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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA VISÃO SOBRE AS DIFICULDADES DOS PROFESSORES. DANEE ELDOCHY GOMES SOARES Orientadora Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2009

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Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A PRÁTICA DOCENTE NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

UMA VISÃO SOBRE AS DIFICULDADES DOS

PROFESSORES.

DANEE ELDOCHY GOMES SOARES

Orientadora

Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A PRÁTICA DOCEN TE N A EDUCAÇÃO IN CLUSIVA:

UMA VISÃO SOBRE AS DIFICULDADES DOS

PROFESSORES.

OBJETIVOS:

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez

do Mestre – Universidade Cândido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Educação Inclusiva.

Por: Danee Eldochy Gomes Soares

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a força maior que nos guia.

Aos meus pilares de sustentação: meus pais

Elizabete e Rui e a Denise e Bruna irmãs que

tanto amo.

Ao Mendel Cesar, aquele que torna os meus

dias mais felizes. Te amo!

As amigas do curso de Educação Inclusiva:

Claudia Coutinho, Danielle Martins, Cris

Regallo e Heleonora que muito me ajudaram e

não me deixaram desanimar.

À família Aleluia, por sempre me acolher com

muito carinho.

Aos meus alunos pelo aprendizado mútuo.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que muitas

vezes abdicaram dos seus sonhos em prol dos

meus. A vocês minha admiração eterna.

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RESUMO

Nós professores somos vistos, na maior parte das vezes com boa

intenção, como pessoas abnegadas, que trabalham por amor e vivem numa

espécie de missão. Até nós mesmos às vezes nos esquecemos de que somos

trabalhadores e profissionais. Ainda que seja saudável ter amor pelo que

fazemos, é imprescindível possuirmos condições dignas de trabalho em todas

as circunstâncias. Isto inclui também a nossa própria formação. É mais notável

para os profissionais do segundo segmento do ensino fundamental e do ensino

médio que nas licenciaturas que cursamos pouco ou nada se falou sobre

educação especial. Esta é uma lacuna grave. Aí nossa ânsia entra em campo:

o que fazer com esse aluno? Quais os tipos de deficiência e como direcionar

minha atuação para cada um deles? Como avaliá-los? Até que ponto eles

devem ter atividades direcionadas somente para eles?

A escola hoje não reúne condições de mudar o mundo, ela precisa

antes mudar a si própria, e mudando a si própria acaba mudando o mundo

também. São muitas as barreiras, variados os obstáculos. Obstáculos esse que

só serão superados a partir do momento em que a educação for enxergada de

forma mais aprofundada. Somente inserir um aluno portador de necessidades

especiais em uma classe “regular” não é inclusão.

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METODOLOGIA

A realização deste trabalho envolveu basicamente três momentos

distintos, mas interdependentes. A primeira etapa consistiu na realização de

uma revisão bibliográfica sobre o tema da educação inclusiva e dos

percursos institucionais da escola no Brasil. Após foram redigidas reflexões

sobre a prática do professor na educação e as condições existentes para ela.

Ainda nesta etapa foram aplicados questionários a professores do 2º

segmento do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Por fim a partir dos

resultados verificados buscamos analisar o problema colocado e apontar

possíveis soluções.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A escola e a Educação Inclusiva 10

CAPÍTULO II

A Prática Docente Frente à Educação Inclusiva 29

CAPÍTULO III

Caminhos Possíveis: Por uma Inclusão de Verdade! 33

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 44

ANEXO 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

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INTRODUÇÃO

No início eles foram chegando, da mesma forma que todas as crianças

chegam à escola. Tudo era considerado dentro da normalidade, mas não

demorou muito para que se percebesse que o instrumental escolar existente

até então, seria insuficiente para resolver todos os desafios surgidos, e os que

ainda estavam por vir.

Instalou-se a perplexidade. O que fazer? Como fazer? Quem vai

fazer? Por que fazer?... Por muitas e muitas vezes as propostas apresentadas

se afunilaram de tal forma, que a alternativa da segregação se evidenciava

como única via de solução, mas apesar de todas as convicções, aparentes

evidências e a "lógica" pedagógica apontarem esse caminho, na contramão

dos acontecimentos os números de crianças "especiais" que chegavam à

escola, era cada vez maior, tanto oriundo das escolas especiais, como

diretamente da comunidade.

Neste estudo pretendemos apontar alguns desafios e polaridades que

permeiam o discurso de todos aqueles que estão envolvidos com a

problemática da educação inclusiva no Brasil e temos a pretensão de validar

teoricamente as constatações e inferências construídas a partir da vivência de

pessoas que trabalham com crianças portadoras de necessidades especiais

em sala.

A educação especial de forma inclusiva se tornou “moda” na

pedagogia dos últimos tempos. Nas redes privada e pública se discute a

melhor forma de implantação da chamada inclusão. O que assusta é o

“simplismo” na forma de execução dessa inclusão. Não basta colocar os alunos

com necessidades especiais em salas comuns e achar que assim teremos

todos aprendendo normalmente, tanto os especiais como os ditos “normais”.

Esquece-se que são variadas as dificuldades que cada aluno especial pode

apresentar, omite-se a notável falta de estrutura das escolas, privadas

inclusive, para lidar com a questão. Aí chegamos também no objetivo desta

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9reflexão: esconde-se o fato de nós professores, na grande maioria das vezes,

não nos sentimos preparados para trabalhar com estes alunos, dando vez a

sentimentos como angústia e ansiedade, atrapalhando o trabalho docente

como um todo.

A inclusão escolar é o processo pelo qual uma escola procede,

permanentemente, à mudança do seu sistema, adaptando suas estruturas

físicas e programáticas, suas metodologias, tecnologias e capacitando

continuamente seus professores, especialistas, funcionários e demais

membros da comunidade escolar, inclusive todos os alunos e seus familiares e

a sociedade em seu entorno.

Qualquer escola, comum ou especial, que se convencer da

necessidade de se adequar aos novos tempos e novos valores sociais estará

iniciando uma desafiadora jornada da inclusão escolar, cuja principal

mensagem é a de que a educação de alunos com deficiências e alunos não-

deficientes, juntos, desenvolvendo relacionamentos positivos através de

experiências educacionais e sociais, é fundamentalmente vantajosa.

Em que medida um processo de inclusão com todas estas deficiências

não é ainda mais excludente? O aluno portador de necessidades especiais

ficaria numa turma com os “normais” fazendo as mesmas atividades com suas

dificuldades sendo levadas em conta somente na hora das avaliações. E o

professor, ávido por fazer um bom trabalho, pode não dar conta de suprir as

dificuldades dos especiais e nem de cumprir seu cronograma com os sem

necessidades especiais.

Nesta perspectiva, procuramos destacar os principais problemas,

dificuldades e impasses presentes no cotidiano do trabalho dos educadores.

Para isso foi aplicado um questionário, onde o principal objetivo era descobrir

onde estão as principais dificuldades enfrentadas por nós professores ao

trabalharmos com alunos de inclusão.

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CAPÍTULO I

A ESCOLA E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Especial foi tradicionalmente concebida como destinada a atender o deficiente mental, visual, auditivo, físico e motor, além daqueles que apresentam condutas típicas, de síndrome e quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos. Também estariam inseridos nessa modalidade de ensino os alunos que possuem altas habilidades e superdotação (GURGEL, 2007, p. 39).

A educação inclusiva é muito mais do que a simples introdução dos

alunos portadores de necessidades especiais nas classes regulares de ensino.

É preciso romper com preconceitos e trabalhar a diversidade. Segundo

Mantoan (1997) É preciso preparar a escola para incluir nela o aluno especial

e não ao contrário.

1.1 - A instituição escola no Brasil.

A instituição escola no Brasil foi implantada pelos jesuítas, quase

cinquenta anos após o descobrimento com a chegada do padre Manoel de

Nóbrega e mais dois jesuítas que o ajudariam no processo de catequização

dos indígenas. Mais tarde com a necessidade crescente de formar padres

esses jesuítas desenvolveram as escolas de ordenação voltadas a atender

filhos de colonos e mestiços, nem todos tinham a intenção de tornarem-se

padres, mas essa era a única escola que existia. No entanto o acesso à escola

era extremamente restrito e cheio de dificuldades.

Desde então o processo educacional passou por grandes mudanças e

hoje ele é regido pelos seguintes princípios:

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11Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de

liberdade

e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.

Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e

o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII - valorização do profissional da educação escolar;

VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação

dos

sistemas de ensino;

IX - garantia de padrão de qualidade;

X - valorização da experiência extra-escolar;

XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

(LDB, 1996)

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional criada em 1996,

institui que a educação escolar é composta pela educação básica e educação

superior, onde a educação básica subdividi-se em três níveis: educação infantil,

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12ensino fundamental e ensino médio. Sendo dever do Estado assegurar o

ensino fundamental e oferecer com prioridade, o ensino médio. Os municípios

ficarão encarregados de oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas

e com prioridade, o ensino fundamental podendo atuar em outros níveis de

ensino desde que as necessidades da sua área de atuação estejam

plenamente atendidas.

Apesar de ser papel do poder público oferecer à população educação de

qualidade e gratuita, não é isso que observamos em nossa sociedade. Visto

que é comum ouvirmos notícias negativas sobre as nossas instituições públicas

de ensino, o que tem gerado uma “fuga” em direção as instituições particulares

de ensino, contribuindo assim para “guetificação” nas escolas públicas que

passam a ser frequentadas quase que exclusivamente por alunos pertencentes

às classes sociais mais baixas, dificultando a convivência e integração entre as

classes sociais existentes.

A LDB não fala sobre educação inclusiva, mas sim sobre a educação

dos portadores de necessidades especiais. Mas então o que seria educação

inclusiva? Segundo Fernando Siqueira A educação inclusiva se caracteriza

como processo de incluir os portadores de necessidades educacionais

especiais ou com distúrbios de aprendizagem na rede regular de ensino, em

todos os seus graus, pois nem sempre a criança que é esse aluno é

considerados portador de necessidades educativas especiais. A educação

inclusiva não é voltada somente para os alunos portadores de necessidades

especiais com patologias definidas, mas sim para todos que precisam de

atenção especial, por exemplo: temos a idéia pré-concebida de que os

superdotados não necessitam de atenção ou atividades próprias destinadas a

eles. Ou seja, todos aqueles indivíduos que de alguma forma encontram-se a

margem do processo educacional devem ser trabalhados a fim de sanar as

suas dificuldades e serem incluídos de fato.

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Veja abaixo o que a LDB fala sobre educação especial:

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a

modalidade de

educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para

educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola

regular, para

atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos,

não for

possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início

na faixa

etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades

especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específicos, para

atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a

conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e

aceleração para

concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

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14III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

capacitados para a

integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na

vida em

sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem

capacidade de

inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais

afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas

áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios

de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas

e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e

financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a

ampliação do

atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede

pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições

previstas neste artigo.

(LDB, 1996)

Como podemos observar a LDB, não estabelece critérios claros sobre a

educação inclusiva, o que acaba tornando o trabalho dos professores ainda

mais complicado. A ideia de que o processo educacional deve ser inclusivo, é

relativamente novo. Surgiu nos Estados Unidos na década de 1970, através da

Lei Pública 94.142, de 1975.

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15Mas o que uma escola inclusiva deveria oferecer? Segundo Leny

Magalhães professora da Faculdade de Educação da Universidade de São

Paulo deve-se privilegiar alguns critérios, critérios estes que serão citados

abaixo.

1. Um direcionamento para a Comunidade - Na escola inclusiva o

processo educativo é entendido como um processo social, onde todas

as crianças portadoras de necessidades especiais e de distúrbios de

aprendizagerm têm o direito à escolarização o mais próximo possível

do normal. O alvo a ser alcançado é a integração da criança

portadora de deficiência na comunidade.

2. Vanguarda - Uma escola inclusiva é uma escola líder em relação

às demais. Ela se apresenta como a vanguarda do processo

educacional. O seu objetivo maior é fazer com que a escola atue

através de todos os seus escalões para possibilitar a integração das

crianças que dela fazem parte.

3. Altos Padrões - há em relação às escolas inclusivas altas

expectativas de desempenho por parte de todas as crianças

envolvidas. O objetivo é fazer com que as crianças atinjam o seu

potencial máximo. O processo deverá ser dosado às necessidades de

cada criança.

4. Colaboração e cooperação - há um privilegiamento das relações

sociais entre todos os participantes da escola, tendo em vista a

criação de uma rede de auto-ajuda.

5. Mudando papéis e responsabilidades - A escola inclusiva muda os

papéis tradicionais dos professores e da equipe técnica da escola. Os

professores tornam-se mais próximos dos alunos, na captação das

suas maiores dificuldades. O suporte aos professores da classe

comum é essencial, para o bom andamento do processo de ensino-

aprendizagem.

6. Estabelecimento de uma infraestrutura de serviços -

gradativamente a escola inclusiva irá criando uma rede de suporte

para superação das suas maiores dificuldades. A escola inclusiva é

uma escola integrada à sua comunidade.

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167. Parceria com os pais - os pais são os parceiros essenciais no

processo de inclusão da criança na escola. 8. Ambientes

educacionais flexíveis - os ambientes educacionais tem que visar o

processo de ensino-aprendizagem do aluno.

9. Estratégias baseadas em pesquisas - as modificações na escola

deverão ser introduzidas a partir das discussões com a equipe

técnica, os alunos , pais e professores.

10. Estabelecimento de novas formas de avaliação - os critérios de

avaliação antigos deverão ser mudados para atender às

necessidades dos alunos portadores de deficiência.

11. Acesso - o acesso físico à escola deverá ser facilitado aos

indivíduos portadores de deficiência.

12. Continuidade no desenvolvimento profissional da equipe técnica -

os participantes da escola inclusiva deverão procurar dar continuidade

aos seus estudos, aprofundando-os.

(http://www.geocities.com/Athens/Styx/9231/educacaoinclusiva.htm,

acessado em 18/06/2009)

O início da inclusão no Brasil teve influência de dois eventos

educacionais que discutiram o fracasso escolar. O primeiro evento, a

Conferência Mundial de Educação para Todos, ocorreu na Tailândia em 1990.

Durante esse encontro discutiu-se a necessidade do desenvolvimento de uma

política educacional de qualidade, a qual possibilitasse o atendimento efetivo a

um maior número de crianças na escola. Além disso, nesse evento, destacou-se

a importância de serviços que atendessem aos alunos, tanto aqueles

considerados normais, quanto aqueles com necessidades especiais.

O segundo evento, a Conferência de Salamanca, ocorreu em 1994, na

Espanha. Foi durante esse evento que o conceito de escola inclusiva passou a

ser discutido de forma mais sistemática. Seu principal objetivo, segundo Borges

(2004), era o desenvolvimento de um trabalho pedagógico de qualidade,

centrado no aluno, oferecendo a oportunidade de aprendizagem a todos. De

acordo com a Declaração de Salamanca, estabelecida durante a conferência,

qualquer aluno que apresentasse dificuldades em sua escolarização seria

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17considerado com necessidades educativas especiais, cabendo a escola

adequar-se às especificidades de cada aluno.

Com relação à inclusão de alunos com necessidades especiais, a

legislação contida na Constituição Federativa do Brasil de 1988, artigo 208,

define que o atendimento aos deficientes deve ser dado, preferencialmente, na

rede regular de ensino. Além disso, a Lei de diretrizes e Bases (LDB), de 1996

(BRASIL, 1996), também prevê que a educação seja a mais integrada possível,

propondo a inclusão dos alunos com necessidades especiais na rede regular de

ensino.

Apesar de as leis do sistema educacional brasileiro garantirem a

inclusão de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino,

Mendes (2002/2003) constata que na atualidade, para uma estimativa de cerca

de seis milhões de crianças e jovens com necessidades educacionais especiais,

não chega a quatrocentos mil o número de matriculados, considerando o ensino

especial e o ensino regular. Portanto, a maior parte desses alunos ainda está

fora de qualquer tipo de escola. Tal autora comenta que esse quadro indica que

uma exclusão generalizada dos sujeitos com necessidades educacionais

especiais ainda faz parte da realidade brasileira. Esse fato apenas evidencia que

um número significativo de alunos com necessidades educativas especiais que

têm acesso à escolaridade, não estão recebendo uma educação apropriada,

seja pela falta de profissionais qualificados, seja pela falta de recursos.

1.2 – A inserção dos portadores de deficiência na sociedade.

As primeiras escolas de Educação Especial foram voltadas em

primeiro plano para os deficientes sensoriais, porque, à época, eram comuns

os cegos e surdos, assim como era relativamente fácil encontrar cegos com

memória excepcional, que cantavam, que conheciam música, que faziam uma

série de maravilhas.

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18Em meados do século XX, observa-se um movimento que tende a

aceitar as pessoas portadoras de deficiência e a integrá-las tanto quanto

possível à sociedade.

À luz deste princípio, novos conhecimentos foram surgindo e o

conceito de excepcional, estático e permanente, deu lugar a uma visão mais

dinâmica e humanística destes indivíduos, que passaram a ser reconhecidos,

pelo menos no plano de idéias, como pessoas com direitos e deveres iguais

aos demais seres humanos, precisando que lhes sejam oferecidas as mesmas

condições de acesso aos bens culturais e materiais produzidos historicamente

pela humanidade.

Qual o significado da Educação Inclusiva, nas leis:

" Toda pessoa tem direito à educação"

(Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948)

" Universalizar o acesso à educação e promover a eqüidade".

(Declaração Mundial sobre Educação para todos, 1990)

" Todas as crianças, de ambos os sexos, têm o direito fundamental à educação

e a elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de

conhecimentos".

(Declaração de Salamanca, 1994)

" ... atendimento educacional especializado gratuito a educandos com

necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino".

(LDBEN; 1996, art. 4º - III).

" A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho." (Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, art.

53)

" A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física

desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de

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19rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas

pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades"

(Conselho Nacional de Educação/Câmara Educação Básica, Parecer

Nº 17, de 03/07/01)

" Ao se construir uma proposta pedagógica, é fundamental a revisão de alguns

paradigmas que, tradicionalmente, têm norteado a escola pública brasileira. Em

primeiro lugar, é preciso compreender a educação como um processo de

formação do ser humano em todas as suas múltiplas dimensões:

conhecimento, afetividade, sexualidade, cidadania e ética."

(Escola Sagarana: Educação para a vida com Dignidade e Esperança, 1999. p.

39).

A integração é um processo de inserção do PNE (Portadores de Necessidades

Especiais) no ensino regular e pode ser conceituada como um fenômeno

complexo que vai muito além de colocar ou mantê-los em classes regulares. É

parte do atendimento que atinge todos os aspectos do processo educacional.

De acordo com a Lei Federal 7.853 de 24 de outubro de 1989. é direito

das pessoas portadoras de deficiência:

NORMAS GERAIS

Artigo 1. - Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício

dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e sua

efetiva integração social, nos termos desta Lei.

Parágrafo l. - Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os

valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social,

do respeito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados

na Constituição ou justificados pelos princípios gerais de direito.

Parágrafo 2. - As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de

deficiência as ações governamentais necessárias ao seu cumprimento e das

demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as

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20discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria

como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade.

RESPONSABILIDADES DO PODER PÚBLICO

Artigo 2. - Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas

portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive

dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao

amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da

Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.

Parágrafo único - Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e

entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de

sua competência e finalidade, aos assuntos objeto desta Lei, tratamento

prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as

seguintes medidas:

NA ÁREA DA EDUCAÇÃO

a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade

educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus,

a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e

exigências de diplomação próprios;

b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas

e públicas;

c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos

públicos de ensino;

d) o oferecimento obrigatório de programas de educação Especial a nível pré-

escolar e escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam

internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de

deficiência;

e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos

demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de

estudo;

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21f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e

particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no

sistema regular de ensino.

NA ÁREA DA SAÚDE

a) a promoção de ações preventivas, como as referentes ao planejamento

familiar, ao aconselhamento genético, ao acompanhamento da gravidez, do

parto e do puerpério, à nutrição da mulher e da criança, à identificação e ao

controle da gestante e do feto de alto risco, à imunização, às doenças do

metabolismo e seu diagnóstico e ao encaminhamento precoce de outras

doenças causadoras de deficiência;

b) o desenvolvimento de programas especiais de prevenção de acidentes do

trabalho e de trânsito, e de tratamento adequado a suas vítimas;

c) a criação de uma rede de serviços especializados em reabilitação e

habilitação;

d) a garantia de acesso das pessoas portadoras de deficiência aos

estabelecimentos de saúde públicos e privados, e de seu adequado tratamento

neles, sob normas técnicas e padrões de conduta apropriados;

e) a garantia de atendimento domiciliar de saúde ao deficiente grave não

internado;

f) o desenvolvimento de programas de saúde voltados para as pessoas

portadoras de deficiência, desenvolvidos com a participação da sociedade e

que lhes ensejem a integração social.

NA ÁREA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL E DO TRABALHO

a) o apoio governamental à formação profissional, à orientação profissional, e a

garantia de acesso aos serviços concernentes, inclusive aos cursos regulares

voltados à formação profissional.

b) o empenho do Poder Público quanto ao surgimento e à manutenção de

empregos, inclusive de tempo parcial, destinados às pessoas portadoras de

deficiência que não tenham acesso aos empregos comuns;

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22c) a promoção e ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores público

e privado, de pessoas portadoras de deficiência.

d) a adoção de legislação específica que discipline a reserva de mercado de

trabalho, em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da

Administração Pública e do setor privado, e que regulamente a organização de

oficinas e congêneres integradas ao mercado de trabalho, e a situação, nelas,

das pessoas portadoras de deficiência.

NA ÁREA DOS RECURSOS HUMANOS

a) a formação de professores de nível médio para a Educação Especial, de

técnicos de nível médio especializados na habilitação e reabilitação, e de

instrutores para formação profissional.

b) a formação e qualificação de recursos humanos que, nas diversas áreas de

conhecimento, inclusive de nível superior, atendam à demanda e às

necessidades reais das pessoas portadoras de deficiência;

c) o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico em todas as áreas

do conhecimento relacionadas com a pessoa portadora de deficiência.

NA ÁREA DAS EDIFICAÇÕES

a) a adoção e a efetiva execução de normas que garantam a funcionalidade

das edificações e vias públicas, que evitem ou removam os óbices às pessoas

portadoras de deficiência, e permitam o acesso destas aos edifícios, a

logradouros e a meios de transporte.

1.3 – A inclusão na escola.

Em nossa sociedade, existem crianças portadoras de necessidades

especiais que são conhecidas como incapazes de aprender e produzir. Mas

essas crianças são capazes de realizar tarefas, quanto a outras que não

apresentam problema algum. Toda pessoa tem potencial, não importa o grau

de suas dificuldades. É claro que a assimilação não será tão rápida. Eles

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

23necessitam de mais tempo e de materiais pedagógicos, que possam auxiliar na

aprendizagem, sem contar com um fator muito importante também que é a

paciência. O objetivo da inclusão escolar é transformar as escolas, criando

espaços de formação e de ensino de qualidade para todos os alunos. Toda

inovação implica em mudanças, quebras de paradigmas, de conceitos e

posições que fogem as regras tradicionais, e com a inclusão, não poderia ser

diferente. Existem muitas escolas que ainda resistem à inclusão, mas há

muitas que já estão aceitando a idéia e modificando seus procedimentos.

Diante do que foi pesquisado, podemos observar que cada criança tem um

ritmo próprio, seu potencial, e que ninguém é igual ao outro. Cabe ao professor

conhecê-lo e trabalhar suas dificuldades sempre respeitando sua cultura,

linguagem, dificuldades e capacidade.

As diferenças devem ser trabalhadas com diversidades, pois são nelas

que construímos o conhecimento. Os preconceitos devem ficar de lado,

mostrando a todos os envolvidos (pais, amigos e escola) que todos são

capazes de desenvolver e aprender e para que isto seja possível é necessário

modificar a sociedade e fazer com que todos sejam inseridos nela, de forma

autônoma e atuando como cidadão. Inclusão é mais do que criar condições

para os “diferentes’’. A inclusão é um desafio que implica em mudar a escola

como o todo, no projeto pedagógico, na postura diante dos alunos na filosofia.

"A situacao do Ensino Especial no Brasil ainda é de transicao de um modelo de ensino integrador para inclusivo", avalia Maria Salete. "No modelo integrador, não há nenhuma mudanca no projeto pedagogico da escola", explica ela: "O deficiente deve se adaptar a uma estrutura existente. E essa realidade ainda predomina em todo o país". (SALETE, 1995)

A inclusão impõe uma mudança de perspectiva educacional, pois não

se limita àqueles que apresentam deficiências, mas se estende a qualquer

aluno que manifeste dificuldades na escola, ainda que contribuindo também

para o crescimento e desenvolvimento de todos na escola, profissionais e

alunos. A inclusão envolve a reestruturação das práticas de nossas escolas,

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

24que, como “sistemas abertos” necessitam revisar suas ações, que até então

são elitistas e excludentes.

“Trabalhar, inovar e ousar implementar a educação, numa perspectiva inclusiva, não é, missão impossível. É, sim, um desafio superável. É uma questão de pensar e mudar. Querer “pensar e construir” uma escola que inspire e promova a troca entre alunos, que confronte formas desiguais de pensamento e de estilo de vida, busque metodologias interativa e faça, do reconhecimento e da convivência com as diversidades, estratégias e alternativas para uma nova aprendizagem, voltada para o educando. Uma escola, enfim, que reconheça as diferenças e, respeitando-as, possa conviver com elas.” (FERREIRA & GUIMARÃES, 2006:p.154).

Hoje se fala muito em inclusão, e sabemos que ela não ocorrerá da

noite para o dia. É um processo que acontecerá gradualmente a começar pela

conscientização de um modo geral da sociedade em relação ao deficiente. A

resistência existe desde tempos remotos e em todo o mundo.

Ao final do século XIX, ocorreu o período da institucionalização.

Deparamos aqui com o retrocesso das conquistas educacionais. Os alunos

pobres não tinham acesso à educação, os com deficiência, muito menos.

Vários grupos de crianças como negros e deficientes eram segregados. Alguns

líderes da educação especial desta época defendiam que toda criança deveria

ter direito ao ensino, mas era um número pequeno. Tinha-se a idéia que o

deficiente tinha tendência criminosa e isto seria genético. Eles eram colocados

em asilos em um regime ditador. Surgem as classes especiais para deficientes,

pois esses eram indesejados no ensino regular. Houve nessa época, a

evolução de asilos, manicômios, escolas especializadas e classes especiais

nas escolas públicas. Os tratamentos eram realizados em instituições próprias,

segregadas e específicas para que cada pessoa diferente fosse mais bem

cuidada e protegida, assim, esta forma de aprisionamento, garantia também

uma suposta proteção para a sociedade.

Na década de 70, houve mudanças que direcionaram a educação de

acordo com a filosofia da integração, onde passaram a incorporar crianças ou

adolescentes deficientes em classes comuns. Assim,

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25“... só eram passíveis de integração escolar aqueles estudantes que conseguissem se adaptar à classe comum, portanto, sem modificações no sistema, sendo que aqueles que não conseguiam se adaptar ou acompanhar os demais alunos eram excluídos“. (OMOTE, 2004: p.63)

As escolas apresentavam uma forte tendência homogeneizadora e

seletiva com relação aos alunos que não se adaptavam ao padrão

estabelecido.

A necessidade de uma política de educação especial foi se delineando

nos anos 70, quando o MEC assumia que a clientela da educação especial é a

que "requer cuidados especiais no lar, na escola e na sociedade”.

“O trabalho com o portador de deficiência mental exige que o professor, além das condições inerentes a todo educador, apresente também criatividade ao propor soluções que visem a atender aos objetivos educacionais indicados para a educação do portador de deficiência mental. Exige-se, também, uma atitude de estudo e pesquisa diante dos problemas da área, um bom nível de expectativa em relação aos planos e resultados da educação especial, bem como persistência e capacidade para trabalhar em equipe”. (MEC, 1995, 37p)

Por volta dos anos de 1990 surgem as discussões sobre a inclusão,

tendo como idéia central reestruturar a sociedade para que ela possibilitasse

uma educação de qualidade para todos, isto é, considerando às diferenças,

sejam elas raciais, sociais, culturais, com deficiências e/ou necessidades

especiais. A inclusão estabelece a aceitação das diferenças humanas e

reconhece que as escolas fomentam as desigualdades associadas à existência

de origem pessoal, social, cultural e política. Segundo Sassaki uma educação

inclusiva bem sucedida implicará na reestruturação de todo o sistema

educacional em seus níveis político-administrativo, escolar e na própria sala de

aula.

Temos observado ao longo dos últimos anos, grande debate acerca

das vantagens e desvantagens da integração e/ou inclusão dos alunos com

necessidades especiais. Mantoan (1997, 50-57p.), afirma que na integração

escolar toda a estrutura da escola se mantém não havendo mudança naquilo

que já está instituído. Cabe ao aluno adequar-se a ela. Já a inclusão é uma

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26opção mais radical no sentido que é o sistema que precisa ser revisto,

adequando-se às demandas do aluno. Para tanto, recursos físicos e meios

materiais necessitam ser priorizados juntamente com a informação ao

professor sobre o aluno com necessidades educacionais especiais

esclarecendo esta condição, desenvolvendo novas atitudes e formas de

interação que repercutam nos processos de aprendizagem de todos os alunos.

Muitos desses alunos estão fora de qualquer tipo de escola, enquanto

alguns outros estão inseridos em classes ou escolas especiais, ou se

encontram ao acaso nas classes comuns das escolas públicas. Esta realidade

é mais condizente com o quadro da exclusão escolar. Sabe-se que uma

mudança de paradigma requer ações efetivas de atitudes e esforços coletivos

para se constituir uma prática. Ainda não conseguimos verificar práticas

eficazes da política de integração, quanto menos de inclusão. Paralelamente a

estas mudanças, vemos que a exclusão social se intensifica de forma

mascarada, por determinantes políticos e econômicos que direcionam suas

ações de acordo com o interesse próprio dentro do contexto político, social e

econômico que estão inseridos.

“ O conceito se refere à vida social e educativa, e todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares e não somente coloca-los na “corrente principal”. O vocábulo “integração” é abandonado, uma vez que o objetivo é excluir um aluno dou um grupo de alunos que já foi anteriormente excluído; a meta primordial da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se construir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos –professores, alunos, pessoal administrativo – para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”. (GUIMARÃES & FERREIRA, 2003: p.116).

Em nossas escolas hoje, podemos observar várias ações

democráticas, procurando garantir o acesso a todos, sem nenhuma forma de

distinção ou discriminação e uma educação voltada para esta diversidade. Na

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27verdade, o acesso é garantido e regulamentado em leis. Já a educação, que

vem sendo praticada em favor da inclusão educacional, será que está

garantindo a permanência e o sucesso dos seus alunos com o respeito e

compromisso que eles merecem? A Constituição Federal garante

expressamente o direito à igualdade (art.5º), e trata, nos artigos 205 e

seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve visar o “pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício a cidadania e sua

qualificação para o trabalho” (art.205). É verdade que apenas leis e

declarações, por mais apropriadas que sejam por si só não revertem às

representações e práticas desenvolvidas, pois mudanças requerem ações

efetivas de reconhecimento.

No nosso cotidiano, não é fácil construir uma escola inclusiva numa

sociedade tão excludente, pois direcionar um trabalho que abrange a escola, a

comunidade, depende de uma ação coletiva preparada, informada e

empenhada na busca deste ideal. É um caminho longo já iniciado que se vêm

percorrendo com sucessos e insucessos, com divergências teóricas,

ideologias, crenças e descrenças, mas enfim, com um mesmo propósito de

concretizar a escola inclusiva.

Sendo o professor o profissional que está em linha de frente com o

papel de educar e orientar, é ele o responsável direto pela formação acadêmica

dos seus alunos. Planejar e colocar em ação as suas propostas metodológicas,

exige a tarefa de: ouvir, ver, conhecer e avaliar. Saber ouvir para melhor

compreender o outro. Ver para estar presente e em contato com a realidade.

Conhecer para planejar, levantar hipóteses e traçar metas. O saber e o não

saber são relevantes para a compreensão dos mecanismos que possibilitam a

construção do sucesso. E, avaliar é necessário para consertar os erros e

comemorar o sucesso (sabemos bem que o sucesso é fator motivador e

indispensável). Dentro do processo de inclusão, cabe ao professor acreditar no

potencial de cada aluno e promover o seu auto crescimento, buscando exigir o

que ele é capaz de fazer, com respeito ao tempo e o ritmo de cada um. O perfil

para este professor engloba coragem, discernimento e paciência. Resgatar os

valores e as capacidades, organizar as ações para o desenvolvimento das

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28potencialidades mentais com respeito ao desenvolvimento psíquico-intelectual,

dão um conteúdo novo à ideia de como deve ser o papel deste profissional.

Como nos ensinou Paulo Freire (1978), o professor que participa da caminhada

do saber com seus alunos, consegue entender melhor as dificuldades e as

possibilidades de cada um e provocar a construção do conhecimento com

maior adequação. Para o professor é um grande desafio superar todas as

dificuldades que encontra no trabalho com as crianças nas escolas, portanto, é

a sua ação pedagógica que pode abrir um leque de oportunidades para a

superação do fracasso escolar.

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29

CAPÍTULO II

A PRÁTICA DOCENTE FRENTE À EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

Ainda que consideremos os mais diversos aspectos de influência no

cotidiano da sala de aula, é inegável a primazia do professor enquanto

mediador entre os estudantes e os conteúdos a serem trabalhados. De nada

adianta um projeto de escola comprometido com a transformação da realidade

se os profissionais que nela atuam não possuem tal consciência. Do mesmo

modo a prática do professor, quando comprometida com os ideais de uma

educação inclusiva libertária e transformadora pode amenizar as eventuais

dificuldades que as instituições, públicas ou privadas, enfrentam nesta questão.

Apesar da centralidade do papel do docente na lida diária com os

alunos portadores de necessidades específicas, esta prática é construída por

diversos fatores. Daí decorre a necessidade de refletirmos sobre a formação do

professor, os recursos disponíveis e ainda analisar o que os professores

pensam sobre esta temática.

2.1 – A formação precária

“Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre indivíduos que apresentam deficiências, seja em congressos, fóruns, seja por meio de leis e decretos, porém, quando voltamos o nosso olhar para dentro da sala de aula, observamos que o lugar deles no contexto educacional ainda é um espaço a ser conquistado. De modo geral, as práticas pedagógicas efetivadas por professores, seja da escola regular, seja da escola especial, precisam ser revistas e discutidas do prisma de um modelo mais democrático e humanitário de compreensão da pessoa com deficiência mental.” (MIRANDA, 2005: 74p)

Cabe destacar também, a luta dos professores por condições dignas

de trabalho (salário, jornada de trabalho e a carreira docente) e adequar essa

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30escola inclusiva com materiais e recursos suficientes para a concretização de

seus objetivos.

São essas práticas que devemos repensar, pois toda mudança de

paradigma não acontece espontaneamente, é dever de todos, do estado, da

escola e da comunidade. É a escola que tem o papel fundamental de elencar o

envolvimento de conscientização dessa prática transformadora. A prática

pedagógica é o elemento-chave na transformação da escola.

A discussão da educação inclusiva como já vimos é recente. No

entanto ela ainda é pouco debatida nas universidades o que não contribui para

que a inclusão na educação seja efetivamente realizada, já que os professores

chegam despreparados para trabalhar com os alunos de inclusão. Isso acaba

criando certo incômodo aos professores que por falta de preparo não sabem

lidar com esses alunos e muitas vezes acabam os excluindo por não saber lidar

com eles, quando isso não acontece o aluno é submetido somente à interação

social com os outros alunos e não a inclusão de fato.

Ao enfocar a questão da situação atual que as escolas públicas e/ou

particulares vivenciam, é sem duvida reconhecer a necessidade de mudança

em suas práticas. Almejamos alcançar a escola inclusiva com o envolvimento e

a responsabilidade de todos os profissionais da educação. A busca que aqui

estamos empreendendo trata-se de levarmos a diante esta discussão

coletivamente a fim de construirmos um projeto de inclusão consciente, dentro

das possibilidades e das estruturas educacionais disponíveis atualmente.

Construir um modelo que respeite nossas bases históricas, legais, filosóficas e

políticas, reestruturando assim, todo o sistema educacional.

2.2 – A falta de recursos.

A falta de recursos alternativos para trabalhar com alunos de inclusão,

dificulta o aprendizado, visto que muitos desses alunos possuem dificuldade

para entender assuntos que necessitam de um certo grau de abstração.

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

31Infelizmente algumas escolas não entenderam a necessidade de investir em

material de auxílio aos professores.

Para colher informações sobre as condições de trabalho que muitos

professores enfrentam, foi aplicado um questionário de pesquisa. O modelo do

questionário segue como anexo no final deste trabalho.

Foram entrevistados cinquenta e quatro professores de diversas redes

de ensino (particular, municipal e estadual) ambas do estado do Rio de Janeiro,

somente três responderam que encontram no local onde trabalham condições

ideais para atender aos alunos de inclusão. Os outros cinquenta e um

professores responderam que as escolas onde trabalham não atendem ou

atendem parcialmente essas necessidades. Por mais básico que possa

parecer, em algumas escolas faltam matérias básicos como por exemplo uma

Televisão e aparelho de DVD.

Cabe ressaltar que a falta de recursos não dificulta apenas o trabalho

com os alunos de inclusão, visto que matérias como mapas diversos, filmes,

músicas, charges podem e devem ser utilizados para ilustrar as aulas de

diversas disciplinas e a falta desses materiais prejudica toda a turma.

2.3 – O que pensam os professores.

Com base nos questionários respondidos, 100% dos entrevistados

disseram que somente o professor presente em uma turma mista, composta

por alunos de inclusão e alunos “normais”, não dá conta de sanar as

dificuldades de cada aluno, sendo necessária a presença de um auxiliar, pois

enquanto o professor tira a dúvida dos alunos que por ventura não

compreenderam o assunto, o auxiliar realiza uma outra atividade com os

alunos que apresentam mais facilidade de aprendizagem.

Também foi possível constatar que 100% dos entrevistados não

tiveram contemplado em sua formação a temática da inclusão, o que torna

ainda mais difícil a prática pedagógica esses alunos. Profissionais

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

32despreparados não contribuem para que o processo de inclusão seja

efetivamente alcançado.

Infelizmente as lacunas existentes na formação dos professores não é

o único problema enfrentado por eles. Salas lotadas, escolas fisicamente

despreparadas e mal coordenadas dificultam ainda mais o trabalho desses

profissionais.

Na opinião dos professores entrevistados se faz necessário uma

mudança estrutural e conjuntural nas escolas e sociedade. Estrutural por quê?

Porque muitas escolas que se dizem inclusivas não possuem estruturas

básicas como, por exemplo, falta de rampas de acesso, banheiros não

adaptados, biblioteca com livros, interprete de sinais entre outras adaptações.

No âmbito conjuntural é fundamental a mudança de tratamento da sociedade

com os portadores de necessidades especiais. Atitudes paternalistas,

preconceituosas e o sentimento de pena que muitas vezes as pessoas

“normais” sentem em relação aos especiais devem ser evitadas, pois os

portadores de necessidades especiais são capazes de possuírem vida normal

e independentes.

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33CAPÍTULO III

CAMINHOS POSSÍVEIS: POR UMA INCLUSÃO DE

VERDADE!

Para alcançar uma inclusão de verdade, é preciso alcançar todas as

esferas da sociedade, desde as famílias que muitas vezes representam um

empecilho no tratamento dos portadores de necessidades, a escola,

inserindo a ideia de que incluir é muito mais do que integrar e por fim acabar

com os estigmas relacionados aos portadores de necessidades especiais,

mostrando que eles não são um ”encosto” para a sociedade e que se forem

bem orientados poderão tornar-se independentes e produtivos.

3.1 – As mudanças necessárias na formação dos professores.

Para que haja uma melhor interação entre pessoas com necessidades especiais e as pessoas sem deficiências, o primeiro passo seria sensibilizar e capacitar todos os funcionários da instituição, professores, orientadores, enfim todos os profissionais. É importante também sensibilizar os pais, sobretudo os dos não deficientes, uma vez que eles devem desempenhar um papel ativo no processo de inclusão (JOVER, 1999, p. 12).

A relação entre pensar e sentir nos leva a acreditar que o ato de

pensar envolve aspectos racionais, afetivos, emocionais e relacionais. Desta

forma, evidencia-se que o funcionamento psíquico do ser humano engloba

cognição e afetividade, razão e emoção.

Em suma não dá para ensinar pensando somente na razão, pois o

coração é extremamente importante neste contexto. O afeto e a emoção

desempenham um papel essencial no funcionamento da inteligência do

homem.

Atualmente, o grande desafio da educação é ajudar o aluno a refletir

sobre o mundo no qual está inserido, priorizando o ser e não o ter, levando-o a

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34ser crítico e construir uma sociedade melhor. Para isso, o educador deve dar

ênfase a questões como a interação social e o desenvolvimento afetivo-moral,

que são elementos fundamentais na construção do pensamento, durante o

processo ensino-aprendizagem.

A necessidade de construir essa nova idéia de professor pode ser

mais ou menos consciente. Pode ser fruto intencional da reflexão criteriosa.

Mas pode ser também, apenas a resposta às pressões da sociedade e ao

aparecimento de situações não previstas. Vale salientar, porém, que estas

últimas podem levar à primeira, isto é, a pressão da realidade pode provocar a

reflexão.

Sem dúvida, os professores estão fazendo a sua própria história, mas

a partir de condições dadas, concretas do cotidiano.

É fundamental que seja desvendado o contexto onde o professor vive.

A análise da realidade, das forças sociais, da linguagem, das relações entre as

pessoas, dos valores institucionais é muito importante para que o professor

compreenda a si mesmo como alguém contextualizado, participante da história.

A formação do professor é um processo, que vai acontecendo no

interior das condições históricas em que ele mesmo vive. Faz parte de uma

realidade concreta determinada, que não é estática e definitiva. É uma

realidade que se faz no cotidiano histórico-social. Por isso, é importante que

este cotidiano seja desvendado. O retorno permanente da reflexão sobre a sua

caminhada como educando e como educador é que pode fazer avançar o seu

fazer pedagógico.

O ambiente deve permitir, uma interação muito grande do aprendiz

com o objeto de estudo. Esta interação deve ir alem de suas condições, de

forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas ao mesmo tempo permitindo que as

novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas cognitivas

existentes, propiciando o seu desenvolvimento. A interação deve abranger, não

só o universo aluno, mas também o aluno - aluno e aluno - professor.

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353.2 – As mudanças necessárias na escola.

Temos por definição, em vários dicionários, que escola é um

estabelecimento de ensino coletivo que propicia experiência e vivência.

Portanto, é neste lugar que o indivíduo inicia a construção do seu caráter e da

personalidade, bem como a apropriação do conhecimento. È também neste

lugar que se constrói conhecimentos significativos e úteis para serem aplicados

nas diversas situações da vida cotidiana, melhorando com isso a condição de

vida pessoal e grupal.

A inclusão impõe uma mudança de perspectiva educacional, pois não

se limita àqueles que apresentam deficiências, mas se estende a qualquer

aluno que manifeste dificuldades na escola, ainda que contribuindo também

para o crescimento e desenvolvimento de todos na escola, profissionais e

alunos. A inclusão envolve a reestruturação das práticas de nossas escolas,

que, como “sistemas abertos” necessitam revisar suas ações, que até então

são elitistas e excludentes.

“Trabalhar, inovar e ousar implementar a educação, numa perspectiva inclusiva, não é, missão impossível. É, sim, um desafio superável. É uma questão de pensar e mudar. Querer “pensar e construir” uma escola que inspire e promova a troca entre alunos, que confronte formas desiguais de pensamento e de estilo de vida, busque metodologias interativa e faça, do reconhecimento e da convivência com as diversidades, estratégias e alternativas para uma nova aprendizagem, voltada para o educando. Uma escola, enfim, que reconheça as diferenças e, respeitando-as, possa conviver com elas.” (FERREIRA & GUIMARÃES, 2006:p.154).

Temos observado ao longo dos últimos anos, grande debate acerca

das vantagens e desvantagens da integração e/ou inclusão dos alunos com

necessidades especiais. Mantoan (1997, 50-57p.), afirma que na integração

escolar toda a estrutura da escola se mantém não havendo mudança naquilo

que já está instituído. Cabe ao aluno adequar-se a ela. Já a inclusão é uma

opção mais radical no sentido que é o sistema que precisa ser revisto,

Page 36: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · A primeira etapa consistiu na realização de uma revisão bibliográfica sobre o tema ... e nos ideais de solidariedade humana,

36adequando-se às demandas do aluno. Para tanto, recursos físicos e meios

materiais necessitam ser priorizados juntamente com a informação ao

professor sobre o aluno com necessidades educacionais especiais

esclarecendo esta condição, desenvolvendo novas atitudes e formas de

interação que repercutam nos processos de aprendizagem de todos os alunos.

Muitos desses alunos estão fora de qualquer tipo de escola, enquanto

alguns outros estão inseridos em classes ou escolas especiais, ou se

encontram ao acaso nas classes comuns das escolas. Esta realidade é mais

condizente com o quadro da exclusão escolar. Sabe-se que uma mudança de

paradigma requer ações efetivas de atitudes e esforços coletivos para se

constituir uma prática. Ainda não conseguimos verificar práticas eficazes da

política de integração, quanto menos de inclusão. Paralelamente a estas

mudanças, vemos que a exclusão social se intensifica de forma mascarada,

por determinantes políticos e econômicos que direcionam suas ações de

acordo com o interesse próprio dentro do contexto político, social e econômico

que estão inseridos.

Em nossas escolas hoje, podemos observar várias ações democráticas, procurando garantir o acesso a todos, sem nenhuma forma de distinção ou discriminação e uma educação voltada para esta diversidade. Na verdade, o acesso é garantido e regulamentado em leis. Já a educação, que vem sendo praticada em favor da inclusão educacional, será que está garantindo a permanência e o sucesso dos seus alunos com o respeito e compromisso que eles merecem? A Constituição Federal garante expressamente o direito à igualdade (art.5º), e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve visar o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício a cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art.205). É verdade que apenas leis e declarações, por mais apropriadas que sejam, por si só não revertem às representações e práticas desenvolvidas, pois mudanças requerem ações efetivas de reconhecimento. As escolas públicas não têm conseguido cumprir sua função socializadora do conhecimento humano acumulado e nem sequer garantido seu acesso. (MELO E SILVA, 2004)

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37No nosso cotidiano, não é fácil construir uma escola inclusiva numa

sociedade tão excludente, pois direcionar um trabalho que abrange a escola, a

comunidade, depende de uma ação coletiva preparada, informada e

empenhada na busca deste ideal. É um caminho longo já iniciado que se vêm

percorrendo com sucessos e insucessos, com divergências teóricas,

ideologias, crenças e descrenças, mas enfim, com um mesmo propósito de

concretizar a escola inclusiva.

Vislumbramos a implantação de uma política de educação inclusiva,

com ações capazes de atender às necessidades de formação dos alunos para

a vida. Assim, são nestes espaços que se devem consolidar os projetos

políticos pedagógicos idealizados pelos seus próprios profissionais, de acordo

com a realidade que a escola está inserida e com a participação de

representantes da comunidade e de seus alunos. Ressaltamos que, na

elaboração de qualquer projeto deve-se envolver pessoas conscientes,

informadas e esclarecidas para que se possa refletir e redigir propostas

possíveis de serem efetivadas. Isto é, ter definido o que se entende por escola

inclusiva, o seu papel, os seus obstáculos e o que e como desenvolver suas

práticas, sensibilizando e preparando a escola para a busca de soluções. Criar

ações coletivas de conhecimento e convivência direcionadas ao respeito a

todos. Considerando a importância de projetos políticos pedagógicos dentro da

escola, estes devem vir de encontro a promover qualidade de vida, preparando

e ajustando o processo de inclusão.

“A inclusão envolve a reestruturação das culturas, políticas e práticas de nossas escolas que, como sistemas abertos precisam rever suas ações, até então, predominantemente elitistas e excludentes”. (...) “Partindo da premissa que a escola é um sistema aberto, na elaboração do projeto político pedagógico devem ser valorizados os aspectos estruturais (a organização que o sistema elege para seu funcionamento); os processuais ( as formas de comunicação interna e com a comunidade, as regras que se estabelecem), e os contextuais ( a cultura da escola e a cultura na escola, sua trajetória, sua história)”. (CARVALHO, 2004, 158p)

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38O grande desafio das escolas hoje é reconhecer as potencialidades do

desenvolvimento individual de cada aluno (as descoberta de capacidades), e

como lidar e traçar metas para alcançar esse público alvo. Não basta

reconhecer a diversidade, mas saber que todas as pessoas têm

potencialidades para desenvolver. Medo e insegurança quanto às suas

possibilidades, são sentimentos presentes principalmente nas pessoas que

necessitam de um acompanhamento especial, como os deficientes auditivos,

visuais, os que possuem comprometimentos neurológicos e motores entre

outros. Contudo, conduzir um trabalho de reconhecimento e estímulo às

diversas potencialidades, sempre requer o cuidado, a sensibilidade e a

coerência de atitudes frente às limitações de cada um, não deixando de

considerar a realidade, as experiências sensoriais, motoras e cognitivas que

estão envolvidas no processo da aprendizagem.

No espaço escolar, todos são educadores, portanto todos precisam

compartilhar os mesmos objetivos e terem as mesmas condutas coerentes com

a filosofia de trabalho. Assim, as atitudes inclusivas devem ser percebidas no

porteiro ao receber a comunidade escolar, nos próprios alunos ao se

relacionarem uns com os outros, nos professores e demais funcionários,

buscando com esta coletividade perceber a amplitude dos valores que se

desenvolverão no ambiente escolar.

A escola proporcionando este espaço de interações estará constituindo um dos mais importantes ambientes sociais de inserção dos seus alunos. Assim, faz-se necessário adequar o ambiente escolar de forma mais estruturado e planejado. O convívio neste ambiente que propiciará a formação dos vínculos afetivos, a formação de valores éticos e morais, a socialização dos conhecimentos, a compreensão dos direitos e deveres e acima de tudo, o respeito pelo outro. Sabemos, entretanto, que é nessa interação que acontece o desenvolvimento cognitivo, afetivo motor e sensorial, tornando assim cada pessoa apta para desenvolver seus projetos pessoais, sendo valorizado pelo seu desempenho e consciente do seu papel social. (CARVALHO, 2004 )

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39Outro ponto a ser pensando pelos sistemas que buscam propiciar a

educação inclusiva é o processo de avaliação adequado à diversidade. Para

Carvalho (2004), é indispensável que se mude o olhar, levando-se em conta as

peculiaridades de cada aluno. O resultado escolar pode negar ou confirmar

suas expectativas em relação a si mesmo. As avaliações devem oportunizar

cada aluno expressar seu conhecimento até onde foi capaz de alcançar com as

sua possibilidades. As metodologias, os instrumentos de avaliação, o como e

quando aplica-los, é o professor regente, com ou sem parcerias de outros

profissionais que venham a acompanhar seus alunos, que saberá com

discernimento e bom senso como promover o acesso dos seus alunos para as

outras séries. Avaliar dentro da diversidade implica no ato de conhecer o aluno

através do entrosamento, compreendendo o seu contexto bio-psico-social e os

processos envolvidos na aquisição das aprendizagens. Ao avaliar, o professor

não estará classificando os seus alunos em relação ao que e/ou quanto

aprenderam, mas estará buscando entender esta relação e o que ela poderá

contribuir para a vida escolar e social de cada um deles.

As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas

dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de

aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos

mediante currículos apropriados, modificações organizacionais, estratégias de

ensino, recursos e parcerias com suas comunidades. A inclusão, na

perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola brasileira

novos posicionamentos que implica num esforço de atualização e

reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para

que os professores se aperfeiçoem, adequando as ações pedagógicas à

diversidade dos aprendizes.

Dentro do contexto escolar, é importante envolver também os

profissionais da educação com estudos de experiências bem sucedidas de

inclusão de crianças e jovens com deficiências, no intuito de diagnosticar

pedagogicamente e intervir favoravelmente nesse processo da inclusão.

Proporcionar cursos de formação continuada e o estabelecimento de contatos,

parcerias e convênios com outros profissionais e instituições, em um trabalho

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40conjunto de atendimento e acompanhamento a estas crianças e jovens e às

suas famílias.

3.3 – As mudanças necessárias na sociedade

Até o século XV, as crianças deformadas eram jogadas nos esgotos

da Roma Antiga. Na Idade Média, deficientes encontram abrigo nas igrejas,

como o Quasímodo do livro O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo, que

vivia isolado na torre da Catedral de Paris. Na mesma época, os deficientes

ganham uma função: bobos da corte. Martinho Lutero defendia que deficientes

mentais eram seres diabólicos que mereciam castigos para ser purificados.

Do século XVI ao XIX, os portadores de deficiências físicas e mentais

continuam isoladas do resto da sociedade, mas agora em asilos, conventos e

albergues. Surge o primeiro hospital psiquiátrico na Europa, mas todas as

instituições dessa época não passam de prisões, sem tratamento especializado

nem programas educacionais.

No século XX, os portadores de deficiências passam a ser vistos como

cidadãos com direitos e deveres de participação na sociedade, mas sob uma

ótica assistencial e caritativa.

A primeira diretriz política dessa nova visão aparece em 1948 com a

Declaração Universal dos Direitos Humanos "Todo ser humano tem direito à

educação".

Nos anos 60 pais e parentes de pessoas deficientes organizam-se.

Surgem as primeiras críticas a segregação. Teóricos defendem a

normalização, ou seja, a adequação do deficiente a sociedade para permitir

sua integração. A educação especial no Brasil aparece pela primeira vez na Lei

de Diretrizes e Bases (LDB) nº. 4.024, de 1961. A lei aponta que a educação

dos excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral da

educação.

Os Estados Unidos, nos anos 70, avançam nas pesquisas e teorias de

inclusão para proporcionar condições melhores de vida aos mutilados na

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41Guerra do Vietnã. A educação inclusiva tem início naquele país via Lei 94.142,

de 1975, que estabelece a modificação dos currículos e a criação de uma rede

de informação entre escolas, bibliotecas, hospitais e clínicas.

Pela primeira vez, em 1978, uma emenda à Constituição brasileira

trata do direito da pessoa deficiente: "É assegurado aos deficientes a melhoria

de sua condição social e econômica especialmente mediante educação

especial e gratuita."

A história em defesa da inclusão é muito longa e passa por várias

etapas, a discriminação era grotesca, começando por Roma que jogavam as

crianças deformadas no esgoto. Na Idade Média, os deficientes eram

abrigados nas igrejas, como é o caso do Corcunda de Notre Dame ou, se

tornavam diversões ao povo sendo bobos da corte. Segundo Martinho Lutero,

os portadores eram seres diabólicos e que precisavam de castigos para

tornar-se purificados. O Plano Nacional de Educação (PNE) continuam isolados

da sociedade naquela época, mesmo com a fundação do primeiro hospital

psiquiátrico eles continuam com a mesma mentalidade. No século XX, muda a

visão de como eram tratados os portadores de necessidades especiais,

passam a ter Direitos e Deveres como qualquer ser Humano, porém sob uma

ótica asssitencialista e caritativa. Em 1978, surge a diretriz política com a

Declaração dos Direitos Universal dos Seres Humanos declarando direitos

iguais a todos. Na maioria dos países, ocorre um novo momento devido a

alguns fatores, tais como: avanço tecnológico e científico, crescente pensar

sociológico sobre as práticas discriminatórias e avanço no sistema educacional.

Claro que as mudanças ocorridas na sociedade foram imensas e que

preconceitos vêm sendo quebrados e a sociedade aos poucos começa a

enxergar a importância de não esconder os portadores de necessidades

especiais e sim prepará-los para serem autônomos e capazes de gerirem suas

vidas com independência e dignidade, no entanto a sociedade ainda caminha

lentamente em prol de uma sociedade justa e igualitária, quando falamos de

justiça e igualdade não nos referimos somente aos portadores de necessidades

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42especiais, mas sim a todos aqueles que de alguma forma encontram-se à

margem da sociedade.

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CONCLUSÃO

Podemos concluir que o processo de educação inclusiva está longe de

ser satisfatório, passos largos foram dados em direção à inclusão de fato e não

somente a integração social. Muitos profissionais ainda confundem integração

com inclusão. Essa confusão é feita muitas vezes pela falta de preparo dos

profissionais da educação, visto que na pesquisa realizada cerca de 90% dos

entrevistados não tiveram informações nos seus cursos de formação sobre

como trabalhar com os alunos de inclusão.

No entanto os entrevistados entendem a importância que a educação

inclusiva vem exercendo em nossa sociedade e que a necessidade de

aperfeiçoar a formação dos professores ainda na academia e fundamental para

a inclusão se realize.

Por isso é preciso refletir sobre a formação dos educadores, pois essa

formação não é para preparar alguém para a diversidade, mas para a inclusão,

porque a inclusão não traz respostas prontas, não é uma multi habilitação para

atender a todas as dificuldades possíveis na sala de aula, mas uma formação

em que o educador irá olhar seu aluno de uma outra dimensão tendo assim

acesso as peculiaridades desse aluno, entendendo e buscando o apoio

necessário.

Finalizando, cabe refletirmos sobre que é ser igual ou diferente? Pois

se olharmos em nossa volta, perceberemos que não existe ninguém igual, na

natureza, no pensamento, nos comportamentos, nas ações etc. e as diferenças

não são sinônimos de incapacidade ou doença, mas de equidade humana.

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BIBLIOGRAFIA

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dezembro de 1996. Brasília, Ministério da Educação, 1996.

BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF: Senado, 1988.

CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva com os Pingos nos “is”. Porto

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Gebara, Jamile & Marin, Conceição A. (2005). Representação do professor: um

olhar construivista. Ciências & Cognição; Ano 02, Vol.06, nov/2005.

GURGEL,Thais, Inclusão, só com aprendizagem. In: Revista Nova Escola.Editora Abril, nº 206, 2007.

JOVER, Ana, Preparando a escola inclusiva. In: Revista Nova Escola. Editora

Abril, nº123,1999.

FERREIRA, M.E.C., GUIMARÃES, M.. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro:

DP&A, 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática

Educativa.São Paulo: Paz e Terra, 2007.

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Educação Especial – Área de Deficiência Mental. Brasília: MEC/SEESP,

1995.

MENEZES, E.T. e SANTOS, T.H. Declaração de Salamanca: verbete. In:

Dicionário Interativo da Educação Brasileira- EducaBrasil. São Paulo: Midiamix

Ed.,

OMOTE, SADAO. Inclusão: Intenção e Realidade. Marília: Fundepe,p.63,

2004.

SASSAKI, ROMEU KAZUMI. Inclusão: Construindo uma sociedade para

todos. Rio de Janeiro: WVA,1997.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

A Escola e a Educação Inclusiva. 10

1.1 – A instituição escola no Brasil. 10

1.2 – A inserção dos portadores de deficiência na sociedade. 17

1.3 – A inclusão na escola. 22

CAPÍTULO II 29

A Prática Docente Frente à Educação Inclusiva 29

2.1 – A formação precária. 29

2.2 – A falta de recursos. 30

2.3 – O que pensam os professores. 31

CAPÍTULO III 33

Caminhos Possíveis: Por uma Inclusão de Verdade! 33

3.1 – As mudanças necessárias na formação dos professores 33

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463.2 – As mudanças necessárias na escola. 35

3.3 – As mudanças necessárias na sociedade. 40

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 45

ANEXO 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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AN EXO

Questionário de pesquisa

1) Qual modalidade de ensino você atende? ( ) Ensino Fundamental 2° segmento ( ) Ensino Médio

2) Você trabalha em qual rede de ensino?

( ) Rede pública municipal ( ) Rede pública estadual ( ) Rede particular

3) Você atende alunos portadores de necessidades específicas (necessidades especiais)?

( ) sim ( ) não ( ) há alunos com comportamento típico, mas sem diagnóstico

4) Você se sente em condições de atender plenamente estes alunos?

( ) sim ( ) não

Por que? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5) A sua formação contemplou esta temática?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

6) Quais condições necessárias o local de trabalho deveria oferecer para o atendimento a esses alunos?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7) Nos locais onde trabalha, você encontra tais condições?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmenteEspecifique a rede: ________________________________________________________________________________________

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A PRÁTICA DOCENTE NA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA VISÃO SOBRE AS

DIFICULDADES DOS PROFESSORES

Autor: Danee Eldochy Gomes Soares

Orientador: Mary Sue Pereira

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: