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UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO VIDA Marcus Vinicius Lopes Martins Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administraçao da Universidade Federal do Rio de Jane i ro , COPPEAD , como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc . l . Aprovada por : - Presidente da Banca Proi . Roberto Westenberger Proi . Cláudio Contad r Proi . Ricardo Frischtak Rio de Janeiro 1994 i

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UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO

DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO V I DA

Marcus Vinicius Lopes Martins

Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pós-graduação

e Pesquisa em Administraçao da Universidade Federal do Rio de

Janeiro , COPPEAD , como parte dos requisitos para a obtenção

do grau de Mestre em Ciências ( M . Sc . l .

Aprovada por :

- Presidente da Banca Proi . Roberto Westenberger

Proi . Cláudio Contad r

Proi . Ricardo Frischtak

Rio de Janeiro

1994

i

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Martins , Marcus Vinicius Lopes

Uma Proposta de Metodologia de Avaliacao

da Solvência de Empresas de Seguro Não

Vida . Marcus Vinicius Lopes Martins . Rio de

Janeiro: COPPEAD , 1994 .

x i i , 132p .

Tese de Mestrado - Universidade Federal

do Rio de Janeiro , COPPEAD .

1 . Seguros 2 . Solvência de Seguradoras

3 . Contabilidade de Seguros . 4 . Tese (Mestr .

COPPEAD/UFRJ ) . I . Título

i i

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Este trabalho eu dedico à minha mulher

Alda que sempre me incentivou e que me

acompanhou . a cada etapa vencida. ao

longo da execução desta tese .

i i i

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Roberto Westenberger , pela orientacao ,

inteligente , dedicaç&o e incent ivo ao longo de todo o

trabalho . Sem e l e , esta tese certamente n&o seria poss1vel .

Aos amigos do Centro de Estudos e Pesquisa em Seguro s , em

especial à secretária Eva , pelo apoio e interesse .

Aos professores , colegas e funcionários da COPPEAD , com os

quais convivi durante do is anos muito grati ficantes .

A todos os amigos e fami l iares que , de uma forma ou outra ,

também contribu1ram neste esforço .

iv

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Resumo da Tese apresentada a COPPEAD/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do srau de Mestre em

Ciências ( M . Se. )

UMA PROPOSTA DE METODOLOGI A DE AVALIACAO

DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO VIDA

Orientador

Programa

Marcus Vinicius Lopes Martins

Julho / 1994

Pro f . Roberto Westenberser

Administração

O presente trabalho tem por obj etivo propor uma metodolosia

de avaliação da solvência de empresas de sesuro não vida que

atuam no mercado brasi leiro , a partir da adaptação de um

procedimento de anál ise de solvência desenvolvido nos Estados

Unidos , o Método IRI S - " Insurance Regulatory Information

System" , acrescido ainda de um modelo estatistico que visa

determinar a quant idade de sesuradoras que necessitam de um

acompanhamento mais rigoroso em suas operações por parte do

orsanismo fiscalizador . Os resultados apresentados foram

calculados a partir de dados reais extraidos dos balanços de

1990 , 1991 e 1992 publicados pelas sesuradoras . O modelo

proposto pode ser considerado consistente no sentido de

detectar potenc iais insolvencias .

v

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Abatract of the Theaia preaented to COPPEAD/UFRJ aa partial

fulfillment for the degree of Maater of Sciencea (M . Sc. )

UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO

DA SOLVENCIA DE EMPRESAS DE SEGURO NAO VIDA

Chairman

Marcua Viniciua Lopea Martina

Julho / 1994

Pro f . Roberto Weatenberger

Department : Adminiatrat ion

Thia work a ima at propoaing a methodology to apot potential

inaolvenciea in the brazilian non-life inaurance induatry ,

through the adaptation of a aolvency analyaia procedure ,

developed in the United Statea , the IRIS Method - I naurance

Regulatory I nformat ion Syatem , added of a atatiatical model

that a ima at indicatins the number of inaurance companiea

that call for increaaed and cloaer resulatory attent ion . The

propoaed methodology waa teated with real data extracted from

1990 , 1991 and 1992 annual atatementa and the reaulta may be

conaidered conaiatent , in the aenae of detectins potential

inaolvenc iea .

v i

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BTNf

DRMl

DRM2

ABREVIATURAS E SIMBOLOS UTILI ZADOS

Bônus do Tesouro Nacional (fiscal )

Desvio Padrào dos Números de Indices Desfavoráve is por Demonstração Financeira do Grupo i

Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e a Margem de Solvência

Razão entre o Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas e a Margem de Solvênc ia

ERE Razão entre o Erro de Reserva Estimada e a Margem de Solvência

IPC

IRI

IRIS

I SL

ITP

MIA

MS

NAI C

NIDDF

Indice de Preços ao Consumidor

Indice de Rentab i l idade dos Inve.stimentos

I nsurance Regulatory I nformation System

I ndice de Sinistros a Liquidar

I ndice de Transferência de Prêmios

Método IRIS Adaptado

Margem de Solvência

National Association of Insurance Commissioners

Numero de Indices Desfavor&veis por DemonstraçãO Finance ira

RAM Razão entre Auxilio de Margem e Margem de So lvênc ia

RCB Razão entre Compromissos e Bens Garantidores

ROD Razão Operac ional de Dois Anos

RPM Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvênc ia

vii

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SUSEP

�S

VPR

*

Retorno sobre a Margem de Solvancia

Superintendência de Seguros Privados

Variação de Margem de Solvência

Variaçao de Premios Retidos

Valor Médio dos Números de I ndices Desfavoráve is por Demonstração Financeira do Grupo i

x Valor Médio dos Números de Indices Desfavoráveis por Demonstração Financeira do Grupo de Seguradoras Insolventes

viii

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1

2

2 . 1

2 . 2

3

3 . 1

3.2

SUMARIO

I NTRODUCAO

A NECESSIDADE DE SEGURANCA

A Busca da Segurança

A Necessidade do Controle Oficial

A SOLVENCIA DE EMPRESAS SEGURADORAS

O Conceito de Solvência

Partes Interessadas na Solvência das Seguradoras

1

5

6

8

11

12

13

3 . 3 Fatores que I nfuenciam a SolVência 16

4 A CONTABILIDADE DAS SEGURADORAS 21

4 . 1 Importância da Contabi lidade 22

4 . 2 Contabil idade de Seguros 23

4 . 3 Plano de Contas das Sociedades Seguradoras 25

4.3 . 1 Balanço Patrimonial 29

4.3 . 1 . 1 Ativo 29

4 . 3 . 1 . 1 . 1 Ativo Circulante 29

4 . 3 . 1 . 1 . 2 Ativo Realizável de Longo Prazo 33

4 . 3 . 1 . 1 . 3 Ativo Permanente 34

4 . 3.1 . 2 Passivo 35

4 . 3 . 1 . 2. 1 Provi sOes Técnicas 36

4 . 3 . 1.2 . 2 Passivo Circulante 37

4 . 3 . 1 . 2 . 3 Exig1vel de Longo Prazo 39

ix

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4 . 3 . 1 . 2 . 4 Resultado de Exercicios Futuros 40

4 . 3 . 1 . 2 . 5 Patrimonio Liquido 40

4 . 3 . 2 Demonstração de Resultados 4 1

4 . 3 . 2 . 1 Prêmios Retidos 42

4 . 3 . 2 . 2 Prêmios Ganhos 43

4 . 3 . 2.3 Sinistros 44

4 . 3 . 2 . 4 Despesas de Comercializaçao 45

4 . 3 . 2 . 5 Resultado Bruto 47

4 . 3 . 2 . 6 Variação Monetária dos Seguros Indexados 47

4 . 3 . 2 . 7 Despesas Administrativas 48

4 . 3 . 2 . 8 Despesas com Tributos e Contribuições 48

4.3 . 2 . 9 Lucros Atribuidos 49

4 . 3 . 2 . 10 Receitas / Despesas Financeiras 49

4 . 3 . 2 . 11 Resultado de Equivalência Patrimonial 50

4 . 3 . 2 . 12 Depósitos com o IRB 50

4 . 3 . 2 . 13 Outras Receitas / Despesas Operacionais 50

4 . 3 . 2 . 14 Resultado Operacional 50

4 . 3 . 2 . 15 Outras Receitas/Despesas Nao Operacionais 5 1

4 . 3 . 2 . 16 Saldo de Correçao Monetária do Ativo Permanente e do Patrimônio L1quido 5 1

4 . 3 . 2 . 17 Lucro Antes do Imposto de Renda 5 1

4 . 3 . 2 . 18 Imposto de Renda 52

4 . 3 . 2 . 19 Participaçoes e Contribuiçoes 52

x

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4.3 . 2 . 20

4 . 3 . 3

4 . 3 . 4

5

5 . 1

5 . 2

5.2 . 1

5.2 . 2

5.3

5.3.1

5.3 . 1 . 1

5 . 3.1.2

5 . 3.1 . 3

5.3 . 2

5 . 3 . 2 . 1

5.3 . 2 . 2

5 . 3.2.3

5 . 3.3

5 . 3 . 3 . 1

Lucro Liquido 52

Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos 52

Demonstração das MutaçOes Patrimoniais 53

o METODO IRIS : MODELO ORIGI NAL E ADAPTACOES PROPOSTAS 54

Obj et ivo do Método 55

As Fases do Método 56

A Fase Estatistica 56

A Fase Ana l itica 57

Os Indices Originais e as Adaptações Propostas 59

I ndices Gerais 61

Razão entre Prêmios Retidos e Margem de SolVênc ia (RPM ) 61

Variação de Prêmios Retidos ( VPR ) 64

Razão entre Auxilio de Margem e Margem de Solvência (RAM) 65

Indices de Lucratividade 67

Razão Operacional de Dois Anos (ROD ) 67

Indice de Rentab i l idade I nvest imentos (IRI )

dos

Variação da Margem·de Solvênc ia (VMS )

Indices de Liquidez

Razão entre Compromissos e Bens Garantidores (RCB )

xi

72

75

77

77

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5 . 3 . 3 . 2

5 . 3 . 4

5 . 3 . 4 . 1

5 . 3 . 4 . 2

5 . 3 . 4 . 3

5.4

5 . 4 . 1

5 . 4 . 2

5 . 4 . 3

5 . 5

6

6 . 1

6.2

6 . 3

6 . 4

7

7 . 1

7. 2

Indice de Premios Atrasados ( IPA )

I ndices de Reservas

Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM1 )

Razao entre o Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM2 )

Razao entre o Erro da Reserva Estimada e a Margem de Solvência ( ERE )

Os Indices Criados

Retorno sobre a Margem de Solvência ( RMS )

Indice de Sinistros a Liquidar ( I SL )

Indice de Transferência de Prêmios ( ITP )

A Aplicação do Método

O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO

A Amostra

O Procedimento Estatistico Proposto

Os Resultados Encontrados

Análise dos Resultados

CONCLUSOES E SUGESTOES

Conclusões

Sugestões

APENDICE

BIBLIOGRAFI A

xii

82

85

85

87

88

90

9 1

93

95

96

101

102

104

107

115

121

122

124

127

129

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CAPITULO 1

I NTRODUCAO

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o presente trabalho tem por obj etivo propor uma metodologia

de avaliaçao da solvenc ia de empresas de seguro nao vida que

atuam no mercado brasi leiro , a partir da adaptação de um

procedimento de anAlise de solvência desenvolvido nos Estados

Unidos , o Método IRIS - "Insurance Regulatory Information

System " , acrescido ainda de um mode lo estatistico que visa

determinar a quantidade de seguradoras que necessitam de um

acompanhamento mais rigoroso em suas operações , por parte do

organismo fiscalizador.

Conforme serA apresentado ao longo do trabalho , o método

proposto se baseia inteiramente na obtenção e análise de

indices econômico-financeiros , calculados a partir de

informaçOes

publ icadas

disponívei s nas demonstraçoes

pelas seguradoras brasileiras . Uma vez

financeiras

que tais

demonstrações são diferentes , em diversos itens , dos "annual

statements" do mercado segurador norte-americano , foram

necessárias algumas adaptações no mode lo original , tais como

alterações nas definições de alguns indices , supressão de

indices devido à falta de informações disponiveis para seus

cálculos e criação de indices adicionais , de forma a

compensar a e l iminaçso de indices do método original .

o presente trabalho não tem a pretensão de apresentar uma

solução definitiva para o problema do controle da solvência

de empresas de seguro nso vida que atuam no Brasi l , mas sim

oferecer uma ferramenta prAt ica e eficaz que possa auxiliar o

2

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orgao oficial supervisor em sua atividade fiscalizadora

preventiva e corretiva junto às empresas seguradoras .

Para cumprir seus obj etivos , o estudo se divide em sete

capitulos , a começar por este onde é apresentada a proposta

do trabalho .

No segundo capitulo sao discutidas , de forma bastante

sintét ica , as razOes que j ust ificam a existência da atividade

seguradora , assim como também é abordada a questão da

necessidade do controle oficial da atividade .

o terceiro capitulo procura abordar a solvência das

seguradoras , através da discussão a respeito do conceito de

solvência e dos diversos segmentos nele diretamente

interessados .

o quarto capitulo se preocupa fundamentalmente em apresentar

as caracteristicas especificas da contabil idade das empresas

seguradoras .

No quinto capitulo o Método IRIS é descrito , sendo também

discutidas as diversas adaptações propostas nos indices

econômico-financeiros .

o capitulo 6 define o teste com o metodo adaptado e apresenta

3

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o modelo estatistico proposto para auxil iar na determinação

das seguradoras que necessitam ser fiscalizadas com mais

rigor . Os resultados obtidos são apresentados e também

analisados .

No sétimo capitulo são apresentadas as conclusOes do trabalho

e também são oferecidas algumas sugestOes , visando dar

continuidade ao estudo do controle da solvênc ia das empresas

seguradoras que atuam no mercado brasileiro .

4

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CAPITULO 2

A NECESSIDADE DE SEGURANCA

5

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2.1 ) A BUSCA DE SEGURANÇA

A necessidade de segurança é inerente ao ser humano . Desde os

primórdios o homem sente necessidade de se proteger de

possiveis acidentes . Inicialmente esta proteção se verificou

no campo pessoal , quando os seres primitivos começaram a

buscar abrigos em cavernas e passaram a andar em grupos como

forma de se protegerem de ataques tanto de animais como

também de outros inimigos hostis .

Em uma fase posterior , o homem passa a comprovar que existem

c ircunstâncias que podem determinar a perda dos seus bens ,

total ou parcialmente , passando assim a buscar algum tipo de

proteção econômica frente a tais situações , surgindo pois a

idéia do seguro .

Palacios ( 1986 , p . 27 ) afirma que " como instituição , o seguro é

um sistema de proteção do homem e de seu patrimônio frente a

diversos riscos que ameaçam sua integridade , sua vida , seus

interesses e sua propriedade " .

Larramendi , Pardo e Castelo ( 1985 , p . 2 ) re latam que os

chineses que se aventuravam a transportar suas mercadorias

r io abaixo tomavam a precauçao de distribui- las de forma que

cada embarcação contivesse apenas uma parte da mercadoria de

cada comerciante . Assim sendo , se algum barco afundasse a

perda corresponder ia a uma pequena parte dos bens de cada um ,

evitando assim a ruina que certamente ocorreria com aquele

6

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comerciante que t ivesse toda a sua carga sendo transportada

pela embarcacao que naufragara . O mesmo principio era tambem ,

adotado pelos comerciantes árabes que para cruzar os desertos

e lugares inóspitos distribu1am os seus bens entre várias

caravanas e , dentro destas , entre os diversos camelos . Em

ambos os casos , nota-se poi s que naquelas remotas eras os

principios básicos do seguro encontravam-se j á presentes .

Com o passar dos séculos as diversas atividades econômicas se

multiplicaram demandando assim o crescimento paralelo das

operações de seguro no mundo . Conforme c ita Galiza

( 1992 , p . 18 ) , nos anos finais do século XVI I I surgem na

Inglaterra as primeiras leis especificas da atividade de

seguros que exigiam como requisito básico necessário para que

o contrato fosse considerado válido a existência de um

interesse segurável .

A Revolução I ndustrial foi responsável por um grande

desenvolvimento das operações de seguro , de forma a fazer

frente aos riscos criados pelo avanço tecnológico e pela

complexidade geral da nova sociedade .

O homem contemporâneo , assim como seus antepassados ,

necessita sentir-se seguro para que possa atingir seu pleno

equi11brio psicológiCO. Riggs e Kalbaugh (198 1 , p . 210) c itam

o trabalho do psicólogo A . H . Maslow , no qual as necessidades

dos seres humanos são c lassificadas segundo uma hierarquia

7

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a P irâmide de Necessidades de Maslow - que entende ser a

necessidade de segurança um dos mais fortes anseios do homem ,

ficando atrás somente das necessidades fisiológicas, estas

últimas l igadas diretamente à questão da sua sobrevivênc ia , o

que equivale a afirmar que tão logo o homem possa assegurar

sua condição de manter-se vivo , imediatamente após esta

fase , e l e j á parte para a busca de sentir-se seguro .

2 . 2 ) A NECESSIDADE DO CONTROLE OFICIAL

Conforme já abordado , é inerente ao ser humano a busca de

segurança, sej a através de proteção pessoal ou econômica ,

sendo esta última o obj etivo primordial da atividade de

seguros .

Ao assinar uma apOl ice de seguro , o segurado concorda em

pagar uma determinada quanti a - o prêmio

desvenci lhar-se da possibilidade de preju1zo

de forma

devido

a

incerteza do que pode vir a acontecer com o bem seffUrado

durante um certo intervalo de tempo . Desta forma e l e prefere

a certeza de uma pe�da menor e economicamente suportável à

incerteza de uma grande perda que pode vir a alterar seu

"status quo" . Desta forma , a empresa de seguros ao subscrever

uma apó l ice está na verdade aceitando a transferência de

risco do segurado para si própria , proporc ionando assim

segurança ao c liente .

8

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Conforme Benjamin ( 1977, p . 266) "uma instituicao que se ,

destina a garantir segurança aos seus c lientes deve ser ela

própria segura . A solidez de companhias de seguro torna-se

pois uma questão de interesse pübl ico . . . . . . Ao se adquirir um

bem industrial o consumidor está obtendo algo tang1vel em

troca de seu dinhe iro enquanto que na atividade de seguros ,

como afirmam Larramendi , Pardo e Castelo ( 1985 , p . 160 )

quando se faz um seguro , dã-se o dinhe iro

em troca de uma promessa . Ao pagar-se

adiantadamente , o seguro se converte em um

campo propic io à aventura econômica , pelo que é

necessário que os segurados tenham a garantia

de que a util ização que será feita dos prêmios

que pagaram é correta . . . O seguro é um serviço

cujo preço é determinado em função de elementos

desconhec idos no momento de seu cálculo ,

portanto hã o risco deste preço ser

insuficiente , e colocar em perigo a própria

existência da empresa que presta o serviço , ou

de ser excessivo e constituir uma fraude . "

Visando não apenas assegurar a estabil idade econOmico-

finance ira das seguradoras , mas tambem obj etivando a

fiscal ização dos termos dos contratos firmados e o

impedimento de prát icas comerciais danosas ao mercado é que

9

Page 22: UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO · PDF file4.3.2.16 Saldo de Correçao Monetária do Ativo ... Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das ... O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO

se torna fundamental a existência de um órgão neutro, que

opere de form� eficiente na regulamentação das atividades do

mercado segurador , visando proteger os interesses dos

segurados , beneficiários, terceiros e da sociedade como um

todo .

Os diversos palses do mundo contam com órgãos próprios

encarregados da fi scal ização das atividades de seguros em

seus territórios de forma a garantir que as entidades

seguradoras atuem em harmonia com as legislações vigentes . No

Brasil cabe à Superintendência de Seguros Privados ( SUSEP ) o

desempenho desta função .

Marks e Craigie ( 1989 , p . 142 ) afirmam que dentre as inúmeras

atribuições que lhes competem , a monitoração finance ira das

seguradoras continua sendo a função principal dos órgãos

fiscal izadores , de forma a assegurar que as companhias de

seguros permaneçam solventes e que sejam capazes de saldar

seus compromissos para com os segurados .

10

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CAPITULO 3

A SOLVENCIA DE EMPRESAS SEGURADORAS

11

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3 . 1 . O CONCEITO DE SOLVENCIA

A solvênc ia pode ser definida como a capacidade da seguradora

em honrar os compromissos financeiros futuros .

Segundo Westenberger ( 1993 . p . l ) " . . . podemos comparar a

relevância da so lvênc ia para uma seguradora com a boa saúde

para um ser humano " .

Gonçalves ( 1992 , p . 39-59 ) discorre a respeito da solVência de

seguradoras , do binômio risco so lvênc ia e também de

diversos métodos existentes de aval iação da solVênc ia de

seguradoras .

As companhias de seguro devem possuir três prinCipais

obj etivos relacionados à solvênc ia : continuidade ,

lucratividade e cresc imento . O primeiro deles é bastante

óbvio , uma vez que a empresa procurará saldar todos os seus

compromissos e ainda continuar existindo. Os outros do is

encontram-se fortemente inter-relacionados , uma vez que na

atividade de seguros o cresc imento de uma seguradora implica

em que se tornem maiores , em valores absolutos , as exigências

legais quanto à sua solvênc ia , sendo poi s fundamental que as

empresas estejam operando com lucratividade de forma a

financiarem seus crescimentos, sem que sejam necessarios

aportes de capital por parte dos acionistas .

12

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Ferreira e Westenberger ( 1993 , p.2) abordam a questao da

liquidez , um conceito correlato à so lvênc ia e que merece

espec ial consideração . Uma seguradora é considerada liquida

enquanto t iver capacidade de gerar caixa através de receita

de prêmios , receita de investimentos , real ização de ativos ,

emprést imos ou aporte de capital para saldar seus

compromissos imediatos . Tal conceito difere da idéia de

solvência , que demanda que a seguradodra possua bens para

honrar todas as suas obrigações presentes e também futuras .

Conclui-se portanto que uma seguradora pode estar liquida sem

que atenda aos requisitos necessários de solvência podendo

também acontecer o inverso , ou sej a , é perfeitamente factivel

que uma dada seguradora sofra l iqUidação por parte do órgão

supervisor , devido a problemas de l iquidez, ainda que haj a

suficiência de bens para pagamento dos credores atuais e

futuros , o que configura uma situação de solvência .

3. 2. PARTES I NTERESSADAS NA SOLVENCIA DAS SEGURADORAS

Apesar de em uma primeira análise se pensar que a insolVência

de uma seguradora afetaria apenas os segurados , que não

teriam suas apólices honradas , na verdade existem diversos

outros setores da economia que têm seus interesses ligados à

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questao da so lvenci a das seguradoras . Taylor e Buchaman

( 1988, p . 50-52 ) relac ionaram as partes que estão de alguma

forma ligadas à solvênc ia das seguradoras , a saber :

A ) Segurados

preocupação reside

Conforme j á mencionado ,

na garantia de que a

sua principal

seguradora terá

condições de honrar os compromissos assumidos .

B ) I nvestidores - Estão preocupados principalmente com a

rentabil idade do capital investido e não com a solvênc ia da

empresa . No entanto , a questão da solvência é de fundamental

importânc i a , uma vez que indicios de insolvênc ia irão

provocar a queda do valor das ações da seguradora ou poderão

impedir a distribuição de dividendos para os acionistas .

C ) Empregados - A questão da so lvênc ia da seguradora onde

trabalham afeta diretamente a segurança de seus empregos , bem

como a pol1tica de aumentos salariais da empresa .

D ) Gerênci a de Seguradora - Na atividade de seguros costuma­

se saber o que está acontecendo em cada seguradora ,

principalmente os sucessos e infortúnios , os quais são

rapidamente disseminados no mercado . Desta forma , o corpo de

dirigentes da seguradora tem preocupação direta em relação à

so lvência da empresa, devido as suas reputaçOes que podem ser

afetadas em caso de insolVência da seguradora .

14

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E ) Outros

totalmente

Seguradores - A atividade de seguros

na credibilidade das seguradoras

se baseia

junto aos

c l ientes , uma vez que estes compram um produto intangivel , na

confiança de que serão socorridos em caso de necessidade . Sem

dúvida alguma quando uma seguradora fica inso lvente e não

honra seus compromissos com os segurados, o mercado de

seguros como

credibi l idade

um todo e

da at ividade .

atingido , afetando assim a

A inso lvênc ia de uma seguradora pode ainda afetar diretamente

outras seguradoras quando exist irem operações de cosseguro

com a empresa insolvente .

F ) Ressegurador - No caso de insolvência da seguradora , o

ressegurador pode enfrentar problemas em relação As operações

firmadas, sej a no recolhimento de prêmio s , na quitação dos

sinistros ou em outros compromissos decorrentes do resseguro .

G ) Governo - Como legitimo representante da comunidade o

governo tem o dever de zelar pelos direitos dos seus

cidadões, cabendo a ele portanto fiscal izar a solvênc ia das

empresas seguradoras , adotando medidas preventivas e até

mesmo corretivas de forma a garantir o perfeito func ionamento

da atividade .

15

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3 . 3 . FATORES QUE INFLUENCIAM A SOLVENCIA

Ferreira e Westenberger ( 1993 , p . 4-12 ) relacionam uma série

de fatores determinantes para a solvênc ia de empresas

seguradoras:

A ) Flutuação de Sinistros - A variável sinistro é aleatória

em relação à ocorrênc ia e naque las carteiras em que são

previstas perdas parciais é também aleatória em relação ao

seu valor , podendo numa variação anormal em seus valores

afetar a solvênci a da seguradora. Cabe ainda destacar a

possibil idade de ocorrênc ia de sinistros catastróficos que ,

apesar de suas baixlssimas probabil idade s , podem ter um

efeito devastador na saúde financeira das seguradoras , quando

se concretizam .

B ) Constituição de reservas - O dimensionamento correto das

reservas é de fundamental importância na preservação da

solvência . Conforme Snyder ( 1991 , p . 45 ) , das 372 insolvênc ias

registradas em empresas de seguros não vida nos Estados

Unidos de 1969 a 1990 , 86 delas tiveram como causa principal

o mau dimensionamento de suas reservas , correspondendo assim

à causa mais frequente de insolVência no período observado .

C ) Gestão financeira - Em regimes competitivos como o que se

verifica atualmente no mercado segurador brasile iro , onde as

seguradoras trabalham com resultados operacionais nulos ou

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ate mesmo negativos e garantem seus lucros com o resultado

finance iro , este item se constitui em um dos fatores mais

importantes para a preservação da solvência .

D ) Gestao administrat iva - O dimensionamento dos custos

administrativos é peça fundamental na fixação do preço final

do produto , afetando diretamente o volume de produção da

seguradora e influenciando os niveis de lucratividade e

solvência da empresa.

E ) Gestão de comercialização - Se por um lado o pagamento de

comissões muito baixas pode dificultar a massificação da

carteira por

outro lado ,

dificulta a

desinteresse da rede de comerc ial ização , por

o pagamento de comissões elevadas também

massificação em decorrência da elevação dos

às seguradoras encontrarem seus pontos de prêmios . Cabe

equil1brio sem incorrerem no erro de pagarem comissões

elevadas sacrificando parte dos premios puros , o que

fatalmente comprometeria seus niveis de solvênc ia .

F ) Gestão de transferência de risco - A ut ilização de forma

adequada dos instrumentos de cosseguro e resseguro é de

fundamental importanc ia para a reduçao da variabilidade do

montante de sinistros na carteira , diminuindo assim . a

probabil idade de insolvenc ia da seguradora .

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G ) Pol1tica de ace itação - Cabe a. seguradora definir as

carteiras a serem operadas e tambem quais os criterios a

serem adotados para a seleção e precificação dos riscos . Tais

procedimentos visam melhorar a qualidade dos riscos de forma

a garant ir a solvênc ia da empresa .

H ) Tarifação As tarifas devem ser dimensionadas com o

obj etivo de fazer face a todos os custos previstos havendo

ainda um carregamento que possib i l ite cobrir eventuais

osci lações do risco e proporc ione o resultado financeiro

esperado pelos acionistas . Tarifas mal dimensionadas resultam

certamente em insolvênc ias das seguradoras , sej a pelo baixo

volume de produção ( tarifas muito altas ) ou sej a pela falta

de recursos para saldar os compromissos ( tarifas muito

baixas ) .

I ) Volume de riscos assumidos - Se por um lado a massificação

da carteira é um fator fundamental na estabil ização do risco ,

reduzindo a variabilidade do sinistro em torno do sinistro

médio , por outro lado , com o aumento da produção essa

variação é cada vez maior em valores abso lutos, podendo levar

a seguradora à insolvênc i a . Segundo Snyder ( 1991 , p . 45 ) , 21%

das

vida

372 insolvências registradas em empresas de seguros nao

nos Estados Unidos de 1969 a 1990 tiveram como callsa

principal o rApido crescimento rle suas carteiras ,

correspondendo assim A segunda causa mais frequente de

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insolvencia no periodo observado .

J ) Liquidez dos acionistas - Apesar de não estar ligado

diretamente à operação , a capacidade dos acionistas em

aportar capital adicional na empresa tem forte influência na

aval iação da solvênci a . Ao serem constatadas dificuldades de

solvência em uma seguradora , um dos primeiros pontos a serem

verificados é exatamente como se encontra distribuldo o seu

controle ac ionário , para saber se e l a está vinculada a algum

grande grupo financeiro ou , em termos de Brasil , a algum

governo estadual ou federal .

K ) Dimensionamento dos ativos e passivos - Segundo Troxel e

Bouchie ( 1990 , p . 4 ) para fins de controle de solvencia devem

ser tomadas avaliações conservadoras , o que corresponde a

considerar os menores valores dentre os posslveis para os

ativos e os maiores posslveis para os passivos .

Snyder ( 1991 , p . 45 ) a super-aval iação dos ativos em

aos valores de mercado foi a causa principal de

insolvências de empresas de seguros nao vida nos

Unidos no perlodo de 1969 a 1990 .

Segundo

relação

10% das

Estados

L ) Qual idade da gestão - Uma seguradora , assim como qualquer

outra empresa nao conseguirá sobreviver por muito tempo caso

incorra em prejulzos sistemáticos , uma vez que precisará

consumir suas reservas de forma a cobrir os resultados

negativos . Alem da capacidade gerencial da administraçao deve

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também ser verificada a integridade moral dos dirigentes da

seguradora . Farley ( 1979 , p . 194 ) afirma que a maioria dos

casos de insolvência de seguradoras resulta de incompetência

ou fraude por parte de seus dirigentes .

20

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CAPITULO 4

A CONTABILIDADE DE SEGURADORAS

2 1

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4 . 1 ) IMPORTANCIA DA CONTABI LIDADE

A contab i l idade é um sistema que registra , apura e controla

as variações sofridas em um determinado patrimônio , sej a e le

de uma pessoa fisica ou juridica , em um determinado per iodo

de tempo , normalmente denominado exercicio .

Iudicibus e outros ( 1990 , p . 23 ) se referem à contab i l idade

como uma "metodologia concebida para captar ,

acumular , resumir e interpretar os fenOmenos que

registrar ,

afetam as

situa9ões patrimoniais , financeiras e econômicas de qualquer

ente . . . . , .

Segundo Mooney ( 1997 , p . 1 )

. . . a Contab i l idade é um sistema de registro ,

anál ise e verificação da história financeira de

uma organização . E um meio de comunicação dos

fatos financeiros para as pessoas que

necessitam de tais informações para a tomada de

dec isões . . . gerando dois produtos básicos :

relatórios gerenc iais que visam atender às

necessidades dos tomadores de decisão

pertencentes ao corpo da empresa e relatórios

financeiros para pessoas e órgãos interessados ,

externos à empresa " .

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Ao final de cada exercicio de atividade s , as empresas emitem

um relatório elaborado por profissionais da área de

contabilidade , normalmente composto de quatro partes : Balanço

Patrimonial , Demonstração do Resultado , Demonstrações das

Mutações do Patrimônio Liquido e Demonstração de Origens e

Aplicaçoes de Recursos . Cabe ressaltar que as demonstraçOes

financeiras emitidas pelas empresas ao final de cada

exerc icio devem ser elaboradas em concordânc ia com os

principios contábeis geralmente aceitos , como forma de

assegurar que as informações divulgadas espelham a situação

da empresa de forma imparcial .

A depender do porte e da composição do capital da empresa ,

pode ainda ser obrigatório que as demonstrações financeiras

sej am acompanhadas do parecer de empresas auditoras

independentes , de forma a assegurar a fiel observânc ia dos

principios contábe is geralmente aceitos .

Gal iza ( 1992 , p . 77-83 ) apresenta noções

contabil idade finance ira , discorrendo sobre

contas de um balanço patr imonial padrão .

4 . 2 ) CONTABILIDADE DE SEGUROS

básicas de

as diversas

O funcionamento das empresas que atuam na at ividade de

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seguros apresenta características bastante diferentes das

registradas em outros setore s . Ao contrário de uma indústria

que vende um produto tangivel e do qual ela sabe corretamente

o custo , as empresas de seguros vendem um produto do qual não

sabem de forma prec isa nem a data e nem o montante dos custos

em que terão que incorrer para saldar o compromisso assumido ,

e ainda recebem pagamento adiantado pe lo serviço vendido .

Cabe pois à empresa seguradora administrar de forma eficiente

a poupança de prêmios recolhidos de apól ices negociadas de

modo a poder fazer face às futuras indenizações de sinistros .

Segundo Florentino ( 1976 , p . 15 ) . . . a existência dessas

poupanças ( reservas técnicas ) e sua respectiva aplic ação em

investimentos fazem com que os Balanços das empresas de

seguros se apresentem com grupamentos espeCiais que , do lado

do Passivo não poderão ser caracterizados como capitais

próprios ou como capitais alheios . . . ·· . Do lado do Ativo faz­

se também necessária a existência de contas especificas de

forma a abranger determinadas particularidades da composição

dos Ativos das seguradoras .

Neste capitulo serão apresentadas as diversas contas que

compõem o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado

das companhias seguradoras , procurando-se dar especial

atenção àquelas especificas da operação de seguros e que não

fazem parte dos demonstrativos finance iros dos demais setores

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de at ividades .

o presente trabalho nao tem por obj et ivo e fetuar um

detalhamento aprofundado das diversas contas das seguradoras

mas , simplesmente permitir o perfeito entendimento dos dados

obtidos das demonstraçoes financeiras a serem uti lizados na

elaboração dos indices financeiros do método proposto de

controle de solvênci a .

4 . 3 ) PLANO DE CONTAS DAS SOCIEDADES SEGURADORAS

As empresas de seguros que atuam em territorio nacional

emitem suas demonstraçoes financeiras em conformidade com a

Circular SUSEP número 027 de 28 dezembro de 1988 , que aprovou

a reformulação do Plano de Contas das Sociedades Seguradoras,

instituído pela Resolução número 031/78 e Circular SUSEP

número 05/79 .

Segundo a Circular SUSEP número 027/88 , a reformulação

e fetuada teve por obj etivo

uniformizar os registros contábei s ,

racionalizar a util ização de contas ,

estabe lecer regras , critérios e procedimentos

necessários à obtenção e divulgação de dados ,

possibil itar o acompanhamento do Sistema

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Nacional de Seguros Privados . bem como a

análise , a avaliação do desempenho e o

contro le , de modo que as demonstrações

elaboradas expressem. com financeiras

fidedignidade e transparênc i a , a situação

econômico-financeira

seguradoras" .

das soc iedades

Nas Figuras 1 e 2 são apresentadas as configurações gerais do

Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado das

empresas seguradoras , com as diversas contas componentes que

serão descritas a seguir.

Cabe observar que devido aos altos indices inflacionários

registrados no Brasil nos últ imos ano s , tornou-se necessário

sejam que as demonstrações financeiras das empresas

elaboradas tanto pelo critério da legislação societária.

apresenta os valores monetários originais do Ativo ,

que

do

Passivo e das operações efetuadas , como também pelo critério

da correção integral . que corrige monetariamente os valores

do Ativo , Passivo e operações e fetuadas para a data do fim do

exercici o .

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FIGURA 1 - BALANCO PATRIMONIAL DAS SEGURADORAS ,

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

Disponlvel Aplicações Contas a Receber Créditos Operac ionais Despesas de Comercialização Diferidas Despesas Antecipadas

ATIVO REALIZAVEL DE LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

Investimentos Imob i l izado Diferido

PASSIVO

PROVI SOES TECNI CAS

Provi sOes de Prêmios Nao Ganhos Provisões de Riscos Decorridos Provisões Matemáticas

PASSIVO C IRCULANTE

Sinistros a Liquidar Débitos Operacionais Contas a Pagar Comissões a Pagar Depósitos de Terceiros

EXEGIVEL A LONGO PRAZO

RESULTADO DE EXERCI CIOS FUTUROS

PATRIMONI O LIQUIDO

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FIGURA 2 - DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO

( + ) ( - ) ( - ) ( - ) ( - ) ( = ) ( +/- ) ( = )

( - ) ( + ) ( + ) ( - ) ( +/- )

( - ) (+) ( - ) ( +/- )

( = ) ( +/- ) ( - ) ( - ) ( - ) ( +/- ) ( +/- ) ( + ) ( +/- )

( = ) ( +/- ) ( +/- )

(=) (-) ( - )

( = )

Prêmio Emitido Bruto Prêmios Cance lados Prêmios Restituidos Prêmios de Resseguros Cedidos Prêmios de Cosseguros Cedidos PREMIO RETIDO Variação das Reservas de Prêmios PREMIO GANHO

SINI STROS Sinistros Recuperação de Sinistros Salvados e Ressarcimentos Partic ipação em Salvados e Ressarcimentos Variação da Provisão de Riscos Decorridos

DESPESAS DE COMERCIALIZACAO Comissões Recuperação de Comissões Descontos Variação das Comissões Diferidas

RESULTADO BRUTO VariaçãO Monetaria dos Seguros Indexados Despesas Administrativas Despesas com Tributos e Contribuições Lucros Atribuidos Rece itas/Despesas Finance iras Resultado de Equivalência Patrimonial DepOsitos com IRB Outras Receitas/Despesas Operacionais

RESULTADO OPERACIONAL Outras Receitas/Despesas Não Operacionais Saldo de Correção Monetária do Ativo Permanente e PatrimÔnio Liquido

LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA Imposto de Renda ParticipaçOes e ContribuiçOes

LUCRO LIQUIDO

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4 . 3 . 1 ) BALANCO PATRIMONIAL ,

E a demonstração finance ira que mostra a posição estática da

empresa em uma determinada data , sendo constituido

basicamente das contas de Ativo e Passivo .

Conforme o critério adotado pela SUSEP, a conta de PatrimOnio

Liquido faz parte do Passivo da empresa, não se constituindo

portanto em uma terceira subdivisão do Balanço Patrimonial

conforme considerado em diversas publ icações de

Contab i l idade . Neste trabalho sera adotado o entendimento

oficial da SUSEP a este respe ito .

4 . 3 . L 1 ) ATIVO

E a parte do Balanço Patrimonial que registra onde estão

apl icados os recursos da empresa , isto é, relaciona os bens e

os direitos que a seguradora possui . E composto pe lo Ativo

Circulante , At ivo Real izável de Longo Prazo e Ativo

Permanente .

4 . 3 . 1 . 1 . 1 ) ATIVO C IRCULANTE

Corresponde ao caixa em moeda corrente da seguradora e mais

os direitos que serao recebidos em dinheiro , serviços ou bens

em um prazo geralmente não superior a 360 dias . E basicamente

composto por:

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A ) Disponivel - E constituido pelo caixa da seguràdora ,

representado por numerário e cheques ou ordens de pagamento

recebidos , acrescido ainda de aplicações financeiras de curto

prazo , isto é , aplicaçOes de resgate imediato .

B ) Aplicações - São constituidas por quatro principais

subdivisões :

1 ) Depósito

primordialmente às

Bancários a Prazo- Correspondem

aplicações do t ipo CDB , RDB , fundos de

renda fixa e outros simi lares .

2 ) Titulos Mobiliarios- Referem-se principalmente às

aplicações em ações e debêntures , sendo contabil izadas no

balanço pelo seu valor de aquisição, o que

valor histórico na coluna correspondente

corresponde ao

à legislação

societária e ao valor de aquisição corrigido monetáriamente

na coluna referente à correção integra l .

3 ) Titulos da Divida Pública- Correspondem às

aplicaçOes em titulos emitidos pelos governos municipais ,

estaduais ou federal .

4 )

ocasião

Provisão para Desvalorização . de

do encerramento do exerc lcio deve ser

Titulos- Por

verificado o

valor de mercado dos titulos mobil iarios e caso esta

avaliação sej a inferior ao valor de aquiSição dos titulos , a

sociedade é obrigada a constituir uma provisão em valor igual

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a desvaloriza0 apurada .

� C ) Contas a Receber - São constituldas princ ipalmente de :

1 ) Prêmios Emitidos a Receber- São gerados quando da

emissão das apólices sendo nos ramos de seguros elementares

correspondentes ao volume de prêmios ainda nao pagos pelos

segurados , sej a devido às vendas a prazo de apól ice ou sej a

em virtude de atraso de pagamento por parte dos segurados .

2 ) Titulos e Créditos a Receber- Correspondem aos juros,

aluguéi s, dividendos, participações em lucro s , notas

promissórias ou outros créditos semelhantes que a seguradora

tem a receber .

3 ) Valores a Ordem de Banco Central- Esta conta faz

parte dos balanços de 1990 e 1991 , correspondendo aos

cruzados bloqueados pelo Banco Central em 15 de março de

1990 .

4 ) Seguradoras- Nesta conta são registrados os

prêmios relat ivos a cosseguros aceitos e os valores de

comissões sobre prêmios de cosseguros cedidos a congênere s .

Cabe observar que algumas seguradoras c lassificam esta conta

em Creditos Operacionais e nao em Contas a Recebe r , conforme

o critério da SUSEP .

5 ) Provisao para Devedores Duvidosos- Ao final do

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exercicio a empresa efetua uma previsão , a partir do total

das Contas a Receber , de quanto não deverá ser recebido ,

constituindo assim uma provisão, a ser contabil izada com

valor negativo, reduzindo assim o total de Contas a Receber .

D) Créditos Operac ionais- Constituem-se princ ipalmente de:

1 ) Inst ituto de Resseguros do Brasil <IRE)- São

registrados nesta conta os valores referentes aos

prêmios emitidos pelo IRB relat ivos à retrocessão e os

valores das comissões sobre prêmios de resseguros cedidos ao

I RE .

2 ) Salvados e Ressarcimentos- Correspondem

est imativa e fetuada pela seguradora a respeito do

a uma

montante

que ela poderá recuperar após ter sido e fetuado o pagamento

da indenização ao segurado , sej a através da venda do que

restou do bem segurado ou através de ressarc imentos por parte

de terceiros envolvidos no sinistro .

E) Despesas de Comercialização Diferidas- Ao se emitirem

novas apó l ices, normalmente as despesas de comercializaQão,

tais como comissOes de corretagem, agenciamento e desconto de

prêmios são efetuadas de imediato . Tais despesas no entanto

beneficiam todo o periodo de vigência da apól ice , sendo pois

necessário

os valores

diferi-las . Nesta conta são portanto registrados

das despesas l iquidas de comercial ização,

diferidas em função da vigência do r isco , ou seja, esta conta

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indica a parte da despesa de comercializacao proporcional ao ,

risco ainda não decorrido da apó lice . Westenberger ( 1989 ,

p . 14 , 15 ) e Suisse de Réassurances ( 1987 , p . 7-18 ) apresentam

detalhadamente os diversos procedimentos para os câlculos dos

prêmios ganhos e não ganhos conforme o decorrer da vigência

da apó l ice . Uma vez que o conceito de prêmio não ganho em

relação ao prêmio emitido é absolutamente idêntico à despesa

de comercializaçao diferida em relaçao a despesa de

comerc ial ização , tais estudos podem ser ut il izados para

maiores informações a este respeito .

F ) Despesas Antecipadas- Correspondem às despesas diversas

pagas ou creditadas no exerclcio , mas que efetivamente

referem-se ao exerclcio seguinte .

4 . 3 . 1 . 1 . 2 ) ATIVO REALI ZAVEL DE LONGO PRAZO

Correspondem aos direitos ou bens da seguradora a disposição

de terceiros onde não se espera recebimento em prazo inferior

a um ano , e também aos direitos e bens oriundos de negócios

nSo operacionais efetuados com col igadas , controladas ,

proprietários , s6cios , acionistas e diretores da empresa .

Suas principais contas são :

A ) Depositos Espec iais no I RB- Correspondem aos diversos

fundos e depositos que as seguradoras devem compulsoriamente

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efetuar junto ao IRE .

B ) Depósitos Judiciais e Fiscais- Sao registrados nesta

conta os depósitos efetuados pela seguradora , em garantia de

pendências judiciais e fiscais.

C) Empréstimos Garantidos- Correspondem a empréstimos

hipotecários , empréstimos sob caução de t itulos ou outros

empréstimos com garanti a concedidos pela seguradora .

D ) AplicaçOes em Pa1ses Estrange iros- Correspondem ao valor

de aquisição em moeda estrangeira referente às aplioações em

titulos da divida p�bl i�a de paises estrange iros . Nesta conta

são também registradas as provi sOes técnicas ret idas pelas

soc iedades cedentes sediadas no exterior , em moeda

estrange i ra , relativas aos resseguros por elas oedidos para

empresas nacionais ou para suas representaçOes no Bras i l .

4 . 3 . 1 . 1 . 3 ) ATIVO PERMANENTE

Correspondem aos bens e direitos da seguradora considerados

como os de menor liquidez dentro do Ativo ou como sendo

indispenSáveis para o desenvolvimento das operaçOes da

empresa . E composto normalmente por :

A ) Investimentos- Correspondem princ ipalmente às

participaçoes acionarias permanentes em outras empresas , na

maioria das vezes empresas coligadas ou controladas . Esta

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conta nao deve ser confundida com apl icacGes diversas no ,

mercado de açõe s , que são c lassificáve is no Ativo Circulante .

B ) Imobil izado- E o subgrupo do ativo permanente onde são

classi ficados os bens destinados à manutenção das atividades

da seguradora , como os imóve i s , bens móve i s , equipamentos e

outros itens indispensáve is à sua operação . Classi ficam-se

ainda no Imob i l izado as ações do IRB adquiridas pela empresa ,

uma vez que segundo o estatuto daquele órgão , 50% de suas

ações pertencem obrigatoriamente às seguradoras .

C ) Diferido- São nesta conta c lassificadas as aplicações em

recursos que contribuirão para o resultado de mais de um

exercic io , como por exemplo despesas de organização ,

implantação e instalação , dentre outras .

4 . 3 . 1 . 2 ) PASSIVO

E a parte do Balanço Patrimonial onde são registrados os

recurso de terceiros colocados na empresa , isto é , obrigações

ou dividas e também os recurso s , à disposição da empresa , que

pertencem verdadeiramente aos seus acionistas .

O Passivo das segurador.as é composto basicamente pelas

Provisões Técnicas , Passivo Circulante , Exigivel de Longo

Prazo , Resultado de Exercicios Futuros e Patrimônio Liquido .

35

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4 . 3 . 1 . 2 . 1 ) PROVI S6ES TECNICAS

Correspondem às provisões que as empresas seguradoras têm que

constituir a partir dos prêmios cobrado s , de forma a poder

honrar os compromissos atuais e futuros , assumidos junto aos

segurados quando da emissão das apó l i ce s . São compostas

principalmente de:

A ) Provisões de Prêmios não Ganhos- Correspondem à

constituição

representa

decorrido ,

mesmo j á

de uma provisão por parte das seguradoras , que

a parce la do prêmio referente ao risco ainda não

ou seja, corresponde à parce la dos prêmios que

tendo sido recebidos , ainda não pertencem

efetivamente à seguradora , constituindo-se portanto em uma

divida . Maiores detalhamentos sobre provisões de prêmios não

ganhos podem ser encontradas em Westenberger ( 19B9 , p . 14 , 15 ) e

Suisse de Reassurance ( 19B7 , p . 7-1B ) .

B ) ProvisOes de Riscos Decorridos- As empresas seguradoras

são obrigadas a constituir provisõe s , calculadas de acordo

com as normas vigentes , para a cobertura de sinistros

ocorridos durante a vigência das apólices porém avisados

somente após o risco j á haver decorrido . Tais provisões são

fundamentais para apól ices com tempos reduzidos de vigência e

apól ices com pagamento mensal de prêmios , onde via de regra

as not i ficaçoes dos sinistros ocorrem apos as respectivas

expiraçõe s . No caso de seguros de transportes, por exemplo ,

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tao logo e emitida uma nova ap�lice , procede-se o

provisionamento de 50% do prêmio na provisão de risco

decorrido sendo esta parcela considerada como ganha ,

normalmente , somente após haver trancorrido 0 1 ( um ) mês desde

a emissão da apól ice .

C ) Provisões

periodicamente

Matemáticas- De

em prêmio uniforme

forma

( em

a poder cobrar

moeda forte ) , as

empresas de seguro do ramo vida recebem nos primeiros anos

mais prêmios do que lhes seria devido , gerando um excesso

necessário para cobrir o déficit que se produzirá nos ültimos

ano s . Tal excesso , apesar de ter sido recebido , não pertence

à seguradora , que é portanto obrigada a constituir uma

provisão , denominada provisão matemát ica . Estas provisões

existem apenas para prêmios de seguros de vida , não sendo

portanto util izadas no presente trabalho .

4 . 3 . 1 . 2 . 2 ) PASSIVO CIRCULANTE

Corresponde aos compromissos e obrigaçOes da seguradora a

serem liquidados geralmente em prazo não superior a um ano . E

basicamente composto por :

A) Sinistros a Liquidar- Correspondem aos sinistros j á

avisados a seguradora , porem ainda nao liquidados .

B ) Débitos Operacionais - Correspondem aos registros da

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Page 50: UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA DE AVALIACAO · PDF file4.3.2.16 Saldo de Correçao Monetária do Ativo ... Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das ... O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO

conta Inst ituto de Resseguros do Brasi l , onde são computados

os valores referentes As comissões relativas AS retrocessões

emitidas pelo IRE, os valores de prêmios de resseguros

cedidos ao I RE , os adiantamentos obtidos do IRE em sinistros

de apó l ices com resseguro e os valores correspondentes a

outros débitos a pagar ao IRE .

C ) Contas a Pagar- Compõem-se basicamente de:

1) Débitos e Contas a Pagar- Correspondem aos juros ,

alugué is , participação em lucros de partes benefic iárias ,

dividendos e bonificações, participação da administração ,

honorários , remunerações e gratificações a empregados e

outras contas ou débitos semelhantes que a seguradora tem a

pagar .

2 ) Seguradoras- Correspondem aos valores referentes aos

prêmios de cosseguros cedido s , aos valores de comissões sobre

prêmios de cosseguros aceitos e aos valores correspondentes a

outros débitos a pagar a congêneres . Cabe observar que

algumas seguradoras c lassificam esta conta em Débitos

Operacionais e não em Contas a Pagar , conforme o critério da

SUSEP .

3 ) Provisão para Impostos de Renda- Corresponde a uma

provisão constituída pela empresa de forma a contabi lizar

como débito o valor correspondente ao imposto de renda a ser

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pago , referente ao exercicio encerrado .

D l Comissões a Pagar- São registrados nesta conta os

valores correspondentes às comissões de corretagem a pagar ,

devidas a partir da emissão da apól ices . Cabe comentar que a

Reformulação do Plano de Contas das Sociedades Seguradoras ,

aprovado pela Circular SUSEP nttmero 027 de 28/12/1988

classifica , em sua pAg"lna 09 , esta conta como pertecente ao

subgrupo de Contas a Pagar , ao passo que em sua página 48

esta conta é c lassificada como integrante do Passivo

Circulante , porém independente de Contas a Pagar , sendo este

último o procedimento adotado pela maioria das seguradoras em

seu Balanço Patrimonial .

E l Depósitos de Terceiros- Correspondem aos pagamentos

antecipados de prêmios efetuados pelos segurados , relativos a

apól ices ainda em fase de emissão .

4 . 3 . 1 . 2 . 3 ) EXIGlVEL DE LONGO PRAZO

Corresponde

compromissos

ao grupo de contas onde são

e obrigações da seguradora a

registrados os

serem liquidados

geralmente em prazo superior a um ano . Suas principais contas

sao:

A ) Emprestimos Garantidos- Correspondem aos compromissos

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decorrentes de empréstimos hipotecários , empréstimos

contraidos sob caução de t itulos , empréstimos bancários ,

débitos em promessas de compra e venda de imóve is ou outras

operaçoes que a seguradora tenha que pagar .

B ) Provisão para Imposto de Renda- Corresponde a uma

provisão constituida pela empresa de forma a contabil izar

como divida o valor correspondente ao imposto de renda do

exerc icio encerrado a ser pago parceladamente ao longo dos

próximos exercicios .

4 . 3 . 1 . 2 . 4 ) RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS

Correspondem às receitas liquidas operac ionais e patrimoniais

recebidas no exercicio , mas que parc ial ou totalmente

referem-se ao ( s ) execicio ( s ) seguinte ( s ) .

4 . 3 . 1 . 2 . 5 ) PATRIMONIO LIQUIDO

Corresponde aos recursos da empresa que verdade iramente

pertencem aos seus acionistas , isto é , aos donos da

seguradora . E composto basicamente por :

A ) Capital Social- Const itu1do pelos recursos colocados

pelos acionistas , por ocasião da aquisição de quotas ou ações

da seguradora .

B ) Reservas de Capital- São constitu1das principalmente

por :

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Recursos colocados pelos acionistas que excederam o

valor do capital .

- Correcao monetaria de recursos j a real izados ate suas ,

efetivas capitalizações .

- Doações e subvenções para investimentos .

C ) Reservas de Reaval iaçao- Correspondem as contra-partidas

de aumentos de valor atribu1dos a e lementos do Ativo em

virtude de novas avaliaçõe s , com laudos aprovados pela

Assembléia Geral de Ac ionistas .

D ) Reservas de Lucros- Correspondem às reservas efetuadas

por apropriação de lucros .

E ) Lucros ou Prejuizos Acumulados- E para onde são

transferidos os lucros ou prejuizos do exercicio para

posterior dec isão da empresa sobre sua destinação .

F) Ações em Tesouraria- Correspondem às ações da própria

empresa mantidas em carteira , sendo contab i l izadas com valor

negativo , por serem redutores do Patrimônio Liquido .

4 :3 . 2 ) DEMONSTRAÇAO DO RESULTADO

E a demonstração financeira que mostra de que forma o lucro

ou prejuizo foi obt ido , ordenando as receitas e despesas da

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seguradora ao longo do exercicio . Serão descritas a seguir as

diversas contas que compõem a Demonstração do Resultado .

4 . 3 . 2 . 1) PREMIOS RETIDOS

Correspondem aos prêmios emitidos liquidos do exercicio , isto

é , são calculados a partir do volume ' total de prêmios

emitidos no exerc icio sendo então deduzidos os cance lamentos ,

as restituições , os resseguros cedidos e o s cosseguros

cedidos . Sua obtençãO envolve pois as seguintes contas :

A ) Prêmios Emitidos Brutos- Correspondem aos prêmios

emitidos brutos pela seguradora , incluindo as parcelas de

prêmios de cosseguro cedido . cosseguro aceito . resseguro

cedido e retrocessão .

B ) Prêmios Cancelados- Correspondem . aos prêmios brutos

cancelados pe la seguradora . I sto normalmente ocorre quando ,

após a apó l ice j á ter sido emitida , o segurado desiste do

seguro sem ter efetuado , total ou parcialmente , o pagamento

do prêmio .

C ) Prêmios Restituidos- Correspondem aos prêmios brutos

restituidos aos segurados , às outras seguradoras ou ao IRB ,

por cancelamentos de apó l i ces ou alterações de contrato .

D ) Prêmios de Resseguros Cedidos- Correspondem aos prêmios

brutos cedidos ao IRB em operações de resseguro .

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E ) Premios de Cosseguros Cedidos- Correspondem aos premios

brutos cedidos a empresas congêneres em cosseguros cedidos .

4 . 3 . 2 . 2 ) PREMIOS GANHOS

Correspondem à parcela dos prêmios retidos do corrente

exerc1cio e de exerc1cios anteriore s , que foi efetivamente

ganha no exerc 1cio que ora se encerra . Os prêmios ganhos são

portanto obtidos a partir dos prêmios retidos sendo de les

subtraldas as provisões de prêmios não ganhos constituldas no

fim do corrente exerc1cio ( pois ainda não são devidas ) e

somadas as provisões de prêmios não ganhos constitu1das no

fim do exerc lcio anterior . Suisse de Réassurances ( 1987 ,

p . 7-18 ) explica detalhadamente os procedimentos de cálculos

dos prêmios ganhos . São obtidos a partir das seguintes

contas :

A ) Prêmios Retidos- Já descritos em 4 . 3 . 2 . 1 .

B ) Variação das Reservas de Prêmios- Corresponde à

diferença entre os valores da conta Provisões de Prêmios Não

GanhOs ( PPNG ) do final do exerc 1cio anterior e do fim do

corrente exerclc io . A diferença obtida será somada ao total

de prêmios retidos para se chegar aos prêmios ganhos . Cabe

observar que se as PPNG do final do exerc 1cio anterior

( corrigidas monetariamente ) forem inferiores às PPNG do final

do corrente exerc1ci o , serA somado aos prêmios . retidos um

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valor negativo , obtendo-se assim um valor de prêmios ganhos

inferior ao valor de prêmios retidos .

4 . 3 . 2 . 3 ) SINI STROS

Correspondem aos valores dos sinistros retidos , isto é, às

despesas liquidas com sinistros relativos à competência do

exercicio . São calculados a partir das seguintes contas :

A ) Sinistros- Correspondem às despesas , efet ivamente

realizadas

competênci a .

total pago

ou não , com sinistros ocorridos no exerc icio

Desta forma o valor desta conta corresponde

de sinistro no exerc icio , somando-se a isto

de

ao

os

valores referentes aos sinistros ocorridos no exercicio e

ainda não pagos e subtraindo-se os valores pagos relativos a

exercicios anteriores . Trata-se de uma conta com valor

negativo na Demonstração do Resultado .

B ) Recuperação de Sinistros- Corresponde ao valor das

recuperações , basicamente junto ao IRB e às empresas

congêneres do pais e do exterior , de indeniza�ões

provisionadas por ocasiao dos avisos de sinistros . Trata-se

de uma conta dedutora dos sinistros retidos , sendo portanto

positiva na Demonstração do Resultado .

C ) Salvados e Ressarcimentos- Correspondem aos montantes

recuperados , após o pagamento dos respectivos sinistros ,

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relativos a comercial izacao dos salvados ou aos ,

ressarc imentos oriundos de terceiros . Trata-se de uma conta

dedutora dos sinistros retidos sendo portanto positiva na

Demonstração do Resultado .

D ) Variaçao da Provisão de Riscos Decorridos-

Corresponde A diferença entre as provisões de riscos

decorridos do final do exercício anterior e do final do

corrente exerc ício , de forma a que os sinistros ocorrido s ,

ainda que não avisados , sejam contabilizados no respect ivo

exerc ício . Se as provisões de riscos decorridos aumentam de

um ano para outro , isto provoca um aumento nos sinistros

retidos do exercício e uma diminuição no resultado do

exercicio .

4 . 3 . 2 . 4 ) DESPESAS DE OOMERCIALI ZACAO

Correspondem às despesas liquidas de comercialização

relativas aos premios ganhos no exercício . Sao calculadas a

partir das seguintes contas :

A ) Comissões - Correspondem às despesas com comissões ,

efetivamente real izadas ou não , sobre premios brutos emitidos

diretamente aos segurados , sobre prêmios de cosseguros

aceitos e sobre premios de retrocessOe s , sendo que deste

total não foram ainda deduzidas as comissões recuperadas de

cosseguros e resseguros cedidos . O valor desta conta

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corresponde ao total de despesas de comissões efetuadas no

exercicio , somando-se a isto os valores brutos de comissões a

pagar existentes no final do exerc icio e subtraindo-se os

montantes brutos de comissões a pagar de exercicios

anteriores . Trata-se de uma conta com valor negativo na

Demonstração do Resultado .

B l Recuperações de Comissões - São incluidas nesta conta as

parcelas de comissões recuperadas pe la seguradora relat ivas

aos prêmios brutos cancelados ou restituidos e também as

comissões retidas pela seguradora referente aos prêmios de

cosseguros e resseguros cedido s . Trata-se de uma conta

dedutora das despesas de comerCialização , sendo portanto

positiva na Demonstração do Resultado .

C l Descontos Concedidos- São incluidos nesta conta os

valores liquidos dos descontos concedidos na emissão de novas

apó l ices . Estes gastos são contabil izados como uma despesa

extra que a seguradora teve que incorrer para comerc ial izar

seu produto , sendo portanto uma conta que aumenta as despesas

de comercial ização , registrada portanto com valor negat ivo na

Demonstração do Resultado .

D l Variações das Comissões Diferidas­

diferença entre os valores das despesas de

diferidas do final do corrente exerc icio

46

e

Cor responde à

comercial ização

do final do

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exerc icio anterior , de forma a constarem do calculo do

resultado do exercício apenas as despesas com comissões dos

prêmios efetivamente ganhos no exerc icio . Se as despesas de

comerc ial ização diferidas do final do corrente exercicio

forem inferiores às do final do exerc icio anterior , esta

conta será registrada com valor negat ivo na Demonstração do

Resultado .

4 . 3 . 2 . 5 ) RESULTADO BRUTO

E similar ao conceito de margem bruta ou lucro bruto usado

frequentemente em empresas de produção de bens , onde

corresponde a diferença entre a receita bruta e o custo de

fabr icação dos produtos vendidos . No caso de empresas de

seguros , o custo de fabr icação dos produtos vendidos é

considerado como sendo a soma das despesas de sinistros e de

comerc ializaçao . Desta forma o resultado bruto ê obtido a

partir do valor de prêmios retidos sendo dele subtraidas as

despesas liquidas com sinistros e comerc ialização .

4 . 3 . 2 . 6 ) VARIAÇAO MONETARI A DOS SEGUROS INDEXADOS:

São registradas nesta conta as contrapartidas da correção

monetária provenientes da atualizaçao das contas de Ativo e

Passivo , que tenham sido originadas da operaçao de seguros e

que sejam suj eitas a clausula de reajuste monetario .

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Cabe acrescentar que ao serem contab i l izados os diversos

valores do At ivo e do Passivo uti l izando-se o critério da

correção integral , os montantes correspondentes a cada conta

j á se encontram corrigidos monetariamente para a data do

final do exercic io , não �endo portanto sentido registrar-se

quaisquer contra-partidas de correção monetária em uma conta

auxi liar . Por esta razão esta conta aparece sempre com valor

zero na coluna correspondente à correção integra l , sendo no

entanto de fundamental importância na contabil ização dos

valores pe lo critério da legislação soc ietár i a .

4 . 3 . 2 . 7 ) DESPESAS ADMINI STRATIVAS

Correspondem às despesas com pessoal próprio , serviços de

terceiros , public idade e propaganda , localização e

func ionamento e quaisquer outras despesas administrativas

diversas .

4 . 3 . 2 . 8 ) DESPESAS COM TRIBUTOS E CONTRIBUIçoES

Correspondem às despesas da seguradora com tributos e

contribuições que recolhe compulsori amente , como parte do seu

ciclo de operações . O imposto de renda não faz parte dessas

despesas uma vez que ele é calculado com base no lucro fiscal

do exercicio .

Cabe acrescentar que o Plano de Contas da SUSEP c lassifica

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estas despesas como incluidas em despesas administrat ivas

sendo que muitas seguradoras optam por contabil iza- Ias

separadamente .

4 . 3 . 2 . 9 ) LUCROS ATRIBUlDOS :

São registradas nesta conta as quantias correspondentes aos

lucros atribu1dos aos segurados ou estipulantes do seguro em

apól ices de seguro de Vida Individual ou de Vida em Grupo ,

sej am elas emitidas diretamente pela seguradora ou através de

cosseguros aceitos de congêneres e retrocessões do IRE .

Trata-se pois de uma conta própria das seguradoras que operam

o ramo Vida .

4 . 3 . 2 . 10 ) RECEITAS/DESPESAS FINANCEIRAS

Correspondem as receitas líquidas decorrentes de aplicaçoes

em t itulas de renda fixa , titulos da divida pública , titulos

mobil iAr ia s , empréstimos garant idos , depÓSitos e fundos , ouro

e em outros at ivos financeiros ao longo do exerc1cio .

Caso a seguradora experimente um prejuízo financeiro ao longo

do exercicio , este valor deve ser contabilizado como despesa

finance ira sendo portanto lançado com valor negativo na

Demonstraç�o de Reaultado .

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4 . 3 . 2 . 1 1 ) RESULTADO DE EQUIVALENCIA PATRIMONIAL

Corresponde ao acrésc imo ou diminuição do valor dos

investimentos em empresas col igadas ou controladas , após a

avaliação dos mesmos ao final do exercicio , pela equivalência

patrimonial .

4 . 3 . 2 . 12 ) DEPOSITOS COM O IRB

Correspondem

depósitos

às receitas de juros e correção monetária

retidos pelo I RB . Algumas seguradoras

dos

não

classificam esta conta separadamente , optando por inclui-la

no montante de receitas financeiras , já analisadas em

4 . 3 . 2 . 10 .

4 . 3 . 2 . 13 ) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONA I S

São consideradas nesta conta a s receitas e despesas com

imóvei s , a provisão para devedores duvidosos e as

participações em lucros previstas em contratos junto aos

corretores , outras seguradoras ou ao I RB . São ainda

registradas nesta conta quaisquer outras receitas ou despesas

operacionais não cobertas por contas especificas j á

mencionadas anteriormente .

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4 . 3 . 2 . 14 ) RESULTADO OPERACIONAL

Corresponde ao resultado da seguradora obtido a partir dos

premias retidos sendo deles subtraídos todos as despesas da

empresa com seu c iclo de operações .

4 . 3 . 2 . 15 ) OUTRAS RECEITAS/DESPESAS NAO OPERACIONAIS

São classificadas nesta conta as receitas e despesas

patrimoniais diversas , como por exemplo as participações em

lucros de outras - empresas , e também os lucros -ou prejuízos

decorrentes da realização de valores ativos da seguradora .

4 . 3 . 2 . 16 ) SALDO DE CORREÇAO MONETARIA DO ATIVO PERMANENTE E

PATRIMONIO LIQUIDO

Corresponde ao saldo resultado dos valores relativos à

correção monetária do Ativo Permanente , que representa um

ganho , e a correç&o monetaria do Patrimônio Liquido , que

representa uma perda . De forma análoga à explicação

apresentada no item 4 . 3 . 2 . 6 , esta conta apresenta sempre o

valor zero na coluna correspondente a correç&o integral .

4 . 3 . 2 . 17 ) LUCRO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

Corresponde ao resultado da seguradora apos deduzidas todas

as despesas operacionais e não operacionais efetuadas ao

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longo do exercici o .

4 . 3 . 2 . 18 ) IMPOSTO DE RENDA

Corresponde ao imposto a ser recolhido junto à Receita

Federal , calculado com base no lucro obtido no exercicio .

4 . 3 . 2 . 19 ) PARTICIPAÇOES E CONTRIBUI ÇOES

Correspondem às participações e contribuições , não dedutive i s

do I mposto de Renda , que a empresa decida efetuar , como por

exemplo distribuição de parte dos lucros ao empregados .

4 . 3 . 2 . 20 ) LUCRO LIQUIDO

E o resultado final das operações da seguradora no exercicio

já deduzido todos os imposto s , despesas e contribuições .

4 . 3 . 3 ) DEMONSTRAÇAO DE ORIGENS E APLICAÇOES DE RECURSOS

Esta demonstração apresenta os recursos que contribuiram para

o capital de giro da empresa , fornecendo informa�ões quanto à

po lit ica de expansão da empresa e de como ela administra seus

recursos finance iros . Nao sera efetuado o detalhamento desta

conta no presente trabalho , uma vez que a mesma praticamente

não será util izada na obtenção dos indices financeiros do

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metodo a ser proposto .

4 . 3 . 4 ) DEMONSTRAÇAO DAS MUTAÇOES PATRIMONIAIS

Esta conta apresenta a movimentação nas contas do Patrimônio

Liquido , ou sej a , os aumentos de capital por integralização

ou através de aproveitamento de reservas , os lucros retidos

no ano anterior e os aumentos e reduções ocorridos durante o

ano .

Esta demonstração se constitui em um apêndice do Patrimônio

Liquido e não será detalhada no presente trabalho uma vez que

não é util izado para o desenvolvimento do método a ser

proposto .

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CAPITULO 5

o METODO IRIS MODELO ORIGINAL E

ADAPTACOES PROPOSTAS

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5 . 1 ) OBJETIVO DO METODO

O sistema de informações de fiscalização de seguros IRIS

( Insurance Regulatory Information System ) foi desenvolvido

inicialmente em 1971 por um comite de orgaos fiscalizadores

de seguros dos estados norte-americanos , denominado NAI C

( National Association o f Insurance Commissioners ) , com o

obj etivo primario de auxiliar os departamentos estaduais de

seguro na execução de suas funções estatutárias de fiscal izar

as condições financeiras das companhias seguradoras .

Segundo a legislação norte-americana , todas as empresas ,

sejam e las de seguros ou não , são obrigadas a apresentar suas

demonstrações financeiras ao final de cada per10do fiscal ,

nos diversos estados onde as mesmas estão autorizadas a

operar . Obviamente nenhum estado tem condições de avaliar a

situação financeira de todas as empresas , imediatamente após

os recebimentos das respectivas demonstraçõe s . Assim sendo , o

IRI S auxilia a selecionar as companhias de seguro que merecem

maior prior idade na alocação dos recursos dos órgãos oficiais

nas atividades de fiscaliza�ão .

Convém frisar que o IRIS não se propõe a substituir as

anál ises financeiras dos departamentos estaduais de seguros .

O sistema visa apenas auxiliar tais departamentos em suas

funçoes fiscalizadoras .

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5 . 2 ) AS FASES DO METODO

O método IRIS consiste de duas fases . A primeira é

estat istic a , onde são calculados os diversos índices

financeiros a partir das informações obtidas do balanço anual

e do demonstrativo de resultados das

Após isto segue-se a fase analitica ,

empresas

quando

anuais, os demonstrativos de resultados e

seguradoras .

os balanços

os indices

calculados são examinados por analistas finance iros .

5 . 2 . 1 ) A FASE ESTATISTICA

Os indices finance iros são a espinha dorsal do IRI S , uma vez

que todos os resultados obtidos nesta fase serão util izados

na fase analítica que se segue .

Segundo a NAI C Pub lication No 36 ( 1993 , p . 2 ) , diversos

estudos mostram que o IRIS tem sido bastante eficaz em

identificar companhias em apuros . No entanto , uma vez que as

condições econOmicas não são estaticas , os componentes de

cada indice são revistos anualmente e alterados sempre que

isto se faz necessário .

E importante observar que os índices obtidos são validos

apenas para identificar companhias com chances de estarem

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enfrentando dificuldades financeiras , nao sendo eles por si

só indicat ivos de situação adversa . A real

financeira somente pode ser verificada após

anál ise por parte de profissionais habil itados .

condição

criteriosa

As faixas recomendadas para os resultados de cada indice têm

sido estabelec idas a partir de estudos de empresas que

ficaram insolventes , ou que enfrentaram

financeiros nos ult imas anos . Situar-se

sérios problemas

fora da faixa

recomendada em

necessariamente

um

que

determinado

a companhia

indice não

estej a

significa

enfrentando

dificuldades ; sinaliza apenas que deve ser verificado o que

está acontecendo . Normalmente , cerca de 15% ( quinze por

cento ) das companhias seguradoras americanas do ramo não-vida

analisadas apresentam quatro ou mais indices fora das faixas

recomendadas .

5 . 2 . 2 ) A FASE ANALITICA

Após a fase eetati et ica , o método IRIS recomenda que sej a

formada uma equipe de analistas financeiros com o obj etivo

de identificar que companhias merecem imediata atençao dos

órgãos fiscalizadores .

Ate 1988 , os analistas financeiros se dedicavam a estudar ,

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nesta fase anal itica , os resultados das companhias que

tivessem obtido na fase estatistica quatro ou mais indices

fora das faixas recomendadas e também daquelas que mereceram

atenção imediata no ano anterior . Se houvesse tempo , eram

ainda analisados os indices das seguradoras com três

resultados fora das faixas e assim por diante . Após estas

anál ises , eram emitidos relatórios informando que companhias

requeriam atenção fiscalizadora imediata , bem como as causas

desta conclusão . Os relatórios informavam também as razões de

uma companhia não ser c lassificada para atenção fiscalizadora

imediata , caso ela t ivesse apresentado quatro ou mais valores

fora da faixa .

A partir de 1989 , a equipe de analistas passou a estudar os

resultados da fase estatistica de todas as companhias , para

depois então classificá-las da seguinte forma :

-Primeira prioridade para empresas que nessecitam de

atenção imediata .

-Segunda prioridade para empresas que exibem uma

tendênc ia adversa de solvência .

-Terceira prioridade para empresas que apresentam algum

tipo de variação muito brusca em seus indices durante o ano e

que necessitam ser analisadas , ainda que não demonstrem

tendências adversas de solvênc ia .

-Nenhuma prioridade para empresas que não apresentam

nenhuma indicação de necessidade de análise .

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A gradacao de primeira ate nenhuma prioridade e , na verdade , ,

um indicador da ordem com que os departamentos estaduais

devem priorizar suas atividades de fiscal izaçao em relação às

diversas companhias em atividade .

Convém acrescentar que nem mesmo a designação de primeira

prioridade pode ser interpretada como garanti a de que a

companhia estej a passando por dificuldades finance iras . Cabe

portanto ao órgão fiscal izador , efetuar um estudo

compreensivo das demonstrações finance iras e dos fatores que

afetam os indices obt idos , para confirmar se a companhia

realmente necessita de uma maior atenção do controle oficial .

Juntamente à designação de prioridade em que cada companhia é

incluiua , a equipe de an�listas fornece também as razões que

levaram a tal c laSSificação .

5 . 3 ) OS INDI CES ORIGINA I S E AS ADAPTACOES PROPOSTAS

A fase estatistica do métdo IRIS util iza um total de 1 1

diferentes indices financeiros para a s companhias de seguros

do ramo não-vida e 12 indices para as seguradoras do ramo

vida . Neste trabalho serão abordados apenas os indices do

ramo não-vida , podendo a relação dos indices do outro ramo

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ser obtida em Kaste lijn e Remmerswaal ( 1986 , p . 1 19 ) .

Os índices adotados para companhias de seguro do ramo não­

vida , são classificados em quatro grupos principais:

5 . 3 . 1 ) Indices Gerais :

5 . 3 . 1 . 1 ) Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvência

5 . 3 . 1 . 2 ) Variação de Prêmios Retidos

5 . 3 . 1 . 3 ) Razão entre Auxilio de Margem e Margem de

Solvência

5 . 3 . 2 ) Indices de Lucratividade :

5 . 3 . 2 . 1 ) Razão Operacional de Doi s Anos

5 . 3 . 2 . 2 ) Rentab il idade dos Investimentos

5 . 3 . 2 . 3 ) Variação da Margem de Solvencia

5 . 3 . 3 ) Indices de Liquide z :

5 . 3 . 3 . 1 ) Razão entre Compromissos e Bens Garant idores

5 . 3 . 3 . 2 ) Indice de Prêmios Atrasados

5 . 3 . 4 ) Indices De Reservas

5 . 3 . 4 . 1 ) Razão entre o Desenvolvimento de Um Ano das

Reservas e a Margem de Solvência

5 . 3 . 4 . 2 ) Razão entre o Desenvolvimento de Dois Anos das

Reservas e a Margem de Solvência

5 . 3 . 4 . 3 ) Razão entre o Erro da Reserva Est imada e a

Margem De Solvência

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Ap�s o calculo dos 1 1 indices , as analises da segunda fase

devem começar a partir do exame dos resultados j á

encontrados . O analista deve observar não apenas que indices

se situam fora das faixas recomendadas , mas também o quanto

e les se afastam das c itadas faixas .

Serao agora descritos os procedimentos adotados para a

obtenção dos citados indices e também as alteraçOes efetuadas

para a adaptação à realidade brasi leira . Na abordagem de cada

um dele s , serão ainda analisados os possiveis resultados a

serem encontrados .

5 . 3 . 1 ) INDICES GERAI S :

5 . 3 . 1 . 1 ) Razão

Solvência ( RPM )

entre Prêmios Retidos e Margem de

Este indice é considerado um medidor do grau de exposição ao

risco da companhia seguradora , uma vez que o tamanho da

margem de solvência se constitui em um fator limitante ao

volume de prêmios que podem ser emitidos de mane ira segura ,

isto é , de forma a que variações inesperadas nos sinistros

não venham a por em risco a solvência da seguradora .

Chega-se a este indice pela fOrmula:

RPM = ( Prêmios Retidos / Margem de Solvênc i a ) x100 = < 300% ( 1 )

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onde :

Os prêmios retidos sao obtidos diretamente das

demonstrações financeiras das seguradoras ;

- A margem de solvênc ia , doravante denominada apenas por MS ,

corresponde ao Patrimônio Liquido da seguradora , sendo dele

subtraidas apenas as ações da própria empresa mantidas em

carte ira , conforme definição de Troxel e Bouchie ( 1990 ,

p . 84 , 128 ) .

Cabe observar que o critério brasileiro de solvência adota

uma conceituação ligeiramente diferente para a MS . Segundo

Gonçalves ( 1992 , p . 74 ) , " . . . a Margem de Solvência é , por sua

vez , o próprio Ativo Liquido na metodologia em uso pe la

SUSEP" .

O Ativo Liquido , conforme definido na Resolução CNSP 08/87 , é

obtido a part ir do Patrimônio Liquido , sendo efetuados

ajustes que podem exigir o uso de informa�ões não disponive is

nas demonstrações financeiras das empresas . Tais ajustes são :

Adições :

- Lucros não realizados da carteira de ações e quotas de

fundos de investimentos de a�ões ;

- Receitas de exercíc ios futuros efet ivamente recebidas ;

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Deducoes : ,

Destaque de capital para Departamento de Previdênc ia

Privada ( corrigido monetariamente ) ;

ParticipaçOes , diretas ou indiretas , em soc iedades

congêneres e/ou entidades abertas de previdência privada

de fins lucrat ivos , atualizadas pela equivalência

patrimonial ;

- Despesas antec ipadas ;

- Despesas de exercíc ios futuros efetivamente incorridas ;

No presente trabalho , serão calculados os valores dos

diversos índices do I RI S , adotando como margem de solvênc ia a

definição original do método . sendo o Patrimônio Liquido

obtido diretamente a partir das demonstrações financeiras das

seguradoras .

Conforme o valor deste índice se aproxima do l imite superior

da faixa recomendada ( 300% ) , faz-se necessário pesquisar

quais as causas da elevação encontrada . Nestes casos , a

presença de algum dos seguintes fatores , pode funcionar como

atenuante desta ocorrênc i a :

- A existência de uma menor RPM do grupo como um todo , caso a

companhia faça parte de um grupo de empresas afi liadas .

- A existência de lucros crescentes de forma estáve l .

- Uma baixa concentração de nesócios em linhas de seguros de

maior risco .

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Uma adequada proteçao de resseguro contra catástrofes ,

grandes perdas , etc .

Um portfOlio de investimentos conservador e avaliado

corretamente .

5 . 3 . 1 . 2 ) Variaçao de Premios Retidos ( VPR )

Este indice indica o cresc imento ou a queda no vo lume de

prêmios retidos pela seguradora .

Calcula-se por :

VPR = [ ( Prêmios Retidos do Corrente Ano - Prêmios Retidos do

Ano Anterior ) 1 Prêmios Retidos do Ano Anterior ] x

x 100 >= - 33% =< 33% ( 2 )

Flutuações nos prêmios retidos fora da faixa recomendada de

+- 33% sinalizam a necessidade de uma anál ise de suas causas .

Tais resultados podem ser devidos A expansão das operações em

l inhas rentáveis e adiçao de novas l inhas de negóc ios , mas

também podem ser decorrência do aumento de prêmios emitidos

oriundos da prát ica de tarifas menores que as do mercado ,

numa estratégia de captação de recursos para quitação de

débitos financeiros , o que pode ser extremamente perigoso .

Resultados inferiores a -33% podem também indicar uma

acentuada reduçao do n1vel de operações , talvez por

dificuldades financeiras .

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Resultados anormais neste indice indicam a necessidade da

análise conjunta de outros indices financeiros . Uma razão

relat ivamente baixa entre prêmios emitidos e margem de

so lvência ( indice 5 . 3 . 1 . 1 ) , associada a uma adequada razSo

operacional de dois anos ( indice 5 . 3 . 2 . 1 ) e indices adequados

de reservas ( indices 5 . 3 . 4 . 1 , 5 . 3 . 4 . 2 e 5 . 3 . 4 . 3 ) ,

acompanhados de um mix de produtos relativamente estáve l ,

geralmente permite A empresa operar de forma segura , mesmo

com indices desfavoráveis de variação de prêmios emitidos .

5 . 3 . 1 . 3 ) Razão

Solvência ( RAM )

entre Auxilio de Margem e Margem de

o método IRIS utiliza este indice com o obj etivo de medir a

queda percentual que ocorreria na MS das seguradoras que

operam no mercado americano , se as operações de resseguro

cedido fossem cance lada s .

o indice razão entre auxilio de margem e M S é definido por :

RAM = ( Auxilio de Margem I MS ) x 100 = < 25% ( 3 )

o auxilio de margem e formado pelas comissoes de resseguro

recebidas pe lo segurador primário referentes aos prêmios não

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ganhos de resseguros cedidos para companhias não afil iadas .

As transações de resseguro entre companhias de um mesmo grupo

não são consideradas , uma vez que as operações de resseguros

internamente ao grupo poderiam mascarar o real auxilio de

margem de uma companhia independente . Uma vez que o auxilio

de margem não é diretamente reportado nas demonstrações

financeiras , ele pode ser est imado por :

Auxi l io de Margem = Taxa Est imada de Comissão em Resseguros x

x Prêmios Não Ganhos em Resseguros Cedidos para não

Afil iadas ( 4 )

Cabe observar que no Plano de Contas das seguradoras

americanas , as comissões de resseguros cedidos não são

diferidas , sendo imediatamente incorporadas â MS ,

independente do fato de ainda não ter decorrido o risco

integralmente , constituindo-se portanto em um efetivo auxilio

para a margem de so lvênc ia . Assim sendo , pode ocorrer que uma

parte significativa da MS seja composta por comissões de

prêmios não

estabil idade

ganhos em resseguros cedidos , de

da empresa sej a dependente

cooperação do ressegurador .

forma que a

da continua

No Plano de Contas da SUSEP , tais comissões sofrem

um tratamento contâbil diferente do procedimento americano .

No Brasi l , o segurador primario deve creditar na conta de

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Despesas de Comercial izacao Diferidas a parcela da comissao ,

referente ao prêmio ainda não ganho do resseguro cedido . Ao

longo da vigência da apó l ice vão sendo lançados débitos na

conta de Despesas de Comercialização Diferida s , de forma que

as comissões de resseguros cedidos somente passam a integrar

a MS , após terem sido efet ivamente ganhas .

Constata-se portanto que para as empresas seguradoras que

operam no mercado brasi leiro , não existe sentido em se

calcular o lndice RAM , uma vez que as comissões de prêmios

não ganhos de resseguros cedidos não constituem auxi l io algum

para a MS , até que sej am efetivamente ganhas .

Com base no exposto , este indice não será util izado na

adaptação do Método IRI S ao mercado brasi leiro .

5 . 3 . 2 ) INDICES DE LUCRATIVIDADE

5 . 3 . 2 . 1 ) Razão Operacional de Do is Anos ( ROD )

A Razão Operacional de Dois Anos é um indice obtido a partir

da soma de três outros :

ROD = ( Sinistralidade de Dois Anos + Indice de Despesas de

Dois Anos - Indice de Receita dos Invest imentos de Dois

Anos ) x 100 =< 100% ( 5 )

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onde ,

S inistralidade = ( Sinistros Retidos / Prêmios Ganhos ) ( 6 )

Indice de Despesas = ( Despesas de Comercial ização + Despesas

com Tributos e Contribuições + Despesas Administrativas -

- Outras Rece itas Operac ionais ) / Prêmios Retidos ( 7 )

Indice de Receita dos Invest imentos = Rece ita Liquida de

Investimentos / Prêmios Ganhos ( 8 )

Convém sal ientar que o método original define o Indice de

Despesas como a relação entre as despesas incorridas e os

prêmios retidos , conforme mostra a fOrmula ( 7 ) . Segundo

Troxel e Bouchie ( 1990 , p . 187 ) . . . . . a razão desta abordagem

deve-se ao fato de que os custos de comerc ial ização são

fun�ão dos prêmios - retidos , conforme as normas contábe is

adotadas . . . . . .

Conforme j á mencionado neste capitulo , o plano de contas

americano não efetua o diferimento das despesas de

comercialização , sendo portanto mais indicado que tais

despesas sejam divididas pelo vo lume de prêmios retidos de

forma a se obter um indice adequado de desempenho .

No entanto , pelo plano de contas da SUSEP , as deBpesas de

comerc ial ização que aparecem no demonstrativo de resultados

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da seguradora , sofrem diferimento e correspondem , portanto ,

as despesas de comercial izacao relat ivas a competenci a do ,

periodo . Uma vez que as despesas administrativas , as depeRas

com tributos e contribui ções e as outras receitas

operac ionais são também aque las relat ivas à competênc ia do

per iodo analisado , a definição do Indice de Despesas deve

então sofrer uma alteração em sua adaptação para o mercado

brasi leiro , substituindo-se na formula os premios retidos

pelos prêmios ganhos .

o Indice de Despesas fica então :

Indice de Despesas = ( Despesas de Comerc ialização + Despesas

com Tributos e Contribuições + Despesas Administrat ivas -

- Outras Receitas Operac ionais ) / Prêmios Ganhos ( 7a )

As definições de Sinistral idade e do Indice de Receita dos

Invest imentos não sofrem alterações , uma vez que jã ut il izam

os prêmios ganhos em suas fórmulas .

Troxel e Bouchie ( 1990 , p . 221 ) apontam que a receita liquida

dos investimentos é composta pelos rendimentos financeiros ,

dividendos e receita de aluguéis , não inclu indo , no entant o ,

os ganhos ou perdas de capital decorrentes da realização de

ativos . Na adaptacao deste item para a real idade brasi le ira ,

adotou-se como rece ita l iquida dos investimentos o montante

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obtido a part ir da soma do resultado financeiro com os

dividendos recebidos , acrescido ainda da rece ita de depositos

no I RB . A receita de aluguéis não fo i considerada pelo fato

de tal informaçao não estar dispon1ve l , separadamente , nas

demonstrações financeiras das seguradoras brasileiras ,

cabendo ressaltar que tal procedimento atua no sentido de

reduzir a receita l iquida de investimentos , sendo portanto um

critério conservador em termos de análise da solvência de

seguradoras .

o Indice de Receita dos Investimentos fica então :

Indice de Receita dos I nvestimentos = ( Resultado Financeiro +

+ Dividendos Recebidos + Receita de Depositos no IRB ) /

/ Prêmios Ganhos ( 8a )

Para a obtenção da ROD devem ser tomados os valores de dois

ano s , isto é , os valores adotados devem ser relativos aos

desempenhos do corrente ano e do anterior .

Os montantes referentes aos sinistros retidos , despesas de

comerc ialização , despesas

despesas administrativas ,

com tributos

receitas de

e contribuiçõe s ,

depositos no IRB ,

outras receitas operacionais , resultado financeiro ,

dividendos recebidos e premios ganhos sSo obtidos diretamente

da demonstraçao de resultados das empresas seguradoras . Cabe

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observar que os dividendos recebidos sao informados na parte

relat iva à demonstração de origem e apl icação de recursos .

A razão final obtida desta forma indica a lucratividade das

operações de uma companh i a , sendo resultados inferiores a

100% indicadores de lucros , ao passo que um resultado

superior a 100% sinaliza a existencia de prej uízo nas

operações . Assim sendo , a faixa recomendada para os resutados

encontrados tem como limite superior o valor de 100% .

Resultados superiores a 100% neste teste indicam que a

seguradora terá que realizar ganhos de capital ou então

recorrer à sua margem de solvenc ia , de forma a poder saldar

seus compromissos e fechar seu c iclo operacional .

o teste se baseia em resultados de do is anos no

serem depuradas as flutuações causadas por

indevidas de receitas e custos entre dois

subsequentes .

intuito de

alocações

per iodos

A análise criteriosa dos três sub-indices que compõem a ROD

pode ser de grande auxilio na determina�ão das possive ia

causas de um mau desempenho de uma empresa , se e devido a um

alta sinistral idade

comercializaçao ou

ou a altos niveis

administrativas ou

retornos de seus investimentos .

7 1

de despesas de

ainda a baixos

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5 . 3 . 2 . 2 ) Indice de Rentabil idade dos I nvestimentos ( IRI )

Este indice reflete a rentabilidade e a qualidade geral do

portfo l io de investimentos da seguradora , expressa sob a

forma de percentagem entre a receita l iquida dos

investimentos e a quantia média investida durante o ano .

Calcula-se este indice por :

IRI = [ Receita Liquida dos Investimentos / ( Caixa +

+ I nvestimentos Médios » ) x 100 >= 5% ( 9 )

A receita l iquida dos investimentos pode ser obtida

diretamente a partir da soma dos itens resultado finance iro ,

dividendos recebidos e receitas de depositos no IRE, conforme

expl icado no indice anterior .

Quanto ao denominador , o mesmo deve ser obtido a partir da

seguinte operaç&o :

Caixa + I nvest imentos Médios = 1/2 x [ ( A+C-F-E ) + ( B+D-G » )

( 10 )

onde ,

A , B = ( Ativo Circulante Disponivel + Ativo Circulante

Aplicaçoes + Ativo Permanente Imobilizado ) , do

corrente ano e do anterior ;

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C , D = ( Titulos e Creditos a Receber ) , do corrente ano e do

anterior ;

E = ( Resultado Financeiro + Dividendos Recebidos +

+ de DepOsitos no I RE ) , do ano corrente , ou sej a ,

é idêntico ao valor do numerador ;

F , G = Empréstimos tomados de curto e de longo prazos , do

corrente ano e do anterior

Cabem aqui algumas observaçoes :

Os valores de ativo circulante di sponivel , ativo

circulante apl icaçoes , ativo permanente imobi l izado e t itulos

e créditos a receber são obtidos diretamente do ativo das

empresas .

Não são considerados empréstimos os montantes a serem

pagos ao ressegurador ou a outras seguradoras referentes a

atividades de resseguros e cosseguros . Neste item inc luem-se

apenas os empréstimos tomados junto a instituições

financeiras ou junto a empresas col igadas ou controladas .

O método inclui os imóve is da seguradora como parte do

montante de caixa e investimentos , porêm exclui as

participações acionárias em controladas e col igadas , talvez

por considerar que tais part ic ipações não sej am uma opção de

invest imento e sim uma condiçao inerente a sua existencia .

O procedimento de subtrair a rece ita liquida dos

invest imentos do [ caixa + investimentos] do final do ano

corrente visa obter um segundo valor para o [ caixa +

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invest imentos] do final do ano anterior para , em conjunto com

o valor real , poder ser calculada uma media que e

interpretada como um valor ajustado para o [ caixa +

investimentos ] do final do ano anterior .

De forma a se trabalhar com valores que espe lham a

realidade , ao serem analisadas as demonstrações finance iras

de 1990 e 1991 das empresas que operam no Brasi l , devem ser

incluídos no denominador deste índice as quantias bloqueadas

pelo Banco Central em 15/03/90 .

Baixos indices de rentabil idade dos investimentos podem ser

causados por :

Investimentos que visam grandes ganhos de capital a longo

prazo , porem com pouco retorno de curto prazo . Cabe aos

analistas examinar criteriosamente estes investimentos quanto

às suas estabil idades e l iquidez .

- Grandes investimentos em instalações administrat ivas . Deve

ser verificada a real capacidade da empresa de suportar tais

investimentos , de forma a manter sua liquidez sem ter que

elevar , de modo acentuado , suas taxas de comerc ial ização .

Montantes significativos pagos a titulo de j uros de

emprést imo s . Mais uma vez cabe aqui uma atenção especial

quanto à liquidez da seguradora .

Despesas excessivas em seus invest imento s . Pode ser que o

montante de tais despesas estej a muito elevado devido ao mau

gerenciamento do portfolio de investimentos .

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5 . 3 . 2 . 3 ) Variacao da Margem de So lvenc ia ( VMS ) ,

Este teste visa obter uma medida da melhoria ou da

deter ioração da condição financeira da seguradora durante o

ano , através da variaçao percentual de sua margem de

solvênc ia.

Cabe observar que nas demonstrações financeiras das

seguradoras americanas não existe a conta de Ativo referente

às Despesas de Comerc ial ização Diferidas . Assim sendo , antes

de se calcular a variação percentual da margem de Bo lvênc ia ,

é necessário que esta sofra um ajuste quanto às despesas de

comerc ialização , uma vez que elas reduzem de imediato a

margem , tão logo da emissào das novas apól ices , apesar de

serem devidas a todo o per iodo de cobertura aos segurados .

Ao se adaptar este indice para o mercado brasi leiro , deve-se

usar diretamente a margem de so lvência , obtida das

demonstra�ões finance iras , sem nenhum ajuste adicional , haj a

vista que a existencia da conta de Despesas de

Comercialização Diferidas impede que a margem de solvência

sej a reduz ida do valor correspondente as despesas de

comerc ializaçao , tao logo sejam emitidas as novas apo lices ,

independente do risco ainda por decorrer .

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A forma de se calcular este indice , bem como sua faixa

recomendada é :

VMS = ( Variação Na Margem de Solvênc ia I Margem de Solvênc ia

Do Ano Anterior ) x 100 >= - 10% =< 50% ( 1 1 )

onde ,

Variação na Margem de Solvênci a = Margem de Solvência do

Corrente Ano - Margem de So lvênc ia do Ano Anterior ( 12 )

o l imite inferior da faixa recomendada para este índice ê

fixado pelo NAI C em - 10% , uma vez que resultados inferiores a

este valor podem indicar quedas muito preocupantes na margem

de solvência .

Quanto ao limite superior de 50% , sabe-se que não é comum que

uma companhia seguradora estâvel apresente um resultado que

exceda este valor . Apesar de um cresc imento

solvênc ia desta ordem de grandeza ser

na margem de

possivel , tal

desempenho

sinalização

insolvênc ia .

espetacular tende a ser interpretado como uma

de instab i l idade que pode antecipar uma

Segundo a NAI C publ icat ion No 36 ( 1993 , p . 17 ) ,

estudos efetuados em diversas seguradoras apontaram um

notãvel cresc imento deste índice pouco antes da inso lvênc i a .

Aumentos sensíveis neste índice podem ainda ser ocasionados

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por alteracees no gerenc iamento , no controle ou mesmo na ,

propriedade da seguradora , enquanto que decréscimos são

geralmente devidos a resultados fracos nos investimentos ou

nas transações de risco propriamente ditas .

Alguns fatores como ganhos ou perdas de capital , pagamentos

de dividendos e alteraçoes nas operaçoes de resseguros podem

ser também responsáve is por grandes alterações neste indice .

5 . 3 . 3 ) INDI CES de LIQUIDEZ

5 . 3 . 3 . 1 ) Razao entre Compromissos e Bens Garantidores ( RCB )

Este indice fornece uma indicação da capacidade de uma

companhia seguradora de l i quidar seus débitos , util izando

para este fim os bens de que ela hoj e dispõe . Ele relaciona

portanto os compromissos a saldar como uma percentagem dos

bens garantidores , a saber :

RCB = ( Compromissos / Bens Garantidores ) x 100 =< 105% ( 13 )

o total de compromissos a saldar ê considerado como sendo a

di ferença entre o Passivo Total e o Patrimônio Liquido da

seguradora , ficando entao :

Compromissos = Passivo Total - Patrimônio Liquido ( 14 )

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Bens Garantidores = Ativo Circulante Disponivel + Ativo

Circulante Aplicações + Titulos e Créditos a Receber +

+ Ativo Permanente Imobil izado + Prestações a Receber de

Prêmios Vendidos a Prazo ( 15 )

A fim de melhor adequar este indice para a util ização nas

seguradoras do ramo não-vida em operação no Brasil , são

propostas algumas adaptações :

o método IRI S não inclui no denominador deste indice o

valor referente aos investimentos efetuados em empresas

coligadas ou controladas . Apesar de não ser um at ivo com

l iquidez , deve-se ter em mente que o fato de fazer parte de

um grupo pode func ionar como uma espécie de garant ia à

continuidade dos negócios da seguradora , devido à

possibilidade de aporte de capital por parte do grupo em caso

de necessidade .

Na adaptação do método ao mercado brasileiro pensou-se em

duas hipoteses alternativas para contornar esta questão . A

primeira delas consiste em incluir-se também o Ativo

Permanente em Investimentos como parte dos bens garantidores

e a segunda corresponde a seguir o procedimento do método

original de nao incluir os investimentos em col igadas ou

controladas como parte dos bens garantidores , com a ressalva

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de que caso se obtenha um resultado adverso para este teste ,

o mesmo deve ser repetido com base no balanco conso lidado do ,

grupo do qual a seguradora faz parte , para que se possa

verificar se o grupo , como um todo , tem condições de dar

suporte financeiro à seguradora .

Neste trabalho resolveu-se optar pela primeira alternativa ,

em virtude de se poder chegar a um resultado do teste

uti l izando apenas os dados das demonstracões financeiras da

própria seguradora .

Uma vez que os débitos oriundos de operações com o I RE e

com outras seguradoras fazem parte dos compromissos a saldar ,

recomenda-se então que os créditos operacionais com o IRE e

com outras seguradoras sejam incluldos nos bens garantidores ,

de forma a lançar no denominador uma contra-part ida aos

débitos de mesma natureza incluldos no numerador .

Recomenda-se na análise das demonstrações financeiras de

1990 e 1991 incluir-se nos bens garant idores os montantes

bloqueados pelo Banco Central , de forma a se tentar e l iminar

a influencia do c itado bloqueio neste resultado .

-Os valores referentes às prestaçoes a receber de apólices

vendidas a prazo nso sso informados nas demonstrações

financeiras . Uma vez que a conta Premios Emitidos a Receber

corresponde ao volume de prêmios ainda não pagos pe los

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segurados , tanto os relativos às vendas a prazo como

os atrasados , será considerado conservadoramente

também

que o

montante referente às vendas a prazo corresponde a 50% dos

Prêmios Emitidos a Receber .

Com base nas adaptações e fetuadas , a fOrmula ( 15 ) passa para :

Bens Garantidores = Ativo Circulante Dispon1vel + At ivo

Circulante Aplicações + T1tulos e Créditos a Receber +

+ Ativo Permanente Imobil izado + Ativo Permanente

Investimentos + Créditos Operacionais IRB + Créditos

Operacionais Seguradoras + Cruzados Bloqueados + ( 0 . 50 x

x Prêmios Emitidos a Receber ) ( 15a )

Em virtude de se ter modificado o valor dos bens

garantidores , sobretudo com a inclusão dos investimentos em

col igadas e controladas , recomenda-se então reduzir a faixa

aceitáve l para a relação compromissos para bens garantidores

de 105% máximo para o limite de 100% . A fOrmula ( 13 ) passa

então para :

RCB = ( Compromissos / Bens Garantidores ) x 100 =< 100% ( 13a )

Os diversos valores a serem empregados nos cálculos devem ser

obtidos diretamente a partir das demonstrações financeiras

das seguradoras .

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Segundo a NAI C publication No 36 ( 1993 , p . 19 ) , an�lises de

companhias insolventes têm mostrado que muitas de las , em seus

últimos anos de operação , apresentaram sensiveis e levações

neste indice .

E conveniente efetuar-se uma análise a respeito do tempo

necessário para a obtenção de caixa a partir dos bens

garantidores . Também é importante considerar o quanto se

conseguirá , na verdade , apurar atravas deles . Com base em

di ferenças entre os valores que aparecem nas demonstrações

financeiras e os valores de mercado , pode acontecer que

algumas empresas apresentem estimativas superavaliadas de

l iquidez com base em bens contabil izados a valores bastante

superiores aos do mercado . O contrário pode também acontecer ,

sobretudo no

contabil izados

Brasi l , onde diversos bens aparecem

apenas por seus valores histór icos , não

espelhando de forma alguma seus valores reais .

Assim sendo , resultados encontrados fora da faixa recomendada

para este indice devem conduz ir os analistas para um exame

adequado das reservas e dos reais valores de mercado dos

bens , no sentido de realmente se saber como esta a liquidez

da companhia .

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5 . 3 . 3 . 2 ) Indice de Premios Atrasados ( IPA )

Este indice fornece uma indicação de quanto a MS da

seguradora está dependente de ativos de liquidez questionável

e que frequentemente não são convertidos em moeda corrente ,

caso a seguradora venha a sofrer liquidação ou intervenção .

o indice é calculado por .

IPA = ( Prêmios Atrasados a Receber I Margem de Solvência ) x

100 =< 40% ( 16 )

Segundo Troxe l e Bouchie ( 1990 , p . 28 , 60 ) , os prêmios

atrasados a receber correspondem aos prêmios ainda não

recebido s , devido a problemas de atraso de pagamento , sobre

apó l ices emitidas no periodo correspondente aos ültimos

noventa dias anteriores à data do balanço , liquidos das

comissões de agentes , somados aos prêmios não recebidos de

cosseguros e resseguros aceitos e subtraidos os prêmios não

pagos de cosseguros e resseguros cedidos . Como o indice se

refere apenas aos prêmios atrasados , não devem ser

considerados os montantes referentes às prestações vincendas

a receber oriundas de vendas a prazo .

Na adaptação à realidade brasile ira , a menos das comissões ,

os prêmios liquidos a receber podem ser calculados por :

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Premios Liquidos a Receber = Premios Emitidos a Receber +

Créditos Operacionais IRE + Créditos

Seguradoras Débitos Operac ionais IRE

Operacionais Seguradoras

Operacionais

Débitos

( 17 )

onde todas as parcelas podem ser obtidas diretamente das

demonstraçOes finance iras das seguradoras .

Considerando-se de forma bastante conservadora que 33% dos

prêmios a receber se referem aos prêmios em atraso sobre

apó l ices emitidas no periodo correspondente aos últimos

noventa dias anteriores à data do balanço , o valor dos

Prêmios Atrasados a Receber pode ser aproximado por :

Prêmios Atrasados a Receber = 0 . 33 x Prêmios Liquidos a

Receber ( 18 )

O procedimento adotado para o calculo dos premios atrasados a

receber tende a encontrar um valor superior ao real , sendo

portanto conservador , devido a do is pontos principais :

- Não foram consideradas as comissOes , o que reduziria o real

valor dos prêmios a receber .

O indice de 33% de atraso nos premios a receber e

extremamente alto e somente em uma seguradora com sérios

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problemas em seu setor de cobranças este índice poderia ser

encontrado .

Cabe ainda observar que para que este índice realmente

fornecesse uma correta indicacão de quanto a margem de

solvênc ia está dependente de ativos de liquidez questionável ,

deveria ser considerada no numerador apenas a parce la de

prêmios atrasados a receber relativa aos riscos j á

decorridos , uma vez que a parcela de prêmios referente aos

riscos não decorridos ainda faz parte das reservas , não tendo

portanto ainda sido incorporada à margem de solvênci a .

Para que sej a poss1vel o cAlculo deste 1ndice utilizando-se

apenas informações obtidas a partir das demonstrações

financeiras das seguradoras brasileiras , não esta sendo

levada em conta , neste trabalho , a questão dos prêmios

atrasados serem relativos a riscos j A decorridos ou não .

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5 . 3 . 4 ) INDI CES de RESERVAS

Da forma como as demonstracees financeiras sao efetuadas ,

pelas seguradoras no Bras i l , não são fornecidos nos balanços

contabeis os dados necessarios para o calculo dos três

indices de reservas do IRI S , ficando portanto impossive l , a

part ir das informaçOes hoj e publ icamente disponive i s , a

obtenção dos três indices de reservas .

Com o obj etivo de completar a descricão dos onze itens do

IRI S , serão apresentados a seguir os indices de reservas ,

sabendo-se a priori que , por ora , os mesmos não serão

apl icados para as seguradoras do mercado brasi leiro .

5 . 3 . 4 . 1 ) Razão entre Desenvolvimento de Um Ano das Reservas e

a Margem de So lvênc ia ( DRM1 )

Uma boa forma de examinar as práticas de constituição de

reservas de sinistros de uma seguradora e comparar o

desenvolvimento dos custos de sinistros com as provisões

efetuadas para os mesmos .

Assim sendo , a adequaçao das reservas efetuadas ao final do

ano anterior pode ser medida comparando-se as mesmas com o

total de pagamentos efetuados durante o corrente ano ,

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relat ivos aos contratos j a existentes ao final do ano

anterior , acrescido das reservas ainda existentes ao final do

corrente ano , re lativas aos mesmos contratos . Este indice

fica então :

DRM1 = ( Desenvolvimento de Um Ano das Reservas I Margem de

onde ,

Solvência do Ano Anterior ) x 100 =< 25% ( 19 )

Desenvolvimento de Um Ano das Reservas = Pagamentos de

Sinistros e fetuados durante o ano relativos aos

Contratos j á existentes ao final do ano anterior +

+ Provisôes ao final do corrente ano

mesmos contratos Provisôes ao

anterior

relativas

final do

aos

ano

( 20 )

Resultados acima de 25% indicam a necessidade de uma análise

mais profunda no sentido de se verificar a causa da

defic iência de reservas , focando-se tal estudo na

determinação de que l inhas de negócios causaram a deficiência

e na averiguação a respe ito da intencional idade ou não de se

ter subaval iado as reservas .

Convém ressaltar que um valor positivo para o desenvolvimento

de um ano das reservas indica uma subaval iaçao de reservas ,

enquanto que valores negativos evidenciam uma superavaliação

das mesmas .

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Uma forma de se verificar se as reservas estao sendo

propositadamente subavaliadas , consiste em ana l i sar os

valores dos índices de desenvo lvimento de um e dois anos das

reservas , DRM1 e DRM2 , dos últimos exerc ícios . Se as reservas

tiverem sido frequentemente subavaliadas ou se os resultados

do indices de do is anos são consistentemente piores que os

índices de um ano , isto normalmente e interpretado como um

forte indic io de problemas na seguradora .

5 . 3 . 4 . 2 ) Razão entre o Desenvolvimento de Dois

das Reservas e a Margem de Solvência ( DRM2 )

Anos

Para calcular o Desenvo lvimento de Dois Anos das Reservas , as

reservas de sinistros a l i quidar ao final do segundo ano

precedente são comparadas com o total de pagamentos sobre

e l as efetuados no ano anterior e no corrente ano acrescido

das reservas sobre tais sinistros ainda existentes ao final

do corrente ano .

Este indice é então obtido por :

DRM2 = ( Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas / Margem de

So lvenc ia do Segundo Ano Precedente ) x 100 =< 25% ( 2 1 )

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onde ,

Desenvolvimento de Do is Anos das Reservas = Pagamentos de

Sinistros efetuados ao longo do corrente ano e do

anterior relativos aos contratos j a existentes ao

final do segundo ano precedente + Provisões ainda

existentes ao final do corrente ano relativas aos

mesmos contratos - Provisões ao final do segundo ano

precedente ( 22 )

Valem para este índice as mesmas observações efetuadas para o

anter ior .

5 . 3 . 4 . 3 ) Razão entre o Erro da Reserva

Margem de Solvência ( ERE )

Este lndice tem por finalidade est imar

Est imada

a sub

e a

ou

superaval i ação de reservas do corrente ano , util izando para

isto os desenvolvimentos de um e dois anos das reservas ,

calculados nos índices anteriores .

Para se chegar a este índice é necessário um roteiro de

cálculos um pouco mais trabalhoso que o empregado nos

anter iores , a saber :

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ERE = ( Erro De Reserva Est imada / Margem De Sol vencia ) x

onde ,

x 100 =< 25% ( 23 )

Erro de Reserva Est imada = Estimativa de Reservas Requeridas-

- Reservas Efetuadas no corrente ano

Est imativa de Reservas Requeridas

corrente ano x Taxa Média de

para Prêmios

= Premios

Reservas

( 24 )

Ganhos no

desenvolvidas

( 25 )

Taxa Média de Reservas Desenvolvidas para Prêmios = 1/2 x

x [ Taxa de Reservas desenvolvidas para Prêmios do ano

anterior + Taxa de Reservas desenvolvidas para Prêmios

do segundo ano precedente ] ( 2 6 )

Taxa de Reservas Desenvo lvidas para Prêmios do Ano Anterior =

= ( Reservas

+ Desenvolvimento

efetuadas no ano anterior +

de Um Ano das Reservas ) / Prêmios

Ganhos do ano anterior ( 27 )

Taxa de Reservas Desenvolvidas para Premios do Segundo Ano

Precedente = ( Reservas e fetuadas no segundo ano

precedente + Desenvolvimento de Dois Anos das Reservas )

/ Premios Ganhos do segundo ano precedente ( 28 )

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Resultados neste lndice podem ser distorcidos por trocas

sign ificativas no volume de premios . Um aumento muito

acentuado no vo lume de prêmios ganhos pode produzir uma

indicação de deficiência maior que a real .

Precisa-se portanto de cuidado ao se analisar este lndice uma

vez que ele compara uma reserva real com uma estimativa da

reserva requerida que , como toda est imativa , tem uma margem

de erro ne la embutida .

5 . 4 ) OS iNDICES CRIADOS

Com a eliminação de quatro dos onze lndices do Método IRIS

original , alguns aspectos fundamentais da atividade

seguradora ficaram sem nenhum parâmetro de investigação , como

por exemplo os volumes de reservas técnicas e os montantes

envo lvidos em operaçOes de cosseguros e resseguros .

Existiu po is a necessidade de serem criados alguns novos

indices , de forma a preencher os possiveis vaz ios de ixados

quando da adaptação do Método IRIS ao mercado brasile iro .

Foram então gerados três novos indices , 0 6 quai s serão

descritos a seguir .

90

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5 . 4 . 1 ) Retorno sobre a Margem de Solvenc ia ( RM S )

Segundo Horta ( 199 1 , p . 5 ) , podem ser considerados como

objet ivos permanentes de uma seguradora :

a ) Melhorar os seus resultados finais relativamente ao

período financeiro anter ior ;

b ) Melhorar a sua capacidade de penetracao no mercado ;

c ) Aumentar o seu ativo , capacidade financeira e liquidez ;

Uma empresa seguradora que opere sistematicamente de forma

defic itária nao conseguirá a médio prazo atingir os objet ivos

citados , e somente poderá garantir a sua permanência no

mercado às custas de aportes de capital por parte de seus

acionistas .

A questao da sobrevivênc ia de uma empresa deficitária torna­

se ainda mais critica no Brasil onde , devido às altas taxas

de inflação verificadas nos últimos anos , é possível a

obtenção de ganhos reais superiores a 20% ao ano , apl icando­

se no mercado finance iro .

Em um ambiente atipico como este , qualquer empresa que

sistematicamente não apresente lucro , seja ela seguradora ou

nao , tende a desaparecer do mercado , uma vez que os

acionistas tem a alternativa de auferir lucros reais

9 1

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significativos em operações financeiras , utilizando para isto

o capital que antes estava investido na empresa .

No caso espec ifico das seguradoras , o prejuizo ao final do

exerc 1cio irá implicar em uma diminuição da MS da empresa ,

provocando assim uma redu�ão da capacidade de reten�ão de

riscos da seguradora .

A não ser que haj a um aporte de capital dos acionistas , o

prej u1zo resultante das operações irá obrigar a seguradora a

trabalhar com um menor "buffer " para fazer frente a sinistros

inesperados , o que significa uma maior exposição da empresa a

poss1veis problemas de insolvênc i a , caso a seguradora

continue operando nos mesmos patamares de riscos

Criou-se entao o índice Retorno sobre a Margem de So lvenc ia ,

definido por :

RMS = [ ( A + B ) I ( C + D ) ) x 100 >= 0% ( 29 )

onde ,

A - Lucro liquido do corrente ano ;

B - Lucro liquido do ano anterior ;

C - MS do ano corrente ;

D - MS do ano anterior ;

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o teste se baseia em resultados de dois anos com o obj et ivo

de que sej a detectada apenas uma real situacao deficitaria

por parte da seguradora , e não um prejulzo esporádico iso lado

que pode ocorrer como fruto de um exerc lcio atlpico , sem que

isto necessariamente indique que a seguradora esteja

atrvessando dificuldades .

Pela formul a ( 29 ) , verifica-se que se uma seguradora

apresentar prejulzos em dois exerc lcios consecutivos ou se o

prejulzo de um ano for superior em módulo ao lucro do outro

ano , o seu RMS será inferior a zero , quaisquer que sej am suas

MS ' s , indicando portanto o não atendimento a este indice .

Ainda assim , deve ser calculado o RMS para que se possa

avaliar o quanto representam estes resultados em relação às

margens de solvênc i a . Tal valor é de suma importância para

que se possa analisar a magnitude das dificuldades

financeiras , caso existam , enfrentadas pe la seguradora .

5 . 4 . 2 ) Indice de Sinistros a Liquidar ( I SL )

Um dos primeiros sintomas de que uma seguradora está

enfrentando dificuldades financeiras constitui-se no atraso

dos pagamentos das indenizaçoes aos segurados , por falta de

caixa da empresa para o cumprimento de suas obrigações

contratuais .

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Quando isto ocorre , verifica-se na seguradora um cresc imento

anormal do montante relativo aos sinistros pendentes , o que

contabi lmente pode ser verificado pe lo aumento da conta de

Sinistros a Liquidar .

Foi então criado o Indice de Sinistros a Liquidar com o

objet ivo de comparar a evolução percentual da reserva de

Sinistros a Liquidar com a evolução percentual dos Sinistros

retidos , do ano corrente em relação ao anterior . Este indice

é definido por :

1 SL = [ ( A - B l /B - ( C - D l /D J x 100 =< 20% ( 30 l

onde ,

A - Sinistros a l iquidar do corrente ano ;

B - Sinistros a liquidar do ano anterior ;

C - Sinistros retidos do corrente ano ;

D - Sinistros retidos do ano anterior ;

A fórmula ( 30 ) indica que a evoluçãO percentual da Reserva de

Sinistros a Liquidar pode ser no máximo 20% m�ior que a

evolução percentual dos sinistros Retidos . Quando isto não se

verifica , o montante de sinistros pendentes está aumentando

bem ac ima do aumento do montante de sinistros , o que pode

indicar problemas financeiros por parte da seguradora .

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5 . 4 . 3 ) Indice de Transferenc ia de Premios ( ITP )

Quando uma seguradora se depara com problemas de caixa , ela

pode se senti r tentada a reduzir seu volume normal de

resseguros e cosseguros cedido s , v isando reter o maior volume

possivel de prêmios para poder saldar seus compromissos

pendentes .

Nestas situações a empresa pode inc idir no grave erro de

assumir riscos que normalmente deveriam ser em parte

repassados , o que acaba por expor a seguradora a uma possivel

insolvênci a , pelo fato d e trabalhar em um patamar de riscos

superior â capacidade tecnicamente recomendáve l de sua margem

de solvência .

Foi então criado o Indice de Transferênci a de Prêmios com o

obj etivo de comparar a evolução percentual do volume de

prêmios cedidos com a

emitidos , sendo estes

evo lução

�ltimos

percentual

considerados

dos prêmios

antes das

transferências dos prêmios . O novo indice é definido por

ITP = [ ( A+B-C-D ) / ( C+D ) - ( E+A+B-F-C-D ) / ( F+C+D ) ] x 100 >= -20%

( 3 1 )

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onde ,

A - Resseguros cedidos do corrente ano ;

B - Cosseguros cedidos do corrente ano ;

C - Resseguros cedidos do ano anterior ;

D - Cosseguros cedidos do ano anterior ;

E - Premios retidos do corrente ano ;

F - Prêmios retidos do ano anterior ;

A formula ( 31 ) indica que a evolução percentual dos prêmios

cedidos não pode ficar mais que 20% abaixo da evolução

percentual dos prêmios emitidos , sob a hipótese de estar a

seguradora operando em um nivel de riscos superior ao

recomendável .

5 . 5 ) A APLI CAçAO DO METODO

Conforme j á mencionado no Capitulo 4 , as demonstrações

financeiras publicadas pelas empresas seguradoras em

atividade no Brasil obedecem a Circular SUSEP número 027 de

28/12/88 , que aprovou a reformulação do plano de contas das

sociedades seguradoras , instituido pela Resolução número

031/78 e Circular SUSEP número 05/79 .

Uma vez divulgadas as demonstrações financeiras de uma

9 6

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seguradora , seu nível de solvenc ia pode ser prel iminarmente

avaliado a partir da obtenção dos dez indices componentes do

Método IRIS adaptado , doravante denominado MIA , permitindo

assim verificar o número de indices que se situam fora das

faixas recomendadas e , dentre estes , de quanto os mesmos se

afastam dos l imites pré-estabelecidos das faixas aceitáveis .

Para a aplicação

inicialmente um

do

total

modelo ,

de 49

é necessário

valores a

extrair-se

partir das

demonstraçoes financeiras divulsadas pelas seguradoras ao

final de cada exerc icio . São elas :

- Ativo c irculante disponivel do ano corrente ;

- Ativo circulante disponivel do ano anterior ;

- Ativo circulante aplicações do ano corrente ;

- Ativo circulante aplicações do ano anterior ;

- Prêmios emitidos a receber do ano corrente ;

- Titulos e créditos a receber do corrente ano ;

- Titulos e créditos a receber do ano anterior ;

- Créditos operacionais IRE do ano corrente ;

- Créditos operac ionais seguradoras do ano corrente ;

- Ativo permanente investimentos do ano corrente ;

- Ativo permanente imobi l izado do ano corrente ;

- Ativo permanente imobilizado do ano anterior ;

- Ativo total do ano corrente ;

- Sinistros a liquidar do ano corrente ;

- Sinistros a liquidar do ano anterior ;

- Debitos operac ionais I RE do ano corrente ;

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- Débitos operacionais seguradoras do ano corrente ;

- Empréstimos de curto prazo do anop corrente ;

- Empréstimos de curto prazo do ano anterior ;

- Emprést imos de longo prazo do ano corrente ;

- Empréstimos de longo prazo do ano anterior ;

- Patrimônio liquido do ano corrente ;

- Patrimônio liquido do ano anterior ;

Prêmios de resseguros cedidos do ano corrente ;

Premios de resseguros cedidos do ano anterior ;

Prêmios de cosseguros cedidos do ano corrente ;

- Premios de cosseguros cedidos do ano anterior ;

- Prêmios retidos do ano corrente ;

- Prêmios retidos do ano anterior ;

Prêmios ganhos do ano corrente ;

Premios ganhos do ano anterior ;

Sinistros retidos do ano corrente ;

Sinistros retidos do ano anterior ;

- Despesas de comerc ial izaçao do ano corrente ;

Despesas de comercial ização do ano anterior ;

Despesas administrat ivas do ano corrente ;

Despesas administrat ivas do ano anterior ;

Despesas com tributos e contribuiçoes do ano corrente ;

- Despesas com tributos e contribuiçOes do ano anter ior ;

- Receitas/despesas financeiras do ano corrente ;

Receitas/despesas financeiras do ano anterior ;

Receitas de depositos no I RE do ano corrente ;

98

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- Receitas de depósitos no I RE do ano anterior ;

- Outras receitas/despesas operacionais do ano corrente ;

- Outras receitas/despesas operacionais do ano anterior ;

- Lucro l íquido do ano corrente ;

- Lucro l i quido do ano anterior ;

- Dividendos recebidos do ano corrente ;

- Dividendos recebidos do ano anterior ;

Convém ressaltar que os valores a serem extraidos diretamente

das demonstrações financeiras das seguradoras , devem ser

aqueles obtidos pe lo critério da corre�ão integral , e não

aqueles referentes ao critério da legislação societár i a . Tal

precaução é de fundamental importânc ia para que os resultados

encontrados nos diversos indices não estejam distorcidos

pelas altas taxas de inflação registradas no Brasi l .

Cabe ainda comentar que ao serem usados nas diversas fórmulas

os valores relativos ao ano corrente e ao ano anterior , ambos

devem estar expressos em moeda com a mesma data-base . O

critério da correção integral j á divulga os valores

referentes ao ano anterior corrigidos monetariamente para a

data de encerramento do ano corrente , podendo portanto tais

valores ser utl izados diretamente nas equaçOes dos indices .

O cálculo dos indices corresponde à fase estat istica do

Método IRI S . Uma vez obtidos os indices pode-se então passar

à fase analitica do método , que corresponde à avaliação

99

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tscnica dos resultados encontrado s , a ser efetuada por

anal i stas financeiros espec ial izados em so lvênc ia de

seguradoras .

100

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CAPITULO 6

O TESTE DO METODO IRIS ADAPTADO

101

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6 . 1 ) A AMOSTRA

Existem hoj e em atividade , no Brasi l , seguradoras de diversas

origens , como por exemplo empresas ligadas a bancos e

empresas estatai s , dentre outras . Tais seguradoras costumam

seguir di ferentes criterios de operacao , conforme ,

estabelecidos pelos respectivos acionistas maj oritârios .

Gal iza ( 1992 , p . 61 - 63 ) classifica as seguradoras em quatro

grandes grupos , a saber :

a ) Grupo I - Financeiras ou ligadas a bancos - sso aque las

ligadas a algum banco privado nacional , isto é , são

controladas ou coligadas a algum banco ;

b ) Grupo 1 1 - Estrange iras - são aque las cuj a maior parte

de seu capital pertence a empresas multinacionais de

seguros , a empresas estrangeiras ou a bancos de capital

externo ;

c ) Grupo 1 1 1 - Estatais - são aquelas l i gadas aos governos

estaduais ou federal , sendo tal l i gação geralmente efetuada

através de um banco do governo ;

d ) Grupo IV Independentes - sso aquelas ligadas a

investidores nac ionais privados , que não sej sm banco s ;

102

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A fim de se testar o M I A , resolveu-se adotar esta

classificação que divide as seguradoras em quatro grupos

principais , sendo no entanto cr iado um quinto grupo extra,

formado por seguradoras que sofreram intervenção da SUSEP nos

últ imos quatro anos .

A amostra de cada um dos quatro primeiros grupos foi formada

por c inco diferentes seguradoras do ramo nao-vida , tendo-se o

cuidado de escolher empresas com diferentes niveis de

performance dentro do grupo .

Para cada empresa pertencente aos quatro

foram calculadas tres séries de dez

primeiros grupos ,

1ndices , relativas

respect ivamente às demonstrações financeiras de 1990 , 1991 e

1992 por elas divulgadas .

Tal procedimento assegurou portanto , quinze séries de indices

para cada um dos grupos I , 1 1 , 1 1 1 e IV .

No quinto grupo , infelizmente , somente fo i possivel obter

quatro séries de indices , sendo duas delas re lat ivas às

demonstrações finance iras de duas diferentes seguradoras e as

outras referentes às demonstrações de 1990 e 1991 de uma

terceira seguradora .

Para a obtenção das sér ies de indices foram extrai dos os 49

103

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valores c itados no item 5 . 5 deste trabalho , diretamente das

demonstracoes financeiras publ icadas . ,

Cabe registrar que os valores referentes aos ativos

monetários , passivos monetários e contas de demonstrativos de ·

resultados relat ivos ao ano de 1989 e obt idos na co luna de

ano anterior das demonstraçoes de 1990 , tiveram que ser

multiplicados por 2 . 0048 antes de serem ut i l izados nas

formulas , de forma a corrigir a defasagem ocorrida entre a

variação da BTNf e do I PC ao longo de 1990 . Maiores

informações sobre este fator de correção podem ser

encontradas em Gonçalves ( 1992 , p . 80 ) .

6 . 2 ) O PROCEDIMENTO ESTATISTICO PROPOSTO

A partir de cada demonstração financeira de um determinado

exerc 1cio é obt ida , pela aplicação do MIA , uma série de

resultados dos dez 1ndices , podendo então �er registrado o

respectivo número de índices desfavoráveis por demonstra�ão

financeira , doravante denominado NIDDF .

Uma vez que existem c inco seguradoras em cada amostra dos

quatro prime iros grupos , pode ser entao um conjunto de 15

N I DDF ' s por grupo . A partir destes quinze valores pode-se

estati sticamente calcular o valor médio e o desvio padrão dos

104

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15 NIDDF ' s , denominados x L e d . , onde •

i representa cada

diferente grupo .

Para o grupo V , formado por seguradoras que sofreram

intervençao da SUSEP nos ult imos quatro anos , calcula-se de *

forma análoga o valor médio dos 4 N I DDF ' s , denominado x .

* De posse de x

então possivel

e dos quatro pares ordenados (x. , d . ) , é

sugerir um procedimento

L. •

estatístico

objet ivando definir a percentagem de seguradoras a serem

analisadas com mais rigor em cada grupo . Tal percentagem é *

obtida pe la aplicaçao de x nas curvas normais definidas

pelos parametros x . e d . para cada um dos grupos I , l I , 1 1 1 e • •

IV .

Este procedimento é mostrado na Figura 3 , onde a área

hachurada corresponde a percentagem de seguradoras a serem

criter iosamente analisadas no respectivo grupo .

x . x� ,

Figura 3 - Definiçao da percentagem de anAlise

105

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Neste trabalho os valores e d . de cada grupo serao L

obtidos , por simplificação , a partir das três demonstrações

financeiras de cada uma das c inco seguradoras de cada grupo .

Na prática , uma vez publicadas as demonstraçoes das

seguradoras ao fim do exerc lcio , os valores x . e d. de L L

cada

grupo devem ser calculados util izando-se os resultados

oriundos da aplicação do MIA nas seguradoras , em atividade ,

integrantes de cada grupo .

A percentagem calculada desta forma , quando mult ipl icada pelo

número total de seguradoras em atividade em cada grupo , ira

indica� a quantidade de empresas a serem anal isadas com maior . .

rigor em cada grupo .

E importante acrescentar alguns procedimentos adicionais ,

visando aumentar ainda mais a eficácia do método proposto , a

saber :

a ) O número de empresas a serem criteriosamente analisadas

em cada grupo deve corresponder ao primeiro inteiro

imediatamente superior ao resultado obtido na multiplicação

da quantidade de seguradoras pel a percentagem extra1da da

curva normal . Este procedimento assegura que pelo menos uma

seguradora de cada grupo sej a criteriosamente investigada ,

por melhor que sejam os desempenhos de seus componentes .

106

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b ) Uma vez definido o nttmero de empresas a serem

investigadas em cada grupo , estas devem ser selec ionadas

com base na quant idade de indices desfavoraveis que as

mesmas apresentaram . Caso haja empate , deve ser escolhida a

empresa que registrou desempenho desfavorAvel no indice de

maior incidência de resultados adversos do grupo V .

Permanecendo ainda o empate , deve-se utlizar então o indice

de segunda maior incidência de resultados adversos do grupo

V , e assim por diante .

c ) Qualquer seguradora que apresentar quatro ou mais

resultados fora das faixas recomendadas , deve ser

investigada independente de ter sido ou não selec ionada

pelos critérios j á descritos . Este limite de quatro indices

adversos foi por muito tempo adotado pelo Método IRIS

original .

6 . 3 ) OS RESULTADOS ENCONTRADOS

Os resultados obtidos pela aplicação do MIA nos diferentes

grupos de seguradoras da amostra , são apresentados nas

Tabelas 1 a 5 . Além dos nttmeros de indices fora das faixas

recomendadas , calculou-se também em cada um dos grupos , os

valores médios dos resultados de cada indice .

As c itadas tabelas são apresentadas a seguir

107

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TABELA 1 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS LIGADAS A BANCOS

INDI CES E FAIXAS DE ACEITACAO

RPM MAX 300%

NUMERO DE

INDICES

15

: VPR : 15 : : MIN-33% , MAX 33% : l --------------- l ---------

ROD MAX 100%

IRI MIN 5%

I I 15

15

' - - - - - - - - - -- - - - - : - - - - - - - - -

VMS 15 MIN- 10% , MAX 50% :

RCB 15 MAX 100%

I NCIDENCIA QUANTITATIVA

FORA DA FAIXA

INCIDENCIA PERCENTUAL

FORA DA FAIXA

o 0 . 0%

3 20 . 0%

--- --- -- - - - - - - , - ------ - - - - - - -

3 20 . 0%

VALOR MEDIO DO

INDICE I I I I

- - - - - - - - - - - - l 87 . 1 :

I I

- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 I

10 . 1 :

- - - - - - - - - - - - l 84 . 4 :

-- --- - - - --- -- - --- -- --- - - - -- - - - - - - - - - - - - - : 2 13 . 3% 20 . 2 :

I ,

-------------- -------------- ------------ l 1 , 6 . 7% , 9 . 4 :

, , , ,

-------------- : -------------- : ------------ l

O : 0 . 0% : 44 . 7 : I I

, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ : _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1

IPA MAX 40%

15 O 0 . 0% : 6 . 5

RMS MIN 0%

ISL MAX 20%

ITP MIN -20%

15 o I

--------- l --------------15 : 2

15 2

--------------- l --------- --------------

TOTAL 150 13

0 . 0%

13 . 3%

13 . 3%

8 . 7%

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

108

10 . 9

-27 . 1 ,

------------ l 5 . 3 :

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TABELA 2 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS ESTRANGEI RAS

INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO

RPM MAX 300%

VPR MIN-33% , MAX 33%

NUMERO DE

INDICES

15

15

INCIDENCIA INCIDENCIA : VALOR MEDIO QUANTITATIVA : PERCENTUAL : DO

FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA : INDICE - - -- - -- -- - - - - - - - - - - --- - - - ---- : - - - - - - - --- - -

3 : 20 . 0% : , , , ,

207 . 9

- - --- --- - - - - --- - - - - - - - - - - - -- - : - - - - - - - --- - -

3 : 20 . 0% : -2 . 5

- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1

ROD MAX 100%

IRI MIN 5%

1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _

VMS MIN- 10% , MAX 50%

RCB MAX 100%

I PA MAX 40%

RMS MIN 0%

15

15

15

15

15

15

5 33 . 3%

1 6 . 7%

5 33 . 3%

5 33 . 3%

1 6 . 7%

- - - - - - - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - -

6 : 40 . 0% , ,

- - - - - - - - - -- - - - , - - - - - - ----- - --

,

89 . 6 :

- - - - --- ----- : 12 . 8 :

, ,

- - - - - -- -- - - - 1 18 . 8 :

- - - - - - --- - - - : 77 . 0 '

20 . 3

- 13 . 3

I SL 15 3 20 . 0% -7 . 7 MAX 20%

- - - - --- ---- -- - - - - - - - - --- -- - - - - - - -- - - -- - - - ---- - ---- -- --- - - - --- - - -

ITP 15 3 20 . 0% -0 . 5 MIN -20%

--------------- 1 --------- -------------- - - --- - - - - - - - -- - --- - - - - - --- -

TOTAL : 150 35 23 . 3% , ,

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- -- - - - - - - - - -- - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - --

109

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TABELA 3 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS ESTATAI S

INDI CES E FAIXAS DE ACEITACAO

RPM MAX 300%

NUMERO INCIDENCIA INCIDENCIA : VALOR MEDIO DE : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : DO

INDI CES : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA : INDICE --- - ----- : --------- ----- -------------- : ------------

15 : 3 20 . 0% : 178 . 7 I I

--------- 1 -------------- ---- --------I

VPR MIN-33% , MAX 33%

15 : 3 20 . 0% 9 . 4 :

ROD MAX 100%

--------- : --------- -----

15 : 4 26 . 7% 93 . 8

I RI 15 7 46 . 7% 4 . 7 MIN 5%

VMS 15 5 33 . 3% 17 . 1 : MIN-10% , MAX 50% I

I -- ---------- ,

I

RCB 15 2 : 13 . 3% 52 . 2 : MAX 100% I

I --------------- ------ - -- : ------ -------- : ------------- - ----------- - :

IPA 15 : 1 : 6 . 7% MAX 40%

10 . 4 :

------------------------- 1 ----------------------------- ------------RMS : 15 : 5 : 33 . 3% 2 . 9

MIN 0% : : : --------------- : --------- : -------------- 1 -------------- ------------

I SL : 15 : 7 : 46 . 7% 1 . 6 MAX 20% : : :

- - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - : - - - - - - -- - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - I - - - - � - - - - - - -

ITP : 15 : 6 : 40 . 0% : 27 . O : MIN -20% : : : : l --------------- l --------- l -------------- l -------------- 1 -------------

TOTAL : 150 : 43 : 28 . 7% : I I

110

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TABELA 4 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS INDEPENDENTES

INDI CES E FAIXAS DE ACE I TACA0

NUMERO DE

INDICES

INCIDENCIA INCIDENCIA : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA

: VALOR MEDIO DO

INDICE - - - - - - - - - - - - - - - : - - - - - - - - - : - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - -

RPM : 15 : 2 : 13 . 3% : 209 . 4 MAX 300% : :

. - - - - - - - - - - - - - - - : - - - - - - - -- : - - - - - - - - - -- -- - - - - --- - - - - - - - -- - - - - - -- - --- -

: VPR : 15 : 2 : 13 . 3% -2 . 3 : MI N-33% , MAX 33% : : --------------- l --------- : -----------------------------

ROD MAX 100%

, , , ,

15

- - - - - - -- -- -- - - - : - - - - - --- -

IRI : 15 MIN 5% :

- - - - - - - - - - - --- - : - - - -- - - - -

VMS : 15

1 : 6 . 7%

6 : 40 . 0%

1 : 6 . 7% , MI N- 10% , MAX 50% ' : - - ---- - - - - - - - - -

RCB MAX 100%

IPA MAX 40%

: - - - -- - - - - - - - - - -

, RMS MIN 0%

I SL MAX 20%

- - - - - - - - - : -- - - - - - - - - - - - --- - - - - - - - - - - - - -

15 : 2 : 13 . 3%

- - -- - - -- - : - - - - - - - - - - - - - --- - - - - - - -- -- - --

15 : O : 0 . 0%

-- - -- - - - - : -- - - - - - - - - - --- - - - - - - - -- - -- - - -

15 : O ' 0 . 0% , ,

- - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - -

15 : O 0 . 0%

- -- --- -- - : - - - - - - - - - - - - - -

9 1 . 4

10 . 2

16 . 6

78 . 9 ,

14 . 8

8 . 2

-2 . 9

ITP MIN -20%

15 : 3 20 . 0% , 16 . 8 : , ,

- - - - - -- - - - - - - - - : - - - -- - - - - : - - - - - --- - - - - - -

TOTAL 150 : 17

1 1 1

- - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - -

11 . 3% :

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,

TABELA 5 - RESULTADOS DO MIA EM SEGURADORAS QUE SOFRERAM INTERVENCAO

INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO

RPM MAX 300%

VPR MIN-33% , MAX 33%

ROD MAX 100%

NUMERO DE

INDICES

INCIDENCIA INCIDENCIA : QUANTITATIVA : PERCENTUAL : FORA DA FAIXA : FORA DA FAIXA

- - - - - - - - - l - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

4 : 1 25 . 0% , ,

: VALOR MEDIO DO

INDICE , , , ,

- - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 ,

201 . 3 :

_ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - l 4 3

4 1

75 . 0% 4 . 3 : , ,

- - --- - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - l 25 . 0% 98 . 7 :

IRI 4 2 50 . 0% 7 . 8 : MIN 5%

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - , - - - - - - - - - - - - --

VMS MIN- l0% , MAX 50% '

,

4 ' 3

RCB 4 1 MAX 100%

IPA MAX 40%

4 o ,

-------------- ------------ l 75 . 0% - 11 . 1 :

---- - - --- - - - - - - - --- - - - --- - : 25 . 0% 80 . 7 :

, ,

- - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - : 0 . 0% 8 . 8 :

, ,

- - - - - - - - _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1

RMS MIN 0%

4

4

,

4 ' 100 . 0%

2 50 . 0%

,

- 15 . 3 : , ,

- - - - - - - - - - - - 1 42 . 4 :

, ,

I SL MAX 20% I

, l ---------------, , , ,

ITP MIN -20%

1 ---------------TOTAL

4

40

- - - - - - - - - - - - : 2 50 . 0% -33 . 5 :

19 47 . 5%

112

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Observa-se que os resultados encontrados para o grupo das

seguradoras que sofreram intervençao sao nitidamente

diferentes dos demais . No c itado grupo obteve-se uma

incidência percentual de indices fora da faixa de 47 . 5% ,

demonstrando que quase a metade de todos os indices nele

obtidos não obedeceu aos limites pré-estabelecidos de

aceitação , o que é uma forte indicação da eficácia dos

indices propostos .

Para a aplicaçao do procedimento estat1stico proposto , foram

ainda calculados para cada um dos grupos I , l I , 1 1 1 e I V , o

valor médio e o desvio padrão dos NIDDF " s . Os resultados

encontrados são apresentados na Tabe la 6 .

TABELA 6 - VALOR MEDIO E DESVIO PADRAO DOS N I DDF " S

Grupos

I - Bancos

1 1 - Estrange iras

r r r - Estatais

rv - Independentes

Valor Medio (x. ) Desvio padrao ( d. ) L L

0 . 87

2 . 33

2 . 87

1 . 13

0 . 96

2 . 24

1 . 7 1

0 . 88

Para o grupo V , formado pelas seguradoras que sofreram *

intervencao nos ultimos quatro anos , foi calculado x = 4 . 7 5 , ,

113

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*

onde x corresponde ao valor medio dos NIDDF ' s deste grupo .

*

A partir de x e dos quatro pares ordenados ( x . , d . ) , é • •

possivel calcular a percentagem de seguradoras que devem ser

criteriosamente analisadas em cada grupo , *

através da

aplicação de x nas curvas normais definidas por ( x. , d . ) , • •

conforme j á mostrado na Figura 1 . As percentagens obtidas são

apresentadas na tabela a seguir .

TABELA 7 - PERCENTAGENS CALCULADAS PARA CADA GRUPO

Grupos

I - Bancos

1 1 - Estrangeiras

I I I - Estatais

IV - Independentes

Percentagem a ser analisada

0 . 002%

14 . 0 10%

1 3 . 570%

0 . 002%

Cabe ressaltar que a Tabela 5 anteriormente apresentada é de

vital importânc ia para a uti l ização do procedimento

estatistico proposto , uma vez que ne la é apresentada a

incidência percentual de resultados fora da faixa de cada

indice para o grupo de seguradoras que sofreram intervenção .

Conforme j a mencionado na observaçao b do item 6 . 2 , tal

114

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incidencia percentual deve servir como criterio de decismo ,

caso haj a empate na quantidade de indices desfavoravei s

quando da seleção das empresas a serem investigadas em cada

grupo .

6 . 4 ) ANALISE DOS RESULTADOS

De forma a possibi l itar uma melhor visualizaçao dos valores

médios de cada indice nos cinco grupos de seguradoras , foi

montada a Tabela 8 , a partir dos resultados das Tabelas 1 a 5

j á apresentadas .

Com base na Tabela 8 pode-se observar

a ) Os cinco grupos apresentaram valores medios do indice

Razão entre Prêmios Retidos e Margem de Solvênci a ( RMS )

dentro da faixa aceitável . O grupo das seguradoras ligadas

a bancos apresentou um valor médio bastante inferior aos

observados nos demais grupos , devido princ ipalmente às suas

elevadas margens de solvências e não a pequenos volumes de

prêmios retidos como a rela�ão parece indicar .

Este aspecto dos grandes valores de MS encontrados nas

seguradoras ligadas a bancos j a havia sido destacado por

Gonçalves ( 1992 , p . 83 ) que apontou como uma possivel

expl icaçao para este fato , a alta competênc ia dos grandes

115

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TABELA 8 - VALORES MEDIOS DOS INDICES PARA CADA GRUPO

INDICES E FAIXAS DE ACEITACAO

RPM MAX 300%

VALORES MEDIOS DOS INDICES

BANCOS : ESTRANG . ESTATAI S : INDEPEND . INTERV . -- - - - - -- - , - ---- - - - -,

87 . 1 : 207 . 9 - - - - -- - - - 1 -- - - - - - - - -- - - - - -- -

178 . 7 : , ,

209 . 4 201 . 3

- - - _ _ _ _ _ _ 1 _ _ _ _ _ _ - - - -- - - - - - � - : - - - - - - - - - - - - - --- -- , , ,

VPR : 10 . 1 : -2 . 5 9 . 4 : -2 . 3 4 . 3 : MIN-33% , MAX 33% : ,

, - - - - - -- - - - - - - - - : - - - - -- - - - l - - - - - - -- - _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - ---- , - --_ _ _ _ _ _ 1

ROD 84 . 4 89 . 6 93 . 8 91 . 4 : 98 . 7 MAX 100%

I RI MIN 5%

VMS : MIN- 10% , MAX 50%

20 . 2 12 . 8 I 4 . 7 , ,

--- - - - - - - 1 --- , - - - - -

9 . 4 , 18 . 8 : 17 . 1

- - - - - - - - - : -- - ----- -

RCB 44 . 7 77 . O : 52 . 2 MAX 100%

- - - - - - - - - : ---- - - -- -

10 . 2 7 . 8

16 . 6 - 11 . 1

--------- 1 ---------78 . 9 : 80 . 7

- - - - - -- -- , - - - - - -- - -, IPA

MAX 40% 6 . 5 20 . 3 : 10 . 4 14 . 8 : 8 . 8 :

RM5 MIN 0%

I 5L MAX 20%

ITP MIN -20%

, ,

- - -- - --- - : - - - - - --- - --------- 1 10 . 9 - 13 . 3 : 2 . 9

, , I ,

8 . 2 - 15 . 3 :

- - - - - - - - - - -- - - -- - - l - - - - - - - - - l - - - - - - - -- - - - - - - - - -

-27 . 1 : -7 . 7 : 1 . 6 : -2 . 9 42 . 4 , , , ,

--------- : --------- 1 --------- 1 --------- , ---------5 . 3 : -0 . 5 : 27 . 0 : 16 . 8 : -33 . 5

1 1 6

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conglomerados finance iros em investir o capital excedente ,

nao se importando em manter suas seguradoras muito

capitalizadas , talvez até mesmo para auferir vantagens

fiscais .

b ) Apesar dos c inco grupos apresentarem valores favoráve is

para o indice Razão Operacional de Dois Anos ( ROD ) , nota-se

que apenas o grupo das seguradoras que sofreram intervenção

apresenta um valor médio para a ROD próximo ao l imite

superior da faixa ace itave l , indicando portanto um patamar

de custos bastante superior aos verificados nos demais

grupos .

c ) No indice correspondente Rentabi lidade

Invest imentos ( IRI ) , os valores médios mais adversos

encontrados nos grupos de seguradoras estatais

dos

foram

e de

seguradoras que sofreram intervenção nos ültimos anos ,

enquanto que a maior rentabilidade foi registrada no grupo

das seguradoras ligadas a bancos .

Os resultados encontrados confirmam a eficiência da gestão

finance ira das seguradoras l igadas a bancos , conforme j a

comentado na observaçao a e tambem indicam uma ma

administração financeira dos recursos por parte das

seguradoras estatais .

d ) Apenas as seguradoras do grupo V apresentaram um valor

1 17

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médio desfavorável para o indice de Variaçao da Margem de

Solvência ( VMS ) . Analisando-se a Tabela 5 , vê-se que 75%

das seguradoras do grupo V apresentaram resultados

desfavoráve is para este indice , indicando que um decréscimo

superior a 10% na MS pode ser considerado um importante

indicio de dificuldades financeiras por parte da

seguradora .

e ) Os grupos de seguradoras estrangeiras e de seguradoras

que sofreram intervençao , foram os únicos que apresentaram

valores médios do indice Retorno sobre a Margem de

Solvênc ia ( RSM ) fora da faixa recomendada . Analisando-se as

Tabelas 2 e 5 , observa-se que apenas 40% das estrangeiras

apresentaram resultados desfavoráveis para a RSM , enquanto

que 100% das seguradoras que sofreram intervençao

apresentaran resultados adversos para este indice ,

indicando ser ele um eficaz sinalizador de problemas

financeiros na seguradora .

f ) Somente o grupo das seguradoras que sofreram intervenção

apresentou valores médios desfavoráve is para os indices de

Sinistros a Liquidar ( I SL ) e de Transferência de Prêmios

( ITP ) . Pela Tabela 5 nota-se que 50% das seguradoras do

grupo V apresentaram resultados adversos para estes

índices , o que leva a concluir que os mesmos sao

indicadores eficientes de problemas de inso lvênc ia nas

1 18

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seguradoras .

Continuando a analise dos resultados encontrados , convem

ressaltar que o MIA se mostrou bastante eficaz no sentido de

apontar problemas de insolvência de seguradoras do ramo nao

vida em atividade no Brasi l . Enquanto que o grupo formado

pelas seguradoras que sofreram interven9ao apresentou uma

média de 4 . 75 indices desfavorávei s por demonstração

financeira , os grupos I , l I , 1 1 1 e IV apresentaram médias de

0 . 87 , 2 . 33 , 2 . 87 e 1 . 13 indices adverso s , respectivamente ,

conforme mostra a Tabela 6 .

Nota-se que os piores resultados foram en90ntrados no grupo

das empresas que realmente tiveram problemas de insolvencia

nos últimos ano s .

A média de 2 . 87 indices adversos para a s empresas estatais

não deve causar surpresas , uma vez que no geral tais empresas

não se constituem em "modelos de excelência administrativa " ,

e que muitas delas somente sobrevivem graças às generosas

injeGões de capital por parte dos respectivos acionistas

maj oritário s .

Quanto a media de 2 . 33 índices desfavorave is encontrada para

as seguradoras ligadas a grupos estrange iro s , talvez este

fato possa ser explicado pela alta competencia e apo io

técnico de suas matrizes , que auxil iam e orientam na

119

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atividade de "underwriting " , permitindo que tais empresas

trabalhem muito proximas ou ate mesmo ultrapassem , em algumas

vezes , os l imites normalmente recomendâve is , possibilitando

que as mesmas operem com baixos niveis de capitalizacão .

No que diz respeito ao procedimento

observa-se pe la Tabela 7 que os

estatistico proposto ,

grupos de empresas

estrangeiras e estatais são os que devem ter os maiores

números de empresas criteriosamente analisadas , enquanto que

as seguradoras

independentes não

ligadas a bancos e as

apresentaram indicaçOes de

insolvência pela apl icação do MIA .

120

seguradoras

riscos de

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CAPI TULO 7

CONCLUSOES E SUGESTOES

121

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7 . 1 ) CONCLUSôES

A proposta de um novo método de avaliação da solvência para

as empresas de seguro não-vida no Brasil parece ter sido

plenamente atingida .

Conforme j a menc ionado , o grupo das empresas que

problemas de inso lVênc ia nos �ltimos anos

enfrentaram

fo i o que

apresentou o maior número de resultados desfavoráveis no

método proposto , indicando que a adoção do MIA pode se

constituir em um eficiente mecanismo de alerta no sentido de

identificar seguradoras que atravessam ou que possam vir a

atravessar , em um futuro proximo , problemas financeiros em

seus ciclos operacionai s .

Cabe observar que além dos indices adaptados do Método IRIS

original , os três novos indices criados se mostraram bastante

eficazes quanto à identificação de problemas financeiros nas

seguradoras . Sobretudo o indice Retorno sobre a Margem de

Solvência , que no grupo de seguradoras insolventes apresentou

uma incidência de 100% de resultados desfavoráve is , deve ser

considerado como um fortissimo indicador de dificuldades

financeiras de uma seguradora , uma vez que nenhuma empresa ,

qualquer que sej a sua linha de atividades , consegue

sobreviver por muito tempo amargando resultados negativos ao

1 22

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final dos exercic ios .

A fim de veri ficar a e ficác ia do método proposto , decidiu-se

aval i ar as empresas que compõem o grupo V também pe lo método

de solvênc ia atualmente adotado pela SUSEP . Os resultados são

apresentados no Apêndice , onde se pode verificar que as

mesmas demonstrações que pelo método proposto apresentaram

uma média de 4 . 75 indices desfavorávei s , atenderam plenamente

as exigências de solvência atualmente em vigor no Brasil .

Com base no exposto , o MIA pode ser sem dúvida alguma

considerado e ficaz no sentido de aux i l iar a SUSEP no controle

de solvenci a das seguradoras do ramo não-vida em atividade no

Brasi l .

Convém mais uma vez lembrar que os resultados encontrados no

MIA devem servir apenas para orientar o órgão fiscal izador

quanto à priorizacão de suas atividades de acompanhamento das

operações das empresas . Qualquer conc lusão definitiva somente

deverá ser tomada após uma análise criteriosa dos resultados

encontrados , efetuada por espec ial istas financeiros .

A grande vantagem do MIA é o fato de que todos os seus

indices podem ser calculados a

disponive is nas demonstrações

publ icadas pelas empresas , o

partir das

financeiras

que permite

fiscalizador uma prime ira análise dos principais

123

informações

oficialmente

ao orgao

indicadores

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de desempenho das seguradoras , em um espaço de tempo bastante

reduz ido .

A util izacao do MIA pode ser de grande valia nao apenas para

o órgão oficial de controle da so lvênc ia no Brasil , mas

também para os corretores de seguros em geral , que de uma

maneira simples e rápida podem avaliar o desempenho das

diversas empresas de seguros não-vida em atividade , visando

indicar aos seus segurados aquelas companhias que apresentam

menores nümeros de 1ndices desfavoráveis nos resultados do

MIA .

7 . 2 ) SUGESTOES

Os três 1ndices do método original que obj et ivavam a

avaliação das reservas da seguradora

suprimidos por falta de informações

tiveram que

dispon1ve is

ser

nas

demonstrações financeiras das seguradoras brasi leiras . Mesmo

tendo sido criado o I ndice de Sinistros a Liquidar , o aspecto

das reservas deve ser analisado com maior profundidade em um

método que se proponha a avaliar a solvênc ia de empresas

seguradoras , ficando portanto a sugestão de que a SUSEP exi j a

das seguradoras informações mais detalhadas a respeito do

desenvolvimento de suas reservas , tais como mostrado em

Suisse de Reassurances ( 1987 , p . 18-34 ) .

124

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o presente estudo visou a adaptacao do Metodo IRIS apenas

para as seguradoras que operam no segmento não-vida . Uma vez

que cabe à SUSEP a fiscalização de todas as seguradoras em

atividade , faz-se pois necessârio que o mesmo trabalho sej a

também implementado para as seguradoras que atuam no segmento

vida .

Cabe ressaltar que o Método IRI S , em sua fase estatist ica ,

calcula o número de indices desfavorâveis de cada seguradora

e , somente em uma etapa posterior , é que são analisados

qual itativamente os pontos em que a empresa nào apresentou

desempenhos dentro das faixas aceitáveis . V isando aperfeiçoar

esta fase do método , poderiam ser atribuidos pesos

diferenci ados aos diversos indices , conforme os graus de

influênc ia dos mesmos na indicação de inso lvênc i a , de forma a

que o NIDDF passasse a demonstrar um total qual itat ivamente

ponderado de indices desfavorávei s , e não apenas a simples

soma aritmética dos mesmos , como se todos t ivessem a mesma

importância para o resultado final .

Um outro ponto que merece um estudo mais aprofundado diz

respe ito a aproximaçao pela curva normal que foi util izada no

procedimento estat1stico proposto , quando da determinação do

número de seguradoras a serem analisadas em cada grupo .

Talvez uma outra distribuiçãO de probab i l idades seja mais

adequada , dadas às caracter1st icas do evento em questão .

125

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Convém ainda mencionar que a partir da obtenção dos índices

econômico-financeiros do MIA , a solvênc ia das seguradoras

poderia também ser avaliada ut i l izando-se uma técnica

estat istica denominada aná l ise descriminante múltipla , onde

seria calculado um parâmetro de solvênc ia para cada

seguradora através de uma combinacão l inear ou quadrAtica dos

resultados encontrados para os diversos indices . Estudos a

respeito do emprego desta técnica na anAlise de faléncias de

empresas podem ser encontrados em Altman e outros ( 1977 ,

p . 3-54 ) e Kasznar ( 1987 , p . 45-80 ) , sendo portanto possivel

que os mesmos sej am adaptados tambem para a analise da

solvênc ia de seguradoras .

E importante ainda ressaltar que a adoça0 do MIA poder ia , a

médio prazo , possibilitar a criaç!l.O de um "ranking" de

seguradoras , onde as mesmas seriam c lassificadas conforme

seus desempenhos nos testes ao longo dos anos , indicando

tendênc ias ascendentes ou descendentes de desempenho , e

também com base nos pareceres de analistas financeiros

especial izados em operações de seguradoras . Esta realidade j á

e encontrada hoj e em países estrange iros , exist indo inclusive

empresas independentes especial izadas na confecç!l.o destes

" rankings" , que servem de suporte pra corretores e segurados

em geral .

126

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APENDI CE

o obj etivo deste apêndice é apresentar os resultados

na aplicação do critério atual de solvência da

obtidos

SUSEP às

demonstrações financeiras das seguradoras do grupo V , isto é ,

do grupo de empresas que enfrentaram problemas de insolvência

nos últimos anos .

De acordo com a Resolução CNSP número 008/89 de 21/07/1989 ,

todas as soc iedades seguradoras que operam no pais devem

apresentar , por ocasião do encerramento das demonstrações

financeiras de junho e dezembro , uma MS satisfatória que

consiste na existência de um Ativo Liquido no minimo igual ao

maior dos seguintes valores :

a ) Vinte por cento da média anual do total da receita

l iquida de prêmios emitidos nos últimos 36 meses ;

b ) Um terço da média anual do total dos sinistros ocorridos

e avisados nos últimos 60 meses .

o At ivo Liquido é obtido a partir do Patrimônio Liquido ,

sendo este procedimento j á comentado no item 5 . 3 . 1 . 1 .

Por questão de simplificaçao na obtençãO dos resultados ,

foram adotadas as mesmas aproximaçOes

GonGalves ( 1992 , p . 79-81 ) , a saber :

utiJ.izadas por

a ) Os Ativos Liquidos foram obtidos diretamente dos mapas

127

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demonstrativos de solvencia da SUSEP ;

b ) Ao invés das médias dos ultimos três anos para os

premios e c inco anos para os sinistros , foram util izados os

prêmios do últ imo ano e os sinistros médios dos últ imos

dois ano s .

O s resultados obtidos são apresentados n a tabela a seguir .

TABELA 9 - APLI CACAO DO CRITERI O BRASILEIRO DE

SOLVENCIA AS EMPRESAS DO GRUPO V

Demonstrações

Financeiras

Empresa A - 1990

Empresa B - 1990

Empresa C - 1990

Empresa C - 1991

Ativo Liquido

20% x Premios

3 . 46

2 . 32

3 . 39

1 . 45

Ativo Liquido

33% x Sinistros Médios

6 . 50

1 . 53

2 . 23

1 . 82

verifica-se pois que as demonstrações financeiras das

empresas que enfrentaram probemas de insolvência nos

últimos anos não acusaram nenhuma irregularidade , quando

submetidas ao criterio de solvência atualmente adotado pela

SUSEP .

128

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