trabalho final - bambu
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Alessandra Vertuan SantosBruna Lopes Ribeiro
Bruna Mantovani de SouzaGiovanna Nazima Fioravante
Bambu na Construção Civil
Londrina2011
Alessandra Vertuan SantosBruna Lopes Ribeiro
Bruna Mantovani de SouzaGiovanna Nazima Fioravante
Bambu na Construção Civil
Trabalho apresentado à disciplinaENGC 1003 – Comunicação e Metodologia
da Pesquisa em Engenharia,
Orientadora Adriana Macedo P. Faganello
Londrina2011
Critérios de Avaliação
Regular Bom Muito bom Ótimo Excelente
20 40 60 80 100
Participação em Equipe /
Assessoria
Participou de todas as aulas e assessorias.Contribuiu para a execução do trabalho com respeito e organização com o grupo.Teve um envolvimento efetivo em todas as fases do trabalho proposto de forma ativa, investigadora, e inovadora.
Normas da ABNT
O trabalho foi realizado seguindo as Normas da ABNT e o roteiro deste trabalho.
Elementos textuais
Realizaram a revisão bibliográfica sobre o assunto.Utilizaram todas as formas de citações estudadas
Construção de conhecimento
Através do trabalho realizado a equipe contribuiu cientificamente, construindo um conhecimento.
ApresentaçãoEntregou o trabalho de forma organizada e completa, conforme o roteiro especificado.
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a nossos pais e familiares, por investirem e
acreditarem em nosso potencial. Além disso, por toda a paciência e tempo roubado,
e por estarem sempre presentes, colaborando em nossas pesquisas.
AGRADECIMENTO
Agradecemos primeiramente a Deus, por tudo.
À professora e engenheira Adriana Macedo P. Faganello, pelo seu incentivo e
interesse para com o desenvolvimento do nosso trabalho.
Ao professor e engenheiro Julio Cesar Filla, pela colaboração na pesquisa de
bibliografia diferenciada.
Não podemos deixar de lembrar também do Baixinho, que nos trouxe os
bambus verdes e tratados para que pudessem ser feitas as observações
necessárias.
“No bambu, o colmo oco guarda umas águas que não se
sabe de onde. Surge mínimo e em tempo pouco, já domina a
paisagem. Depois da bomba em Hiroshima, foram os bambus
os primeiros a reverdecer sobre a tragédia. Foram os bambus
que trouxeram aos homens o futuro, o nascimento imperioso
do continuar sempre.”
Rubens da Cunha
RESUMO
O setor da construção civil é um dos maiores responsáveis pela degradação do meio
ambiente. Sendo assim, com a consequente escassez de recursos, há cada vez
mais a necessidade de encontrar meios alternativos de construção, que sejam
capazes de causar menos degradação e poluição. Uma das alternativas
encontradas foi substituir o uso da madeira por bambu em vários tipos de
construções, por constituir um material barato, sustentável e abundante na maioria
das regiões brasileiras.
Palavras-chave: bambu, engenharia civil, sustentabilidade, construção.
ABSTRACT
The construction industry is one of the most responsible for environmental
degradation. Thus, with the consequent lack of resources, there is increasing need to
find alternative means of construction, which are capable of causing less
degradation and pollution. One alternative has been found to promote the use of
bamboo instead of wood in various types of buildings, for being an inexpensive
material, sustainable and abundant in most parts of Brazil.
Keywords: bamboo, civil engineering, sustainability, construction.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Classificação vegetal do bambu
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
INBAR – Internation Network for Bamboo and Rattan.
INPA – Instituto Nacional de Pesqueisas da Amazônia
LISTA DE SÍMBOLOS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. BAMBU
2.1. Introdução
2.2. Espécies
2.3. Espécies mais encontradas no Brasil
2.4. Crescimento
2.5. Corte e Manejo
2.6. Tratamento
2.6.1. Secagem dos Colmos
2.6.2. Tratamento químico contra insetos e fungos:
3. BAMBU NA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.1. Introdução
3.2. Propriedades
3.3. Vantagens e desvantagens
3.4. Tipos de encaixes
3.5. Elementos Construtivos
4. CONCLUSÃO
5. REFEÊNCIAS
6. GLOSSÁRIO
7. ANEXOS
8. APÊNDICES
1. INTRODUÇÃO
O setor da Construção Civil é um dos maiores responsáveis pela degradação do
meio ambiente, pois, até pouco tempo, não havia qualquer tipo de preocupação
referente ao desperdício de materiais e descarte dos mesmos. A contínua
degradação ambiental obrigou a sociedade a encontrar meios alternativos de
construção, e um deles foi à utilização do bambu, substituindo a madeira.
O bambu é considerado um dos materiais mais antigos utilizados na construção
civil. Apresenta características extremamente diferentes dos demais materiais
utilizados no setor, como leveza, resistência, rápido crescimento e baixo custo. Além
disso, por ser um recurso renovável e sustentável, tem se mostrado viável à
substituição da madeira, devido à sua rápida implantação.
O presente trabalho manterá seu foco no tratamento do bambu, sua utilização
na construção civil e os prós e contras desta alternativa ecológica.
2. BAMBU
2.1. Introdução
O bambu é uma gramínea pertencente ao Reino Vegetal, classificado de acordo
com a tabela abaixo:
Reino Vegetal
Família Gramineae ou Poaceae
Subfamília Bambusoideae
Tribos Herbáceos e Lenhosos
Tabela 1 – Classificação vegetal do bambu
O bambu é composto de duas partes principais: a parte subterrânea e a parte
aérea. A subterrânea é composta de rizomas e raízes (Figura 1), onde os rizomas
são responsáveis pela propagação vegetativa, e as raízes pela captação de
nutrientes e água do solo. A parte aérea é composta de colmo (Figura 2) (vara de
bambu), galhos e folhas (Figura 3).
Em visita ao Parque Arthur Thomas, na cidade de Londrina, Paraná, foram
observadas algumas partes específicas do bambu, como visto nas figuras 1, 2 e 3.
Figura 1 - Raízes aéreas do bambu
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
Figura 2 - Folhas de bambu
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
Figura 3 - Caule de bambu
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
2.2. Espécies
Todas as espécies de bambu têm suas particularidades, tamanho, espessura,
formas, cor e diferentes resistências, onde cada tipo é específico para cada uso.
São compostos por aproximadamente 90 gêneros e 1500 espécies
espalhadas pelo mundo, onde a cada dia, novas espécies são descobertas.
Os vários tipos existentes incluem desde espécies pequenas, com até 1
metro de comprimento, geralmente estes mais utilizados para
ornamentação, até os que chegam a atingir 25 metros, considerados como
sendo espécies gigantes.
A espécie de bambu mais conhecida no mundo é a Phyllostachys aurea,
aqui chamado de "bambu-mirim", e la fora de "Golden Bamboo", "Fishing
pole Bamboo" entre outros. Ele é um bambu de rizomas leptomorfos, por
isso mais adaptado ao clima temperado. Mas vemos no Brasil muitos
bambus que nos parecem ser desta espécie, e com mais de 5 centímetros
de diâmetro. Segundo Luc Vittry isto é uma discrepância, e a espécie deve
ser outra. É usado para varas de pescar, estruturas, móveis e trançados
pela sua grande resistência. (VASCONCELLOS, 2004)
De acordo com Vasconcellos (2004), o único continente em que o bambu não
ocorre naturalmente é o europeu.
Dentre as muitas espécies, algumas são apresentadas abaixo, cada uma com
suas definições, representadas pelas figuras de 4 a 19.
Bambu nigris (Figura 4)
• Altura: 3 metros
• Diâmetro: 2,50 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: Bambu preto, pequeno porte, muito bom para jardins, muros e
cerca viva.
Figura 4 - Bambu nigris
Fonte: Neuding, 2010
Bambusa multiplex (Figura 5)
• Altura: 5 metros
• Diâmetro: 3 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: Bambu muito bom para jardins, cercas vivas e caminhos.
Figura 5 - Bambusa multiplex
Fonte: Neuding, 2010
Bambusa vulgaris (Figuras 6 e 7)
• Altura: 30 metros
• Diâmetro: 20 cm
• Entouceirante: não alastra.
• Características: bambu de grande porte para barreira de vento, barulho e
fechar grandes espaços, colmos com 10 a 15 cm, entouceirante, folhas e hastes
verdes.
Figura 6 - Bambusa vulgaris Figura 7 - Bambusa vulgaris
Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010
Bambusa vulgaris vittata (Figura 8)
• Altura: 30 metros
• Diâmetro: 20 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: bambu de grande porte amarelo com listras verdes, é um
primo do vulgaris com as mesmas características de tamanho e utilidades.
Figura 8 - Bambusa vulgaris vittata
Fonte: Neuding, 2010
Dendrocalamus minor (taquarinha ou vara de pescar) (Figura 9)
• Altura: 20 metros
• Diâmetro: 15 cm
• Alastrante moderado
• Características: bambu verde, de médio porte, hastes finas e alongadas, muito
usado perto de lagos ou rios, contem erosão.
Figura 9 - Dendrocalamus minor
Fonte: Neuding, 2010
Dendrocalamus giganteus (bambu gigante) (Figuras 10 e 11)
• Altura: até 40 metros
• Diâmetro: 40 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: maior dos bambus. Muito bom para estradas, barreiras de
vento e barulho. Usado para fechar grandes espaços, ideal para formação de
cercas, quiosques e catedrais, haste verde, folhas largas e os colmos vão
engrossando no broto à medida que amadurece.
Figura 10 - Dendrocalamus giganteus Figura 11 - Dendrocalamus giganteus
Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010
Guadua angustifolia Kunth (bambu colombiano) (Figura 12)
• Altura: 30 metros
• Diâmetro: 25 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: bambu de grande porte com os nós brancos, muito usado para
fazer construções. Possui aparência exótica, com colmos distantes entre si
aproximadamente 0,5m, largamente utilizados em arquitetura e estruturas rurais.
Caracterizam-se pela cor verde intensa e faixa branca nos entrenós.
Figura 12 - Guadua angustifolia Kunth
Fonte: Neuding, 2010
Metake ou chinensis (Figura 13)
• Altura: 5 metros
• Diâmetro: 3 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: Bambu ornamental muito usado para cercas vivas, fechar
muros e espaços. Possui o caule bem reto e folhas verdes escuras. Bambu fino
folhas verdes escuras, suas hastes são bem retas. Atinge 3 metros de altura, é
entouceirante.
Figura 13 - Metake ou chinensis
Fonte: Neuding, 2010
Pleiobastus variegatus (Figuras 14 e 15)
• Altura: 5 a 6 metros
• Diâmetro: 2,50 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: bambu ornamental fino com folhas variegatas brancas e
verdes, muito útil para jardins, fechar muros e formar cercas vivas.
Figura 14 - Pleiobastus variegatus Figura 15 - Pleiobastus variegatus
Fonte: Neuding, 2010 Fonte: Neuding, 2010
Phylostachys viridis (Figura 16)
• Altura: 30 metros
• Diâmetro: 10 a 15 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: bambu ornamental, amarelo com listas verdes, folhas mais
finas verdes claras.
Figura 16 - Phylostachys viridis
Fonte: Neuding, 2010
Rasteiro variegatus (Figura 17)
• Altura: 15 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: mini bambu muito bom para forração e jardins, possui folhas
variegatas brancas e verdes.
Figura 17 - Rasteiro variegatus
Fonte: Neuding, 2010
Rasteiro verde (Figura 18)
• Altura: 15 cm
• Características: mini bambu muito bom para forração e jardins.
Figura 18 - Rasteiro verde
Fonte: Neuding, 2010
Tuldoides (Figura 19)
• Altura: 22 metros
• Diâmetro:5 cm
• Entouceirante: não alastra
• Características: bambu de médio porte com nos espaçados. Bom para fechar
espaços, cercas vivas e sombra.
2.3. Espécies mais encontradas no Brasil
No Brasil podem ser encontrados 34 gêneros, com 232 espécies nativas e mais
de 5 ou 6 gêneros introduzidos com 20 espécies, constituindo assim uma das
maiores floras quando comparado com o resto das Américas. Existem também
várias espécies exógenas e a maioria veio da Ásia.
2.4. Crescimento
O bambu, diferente de outras plantas, não floresce todos os anos.
O crescimento vertical do bambu se dá entre cada nó, nas paredes dos
entrenós. Ou seja, o entrenó da base começa a se alongar, e antes que termine, o
próximo inicia o processo de alongamento, e assim por diante. Com
aproximadamente um ano de idade as folhas caulinares - bainhas que protegem
cada entrenó do bambu - começam a se desprender do colmo.
O bambu é considerado imaturo ou “verde” até os dois anos, quando seu
material lenhoso ainda está bastante maleável, o que é vantajoso para atividades
onde é necessário curvar o bambu.
O colmo de bambu adequado para uso em construções é aquele com mais de
três anos de idade, considerado maduro. Nesta idade o bambu está rígido o
suficiente (lignificado) para ser utilizados em tarefas pesadas.
Segundo Vasconcellos (2004), para identificar o bambu maduro, deve-se
observar os seguintes detalhes:
O colmo apresenta grandes manchas brancas e verdes, e tem aspecto
“sujo”;
O colmo não está envolvido pelas folhas caulinares (bainhas) (Figura 20);
O colmo apresenta muitos galhos nos entrenós.
Figura 20 - Folha caulinar
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
2.5. Corte e Manejo
A moita de bambu necessita ser podada todos os anos, e todos os colmos
secos e podres deverão ser retirados. Assim haverá mais luz para a fotossíntese e
mais nutrientes para os colmos que restarem. Devem ser colhidos de 20 a 50% de
todos os bambus maduros, sem concentrar o corte em apenas uma parte do
bambuzal.
O corte deve ser feito com facão, serrote ou machadinha. O ponto de corte
deve estar acima do primeiro nó aparente acima do solo (Figura 21). Após o corte
deve-se serrar a ponta do toco de bambu bem acima do nó, para evitar deixar um
“copo”, onde a água da chuva pode depositar-se, apodrecendo o rizoma abaixo da
terra.
Figura 21 - Moita de bambu cortada
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
2.6. Tratamento
Geralmente, o tratamento é escolhido de acordo com a espécie de bambu, a
finalidade e os recursos disponíveis.
O tratamento é necessário para que o bambu não se torne vulnerável ao ataque
de insetos e fungos, pois nesta etapa ocorre a expulsão da seiva, diminuindo a
concentração de amido pela transpiração das folhas.
De acordo com Beraldo (2006), para prolongar a vida útil do bambu existem
alguns tipos de tratamento, dentre os quais podemos citar:
Cura na mata: o colmo de bambu é cortado e deixado para secar na própria
touceira. Apoiado nos colmos vizinhos, sua base é colocada em cima de uma pedra
ou pedaço de madeira, para evitar contato com a umidade do solo. É deixado
secando entre três a quatro dias, assim o colmo vai transpirar a água contida dentro
de suas paredes através das folhas. Quando as folhas caem e secam o colmo já
pode ser utilizado. Após esse período os galhos são retirados e o colmo é levado
para o local de tratamento.
Cura por imersão: os colmos podem ser imersos em água (parada ou
corrente), ou em soluções preservativas. Perfuram-se os nós (diafragma) de cada
peça, menos o último, que servirá como fundo tampado da peça. Derrama-se a
solução preservativa dentro de cada peça, enchendo-a por inteiro. No decorrer de 12
dias, as peças devem ser completadas com a solução. Deixar mais três dias sem
completar. No décimo quinto dia o último nó é rompido e deixa-se a solução escorrer
por um filtro para dentro de um recipiente, que poderá ser reutilizada desde que se
meça a quantidade de boro da solução.
Tratamento pela fumaça e pelo fogo: os colmos recém-cortados são colocados
em fogo rápido. O efeito do fogo da fumaça altera ou degradam o amido, tornando o
colmo mais resistente ao ataque do caruncho.
Para Vasconsellos (2004), após o tratamento as peças devem passar por um
longo período de secagem, na sombra e protegidos da chuva e da umidade.
Idealmente são: dois meses secando apoiados verticalmente, e quatro meses
secando apoiados horizontalmente, afastados do piso alguns centímetros para que
se forme uma passagem de ar por sob os colmos.
2.6.1. Secagem dos Colmos
Para ser usado na construção é necessário que os colmos do bambu sejam
secos, para aumentar sua resistência e durabilidade. (Figura 22)
O processo é capaz de retirar cerca de 10 a 15% do teor da umidade do bambu,
e consegue evitar problemas causados pela retirada exagerada das paredes,
gerando fissuras e rachaduras nas peças do bambu, podendo também conseguir um
aumento de sua resistência mecânica. Ocorre a diminuição do seu peso, o que
interfere diretamente no custo do transporte, permitindo ainda um acabamento
melhor do bambu, maior flexibilidade de execução e também maior aderência entre
peças coladas. (BONESI, 2006)
Figura 22 – Colmos de bambu secos e verdes
Fonte: Arquivo pessoal, 2011
As principais técnicas utilizadas na secagem do bambu são:
Secagem ao ar livre: Apoia-se o bambu, ainda com as folhas, em um aposento
arejado e livre de umidade, sob proteção da chuva e do sol, por um período de duas
a oito semana, dependendo da espécie e das características climáticas.
Secagem ao fogo:
Segundo Johan Van Lengen, do Instituto Tibá, no seu livro "Manual do
Arquiteto Descalço": "faz-se um buraco pouco profundo e cobre-se o solo e
as esquinas com tijolos, para que não perca calor. O bambu deve ser
colocado a uns 50 cm acima do fogo. Para que seque de maneira uniforme,
deve-se virar os troncos de vez em quando. Com este método, a parede do
tronco fica mais resistente aos insetos, mas cuidado! Se o fogo é muito forte
pode abrir ou deformar os troncos." (VASCONCELLOS, 2004)
Outra forma de tratamento com o fogo é utilizar uma fonte pontual de calor, como
um maçarico. É um método mais trabalhoso e demorado, porém atribui ao bambu
maior resistência e brilho.
Secagem em estufa:
As estufas devem coletar o calor dos raios do sol durante o dia, sem incidir
diretamente sobre os bambus e sem causar calor excessivo, e manter seu interior quente
durante a noite. Este processo dura algumas semanas.
Figura 23 – Secagem em estufa
http://www.bambubrasileiro.com/info/trata/2.html
2.6.2. Tratamento químico contra insetos e fungos:
O ataque de insetos e fungos evidencia um dos maiores problemas para a
difusão da utilização do bambu na construção civil. A durabilidade do material é
variável de acordo com a espécie, principalmente com relação à concentração de
amido. Os produtos químicos mais utilizados para tratamento são inseticidas,
fungicidas, ácido bórico, Bórax e Octaborato.
O principal método é o método de impregnação por imersão, pelo qual o bambu
será perfurado ¼” à uma distância de 1”de cada nó em ziguezague. Em seguida é
colocado horizontalmente dentro de uma vala forrada com lona grossa, com solução
aquosa de 1:1:100 de ácido bórico e bórax, permanecendo por dois dias.
3. BAMBU NA CONSTRUÇÃO CIVIL
3.1. Introdução
“Embora seja possível executar uma construção apenas com bambu, costuma-
se também associá-lo a outros materiais, tais como, madeira e terra, dependendo da
disponibilidade local e adequação de uso”. (JANSSEN, 1995) O autor destacou,
ainda, que é comum o uso do bambu em construções populares, mas que em
alguns países são encontrados exemplos de edificações de alto padrão também
feitas com o bambu.
Na avaliação do INBAR (Internation Network for Bamboo and Rattan), o
bambu é uma solução viável e sustentável para combater o déficit
habitacional: as casas de bambu são de baixo custo e mínimo impacto
ambiental, fáceis de construir, duráveis, flexíveis, adaptáveis socialmente e
resistentes a terremotos. Segundo o levantamento feito pelo INPA (Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia), só no estado do Acre, 38% das
florestas são compostas por bambuzais naturais. (BERALDO, 2006)
De acordo com Barbosa e Ino (1998), na Costa Rica a produção habitacional
utilizando o bambu gira em torno de 1500 casas por ano, as quais apresentam
desempenhos que atendem aos requisitos exigidos pela ONU para construção de
unidades residenciais.
3.2. Propriedades
O que diferencial o bambu dos outros materiais de construção é sua alta
produtividade, pois pouco tempo depois de ser cortado ele volta a crescer com a
mesma resistência mecânica de antes.
Características químicas:
Características físicas:
Características mecânicas: o bambu é um material orgânico, portanto é natural
a variação nas propriedades de resistência entre as espécies e até mesmo dentro
delas. A resistência é máxima quando o bambu está completamente maduro, mas
as várias espécies alcançam maturidade em diferentes idades. Assim, somente
bambus maduros devem ser usados como reforço em peças de concreto.
De acordo com RAJ (1991), a camada interna do bambu é mais fraca do que a
externa sendo a última até duas vezes mais forte do que a camada interna.
BERALDO (1991) avaliou que o uso do bambu como material de construção no
Brasil não é mais difundido devido alguns fatores limitantes, como a pequena vida
útil do bambu frente ao aço; a variação volumétrica quando sujeito à umidade, o que
acaba destruindo a união bambu/concreto; a baixa relação entre os módulos de
elasticidade do bambu e do concreto, resultando em grandes deflexões e
fissurações quando carregado e a baixa aderência entre o bambu e o concreto, em
virtude de sua superfície lisa. Porém, a viabilização do uso do bambu-concreto ainda
é muito analisado por pesquisadores.
3.3. Vantagens e Desvantagens
O bambu é um material que oferece grandes vantagens para sua aplicação,
principalmente no Brasil, cujo clima é favorável ao seu crescimento, e onde pode ser
encontrado em abundância. Esta disponibilidade do material, o torna viável
principalmente do ponto de vista econômico, viabilizando o desenvolvimento de
sistemas construtivos. Devido também a sua extrema versatilidade, o bambu é um
dos materiais mais antigos a ser utilizado pela humanidade. É um material com
grande resistência. A razão entre o peso do bambu e a força que ele suporta é
superior à do aço. Testes realizados em colmos de bambu demonstram que a
resistência à tração do bambu é comparável à do aço, seguida pelas resistências à
compressão e à flexão.
Bonesi (2006, apud EBIOBAMBU, 2006, p. 78), compartilha desse ponto de vista
ao citar como benefício para a utilização do bambu:
Encontrado em abundância;
Não necessita de mão de obra especializada;
Tempo curto de construção;
Possui conforto internamente adequado;
Apresenta uma beleza estética;
Uso de ferramentas simples;
Devido à sua praticidade pode ser associado a outras matérias;
Possui um crescimento rápido;
Não precisam ser replantados após o corte;
Produz mais ou menos 20 toneladas por hectare;
São leves (baixo peso específico e seção circular oca);
Fácil transporte e armazenamento;
O bambuzal ajuda na contensão do terreno em caso de erosão ou terremotos;
Boa resistência e flexibilidade.
Desvantagens:
O bambu é um material higroscópio, ou seja, troca água com o ambiente. Se
estiver em ambiente úmido irá absorver água e aumentar seu diâmetro. Se estiver
em ambiente muito seco irá perder água e diminuir seu diâmetro. Processos bruscos
de perda e ganho de água fazem o bambu rachar e ficar deformado. Além disso, a
aceitação popular quanto à construções com bambu ainda é pequena,
impossibilitando sua abrangência no país.
Outras desvantagens são: durabilidade natural reduzida, necessitando de
tratamento contra o ataque de insetos; um colmo não é completamente liso devido à
presença de nós, o que dificulta seu manuseio; o posicionamento paralelo dos
internós dos colmos é praticamente impossível, devido à grande diferença entre o
comprimento dos colmos entro os nós; além disso, o fogo é um grande perigo.
3.4. Tipos de Encaixe
Pela sua forma tabular, o bambu pode ser cortado em vários segmentos,
formando faixas ou tiras para as inúmeras aplicações necessárias. Existem três tipos
de encaixe, denominados ‘boca de pescado’, ‘boca de tubarão’ e ‘boca de cayman’,
também conhecido como ‘boca de jacaré’. O primeiro é utilizado em pilares, mãos-
francesas, fechamentos de vãos e em qualquer encontro de peças de bambu em
ângulo reto. Os demais são utilizados em travamentos, portanto não são adequados
para esforço de compressão.
3.5. Elementos Construtivos
Fundações: geralmente são feitas de sapata corrida de concreto, que é barato
e não exige nenhuma forma, ou blocos estruturais, onde os bambus devem estar
afastados no mínimo a 40 cm do solo sobre uma bolacha de barra chata e fina para
evitar contato com a umidade.
Cobertura: o bambu é mais utilizado para fazer coberturas, pois pode ser
utilizado em sua forma natural. Alguns tipos de coberturas em que o bambu é
geralmente utilizado são:
Coberturas com telhas de meio bambu: são cortados longitudinalmente ao
meio. A estrutura é composta por bambus que apresentam diâmetro superior a 7 cm,
organizados em camadas. A declividade da cobertura deve ser de 30 graus, no
mínimo.
Cobertura com ripas de bambu: é organizada como a a cobertura com
telhas de meio bambu porém o diâmetro deve ser superior a 7 cm e e as ripas com
no mínimo 4 cm de largura, com inclinação sempre maior que 30 graus.
Cobertura com esterilhas de bambu: É mais utilizado como forro, e em sua
cobertura pode ser utilizado qualquer tipo de palha, ou argamassa como
revestimento. O diâmetro é de 4 cm, colocados a uma distância de 30 cm, podendo
variar de acordo com o tipo de palha.
Cobertura com bambu roliço: o bambu é utilizado apenas como elemento
estrutural.
4. CONCLUSÃO
O setor da construção civil é um dos maiores responsáveis pela degradação
ambiental, pelo fato de possuir atividades que exigem muita matéria prima natural,
que, depois de utilizada, geralmente não tem um descarte correto.
Sendo assim, com a conservação ambiental e a sustentabilidade cada vez mais
sendo exigida nos projetos, é necessário que sejam encontradas alternativas de
construção menos agressivas ao meio. Uma delas foi a utilização do bambu, que
constitui um material acessível, de fácil manuseio, abundante, com rápido
crescimento e sustentável.
Ainda existe muito preconceito no que diz respeito à construir com bambu.
Grande parte da população não o aceita como um material possível de ser utilizado
para tal finalidade. Porém, se tratados e instalados corretamente, os colmos são
capazes de desenvolver um papel muito semelhante ao da madeira.
No Brasil são encontradas várias espécies diferente, cada uma com sua
finalidade e utilização específica. Para ser utilizado na construção civil, os colmos
precisam de tratamento diferenciado, eliminando a umidade e, consequentemente, a
possível aparição de fungos.
Com alternativas como essa, a degradação do meio ambiente pelo setor da
construção civil pode diminuir consideravelmente.
5.REFERÊNCIAS
BARBOSA, J. C.; INO, A. Utilização do bambu na produção de habitação de
interesse social – Compilação dos exemplos construtivos. In: VI Encontro
Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira. Florianópolis, SC, 1998.
BERALDO, Ludovico Antônio. Construções de bambu. Téchne: Revista de
Tecnologia e negócios de da construção. São Paulo, v.14 n108, p. 38 – 43,
Março 2006.
BERALDO, Ludovico Antônio (apud Ferreira, G. C. S., 2002). Bambucreto – o uso
do bambu como reforço do concreto. In: congresso Brasileiro de Engenharia
Agrícola, XVI, Jundiaí, SP. 1991.
BONESI, Luana Peixoto. Uso do bambu na construção de habitação social.
Londrina, 2006.
JANSENN J.J.A. Building with Bamboo. 2a ed., Intermediate Technology
Publications, 65p. London, UK, 1995.
RAJ, Vijay (apud Ferreira, G. C. S., 2002). Treatise on Utilization of Bamboo as
Reinforcement in Ferrocement. Jornal of Ferrocement: Vol. 21. Outubro, 1991.
VASCONCELLOS, Raphael Moraes de. Cartilha de fabricação de móveis.
Alagoas, 2004.
NEUDING, Ricardo Carvalho. Espécies de bambu. Portal Paisagismo. Disponível
em < http://www.portalpaisagismo.com.br/artigo/20/Esp%C3%A9cies_de_bambu.
html> Acessado em: 02 de ago. de 2011.
http://blocosonline.com.br/literatura/prosa/opina/opina04/op040601.htm
(http://www.bambubrasileiro.com/info/especies/4.html )
(http://www.bambubrasileiro.com/arquivos/BeraldoCasaBambu.PDF)
(JANSSEN, 1995). Barbosa e Ino (1998) INTRODUÇÃO DA CONSTRUÇÃO
CIVIL.
(http://www.bambubrasileiro.com/arquivos/BeraldoCasaBambu.PDF)
ebiobambu
6. GLOSSÁRIO
Alastrante: que se alastra.
Caruncho: Inseto que corrói a madeira.
Entouceirado: que não se alastra.
Higoscópico: que absorve avidamente a água.
Lenhoso: que tem a natureza, o aspecto e a consistência do lenho ou da
madeira.
Lignificado: fenômeno pelo qual as membranas de certas células vegetais se
impregnam de lignina, tomando consistência lenhosa.
Touceira: parte da árvore a que se cortou o caule e que fica viva no solo,
constituído de raízes.
7. ANEXOS
8. APÊNDICES