una-sus - livro disciplina ead_tutores

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CENIDALVA MIRANDA DE SOUSA TEIXEIRA KELLEN REGINA MORAES COIMBRA OTHON DE CARVALHO BASTOS FILHO PAULA FERNANDA ROCHA LOPES REINALDO PORTAL DOMINGO (Org.) SYLVANIA CAVALCANTE DE S

MATERIAL DE EAD PARA TUTORES

So Lus 2010

Presidente da Repblica Federativa do Brasil Luis Incio Lula da Silva Ministro da Sade Jos Gomes Temporo Coordenador Geral do UNA-SUS Vincius de Arajo Oliveira Reitor Natalino Salgado Filho Vice-Reitor Antonio Jos Silva Oliveira Pr-Reitor de Pesquisa e Ps-Graduao Fernando Carvalho Silva Diretor do Ncleo de Educao a Distncia - NEaD Othon de Carvalho Bastos Filho Coordenao Geral UNA-SUS/UFMA Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Coordenador Pedaggico - NEaD Reinaldo Portal Domingo Coordenador de Pesquisa Ademir da Rosa Martins Coordenador Tecnolgico - NEaD Rmulo Martins Frana Diretor do Ncleo de Tecnologia da Informao Nlio Alves Guilhon Projeto Grfico Luciana Santos Sousa Capa e Diagramao Patrick Karassawa Impresso Edio Livro didtico

Copyright @ UFMA/NEaD, 2010 Todos os direitos reservados Universidade Federal do Maranho. Crditos: Universidade Federal do Maranho UFMA UFMA Ncleo de Educao a Distncia Av dos Portugueses, s/n Campus Universitrio do Bacanga Telefone: 98 3301-8057 / 3301-8056 e-mail: [email protected] site: www.nead.ufma.br

Domingo, Reinaldo Portal Material de EaD para tutores / Reinaldo Portal Domingo (Org.) et. al. So Lus: UFMA/NEaD, 2010. f.: il. Inclui bibliografia 1. Educao a Distncia. 2.Material Didtico I. Universidade Federal do Maranho. II. Ncleo de Educao a Distncia. III. Ttulo. CDU 37.018.43

Catalogao na publicao por Sylvania Cavalcante de S CRB13/449

Caro Professor, Educao a Distncia o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos esto separados espacial e/ou temporalmente. ensino/aprendizagem onde professores e alunos no esto normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemticas, como a Internet. Mas tambm podem ser utilizados o correio, o rdio, a televiso, o vdeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. O processo de mudana na educao a distncia no uniforme nem fcil. Iremos mudando aos poucos, em todos os nveis e modalidades educacionais. H uma grande desigualdade econmica, de acesso, de maturidade, de motivao das pessoas. Alguns esto preparados para a mudana, outros muitos no. difcil mudar padres adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizaes, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria no tem acesso a esses recursos tecnolgicos, que podem democratizar o acesso informao. Por isso, da maior relevncia possibilitar a todos o acesso s tecnologias, informao significativa e mediao de professores efetivamente preparados para a sua utilizao inovadora. Ncleo de Educao a Distncia NEAD No contexto nacional da educao, o ensino a distncia est sendo um dos atores mais importantes para a democratizao do conhecimento. Os investimentos esto sendo feitos de forma exponencial atingindo as esferas federais, estaduais e municipais, mostrado assim uma deciso de governo. No Maranho, a UFMA no podendo estar fora desta responsabilidade vem estruturando o ensino a distancia a certo tempo. Hoje, com o apoio da administrao superior, o NEAD j atende a comunidade e estamos em fase de expanso. O Figura 1 Entrada principal do NEaD/UFMA NEAD tem condies de estruturar tanto o apoio aos cursos na modalidade a distncia, quando na melhoria das tecnologias disponibilizadas. Tais melhorias incluem o quadro de pessoal qualificado (equipe multidisciplinar) que d suporte aos cursos e projetos no ncleo, salas que apiam as atividades do ncleo como as tutoria, coordenaes de curso e , ainda, o uso de tecnologias de ponta, entre elas servidores web, videoconferncias e outras. Portanto, a expanso se far de forma slida e de total qualidade e responsabilidade que a UFMA sempre primou.

APRESENTAO

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O NEaD/UFMA estrutura-se em coordenaes que se articulam e se integram, buscando garantir a qualidade dos seus programas de formao.

design / Luciana Saso

Figura 2 - Organograma

Coordenao Tecnolgica Responsvel em desenvolver atividades tcnicas de instalao, manuteno e utilizao diversificada, com nfase na base digital, com vistas ao pleno desenvolvimento de projetos e aes em EaD, no mbito da UFMA. Objetiva-se em: dar suporte ao ncleo; suporte aos plos; treinamento aos docentes e discentes no AVA; gerenciamento do ambiente virtual de aprendizagem AVA e juntamente com o Ncleo de Tecnologia e Informao - NTI, responsvel pelas comunicaes entre os plos.

Figura 3 Apresentao da lousa interativa

Coordenao de Projetos Responsvel por viabilizar a integrao entre os projetos desenvolvidos pelo ncleo, preservando a identidade de cada rea. Objetiva-se em fomentar projetos de expanso; reestruturar toda a sistemtica da EaD na UFMA; aumento de ofertas de curso e viabilizar projetos de capacitao de docentes e tcnicos.

Coordenao de Convnios Responsvel em conveniar com instituies (federal, estadual, municipal) com vistas ao desenvolvimento de estgios, possibilitando assim novos cursos e desenvolvimento regional. Coordenao Pedaggica - Responsvel pelo planejamento, acompanhamento e avaliao de cursos na modalidade distncia. Tambm oferece suporte e acompanhamento pedaggico a professores/as e educandos/as. Objetiva-se em: orientar os docentes para produo de material didtico; planejar, implementar e avaliar as aes pedaggicas nos cursos e acompanhar os discentes no desenvolvimento das atividades no AVA atravs do processo psicopedaggico.

Figura 4 Acompanhamento pedaggico com alunos do Polo Porto Franco

Coordenao de Pesquisa - responsvel pela implementao de meios facilitadores do processo ensino-aprendizagem, atravs da investigao cientfica e tecnolgica. Objetiva-se tambm em publicar as aes do ensino-aprendizagem atravs de artigos de carter cientfico. xitos Os Autores

SUMRIOAPRESENTAO........................................................................................ CAPTULO 1 - FUNDAMENTOS DE EDUCAO A DISTNCIA....................... 1.1 1.2 1.3 1.4 Viso Histrica da Educao a Distncia................................................ O que EaD? ................................................................................... Objetivos e Vantagens ....................................................................... Educao a Distncia na UFMA ..........................................................

5 11 11 12 13 15 21 21 22 23 23 24 24 26 26 27 28 28 29 29 29 30 30 35 36 37 37 39 39 41 42 42 43 45 46 46 47 48

CAPTULO 2 - PROCESSO DE COMUNICAO EM EAD............................... 2.1 Mdia Impressa........................................................................................ 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.2 2.3 2.2.1 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.4 2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.6 2.6.1 2.6.2 2.7 2.8 2.7.1 Guias de Estudo............................................................................................... Jornais e Boletins ........................................................................................... Tempo de Preparao e Impacto da Editorao Eletrnica ................................ Limitaes da Mdia Impressa ......................................................................... Produo ....................................................................................................... Principais Pontos Fortes e Usos da Transmisso .............................................. Televiso a Cabo (CATV) ................................................................................ Satlites de Transmisso Direta (DBS - Direct Broadcast Satellites)..................... Vdeo Transmissvel.......................................................................................... Audioconferncia.............................................................................................. Audiogrfico..................................................................................................... Videoconferncia.............................................................................................. Conferncia por Computador............................................................................ Sistemas de Aprendizado Baseados na Web...................................................... Internet2.......................................................................................................... Procedimentos de Seleo da Mdia e de Tecnologia.......................................... Amplitude da Mdia e Presena Social....................................................................... Decises sobre Tecnologias Mltiplas................................................................

Mdia sob a Forma de udio e Vdeo .................................................................. Rdio e Televiso ...................................................................................................

Teleconferncia..................................................................................

Aprendizado Baseado em Computador..................................................

Seleo da Mdia e da Tecnologia.........................................................

Integrao de Mdia e Tecnologia.......................................................... Objetos de Aprendizagem....................................................................

CAPTULO 3 - O PROFESSOR ESPECIALISTA (CONTEUDISTA) NA EAD......... 3.1 Funes do professor na EaD................................................................... 3.2 Responsabilidades na organizao dos materiais didticos no processo ensinoaprendizagem.............................................................................................. 3.3 Relacionamento Professor especialista/Tutor/Aluno na mediao pedaggica. 3.4 O papel do Professor especialista na Avaliao............................................

SUMRIO

3.5 A metodologia de trabalho do Professor/EaD na UFMA................................................. CAPTULO 4 - PROCESSO DE TUTORIA EM EDUCAO A DISTNCIA - EAD.................. 4.1 4.2 A cultura docente em EaD.................................................................................... O professor tutor e a Tutoria..................................................................................

48 51 52 53 57 61 65 65 65 67 67 67 67 68 69 70 70 73 74 75 76 76 76 77 78 79 81 85 85 85 89 89 90 95 95 96 104

CAPTULO 5 - AVALIAO EM EAD.............................................................................. 5.1 Sistemas de avaliao na Web.................................................................................... CAPTULO 6 - PROCESSO DE GESTO E MATERIAL DIDTICO...................................... 6.1 6.2 6.3 Componentes e Recursos da EaD........................................................................... Material Didtico.................................................................................................. Guia para produo de materiais didticos impressos em EAD.................................... 6.3.1 Introduo............................................................................................................................ 6.3.2 Composio do material didtico em EAD............................................................................. 6.3.3 Desenvolvimento de material de apoio................................................................................... 6.3.4 Etapa de anlise na produo dos materiais didticos.............................................................. 6.3.5 Etapa de projeto e desenvolvimento na produo dos materiais didticos................................. 6.3.6 Etapa de implementao no desenvolvimento dos materiais didticos...................................... 6.3.7. O material institucional e os objetivos da aprendizagem.......................................................... 6.3.8 A motivao dos estudantes.................................................................................................. 6.3.9 O material impresso para EAD.............................................................................................. 6.3.10 O modelo emprico para produo do material didtico para EAD........................................ 6.3.11 O modelo baseado na investigao para produo de material didtico para EAD.................. 6.3.12 O modelo terico na produo de materiais didticos para EAD........................................... 6.3.13 Caractersticas gerais do material impresso........................................................................... 6.3.14 Recomendaes para a legibilidade do texto em EAD........................................................... 6.3.15 Orientao para produo de material didtico..................................................................... 6.4 Uso de Tecnologia na EaD......................................................................................... 6.5 Usos Pedaggicos do Material Didtico e das Mdias em EaD.......................................... CAPTULO 7 - A PRTICA PEDAGGICA NO CONTEXTO DA EAD.................................... 7.1 7.2 Estratgias pedaggicas de Ensino - Aprendizagem................................................... Aprendizagem cooperativa....................................................................................

CAPTULO 8 - AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM EM EDUCAO A DISTNCIA 8.1 8.2 8.3 8.3.1 8.3.2 Contextualizando os ambientes virtuais.................................................................... Exemplificando os ambientes virtuais....................................................................... Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA - MOODLE.............................................. O que Moodle?................................................................................................................................. Pagina Inicial do AVA..........................................................................................................................

REFERNCIAS..............................................................................................................

LEITURAS COMPLEMENTARES...................................................................................... 111

1

1.1

Viso Histrica da Educao a Distncia

As transformaes culturais e tecnolgicas requerem uma elevao globalizada dos nveis de educao geral e da capacitao para o mercado de trabalho. A educao hoje permanente, no est restrita apenas aos perodos escolares. A educao permanente o reconhecimento da necessidade do homem em manter-se atualizado ao longo de sua vida. Como fazer isso? Figura 5 - Exemplo de Cartas A EAD vem acontecendo h muito tempo, seus meios que so constantemente atualizados. Comeamos pelos cursos de correspondncia, passando pelo rdio, televiso, vdeo e com a ferramenta mais poderosa chamada de computador juntamente com a telecomunicao, que amplia as possibilidades, com vantagens que se apresentam como respostas s dificuldades de lidar com o tempo e espao, tendo em vista que grandes contigentes podem ser alcanados, em diversas reas e com custos reduzidos. Com ele utilizamos os Teleconferncia, Videoconferncia, STI, Internet e vrios outros recursos. Os primeiros cursos distncia surgiram na Europa, por volta de 1840. A primeira escola por correspondncia, que se tem conhecimento, data de 1890, na Alemanha. A partir de ento, inmeros pases passaram a adotar a EAD como mais uma opo para ministrar cursos em nvel mdio, tcnico, universitrio e de ps-graduao. Na Europa, destacam-se vrios pases que utilizam a EAD como formao cultural, dentre os quais, Espanha, Frana, Itlia, Canad, Blgica, Japo e Inglaterra, nesta ltima, o destaque maior por ser o primeiro pas a instituir a Universidade Aberta, tida como um verdadeiro marco de vanguarda no ensino superior distncia. As Universidades Europias a Distncia tm incorporado em seu desenvolvimento histrico as novas tecnologias de informtica e de telecomunicao. Um exemplo foi o desenvolvimento da Universidade a Distncia de Hagen, que iniciou seu programa com material escrito em 1975. Hoje, oferece material didtico em udio e videocassetes, videotexto interativo, e videoconferncias. Tendncias similares podem ser observadas nas Universidades Abertas da Inglaterra, da Holanda e na Espanha. No Brasil, desde a fundao do Instituto Rdiomonitor, em 1939, e depois o Instituto Universal Brasileiro, em 1941, utiliza ainda o modelo tradicional, ou seja a correspondncia via Correios. Para o ensino supletivo de primeiro e segundo graus, temos o Telecurso 2000, atualmente patrocinado pela Fundao Roberto Marinho e FIESP, vrias experincias foram iniciadas e levadas a termo com relativo sucesso. As experincias brasileiras, governamentais e privadas foram muitas e representaram, nas ltimas dcadas, a mobilizao de grandes contingentes de recursos. Os resultados do passado noFigura 6 - Slide Telecurso

FUNDAMENTOS DE EDUCAO A DISTNCIA - EAD

CAPTULO

Ncleo de Educao a Distncia - UFMA

12 foram suficientes para gerar um processo de aceitao governamental e social da modalidade de Educao a Distncia no Brasil, entretanto, a realidade brasileira j mudou e o governo criou leis e estabeleceu normas para a modalidade de Educao a Distncia no Brasil. Resulta de grande importncia a criao em 1995 da Associao Brasileira de Educao a Distncia (ABED - http://www2.abed.org.br/) e a Secretaria de Educao a Distncia SEED/MEC (http://portal.mec.gov. br/index.php?Itemid=356&id=289&option=com_content&view=article) como instituies que realizaram um extraordanrio impulso na organizao Figura 7 - Marca UAB e desenvolvimento da EAD no Brasil. Atravs do Decreto n. 5.800 de 08 de junho de 2006 publicado no Dirio Oficial da Unio em 09 de junho de 2006, dispe sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB um programa do Ministrio da Educao,criado em 2005, no mbito do Frum das Estatais pela Educao e possui como prioridade a capacitao de professores da educao bsica. Seu objetivo de estimular a articulao e integrao de um sistema nacional de educao superior. Esse sistema formado por instituies pblicas de ensino superior, as quais se comprometem a levar ensino superior pblico de qualidade aos municpios brasileiros. Tendo como base o aprimoramento da educao a distncia, o sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) visa expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educao superior. Para isso, o sistema tem como base, fortes parcerias entre as esferas federais, estaduais e municipais do governo. Apesar da prioridade do programa ser a capacitao de professores da educao bsica com a oferta de cursos de licenciatura e de formao continuada o Sistema Universidade Aberta do Brasil tambm disponibiliza vrios outros cursos superiores nas mais diversas reas do saber. 1.2 O que EaD?

Para sustentar teoricamente a Educao a Distncia, torna-se necessrio buscar na literatura autores que a definem, dentre os quais citam-se: Dohmem (1967) diz que Educao a Distncia (Ferstudium) uma forma sistematicamente organizada de autoestudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que lhe apresentado, o acompanhamento e a superviso do sucesso do estudante so levados a cabo por um grupo de professores. Isto possvel atravs da aplicao de meios de comunicao capazes de vencer longas distncias. Na viso de Peters (1973):Educao/ensino a distncia (Fernunterricht) um mtodo racional de partilhar conhecimento, habilidades e atitudes, atravs da aplicao da diviso do trabalho e de princpios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicao, especialmente para o propsito de reproduzir materiais tcnicos de alta qualidade, os quais tornam possvel instruir um grande nmero de estudantes ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. uma forma industrializada de ensinar e aprender. Para Moore (1973): Ensino a distncia pode ser definido como a famlia de mtodos instrucionais onde as aes dos professores so executadas a parte das aes dos alunos, incluindo aquelas situaes continuadas que podem ser feitas na presena dos estudantes. Porm, a comunicao entre o professor e o aluno deve ser facilitada por meios impressos, eletrnicos, mecnicos ou outros. J Holmberg (1977) diz que o termo educao a distncia esconde-se sob vrias formas de estudo, nos vrios nveis que no esto sob a contnua e imediata superviso de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educao a distncia se beneficia do planejamento, direo e instruo da organizao do ensino.

13 Keegan (1991) resume os elementos centrais dos conceitos anteriormente: a) separao fsica entre professor e aluno, que a distingue do ensino presencial; b) influncia da organizao educacional (planejamento, sistematizao, plano, organizao dirigida etc.), que a diferencia da educao individual; c) utilizao de meios tcnicos de comunicao para unir o professor ao aluno e transmitir os contedos educativos; d) previso de uma comunicao de mo dupla, onde o estudante se beneficia de um dilogo e da possibilidade de iniciativas de dupla via; e) possibilidade de encontros ocasionais com propsitos didticos e de socializao. Finalizando, Chaves (1999) conclui que a EaD, no sentido fundamental da expresso, o ensino que ocorre quando o ensinante e o aprendente esto separados (no tempo ou no espao). No sentido que a expresso assume hoje, enfatiza-se mais a distncia no espao e se prope que ela seja contornada atravs do uso de tecnologias de telecomunicao e de transmisso de dados, voz e imagens (incluindo dinmicas, isto , televiso ou vdeo). No preciso ressaltar que todas essas tecnologias, hoje, convergem para o computador. Na EAD, o aprendiz liberado da presena fsica em sala de aula. Apesar de o professor e o aprendiz no se encontrarem em um mesmo ambiente, o processo educativo tende a ser sistemtico e continuado, baseado no auto-estudo onde o prprio aluno responsvel por seu ritmo de aprendizagem, atravs do autogerenciamento. Cosidera-se importante o conceito elaborado pelo MEC: Caracteriza-se a educao distncia como modalidade educacional na qual a medio didtico-pedaggica nos processos de ensinoaprendizagem ocorre com a utilizao de meios e tecnologias de informao e comunicao, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversas (Decreto Lei N. 5.622, 2005)Figura 8 - Incluso digital

1.3

Objetivos e Vantagens Destaca-se a seguir, alguns dos principais objetivos da EAD: a) Democratizar o acesso educao, ou seja, educao para todos; atendimento aos alunos dispersos geograficamente e residentes em locais onde no haja instituies convencionais de ensino; permanncia dos alunos no seu meio cultural e natural, evitando xodos que incidem negativamente no desenvolvimento regional. b) Favorecer uma aprendizagem autnoma e ligada experincia, ou seja, formao fora do contexto da sala de aula; aquisio pelos alunos de atitudes, interesses e valores que lhe propiciem mecanismos indispensveis para se autodeterminarem, levandoos conscientizao da importncia da aprendizagem permanente; os alunos so sujeitos ativos de sua formao e o professor, seu facilitador e orientador; proposta de independncia de critrio, capacidade para pensar, trabalhar e decidir por si mesmo, com satisfao pelo esforo pessoal. c) Promover uma educao inovadora e de qualidade, ou seja, o sistema educativo deve ser inovador, por sua sistemtica e recursos didticos instrucionais e de multimdia; comunicao bidirecional freqente como garantia de uma aprendizagem dinmica e inovadora. d) Incentivar a educao permanente, ou seja, adequar as estratgias e instrumentos para a formao permanente, para a reciclagem e para o aperfeioamento profissional. e) Reduzir os custos, ou seja, os custos iniciais altos com a produo de materiais instrucionais e de apoio e toda a sistemtica operacional, compensados com a economia em escala.

Educao a Distncia

Ncleo de Educao a Distncia - UFMA

14 Para situar melhor os aspectos da EAD descreve-se algumas caractersticas: a) Separao parcial professor-aprendiz ou seja, apesar do docente no se fazer presente, ele faz o acompanhamento do aprendiz em todo o processo de ensinoaprendizagem. b) Utilizao de meios tcnicos, ou seja, os recursos tcnicos de comunicao (impressos, udios, vdeos etc.), esto acessveis a boa parte da populao, isto possibilita a democratizao das possibilidades da educao. c) Organizao de apoio-tutoria, ou seja, o aprendiz pode dispor de recursos didticos auto-instrucionais que o possibilite aprender sozinho. Entretanto importante o envolvimento da instituio de ensino e do tutor para motivar, apoiar, facilitar a avaliao continua da sua aprendizagem. d) Aprendizagem independente e flexvel, ou seja, respeitar a autonomia do aprendiz em relao ao tempo, estilo, ritmo e mtodo de aprendizagem com o objetivo de conscientiz-lo de suas capacidades e possibilidades para a sua formao. e) Comunicao bidirecional, ou seja, o aprendiz no um mero receptor de mensagens educativas e contedos planejados, produzidos e distribudos por um centro docente, sem possibilidade de esclarecimentos e orientaes; a atividade educativa, como processo de comunicao bidirecional, o aprendiz pode responder s questes que lhe so propostas nos materiais instrucionais bem como propor um dilogo com o seu tutor, enriquecendo sua atividade de aprendizagem. f) Enfoque tecnolgico, ou seja, a educao otimizada pela tecnologia vista sob uma concepo processual planificada, cientfica, sistemtica e globalizadora. g) Comunicao massiva, ou seja, as novas tecnologias da informao e os modernos meios de comunicao tornaram inesgotveis as possibilidades de recepo de mensagens educativas, eliminando fronteiras espaos-temporais e propiciando o aproveitamento destas mensagens por grande nmero de pessoas dispersas geograficamente. Como podemos ver, a EAD caracteriza-se pela auto-instruo e pela conservao didtica guiada e bidirecional, fazendo com que o perfil, o nvel e as necessidades do aprendiz norteiem a elaborao do material didtico. Como toda tecnologia, a EAD possui vantagens e desvantagens, apesar de termos colocado vantagens no decorrer do texto, salientamos mais algumas: a) Reduo ou eliminao das barreiras de acesso aos cursos ou nvel de estudos; b) Diversificao e ampliao da oferta de cursos; c) Oportunidade de formao adaptada s exigncias atuais, s pessoas que no dispem de tempo para freqentar a escola tradicional; d) Ausncia da rigidez quanto aos requisitos de espao; assistncia s aulas, tempos e ritmos do aprendiz; e) Formao fora do contexto da sala de aula; f) Formao permanente e pessoal; g) Comunicao bidirecional freqente, garantindo uma aprendizagem dinmica e inovadora. No poderamos deixar de ressaltar algumas desvantagens, dentre as quais, podemos observar: a) Empobrecimento da troca direta de experincias proporcionada pela relao educativa pessoal entre o professor e o aprendiz; b) Os resultados das avaliaes distncia so menos confiveis, levando em considerao as oportunidades Figura 9 - Globo Terrestre de plgio e fraude, embora estes fatos tambm ocorram

15 no modelo presencial; c) Limitao em alcanar o objetivo da socializao, pelas escassas ocasies para interao do aprendiz com o professor; d) Custos iniciais so altos, entretanto se diluem ao longo de sua aplicao. e) Os servios administrativos so, geralmente mais complexos. f) O no acompanhamento do desenvolvimento de habilidades manipulativas. Sem dvida, a EaD a fonte alternativa para aperfeioamento do ser humano nas mais diversas reas do conhecimento, anlises e aplicaes utilizando os mais diversos recursos na EaD podem ser vistos em (FOSTER, 1993) (FYOCK, 1994) (FARHOODI, 1995) (GARRISON, 1995) (GORO, 1996) (GOSMIRE, 1996) (FREEMAN, 1996) dentre outros. 1.4 Educao a Distncia na UFMA

As experincias da UFMA com Educao a Distncia - EaD vem sendo construdas em diferentes momentos de sua histria com a orientao de modelos tericos diversos, sofrendo nesse percurso rupturas e interrupes. Desde a metade da dcada de 1970, a EaD j fazia parte dos projetos de qualificao de profissionais das reas de educao e sade, contribuindo assim para a melhoria dos servios pblicos relativos a essas reas. Nesse tempo com uma orientao terica essencialmente behaviorista, supervalorizava as tcnicas de ensino individualizado e a auto-aprendizagem mediada pela tcnica. Tambm utilizou como instrumentos de comunicao vrios recursos: Mdulos de Ensino, Instruo Programada e outras tecnologias. Essas experincias desenvolveram-se na formao do professor universitrio por meio de cursos promovidos pelo Servio de Apoio e Assessoramento Pedaggico (SAAP), vinculado naquele tempo Pr-Reitoria de Graduao ou em projetos de extenso universitria de formao de professor. Nas aes do SAAP, destacou-se um curso modular sobre Planejamento e Avaliao de Aprendizagem, dirigido aos docentes da UFMA. Esse curso utilizava os Mdulos produzidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constitudo de apostilas e fitas de vdeos. Esses Mdulos obedeciam uma seqncia rigorosamente planejada e seu desenvolvimento inclua tutoria, apresentao, pr-teste, estudos orientados e sesses de vdeos (conforme ritmo e tempo do professor), encontros presenciais coletivos e ps-teste, tendo a aprovao como critrio para prosseguir no Mdulo seguinte. Tambm o SAAP elaborou um projeto de formao continuada sobre o Sistema Keller, trazendo professor de outra IES para curso de fundamentao tericometodolgica, na perspectiva de que essa metodologia pudesse ter uso em atividades de ensino e extenso. Esses projetos foram desconstrudos com a crtica que esse referencial terico foi recebendo na dcada de 1980, tais como: falta de interao entre professor e aluno, dificuldade de acompanhar o processo de aprendizagem e dos processos avaliativos, massificao do ensino, tendncia reduo do contedo, ensino mecnico e outras. Posteriormente, em 1993, a discusso da EaD retomada na UFMA e provocada externamente pela necessidade de participar e firmar convnio no Consrcio Interuniversitrio de Educao Continuada e a Distncia BRASILEAD, integrado por 54 Instituies de Educao Superior e coordenado pela Universidade de Braslia. Com a incluso da UFMA no BRASILEAD, criou-se formalmente o Ncleo de Educao Continuada e a Distncia - NECAD, com projeto pedaggico aprovado pela Resoluo n 32/94 - CONSEPE, com vinculao ao Mestrado em Educao/ Departamentos de Educao, mas com a perspectiva de relacionamento efetivo com outros campos de conhecimento, tais como Comunicao Social, Biblioteconomia e Informtica para constituir grupos interdisciplinares de apoio s atividades dos vrios Departamentos Acadmicos. Muitas dificuldades surgiram naEducao a Distncia

Ncleo de Educao a Distncia - UFMA

16 implantao do Ncleo e na formao da equipe interdisciplinar, razo da sua implementao parcial ocorrer apenas em janeiro de 1997, quando conquistou espao fsico para iniciar a programao e sem envolver outras reas de conhecimento. Esse Ncleo no teve apoio das polticas universitrias implementadas, principalmente com a mudana de administrao universitria que pretendia dar novas direes a Educao a Distncia na UFMA. Apesar disso o NECAD voltou-se para aes de formao continuada de professores da rede pblica de ensino, oferecendo o Curso de Gesto Educacional em 1997/98, com carga horria de 160 horas, destinado a diretores, tcnicos educacionais e docentes. Esse curso foi oferecido para uma clientela de vrios municpios, tais como: So Lus (duas turmas), Bacabal (uma turma), Caxias (uma turma), Cod (uma turma), Pedreiras (uma turma), Pinheiro (uma turma) e Chapadinha (uma turma). Esse curso estruturava-se em trs Mdulos Temticos: Instituies Escolares: funo social (40 horas), Gesto e Reorganizao Escolar (60 horas) e Saberes Escolares e Prticas Curriculares (60 horas), desenvolvidos com momentos presenciais e a distncia. Esse curso tinha uma gesto compartilhada de cinco professores e uma equipe docente participante, vinculada ao NECAD/ Departamentos de Educao I e II, com exerccio no Campussede da UFMA (So Lus), mas com deslocamento para os outros municpios nos momentos presenciais. Nos municpios fora da sede, o curso desenvolvia-se na sede dos campi universitrios ou em outros municpios (Pedreiras e Caxias) com apoio da Secretaria de Educao, havendo um assessor pedaggico (tutor) local. Tambm houve a participao de um aluno de graduao que participava do curso e auxiliava os professores. Alm disso, utilizava-se da mdia impressa, constituda por textos de autoria de docentes da UFMA (elaborados para o curso), de outros autores copiados para fins didticos e textos oficiais ou autorizada reproduo, seguindo-se de seqncia de atividades orientadas a serem realizadas individualmente e/ ou em grupo. Na metodologia adotada, as atividades presenciais correspondiam a 76 horas, sendo 64 horas na forma de seminrios e 12 horas no mnimo de sesses de vdeo. Os seminrios eram desenvolvidos pela equipe docente do Campus-sede, ocorrendo no incio do Mdulo para apresentar a temtica geral e seu desdobramento em temticas especficas, bem como no momento conclusivo para reconstruir a sntese temtica, esclarecer dvidas e apresentar o Mdulo seguinte. As atividades presenciais de vdeo (palestras adquiridas e outros relacionados temtica) foram coordenadas/ acompanhadas pelo assessor local, que promovia a discusso aps a sesso e orientava as atividades. As 84 horas correspondentes aos momentos a Distncia incluam estudo de textos, tarefas didticas de interpretao, de pesquisa, de produo textual e outras, realizadas ora individualmente ora em grupo conforme os objetivos, podendo contar com a orientao do Assessor Pedaggico Local. Alm disso, utilizando-se de estruturas do NECAD, a UFMA participou de experincias de EaD promovidas pela Universidade Nacional de Braslia -UNB, em 1999, por meio de um professor-tutor, representando o Estado do Maranho, no Curso de Especializao em Avaliao. Esse trabalho de tutoria implicava em apresentar e distribuir os Mdulos, encontros presenciais para discutir os textos impressos e as fitas de vdeos e fazer as respectivas avaliaes. Esses cursistas do Estado do Maranho, alm das interaes com o tutor, realizavam contatos por telefone ou correspondncia com a equipe de docentes da UNB. Porm, com o novo interesse da gesto da UFMA pela EaD, com o gradativo surgimento de outros projetos e com a falta de apoio institucional, o NECAD voltou-se para a formao continuada na modalidade presencial e na produo de conhecimentos sobre prticas e avaliao de programas educativos. Na perspectiva de construir novas direes institucionais, com vinculao direta ao Gabinete do Reitor, desenvolveu-se, sem a emisso dos atos formais, o Ncleo de Tecnologia Educacional eduTECH, no perodo de 1998 at a metade do ano de 2005. Essa estrutura didtico-cientfica

17 utilizou espaos fsicos destinados para sua instalao na UFMA, laboratrios do Departamento de Informtica e da Pr-Reitoria de Recursos Humanos, auditrio da UFMA VIRTUAL. Seus objetivos foram a realizao de atividades de ensino, pesquisa e extenso. No mbito do ensino, ofereceu dois cursos de ps-graduao lato sensu Informtica na Educao e Gesto Empreendedora de Instituio de Ensino Superior, ambos na modalidade presencial, considerando que a UFMA no tinha credenciamento para a oferta desses cursos a distncia. Entretanto utilizou-se de ferramentas virtuais para o desenvolvimento de atividades complementares. No Curso de Especializao em Informtica na Educao, matricularam-se 202 alunos (cinco turmas, ofertadas em momentos diferenciados), dos quais 126 concluram as disciplinas e destes 69 defenderam a Monografia, obtendo o certificado de Curso de Especializao. No Curso de Especializao em Gesto Empreendedora de Instituio de Ensino Superior, matricularam-se 35 alunos, dos quais 27 concluram as disciplinas e destes 22 defenderam a Monografia, obtendo o certificado de cursos de Especializao. No mbito da extenso universitria, o eduTECH desenvolveu os seguintes cursos: Informtica na Educao (uma turma), Flash (quatro turmas), Banco de Dados (duas turmas) e Teleduc-Ambiente Virtual de Aprendizagem (uma turma). Outras experincias foram desenvolvidas pelo Ncleo de Educao Distncia (NEAD Sade), criado com objetivos ambiciosos de ensino e extenso na rea da sade. O NEADSade teve como objetivos articular conhecimentos na rea da sade, redimensionando a prtica educativa desenvolvida no processo de formao inicial e continuada dos profissionais da sade (COSTA, 2003, p. 50). Suas atividades tiveram incio em abril de 2002, quando ofereceram um curso de Especializao em Sade da Famlia para mdicos e enfermeiros das cidades maranhenses Imperatriz e Timon. Esse curso oferecido utilizou-se de aulas virtuais mediadas por computador, com o apoio do e-proinfo para facilitar a interao do professor e alunos e esses entre si, fazendo uso de e-mail, salas de bate-papo, a web e uma sala de vdeo-conferncia. Paralelamente, o Projeto UFMA Virtual surgiu com a inteno de unir as experincias em educao a distncia j desenvolvidas na UFMA e criar cursos de graduao e ps-graduao. Teve suas atividades iniciadas em abril de 2002 com a publicao na Internet de sua pgina www.virtual.ufma.br. Em julho, do mesmo ano, inaugurou sua sala de Figura 10 - Marca UFMA Virtual vdeo-conferncia. A UFMA Virtual propunha os seguintes objetivos: a) Geral: implantar programas de ensino a distncia na Universidade, em suas vrias modalidades, como modo de ampliar o seu universo de atendimento; e Especficos: realizar estudos, a partir de grupo de trabalho constitudo, para definir as reas iniciais de atuao quanto ao ensino distncia, constituir e institucionalizar o setor coordenador das aes relativas ao ensino a distncia e realizar treinamentos para o ensino a distncia, de acordo com as indicaes do estudo realizado. Num processo de conscientizao, esse projeto realizou cursos que objetivavam promover na comunidade universitria uma conscientizao sobre a viabilidade da educao a distncia, com destaque para a utilizao do ambiente AulaNet e possibilitar a expanso do acesso de usurios a educao continuada via Internet. Vinculado ao Projeto UFMA Virtual cita-se o Curso de Especializao em Magistrio Superior a Distncia, aprovado por Resoluo do CONSEPE/ UFMA. O material didtico constituiu-se de CD ROM e de enciclopdia composta de 6 livros. A avaliao e a defesa de monografia foram feitas de forma presencial. Em razo da UFMA ainda no ser credenciada, esse curso no concedeu os correspondentes certificados, fornecendo apenas declarao dos crditosEducao a Distncia

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18 e carga horria cumprida, apesar da existncia de curso presencial da mesma natureza. O Projeto UFMA Virtual tambm ofereceu cursos de extenso, totalmente on-line, tais como: Polticas Pblicas, Repensando a Didtica, Recursos Sensoriais e Como Pesquisar na Internet. Apesar da intencionalidade declarada de unir experincias, no houve a institucionalizao do Projeto UFMA Virtual, nem o reconhecimento da funo integradora pela comunidade universitria e pelos promotores dos projetos de Educao a Distncia, que prosseguiram com o desenvolvimento autnomo. Alm desses projetos ainda desenvolveram-se cursos de formao de professor da Educao Bsica, na modalidade de Educao a Distncia, por meio do financiamento da TV Escola. Esses cursos utilizaram material impresso, vdeos, encontros presenciais e sistema de comunicao online. Esses projetos pontuais mostram que a Educao a Distncia na UFMA desenvolveu-se sem uma poltica institucional clara, provocando fragmentaes e descontinuidade de aes, mas contribuiu significantemente na construo de experincias por parte de grupos de professores, colocando o tema em debate em vrios setores da comunidade acadmica. Essas experincias integradas e oxigenadas com os saberes de outros campos de conhecimento, tais como Cincias da Computao, Engenharia, Comunicao Social e Cincias da Informao (Biblioteconomia) so expresses concretas do potencial institucional da UFMA para implantar e desenvolver um Ncleo de Tecnologias da Informao, Redes e Educao a Distncia -NTIREaD, criado formalmente na sua estrutura atual, integrado por duas Sub-Unidades Ncleo de Tecnologia da Informao e Ncleo de Educao a Distncia NEaD. Na organizao didtico-cientfica e tecnolgica do Ncleo de Educao a Distncia instituise uma equipe multidisciplinar envolvendo vrios campos disciplinares (educao, matemtica, comunicao social, cincia da computao, letras, artes, engenharia eltrica, biblioteconomia, enfermagem e NTI). Essa equipe dar o apoio didtico-cientfico e tecnolgico aos grupos docentes e aos cursos. Na perspectiva de formao docente para o desenvolvimento de EaD, alm das experincias anteriores com o ambiente AulaNet e Teleduc, houve a capacitao de professores para o uso da plataforma do e-proinfo, ministrado por tcnico do Ministrio de Educao. Essa plataforma foi disponibilizada pelo PROINFO para o uso da UFMA. Tambm incentivou-se a participao docente e discente no projeto de Qumica aprovado no Edital da RIVED/MEC, objetivando produzir materiais didticos para o ensino mdio, planejar o ensino de qumica com recursos de informtica, proceder pesquisa na web, publicar produo cientifica por meio eletrnico, avaliar adequaes de softwares ao ensino de qumica, operacionalizar softwares instrucionais (editor de frmulas, grficos, imagens) e tutoriais (construes de home, noes de criao de cursos) sendo que a equipe envolvida no projeto apresenta experincia na elaborao de mdulos educacionais e softwares desenvolvidos para o ensino de qumica e a utilizao de tecnologias de hipermdia e multimdia em ambientes educacionais. A UFMA conta hoje com uma infra-estrutura para videoconferncia composta por dois ambientes localizados em So Lus: Auditrio da UFMA Virtual, que comporta 50 lugares, equipamento de projeo, sonorizao ambiente, equipamento de vdeo conferencia, TV 29 e conexes a rede Mini-auditrio do Plo de Sade da Mulher que comporta 30 lugares, equipamento de videoconferncia com duas cmeras (front e back), lousa eletrnica, TV 29 e conexes de rede. O NEaD, vinculado ao NTIREaD dispe de um ambiente fsico localizado no prdio Castelo, destinados s atividades de EaD, compreendendo: coordenao, secretaria, sala de produo ou gerao de contedos, sala de projeo de vdeos ou similares

19 (videoconferncias, reunies virtuais) e sala de tutoria. Esse ambiente encontra-se disponvel para os cursos de EaD e outros atores envolvidos (tutores, professores e coordenadores, etc). Atualmente, o Ncleo dispe de alguns microcomputadores e outros materiais e equipamentos para o incio dos trabalhos. Tambm rene pessoal de apoio: dois tcnicos e uma secretria. Alm disso, poder ampliar sua atuao, utilizando-se da infra-estrutura do Ncleo de Educao Continuada e a Distncia - NECAD (sala com capacidade para 70 pessoas, mesa de reunio, antena parablica, televisor e videocassetes). Em maro de 2006 a UFMA foi credenciada para oferta de cursos superiores a distncia pela Portaria n 682. Entretanto, antes mesmo do seu credenciamento, aderiu ao Programa de Formao Continuada em Mdias na Educao, em junho de 2005, quando se props a contribuir na produo do Mdulo Internet para o referido programa. A organizao do Programa de Formao Continuada em Mdias na Educao implicou em articulao direta da UFMA com a Secretaria de Estado da Educao SEDUC, via Superviso de Tecnologias Educacionais e a Unio dos Dirigentes Municipais de Educao UNDIME. Atualmente encontra-se na terceira turma de alunos com previso de inicio para agosto de 2008 com 1.650 vagas para todo o Estado do Maranho. Na graduao, a UFMA em convnio com a Universidade Aberta do Brasil e o municpio de Porto Franco-Ma j implantou dois cursos, iniciados em janeiro de 2008, so eles: Administrao Bacharelado e Qumica Licenciatura ambos com 50 vagas. Em janeiro de 2008 a UFMA foi contemplada para ofertar os cursos de Pedagogia, Qumica Licenciatura, Matemtica e Cincias Biolgicas nos seguintes municpios maranhenses: Anapurus, Barra do Corda, Bom Jesus das Selvas, Coelho Neto, Carolina, Colinas, Fortaleza dos Nogueiras, Humberto de Campos, Imperatriz, Nina Rodrigues e Graja. No programa Pr-Licenciatura, a UFMA oferta os cursos de Artes Visuais e Teatro para os municpios de So Lus, Imperatriz e Pinheiro. Em parceria com a Universidade Virtual do Estado do Maranho - UNIVIMA e a Secretaria de Estado da Educao, a UFMA foi contemplada para ofertar os cursos de graduao em Pedagogia, Qumica Licenciatura e Cincias Biolgicas, em onze plos j instalados, com previso de inicio para agosto de 2008. Na ps-graduao, atualmente a UFMA em parceria com a Secretaria de Educao a Distncia/MEC, oferta o Curso de Especializao Gesto Escolar, com 400 vagas distribudas nos diversos municpios do Estado do Maranho. Assim, entende-se que a UFMA movimenta-se para instituir com qualidade a Educao a Distncia, mobilizando os departamentos acadmicos para esta nova modalidade de formao e de produo de conhecimentos em parceria com o governo do Estado, Prefeituras, Instituies de |Ensino Superior e a Universidade Aberta do Brasil UAB.

ATIVIDADES

1. 2. 3. 4.

Qual a base da EaD? Quais os seus elementos centrais? Qual o sentido da EaD? Qual a razo da sua opo por EaD?

Educao a Distncia

Em virtude de a comunicao ser to importante para a educao a distncia, todo professor e usurio precisa conhecer um pouco a respeito de cada tecnologia e tambm da mdia que a veicula. Definitivamente, no necessrio ter um conhecimento especializado a respeito de como as tecnologias operam nem ser capaz de remedi-las caso apresentem problemas. Como educadores a distncia, dependemos de programadores especializados, operadores de cmera, engenheiros e produtores, a fim de assegurar que as tecnologias que transmitiro o ensino operem do modo que devem. Precisamos conhecer o suficiente a respeito delas para sermos capazes de formular perguntas inteligentes, fazer sugestes, saber quando algo no est operando como deveria e, acima de tudo, conhecer os limites e o potencial de cada uma das tecnologias. Algumas das perguntas que precisamos ter em mente quando pensamos em tecnologia e mdia so: 1. Quais so as caractersticas das diferentes tecnologias de comunicao e das mdias e como podem ser usadas na educao a distncia? 2. Quais mdias e tecnologias de comunicao so as melhores para uma determinada disciplina ou um grupo de alunos? 3. De que modo mdia e tecnologias podem ser combinadas para se obter eficcia mxima? Voc deve ter essas perguntas em mente, medida que passamos agora a analisar cada uma das principais tecnologias, isto , impressa, udio e vdeo gravados, udio e vdeo interativos e tecnologias da internet. 2.1 Mdia Impressa

O texto , sem margem de dvida, a mdia mais comum empregada na educao a distncia e, apesar do crescimento da comunicao on-line que usa texto, a maioria dos textos ainda veiculada na forma impressa.O texto impresso assume vrias formas, incluindo livros didticos, livros que reproduzem artigos ou captulos, manuais, anotaes de aula e guias de estudo. Os materiais impressos incluem livros de arte ou enciclopdias muito caros, mas tambm materiais econmicos, que podem ser facilmente distribudos pelo correio ou por servios de entrega privados. As habilidades criativas de redao e ilustrao,bem como a capacidade para produzir relacionada impresso ou duplicao, esto amplamente disponveis. Da perspectiva dos usurios, alunos e professores esto muito familiarizados com materiais impressos e provavelmente tero uma boa compreenso a respeito de como us-las e obter o mximo delas. Alm do mais, materiais impressos so portteis e no se deterioram ou quebram com facilidade, o que os torna confiveis e convenientes para utilizao. Na educao a

CAPTULO

2

PROCESSO DE COMUNICAO EM EAD

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22 distncia, a instruo baseada principalmente no texto impresso denominada estudo por correspondncia (estudo em casa ou estudo independente). A caracterstica mais bsica do estudo por correspondncia no ser somente a apresentao das informaes pelo professor que realizada por um texto impresso. A interao tambm ocorre por meio do texto, embora seja provvel a apresentao digitada ou mesmo escrita mo, em vez de um material impresso. Essa Figura 11 - CD-rom interao sempre individual e privada. Pode permitir que os alunos estudem de acordo com seu prprio ritmo e no horrio que determinarem. A interao por correio , evidentemente, lenta, porm, na realidade, isso agrada aos alunos mais reflexivos e torna o texto impresso a tecnologia preferida por muitos alunos adultos.Alm da instruo por correspondncia, quase todos os cursos de educao a distncia usam alguma forma de texto impresso,independentemente de qualquer outra tecnologia que adotem. A forma de material impresso mais comum e mais importante usada em tais cursos o guia de estudo. 2.1.1 Guias de Estudo Os guias de estudo podem apresentar a organizao e a estrutura do curso, mesmo quando forem transmitidos principalmente por outra tecnologia. Cursos que usam em grande escala vdeo ou outras tecnologias eletrnicas geralmente so criados tendo por base um guia do aluno e um guia do instrutor, ambos impressos. Os profissionais que criam os cursos dedicam muita ateno aos guias de estudo impressos, pois estes constituem a ncora para as demais tecnologias. Embora o guia de estudo apresente possivelmente o texto da matria, deve proporcionar mais do que isso. Deve tambm conter instrues e orientao para alunos em seu estudo da disciplina e oferecer uma estrutura para interao dos alunos com os instrutores, seja por correspondncia ou por alguma outra tecnologia. No existe, por exemplo, nenhuma tecnologia melhor que o guia de estudo para comunicar as metas e os objetivos dos instrutores e sua abordagem geral e filosofia a respeito da disciplina. Por qu? Porque esses so temas que os alunos precisam revisar com muita freqncia e, quando o fazem, precisam ser capazes de refletir, analisar e aplicar, por sua prpria conta, o que est sendo comunicado pelo texto. Outras tecnologias apresentam informaes de um modo mais superficial e baseado em impresses, o que no adequado para esses processos. O guia de estudo pode transmitir as opinies dos instrutores e conselhos a respeito de como estudar a matria; por exemplo, sugerindo quanto tempo dedicar a um tpico ou exerccio especfico. Como todo professor sabe, a ordem ou a estrutura lgica do contedo no necessariamente a ordem psicolgica apropriada para seu estudo. Os livros didticos so invariavelmente criados para atender lgica e estrutura da disciplina. O autor do guia de estudo pode, no entanto, libertar-se da estrutura do contedo e do livro didtico e elaborar uma estrutura que em sua viso (a daqueles que criam) ser de maior ajuda para o aluno dominar o contedo. O estilo em que o autor redige o guia de estudo deve refletir o relacionamento do autor com seus alunos. Inevitavelmente mais impessoal do que uma pequena orientao face a face ou de uma interao por escrito dos instrutores por correspondncia com alunos individuais, porm, deve ser entendido como amigvel, encorajador e proporcionando apoio. No se trata de uma dissertao acadmica nem de um texto erudito, mas de uma forma de ensino. Deve ser visvel que algumas dessas caractersticas de ensino por um texto impresso tambm se aplicam ao ensino por texto on-line.

23 2.1.2 Jornais e Boletins Uma maneira de utilizar material impresso visando ao treinamento no local de trabalho por meio da publicao de boletins, que podem ter uma seqncia de artigos sobre temas relacionados ao emprego, tais como boa sade e prticas de segurana. Houve experincias ocasionais com a criao de um curso estruturado em torno de boletins, jornais ou revistas. Por exemplo, a Escola de Educao da University of Connecticut uniu-se revista Technology & Learning para oferecer um curso de desenvolvimento profissional para professores versando sobre tecnologia nas escolas. Os participantes criaram seus prprios grupos locais de aprendizado, consistindo de pelo menos trs pessoas com um lder nomeado. As atividades do curso basearam-se em artigos publicados em cada nmero da revista e cada grupo se reunia mensalmente para discutir o trabalho de seus membros. O uso do e-mail como um meio de distribuio de boletins tornou mais difundida essa forma de disseminao de informaes (talvez, para o desagrado de algumas pessoas). 2.1.3 Tempo de Preparao e Impacto da Editorao Eletrnica A qualidade dos materiais impressos pode variar consideravelmente e existe, via de regra, uma relao entre qualidade e tempo dedicado para elaborar os materiais. Os tipos de guias de estudo adotados em cursos de educao a distncia em grande escala oferecidos pelas universidades abertas e produtores de telecursos, os quais envolvem o trabalho de grandes equipes de criao, podem levar muitos meses ou at mesmo anos para ser desenvolvidos. Os materiais precisam ser obtidos com especialistas na disciplina, redigidos e editados em diversos rascunhos; devem ser criadas as ilustraes grficas, obtidas as autorizaes dos detentores de copyright, os formatos precisam ser testados e assim por diante. A tecnologia de editorao eletrnica exerceu um enorme impacto na rapidez de produo de materiais impressos. Antes do advento dos computadores pessoais, o manuscrito de um autor era composto graficamente, significando que uma prova da pgina era elaborada e eram produzidas chapas de impresso. Esse processo exigia o trabalho de grficos, ilustradores e artistas de criao e layout. Publicar desse modo, geralmente, levava diversos meses, e a impresso demorava muitas semanas, ou mesmo meses, contados a partir da entrega do manuscrito. Quando o processo feito eletronicamente, texto, ilustraes, diagramas e imagens podem ser todos criados e revisados com muito mais rapidez e, ento, enviados a uma grfica ou impressos em uma impressora a laser. Tal editor ao eletrnica usando processador de texto e software que estabelece o layout das pginas torna possvel a qualquer pessoa com um computador pessoal produzir materiais impressos de qualidade razoavelmente boa. Documentos podem ser transmitidos on-line e tecnologias de compar tilhamento de arquivos tornam fcil a interao de autores com editores. Na poca atual tecnicamente muito simples transmitir materiais na forma de texto diretamente para o aluno on-line, eliminando completamente a necessidade de textos impressos. No entanto, at hoje, a maioria das pessoas prefere ler um grande volume de informaes impressas em vez de em uma tela de computador. A editorao eletrnica tambm torna possvel produzir pequenas quantidades de documentos para cursos com matrculas limitadas ou nos quais a matria possui grande variao. Anteriormente, isso no era econmico. O aparecimento da web e de software de criao de pginas na web tornou at mais fcil produzir e distribuir documentos. Aps um documento ter sido criado em um formato adequado para a web (isto , HTML ou XML), ele pode ser transferido para um servidor de arquivosEducao a Distncia

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24 e tornar-se disponvel imediatamente para ser visto por qualquer pessoa no mundo que tenha uma conexo com a internet e um navegador na web. Alm disso, relativamente fcil e barato incluir fotografias e outros elementos grficos nos documentos. No entanto, os documentos na web so criados para serem vistos principalmente na tela e, muitas vezes, produzem documentos impressos de m qualidade. Portanto, embora a web tenha facilitado de algum modo os textos impressos, de outro, tem sido um estorvo. 2.1.4 Limitaes da Mdia Impressa A mdia impressa pode ter algumas limitaes, de modo anlogo a outras mdias, porm, a maior parte delas pode ser equacionada por meio de boas decises de criao. Sob o aspecto do aluno, parece que a habilidade para ler e escrever um pr-requisito essencial para o uso de materiais impressos. No entanto, existem at mesmo alguns cursos por correspondncia para camponeses iletrados em pases do Terceiro Mundo, nos quais a comunicao no tenha ocorrido principalmente por texto, mas por desenhos, auxiliados por chefes letrados de vilarejos que receberam guias de estudo redigidos em um nvel muito bsico. O aspecto principal a respeito do texto impresso que, se for criado corretamente, a maioria das pessoas, se houver motivao, conseguir aprender a partir dele. A motivao uma varivel mais crtica do que a mdia e sua falta pode acarretar uma sria limitao da eficcia da mdia, pois o texto impresso provavelmente exige maior ateno automotivada do que, por exemplo, filmes na televiso. Um problema mais srio com o texto do que o nvel reduzido de motivao intrnseca que os alunos possuem o efeito da baixa qualidade de muitos materiais em forma de texto, fazendo com que muitos alunos fiquem desmotivados. Muitos guias de estudo e outros materiais impressos so produzidos de modo muito econmico e displicente como suplementos de um programa transmitido eletronicamente, e terminam exercendo pouca atrao e sendo desinteressantes. Essas desvantagens no so limitaes da tecnologia impressa por si prpria, mas em virtude do modo como os educadores a utilizam. 2.2 Mdia sob a Forma de udio e Vdeo

Com a ampla disponibilidade de VCRSl de udio e vdeo nos anos de 1970 e 1980, ambas as tecnologias tornaram-se muito convenientes e com um custo compatvel para a disseminao de materiais de instruo. Os aparelhos de audiocassete eram muito portteis, permitindo que as pessoas estudassem onde desejassem. O nmero de pessoas que tinham VCRs em suas casas aumentou durante a dcada de 1980, tornando bem vivel o estudo em casa com videoteipes.

Figura 13 - Material Impresso

25 Alm disso, udio e videocassetes eram fceis e econmicos para distribuio pelo correio ou por servios de entrega. Na Universidade Aberta do Reino Unido, descobriu-se que a introduo de audiocassetes, para surpresa dos pesquisadores, era a inovao tecnolgica mais importante em seus primeiros 20 anos, em termos de nmero de alunos e de cursos afetados, e do impacto do aprendizado. A Universidade Aberta enviou mais de 750 mil horas de gravao de materiais de ensino por audiocassete, tornando essa a mdia mais amplamente utilizada aps o texto impresso (BATES, 1990, p. 101). No final dos anos 1990, os aparelhos de CD e de DVD tornaram-se as tecnologias dominantes para a disseminao de programas gravados em udio e vdeo e provaram ser mais durveis e ter melhor custo compatvel do que os cassetes. De modo similar, os discos de CDRead Only Mode (CD- ROM) permitiam a disseminao de programas de aprendizado baseados em computador com a incorporao de componentes audiovisuais. Por serem gravaes digitais, possvel acessar aleatoriamente material em qualquer parte do disco, o que muito mais fcil para o usurio do que ter de rebobinar uma fita. O principal problema relacionado ao uso das mdias de udio e vdeo na educao a distncia o fato de exigirem criatividade e conhecimento profissional especializado para a produo de programas de boa qualidade, e a criatividade custa mais tempo e dinheiro do que a maioria das instituies est disposta a pagar. Figura 12 - Cd-room Infelizmente, o resultado que essas mdias so subutilizadas em sentido negativo, muitas vezes, ficando limitadas a transmitir uma preleo, o que significa uma utilizao muito restrita de tais recursos potencialmente valiosos. Em um bom sistema de veiculao, a transmisso direta de informao seria feita com tecnologia impressa. Veja algumas das maneiras pelas quais o udio gravado pode ser utilizado: a) explicando aos alunos por meio de partes do material textual; por exemplo, analisando a discusso em um artigo ou explicando frmulas e equaes; b) explicando objetos reais que o aluno mantm para observao; por exemplo, amostras de rochas, reprodues de pinturas, materiais usados em uma experincia em casa; c) explicando aos alunos por meio de instrues de uso, como, por exemplo, a operao de computadores, de tal modo que suas mos estejam livres para o trabalho prtico; d) prestando ateno s interaes humanas; por exemplo, a tomada de decises em um curso de administrao ou a conduo de reunies, com o texto explicando o que est gravado na fita; e) agrupando as opinies e experincias de especialistas, profissionais especializados ou as experincias pessoais de pessoas famosas; f) proporcionando exemplos de sons que fazem parte integrante dos objetivos de aprendizado, como msica, um monlogo de Shakespeare ou exemplos de conversao em um curso de idioma estrangeiro; g) proporcionando acesso a sons de fenmenos naturais como uma erupo vulcnica ou um lanamento espacial, ou eventos especiais como a posse de um presidente; h) dramatizao de eventos histricos. O vdeo tambm adequado para a maioria dessas finalidades, pois uma mdia poderosa para atrair e manter a ateno e para transmitir impresses. Em virtude de sua capacidade para mostrar pessoas interagindo, o vdeo uma boa mdia para o ensino de aptides interpessoais e para o ensino de qualquer tipo de procedimento, pois consegue mostrar a seqncia de aes envolvidas; pode mostrar doses, movimento lento ou acelerado, perspectivas mltiplas, e assimEducao a Distncia

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26 por diante. udio e vdeo podem ser ambos usados para apresentar as opinies dos especialistas, o que aumenta a credibilidade e o interesse dos materiais. udio e vdeo so especialmente eficazes para a transmisso de aspectos emocionais ou relacionados atitude de uma disciplina. Spitzer, Bauwens e Quast (1989), McMahill (1993) e Stone (1988) discutem os efeitos da utilizao do vdeo na educao a distncia em nvel universitrio. Muitas organizaes tm criado programas de educao a distncia baseados principalmente em videoteipes gravados com uma ampla variedade de valores de produo (isto , qualidade de produo). Por exemplo, a Association for Media-Based Continuing Education for Engineers (http://www.amcee.org) oferece centenas de cursos de engenharia, cada curso consistindo de um conjunto de prelees por videoteipe com valor reduzido de produo. A maioria dos telecursos do PBS/CPB est disponvel em videoteipes (LEVINE, 1992) e tem geralmente valor elevado de produo. Muitas grandes corporaes proporcionam grande parte do treinamento de seus empregados e clientes sob a forma de materiais em videoteipe. 2.2.1 Produo Produzir materiais em udio ou vdeo geralmente mais oneroso do que criar materiais impressos por envolver competncias especiais no somente de produo, mas tambm de engenharia. Existem muito poucos temas para os quais um roteiro ou pelo menos um esboo da histria a ser gravada no necessrio. Mesmo com gravadores de fita digitais e cmeras de gravao (camcorders), h necessidade de tcnicos experientes para se obter uma reproduo de udio ou vdeo com qualidade confiavelmente boa. O talento profissional de um locutor ou de atores pode ser necessrio. Uma das partes mais crticas de toda produo a seleo de que contedo incluir e de qual excluir, o que significa usar editores, instalaes e equipamento de edio especializados. Embora essas consideraes no sejam obstculo para a produo de materiais de udio/vdeo, elas indicam efetivamente por que importante e necessrio planejar o uso de tempo e recursos exigidos para a criao de tais materiais. A atual gerao de software de edio de udio e vdeo digitais para computadores pessoais tem provado ser ao mesmo tempo uma bno e um obstculo para a educao a distncia. Por um lado, tornou possvel para quase todos a produo de materiais audiovisuais (anlogo ao impacto da editorao eletrnica sobre a produo de materiais impressos). Esses programas tornam possvel executar efeitos e seqncias especiais que exigiam anteriormente equipamento muito caro. Alm disso, tornam relativamente fcil inserir udio e vdeo diretamente em CD-ROMs ou fazer o upload para a web e, portanto, distribu-Ios de modo econmico. A desvantagem dessa liberdade tcnica uma grande produo de filmes extremamente amadores para exibio em casa. Existem muito poucos especialistas nas disciplinas que tm o tempo e o conhecimento para tambm serem excelentes produtores, portanto, em termos gerais, melhor deixar esses aspectos tcnicos de produo de materiais de udio e vdeo para as pessoas que dedicaram suas carreiras aquisio e manuteno de conhecimentos profissionais. 2.3 Rdio e Televiso

A transmisso de udio e vdeo por rdio e televiso foi utilizada para fins educacionais durante muitos anos. Com o surgimentol das redes de satlites, o ensino pela televiso se tornou muito popularizado em todos os nveis da educao. Precisamos ter em mente a distino entre a televiso aberta, isto , aquela que est disponvel a qualquer pessoa que tenha um aparelho de televiso, e o que conhecido como transmisso limitada, relativa aos programas transmitidos por canais privados, como a National University Teleconference Network ou os canais da televiso comercial. Esses programas somente

27 podem ser recebidos nos locais onde foi paga uma taxa ou existe a autorizao para receb-los. Entre outras diferenas, os programas para transmisso geral tm normalmente um valor de produo maior, com melhor roteiro e produo em estdio, locais de filmagem, teatralizao, msica e edio. 2.3.1 Principais Transmisso Pontos Fortes e Usos da

O rdio e a televiso transmitidos de modo aberto ou limitado tm a atrao de serem imediatos. Podem ser usados para apresentar Figura 14 - Antena de rdio relatrios atualizados a cada minuto, e tambm palestras, perguntas dos ouvintes ou telespectadores e discusses em painis. Quando os programas so transmitidos em combinao com um guia de estudo e tarefas escritas, ajudam a manter os alunos interessados e proporcionam segurana quanto ao curso como um todo. Os programas podem ser criados para proporcionar aos alunos a distncia uma percepo de que fazem parte de uma comunidade de pessoas envolvidas com os mesmos temas. Em virtude de os programas transmitidos poderem ser vistos e ouvidos pelo pblico geral, representam um poderoso instrumento de atrao, pois os alunos potenciais podem ver ou ouvir: o tipo de assunto que discutido nos cursos. A transmisso, especialmente pela televiso, possui um certo prestgio que ajuda a criar uma imagem positiva da instituio de ensino a distncia na mente do pblico geral. O rdio tem a vantagem de ser uma mdia muito flexvel, permitindo uma repor tagem com informaes de qualquer lugar no mundo e proporcionando a atualizao rpida de material a custos tcnicos reduzidos. A televiso, em comparao, muito mais onerosa e geralmente melhor reservar essa tecnologia para a transmisso de contedo com mais durabilidade. Um produtor snior do Centro de Produo da BBC/Universidade Aberta do Reino Unido indicou quatro princpios bsicos para orientar a deciso de usar a transmisso pela TV. So eles: a) Integrao. O material precisa ter relao prxima com o restante do curso. Radcliff (1990) escreve: A no ser que esteja realmente atendendo a necessidades de ensino muito especficas, por mais atraente e bem elaborado que seja, no valer a pena investir dinheiro nesse tipo de transmisso e, por tanto, deve haver uma integrao prxima com o restante do material do curso, incluindo o sistema de avaliao. b) Especializao. importante usar a televiso somente para aquilo que ela pode fazer com perfeio - e por menor custo -, e no o que pode igualmente ser feito na forma

Figura 15 - Servio Fixo de Televiso Educativa (ITFS - Instructional Television Fixed Service)

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28 impressa ou por outra tecnologia. c) Qualidade. Os programas para transmisso devem ser produzidos com os padres mais elevados de qualidade e ter uma grande durao, a fim de recuperar os custos. Isso significa que devem durar muitos anos e ser usados diversas vezes, o que requer tomar decises cuidadosas a respeito do contedo de um programa e evitar imprimir ou transmitir por udio contedo que no ter muita validade, com o passar do tempo. d) Custo compatvel. Devem ser criados programas somente quando existir uma justificativa pedaggica e quando eles puderem ser usados para um nmero suficiente de alunos, a fim de terem um custo compatvel. O ITFS (http://www.itfs.org) usa transmisso por microondas (com um alcance de aproximadamente 37,5 km) e antenas especiais para receber o sinal. Em virtude de o ITFS ser uma tecnologia de custo acessvel, tornou-se uma forma popular de transmisso de ensino para pequenas reas. Um estdio de ITFS similar a um estdio de transmisso geral, embora talvez menor e menos complexo. Uma rede de locais de recepo em escolas, centros de treinamento ou salas de aula fora do campus criado onde os alunos se encontram para assistir aulas convencionais. Geralmente usada uma conexo telefnica para permitir que os alunos tenham contato de udio com o instrutor durante o programa para formular ou responder a perguntas. Em alguns casos, a transmisso por ITFS alimenta um sistema por cabo que redistribui os programas a pessoas em suas residncias ou em seus escritrios. O ITFS, sendo uma tecnologia de transmisso pelo ar, possui os mesmos problemas de sobreposio de freqncias e de interferncia que outros sistemas pelo ar. A ITFS pode comunicar programas gravados a partir de, ou recebidos de, um downlink de satlite. Os servios de ITFS podem ser adquiridos de alguns provedores. 2.3.2 Televiso a Cabo (CATV) A televiso a cabo (CATV) envolve a distribuio de sinais de televiso por meio de um cabo coaxial ou de fibra ptica conectado diretamente ao aparelho de televiso do usurio. A programao de educao a distncia geralmente provida por escolas e faculdades locais; possvel veicular programas em escala nacional por meio da televiso a cabo. Por exemplo, nos anos 1980, a Mind Extension University oferecia programas de graduao e ps-graduao para 200 afiliadas a cabo nos Estados Unidos. Os alunos assistiam aos programas em casa e usavam o telefone para formular perguntas ou fazer comentrios. A CATV no mais apenas um cabo coaxial, pois a maior parte dos sistemas foi convertida ao cabo de fibra ptica, permitindo a transmisso de dados, bem como de vdeo. Muitas escolas, empresas e faculdades possuem em suas instalaes sistemas de circuito fechado que so usados para distribuir internamente programas produzidos ou transmisses externas (Holmes e Branch, 1994). 2.3.3 Satlites de Transmisso Direta (DBS - Direct Broadcast Satellites) Os Satlites de Transmisso Direta (DBS) utilizam uma antena parablica pequena e barata (com cerca de 30 a 60 cm de dimetro) que a torna vivel para os alunos receberem diretamente programas em sua casa ou escritrio. A tecnologia de DBS amplamente adotada nos Estados Unidos para a recepo de televiso (por exemplo, a DIRECTV e a Rede DISH). Em virtude de seu custo compatvel, foi sugerido que essa tecnologia poderia substituir outros mtodos de transmisso aberta e limitada de vdeo. Os custos de instalao de uma antena parablica e de um receptor da Rede DISH eram de aproximadamente 200 a 300 dlares. Alguns modelos de receptor que

29 programam automaticamente o gravador de videocassete (VCR) custam cerca de 400 dlares. A taxa bsica da assinatura da Rede DISH para o pacote educacional comea em 22,99 dlares por ms. Aps a assinatura de EchoStar por meio de uma rede DISH, os alunos podem receber transmisses de aulas em seus televisores em casa (acesse http://distance.nau.edu/ Services/ methods.aspx e http://www. universityhouse.nau.edu). 2.3.4 Vdeo Transmissvel Com o surgimento da World Wide Web (www), tornou-se possvel uma nova forma de disseminao por vdeo denominada vdeo transmissvel. Isso envolve colocar o vdeo em formato digital e permitir que as pessoas faam o download na forma compactada a partir de um servidor da web. Dependendo da velocidade de conexo do usurio e das funes de seu computador pessoal, pode ser possvel ver videoclipes a uma velocidade prxima do tempo real (isto , 30 quadros/segundo). Atualmente algumas instituies utilizam o vdeo transmissvel para oferecer instruo baseada em vdeo. O Stanford Center for Professional Development usa o vdeo transmissvel para veicular seus cursos on-line, que eram distribudos previamente em videoteipes e por transmisso aberta. O Illinois Institute of Technology utiliza o vdeo transmissvel em sua Faculdade de Direito para as aulas de educao a distncia. A maioria dos provedores de cursos on-line agrega ao menos um clipe introdutrio disponvel aos alunos que tm acesso internet por cabo ou por um modem relativamente veloz. Para ver alguns exemplos de mdia transmissvel em cursos universitrios, acesse http://www.pocahontus.doit.wisc.edu/index.html. 2.4 Teleconferncia

A teleconferncia na educao a distncia descreve a instruo por meio de alguma forma de tecnologia de telecomunicao interativa. Existem quatro tipos diferentes dessa tecnologia, cada uma oferecendo uma forma diferente de teleconferncia: udio, audiogrfica, vdeo e computador

Figura 16 I Encontro a Distncia / So Lus-Ma

(baseada na web).

2.4.1 Audioconferncia Os participantes de uma audioconferncia so conectados por linhas telefnicas. Os participantes individuais podem utilizar seus telefones usuais, ao passo que os grupos podem usar um fone ou kits de alto-falantes e microfones de mesa especialmente criados. Para que umEducao a Distncia

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30 nmero significativo de participantes interaja desejvel usar uma ponte que conecte as linhas automaticamente. A ponte pode ser fornecida por uma companhia telefnica ou a organizao que conduz a teleconferncia pode adquirir a sua prpria. Cookson, Quigley e Borland (1994) analisaram as polticas e prticas associadas ao uso da audioconferncia para ensino em ps-graduao em sete universidades importantes. A tecnologia permanece disponvel, porm, negligenciada pelos educadores que se limitam a um conceito de educao a distncia inteiramente dependente de tecnologia baseada em computador. Deve ser observado que uma forma limitada de audioconferncia tambm possvel por meio dessa tecnologia. Os educadores que estudam a literatura substancial sobre audioconferncia podem se informar a respeito das diversas possibilidades para a audioconferncia on-line bem como na forma tradicional. 2.4.2 Audiogrfico A tecnologia audiogrfica agrega imagens visuais ao udio e tambm transmitida por linhas telefnicas. Existem diversos sistemas baseados em computador que permitem a transmisso de imagens grficas e de dados. Os quadros-negros eletrnicos tambm podem ser usados; eles transmitem qualquer item escrito ou desenhado em um local para telas de televiso ou unidades de exibio visual, em outros locais. Cada local v qualquer imagem desenhada na tela do computador (usando uma placa de dados grfica), bem como ouve o udio. Alguns desses sistemas incluem uma cmera digital que produz imagens de tudo que colocado sua frente, incluindo desenhos, objetos e rostos das pessoas. Os sistemas audiogrficos so bem adequados para os cursos que exigem imagens fixas ou informao com notao (por exemplo, frmulas, equaes). Por essa razo, tm sido especialmente difundidos no ensino de disciplinas cientficas e de engenharia. Representantes de museus e galerias de arte conduzem os alunos por passeios eletrnicos em suas instituies, mostrando slides fotogrficos que foram digitalizados como imagens grficas pelo computador. Alm de formular perguntas em qualquer momento, os alunos podem apontar imagens mostradas na tela a respeito das quais desejam conhecer mais detalhes. Gilcher e Johnstone (1989) fizeram uma anlise crtica do uso de sistemas audiogrficos em nove instituies educacionais diferentes e oferecem diretrizes para projetos bem-sucedidos. Aspectos diferentes da teleconferncia audiogrfica so discutidos por Gardner, Rudolph e DellaPiana (1987), Gunawardena (1992), Idrus (1992), Knapczyk (1990) e Smith (1992). 2.4.3 Videoconferncia O uso da videoconferncia bastante amplo nos meios empresarial, mdico e governamental como ferramenta para troca de informaes e dados, realizao de reunies e conferncias, nas quais os participantes se encontram em localidades distintas e distantes. (CRUZ, 2009). J no espao acadmico vem sendo utilizada para fins de troca de informaes e dados entre pesquisadores de diferentes instituies de ensino e pesquisa. E tambm em situaes de ensinoaprendizagem, principalmente na educao a distncia. Cabe destacar que a insero das videoconferncias no meio educacional foi responsvel pela ampliao do uso e a crescente popularizao e ainda determinou a necessidade de uma adaptao em termos pedaggicos, tanto no que se refere ao contedo quanto ao formato das transmisses. Porm, apesar da ampliao do uso dessa ferramenta o que se observa uma breve literatura que analise seus usos e resultados, nesse sentido, os parmetros existentes para sua formulao e avaliao esto fundamentados nas vrias experincias mediadas por equipamentos e, em alguma medida, nas aulas convencionais.

31 Em virtude dessa grande variedade de uso em diferentes espaos, podemos observar uma variedade de entendimentos sobre o que seja e as finalidades da videoconferncia. I. A videoconferncia uma ferramenta da tecnologia de comunicao digital, que possibilita, em tempo real, a transmisso e recepo de imagem e som entre dois ou mais pontos distantes, permitindo que grupos, em lugares distintos, se comuniquem face a face, recriando, distncia, as condies de um encontro presencial. (BAHIA, 2006, p.10). II. A videoconferncia uma forma de comunicao que permite a duas ou mais pessoas, que estejam em locais diferentes comunicar-se com udio e vdeo em tempo real. (CINTED, 2009). III. Uma videoconferncia consiste em uma discusso em grupo ou pessoa-a-pessoa na qual os participantes esto em locais diferentes, mas podem ver e ouvir uns aos outros como se estivessem reunidos em um nico local. [...] possibilitam a comunicao em tempo real entre grupos de pessoas, independente de suas localizaes geogrficas, em udio e vdeo simultaneamente. [...] permitem que se trabalhe de forma cooperativa, compartilhando informaes e materiais de trabalho sem a necessidade de locomoo geogrfica. (CARNEIRO, 2009). IV. [] uma tecnologia que permite que grupos distantes, situados em dois ou mais lugares geograficamente diferentes, comuniquem-se face a face, atravs de sinais de udio e vdeo, recriando, a distncia, as condies de um encontro entre pessoas. A transmisso pode acontecer tanto por satlite, como pelo envio dos sinais comprimidos de udio e vdeo, atravs de linhas telefnicas. (CRUZ; BARCIA, 2000). Das conceituaes elencadas podemos destacar a condio de interatividade, que dentro do paradigma da interao virtual, recria o sentido da presencialidade. Isso implica a possibilidade de superao das barreiras do tempo e espao na EaD, favorecendo a participao dos estudantes e criando novas perspectivas de afetividade no processo ensino-aprendizagem, uma vez que aproxima professores e alunos. Ao mesmo tempo destacamos que essa possibilidade de interao, por vezes negligenciada atravs de prticas que se limitam a uma reproduo das to criticadas metodologias de transmisso de contedos em via nica do professor para o aluno. Dessa forma, a utilizao de um modelo de educao via videoconferncia pode ser considerada uma proposta inovadora de Educao a Distncia ou uma reproduo do modelo tradicional de ensino, onde o professor exerce papel preponderante (TAVARES, 2009).Das tecnologias utilizadas no ensino a distncia, a videoconferncia a que mais se aproxima de uma situao convencional da sala de aula, j que, [...] possibilita a conversa em duas vias, permitindo que o processo de ensino/aprendizagem ocorra em tempo real (online) e possa ser interativo, entre pessoas que podem se ver e ouvir simultaneamente. Devido s ferramentas didticas disponveis no sistema, ao mesmo tempo em que o professor explica um conceito, pode acrescentar outros recursos pedaggicos, tais como grficos, projeo de vdeos, pesquisa na internet, imagens bidimensionais em papel ou transparncias, arquivos de computador, etc. O sistema permite ainda ao aluno das salas distantes tirar suas dvidas e interagir com o professor no momento da aula, utilizando os mesmos recursos pedaggicos para a comunicao. (CRUZ; BARCIA, 2000).

Destacamos a seguir algumas vantagens do uso da videoconferncia, de acordo com Santos (2009): Representa uma economia de tempo porque evita o deslocamento da instituio de pessoas altamente qualificadas e normalmente muito ocupadas; Representa uma economia de recursos, por no haver gastos com viagem, o queEducao a Distncia

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32 implica tambm em uma maior disponibilidade de horrios [...]; Representa um recurso a mais para a pesquisa porque permite a gravao em fita de vdeo, como registro; Finalmente, a percepo da interface eletrnica praticamente desaparece depois de alguns minutos j que o manuseio do equipamento fcil e de rpida aprendizagem. Podemos acrescentar ainda, que a realizao de videoconferncias em EaD favorece uma dinamicidade na utilizao de recursos udios-visuais, pois, a maioria dos softwares utilizados atualmente para sua realizao, permite a utilizao de ferramentas de compartilhamento de documentos; acesso a internet para realizao de pesquisas ou demonstraes; utilizao de lousas interativas que permitem uma apresentao mais ldica e mais centrada no contedo, com mltiplas possibilidades de interatividade, dentre outros. Aspectos Contextuais Do mesmo modo que toda ao social, e particularmente situaes de ensino-aprendizagem, a produo de videoconferncias envolve alguns princpios de comportamento que visam garantir uma ao agradvel e com maior abrangncia de contedos formativos. Esses princpios so oriundos do campo da psicologia, da didtica e mesmo de aes validadas no convvio social. Existem alguns aspectos importantes para a realizao de uma videoconferncia, muitos deles de competncia de profissionais da tecnologia e comunicao, aos quais cabe garantir, por exemplo, uma boa qualidade de transmisso e recepo de imagens e udio. Ns, porm, voltaremos nossa ateno para questes relativas ao uso da videoconferncia para fins educacionais, no mbito do sistema formal de educao a distncia. Certamente, no possvel definir com exatido uma combinao de fatores aceitveis para toda situao e atores, especialmente devido carncia de uma ampliao de investigaes mais aprofundadas sobre o tema, porm alguns comportamentos bsicos podem contribuir para melhorar a recepo da imagem das pessoas que falam e com quem se fala, favorecendo ainda a receptividade do contedo de suas falas. Um aspecto fundamental garantir que todos estejam vendo e ouvindo bem a transmisso. Apesar de este aspecto ser uma responsabilidade primeira da equipe de tecnologia, cabe ao professor verificar ao longo da transmisso se esta condio est assegurada, atravs de estratgias como o questionamento e a proposio de desafios, ou de forma bem mais simples, falando compassadamente e prestando ateno ao retorno dos alunos.Na videoconferncia, a experincia em um terminal bastante afetada pelas condies do outro terminal. A maioria dos clientes de videoconferncia incluem uma viso de si mesmos em uma janela. Isso permite que voc veja como voc aparece no terminal remoto voc estando ou no completamente visvel pela cmera, se h distraes no fundo, se voc est olhando direto para a pessoa remota e no encarando por cima ou espiando por baixo. Mesmo que a janela com sua viso no seja mantida durante a conferncia, uma boa idia testar a sua imagem na janela e ajust-la conforme a chamada anterior. Infelizmente, isso no funciona para ajustar o udio j que o seu udio quase sempre suprimido pelo feedback que retorna para voc no modo local ou mesmo na maioria dos modos de teste. Nesse caso, extremamente recomendado testar e ajustar com uma chamada ao vivo antes do incio da reunio ou pegar alguns minutos para testar e ajustar no incio da reunio. (APOSKITIS, 2009)

indicado que antes do incio da videoconferncia, seja realizado um breve ensaio, ou chamada, para ajustar as condies de vdeo e udio. No decorrer da transmisso, se observadas

33 condies precrias, o mais recomendado a interrupo da conversao para fazer os ajustes necessrios, a fim de garantir uma comunicao efetiva e agradvel. Porm, isto indicado em situaes realmente extremas que possam ocasionar distraes ou incompreenso do contedo da transmisso, devendo ser minimizado ao mximo pelos ajustes iniciais. A entonao da voz e o posicionamento do interlocutor tambm devem ser planejados no ensaio inicial, evitando modificaes bruscas, passiveis de causar, por exemplo, interrupo no udio, na visualizao da imagem e escurecimentos no terminal de recebimento. importante lembrar que a videoconferncia comparvel a uma comunicao face-a-face, na qual o interlocutor precisa sentir que a ateno est voltada pra ele. Da mesma forma, cabe garantir que a ateno do aluno esteja voltada para o professor. Sendo, portanto, pouco produtivo fazer a leitura de sequncias de slides, favorveis distrao e ao cansao. No caso especfico, dos cursos da UFMA, nos quais se dispem materiais impressos, pode-se indicar a leitura antecipada dos contedos a serem discutidos nas videoconferncias, para que os alunos possam elaborar suas consideraes ou dvidas e apresent-las no decorrer da transmisso. Na mesma medida em que indispensvel garantir uma boa qualidade do udio, devese minimizar as distraes do vdeo. Este tpico bastante controverso e algumas inquietaes podem surgir, como, por exemplo, a necessidade ou pertinncia de mudarmos nossos padres de preferncia nos modos de vestir e nos comportarmos. Entendemos que muito ainda precisamos avanar at a tecnologia ser capaz de uma simulao mais prxima da realidade. Mais ainda, nossos prprios padres de valores e comportamentos so socialmente construdos e esto em constante processo de mudanas e negociaes. No momento, cabe analisar o que pode surtir efeito em cada situao e tomar decises mais preocupadas com a garantia de um bom processo de aprendizagem. As indicaes a seguir se baseiam no Manual de Videoconferncias (BAHIA, 2006, p. 17-18): Dar preferncia s roupas confortveis e discretas, evitando cores berrantes e estampas grandes e listradas, pois isto pode gerar desconforto visual para os participantes; Evitar maquiagens muito carregadas com cores fortes; Evitar gestos bruscos para no acarretar distoro de imagem; Evitar movimentos que geram rudos na mesa (batuques) em funo da sensibilidade dos microfones; Sinalizar com a cabea em aprovao ou negao indicando que est ouvindo e acompanhando as intervenes; Evitar expresses que sugiram monotonia ou desagrado, procurando manter o entusiasmo e um contato amigvel com seus interlocutores; Manter o seu tom de voz a um nvel de conversao, priorizando palavras curtas e sentenas simples, entretanto variadas e expressivas; Olhar diretamente para a cmera ou para o centro do monitor. A utilizao da videoconferncia para fins educacionais prev uma ateno especial para o nvel de conforto, estilo de ensino e tcnicas instrutivas do professor, as indicaes apresentadas se respaldam pela necessidade de transmisso das imagens por meio do vdeo que requer uma ateno iluminao e esttica adequada, na qual est implicada uma ateno tambm ao figurino e adereos similares aos considerados na produo para vdeos e televiso de alta qualidade. Alguns requisitos metodolgicos Para a realizao de uma videoconferncia, fundamental que o professor realize umEducao a Distncia

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34 planejamento das atividades que sero desenvolvidas desde a preparao no ambiente virtual, no decorrer da transmisso e posterior a ela. As indicaes a seguir se baseiam em estudos referenciados e tambm em observaes de videoconferncias realizadas no NEaD UFMA no perodo de agosto a dezembro de 2009 e visam contribuir para uma reflexo sobre pontos importantes a serem considerados no planejamento dos diferentes momentos da videoconferncia. Antes da transmisso: Fazer uma experincia antes de sua primeira atividade com a videoconferncia para que possa ficar mais confortvel diante das cmeras; Disponibilizar com antecedncia o material a ser utilizado pelos participantes/alunos, principalmente referncias complementares e, se possvel, propor atividades para serem resolvidas durante a vdeo; Manter contato prvio com os tcnicos, para familiarizar-se com os equipamentos utilizados na videoconferncia, bem como sinalizar a necessidade de recursos a serem utilizados; Compartilhar com a coordenao pedaggica o material que ser apresentado, para garantir sua tima qualidade. Durante a videoconferncia Apresentar brevemente o roteiro da exposio e os critrios de avaliao; Ter sempre um recurso alternativo para eventuais falhas tcnicas; Fazer uma breve exposio, entre 15 e 20 minutos, e incentivar a interao; Reservar um tempo para atividades interativas; Utilizar, sempre que possvel, imagens para ilustrar os conceitos; Reservar um tempo no incio ou no final da sesso para perguntas e para possveis questes administrativas; Realizar dinmicas que envolvam participao ativa dos participantes/alunos, tais como seminrios, debates, jogos, estudos de caso, demonstrao, discusso, trabalho em grupo e palestrantes convidados; Exerccios prticos podem ser utilizados de modo a tornar a aula mais interativa, produtiva e agradvel para todos. No estender a transmisso Aps a videoconferncia Retomar o assunto em forns ou chats; Promover a elaborao de textos individuais e coletivos; Incentivar a pesquisa na internet; Realizao de tarefas propostas durante a videoconferncia. Considerando a necessidade de utilizao de metodologias que estimulem a interao, elencamos a seguir algumas tcnicas que podem servir de inspirao para outras abordagens