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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA TOMADA DE DECISÕES Por: Elizabeth Pereira Bresciani Orientador Profª Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro Agosto de 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA TOMADA DE

DECISÕES

Por: Elizabeth Pereira Bresciani

Orientador

Profª Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

Agosto de 2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA TOMADA DE

DECISÕES

Por: Elizabeth Pereira Bresciani

Apresentação de monografia à

Universidade Candido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Latu Sensu”

em Finanças e Gestão Corporativa.

Rio de Janeiro

Agosto de 2010

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois com Ele tudo

é possível.

Aos meus pais e irmãos que me apoiaram nessa

empreitada, me incentivaram nessa jornada e que

estiveram ao meu lado por toda a caminhada.

4

DEDICATÓRIA

Ao meu companheiro, presente nos momentos

difíceis, que acredita no meu potencial, que me

mostra, a cada passo, um novo horizonte, que me

ensina que não se deve desistir nunca.

5

RESUMO

Um dos temas mais discutidos atualmente é a importância da

contabilidade nas tomadas de decisão. A contabilidade deixou de ser apenas

um sistema de informação tributária, hoje em dia, com um mercado altamente

competitivo, ela representa um valioso instrumento gerencial.

A pesquisa consistiu, primeiramente, de um breve estudo sobre a

história da contabilidade, mostrou o desenvolvimento desta ciência, destacou a

importância das demonstrações no processo decisório das empresas, da

necessidade da informação produzida pela contabilidade, e finalmente, a

análise através dos índices calculados a partir dessas demonstrações.

O resultado obtido neste trabalho é a constatação dessa importância, o

quanto esses dados auxiliam os empresários na tomada de decisão, no

processo de gestão, planejamento, execução e controle. A Contabilidade

contribui positivamente para o sucesso da empresa, com informações capazes

de indicar a direção a ser seguida.

6

METODOLOGIA De acordo com VERGARA (2009; Pág. 42) a pesquisa será bibliográfica.

Porque conforme a definição de VERGARA:

“É o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. O material publicado pode ser fonte primária ou secundária. Por exemplo: o livro Princípios de administração científica, de Frederick W. Taylor, publicado pela Editora Atlas, é fonte primária se cotejado com obras de outros autores que descrevem ou analisam tais princípios. Estas, por sua vez, são fontes secundárias. O material publicado pode também ser fonte de primeira ou de segunda mão. Por exemplo: se David Bohn escreveu um artigo, ele é fonte de primeira mão. No entanto, se esse artigo aparece na rede eletrônica editado, isto é, com cortes e alterações, é fonte de segunda mão”.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

UM ESTUDO HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE 09

CAPÍTULO II

AS DECISÕES GERENCIAIS E FINANCEIRAS 19

CAPÍTULO III

A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO E A CONTABILIDADE 21

CAPÍTULO IV

DAS DEMONSTRAÇÕES 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

8

INTRODUÇÃO

A Contabilidade é à base dos negócios. Nos dias de hoje, num mundo

onde as oportunidades de negócios surgem e os gestores precisam responder

de imediato, onde a informação rápida e segura é a base para as tomadas de

decisões, onde o mercado não espera, é cada vez mais presente a

necessidade da contabilidade gerencial, fornecendo dados, analisando índices,

projetando o futuro, e neste momento que as estratégias de negócios

dependem de um numero imenso de relatórios, mapas, indicadores e tudo mais

que se possa utilizar para nortear o rumo da empresa.

O presente trabalho mostra as informações geradas pela contabilidade,

e algumas ferramentas contábeis que auxiliam os gestores na administração,

planejamento e execução de projetos necessários ao crescimento e a

sustentabilidade da empresa.

A pesquisa faz um breve relato sobre o início da contabilidade e sua

evolução, as demonstrações contábeis e financeiras produzidas pela

contabilidade, e como as informações, geradas através destes índices, auxiliam

na avaliação da situação da empresa.

9

CAPÍTULO I

UM ESTUDO HISTÓRICO SOBRE A EVOLUÇÃO DA

CONTABILIDADE

1.1 Origem da Contabilidade

É muito difícil precisar exatamente a época em que se iniciou a História

Contábil, os estudos sobre as civilizações da Antiguidade nos mostram que o

homem da caverna já “cuidava da sua riqueza”. Desenhos encontrados

revelaram como eram feitos esses controles. Observava-se que a cara do

animal desenhado era daquele que eles queriam controlar e a quantidade era

demonstrada pelo número de cabeças existentes. Tais anotações eram feitas

em paredes de caverna e tabuletas de argila.

Neste período, em que não se tinha nem mesmo noção de que ali nascia

uma ciência de grande importância para a humanidade, os indivíduos faziam

suas inscrições classificando de forma quantitativa e qualitativa o seu

patrimônio, utilizando as inscrições de desenhos para demonstrarem a

qualidade e riscos para quantidade, processo que se iniciou de forma empírica.

1.2 A Evolução da Contabilidade

Podemos classificar a evolução da contabilidade em quatro períodos:

• Contabilidade do Mundo Antigo

Teve início nas primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã.

Praticava-se a contabilidade empírica, já tinha como objeto o Patrimônio.

10

Os suméricos e babilônicos, assim como os assírios, faziam os seus

registros em peças de argila, retangulares ou ovais, ficando famosas as

pequenas tábuas de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5

centímetros, tendo faces ligeiramente convexas.

• Contabilidade do Mundo Medieval

Período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494.

Em 1202, na Itália, é publicado o livro “Líber Abaci”, de Leonardo Pisano.

Nesta época, estudavam-se técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio,

etc. O homem crescendo em conhecimentos comerciais e financeiros.

• Contabilidade do Mundo Moderno

Período que vai de 1494 até 1840.

O marco da contabilidade moderna se dá com a obra do frei franciscano

Luca Paciolli – Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et

Proportionalita, em 1494. O Summa era um tratado sobre matemática, porém

apresentava um capítulo sobre o sistema de escrituração revolucionário, as

“Partidas Dobradas”. A contabilidade foi apresentada pela primeira vez por

esse método.

• Contabilidade do Mundo Científico

Período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje.

Esta fase se inicia com a obra “La Contabilitá Applicatta alle

Administrazioni Private e Plubbliche”, do contabilista público, Francesco Villa.

Fábio Besta demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, chegando

muito perto de definir patrimônio como “objeto da contabilidade”, superando

seu mestre, Francesco Villa, em seus ensinamentos.

11

Foi Vicenzo Mazi, em 1923, quem pela primeira vez definiu patrimônio

como objeto da contabilidade.

Podemos dizer que a evolução histórica da contabilidade se fez em duas

grandes escolas: a italiana e a norte-americana.

1.2.1 Escola Italiana (antes de 1964)

Século XII até o início do século XVII, a Itália, o berço do Renascimento,

considerada o expoente mais importante para a contabilidade.

Foram italianos os primeiros nomes nas grandes obras contábeis, tais

como: Luca Paciolli; Fábio Besta; Giuseppe Cerboni; Gino Zappa, entre tantos

outros.

Ao mesmo tempo, verificou-se nesse período esplêndido crescimento da

Contabilidade na Europa.

Concomitante com o desenvolvimento comercial sentiu-se a

necessidade da criação de um meio de troca mais flexível que o escambo

(troca direta de mercadoria). Surgiu assim à moeda, e a contabilidade passa a

ter avaliações monetárias onde apenas existiam inventários físicos.

Com a obra de Luca Paciolli, “La Summa de Arithmetica, Proportionalitá”

(Método das Partidas Dobradas, séc. XIV e sua divulgação em 1494), a

chamada “Escola Italiana” teve impulso e se espalhou pela Europa. A

escrituração contábil ganhou relevância, fazendo com que os registros

12

patrimoniais e os métodos de avaliação se desenvolvessem em grandes

proporções.

Foi com a Revolução Industrial (séc. XVIII) na Inglaterra, que as técnicas

contábeis tomaram novo estímulo. O grande desenvolvimento econômico

verificado no período desenvolveu as grandes corporações e o surgimento do

mercado de capitais.

Aumentou-se a necessidade de confirmação dos registros contábeis

como forma de garantir a segurança dos investimentos – desenvolvimento dos

procedimentos de auditoria (é a técnica contábil pela qual é verificada a

qualidade da informação prestada confirmando, ou não, se os demonstrativos

apresentados representam com fidelidade a situação patrimonial).

Portanto, com a Revolução Industrial, a atividade econômica evoluiu de

artesanal para empresarial, forçando também a ciência contábil a um novo

progresso e a uma readaptação das técnicas contábeis elaboradas a partir da

obra de Luca Paciolli.

Segundo Iudícibus (1997, p. 33) mesmo na Itália, nas faculdades do

norte do país, muitos textos apresentam influência norte-americana e as

principais empresas contratam na base de experiência contábil de inspiração

norte-americana.

1.2.2 Escola Norte-Americana (após 1964)

Foi com a descoberta de como registrar as variações ocorridas na

riqueza de uma entidade que a Itália exportou para o mundo. Contudo, por

meio de pesquisas desenvolvidas por outros países, principalmente pelo EUA,

observou-se que a contabilidade, por associar todas as informações

13

econômicas de um período, ou ainda de diversos, poderia ter um papel mais

ativo ou importante na gestão das empresas, e assim foram desenvolvidos

diversos estudos sobre: a contabilidade como base para a tomada de decisões

empresariais e as necessidades dos vários usuários da contabilidade.

Com a decadência da Escola Italiana, a Escola Norte-Americana ganhou

importância, se diferenciando basicamente por preocupar-se mais com a

prática do que com a teoria, fato que levou autores brasileiros a acreditarem

que a teoria norte-americana fosse fraca, o que não é verdade, como mostram

as obras The Theory and Measurement of Business Icome, de Edwards & Bell,

trabalho de Hendriksen e o trabalho de Mattessich.

Além de aperfeiçoar as técnicas de registro advindas da escola Italiana,

a escola norte-americana, inclinou-se ao desenvolvimento dessa nova visão

contábil. Pesquisadores e órgãos governamentais, entidades de classe e

outras associações, trabalharam no desenvolvimento e aprimoramento de

técnicas no ambiente contábil e não só se preocuparam com essa nova visão

do papel da contabilidade no mundo empresarial, como também na formação

do contador no meio universitário.

No que se refere às pesquisas, pode-se dizer que não há nada mais

positivo para evolução de uma ciência que a pesquisa e os EUA não pecaram

nesse sentido. Inédito no mundo, o Instituto dos Contadores Públicos

Americanos é um órgão de pesquisa contábil. O FASB (Financial Accouting

Standard Board) e o SÉC (equivalente a CVM do Brasil) têm contribuído

também para pesquisas sobre procedimentos contábeis.

A Escola Norte-Americana transformou-se numa das mais importantes e

influentes no mundo, ditando regras para o tratamento de questões ligadas à

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Contabilidade de Custos, Controladoria, Análise das Demonstrações

Contábeis, Gestão Financeira, Controle Orçamentário, etc.

1.2.3 A Contabilidade no Brasil

Por volta de 1754, ainda como colônia de Portugal, o Brasil iniciou a

formação de profissionais na área contábil.

Houve grande influência tanto da Escola Italiana quanto da Escola

Americana, sendo que inicialmente, foi a Escola Italiana que exerceu grande

domínio no Brasil, porém foi na Escola Americana que o Brasil se baseou para

formação da Lei das Sociedades por Ações, que ocorreu a partir da Resolução

nº 220 e da circular nº 179 do BC e para a implantação do ensino acadêmico.

A Escola de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902, em São

Paulo, adotando basicamente técnicas das escolas italiana e alemã (o registro

das operações financeiras ocorridas em uma empresa), foi à primeira escola

especializada no ensino da contabilidade.

Nesta instituição professores de grandes nomes, como Francisco

D’Auria, Frederico Herrmann Júnior, Coriolano Martins, abriram precedentes

para a pesquisa contábil.

Segundo Iudícibus (1997), D’Auria teve o mérito de ser o mais

“brasileiro” dos autores famosos da época, no sentido de que conseguiu formar

o que se poderia chamar de embrião de uma autêntica escola brasileira, mas

foi na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, fundada

em 1946, seguindo os métodos utilizados pela escola norte-americana (uso das

informações contábeis para gestão dos negócios) que o Brasil ganhou seu

15

primeiro núcleo efetivo, propiciando o surgimento de escritos contábeis

importantes por alguns desses mesmos professores.

Foi criado nessa época, um centro de pesquisas contábeis, com o intuito

de adequar os métodos utilizados nos Estados Unidos ao Brasil.

1.3 Princípios de Contabilidade

Resolução CFC nº 750/93 – alterada pela Resolução CFC nº

1.282/2010.

Art. 2º - Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas

e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento

predominante nos universos científico e profissional de nosso País.

Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social,

cujo objetivo é o Patrimônio das Entidades. (Redação dada pela Resolução

CFC 1.282/10).

Art. 3º - São Princípios de Contabilidade (Redação dada pela Resolução CFC

nº 1.282/10):

I – o da ENTIDADE;

II – o da CONTINUIDADE;

III – o da OPORTUNIDADE;

IV – o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;

V – o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA (Revogado pela Resolução CFC nº

1.282/10);

VI – o da COMPETÊNCIA; e

VII – o da PRUDÊNCIA.

16

1.3.1 Princípio da Entidade

O ponto central deste princípio é a autonomia patrimonial, ou seja, o

patrimônio da empresa não se confunde com o dos sócios. Em outras palavras,

entende-se que a contabilidade deve ser executada e mantida para qualquer

tipo de entidade como pessoa totalmente distinta da pessoa física (ou jurídica)

dos sócios ou acionistas.

1.3.2 Princípio da Continuidade

É um axioma (uma verdade) contábil, a continuidade ou não da empresa

influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o

vencimento dos passivos. Uma empresa em descontinuidade (fase pré-

falimentar), raramente irá conseguir um novo empréstimo bancário.

O patrimônio da entidade, em sua composição qualitativa e quantitativa,

depende das condições em que provavelmente se desenvolverão as operações

da entidade.

A contabilidade pressupõe que a empresa vai continuar indefinidamente.

1.3.3 Princípio da Oportunidade

A atenção está no fato de que todas as variações patrimoniais da

entidade devem estar reconhecidas nos registros contábeis no momento em

que elas ocorrerem. Assim, de acordo com a Resolução nº 750 do CFC e

alterações, o Princípio da Oportunidade é a base indispensável à fidedignidade

das informações sobre o patrimônio da entidade.

17

Ainda de acordo com o artigo 6º – “a falta de integridade e

tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode

ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação

entre a oportunidade e a confiabilidade da informação”.

1.3.4 Princípio do Registro pelo Valor Original

Os elementos patrimoniais devem ser inicialmente registrados pela

contabilidade por seus valores originais, expressos em moeda corrente do país,

isso decorre da necessidade de homogeneização quantitativa do registro do

patrimônio e de suas mutações, a fim de obter a necessária comparabilidade e

possibilitar agrupamento de valores.

1.3.5 Princípio da Atualização Monetária

Revogado pela Resolução CFC 1.282/2010.

1.3.6 Princípio da Competência

As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado

do período em que ocorrerem.

A Competência é o princípio que estabelece quando determinado

elemento deixa de fazer parte do patrimônio, para transformar-se em elemento

modificador do patrimônio líquido.

Independentemente de terem sido pagas (as despesas) ou recebidas (as

receitas) o fato gerador ocorreu, houve mutação no patrimônio.

18

1.3.7 Princípio da Prudência

Este princípio determina que sempre que houver alternativas válidas

dentro dos princípios contábeis para o registro de mutações do patrimônio deve

atribuir o menor valor para o ativo e o maior valor para o passivo.

De acordo com o texto da Resolução nº 750 do CFC e alterações –

“pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos

julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no

sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e

despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao

processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais”.

A aplicação deste princípio não deve levar a excessos, ou seja, não

deve levar a situações classificáveis como manipulações do resultado, não é a

intenção criar reservas ocultas, ao contrário, o objetivo é constituir garantia de

inexistência de valores artificiais.

19

CAPÍTULO II

AS DECISÕES GERENCIAIS E FINANCEIRAS

2.1 O papel da Contabilidade no processo decisório das

empresas

A contabilidade aprimorou-se de acordo com as necessidades de seus

usuários. Deixou de ser apenas um instrumento de escrituração fiscal e

histórica para contentar as exigências do estado e passou a ser considerada

como uma ferramenta que atua diretamente na tomada de decisão. O seu

desenvolvimento esteve diretamente ligado ao desenvolvimento econômico e

às transformações sociopolíticas e socioculturais de cada época. É justamente

essa necessidade de aperfeiçoar e desenvolver instrumentos de avaliações da

situação patrimonial cada vez mais presentes na tomada de decisões que fez,

e faz, com que a contabilidade busque mecanismos mais precisos na geração

de informações para seus usuários internos e externos.

O processo decisório tem seu início no entendimento das

demonstrações contábeis. O grande objetivo da contabilidade, hoje, é planejar

e colocar em prática um sistema de informação para uma organização, com ou

sem fins lucrativos.

É através de suas demonstrações que a contabilidade disponibiliza

informações, possibilitando perspectivas futuras para as organizações,

desenvolvendo conceitos de gestão, qualidade, planejamento estratégico que

estão cada vez mais incorporados na prestação de serviços contábeis.

Como ciência, a Contabilidade depende cada vez mais de profissionais e

estudiosos que de forma recíproca venham a agir sobre todo o processo

20

tecnológico, filtrando as informações conforme as necessidades dos gestores.

Pois, somente conhecendo os fatos passados o administrador será capaz de

projetar o que poderá acontecer com a escolha de determinada decisão, avaliar

quais informações ajudará na otimização de resultados, na análise de

desempenho e, principalmente nortear o futuro da empresa.

Importante salientar que as informações decorrentes da Contabilidade,

não se restringem aos gestores das empresas, mas também a outros

segmentos de usuários (investidores, fornecedores, bancos, governo,

sindicatos, funcionários).

2.2 Transformar dados em informações

Por muito tempo, a contabilidade foi vista apenas como um instrumento

de informações tributárias. Hoje, em todos os segmentos, pela importância de

suas demonstrações, pela quantidade de informações que contem, pelo

mercado altamente competitivo, ela é vista também como uma ferramenta

gerencial que auxilia na tomada de decisão.

A contabilidade, de posse de documentos hábeis, elabora as

demonstrações contábeis. Por meio de um sistema de informação adequado,

esses dados seguem para a Controladoria onde são convergidas todas as

informações necessárias para o controle econômico e financeiro da empresa.

Ou seja, depois de processados todos os fatos pela contabilidade,

encerradas as demonstrações, o administrador terá em mãos informações que

o ajudará na análise, de forma a tomar a melhor decisão ou a menos arriscada

para a sua empresa.

21

CAPÍTULO III

A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO E A

CONTABILIDADE

3.1 A Informação Contábil utilizada na Empresa

É o sistema contábil quem fornece os dados os quais os gestores

necessitam diariamente para o planejamento, o controle e a tomada de

decisão, por isso o entendimento de que o contador e o gestor devem trabalhar

em perfeita sintonia.

Essas informações geradas pela contabilidade devem ser elaboradas de

forma clara, precisa, possibilitando ao gestor uma análise da situação da

empresa podendo, assim, projetar o futuro.

É estudando uma demonstração do resultado presente que a empresa

tem argumentos para direcionar suas decisões.

3.2 Tipos de Contabilidade

Existem basicamente três tipos de contabilidade:

• Contabilidade Financeira – na qual a empresa mostra para

credores, investidores e também para fins fiscais a situação contábil

no decorrer do ano fiscal.

• Contabilidade de Custos – consiste na aplicação da técnica

contabilística aos fenômenos internos da empresa, que ocorrem na

área de produção, comercial, administrativa e financeira.

• Contabilidade Gerencial – são análises da saúde financeira da

empresa do ponto de vista da gerência interna.

22

As normas e os conceitos utilizados em cada um desses tipos são

diferentes, assim como as informações geradas em cada caso (embora

existam princípios comuns aos 3 tipos de contabilidade).

3.2.1 Contabilidade Financeira

Contabilidade Financeira é uma expressão técnica que sintetiza a

aplicação da matéria contábil de conformidade com a proposta teórica e prática

de origem anglo-americana (financial accounting) que surgiu em meados do

século XX, e que em suma representa uma vertente da Contabilidade que a

direciona para a gestão financeira do capital aplicado da entidade e cuida da

elaboração das demonstrações financeiras mediante Princípios de

Contabilidade Geralmente Aceitos (GAAP's).

A Contabilidade Financeira trata diretamente com a elaboração e a

comunicação de informações econômicas de uma empresa direcionadas a um

público específico, que são: os acionistas, os credores (bancos, debenturistas e

fornecedores), as entidades reguladoras e as autoridades governamentais

tributárias.

3.2.1.1 Área de Atuação

• A principal área de atuação:

É responsável pela elaboração e consolidação das demonstrações

contábeis para fins externos.

23

3.2.1.2 Característica da Contabilidade Financeira

• Elaboração das demonstrações financeiras;

• Observância dos princípios contábeis;

• Apuração do custo das mercadorias vendidas;

• Uso da Contabilidade de Custos para apuração;

• Avaliação do passado;

• Confiabilidade;

• Padrão;

• Ênfase na Análise Financeira em detrimento da Análise Contábil,

uma vez que não há a preocupação da qualificação científica do

patrimônio.

3.2.2 Contabilidade de Custos

A Contabilidade de Custos é o ramo da contabilidade que se destina a

gerar informações para diversos níveis gerenciais de uma empresa, como

auxílio às funções de determinação de desempenho, e de planejamento e

controle das operações e de tomada de decisões, bem como tornar a alocação

mais próxima possível dos custos de produção aos produtos.

A Contabilidade de Custos tem como função: coletar, classificar e

registrar os dados operacionais das diversas atividades da empresa,

denominados de dados internos, e em determinadas situações, coleta e

organiza dados externos. Os dados coletados podem ser tanto monetários

como físicos.

24

Exemplos de dados físicos operacionais:

• Unidades produzidas:

• Horas trabalhadas;

• Quantidade de requisições de materiais e de ordens de produção;

entre outros.

Uma outra área específica da Contabilidade de Custos é a que trata dos

gastos incorridos na produção de bens e serviços. Tem aplicação em qualquer

empresa na qual se deseje controlar os gastos necessários á produção de

bens ou serviços. Para tanto, requer a existência de métodos de custeio para

que, ao final do processo, seja possível obter-se o valor a ser atribuído

ao objeto de estudo.

3.2.2.1 Os Principais Métodos de Custeio

• Custeio por Absorção – é o método tradicional de custeamento,

onde, para se obter o custo dos produtos, consideram-se todos os

gastos industriais, diretos ou indiretos, fixos ou variáveis;

• Custeio Variável ou Direto – este método de custeio utiliza-se

apenas dos custos e despesas que têm relação proporcional e direta

com a quantidade de produtos;

• Custeio ABC (Custeio Baseado em Atividades) – este método

procura aprimorar o custeamento dos produtos, através de

mensurações corretas dos custos fixos indiretos, em cima das

atividades geradoras desses custos, para acumulação diferenciada

ao custo dos diversos produtos da empresa.

25

3.2.3 Contabilidade Gerencial

CREPALDI (1998, p.18) define a Contabilidade Gerencial como: “O ramo

da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos

administradores de empresas que os auxiliem em funções gerenciais. É voltada

para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um

adequado controle dos insumos efetuados por um sistema de informações

gerenciais.”

Segundo Santos (2001) – “As informações da Contabilidade Gerencial

devem ser elaboradas de forma que contenham dados a serem usados pelos

administradores da empresa em planejamento de operações ou em tomada de

decisão. Elas devem conter o maior número possível de informações que

atendam à necessidade de seus usuários”.

A Contabilidade Gerencial não é um ramo autônomo da Ciência

Contábil, como a Contabilidade Financeira. Ela é a integração dos

conhecimentos úteis, sob o aspecto gerencial, para a tomada de decisões da

administração da empresa, oriundos de vários ramos da Contabilidade e de

outras ciências. É o gerenciamento da informação contábil em favor da

administração da entidade.

A Contabilidade Gerencial (tradução corrente em português do Brasil

para a expressão em inglês Management Accounting) é uma ferramenta

indispensável para a gestão de negócios. Já faz muito tempo que contadores,

administradores e responsáveis pela gestão de empresas constataram que a

amplitude das informações contábeis vai muito além do simples cálculo de

impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e fiscais.

26

Além do mais, o custo de manter uma contabilidade completa (com livros

diário, razão, inventário, conciliações, etc.) não é justificável para atender

somente o fisco. Informações importantes e necessárias podem estar sendo

desperdiçadas, quando a contabilidade é encarada como um mero

cumprimento da burocracia governamental.

A Contabilidade Gerencial preocupa-se com a informação contábil útil à

administração. Os administradores (usuários internos) são as pessoas que se

valem dessa informação. A administração utiliza-se dos dados gerenciais para

planejamento, avaliação e controle adequados da organização, por meio de um

Sistema de Informação Contábil.

3.2.3.1 Vantagens de utilizar-se dados contábeis para gerenciamento

• Apuração de Custos;

• Projeção de orçamentos empresariais;

• Análise de desempenho (índices financeiros);

• Cálculo do ponto de equilíbrio;

• Determinação de preços de vendas;

• Planejamento tributário;

• Controles orçamentários;

• Teoria das Restrições (TOC) Contabilidade por Ganho;

• Balanced Scorecard;

• ABM/GECON – Sistema de Informação de Gestão Econômica.

27

3.2.4 Diferença entre a Contabilidade Gerencial e a

Contabilidade Financeira

As principais diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a

Contabilidade Financeira, são:

• Contabilidade Financeira – são as informações econômicas de

uma empresa dirigidas a uma clientela externa (acionistas,

instituições financeiras, fornecedores);

• Contabilidade Gerencial – são as mesmas informações

econômicas de uma empresa só que direcionadas a um público

interno (funcionários, gerentes, executivos).

Algumas das principais ferramentas contábeis utilizadas pelos

administradores no gerenciamento das empresas são:

• Análise das Demonstrações Contábeis;

• Controle de bens do Ativo Imobilizado;

• Controle de contas a pagar;

• Controle de contas a receber;

• Controle de estoques;

• Fluxo de caixa;

• Orçamento;

• Planejamento tributário, e;

• Técnicas de análise de investimentos.

28

3.2.4.1 Representação das principais diferenças entre a Contabilidade

Gerencial e a Contabilidade Financeira.

Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira

Usuários: Administração Usuários Externos e

Administração

Características: Objetivo e subjetivo Objetivo

Preparados de acordo com as necessidades

gerenciais

Prepararas conforme os Princípios Fundamentais

de Contabilidade

Preparados periodicamente ou quando

necessário

Preparadas

periodicamente

Entidade empresarial ou segmento

Entidade empresarial

Objetivos dos relatórios e seus destinatários

Facilitar o planejamento, controle, avaliação de

desempenho e tomada de decisões pelos usuários

internos (sócios e gestores).

Facilitar a análise financeira dos usuários

externos.

Espécies e forma dos relatórios

Orçamentos, relatórios de desempenho, de custos e outros não rotineiros para

facilitar a tomada de decisões, elaborados de forma detalhada, com

especificidades de partes da entidade, como

produtos, departamentos etc. e liberdade quanto à forma de elaboração.

BP, DRE, DLPA (DMPL), DFC e DVA, conforme os moldes legais, elaborados

de forma resumida, preocupando-se

principalmente com a entidade como um todo.

Fonte: Própria

29

3.2.4.2 A Comparabilidade: Contabilidade Gerencial e Contabilidade Financeira

A comparabilidade pode ser entendida sob os seguintes enfoques:

• Comparação com períodos passados;

• Comparação com padrão setorial;

• Comparação com períodos orçados;

• Comparação com padrões internacionais;

• Comparação com empresas concorrentes.

O importante em toda essa sucessão de fatos é saber interpretar os

indicadores e elaborar relatórios destacando os pontos fortes e fracos do

processo operacional e financeiro da empresa, para então, nortear o curso

futuro.

É difícil estabelecer um limite entre a Contabilidade Gerencial e a

Contabilidade Financeira, visto existir uma ligação entre técnicas puramente

contábeis e gerenciais, formando uma fronteira redundante entre essas áreas.

São as demonstrações contábeis que, de certa forma, vão representar a

fronteira entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira.

Todavia, não é certo afirmar, que tais demonstrações contábeis,

simplesmente por serem o último degrau da Contabilidade Financeira e por

servirem de maneira preponderante aos interessados externos, não sejam

importantes, ao menos como ponto de partida, para a Contabilidade Gerencial

e para a administração. Elas contem informações valiosas no tocante aos

indicadores de desempenho, podendo tal informação ser usada de forma

preventiva pela gerência.

30

A Análise do Balanço Patrimonial, juntamente com a Demonstração do

Resultado de Exercício, serve tanto para quem está financiando recursos para

a empresa (na avaliação da segurança do retorno do financiamento), como

para os gestores na avaliação da tendência da empresa. Ambos utilizarão os

mesmos índices, todavia, com direcionamentos bem diferenciados.

31

CAPÍTULO IV

DAS DEMONSTRAÇÕES

4.1 Demonstrações Contábeis

4.1.1 Obrigatoriedade – Lei nº 6.404/76

As Demonstrações Contábeis são o conjunto de informações que devem

ser obrigatoriamente divulgadas, anualmente, de acordo com a lei 6.404/76,

pela administração de uma sociedade por ações e representa a sua prestação

de contas para os sócios e acionistas.

Segundo o IBRACON (NPC 27), "as demonstrações contábeis são uma

representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em

determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período

findo nessa data. O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é

fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o

fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de

usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também

mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos

que lhe são confiados”.

Para atingir esse objetivo, as demonstrações contábeis fornecem

informações sobre os seguintes aspectos de uma entidade:

a) Ativos;

b) Passivos;

c) Patrimônio líquido;

d) Receitas, despesas, ganhos e perdas; e

e) Fluxo financeiro (fluxos de caixa ou das origens e aplicações de recursos).

32

Essas informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas

às demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados

futuros e os fluxos financeiros futuros da entidade.

4.1.2 Composição das Demonstrações Contábeis

No Art. 176, a Lei das S.A. determina quais as demonstrações

financeiras, que com base na escrituração mercantil, a companhia estará

obrigada a elaborar:

• Balanço Patrimonial;

• Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;

• Demonstração do Resultado do Exercício;

• Demonstração dos Fluxos de Caixa; e

• Demonstração do Valor Adicionado (no caso de companhia

aberta).

4.1.2.1 Balanço Patrimonial – é uma demonstração contábil que tem por

objetivo mostrar a situação financeira e patrimonial de uma entidade numa

determinada data. É uma posição estática.

4.1.2.2 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – no Brasil, a Lei

das S.A. aceita tanto a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,

quanto à de Lucros ou Prejuízos Acumulados, sendo que a primeira é a mais

completa, contendo, inclusive, uma coluna com os dados da segunda.

Após a edição da Lei 11.638/07, que alterou parcialmente a lei 6.404/76,

retificada e ratificada pela MP 449/08 (transformada na Lei 11.941/09), para as

empresas S.A. não existe mais a rubrica de Lucros Acumulados. Assim, na

33

DMPL, constará a coluna intitulada Prejuízos Acumulados, onde serão

registradas todas as movimentações que envolverem o resultado do exercício

em análise.

4.1.2.3 Demonstração do Resultado do Exercício – destina-se a evidenciar a

formação de resultado líquido do exercício, diante do confronto das receitas,

custos e despesas apuradas segundo o regime de competência, a DRE

oferece uma síntese econômica dos resultados operacionais de uma empresa

em certo período.

4.1.2.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa – objetiva demonstrar como

ocorreram as movimentações das disponibilidades e o Fluxo de Caixa em um

determinado período de tempo. Substituiu a Demonstração das Origens e

Aplicações de Recursos de acordo com a Lei 11.638/07.

4.1.2.5 Demonstração do Valor Adicionado, se divulgada pela entidade – tem

como objetivo principal informar ao usuário o valor da riqueza criada pela

empresa e a forma de sua distribuição. Implantada no Brasil oficialmente pela

Lei 11.638/07.

Com as demonstrações contábeis são publicados:

• Relatório da Diretoria

• Notas Explicativas

• Parecer dos Auditores

Relatório da Diretoria – em atendimento às disposições societárias, é um

Relatório do exercício findo.

34

Numa forma contextual, ele apresenta o que ocorreu na empresa no

referido exercício e qual a causa, tais como: o desempenho operacional da

empresa; os resultados financeiros; investimentos; remuneração dos

acionistas; enfim, informações direcionadas aos acionistas de maneira o mais

objetiva.

Notas Explicativas, incluindo a descrição das práticas contábeis – as

demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas,

quadros analíticos e outras demonstrações contábeis necessárias para uma

plena avaliação da situação e da evolução patrimonial de uma empresa.

Parecer dos Auditores – é o documento mediante o qual o auditor expressa sua

opinião de forma clara e objetiva, sobre as demonstrações contábeis quanto ao

adequado atendimento, ou não, a todos os aspectos relevantes.

A análise de balanços começa onde termina o processo contábil, o que

equivale dizer que o processo de análise começa a partir das demonstrações

financeiras elaboradas pela Contabilidade.

Esta análise consiste em uma técnica que realiza a decomposição,

comparação e interpretação dos demonstrativos da empresa. A finalidade da

análise é transformar os dados extraídos das demonstrações em informações

úteis para a tomada de decisões por parte dos contadores, administradores e

usuários da empresa.

35

4.2 Demonstrações Financeiras

4.2.1 Conceito

Constitui-se num processo que objetiva a avaliação da situação da

empresa em seus aspectos operacionais, econômicos, patrimoniais e

financeiros, através de índices que são calculados a partir das próprias

demonstrações. Através destes índices, os sócios, administradores,

empregados, fornecedores, bancos, e outras pessoas interessadas, poderão

tomar ciência da situação da empresa e tomarem decisões.

São relatórios ou quadros técnicos que contêm dados extraídos dos

livros, registros e documentos que compõem o sistema contábil de uma

entidade.

4.2.2 Análise através de Índices

Índice – é a relação entre contas e grupo de contas das Demonstrações

Contábeis, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou

financeira de uma empresa. Sua característica fundamental é fornecer visão

ampla da situação econômica ou financeira da empresa.

4.2.3 Situação Financeira (Análise do Balanço Patrimonial)

4.2.3.1 – Estrutura de Capitais

Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões

financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Eles mostram a

proporção existente entre os Capitais Próprios e os Capitais de Terceiros.

36

4.2.3.1.1 – Participação de Capitais de Terceiros

§ Conceito

Indica quantos reais a empresa possui de Capital de Terceiros para cada

$ 1,00 de Capital Próprio, ou seja, quanto à empresa tomou de capitais de

terceiros para cada real de capital próprio investido.

Esses indicadores informam se a empresa se utiliza mais de recursos de

terceiros ou de recursos dos proprietários.

4.2.3.1.2 – Composição do Endividamento

§ Conceito

Indica qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação às

obrigações totais.

A análise da composição do endividamento também é bastante

significativa.

Endividamento a Curto Prazo, normalmente utilizado para financiar o

Ativo Circulante, é ruim;

Endividamento a Longo Prazo, este utilizado para financiar o Ativo

Permanente, é bom

Vale ressaltar que os excessos de Desconto de Duplicatas e

Empréstimos de Curto Prazo propiciam custo elevado da dívida, levando a uma

qualidade ruim.

37

4.2.3.1.3 – Imobilização do Patrimônio Líquido

§ Conceito

Mede e indica percentualmente quanto do patrimônio líquido está

imobilizado, é, portanto, comprometido pela sua não-liquidez, tentando justificar

algum problema de liquidez ou de endividamento que a empresa possa ter. Em

suma, indica quanto à empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $ 1,00

de Patrimônio Líquido.

4.2.3.1.4 – Imobilização dos Recursos não Correntes

§ Conceito

Indica quantos reais a empresa aplicou no Permanente (ou Imobilizado)

para cada $ 1,00 de Exigível a Longo Prazo e de Patrimônio Líquido.

A parcela de Recursos não Correntes (Exigível a Longo Prazo +

Patrimônio Líquido) destinada ao Ativo Circulante é denominada “Capital

Circulante Líquido” – CCL.

O CCL representa a folga financeira a curto prazo, ou seja,

financiamentos de que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão

cobrados a curto prazo.

4.2.3.2 – Liquidez

Índices de Liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de

pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa

tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de

pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo

imediato. A partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas, procura-

38

se medir quão sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa com bons

índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade de pagar suas

dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em

função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas, etc.

4.2.3.2.1- Liquidez Geral

§ Conceito

Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo,

considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo),

relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida (a Curto e Longo

Prazo). Os prazos de liquidação do passivo e de recebimento do ativo podem

se os mais diferenciados possíveis, ainda mais se considerarmos que temos

passivo e ativo a longo prazo. Em linhas gerais, indica quanto à empresa

possui no Ativo Circulante e no Ativo Realizável a Longo Prazo para cada $

1,00 de dívida total.

4.2.3.2.2 – Liquidez Corrente

§ Conceito

Mede e indica o poder financeiro de pagamento das dívidas, utilizando-

se de ambos os grupos do circulante, tanto do ativo como do passivo, ou seja,

mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo. Isoladamente,

os índices de Liquidez Corrente superiores a 1,0, de maneira geral, são

positivos. Conceituar o índice, todavia, sem outros parâmetros, é uma atitude

bastante arriscada.

39

4.2.3.2.3 – Liquidez Seca

§ Conceito

É utilizado para avaliar a capacidade de pagamento das obrigações de

curto prazo sem considerar os estoques. Indica quanto à empresa possui de

Ativo Líquido para cada $ 1,00 de Passivo Circulante (dívidas de curto prazo).

É uma variante muito adequada para se avaliar conservadoramente a

situação de liquidez da empresa. Eliminando-se os estoques do numerador,

estamos eliminando uma fonte de incerteza. Portanto, estamos eliminando as

influências e distorções que a adoção deste ou daquele critério de avaliação de

estoques poderia acarretar.

4.2.4 Situação Econômica (Relação DRE x BP)

4.2.4.1 – Rentabilidade

4.2.4.1.1 – Giro do Ativo

§ Conceito

Significa a eficiência com que a empresa utiliza seus Ativos, com o

objetivo de gerar reais de vendas. Quanto mais for gerado de vendas, mais

eficiente os Ativos serão utilizados.

4.2.4.1.2 – Margem Líquida

§ Conceito

Significa quantos centavos de cada real de venda restaram após a

dedução de todas as despesas (inclusive o imposto de renda).

40

4.2.4.1.3 – Rentabilidade do Ativo

§ Conceito

Este índice faz um comparativo do resultado obtido pela empresa, o

lucro, através de suas operações, com os ativos que estão disponíveis à

administração para conseguir tal êxito (compara com a rentabilidade de outro

investimento).

4.2.4.1.4 – Rentabilidade do Patrimônio Líquido.

§ Conceito

Mede e indica percentualmente o resultado (lucro ou prejuízo) em

relação ao total que os sócios ou acionistas investiram na empresa. Mede a

remuneração dos acionistas em relação ao capital aplicado.

41

CONCLUSÃO

A apresentação deste trabalho teve como objetivo demonstrar o impacto

que as tomadas de decisões gerenciais têm nas empresas.

Um aspecto importante é à padronização das informações contábeis,

com a obrigatoriedade na publicação das demonstrações financeiras para as

sociedades anônimas, evidenciando uma maior transparência nas informações,

dando mais credibilidade para essas empresas junto à sociedade; e em contra

partida, para o administrador, a elaboração dessas demonstrações possibilita a

utilização de índices e a criação de coeficientes que ajudam na orientação dos

resultados almejados.

A contabilidade gerencial disponibiliza ferramentas para os gestores, e

saber usá-las é fundamental para o direcionamento das decisões. É neste

conjunto de demonstrações, de relatórios detalhados, que o administrador

busca o auxílio necessário para gerir os negócios da empresa. É conhecendo o

passado que se pode planejar o futuro. E é neste momento que a utilização das

informações produzidas pela contabilidade é essencial para a tomada de

decisões.

Podemos concluir que a análise das demonstrações, juntamente com os

relatórios, constituem peças fundamentais para a empresa, é com base nesses

indicadores que as decisões são tomadas, são eles que possibilitam ao gestor

definir metas a serem alcançadas e a projetar os resultados futuros, são eles

que norteiam o caminho a ser seguido.

42

BIBLIOGRAFIA

CREPALDI, Silvio Aparecido. CONTABILIDADE GERENCIAL. 4ª ed. São

Paulo: Editora Atlas, 2008.

FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade de Custos. 4ª ed. Rio de Janeiro:

Editora Ferreira, 2007.

HORNGREN, Charles T; SUNDEM, Gary L; STRATTON, William O.

CONTABILIDADE GERENCIAL. 12º ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. CONTABILIDADE

COMERCIAL. 7ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2006.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto R. Manual de

Contabilidade das Sociedades por Ações. 7ª ed. São Paulo: Editora Atlas,

2007.

MULLER, Aderbal Nicolas. CONTABILIDADE BÁSICA – FUNDAMENTOS

ESSENCIAIS. Edição Atualizada. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

NAGATSUKA, Divane Alves da Silva; TELES, Egberto Lucena. Manual de

Contabilidade Introdutória. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

PADOVEZE, Clóvis Luís. CONTABILIDADE GERENCIAL. 3ª ed. São Paulo:

Editora Atlas, 2000.

SANTOS, Roberto Fernandes dos; et al. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

– NOÇÕES FUNDAMENTAIS. São Paulo: Editora Saraiva, 2006.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em

Administração. São Paulo: Editora Atlas, 2009.

43

DOCUMENTO JURÍDICO

BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e suas alterações. Dispõe

sobre as Sociedades por Ações.

BRASIL. Resolução CFC n.º 1.282, de 28 de maio de 2010.

44

WEBGRAFIA

http://pt.wikipedia.org/wiki/Demonstracoes_contabeis, acesso em 01/08/2010

www.cosif.com.br, acesso em 01/08/2010

www.editoraferreira.com.br, acesso em 01/08/2010

www.portaldecontabilidade.com.br, acesso em 01/08/2010

www.unisul.br/auniversidade/demonstracoes-contabeis, acesso em 01/08/2010

www.vemconcursos.com.br/arquivos/aulas/Ricardo.ferreira, acesso em

01/08/2010.

45

ÍNDICE

CAPA 01

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Um Estudo Histórico sobre a Evolução da Contabilidade 09

1.1 – Origem da Contabilidade 09

1.2 – A Evolução da Contabilidade 09

1.2.1 – Escola Italiana (antes de 1964) 11

1.2.2 – Escola Norte-Americana (após 1964) 12

1.2.3 – A Contabilidade no Brasil 14

1.3 – Princípios de Contabilidade 15

1.3.1 – Princípio da Entidade 16

1.3.2 – Princípio da Continuidade 16

1.3.3 – Princípio da Oportunidade 16

1.3.4 – Princípio do Registro pelo Valor Original 17

1.3.5 – Princípio da Atualização Monetária (Revogado) 17

1.3.6 – Princípio da Competência 17

46

1.3.7 – Princípio da Prudência 18

CAPÍTULO II

As Decisões Gerenciais e Financeiras 19

2.1 – O papel da Contabilidade no processo decisório das empresas 19

2.2 – Transformar dados em Informações 20

CAPÍTULO III

A Necessidade da Informação e a Contabilidade 21

3.1– A Informação Contábil utilizada na Empresa 21

3.2 – Tipos de Contabilidade 21

3.2.1 – Contabilidade Financeira 22

3.2.1.1 – Área de Atuação 22

3.2.1.2 – Característica da Contabilidade Financeira 23

3.2.2 – Contabilidade de Custos 23

3.2.2.1 – Os Principais Métodos de Custeio 24

3.2.3 – Contabilidade Gerencial 25

3.2.3.1 – Vantagens de utilizar-se dados contábeis para

gerenciamento 26

3.2.4 – Diferença entre a Contabilidade Gerencial e a Contabilidade

Financeira 27

3.2.4.1 – Representação das principais diferenças entre a

Contabilidade Gerencial e a Contabilidade Financeira 28

3.2.4.2 – A Comparabilidade: Contabilidade Gerencial e

Contabilidade Financeira 29

47

CAPÍTULO IV

Das Demonstrações 31

4.1– Demonstrações Contábeis 31

4.1.1 – Obrigatoriedade – Lei n.º 6.404/76 31

4.1.2 – Composição das Demonstrações Contábeis 32

4.1.2.1 – Balanço Patrimonial 32

4.1.2.2 – Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

32

4.1.2.3 – Demonstração do Resultado do Exercício 33

4.1.2.4 – Demonstração dos Fluxos de Caixa 33

4.1.2.5 – Demonstração do Valor Adicionado 33

4.2 – Demonstrações Financeiras 35

4.2.1 – Conceito 35

4.2.2 – Análise através de Índices 35

4.2.3 – Situação Financeira (Análise do Balanço Patrimonial) 35

4.2.3.1 – Estrutura de Capitais 35

4.2.3.1.1 – Participação de capitais de Terceiros 36

4.2.3.1.2 – Composição do Endividamento 36

4.2.3.1.3 – Imobilização do Patrimônio Líquido 37

4.2.3.1.4 – Imobilização dos Recursos não Correntes 37

4.2.3.2 – Liquidez 37

4.2.3.2.1 – Liquidez Geral 38

4.2.3.2.2 – Liquidez Corrente 38

4.2.3.2.3 – Liquidez Seca 39

48

4.2.4 – Situação Econômica (Relação DRE x BP) 39

4.2.4.1 – Rentabilidade 39

4.2.4.1.1 – Giro do Ativo 39

4.2.4.1.2 – Margem Líquida 39

4.2.4.1.3 – Rentabilidade do Ativo 40

4.2.4.1.4 – Rentabilidade do Patrimônio Líquido 40

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45