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UNIDADE 4 ESTRADAS NÃO PAVIMENTADAS 1

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UNIDADE 4

ESTRADAS NÃO PAVIMENTADAS

1

SUMÁRIO

2

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrada vicinal não pavimentada..........................................................5

Figura 2. Processo erosivo em uma estrada não pavimentada em Ituiutaba –

MG........................................................................................................................7

Figura 3. Bueiro tubular de fluxo transversal, instalado na secção transversal de

uma estrada não pavimentada...........................................................................10

Figura 4. Perfil transversal de uma estrada com superfície abaulada...............11

Figura 5. Abaulamento do leito de uma estrada vicinal......................................11

Figura 6. Perfil transversal de uma estrada com superelevação.......................12

Figura 7. Estrada não pavimentada com bacias de retenção............................13

Figura 8. Distribuição das tensões cisalhantes provocadas pelo escoamento em

um canal de secção trapezoidal.........................................................................18

Figura 9. Representação esquemática da subdivisão das áreas para

determinação do hidrograma no canal de drenagem da estrada......................20

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Limites máximos para as velocidades médias de escoamento.........17

Tabela 2. Tensões críticas de cisalhamento, em Pa, para materiais coesivos e

não coesivos.......................................................................................................18

Tabela 3. Valores de erodibilidade em sulcos e tensão crítica para cisalhamento

do solo para diferentes solos de estrada............................................................19

3

1 IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE DRENAGEM PARA ESTRADAS NÃO

PAVIMENTADAS

As estradas não pavimentadas, também chamadas de estradas vicinais,

agrovias ou estradas rurais são as principais ligações entre as propriedades

rurais e povoados vizinhos, além de servirem de acesso às vias principais.

Também podemos encontrar estradas destinadas exclusivamente à

movimentação interna das propriedades rurais, que possuem como principal

função o trânsito de moradores, máquinas, equipamentos e produtos agrícolas

até as estradas vicinais (GRIEBELER et al., 2009). São caracterizadas pela

ausência de revestimento, com pavimento constituído com materiais locais

apenas conformados ou por possuírem algum tipo de revestimento primário

(OLIVEIRA, 2005)

As estradas não pavimentadas permitem o acesso da população rural a

serviços básicos, como saúde, educação, comércio e lazer, reduzindo o êxodo

rural. Desta forma estradas em boas condições de tráfego são importantes

para a economia agrícola, para a convivência social e o acesso a recursos

fundamentais da sociedade (GRIEBELER et al., 2009).

4

Figura 1. Estrada vicinal não pavimentada

5

Fonte: Techio, 2009

Países em desenvolvimento apresentam sua malha viária,

predominantemente composta por estradas não pavimentadas, pois grande

parte da economia é baseada na produção e comercialização de produtos

primários, os quais são transportados principalmente nesse tipo de estrada

(GRIEBELER et al., 2009).

Vimos nas unidades anteriores que a água promove erosão no solo se

atingir a velocidade erosiva, que será tanto maior quanto maior for o volume da

enxurrada. Desta forma a captação estratégica da água impedindo a formação

de grandes massas e de velocidade erosiva é a solução para a conservação

das estradas e traz como benefícios indiretos a recarga dos aquíferos

subterrâneos (PIRES; SOUZA, 2006).

A erosão provocada pela água no leito e nas margens das estradas não

pavimentadas é um dos principais fatores para sua deterioração, sendo

responsável, muitas vezes, por até 50% das perdas de solo (ANJOS FILHO,

1998). Estudos sobre a conservação das estradas vicinais evidenciam o

transporte de sedimentos, a erosão do solo e nas margens de estradas

carreando materiais sólidos para os leitos dos rios como fatores importantes na

diminuição da qualidade ambiental e dos recursos hídricos (CEPA, 1999).

Figura 2. Processo erosivo em uma estrada não pavimentada em Ituiutaba – MG

6

7

Fonte: Pontal em Foco, disponível em: <http://pontalemfoco.com.br/estradas-rurais-de-

ituiutaba-em-completo-abandono/>

Para o efetivo controle da erosão em estradas vicinais, é de fundamental

importância atuar eficientemente na origem do problema, o escoamento

superficial. O Maine Departement of Environmental Protection – MDEP (2010)

diz que a má drenagem das estradas está ligada a cerca de 80% dos

problemas que ocorrem em estradas não pavimentadas.

Os efeitos da erosão em estradas vicinais podem ser reduzidos a partir

da adoção de medidas que minimizem as consequências do escoamento

superficial da água gerados localmente ou nas áreas adjacentes. Os sistemas

de drenagem devem evitar que o escoamento superficial acumule-se na

estrada e passe a utilizá-la para o seu escoamento (GRIEBELER et al., 2005).

A água que escoa pelas estradas deve ser recolhida em suas laterais e

levadas, controladamente, para escoadouros naturais ou artificiais, bacias de

acumulação ou outro tipo de sistema de retenção localizado no terreno que

margeia a estrada ou em suas adjacências (GRIEBELER et al., 2005).

2 Elementos geométricos das estradas

Vários elementos são utilizados para a proteção das estradas não

pavimentadas contra a erosão, que tem como função principal remover a água

provinda do escoamento para fora da estrada. Entre eles temos abaulamento

do leito, superelevação nas curvas, drenos e bueiros (GRIEBELER et al.,

2009).

O traçado das estradas vicinais deve seguir as curvas naturais do

terreno, declives acentuados e outros obstáculos locais devem ser evitados. A

secção transversal varia de acordo com o tipo de solo e relevo local, que

podem influenciar diretamente na qualidade da estrada. A declividade

8

transversal é a principal característica tanto na secção transversal como no

sistema de drenagem. As estradas não pavimentadas, segundo DNER (1981),

devem ter declividade transversal de 3% ou 4%, variando em função do tipo de

solo constituinte do subleito da estrada. Nas estradas com solos argilosos, a

declividade pode ser maior. Essa declividade é obtida a partir do abaulamento

transversal (PIRES; SOUZA, 2006).

Figura 3. Bueiro tubular de fluxo transversal, instalado na secção transversal de uma

estrada não pavimentada

Fonte: CODASP, SP disponível em: http://www.codasp.sp.gov.br/site/index.php

/servicos/melhor-caminho/programa-melhor-caminho

Abaulamento do leito é o nome dado à forma convexa que se dá a

secção transversal da estrada para que a água da chuva não permaneça sobre

ela, devendo promover a rápida remoção dessas águas, não permitindo que a

água permaneça por muito tempo na superfície. Para a construção do

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abaulamento deve-se levar em consideração a necessidade de drenagem, a

comodidade dos usuários, uma vez que o abaulamento em excesso leva os

condutores a trafegarem no centro da pista (GRIEBELER et al., 2009).

Figura 4. Perfil transversal de uma estrada com superfície abaulada

Fonte: Silva, 2011

Figura 5. Abaulamento do leito de uma estrada vicinal

10

Fonte: Prefeitura Municipal de Itatiaiuçu-MG, disponível

em:<http://www.itatiaiucu.mg.gov.br/upload/imgOrig%7BCDEAC04E-DD3-CDC5-6BAE

-782711ED7C27%7D.jpg>

A superelevação das estradas está diretamente relacionada à drenagem

da água da superfície da estrada e consiste na elevação de apenas um de

seus lados (MDEP, 2010). Esta prática deve ser utilizada em estradas não

pavimentas em trechos com conformação retilínea, tendo como objetivo drenar

a água que cai no leito para o canal de drenagem da estrada (SILVA, 2011).

Figura 6. Perfil transversal de uma estrada com superelevação

Fonte: Silva, 2011

11

O talude corresponde a uma área de corte, externa a estrada, que

eventualmente pode contribuir para o escoamento superficial, que deverá ser

interceptado nas margens das estradas e drenado pelos canais. As

características do talude interferem diretamente na quantidade de água que

será escoada e sua energia, quanto maior o talude, maior deverá ser o canal

de drenagem (GRIEBELER et al., 2009).

O comprimento e o declive da rampa são os principais fatores que

aumentam a velocidade da enxurrada. O parcelamento do cumprimento das

rampas é uma técnica utilizada nos sistemas de terraceamento, mas que

também pode ser utilizada para o controle da erosão nas estradas se em

associação a água for direcionada e captada em bacias de retenção (PIRES;

SOUZA, 2006).

Figura 7. Estrada não pavimentada com bacias de retenção

12

13

Fonte: Fundação Rural Mineira – MG, disponível em: <

http://www.ruralminas.mg.gov.br/banco-de-noticias/208-ruralminas-contribui-para-a-revi

talizacao-da-bacia-do-rio-sao-francisco>

Os canais de escoamento possuem grande importância na implantação

de um sistema de drenagem, também podendo ser chamados de sarjetas.

Consiste em uma estrutura construída a margem das estradas, sua função

principal é coletar e conduzir as águas provenientes do escoamento superficial

da própria estrada ou das áreas adjacentes. Estes canais devem ser

corretamente instalados, com a finalidade de drenar a água das estradas,

evitando que o escoamento atinja velocidade erosiva que seja capaz de

degradar o canal de drenagem e causar danos às condições de tráfego da

estrada (BAESSO; GONÇALVES, 2003).

3 DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE DRENAGEM EM ESTRADAS

NÃO PAVIMENTADAS

O correto dimensionamento dos sistemas de drenagem em estradas

rurais depende do conhecimento prévio da vazão a ser transportada, das

características geométricas dos canais e da capacidade de resistência à

erosão dos solos desses canais (GRIEBELER, 2002).

O dimensionamento deverá levar em conta o máximo de escoamento

superficial que poderá ocorrer na estrada, a capacidade de infiltração de água

no solo e as culturas exploradas nas suas adjacências. Os canais que

conduziram a água para a área marginal deve ter declividade pequena, a fim

de não provocar a erosão e o espaçamento entre eles deve ser calculado de

modo que o volume de água não seja grande (GRIEBELER, 2002).

Resumindo, os sistemas de drenagem deverão ser dimensionados de

acordo com a vazão esperada, a capacidade erosiva de escoamento e o tipo

14

de material dos drenos. Assim os drenos devem ser dimensionados de forma

que não sejam erodidos e dêem vazão à água coletada (GRIEBELER, 2009).

O cálculo do volume de água na secção da estrada deve levar em

consideração: Comprimento (C); Largura (L); Lâmina d’Água (h), baseada em

uma precipitação de 24h, em metros. Em regiões em que não haja a

disponibilidade dos dados de precipitação pluviométricas facilmente acessíveis,

deve-se adotar o valor da lâmina d’água de uma chuva intensa de 100mmh -1,

ou seja, 0,1m, de acordo com a fórmula a seguir (PIRES; SOUZA,2006):

V=CxLxh

Em todos os tipos de solos, assim como nas estradas, a resistência à

deformação é menor quando o leito se encontra úmido. Os sistemas de

drenagem das estradas não pavimentadas deverão ser dimensionados de

acordo com a vazão esperada, a capacidade erosiva do escoamento e o tipo

de material dos drenos, desta forma, os drenos devem ser construídos de

modo que não sejam erodidos e dêem vazão à água coletada (GRIEBELER, et

al., 2009).

- Escoamento em canais erodíveis

Para o projeto de canais erodíveis, são utilizados dois métodos

(GRIEBELER, et al., 2009):

a) Velocidade máxima permissível

Neste método admite-se que a partir de determinada velocidade de

escoamento inicia-se o processo erosivo. O limite máximo para a velocidade de

escoamento é geralmente utilizado para canais não revestidos, com a

finalidade de reduzir a erosão das paredes. A velocidade a ser utilizada deve

ser a atuante no fundo do canal e não a velocidade média de escoamento. A

15

tabela a seguir apresenta as velocidades médias máximas em função do

material do canal (AZEVEDO NETO, et al., 1998).

Tabela 1. Limites máximos para as velocidades médias de escoamento.

Fonte: Azevedo Neto et al., 1998

b) Tensão máxima de cisalhamento

O método da tensão de cisalhamento baseia-se no conhecimento da

tensão máxima que pode atuar junto às paredes e fundo do canal sem que as

partículas do material sejam desprendidas.

A tensão de cisalhamento para escoamento em canais é uma força

atuante na superfície de contato da água com o solo. Essa tensão pode ser

calculada pela seguinte equação (CHOW, 1959):

E = y Rh S

onde:

E – Tensão de cisalhamento provocada pelo escoamento, kgfm-2;

y – peso específico da água, kgfm-3;

Rh – raio hidráulico, m;

S – declividade do canal, mm-1.

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No fundo do canal, o valor da tensão máxima ocorre no centro. Nas

paredes acontece a uma determinada distância do fundo, sendo esta em

função da lâmina de escoamento (LENCASTRE; FRANCO, 1992).

Figura 8. Distribuição das tensões cisalhantes provocadas pelo escoamento em um

canal de secção trapezoidal.

Fonte: Lencastre; Franco, 1992

Para materiais coesivos e não coesivos grosseiros e em um canal

retangular de largura infinita, o valor da tensão critica pode ser estimada pela

equação que se segue (LENCASTRE; FRANCO, 1992):

c = 800d75

onde:

c = Tensão crítica para um canal de largura infinita, Pa;

d75 = diâmetro da peneira para o qual 75% do solo fica retido, m.

A tabela a seguir apresenta os valores de c citados por Lencastre e

Franco (1992):

Tabela 2. Tensões críticas de cisalhamento, em Pa, para materiais coesivos e não

coesivos

17

Fonte: Lencastre; Franco, 1992

Outro aspecto que deve ser considerado é a erodibilidade do solo, que

sob condições de escoamento superficial, corresponde à quantidade de solo

desprendido por unidade de área, tempo e tensão aplicada. A erodibilidade

pode ser definida como a propriedade do solo que expressa a maior ou menor

facilidade com que suas partículas são desprendidas por um agente erosivo

(BASTOS, 1999).

Morfin et al. (1996) apresentam valores de erodibilidade e tensão crítica

para cisalhamento do solo para diferentes tipos de solos de estradas. Estes

valores são apresentados na tabela a seguir:

Tabela 3. Valores de erodibilidade em sulcos e tensão crítica para cisalhamento

do solo para diferentes solos de estrada

Fonte: Morfin et al., 1996

18

Modelagem hidrológica associada ao estudo de estradas

Em estradas, o entendimento do processo hidrológico relacionado ao

escoamento superficial decorrente das chuvas é relativamente simples

(GRIEBELER et al., 2009). Em estradas construídas em superfícies naturais, a

taxa de infiltração é muito mais baixa do que sobre outras condições de uso

dos solos, incluindo estradas encascalhadas (ELLIOT et al., 1999).

a) Determinação do escoamento superficial

O escoamento superficial do canal da estrada é uma consequência da

água que precipita diretamente sobre o leito e daquela que provém de áreas

externas. A determinação desse escoamento vai depender da intensidade de

precipitação a qual é variável de região para região, e das condições de

superfície do terreno, que vão determinar a capacidade de armazenamento de

água na superfície e a infiltração no solo (GRIEBELER et al., 2009).

Figura 9. Representação esquemática da subdivisão das áreas para determinação do

hidrograma no canal de drenagem da estrada

19

Fonte: Griebeler et al., 2009

As estradas não pavimentadas devem ser dimensionadas e

configuradas para que possam atender, em longo prazo, as demandas de

tráfego e possibilitem o acesso às áreas rurais em diferentes estações do ano.

As estradas devem ser pensadas levando em consideração a preservação

ambiental, protegendo e conduzindo as águas de modo que haja diminuição da

degradação ambiental (BERTOLINI, 1993).

4 PLANEJAMENTO E LOCAÇÃO DE ESTRADAS NÃO PAVIMENTADAS E

SISTEMAS DE DRENAGEM

O principal objetivo ao se planejar uma estrada não pavimentada deve

ser que ela permita, a baixo custo, que sua superfície seja segura para o

deslocamento dos veículos e que seu leito seja resistente ao desgaste pelo

tráfego e pela erosão, sempre levando em consideração no planejamento

fatores como: localização, forma de utilização, finalidade e interesse regional,

condições topográficas e estruturais do terreno e recursos disponíveis para sua

construção (GRIEBELER et al., 2009).

O conhecimento das características físicas do solo da área em que será

implantada a estrada é imprescindível para o planejamento e implementação

de dispositivos de controle do escoamento superficial (PRUSKI, 1990), na fase

de projeto é necessário levar em consideração fatores climatológicos,

topográficos, geológicos e o tipo de solo, assim o planejamento será mais

eficiente, levando a adoção de dispositivos tecnicamente eficientes e

diminuindo os custos do projeto (DEMARCHI, 2003).

20

As estradas rurais devem apresentar características para suportar a

carga a qual será submetida de forma que não ocorram deformações que

alterem o traçado e o projeto inicial, além disso, deve ser feito um projeto de

drenagem para que a umidade e o escoamento superficial não alterem suas

características de resistência e que a erosão não comprometa sua

funcionalidade (CASARIN, 2008).

A locação das estradas deverá ser realizada preferencialmente sobre os

divisores de água, desta forma, não são requeridas estruturas especiais para

drenagem, reduzindo os custos de construção e manutenção. Sempre que

possível as estradas devem ser construídas com pequenas declividades, desta

forma facilita o trafego e favorece a implantação de sistemas de drenagem.

Estradas com declividade de 1 a 5% não apresentam dificuldade ao tráfego;

porém, o controle da erosão em drenos laterais mostra-se mais problemático.

Para declividades superiores a 5%, o traçado da estrada deve ser realizado em

segmentos (HUDSON, 1995; GRIEBELER et al., 2009).

O planejamento e a implementação de estradas e carreadores de modo

integrado às demais práticas de manejo e conservação do solo e água

propiciam maior controle da erosão hídrica, e reduzem as necessidades e os

custos de manutenção. Quando as estradas são bem planejadas, as demais

práticas de conservação do solo tornam-se mais eficientes (COSTA et al.,

1995; GRIEBELER et al., 2009)

5 ASPECTOS CONSTRUTIVOS A SEREM CONSIDERADOS

Na construção de estradas o solo é visto como material de construção,

utilizado como camada de rolamento ou fundação, devendo apresentar

características adequadas para suportar a carga a que será submetido sem

que ocorra deformação original do leito da estrada (GRIEBELER et al., 2009).

Os serviços de terraplanagem requeridos ao se construírem estradas

não pavimentadas envolvem desmatamento, suavização do greide,

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abaulamento e construção de lombadas e bacias de acumulação, entre outros.

Após a terraplanagem, a estrada deverá ser revestida, a fim de se proteger e

dar suporte ao seu leito, e, após, é construído o sistema de drenagem

superficial. Deverão ainda ser realizados serviços complementares como

colocação de cobertura vegetal em áreas de maior risco de erosão,

implantação de drenagem subterrânea em casos de aparecimento do lençol

freático, além de melhorias ambientais nas áreas marginais à estrada

(GRIEBELER et al., 2009).

Alguns autores relatam que é muito complexo definir uma sequência

temporal para a construção das estradas não pavimentadas, porém

apresentam algumas diretrizes gerais para ajudar a definir a sequência de

construção (QUADROS, 2004):

a) Primeiramente deverá ser realizada uma limpeza da vegetação no local;b) Em seguida devem ser construídos bueiros e pontes;c) A terraplanagem vem logo em seguida, em que deverão ser executados

os cortes e aterros com o objetivo de materializar a infraestrutura da

estrada;d) A pavimentação, quando necessária, deverá ser realizada após a

terraplanagem. É iniciada pela regularização e compactação do leito e

em seguida é colocada a camada do material e a compactação é feita

ao mesmo tempo;e) Construção de sarjetas, valetas e desaguadores;f) Revestimento do entorno.

O abaulamento do leito, a superelevação nas curvas, a construção de

bueiros e drenos que removem a água provinda do escoamento superficial

para fora da estrada, são as principais estruturas de proteção de uma estrada

(MORRIS, 1995).

Por fim, para a construção das estradas e de seus sistemas de

drenagem é necessário o levantamento prévio da planimetria e altimetria do

terreno, da geologia, do solo, da vegetação, das áreas alagadas ou com

terrenos instáveis, da rede hidrográfica, do cadastro de cidades e das vias

rodoviárias e ferroviárias (CARVALHO et al., 1997).

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REFERÊNCIAS

ANJOS FILHO, O. Estradas de terra. Jornal O Estado de São Paulo. SãoPaulo, 29 de abril de 1998. Suplemento agrícola.

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