unip universidade paulista - netrantransito.com.brnetrantransito.com.br/arq_download/monografi.a de...

41
UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO GABRIELLE PATRÍCIA DE SOUZA ARAUJO DESEMPENHO NO TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADA CONSIDERANDO AS VARIÁVEIS GÊNERO, ESCOLARIDADE E IDADE MACEIÓ - AL 2013

Upload: buihanh

Post on 24-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

GABRIELLE PATRÍCIA DE SOUZA ARAUJO

DESEMPENHO NO TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADA

CONSIDERANDO AS VARIÁVEIS GÊNERO, ESCOLARIDADE E

IDADE

MACEIÓ - AL

2013

2

GABRIELLE PATRÍCIA DE SOUZA ARAÚJO

DESEMPENHO NO TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADA CONSIDERANDO AS

VARIÁVEIS GÊNERO, ESCOLARIDADE E IDADE

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

Orientadora: Profª Especialista Vera

Cristina Gomes Calado

MACEIÓ - AL

2013

3

GABRIELLE PATRÍCIA DE SOUZA ARAÚJO

DESEMPENHO NO TESTE DE ATENÇÃO CONCENTRADACONSIDERANDO AS

VARIÁVEIS GÊNERO, ESCOLARIDADE E IDADE

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

___________________________________________ PROF. VERA CRISTINA GOMES CALADO

ORIENTADOR:

___________________________________________ PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe Josefa, por sempre me incentivar

a ir mais longe e despertar em mim o melhor que eu posso ser!

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar saúde e por permitir mais esta

realização em minha trajetória de vida;

Obrigada aos meus pais, que sempre me apoiaram nos meus

projetos;

Obrigada à minha colega de trabalho e amiga Flavianne Oliveira,

com quem divido dúvidas, angústias e conquistas nesse nosso árduo

trabalho;

Em especial à professora Vera Calado pela simpatia e calma

sempre presente em todas as vezes em que a procurei para orientação.

6

“As precondições para dirigir adequadamente

resultam de uma relação complexa entre

capacidades, atitudes e hábitos.”

(Ralf Risser).

7

RESUMO

O processo de avaliação psicológica para quem pretende obter, renovar ou mudar a categoria da Carteira Nacional de Habilitação, é composto por testes que mensuram o nível de atenção, memória, aspectos cognitivos em geral, e avaliam a personalidade. É comum observar que algumas pessoas tem dificuldade de manter atenção em determinado estímulo sobre um determinado período de tempo, obtendo seu resultado numa classificação inferior. A pesquisa realizada teve caráter quantitativo com o objetivo de investigar o desempenho de candidatos a obtenção, renovação ou mudança de categoria da CNH. Foi utilizada a metodologia de análise de resultados de testes realizados no mês de abril de 2013, em clínica credenciada ao DETRAN, na cidade de Petrolina, PE, num total de 233 candidatos. A amostra foi de candidatos homens e mulheres, com idade entre 18 e 65 anos e escolaridade de níveis fundamental ao superior. O instrumento foi o teste de Atenção Concentrada que fornece uma medida referente à capacidade de uma pessoa manter a atenção concentrada. Os resultados encontrados mostram que O desempenho dos avaliandos foi considerado satisfatório, representando assim 78% dos candidatos, enquanto 22% não foi considerado apto, necessitando realizar reteste. Percebe-se que quanto ao gênero, na pesquisa em questão, 73% dos candidatos foram homens, indicando assim, uma prevalência de homens sobre as mulheres, que representaram 27%. Quanto ao quesito idade, observa-se nesta pesquisa, que a maior quantidade está nos candidatos com 30 anos ou mais, representando 63%. E por fim, a escolaridade dos candidatos avaliados prevaleceu naqueles com ensino médio completo ou incompleto. Com base nos resultados, se faz necessário novos estudos que produzam tabelas atuais, com amostra na cidade de Petrolina e região, pois assim, poderia tornar os resultados e classificações das tabelas de percentis mais próximo da realidade dos candidatos que são atendidos levando em consideração as peculiaridades da região do São Francisco.

Palavras-chave: Atenção concentrada; desempenho; psicologia do trânsito; avaliação psicológica.

8

ABSTRACT

The process of psychological evaluation for those who want to obtain, renew or change the category of Driver's License, consists of tests that measure the level of attention, memory, cognitive aspects in general and evaluate the personality. It is common to see that some people have difficulty maintaining attention to certain stimuli over a period of time, getting your results in a lower classification. The research was quantitative character in order to investigate the performance of candidates obtaining, renewal or change of category of CNH. Methodology was used to analyze the results of tests conducted in April 2013 in the DMV accredited clinic in the city of Petrolina, PE, a total of 233 candidates. The sample of men and women candidates, aged between 18 and 65 years of schooling at the elementary to higher education. The instrument was tested for Sustained Attention which provides a measure relating to a person's ability to maintain attention concentrated. The results show that the performance of avaliandos was satisfactory, thus representing 78% of the candidates, while 22% was not considered fit, requiring conduct retest. It is noticed that in terms of gender, the research in question, 73% of applicants were men, thus indicating a prevalence of men over women, which accounted for 27%. As to the question age observed in this study, which is the highest amount for candidates with 30 years or more, accounting for 63%. Finally, the education of candidates evaluated prevailed in those with high school education or incomplete. Based on the results, further research is needed to produce current tables with sample in the city of Petrolina and region, as well, could make the results and standings of the percentile tables closest to the reality of the candidates that are met taking into account the peculiarities of the region of São Francisco. Keywords: Attention concentrated; performance; traffic psychology, psychological assessment.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1 – Desempenho dos candidatos avaliados.............................................29

GRÁFICO 2 – Gênero dos candidatos avaliados.......................................................31

GRÁFICO 3 – Desempenho do gênero masculino....................................................32

GRÁFICO 4 - Desempenho do gênero feminino........................................................32

GRÁFICO 5 – Idade dos candidatos avaliados .........................................................33

GRÁFICO 6 – Escolaridade dos candidatos avaliados..............................................34

10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 13

2.1. Avaliação Psicológica no Trânsito ................................................................ 13

2.2. Processo Atencional ....................................................................................... 17

2.3. Atenção x Escolaridade .................................................................................. 21

2.4. Atenção x Gênero ............................................................................................ 23

2.5. Atenção x Idade ............................................................................................... 25

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 27

3.1. Ética .................................................................................................................. 27

3.2. Tipo de Pesquisa ............................................................................................. 27

3.3. Sujeitos e Amostra .......................................................................................... 27

3.4. Instrumento de Coleta de Dados ................................................................... 27

3.5. Procedimentos para Coleta de Dados ........................................................... 27

3.6. Procedimentos para Análise dos Dados ....................................................... 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 39

4.1. Desempenho geral .......................................................................................... 39

4.2. Gênero .............................................................................................................. 30

4.3. Idade ................................................................................................................. 33

4.4. Escolaridade .................................................................................................... 34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 36

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 37

ANEXOS .................................................................................................................. 40

11

1. INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, o trânsito é um fenômeno que impacta a vida de todos

aqueles que se utilizam desse conjunto de deslocamentos, tanto de pessoas quanto

de veículos, atingindo proporções alarmantes quando não utilizado de forma

consciente. Na sociedade brasileira é grande o aumento de veículos nas ruas e de

certa forma até incentivado pelas facilidades na compra. Conforme Rozestraten

(1988, p. 85), o trânsito é “o conjunto de deslocamentos de pessoas e veículos nas

vias públicas, dentro de um sistema convencional de normas, que tem por finalidade

assegurar a integridade de seus participantes”. No entanto, trânsito é muito mais que

isso, é preciso analisar de que forma as pessoas participam dele e quais as

consequências de seus comportamentos em meio a esse sistema.

O indivíduo que pretende dirigir um veículo automotor necessita ser

submetido a uma Avaliação Psicológica, ou exame psicotécnico como é mais

conhecido, que consiste em um processo técnico-científico de coleta de dados,

estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos.

Dentre os aspectos avaliados, está a atenção, que é considerado um dos mais

importantes no comportamento de dirigir. Dentre os tipos de atenção existentes,

neste trabalho investigamos a atenção concentrada que é a capacidade do indivíduo

selecionar um estímulo e manter-se focado em uma situação ou tarefa a ser

realizada durante um determinado período de tempo.

Para fins de análise, nesta pesquisa foi utilizado o teste AC – Atenção

Concentrada em candidatos que pretendem obter, renovar ou adicionar categoria a

CNH – Carteira Nacional de Habilitação. Este trabalho tem como objetivo avaliar o

desempenho desses candidatos, levando em consideração as variáveis gênero,

idade e escolaridade, de modo a identificar quantos foram considerados aptos e

quantos necessitam fazer reteste. Os dados foram coletados no mês de abril de

2013, em uma clínica credenciada a DETRAN no município de Petrolina,

Pernambuco.

Nesse sentido, esperou-se obter um panorama do desempenho dos

candidatos avaliados e contribuir com informações teóricas e empíricas a outros

profissionais que trabalham nessa área de avaliação psicológica no trânsito, e assim

oferecer um maior conhecimento sobre o processo de avaliação no quesito atenção

12

e os fatores que podem influenciar no seu resultado, levando a aprovação ou

reprovação na avaliação.

13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Avaliação Psicológica no Trânsito

Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB, 1997), Capítulo I, art. 1º, § 1º,

“Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais,

isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada,

estacionamento e operação de carga ou descarga”. Quando se fala em trânsito, logo

é associado ao ato de dirigir veículos automotores, pois dirigir é a principal forma de

se movimentar de um lugar para o outro, facilitando assim o dia-a-dia das pessoas

em suas atividades. O desenvolvimento industrial do século XX propiciouaumento

considerável da frota de veículosautomotores em circulação em todo o

mundo.Especialmente após a Segunda Guerra Mundial,o carro tornou-se um objeto

de consumo,e possuir um automóvel particular, um símbolode status social, apoiado

principalmente pelapropaganda nas sociedades capitalistas. (BASTOS, 2005).

Em consequência do aumento expressivo donúmero de veículos circulantes e

da alta frequênciade comportamentos inadequados, somadosa uma vigilância

insuficiente, os acidentesde trânsito envolvendo veículos a motor passarama se

constituir em causa importante detraumatismos na população mundial e,

especialmente,na brasileira. O trânsito, no Brasil, é considerado um dos mais

perigosos do mundo, apresentando índice de um acidente para cada lote de 410

veículos em circulação, enquanto esse mesmo índice na Suécia é de um para

21.400 veículos. (BASTOS, 2005).

Partindo do pressuposto que dirigir é um privilégio, aquele que se dispõe a

obter uma Carteira Nacional de Habilitação, deve provar sua capacidade. Alguns

critérios devem ser observados como ser imputável penalmente, ter condições

físicas, apresentar características psicológicas adequadas às categorias,conforme a

complexidade e tipo de veículo, conhecer as leis de trânsito, ter noções de mecânica

e domínio veicular (GOVERNO FEDERAL, 1998). Na área do trânsito, a avaliação

psicológica ou psicotécnico apresenta-se como uma forma de identificar e prever as

variáveis psicológicas que poderiam influenciar o modo como os motoristas se

comportam e de que forma esse comportamento poderia leva-los a se envolver em

acidentes de trânsito ou situações de risco.

14

No primeiro Código de Trânsito Brasileiro não havia a obrigatoriedade da

Avaliação Psicológica, seu uso foi instituído apenas em 1962. A avaliação

psicológica é realizada por meio de métodos, técnicas e instrumentos que permitem

um conhecimento de capacidades cognitivas e sensório-motoras, componentes

sociais, emocionais, afetivos, motivacionais, aptidões específicas e indicadores

psicopatológicos. Segundo Alchieri e Cruz (2010 p. 29), na avaliação psicológica, os

testes são instrumentos que “representam pela medida, uma determinada ação que

equivale a um comportamento, e assim, indiretamente, mensuram este aspecto

comportamental”. Para garantir a qualidade e possibilidade de uso seguro do teste,

são necessárias as seguintes condições: análise de itens, estudos da validade, da

precisão e de padronização.

Para Tonglet (2007 p.35 e 36), “os testes representam a grande conquista da

Psicologia, e se constituem em provas que permitem a observação do

comportamento do indivíduo em situações experimentais que irão medir o seu

desempenho em situações específicas”. O psicólogo assume uma posição de

observador da cognição do avaliando ao vê-lo realizar a tarefa;de um modo

funcional porque observa a atividade cognitiva no seu próprio modo de

funcionamento; e no aspecto interpretativo, pois constata o ritmo de execução, se é

lento ou rápido, ou se comete erro ou omissões, que são indícios de falhas na

maneira de realizar o teste. Cabe ao psicólogo observar se os testes são originais e

se estão em condições de uso, proporcionar um ambiente com boa iluminação,

ventilação e livre de barulhos. Caso o material seja reutilizável, verificar se está sem

rasuras, defeitos ou marcas que o descaracterizem e influenciem nos resultados.

Além dos testes psicológicos, os candidatos preenchem questionário de

identificação e ainda realizam uma entrevista individual e direta. A entrevista

psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação. Sua

função básica é prover o avaliador de subsídios técnicos acerca da conduta,

comportamentos, conceitos, valores e opiniões do candidato, completando os dados

obtidos pelos demais instrumentos utilizados. A entrevista pode ser realizada antes

ou depois da aplicação dos testes, no entanto, há uma vantagem em fazê-la antes,

pois assim é possível identificar algum problema situacional ou qualquer outra

ocorrência que possa influenciar no desempenho dos testes. A entrevista pode ser,

em alguns casos, motivo de inaptidão. É através desse instrumento que o psicólogo

15

avalia seu nível de maturidade, seu comportamento diante de uma figura de

autoridade, a linguagem utilizada e articulação das ideias.

Para Rueda (2009, p.22), a importância da realização da perícia nos

candidatos a motorista está na necessidade de“identificar as mínimas adequações

para o correto e seguro exercício da atividade de dirigir um veículo automotor, seja

ela remunerada ou não”. Vale salientar a importância da avaliação não somente

quando o candidato vai obter sua CNH, e sim periodicamente, pois o indivíduo passa

por situações ao longo de sua vida que alteram seu estado emocional, interferindo

assim no modo em que dirige. Portanto, conforme Sturzenegger (2012), é importante

que seja feita a avaliação psicológica durante o processo de manutenção da CNH,

até porque o psicólogo não pode afirmar que o candidato tenha condições

psicológicas para dirigir durante toda sua vida.

Atualmente, a avaliação psicológica só em realizada em candidatos que

exercem atividade remunerada, deixando a margem todos os outros condutores que

se utilizam do trânsito para locomoção ou passeio, que são avaliados somente

quando vão obter a CNH. No entanto, é uma realidade que deveria ser mudada, pois

todos os condutores envolvidos no trânsito passam por mudanças e vieses que

podem interferir em seu desempenho, como por exemplo, surgimento de distúrbios

mentais ou outras doenças que mudem seu comportamento ao dirigir.

Para tal atividade, o psicólogo deve ter o curso de perito examinador ou

Especialização em Psicologia do Trânsito, isso tende a uniformizar a atividade dos

profissionais e visa a qualidade da avaliação.A avaliação psicológica pericial para o

trânsito tem sido utilizada de modos diferenciados nos vários estados do Brasil,

sempre regidos por Resoluções do Denatran, Contran e Detrans.

Nos dias atuais, quando se ouve falar em psicólogo do trânsito, logo é

associado à realização do psicotécnico ou avaliação psicológica. No entanto, faz-se

necessário ampliar essa visão e formar-se um novo paradigma quanto ao psicólogo

do trânsito, pois é vasta a sua atuação, inclusive desempenhando trabalho

multidisciplinar, com áreas a fins e com outros campos do saber (CONSELHO

FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000).

Segundo Tonglet (2001 p. 121), “a avaliação psicológica no trânsito tem

recebido críticas dentro e fora do contexto psicológico e os profissionais que atuam

nesta área também têm sido alvo de críticas por serem meros aplicadores de

testes”.Dessa forma, deve-se pensar, então, na busca de qualificação da

16

intervenção das práticas psicológicas respondendo às reais necessidades do

fenômeno do trânsito na sociedade brasileira. Para tanto, é imprescindível o

desenvolvimento de estudos voltados ao conhecimento dos fenômenos envolvidos

na situação do trânsito, caracterizando o que determina e o que condiciona a

conduta humana no trânsito, como em casos de violência, agressividade,

desrespeito, desatenção e irresponsabilidade.

Além de ser conhecido somente por realizar o psicotécnico, o psicólogo do

trânsito depara-se com a falta de critérios que definam o perfil do bom condutor nos

dias atuais. Isso gera um descrédito do profissional e várias são as críticas advindas

dessa lacuna existente na avaliação psicológica para o candidato à Carteira

Nacional de Habilitação. Por isso, o profissional da Psicologia deve ampliar sua

atuação em meio ao trânsito não se resumindo apenas a aplicação e correção de

testes, mas participando ativamente realizando palestras, cursos, assessorando

órgãos ou instituições ligados ao trânsito, desenvolvendo projetos de prevenção de

acidentes e pesquisando as causas de acidentes.

Poucas são as pesquisas no campo da psicologia do trânsito que investiga o

comportamento humano e quais as causas de tanta imprudência, bem como os

fatores envolvidos em acidentes de trânsito, para assim prever o comportamento do

condutor nas vias públicas, tornando mais seguro a movimentação de condutores e

pedestres.A formação de pesquisadores no domínio da Psicologia do Trânsito

demanda uma avaliação criteriosa do que significa conhecer fenômenos/processos

psicológicos envolvidos na atividade de conduzir veículos. Como os fenômenos

psicológicos nem sempre se mostram claros, estes pesquisadores experimentam a

sensação de estar lidando com o desconhecido. A compreensão dos fenômenos

psicológicos do comportamento do condutor, neste caso, não configura tarefa fácil

devido ao grau de complexidade e plurideterminação dos eventos psicológicos

(HOFFMANN, 2005).

Não há no Brasil nem no exterior uma definição clara sobre o perfil necessário

para exercer a função de motorista, no entanto, sabemos que os construtos atenção

e memória são importantes para tal atividade, dentre outros.A Resolução nº 12/2000

do Conselho Federal de Psicologia (2000) estabeleceu que para avaliar o perfil

psicológico do candidato à CNH deveriam ser considerados o nível intelectual, o

nível de atenção, o nível psicomotor, a personalidade e o nívelpsicofísico.

17

A realização de avaliação psicológica para candidatos à obtenção, renovação

ou mudança de categoria da CNH é obrigatória e regulamentada pelo CONTRAN –

Conselho Nacional de Trânsito. A resolução do CONTRAN nº 425, de 27 de

novembro de 2012, no artigo 5º, considera que

na avaliação psicológica deverão ser aferidos, por métodos e técnicas psicológicas, os seguintes processos psíquicos (Anexo XIII): I - tomada de informação; II - processamento de informação; III - tomada de decisão; IV - comportamento; V – auto avaliação do comportamento; VI - traços de personalidade.

A tomada de informação inclui a atenção em seus diferentes tipos, como:

atenção difusa / vigilância / atenção sustentada; atenção concentrada; atenção

distribuída / dividida; atenção alternada, os teste mais utilizados são o D-2, AC,

BFM-1, entre outros. O processamento de informação e tomada de decisão abarcam

a inteligência, ou seja, a capacidade de resolver problemas novos, relacionar ideias

e compreender implicações, que podem ser mensurado pelos testes R1, R1 Forma

B, BFM-3, G-36. Incluitambém a memória, que é a capacidade de registrar, reter e

evocar estímulos, que pode ser avaliado pelos testes BFM-2 TEMPLAM, TSP.Avalia-

se ainda, a orientação espacial que diz respeito a capacidade do indivíduo de situar-

se no tempo e no espaço e assim julgar e tomar atitudes seguras no trânsito.

Quanto ao comportamento, este pode ser definido como um conjunto de

reações de um sistema dinâmico em que o indivíduo interage com o meio.No

ambiente do trânsito é imprescindível que o motorista tenha comportamentos

adequados e equilibrados. Os traços de personalidade que o motorista deve

apresentar, de um modo geral, são os que estão relacionados ao controle

emocional, ansiedade, impulsividade, agressividade, limites, relacionamento

interpessoal, emotividade, entre outros.Os testes que avaliam a personalidade são o

Palográfico, HTP, Zulliger, entre outros.

2.2. Processo Atencional

Dentre outros aspectos, a atenção ganha destaque no processo de avaliação.

O “prestar atenção” não se constitui tarefa simples, pelo contrário, é uma operação

complexa que exige um alto nível de atividade cerebral. As teorias e definições

sobre a atenção são amplas, mas de forma geral, a atenção pode ser definida como

18

o fenômeno que administra a grande quantidade de informações disponibilizadas ao

organismo por meio dos sentidos, memória e outros processos cognitivos,

originando-se de uma predisposição do cérebro para responder a determinados

estímulos em detrimento de outros, (STERNBERG, 2000).

Em relação a sua origem, a atenção pode ser dividida em voluntária e

involuntária. A atenção voluntária envolve a seleção ativa e deliberada do indivíduo

em uma determinada tarefa, onde ele está motivado e interessado em realizá-la, por

exemplo, ler um livro. A atenção involuntária ocorre diante de eventos inesperados

no ambiente, em que o indivíduo não escolhe prestar atenção, não há um controle

consciente e é mediada por um processo automático.

O sistema atencional age como um filtro que “abre” para as informações a

serem atendidas e “fecha” para as ignoradas. Já em 1890, o cientista William James

demonstrava interesse pelos processos psíquicos (citado por Lima, 2005, p. 114):

Milhões de itens (...) são apresentados aos meus sentidos e nunca entram propriamente na minha consciência. Por quê Porque não têm interesse para mim. Minha experiência é aquilo que eu concordo em prestar atenção. É a tomada de posse pela mente, de forma clara e vívida, de um dentre o que parecem ser vários objetos possíveis simultâneos ou linha de pensamento. A focalização e a concentração da consciência são suas essências. Esta implica, a abstenção de algumas coisas para poder lidar eficazmente com outras.

A neuroanatomia dos processos de atenção foi teorizada primeiramente por

Luria (1973, apud CRUZ, 2012, f. 26). Ele afirma que a formação reticular, a parte

superior do tronco encefálico, o córtex límbico e a região frontal são responsáveis

pelo processo atencional. Para Luria as estruturas da parte superior do tronco

encefálico e a formação reticular seriam as responsáveis pela manutenção do tono

cortical de vigília e manifestação da reação de alerta geral, enquanto o córtex

límbico e a região frontal estariam relacionados ao reconhecimento seletivo de um

determinado estímulo, inibindo respostas a estímulos irrelevantes.

Nem todas as pessoas tem o processo atencional agindo de forma eficiente.

Mais identificado em crianças em idade escolar, o TDAH – Transtorno de Deficit de

Atenção/Hiperatividade é um transtorno caracterizado pela desatenção,

hiperatividade e impulsividade. A desatenção ocorre quando há a dificuldade de

prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares e de

trabalho; dificuldade para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;

19

parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não

terminar tarefas escolares, domésticas ou deveres profissionais; dificuldade em

organizar tarefas e atividades; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que

exijam esforço mental constante; perder coisas necessárias para tarefas ou

atividades; e ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa e apresentar

esquecimentos em atividades diárias. (ROHDE, 2013).

Em contraste com o déficit de atenção, existe o excesso de concentração,

comum em estudantes e cientistas. Para Caliman (2008), tal excesso de

comportamento atento, característico em homens que se dedicam ao trabalho

intelectual e mental, pode levar ao sentimento de melancolia. A direção unilateral e

excessiva da mente é o que causaa ruína das funções corporais e a alienação do

mundo natural.

Conforme Rueda (2009), atualmente no Brasil há a aceitação de quatro tipos

de classificação da atenção, no que se refere à sua função ou operacionalização.

Com base nisso, a atenção pode ser classificada em atenção dividida, alternada,

concentrada e sustentada. Nesta pesquisa foi abordada a atenção concentrada,

“que consiste na capacidade de selecionar o estímulo relevante do meio e dirigir sua

atenção para este estímulo” (BRAGA, 2007). O indivíduo deve focalizar o estímulo

ou grupo de estímulos e manter-se focado em uma situação ou tarefa a ser realizada

em determinado período de tempo. O grupo de estímulos-modelos são colocados na

parte superior do teste e nas linhas do teste estes modelos são misturados com

estímulos distratores, onde o examinando deve realizar o teste concentrando sua

atenção sob pressão de tempo, riscando apenas os estímulos modelo e

desprezando os distratores.

Quanto à realização da tarefa, deve ser levada em consideração a

consistência com que o avaliando realiza o trabalho, uma vez que há pessoas que

são rápidas e precisas inicialmente, mas que ao longo do teste apresentam

diminuição no ritmo de trabalho, cometendo assim erros e omissões. Por outro lado,

existem pessoas que aumentam sua produção ao passo que avançam na realização

da tarefa, tendo nos últimos minutos do teste uma maior produção do que no início.

A percepção é um processo cognitivo que se relaciona com a atenção e

muitas vezes são confundidas. A percepção refere-se ao “processo de interpretar,

selecionar e organizar a informação obtida sensorialmente. Este construto é o que

dá sentido, a partir de conhecimentos passados, aos objetos captados pela atenção”

20

(ROZESTRATEN, 1988, p. 29). Nesse sentido, existem pessoas que se deparam

com um estímulo que pode provocar um acidente, mas apenas percebem seu perigo

depois que o acidente aconteceu, é como olhar mas não ver.

Conforme a Psicologia da Gestalt, a percepção ocorre através da seleção e

organização ativa dos elementos que compõem, por exemplo, uma música não é

percebida como uma sequência de notas isoladas, e sim por suas inter-relações.

Assim, a configuração que surge na consciência é mais do que a mera soma das

partes. (LIMA, 2005). No ambiente do trânsito a percepção visual é de extrema

importância, pois ela interage com os estímulos externos e os processos cognitivos

do motorista. Neste sentido, Tonglet (2002, p.21), pontua que:

“ao dirigir o veículo, o condutor se defronta com um amplo e diversificado campo perceptual, no qual estímulos visuais, por suas qualidades intrínsecas e propriedades, servem como espécie de ímãs no sentido de atrair e excitar os variados processos relacionados à cognição”.

Dentre os testes que mensuram a atenção concentrada, os principais são o

teste de Bourdon (1895); Teste de Atenção Concentrada de Toulouse-Piéron (1968);

Teste de Duplo Cancelamento (1968); Teste de Atenção Concentrada AC-15 (1977);

Teste D2 (1962); Bateria de Funções Mentais para Motoristas (1999); e o Teste de

Atenção Concentrada, publicado pela primeira vez em 1967. O teste AC foi criado

pelo psicólogo Suzy Cambraia e foi desenvolvido com o objetivo de ter outra opção

para fazer reteste em candidatos que já haviam feito o Toulouse-Piéron, que na

época era o único teste disponível no Brasil.

Na realização do teste AC, existe na parte da frente da folha de aplicação

uma linha com símbolos onde o candidato faz um treino. No verso da folha existe a

prova propriamente dita com 21 linhas, cada qual com 21 símbolos, onde devem ser

cancelados sempre 7 símbolos. No alto da folha há um retângulo com os três

estímulos que devem ser cancelados, para que o candidato não precise decorar

nem perder tempo virando a folha para conferir os modelos a serem marcados. O

tempo fixado para a realização da tarefa é de cinco minutos. O teste pode ser

utilizado em diversas situações como psicodiagnóstico, seleção de pessoal, etc.,

mas atualmente é bastante comum na realização de exames psicotécnicos que

avaliam motoristas.

21

De acordo com Lima (2005, apud CORTESE et al, 1999), existem cinco

fatores que estão presentes nos testes que avaliam a atenção:

- Vigilância: capacidade de selecionar e focar os estímulos;

- Amplitude: quantidade de estímulos que deverão ser processados na

realização do teste;

- Tracking: rastreamento do material em foco envolvendo processos de

memória de curto prazo;

- Tempo de reação: tempo necessário para a realização da tarefa;

- Alternância: flexibilidade e velocidade no deslocamento da atenção de um

foco para outro.

2.3. Atenção x Escolaridade

A investigação da variável escolaridade foi realizada por Clauco Piovani

(2006, p.23), com sujeitos que realizaram testes com tempo pré-fixado.

Foiconstatado que quanto maior o nível de escolaridade em sujeitos adultos, maior a

precisão da resposta em detrimento da velocidade. Em relação à velocidade, Piovani

afirma que pessoas com maior inteligência produzem respostas elétrica-cerebrais

mais rápidas e mais complexas.

No entanto, não há nos dias atuais uma definição sobre a natureza da rapidez

mental ou velocidade de processamento. Isso nos faz pensar em duas hipóteses: ou

o cérebro de pessoas inteligentes processaria a informação de forma mais rápida ou

as pessoas inteligentes conseguem criar estratégias perceptuais para serem mais

rápidas em relação a pessoas menos inteligentes. Segundo Vygotsky (1991, p. 38):

A idéia é que as palavras "precisão", "vivacidade", "raciocínio", "memória", "observação", "atenção", "concentração", etc., significam faculdades reais e fundamentais que mudam segundo o material sobre que trabalham, que as mudanças persistem quando estas faculdades se aplicam a outros campos, e que portanto, se um homem aprende a fazer bem determinada coisa, em virtude de uma misteriosa conexão, conseguirá fazer bem outras coisas que carecem de todo o nexo com a primeira. As faculdades intelectuais atuariam independentemente da matéria sobre a qual operam e o desenvolvimento de uma destas faculdades levaria necessariamente ao desenvolvimento das outras.

Cambraia (2009,p. 32), afirma que uma pesquisa realizada em 1974 com uma

amostra de 2.348 sujeitos que realizaram o teste AC, comprovam que o nível de

22

escolaridade do examinando determina padrões de rendimento diferentes em cada

nível. A partir deste resultado, foram construídas tabelas para cada nível de

escolaridade. Essas diferenças podem estar relacionadas a diferenças regionais ou

na época em que a pesquisa foi realizada. Isso reforça a necessidade de normas

para as diversas regiões do Brasil, por se tratar de um país multicultural, bem como

a constante atualização das normas e tabelas. De acordo com a tabela existente no

manual do teste AC, há um aumento no valor da média de pontos dos sujeitos de

acordo com a escolaridade, indicando que o desempenho do avaliando aumenta

com a escolaridade.

Na atualização periódica dessas tabelas e normas deve ser levada em

consideração além das diferenças regionais, a época em que a pesquisa é

realizada, visto que o Brasil tem passado por mudanças sociais e econômicas onde

as pessoas têm mais acesso a educação. A última pesquisa de padronização do

Teste de Atenção Concentrada - AC foi feita em 2009, e nesses últimos quatro anos

o perfil do brasileiro mudou. O próprio autor do teste assegura “a importância da

escolaridade no desempenho dos testes de Atenção e por esse motivo é necessário

realizar um novo estudo ampliando os grupos para verificar se os resultados se

mantêm”. (CAMBRAIA, 2009, p. 85).

Mesmo havendo controvérsias em relação a definição e medida de

inteligência, investigações mostram que o desenvolvimento cognitivo está ligado à

idade e escolaridade, ainda que não se saiba exatamente qual a influencia única de

cada uma dessas vaiáveis. Conforme Almeida (2008),

De fato em função da alta correlação entre idade e escolariade a escolha entre uma delas na normatização de testes pode parece ser um tanto quanto arbitrária, entretanto, cada uma reflete aspectos diferentes do desenvolvimento cognitivo, embora muito associados e de difícil separação. A idade, especialmente na infância, acompanha o desenvolvimento maturacional e, portanto, sua associação com as habilidades cognitivas, é tida como uma estimação da influência dos fatores biológicos do desenvolvimento na inteligência. Já a escolaridade é uma variável associada à estimulação escolar formal e, portanto, sua associação com a escolaridade é tida como estimação de fatores ambientais. Entretanto, como o aumento da escolaridade acompanha e é condicionado à idade é difícil separar a influência única no desenvolvimento cognitivo que cada uma pode potencialmente refletir.

Na pesquisa de padronização do Teste das Matrizes Progressivas Coloridas

de Raven também foi feito um estudo em relação à série escolar em que a criança

23

está e foram constatadas diferenças significantes nos resultados médios entre as

séries escolares, com um crescimento nos pontos à medida que a série aumenta.

(ALVES, 1998).

No entanto, como há uma forte associação entre a série e a idade, é

preferível empregar normas por idade do que por série. As normas por série seriam

de maior interesse para tentar situar a maturidade intelectual de uma criança

atrasada em termos de escolaridade.

Alves (2008), alerta “para a necessidade dos pesquisadores investigarem a

influência das variáveis aqui apresentadas antes de construírem normas para os

testes, bem como de construírem tabelas separadas, caso essa influência seja

confirmada”. Da mesma forma, o profissional que vai fazer uma avaliação deve

verificar o Manual do teste ou pesquisas publicadas posteriormente se essas

variáveis foram consideradas e consultar tabelas apropriadas levando em conta

essas variáveis.

2.4. Atenção x Gênero

O comportamento que mulheres e homens experimentam no âmbito do

sistema de trânsito vem sendo estudado pela Psicologia social. Para Almeida

(2005), “a concepção de gênero é formulada como distinção ao de sexo. Sexo

refere-se, exclusivamente, ao aspecto biológico e anatômico, que determina se o ser

humano é um homem ou uma mulher e, em caso mais raro, hermafrodita”.Segundo

dados do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco - DETRAN-PE (2013),

o Estado tem um total de 1.813.942 motoristas habilitados, sendo 25,8% de

mulheres, ou seja, 468.155 motoristas mulheres; e 74,2% de homens, sendo

1.345,787 motoristas homens.

As mulheres são minoria na direção, mas são também minoria,

proporcionalmente, nas infrações de trânsito. Conforme Almeida (2005), cada dia

mais, a mulher vem causando um movimento de reflexão, questionamento e

ressignificação de papéis cristalizados e de funções femininas, inclusive

conquistando espaços, obtendo reconhecimentos que levam a uma reestruturação

de sua identidade e de seu lugar no mundo. Em nossa cultura, a figura masculina é

vinculada à força, poder, como os provedores do lar, aquele que não chora, que é

seguro e corajoso. Por outro lado, são líderes nas estatísticas mundiais de suicídio,

24

assim como mortes violentas e envolvimento com álcool. A cada quatro

dependentes de drogas em todo o mundo, três são homens.

Quando se fala em diferenças entre homens e mulheres, dois itens são

pontuados: a intelectualidade e a sentimentalidade. Pesquisas no campo da

Psicologia revelam que homens são mais rápidos no raciocínio matemático e

espacial, ao passo que as mulheres são melhores com palavras. No entanto, pode

ser que essa diferença seja biologicamente determinada, ou ligada a uma

predisposição, ou seja, uma maior facilidade para uma coisa ou para a outra. Pode

ser também uma determinação cultural, pois se uma pessoa estuda mais

matemática, obviamente ela terá mais facilidade nesse aspecto, do que uma pessoa

que não o estuda.

No nível cognitivo, a mulher tem a capacidade de dividir a concentração,

enquanto o homem de a focar. Isto é, frequentemente vemos uma mulher atenta a

todos os pormenores, todos os sinais, de todas as tarefas. Enquanto o homem,

consegue-se focar, de forma a abstrair-se de quaisquer outros estímulos (ex.:

quando o homem assiste televisão, nada mais existe). Ambos possuem atenção,

mas em estilos diferentes.

Um estudo realizado com homens e mulheres visou obter dados sobre

diferenças encefálicas sexuais e analisar o nível de atenção entre homens e

mulheres através de um teste neuropsicológico (Teste de Stroop). O resultado

mostrou que as mulheres levaram mais tempo na execução da tarefa e obtiveram

um bom desempenho, já os homens foram mais rápidos e obtiveram um resultado

inferior. O estudo conclui que as mulheres mostraram um processamento de

informação melhor do que os homens.

Segundo Machado (2005), os cérebros de homens e mulheres possuem

diferenças quanto ao peso, função e morfologia, exceto o córtex cerebral que parece

não ter diferenças relacionadas ao sexo. A base das sutis diferenças cognitivas

entre os sexos pode estar no tamanho do lóbulo parietal inferior direito e esquerdo.

Ainda conforme Machado (2005), estudos comprovam que o lóbulo parietal inferior

esquerdo é maior nos homens, a exemplo do cérebro de Albert Einstein, bem como

de cérebros de outros físicos e matemáticos. Nas mulheres, as áreas de Broca e de

Wernicke (áreas associadas à fala) mostram-se maiores.

Independente do sexo, sabe-se que o ser humano tem capacidade para

prestar atenção, selecionar e concentrar-se em um determinado estímulos em

25

detrimento de outros.Portanto, estas diferenças devem ser levadas em consideração

ao serem construídas novas tabelas, para assim haver uma classificação e percentil

justos na avaliação.

2.5 Atenção x Idade

Conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco -

DETRAN-PE (2013), a quantidade de condutores habilitados por faixa etária no

Estado é de 10% entre 18 e 15 anos; 29,4% de 25 a 35 anos; 23,5% entre 35 e 45

anos; entre 45 e 55 anos são 16,4% e de 55 anos ou mais são 20,7%..

Segundo Cancela (2007) todo organismo possui um tempo limitado de vida e

passa por mudanças fisiológicas ao longo do tempo. A vida de um organismo pode

ser dividida em três fases: a fase de crescimento e desenvolvimento, a fase

reprodutiva e a senescência, ou envelhecimento. Na fase de envelhecimento, os

aspectos físicos e cognitivos são progressivamente comprometidos, dentre eles a

atenção. Outro aspecto que sofre alteração é a velocidade de processamento da

informação e da resposta, onde há uma diminuição e lentificação na execução de

atividades.

Alguns autores, como Papaliae Olds (2000), ressaltam que a capacidade

atencional, passaria por um declive significativo devido ao processo natural de

envelhecimento, sendo que a mesma apresenta acréscimos até a idade adulta.

Pesquisas revelam que até os 25 anos aproximadamente, haveria um aumento

progressivo da atenção, passando por uma leve diminuição até por volta dos 35

anos; sendo que, essa diminuição pareceria ser mais acentuada, sistematicamente,

a partir dessa idade. (RUEDA, 2011).

A relação entre idade e atenção foi pesquisada antes por Rueda (2009), o

objetivo da pesquisa foi verificarevidência de validade em função da variável idade

para o Teste de Atenção Dividida, partindo da hipótese de que ao aumentoda idade

corresponderia uma diminuição da capacidade de dividir a atenção. Participaram da

pesquisa 878 indivíduos dosEstados da Bahia e Sergipe, sendo eles estudantes

universitários ou pessoas que passaram por avaliação psicológica paramotorista,

com idade entre 18 e 72 anos (M=26,74, DP=8,14). Do total, 51,82% eram homens.

O instrumento foi aplicadocoletivamente no Estado de Sergipe, e de forma individual

26

na Bahia. Os resultados mostraram correlação negativa e significativaentre a

pontuação do Teste de Atenção Dividida e a idade das pessoas.

Conforme Piovani (2006), com o aumento da idade existiria uma perca da

acuidade sensorial, e isso explicaria a correlação negativa que geralmente é

encontrada entre desempenho nos testes em função da idade. No teste AC, todos

os estudos realizados na amostra de padronização mostraram uma diminuição

progressiva das médias do total de pontos com o aumento da idade. Dessa forma,

os resultados indicam que é necessária a elaboração de tabelas normativas

separadas em função dessa variável.

Para Rozestraten (2003), há quem afirme que motoristas idosos não

representam um perigo para a segurança no trânsito porque compensam as

capacidades que diminuem com a experiência ao volante e com comportamento

seguro. Isso traria vantagem para os motoristas mais velhos quando comparados

aos mais jovens. Conforme Rueda (2009, p. 35),

“os motoristas mais velhos, com uma diminuição de aproximadamente 40% do seu campo visual, são mais propensos (2,1 vezes) a se envolver em acidentes de trânsito do que indivíduos mais novos com as mesmas características visuais. Ou seja, o que explicaria esse envolvimento seria a idade e não a diminuição da capacidade visual”.

Conforme a literatura, a terceira idade teria início entre os 60 e 65 anos, no

entanto, o processo de envelhecimento é determinado por três fatores principais, a

saber, o biológico, psíquico e social. Esses fatores podem acelerar ou retardar o

processo de envelhecimento, que é também influenciado pelo estilo de vida que a

pessoa assume desde a infância. E, que no Brasil, o número de idosos é um dos

maiores do mundo, com cerca de 13,5 milhões de pessoas. Há 50 anos a

expectativa de vida de um brasileiro era de 43 anos. Hoje essa expectativa está em

torno de 68 anos, sendo que para o século XXI deverá chegar a 73 anos. Onde o

país deverá ter a sexta população mais idosa do planeta no ano 2025 com 34

milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representará 14% de nossa

população.

27

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. A identidade dos

sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a Resolução 196/96 do

CNS-MS e todos os participantes concordaram em participar assinando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.2. Tipo de Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa quantitativa. Foram coletados dados a respeito do

resultado no Teste AC – Atenção Concentrada para que se possa obter um

desempenho dos candidatos que pretendem obter, renovar ou adicionar categoria a

CNH.

3.3. Sujeitos da Amostra

A amostra deu-se com 100 candidatos que foram atendidos na clínica na

cidade de Petrolina – PE, durante o mês de abril de 2013.

3.4. Instrumento de Coleta de Dados

Foi utilizado o teste AC e a aplicação foi realizada de forma coletiva em sala

de testes, por psicólogo com curso de perito examinador de trânsito em clínica de

avaliação psicológica credenciada pelo DETRAN – PE.

3.5. Procedimento para Coleta de Dados

O teste foi aplicado com um número máximo de 20 candidatos. Durante a

aplicação, as instruções foram apresentadas de forma padronizada. Assim, após o

28

preenchimento dos dados pessoais por partedos indivíduos, procedeu-se às

instruções:

Como vocês podem notar nesta parte da frente da folha de respostas, nós temos um retângulo com três tipos de setas desenhadas dentro dele. Estes tipos de setas estão misturados com outros nesta linha. A tarefa que vocês vão realizar é procurar as setas iguais às que estão dentro do retângulo no meio das outras que estão nesta linha. Cada vez que vocês encontrarem uma delas, ela deve ser assinalada com um risco na vertical ou levemente inclinado de forma que fique claro que vocês encontraram uma delas. As setas não precisam aparecer juntas ou em sequência para serem assinaladas. Cada vez que uma delas aparecer ela deve ser riscada. As setas podem aparecer várias vezes na mesma linha e toda vez que isso acontecer elas devem ser riscadas. Caso vocês marquem uma seta e percebam que ela não é igual a nenhuma das que estão no retângulo vocês devem fazer um círculo em volta dela para que ela não seja considerada como erro no momento da correção. Vocês agora vão fazer esta linha de exemplo para treinarem a tarefa que deve ser realizada. Vocês devem trabalhar na sequência sempre da esquerda para a direita, com rapidez, mas com atenção procurando não esquecer de assinalar nenhuma seta e não riscar as que não estejam dentro do retângulo, pois os erros serão descontados do total de acertos. (CAMBRAIA, 2009, p.46-48).

Após o treino do exercício, é feito o teste propriamente dito, com duração de

cinco minutos. Sua aplicação pode ser individual ou coletiva, e tem a duração de 5

minutos. O teste é composto por símbolos, onde o avaliando deve localizar, entre

todos os símbolos da folha, os 3 apresentados como modelos. A correção é

realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa e qualitativa. O resultado

é obtido através de tabelas em percentis para o público-alvo de acordo com sua

escolaridade e idade (ALCHIERI, 2010).

3.6. Plano para a Análise dos Dados

Primeiramente foram tabulados os resultados dos testes corrigidos,

quantificando quais candidatos foram aprovados considerando o gênero, a

escolaridade e a idade para, dessa forma, ser exposto seu desempenho no teste de

atenção concentrada.

29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Desempenho Geral

A análise dos resultados revela que, dos 233 candidatos, 182 foram

aprovados, ou seja, alcançaram desempenho favorável, representando 78% dos

candidatos. Ao passo que 51 candidatos necessitaram fazer reteste, o que

corresponde a 22% dos candidatos avaliados. Esse resultado pode ser demonstrado

no Gráfico 1.

Gráfico 1 –Desempenho dos candidatos avaliados, em porcentagem.

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

Apesar do número de candidatos aprovados seja maior, é importante analisar

as causas dos candidatos que não tiveram um desempenho satisfatório. Segundo

Cambraia (2009), o teste de Atenção Concentrada que tem como objetivo avaliar a

capacidade do sujeito de abstrair-se de tudo e fixar-se em um objeto durante um

período determinado. Há pessoas que não conseguem ser rápidas ao desempenhar

tarefas, necessitando de um tempo maior para sua realização. Talvez o tempo de 5

minutos do teste seja pouco para essas pessoas, tendo como resultado a

classificação inferior por não ter marcado o suficiente. Há também aquelas pessoas

que não mantém a concentração, e o resultado do teste é insatisfatório porque

cometem muitos erros e omissões ao longo do teste.

Tonglet (2002), alerta para outra interferência que pode ocorrer no

desempenho do candidato durante a aplicação do teste de atenção, que é a

30

existência de examinandos que apresentam problemas de acuidade visual e não

usam óculos ou lentes corretivas ao realizar a tarefa.

É imprescindível que o motorista apresente bom nível de atenção,

principalmente para visualizar as placas de sinalização, pois segundo Tonglet (2007,

p. 60),

São as placas de advertência e as placas de regulamentação que fornecem a informação ao motorista sobre a sinalização vertical ao transmitirem mensagens de caráter permanente, possibilitando melhor fluidez no trânsito e maior segurança a todos os participantes. [...] Neste sentido, além do motorista perceber o estado interno do seu organismo e coordenar os movimentos necessários à direção do veículo, necessita centrar sua atenção, entre outros estímulos externos, nas placas de advertência e de regulamentação.

Portanto, um candidato que apresente classificação inferior no teste,

provavelmente no seu cotidiano, a sua atitude mental não será diferente, pois

tenderá a reproduzir esta atitude nas situações que vivenciar diariamente. Como

consequência, não irá ver determinadas placas ou irá interpretá-las de modo errado.

(TONGLET, 2007, p. 205). A falta de atenção aliada a outros fatores como excesso

de velocidade e falta de habilidade na direção, são uma das principais causas de

acidentes de trânsito. Nesse sentido, Rueda (2009, p.38), afirma que “um

desempenho ruim em testes que avaliam percepção do perigo e atenção estariam

relacionados significativamente aos índices de acidente em estrada”.

4.2 Gênero

Dos 233 candidatos avaliados, 171 eram do sexo masculino e 62 do sexo

feminino, representando assim, 73% e 27% respectivamente.

31

Gráfico 2 – Gênero dos candidatos avaliados, em porcentagem.

73%

27%

0% 0%

Homens

Mulheres

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

O gênero masculino prevalece sobre o feminino, o que provavelmente se

deve ao fato de que os homens se utilizam da CNH como profissionais tendo a

observação de Transporte Remunerado, e assim necessitam ser submetidos à

avaliação psicológica tanto para obtenção quanto para renovação, assim como os

que pretendem adicionar categoria, como diz no Código de Trânsito Brasileiro no art.

147,

“O exame previsto no § 2o incluirá avaliação psicológica preliminar e

complementar sempre que a ele se submeter o condutor que exerce atividade remunerada ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais candidatos apenas no exame referente à primeira habilitação”.

Sendo assim, como a maioria das mulheres se utiliza da CNH apenas para

uso particular, estas se submetem menos à avaliação psicológica, ou apenas

quando pretendem obtê-la.

Ainda em relação ao gênero, constatou-se que, entre os homens, 141 foram

considerados aptos e apenas 30 necessitaram nova avaliação, enquanto entre as

mulheres, 41 foram consideradas aptas e 21 necessitaram nova avaliação.

32

Gráfico 3 - Desempenho do gênero masculino, em porcentagem.

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

Nota-se que, entre os candidatos do gênero masculino, 82% foram

considerados aptos diante da avaliação no quesito da atenção concentrada,

enquanto apenas 18% necessitaram de nova avaliação.

Considerando o gênero feminino, Gráfico 4, observou-se que 87% das

mulheres foram consideradas aptas na avaliação da atenção concentrada, ao passo

que 13% das candidatas não conseguiram desempenho suficiente, necessitando

fazer reteste.

Gráfico 4 - Desempenho do gênero feminino, em porcentagem.

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

Nesse caso, não é adequado relacionar quem tem mais aptidão entre os

gêneros, pois na pesquisa houve maior prevalência de homens sobre as mulheres.

33

4.3 Idade

Com relação à variável idade, os candidatos avaliados encontravam-se na

seguinte faixa etária: 18 a 20 anos: 50 candidatos, dos quais 41 foram considerados

aptos e 9 necessitaram nova avaliação; 21-25 anos: 56 candidatos, sendo que 44

foram considerados aptos e 12 necessitaram nova avaliação; 26-30 anos: 49

candidatos, sendo 41 considerados aptos e 8 necessitou nova avaliação; e 31 anos

ou mais: 81 candidatos, dos quais 63 foram considerados aptos e 18 necessitaram

nova avaliação, conforme gráfico 5.

Gráfico 5 – Idade dos candidatos avaliados, em porcentagem.

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

A prevalência de candidatos na faixa etária que foram considerados aptos

está os de 30 anos ou mais, fato que como pontuamos anteriormente, se deve ao

fato de que os motoristas nessa idade necessitam renovar ou adicionar categoria à

CNH. Mas também devemos observar que nessa idade as pessoas estão

pretendendo obter a CNH, pois provavelmente já estão estabilizadas

financeiramente e podem adquirir seu veículo, facilitando assimo dia a dia e cumprir

as exigências da vida moderna.

34

4.4 Escolaridade

Quanto ao grau de escolaridade dos candidatos avaliados no teste de atenção

concentrada, apresentado no gráfico 6, constatou-se que 6 candidatos tinham

instrução do Ensino Fundamental da 1a à 4a série, sendo que, 3 foram considerados

aptos e 3 necessitam nova avaliação. 47 candidatos tinham o Ensino Fundamental

de 5a a 8a série, dos quais 38 candidatos foram considerados aptos, enquanto

apenas 9 necessitaram fazer reteste. 162 candidatos tinham o Ensino Médio

(completo ou incompleto) e, destes, 134 foram considerados aptos e 28

necessitaram de nova avaliação. 31 candidatos tinham Ensino Superior (completo

ou incompleto) e foram considerados aptos 21 candidatos, enquanto 10

necessitaram nova avaliação.

Gráfico 6 – Escolaridade dos candidatos avaliados, em porcentagem.

Fonte: Dados da Pesquisa. Petrolina/PE. 2013.

Percebe-se que há a prevalência de candidatos com ensino médio ou

incompleto, isso indica que o Brasil tem passado por mudanças sociais, e

econômicas, e tem valorizado e priorizado a educação das pessoas.

De acordo com a tabela existente no manual do teste AC, há um aumento no

valor da média de pontos dos sujeitos de acordo com a escolaridade, indicando que

o desempenho do avaliando aumenta com a escolaridade. Nesse caso, como houve

uma maior prevalência de candidatos com ensino médio (completo ou incompleto)

seguido de candidatos com ensino fundamental (completo ou incompleto), não é

35

correto afirmar que os candidatos com ensino superior tiveram um maior

desempenho no teste.

Conforme Cambraia (2009), pesquisas evidenciam que o nível de

escolaridade do examinando determina padrões de rendimento diferentes em cada

nível. Portanto, para cada nível de escolaridade deve existir uma tabela, reforçando

assim, a necessidade de normas para as diversas regiões do Brasil onde o teste é

aplicado, bem como a constante atualização dessas normas e tabelas.

36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desempenho dos avaliandos foi considerado satisfatório, representando

assim 78% dos candidatos, enquanto 22% não foi considerado apto, necessitando

realizar reteste. Percebe-se que quanto ao gênero, na pesquisa em questão, 73%

dos candidatos foram homens, indicando assim, uma prevalência de homens sobre

as mulheres, que representaram 27%. Provavelmente, isso acontece devido ao fato

de o homem utilizar a CNH como profissão e assim necessita renová-la e adicionar

categoria mais do que as mulheres. Quanto ao quesito idade, observa-se nesta

pesquisa, que a maior quantidade está nos candidatos com 30 anos ou mais,

representando 63%. É possível que nessa idade, as pessoas estejam mais

estabilizadas e tenha adquirido seu transporte, e assim, busquem sua primeira

habilitação ou precisem renová-la. E por fim, a escolaridade dos candidatos

avaliados prevaleceu naqueles com ensino médio completo ou incompleto, esse

dado reflete a atual situação em que se encontra nosso país, onde as pessoas estão

tendo mais acesso à escolaridade.

A partir dos resultados apresentados, fica clara a necessidade de elaboração

de tabelas para o teste AC que considerem as variáveis escolaridade, idade e

gênero. Pois as tabelas de percentis existentes do teste AC – Atenção Concentrada

são baseadas em pesquisas realizadas em estados como São Paulo, Espírito Santo,

Rio Grande do Norte e outros. No entanto, no estado de Pernambuco, há a

necessidade de novos estudos de validade e precisão específicos levando em

consideração a idade e profissão de motorista.

Assim, a partir desses estudos devem ser produzidas tabelas que sejam

precisas e válidas e que facilitem nosso trabalho. A padronização do teste AC com

amostra na cidade de Petrolina e região poderia tornar os resultados e classificações

das tabelas de percentis mais próximo da realidade dos candidatos que são

atendidos levando em consideração as peculiaridades da região do São Francisco.

É essencial para a segurança no trânsito, tanto do próprio condutor quanto

dos demais usuários das vias, que se tenha capacidade de manter a atenção e a

concentração em determinados momentos, especialmente na direção de um veículo

automotor.

37

REFERÊNCIAS

ALCHIERI, J. C.; Cruz, R. M. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

ALMEIDA, N. D. V.et al. As relações de gênero e as percepções dos/das motoristas no âmbito do sistema de trânsito.Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 25, n. 2, June 2005 . Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932005000200002&lng=en&nrm=iso>. accesson 15 July 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932005000200002.

ALMEIDA, L. S. et al . Inteligência, escolarização e idade: normas por idade ou série escolar?.Aval. psicol., Porto Alegre, v. 7, n. 2, ago. 2008 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712008000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 15 jul. 2013.

ALVES,I. C. B. Variáveis significativas na avaliação da inteligência.Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Campinas, v. 2, n. 2, 1998. Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85571998000200005&lng=en&nrm=iso>. accesson 15 July 2013.

BASTOS, Y.G.L. et al. Características dos acidentes de trânsito e das vítimas atendidas em serviço pré-hospitalar em cidade do sul do Brasil, 1997/2000.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21 (3): 815-822, mai-jun, 2005.

BRAGA, Juliana Leão. Atenção Concentrada e Atenção Difusa: Elaboração de Instrumento de Medida. 2007. 9 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações) – Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

BRASIL Código de trânsito brasileiro. Lei nº. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm>. Acesso em: 06mai. 2013.

CANCELA, D.M.G. O processo de envelhecimento.

CAMBRAIA, S. V. Teste AC. Manual. São Paulo: VetorEditora, 2009.

CALIMAN, L. V.Os valores da atenção e a atenção como valor.Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, dez. 2008 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812008000300006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 14 jul. 2013.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA – Caderno de Psicologia do Trânsito e Compromisso Social. Brasília, 2000.

38

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 012/2000. Disponível naWorld Wide Web: http://www.pol.org.br.

CONTRAN. Resolução CONTRAN n. 425, de 27 de novembro de 2012. DOU 10.12.2012.Disponível em:http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/ (Resolução%20425.-1).pdf. Acesso em: 09mai. 2013.

CRUZ, V. L. P. Reabilitação cognitiva dos processos atencionais em adultos com traumatismo cranioencefálico. 2012. 131 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DE PERNAMBUCO. Estatística de Trânsito. Pernambuco: DETRAN-PE, 2013. [http://www.detran.pe.gov.br/estatistica.htm]

HOFFMANN, Maria Helena. Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos. Psicol. pesqui. trânsito, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, dez. 2005.

LIMA, R. F. Compreendendo os mecanismos atencionais.Ciências & Cognição, vol. 6, p.113-122, 2005.

MACHADO, D.C.D et al. Gênero e Níveis de Atenção. Fitness & Performance Journal, v.4, n.4, p.233, 2005.

NORONHA, A. P. P.; Sisto, F. F.; Rueda, F. J. M. Evidência de validade desenvolvimental para o Teste de Atenção Dividida. PSIco, Porto Alegre,

PUCRS, v. 39, n. 4, pp. 492-499, out./dez. 2008. Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/viewFile/2033/3840. Acesso em 03 set. 2012.

PAPALIA, D. E.,&Olds, S. W. Desenvolvimento humano. São Paulo: Pioneira, 2000.

PIOVANI, Clauco. MPM – Medida da Prontidão Mental. Manual. São Paulo: Edites, 2006.

ROHDE, L. A.et al. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.Rev. Bras. Psiquiatr., SãoPaulo, 2013.Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 14 de julho de 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462000000600003.

RUEDA, F. J. M.Atenção concentrada e memória: evidências de validade entre instrumentos no contexto da psicologia do trânsito.Psicol. teor.prat., São Paulo, v. 11, n. 2, dez. 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872009000200013&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 03 set. 2012.

39

RUEDA, F. J. M. Desempenho no teste de atenção dividida como resultado da idade das pessoas. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2011, vol.28, n.2, pp. 251-259. ISSN 0103-166X. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2011000200012.

RUEDA, F. J. M.; CASTRO, N. R.Capacidade atencional: há decréscimo como passar da idade? Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 30, n. 3, set. 2010 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000300010&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 21 ago. 2012.

RUEDA, F. J. M. Evidências de validade para o Teste de Atenção Concentrada – TEACO-FF. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia). Universidade São Francisco, Itatiba, 2009.

ROZESTRATEN, R. J. A. Estudos sobre a avaliação psicológica de motorista. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

ROZESTRATEN, R. J. A. Psicologia do trânsito: Conceitos e processos básicos. São Paulo: EPU e EDUSP, 1988.

Site do IBGE: www.ibge.gov.br Acesso em 04 set. 2012.

STERNBERG, R.J. Psicologia Cognitiva. (M.R.B. Osório, Trad.). Porto Alegre: Artmed, 2000.

STURZENEGGER, L.D. A importância da avaliação psicológica periódica para a segurança veicular no trânsito. Monografia (Especialização em Psicologia do Trânsito). Centro Universitário de Araras, Araras, SP, 2012.

TONGLET, Emilio Carlos. BFM-1 - Bateria de Funções Mentais para Motorista: Testes de Atenção. 2. ed. rev.ampl. São Paulo: Vetor, 2007.

TONGLET, Emilio Carlos. BFM-3 - Bateria de Funções Mentais para Motoristas: Teste de Raciocínio Lógico. Manual.São Paulo: Vetor, 2001.

TONGLET, Emilio Carlos. BFM-4 - Bateria de Funções Mentais para Motoristas: testes de atenção concentrada. São Paulo: Vetor, 2002.

www.brasilescola.com/curiosidades/diferenças-entre-homes-mulheres.htm. Acesso em 23/05/2013

VYGOTSKY, L. S. et al. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar.Psicologia e pedagogia, v. 1, p. 31-50, 1991. Disponível em http://www.luzimarteixeira.com.br/wpontent/uploads/2011/03/aprendizagemedesenvolvimentointelectualnaidadeescolar.pdf Acesso em 14 de julho de 2013.

40

ANEXOS

41