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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
RENATA SILVA SANTOS BATISTA
ORIENTADORA
SIMONE FERREIRA
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A DISLEXIA COMO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Rio de Janeiro
2011
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Renata Silva Santos Batista sob a orientação da Profª Simone Ferreira
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AGRADECIMENTOS
A Deus, primeiramente, pela força, saúde, sabedoria e coragem para
atingir os objetivos os quais me propus.
Minha eterna gratidão e reconhecimento às pessoas cuja
contribuição tornou-se decisiva para a realização desse trabalho:
À toda equipe de docentes que constituíram o curso de
Especialização em Psicopedagogia da Universidade Candido Mendes,
especialmente à professora e orientadora Simone Ferreira pela orientação,
apoio, dedicação e disponibilidade acompanhou a elaboração dessa pesquisa.
Aos colegas de curso pelos momentos que compartilhamos, muitos
deles, felizes e outros tristes, mas o que fica são as boas lembranças.
Ao meu marido que teve paciência e entendeu a minha ausência
durante a realização do curso.
Aos meus pais e irmãos que sempre acreditaram que eu era capaz,
e por meio de palavras encorajadoras que muito me estimularam.
E todas as pessoas que, direta ou indiretamente, cooperaram para a
concretização desse projeto de pesquisa.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus queridos
pais, Maria Luiza e Armando (in memória) e ao meu
marido Donato exemplos de vida e grandes responsáveis
pela motivação que fez dos meus sonhos realidade.
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Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo geral preparar os professores para identificarem a dislexia e intervirem dentro da sala de aula sobre os seus alunos, especialmente nos primeiros anos do ensino fundamental. Como problematização: Que dificuldades apresentam os alunos com dislexia?E justificativa: Tendo em conta a importância do tema para o aperfeiçoamento do dia-a-dia da aprendizagem, para melhorar o sistema de ensino que influencia de forma direta e indireta o rendimento do aluno. A dislexia representa no momento atual um grave problema escolar para a qual todos os profissionais da educação estão cada vez mais conscientizados; uma criança disléxica com dificuldades de leitura e escrita apresentará lacunas em todas as restantes matérias e a diminuição da auto-estima; o diagnóstico da dislexia se efetivado precocemente contribui para a intervenção psicopedagógica e a minimização dos efeitos da dislexia no aprendizado e desenvolvimento da criança disléxica. A metodologia do estudo foi do tipo qualitativa ao desenvolver uma pesquisa bibliográfica. Como principais resultados tem-se muito ainda que estudar e agir para o cumprimento do papel do professor e do psicopedagogo enquanto um profissional que atua no campo interdisciplinar da dislexia e; embora os professores e os psicopedagogos saibam da existência da dislexia como uma dificuldade de aprendizagem, eles ainda necessitam de formação e qualificação que lhes favoreçam intervir pedagogicamente e psicopedagogicamente frente a tal questão. Como conclusão, pelas informações apresentadas, o professor será capaz de identificar em seus alunos o distúrbio de aprendizagem em questão, para tomar as devidas providências dentro da sala de aula e com a família do disléxico, podendo contar com a ajuda da intervenção psicopedagógica e equipe multiprofissional, para investir nele como aluno, como pessoa e como cidadão. Palavras chave: Dislexia. Intervenção Pedagógica. Intervenção Psicopedagógica.
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METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de revisão
bibliográfica com a consulta em livros, revistas online, artigos e sites enfim em
diversos estilos de bibliografia que dizem respeito ao tema em questão
baseados inicialmente nos seguintes autores MORAES (1997), OLIVIER
(2010), WEISS (2009).
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO 1
DISLEXIA – DEFINIÇÕES 11
CAPÍTULO 2
QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS CRIANÇAS COM DISLEXIA? 23
CAPÍTULO 3
A DISLEXIA NO CONTEXTO ESCOLAR 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO 1
DISLEXIA – DEFINIÇÕES 11
CAPÍTULO 2
QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS CRIANÇAS COM DISLEXIA? 23
CAPÍTULO 3
A DISLEXIA NO CONTEXTO ESCOLAR 31
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
9
INTRODUÇÃO
Os distúrbios, sejam de aprendizagem ou comportamento, não tem
uma só causa ou fator desencadeante e, em conseqüência, tem também vários
tipos e características, várias opções de tratamento e possibilidades de
controle ou cura. Mesmo assim, ainda é muito difícil convencer os
conservadores de que já há grandes oportunidades de cura para alguns tipos
de dislexia e outros distúrbios de aprendizagem e de comportamento. E os
tratamentos variam desde terapias diversas até medicamentos ou ondas
emitidas no cérebro por meio de aparelhos sofisticados. (OLIVER, 2010)
São vários os fatores que podem influenciar, positiva ou
negativamente, o processo de aprendizagem de uma língua. Entre os fatores
que atrapalham, prejudicam ou até mesmo impedem este processo estão os
distúrbios de aprendizagem.
Muitos são os distúrbios de aprendizagem detectados e estudados
por pesquisadores ao redor do mundo, no entanto, a dislexia é a mais
divulgada e citada por isso o presente trabalho aborda especificamente a
dislexia.
Antes de falar sobre problemas e distúrbios, é preciso explicar o que
é aprendizagem, que ocorre basicamente em três estágios:
• Subaprendizagem: Entrou em contato com o assunto, mas não prestou
atenção, portanto não assimilou.
• Aprendizagem simples: Entrou em contato com o assunto, prestou
atenção, mas não memorizou.
• Superaprendizagem ou aprendizagem ideal: Entoru em contato com o
assunto, prestou atenção, assimilou e memorizou (OLIVER, 2010).
A questão central desta monografia é discuti quais as dificuldades
apresentam os alunos com dislexia.
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De acordo com Stowe (2001), a grande maioria das crianças que
apresentam dificuldades no aprendizado possuem algum sintoma da dislexia.
A dislexia se manifesta através de um conjunto de sintomas que
revelam uma disfunção parietal ou parietal occipital, que em alguns casos é de
origem hereditária, porém, algumas vezes é adquirida, e que afeta a
aprendizagem da leitura em padrões que podem variar do leve ao severo
(CONDEMARIN, MARLYS, 1986).
São portanto, objetivos desta pesquisa compreender que a dislexia
não é uma doença é um distúrbio de aprendizagem congênito de origem
neurológica, caracterizada por dificuldades ortográficas que interferem de
forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos as
quais resultam em um déficit no componente fonológico da linguagem, sendo
necessário conhecer as dificuldades do processo de aprendizagem da leitura
promovendo reflexões sobre o tema e proporcionar conhecimentos que os
professores devem possuir a respeito da dislexia.
O tema sugerido é de fundamental relevância pois ajuda no
aperfeiçoamento do dia-a-dia da aprendizagem, para melhorar o sistema de
ensino que influencia de forma direta e indireta o rendimento do aluno.
As deficiências são percebidas à medida que a criança apresenta
dificuldades na linguagem falada e escrita, colocando-se como um grande
desafio para o professor.
Atualmente, um dos principais problemas de pais com crianças em
idade escolar, é o fato das instituições de ensino, sendo estas públicas ou
privadas, independentemente do nível social, em sua maioria não fornecem
uma resposta adequada e, em tempo hábil, às crianças que apresentam
problemas de leitura e de escrita no ensino fundamental (ELLIS, 1995).
De acordo com Davis (2004), a maior parte das escolas ainda não
responde, com eficácia, ao desafio de lidar com as necessidades das crianças
que apresentam problemas relacionados ao aprendizado como a dislexia.
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CAPÍTULO 1
1- DISLEXIA – DEFINIÇÕES
Analisando a origem do grego “dis” – dificuldade e “lexia” –
linguagem, entende-se que a dislexia seja uma dificuldade na aquisição de
linguagem.
Levando-se em conta que léxico significa, entre outras definições,
conjunto das palavras usadas em uma língua/idioma, o termo disléxico deve
definir o individuo desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de
palavras. Esta seria a essência da definição de dislexia, mas, evidentemente, o
distúrbio é bem mais complexo e necessita de muitas outras definições para
que seja considerado realmente definido (OLIVIER, 2010).
A dificuldade de conhecimento e de definição do que é Dislexia, faz
com que se tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que
confunde e desinforma. Além do que a mídia, no Brasil, as poucas vezes em
que aborda esse grave problema, somente o faz de maneira parcial, quando
não de forma inadequada e, mesmo, fora do contexto global das descobertas
atuais da Ciência (FBD, 2011).
Dislexia é causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e
uma das causas do chamado "analfabetismo funcional" que, por permanecer
envolta no desconhecimento, na desinformação ou na informação imprecisa,
não é considerada como desencadeante de insucessos no aprendizado (FBD,
2011).
A dislexia é considerada um distúrbio específico da linguagem, que
tem como característica principal a dificuldade de um aluno em decodificar ou
compreender palavras. Para a Associação Brasileira de Dislexia (ABD, 2011), o
transtorno é uma insuficiência do processo fonoaudiológico e está incluída
geralmente entre as dificuldades de leitura e aquisição da capacidade de
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escrever e soletrar, ou seja, podemos entendê-la como uma alteração de
leitura.
Para Vicente Martins (2011), a dislexia é considerada uma síndrome
de origem neurológica que pode ter como principais causas a genética ou ser
adquirida após a pessoa sofrer um acidente vascular cerebral, ou AVC, por
exemplo.
Para muitos autores, a dislexia tem origem neurobiológica, e esse
termo representa um grande avanço no entendimento das bases neuronais da
dislexia nos últimos anos, desde sua primeira definição. A suspeita da origem
neurobiológica da dislexia surgiu em 1891 quando uma neurologista francesa
chamada Djerine sugeriu que a parte posterior do lado esquerdo do cérebro era
crítica para a leitura. A partir disso, foram realizados inúmeros trabalhos a
respeito da inabilidade na aquisição da leitura. Nesse caso, citam também as
lesões neuroanatômicas mais comuns que são localizadas na área parietal-
temporal, até mesmo incluindo o giro angular, supramarginal e as porções
posteriores do giro temporal superior, como sendo a região principal no
mapeamento da percepção visual para a impressão das estruturas fonológicas
do sistema da linguagem. Por outro lado, Djerine observou outra região
posterior do cérebro que é mais ventral na área occipto-temporal (LYON,
2003).
Uma definição neuropsicológica da dislexia é de que se encontram
alterados os processamentos periférico e central. As Dislexia Periféricas são
causadas por um comprometimento no sistema de análise visual-perceptiva,
enquanto que as centrais são causadas por comprometimento do
processamento linguístico dos estímulos. (OLIVIER, 2010)
Em 1995, em uma definição bastante utilizada para dislexia foi
apresentada como sendo um dos muitos distúrbios de aprendizagem que
resulta em dificuldades que não são esperadas com relação à idade e a outras
dificuldades acadêmicas cognitivas; e não um resultado de distúrbios de
desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se apresenta através de
dificuldades em diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluindo,
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além das dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e de soletração
(LYON, 2003).
Também, de acordo com Davis (2004), a dislexia pode ser definida
como, um tipo de desorientação causada por uma habilidade cognitiva natural
que pode substituir percepções sensoriais normais por conceituações;
dificuldades com leitura, escrita, fala e direção, que se originam de
desorientações desencadeadas por confusões com relação aos símbolos. A
dislexia se origina de um talento perceptivo.
1.1 - O Que é Dislexia?
Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem:
em leitura, soletração, escrita, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão
e cálculo matemáticos, como na linguagem corporal e social. Não tem como
causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada
tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Dificuldades
no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em
cerca de 80% dos disléxicos. (FBD, 2011)
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de
aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e
até genial, mas que aprende de maneira diferente...
Entende-se por dislexia “um conjunto de sintomas reveladores” de
uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da
escrita), geralmente hereditária, ou às vezes adquirida, que afeta a
aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao
sintoma grave. A dislexia é freqüentemente acompanhada de transtornos na
aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta os
meninos em uma proporção maior dos que as meninas (DROUET, 2001).
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"A dislexia é uma função, um problema, um transtorno, uma
deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem
relacionada à linguagem."
"A dislexia é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade
estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de
leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da
linguagem."
“A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura.
Ela e congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na
pré-escola.”
“A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade
de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência."
"A dislexia não é uma doença, e um distúrbio de aprendizagem
congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos
lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino,
numa proporção de 3 para 1."
"A dislexia é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita
(ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição
da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da
memória seqüencial.”
Dislexia é um tipo de distúrbio de leitura que provoca uma
dificuldade específica na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos,
embora a criança apresente inteligência normal, integridade sensorial e receba
estimulação e ensino adequados (DAVIS, 2004).
1.2 – Os Sintomas Disléxicos
Segundo Ellis (1995), podem ser citados como alguns dos sintomas
que aparecem em crianças disléxicas os seguintes: a falta de interesse por
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livros; dificuldade de montar quebra-cabeças; falta de coordenação motora;
dificuldade de soletrar; dificuldade de aprender rimas e músicas; desatenção;
dificuldade de manusear dicionários, listas e mapas; timidez excessiva,
depressão; dificuldade nas aulas de matemática e desenho geométrico;
dificuldade de copiar matérias do quadro-negro ou de livros; dificuldade de
pintar desenhos e recortar papel; vocabulário pobre; dificuldade de identificar
direita e esquerda, entre outros.
Fonseca (1995), avalia que, mesmo a criança disléxica tendo
dificuldades em decodificar certas letras, este problema não se relaciona com o
déficit cognitivo, e na maioria das vezes esses alunos possuem um QI
totalmente de acordo com sua idade.
Um fato bastante interessante de ser citado é que o aluno disléxico é
comparado igualmente com todos os outros, no entanto, deve-se considerar a
inexistência dessa homogeneidade em relação às crianças pois, cada uma
pode apresentar os erros mais distintos e abordar a leitura de maneiras
bastante diversificadas.
Por toda complexidade do que, realmente, é Dislexia; por muita
contradição derivada de diferentes focos e ângulos pessoais e profissionais de
visão; porque os caminhos de descobertas científicas que trazem respostas
sobre essas específicas dificuldades de aprendizado têm sido longos e
extremamente laboriosos, necessitando, sempre, de consenso, é
imprescindível um olhar humano, lógico e lúcido para o entendimento maior do
que é Dislexia (FBD, 2011).
Segundo Olivier (2010), podem-se resumir os sintomas de acordo
com a sua intensidade para melhor definir e detectar cada tipo de dislexia:
SINGULAR/PRIMARIA: Apresenta desde a primeira infância um
certo atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem e/ou no
desenvolvimento visual. Dificuldade em aprender canções, versinhos,
pequenas estórias ou imediato esquecimento após ouvi-los. Problemas com
coordenação motora.
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Durante a alfabetização, pode apresentar problemas e dificuldades
em leitura e soletração, não reconhecendo letras e números. Pode caracterizar
qualquer tipo de dislexia ou outros distúrbios já relatados ou a serem relatados
posteriormente.
COMUM/CORRELATA: Apresenta problemas nos processos de
linguagem (articulação, memória verbal a curto e longo prazos). Problemas
com lateralidade (confusão entre lado direito e esquerdo). Também pode
caracterizar qualquer tipo de dislexia ou outros distúrbios.
ESPECÍFICA/SECUNDÁRIA: Caracteriza-se pelo baixo
desempenho em compreensão na leitura, dificuldade ou ausência de
alfabetização, não identificação de letras, diferenças no movimento dos olhos
durante a leitura ou tentativa de leitura. Geralmente caracteriza a dislexia
congênita ou inata.
RELATIVA/ARTIFICIAL: Problemas com a atenção e problemas
viso-espaciais. É mais comum na dislexia ocasional ou em outros vários
distúrbios.
Sinais na pré-escola, fique alerta se a criança apresentar alguns
desses sintomas:
• Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem.
• Dificuldade em aprender rimas e canções.
• Falta de interesse por livros impressos.
O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica
necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados.
Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior
atenção e/ou estimulação.
Sinais de dislexia na idade escolar
Para Ianhez (2002) estes são sinais importantes de dislexia na idade
escolar:
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• Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita;
• Trocas ortográficas ocorrem, mas dependem do tipo de dislexia;
• Problema para reconhecer rimas e alterações (fonemas repetidos em uma
frase);
• Desatenção e dispersão;
• Desempenho escolar abaixo da média, em matérias específicas, que
dependem da linguagem escrita;
• Melhores resultados, nas avaliações orais, do que nas escritas;
• Dificuldade de coordenação motora fina (para escrever, desenhar e pintar) e
grossa (é descoordenada);
• Dificuldade de copiar as lições do quadro, ou de um livro;
• Problema de lateralidade (confusão entre esquerda e direita, ginástica);
• Dificuldade de expressão: vocabulário pobre, frases curtas, estrutura
simples, sentenças vagas;
• Dificuldade em manusear mapas e dicionários;
• Esquecimento de palavras;
• Problema de conduta: retração, timidez, excessiva e depressão;
• Desinteresse ou negação da necessidade de ler;
• Leitura demorada, silabadas e com erros. Esquecimento de tudo o que lê;
• Salta linhas durante a leitura, acompanha a linha de leitura com o dedo;
• Dificuldade em matemática, desenho geométrico e em decorar seqüências;
• Desnível entre o que ouve e o que lê. Aproveita o que ouve, mas não o que
lê;
• Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa;
• Não gosta de ir a escola;
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• Apresenta “picos de aprendizagem”, nuns dias parece assimilar e
compreender os conteúdos e noutro, parece ter esquecido o que tinha
aprendido anteriormente;
• Pode evidenciar capacidade acima da média em áreas como: desenho,
pintura, música, teatro, esporte, etc;
1.3 – Formas Simples de “Diagnostico”
O diagnóstico diferencial em Dislexia tem sido orientado por
sintomas e sinais característicos. Nos casos menos severos, os problemas só
passam a ser percebidos como dificuldades significativas de aprendizado, em
geral, pelo professor, tornando-se mais evidentes a partir do segundo ano do
curso primário. Porém quando os níveis são muito tênues, correm o risco de
não serem diagnosticados, embora, como adverte um especialista italiano, a
falta do diagnóstico e da adequada assistência psicopedagógica a esse
disléxico pode vir a agravar as suas dificuldades sociais e de aprendizado. E
quanto mais graves ou severas se apresentem essas dificuldades, elas podem
ser percebidas, como tendência ou risco, já a partir dos primeiros anos da vida
escolar dessa criança, por seus pais, especialmente por sua mãe, e por seu
professor.
A advertência de especialistas com base em estudos conclusivos mais
recentes é de que, crianças que apresentam sinais característicos e passam a
receber efetivo treinamento fonológico já a partir do jardim de infância e do
primeiro ano primário, apresentarão significativamente menos problemas no
aprendizado da leitura do que outras crianças disléxicas que não sejam
identificadas nem devidamente assistidas até o terceiro ano primário (FBD,
2011).
Porque Dislexia não se caracteriza por dificuldades específicas de
grupo, mas em combinações e níveis individuais de facilidades e dificuldades
de aprendizado; e porque em Dislexia estão envolvidos fatores que requerem a
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leitura de profissionais de diferentes áreas da Educação e da Saúde com
especialização efetiva, esse diagnóstico diferencial requer a avaliação de
equipe multidisciplinar para ser equacionado.
Especialistas também esclarecem que o diagnóstico diferencial e o
treinamento remediativo para o disléxico adulto deve seguir orientação idêntica
àquela que é adequada à criança e ao jovem disléxicos.
Para se fazer um diagnostico mais preciso sobre a dislexia deve-se
verificar inicialmente a historia familiar, se existe ou já existiu algum caso de
dificuldade de aprendizagem e se na historia desenvolvimento mental da
criança ocorreu um atraso na aquisição da linguagem, As crianças ou adultos
disléxicos pensam primariamente através de imagens e sentimentos, e não
com sons e palavras,sendo assim bastante intuitivos.
A Dislexia é um dos distúrbios de aprendizagem que se apresenta
no momento como um dos problemas educacionais mais discutidos da
atualidade, ou seja, no passado foi diagnosticada erroneamente que no
presente, em alguns casos,este distúrbio passa despercebido, o qual leva o
defini-la como objeto de estudo. A principal questão abordada será como
diagnosticar esta síndrome, e como auxiliar o processo de ensino-
aprendizagem de uma criança disléxica. Por ser uma incapacidade de
aprender, de origem neurológica e genética, caracterizada por dificuldade na
leitura e na escrita. A criança tem problemas para codificar automaticamente as
palavras e realizar uma codificação fluente, correta e compreensiva, embora
tendo uma baixa capacidade em ler, seu cérebro pode ser considerado normal.
Por ser um dos distúrbios de mais repercussão no momento entre autores,
educadores e a sociedade como um todo, acredita-se ser um tema importante
a ser pesquisado na psicopedagogia institucional.
Para Laurenti (2004), muito freqüente nas falas dos profissionais que
trabalham com educação, a expressão “distúrbios de aprendizagem”, que vem
a ser conceitualmente uma disfunção cerebral mínima (DCM), tem como
manifestações, alterações no comportamento ou na cognição, instabilidade no
humor, agressividade, hiperatividade e outros; porem, qualquer uma dessas
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manifestações, apesar de não ser bem definido, qualquer um dos sinais tem
sido suficiente para considerá-lo uma disfunção. Dessa forma, qualquer criança
que apresente dificuldade enquadrasse nesse diagnóstico.
O diagnóstico é feito a partir do momento que a criança se
alfabetiza, geralmente por volta dos seis ou sete anos, por uma equipe
multiprofissional, porém, alguns profissionais nos dias de hoje já fazem o
diagnostico antes da idade, e fazendo uma posterior confirmação. Esta
confirmação deve ser feita por profissionais especializados, que utilizaram
varias ferramentas de trabalho no processo de avaliação. Para diagnosticar a
dislexia é necessário uma analise quantitativa e qualitativa das atividade da
fala, da escrita e da parte motora.
O diagnóstico pode ser feito através de ditados e na produção de
textos.
1.4 – Tratamentos e Atividades Indicados Para o Disléxico
É aconselhável que o disléxico, seja de que tipo for, pratique
esportes que também desenvolverão sua coordenação motora, raciocínio,
agilidade etc. um dos melhores é a natação e, em segundo lugar, vêm os
esportes com bola (futebol, vôlei etc).
Também todas as atividades artísticas são benéficas ao disléxico,
destacando-se o balé clássico e o teatro. Os tratamentos dependerão dos
sintomas apresentados. Para cada caso, há um tratamento específico, que já
pode incluir medicamentos e outras técnicas.
Em geral, deverá haver um esforço na re-alfabetização ou, além
disso, uma verdadeira mudança no processo de alfabetização deste paciente
(OLIVIER, 2010).
De acordo com Gonçalves (2005), grande parte da intervenção
psicopedagógica estará em buscar os talentos do disléxico, afinal os fracassos,
sem dúvida, ele já os conhece bem. Outra tarefa da clínica psicopedagógica é
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ajudar essa pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos,
leituras compartilhadas, atividades específicas para desenvolver a escrita e
habilidades de memória e atenção fazem parte do processo de intervenção. À
medida que o disléxico se percebe capaz de produzir poderá avançar no seu
processo de aprendizagem e iniciar o resgate de sua auto-estima.
Além disso, cabe destacar a importância dos professores
compreenderem o problema da criança disléxica para que não seja taxada de
“preguiçosa” ou “estúpidas”, e da participação dos pais como defensores,
facilitadores de intervenções apropriadas e fonte de apoio emocional. É
importante que os pais forneçam experiências de êxito a seus filhos e
monitorem os problemas psicológicos secundários (PENNINGTON, 1997).
Segundo Dr. Cláudio Guimarães dos Santos (Neurocientista da
Universidade Federal de São Paulo, trabalha na reabilitação de pacientes com
disfunções cognitivas.) – Primeira medida: é feito o melhor levantamento
possível das alterações que o indivíduo apresenta pacientes com disfunções
cognitivas raramente têm alterações isoladas. Em vista disso, um bom
tratamento para dislexia fonológica pode ser desestabilizado por pequena
alteração da memória ou de atenção que não foi detectada numa avaliação
prévia. Segundo: quando possível, investigam-se os aspectos pré-mórbidos do
paciente, suas características constitucionais, o ambiente sócio-cultural em que
foi criado, seus interesses e motivações. Todo o tratamento e mesmo a
avaliação precisam ter como base o dessas crianças acaba não sendo
alfabetizada e desiste de estudar.
Esse é outro problema. Há certo modismo em considerar disléxicas
todas as crianças que não conseguem aspecto motivacional. Tratamento de
disfunção cognitiva não pode ser maçante.
Manter o paciente motivado é fundamental para o resultado do
tratamento.
No passado, as técnicas eram muito repetitivas. Hoje, têm que ser
motivacionalmente relevantes. O paciente precisa estar motivado para aderir
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ao tratamento. Vivemos na época do controle-remoto. O programa está
chato, aperta-se um botão e procura-se outro. Ainda mais a criança, que é
muito espontânea, honesta e sincera, se não estiver interessada, logo deixa
claro seu desinteresse e insatisfação.
São pré-requisitos básicos também o acompanhamento contínuo e
periódico do processo e a interação com a equipe que faz a reabilitação na
escola. Aliás, o papel da escola é muito importante na detecção e tratamento
dessas lesões. Não se pode esquecer de que freqüentemente é a professora
quem levanta a questão da dificuldade e encaminha a criança para diagnóstico
específico. Por outro lado, a escola precisa estar aberta para adequar-se e
interagir com a equipe que está tratando da criança, no sentido de alterar
rotinas, fazer avaliações orais, etc. No tratamento das crianças com dislexia é
fundamental harmonizar o trinômio: escola, indivíduo e família.
Se considerarmos a qualidade de ensino de muitas escolas públicas,
provavelmente grande parteser alfabetizadas antes de avaliar se o professor é
bom e a sala de aula adequada, se a criança está bem alimentada e recebendo
os estímulos propícios para aprender a ler e a escrever. Classificar as
dificuldades como decorrentes de dislexia discursiva ou fonológica só é
possível se ocorrerem apesar das condições ótimas de ambiente e de
escolarização. Portanto, quando a qualidade de ensino deixa a desejar como
ocorre em determinadas áreas de São Paulo e do Brasil, fica extremamente
difícil falar em dislexia. (VARELLA, 2011)
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CAPÍTULO 2
2 – QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS
CRIANÇAS COM DISLEXIA?
Dificuldade para ler orações e palavras simples
A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma
dificuldade evidente nos disléxicos.
As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira
total ou parcial, por exemplo “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira
ou um jogo de palavras, observando a produtividade morfológica ou
sintagmática dos léxicos de uma língua, uma outra coisa é, sem
intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas.
Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/
por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em
textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria
oposta.
A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada
CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo.
Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa
ou no livro como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: "
como podem - pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve
exatamente o contrário?". Ora, o processamento da informação léxica, que é
de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente.
As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam
outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou
escrevem, por exemplo:“gato” por “casa”.
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Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e
a direita.
Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as
palavras.
Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os
homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma
dificuldade nas crianças disléxicas.
Os erros na separação das palavras.
Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem
modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício,
decodificam as palavras, mas não conseguem ter compreensão
Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na
elaboração de orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da
redação espontânea (ALMEIDA, 2011).
2.1 Dificuldades de Leitura em Crianças com Dislexia no
Desenvolvimento
Os distúrbios de leitura e escrita atingem, de forma severa, cerca de
10% das crianças em idade escolar. Se forem considerados também os
distúrbios leves, este percentual chega a 25% (PIÉRART, 1997). Logo, uma
das tarefas mais freqüentes de psicólogos, psicopedagogos e profissionais de
aéreas afins é a avaliação de distúrbios de leitura. É essencial, portanto, que o
profissional conheça os vários tipos de distúrbios de leitura, possa conduzir o
diagnostico diferencial entre eles e, com base neste diagnostico, realize a
intervenção apropriada.
Conforme descrito por Grégorie (1997), o distúrbio específico de
leitura é geralmente chamado de dislexia nos países de língua francesa e de
25
distúrbios de leitura (reading disability) nos países de língua inglesa. Apesar
das divergências quanto ao nome da síndrome, há uma razoável concordância
sobre sua definição. Segundo a Word Federation of Neurologists (1968),
dislexia do desenvolvimento é o distúrbio em que a criança, apesar de ter
acesso à escolarização regular, falha em adquirir as habilidades de leitura,
escrita e soletração que seriam esperadas, de acordo com seu desempenho
intelectual. Segundo a definição no National Institute of Health americano, a
dislexia é “um dos vários tipos de distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio
específico de linguagem de origem constitucional e caracterizado por
dificuldades em decodificar palavras isoladas, geralmente refletido habilidades
de processamento fonológico deficientes. Essas dificuldades em decodificar
palavras isoladas são frequentemente inesperadas em relação à idade e outras
habilidades cognitivas e acadêmicas, elas não são resultantes de um distúrbio
geral do desenvolvimento ou de problemas sensoriais.” (THE ORTON
DYSLEXIA SOCIETY, 1995).
Para diagnosticar a dislexia do desenvolvimento, deve ser excluída a
presença de alguns outros distúrbios. Segundo Tallat et al. (1997), a dislexia
caracteriza-se por um distúrbio na linguagem expressiva e/ou receptiva que
não pode ser atribuído a atraso geral do desenvolvimento, distúrbios auditivos,
lesões neurológicas importantes (como paralisia cerebral e epilepsia) ou
distúrbios emocionais.
Além da dislexia do desenvolvimento, anteriormente descrita, há a
dislexia adquirida, também denominada de alexia. Nas dislexia adquiridas, a
perda da habilidade de leitura é devida a uma lesão cerebral específica e
ocorre após o domínio da leitura pelo indivíduo. Nas dislexias do
desenvolvimento, ao contrário, não há uma lesão cerebral evidente, e a
dificuldade já surge durante a aquisição da leitura pela criança. A divisão
clássica dos tipos de dislexia foi feita com base nos quadros de dislexia
adquirida, e baseia-se em qual etapa, ao longo do processamento de
informação, está afetada (MORAIS, 1995). De acordo com Frith (1985), este
26
processamento da informação escrita pode ocorrer por meio de três
estratégias: a logográfica, a alfabética e a ortográfica.
Na primeira delas, a logográfica, a leitura e a escrita ainda são
incipientes, pois se caracterizam pelo uso de pistas contextuais e não
linguísticas. Sem estas pistas, o reconhecimento não é possível. As cores, o
fundo e a forma das palavras são algumas das pistas utilizadas para a leitura
logográfica. Nesta estratégia, o leitor relaciona a palavra com seu contexto
especifico e a palavra é tratada com um desenho. Um exemplo dessa
estratégia é a leitura dos rótulos mais comuns no dia-a-dia do leitor.
A segunda estratégia, a alfabética, com o desenvolvimento da rota
fonológica, implica o conhecimento das correspondências entre letras e
fonemas, durante a codificação e a decodificação. Aqui, a palavra não é mais
tratada como um desenho e sim como um encadeamento de unidades
menores (letra ou sons) que, unidas, resultam em uma unidade maior e com
significado (a palavra). Assim, nesta estratégia, o leitor é capaz de converter o
som em escrita (e vise-versa), conseguindo ler e escrever palavras novas e
pseudopalavras.
Num primeiro momento, a leitura alfabética pode ser sem
compreensão porque, apesar da conversão letra-som, o significado não é
alcançado, visto que os recursos centrais de atenção e memória estão
totalmente voltados à tarefa de decodificação grafofonêmica. Num segundo
momento, com a automatização da decodificação, o leitor consegue ter acesso
ao significado.
Finalmente, na estratégia ortográfica, os níveis lexical e morfêmico
são reconhecidos diretamente, sem a necessidade de conversão fonológica, de
modo que a leitura caracteriza-se pelo processamento visual direto das
palavras. Nesta etapa, a partir da representação ortográfica, a criança tem
acesso direto ao sistema semântico. Ou seja, o leitor já possui um léxico
mental ortográfico, podendo relacionar a palavra escrita diretamente ao seu
significado, fazendo uma leitura competente. Torna-se possível a leitura de
palavras irregulares.
27
Tais estratégias não são mutuamente excludentes e podem
coexistir simultaneamente no leitor e no escritor competentes. A estratégia a
ser utilizada, em qualquer dado momento, depende do tipo de item a ser lido ou
escrito, sendo influenciada pelas características psicolinguísticas dos itens, tais
como lexicalidade, frequência, regularidade grafo-fonêmica e comprimento
(CAPOVILLA, 2000b, MORAIS, 1995).
2.2 Tipos de Dislexia
Dislexia: Pela visão da Neuropsicologia:
Uma definição neuropsicológica da dislexia é de que se encontram
alterados os processamentos periféricos e central. As Dislexias Periféricas são
causadas por um comprometimento no sistema de análise visual-perceptiva,
enquanto que as centrais são causadas por comprometimento do
processamento lingüístico dos estímulos.
Dentro das Dislexias Centrais, encontram-se subdivisões que são:
• Dislexia de Superfície: Caracteriza-se basicamente pela falha de leitura de
palavras irregulares, em um comprometimento da via lexial (OLIVER, 2010).
• Dislexia Fonológica: Caracteriza-se pela incapacidade para leitura de “não
palavras” e habilidade para leitura de palavras reais, sugerindo danos ou
lesões na via de conversão de grafema ou fonema. Os estudos realizados
na intenção de correlacionar esta dislexia com substratos neuroanatômicos
ainda não são conclusivos (OLIVER, 2010).
• Dislexia Profunda: Assemelha-se à dislexia fonológica, com igual bloqueio
para leitura de não palavras, mas a diferença é que, nesta dislexia, há
presença de paralexias semânticas e maior facilidade em leitura de palavras
concretas e frequentes. Alguns pesquisadores crêem que, nesta dislexia,
existem lesões múltiplas no hemisfério esquerdo. Outro crêem na
possibilidade “de habilidades residuais do hemisfério direito no contexto de
extensa lesão no hemisfério dominante” (OLIVER, 2010).
28
Nas Dislexia Periféricas, encontramos também três subdivisões:
• Dislexia Atencional: O indivíduo lê palavras isoladas, mas encontra
dificuldade ou barreiras para ler várias palavras simultaneamente. Esse tipo
de dislexia foi encontrada em pacientes com lesões no lobo parietal
esquerdo (OLIVER, 2010).
• Dislexia por Negligência: É atribuída à lesão na região da artéria cerebral
média do hemisfério direito (lobos frontal, parietal e temporal) e caracteriza-
se por ausência ou dificuldade de leitura no campo visual contralateral à
lesão cerebral.
• Dislexia Literal ou Pura: O indivíduo consegue ler letras individuais, mas
apresenta (subentendido). Esta dislexia está relacionada a lesões occipitais
inferiores externas a esquerda (OLIVER, 2010).
Em resumo, pela visão da Neuropsicologia, todas as dislexias, assim
como outros distúrbios de aprendizagem, partem de uma lesão, sendo cada
tipo em um ponto do cérebro e, a partir daí, o tratamento deverá ser voltado ao
controle desta lesão. (OLIVER, 2010).
Dislexia: Pela visão da Psicopedagogia e Multiterapia:
• Dislexia Congênita ou inata: É a dislexia que nasce com o indivíduo.
Pode ter as mais variadas causas e tem características próprias, como,
por exemplo, uma comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os
hemisférios encontram-se invertidos ou em igualdade ou até por uma
alteração de alguns cromossomos. Em conseqüência desta (s) alteração
(ões), o indivíduo disléxico tem pouca ou nenhuma habilidade para a
aquisição de leitura e de escrita e, geralmente, não consegue ler e
escrever por muito tempo e, quando termina de ler e escrever, já não se
lembra de nada.
Exceto pela alteração hemisférica, este tipo de dislexia é, de certa
forma, irreversível, mas pode ser bem controlada e bem direcionada se for
tratada por uma junta de profissionais, o que chamamos de tratamento
29
Multidisciplinar, envolvendo sempre psicopedagogo, neurologista e/ou
psiquiatria, dependendo da gravidade do caso.
Em casos onde haja também distúrbios de fala ou audição,
necessita-se de um fonoaudiólogo ou de um otorrino, caso tenha dificuldades
motoras e/ou de lateralidade, de um psicomotricista e, neste caso, também é
aconselhável que um psicólogo acompanhe o tratamento e desenvolva
atendimento paralelo.
Aconselha-se este indivíduo principalmente se tiver alteração
hemisférica, tenha também a orientação de um arteterapeuta, pois, muito
provavelmente, este disléxico tenha muitas habilidades artísticas que, se
estimuladas, poderão colocá-lo no mercado de trabalho como um competente
artista (em várias aéreas), o que já passa a ser um ótimo caminho e uma
esperança de futuro promissor, já que nem só de leitura e escrita vive o ser
humano.
Isto evita até a posição desagradável que algumas entidades
costumam colocar, tentando mudar o sistema para adaptá-lo aos indivíduos
com distúrbios de aprendizagem. Mas o disléxico não apresenta nenhuma
limitação que justifique adaptar o sistema existente a ele.
Não há necessidade de que todos tenham cargos que ocupem
escrita e leitura. É possível este tipo de disléxico sobressair-se muito bem em
artes e esportes, e é este o caminho mais acertado a seguir. (OLIVER, 2010).
Dislexia Adquirida: É a dislexia que vem por meio de um acidente qualquer.
Como por exemplo, temos “Anoxia Perinatal”, “Anoxia” por afogamento ,
Acidente Vascular Cerebral e outros acidentes e distúrbios que podem causar
uma Dislexia Adquirida.
No caso da anoxia perinatal, a criança poderá apresentar
dificuldades significativas no aprendizado em vários níveis e,
consequentemente, apresentar dislexia ao ser alfabetizada.
30
Provavelmente necessitará de tratamento multidisciplinar, que
deverá iniciar-se por um psicopedagogo, o qual avaliará o caso e indicará
outros profissionais para o sucesso do tratamento.
Em casos de anoxia por afogamento, AVC e outros acidentes que
possam deixar sequelas, o indivíduo que antes lia e escrevia normalmente
passa a apresentar dislexia, geralmente com falhas de memória e muita
dificuldade em ler e escrever. O tratamento deverá ser decidido após analisar-
se todo histórico do paciente e do acidente que lhe deixou esta sequela. E os
profissionais adequados a este caso são os mesmos citados logo abaixo.
Pode acontecer também de o paciente acidentado passar por
períodos e fases de dislexia. Nestes períodos, ele não consegue ler e escrever
ou o faz com muita dificuldade, tem falhas de memória e pode também
apresentar problemas de lateralidade. Dependendo do grau dificuldade que o
indivíduo apresente, é também necessário um tratamento multidisciplinar, mas,
neste caso, é bem provável que somente o psicopedagogo e o neurologista
e/ou psiquiatria sejam solicitados.
Caso o acidente tenha afetado também a lateralidade, um
psicomotricista ou um fisioterapeuta será necessário. Se a fala ou audição
estiver comprometida, necessita-se também de um fonoaudiólogo ou de um
otorrino e assim por diante. Neste caso, se o indivíduo já tinha uma profissão,
deverá apenas adaptar-se para enfrentar os períodos em que “estiver disléxico”
e seguir seu tratamento, podendo obter cura ou boa melhora, já que sua
dislexia não envolve alterações hemisféricas nem dos cromossomos (OLIVER,
2010).
• Dislexia Ocasional: É a dislexia causada por fatores externos e que
aparece ocasionalmente. Pode ser causada por esgotamento do
Sistema Nervoso/ estresse, excesso de atividades e, em alguns casos,
considerados raros, por TPM e/ou hipertensão. Se este tipo de dislexia
for diagnosticado, não haverá a necessidade de tratamento. Apenas
repouso, talvez umas boas férias, umas mudança de horários e/ou da
rotina e tudo voltará ao normal.
31
CAPÍTULO 3
3- A DISLEXIA NO CONTEXTO ESCOLAR NA ALFABETIZAÇÃO
A escola tem como papel primordial atuar como suporte facilitador
do desenvolvimento potencial acadêmico, social e formativo dos alunos. No
entanto, muitas vezes, vemos a escola excluindo-os pela falta de capacidade
de saber trabalhar com eles. É necessário que os professores tenham a
oportunidade de realizar cursos de formação continuada para promoverem a
aprendizagem de educandos com diferentes dificuldades de aprendizagem
(Luczynski 2002).
O estudo das dificuldades de leitura e escrita, em geral, e da
dislexia, em particular, vem suscitando desde há muito tempo o interesse de
psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, neuropediatras e
outros profissionais interessados na investigação dos fatores implicados no
sucesso e/ou insucesso da aprendizagem e do desenvolvimento. Segundo Iak
(2004), Massi (2007), além de outros estudiosos, a dislexia representa no
momento atual um grave problema escolar, para a qual todos os profissionais
da educação estão cada vez mais conscientizados.
Iak (2004 ) destaca que: No histórico de estudos relativos à dislexia
e suas implicações, poucas são as referências sobre a pessoa que se vê
exposta às possíveis limitações decorrentes desse distúrbio. Na observação
cotidiana de quem convive profissionalmente ou no contexto familiar com
pessoas portadoras de dislexia, percebe-se que o insucesso na vida escolar
pode dar origem a dificuldades em outras esferas de suas vidas. Além das
questões mais formais, relacionadas com atividades que demandam as
habilidades de leitura e de escrita, existem as implicações sócio-culturais que
possibilitam o surgimento de comprometimentos emocionais.
As competências de leitura e escrita são consideradas como
objetivos fundamentais de qualquer sistema educativo, pois constituem
32
aprendizagens de base e funcionam como uma mola propulsora para todas
as restantes aprendizagens. Assim, muito provavelmente, uma criança com
dificuldades nestas áreas, apresentará lacunas em todas as restantes matérias,
o que provoca um desinteresse cada vez mais acentuado por todas as
aprendizagens escolares e uma diminuição da sua auto-estima.
Tendo em vista que os professores geralmente só conseguem
perceber a dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita em seus alunos
quando estão na alfabetização, entendemos a necessidade de tentar detectar o
problema o mais cedo possível e, ter o cuidado para que a dislexia não
prejudique a aprendizagem da criança, ou seja, se for realizado o diagnóstico
precocemente, a atenção para o aluno disléxico ao chegar à alfabetização já
será diferenciada.
Os resultados alcançados sinalizam que há ainda muito que estudar
e agir para o cumprimento do papel do professor e do psicopedagogo enquanto
um profissional que atua no campo interdisciplinar da dislexia. Apontam
também que embora os professores e os psicopedagogos saibam da existência
da dislexia como uma dificuldade de aprendizagem, eles necessitam de
formação e qualificação que lhes favoreçam intervir pedagogicamente e
psicopedagogicamente com tal questão. Quanto à fundamentação teórica no
campo da dislexia, esta já está relativamente avançada.
Lima (2002), coloca que é função da escola ampliar a experiência
humana, portanto a escola não pode ser limitada ao que é significativo para o
aluno, mas criar situações de ensino que ampliem a experiência, aumentando
os campos de significação.
Do ponto de vista do desenvolvimento e da construção de
significados, só pode ser significativo para a pessoa aquilo do qual ela possui
um mínimo de experiências e de informação.
Por isso, o disléxico precisa olhar e ouvir atentamente, observar os
movimentos da mão quando escrever e prestar atenção aos movimentos da
boca quando fala. Desta maneira, a criança disléxica associará a forma escrita
33
de uma letra tanto com seu som como com os movimentos, pois falar, ouvir,
ler e escrever, são atividades da linguagem.
Fonseca (1995), retrata muito bem isso quando diz que uma coisa é
a criança que não quer aprender a ler, outra é a criança que não pode aprender
a ler com os métodos pedagógicos tradicionais. Não podemos assumir atitudes
reducionistas que afirmam que a dislexia não existe.
De fato, a dislexia é muito mais do que uma dificuldade na leitura. A
dislexia normalmente não aparece isolada, ela surge integrada numa
constelação de problemas que justificam uma deficiente manipulação do
comportamento simbólico que trata de uma aquisição exclusivamente humana.
Muitos autores têm defendido o método fonético como o mais
adequado na alfabetização de disléxicos e não disléxicos. Os métodos
fonéticos favorecem a aquisição e o desenvolvimento da consciência
fonológica que é a capacidade de perceber que o discurso espontâneo é uma
seqüência de sentenças e que estas são uma seqüência de palavras
(consciência da palavra); que as palavras são uma seqüência de sílabas
(consciência silábica) e que as sílabas são uma seqüência de fonemas
(consciência fonêmica), o que auxiliaria muito nas dificuldades dos alunos
disléxicos.
Para auxiliar o aluno disléxico em suas dificuldades, a escola deve
dar encorajamento, atender e respeitar as capacidades e os limites da criança,
estar informada, para amparar a criança em sua dificuldade, manter o professor
da classe familiarizado e sensibilizado com a dislexia, para compreender e
apoiar a criança, na sala de aula, reconhecer a necessidade de ajuda extra e
desenvolver um clima de paciência, para que as crianças possam ter tempo
suficiente para cumprir suas tarefas e, até mesmo, repeti-las várias vezes para
retê-las.
É importante, também, conscientizar toda a comunidade escolar que
estas “facilidades” dadas aos disléxicos, na verdade, representam a única
34
forma que este tem para competir em igualdade de condições com seus
colegas.
O estudo da dislexia, em sala de aula, tem como ponto de partida a
compreensão, das quatro habilidades fundamentais da linguagem verbal: a
leitura, a escrita, a fala e a escuta. Destas, a leitura é a habilidade lingüística
mais difícil e complexa, e a mais diretamente relacionada com a dificuldade
específica de acesso ao código escrito denominada “dislexia”. (PINTO, 2003).
No caso da criança em idade escolar, a psicolingüística define a
dislexia como um déficit inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da
escrita (disgrafia) e da ortografia (disortografia) na idade em que essas
habilidades já deveriam ter sido automatizadas. É o que se denomina “dislexia
de desenvolvimento”.
Para ensinar crianças com distúrbios de aprendizagem, é preciso
conhecer os processos educacionais. Daí resulta a importância da pré-escola,
que é a época propícia para desenvolver a capacidade cognitiva da criança
normal ou mesmo disléxica, através de métodos ativos e baseados na
psicologia, de Jean Piaget. É preciso então atender aos estágios de
desenvolvimento mental da criança, sem pressa de alfabetizar, antes que ela
esteja madura neurologicamente.
Para a criança disléxica, o método multissensorial surge com o
objetivo de trabalhar a criança, para que aprenda a dar respostas automáticas
duradouras (nomes, sons e fonemas) e desenvolver habilidades como
sequenciar palavras. Na alfabetização, a introdução de cada letra, com ênfase
na sua relação com o nome/som e com a importância em dar a sua forma
correta, torna o ensino sistemático e cumulativo, e deverá ser avaliado
regularmente, de forma a verificar a sua eficiência.
35
3.1 – Estratégias Educacionais
3.1.1 O Processo de Inclusão do Aluno Disléxico na da Sala de Aula
- Sugestões para o Professor com Relação à Metodologia de Ensino e
Avaliação da Aprendizagem
Segundo a Associação Nacional de Dislexia (AND, 2011), a escola tem
um papel fundamental no trabalho com os alunos que apresentam dificuldades
de linguagem.
O papel do professor segundo Coll (1995), os professores precisam
estar atentos para esta realidade, e para as particularidades de seu grupo.
Suspeitando dos sintomas, deve sugerir um encaminhamento clínico para a
criança e após diagnosticado, o quadro, é necessário que ele se dedique muito
ao aluno, em sala de aula, e ao longo do tratamento, que envolve em partes
iguais a escola, a família e profissionais da saúde.
A primeira tarefa do professor é resgatar a autoconfiança do aluno.
Descobrir suas habilidades para que possa acreditar em si mesmo ao se
destacar em outras áreas
O papel do professor é dirigir um olhar flexível para cada aluno que
tenha dificuldade, é compreender a natureza dessas dificuldades, buscar um
diagnóstico especializado, uma orientação para melhorar o dia-a-dia da
criança, e se instrumentalizar, pois há muitos professores que lecionam e não
sabem o que é dislexia.
O professor primário deve ele próprio construir os seus instrumentos
de diagnóstico pedagógico (diagnóstico informal) a fim de conduzir a sua
atividade mais coerentemente... é do maior interesse o uso de instrumentos
que permitam detectar precocemente qualquer dificuldade de aprendizagem,
pois só assim uma intervenção psicopedagógica pode ser considerada
socialmente útil, pois quanto mais tarde for identificada a dificuldade, menos
hipóteses haverá para solucionar corretamente. ( FONSECA, 1995).
36
O professor que deseja ajudar seus alunos, sabe que é necessário
encaminhá-lo para tratamento e colaborar nesse tratamento. Mas ele sabe
também, que o atendimento gratuito é sujeito a grande espera e que o nível
econômico da maioria dos escolares, não permite tratamento particular. Só
através de um trabalho paciente e constante, poderá prestar a ajuda, que a
criança tanto necessita.
O ideal é trabalhar a autonomia da criança, para que ela não
comece a sentir-se dependente em tudo. O professor deve acolher e respeitá-
lo, em suas diferenças, sem cair no sentimento de pena.
Cabe ao professor recorrer a diversas atividades e técnicas de
ensino e descobrir qual delas melhor se adapta a cada estudante e a cada
situação.
É importante que o professor explique à criança o seu problema,
sente ao lado dela, não a pressione com o tempo, não estabeleça competições
com os outros, que seja flexível quanto ao conteúdo das lições, que faça
críticas construtivas, estimule o aluno a escrever em linhas alternadas (o que
permite a leitura da caligrafia imprecisa), certifique-se de que a tarefa de casa
foi entendida pela criança, peça aos pais que releiam com ela as instruções,
evite anotar todos os erros na correção (dando mais importância ao conteúdo),
não corrija com lápis vermelho (isso fere a suscetibilidade da criança com
problemas de aprendizagem), e procure descobrir os interesses e leituras que
prendam a atenção da criança.
É de grande importância ressaltar, que a manutenção de turmas
pequenas, com no máximo 20 alunos, ou menos, é de extrema relevância, para
que o professor tenha oportunidade de observar de maneira adequada a todos
os educandos, como também dispor de tempo para auxiliá-los.
Devido à história de fracassos e cobranças apresentada pelo disléxico
fazendo-o sentir-se incapaz, motivá-lo exigirá dos professores mais esforço e
disponibilidade do que dispensam aos demais alunos. Os professores não
devem ter receio de que seu apoio ou atenção vá acomodar o aluno ou fazê-lo
37
sentir-se menos responsável. Afinal, depois de tantos insucessos e auto-
estima rebaixada, ele tende a demorar mais a reagir para acreditar nele
mesmo.
Algumas atitudes são importantes para que ele se sinta aceito,
seguro e querido pelo professor e pelos colegas dentro da sala de aula:
3.1.2 Para melhorar sua auto-estima, o professor precisa:
• Evitar usar a expressão "tente esforçar-se" ou outras semelhantes, pois o que ele faz é o que ele é capaz de fazer no momento;
• Falar francamente sobre suas dificuldades sem, porém, fazê-lo sentir-se incapaz, mas auxiliando-o a superá-las;
• Respeitar o seu ritmo, pois a criança com dificuldade de linguagem tem problemas de processamento da informação. Ela precisa de mais tempo para pensar, para dar sentido ao que ela viu e ouviu; Elevar a auto-estima do aluno estando interessado nele como pessoa.
3.1.3 Para monitorar suas atividades, o professor precisa:
• Certificar-se de que as tarefas de casa foram compreendidas e anotadas corretamente;
• Certificar-se de que seu aluno pode ler e compreender o enunciado ou a questão. Caso contrário, leia as instruções para ele;
• Levar em conta as dificuldades específicas do aluno e as dificuldades da nossa língua quando corrigir os deveres;
• Estimular a expressão verbal do aluno;
• Dar instruções e orientações curtas e simples que evitem confusões;
• Dar "dicas" específicas de como o aluno pode aprender ou estudar a sua disciplina;
• Orientar o aluno sobre como organizar-se no tempo e no espaço;
• Não insistir em exercícios de fixação repetitivos e numerosos, pois isso não diminui a sua dificuldade;
• Dar explicações de "como fazer" sempre que possível, posicionando-se ao seu lado;
• Utilizar o computador, mas certificar-se de que o programa é adequado ao seu nível. Crianças com dificuldade de linguagem são
38
mais sensíveis às críticas, e o computador, quando usado com programas que emitem sons estranhos cada vez que a criança erra, só reforçará as idéias negativas que elas tem de si mesmas e aumentará sua ansiedade;
• Permitir o uso de gravador;
• Esquematizar o conteúdo das aulas quando o assunto for muito difícil para o aluno. Assim, o professor terá a garantia de que ele está adquirindo os principais conceitos da matéria através de esquemas claros e didáticos;
• "Uma imagem vale mais que mil palavras": demonstrações e filmes podem ser utilizados para enfatizar as aulas, variar as estratégias e motivá-los. Auxiliam na integração da modalidade auditiva e visual , e a discussão em sala que se segue auxilia o aluno organizar a informação. Por exemplo: para explicar a mudança do estado físico da água líquida para gasosa, faça-o visualizar uma chaleira com a água fervendo;
• Não insistir para que o aluno leia em voz alta perante a turma, pois ele tem consciência de seus erros. A maioria dos textos de seu nível é difícil para ele.
3.1.4 Para avaliá-lo, o professor precisa:
• Ler as questões/problemas junto com o aluno, de maneira que ele entenda o que está sendo perguntado;
• Explicitar sua disponibilidade para esclarecer-lhe eventuais dúvidas sobre o que está sendo perguntado;
• Dar-lhe tempo necessário para fazer a prova com calma;
• Ao recolhê-la, verificar as respostas e, caso seja necessário, confirmar com o aluno o que ele quis dizer com o que escreveu, anotando sua (s) resposta(s);
• Ao corrigi-la, valorizar ao máximo a produção do aluno, pois frases aparentemente sem sentido e palavras incompletas ou gramaticalmente erradas não representam conceitos ou informações erradas;
• Realizar avaliações orais também.
• Os alunos disléxicos podem ser bem sucedidos em uma classe regular. O sucesso dependerá do cuidado em relação à sua leitura e das estratégias utilizadas pelos professores.
39
3.2 – A Dislexia na Alfabetização
3.2.1 A Intervenção Psicopedagógica como Forma de Auxiliar a
Escola e a Família no Tratamento do Disléxico
É na escola, local onde a leitura e a escrita são permanentemente
utilizadas e, sobretudo, valorizadas, que a dislexia, de fato, aparece. Há
disléxicos que podem revelar suas dificuldades em outros ambientes e
situações, mas nenhum deles se compara à escola.
Por isso, a dislexia pode ser percebida pelo professor durante o
processo de alfabetização, e ele deve avaliar as condições que a criança tem
de responder ao seu programa de ensino apoiado, sempre que necessário,
pelos demais profissionais responsáveis por tal tarefa.
Diante de um quadro de dislexia, por meio de atividades
pedagógicas rotineiras, o profissional da educação percebe que alguma coisa
não está bem, e cabe à escola orientar a família da criança para procurar a
ajuda especializada visando o diagnóstico multiprofissional e o tratamento do
problema.
Para Muter (apud SNOWLING E STACKHOUSE, 2004), os
profissionais da educação sentem mais segurança em trabalhar com crianças
ainda pequenas que foram diagnosticadas precocemente e o professor tem um
papel fundamental no auxílio para o diagnóstico, pois suas informações são
utilizadas no processo de avaliação.
No histórico de estudos relativos à dislexia e suas implicações,
poucas são as referências sobre a pessoa que se vê exposta às possíveis
limitações decorrentes desse distúrbio. Na observação cotidiana de quem
convive profissionalmente ou no contexto familiar com pessoas portadoras de
dislexia, percebe-se que o insucesso na vida escolar pode dar origem a
dificuldades em outras esferas de suas vidas. Além das questões mais formais,
relacionadas com atividades que demandam as habilidades de leitura e de
40
escrita, existem as implicações sócio-culturais que possibilitam o surgimento
de comprometimentos emocionais.
As suspeitas sobre o quadro de dislexia partem da família por parte
dos pais ou responsáveis ou por indicação do professor como representante da
escola. Sobre o papel da família e da escola ambas são co-responsáveis pelo
aprendizado eficaz do disléxico.
Na opinião de Sanchez (1995), deve existir uma rede em sintonia
entre, escola, família e os profissionais do grupo multidisciplinar envolvidos no
acompanhamento do disléxico tanto relativo aos instrumentos globais quanto
aos específicos, pois todos contribuem para avaliação do progresso e
reconhecimento das dificuldades.
A família deve ter conhecimento completo do problema e ser
orientada a lidar com esta situação, os pais ou tutores são os principais
responsáveis pelo elo de ligação entre os especialistas e a escola, é preciso
que haja confiança recíproca entre as partes envolvidas.
Os especialistas também devem estar em contato com a escola e
com o professor, cientes da proposta pedagógica da escola, tanto o
fonoaudiólogo quanto o psicopedagogo poderão orientar o professor a efetuar
as adaptações pedagógicas em função da evolução do quadro do disléxico.
O Psicopedagogo pode intervir através de tratamento que é feito por
meio de intervenções explícitas e intensivas em leitura, que diferem de acordo
com o tipo de dislexia. Neste caso, a meta dele não é alfabetizar, pois esta é
uma função do professor. Ele irá explorar atividades de aprendizagem com
vistas a promover o desenvolvimento em leitura e escrita do aprendente
disléxico.
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa foi realizada uma coleta de informações acerca da
dislexia, suas causas e características, a fim de que possa ser melhor
compreendida por educadores e familiares, e até mesmo pelo próprio disléxico.
Portanto, pode-se concluir que a dislexia é um transtorno de aprendizagem que
tem como causas atualmente estudadas, a genética e neurológica, ou seja, os
últimos trabalhos a respeito da dislexia assinalaram que existem processos
cognitivos e psicolingüísticos que se desenvolvem na etapa pré-escolar e que
são decisivos para o aprendizado da leitura na criança.
Com base nas informações sobre a Dislexia apresentadas neste
estudo, o professor será capaz de identificar em seus alunos o distúrbio de
aprendizagem em questão, para tomar as devidas providências dentro da sala
de aula e com a família do disléxico, podendo contar com a ajuda da
intervenção psicopedagógica e de outros profissionais como: fonoaudiólogo,
neuropediatras, psicólogos educacionais e clínicos, e lingüistas. Todos eles
têm seu papel no manejo das crianças com dificuldade na linguagem escrita e
falada.
A partir do momento que o professor se deparar com este
conhecimento sobre a Dislexia, terá por obrigação incluir o aluno disléxico
auxiliando-o dentro da sala de aula e da escola. Os conselhos práticos (ou as
sugestões) apontadas no presente estudo podem ajudá-lo e, a orientação pela
busca da intervenção do psicopedagogo e dos outros profissionais também, o
importante é sempre se lembrar deste aluno e não deixá-lo de lado; é investir
nele como aluno, como pessoa e como cidadão.
A escola e o professor devem flexibilizar o planejamento das aulas
com novas formas de possibilitar a aprendizagem do aluno disléxico,
promovendo, contudo, o desenvolvimento de algumas habilidades para que
este possa saber lidar com suas dificuldades, tais como: habilidade corporal,
lateralidade, noção direita-esquerda, orientação espacial e temporal, ritmo e
42
outros, e ter uma vida melhor, sem angústias e medos. Com ausência desse
acompanhamento a criança não consegue desenvolver tais habilidades pelo
fato de ser um problema com base neurológica e precisar de um tratamento
adequado.
A família e o professor devem buscar meios que facilitem a
aprendizagem na escola pela criança, o estabelecimento de horário para as
atividades do dia-a-dia, ajudar a organizar o material escolar e as roupas a fim
de diminuir a ansiedade do disléxico. Crianças com este problema precisam de
atendimento individualizado e de um apoio da família e do professor. Não se
deve expô-las a pressão de tempo ou competição para não desenvolver
angústias e nem possíveis problemas emocionais que poderão mascarar a
dificuldade que a criança apresenta.
O professor, juntamente com o psicopedagogo, podem dar ao aluno
disléxico a sensação e a certeza de que conseguirá superar os obstáculos,
havendo assim um relacionamento de confiança entre ele e a família. Poderá
ter a sua auto-estima restaurada quando começar a perceber as suas vitórias
com o tratamento e acompanhamento adequados. Através deles o aluno
disléxico será integrado/reintegrado dentro da sala de aula, como alguém
responsável e competente e, em suas relações familiares e sociais também,
pois a reabilitação da leitura dará a ele, condições de adquirir a educação
formal, já que em nossa sociedade representam - a leitura e escrita,
habilidades básicas, a “chave-mestra” para o conhecimento de si mesmo e do
mundo que o cerca.
Construir estratégias juntos, psicopedagogo, professor e aprendente
para o desempenho das funções de leitura e escrita por meio da intervenção
psicopedagógica, é de extrema importância para que o sujeito encontre várias
possibilidades com o objetivo de aprender tais atividades e garantir uma melhor
aprendizagem das outras matérias.
O desejo é que tudo isso ocorra o quanto antes, por isso a
importância do diagnóstico precoce, para que a criança possa crescer mais
feliz, aprendendo a lidar com as dificuldades que encontrará ao longo de sua
43
vida, tendo consciência de que não será uma caminhada fácil, mas que
também poderá chegar à universidade, podendo se tornar um excelente
profissional como os seus colegas da escola.
E para isso é preciso que cada vez mais os profissionais da
educação se dediquem ao estudo, não somente, deste distúrbio, mas também
de todas as dificuldades de aprendizagem e, se empenhem na busca de
formação especializada para a intervenção apropriada dentro da escola e da
sala de aula, visando a inclusão destes alunos no ambiente escolar e social.
44
REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/774/dislexia. Acesso em:11
de maio 2011. As 09:30
48
ÍNDICE
3.2.1 A Intervenção Psicopedagógica como Forma de Auxiliar a Escola e a
Família no Tratamento do Disléxico 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO 1 11
1- Dislexia – definições 11
1.1 - O que é dislexia? 13
1.2 – Os sintomas disléxicos 14
1.3 – Formas simples de “diagnostico” 18
1.4 – Tratamentos e atividades indicados para o disléxico 20
CAPÍTULO 2 23
2 - Quais as dificuldades encontradas nas crianças com dislexia? 23
2.1 - Dificuldades de leitura em crianças com dislexia no desenvolvimento 24
2.2 - Tipos de dislexia 27
CAPÍTULO 3 31
3- A dislexia no contexto escolar: na alfabetização 31
3.1 - Estratégias Educacionais 35
3.1.1 O Processo de Inclusão do Aluno Disléxico na da Sala de Aula - Sugestões para
o Professor com Relação à Metodologia de Ensino e Avaliação da Aprendizagem 35
49
3.1.2 Para melhorar sua auto-estima, o professor precisa: 37
3.1.3 Para monitorar suas atividades, o professor precisa: 37
3.1.4 Para avaliá-lo, o professor precisa: 38
3.2 – A dislexia na alfabetização 39
3.2.1 A Intervenção Psicopedagógica como Forma de Auxiliar a Escola e a Família
no Tratamento do Disléxico 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48