universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · 2012-06-26 · o bambu tem como característica...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O BAMBU E A SUSTENTABILIDADE
Por: Mário de Jesus Pires Carneiro da Silva
Orientador
Prof. Maria Esther Araújo
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O BAMBU E A SUSTENTABILIDADE
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Ambiental
Por: Mário de Jesus Pires Carneiro da Silva.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha Esposa Rusy Dias e
ao meu filho Tales, pela força e amor
que me tornam capaz de continuar a
caminhada.
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DEDICATÓRIA
Dedico à minha Mãezinha, Neves Pires
Carneiro, que com sua sabedoria me
mostrou a maneira reta de viver e
alcançar objetivos, sem ter que lesar o
próximo.
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RESUMO
Este estudo tenta tornar relevante o uso do bambu e contribuir com o
desenvolvimento sutentável, apresentando produtos de boa qualidade e com
ciclo de produção limpo, além de prever a redução dos impactos ao meio
ambiente. Procura-se levar em conta os fatores sociais, culturais, humanos e
econômicos, aplicando-se em sua cadeia de produção análise das
consequências ambientais positivas e negativas em todas as etapas, fazendo
com que todos; consumidor, empresários e poder público, repensem a maneira
de consumir , tendo os produtos originados desta matéria-prima como opção
ecologicamente concebível, com alta qualidade e economicamente viável.
O uso do bambu em substituição a outras matérias-primas será uma
alternativa viável diante do cenário mundial, em que as empresas buscam
formas mais adequadas de colaborar com a sustentabilidade sem deixar cair
sua lucratividade, este material poderá ser um grande aliado na nova cadeia
de produtos, o foco da sustentabilidade de um modo geral é avaliar todo o
ciclo de vida dos produtos.
Palavras-chave: bambu; sustentabilidade.
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METODOLOGIA
As informações e dados utilizados no desenvolvimento e na conclusão do
problema proposto, que foi foco deste estudo monográfico consiste em revisão
bibliográfica, pesquisas na internet, livros, revistas e artigos publicados na
mídia impressa relacionados ao bambu.
De acordo com Caraballo (2005) esta pesquisa é descritiva e exploratória,
pois esta gramínea apresenta 240 espécies e é pouco aproveitada, tendo
ainda muito potencial de exploração e comercialização de seus produtos,
contribuindo assim para a sustentabilidade do planeta.
O resultado esperado com a pesquisa poderá ser um diferencial no
segmento de produtos ecológicos, quebrando paradigmas de que estes são
caros, e assim, estimulando a sociedade a colaborar com a melhora do
planeta, pois a empregabilidade do bambu evitará que muitas árvores sejam
derrubadas.
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SUMÁRIO
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Desenvolvimento do Bambu 12
CAPÍTULO II - Utilizações do Bambu 16
CAPÍTULO III – Contribuição do Bambu na
Sustentabilidade 30
CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS 35
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INTRODUÇÃO
Nos dias atuais existe uma crescente preocupação na busca de novos
materiais que não causem danos ao meio ambiente. Não devemos esquecer
que essa preocupação seja somente em uma das etapas do processo de um
produto e sim em todo o seu ciclo de vida, desde sua fabricação até seu
descarte, o principal objetivo de ambientalistas e de empresas responsáveis, é
utilizar os recursos disponíveis na natureza sem agredi-la e que conviver com a
escassez de recursos tem sido um desafio para o homem moderno que busca
constantemente por materiais alternativos, que não poluam e que sejam
renováveis e duráveis.
O bambu tem como característica principal o fato de ser renovável,
podendo ser utilizado por completo sem perdas adapta-se aos mais diversos
locais, o seu formato, a sua resistência, a durabilidade, a beleza do vegetal e a
sua composição nutricional e seus elementos químicos são de extremo valor
biotecnológico. É através desses fatores, que já se agrega funções e
adequações ao bambu.
Segundo Caraballo (2005), da Equipe do Correio, Centro de Pesquisa e
Aplicação de Bambu na UNB: “Da flauta aos móveis, o bambu tem 1200
utilidades. A frase parece ter sido tirada de uma propaganda, mas é
verdadeira. A planta rende medicamentos fitoterápicos para o combate a
osteoporose. O broto de bambu é muito apreciado pelos adeptos da culinária
oriental, triturado o bambu serve de alimentos para os animais. Em seu
formato original, é usada na fabricação de móveis e artesanato, na construção
de casas. O material também vira instrumentos musicais, vigas, tábuas, pisos,
forros, papel, carvão e até tecido. No Brasil, país campeão em biodiversidade
das Américas, existem 240 espécies de bambu. A planta, no entanto, ainda é
pouco aproveitada...”.
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Existem exemplares de lanças e flechas feitas do bambu longo e fino
chamado “Yadake”. Os samurais já usaram armaduras feitas com “escamas”
de bambu. Cestas, uma vasta gama de utensílios culinários, esculturas,
máscaras, luminárias. O bambu fica especialmente bem encaixado nos
harmoniosos jardins japoneses, onde é usado como banco, portão ou tubo
para água corrente. (OTTON & ALMEIDA,2007).
Segundo Fuks & Andrade (1993), devido a suas especiais propriedades
físicas, fácil e rápida reprodução e por exigir ferramantas extremamente
simples para com ele trabalhar, o bambu se mostra indissoluvelmente ligado a
vida do homem, no passado e no presente. Foram compiladas mais de mil
aplicações da planta, em diversas culturas: fabricação de instrumentos
musicais de sopro e de cordas; na construção de edifícios e no reforço de
concreto, em substituição aos vergalhões de aço; confecção de cestos, redes e
utensílios domésticos, mobiliário, armas de guerra e ferramentas de tortura,
instrumentos cirúrgicos, ferramentas, alimentação, medicina e indústria
farmacêutica, brinquedos infantis, fabricação de papel, uso como combustível,
contenção de terrenos contra enchentes e terremotos, produtos para artes
pláticas e gráficas, tubulação de água e esgoto, instrumentos para caça e
pesca, indústria automobilística e aeronáutica, horticultura, ornamentação,
cabos trançados para reboque de navios, sustentação de pontes, guarda-
chuvas e muitas outras.
Sobre o foco principal deste trabalho, Beraldo & Azzini (2004), relata em
suas pesquisas que o bambu serve para fazer álcool, pois é rico em amido e
também na produção de carvão, pois se renova rapidamente, crescendo até 40
centímetros/dia.
Um problema que emperrou o aproveitamento do bambu foi a
dificuldade da sua multiplicação por semente. O plantio só é viável se feito com
brotos com gema, o que exige 30 toneladas de broto por hectare. Segundo
Beraldo & Azzini (2004) apud Queiroz (2005): “ Por semente é inviável porque
de maneira geral o bambu demora anos para florescer e frutificar”.
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Este trabalho se justifica devido a alta resistência do bambu, podendo
ser aplicado a diversos fins, apresenta grande durabilidade, é encontrado
em abundância em diversa regiões do planeta, destacando-se a América
do Sul e principalmente o Brasil, de fácil cultivo e rápido crescimento.
No aspecto social uso do bambu na produção de objetos, pode-se
destacar o surgimento de novas oportunidades de trabalho. Terá relação com
a cidadania, pois a produção poderá ser implantada em comunidades
carentes e a comercialização dos produtos, contribuirá para reduzir a pobreza.
A sociedade não utiliza o bambu, primeiro por um fator cultural,
segundo, falta de motivação.
Outra barreira para o uso do bambu é a falta de disciplinas ou cadeiras
específicas que tratem deste assunto nas Universidades brasileiras que
poderiam preparar profissionais para um novo mercado. Existem alguns cursos
de extensão na área, mas a nível de pós-graduação ainda não existem no país
(RAMOS, 2001).
Apesar de fazer parte de uma cultura milenar, e servir como fonte de
renda para mais de um bilhão de pessoas na Ásia, o bambu ainda é pouco
conhecido e divulgado nos países da América Latina, mesmo esta possuindo
grandes áreas florestais de bambu, destacando-se apenas alguns países,
como a Venezuela, Colômbia, Peru e Costa Rica, os quais promovem
pesquisas e exploração. Apesar disso, os estudos e aplicações na produção
industrial ainda é bastante restrito. (GAION et al, 2003).
Devido ao seu grande potencial de crescimento e expansão aliadas à
falta de utilização, o bambu tem sido considerado uma praga, e, portanto,
passível de exterminação. Nesse sentido, Kapos (2004), alertou para o fato de
que metade das 1200 espécies conhecidas de bambu esteja em perigo. Isto
deve-se a redução do habitat em que vive naturalmente. O autor enfatizou que
os grandes prejudicados são os animais dependentes dessa planta (Urso
Panda, por exemplo).
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Todo mundo concorda que os homens trabalham para satisfazer suas
necessidades. O desacordo começa a aparecer no momento em que se
procura concretizar quais são estas necessidades. É claro que os filósofos
trataram ampla e inteligentemente desse tema ao longo dos séculos, mas com
frequência suas elaborações serviram unicamente de base para formular
teorias, sem buscar com elas um direcionamento da ação prática. Entretanto,
ao denunciar situações reais em que certas necessidades ficavam insatisfeitas,
essas teorias se tornaram um elemento influente para provocar mudanças na
realidade. Nesse setor essencialmente prático que é o ambiente econômico
das empresas, tende-se a dar como certo que já sabemos o suficiente sobre
as necessidades humanas, através daquilo que o senso comum nos diz a
propósito do tema.
Na opinião de López, como as empresas dedicam-se à produção de
bens e serviços que satisfazem necessidades humanas, parece claro que, se
uma pessoa emprega seu esforço numa empresa, o faz para conseguir uma
parte destes bens e serviços, ou o seu equivalente em valor econômico. Se a
empresa funciona bem, será capaz de gerar suficiente valor econômico para
satisfazer os que contribuem com seu trabalho para gerá-lo.
Os resultados esperados com o uso do bambu em substituição a outras
matérias-primas será uma alternativa viável diante do cenário mundial, em que
as empresas buscam formas mais adequadas de colaborar com a
sustentabilidade sem deixar cair sua lucratividade, outras práticas precisarão
ser empregadas e, este material poderá ser um grande aliado na nova cadeia
de produtos, assim deixará de ser visto como um vilão e ficará livre da ameaça
de exterminação.
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CAPITULO I
1. DESENVOLVIMENTO DO BAMBU
O bambu cresce 30% mais rápido do que as espécies de árvores
consideradas como de rápido crescimento, e graças a esse crescimento
vigoroso, seu rendimento em peso por hectare ao ano é 25 vezes maior que o
da madeira. Calcula-se que o bambu obtido de uma área plantada em um
hectare de terra oferece um rendimento anual de 22 a 44 toneladas. (VELEZ,
2001 apud CASAGRANDE JUNIOR et al, 2002).
Ao contrário das árvores que demoram em geral de 15 a 100 anos para
atingir o total desenvolvimento, o bambu o atinge antes de um ano após ter
brotado, geralmente aos 100 dias. O crescimento é tão rápido que não existe
planta que o assemelhe. Em condições normais em 24 horas um colmo novo
alonga-se de 30 a 40 cm tendo sido registrado recordes de 120 cm em 24
horas. Ao acabar o desenvolvimento inicia-se o amadurecimento que atinge o
máximo nível entre os 3 a 6 anos. É nesse período que vai adquirindo maior
resistência para poder ser utilizado no artesanato, construção civil ou
fabricação de papel.
Depois do total amadurecimeto, comumente até aos 6 anos, a
resistência começa a decair na medida que o talo vai secando, começando
pela ponta ganhando uma cor amarela, até sua destruição que acontece antes
de um ano após o aparecimento das primeiras manchas amarelas.
(CULZONI& GHAVAMI,1985).
Segundo Casagrande Junior et al (2002), o espaço ocupado por uma
plantação de bambu é muito menor que o de qualquer outra espécie de árvore,
sua produtividade supera qualquer outra floresta plantada com espécie arbórea
de rápido crescimento, com a vantagem de não se fazer corte raso e a
produção ser anual, sem a necessidadede replantio, contribuindo para a
manutenção e recuperação do solo e do meio ambiente.
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A maioria dos bambus desenvolve-se em lugares onde a temperatura e
chuva variem de 9 a 36º C e de 1270 a 4050 mm anuais, a umidade relativa
seja maior que 80% e o solo possua conformação de silto-arenoso ou silto-
argiloso, bem drenado. Embora bambus sejam encontrados em regiões
pantanosas e úmidas, não se tem dados de crescimento em solos salinos.
(CULZONI & GHAVAMI,1985).
1.2 ORIGEM E DISSIMINAÇÃO DO BAMBU
O bambu, ao contrário do que se pensa, não é uma árvore e sim uma
gramínea. As espécies variam de tamanho, algumas podendo alcançar poucos
centímetros de altura, enquanto outras chegam mais de 40 metros, como é o
caso da espécie indiana Dendrocalamus giganteus, que atinge cerca de 30 cm
de diâmetro enquanto algumas espécies menores (herbáceas) podem chegar
a menos de 1 cm.
Segundo Hidalgo-López (2003), a origem dessa planta remonta o final
do período Cretáceo e início do período Terciário, por volta de 65 milhões de
anos atrás. Fósseis dessa planta foram encontrados na Colômbia, na área de
La Virgínia, a 140 km de Bogotá. No ano de 1086 na China, um barranco
desabou, abrindo um espaço de muitos metros revelando abaixo do solo uma
floresta contendo centenas de colmos e rizomas completos, todos
transformados em pedra.
“Pesquisas arqueológicas seguem na descoberta de usos de bambu
por culturas humanas há pelo menos 5000 anos” (VASCONCELLOS, 2002).
Segundo o National Geographic Channel, arqueólogos descobriram que o
bambu foi usado como ferramenta desde a idade da pedra lascada na Ásia.
Os bambuzais podem ser encontrados em latitudes 45º 30’ norte e 47º
sul. Sua principal área de distribuição é nos trópicos, em regiõers quentes e
chuvosas como na Ásia tropical, África e América do Sul, possuindo poucas
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espécies nas áreas temperadas. São encontradas em altidudes que variam de
0 até 4800 metros. (GAION et al, 2003).
Ainda, segundo Hidalgo-López (2003), há no mundo cerca de 1600
espécies de bambu distribuida em 121 gêneros. Geograficamente essas
espécies são encontradas nas áreas tropicais, sub-tropicais e temperadas,
com exceção da Europa, onde não há espécies nativas.
A distribuição aproximada de bambus nos continentes é de 67% na Ásia
e Oceania, 3% na África e 30% nas Américas.
Nas Américas existem cerca de 440 espécies de bambu, divididas em
41 gêneros, sendo que, aproximadamente 200 dessas espécies são nativas do
Brasil, porém, ainda há muitas espécies a ser identificadas. Essas espécies
estão distribuidas desde de a América do Sul, entre Argentina e Chile, até o
México e sul dos Estados Unidos.
Segundo Culzoni & Ghavami (1985), esta distribuição tem sido
modificada substancialmente pelo homem destruindo bambuzais para a
utilização da terra para outros fins ou simplesmente pela exploração
descontrolada. É assim que nos Estados Unidos, América Central e Colômbia
tem-se reduzido bastante as regiões onde a planta existia, mas também foram
introduzidas outras espécies que adaptaram-se rapidamente e são bem
utilizadas. (Fig. 1).
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Fig. 1 – Distribuição do bambu no mundo (Fonte: HIDALGO LOPEZ, 2003, p.33).
O Brasil conta com a maior diversidade e mais alto índice de florestas de
bambu em toda a América Latina. A Floresta Atlântica é a principal
responsável por essa diversidade, ou seja, estende-se desde a Paraíba até o
Rio Grande do Sul. (CASAGRANDE JUNIOR et al, 2002).
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CAPITULO II
2. UTILIZAÇÕES DO BAMBU
Neste capítulo será abordado as aplicabilidades do bambu de diversas
maneiras. Esta matérai-prima quando tratada, pode ser utilizada em
artesanato, movelaria, utensílios e instrumentos musicais, sendo também
utilizado na construção civil devido sua grande resistência e maleabilidade. Em
escala industrial obtém-se papel e cosméticos e ainda processado produz-se
carvão e álcool.
2. 1 Artesanatos e utensílios
Uma aplicação interessante, porque guarda certa analogia com as das
palhetas de instrumentos musicais, é a produção de varas de pescas
especiais. Sua feitura segue uma técnica milenar asiática que consiste em
cortar perfis de seção triangular com grande precição dimensional e de
acabamento, promovendo a união dos mesmos com adesivo, numa
determinada configuração. O “feixe” resulta numa vara extremamente
resistente, tenaz, flexível e vibrante, capaz de transmitir a um ´pescador
treinado as informções requeridas para o seu desempenho ainda que a uma
grande distância da isca e em situações com muitas interferências como vento
e correntes marítimas. Apesar da quase total substituição de varas de pesca
pelas em fibra de vidro e carbono, comparativamente baratas e de fácil
produção, as de bambu nunca foram superadas em qualidade (MARDEN,
1980).
O artesanato ainda é atividade em que há a maior popularização do uso
do bambu. São encontrados no mercado brincos, luminárias e objetos
decorativos. Com investimento de aproximadamente R$ 10.000,00 em
maquinário é possível montar uma oficina e alcançar ao menos R$ 5.000,00
mensais. (SEBRAESC, 2007).
Novidade que vem se propagando no Brasil é a malha feita a base de
fibra de bambu. As indústrias de confecção Döhler e Brusque já oferecem
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toalhas fabricadas com a matéria-prima, que apresenta maior capacidade de
absorção de água, além de secar mais rapidamente. (SEBRAESC, 2007).
O bambu também é usado na construção de pipas, bicicletas e skates.
O material serve ainda como substituto da fibra de vidro, produto nada
ecológico, na contrução de pranchas de surf. A gramínea tem como
propriedades a resistência e a flutuação necessárias à peça. (Fig. 2).
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Fig. 2 – Artesanatos e utensílios de bambu.
A - Jogo de chá (Fonte: http://www.mamulengo.com.br);
B – - Bicicleta (Fonte: http://www.gabeira.com.br);
C - Luminária (Fonte: http://img.mercadolivre.com.br);
D - Calha de bambu (Fonte: cooperativabambusa.tripod.com/id13.html);
E - Jogo de Banheiro (Fonte:
http://www.euroferragens.com.br/figurasLoja);
F - Cesto de bambu (Fonte: http://blog.ebiobambu.com.br).
2.2 Construção civil
Segundo Omane (2007), o bambu serve para muitas utilidades na
contrução. É usado na estruturação como coluna, viga e lastro entre outros.
Serve como telha, forro e maçaneta. È adequado para determinado
encanamentos de água. As casas contruidas de bambu são resistentes a
terremotos, como constatados nos terremotos da Colômbia. Nesta ocorrência,
a maioria das casas de concreto caíram, matando um número enorme de
pessoas. As de bambu resistiram.
Suas características estruturais tornam o bambu um material de
excelente qualidade. Arquitetos e engenheiros de todo o mundo o utilizam para
realizar criações únicas e modernas, com aspectos graciosos. Em países como
a Índia e na China o bambu é muito utilizado como andaime, e se torna
gigantescos esqueletos à volta dos prédios modernos, em cidades como Hong
Kong.
A recente produção em larga escala dos laminados de bambu, em
referência aos laminados de madeira, possibilitou um novo mercado na
utilização do bambu na construção. Com o bambu são feitos pisos e forros de
parede, além de uma série de outras aplicações.
Diversos modelos de estruturas de proteção e de elementos
construtivos têm sido comercializados. Entretanto, o pequeno produtor
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necessita de tecnologia diferenciada para a utilização de materiais alternativos,
que estejam disponíveis na propriedade, como, por exemplo, o bambu, a fim
de reduzir os custos de instalação. O bambu, por ser um material muito
versátil, largamente utilizado nos países asiáticos e latinos como materiais de
construção e encontrado comumente nas propriedades agrícolas, torna-se
uma opção interessante como matéria-prima para o estudo e desenvolvimento
de casas de vegetação. Possui ainda excelentes características mecânicas e
pode ser destacado seu rápido crescimento e rusticidade (HIDALGO-LÓPEZ,
1974; GHAVAMI, 1992).
Na Ásia temos os exemplos vivos mais antigos da arquitetura com
bambu, em templos japoneses, chineses e indianos. O Taj Mahal foi
estruturado por metal recentemente, quando substituiram a estrutura milenar
de bambu. A contrução de pontes de bambu na China é algo espetacular, com
vãos enormes e tencionados com cordas de bambu. Na África também
encontram-se muitas habitações populares construídas com bambu. (Fig. 3).
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Fig. 3 – Construções com bambu.
A – Construção de uma casa de bambu (Fonte:
http://www.lojaventura.com/imagens);
B – Ponte construída com bambu (Fonte: http://www.bambuaria.com);
C - Casa construída com bambu (Fonte:
http://www.bambujungle.com.br/projetos).
2.3 Instrumentos musicais
A construção de instrumentos musicais de bambu é também tradicional.
Desde as baquetas de tambores japoneses até os saxofones atuais, as
técnicas vão se desenvolvendo sem limites. Violões com tampo de bambu
laminado, flautas andinas (zanpoñas), flautas transversas e xilofones são
alguns dos instrumentos já feitos de bambu. (BAMBUBRASILEIRO, 2008).
A construção de instrumentos musicais de bambu substitui o uso de
madeiras nobres que são consumidas em grande escala pelas indústrias,
tornando, portanto ecologicamente correto, economicamente viável e
socialmente justo, alem de evidenciar a cultura milenar e universal dos
instrumentos musicais de bambu. (BAMBUZAL, 2008).
A proposta do projeto Sons do Bambu foi apresentada por Melo ao
Instituto do Bambu, com o apoio da Universidade Federal de Alagoas, no ano
de 2003. O objetivo era pesquisar as qualidades sonoras do bambu, criar,
construir e tocar protótipos de instrumentos musicais construídos com bambu.
Com formas muito elegantes, têm sons muito finos e suaves, tornando as
peças muito valiosas e artísticas.
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Melo (2003), disse na entrevista que se inspirou na orquestra de bambu
do Japão e contou com o apoio do Professor Eduardo Lyra para concretizar a
idéia na Ufal. Atualmente o grupo desenvolve tecnologia para construção de
instrumentos musicais de bambu e alcançou vários resultados, entre eles, a
criação de uma tecnologia social de construção de instrumentos musicais de
bambu, inédito no Brasil. Além disso, os integrantes promovem um curso de
fabricação de instrumentos musicais de bambu e realizam apresentações com
o grupo musical que fabrica e toca instrumentos de bambu, o Grupo Bambuzal.
(Fig. 4).
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Fig. 4 – Instrumentos de bambu.
A - Sax de bambu (Fonte:
http://www.bambubrasileiro.com/info/design/5.html);
B - Xilofone de bambu (Fonte:
http://www.bambubrasileiro.com/info/design/5.html);
C – Bandolim de bambu (Fonte: http://www.macaumuseum.gov);
D - Flautas de bambu (Fonte: http://www.morizono.com);
E – Tambores de bambu (Fonte:
http://www.fernandosardo.mus.br/figuras/tbambu.jpg).
2.4 Laminados
Dentre as indústrias que utilizam o bambu como matéria-prima,
destacam-se as de piso laminado, que atualmente produzem, em escala
industrial, pisos laminados de alto padrão de acabamento. Analisando-se este
processo industrial de laminação do bambu juntamente com o da madeira
laminada colada (Bono, 1996) observa-se que eles podem ser aplicados na
fabricação de peças estruturais de bambu laminado colado (BLC) associados à
madeira de reflorestamento. A tecnologia do bambu laminado colado,
basicamente elimina os problemas de cisalhamento e geometria, permitindo
que este material tenha utilização mais racional na engenharia estrutural.
Fig. 5 – Laminados de bambu.
(Fontes: http://www.rainforestrelief.org/documents/Amber_Plyboo.jpg e
http://www.robin-reigi.com/assets/l_strand1whitesmall470.jpg).
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2. 5 Movelaria
Acredita-se que 15% da floresta Amazônica vira móveis, uma situação
que pode mudar com a popularização dos móveis de bambu, poupando
madeiras nobres e em extinção como cedro, jatobá e mógno. Além disso,
usuários garantem que o contato físico com a leveza e a textura orgânica de
um móvel de bambu é repousante e harmoniosa. (Fig. 6).
Fig. 6 – Móveis de bambu.
A - Banco (Fonte:
http://www.bambubrasileiro.com/empresa/moveis/bancofmp2.html);
B - Mesa com 4 cadeiras (Fonte:
www.bambujungle.com.br/projetos.html);
C - Cama (Fonte: www.bambujungle.com.br/projetos.html);
D - Jogo de sala (Fonte: www.bambujungle.com.br/projetos.html).
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2.6 Medicina, alimentação e cosméticos
Segundo Corrêa (1975) apud Junior (2003), os brotos de bambu a
séculos fazem parte da dieta de chineses, japoneses e indianos, dando origem
a uma variedade incrível de pratos tradicionais, fritos, assados, fervidos e
secos. Porém, as vantagens da utilização do broto de bambu não se restringe
aos deliciosos pratos resultantes. Atualmente a medicina ocidental está
descobrindo o que a oriental já sabe a muito tempo, a riqueza em nutrientes
(proteína vegetal, fibras, cálcio, aminoácidos, fósforo, vitaminas B1, B2 e C),
além de seu potencial medicinal, que hoje já é indicado na ajuda da digestão
estimulando os movimentos peristálticos do estômago e intestino, como
antihemorrágico, na prevenção e cura de doenças cardiovasculares, no
combate a eplepsia infantil, na cura e erupções da pele e na diminuição da
gordura e pressão sanguínea e até mesmo a utilização de chá feito das folhas
do bambu para tosse.
Ainda segundo Junior, esta planta também é responsável pelo combate
a fome em países pobres, principalmente na Ásia. O alto valor alimentício de
sua semente e de seus brotos atenuaram muito a fome e a carência de
nutrientes de pessoas carentes na Índia durante o último século, já que pode
ser usado tanto para alimentação humana, tanto como forrageira para
alimentação de bois, búfalos e elefantes e ainda como adubo verde para
hortas e pequenas plantações. Uma frase atribuida a Confúcio sintetiza o
pensamento oriental sobre o bambu: “nós podemos viver sem carne; nós não
vivemos sem bambu”.
Segundo Caraballo (2005), B1, B2 e C, cálcio e fósforo, são as
principais vitaminas encontradas no broto de bambu. Na medicina popular. As
folhas e o broto são recomendados contra tosse, nervosismo, afecções nasais,
desinterias e problemas estomacais.
Segundo Crook (1994) apud Otton & Almeida (2007), o comércio e a
produção de brotos em todas as formas é a fonte de riqueza das nações como
a China, Hon Kong e Vietnã. No ano de 1992 a China exportou cerca de 90 mil
25
toneladas de brotos e com isso recebeu o equivalente a a aproximadamente
90 milhões de dólares americanos. O Japão, nos anos de 1993 a 1997,
importou de vários países 2,6 mil toneladas de brotos de bambu comestíveis,
pagando cerca de 3 milhões de ienes.
A industria de cosméticos também tem descoberto propriedades
importantes na seiva do bambu que se mostrou ideal para o tratamento de
peles mistas. Os açúcares e minerais recuperam a elasticidade da pele e já
vem sendo incorporados aos produto da indústria de cosméticos Natura.
(SEBRAESC, 2007). (Fig. 7).
Fig. 7 – Cosméticos e alimentos à base de bambu.
A - Xampus Avon Naturals (Fonte: http://store.avon.com.br);
B – Xampu OX Farmalife (Fonte: http://www.farmalife.com.br);
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C e D - Iguarias feitas com Broto de bambu (Fonte:
http://portuguese.cri.cn/mmsource).
2.6.1 “Terapia dos pauzinhos mágicos”
Segundo Peixoto (2007), massagem com bambus combina a técnica da
drenagem linfática com relaxamento para acabar de vez com a celulite. A
terapia usa o toque das mãos e massagem com bambus de espessuras
variadas para aliviar as tensões, reduzir as retenções hídricas e melhorar a
qualidade do sistema circulatório. O tratamento acelera o sistema linfático e
ajuda a eliminar as toxinas.
Criada pelo francês Gill Amsallem, a massagem com bambus é indicada
para energizar e relaxar tecidos e fibras musculares de todo o corpo.
Associada aos óleos essenciais, os pauzinhos rolam e giram nos relevos
musculares desenhando e moldando a silhueta. Com esta técnica, o
profissional atua sobre a dinâmica dos fluidos e estimula a circulação. (Fig.8).
Fig. 8 – Terapia com bambu.
(Fonte: http://oglobo.globo.com/fotos/2012/09/17/17_MHG_bambu.jpg).
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2.7 Papel
A maior prova de viabilidade da cultura comercial do bambu é a
produção de celulose. Para se iniciar uma produção de celulose a partir de
fibra de bambu deve-se começar pela plantação de bambu, preferencialmente
a espécie Bambusa vulgaris. O manejo da floresta de bambu não trás danos a
natureza, devido a sua formação que possui 4 vezes mais mata folhear do que
as lenhosas, no sistema radicular horizontal, além de ter um tempo entre
colheita de apenas dois anos. O bambu é uma planta perene e suporta até
cem cortes sem a necessidade de replantio. (SBRT, 2007).
Segundo Queiroz (2005), do jornal eletrônico O Estado de São Paulo -
Agrícola: “o papel feito da celulose de bambu é um dos únicos que, por sua
porosidade e resistência, serve para fazer filtros descartáveis para café. Por
sua resistência ao rasgo, é escolhido para embalagens como sacos de
cimento. Entretanto, só no Maranhão há fábrica de celulose de bambu, que no
restante do País é usado apenas para decoração, varas de pescar e cercas-
vivas, entre outros usos.”
Ainda segundo os pesquisadores Beraldo & Azzini (2004) do Instituto
Agronômico (IAC), a maior prova da viabilidade da cultura comercial do bambu
é a produção de celulose. “Como o bambu tem fibra longa, de 3 a 4 milímetros
de comprimento, e como o lúmen, o espaço vazio dentro da fibra, é estreito,
quando as fibras se acumulam para a produção de papel elas não se
esmagam, mas mantêm sua forma, resultando num papel poroso e resistente.”
Junior (2003), coordenador Nacional da Rede de Informações
AMBIENTE TOTAL, também cita que, outra utilização impotante é na
fabricação de papel, que tenha a mesma qualidade que o papel de madeira. O
bambu oferece seis vezes mais celulose que o pinheiro além de crescer muito
mais rápido. Suas fibras são muito resitentes e tem qualidade igual ou superior
a fibra de madeira, substituindo assim o uso tradicional e, muitas vezes,
irresponsável de árvores importantes para os ecossistemas. O Brasil é o único
28
país das Américas a ter uma indústrias de papel de bambu, com uma grande
plantação no Estado do Maranhão.
Os principais papéis gerados a partir dessa pasta são o kraft de baixa
gramatura e o papel cartão duplex. As duas fábricas produtoras de celulose
apartir de bambu são as empresas Itapagé e Portela, ambas do grupo João
Santos, localizadas no Maranhão e produzindo cerca de 150 mil toneladas de
celulose por ano.
A espécie escolhida por essas empresas , depois muitos anos de
pesquisa, é a Bambusa vulgaris, que produz fibra longa de alta resitência
física, capaz de garantir excelentes entrelaçamentos, segundo fontes da
empresa. A Portela, empresa pertencente ao grupo que está instalada em
Pernambuco, fabrica a partir da celulose de bambu 6 mil toneladas/mês de
papel para embalagens e sacarias, dos quais entre 20% a 30% são
exportados. A Itapagé, outra impresa do Grupo, localizada no Maranhão,
fabrica 6,5 mil toneladas/mês entre kraft plano e cartões.
2.8 Carvão e álcool
O carvão de bambu, segundo Caraballo (2006), é recomendado pela
excelente qualidade e porque o crescimento rápido da planta permite equilibrar
a emissão e a absoção do gás carbônico.
O consumo de energético para obtenção de outras matérias primas,
através da querima de combustíveis fósseis e não renováveis acabam emitindo
gases para a atmosfera, acelerando o processo de aquecimento global. Neste
caso, o bambu é o material de mais baixo consumo energético, devido ao fato
de que este não necessita de transformação, pois possui naturalmente forma
adequada, acabamento e resistência. (CASAGRANDE JUNIOR et al, 2002).
Para Beraldo e Azzini (2004), a produção de carvão de bambu
representa uma nova alternativa tanto para o setor agrícola como industrial,
sendo que contribui para a preservação das florestas nativas, pois dois terços
29
das madeiras uitlizadas na produção de carvão são provenientes de matas
nativas.
De acordo com SangBum et al. (2002), o líquido pirolenhoso (álcool)
pode aumentar o nível de renda dos produtores de bambu, pois apresenta um
alto valor agregado.
A quantidade de líquido pirolenhoso depende da idade e da espécie do
bambu, das condições de carbonização e dos métodos de coleta e
armazenamento desta substância. (QISHENG et al. , 2003). (Fig. 9).
processado de modo que a umidade pode ser retirada. Outra vantagem
do bambu é que ele tem menos umidade do que as madeiras de florestais.
Todo o método de processamento e resultados de conversão para a criação
das pastilhas de bambu foi aceito podendo ser usados para a combustão.
Fig. 9 - Carvão de Bambu.
(Fonte: http://www.ibama.gov.br/ambtec/img/artigos/696.JPG).
30
CAPITULO III
3. CONTRIBUIÇÃO DO BAMBU NA SUSTENTABILIDADE
Atualmente, com a crise ambiental no mundo, enfatizada pelo problema do
aquecimento global, e com a elevação dos preços da madeira, devido à
escassez e restrições legais à sua exploração, o bambu surge como uma
alternativa interessante. A principal vantagem desta gramínea é o rápido
crescimento e a frequente emissão de novos brotos, garantindo a regeneração
acelerada das plantas e a sustentabilidade do manejo. Outra vantagem é a
grande versatilidade de usos, principalmente na indústria, na construção civil e
de fibras vegetais, com destaque para papel e celulose, além da fabricação de
móveis, carvão, álcool, artesanato e na alimentação, já que os brotos de
algumas espécies são comestíveis.
Baseado na pesquisa realizada, chegou-se à conclusão de que o bambu
pode e deve ser utilizado em grande escala, para isto, é preciso que o
empresariado invista em tecnologia e capacitação de mão-de-obra, que a
comunidade tome conhecimento da importância do seu papel neste novo
seguimento e passe a inserir, em seu cotidiano a preocupação com os
aspectos e impactos ambientais. Os produtos com certificação ecológica são
muito bem aceitos nos países europeus e Estados Unidos, podendo o Brasil
aproveitar esse nicho de mercado para um crescimento econômico e, talvez
criar uma identidade própria para o seu produto genuinamente ecológico.
Como uma das opções mais econômicas, o bambu foi abordado na
pesquisa como um material pouco valorizado no Brasil, mas que pode ser
determinante no seu desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma matéria-
prima de grande abundância no País, de rápido crescimento, resistente, leve e
forte.
As vantagens do bambu superam bastante suas poucas desvantagens. Pelos
critérios avaliados, ficou evidente a adequação do bambu como matéria-prima
que não causa danos ambientais, pelo contrário: protege o solo, pois é um
31
fixador de carbono da atmosfera, ajudando a diminuir o efeito estufa. Trata-se
de um produto sustentável, de fácil plantio e propagação.
Para que seu uso seja disseminado no Brasil, é necessário ter conhecimento
de suas características e qualidades e acabar com o estigma de que o bambu
é “mato”.
Quando se fala em bambu, normalmente faz-se uma referência ao termo:
“madeira de pobre”, mas se as autoridades públicas incentivarem e
fomentarem as pesquisas, criando cadeiras sobre o assunto nas
universidades, tal conceito será derrubado e logo será ampliada a cadeia de
produção mais limpa.
O bambu pode complementar ou mesmo se tornar a principal fonte de renda
para muitas famílias, pois surgiram novos frentes de trabalho.
No que se refere a indústria da celulose e ao papel para a indústria gráfica,
é comum, na fase de projetação, haver uma preocupação por parte dos
empresários e distribuidores em reduzir custos e ter um melhor
aproveitamento de papel, mas não há um interesse em relação à maneira em
que este papel foi produzido, se houve degradação do solo, quanto tempo e
recurso foram gastos na sua produção.
O bambu foi abordado neste trabalho como um exemplo da viabilidade na
produção de uma enorme cadeia de produtos, com produção mais limpa e com
custo mais baixo.
O mercado relacionado ao bambu é amplo e com grande potencial de
crescimento, por ser uma matéria-prima versátil, com diferentes usos
industriais. O vasto mercado e a sustentabilidade socioambiental reconhecida
em outros países, realçam o potencial do bambu visando tanto à melhoria da
qualidade de vida de pequenos agricultores familiares quanto ao agronegócio
brasileiro, principalmente para aquelas empresas que buscam a
sustentabilidade socioambiental. Nesse sentido, a articulação entre instituições
de pesquisa e fomento constitui estratégia fundamental para desenvolvimento
da cadeia produtiva do bambu no Brasil. De um modo genérico,
sustentabilidade significa: exercer atividade econômica sem esgotar
os recursos do planeta, de forma a atender as necessidades das sociedades
32
humanas contemporâneas, desenvolver métodos ambientalmente corretos
de produção e consumo, que garantam integridade dos ecossistemas e
qualidade de vida dos seres vivos e estabelecer novos parâmetros de
cidadania e convivência, que reduzam a pobreza, doenças e a fome e criem
caminhos para uma sociedade mais harmoniosa e justa. Produto ecológico é
todo artigo de origem artesanal ou industrializada, de uso pessoal, alimentar,
residencial, comercial e agrícola, que seja não- poluente, atóxico, benéfico ao
meio ambiente e à saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento
de um modelo econômico e social sustentável.
33
CONCLUSÃO
As informações compiladas neste estudo permitiram visualizar que os
setores de construção civil, de carvão vegetal, artesanato e movelaria que
utilizam bambu se encontram ainda em processo de desenvolvimento e com
caráter bem informal; estes setores precisam superar ainda a barreira do
preconceito em relação à qualidade e durabilidade dessa matéria-prima.
As informações permitem também concluir que um setor em potencial é o de
laminação, porém apresenta estágio de desenvolvimento mais lento ema
relação aos anteriormente mencionados, pois requer investimento maior em
tecnologia e pesquisas para incluir o bambu como material substituto da
madeira.
Com relação à cadeia produtiva de bambu delineada neste estudo conclui-se
que os produtores ainda são de pequeno porte, com pouca ou nenhuma
técnica adequada de manejo dos bambuzais. O comércio dos produtos de
bambu precisa ser mais divulgado nos meios de comunicação mais populares,
pois atualmente só são encontadas informações sobre este novo nicho em
revistas e artigos ligados a esta planta.
Não é nítida a distinção entre transformadores e intermediários, visto que às
vezes aqueles são os próprios produtores e intermediários e há ainda casos de
que um mesmo ator atua em todos os elos da cadeia (cultivo, produção ,
transformação,comercialização e consumo).
A comercialização feita não tem padrão definido quanto a forma, pois o
produto varia amplamente.
Em relação aos consumidores, não foi possível compilar informações sobre
os consumidores finais, pois ainda é preciso diagnosticar e pontuar a
satisfação destes clientes com a qualidade dos produtos.
O governo Federal, através do Ministério do Meio Ambiente, demonstra
interesse em incentivar o uso do bambu no país, porém ainda sem resultados
concretos, faltam ainda a criação de cadeiras nas universidade sobre o
assunto e a formação de associações em todas as regiões do Brasil, pois são
de grande importância para dissiminar e fortalecer esta cadeia produtiva.
34
Conclui-se que a cadeia produtiva do bambu no Brasil se encontra ainda
dispersa, porém em processo de desenvolvimento.
E, finalmente, estudos mais detalhados da cadeia produtiva do bambu
devem ser desenvolvidos, buscando caracterizar seu diversos segmentos.
35
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