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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU THAYZ ROSAS LARA Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA- Gestão de Pessoas. A MAGIA DO ATENDIMENTO DISNEY ORIENTADOR: Prof. Paulo José Niterói 2018 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

THAYZ ROSAS LARA

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em

MBA- Gestão de Pessoas.

A MAGIA DO ATENDIMENTO DISNEY

ORIENTADOR:

Prof. Paulo José

Niterói

2018

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

THAYZ ROSAS LARA

A MAGIA DO ATENDIMENTO DISNEY

Niterói 2018

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que pode permitir concluir mais esta etapa acadêmica

da minha vida, e retificar que, em todos os momentos, Ele é o maior mestre que alguém pode

conhecer.

À universidade AVM, seu corpo docente, direção е administração, que me

oportunizaram esta pós-graduação e todo o conhecimento que pude adquirir ao longo do ano.

4

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a Walt Elias Disney, cuja

importância e influência de suas criações contribuíram para a

construção e realização dos meus sonhos.

5

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar o modelo do atendimento da Walt Disney

World, no qual são utilizadas quatro ferramentas para que haja a manutenção de seus padrões

de excelência no tratamento de seus clientes: Segurança, Cortesia, Espetáculo e Eficiência. São

analisados os conceitos e ideais por trás dos hotéis e parques da Walt Disney World. De que

maneira sua “guestologia” é aplicada para alcançar os objetivos de um atendimento de

qualidade, a maneira que seus funcionários são treinados a serem artistas em um show ao vivo

e que, como resultado desse treinamento, o “membro de elenco” é capaz de alcançar uma

qualificação profissional tornando-o apto para oferecer um serviço exemplar.

Palavras-chave: atendimento ao cliente, treinamento.

6

METODOLOGIA

Esta pesquisa é classificada como bibliográfica onde serão observados estudos

publicados em livros e sites sobre o modelo de gestão aplicado na Walt Disney World, sua

administração e treinamentos fornecidos aos funcionários e gestores, a forma que a empresa se

dedica aos clientes, quanto as suas necessidades e quais as ações realizadas por ela para a

obtenção de um atendimento de qualidade e de referência. A pesquisa foi desenvolvida através

da escolha do tema, levantamento bibliográfico, formulação, organização do assunto e digitação

do texto da monografia.

7

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO.............................................................................................................. 02

AGRADECIMENTOS........................................................................................................... 03

DEDICATÓRIA..................................................................................................................... 04

RESUMO................................................................................................................................ 05

METODOLOGIA.................................................................................................................. 06

SUMÁRIO.............................................................................................................................. 07

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 08

CAPÍTULO I

1 O criador do Mickey........................................................................................................... 11

1.1. A história do mundo mágico: a Walt Disney World......................................................... 12

CAPÍTULO II

2 Guestologia” e o Disney Institute........................................................................................16

2.1. Cultura Organizacional.......................................................................................................18

2.2. Valores Organizacionais....................................................................................................20

2.3. Valores organizacionais da Disney e o poder do atendimento..........................................23

2.4. Segurança, Cortesia, Espetáculo e Eficiência................................................................... 25

2.4.1. Segurança....................................................................................................................... 25

2.4.2. Cortesia......................................................................................................................... 26

2.4.3. Espetáculo...................................................................................................................... 27

2.4.4. Eficiência........................................................................................................................ 27

CAPÍTULO III

3. Os Padrões de atendimento: O segrego por trás da criação da felicidade............................31

3.1. O Disney look................................................................................................................... 33

3.2 Cultura de apresentação..................................................................................................... 34

3.3. Comunicação interna........................................................................................................ 35

8

CAPÍTULO IV

4. O processo do Endomarketing...............................................................................................37

CONCLUSÃO........................................................................................................................ 40

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................41

9

INTRODUÇÃO

A “magia” não é uma palavra muito usada no mundo corporativo, afirma o Disney

Institute. Essa magia não é algo listado nos balanços patrimoniais, não é listado pela equipe de

contabilidade de uma determinada empresa e principalmente não mensura o retorno sobre o

investimento em magia. Porém essa palavra é frequentemente usada no universo empresarial

da grande empresa The Walt Disney Company.

Um império. Uma empresa que diariamente cultiva a magia. A Disney foi capaz de

imortalizar os mais diversos personagens como Mickey Mouse, Pato Donald e Pateta,

conhecidos mundialmente. No cinema, os filmes são clássicos inesquecíveis, tais como Branca

de Neve e os Sete Anões, Aladdin, Alice no País das Maravilhas e entre muitos outros. Nos

palcos teatrais, belíssimas e, para quem assiste, inesquecíveis produções musicais, como O Rei

Leão e A Bela e a Fera, que encantaram a Broadway e todas as plateias ao redor do mundo.

Desde seus produtos licenciados à rádio Disney e canais de televisão a cabo como o “Disney

Channel”, o pioneirismo do grupo Disney aparece em todas as linhas de negócios dedicadas ao

público que encanta não somente o infantil, mas à todas as idades.

Os parques de diversões do complexo Disney, despertam um verdadeiro fascínio. O

Magic Kingdom, principal parque temático do grupo Disney, atrai cerca de 20 milhões de

pessoas por ano. As práticas de gestão nos parques de diversões são exemplos para todas as

empresas dos mais diversos tipos de setores. Pilares de sucesso aliados a uma combinação bem-

sucedida entre o mundo encantado dos personagens Disney e uma administração de excelência,

inovação e foco no cliente. Walt Disney valorizou os talentos década um de seus funcionár ios

e os inspirou com a sua visão para criar experiências incomparáveis de entretenimento. Disney

sabia que o seu sucesso de longo prazo dependia de sua capacidade em motivar pessoas, um dia

por vez e uma inovação por vez.

Este trabalho tem por objetivo analisar todo o processo de treinamento dos funcionár ios

que a Walt Disney World possui, com base no legado deixado pelo seu criador, e modo que a

excelência no atendimento ao cliente seja mantida e garantida. O foco da análise são as quatro

chaves para um atendimento de qualidade: segurança, cortesia, espetáculo e eficiência, e a

maneira que elas são fundamentais para manter o ambiente perfeito e seus visitantes satisfeitos.

10

No primeiro capítulo, iremos conhecer um pouco da história do criador do Mickey e o

que deu origem ao complexo de parques mais famoso do mundo. No segundo capítulo,

analisaremos o conceito do termo “Guestologia” e o poder que um atendimento de qualidade

possui dentro da empresa Disney e a maneira que seus pilares de atendimento podem ser

facilmente incorporados dentro de qualquer empresa para garantir o sucesso. Já no terceiro e

último capítulo, focado no treinamento e qualidade de atendimento que é diariamente feito pelos

funcionários da empresa Disney.

11

CAPÍTULO I

Aqui tem espaço suficiente para caber todas as

ideias que nós pudermos imaginar.

Walt Disney.

1. O CRIADOR DO MICKEY

Walt Elias Disney, nascido em Chicago em 5 de dezembro de 1901, foi um dos 5 filhos

que Elias Disney e Flora Call Disney tiveram. A família Disney decidiu comprar uma fazenda

Marceline, no Missouri, pois apesar do pai de Walt ter pouco estudo e um pouco mal-humorado,

se preocupava bastante com a educação de seus filhos. Walt Disney trabalhava na fazenda da

família e com seus 4 anos começou a demonstrar ser um artista, fazendo seus desenhos em

folhas de embrulho e até mesmo papel higiênico.

O pai de Walt nunca havia compreendido e aceitado o seu lado artístico, mas ele

encontrou muito apoio do seu irmão Roy que sempre o ajudou desde pequeno quando fazia sua

parte nas obrigações da fazenda. Mais tarde o Sr. Elias decidiu montar um jornal na cidade e os

irmãos Roy e Walt passaram a entregar os exemplares na porta de todas os moradores sem

ganhar nada com isso, pois como seu pai dizia já tinham casa e comida. Para ganhar seu

dinheiro, Walt entregava manteiga feita pela sua mãe, fazia a limpeza de uma loja de doces e

trabalhava também como entregador para uma farmácia. Em uma dessas entregas, Walt parou

para assistir um filme no cinema da cidade, o filme era nada mais nada menos que uma versão

muda do filme Branca de Neve. Walt ficara de tão entretido com o filme, que sua manteiga

estragou, se tornando motivo para tomar uma surra de seu pai ali mesmo, no meio da rua. Para

Walt a surra valeu a pena, pois ele conheceu o filme que mudaria sua vida.

Walt não tinha o apoio de seu pai que insistia em castigá-lo. Roy então disse a Walt que

ele não era mais menino para estar apanhando de seu pai e durante uma discussão quando Sr.

Elias levantara a cinta para bater nele, Walt segurou o braço de seu pai que, naquele momento

conseguiu entender que seu filho havia se tornado homem. Walt Disney sempre foi trabalhador.

12

Quando era jovem, trabalhou em algumas agências de publicidade e também em uma

companhia cinematográfica que foi rejeitada pelos seus chefes pela simples razão de ser

sonhador demais.

Foi então que, com a ajuda de seu irmão Roy, Walt veio a se tornar um empreendedor.

Sempre pensando em um desenho ou filme novo ou até mesmo uma nova maneira de fazer as

coisas foi que ele, seu irmão e sua equipe tratavam de realizar os seus sonhos. Walt sempre quis

tudo perfeito e não se conformava em não melhorar algum desenho ou produto de sua empresa.

Para Nader (2014) a Disney surgiu a partir da grande paixão de Walt em desenhar e seu

desejo de inventar algo relevante. A “empresa” tem a visão de criar um mundo onde todas as

pessoas possam se sentir crianças e a missão de torna-las mais felizes. Conforme Nader (2014,

p.241) “Poucos têm conhecimento da grave crise enfrentada pela Walt Disney Productions entre

março e setembro de 1984, que quase levou a empresa à desintegração”. O setor financeiro da

empresa foi analisado e ficaram constatados que vários outros setores não estabeleciam metas

e planos de trabalho. Nader (2014, p.249) “Michael Eisner e Frank Wells assumiram a direção

da companhia em setembro de 1984, com a difícil missão de reerguer a Disney. Ambos já

tinham ocupado altos cargos como executivos bem-sucedidos em Hollywood”. Para lidar com

a situação de crise, Eisner trabalhou com os diferentes ativos da Disney, desde produções

cinematográficas até a reativação de parques e hotéis.

Era preciso, no entanto, reduzir a excessiva confiança

que a companhia depositava em seus parques e fazer com que

a Disney aprendesse a viver também de sua herança,

comercializando cada personagem, história ou imagem de

seu fabuloso arquivo. (NADER, 2014, p.250)

1.1 A HISTÓRIA DO MUNDO MÁGICO: A WALT DISNEY WORLD

Walt Disney tinha o costume de levar suas filhas, Diane Marie e Sharon Mae a alguns

parques de diversão quando elas eram pequenas. Nesses parques, as crianças iam às atrações

enquanto seus pais as esperavam do lado de fora. Em uma das ocasiões, quando suas filhas de

Walt estavam brincando no Carrossel do Griffith Park, localizado em Los Angeles, ele teve a

brilhante ideia de que seria muito mais interessante existir um parque onde a família toda

pudesse se divertir junta.

13

A ideia de construir um parque que reunisse toda a família não saíra mais da cabeça de

Walt, foi então que começou a procurar maneiras de oportunizar o projeto que, de início, seria

chamado de Mickey Mouse Park. Walt conseguiu então fazer uma parceria com a emissora de

TV americana ABC, que o ajudou a financiar toda a construção do parque em troca apenas de

um programa semanal aos Domingos, apresentado por Walt Disney, denominado

“Disneyland”. Essa parceria foi extraordinária, pois além de conseguir o financiamento para

seu projeto, Walt ainda conseguiria fazer uma propaganda de seu maravilhoso parque os

milhões de americanos todos os domingos de manhã.

A grande inauguração da Disneyland aconteceu no domingo de 17 de julho de 1955 para

convidados e jornalistas, divulgada ao vivo pela ABC, porém infelizmente foi um desastre. 11

mil ingressos foram distribuídos para os convidados, porém o parque teve a presença de mais

de 30 mil pessoas entrando com ingressos falsificados. Outros fatores também contribuíram

para o desastre da inauguração da Disneyland que tempos depois ficou conhecido como “Black

Sunday” (Domingo Negro). Após o desastre ocorrido na inauguração, Walt Disney fez

novamente um convite à algumas pessoas para que pudessem voltar ao seu parque para

aproveitá-lo da maneira apropriada e com seus problemas devidamente resolvidos. Em 18 de

julho, quando o parque havia sido aberto para todo o público, Walt se surpreendeu com

aproximadamente 50 mil visitantes em seu parque no qual as filas para entrar começaram as 2h

da manhã.

Com o sucesso da Disneyland, tiveram que ser construídos hotéis e restaurantes ao redor

de todo o parque, porém o tamanho do espaço não poderia suportar tantas atrações e conforto

ao mesmo tempo. Foi então que Walt Disney, no início da década de 60 começou a pesquisar

um local que tivesse um espaço suficiente para que todos os seus sonhos pudessem caber.

Flórida foi o destino escolhido por Walt para a construção de seu parque, localizada em

Orlando na beira da famosa I-4, na beira da Interstate, que cruza os EUA de leste a oeste. Além

do bom clima que ela possui, pela região ser ponto turístico durante todo o ano, as terras eram

abundantes e muito baratas por serem um terreno pantanoso.

Ao anunciar Orlando como o local onde seria construída a Walt Disney World.

Lamentavelmente, no dia 15 de dezembro de 1966, Walt Disney veio a falecer e não teve a

oportunidade dever o seu tão maravilhoso parque pronto. Seu irmão e sócio, Roy Disney, ficou

responsável por toda a construção do parque temático Magic Kingdom, inaugurado em 1 de

outubro de 1971, que seria localizado no então chamado de Disney World, porém com a morte

de seu irmão, resolveu homenageá- lo dando o nome do parque de Walt Disney World.

14

Atualmente, a Walt Disney World é composta por 4 parques temáticos : Magic

Kingdom, Epcot, Hollywood Estudios e Animal Kingdom, 2 parques aquáticos: Thyphoon

Lagoon Water Park e Blizzard beach Park, 3 complexos de lazer Downtown Disney, Downtown

Marketplace, Downtown Pleasure Island, e várias atividades como assistir as diversas atrações

que o parque produz o dia inteiro, experiências com os personagens, lojas localizadas por todo

o parque e no fim do dia o convidado pode se instalar nos 27 hotéis que disponibilizam diversas

categorias como: deluxe, moderada, econômica e acampamentos e o Disney Institute que é

responsável por oferecer lazer e cultura ao mesmo tempo. Segundo o Disney Institute (2011), a

empresa é reconhecida mundialmente pela sua excelência em qualidade de serviços, e é vista

como padrão de benchmarking por diversas empresas de diferentes setores, que utilizam, em

seus ambientes de trabalho, práticas de atendimento ao cliente com base no modelo da Disney.

Nader (2009) conta que o primeiro grande sucesso de Walt, um simpático rato nomeado

de Mickey Mouse conquistou diretamente o coração dos todos. Em 1930, o ratinho Mickey já

havia conquistado audiência em todo mundo.

“Walt providenciou para que a honestidade,

confiança, lealdade e respeito para com as pessoas

constituíssem a essência da personalidade e caráter do

Mickey .Os mesmos princípios que ele adotaria dentro da

companhia e que serviram como pilares, mais tarde, para

formação do grande empreendimento Disney.’ (NADER,

2009, p.68).

Nader (2009) cita ainda que, em 1937, Walt foi capaz de conquistar novamente o olhar

do público com o filme Branca de Neve, uma das primeiras animações coloridas, capaz de

quebrar todos os recordes de bilheteria.

Walt Disney, ousando em seguir seus instintos,

conseguiu transformar a animação, então um segmento

inexpressivo da indústria do entretenimento, em uma nova

forma de arte. Ele usou inovações técnicas para criar

histórias sem emendas com som e cor. (NADER, 2009, p. 5)

.

Ainda com Nader (2009), ele cita que o lucro pelo seu filme Branca de Neve permitiu

que os Walt e seu irmão comprassem um terreno na Califórnia e, ali, construíssem seus estúdios.

Foi então, Walt, já pensava em utilizar seu terreno para construir um lugar onde pais e filhos

15

pudessem se divertir juntos. Organizou uma equipe e a chamou de Imagineering, uma mistura

de engenheiro e imaginador na língua inglês. Walt iniciou alguns esboços da Disney e foi em

15 de julho de 1955, que a mesma foi inaugurada e rapidamente virou um fenômeno. Porém a

Disneylândia, por si só, não foi capaz de satisfazer as ambições de Walt Disney.

A ideia de Walt era criar um lugar onde as pessoas viveriam experiências que não

pudessem encontrar em nenhum outro lugar. De seus planos surgiram o Magic Kingdom, que

seria uma réplica moderna da já existente Disneylândia, porém cercada por hotéis, áreas de

lazer, transportes, restaurantes, lagos, barcos e todos os tipos de atividades recreativas, e o Epcot

ou Protótipo Experimental da Comunidade do Futuro. O objetivo era que esses pudessem estar

sempre em mutação, testando novas ideias e técnicas. Esse projeto foi denominado de Disney

World. (NADER, 2009)

16

CAPÍTULO II

2 - “GUESTOLOGIA’’ E O DISNEY INSTITUTE

Apesar de, no mundo corporativo a palavra magia não ser muito utilizada, ela é bastante

comum na “The Walt Company Disney’’, mais conhecida como Disney. O ex-presidente do

conselho da The Walt Disney Company, Michael Eisner diz que, para ele, a Disney ‘’ é o lugar

da magia da qualidade, a magia da inovação, a magia dos nossos membros de elenco. Todas as

coisas meio que se misturam’’.

Só porque não é possível atribuir um valor quantificável à

magia não quer dizer que ela não exerça um papel poderoso

na Disney e em outras empresas ao redor do mundo. Na

verdade, é fácil ver os efeitos da magia nos negócios,

particularmente em um lugar como o Walt Disney World.

Basta observar os convidados. A criança que vê o Mickey

pela primeira vez, em tamanho natural e pessoalmente; ou os

pais que voltam ao hotel depois de um longo dia e encontram

o Ursinho Puff de pelúcia em biscoito e leite esperando

pacientemente na cama pelos filhos. Cada um contribui com

o outro pequeno incremento para o índice de retenção do

cliente de mais de 70% do Walt Disney World. (O jeito

Disney de encantar clientes. p.18)

A termo que a Disney se refere para pesquisar o mercado e o cliente, descobrir como ele

é e o que ele espera ao chegar no parque, é chamado de ‘’Guestologia’’, neologismo derivado

de ‘’guest’’ ou convidado, em inglês. Todo empenho e tempo que a parte administrativa da

empresa Disney se dedica a essa guestologia, pode facilmente dar ao mundo corporativo a

importância para o sucesso tanto da Disney quanto para qualquer organização que busque um

atendimento de qualidade. A administração de Recursos Humanos (ARH) caracteriza-se pelo

foco na visão racional, objetiva e normativa dos indivíduos, enfatizando a padronização e

17

instrumentalidade de comportamentos das pessoas, enquanto desvaloriza manifestações da

singularidade de cada sujeito, como seus interesses e expectativas (DAVEL e VEGARA, 2001).

Dentre algumas técnicas de atendimento utilizadas na Disney, a partir da guestologia,

são realizados alguns levantamentos no parque buscando solucionar quaisquer problemas que

venham a aparecer, tais como ‘’Postos de escuta’’ que são fixados em alguns lugares específicos

e estratégicos para que os clientes possam dar a sua opinião e observações, como uma forma de

feedback para que sempre possa haver melhoras em todo o parque de acordo com as

necessidades que os clientes abordam. A Disney também conta com clientes ocultos para

conferir o atendimento dos funcionários denominados membros de elenco.

Os levantamentos que a guestologia proporciona devem ser aplicados regularmente para

que possam se tornar úteis. As pessoas mudam constantemente e o mesmo se aplica as suas

expectativas. A partir dessa observação, a guestologia cria uma estratégia de monitoramento

para que todo o cenário esteja em evolução do cliente ou como é chamado na Disney,

convidado. Por isso, é crucial que todas as informações sejam coletadas em diversos lugares e

momentos.

O Disney Institute foi criado em 1996 com o objetivo de dar suporte a Disney Univers ity

procedendo como primeiro estágio para os interessados na cultura da empresa. Trata-se de um

conjunto de instalações, onde os visitantes tem a oportunidade de entrar em contato com a

história da organização, cultura, valores e suas práticas gerenciais. Nessa oportunidade o

visitante tem ainda, a sua disposição, uma série de cursos relacionados a diversos temas como

desenvolvimento pessoal, gestão empresarial e curiosidades sobre os bastidores.

O Disney Institute foi desenvolvido para dar suporte

à Univesidade Disney. Enquanto está prepara os

funcionários, transformando-os em artistas aptos a viver os

seus papéis no show, o Disney Institute era direcionado aos

hóspedes, com a ideia de revelar segredos de uma empresa

cujo modelo de gestão virou um clássico no mundo da

administração. (NADER, 2014, P.401)

No site, são apresentadas as cinco competências desenvolvidas pelos diversos cursos

oferecidos aos participantes interessados em se desenvolver através da experiência da Disney.

Cursos voltados para a liderança oferecem o desenvolvimento através de um comportamento

testado pelo tempo que demonstra os valores e abordagens de líderes exemplares. No que se

refere à cultura e engajamento de funcionários, os cursos ensinam como disseminar técnicas de

envolvimento dos funcionários para melhorar a cultura corporativa através de cuidados e

18

comunicação. Inscrever-se em cursos relacionados aos serviços Disney, ajudam os indivíduos

e as organizações a transformar seus resultados através do treinamento relacionado a excelência

do serviço ao cliente em uma cultura unificada por um propósito comum. O tema da marca

disponibiliza cursos que ensinam sobre uma autoavaliação e aperfeiçoamento da imagem como

um aprendizado fundamental no desenvolvimento de uma organização. No geral, são cursos

sobre inovação, onde os participantes aprendem a união importante entre a liderança eficaz e

uma cultura concebida para incrementar e estimular a criatividade contínua e inovação. Os

cursos dessa disciplina ensinam técnicas para capitalizar sobre a diversidade dos funcionár ios

e descobrir novas soluções para os desafios empresariais.

2.1 CULTURA ORGANIZACIONAL

A cultura organizacional é um componente significativo dentro das organizações. Por

esta razão, é imprescindível que os gestores capacitem e ensinem os funcionários a respeitar e

entender o valor da cultura, pois é desta maneira, que ele irá obter um melhor desempenho

dentro da empresa. De acordo com Schein, o conceito de cultura organizacional pode ser

estabelecido como

(...) padrão de suposições básicas compartilhadas, que foi

aprendido por um grupo à medida que solucionava seus

problemas de adaptação externa e de integração interna. Esse

padrão tem funcionado bem o suficiente para ser considerado

válido e, por conseguinte, para ser ensinado aos novos

membros como o modo correto de percebe, pensar e sentir-

se em relação a esses problemas. (SCHEIN, 2009, p. 16)

Conforme Schein (2009), a cultura organizacional é constituída por crenças e

pressupostos compartilhados pelos membros de uma organização, e que formam a identidade

da empresa, ou seja, que a diferencia das outras presentes no mercado. São hipóteses e teorias

conceituadas como verdadeiras criadas ao longo de tempo, a partir da adaptação da organização

aos fatores externos que a afetam determinando o comportamento daquele grupo.

As questões formais que integram a cultura da empresa representam tudo que é notório

para os funcionários, enquanto as questões informais, são compostas de subjetividade com uma

capacidade mínima de compreensão. Seja qual for o empreendedor que funda uma empresa,

19

carrega consigo objetivos, metas e perspectivas a serem alcançadas, da mesma forma que os

valores e regras que considera a maneira que deve funcionar dentro de sua organização.

A partir da incorporação de novos integrantes na equipe de trabalho, o criador da

empresa ensinará a forma de trabalho que ele espera que seja realizada, suas expectativas,

pensamentos e valores a serem cumpridos para o alcance de metas. Dessa forma, sua equipe irá

confiar e seguir seus ensinamentos através da confiança que o fundador passar. “(...) e se o

comportamento resultante levar ao sucesso, as crenças e valores do fundador serão confirmados

e reforçados, e mais importante, passarão a ser reconhecidos como compartilhados” (SCHEIN,

2009, p. 15). Como resultado, o comportamento de seus funcionários será sempre de agir da

forma correta e ensinada por seu superior com o objetivo de atender todos os objetivos impostos

pelo gestor. Seguindo o raciocínio de Schein (2009), este processo é chamado de formação

cultural.

Cultura, para Shein é constituída por elementos que ultrapassam o conceito de distribuir

algumas tradições, valores e regras, como: padronização, estabilidade e extensão. A

estabilidade é o um fator imprescindível da cultura, pois sendo ela, uma vez criada, faz com

que a identidade da empresa tende a ser imutável, tornando-se estável. Assim como a extensão

e a padronização, que se tornam atributos à cultura atingindo a todos os indivíduos da empresa,

frisando os valores, crenças e comportamentos para atingir a mais precisa ordem na

organização.

Sobre a cultura organizacional da Disney, Nader (2014) afirma que “(...) a Disney tem

uma das culturas mais enraizadas do mundo(...). Uma cultura amadurecida durante oitenta anos

e responsável por grande parte do sucesso da companhia”. (NADER, 2014, p.329). Conforme

o Disney Institute (2011), em 1931, Walt decidiu aumentar o quadro de funcionários nos

estúdios Disney, e foi neste momento que o fundador da empresa decidiu formalizar todos os

sistemas de treinamento e determinar os elementos da cultura organizacional, que persistem até

hoje. No ano de 1955, quando o primeiro parque temático da Disney foi inaugurado, Walt

Disney criou a Disney University, a primeira universidade corporativa do mundo, que tinha

como objetivo principal ensinar aos novos funcionários a importância de entregar serviços de

qualidade ao cliente. A Disney University é descrita por LIPP como “uma instituição que

mudou para sempre a profissão de treinamento e desenvolvimento de funcionários” (LIPP,

2014, p. 17), como o próprio autor afirma, essa universidade corporativa “evoca imagens de

excelência” (LIPP, 2014, p.33), e é o alicerce da cultura organizacional. O autor ressalta que a

instituição “se certifica de que todo funcionário é apresentado a empresa e entende a

20

importância da marca: os valores da Disney, a história da Disney e as tradições da Disney”

(LIPP, 2014, p.48).

Na Disney University, existem etapas em que os novos membros da empresa necessitam

passar no treinamento, chamado Traditions, que segundo o Disney Institute “(...) une todos os

membros do elenco com metas, linguagem e comportamentos em comum e oferece uma ampla

visão do que se espera no atendimento de qualidade” (DISNEY INSTITUTE, 2011, p.64).

Segundo Brito e Pereira (1996, p.7), “(...) os ritos de passagem facilitam a transição de pessoas

para estados e papéis.

O Traditions é um acesso à socialização entre os novos membros na organização. “Para

esse fim, o programa utiliza uma variedade de técnicas de treinamento, incluindo aulas

expositivas, histórias, vídeos, exercícios, discussões em grandes e pequenos grupos e

experiências de campo. ” (DISNEY INSTITUTE, 2011, p. 56). O Traditions também possui

uma parte prática onde os instrutores desse treinamento não são membros da área de recursos

humanos e também de funcionários de diversas áreas da empresa que se candidatam de forma

voluntária para atuar como facilitadores do treinamento, “(...) a cada ano, os membros do elenco

escolhidos deixam suas funções cotidianas em intervalos regulares para ensinar o curso”

(DISNEY INSTITUTE, 2011, p.56).

Outro fator importante na cultura organizacional é a aparência dos membros do elenco

quando estão no palco (toda área que pode ser vista por um convidado). Segundo o Disney

Institute (2011), no programa Traditions, cada novo membro recebe uma lista com instruções

de apresentação, que incluem desde o tamanho e cor do cabelo e a uso de jóias, até a sua postura

e expressões faciais. Todas essas regras foram criadas com o intuito de contribuir para um

atendimento de excelência, seguindo uma aparência limpa e apropriada, provocando, todas as

vezes, uma boa impressão nos convidados, unindo “todos os membros do elenco com metas,

linguagem e comportamentos em comum e oferecendo uma ampla visão do que se espera no

atendimento de qualidade”. (DISNEY INSTITUTE, 2011, p.64).

2.2 VALORES ORGANIZACIONAIS

As empresas que possuem uma cultura organizacional sólida, são constituídas de

valores que funcionam como regras, influenciando as ações da equipe no dia a dia de trabalho,

além de definir de que maneira os funcionários devem se comportar. De acordo com Tamayo e

Gondim (1996), os valores organizacionais são definidos:

21

(...) princípios ou crenças, organizados

hierarquicamente, relativos a tipos de estrutura ou a modelos

de comportamento desejáveis que orientam a vida da

empresa e estão a serviço de interesses individuais, coletivos

ou mistos. (TAMAYO e GONDIM, 1996, p. 63)

Tomei (2008, p.34) declara que “(...) os valores existem em redes organizadas, e servem

como guia regulatório, especificando, por exemplo, modos de comportamento que são

socialmente aceitos”. Conforme Katz e Kahn (1974) afirmam os três principais fatores que

definem e direcionam o funcionamento de toda e qualquer empresa são as suas funções, normas

e valores, sendo os valores anseios ideológicos compartilhados por todos ou a maioria dos

membros da organização. Tomei (2008) determina que entre as muitas definições de valores

organizacionais, existem algumas características que são comuns a todas, como:

Tem uma natureza mais geral do que específica; podem ser

aplicados em múltiplos níveis; são duradouros e transcendem

situações específicas; proveem senso de propósito para o

comportamento individual; são a base para a geração de

comportamentos adequados as necessidades dos grupos.

(TOMEI, 2008, p. 34)

Tamayo e Gondim (1996) sugerem que é possível encontrar certos elementos que

necessitam ser destacados no momento de estabelecer os valores organizacionais. Esses serão

detalhados como aspectos cognitivos e emocionais.

O aspecto cognitivo “(...) constitui um elemento básico, já que valores são crenças

existentes na empresa...” (TAMAYO e GONDIM, 1996, p.63). Aquelas crenças que constituem

um valor compõe o sistema de valores da organização, que mostra o que é desejável ou não

para a mesma.

O aspecto emocional expressa os interesses e desejos de alguém, seja de um indivíduo,

diretor, ou qualquer outra pessoa influente na empresa. Este aspecto “(...) refere-se a expressão

de metas fundamentais da organização. Podem determinar a quantidade de esforço que os seus

membros dedicam para emitir um dado comportamento, bem como a persistência na sua

execução.” (OLIVEIRA E TAMAYO, 2004, p.130).

Tamayo e Gondim (1996, p.63) afirmam também que “os valores tem como função

orientar a vida da empresa, guiar o comportamento do seus membros”. O seu objetivo principa l

é guiar os funcionários na sua forma de pensar e atuar, e não só influenciar o comportamento

22

de cada um, “mas também o julgamento que ele faz do comportamento dos demais, pertinente

ao sistema organizacional” (TAMAYO E GONDIM, 1996, p.63).

Os autores argumentam outros fatores importantes no que se refere aos valores

organizacionais. O primeiro é “(...) criar entre os empregados modelos mentais semelhantes,

relativos ao funcionamento e a missão da organização, evitando percepções diferentes que,

certamente, teriam repercussões no comportamento e atitudes dos empregados” (TAMAYO E

OLIVEIRA, 2004, p.130).

Outro fator importante é o fato de construírem a identidade da empresa, a qual

diferencia das outras organizações. Porém é de extrema importância entender que o que capacita

a diferenciação de uma organização para outra, é o seu grau de importância que é atribuido aos

valores. Conforme Tamayo e Oliveira (2004, p.130), “(...) os valores estão organizados de

forma hierárquica, indicando o grau de preferência por determinados comportamentos, metas

ou estratégias”. Um ponto importante é que os valores organizacionais não são necessariamente

os mesmos que os valores individuais de cada membro da organização.

Tamayo e Gondim (1996, p.64), “por valores organizacionais entende-se que são os

percebidos pelos empregados como efetivamente característicos da organização”, devido a isso,

direcionam o funcionamento da empresa e as devidas ações de seus membros. Existem

estratégias para avaliar os valores organizacionais. Primeiramente deve-se analisar toda a

documentação referente à organização, sendo eles: relatórios, revistas, entre outros, e identificar

os valores que são ressaltados. Um critério estabelecido a esse método é que os valores podem

ser encontrados nos documentos, porém não na prática organizacional diária. (TAMAYO e

OLIVEIRA, 2004). A segunda estratégia também é muito questionada, pois utiliza os valores

pessoais como forma de estudar os valores da organização, e não especificamente esses valores

serão os mesmos. Tamayo (1996) propõe um terceiro critério para poder avaliar os valores

organizacionais, este “(...) consiste em estudar os valores organizacionais a partir da percepção

que os empregados tem dos valores existentes e praticados na sua empresa” (TAMAYO e

OLIVEIRA, 2004, p.130).

Tamayo e Gondim (1996) determinam os valores organizacionais em dois níveis. O

primeiro nível sendo o real, que são os valores que orientam os membros da organização,

direcionando nas decisões para serem tomadas e as políticas que devem ser seguidas. O segundo

nível é determinado como ideal, ou seja, os valores que os membros acreditam que a empresa

deveria seguir.

No decorrer do processo de socialização, os membros podem vir a mudar suas

percepções sobre todos os valores, e essas mudanças são causadas por três mecanismos:

23

Os novos entrantes fazem uma adaptação dos seus

valores com os novos valores adquiridos na empresa, a partir

da socialização; Os indivíduos mudam os seus valores a

partir das experiências que vivenciaram no ambiente de

trabalho; Os valores mudam com o passar do tempo, como

consequência de certos eventos internos e externos.

(BURJACK, 2012 apud CHATMAN, 1989)

2.3 VALORES ORGANIZACIONAIS DA DISNEY E O PODER DO ATENDIMENTO.

O meu negócio faz com que as pessoas,

especialmente as crianças, sejam felizes.

Walt Disney

O tema do atendimento Disney veio evoluindo ao longo dos anos, sempre mantendo o

foco na ética do atendimento, apresentado aos membros do atendimento que são passados pela

Disney University/Institute. A Disney Institute é o programa de treinamento para funcionár ios

da Disney, também conhecido como membros do elenco. Os membros do elenco da Disney

recebem uma variedade de oportunidades, incluindo patrimônio e tradições da Disney,

desenvolvimento pessoal e profissional, e no treinamento de trabalho. Embora a Disney

Institute não seja uma instituição credenciada, os cursos são principalmente projetados,

desenvolvidos e entregues por profissionais de aprendizado experientes. No entanto, para se

inscrever, é necessário estar matriculado em uma faculdade credenciada que lhe permitirá fazer

aulas e trabalhar na Disney.

Nas primeiras aulas de orientação da Disney Institute, os membros do elenco

aprenderam o princípio fundamental: “Nós criamos felicidade”. Esse termo, ao longo dos anos,

foi modificado para que a felicidade não fosse destinada somente a crianças, ou adultos, ou a

idosos e sim uma felicidade imensurável para qualquer idade. É utilizado um termo chamado

de “supergerenciamento” na Disney Institute para: pensar em estratégias diferentes de como as

outras empresas pensam, de um grau mais elevado e prestar uma atenção extraordinária a todos

24

os detalhes que cercam todos os processos. Há mais de duas décadas que o Disney Institute tem

se concentrado em cinco áreas principais que a Walt Disney Company “supergerência”: serviço,

lealdade à marca, criatividade e inovação e liderança e cultura.

O novo membro de elenco aprenderá, por exemplo, que todos são responsáveis pela

magia, não só o pessoal da linha de frente, mas também o jardineiro, o caixa da loja, o

encarregado da limpeza etc. Segundo Davel e Vergara (2001), os trabalhadores não fazem

apenas parte da vida produtiva das empresas. Elas formam o princípio essencial de sua

atividade, percebem que há energia nas atividades e processos, são capazes de inovar, criar,

recriar contextos e situações que podem levar a organização a tomar partido de maneira

competitiva, cooperadora e individualizada com os clientes, em outras organizações. Entende -

se, que o fator humano é o maior operante das empresas e também a principal aporte para que

a mesma consiga atingir os seus objetivos e prestar serviços da mais alta. Afinal, a qualidade

nos serviços prestados se manterá subjetiva e requerida pelos clientes que estão cada vez mais

exigentes.

“O atendimento atua como promessa para os clientes e propósito para os funcionár ios

(...)” (DISNEY INSTITUTE, 2011, p.43). Essa promessa é realizada através dos valores de

atendimento criados pela empresa, e que devem ser priorizados em todas as ações executadas

pelos funcionários visando a melhor experiência para o convidado. Os padrões de atendimento

no resort Disney são determinads a partir de quatro valores, segurança, cortesia, espetáculo e

eficiência, conhecidos dentro da empresa como The Four Key’s, ou seja, as quatro chaves que

levam a empresa ao sucesso, “(...) representam os valores norteadores de toda decisão” (LIPP,

2014, p.94).

O objetivo é que esse funcionário saia motivado, incentivado e capaz de preservar toda

a experiência do convidado. E o mais importante: fazer algo a mais por ele. A meta é “colocar

a Disney nas pessoas” fazendo contato visual e sorrir, cumprimentando e dando boas-vindas a

cada e todo convidado (cliente), buscar o contato com o convidado de modo que ouça todas as

necessidades dele; oferecendo assistência e responda suas perguntas, proporcionando imediata

recuperação do atendimento, solucionando imediatamente uma falha no atendimento ao

convidado antes que se torne um problema a ele. Manter uma linguagem corporal apropriada

todo tempo, ou seja, sua aparência sempre atenciosa, boa postura, expressão facial apropriada

e por fim agradecer sempre a todo convidado.

É uma chance de conquistar ou perder um cliente. Tentamos

fazer que os nossos membros de elenco sintam que fazem

25

parte da família, que compartilham uma herança especial.

Cara fechada, indiferença ou um papel de bala jogado no

chão representa uma intrusão no mundo mágico que os

nossos parques temáticos são projetados para criar.

(DISNEY INSTITUTE, 2001, p.64.)

2.4 SEGURANÇA, CORTESIA, ESPETÁCULO E EFICIÊNCIA

Nos anos 1940, quando Walt Disney idealizou a Disneyland,

eles constituíram uma parte implícita de sua visão de parque

de diversões que fosse diferente de todos aos quais ele levava

suas filhas. O parque seria limpo, os funcionários seriam

amistosos e toda a família se divertiria nele. (A magia do

atendimento Disney. Cap. 2, p.50)

Foi criado em 1955, pelo consultor de treinamento Dick Nunes, o curso de orientação

para os primeiros membros de elenco da Disneyland e ele teria como intuito principal trabalhar

com base no tema ‘’criar felicidade’’. Em 1962, Dick reelaborou esses comportamentos na

forma de quatro componentes ou as “quatro chaves” capazes de realizar um ‘’bom show’’ e que

constituem os padrões de atendimento Disney. São eles: Segurança, Cortesia, Espetáculo e

Eficiência (termo que anteriormente era chamado de capacidade).

2.4.1 Segurança

(...) é função de todo o elenco garantir a segurança, tanto dos

convidados como dos membros da equipe. (NADER, 2014,

p.398)

Como prioridade, o elemento segurança requer nada mais, nada menos do que o ‘’bem-

estar e a paz de espírito’’ dos seus convidados e ao adquirir a segurança como um dos padrões

de atendimento, a Disney assegura que a segurança de cada lugar do parque seja atendida. As

medidas de segurança tomadas pela Disney, muitas vezes superam as medidas que as normas

exigem. Essas medidas são inseridas em todas as atrações, nos sistemas de transporte, nos

26

restaurantes, hotéis de todo Walt Disney World e todas elas capacitadas não somente a equipe

de segurança, mas como todos os membros do elenco específicos de cada área.

2.4.2 Cortesia

“O segundo valor mais importante é a cortesia. Os membros

do elenco sabem o valor do sorriso em seu rosto e em sua voz

e a importância de cativar os convidados” (NADER, 2014,

p.94).

O padrão de atendimento ‘’cortesia’’ tem como objetivo principal dar um tratamento

VIP para cada convidado da Walt Disney World, ou seja, um tratamento de uma pessoa muito

importante. Esse padrão não somente exemplifica exatamente o termo ‘’tratar os outros como

gostaria de ser tratado’’ como capacita os membros do elenco reconhecer e respeitar as emoções

e culturas dos convidados. “Os membros do elenco sabem o valor do sorriso em seu rosto e em

sua voz e a importância de cativar os convidados” (NADER, 2014, p.94).

Um exemplo de como é capaz de identificar um membro de elenco da Disney pelas ruas

de Orlando, Flórida, é perguntar como se chega em um determinado lugar, se a pessoa responder

indicando dois ou mais dedos ou até mesmo uma mão aberta, as chances de trabalhar na Disney

são grandes, pois em seu treinamento, é ensinado ao membro de elenco que apontar com apenas

um dedo, em algumas culturas, é indelicado.

O elenco da Disney é capacitado a assumir uma extensa responsabilidade pela felicidade

dos convidados, sabendo responder adequadamente as perguntas que surgirem, sendo gentil e,

sempre que possível, levar os convidados aos seus destinos. Fazer da cortesia um padrão de

atendimento, significa transformá- la em um conjunto de comportamentos inseridos em toda a

organização. Isso faz com que o Walt Disney World seja responsável por recrutar, contratar e

treinar um elenco com todas as excelentes habilidades interpessoais. O elenco aprende a assumir

ampla responsabilidade por toda a felicidade do convidado, sendo amistoso, sabendo todas as

respostas para as perguntas mais comuns e, quando possível, levando pessoalmente esses

convidados até os seus respectivos destinos. Para os membros do elenco, isso significa adotar

27

uma abordagem proativa a cortesia, se antecipando aos acontecimentos e se oferecendo para

ajudar e se envolver com os convidados do Walt Disney World.

2.4.3 Espetáculo

O padrão de atendimento “espetáculo” requer um entretenimento excepcional e

ininterrupto para os convidados. O tema do atendimento exige “o melhor atendimento˜ e do

mais alto nível, o que significa uma apresentação do começo ao fim da estadia de um convidado

no resort. O fato dos parques temáticos da Walt Disney serem os mais populares do mundo, é

uma prova da concretização do padrão do espetáculo. Walt Disney sempre se concentrou em

proporcionar ˜um bom espetáculo˜, na qual a atenção do público nunca fosse involuntariamente

desviada ou interrompida. A busca de um espetáculo ininterrupto é uma força impulsionadora

na organização. A história é um conceito repetido por todos os parques. Cada resort é construído

ao redor de uma história e cada detalhe de design, do cenário sustenta o tema dessa história.

Cada parque é construído com base em uma ou mais histórias e seu design, das latas de lixo as

bebidas, também ecoa essas histórias.

Da linguagem teatral a aparência dos membros de elenco, os personagens icônicos dos

contos de fada, os recursos humanos do negócio constituem uma parte integral do espetáculo.

Trabalhos são apresentações, uniformes são fantasias. Tudo resulta em um espetáculo contínuo.

2.4.4 Eficiência

O último complemento do padrão de atendimento Disney tem a função de que todas as

atrações apresentadas pelo parque não tenham nenhum contratempo. A Disney tem como

prioridade buscar a eficiência em todas as suas propriedades. Ela é capaz de analisar todo o

fluxo de convidados e os padrões de mais alto nível para atendê-los. Porém não é suficiente

apenas identificar os padrões de atendimento sem que todos eles, com a sua devida importânc ia,

sejam priorizados na sua ordem de priorização como foi demonstrado acima: segurança,

cortesia, espetáculo e eficiência, no momento que surgirem problemas.

28

O membro de elenco imediatamente coloca a segurança de

um convidado com necessidades especiais à frente da

eficiência do processo de transporte, da continuidade do

espetáculo e até mesmo do tratamento cortes de outro

convidado. ’’ (A magia do atendimento Disney, cap. 2, p.54)

A Disney busca a eficiência em todas as suas propriedades. A empresa investiga todo a

demanda de convidados e seus padrões para proporcionar equipamentos adequados. Os

resultados de vendas são analisados para que consiga proporcionar a variedade e a quantidade

para que todos os produtos e serviços, possam assegurar a melhor experiência do cliente. A

diferença entre os padrões e metas de desempenho são muito importantes por conta de seu uso

na avaliação de desempenho entre os funcionários.

Ao distinguir os padrões e metas, a empresa pode ser firme quanto a suprir as

expectativas dos clientes no que se refere aos padrões de desempenho, sem deixar de ser realista

quanto ao que as equipes podem realmente realizar. A gerência deve se manter firme no

estabelecimento dos padrões corretos e sendo flexível na negociação quanto às metas de

desempenho para que se tornem a realidade operacional.

Essa separação entre alguns padrões e metas é imprescindível por três razões, como

define Lovelock (2011). Em primeiro lugar, os padrões, que devem ser corretos. Em segundo,

quando bem preparados, os gestores de departamento conseguem estabelecer as metas de

desempenho pouco a pouco para melhor atender às expectativas dos clientes. Em terceiro, ajuda

quanto à aceitação de padrões de serviços de modo que consiga prover liberdade de ação entre

gerentes e funcionários. Empresas de serviço deveriam tentar sempre buscar o mais alto

desempenho de modo consistente em cada etapa, segundo Lovelock (2011).

1- Instalações físicas projetadas para receber clientes e utilizadas para entregar serviços

de processamento de pessoas ou de estímulo mental.

2- Instalações físicas projetadas para armazenas ou processar bens pertencentes a

clientes ou que lhes são oferecidos para venda.

3- Equipamentos físicos usados para processar pessoas, posses ou informações podem

abranger uma imensa faixa de itens e ser muito específicos para determinada

situação. Equipamentos de diagnóstico, detectores de segurança em aeroportos,

cabines de pedágio, caixas eletrônicos, de bancos e ‘posições’ em uma central de

29

atendimento estão entre os muitos itens que, se não existirem em 36 número

suficiente para o nível de demanda, podem fazer com que o serviço se arraste.

4- Mão de obra, elemento fundamental de capacidade produtiva em todos os serviços

de alto contato e em muitos de baixo contato. Níveis de pessoal – sejam garçons,

enfermeiras ou atendentes de centrais de serviço – precisam ser suficientes para

atender a demanda prevista; caso contrário, os clientes esperam ou o serviço fica

apressado. Serviços profissionais, em especial, dependem de pessoal altamente

qualificado para criar resultados de alto valor agregado, baseados em informação.

5- Infraestrutura. Muitas organizações dependem de acesso à capacidade suficiente de

infraestrutura pública ou provada para entregar serviço de qualidade. Entre os

problemas de capacidade dessa natureza podem figurar aerovias congestionadas que

levam a restrições no tráfego aéreo, engarrafamentos em rodovias importantes e

falhas no fornecimento de energia elétrica ou luz insuficiente causada por voltagem

reduzida.

Lovelock (2011) afirma que, em geral, alguns tempos de processamento são mais

variáveis para pessoas do que para objetos, refletindo níveis variáveis de preparo e assim por

diante. Serviços nem sempre são homogêneos e em serviços profissionais quanto em consertos,

tempos de diagnóstico e tratamento variam conforme a natureza dos problemas dos clientes.

Lovelock (2011) também garante que gestores são capazes de tomar diversas providências para

melhorar sua capacidade conforme necessário. São elas:

Programar períodos de parada durante períodos de baixa demanda. Para garantir

que cem por cento da capacidade esteja disponível em períodos de pico,

consertos e reformas devem ser executados quando se espera que a demanda seja

baixa. Funcionários também devem tirar férias esses períodos. As atrações dos

parques de Walt Disney World tendem a entrar em manutenção em momentos

distintos do ano, e sempre em épocas de baixa temporada.

Treinar funcionários em várias atividades. Mesmo quando o sistema de entrega

de serviço parece funcionar com capacidade total, certos elementos físicos e os

funcionários designados a eles tendem a ser inutilizados. Se forem treinados para

executar várias atividades, eles podem ser descolados para pontos de gargalo,

conforme necessário, aumentando assim, a capacidade total do sistema. Os

gerentes de diversas áreas dos parques Disney têm a liberdade de remanejar seus

30

funcionários para determinado setor que demande maior mão de obra. A Disney

também costuma separar um funcionário extra para ficar ‘de reserva’, e caso haja

algum problema com alguém da equipe, este funcionário imediatamente assume

o posto;

Usar funcionários de tempo parcial. A Disney contrata mão de obra extra

temporária para trabalhar na alta temporada, como nos períodos de verão e festas

de fim de ano.

Convidar clientes a usar o autosserviço. Se o número de funcionários for

limitado, a capacidade poderá ser ampliada e envolver clientes na produção de

certas tarefas. Uma boa solução é agregar tecnologias de autosserviço, como o

aplicativo para celular My Disney Experience, onde o usuário pode consultar 38

todos os horários das atrações de todos os parques, permite fazer reservas em

hotéis e restaurantes, agendar FastPass+ (serviço onde o visitante pode agendar

um horário em três atrações do parque que deseja ir em determinado dia,

enfrentando uma fila menor que o normal);

Solicitar compartilhamento entre clientes. A capacidade pode ser ampliada

solicitando-se aos clientes que compartilhem uma unidade de capacidade, em

geral, dedicada a um indivíduo. Os restaurantes Disney de alta demanda, por

exemplo, muitas vezes adotam esta prática, alocando famílias diferentes numa

mesma mesa para que esta esteja completamente preenchida.

Criar capacidade flexível. Às vezes, o problema não é a capacidade geral, mas o

composto empregado para atender às necessidades de vários segmentos. Uma

solução é projetar instalações físicas flexíveis. Por exemplo, as mesas de um

restaurante podem ser todas de dois lugares. Quando necessário, mudam para

mesas de quatro lugar de acordo com a demanda.

31

CAPÍTULO III

3 - OS PADRÕES DE ATENDIMENTO: O SEGREDO POR TRÁS DA CRIAÇÃO DA

FELICIDADE

O Walt Disney World criou um ambiente que recebia currículos de funcionários de todas

as culturas, religiões, gêneros, raças, etnias, condições físicas e orientação sexual. Porém essa

inclusão não engloba simplesmente a política de contratação de pessoal, significa engajar e

envolver os funcionários e mostrar a eles que cada um deles é importante da sua maneira.

”Dentro do palco” o ambiente de trabalho pode aparentar ser o mais diferente possível, mas se

os membros de elenco não forem verdadeiramente respeitados e não recebem o seu devido valor

garantia e de apenas uma aparente diversidade, não a verdadeira proposta de inclusão.

A inclusão é essencial por um simples motivo: quando cada indivíduo é importante e

ele/ela sabem que são importantes, os funcionários vão trabalhar felizes, e eles anseiam em dar

o máximo de sua energia, criatividade e lealdade. O resultado é previsível: muito mais

produtividade e satisfação e muito menos indiferença. Por outro lado, quando as pessoas não se

sentem incluídas, elas se tornam apáticas e produzem menos que sua capacidade. É de extrema

importância entender que todas as pessoas querem se sentir incluídas, serem ouvidas e

respeitadas em seu ambiente de trabalho. Elas querem que suas opiniões sejam ouvidas e

levadas a sério. Por isso é extremamente importante que líderes assegurem que todas as pessoas

no ambiente de trabalho

Na Disney, as abordagens de inclusão são baseadas da seguinte forma: respeito,

apreciação e dar valor a todas as pessoas. Se você respeita, aprecia e dá valor a seus

funcionários, consequentemente as pessoas vão fazer fila para trabalhar com você, e seus atuais

empregados não vão querer sair. Isso é exatamente o que aconteceu na Walt Disney World.

Davel e Vergara (2010, p. 13) concordam que “quanto mais os resultados organizaciona is

dependem das pessoas, maiores serão as repercussões e responsabilidades dos gestores em

compreenderem a natureza humana em todas as suas dimensões, em toda a sua complexidade”.

32

Davel e Vergara (2010, p. 6) ressaltam também que, desde 1970, quando o setor de

recursos humanos surge como campo teórico e prática social, os modelos sustentam-se “do

behaviorismo organizacional e da psicologia comportamentalista americana com expectativas

de encontrar formas de administrar o capital humano nas empresas, visando à maximização dos

benefícios econômicos advindos do alinhamento entre o potencial dos empregados e os

objetivos empresariais”. Todavia, as organizações lidam sempre com situações conflitantes.

Concomitantemente, num ambiente em que há grande competitividade, mesmo que na Disney

World, buscam diminuir imprecisões, pois situações novas trazem inevitavelmente algum risco.

Constata-se que a gestão de pessoas dentro da empresa, tem a responsabilidade de

refletir as adversidades e os paradoxos organizacionais. Os aspectos culturais e sociais que

compartilham o mesmo campo organizacional considerado como um sistema, denotam-se de

forma específica nos processos que envolvem as políticas de recursos humanos. As causas dessa

concepção mecanicista tornam-se obvia no ambiente organizacional contemporâneo.

A Walt Disney aplicou uma série de estratégias para criar uma cultura de inclusão na

sua organização. Essas estratégias mostram como adotaram um ambiente onde seus

funcionários são engajados, motivados e completamente comprometidos com os valores e

objetivos da empresa. Quando as pessoas se sentem valorizadas pelas suas habilidades e o valor

que elas agregam ao time, seus níveis de comprometimento aumentam gradativamente.

Como resultado, a Disney é capaz de recrutar os melhores e mais dedicados

funcionários, mantendo baixos os índices de rotatividade e problemas de disciplina.

O princípio de que cada funcionário é parte fundamental também possui outra vantagem.

Se todo e qualquer trabalho não fosse relevante, não haveria razão para fazê-lo. Por exemplo,

as pessoas que limpam os banheiros varrem o chão e esvaziam as lixeiras possuem a mesma

importância que os executivos, gerentes, supervisores e diretores. Quem sabe até mesmo mais

importantes. Os responsáveis por recolher os ingressos nas entradas dos parques, recepcionistas

que atendem aos telefonemas. Elas são as pessoas que causam as primeiras impressões aos

visitantes. Muitas dessas pessoas iriam passar as suas férias em outro lugar se os banheiros dos

parques fossem sujos e os funcionários fossem rudes e broncos. Todos os funcionários são

importantes.

Assim como a Disney, toda organização deve conhecer e reconhecer o seu time. Cada

trabalhador tem as suas diferentes motivações, prioridades e sonhos. Os funcionários são das

mais variadas realidades e diferentes áreas do mundo. Para fazê-los se sentirem especiais, é

necessário conhecer cada um deles. As suas experiências profissionais anteriores, talentos e

habilidades e seus objetivos. Para o funcionário, é muito gratificante ver que seu gestor se

33

lembrou de algum mínimo detalhe sobre sua vida. Muitos líderes tendem a manter distância de

seus funcionários, acreditando que sua liderança será melhor se projetarem um perfil sério e

profissional, ocultando suas fraquezas e defeitos.

É de extrema importância, na Walt Disney World, que os líderes interajam com todos

com o mesmo respeito. O funcionário sabe perfeitamente quando seu líder ignora sua

existência, causando uma perspectiva ruim de que aquele funcionário não possui o seu devido

valor. Todos os funcionários da Walt Disney World, principalmente os gerentes e supervisores,

andam pelos parques, fazendo questão de cumprimentar o maior número de colegas de trabalho

possível.

3.1 “O DISNEY LOOK”

Também é nesta etapa inicial do treinamento que os

funcionários aprendem sobre os elementos que fazem parte

da cultura organizacional, a linguagem e os padrões de

aparência da organização, chamados Disney Look.

(DISNEY INSTITUTE, 2011).

Desde a abertura do Disneyland, o primeiro parque da Disney, em 1955, os visitantes

vivenciam todos os elementos que compõem os parques: ambientes limpos, funcionár ios

sempre amigáveis e o mais incrível espetáculo. Grande parte dele é atribuída aos funcionár ios,

que estão sempre sorrindo, disponíveis a ajudar e dispostos a preservar o “Disney Look’’.

Como um funcionário em qualquer uma das propriedades, parques ou resorts, este é a

representação viva de toda a tradição e excelência Disney. Os funcionários que tem contato

com os visitantes, estão sempre devidamente uniformizados e são uma parte crucial na

experiência do espetáculo. Independente da função, para a organização Disney, quando um

funcionário está orgulhoso da sua aparência, ele se torna um modelo a ser seguido para todos

aqueles que estão a sua volta, e são capazes de transbordar a atitude de excelência, sinônimo

esse do nome Disney. O Disney Look, como parte das quatro chaves, reafirma a visão de Disney

para proporcionar uma fantástica experiência aos seus visitantes.

O Disney Look é denominado por uma aparência clássica, neutra, comportada e

profissional, que evita extremos estilos ou tendências, desenhados para os funcionár ios

apresentarem-se sempre que em contato com algum visitante. Além de todos os deveres e

34

responsabilidades de um funcionário Disney, ele é esperado a demonstrar sempre o

profissionalismo e bom senso em todos os momentos relacionados com a sua aparência. Por

este motivo, sempre que surgir alguma dúvida sobre a sua adequação de aparência, é de extrema

importância que o funcionário tenha em mente que, qualquer coisa que poderia ser considerada

uma distração no que se refere ao espetáculo Disney, não é permitida.

Pela linguagem do corpo, você diz muitas coisas aos outros.

E eles têm coisas a dizer para você. Também nosso corpo é

antes de tudo um centro de informações para nós mesmos. É

uma linguagem que não mente, e cuja estrutura é

demonstrada nas páginas que você tem agora em suas mãos.

Elas darão a você uma nova dimensão na comunicação

pessoal. (WEL TOMPAKOW, 1986)

Não importa onde o funcionário trabalha ou o qual a sua função, sempre que estiver em

uma área pública, que possa ser visto e abordado por algum visitante, ele deve estar “no palco”.

Muitas vezes são coisas tidas como pequenas, que prejudicam a imagem da Disney perante os

visitantes - chicletes, má postura, mau humor, ou simplesmente franzir a testa. Fumar e comer

durante o trabalho também são estritamente proibidos. Tudo isto se acrescenta a um dos

aspectos mais importantes do papel do funcionário no espetáculo Disney: a boa presença de

palco.

3.2 CULTURA DE APRESENTAÇÃO

Para fortalecer ainda mais o desempenho de como cada funcionário da Disney deve

atuar em seu dia a dia de trabalho, a empresa promove mais um treinamento específico para

cada área de trabalho e as diferentes atuações. Cada local na parte de dentro da Disney tem uma

cultura de apresentação individualizada e característica, ordenada à cultura empresarial. Essa

“cultura de apresentação” é denominada como um conjunto de comportamentos, termos e

valores que são qualificados aos novos membros do elenco quando eles entram no local de

trabalho.

Cada parque tem seu tema e é separado em áreas menores tendo temáticas especificas,

o mesmo acontece com as culturas empresariais locais. Por exemplo, o principal tema do Magic

Kingdom é a magia, ou seja, passar para os visitantes a sensação de estarem em um conto de

35

fadas. Porém, cada parte do parque conta um conto de fada diferente. Dessa forma, o

treinamento funciona a partir do macro para o micro.

Inicia-se no programa Traditions como uma visão macro da cultura da empresa como

um todo, começa na cultura local do ambiente em que a pessoa irá trabalhar e termina com

capacitação na área de atuação do mesmo. Esse treinamento local acontece durante uma

semana, na qual o funcionário utiliza de um crachá vermelho diferenciado para indicar aos

outros cast members e para os convidados de que ele está em treinamento. A finalização ocorre

através de um teste que mostra a aptidão do funcionário para tomada de decisões e demonstrar

sua pró-atividade. Desse momento em diante o funcionário está preparado para começar de

forma correta, segura e poder agir sempre colocando o convidado em primeiro lugar. Dessa

maneira é considerado que agora ele está completamente inserido na cultura empresarial e local,

de forma a auxiliar a forma que Walt Disney queria passar em seus parques temáticos.

3.3 COMUNICAÇÃO INTERNA

Na Disney, todos os funcionários são tratados da mesma forma. Todos, se refere desde

o responsável pelos serviços gerais à os diretores e presidentes da organização, e são chamados

igualmente de Membros do Elenco. Essa visão de que todos devem ser considerados

semelhantes e que o sucesso da empresa só pode ser representado através do desempenho de

todos os papéis para que o espetáculo seja realmente inigualável como o Disney sonhou.

Dessa maneira, um sistema de pontuação determina quantas vezes o funcionário chegou

atrasado, quantas vezes faltou por motivos pessoais e por doença. Existem também informações

de interesse relacionadas a todos os funcionários, tais como: cupom de desconto, vantagens em

lojas, promoções na própria Disney, pacotes de viagem e informações gerais dos parques e da

empresa. São encontradas também mensagens motivadoras e pela empresa à todos os membros

do elenco. Os computadores também são utilizados para os funcionários como folha de ponto,

recebem a lista de atividades que deverão ser realizadas no dia, seus horários e a durações

específicas referentes aos almoços. Dessa forma, fica mais fácil de tratar todos os funcionár ios

de maneira igual, sem mostrar preferência.

Outra tecnologia utilizada diariamente nos parques, entre os membros de elenco e

diretoria, são os rádios. Toda posição nos parques e nos resorts são de obrigatoriedade o uso de

seu próprio rádio. Essa é uma forma de garantia para uma comunicação direta e instantânea

entre os colaboradores para que decisões sejam tomadas de forma rápida e eficaz. Outra forma

36

também de comunicação direta e são palestras e cursos oferecidos aos colaboradores a todo

momento.

Um meio de comunicação ainda mais direto, extremamente utilizado nos parques pelos

membros são reuniões, em alguns casos até diariamente. Os líderes conduzem conversas com

espaço para feedback e atividades que lembram a todos o que é trabalhar na Disney e quais são

as atitudes que devem ser valorizadas.

37

CAPÍTULO IV

4. O PROCESSO DE ENDOMARKETING

O endomarketing, ou também chamado de marketing interno, é considerado uma

disciplina nova que atua entre o marketing e a gestão de pessoas, visando orientar as ações de

marketing na própria organização. Trata-se de um planejamento contínuo e sistemático da

organização visando educar, treinar e desenvolver todos os seus empregados, engajá-los na

qualidade total e no objetivo de satisfazer os clientes.

Ao começar um plano de endomarketing, a empresa deve passar a utilizar internamente

o que os profissionais de marketing utilizam como forma de identificar e satisfazer as

necessidades dos convidados. Ou seja, os membros de elenco são vistos como clientes internos.

O principal objetivo do endomarketing é fazer com que todos trabalhem de acordo e visando o

objetivo final da organização, que nada mais é do que a satisfação total do cliente. Por esta

razão que é desenvolvida uma sinergia organizacional.

É necessário fazer com que as pessoas se identifiquem com a marca, pois deles emanam

toda uma criatividade e talento. É no marketing que se encontra o principal método para a

criação de conhecimento. Assim, todos os âmbitos devem estar unidos em função de todos os

objetivos organizacionais. Mas essa coerência interna só é possível caso os funcionários forem

valorizados como profissionais e como pessoas. Dessa maneira, o funcionário se comprometerá

com os objetivos traçados de forma leal.

A relação entre a empresa/funcionário deve ser uma relação de ida e volta. A empresa

necessita corresponder às expectativas de seu funcionário para que ele se comprometa a cumprir

às expectativas da empresa. Como se fosse um mercado interno, onde cada funcionár io

assumisse o papel de cliente. Portanto, é imprescindível conhecer os desejos do cliente e dar

condições para satisfazê-lo. É preciso manter o funcionário sempre atualizado, motivado e

confiante. Também é necessário que ele saiba que a sinergia entre os setores da companhia são

fatores essenciais para sua eficiência. E o mais importante: deve se sentir sempre valorizado,

pois sua carreira e seu sucesso andam juntas aos interesses da organização.

O endomarketing é denominado por redistribuir as tarefas e responsabilidades, ou seja,

o papel de cada membro da organização. Em uma estrutura tradicional, todas as devidas

decisões estão fixas nas mãos de determinadas pessoas: alta gerência das empresas (que sempre

estão bem longe do público e de suas necessidades). O principal executivo é reconhecido como

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alguém capaz de tomar todas decisões. A Disney adquire a postura onde todo funcionário é

importante,

Imagem institucional é a reputação, no caso, de um

produto ou dos seus fabricantes. É certo que muitos produtos

estão e permanecem no mercado, ano após ano, porque

conquistaram uma reputação de qualidade e idoneidade. Há

marcas seculares de produtos no mercado. Algumas são tão

fortes, que seu valor patrimonial supera o próprio produto a que

identifica. Nesse particular, é essencial que o administrador de

treinamento e desenvolvimento cultive uma imagem positiva no

âmbito de sua empresa. Não pode haver dúvida quanto a sua

competência, idoneidade e valor para a organização. Ele deve ter

credibilidade. Ele deve ter até mesmo certo carisma,

valiosíssima condição para dar peso e valor a suas opiniões. Ele

deve, finalmente, ser reconhecido como um profissional que

sabe o que sabe o que está fazendo.” (MILIONI, 1989, p.39)

O treinamento deve sempre contribuir, não só com crescimento profissional do

colaborador, mas também para o desenvolvimento pessoal. Além disso, deve visualizado como

uma oportunidade de inserí-los nos objetivos da empresa.

Com o conceito de treinamento por meio do endomarketing, outro recurso já utilizado

por empresas ganha uma nova dimensão: os programas de integração. Visando criar um

ambiente interno competitivo, a empresa direciona sua atenção à integração de novos

funcionários, promovendo uma maior integração entre todas as áreas da companhia. O novo

empregado deve saber desempenhar o seu papel na companhia e sua contribuição para a

empresa.

Dizer-lhe qual é o seu trabalho e como deve realiza- lo não é tudo. É necessário que o

mesmo conheça todo o contexto no qual está inserido. Ele necessita saber para quem está

trabalhando e de que maneira ele é importante e saber que faz parte de uma equipe Processos

de seleção Tais processos não devem procurar apenas explorar a técnica de um trabalhador. É

fundamental constatar a sua aptidão para o trabalho em equipe, a sua disposição para assumir

todas as responsabilidades e sua capacidade de pró-atividade e liderança.

Numa empresa, o processo de seleção deve merecer toda atenção. Assim como o

treinamento, a seleção também é uma ótima oportunidade para passar os valores da empresa.

Além de selecionar o candidato correto, o profissional responsável pela seleção deve saber

39

vender a ideia da empresa, mostrar seus objetivos, seus valores e seus objetivos. Visando

selecionar brasileiros que irão trabalhar na Walt Disney World, são realizadas palestras em

diversas capitais brasileiras, seguidas de entrevistas individuais com os recrutadores Disney,

onde são avaliadas habilidades e capacidades dos candidato, bem e seu nível de conhecimento

de inglês.

É necessário um sistema de comunicação interno para que um determinado programa

de endomarketing tenha êxito. É necessário que haja comunicação em primeiro lugar. A

comunicação interna deve ser relacionada a diálogo. Ser capaz de ouvir com atenção e saber

valorizar o indivíduo são pontos altos. Além disso, um sistema organizado é capaz de criar um

ambiente favorável às informações e conhecimento. Para ser eficaz, a comunicação interna deve

ser obrigatoriamente clara e precisa. É necessário abordar assuntos que sejam também do

interesse do colaborador, utilizando sempre uma linguagem que o deixe à vontade. O

responsável pela comunicação interna deve estar sempre alerta às novas descobertas

tecnológicas, pois tais poderão se transformar em importantes para comunicação.

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CONCLUSÃO

O atendimento ao cliente nada mais é do que uma responsabilidade pessoal. Uma

responsabilidade não somente das pessoas que representam o atendimento ao cliente, mas de

um todo dentro da organização, desde o diretor até o funcionário do cargo mais baixo. Na

realidade, todos os membros da empresa devem ser vistos como representantes de atendimento

ao cliente e para que isso ocorra com sucesso, o trabalho que é feito por trás deve ser muito bem

elaborado para que os funcionários, além de trabalhares com a postura adequada e feliz,

recebam o treinamento necessário para que toda a “magia” aconteça dentro de cada empresa,

afinal um excelente atendimento impulsiona os resultados financeiros de cada empresa.

O princípio segurança tem por finalidade construir todas as decisões tomadas pelos

funcionários da Walt Disney. Eles se sentem mais seguros ao ter um modelo a ser seguido e

tendo uma segurança ao tomar qualquer decisão. Após ele, os princípios que são diretamente

apreciados pelos convidados do parque: cortesia, espetáculo e eficiência. Essas quatro chaves

andam de mãos dadas e são a base de toda construção que o visitante vai vivenciar durante sua

estadia em Walt Disney World.

A maioria dos clientes já espera por serviços de qualidade. O atendimento ao cliente

Disney envolve a experiência de modo geral, desde o primeiro momento em que uma pessoa

entre no parque até seu último momento dentro dele. É o treinamento feito pelos gestores que

garantem que seus funcionários passem um excelente atendimento ao cliente. Nas melhores e

mais bem-sucedidas empresas do mundo, o tratamento emocional com o funcionário é tão

importante quanto o dinheiro que a empresa ganha. É por isso que a equipe deve ser

cuidadosamente treinada e valorizada com carinho e respeito para obter o sucesso desejado.

Para alcançar esses objetivos, foram realizadas pesquisas bibliográficas e investigação

documental focado no Disney Institute, programa criado pela empresa Walt Disney World

Resort. A pesquisa bibliográfica apresentou o conceito de cultura organizacional segundo

Schein (2009), Nader (2014) e Fleury (2015), e descreveu seus principais elementos e pontos.

Houve ainda a apresentação da cultura da Disney, com descrição do Traditions, o programa de

integração. No que se refere aos valores na Disney, buscou-se apresentar e explicar a

importância das quatro chaves no atendimento ao cliente. Neste estudo também foi abordada a

importância do treinamento como forma de transmitir a cultura organizacional, focando nas

estratégias de socialização.

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BIBLIOGRAFIA

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excepcionais. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

DISNEY INSTITUTE. O jeito Disney de encantar os clientes: do atendimento excepcional ao

nunca parar de crescer e acreditar. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

DISNEY INSTITUTE, Mundo encantado IPIRANGA: descubra a magia de encantar e

conquistar clientes. Liderando e mantendo uma cultura de excelência em serviço.

LIPP, Doug. Academia Disney: o programa de treinamento de uma das mais poderosas do

mundo. Tradução Luiz Euclydes T. Frazão Filho. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

FLEURY, Maria Tereza Leme. Cultura Organizacional – os modismos, as pesquisas, as

intervenções: uma discursão metodológica. Revista de Administração, Março 1989. Disponíve l

em: < http://www.rausp.usp.br/busca/artigo.asp?num_artigo=602 >. Acesso em: 21 set. 2015.

LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologias e estratégia. São Paulo:

Pearson Prentice Hall, 2011.

MILIONI, B. Marketing do treinamento. São Paulo: Nobel, 1989.

NADER, Ginha. A mágica do império Disney. 4a edição, São Paulo: Senac São Paulo, 2014.

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Edgar H. Toward a Theory of Organizational Socialization. Massachusetts Institute of

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TAMAYO, Alvaro e GONDIM, Maria das Graças Catunda. Escala de valores organizaciona is.

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