trabalho final - bambu

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Alessandra Vertuan Santos Bruna Lopes Ribeiro Bruna Mantovani de Souza Giovanna Nazima Fioravante Bambu na Construção Civil

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Page 1: Trabalho Final - Bambu

Alessandra Vertuan SantosBruna Lopes Ribeiro

Bruna Mantovani de SouzaGiovanna Nazima Fioravante

Bambu na Construção Civil

Londrina2011

Page 2: Trabalho Final - Bambu

Alessandra Vertuan SantosBruna Lopes Ribeiro

Bruna Mantovani de SouzaGiovanna Nazima Fioravante

Bambu na Construção Civil

Trabalho apresentado à disciplinaENGC 1003 – Comunicação e Metodologia

da Pesquisa em Engenharia,

Orientadora Adriana Macedo P. Faganello

Londrina2011

Page 3: Trabalho Final - Bambu

Critérios de Avaliação

Regular Bom Muito bom Ótimo Excelente

20 40 60 80 100

Participação em Equipe /

Assessoria

Participou de todas as aulas e assessorias.Contribuiu para a execução do trabalho com respeito e organização com o grupo.Teve um envolvimento efetivo em todas as fases do trabalho proposto de forma ativa, investigadora, e inovadora.

Normas da ABNT

O trabalho foi realizado seguindo as Normas da ABNT e o roteiro deste trabalho.

Elementos textuais

Realizaram a revisão bibliográfica sobre o assunto.Utilizaram todas as formas de citações estudadas

Construção de conhecimento

Através do trabalho realizado a equipe contribuiu cientificamente, construindo um conhecimento.

ApresentaçãoEntregou o trabalho de forma organizada e completa, conforme o roteiro especificado.

Page 4: Trabalho Final - Bambu

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossos pais e familiares, por investirem e

acreditarem em nosso potencial. Além disso, por toda a paciência e tempo roubado,

e por estarem sempre presentes, colaborando em nossas pesquisas.

Page 5: Trabalho Final - Bambu

AGRADECIMENTO

Agradecemos primeiramente a Deus, por tudo.

À professora e engenheira Adriana Macedo P. Faganello, pelo seu incentivo e

interesse para com o desenvolvimento do nosso trabalho.

Ao professor e engenheiro Julio Cesar Filla, pela colaboração na pesquisa de

bibliografia diferenciada.

Não podemos deixar de lembrar também do Baixinho, que nos trouxe os

bambus verdes e tratados para que pudessem ser feitas as observações

necessárias.

Page 6: Trabalho Final - Bambu

“No bambu, o colmo oco guarda umas águas que não se

sabe de onde. Surge mínimo e em tempo pouco, já domina a

paisagem. Depois da bomba em Hiroshima, foram os bambus

os primeiros a reverdecer sobre a tragédia. Foram os bambus

que trouxeram aos homens o futuro, o nascimento imperioso

do continuar sempre.”

Rubens da Cunha

Page 7: Trabalho Final - Bambu

RESUMO

O setor da construção civil é um dos maiores responsáveis pela degradação do meio

ambiente. Sendo assim, com a consequente escassez de recursos, há cada vez

mais a necessidade de encontrar meios alternativos de construção, que sejam

capazes de causar menos degradação e poluição. Uma das alternativas

encontradas foi substituir o uso da madeira por bambu em vários tipos de

construções, por constituir um material barato, sustentável e abundante na maioria

das regiões brasileiras.

Palavras-chave: bambu, engenharia civil, sustentabilidade, construção.

Page 8: Trabalho Final - Bambu

ABSTRACT

The construction industry is one of the most responsible for environmental

degradation. Thus, with the consequent lack of resources, there is increasing need to

find alternative means of construction, which are capable of causing less

degradation and pollution. One alternative has been found to promote the use of

bamboo instead of wood in various types of buildings, for being an inexpensive

material, sustainable and abundant in most parts of Brazil.

Keywords: bamboo, civil engineering, sustainability, construction.

Page 9: Trabalho Final - Bambu

LISTA DE FIGURAS

Page 10: Trabalho Final - Bambu

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação vegetal do bambu

Page 11: Trabalho Final - Bambu

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INBAR – Internation Network for Bamboo and Rattan.

INPA – Instituto Nacional de Pesqueisas da Amazônia

Page 12: Trabalho Final - Bambu

LISTA DE SÍMBOLOS

Page 13: Trabalho Final - Bambu

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. BAMBU

2.1. Introdução

2.2. Espécies

2.3. Espécies mais encontradas no Brasil

2.4. Crescimento

2.5. Corte e Manejo

2.6. Tratamento

2.6.1. Secagem dos Colmos

2.6.2. Tratamento químico contra insetos e fungos:

3. BAMBU NA CONSTRUÇÃO CIVIL

3.1. Introdução

3.2. Propriedades

3.3. Vantagens e desvantagens

3.4. Tipos de encaixes

3.5. Elementos Construtivos

4. CONCLUSÃO

5. REFEÊNCIAS

6. GLOSSÁRIO

7. ANEXOS

8. APÊNDICES

Page 14: Trabalho Final - Bambu

1. INTRODUÇÃO

O setor da Construção Civil é um dos maiores responsáveis pela degradação do

meio ambiente, pois, até pouco tempo, não havia qualquer tipo de preocupação

referente ao desperdício de materiais e descarte dos mesmos. A contínua

degradação ambiental obrigou a sociedade a encontrar meios alternativos de

construção, e um deles foi à utilização do bambu, substituindo a madeira.

O bambu é considerado um dos materiais mais antigos utilizados na construção

civil. Apresenta características extremamente diferentes dos demais materiais

utilizados no setor, como leveza, resistência, rápido crescimento e baixo custo. Além

disso, por ser um recurso renovável e sustentável, tem se mostrado viável à

substituição da madeira, devido à sua rápida implantação.

O presente trabalho manterá seu foco no tratamento do bambu, sua utilização

na construção civil e os prós e contras desta alternativa ecológica.

Page 15: Trabalho Final - Bambu

2. BAMBU

Page 16: Trabalho Final - Bambu

2.1. Introdução

O bambu é uma gramínea pertencente ao Reino Vegetal, classificado de acordo

com a tabela abaixo:

Reino Vegetal

Família Gramineae ou Poaceae

Subfamília Bambusoideae

Tribos Herbáceos e Lenhosos

Tabela 1 – Classificação vegetal do bambu

O bambu é composto de duas partes principais: a parte subterrânea e a parte

aérea. A subterrânea é composta de rizomas e raízes (Figura 1), onde os rizomas

são responsáveis pela propagação vegetativa, e as raízes pela captação de

nutrientes e água do solo. A parte aérea é composta de colmo (Figura 2) (vara de

bambu), galhos e folhas (Figura 3).

Em visita ao Parque Arthur Thomas, na cidade de Londrina, Paraná, foram

observadas algumas partes específicas do bambu, como visto nas figuras 1, 2 e 3.

Figura 1 - Raízes aéreas do bambu

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

Page 17: Trabalho Final - Bambu

Figura 2 - Folhas de bambu

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

Figura 3 - Caule de bambu

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

Page 18: Trabalho Final - Bambu

2.2. Espécies

Todas as espécies de bambu têm suas particularidades, tamanho, espessura,

formas, cor e diferentes resistências, onde cada tipo é específico para cada uso.

São compostos por aproximadamente 90 gêneros e 1500 espécies

espalhadas pelo mundo, onde a cada dia, novas espécies são descobertas.

Os vários tipos existentes incluem desde espécies pequenas, com até 1

metro de comprimento, geralmente estes mais utilizados para

ornamentação, até os que chegam a atingir 25 metros, considerados como

sendo espécies gigantes.

A espécie de bambu mais conhecida no mundo é a Phyllostachys aurea,

aqui chamado de "bambu-mirim", e la fora de "Golden Bamboo", "Fishing

pole Bamboo" entre outros. Ele é um bambu de rizomas leptomorfos, por

isso mais adaptado ao clima temperado. Mas vemos no Brasil muitos

bambus que nos parecem ser desta espécie, e com mais de 5 centímetros

de diâmetro. Segundo Luc Vittry isto é uma discrepância, e a espécie deve

ser outra. É usado para varas de pescar, estruturas, móveis e trançados

pela sua grande resistência. (VASCONCELLOS, 2004)

De acordo com Vasconcellos (2004), o único continente em que o bambu não

ocorre naturalmente é o europeu.

 Dentre as muitas espécies, algumas são apresentadas abaixo, cada uma com

suas definições, representadas pelas figuras de 4 a 19.

Bambu nigris (Figura 4)

• Altura: 3 metros

• Diâmetro: 2,50 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: Bambu preto, pequeno porte, muito bom para jardins, muros e

cerca viva.

Page 19: Trabalho Final - Bambu

Figura 4 - Bambu nigris

Fonte: Neuding, 2010

Bambusa multiplex (Figura 5)

• Altura: 5 metros

• Diâmetro: 3 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: Bambu muito bom para jardins, cercas vivas e caminhos.

Figura 5 - Bambusa multiplex

Fonte: Neuding, 2010

Bambusa vulgaris (Figuras 6 e 7)

• Altura: 30 metros

• Diâmetro: 20 cm

Page 20: Trabalho Final - Bambu

• Entouceirante: não alastra.

• Características: bambu de grande porte para barreira de vento, barulho e

fechar grandes espaços, colmos com 10 a 15 cm, entouceirante, folhas e hastes

verdes.

Figura 6 - Bambusa vulgaris Figura 7 - Bambusa vulgaris

Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010

Bambusa vulgaris vittata (Figura 8)

• Altura: 30 metros

• Diâmetro: 20 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: bambu de grande porte amarelo com listras verdes, é um

primo do vulgaris com as mesmas características de tamanho e utilidades.

Page 21: Trabalho Final - Bambu

Figura 8 - Bambusa vulgaris vittata

Fonte: Neuding, 2010

Dendrocalamus minor (taquarinha ou vara de pescar) (Figura 9)

• Altura: 20 metros

• Diâmetro: 15 cm

• Alastrante moderado

• Características: bambu verde, de médio porte, hastes finas e alongadas, muito

usado perto de lagos ou rios, contem erosão.

Figura 9 - Dendrocalamus minor

Fonte: Neuding, 2010

Page 22: Trabalho Final - Bambu

Dendrocalamus giganteus (bambu gigante) (Figuras 10 e 11)

• Altura: até 40 metros

• Diâmetro: 40 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: maior dos bambus. Muito bom para estradas, barreiras de

vento e barulho. Usado para fechar grandes espaços, ideal para formação de

cercas, quiosques e catedrais, haste verde, folhas largas e os colmos vão

engrossando no broto à medida que amadurece.

Figura 10 - Dendrocalamus giganteus Figura 11 - Dendrocalamus giganteus

Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010

Guadua angustifolia Kunth (bambu colombiano) (Figura 12)

• Altura: 30 metros

• Diâmetro: 25 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: bambu de grande porte com os nós brancos, muito usado para

fazer construções. Possui aparência exótica, com colmos distantes entre si

aproximadamente 0,5m, largamente utilizados em arquitetura e estruturas rurais.

Caracterizam-se pela cor verde intensa e faixa branca nos entrenós.

Page 23: Trabalho Final - Bambu

Figura 12 - Guadua angustifolia Kunth

Fonte: Neuding, 2010

Metake ou chinensis (Figura 13)

• Altura: 5 metros

• Diâmetro: 3 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: Bambu ornamental muito usado para cercas vivas, fechar

muros e espaços. Possui o caule bem reto e folhas verdes escuras. Bambu fino

folhas verdes escuras, suas hastes são bem retas. Atinge 3 metros de altura, é

entouceirante.

Figura 13 - Metake ou chinensis

Fonte: Neuding, 2010

Page 24: Trabalho Final - Bambu

Pleiobastus variegatus (Figuras 14 e 15)

• Altura: 5 a 6 metros

• Diâmetro: 2,50 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: bambu ornamental fino com folhas variegatas brancas e

verdes, muito útil para jardins, fechar muros e formar cercas vivas.

Figura 14 - Pleiobastus variegatus Figura 15 - Pleiobastus variegatus

Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010

Phylostachys viridis (Figura 16)

• Altura: 30 metros

• Diâmetro: 10 a 15 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: bambu ornamental, amarelo com listas verdes, folhas mais

finas verdes claras.

Page 25: Trabalho Final - Bambu

Figura 16 - Phylostachys viridis

Fonte: Neuding, 2010

Rasteiro variegatus (Figura 17)

• Altura: 15 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: mini bambu muito bom para forração e jardins, possui folhas

variegatas brancas e verdes.

Figura 17 - Rasteiro variegatus

Fonte: Neuding, 2010

Page 26: Trabalho Final - Bambu

Rasteiro verde (Figura 18)

• Altura: 15 cm

• Características: mini bambu muito bom para forração e jardins.

Figura 18 - Rasteiro verde

Fonte: Neuding, 2010

Tuldoides (Figura 19)

• Altura: 22 metros

• Diâmetro:5 cm

• Entouceirante: não alastra

• Características: bambu de médio porte com nos espaçados. Bom para fechar

espaços, cercas vivas e sombra.

Page 27: Trabalho Final - Bambu

2.3. Espécies mais encontradas no Brasil

No Brasil podem ser encontrados 34 gêneros, com 232 espécies nativas e mais

de 5 ou 6 gêneros introduzidos com 20 espécies, constituindo assim uma das

maiores floras quando comparado com o resto das Américas. Existem também

várias espécies exógenas e a maioria veio da Ásia.

2.4. Crescimento

O bambu, diferente de outras plantas, não floresce todos os anos.

O crescimento vertical do bambu se dá entre cada nó, nas paredes dos

entrenós. Ou seja, o entrenó da base começa a se alongar, e antes que termine, o

próximo inicia o processo de alongamento, e assim por diante. Com

aproximadamente um ano de idade as folhas caulinares - bainhas que protegem

cada entrenó do bambu - começam a se desprender do colmo.

O bambu é considerado imaturo ou “verde” até os dois anos, quando seu

material lenhoso ainda está bastante maleável, o que é vantajoso para atividades

onde é necessário curvar o bambu.

O colmo de bambu adequado para uso em construções é aquele com mais de

três anos de idade, considerado maduro. Nesta idade o bambu está rígido o

suficiente (lignificado) para ser utilizados em tarefas pesadas.

Segundo Vasconcellos (2004), para identificar o bambu maduro, deve-se

observar os seguintes detalhes:

O colmo apresenta grandes manchas brancas e verdes, e tem aspecto

“sujo”;

O colmo não está envolvido pelas folhas caulinares (bainhas) (Figura 20);

O colmo apresenta muitos galhos nos entrenós.

Page 28: Trabalho Final - Bambu

Figura 20 - Folha caulinar

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

2.5. Corte e Manejo

A moita de bambu necessita ser podada todos os anos, e todos os colmos

secos e podres deverão ser retirados. Assim haverá mais luz para a fotossíntese e

mais nutrientes para os colmos que restarem. Devem ser colhidos de 20 a 50% de

todos os bambus maduros, sem concentrar o corte em apenas uma parte do

bambuzal.

O corte deve ser feito com facão, serrote ou machadinha. O ponto de corte

deve estar acima do primeiro nó aparente acima do solo (Figura 21). Após o corte

deve-se serrar a ponta do toco de bambu bem acima do nó, para evitar deixar um

“copo”, onde a água da chuva pode depositar-se, apodrecendo o rizoma abaixo da

terra.

Page 29: Trabalho Final - Bambu

Figura 21 - Moita de bambu cortada

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

2.6. Tratamento

Geralmente, o tratamento é escolhido de acordo com a espécie de bambu, a

finalidade e os recursos disponíveis.

O tratamento é necessário para que o bambu não se torne vulnerável ao ataque

de insetos e fungos, pois nesta etapa ocorre a expulsão da seiva, diminuindo a

concentração de amido pela transpiração das folhas.

De acordo com Beraldo (2006), para prolongar a vida útil do bambu existem

alguns tipos de tratamento, dentre os quais podemos citar:

Cura na mata: o colmo de bambu é cortado e deixado para secar na própria

touceira. Apoiado nos colmos vizinhos, sua base é colocada em cima de uma pedra

ou pedaço de madeira, para evitar contato com a umidade do solo. É deixado

secando entre três a quatro dias, assim o colmo vai transpirar a água contida dentro

de suas paredes através das folhas. Quando as folhas caem e secam o colmo já

pode ser utilizado. Após esse período os galhos são retirados e o colmo é levado

para o local de tratamento.

Page 30: Trabalho Final - Bambu

Cura por imersão: os colmos podem ser imersos em água (parada ou

corrente), ou em soluções preservativas. Perfuram-se os nós (diafragma) de cada

peça, menos o último, que servirá como fundo tampado da peça. Derrama-se a

solução preservativa dentro de cada peça, enchendo-a por inteiro. No decorrer de 12

dias, as peças devem ser completadas com a solução. Deixar mais três dias sem

completar. No décimo quinto dia o último nó é rompido e deixa-se a solução escorrer

por um filtro para dentro de um recipiente, que poderá ser reutilizada desde que se

meça a quantidade de boro da solução.

Tratamento pela fumaça e pelo fogo: os colmos recém-cortados são colocados

em fogo rápido. O efeito do fogo da fumaça altera ou degradam o amido, tornando o

colmo mais resistente ao ataque do caruncho.

Para Vasconsellos (2004), após o tratamento as peças devem passar por um

longo período de secagem, na sombra e protegidos da chuva e da umidade.

Idealmente são: dois meses secando apoiados verticalmente, e quatro meses

secando apoiados horizontalmente, afastados do piso alguns centímetros para que

se forme uma passagem de ar por sob os colmos.

2.6.1. Secagem dos Colmos

Para ser usado na construção é necessário que os colmos do bambu sejam

secos, para aumentar sua resistência e durabilidade. (Figura 22)

O processo é capaz de retirar cerca de 10 a 15% do teor da umidade do bambu,

e consegue evitar problemas causados pela retirada exagerada das paredes,

gerando fissuras e rachaduras nas peças do bambu, podendo também conseguir um

aumento de sua resistência mecânica. Ocorre a diminuição do seu peso, o que

interfere diretamente no custo do transporte, permitindo ainda um acabamento

melhor do bambu, maior flexibilidade de execução e também maior aderência entre

peças coladas. (BONESI, 2006)

Page 31: Trabalho Final - Bambu

Figura 22 – Colmos de bambu secos e verdes

Fonte: Arquivo pessoal, 2011

As principais técnicas utilizadas na secagem do bambu são:

Secagem ao ar livre: Apoia-se o bambu, ainda com as folhas, em um aposento

arejado e livre de umidade, sob proteção da chuva e do sol, por um período de duas

a oito semana, dependendo da espécie e das características climáticas.

Secagem ao fogo:

Segundo Johan Van Lengen, do Instituto Tibá, no seu livro "Manual do

Arquiteto Descalço": "faz-se um buraco pouco profundo e cobre-se o solo e

as esquinas com tijolos, para que não perca calor. O bambu deve ser

colocado a uns 50 cm acima do fogo. Para que seque de maneira uniforme,

deve-se virar os troncos de vez em quando. Com este método, a parede do

tronco fica mais resistente aos insetos, mas cuidado! Se o fogo é muito forte

pode abrir ou deformar os troncos." (VASCONCELLOS, 2004)

Page 32: Trabalho Final - Bambu

Outra forma de tratamento com o fogo é utilizar uma fonte pontual de calor, como

um maçarico. É um método mais trabalhoso e demorado, porém atribui ao bambu

maior resistência e brilho.

Secagem em estufa:

As estufas devem coletar o calor dos raios do sol durante o dia, sem incidir

diretamente sobre os bambus e sem causar calor excessivo, e manter seu interior quente

durante a noite. Este processo dura algumas semanas.

Figura 23 – Secagem em estufa

http://www.bambubrasileiro.com/info/trata/2.html

2.6.2. Tratamento químico contra insetos e fungos:

O ataque de insetos e fungos evidencia um dos maiores problemas para a

difusão da utilização do bambu na construção civil. A durabilidade do material é

variável de acordo com a espécie, principalmente com relação à concentração de

amido. Os produtos químicos mais utilizados para tratamento são inseticidas,

fungicidas, ácido bórico, Bórax e Octaborato.

Page 33: Trabalho Final - Bambu

O principal método é o método de impregnação por imersão, pelo qual o bambu

será perfurado ¼” à uma distância de 1”de cada nó em ziguezague. Em seguida é

colocado horizontalmente dentro de uma vala forrada com lona grossa, com solução

aquosa de 1:1:100 de ácido bórico e bórax, permanecendo por dois dias.

Page 34: Trabalho Final - Bambu

3. BAMBU NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Page 35: Trabalho Final - Bambu

3.1. Introdução

“Embora seja possível executar uma construção apenas com bambu, costuma-

se também associá-lo a outros materiais, tais como, madeira e terra, dependendo da

disponibilidade local e adequação de uso”. (JANSSEN, 1995) O autor destacou,

ainda, que é comum o uso do bambu em construções populares, mas que em

alguns países são encontrados exemplos de edificações de alto padrão também

feitas com o bambu.

Na avaliação do INBAR (Internation Network for Bamboo and Rattan), o

bambu é uma solução viável e sustentável para combater o déficit

habitacional: as casas de bambu são de baixo custo e mínimo impacto

ambiental, fáceis de construir, duráveis, flexíveis, adaptáveis socialmente e

resistentes a terremotos. Segundo o levantamento feito pelo INPA (Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia), só no estado do Acre, 38% das

florestas são compostas por bambuzais naturais. (BERALDO, 2006)

De acordo com Barbosa e Ino (1998), na Costa Rica a produção habitacional

utilizando o bambu gira em torno de 1500 casas por ano, as quais apresentam

desempenhos que atendem aos requisitos exigidos pela ONU para construção de

unidades residenciais.

3.2. Propriedades

O que diferencial o bambu dos outros materiais de construção é sua alta

produtividade, pois pouco tempo depois de ser cortado ele volta a crescer com a

mesma resistência mecânica de antes.

Características químicas:

Características físicas:

Características mecânicas: o bambu é um material orgânico, portanto é natural

a variação nas propriedades de resistência entre as espécies e até mesmo dentro

delas. A resistência é máxima quando o bambu está completamente maduro, mas

as várias espécies alcançam maturidade em diferentes idades. Assim, somente

bambus maduros devem ser usados como reforço em peças de concreto.

Page 36: Trabalho Final - Bambu

De acordo com RAJ (1991), a camada interna do bambu é mais fraca do que a

externa sendo a última até duas vezes mais forte do que a camada interna.

BERALDO (1991) avaliou que o uso do bambu como material de construção no

Brasil não é mais difundido devido alguns fatores limitantes, como a pequena vida

útil do bambu frente ao aço; a variação volumétrica quando sujeito à umidade, o que

acaba destruindo a união bambu/concreto; a baixa relação entre os módulos de

elasticidade do bambu e do concreto, resultando em grandes deflexões e

fissurações quando carregado e a baixa aderência entre o bambu e o concreto, em

virtude de sua superfície lisa. Porém, a viabilização do uso do bambu-concreto ainda

é muito analisado por pesquisadores.

3.3. Vantagens e Desvantagens

O bambu é um material que oferece grandes vantagens para sua aplicação,

principalmente no Brasil, cujo clima é favorável ao seu crescimento, e onde pode ser

encontrado em abundância. Esta disponibilidade do material, o torna viável

principalmente do ponto de vista econômico, viabilizando o desenvolvimento de

sistemas construtivos. Devido também a sua extrema versatilidade, o bambu é um

dos materiais mais antigos a ser utilizado pela humanidade. É um material com

grande resistência. A razão entre o peso do bambu e a força que ele suporta é

superior à do aço. Testes realizados em colmos de bambu demonstram que a

resistência à tração do bambu é comparável à do aço, seguida pelas resistências à

compressão e à flexão.

Bonesi (2006, apud EBIOBAMBU, 2006, p. 78), compartilha desse ponto de vista

ao citar como benefício para a utilização do bambu:

Encontrado em abundância;

Não necessita de mão de obra especializada;

Tempo curto de construção;

Possui conforto internamente adequado;

Apresenta uma beleza estética;

Uso de ferramentas simples;

Devido à sua praticidade pode ser associado a outras matérias;

Possui um crescimento rápido;

Page 37: Trabalho Final - Bambu

Não precisam ser replantados após o corte;

Produz mais ou menos 20 toneladas por hectare;

São leves (baixo peso específico e seção circular oca);

Fácil transporte e armazenamento;

O bambuzal ajuda na contensão do terreno em caso de erosão ou terremotos;

Boa resistência e flexibilidade.

Desvantagens:

O bambu é um material higroscópio, ou seja, troca água com o ambiente. Se

estiver em ambiente úmido irá absorver água e aumentar seu diâmetro. Se estiver

em ambiente muito seco irá perder água e diminuir seu diâmetro. Processos bruscos

de perda e ganho de água fazem o bambu rachar e ficar deformado. Além disso, a

aceitação popular quanto à construções com bambu ainda é pequena,

impossibilitando sua abrangência no país.

Outras desvantagens são: durabilidade natural reduzida, necessitando de

tratamento contra o ataque de insetos; um colmo não é completamente liso devido à

presença de nós, o que dificulta seu manuseio; o posicionamento paralelo dos

internós dos colmos é praticamente impossível, devido à grande diferença entre o

comprimento dos colmos entro os nós; além disso, o fogo é um grande perigo.

3.4. Tipos de Encaixe

Pela sua forma tabular, o bambu pode ser cortado em vários segmentos,

formando faixas ou tiras para as inúmeras aplicações necessárias. Existem três tipos

de encaixe, denominados ‘boca de pescado’, ‘boca de tubarão’ e ‘boca de cayman’,

também conhecido como ‘boca de jacaré’. O primeiro é utilizado em pilares, mãos-

francesas, fechamentos de vãos e em qualquer encontro de peças de bambu em

ângulo reto. Os demais são utilizados em travamentos, portanto não são adequados

para esforço de compressão.

3.5. Elementos Construtivos

Fundações: geralmente são feitas de sapata corrida de concreto, que é barato

e não exige nenhuma forma, ou blocos estruturais, onde os bambus devem estar

Page 38: Trabalho Final - Bambu

afastados no mínimo a 40 cm do solo sobre uma bolacha de barra chata e fina para

evitar contato com a umidade.

Cobertura: o bambu é mais utilizado para fazer coberturas, pois pode ser

utilizado em sua forma natural. Alguns tipos de coberturas em que o bambu é

geralmente utilizado são:

Coberturas com telhas de meio bambu: são cortados longitudinalmente ao

meio. A estrutura é composta por bambus que apresentam diâmetro superior a 7 cm,

organizados em camadas. A declividade da cobertura deve ser de 30 graus, no

mínimo.

Cobertura com ripas de bambu: é organizada como a a cobertura com

telhas de meio bambu porém o diâmetro deve ser superior a 7 cm e e as ripas com

no mínimo 4 cm de largura, com inclinação sempre maior que 30 graus.

Cobertura com esterilhas de bambu: É mais utilizado como forro, e em sua

cobertura pode ser utilizado qualquer tipo de palha, ou argamassa como

revestimento. O diâmetro é de 4 cm, colocados a uma distância de 30 cm, podendo

variar de acordo com o tipo de palha.

Cobertura com bambu roliço: o bambu é utilizado apenas como elemento

estrutural.

Page 39: Trabalho Final - Bambu

4. CONCLUSÃO

O setor da construção civil é um dos maiores responsáveis pela degradação

ambiental, pelo fato de possuir atividades que exigem muita matéria prima natural,

que, depois de utilizada, geralmente não tem um descarte correto.

Sendo assim, com a conservação ambiental e a sustentabilidade cada vez mais

sendo exigida nos projetos, é necessário que sejam encontradas alternativas de

construção menos agressivas ao meio. Uma delas foi a utilização do bambu, que

constitui um material acessível, de fácil manuseio, abundante, com rápido

crescimento e sustentável.

Ainda existe muito preconceito no que diz respeito à construir com bambu.

Grande parte da população não o aceita como um material possível de ser utilizado

para tal finalidade. Porém, se tratados e instalados corretamente, os colmos são

capazes de desenvolver um papel muito semelhante ao da madeira.

No Brasil são encontradas várias espécies diferente, cada uma com sua

finalidade e utilização específica. Para ser utilizado na construção civil, os colmos

precisam de tratamento diferenciado, eliminando a umidade e, consequentemente, a

possível aparição de fungos.

Com alternativas como essa, a degradação do meio ambiente pelo setor da

construção civil pode diminuir consideravelmente.

Page 40: Trabalho Final - Bambu

5.REFERÊNCIAS

BARBOSA, J. C.; INO, A. Utilização do bambu na produção de habitação de

interesse social – Compilação dos exemplos construtivos. In: VI Encontro

Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira. Florianópolis, SC, 1998.

BERALDO, Ludovico Antônio. Construções de bambu. Téchne: Revista de

Tecnologia e negócios de da construção. São Paulo, v.14 n108, p. 38 – 43,

Março 2006.

BERALDO, Ludovico Antônio (apud Ferreira, G. C. S., 2002). Bambucreto – o uso

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ebiobambu

Page 42: Trabalho Final - Bambu

6. GLOSSÁRIO

Alastrante: que se alastra.

Caruncho: Inseto que corrói a madeira.

Entouceirado: que não se alastra.

Higoscópico: que absorve avidamente a água.

Lenhoso: que tem a natureza, o aspecto e a consistência do lenho ou da

madeira.

Lignificado: fenômeno pelo qual as membranas de certas células vegetais se

impregnam de lignina, tomando consistência lenhosa.

Touceira: parte da árvore a que se cortou o caule e que fica viva no solo,

constituído de raízes.

Page 43: Trabalho Final - Bambu

7. ANEXOS

Page 44: Trabalho Final - Bambu

8. APÊNDICES