de um mínimo, do qual nem os prisioneiros, os doentes mentais e os indigentes podem ser privados. (...) A retórica do mínimo essencial não minimiza os direitos sociais, senão que os fortalece extraordinariamente na sua dimensão essencial, dotada de plena eficácia, e os deixa incólumes ou até os maximiza na região periférica, em que valem sob a reserva da Lei. (op. cit., p. 263, 264)
41 A tutela aos direitos sociais, e em especial aos direitos do trabalhador,
RICARDO LOBO TORRES sustenta que embora esses direitos tenham tido, no
Estado do Bem-Estar Social, maior defesa, no Estado Neoliberal ele ainda é
objeto de especial tutela. Sobre a importância da efetivação da justiça social
nas relações do trabalho no estado neoliberal, assim dispôs:
Continua a ocupar lugar importante na reflexão sobre a cidadania e encontra o seu núcleo essencial nas questões vinculadas ao direito de trabalhar. Radica topograficamente no art. 7º da Constituição, que enumera os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, com vista à melhoria da sua condição social. (op. cit., p.270)
A justiça social não se limita tão somente em tutelar o direito do
trabalhador, mas se preocupa em seu sentido amplo em distribuir renda e
amparar diversos direitos sociais do ser humano, e encontra constitucional
insculpida no art. 6º da nossa Carta Magna que define os direitos sociais e em
outros artigos dispostos em nossa Constituição.
Conceituando justiça social, assim se expressou RICARDO LOBO
TORRES:
O conteúdo oferecido pela idéia de justiça social cifra-se sobretudo na necessidade de redistribuição de rendas, com a conseqüente proteção dos fracos, aos pobres e aos trabalhadores, sob a diretiva de princípios como os da solidariedade e igualdade. (op. cit., p. 271)
3.1.4 - Direitos sociais fundamentais?
Para RICARDO LOBO TORRES, os direitos sociais constitucionais são
na verdade princípios de justiça, normas programáticas ou de polícia,
dependendo sempre para sua eficácia, da concessão do legislador, através do
orçamento público para se concretizarem.
O supracitado doutrinador critica a posição da doutrina alemã em
classificar os direitos sociais como direitos fundamentais sociais, alegando que
o mesmo tempo que a doutrina alemã classifica os direitos sociais como
42fundamentais, ela restringe sua concretização a “reserva do possível”, e os
interpretam como diretrizes, não os enquadrando como “mínimo existencial a
ser tutelado pelo Estado”. Assim, RICARDO LOBO TORRES entende que
esses direitos não podem ser chamados de fundamentais, pois na verdade,
como meras diretrizes, não exibem garantias de direitos fundamentais.
Neste sentido:
a consideração dos direitos fundamentais sociais (sozialer Grundrechte) como mandados constitucionais (Verfassunsgsanfträge) na Lei Fundamental deve conduzir a diferenciá-los e separá-los dos direitos fundamentais (Grundrechten). Se não podem exibir as garantias dos direitos fundamentais, não deveriam formular-se e apresentar-se como direitos fundamentais. ((MELLO, 1999, p.279, apud BÖCKENFÖRDE,1992, p.158)
Defendendo que os direitos sociais não podem de uma forma simplista,
serem definidos como direitos fundamentais assim se manifestou RICARDO
LOBO TORRES:
Se a emergência dos direitos sociais modificou a equação liberdade/igualdade e deu novo colorido à temática da justiça social, nem por isso transferiu a lógica e as garantias dos direitos da liberdade para os sociais, nem metamorfoseou os direitos sociais em autênticos direitos sociais. (op. cit., p.285, 286)
RICARDO LOBO TORRES, trata os direitos sociais em sentido amplo
(aos quais conceitua como “máximo social”) de forma diversa dos direitos
mínimos sociais (que são os que se situam no campo da liberdade e dos
direitos fundamentais).
Outra questão abordada pelos doutrinadores como grande obstáculo
para exigir a eficaz tutela constitucional dos direitos sociais considerados como
mínimos sociais é a inexistência de critérios legais para identificar quais seriam
os direitos sociais a serem interpretados como mínimos sociais em cada
ordenamento, dependendo os mesmos de valoração interpretativa.
43Os direitos mínimos sociais dependem de uma valoração, que deve ser
feita à luz das necessidades sociais indispensáveis à existência e dignidade da
pessoa humana.
Entretanto nem sempre esse mínimo essencial é definido somente pelas
necessidades, mas também pela “reserva do possível”, eis que na grande
maioria as necessidades essenciais sociais não podem ser atendidas pelo
orçamento público.
Segundo RICARDO LOBO TORRES, nas últimas décadas o Brasil teve
que “desinterpretar” alguns direitos mínimos sociais.
Os doutrinadores JOÂO CARLOS ESPADA e JOSÉ GUILHERME
MERQUIOR também defendem a restrição dos direitos sociais ao mínimo
existencial, sem lhe atribuir eficácia dos direitos de liberdade.
Alguns sociólogos no Brasil e algumas ONGs assimilam os direitos
sociais aos fundamentais.
NORBERTO BOBBIO equipara os direitos sociais (de 2ª geração) aos
fundamentais e lhes estende a retórica dos direitos humanos.
Não seremos exaustivos em citar o posicionamento de toda a doutrina
sobre a questão, pois há ampla controvérsia sobre o tema e não comportaria
nesta obra.
3.2 - A tutela internacional dos direitos fundamentais:
Os direitos fundamentais têm sido tutelados não só na esfera interna dos
países, como também já há grande avanço na tutela desses direitos pelo
Direito Internacional Público, e especialmente quando se trata de direitos
humanos.
Os direitos fundamentais encontram grande tutela na Alemanha, tendo
vastas normatizações e jurisprudências sobre o tema. A Constituição Alemã
permite uma interpretação extensiva aos seus direitos constitucionais,
44estabelecendo no artigo 25 da sua Constituição que “as regras gerais de direito
internacional público fazem parte do direito federal”.
A Holanda tem suas normas constitucionais influenciadas pela
Comunidade Européia, chegando até mesmo a incorporar em alguns casos a
jurisprudência da Corte Européia de Direito dos Homens a seu direito interno.
Na França, quando o assunto é direitos humanos, o Direito Internacional
Público tem primazia em relação aos próprios direitos internos.
Os Estados Unidos adota o dualismo ente o DI e o direito interno, não
dando primazia absoluta aos tratados.
A Corte da Justiça das Comunidades Européias também oferece tutela
aos direitos individuais e os direitos humanos, sistematizando princípios
constantes nos tratados como também tratando os princípios gerais de direito
como direitos fundamentais da ordem jurídica comunitária e criando uma Corte
Européia de Direitos Humanos no âmbito do Conselho da Europa.
3.3- Tratados Internacionais de Direitos Humanos:
Sobre a prevalência dos tratados internacionais de direitos humanos em
relação às normas constitucionais internas que a eles se opõe, há duas
grandes correntes: a primeira corrente – defendida por Celso de Albuquerque
Melo – defende a superioridade dos tratados internacionais sustentando que
houve maior avanço do Direito Internacional Público e no Direito Constitucional
estrangeiro em relação ao direito interno; a segunda corrente – defendida por
Maurício Andreiuolo Rodrigues – defende que as normas constitucionais
internas devem prevalecer para proteger a intangibilidade do ordenamento
constitucional interno.
DANIEL SARMENTO sustenta que a solução para esta
prevalência ou não estaria também na Ponderação dos Princípios, para
propiciar o convívio entre valores e princípios antagônicos.
45 FLÁVIA PIOVESAN dispõe que os tratados de direitos humanos
têm o status de norma constitucional devido a disposição expressa no artigo 5º,
§2º da Constituição Federal que assevera que:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
Para demonstrar o escopo do legislador constitucional ao dar
especial tutela aos tratados que versam sobre direitos humanos,
transcrevemos o disposto por ANTONIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE,
responsável pela proposta do supracitado artigo em nossa Constituição:
O disposto no artigo 5ª da Constituição do Brasil de 1988 se insere na nova tendência de Constituições Latino-americanas recentes de conceder um tratamento especial ou diferenciado no plano do direito interno aos direitos e garantias individuais internacionalmente consagrados. (MELLO, 1999, p. 2, apud TRINDADE,1997, v. I, p. 407)
FLAVIA PIOVESAN, assim dispõe sobre os tratados que
versam sobre direitos humanos:
Em síntese, relativamente aos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos, a Constituição brasileira de 1988, nos termos do art. 5º, parágrafo 1º, acolhe a sistemática da incorporação dos tratados, o que reflete a adoção da concepção monista. Ademais..., a Carta de 1988 confere aos tratados de direitos humanos o status de norma constitucional, por força do art. 5º, parágrafo 2º. O regime jurídico diferenciado conferido aos tratados de direitos humanos não é, todavia, aplicável aos demais tratados, isto é, aos tratados tradicionais. (MELLO, 1999, p.19, apud PIOVESAN,1996, p. 111)
Já os tratados que não versam sobre direitos humanos, dependem de
um decreto de promulgação para serem incorporados em nosso ordenamento.
Celso de Albuquerque Mello, tratando da primazia do Direito
Internacional em relação ao direito interno, assim dispôs:
46O seu desenvolvimento está vinculado à cooperação internacional e a sua institucionalização através das organizações internacionais. A partir da década de 80 tem início da denominada globalização das relações internacionais econômicas, realizadas pelas empresas internacionais... O Direito sempre foi uma superestrutura que depende de uma infra-estrutura.Ora, se esta é alterada aquela também será alterada. Significa tudo isto que a tendência é no sentido de existir o primado do DI.A ordem internacional é quem define as competências que o estado possui. O próprio Estado só existe em função de tal ordem...Adotar uma interpretação diferente é e uma visão retrógrada e fora da realidade (op.cit., p.23 e 24)
E reiteramos o que Celso de Albuquerque Mello deixou claro em sua
obra: a Constituição de 88, no §2º do artigo 5º, constitucionalizou as normas de
direitos humanos constantes nos tratados internacionais.
Vale à pena observarmos que a interpretação de serem os direitos
sociais previstos em nossa constituição, direitos humanos, é que vai definir a
incidência ou não da constitucionalidade dos tratados internacionais previstas
no §2º, do art. 5º da nossa constituição.
Celso de Albuquerque Mello diz que o Brasil adota uma posição
ultrapassada no D Constitucional e no DIP e ela não será hábil para enfrentar
os problemas que surgem decorrentes de relações globalizadas.
Há hoje uma nítida consciência de que os direitos humanos são
necessários para se defender o ser humano da famigerada globalização.
47
CONCLUSÃO
O Neoliberalismo acabou por desencadear vários problemas no contexto
econômico e social, que clamam por soluções urgentes.
Se o Neoliberalismo trouxe avanços, solidificou potências, aumentou o
poderio de grandes organismos, instituições e conglomerados, a ele também
podemos atribuir grande parcela de responsabilidade pela marginalidade
social, pela degeneração da qualidade de vida, da concentração de renda e do
crescimento da dívida externa de muitos países (sobretudo dos
subdesenvolvidos).
A expansão dos mercados e a mundialização estratégica defendidas
pelos grandes conglomerados, holdings e multinacionais aumentou a injustiça
social. Neste período os países industrializados aumentaram ainda mais suas
rendas, enquanto que os países ainda em desenvolvimento endividaram-se
ainda mais.
O neoliberalismo viu nos estados não democráticos, maior campo para
seu crescimento. Países como Coréia do Sul, Hong Kong,Taiwan, Singapura e
Chile são exemplos disso.
Nas relações laborais, a ele podemos atribuir a adoção de novas
políticas de emprego com aniquilamento das legislações trabalhistas, as altas
taxas de desemprego e o crescimento do mercado informal de trabalho.
Assim, o modelo do Neoliberalismo entra em crise, pela falta de
mecanismos eficazes para resolver os problemas sociais e econômicos que ele
próprio instaurou, tais como: o desemprego crescente, o aumento da dívida
externa dos países e a mitigação dos direitos trabalhistas.
48 O sistema juslaboral está ineficaz, não atingindo seus fins precípuos,
pois muitos dos direitos sociais encontram-se caminhando num vazio de
inutilidade. Há ampla discussão doutrinária sobre a natureza desses direitos, se
fundamentais ou não, se máximos sociais ou mínimos existenciais. Essa
discussão tem como escopo definir a real efetividade outorgar pelo legislador
constitucional aos direitos sociais.
Nossos doutrinadores têm se dedicado na busca de mecanismos de
tutela para adequar o direito vigente à realidade, de forma que nosso
ordenamento possa prestar plena tutela, garantindo senão a todos, mas a
mínimos essenciais direitos, indispensáveis à dignidade da pessoa humana,
uma efetiva concretização.
Diversas propostas vêm sendo apresentadas para minorar os efeitos da
crise e trazer uma resposta eficaz aos problemas causados.
A promoção do desenvolvimento econômico com justiça social deve se
concretizar. O trabalhador precisa ser protegido e para que isso ocorra não há
necessidade de se tolher o desenvolvimento econômico.
Economistas também trazem suas propostas para minorar o problema
social, sustentando que o aumento da produtividade, trazido pela globalização,
pode perfeitamente compensar o preço da manutenção das garantias mínimas
do trabalhador, assim como a racionalização das atividades da empresa, a
modernização das estruturas, e o financiamento dos bens de produção
poderão compensar os gastos necessários com o mais importante insumo da
produção: o trabalhador. É necessário ajustar e equilibrar essa relação.
Há a necessidade urgente de construção de um novo modelo. O
momento pede a instauração de novos paradigmas que ofereçam solução
eficaz dos problemas sociais e econômicos. Novamente mais um modelo em
crise clama por mudança. O Estado necessita de uma nova estrutura.
Entretanto deve-se ponderar na propositura de mudanças, sopesando se as
alterações propostas não consistem na verdade em uma maquiada mitigação
dos direitos conquistados.
49
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