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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O RH ESTRATÉGICO NO MUNDO GLOBALIZADO Autor: Alvaro Sérgio de Souza Júnior Orientador: Prof. Luiz Claudio Lopes Alves RIO DE JANEIRO 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O RH ESTRATÉGICO NO MUNDO GLOBALIZADO

Autor: Alvaro Sérgio de Souza Júnior

Orientador: Prof. Luiz Claudio Lopes Alves

RIO DE JANEIRO 2011

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O RH ESTRATÉGICO NO MUNDO GLOBALIZADO

OBJETIVOS Trabalho apresentado ao Instituto a Vez do Mestre como requisito parcial para obtenção do grau de especialista lato sensu em gestão de recursos humanos

3

AGRADECIMENTOS

A todos os professores do Instituto “A Vez do Mestre”, ao professor Luiz Claudio pela orientação na elaboração desse trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família que me compreendeu e ofereceu a assistência necessária para que mais essa etapa da minha vida fosse concluída.

5

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo explicar a atuação do RH estratégico no

mundo globalizado. A abordagem desse estudo passa do nível geral para o

especifico: explicação e conceituação da Administração de Recursos Humanos

(ARH), depois refere-se a estratégia organizacional para entrar no assunto da

globalização e por fim explicar a interação da ARH nesse contexto globalizado.

A importância do estudo esta na relevância que tal associação da globalização

a administração de recursos humanos tem surgido nas ultimas décadas,

principalmente considerando as criticas existentes a estratégia de gestão de

pessoas de maneira global.

Palavras-chave: Globalização, Estratégia, Gestão de Recursos Humanos,

Administração de Empresas.

6

METODOLOGIA

Segundo pressupõe Vergara (1998, p. 44), a pesquisa em questão será quanto

aos fins explicativa pois visa explicar as interações do fenômeno globalização e

a estratégia de Recursos humanos; quanto aos meios serão empregados

recursos bibliográficos e telematizados para exposição e sustentação das

posições que serão apresentadas.

Quanto ao referencial bibliográfico, A monografia será fundamentada

teoricamente pelos autores CHIAVENATO, I (Gestão de Pessoas) 1999 e

DOWBOR, L (desafios da globalização, 1999). Relativo à estratégia os

fundamentos seguirão os pressupostos por TEIXEIRA, M. (Gestão Estratégica

de Pessoas, 2005) também com auxílio nas informações de MATHIS, R

(Human resource Management, 2008).

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPITULO I 8

A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

CAPITULO II 13

A ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇOES E DE RECURSOS HUMANOS

CAPITULO III 22

A GLOBALIZAÇÃO

CAPITULO IV 28

O RH ESTRATÉGICO E A GLOBALIZAÇÃO

INTRODUÇÃO

A gestão de pessoas evolui junto com a sociedade e tem como nova

prerrogativa duas questões, ser estratégico e ser global.

A monografia em tela tem por objetivo mostrar essa interação da

Administração de Recursos Humanos sendo ao mesmo tempo estratégica e

atuando de maneira global.

Para a realização desse trabalho fez-se consulta de bibliografia de

autores modernos, muitos dos quais somente disponível na Internet mas que

pudessem sustentar a hipótese de que a gestão de pessoas estratégica

considera a globalização para sua condução.

Na intenção de demonstrar tal interação o trabalho em questão começa

em seu primeiro capitulo por conceituar e explicar a própria administração de

Recursos humanos e sua evolução, passando então para o próximo capitulo

abordando a estratégia das organizações e de recursos humanos, em seu

penúltimo capitulo explica o fenómeno da globalização e culminando no quarto

e ultimo capitulo apresentando o RH estratégico e globalizado.

Toma-se então na formulação desse trabalho uma estratégia de

desconstrução do tema central abordado, avaliando cada item em separado

para então construir e evidenciar essa associação do Recursos Humanos

estratégico atuando em um contexto globalizado.

8

CAPITULO I

A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

A organização não existe sem as pessoas que lhes dão vida e força,

essa relevância levou o surgimento de um conjunto de decisões integradas

sobre as relações de trabalho que influenciam a eficácia dos funcionários e das

organizações, ou seja, a Administração de Recursos Humanos (CHIAVENATO,

2005, p. 9).

Porém tal entendimento da elevada importância do ser humano como

fator decisivo de sucesso empresarial é recente, a tabela abaixo mostra a

evolução da gestão de pessoas no tempo.

Eras Era da

Industrialização

Era da

Industrialização

Neoclássica

Era da Informação

Períodos 1900 – 1950 1950 – 1990 Após 1990

Estrutura

organizacional

predominante

Burocrático,

funcional, Piramidal,

centralizadora, rígida

e inflexível. Ênfase

nos órgãos

Mista, matricial, com

ênfase na

departamentalização

por produtos ou

serviços ou unidades

estratégicas de

negócios

Fluida, ágil e flexível,

totalmente

descentralizadora

ênfase nas redes de

equipes

multifuncionais

Cultura

organizacional

predominante

Teoria X. Foco no

passado nas

tradições e nos

valores

conservadores.

Ênfase na

Transição. Foco no

presente e no atual.

Ênfase na adaptação

ao ambiente.

Valorização da

renovação e da

Teoria Y. Foco no

futuro e no destino.

Ênfase na mudança

e na inovação.

Valorização do

conhecimento e da

9

manutenção do

status. Valorização

da tradição e da

experiência

revitalização criatividade.

Ambiente

organizacional

Estático, previsível,

poucos e gradativas

mudanças. Poucos

desafios ambientais.

Intensificação e

aceleração das

mudanças

ambientais

Mutável, imprevisível,

turbulento, com

grandes e intensas

mudanças

Modos de lidar com

as pessoas

Pessoas como

fatores de produtos

inertes e estáticos.

Ênfase nas regras e

controles rígidos

para regular as

pessoas

Pessoas como

recursos

organizacionais que

devem ser

administrados.

Ênfase nos objetivos

organizacionais para

dirigir as pessoas

Pessoas como seres

humanos proativos e

inteligentes que

devem ser

impulsionados.

Ênfase na liberdade

e no

comprometimento

para motivar as

pessoas.

Administração de

pessoas Relações industriais

Administração de

recursos humanos Gestão de pessoas

Tabela 1.1 As Três etapas da organização no decorrer do século XX (CHIAVENATO, 2005, p.

40)

Nota-se, dessa forma, um direcionamento da organização para as

pessoas, que passaram de meros coadjuvantes para protagonistas no

despertar de uma nova organização, onde o conhecimento é algo fundamental,

onde a tecnologia impera, mas é dos seres humanos que provem o

conhecimento é por meio do capital humano que se consegue utilizar a

tecnologia de maneira criativa e eficaz.

Chiavenato nomeia esse novo estilo de gestão, pautado nas pessoas,

como uma solução de ganha-ganha:

Até pouco tempo, o relacionamento entre pessoas e organizações era considerado antagônico e conflitivo. Acreditava-se que os objetivos das organizações – como lucro, produtividade, eficácia, maximização da aplicação de recursos

10

físicos e financeiros, redução de custos – era incompatíveis com os objetivos individuais das pessoas – como melhores salários e benefícios, conforto no trabalho, lazer, segurança no trabalho e no emprego, desenvolvimento e progresso pessoal. A solução usada era a do tipo ganha-perde: se uma parte leva tudo, a outra fica sem nada. Em situação de recursos limitados e escassos, se uma parte ganhava mais, ela o fazia à custa da outra. Sem dúvida, era uma solução limitada, estreita e míope. Verificou-se que se a organização buscar alcançar seus objetivos da melhor maneira possível, precisa saber canalizar os esforços das pessoas para que também elas atinjam os seus objetivos individuais e que ambas as partes saiam ganhando. Modernamente, a solução do tipo ganha-ganha no jogo de interesses envolvidos é a preferida. Trata-se de uma solução que requer negociação, participação e sinergia de esforços (CHIAVENATO, 2005, p. 5).

Convém observar que nem todas as empresas da atualidade atuam e

desenvolvem sua gestão de pessoas da mesma forma antropocêntrica exposta

por Chiavenato, mas em linhas gerais deve-se entender a melhor forma de se

administrar esse recurso importante para a organização.

A área de Administração de Recursos Humanos (ARH) deve contribuir

para o sucesso organizacional através dos seguintes meios:

• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;

• Proporcionar competitividade à organização;

• Proporcionar à organização pessoas bem treinadas;

• Aumentar a auto-atualização e a satisfação das pessoas no trabalho;

• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;

• Administrar e impulsionar a mudança;

• Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável;

Para que os objetivos expostos sejam concluídos é necessário que a

organização realize alguns processos básicos que são: agregar pessoas,

aplicar pessoas, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas

(CHIAVENATO, 2005).

11

Processo Responsabilidade Atividades

Agregar pessoas Incluir novas pessoas na

empresa

Recrutamento

Seleção

Aplicar pessoas Desenhar as atividades que

as pessoas irão realizar,

orientar e acompanhar o

desempenho pessoal

Modelagem do trabalho

Avaliação de desempenho

Recompensar pessoas Incentivar as pessoas e

satisfazer suas necessidades

individuais mais elevadas

Remuneração

Benefícios

Incentivos

Desenvolver pessoas Capacitar e incrementar o

desenvolvimento profissional

e pessoal

Treinamento

Mudanças

Comunicações

Manter pessoas Criar condições ambientais e

psicológicas satisfatórias para

as atividades das pessoas

Disciplina

Higiene, segurança e

qualidade de vida

Relações com sindicatos

Monitorar pessoas Acompanhamento e controle

das atividades das pessoas e

verificação de resultados

Banco de Dados

Sistema de Informação

gerencial

Tabela 1.2 Os seis Processos de Gestão de Pessoas (CHIAVENATO, 2005)

A área de Recursos Humanos é, sobretudo, responsável pelas pessoas,

mas não de forma isolada ou intransigente, mas funcionando como interface

com as outras unidades funcionais proporcionando a essas o suporte

necessário para um desenvolvimento conjunto e harmônico.

Se analisada de forma geral verifica-se que a área de RH pode variar

sua estrutura e responsabilidade de acordo com o tamanho, cultura e estrutura

da empresa analisada, mas observa-se algumas tendências como o

12

enxugamento da área, uma atuação mais consultiva do que deliberativa, a

distribuição de responsabilidades e maior relacionamento com outras áreas

organizacionais e, sobretudo, uma atuação integrada à estratégia

organizacional.

Nesse contexto, o “RH deveria ser definido não pelo o que ele faz mas

sim pelo o que ele proporciona” (ULRICH apud MATHIS e JACKSON, 2005, p.

4), que seja assim, o uso eficiente e efetivo do talento humano para o alcance

dos objetivos organizacionais.

13

CAPITULO II

A ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇOES E DE RECURSOS HUMANOS

2.1 Estratégia organizacional: origens, princípios e fundamentos

Seria inacreditável prever, mas uma notícia se espalhou pela França, um

de seus maiores ícones, após anos de liderança no mercado, por não ter

analisado o ambiente em que atuaria, viu sua corporação ser derrotada pela

concorrência e com isso, aflingiu diretamente a vida de mais de 500 mil

homens (UOL EDUCAÇÃO ).

Uma análise sob o ponto de vista administrativo do episódio acima,

poderia supor que houve um erro na concepção e implementação da estratégia

organizacional por ser ela “o mecanismo através do qual a organização

interage com seu contexto ambiental” (CHIAVENATO, 1999, p 49).

Tal estratégia pode ser formulada para implementação em qualquer tipo

de administração, até mesmo a militar. Imaginar uma estratégia de recursos

humanos atuando numa organização militar seria, por exemplo, planejar diante

de um objetivo, quantos e que tipo de soldados seriam necessários, como

recrutá-los, treiná-los, desenvolve-los e mante-los para que o ciclo de vitoria

continue.

O planejamento estratégico é fator sine quae non para o delineamento

do sentido que a administração dará para o negócio em um processo

sistemático e constante de tomada de decisões, cujos efeitos deverão ocorrer

em futuros períodos de tempo (CHIAVENATO, 1999).

A menção da administração militar, citada anteriormente, foi feita

intencionalmente para que se pudesse resgatar às origens da implementação

da estratégia, cuja palavra em sua origem grega “estratégós” significa a arte do

general “(COLLETI).

14

A história iniciada no capítulo corrobora com a base histórica da

estratégia. O acontecimento poderia ser relato de qualquer grande empresa

francesa, mas refere-se a Napoleão Bonaparte que o erro na concepção da

estratégia de invasão a Rússia resultou no fim do seu império1 (UOL

EDUCAÇÃO).

A estratégia organizacional compreende seu planejamento,

desenvolvimento e controle.

O planejamento estratégico pode ser compreendido como um círculo

virtuoso em que (vide figura) objetiva-se responder algumas perguntas

fundamentais (MATHIS e JACKSON, 2005):

• Por que a organização existe?

• Qual a contribuição única que ela oferece?

• Qual são os valores e motivos sustentados pelos donos e principais gestores?

Por conta disso, elaborar uma estratégia de negócio requer um

conhecimento de uma série de fatores externos ou internos a organização para

que se possa estabelecer um norte à organização levando em consideração

tudo o que pode impactar positivamente ou negativamente tal meta de ser

atingida.

A concepção de uma estratégia toma um aspecto futurista, mas ressalta-

se que “a gestão estratégica não diz respeito às decisões futuras, mas às

implicações futuras de decisões presentes”( TEIXEIRA, p. 16), ou seja,

alinhada diretamente ao planejamento “trata-se de decidir agora o que fazer

antes que ocorra a ação necessária” (CHIAVENATO, p 58).

1 Napoleão (15/08/1769- 05/05/1821) foi imperador da França durante quase dez anos. Na campanha da Rússia o exército napoleônico perdeu 98% do seu contingente inicial devido ao fato (entre outras coisas) de erro na estratégia e planejamento da guerra e por não ter sido levado em consideração o rigoroso frio característico do inverno Russo.

15

Contudo, embora seja natural, mesmo que se ligue a um dos pilares da

administração, que é o planejamento (CHIAVENATO, 2000); ser estratégico

requer um comportamento novo, uma nova maneira de agir, pensar, conduzir o

negócio e, no que se refere à gestão de pessoas, entender as pessoas e

relacionar-se com as mesmas.

Sobre esse ambiente de mudanças Chiavenato expõe:

O mundo mudou. E como! As empresas também estão nessa onda de mudanças. Algumas

delas vão na frente, disparadas, outras seguem atrás na sua esteira, enquanto outros ainda

tentam achar o caminho, quase paradas no tempo e confusas, sem entender exatamente o que

está acontecendo ao setor (CHIAVENATO, p. 448).

Nessa fase atual, estar à dianteira do mercado significa elaborar uma

gestão estratégica que direcione e integre a empresa assegurando: “senso de

direção e continuidade a longo prazo; flexibilidade e agilidade no dia-a-dia”

Desenvolver planos

(estratégias e objetivos)

Implementar, monitorar e rever

planos

Prever as capacidades

organizacionais e oportunidades do

ambiente

Descobrir as forças e fraquezas

internas

Sondar o ambiente externo por

oportunidades e ameaças

Definir filosofia e

missão

Figura 2.1 Planejamento estratégico organizacional (MATHIS e JACKSON, 2005)

16

(TEIXEIRA, p. 15); focalizando o potencial de desempenho futuro da

organização.

A gestão estratégica no entendimento de Teixeira (2005) é elaborada de

uma maneira integral na empresa, mas que compreende três grandes níveis

hierárquicos: gestão estratégia corporativa, de unidades de negócio e gestão

estratégica de áreas ou processos funcionais.

A estratégia organizacional é concebida no objetivo de prever os

acontecimentos futuros que impactarão o sucesso da empresa. É então,

utilizada análises externas e internas que compreendam a empresa e a

realidade do ambiente que ela está situada possibilitando prever o sucesso ou

insucesso diante de possíveis realidades futuras, ou seja, diferentes cenários.

A análise externa concentra-se em observar tudo aquilo que não é

pertencente à organização, mas relaciona com a mesma podendo alterar seu

desenvolvimento, ou seja; a sociedade, a tecnologia, o meio ambiente, a

concorrência, a economia local, a política local e internacional e etc.

Análise interna, por sua vez, relaciona somente as questões internas da

empresa: os funcionários, os clientes, a estrutura organizacional, o

relacionamento com os fornecedores.

Todas as duas análises objetivam-se evidenciar diversos fatores como

mostrado no quadro próximo:

Análise estratégica: o que é importante observar?

Alavancas: pontes fortes na empresa relativa a possíveis oportunidades associadas ao

ambiente externo.

Defesas: o potencial do conjunto de forças da organização para neutralizar ou minimizar

ameaças do ambiente externo.

Restrições: as fraquezas atuais que dificultam o aproveitamento das oportunidades.

Problemas e Ameaças: as fraquezas internas atuais que aumentam o risco da empresa em

enfrentar as possíveis ameaças do ambiente

Quadro 2.1 O que é importante observar na análise estratégica

17

Tal análise é feita mediante a formulação de cenários elaborados de

acordo com diferentes abordagens2 mas que, conforme pressupõe Teixeira

(2005, p. 26), são úteis pelos seguintes motivos:

• Unificam as visões de futuro, tornando explícita e comum as premissas em que

se baseiam as decisões estratégicas;

• Configuram evoluções prováveis do mercado e do ambiente competitivo da

organização.

• Antecipam oportunidades e ameaças para a organização.

Convém ressaltar que a implementação da estratégia por sua vez requer

metodologias que objetivam controlar a consecução da mesma, mas nem por

isso a gestão estratégia organizacional deve ser compreendida como algo

estático, mas um processo contínuo, contingencial e flexível.

O trecho a seguir de Chiavenato (1999) valida tal concepção mutável da

gestão estratégica:

A estratégia organizacional é um conjunto de manobras que se desenvolve em um ambiente competitivo: aproveitar as oportunidades e esquivar-se das ameaças ambientais ao mesmo tempo em que se aplicam mais intensamente as forças internas e se corrigem as fraquezas internas. A estratégia organizacional representa o caminho escolhido pela empresa para enfrentar as turbulências externas e aproveitar os seus recursos da melhor maneira possível. Quanto maior a mudança ambiental, tanto mais necessária é a ação estratégica, desde que ágil e flexível para aglutinar e permitir a adoção rápida de novos rumos e novas saídas. Esta é a razão de sucesso das empresas que sabem tirar proveito das situações e das circunstâncias. Ação rápida e arrancadas velozes.

A máxima exposta acima corrobora para um entendimento que a

Administração objetiva buscar todos os meios para que o sucesso seja

alcançado e mantido, a gestão estratégica é, portanto, a resposta para esse

antigo anseio de todas as organizações, e para isso, vale-se tudo, inclusive ser

estratégico.

2 Teixeira (2005) cita duas abordagens que podem ser usadas para formulação dos cenários: extrapolativa e determinística e prospectiva e probabilística

18

2.2 A gestão estratégica de recursos humanos

A Administração de Recursos Humanos “está se voltando para o

planejamento estratégico da empresa e desenvolvendo meios através dos

quais as pessoas possam caminhar proativamente em direção aos objetivos

organizacionais” (CHIAVENATO, 1999, p. 452).

Como o uso das pessoas nas organizações pode representar em uma

vantagem competitiva ao negócio, a gestão de pessoas organizacionais tem

adotado um modelo estratégico, que deve ter foco em questões de longo prazo

(MATHIS e JACKSON,2005)

A gestão de pessoas tomada como uma contribuidora estratégica para o

negócio é posta mediante uma série de atitudes que a administração de

Recursos Humanos moderna deve responsabilizar-se conforme mostra a figura

2.

1. Melhorar a desempenho organizacional 2. Envolver-se no planejamento estratégico 3. Ser decisora em fusões, aquisições e

enxugamento de pessoal 4. Redesenho de organizações e processos 5. Assegurar responsabilidade financeira

para os resultados de RH 6. Expandir o capital humano 7. Atrair e manter os recursos humanos 8. Desenvolver a capacidade dos recursos

humanos 9. Identificar e reconhecer performances

positivas 10. Agir com eficiência financeira e na

legalidade 11. Demonstrar eficiência administrativa

Gestão Estratégica de Recursos

Humanos

Figura2.2 Atitudes da Administração de RH moderna (MATHIS e JACKSON, 2005)

19

Assim, adequação da ARH à estratégia organizacional se faz com uma

mudança de comportamentos e atitudes dos gestores e profissionais de RH.

“Tradicionalmente, a função de recursos humanos passou mais tempo professando do que sendo profissional. Foi contaminada por mitos que a impedem de ser profissional (...). Não importa se esses mitos se originam do pessoal ou dos gerentes de linha de RH. É hora de serem superados. De Falar menos e fazer mais. Adicionar valor, não de redigir declarações de valor. Construir organizações competitivas, e não confortáveis. De ser preventivo, e não reativo. É hora de desempenho, e não de pregação” (ULRICH, 1998, p. 34)

Na busca dessa nova organização Ulrich (1998, p. 33) defende que os

processos de RH necessitam ser avaliados no que tange a sua contribuição

para o aumento da competitividade. A ARH, por assim dizer, não trabalha para

as pessoas, mas utiliza-se das pessoas para satisfazer os desígnios

organizacionais pois “O único integrante racional e inteligente da estratégia

organizacional é o elemento humano: a cabeça e o sistema nervoso da

organização” (CHIAVENATO, 1999, p. 49).

A estratégia de Recursos Humanos é montada considerando os

objetivos organizacionais e suas estratégias, mas Mathis e Jackson observam

que tal montagem é tomada como base o estágio evolutivo que a

administração se encontra. Sendo assim as necessidades de RH para uma

pequena empresa de alta tecnologia de apenas três anos será diferente das

necessidades de uma American Online3 ou Netscape4.

A estratégia de negócio afeta as estratégias e atividades de RH. Por exemplo, um grande banco começou a planejar há alguns anos atrás a ser uma das maiores instituições financeiras do país. Duas partes de sua estratégia eram (1) adotar um foco global (2) aperfeiçoar seus serviços. Os planos de RH para sustentar o plano global incluíam a integração de sistemas de compensação e benefícios e políticas de recrutamento para suas operações internacionais e domésticas. (MATHI e JACKSON, 2005, p. 46)

Esse exemplo prático sustenta o que Teixeira (2005) apregoa:

Nos novos mundos de negócio e do trabalho de hoje, terão mais probabilidades de sucesso as empresas que se mostram capazes de realizar a transformação de estratégias em ações, de enfrentar a incerteza e a ambigüidade e de atuar com visão

3 American Online: é uma empresa global de serviços de internet e mídia (WIKIPEDIA, AOL) 4 Netscape: é uma empresa estadunidense famosa por ter produzido o Netscape Navigator (WIKIPEDIA, NETSCAPE)

20

global, perspectiva de longo prazo, capacidade de correr risco e gestão por missões. Essas condições, essenciais para alcançar a excelência empresarial, exigem que a gestão de pessoas se desloque da posição tático-operacional tradicional para um posicionamento estratégico, o que implica concepção de um modelo de gestão estratégica de pessoas. (TEIXEIRA, 2005, p. 79)

A elaboração do modelo exposto por Teixeira pressupõe que seja

realizado um planejamento de RH, ou seja, “um processo de análise e

identificação da necessidade e disponibilidade de recursos humanos para que

a organização conclua seus objetivos” (MATHIS e JACKSON, 2005, p. 47).

Tal incumbência (desenvolvimento da estratégia de RH) é compartilhada

com os gestores e a área de RH, Mathis e Jackson mostra como as tarefas são

divididas entre as partes na maioria das empresas:

Unidade de RH Gestores

Participa no planejamento estratégico para a

organização como um todo.

Identifica as estratégias de RH

Desenvolve sistemas de planejamento de RH

Implementa os planos de RH conforme

aprovação da alta gerência

Identifica necessidades de oferta e demanda

para cada unidade departamental

Revê/discute as informações de planejamento

de RH com os especialistas

Integra o planejamento de RH com os planos

departamentais

Monitora o plano de RH para identificar

mudanças necessárias

Revê os planos de sucessão associados com

o planejamento de RH

Tabela 2.1 O alinhamento de tarefas no planejamento de RH (MATHI e JACKSON, 2005, p. 47)

O planejamento, como dito, é o primeiro passo de uma gestão

estratégica RH, Mathis e Jackson elaboram o que seria o passo a passo dessa

gestão:

Figura 2.3 Passos da Gestão Estratégica de RH (MATHI e JACKSON, 2005

21

A gestão estratégica de Pessoas, dessa forma, concebida de maneira

integrada à estratégia organizacional, considerando todos os aspectos que

possam limitar ou auxiliar as necessidades de pessoal e conhecimento que

foram estabelecidas no planejamento do negócio, toma um caráter muito mais

relevante à Administração tornando-a bem melhor capacitada para enfrentar a

concorrência e fazendo com que as pessoas sejam consideradas,

efetivamente, vantagem competitiva para a organização.

Objetivos organizacionais e estratégias

Sondar o ambiente externo para mudanças da demanda de trabalho

Analisar o inventário interno de capacidades do

RH

Planejamento

Necessidade de pessoas na organização

Pesquisa de pessoas disponíveis

Estratégias e planejamento de RH

22

CAPITULO III

A GLOBALIZAÇÃO

Globalização, mundialização, internacionalização são nomes dados a

“um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social,

cultural, política, com o barateamento dos meios de transporte e comunicação

dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI”

(WIKIPEDIA, 2008).

Observe o que sustenta Bauman:

A “globalização” está na ordem do dia; uma palavra da moda que se transforma rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para alguns, “globalização” é o que devemos fazer se quisermos ser felizes; para outros, é a causa da nossa infelicidade. Para todos, porém, “globalização” é o destino irremediável do mundo, um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a todos na mesma medida e da mesma maneira. Estamos todos sendo “globalizados” — e isso significa basicamente o mesmo para todos. (BAUMAN, 1999, p. 5)

Esse entendimento traz um aspecto igualitário á globalização pois

pressupõe eliminação de barreiras culturais, ideológicas, comerciais e

econômicas; não em um contexto de homogeneização das diferenças mas, de

estabelecimento de vínculos capazes de fazer com que uma única ação possa

ser sentida em todas as diferentes camadas dessa colcha de retalho que é a

humanidade.

A globalização vista a luz dos fatores sociológicos é também alteradora

do sentimento de posse territorial que cada individuo possui.

O espaço tornou-se “processado/centrado/organizado/normalizado” e, acima de tudo, emancipado das restrições naturais do corpo humano. Foram portanto a capacidade técnica, a sua velocidade de ação e o seu custo de utilização que a partir de então “organizaram o espaço”: “O espaço projetado por essa técnica é radicalmente diferente: planejado, não doado por Deus; artificial, não natural; mediado pelo hardware não imediato ao wetware; racionalizado, não comunitário; nacional, não local. (BAUMAN, 1999, p. 20)

23

A tecnologia é uma das disseminadoras e co-responsáveis pela eclosão

dessa globalização reorganizadora dos espaços sociais.

Contudo, existe muitos críticos da globalização, o autor Palmer

considera algumas das justificativas desses críticos mitos, que podem ser

observados no enxerto abaixo mostrando também a resposta do autor aos

malefícios da mundialização:

Críticas e defesas sobre os supostos malefícios da globalização

Crítica Defesa

A globalização destrói empregos. A política comercial não afeta o número de

empregos, mas afeta o tipo de empregos que

as pessoas têm.

Se o protecionismo aumenta o número de

empregos em indústrias que competem com

importações, ele reduz de forma

correspondente o número de empregos em

indústrias exportadoras.

A globalização direciona o capital para

onde os salários são mais baixos e explora

os trabalhadores mais pobres.

Os investidores colocam o seu capital nos

locais que lhes oferecem os maiores retornos,

e em geral isso acontece onde os salários são

mais altos, não mais baixos. Além disso, as

empresas estabelecidas por investidores

externos tendem a pagar salários mais altos

do que as empresas locais, porque os

estrangeiros querem atrair e reter os melhores

trabalhadores.

O capital é exportado dos países ricos

para o Terceiro Mundo criando

sweatshops, que por sua vez exportam

grandes quantidades de bens baratos para

os países ricos, gerando excedentes

comerciais nos países pobres e reduzindo

a atividade industrial nos países ricos, de

tal forma que todos ficam pior.

Não é possível ter simultaneamente um

superávit na conta de capital e um superávit

comercial. Se um país exporta mais do que

importa, ele recebe algo em troca das suas

exportações, e o que obtém é a propriedade

de ativos — ou investimento líquido — nos

países para os quais exporta. Se um país

importa mais do que se exporta é necessário

24

vender algo aos estrangeiros que lhe enviam

seus produtos, e o que se vende são ativos,

tais como ações de empresas.

A globalização origina uma deterioração

dos padrões ambientais e laborais Os investidores investem nos locais onde os

retornos são maiores, os quais tendem a ser

onde a mão de obra é mais produtiva, os

quais são onde as pessoas são,

consequentemente, mais ricas — e as

pessoas mais ricas tendem a exigir melhores,

e não piores, condições ambientais e laborais.

O mesmo se aplica às condições laborais. Os

postos de trabalho nas empresas propriedade

de estrangeiros são geralmente muito

procurados, porque pagam melhores salários

e oferecem melhores condições laborais do

que as alternativas domésticas.

A globalização cria uma cultura norte-

americana homogênea em todo o mundo. Se as culturas permanecerem hermeticamente

seladas e estáticas, elas deixam de ser

culturas humanas e transformam-se em

exposições de museu. A globalização nos

enriquece culturalmente.

A globalização gera desigualdade. No interior dos países que abriram as suas

economias ao comércio e aos investimentos,

as classes médias cresceram, o que significa

que existe menos e não mais desigualdade.

Quadro 3.1: Adaptado de PALMER. 2008

Do ponto de vista das organizações a Globalização também trouxe

diversos efeitos como mostrado no quadro abaixo.

Os efeitos da Administração

Industrial Surgimento de mercados produtivos mundiais e largo acesso a um número

diversificado de produtos estrangeiros para consumidores e empresas.

Particularmente movimento de materiais e bens de consumo entre e dentro das

fronteiras nacionais

25

Financeiro Surgimento de mercados financeiros globalizados e melhor acessibilidade de

financiamento externo para captadores de empréstimos. Simultâneamente,

embora não puramente globalizado, é o surgimento de câmbio financeiro

internacional e Mercado especulativo sem regulação ou subregulado.

Econômico Realização de um Mercado comum global baseado na livre troca de bens e

capital.

Político Algum uso da globalização significando a criação de um governo mundial ou

cartel de governos (Ex. OMC, Banco Mundial, FMI) que regulam as relações

entre governos e garantem direitos advindos da globalização social e

econômica.

Informações Aumento do fluxo de informações entre locais geograficamente remotos.

Provalvemente ocasionada devido às mudanças tecnológicas advindas da

comunicação por fibra ótica, satélites e aumento da disponibilidade de telefonia

e internet.

Cultural Crescimento dos contatos intraculturais; advento de novas categorias de

conscientização e identidades que encarnam a difusão cultural, o desejo de

aumentar um padrão de vivência e apreciação de idéias e produtos

estrangeiros, adoção de novas tecnologias e práticas, e participar num “mundo

cultural”. Alguns lamentam o consumismo e perda de idiomas resultantes.

Ecológico O advento de desafios ambientais globais que podem ser resolvidos com a

cooperação internacional tais como a mudança climática, poluição do ar e da

água, excesso de pesca nos oceanos e a disseminação de espécies invasivas.

Sabendo que muitas industrias são erguidas em países em desenvolvimento

com pouca regulação ambiental a globalização e livre comércio podem

aumentar a poluição. Por outro lado o desenvolvimento econômico requer

historicamente um estágio de industrialização “suja”, e tem sido discutido que

os países em desenvolvimento não podem, via regulação, serem proibidos de

aumentar seus padrões de vida.

Social Aumento da circulação de pessoas de todas as nações com pouca restrição.

Expansão do multiculturalismo, e maior acesso individual a diversidade cultural

(ex. por meio da exportação dos filmes de Hollywood e Bollywood). Existe

pessoas que consideram algumas culturas importadas danosas, vez que

podem suplantar a cultura nacional causando redução na diversidade ou

26

mesmo assimilação. Outras, consideram o multiculturalismo promovedor de

paz e entendimento entre as pessoas.

Maior quantidade de viagens e turismos internacionais.

Maior imigração inclusive ilegal.

Expansão de produtos de consumo local (ex comida) para outros países

(algumas vezes adaptando-se a essa cultura).

Tendências e culturas populares mundializadas como Pokémon, Sudoku,

Numa Numa, Origami, séries ídolos, Youtube, Orkut, Facebook e Myspace.

Acessíveis àqueles que tem internet ou televisão.

Eventos esportivos mundiais como a Copa mundial da FIFA e os Jogos

Olímpicos.

Técnico Desenvolvimento de uma infraestrutura de telecomunicações globais e grande

fluxo de dados transfronteiriços usando tecnologias como Internet, satélites de

comunicação, cabos de fibra ótica submarina, e telefonia sem fio. Aumento de

regulamentos de padronizagem aplicados globalmente como as leis de

copyright, patentes e acordos de comércio mundial.

Legal/Ético A criação da corte de crimes internacionais e movimentos internacionais de

justiça. Importação de crimes aumento da conscientização de esforços de

combate e cooperação para diminuição dos crimes.

Tabela 3.1 Os Efeitos da Globalização (Wikipédia, 2008)

Em face aos efeitos mostrados acima, a globalização torna-se para as

empresas uma “medida estratégica de tratar o mundo, ou uma parte

significativa deste, como um mercado único onde se fará negócios” (TALLMAN

e FLADMOE-LINDQUIST, 2002, p. 116).

Não importanto os malefícios ou benefícios da Globalização essa impõe

para às organizações um novo paradigma, “grandes empresários que

conseguiram se manter, por muitas décadas, fechados em verdadeiras

redomas de vidro estão hoje fazendo grandes associações (…) estão unido

forças para concorrer nesse novo cenário” FIQUEIREDO, 1999, p. 49).

Acerca dessa mudança, Figueiredo (1999, p 52) sustenta as empresas

terão como um dos requisitos mais importante o abandono dos paradigmas

27

antigos e o enfrentamento de novos desafios, como pode-se observar no

quadro abaixo:

Quadro 3.2 Desafios da globalização para as organizações – adaptado de Figueiredo, 1999, pg

52 e 53.

Como observado a globalização interage também com a gestão de

pessoas, pois é responsável por alterar o ambiente em que a empresa se situa,

mudando a maneira com que a organização elabora sua estratégia de

captação e retenção de pessoas em um ambiente globalizado e competitivo.

A Globalização deve ser analisada e entendida para que as pessoas e

as organizações consigam sustentar-se harmoniosamente frente às novas

demandas de uma sociedade mundializada.

Desafios da Globalização para as organizações

1. Saber administrar o ativo humano; 2. Adaptar uma estrutura que valorize os clientes internos e externos; 3. Políticas de gestão de RH globalizadas respeitando as características culturais individuais; 4. Utilização eficaz da tecnologia da informação; 5. Capacitar as pessoas para uso das novas ferramentas tecnológicas; 6. Integrar as ações e pensamentos dos vários departamentos;

28

CAPITULO IV

O RH ESTRATÉGICO E A GLOBALIZAÇÃO

As empresas preocupam-se hoje com a gestão de pessoas em recrutar,

selecionar, treinar, desenvolver e até mesmo demitir da melhor forma possível.

A valorização do ser humano, fato visto em capítulos anteriores, é umas

das bases dessa nova administração de RH voltado para as pessoas.

Todo esse movimento humanista não pode ser romantizado a ponto de

destituir o real interesse das empresas: o lucro.

Mas a experiência pós-revolução industrial provou que integrar é bem

mais produtivo do que simplesmente comandar; e administrar com as pessoas

é bem mais produtivo do que simplesmente administrar às pessoas.

O movimento da globalização também não é novo ou dissociado de toda

essa evolução; a gestão de pessoas sofre influências desse fenômeno tal qual

sentiria qualquer movimento que afetasse de tal forma a dinâmica social do

mundo moderno.

Para olhar e entender o relacionamento desses dois itens aqui

analisados – a globalização e a gestão de pessoas – mostrou-se os princípios

e definições básicas desses elementos para, então, poder evidenciar a relação

entre os dois.

A gestão de pessoas é influenciada pela globalização mas, a recíproca

não é verdadeira.

O presente capítulo utilizará vários exemplos e considerações para

provar essa dinâmica: a globalização é um fator relevante à gestão de pessoas.

Chiavenato (2005) apresenta o mercado de RH como sendo a

quantidade de pessoas disponíveis para preencher as vagas do mercado de

trabalho, total de vagas disponíveis para serem preenchidas.

29

A globalização influencia os níveis de demanda e oferta nesses dois

mercados.

No mercado de RH, por conta do aumento de competitividade, as

empresas globais precisam de funcionários que possam oferecer a elas o

diferencial necessário para garantir a hegemonia e manterem-se competitivas.

O RH precisa, portanto, adaptar-se para suprir a organização com

funcionários bem qualificados tendo que, para isso, adotar algumas medidas

agressivas para “pescar” tais candidatos.

Se forem considerar algumas profissões em escassez, a atuação da

área de recrutamento é realizada em mercado de trabalho alargados havendo,

inclusive, necessidade de buscar talentos em outros países.

A revista EXAME polemizou ao sustentar a existência de um apagão de

talentos. “A dificuldade em preencher novas vagas vai de setores como bens

de consumo e auditoria a siderurgia. Em algumas áreas profissionais

qualificados estão sendo disputados a tapas (...).” (EXAME, 2008, pg. 86)

A resposta do RH para tal carência do mercado de trabalho pode ser

observada no quadro a seguir.

Três saídas para o apagão de talentos

1. Fim do exílio Repactuar os funcionários que foram enviados ao exterior.

2. Carreira

acelerada

Plano de carreira mais curto para capacitar a formação de talentos para

passagem acelerada das posições de trainee para os cargos

executivos.

3. A volta dos

aposentados

Contratar pessoas que já estavam aposentadas para usarem suas

experiências na alavancagem da empresa.

Quadro 4.1 Tres saidas para o apagao de talento (EXAME, 2008, pg. 86)

30

O recrutamento, portanto, é desafiado a adotar medidas inovadoras para

sustentar as estratégias empresariais, para isso, deve responder: como

recrutar pessoas em outros países? Como convencer uma pessoa deixar a

tranqüilidade e segurança da aposentadoria para retornar aos negócios? Que

características observar para contratar jovens recém formados com o potencial

necessário para se tornarem executivos em um período cada vez mais curto?

Fazer parcerias com empresas de recrutamento no exterior, utilizar a

internet e o networking como ferramentas de divulgação das vagas e o

estreitamento de laços com universidades de ponta são algumas novas

alternativas tomadas pelo RH em resposta à globalização.

A seleção, por sua vez, também é afetada. Jack Welsh que fez sua

carreira como executivo da GE e agora é colunista da EXAME, cita casos em

que os recrutadores erram ao selecionar para contratações globais funcionários

que tem afinidade com eles próprios.

“Outro equívoco de recrutamento também muito comum é contratar pessoas simplesmente por causa das afinidades: gente que estudou na mesma universidade do provável futuro chefe, que torce pelo mesmo time de futebol etc. essa dinâmica vem a tona, sobretudo, em que os gerentes parecem irresistivelmente atraídos pela admissão de candidatos que falam a mesma língua que eles.” (EXAME, 2008, pág. 156).

A Pepsi mostrou-se habilidosa nessa questão de estratégia global ao

escolher a indiana Indra Nooyi para o posto de CEO (FOLEY, 2008)

possibilitando com a contratação preencher o cargo com uma executiva de alto

nível (embora diferente do modelo de executivos adotados nas empresas

americanas) e conseguir também, focar o negócio da empresa de bebidas nos

mercados emergentes, sujeitando-se assim, à globalização.

Selecionar os candidatos que sustentem esse novo paradigma proposto

pela globalização parece ser algo difícil mas, pouco pode se saber em como

esses efeitos tem mudado as políticas de desenvolvimento, treinamento,

cargos e salários, ou seja as áreas de RH responsáveis em manter esses

novos candidatos produtivos eficazes e motivados dentro da organização.

Pochmann considera acerca do tema que “por conta das transformações

no ambiente ocupacional, que definem o conteúdo do posto de trabalho e

31

empõem uma nova base de conhecimento para o exercício da atividade

laboral, parece haver uma maior necessidade de readaptações nos programas

de formação profissional.” (Pochmann, 2005, pag.43).

Essa necessidade de desenvolvimento e readaptação torna-se mais

desafiadora ao pensar que tais atividades são empregadas em um contexto

global, onde as dificuldades são aumentadas na mesma proporção da

capilaridade da atuação das empresas, ou seja, quanto maior presença global,

pior.

Gerenciar a padronização dos serviços, produtos e procedimentos em

nível global é um desafio para o desenvolvimento de pessoas que os

administradores somente saberao resolver se conseguirem aliar essa

necessidade à tecnologia.

32

CONCLUSÃO

Com a evolução da organização mostrou-se imperativo à Administração de

Recursos Humanos tornar-se estratégica, e na medida que tal estratégia

organizacional foi acompanhada pela expansão das organizações para países

diferentes do local de instalação da matriz, surgiu também a necessidade de

uma gestão de pessoas em nível global.

• Contudo e importante destacar alguns fatores levantandos por Palmer

(2008) que merecem atenção para as empresas que investem nessa

ARH global:

• como globalizar sem destruir empregos

• manter um nível salarial aceitável sem que a estratégia de terceirização

internacional seja entendida como exploração

• diminuição da inovação e piora na capacidade produtiva

• Possível deterioriação dos padrões ambientais e laborais

• Desculturalização

• Aumento de desigualdade

Ao gestor e importante conhecer tais criticas para conceber uma

administração que respeite as diferenças e que a longo prazo torne-se positiva

para a empresa.

A globalização pressupõe um tratamento igualitário e homogéneo, mas o

gestor de pessoas deve ter o entendimento que tratar todos de forma iguais

pode ser uma medida destrutiva se não impossível, considerando que todos

são diferentes e quanto maior a globalização da empresa, maiores são as

diferenças.

E importante, então, aos administradores conceberem uma administração

que seja justa com todos, que respeite as diferenças sem perder ou desviar-se

das coisas que são importante para a organização e conduzir suas estratégias

de recursos humanos na tentativa de conseguir que as pessoas dêem o seu

33

melhor para a organização, sem que para isso tenham de abrir mão daquilo

que as torna especiais, suas diferenças.

Atuar de maneira global dificulta mas traz algumas facilidades ao abrir o

leque de opções do RH, se há escassez de mão de obra em uma localidade,

pode-se buscar essa disponibilidade em outro cidade ou pais, algumas vezes

ate sem a necessidade de transferir essa pessoa de sua localidade,

considerando as ferramentas tecnológicas existentes.

A Administração de Recursos Humanos que souber considerar os aspectos

culturais, utilizando a tecnologia para apoiar-se e jamais esquecendo da

necessidade de ser estratégica, saberá apoiar a organização em seu rumo ao

sucesso.

34

BIBLIOGRAFIA

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35

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36

INDICE

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 7

CAPITULO I ............................................................................................................................... 8

A ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS .............................................................. 8

CAPITULO II ........................................................................................................................... 13

A ESTRATÉGIA DAS ORGANIZAÇOES E DE RECURSOS HUMANOS....................... 13

2.1 Estratégia organizacional: origens, princípios e fundamentos ................................................... 13

2.2 A gestão estratégica de recursos humanos ................................................................................. 18

CAPITULO III ......................................................................................................................... 22

A GLOBALIZAÇÃO ................................................................................................................ 22

CAPITULO IV .......................................................................................................................... 28

O RH ESTRATÉGICO E A GLOBALIZAÇÃO ..................................................................... 28

CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 32

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 34

INDICE...................................................................................................................................... 36

INDICE DE TABELAS ............................................................................................................ 37

INDICE DE FIGURAS ............................................................................................................ 38

37

INDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 As Três etapas da organização no decorrer do século XX

(CHIAVENATO, 2005, p. 40)....................................................................... 9

Tabela 1.2 Os seis Processos de Gestão de Pessoas (CHIAVENATO,

2005)........................................................................................................... 11

Tabela 2.1 O alinhamento de tarefas no planejamento de RH (MATHI e

JACKSON, 2005, p. 47).............................................................................. 21

38

INDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 Planejamento estratégico organizacional (MATHIS e JACKSON, 2005) ................................................................................................................ 15 Figura 2.2Atitudes da Administração de RH moderna (MATHIS e JACKSON, 2005) ................................................................................................................ 18 Figura 3 Passos da Gestão Estratégica de RH (MATHIS e JACKSON, 2005) 20