estufa ecologica - bioconstrução bambu

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  • 7/22/2019 Estufa Ecologica - Bioconstruo Bambu

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    ESTUFA ECOLGICA

    USO DO BAMBU EM BIOCONSTRUES

    Curitiba, 2011

    1 Engenheiro Agrnomo, Mestre em Agroecossistemas, Especialista em Agroecologia e DesenvolvimentoSustentvel, Extensionista do Instituto Emater e Coordenador de Recursos Naturais e Produo VegetalIntegrada do CPRA de 2006 a 2010.

    2 Agente de Cincia e Tecnologia do IAPAR, equipe de bioconstrues do CPRA3 Tcnico em Meio-Ambiente, equipe de bioconstrues do CPRA

    Julio Carlos Bittencourt Veiga Silva 1

    Nailton de Lima 2

    Voltair Martins de Oliveira 3

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    GOVERNO DO ESTADO DO PARANGovernadorCarlos Alberto Richa

    Vice GovernadorFlvio Arns

    Secretrio de Estado da Agricultura e AbastecimentoNorberto Anacleto Ortigara

    SEAB Diretoria GeralOtamir Csar Martins

    CENTRO PARANAENSE DE REFERNCIA EM AGROECOLOGIA CPRADiretor Presidente Joo Carlos ZandonDiretor Adjunto Mrcio Miranda

    AUTOR:Engenheiro Agrnomo Julio Carlos Bittencourt Veiga Silva, Mestre emAgroecossistemas, Especialista em Agroecologia e Desenvolvimento Sus-tentvel, Extensionista do Instituto Emater e Coordenador de Recursos Na-turais e Produo Vegetal Integrada do CPRA de 2006 a 2010.

    CO-AUTORES:Nailton de Lima, Agente de Cincia e Tecnologia do IAPAR, equipe debioconstrues do CPRA

    Voltair Martins de Oliveira, Tcnico em Meio-Ambiente, equipe debioconstrues do CPRA

    S586 SILVA, Julio Carlos Bittencourt Veiga

    Estufa Ecolgica uso do Bambu em Bioconstrues / Julio

    Carlos Bittencour Veiga; Nailton de Lima; Valtair Martins deOliveira. -- Curitiba: CPRA, 2011.

    32 p. : il.

    1. Bambu. 2. Espcie e Manejo. 3. Construo Estufa. I.Silva, Julio Carlos Bittencourt Veiga. II. Lima, Nailton de.III. Oliveira, Valtair Martins de. IV. Ttulo.

    CDU 633.584.5Maria Sueli da Silva Rodrigues - 9/1.464

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    SUMRIO

    APRESENTAO .......................................................................... 5

    1 INTRODUO............................................................................ 7

    2 CONHECIMENTOS ESSENCIAIS SOBRE O BAMBU ........... 8

    2.1 CARACTERIZAO DE ESPCIES ..................................... 9

    2.2 MANEJO ................................................................................... 11

    3 CONHECIMENTOS ESSENCIAIS SOBRE ESTUFAS ............ 15

    4 MONTAGEM DA ESTUFA ........................................................ 15

    4.1 RELAO DE MATERIAIS.................................................... 16

    4.2 RELAO DE FERRAMENTAS/EQUIPAMENTOS

    UTILIZADOS ........................................................................... 17

    4.3 PLANTA E MEDIDAS ............................................................. 184.4 ETAPAS DA CONSTRUO .................................................. 19

    5 CONSIDERAES FINAIS ....................................................... 30

    REFERNCIAS .............................................................................. 32

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    O bambu uma planta que

    traz junto aos povos que

    tradicionalmente o utilizam,

    muitos ensinamentos. Um

    deles a sua flexibilidade e

    capacidade de curvar-se

    sem se quebrar.

    Mas, a analogia que mais

    nos impressiona comoreflexo para a nossa vida,

    de que o bambu cheio

    de ns e no de eus,

    cheio de

    entre-ns, e por isso a sua

    grande resistncia. Penso

    que essa a grandemensagem que o bambu

    nos transmite. Trabalhar mais

    por Ns e Entre-ns, e

    menos pelo Eu.

    Dedicamos este trabalho a

    todos os agricultores,

    tcnicos e pessoas que

    compartilharam sua

    presena e conhecimento

    nas oficinas que realizamos,

    mas enaltecemos sobretudo

    o bambu, essa fantstica

    ddiva da natureza.

    Julio Carlos Bittencourt Veiga Silva

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    1 INTRODUO

    A utilizao do bambu em bioconstrues, em especial na estruturade estufas ou cultivos protegidos muito interessante sob o ponto devista econmico, pois os materiais utilizados nas estufas convencionaisatingem muitas vezes um valor inacessvel para grande parte dos agri-cultores familiares. Essa vantagem no custo menor o que mais ressaltaaos olhos, mas a utilizao do bambu nas propriedades deve ser amplia-da pela viso da agroecologia, a qual no se atem apenas na viabilidadeeconmica de uma atividade. Com o enfoque agroecolgico entende-seque uma agricultura sustentvel deve ser complementada pela questoambiental e social na construo de processos de desenvolvimento rural

    sustentvel, nos quais o bambu que considerado a planta dos mil usosencaixa-se bem nessa filosofia.

    O bambu, por se tratar de uma planta tropical e que produz colmosanualmente sem necessidade de replantio, se apresenta como um granderecurso natural com um imenso potencial agrcola, devido a sua versati-lidade, resistncia, vitalidade e beleza. Alm de ser um eficientesequestrador de carbono, j que a planta que cresce mais rpido do que

    qualquer outra, necessitando de 3 a 6 meses, em mdia, para que umbroto atinja sua altura mxima, que chega a at 30 metros para as esp-cies gigantes, tambm apresenta excelentes caractersticas fsicas, qu-micas e mecnicas.

    Para o agricultor familiar, o bambu traz inmeras vantagens, poispode ser utilizado em benefcio do agroecossistema, protegendo manan-ciais e encostas, evitando a eroso, e o condicionamento climtico comquebra-ventos favorecendo a fertilidade e sanidade do sistema. Pode trazer

    benefcios diretos famlia do agricultor, atravs do consumo dos bro-tos, que so altamente nutritivos; da confeco de mveis, artesanatos econstrues rurais, como acontece nos pases em que o bambu tem tra-dio e constri-se toda a casa do agricultor com os mveis e utenslios;ou benefcios econmicos atravs da venda de colmos, cada vez mais

    procurados por diversos setores. Enfim, as possibilidades so limitadaspela criatividade humana, e com este pensamento iniciamos um projeto

    de valorizao do bambu, no qual a construo de estufas um dos com-ponentes.

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    O modelo de estufa desenvolvido nesta cartilha foi construdo du-rante curso realizado pelo CPRA em parceria com a SEED, SEMA,SENAR e FETAEP, para professores dos colgios agrcolas do Estadodo Paran e jovens agricultores. O tema do curso foi mais abrangente,

    com o ttulo de Uso Sustentvel do Bambu, ministrado pelo bioarquitetoGuillermo Gayo e seu ajudante Milciades Vera, ambos mestres bambu-seiros. No curso foram discutidas as diversas possibilidades do uso do

    bambu, culminando com a construo de forma participativa principal-mente nas decises quanto a tamanho e formato. Sendo assim, esse mo-delo CPRA, idealizou-se a partir das condies climticas do local (Pi-nhais-PR), e da troca de conhecimentos dos participantes e tcnicos que

    atuam na rea agrcola do CPRA. Portanto, como foi uma construo deconhecimento conjunta, adaptada s condies e recursos locais dispo-nveis, recomendamos no utilizar esse modelo como uma tecnologia

    pronta ou adequada a qualquer local, e sim como uma proposta ou idiaque estimule o uso do bambu e a criatividade dos agricultores e tcnicos.

    2 CONHECIMENTOS ESSENCIAIS SOBRE O BAMBU

    Os bambus pertencem famlia Graminae, como os capins, esubfamlia Bambusoideae, em alguns casos tratados como pertencentes famlia Bambusaceae, com aproximadamente 50 gneros e 1.300 es-

    pcies, com maior ocorrncia nas zonas quentes e com chuvas abundan-tes das regies tropicais e subtropicais.

    No Paran as espcies mais encontradas nas propriedades ruraisso exticas, no diferenciando muito dos outros estados do Brasil, onde

    predominam as seguintes espcies: Bambusa vulgaris, Bambusa vulgarisvar. vittata, Bambusa tuldoides, Dendrocalamus giganteus e algumasespcies do gnero Phyllostachys. Quanto s espcies nativas, encontra-mos no estado espcies do gnero Guadua, principalmente nas margensdo rio Paran e seus afluentes. Nesta regio o CPRA coletou sementes emudas da espcie Guadua chacoaensis, conhecida na regio comotaquaruu, visando preservar e multiplicar esta espcie nativa, que con-

    siderada entre as melhores para construes.Os vrios tipos de bambu compreendem desde espcies de pequeno

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    porte, utilizadas principalmente em ornamentao; espcies com peque-no a mdio dimetro de colmo, utilizadas na confeco de mveis, arte-sanato e construes; e as espcies de grande dimetro e altura de colmos,utilizadas em construes, produo de brotos e indstria de laminados.

    2.1 CARACTERIZAO DE ESPCIES

    ENTOUCEIRANTE OU DE MOITA

    So os bambus do grupo paquimorfo ou simpodial, encontrando-se

    distribudos principalmente em regies quentes e tropicais; consequen-temente estas espcies no se desenvolvem bem em regies frias. O for-mato dos bambuzais desta espcie compacto, pois seus rizomas socurtos, desenvolvendo os brotos e novos colmos muito prximos dos jexistentes. O processo de formao de novos rizomas e colmos cont-nuo ano aps ano, com os rizomas se desenvolvendo perifericamente,resultando em um agrupamento de colmos na forma de touceira. A

    brotao geralmente ocorre a partir de janeiro at maro no Paran. Asespcies mais encontradas no Paran so do gnero Bambusa,

    Dendrocalamuse Guadua

    (figuras: site bambubrasileiro)

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    ALASTRANTE

    So os bambus do grupo leptomorfo ou monopodial, com boa re-sistncia s baixas temperaturas, sendo mais encontrados em zonas tem-

    peradas. Por apresentarem rizomas longos, alm de lanarem colmosprximos dos j existentes, desenvolvem seus brotos e colmos afasta-dos, deixando o bambuzal com um aspecto menos compacto do que osentouceirantes; permitindo inclusive que pessoas circulem facilmenteem seu interior. O crescimento do rizoma pode atingir entre 1 e 6 m porano, formando uma fantstica trama de razes, excepcional na contenode encostas e na proteo contra a eroso. A poca de brotao ocorregeralmente a partir de setembro e este tipo de bambu apresenta ramos e

    folhas nas partes altas do colmo bem antes que este atinja sua alturafinal. As espcies deste grupo, mais encontradas so dos gnerosPhyllostachyseArundinaria.

    Algumas caractersticas importantes observadas na tabela a seguir,

    demonstram o potencial das espcies que o CPRA tem utilizado em cons-trues.

    (figuras: site bambubrasileiro)

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    2.2 MANEJO

    Apesar do bambu ser uma planta muito rstica e de grande veloci-dade de crescimento, aps o fortalecimento da touceira e a sua estabili-zao, que acontece aproximadamente no quarto ano aps o plantio, que se recomenda iniciar o corte dos primeiros colmos. No caso de

    bambuzais mais velhos o manejo tambm essencial, pois se o corte forrealizado de forma incorreta por alguns anos seguidos, resulta no enfra-

    Nome Compri- Dimetro Espessura Intern Resistn-Espcies comum mento (cm) cia ao ca-

    til (m) Colmo (cm) runcho*

    Bambusa Bambu 11 6-15 0,7-1,5 25-35 baixavulgaris verde

    Bambusa Bambu 10 6-15 0,7-1,5 25-35 baixavulgaris imperialvar.vittata

    Bambusa - 10 5-12 0,7-1,5 30-40 mdiaoldhami

    Bambusa Bambu 10 3-6 0,7-1,5 35-45 mdiatuldoides comum

    Dendrocalamus Bambu 14 8-20 1-2 20-45 mdiaasper gigante

    Dendrocalamus Bambu 16 10-25 1-3 20-45 mdiagiganteus gigante,

    bambu balde

    Guadua Taquaru 12 10-15 1,5-3 10-26 boa

    chacoaensis

    Phyllostachys Bambu 6 3-6 0,7-1,2 9-25 boaedulis Chins

    Phyllostachys Bambu 12 7-15 1-1,5 18-42 boapubescens mosso

    Quadro 1 - Potencial das Espcies

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    quecimento do bambuzal e consequente queda da produo de colmos.A poca correta e a escolha do colmo adulto so de extrema importnciano s pela durabilidade maior do bambu, como pela influncia diretano desenvolvimento da touceira.

    POCA ADEQUADA

    A poca mais adequada para o corte de colmos no Paran, so osmeses em que o metabolismo da planta est menor, o que ocorre no finaldo outono e parte do inverno. O conhecimento popular indica os mesessem r, que so maio, junho, julho e agosto. Com um menor metabolis-

    mo h uma menor circulao de seiva, tornando-os menos atrativos aoataque de insetos e fungos. O alto teor de amido um ponto fraco do

    bambu no que se refere ao ataque de insetos, pois o mesmo o atrativodo caruncho (Dinoderus minutus), considerado o maior problema nadurabilidade das construes e dos outros usos do bambu. O corte emoutros meses alm de fornecer colmos com menor durabilidade, pode

    prejudicar o desenvolvimento dos brotos, ou mesmo danific-los se esti-

    verem no perodo inicial de crescimento.Outra poca importante a observar a fase em que se encontra alua. Apesar deste procedimento ainda ser questionado por parte do meiocientfico, o fato que observamos resultados melhores com o corte nafase da lua quarto minguante em relao infestao de caruncho, comum menor grau de ataque. Em uma das primeiras construes de bambudo CPRA, uma cobertura para arraoamento de novilhas, para a qual foicoletado bambu em diferentes fases da lua, observou-se a decomposio

    pelo ataque de caruncho de algumas peas coletadas nas fases da luacrescente e cheia, sendo necessria a sua reforma. Este menor ataque

    pode ser explicado do mesmo modo que a questo dos meses com me-nor metabolismo. Durante a lua minguante h uma tendncia a maiorconcentrao de seiva nas razes e menor concentrao no colmo,disponibilizando menos amido para o caruncho. Este tambm um co-nhecimento tradicional, em que os agricultores utilizam no s para o

    bambu, mas para as podas de frutferas e o corte de madeira, conforme asua utilizao.

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    O esquema abaixo demonstra a predominncia da planta (colmos efolhas), conforme as fases da lua.

    MINGUANTE NOVA CRESCENTE CHEIA

    TIMA BOA RUIM

    ESCOLHA DO COLMO E CORTE CORRETO

    A idade do colmo outro ponto fundamental, pois colmos jovens(um a dois anos) so considerados imaturos, para o uso em estruturasque necessitam maior resistncia mecnica. O corte deve ser feito emcolmos com no mnimo trs anos, devido ao amadurecimento de seustecidos e o aumento da resistncia de suas fibras. Os colmos maduros,com idade superior a trs anos, normalmente localizam-se no interior datouceira, no apresentam mais brcteas aderidas (folhas falsas) e geral-mente so observadas manchas provocadas por fungos, musgos e lquensnos internos. A retirada dos galhos e ramos deve ser feita com umaserrinha, com um corte de 45 do p para a ponta, sem atingir o colmo.

    No momento do corte, utilizar uma serra de poda e cortar rente esobre o primeiro n acima do solo. Este procedimento evita que fique

    um copo, no qual se acumularia gua, gerando uma possvel entrada dedoenas, enfraquecendo a moita.

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    TRATAMENTO

    Os tratamentos mais utilizados so o fogo direto, com lana-cha-mas ou fogo dentro de um tambor, limpando-se os resduos e o acarque expelido na superfcie do colmo, com um pano embebido em leodiesel. Outro tratamento que utilizamos bastante a imerso total doscolmos em gua por um perodo de 20 a 30 dias e posterior secagem sombra. No tratamento com imerso em gua pode ser utilizado taninoem uma concentrao de 5 a 10%, ou brax (micronutriente) em umaconcentrao de 5%, por 15 dias de imerso. No utilizamos e nem reco-mendamos a utilizao de nenhum tipo de agrotxico ou produto qumi-co que possa causar impacto ao ambiente ou intoxicar as pessoas que

    venham a manusear os colmos.Estamos testando tambm o cozimento de colmos em tambores de

    metal, por cerca de duas horas; procedimento realizado por um mestrebambuseiro de Curitiba, o Z do Bambu, que vem obtendo bons resul-tados.

    MULTIPLICAO

    A propagao do bambu atravs da produo de mudas por semen-tes mais difcil de realizar, visto que a florao e formao de sementes um fenmeno muito raro. A forma maisutilizada a propagao vegetativa, na qualso utilizadas as partes areas, como o col-mo e ramos laterais, e/ou a parte subterr-nea, que so os rizomas. A principal vanta-

    gem da propagao vegetativa a possibi-lidade de obter clones com uniformidadegentica fenotpica, ou seja, exatamenteigual touceira me. Em contrapartida, a

    possibilidade de propagao atravs de se-mentes muito interessante, pois traz a va-riabilidade gentica to importante sob o

    ponto de vista da biodiversidade e estabili-

    dade de ecossistemas. (figuras: site bambubrasileiro)

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    3 CONHECIMENTOS ESSENCIAIS SOBRE ESTUFAS

    A localizao, o formato e as dimenses das estufas devem variarde acordo com as condies climticas de cada regio, portanto, como jfoi dito, modelos ou pacotes prontos nem sempre so os mais adequa-dos. No entanto, alguns pontos importantes devem ser considerados quan-do vamos escolher o local de construo. So eles:a) Para evitar problemas e maiores despesas, a estufa deve ser construda

    sempre no sentido dos ventos predominantes, ou seja, a sua parte frontalou os fundos recebendo este vento e nunca as laterais da estufa, paraque o vento escoe sem causar danos ao plstico;

    b) Quanto maior for o volume de uma estufa, ou seja, quanto maior a

    altura na mesma rea, mais facilitados sero os controles de tempera-tura e umidade relativa do ar. Deve-se tomar cuidado com altura ex-cessiva, pois a estrutura perde a resistncia ao vento, quanto maior aaltura;

    c) Dar preferncia, quando possvel, para a instalao em terrenos maisplanos. Facilita a construo, alm de facilitar os plantios, irrigao etratos culturais;

    d) Quando em regies mais midas, a ventilao da estufa muito im-portante, portanto evitar construir em baixadas, dando preferncia alocais bem ventilados.

    4 MONTAGEM DA ESTUFA

    ESTUFA MODELO CPRA

    Tamanho: 7,1 m x 12 m (84 m)Formato: ver planta baixa com as dimenses (pg. 18)

    Obs:tomar o cuidado em identificar os bambus maduros (maisde 3 anos) e o corte dos galhos conforme pg. 10. Tirar peas a

    mais, e de preferncia sempre mais longas.

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    4.1 RELAO DE MATERIAIS

    - 14 toras ou vigas de 1,0 x 0,15m, para apoiar os ps-direitos de bam-bu;

    - 34 torinhas ou vigotas de 0,9m x 0,10m, para apoiar os arcos de bam-bu da cobertura;

    - 34 (ou mais) colmos ou varas de bambu de 7,5m x 0,06m, para osarcos da cobertura (com as pontas finas);

    - 18 (ou mais) peas de bambu de 3,0m x 0,12m, ou mais largas, paraos ps-direitos e suportes de portas;

    - 05 (ou mais) peas de bambu de 4,5m x 0,10m, para as linhas dastesouras (travessas no sentido da largura);

    - 08 varas (ou mais) de bambu de 4,0m (ou 2 com o comprimento daestufa) x 0,10m, para as travessas longitudinais (laterais);- 04 (ou mais) varas de bambu de 4,0m x 0,10m, para a cumeeira;- 05 (ou mais) peas de bambu de 1,5m x 0,10m para o pendural

    (pontalete) da tesoura e 20 peas de 3,0m x 0,05m, para travamentodas tesouras, linhas laterais e cumeeira;

    - Bambus com entren longo, parede grossa (dimetro de 0,20-0,30m),para fazer tabiques ou cavilhas, com broca de 8mm;

    - 30 m de ripa de 1 pol x 2 pol e 30 m de matajunta ou sarrafo, parafixao do plstico da cobertura, cortinas e sombrite;

    - Filme agrcola AD 8,0m x 150 micra p/ estufa, com 20m de compri-mento;

    - Filme agrcola AD 2,0m x 100 micra p/ cortina, com 25m de compri-mento;

    - Faixa de fixao 0,20mm x 0,20m em plstico, com 40 m de compri-

    mento (para revestir as pontas dos arcos);- 12 peas de barra rosqueada 5/16 galvanizada, com 1,0m de compri-

    mento;- 60 porcas sextavadas galvanizadas 5/16;- 1 barra de ferro de construo de 4,2 mm (12m);- 60 arruelas lisas 5/16galvanizadas;- 1 galo de betume (opcional);

    - 1 galo de impermeabilizante asfltico (se for colocar o bambu diretono cho);

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    - 2 rolos ou 500 g de fio torcido de Poliamida, com espessura 210/072e 210/096 (ou 210/144);

    - 5 parafusos de telha de 6mm, com arruelas e porcas, para pendurar ospontaletes.

    Para as portas e janelas sero necessrios:- 05 peas de barra rosqueada 5/16 galvanizadas, com 1,0m de com-

    primento;- 40 porcas sextavadas galvanizadas 5/16;- 40 arruelas lisa 5/16galvanizadas.

    4.2 RELAO DE FERRAMENTAS/EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

    - escadas de 3,5m e andaimes (ou 4 tambores de 200l com taboas);- cavadeiras (polaca) ou trado;- serrote;- serrinha de cortar ferro;- serra manual ou circular;- serra tico-tico;- furadeira 500 W ou mais, com broca de 8mm e 30 cm de comprimen-

    to;- moto-serra;- faco;- machadinha;- chave de boca 5/16;

    - alicate;- groza;- torquez;- canivetes ou facas para fazer tabiques;- marreta de madeira;- trena de 50 m;- trena de 3 m;

    - linha de pedreiro;- mangueira transparente de gua para nivelamento da estrutura.

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    4.3 PLANTA E MEDIDAS

    Observao: os desenhos no esto em escala.

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    4.4 ETAPAS DA CONSTRUO

    1 PassoReunir todos os materiais necessrios.

    2 PassoEscolher e definir o local mais adequado.

    3 PassoFazer a demarcao dos ps-direitos. Esta operao relativamente

    simples, mas requer cuidados porque um alinhamento bem feito irresultar em uma maior harmonia da forma final da estufa. Uma mar-cao mal feita pode acarretar em consequncias graves, prejudican-do o esquadrejamento da estufa.A demarcao pode ser atravs de duas formas muito fceis, descritasa seguir. Escolha uma delas.

    A) Usando estacas, marca-se as larguras e o comprimento das linhas dosps-direitos e corrige-se o alinhamento esticando uma linha na diagonalque, cruzada, deve ter o mesmo comprimento, conforme figura abai-xo.

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    B) Outro mtodo o de demarcao de um tringulo retngulo. Parademarcar um ngulo reto, atravs do tringulo retngulo, utiliza-se 12metros da trena, dispostos com 3, 4 e 5 metros de lado (figura pg.19). Aps demarcar um canto (ngulo) dos ps-direitos da estufa, ali-

    nha-se e facilmente se demarca os outros, podendo realizar este mto-do do tringulo retngulo em outro canto para que a marcao fiquemais precisa.

    Dica importante: No momento do corte e escolha dos colmos debambu, selecionar as peas mais retas. Com a prtica do uso de bam-bus ou a interveno de pessoas com experincia, podem ser utiliza-das peas levemente tortas, pois devido maleabilidade do bambu,consegue-se corrigir o alinhamento no momento do travamento comoutros pontos da estrutura.

    4 Passo

    Abrir os buracos comaproximadamente 0,6 m

    de profundidade, a distn-cia de 3 m um do outro naslinhas e 3,7m entre as li-nhas, para a colocao dosmoures ou vigotas de es-

    pera dos ps-direitos cen-trais, para que os bambusno tenham contato com aterra.

    Dica importante: Depen-dendo da umidade da re-gio, pode acontecer de os

    bambus reduzirem sua du-rabilidade em contato di-

    reto com a terra. Por estemotivo recomenda-se a

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    utilizao de moures de madeira para apoiar o bambu. Alguns agri-cultores tm preferido utilizar produtos impermeabilizantes nos bam-

    bus, mas ainda no temos dados sobre a durabilidade. Estes produtoscontaminam o ambiente, portanto no os recomendamos.

    5 PassoMarcar o nvel dos ps-direitos das extremidades com um nvel demangueira ou outro equipamento para, no momento da colocao dosmoures, acertar a base dos ps-direitos todas no mesmo nvel. Pode-se utilizar uma linha ou um barbante nos moures das extremidades,esticado em nvel, facilitando o nivelamento dos moures intermedi-rios.Os moures so cortados com cerca de 1,0 m de comprimento, masnormalmente definimos o comprimento aps observarmos a diferen-a de nvel do terreno, pois em alguns casos uma linha de ps-direitoscom grande diferena de nvel exige moures com maior comprimen-to.

    6 PassoColocar os moures nos

    buracos e compactarbem.

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    7 PassoChanfrar os moures para o apoio dos

    ps-direitos do bambu e cort-los (nomximo 70% de seu dimetro), para

    que quando forem enterrados, fique aparte chanfrada a pelo menos 0,10 mdo solo.

    8 PassoCortar os ps-direitos (col-mos de bambu) com 2,5 mde comprimento, tentandodeixar os ns fechados paraevitar a entrada de umidadee assim aumentar a resistn-

    cia do colmo. Em regiesmuito quentes este compri-mento pode ser maior, paraque o teto fique mais alto ehaja maior circulao do arquente.

    9 PassoFixar os ps-direitos nos moures, fazendo dois orifcios a cerca de0,15 m de distncia, com uma furadeira, utilizando parafuso ou barrarosqueada 5/16 em um deles e, para reforar, no outro orifcio pren-der com ferro de construo ou vergalho com bitola de 4,2 mm. A

    base do p-direito de bambu (que vai ser apoiada no mouro) deveser sempre colocada rente a um n para que tenha mais resistncia.

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    10 PassoFixar as travessas longitudinais nas duas linhas de ps-direitos, tam-

    bm com barra rosqueada, bem rente ao limite superior do p-direito.

    11 PassoRealizar a confeco das tesouras, comeando por fixar a linha da

    tesoura, que a pea ou colmo de 4,0 m, que se dispe horizontal-mente e se apia na parte superior dos ps-direitos laterais da estufa.Esta linha tambm fixada com barra rosqueada, logo abaixo daslinhas longitudinais. Colocar em todos os cinco vos.

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    12 PassoPreparar o pendural, que a pea central, que se dispe verticalmentena tesoura, que se apia na linha e sustenta a cumeeira. O comprimen-to desta pea varia de 0,8 a 1,2 m, dependendo das condies climti-

    cas da regio. Em regies mais quentes recomenda-se peas maiorespara que a circulao de ar na parte superior da estufa evite que atemperatura se eleve demasiadamente em seu interior. Atentar ao fatode que quanto mais alta a estrutura da estufa, menor a sua resistnciaao vento, devendo-se optar, nesses casos, situao que for mais cr-tica. Deve-se cortar as extremidades no formato de uma boca de pei-xe, para facilitar o encaixe e fixao tanto na linha, quanto na cumeeira.O bambu fixado, passando-se o parafuso com um gancho por dentrodo pendural, que preso a outro parafuso transversal. Este parafusoque passa pelo interior do pendural ir atravessar a linha da tesoura,na qual ser fixado.

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    13 PassoFixar o pendural com travessas ou peas de bambu mais fino. Estas

    peas podem ser fixadas com tabiques feitos do prprio bambu.

    14 PassoFixar o pendural da tesoura da outra extremidade e utilizar uma linha

    para alinhar os pendurais das tesouras centrais.

    15 PassoFixar a cumeeira sobre os pendurais e travar todos os pendurais nasmesmas.

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    16 PassoFazer o travamento da linha longitudinal nos ps-direitos com mosfrancesas.

    17 PassoFazer os buracos onde iro ser colocados os palanquinhos de apoioaos bambus que formaro os arcos, a uma distncia de 0,75 m entreeles. Sero 17 palanques em cada lateral da estufa. Enterrar cerca de

    18 PassoEm um gabarito que pode ser feito em uma superfcie plana, para aconfeco dos arcos da cobertura, unir duas varas de bambu pelasextremidades mais finas, sobrepondo 1,0m, amarrando e encapandoesta juno com plstico para no ficarem salincias ou pontas

    perfurantes. O comprimento dos arcos deve ficar em torno de 10,5 m,porm essa medida pode variar conforme a altura final da cumeeira.

    0,5 m e deixar 0,4 m acimado solo para a fixao dos

    bambus. Utilizar um barban-te para que a lateral fiquebem alinhada.

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    Coloca-se ento o primeiro arco j unido pelas extremidades maisfinas, sem cortar as bases, nos palanques laterais para que seja feito oajuste final do tamanho do arco. Aps acertado o tamanho, fixa-se os

    bambus com ferro de construo 4,2 mm nos palanques, amarrando

    com fio de poliamida ou arame.

    19 PassoFixar o ripo na lateral, em toda a linha dos arcos a 1,0 m de altura,tambm com ferro de 4,2 mm. Neste ripo ser fixado o sombrite(opcional), a cortina lateral (antes da cobertura) e o plstico da cober-tura.

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    20 PassoConfeccionar as portas e janelas com o prprio bambu e fix-las naestrutura.

    21 PassoFixar o plstico em horrios mais quentes, para que fique bem estica-do, utilizando uma linha de mata-juntas (ripa fina), que ser enroladano plstico e fixada no ripo. Prender primeiro uma lateral e esticar

    bem o outro lado e as extremidades onde ser a frente e o fundo daestufa, utilizando vrias pessoas (pelo menos cinco). Aps bem esti-cado, enrolar a outra lateral na mata-junta e fixar no ripo. Na frente e

    no fundo da estufa deve-se fixar o plstico e depois recortar no localda porta e das janelas.

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    5 CONSIDERAES FINAIS

    A proposta de construo de estufas colocada neste manual, inclu-sive chamada de modelo CPRA, no uma proposta definitiva comoo nome modelo sugere. Ela apenas uma das possveis formas ouformatos que devem ser adequados a cada local, cultura ou utilizaoque a estufa for destinada.

    Na Agroecologia no impomos modelos e sim colocamos possibili-dades, que se constroem e se aperfeioam com os conhecimentos e rea-lidades locais.

    Alm de possibilitar uma produo de alimentos em cultivo prote-gido com baixo custo, melhorando a renda do agricultor familiar, que

    o principal objetivo deste manual; esperamos que atravs deste trabalhoos agricultores enxerguem o bambu como um fantstico recurso natural,com inmeras utilidades e benefcios para o meio rural.

    Portanto, nunca esqueamos de manej-lo com racionalidade, im-plantando diferentes espcies nas propriedades, sem torn-lo ummonocultivo, como a tendncia negativa da agricultura de escala, vol-tada somente para o lado econmico.

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    Observao:Ter cuidado com o sistema de irrigao, utilizando

    preferencialmente o sistema de gotejamento, a fim deaumentar a durabilidade da estrutura.

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    REFERNCIAS

    AZZINI, A.; SANTOS, R. L. dos e PETTINELLI JUNIOR, A. Bambu:

    material alternativo para construes rurais.Campinas: InstitutoAgronmico, 1997. (Boletim tcnico, 171), 18 p.

    GRAA, Vera L. Bambu: tcnicas para o cultivo e suas aplicaes.So Paulo: cone, 1988, 2, ed., 124 p.

    HIDALGO, LOPEZ O. Manual de construccion con bambu.Bogot:CIBAM, Universidad Nacional de Colmbia.

    PEREIRA, Marco A. R. e BERALDO, Antonio L. Bambu de corpo e

    alma.Bauru-SP: Canal6, 2007. 240 p.SGANZERLA, Edlio. Nova agricultura: a fascinante arte de culti-var com os plsticos.Guaba: Agropecuria, 1997, 6. ed., 342 p.