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Unidades de Conservação Com um estudo dedicado à Reserva Biológica Equitativa

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Unidades de ConservaçãoCom um estudo dedicado à

Reserva Biológica Equitativa

Samuel Maia

Unidades de ConservaçãoCom um estudo dedicado à

Reserva Biológica Equitativa

1ª Edição

Duque de Caxias2014

Copyright © 2014 by Samuel Maia

CapaEduardo Ribeiro

RevisãoShirley Costa e Silva

DiagramaçãoEduardo Ribeiro

ProduçãoEsteio Editora

FICHA CATALOGRÁFICA

1ª Edição

Esteio EditoraDuque de Caxias / 2014

Maia, Samuel. 1967 –

Unidades de Conservação : Com um estudo dedicado a Reserva

Biológica Eqüitativa / Samuel Maia. – Duque de Caxias, RJ : Esteio, 2014.

100 p. ; il : 14x21 cm.

Inclui bibliografia

ISBN 978-85-86589-06-5

1. Meio ambiente 2. História. I Geografia.

CDD 577

AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente à minha esposa, Solange, pelo incentivo e apoio desde o começo, e aos meus filhos, Leonardo e Sofia.

A todos os que lutam por uma sociedade sustentável.

SUMÁRIO

Prefácio ...............................................................................09

1. Introdução ......................................................................13

2. Desenvolvimento sustentável ........................................19

2.1. Histórico ......................................................................23

2.2. O papel do estado na questão ambiental ...................26

2.3. Das políticas ambientais brasileiras ...........................29

2.4. Desenvolvimento sustentável (ds) .............................32

2.5. Áreas de preservação ..................................................34

2.6. Aspectos jurídicos .......................................................41

3. Reserva Biológica do Parque Equitativa .......................43

3.1. Mata Atlântica .............................................................47

3.2. Finalidades ..................................................................49

3.3. Área de estudo .............................................................50

3.4. Da recomposição florestal da área .............................52

3.5. Da mudança de paradigmas na ecologia de restauração ..53

3.6. A natureza e a recuperação de áreas degradadas ......56

3.7. Da sucessão ecológica .................................................59

3.8. Dos indicadores de recuperação ................................60

3.9. Do plano de manejo ....................................................61

3.10. Meio físico .................................................................63

3.10.1. Climatologia ...........................................................63

3.10.2. Aspectos da hidrografia e hidrologia ....................64

3.10.3 Pedologia .................................................................65

3.10.4. Geologia e geomorfologia .....................................65

3.11. Meio biótico ..............................................................66

3.11.1. Botânica ..................................................................66

3.11.2. Definição dos modelos de recuperação a serem empregados .............................................................67

3.12. Fauna .........................................................................68

4. Conclusão .......................................................................69

Referências bibliográficas ..................................................73Anexos ................................................................................79

PREFÁCIO

Tive a honra de receber o convite para prefaciar esta obra de grande valor para o ambientalismo brasileiro. Outra honra maior foi a oportunidade em lecionar para o professor Sa-muel Maia, no Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambien-tal da Faculdade Integrada AVM, no Rio de Janeiro. A leitu-ra de boas obras sobre ambiente renova o espírito daqueles que levam a sério a proteção do equilíbrio sistêmico existente na natureza. Falar sobre as maravilhas do ambiente natural não é apenas uma reunião de interesses e vontade lucrativa na venda do livro. Escrever sobre temas ambientais é legar às futuras gerações, pequenas iniciativas que se tornam gran-des com a prática e seriedade. O professor Samuel Maia é um testemunho vivo desta experiência. Nesta obra, temos a oportunidade de viajar pelo universo das unidades de conser-vação, como se estivéssemos em uma câmara do tempo, com condições de acompanhar a evolução legislativa da proteção dos ecossistemas e ambientes vivos do Planeta. Prefaciar esta obra é mais do que um desa� o. É caminhar conjuntamente com um missionário que não se desalija da técnica, da prática e acima de tudo do pensamento cognitivo. Por muitas vezes, através da leitura deste trabalho, chegamos até mesmo a abor-dar o patrimônio natural como se estivéssemos no local, sen-tindo, pensando e saboreando a experiência da sabedoria do Autor. A análise dos ecossistemas, do bioma da Mata Atlân-tica e a descrição da trajetória do pensamento e movimento ambientalista, compõem uma série de assertivas capazes de

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comprovar a habilidade didática do professor Samuel Maia nesta obra. Destaco aqui o preciosismo narrativo em relação ao histórico do ambientalismo no mundo e no Brasil, tão bem destacado pelo Autor. As construções conceituais, as aborda-gens dialéticas e a exposição das diversas correntes deixam a leitura cada vez mais instigante. Samuel Maia, por mais uma vez me surpreende, exibindo todo o seu potencial dialético, transferindo para a bibliogra� a características marcantes de seu pensamento, margeando, inclusive algures, a sua pró-pria biogra� a. O Autor, além de honrosamente exercer seu árduo o� cio de Secretário Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Abastecimento de Duque de Caxias, soube de forma majestosa associar as razões e princípios doutrinários à sua experiência na condução de uma das mais importantes pastas de um município de grande destaque e contribuição para a Baixada Fluminense, legando àquela municipalida-de muitos prêmios e honrarias. Pela leitura do capítulo 3, veri� ca-se, claramente, o antes e o depois dos resultados de uma boa gestão em uma unidade de conservação de proteção integral. A descrição e caracterização da Reserva Biológica do Parque Equitativa compõem uma plêiade de ações socio-ambientais que estão plenamente descritas nos subtítulos do capítulo 3. Cumpre ainda dizer que, hodiernamente no Brasil, as Reservas Biológicas Municipais são extremamente raras, sendo a Rebio Equitativa um valioso presente para os cida-dãos caxienses e todos aqueles que visitarem o local. Cir-cundada pela expansão urbana, uma mancha verde resiste às pressões e ainda vale de alicerce à composição dos mosaicos e hotspots de biodivesidade. Caminhar pelo interior da Rebio Equitativa é encontrar um emaranhado de vegetais e ainda ter a audição ofuscada pela variedade e quantidade de cantos de pássaros no local. Para um bom observador de aves, como sou, uma pequena caminhada no seu interior já nos desper-ta a atenção para a variedade de espécies presentes. A ênfase

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do papel do Estado nas relações socioambientais e ainda a avaliação crítica das políticas ambientais brasileiras, também nos estimulam a pensar positivamente na valorosa contribui-ção que uma Reserva Biológica pode oferecer ao desenvolvi-mento sustentável naquela localidade. A ênfase da ecologia de restauração também é abordada de maneira bem enfática, com destaque para as ações realizadas no interior e entorno da Unidade de Conservação, notadamente no que se refere a descrição minuciosa e amplamente técnica da ocorrência de sucessão ecológica no local. Por � m, não poderia deixar de fazer referência a um dos últimos, porém mais importantes itens da presente obra, que está aqui representada pela análise do Plano de Manejo da Referida Unidade de Conservação. É questão pública e notória que muitas unidades de conser-vação no Brasil, em que pese a lei nº 9985/00 e ainda o seu decreto regulamentedor nº 4340/02. A Rebio Equitativa, mais uma vez na vanguarda, traz uma rara característica, qual seja, a discussão de um plano de manejo, há pouco tempo da data de criação da referida Unidade de Conservação. Assisisti-mos, hoje em dia, Unidades de Conservação, criadas na dé-cada de 70, que até a presente data ainda não possuem planos de manejo aprovados, ou outras que apesar de possuírem, os planos não atendem às demandas originais. São apenas so� laws, leis que não pegam, e não impõem regra a ninguém. Não é este o caso da Rebio Equitativa, que a todo momento se diferencia das demais unidades de conservação municipais. A ampla análise feita pelo professor Samuel demonstra os resultados positivos da boa aplicação do Sistema Municipal de Unidades de Conservação. Pelo que poderemos observar, o professor Samuel Maia, nesta obra, prova aos leitores, que para lecionar, escrever e trabalhar com o Ambiente, devemos desenvolver melhor os nossos sentidos, aperfeiçoá-los a pon-to de atingirmos suas melhores performances. Neste traba-lho, os de� cientes visuais, ao ouvirem a leitura, sentirão mais

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odores, admirarão os perfumes naturais, tocarão espinhos e não serão perfurados e saborearão as frutas sem a essenciali-dade da visão. O sentimento é similar a “ouvir estrelas”, como disse nosso Castro Alves. Um singelo gesto mais do que su-blime. O professor nos ensina como Bo� já dizia, a saber cui-dar, a trabalhar os sentidos e acima de tudo a sentir.... Quem protege a harmonia da natureza, ama, e quem ama, cuida! Tenho a certeza que, ao � nal da leitura desta obra, você não mais observará as unidades de conservação como meros ins-trumentos jurídicos, mas sim como uma morada eterna, que re� ete o paraíso, e que nos ensina, diariamente, aquilo que hoje tanto vulgarizamos: SUSTENTABILIDADE.

Prof. Francisco CarreraIdealizador do FÓRUM EMPRESARIAL RIO+20, e Assessor Jurídico do IEVA- INSTITUTO EVENTOS AMBIENTAIS, primeira instituição brasileira a enca-minhar uma resposta ao questionário preliminar elaborado pelo PrepCom da RIO+20(UNCSD2012).Francisco Carrera é advogado, escritor, professor de Direito, coordenador de vá-rios cursos de Pós Graduação em Direito Ambiental e Urbanístico, é pós gradua-do em Auditoria e Perícias Ambientais, Mestre em Direito da Cidade pela UERJ, Especialista em biodiversidade, direito empresarial ambiental, autor e co-autor de diversas obras de direito ambiental. Pro� ssional formado em 1992 pela Universi-dade Santa Úrsula, participou como voluntário da RIO-92, foi representante da OAB-RJ no Fórum Preparatório da RIO+05 em Brasília, foi ex delegado e membro da Comissão de Direito Ambiental da OAB-RJ, foi Assessor da Secretaria de Pro-moção e Defesa dos Animais da Prefeitura do Rio de Janeiro, já assessorou mais de 30 prefeituras no Brasil, Foi membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, integrante de Grupo de Trabalho de Fauna. Elaborou diversos pla-nos Diretores em cidades na Amazônia, Assessor de diversas empresas na área de direito ambiental e empresarial. Atualmente é professor da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro - EMERJ, é membro do Instituto dos Advogados Brasileiros - IAB, e integrante da Comissão de Direito Ambiental e Vice Presidente da Co-missão de Direito Agrário. Integra ainda os Instituto Brasileiro de Advocacia Pú-blica- IBAP e da Associação dos Professores de Direito Ambiental - APRODAB. Foi membro do Departamento de Meio Ambiente da ASSOCIAÇÃO DOS DI-PLOMADOS DA ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA - ADESG-NACIONAL. É delegado da Comissão de Direito Ambiental da OAB-RJ, e professor coordenador do Curso de Pós Graduação em Direito Ambiental da Faculdade AVM - Universi-dade Cândido Mendes. Possui mais de 500 Artigos e publicações especializadas e é membro do conselho editorial de várias editoras.

1. INTRODUÇÃO

Com a edição da lei nº 9.985/2000 as denominadas uni-dades de conservação foram divididas em dois grupos, ou seja, as denominadas unidades de proteção integral e as unidades de uso sustentável, sendo que cada um apresenta objetivos específicos legalmente definidos.

No presente estudo, busca-se tratar especificamente so-bre as unidades de conservação de proteção integral, sendo que as mesmas têm por finalidade "preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos na-turais, com exceção dos casos previstos nesta Lei" (Lei nº 9.985/2000, artigo 7º, § 1º).

Ainda, a lei 9.985/2000 em seus artigos 8º e 14, desig-nou os tipos de unidades de conservação que fazem parte do sistema nacional, assim, em relação às unidades de pro-teção integral, foram realizadas cinco classificações, a sa-ber: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional (ou Estadual ou Municipal), Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre.

Assim, cada uma das categorias unidades previstas na lei 9.985/2000 tem objetivos específicos gerais das unida-des de conservação e daqueles do grupo ao qual pertencem com correspondentes e variados graus de restrições e per-missividade dentro de suas áreas.

É importante destacar que nas últimas décadas a ques-tão do meio ambiente deixou de ser encarada somente como domínio exclusivo dos ecologistas e passou a ser in-

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corporada às preocupações essenciais da sociedade. Esta colocação pode muito bem ser observada nas palavras de Ferolla (1999), pelo incontável número de iniciativas polí-ticas direcionadas à conservação dos recursos naturais.

A analogia entre meio ambiente e desenvolvimento econômico deixou de ser vista como conflitante para ser alçada a uma parceria, onde o crescimento econômico deve perseguir a conservação dos recursos naturais. Em confor-midade com Campos e Lerípio (1997), o ponto principal da questão reside na necessidade de uma coexistência harmo-niosa entre a boa qualidade do meio ambiente e a geração de riqueza, encaradas como variáveis interdependentes.

É importante destacar que a política ambiental de criação e instituição de unidades de conservação, sejam elas de prote-ção integral ou uso sustentável, tem apresentado alguns bons resultados concretos quanto ao objetivo de atingir as metas de proteção paisagística e uso sustentável de recursos naturais.

Inúmeros países têm definido políticas públicas de conservação ambiental aliadas ao desenvolvimento de prá-ticas turísticas, especialmente as modalidades atreladas aos ecossistemas naturais e ao espaço rural.

Em relação ao Brasil, existe um norteamento político, econômico e social no aspecto de se estimular o desenvol-vimento de projetos de caráter sustentável em âmbito local, onde se podem ver os processos turísticos aliados ao mes-mo. Determinados organismos do estado, como o Instituto Brasileiro de Meio ambiente (Ibama), demais secretarias estaduais e municipais e algumas autarquias e Organiza-ções Não Governamentais (ONG’s), têm trabalhado dire-tamente em ações que objetivem a exploração de um turis-mo sustentável em unidades de conservação e seus espaços geográficos contíguos. Dessa forma, pode-se observar que as comunidades localizadas nos entornos das unidades de conservação também têm participado dos processos de

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aproveitamento dos recursos paisagísticos naturais e cultu-rais dessas referidas regiões.

A partir da elaboração de um diagnóstico das condi-ções naturais e culturais das unidades de conservação, é possível futuramente estabelecer as devidas estratégias para o desenvolvimento dessas regiões.

Ainda, é importante destacar que as unidades de con-servação têm a finalidade de manter a diversidade bioló-gica regional. São áreas que associam o desenvolvimento de pesquisas com o uso racional dos recursos naturais. Por conseguinte, a legislação ambiental pátria determina que empreendimentos de grande impacto compensem os danos causados ao meio ambiente com a implementação de uni-dades de conservação e proteção integral.

Ressalta-se que as unidades de conservação têm um pa-pel fundamental visando assegurar a biodiversidade para as presentes e futuras gerações. Muitos esforços em níveis mundial e nacional têm sido concentrados para a criação e implementação das mesmas nas inúmeras categorias de manejo, sendo que no Brasil esses esforços têm como refe-rência a implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) .

Ainda, observa-se que a criação das unidades de con-servação usualmente está atrelada a números relacionados à quantidade de unidades criadas e de hectares “protegi-dos” como forma ideal de justificar e divulgar os esforços de conservação da biodiversidade, principalmente as de ca-tegoria proteção integral .

É importante ressaltar a existência de uma grande preo-cupação a nível global específica com a qualidade do mane-jo das unidades de conservação que pode ser demonstrada pelo número de trabalhos publicados em relação ao manejo efetivo, definido como a relação do grau no qual uma área protegida alcança suas metas e objetivos (BRASIL, 2006).