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distribuição gratuita • #66 • 4.ª série • edição trimestral • março 2013 Política Comum de Pescas Seguros: Marítimo-Turística Ecoturismo: “We Like Sharks” Entrevista Rui Silveira, velejador do Clube Naval da Horta O caminho faz-se caminhando marés-reVista Para os setores do mar e da eCoNomia soCial Uma força associativa e uma ponte para vários mares MÚTUA DOS PESCADORES

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d i s t r i b u i ç ã o g r a t u i t a • # 6 6 • 4 . ª s é r i e • e d i ç ã o t r i m e s t r a l • m a r ç o 2 0 1 3

Política Comum de PescasSeguros: Marítimo-TurísticaEcoturismo: “We Like Sharks”

Entrevista

Rui Silveira, velejador do Clube Naval da Horta

O caminho faz-se caminhando

m a r é s - r e V i s t a P a r a o s s e t o r e s d o m a r e d a e C o N o m i a s o C i a l

Uma força associativa e uma ponte para vários mares

MÚTUA DOS PESCADORES

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março’13 3

Traçando o rumo

> editorial: Jerónimo teixeira

1. Balanço de 2012Não nos vamos alongar em referências gerais, mas não é pos-sível ignorar a realidade que nos cerca e olharmos apenas para o “umbigo”. A realidade, citando os dados oficiais de indicadores incontornáveis, mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 desceu -3,0% e estima-se que em 2013 desça novamente -1,9%. O Consumo Privado e o Consumo Público em 2012 des-ceram respetivamente -5,5% e -4,5% e para 2013 projetam--se novas reduções de -3,6% e -2,4%. Mas ainda mais grave é que o Investimento, Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em 2012 desceu -14,4% e prevê-se para 2013 mais uma descida de -8,5%. Todos estes dados do Banco de Portugal (BdeP), mos-tram a gravíssima recessão que afeta a economia portuguesa e que não se perspetiva uma mudança de rumo no próximo futuro.Do ponto de vista social a situação mais grave é o desempre-go e segundo os dados do EUROSTAT ele atingiu uma taxa de 17,3% em dezembro de 2012, quando um ano antes era de 14,7%. E não pára de crescer, apresentando em jan/2013 o valor de 17,6%, sendo que na UE só a Grécia e a Espanha apresentam taxas mais elevadas.No setor dos seguros registou-se uma descida de -6,7% dos prémios, sendo de -3,9% nos ramos Não Vida, segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores (APS). No maior ramo, Automóvel, a redução foi de -4,8% e no de Acidentes de Trabalho de -10,6%, o que certamente tem a ver com a re-dução do emprego, dos salários, mas também da redução de taxas efetuada por muitas seguradoras, o que conduziu a uma taxa de sinistralidade insustentável de 105,7%.Quanto à pesca verificamos que houve uma redução de -8,6% das quantidades descarregadas em lota, mas um crescimento do preço médio do pescado na 1ª venda de 9,3%, o que permite avaliar que o setor terá tido uma estabilidade na receita. Ainda segundo o DATAPESCA, a única região do país que teve um cresci-mento quer das quantidades quer da receita foi a Madeira, já que cresceu 29,0% nas quantidades e o preço médio desceu -10,3%.Neste contexto a Mútua apresentou um Resultado do Exercício de 601 mil euros (m/€) e um Resultado Líquido (após impostos) de 436 m/€, é certamente muito positivo e tal explica-se fun-damentalmente por ter regressado a uma taxa normal de sinis-tralidade (63,2%), o que não ocorreu nos dois anos anteriores.De referir ainda que os prémios da Mútua desceram -7,0%, mas se retirarmos a influência de França e Desporto, áreas que deixámos de trabalhar fruto dos resultados negativos que registaram no passado, temos um pequeno crescimento de 0,7% nos prémios emitidos.A tudo isto junta-se uma descida nas despesas gerais de -12,3%.

Os resultados verificados e a valorização de ativos levou a que os Capitais Próprios tenham crescido 1.116 m/€, atingindo em 2012 o valor de 7.727 m/€.Este é o rumo que queremos para a Mútua, de reforço da sua solidez, garantindo aos cooperadores e a todos os segurados um bom serviço e o cumprimento das obrigações contratuais no respeito pelos valores e princípios cooperativos, o que im-plica uma forma singular de estar nos seguros, solidária, hu-manista e sem fins lucrativos.

2. Perspetivas para 2013 Num contexto de grande crise resistir da melhor forma às múl-tiplas dificuldades que se irão colocar, é a prioridade que se deve assumir.Sabemos que o controlo da sinistralidade é fundamental, para um menor sofrimento humano e pela redução das perdas ma-teriais, pelo que a Mútua prosseguirá, ainda mais intensamen-te, as ações de sensibilização e formação para a prevenção, higiene e segurança no mar.O rigor que sempre deve ser posto na gestão tem ainda que ser elevado a um mais alto nível, num contexto deste tipo.Dar continuidade às principais linhas de trabalho e prosseguir no desenvolvimento dos projetos selecionados, entre os quais destacamos a plataforma para a Gestão de Sinistros, que per-mitirá acompanhar de uma forma mais célere, eficaz e rigorosa as várias ações na regularização de sinistros, sendo a priorida-de os do ramo de Acidentes de Trabalho. Contribuirá também para a desmaterialização que se pretende ir implementando.

3. Eleições para o quadriénio 2013/2016 A eleição dos Órgãos Sociais para o quadriénio 2013/2016 (24 de março) em 36 mesas de voto distribuídas de Viana do Cas-telo ao Corvo e para a qual se espera uma significativa parti-cipação de cooperadores, no exercício dos seus direitos demo-cráticos, consagrará os dirigentes que serão responsáveis pela governação da Mútua nos próximos quatro anos, procurando executar o Programa que apresentaram e que igualmente será escrutinado.O lema escolhido “Cooperar para desenvolver um seguro soli-dário” pela Lista que se apresentou às eleições, na continuida-de do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, espelha bem o espírito e o objetivo fundamental. De salientar igualmente que sem perder a identidade, é visível o significativo número de candidatos que se apresentam pela primeira vez, contribuindo para a diversidade de conhecimen-tos e experiências dos futuros Órgãos Sociais, onde também será mais visível a presença e relevo de funções de mais mu-lheres, que certamente enriquecerão com a sua sensibilidade própria estruturas tradicionalmente ocupadas quase exclusi-vamente por homens.A Mútua dá mais uma prova de maturidade e de garantia aos seus cooperadores, mas também aos resseguradores, aos re-guladores e a todos os seus parceiros, de que prosseguirá a sua missão, no respeito pelos seus compromissos, deveres, princípios e valores, bem como no rigoroso cumprimento da lei e regulamentação aplicável.No nosso entender, este é o rumo certo.

10 de março de 2013

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traçando o rumo

Notícias

seguros• marítimo-turística - Portugal, um mar à descoberta: aventure-se com segurança!

segurança no mar• o uso dos coletes insufláveis na pesca local

eleições• mútua dos Pescadores - uma força associativa e uma ponte para vários mares

Política Comum de Pesca• regulamento de base da Política Comum das Pescas no Parlamento europeu, eurodeputada maria do Céu Patrão Neves

Cultura marítimo Fluvial• museu da baleia da madeira• museu do bacalháu-ihavo• a valorização e o reconhecimento da cultura avieira como património nacional

recreio• entrevista a rui silveira, velejador do Clube Naval da Horta

ecoturismo• Projeto “We like sharks”

opinião• observatório marés

investigação• Quanto custa ser pescador artesanal?

marleanet• Com chave de ouro …. ancorar ou largar?

da mútua• a atualidade da mútua dos Pescadores

Pequenos anúncios

Sumário

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• Propriedade> Mútua dos Pescadores - Mútua de Seguros, C.R.L., Avenida Santos Dumont 57, 6º - 1050-202 Lisboa, Tel.: 213 936 300, Fax: 213 936 310, www.mutuapescadores.pt, [email protected], NIPC 500 726 477 • director> José António Amador • Conselho editorial> Jerónimo Teixeira, Cristina Moço, Adelino Cardoso e Marta Pita • edição, Produção e Publicidade> Bleed - Sociedade Editorial e Organização de Eventos, Lda., Av. da República 41, 3.º - 305, 1050-187 Lisboa, Tel.: 217 957 045/6, [email protected] • impressão> Socingraf, Lda • tiragem> 8.000 exemplares • N.º registo> 124498 • dep.legal>209498/04

A Marés adota o Acordo Ortográfico, mas respeita a opção de cada autor

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NotíciasPesCa

Relatório sobre a pequena pesca aprovado no PEO Parlamento Europeu aprovou em 22 de novembro de 2012, com 474 votos a favor, 45 contra, e 13 abstenções o Relatório sobre a pequena pesca costeira, a pesca artesanal e a refor-ma da Política Comum das Pescas, apresentado pelo eurode-putado João Ferreira (do grupo GUE/EVN), da Comissão das Pescas do Parlamento. Com este Relatório o PE adota medidas concretas dirigidas à pequena pesca, que representa cerca de 80% da frota comunitária e uma abordagem descentralizado-ra da gestão dos recursos. Em Portugal esta frota representa 90% frota nacional.Alguns princípios orientadores do Relatório:

Diferenciação positiva - “impacto territorial, social e cul-tural muito variado no continente, nas ilhas e nos territórios ultraperiféricos e apresenta problemas específicos, que a di-ferencia da pesca em grande escala e da aquicultura intensiva ou industrial” e “é essencial à criação e manutenção de em-pregos nas regiões costeiras e que participa na independência alimentar da UE, no ordenamento das zonas costeiras e no abastecimento do mercado europeu dos produtos da pesca”.

Prevalência de fatores de ordem social e ambiental na estratégia de redução da frota pesqueira sobre os fatores estritamente económicos, como as concessões de pesca trans-feríveis (CPT), já que estes instrumentos do mercado podem levar à prevalência das frotas mais competitivas economica-mente, em detrimento da frota da pequena pesca.

Algumas medidas concretas, nomeadamente através do fu-turo Fundo Europeu para os Assuntos Marítimos e as Pescas, FEAMP/2014-2020, que está a ser discutido na Comissão Eu-ropeia:

Medidas estruturais: melhoria das condições de segurança e de trabalho a bordo, da conservação do pescado e da susten-tabilidade económica e ambiental das embarcações (seletivi-dade das artes, eficiência energética, etc); apoio à associação, organização e cooperação dos profissionais; construção de portos de pesca e instalações para o desembarque, armazena-mento e venda de produtos da pesca; apoio para situações de emergência (catástrofes naturais, etc) e compensações finan-ceiras nas paragens biológicas; possibilidade de definição de áreas de acesso exclusivo para a pequena pesca; defesa dos instrumentos públicos de regulação dos mercados existentes.

Rejuvenescimento do setor e formação - regime de in-centivos à entrada e manutenção de jovens; educação e cam-panhas de sensibilização para a importância do consumo de peixe proveniente da pequena pesca e seus efeitos positivos na economia local e ambiente; formação profissional.

Comercialização: apoio à promoção e comercialização dos produtos de pesca artesanal e de aquicultura extensiva, atra-vés da criação de um rótulo europeu que os reconheça e iden-tifique quando respeitem as boas práticas de sustentabilidade e os princípios da PCP.

Promoção do papel da mulher – apoio às suas associações; formação profissional para as mulheres; apoio a atividades efetuadas em terra, e às atividades associadas à pesca.

AIC2012

“Em 2012 as cooperativas tomaram de assalto o país e o mundo”. Esta poderia ter sido a parangona noticiosa dos jor-nais desse ano, mas não foi. O AIC2012 não teve o impacto desejado pelos atores do mo-vimento. Os ventos que dominam são de outra ordem, e as cooperativas, como sabemos, resistem à crise, as que resis-tem, e pouco espaço de manobra têm para se lançarem em voos mais altos.No entanto o movimento empenhou-se com os meios que teve à sua disposição: contou com o apoio da CASES e das Confederações do setor, Confagri e Confecoop. E na sua es-cala, marcou diferença e fez história por onde passou. As iniciativas (21 no total) foram variadas e almejavam 3 obje-tivos centrais - divulgação do setor Cooperativo, reflexão da atividade cooperativa e divulgação de boas práticas do setor Cooperativo. Produziram-se 12 publicações, destacando-se o livro de João Salazar Leite sobre a publicação primordial do setor, o Boletim cooperativo, de António Sérgio; elaboraram-se 17 produtos, destaque para a medalha comemorativa e a edição especial de um selo alusivo ao movimento. Estive-ram envolvidas 2200 pessoas, dentro e fora do setor coo-perativo, designadamente cerca de 900 jovens, através dos workshops GeraçãoCoop.

Da nossa parte empenhámo-nos na realização de duas des-tas iniciativas: a CooperAção – Mostra de Identidade Cooperativa (22 e 23 de Junho, Lisboa), por iniciativa da Confecoop, e o VII Encontro Mútua/ 70º aniversário/Conferência final Marleanet (10 novembro, Peniche), que, não temos dúvidas, deixaram sementes…

marta Pita

Fotografias 1 e 2 – VII Encontro – Sessão solene e a festa! O presidente da Direção e da Mesa da Assembleia-geral da Mútua tomam a dianteira...Fotografias 3 a 5 - CooperAção – Escolinha cooperativa, pintura de mural cooperativo pelas crianças e grupo de Teatro do Elefante, Voz do Operário, 22 junho

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alFabeto do deseNVolVimeNto

Uma exposição e um livro/catálogo para pensar o Desenvolvimento

A educação e sensibilização para o desenvolvimento são parte de um processo de cons-trução de uma cidadania ac-tiva e de uma opinião públi-ca esclarecida, consciente e interventiva em relação aos desafios globais. Numa época caracterizada pela vertigem e simplificação da informação, por um lado, e pela crescen-te globalização e interdepen-dências, económicas, sociais, culturais, por outro, importa

criar espaços de debate e reflexão, e possibilitar a compreen-são das responsabilidades individuais e colectivas, bem como a identificação de possibilidades de mudança. É esse o desafio do Alfabeto do Desenvolvimento, lançado a 57 autores – jornalistas, investigadores e fotógrafos portugueses e internacionais –, por uma ONGD, a ACEP – Associação para a Cooperação Entre os Povos, uma Associação de Desenvolvi-mento Local, a In Loco, e um Centro de Investigação, o CESA - Centro de Estudos sobre África e o Desenvolvimento do Ins-tituto Superior de Economia e Gestão, com o apoio financeiro do então Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento.Cada letra do alfabeto é uma porta de entrada para um tema em torno das questões do Desenvolvimento, tratado a partir de três diferentes abordagens e formas de comunicar com a sociedade – um texto de investigação, um texto jornalístico e uma imagem – que foram transformados numa exposição itinerante e num livro/catálogo. Até ao final de 2012, a expo-sição percorreu o país – da Covilhã a Faro, tendo iniciado a sua itinerância internacional em Janeiro de 2013 com a exibição na Casa dos Direitos, na Guiné-Bissau, ambicionando percor-rer outros espaços da CPLP.As imagens e histórias que compõem o Alfabeto do Desenvol-vimento podem ser encontradas no site do projecto em http://projectoalfabeto.wix.com/desenvolvimento.

aCeP - associação para a Cooperação entre os [email protected]

Cooperar para desenvolver

Todos os anos a Mútua elege um tema e uma imagem para os seus materiais anuais que reflete a sua atividade ou algum as-peto especial que se quer evidenciar para o novo ano. No ano de 2012 foi a Mútua o tema, já que nesse ano se ce-lebraram os 70 anos de vida desta cooperativa de utentes de seguros. Em 2013 quisemos sair da nossa história particular para a história do mundo que nos rodeia. E neste contexto de crise e desalento, não podemos perder a noção do que é ver-dadeiramente importante para nós enquanto pessoas, e para nós enquanto coletivo – uma forma de desenvolvimento das sociedades diferente do que tem sido dominante, que podemos resumir por um modo cooperativo de desenvolvimento que se baseia na participação de todos em detrimento do modelo com-petitivo que é exclusivo e promove as desigualdades. Fruto do contato inesperado com o Livro “Pintar a Paz 2-O Pro-jeto Kid’s Guernica na Região de Setúbal”, encontramos a nossa resposta! A escolha foi difícil, e de mais ou menos 10 imagens iniciais elegemos a imagem da capa, nascida de uma aluna da escola Anselmo de Andrade, em Almada. “Garras da Paz”, de Ana Sofia Reis, pela força de caber nele o mundo inteiro de valores, de princípios e de ações, para o qual a Mútua, na sua dimensão, tem contribuído, e faz disso também a sua bandeira.A utilização desta imagem, entendemos nós, é uma forma de replicar a mensagem. Cooperar para desenvolver foi a fra-se que escolhemos para acompanhar a imagem.Agradecemos uma vez mais à Escola Anselmo de Andrade, em Almada, e à Ana Reis a autorização para uso da imagem.

Sobre o projeto KID’S GUERNICA: projeto artístico in-ternacional, iniciado em 1995 para assinalar os 50 anos do fim da II Guerra Mundial. Em Portugal o projeto de-senvolve-se desde 2005 pela Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) e as “Garras da Paz” é o painel produzido a partir do trabalho de Ana Sofia Gomes Reis, aluna da Escola Anselmo de Andrade, Almada, resultante do trabalho final da 2ª edição do projeto, que consistiu na realização de uma tela à escala do quadro “Guernica” (350X782cm), do pintor andaluz, Pablo Picasso (*Málaga, 1881 - †Mougins, 1973). O quadro evoca a tragédia pro-vocada pelo intenso bombardeio da força aérea da Ale-manha nazi, ao serviço de Franco durante a Guerra Civil Espanhola, sobre a pequena cidade de Guernica, no País Basco, em abril de 1937. Uma pintura que simbolizasse, à semelhança da obra de Picasso, “os valores da liberda-de, igualdade, dignidade e direitos, tolerância, fraterni-dade, solidariedade, paz, sem distinção alguma (…), de raça. Cor, sexo, língua, religião, opinião publica ou outra, origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou qualquer outra situação”. (in Pintar a Paz 2-O Projeto Kid’s Guernica na Região de Setúbal)

Exposição na Universidade da Beira Interior

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Notícias

Encontro nacional Ponto Seguro 2013No dia 16 de fevereiro 2013, a Ponto Seguro realizou o seu Encontro Nacional. A iniciativa teve lugar na Casa do Alente-jo e envolveu cerca de 50 trabalhadores e colaboradores. Foi com enorme prazer que realizamos a iniciativa neste mag-nífico espaço por estarmos em casa de amigos e clientes da Ponto Seguro.Os trabalhos realizaram-se entre as 10 e as 14 horas, foram apresentadas várias intervenções dando enfoque ao Balanço Atividade 2012 e ao Trabalho realizado pelo Departamento Técnico e pelos Serviços Administrativos, bem como às Ações Comerciais projetadas para 2013.Apesar das dificuldades socioeconómicas que vivemos, apesar dos níveis de desemprego, das falências, da redução da massa segurável, das ondas de choque que atravessamos, temos a convicção que saímos mais fortes, mais reforçados, mais moti-vados e com objetivos claros e bem delineados para enfrentar as dificuldades. Vamos resistir e vamo-nos consolidar sempre com o supremo objetivo de afirmar a marca Ponto Seguro.

Carlos garcês, gerência da Ponto seguro

Movimento associativo das comunidades marítimo-fluviais com novos rostos

Pesca NOVOS ÓRGãOS SOCIAIS NA ASSOCIAçãO E COOPERATIVA DE PESCA GRACIOSENSEA Associação dos Pescadores Graciosenses e a Cooperativa Piscatória Açoriana têm novos órgãos sociais, desde o dia 18 de janeiro de 2013, data das eleições. A tomada de posse foi no dia 21 de janeiro. A nova lista eleita é encabeçada por Lázaro Miguel Lima Pires da Silva, na presidência da Direção, Paulo Jorge Bettencourt Silva, Presidente da Mesa da Assem-bleia Geral e Ilidia Maria da Silva Bettencourt na qualidade de Presidente do Conselho Fiscal.(contato geral da Associação: [email protected])

Património marítimo-fluvialASSOCIAçãO NAVAL SARILhENSE “PELA DEFESA DO PATRI-MÓNIO FLUVIAL DO TEJO” Desde o dia 9 de fevereiro que a Associação Naval Sarilhen-se (ANS) tem novos órgãos sociais para o biénio 2013-2014. João Filipe Galvão de Carvalho, Mário Rodrigues Pinto e Carlos Alberto Pinto, são os presidentes da Assembleia geral, da Di-reção e do Conselho fiscal respetivamente. Os novos órgãos agora eleitos pretendem dar continuidade ao trabalho reali-zado anteriormente, sob o lema “Pela defesa do património fluvial do Tejo, pelo futuro da ANS”, a Associação tem como principais objetivos reforçar o seu papel no domínio do estu-do, preservação e promoção das embarcações tradicionais do Tejo, na defesa das condições de navegabilidade e de acesso à água no estuário do Tejo e na valorização da componente social das atividades náuticas. Das várias ações que preten-de levar a cabo destacamos a promoção da constituição de uma entidade representativa das associações/clubes náuticos ligados às embarcações tradicionais do estuário do Tejo e a realização de ateliers, workshops e cursos de formação sobre restauro e pintura de embarcações tradicionais.(contato geral da Associação: [email protected])

A Mútua dos Pescadores felicita ambas as organizações, e saú-da o movimento associativo, peça fundamental para animar uma participação efetiva das populações no desenvolvimento local. Bem-hajam!

Mora realiza XI Feira de Artigos de Pesca Desportiva!Realizou-se nos passados dias 22 a 24 de Fevereiro a XI MoraPesca, a maior feira nacional de artigos de pesca des-portiva na actualidade.O evento, organizado pela Câmara Municipal de Mora consagra um impor-tante certame que apresenta, anual-mente, as mais recentes tecnologias e artigos ligados à modalidade.Tendo como palco o Pavilhão Mu-nicipal de Exposições do Parque de Feiras local, a XI edição apresentou mais de 30 expositores de empre-sas do sector e respectivas tecnologias e equipamentos e 106 stands que se distribuem nos 3.500 metros quadrados de área coberta.Mora, concelho muito vocacionado para esta prática, fez in-cluir na programação oficial provas nas pistas de pesca de Cabeção e de Mora, concursos no recinto da feira, animação musical, não esquecendo a vertente lúdica e da tradição lo-cal, bem como a gastronómica com as tasquinhas de comes e bebes. Por outro lado, a presença de diversas associações do sector têm contribuído para a divulgação da prática e do evento. Também o Fluviário de Mora foi uma face visível deste certame, espaço onde os visitantes podem ver ao vivo a fauna dos rios portugueses e muitas das espécies mais procuradas da pesca desportiva, como os achigãs, as carpas ou os barbos!Esta iniciativa, que se dirige a um universo de pescadores desportivos encartados, que ultrapassa hoje os 600 mil prati-cantes, recebeu cerca de 30 mil visitantes, um número signi-ficativo que tem vindo, de ano para ano a ganhar expressão.

João Pimenta lopesFluviário de moradiretor da mútua

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Notícias da Pesca dos AçoresNesta tarde Invernosa, é da janela do escritório da Associação de Armadores, admirando a alta ondulação, que se desfaz de encontro às rochas e que mais uma vez não permite a saída dos nossos barcos para a faina, que faço uma análise ao ano 2012 e aos problemas que o sector pesqueiro açoriano atravessa. 2012, para grande parte da nossa frota, é ano para esque-cer. É verdade que a frota atuneira, e atendendo às capturas de atum patudo e atum voador e à sua procura no mercado, conseguiram capturas que lhe trouxeram alguma estabilidade, mas a frota de tamanho inferior e que sobrevive em grande parte das capturas do bonito, (que não apareceu nas nossas águas) deixou muitos armadores e pescadores em grandes dificuldades. As capturas da lula, da veja, do goraz e até do chicharro, caí-ram bastante de 2011 para este ano e para cúmulo, os preços

de mercado, e atendendo à crise que se faz sentir na Europa, também baixaram bastante. Como não bastasse tantas incertezas num sector bastante abalado, o Inverno que atravessamos tem sido um dos mais rigorosos dos últimos anos. Não gostaria de parecer negativista, mas atendendo a todas as circunstâncias, não prevejo grande ano para 2013. Estamos no final de um quadro Europeu de apoio às pescas. As verbas estão esgotadas e o Governo Regional dos Açores, tentando fazer contenção de despesas, mostra-nos um Orça-mento Regional, que nos parece ser bastante inferior às ne-cessidades de toda uma população piscatória que vai atraves-sar um ano muito difícil. Apreensivo, mas esperançado que as minhas previsões futu-ristas não se concretizem.

José antónio Fernandesassociação de armadores da Pesca artesanal do Pico, açores

dirigente da mútua

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Notícias

Associação de Marítimo Turística de PenicheA Associação Ope-radores de Marítimo Turística do Oeste Penichense (AERO) fundada em 2009, promove e dinamiza a atividade turística no arquipélago das Berlengas.A AERO tem 14 as-sociados com cerca de 16 embarcações que se dedicam aos seguintes eventos:- Pesca Desportiva- Passeios na Costa de Peniche- Passeios Turísticos na Berlenga- Visita às Grutas da Berlenga- Passeios de VeleiroAtualmente é a única Associação de Operadores de Marítimo Turística em Portugal Continental. De Abril a Outubro a “AERO” está na Marina de Peniche com Stand para venda de bilhetes e apoio aos Associados. Visitem a Berlenga, sejam bem-vindos a Peniche. E foi em boa hora que a grande parte destes operadores esco-lheu a Mútua como Porto de Abrigo!

Morada:Centro Comercial São Pedro, Loja 9 I 2520-475 PenicheTelefone: 926852046

david [email protected]

PoNto seguro - seixal

Novas Instalações

No passado dia 01 de março de 2013 a Ponto Seguro, inaugu-rou um novo escritório no Seixal. Situa-se na Rua do Conde Ferreira, nº 6 - 2840 505 Seixal, em frente à magnífica Baía do Seixal. Estas novas instalações garantem a melhoria na qualidade de prestação serviços aos nossos clientes e possi-bilitam o crescimento e a afirmação da Ponto Seguro naquele concelho.

Morada: Rua do Conde Ferreira, nº 6 - 2840 505 SeixalTelefones: 212 275 171/967 659 249Mail: [email protected]

Fotografia panorâmica do “bairro dos pescadores” e porto da Berlenga Grande.

Press-release

Campanha de WaverunnersAté 30 de junho de 2013, a Yamaha tem em curso uma campanha para trocar mo-tas de água. Sob a proposta uma proposta Troque Velho por Novo, a marca garan-te que, “seja qual for o estado, os anos ou a marca da moto de água, o cliente pode trocá-la por uma WaveRunner Ya-maha totalmente nova, mais adequada ao atual estilo de vida e adquiri-la a um preço muito mais vantajoso. Sempre com o investimento seguro num produto de elevado valor comercial”Segundo os responsáveis de marketing da empresa, “ nossa proposta é muito simples; Procuramos dar-lhe sempre o me-lhor pelo melhor e este ano aproveite todas as ajudas que or-ganizámos para si, como por exemplo, 100€ de gasolina para utilizar a sua WaveRunner, concedida pela Yamaha e uma ex-tra-valorização, de até 2.000€+IVA, na sua velha moto (seja qual for a marca), concedida pela Yamaha.A marca informa que a presente campanha não é acumulável com outras promoções, campanhas, bónus ou descontos e é exclusiva em Jet Centers Aderentes.

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Seguros

Coberturas ObrigatóriasO Decreto-Lei nº. 108/2009 de 15 de maio, introduziu várias novidades no ordenamento jurídico, sendo de destacar, quanto à matéria dos seguros:

1º. Integrou num único diploma legal, as atividades de Ani-mação Turística e de Marítimo-Turística (sem prejuízo, de con-tinuar também válido, quanto a esta última, o Decreto-Lei nº. 21/2002 de 31 de janeiro, alterado pelo Decreto-Lei nº. 269/2003 de 28 de outubro, que define os capitais mínimos do seguro de Responsabilidade Civil obrigatório em função do número de passageiros da embarcação);

2º. Estipulou que, para além do seguro obrigatório de Res-ponsabilidade Civil (cujo capital mínimo varia com as carac-terísticas da embarcação), os operadores de Animação e de Marítimo-Turística devem subscrever igualmente um segu-ro de Assistência, quando desenvolverem atividade no estrangeiro e ainda um seguro de Acidentes Pessoais, a favor dos clientes, com as seguintes coberturas e capitais mí-nimos, por pessoa:Morte ou Invalidez Permanente - € 20.000,00Despesas de Tratamento - € 3.500,00

Cobertura Facultativa – Danos PrópriosDestinada a ressarcir os danos sofridos pela embarcação segu-ra, esta cobertura pode envolver - de acordo com o que tomador do seguro e o segurador acordarem - fundamentalmente, a per-

Cristina garcêsilustração de duarte saraiva

da total ou parcial em resultado de naufrágio, encalhe, submer-são, incêndio ou explosão, colisão com ojectos fixos ou flutuan-tes, mau tempo e gastos de salvamento; as avarias particulares durante a estadia no estaleiro; os acidentes e incêndio em terra e o roubo no mar ou em terra. Os contornos e limites de todas estas garantias estão perfeita-mente definidos nas Condições Gerais, Especiais e Particulares da apólice.

O produto MútuaO investimento nas atividades lúdicas fez com que os operadores turísticos alargassem o conceito da animação turística, exploran-do também atividades terrestres.Com o objectivo de simplificar e reduzir encargos administrati-vos no exercício da actividade, a Mútua dos Pescadores dispõe actualmente de um novo produto mais abrangente e inovador. Com o novo produto, é possível integrar numa só apólice, sem duplicação de custos e sem burocracia as atividades de Maríti-mo-Turística, Animação Turística, Mergulho e Náutica de Recreio.

ConclusãoA atividade Marítimo-Turística tem vindo a manifestar um cres-cente interesse como atividade económica, contribuindo para a inovação do produto turístico e criando novas oportunidades de emprego.Cabe aos seguradores a garantia dos investimentos, sendo que a Mútua dos Pescadores tem criado produtos que respondem com eficácia às necessidades dos investidores.

Portugal, um mar à descobertaAventure-se com segurança!Sendo Portugal um país com uma beleza e riqueza inegáveis, verifica-se na actividade da Marítimo-Turística uma crescente expressão no ramo segurador, assumindo também um papel de relevo no desenvolvimento turístico. Especializada nos assuntos do mar e da economia social e com a consciência de que os níveis de exigência são cada vez maiores, a Mútua dos Pescadores disponibiliza as coberturas obrigatórias, bem como coberturas facultativas para o exercício desta actividade.

“Portugal, (…) a liberdade dum perfil desenhado no mar (…)” Miguel Torga, Diário X

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S egurança no Mar

revista marés12

O uso dos coletes insufláveis na pesca local

João delgadotexto e fotografia

[email protected]

Muito se debateu no processo que desembocou na aplicação do uso obrigatório dos coletes insufláveis para a pesca local. Quanto a mim, em matéria de segurança marítima, esta foi a medida mais acertada e segura que as entidades com responsabilidade na área tomaram nos últimos anos. Por isso, congratulo todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para que hoje esta medida já possa ter salvo pelo menos onze colegas pescadores em apenas um ano – 2012 (dados avançados pela Autoridade Marítima Nacional)

Onze homens salvos, onze famílias a quem foi permitido perma-necer com roupa colorida, a comemorar onze festas de aniver-sário por muitos e bons anos (assim esperamos), onze homens a quem uma simples manga à volta do pescoço, permitirá ver nascer filhos, a uns, netos a outros, abraçar os familiares dia-riamente, despedirem-se dos que partem em viagem, beijarem quem regressa,… uma simples manga à volta do pescoço, que não “empacha” nada, permitirá que onze homens façam o que de mais trivial tem a vida, apenas pelo simples facto de conti-nuarem detentores dela.Haverá coisa mais gratificante que constatar que tantas horas de diálogo, debate, auscultação, desgaste, irritação e confronto,

terão contribuído para salvar em apenas num ano onze vidas?Penso que não haverá nada mais gratificante que isto.Em meu nome pessoal e em nome da comunidade piscatória, o nosso mais profundo agradecimento a todos esses anti-heróis anónimos, avessos a visibilidades destruturadas e inconsequen-tes, que conseguiram na Comissão permanente de acompanha-mento para a segurança dos homens no mar aprovar a obrigato-riedade do uso do colete.Por seu turno, a Mútua dos Pescadores, com toda a contribuição, absolutamente despida de quaisquer outros interesses que não a perseguição eterna de salvar as vidas daqueles que andam no mar, desempenhou mais uma vez um papel preponderante. É

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Um susto e uma lição de vida…

Jacinto Caravela Brandão, da Torreira, Ria de Aveiro, 55 anos, proprietário da embarcação “Alison Nicole”, pes-ca local, conta como ia perdendo a vida numa terra apa-rentemente firme, ao regressar da maré, com 40 kg de amêijoas nos ombros…

Tudo aconteceu no dia 5 de fevereiro, eram cerca das 18h30, e estava escuro já… Tenho 55 anos e quase que me ia embora desta vida… se tivesse o colete…hoje já uso o colete… se o tivesse caía na mesma, mas não ia ao fundo… não sei como me salvei… Sei que lutei com as mãos até ver o dia… a minha esposa viu-me de-saparecer… foi ela e uma prima minha que me puxaram para cima, uma agarrou-me pelos cabelos e outra pelo capucho do fato …Estava em terra firme, tinha acabado de chegar da maré com a minha mulher [que é minha camarada] e saltei da embarcação para terra firme, vinha a cantar… a minha mulher passou-me os dois sacos de amêijoa, cada um com 20 kg, pús um em cada ombro. Estava virado para a proa da embarcação… e quando rodei o corpo para o lado poente, da estrada, para me dirigir para o carro … faltou--me a terra….Só havia uma capinha de terra rija… fui ao fundo… foram uns minutos…. E lá em baixo, no fundo, debaixo de água [não cheguei a tocar com os pés no fundo], conseguia ouvir os gritos da minha mulher… Tinha chovido muito, e a água estava salobra… se esti-vesse salgada tinha sido talvez o meu fim… tudo parou, o meu cérebro parou… estava com o fato vestido [não me lembrou de desabotoar o fato…], as botas… não senti os pés no fundo das botas, já estava a dar a volta… não sei como me salvei! Se tivesse acontecido uma hora antes, na maré alta, tinha sido levado pela corrente, e ninguém estaria lá em cima para me salvar… se a minha mulher não tivesse lá… E há tantos homens aqui que andam sozinhos… [mas sabe porquê? Porque o que trazemos às vezes nem chega para um quanto mais para dois…]Eu tento sempre ajudar as pessoas, aconselhá-los a fazer o melhor… a Ria dá-nos coisas valiosas, mas mais nos dará se a preservarmos…. Se cuidarmos do nosso pão hoje temos garantia de o termos amanhã… temos que nos preservar, temos que nos ajudar… é a vida e temos que viver um dia de cada vez… foi um susto e uma lição de vida…

A neta mais nova perguntou-lhe… depois disto tudo, com tantos anos de mar, e de descontos para a segurança so-cial, porque não te reformas? Jacinto Brandão respondeu--lhe… é um bichinho que tenho aqui dentro que não me deixa...

Jacinto Brandão partilhou esta história, e está disponível para partilhar muitas mais sempre que o objetivo for “aju-dar a sensibilizar os pescadores para salvar vidas”.

claro que todos os que fazem parte desta casa também se sen-tem imensamente orgulhosos pelos contributos dados por esta estrutura a esta nobre causa.Queremos ter pescadores vivos e bem vivos para que o possam continuar a ser – Pescadores. Não queremos uma outra coisa qualquer que deambula sobre essa linha invisível entre a vida e a morte numa indefinição permanente. Não queremos ter seres híbridos, que nem são uma coisa nem outra, são assim uma espécie indefinida não registada pela ciência, seres meio vivos/meio mortos, numa valsa permanente com o mar. E com toda a certeza essa manga à volta do pescoço confere a todos os pes-cadores uma boa dose de definição e vida.

Em discurso directoEm Agosto último, num dia calmo, depois de uns dias de nor-tada, o mar ainda estava “trapalhão” eu estava no mar a alar gaiolas para o polvo -“Malas” - na minha embarcação de pesca local “O Avante”, acompanhado do meu pai e do meu tio – com-panheiros de sempre desta minha vida no mar. O calor apertava, contrastando com a madrugada fria, e eu tive necessidade de tirar algumas peças de roupa e, obviamente, também tive de tirar o colete para poder tirar a roupa. Fiquei em manga curta e com as calças de oleado, de repente, tive que saltar para o mo-tor (fora de bordo), pois as artes estavam a ficar para de baixo da embarcação, porque a maré estava ao contrário do sentido em que eu as alava. Foi nesse momento que, com a embarca-ção atravessada à vaga, me desequilibrei e caí ao mar. Caí com botas de borracha, dois pares de meias, calças de fato de treino e as de oleado por cima, a t-shirt, o boné, os óculos, que não saíram da cara, e o colete… pois o colete…tinha ficado à proa da embarcação quando eu tirei a roupa! Tive sorte, caí e fiquei a uma “braça” da embarcação, a minha idade ainda me permite resistir e ter agilidade, era Agosto e o tempo estava bom, se as coisas não tivessem acontecido assim, talvez nunca chegasse a escrever este artigo.A partir deste dia, se para mim envergar o colete já era uma prática corrente, passou a ser algo absolutamente indispensável, até porque os acidentes acontecem quando menos se espera.

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revista marés14

E leições

Uma força associativaEste artigo respiga alguns dos momentos mais marcantes da história da Mútua, que enquadram as opções políticas e económicas dos seus dirigentes, desde a sua fundação em 42. Inspira-se na leitura da Biografia da Mútua feita pelo historiador Álvaro Garrido e noutras fontes. É também uma homenagem a todos os dirigentes que já passaram pela Mútua e uma nota de boas-vindas aos que vão chegar a 24 de março

marta [email protected]

A primeira direção eleita democraticamente não hesitou em classificar a Mútua como “cooperativa de seguros”, no relatório e contas de 1975. Tal era a euforia vivida nesses tempos de liberdade numa organização que em 74 fazia 32 anos de exis-tência ao serviço do Estado Novo.

Mútua apenas no nome – ao serviço dos interesses corporativos do Estado Novo

Longo e conturbado foi o percurso desta pequena Mútua, a quarta e a última a ser criada no quadro da organização corpo-rativa do Estado Novo para as pescas. Ao contrário das restan-tes - Mútua dos Bacalhoeiros, Arrasto e Sardinha, associadas aos seus respetivos grémios patronais, criadas pelos próprios para servir os seus interesses, a Mútua da pequena pesca nascia por iniciativa política de henrique Tenreiro, delegado do Governo junto do organismo central das pescas, a Jun-ta Central da Casa dos Pescadores (JCCP). Criada como uma “empresa de direito privado”, na prática a sua gestão e ação regia-se pelos princípios da economia nacional corporativista. Os Estatutos da Mútua de 1942 não deixam margens para dúvidas quanto a esta matriz: a Direção era composta por 3 pessoas designadas pela Direção da JCCP, entre eles encontra-va-se um pescador escolhido pelos sócios. O Conselho Geral, órgão máximo da Mútua, era presidido pelo próprio henrique Tenreiro, e tinha como membros um pescador de cada uma das Casas de Pescadores, designado. Os restantes membros

eram sobretudo oficiais da Armada e homens da confiança po-lítica de Tenreiro, sem representatividade associativa na classe piscatória e nas comunidades.A Mútua tinha como fins, “cooperar com a Junta Central das Casas dos Pescadores na missão de salvaguardar a conserva-ção, por meio de seguros apropriados, de embarcações e ins-trumentos de trabalho dos Pescadores, sócios das Casas dos Pescadores”, garantir os seguros “contra desastres ou acidentes pessoais” dos pescadores por conta própria (os pescadores sem patrão) que não estavam associados aos grémios patronais existentes, e dos pescadores que trabalhavam por conta de ou-trem, também excluídos das Mútuas de seguros já existentes.Todos os pescadores inscritos nas casas de pescadores es-tavam obrigados a associarem-se à Mútua e eram as Casas dos Pescadores, e os capitães dos respetivos portos, os seus presidentes, que os representavam perante a JCCP, estando sujeitos à sua disciplina e sanções.Inicialmente a Mútua estava autorizada a explorar os ramos de acidentes pessoais e marítimo e os prémios eram entregues à Mútua pelas Casas de Pescadores. O seguro dos acidentes pessoais para os pescadores artesanais passaria a ser obri-gatório em 1950, tendo-se instituído o pagamento dos pré-mios por desconto em lota de uma taxa sobre o valor bruto do pescado, mecanismo que continua a ser praticado e defendi-do como o mais adaptado para este sector. A partir de 1954 a Mútua passou a explorar diretamente o ramo de acidentes de trabalho para cobrir também os pescadores assalariados,

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que estavam a aumentar na pesca artesanal. Mas a sua base de sustentabilidade, ainda que modesta, não vinha dos pré-mios emitidos, mas da “solidariedade corporativa” instituída por henrique Tenreiro, que obrigava as restantes mútuas dos armadores a fazerem resseguro na Mútua proporcionando-lhe receita e garantindo-lhe alguma carteira. A Mútua atravessou o Estado Novo sem ter construído uma prática verdadeiramente seguradora, autónoma. A confirmar isso estão as evidências das insuficiências de prémios, reser-vas matemáticas (para fazer face aos sinistros) e de escas-sa responsabilidade social no pagamento de indemnizações, com valores muito modestos. A relação com os pescadores era eminentemente política e administrativa, e tudo se comanda-va através de Lisboa, da sua sede na Av. Infante Santo.

25 DE ABRIL – DOS PESCADORES PARA OS PESCADORES

O grande desafio que se colocava aos trabalhadores e dirigen-tes da Mútua com o 25 de abril era transformar a Mútua numa verdadeira Mútua de Seguros, de base cooperativa, com um modelo associativo forte, “dos pescadores para os pescado-res”, contrariando o modelo de governação anterior. Ao contrário do que aconteceria com outras sociedades pri-vadas, de tipo capitalista, a Mútua não foi nacionalizada, e todo o seu processo de transformação foi feito pelos seus tra-balhadores e dirigentes, com a cumplicidade e o apoio dos novos poderes políticos. Valeu-lhe em parte a sua natureza de organização do “trabalho”, ao invés de ser uma organização do “capital”. (Garrido: p.107)A JCCP foi desmantelada tendo-lhe sido atribuídas unicamente as funções de caixa de previdência e abono social dos pesca-dores, e as casas de pescadores passariam a ser delegações administrativas desta. A Mútua apostava agora na rede de sindicatos locais que pas-sariam a ser os seus interlocutores privilegiados nas comuni-dades, vindo a “ocupar” o terreno outrora ocupado pelas casas de pescadores. Aos sindicatos juntar-se-iam as associações de armadores entretanto criadas, e mais recentemente, quando a Mútua abriu a sua atividade para fora do universo piscatório, os clubes náuticos, as organizações socioculturais ligadas à vida marítima, e organizações do universo da economia so-cial, em particular cooperativas. Tecendo-se desta forma, len-tamente, uma imensa rede de colaboradores que, lado a lado com os dirigentes, alguns também “líderes naturais” dessas comunidades, são o rosto mais visível da Mútua.Os primeiros passos levados a cabo neste período foi a criação de uma Comissão Sindical de Trabalhadores, incumbida de le-var a cabo a entrega da gestão da Mútua aos seus verdadeiros “contribuintes e beneficiários”, os pescadores. Esta Comissão envolveu-se numa dinâmica com as comunidades piscatórias que teve repercussões decisivas no modus operandi da Mútua até aos dias de hoje. Muito havia a fazer perante pescadores, de Norte a Sul do país, que desconfiavam de uma Mútua a que nunca “aderiram livremente nem se afeiçoaram” (Simões de Abreu 1: p.2). Nas várias reuniões e assembleias que fez pelo país fora, esta Co-missão tinha a tarefa difícil de mostrar aos pescadores que a Mútua era agora sua, o que veio efetivamente a acontecer em 1975, na primeira assembleia geral para eleição dos órgãos sociais, no dia 2 de maio. Os órgãos sociais nascidos desta assembleia geral eram pescadores. “De pescadores para pes-cadores”, cumprindo-se assim a matriz inicial da Mútua pro-pagada outrora, duas décadas antes, “poder entregar um dia nas mãos da classe a direção e administração total desta obra” (cit. Garrido, Jornal do Pescador, nº200, Setembro de 1955).

Organização de base associativa – trabalhadores e dirigentes no mesmo rumo

Os novos estatutos da Mútua, aprovados por unanimidade nesta Assembleia, espelham este novo enquadramento polí-tico e social: os fins da Mútua são mais abrangentes, não se fazendo já a distinção, sob o ponto de vista das coberturas dos seguros, entre pescadores por conta de outrem e pes-cadores por conta própria. Todos os pescadores profissionais são abrangidos, incluindo as associações e cooperativas a que pertencessem, e alarga-se a mesma proteção aos outros tra-balhadores ligados à indústria da pesca. Previam-se os segu-ros de acidentes pessoais e de trabalho, bem como as doen-ças profissionais. Às embarcações e instrumentos de trabalho dos pescadores, juntavam-se agora os bens móveis e imóveis, contra os riscos a que estivessem sujeitos. Previne-se a arbi-trariedade de outrora com a clarificação das responsabilidades de ambas as partes – segurador e segurado – no que respeita ao cumprimento das regras previstas nas condições das apóli-ces, e define-se expressamente que o contributo dos associa-dos para a Mútua é o pagamento do prémio. Na organização e funcionamento dos órgãos sociais da Mútua, a Assembleia geral torna-se no seu órgão estrutural, o princi-pal fórum de dinamização da vida associativa.

Mais e melhores benefícios para os associados

A estreita colaboração entre os novos órgãos sociais e o corpo de trabalhadores permitiu por em prática logo em 1975 um conjunto de medidas muito representativas: aumentaram-se as pensões a viúvas e órfãos, os salários por incapacidades temporárias e as pensões por incapacidades permanentes, apoios para os sinistrados deslocados em tratamento e novas coberturas em acidentes pessoais e em marítimo. Em 1977, em consequência de um elevado número de mortes – 25 pescadores – por proposta da Direção, e aprovado em As-sembleia Geral, o seguro de acidentes pessoais passou de um capital de 50.000$00 (€250,00) para 100.000$00 (€500,00). De realçar também a inclusão do pagamento do 13º mês aos pensionistas, mesmo antes de sair essa normativa para a ati-vidade seguradora. Nos casos de desaparecimentos do mar, sobretudo em consequência de naufrágios, a Mútua começa a evidenciar-se pela prática de pagamento das indemnizações devidas aos familiares das vítimas. No que respeita à prestação de cuidados médicos a Mútua tam-bém apostou em consolidar a sua rede clínica, com um novo centro de recuperação e fisioterapia na sua sede num dos edifí-cios da Docapesca, e depois na nova casa de Belém, a partir de 1978, com mais capacidades ainda para receber os sinistrados deslocados para tratamento. A partir daqui nasceriam diver-sos postos médicos e de fisioterapia pelas várias delegações da Mútua, saudados com entusiasmo pelos pescadores. Pelo país começaram-se também diligências para fazer acordos com médicos, visando um atendimento mais rápido dos sinistrados. No que respeita à melhoria de produtos que garantissem uma proteção mais ampla aos associados, a Mútua cria seguros coletivos, com coberturas de acidentes de trabalho, acidentes pessoais e perda de haveres. Esta última cobertura viria mais tarde a enquadrar-se no regime jurídico do contrato coletivo a bordo das embarcações de pesca (Lei 15/97, de 31 de maio) que a torna obrigatória para o armador.A par das continuadas campanhas pelos portos para esclare-cimento sobre os seguros e respetivas coberturas, as cam-panhas de prevenção dos acidentes de trabalho começam a entrar nas práticas da Mútua através de uma campanha realizada em 1982, que teve recetividade fora do sector das

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pescas, tendo sido “elogiada e aproveitada pelo Instituto de Seguros de Portugal – ISP e pela Direção Geral de higiene e Segurança no Trabalho” (Simões de Abreu 2: p.4).

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

Fernando Pessoa

Os anos oitenta na Mútua são porém abalados por alterações importantes no contexto nacional (e internacional). A (2ª) en-trada do FMI em Portugal, a consequente desvalorização do es-cudo, inflação, subida das taxas de juro e introdução de novos limites ao crédito, antecipam a entrada de Portugal na Comuni-dade Económica Europeia (1986). Para a pesca vieram medidas duras que se repercutiram na atividade particular da Mútua, como o abate das embarcações e a redução de apoios ao de-senvolvimento da atividade, justificadas pelos seus mentores por razões ecológicas de sobre-exploração dos recursos.Este clima de desesperança é exaltado pelos dirigentes da Mú-tua, e a ele se atribui alguma desmoralização dos pescadores que se refletiu na atividade e resultados da Mútua: “no volume de produção, no descuido da prevenção e segurança, na agude-za do risco moral e no agravamento da sinistralidade” (Simões de Abreu 2:p.5). A fuga à lota – problema que permanece até aos dias de hoje – influi nas receitas da Mútua deste período, e a abertura da atividade seguradora aos mercados trouxe no-vos perigos que até então a Mútua desconhecia. A concorrência passou a fazer parte das preocupações dos dirigentes.Apesar deste contexto, e mercê do grande esforço dos diri-gentes e trabalhadores, a Mútua conseguiu o acordo dos asso-ciados para implementar o aumento do desconto em lota por forma a garantir as coberturas do seguro coletivo. Não obstante este contexto adverso às pescas, a Mútua vai assumindo a pouco e pouco o seu lugar no universo das segu-radoras e um maior grau de credibilidade. Integra em 1980 a AISAM – Associação Internacional das Sociedades Mútuas de Seguros, e no plano nacional, em 1982, torna-se sócia funda-dora da APS – Associação Portuguesa de Seguradoras, sendo hoje um elemento ativo com representatividade nos diversos órgãos e comissões técnicas existentes.

CRISE DE 84 E REFORÇO DO ASSOCIACIATIVISMO

Em 1984, a Mútua vive uma crise política sem precedentes na sua história, que se iniciou com o ato eleitoral de 25 de março. Reunida a Assembleia geral na Av. Infante Santo, em Lisboa, para aprovação do Relatório e Contas do exercício de 1983, e eleger os órgãos sociais para o triénio 1984-1986, os tumultos começaram quando, no momento das eleições, foi proposto por dois associados que um representante do Ministério do Mar assistisse à Assembleia. Estes dois associados estariam ligados à Lista B que se apresentou a votos. A partir daí uma precipitação de acontecimentos levou à suspensão do ato elei-toral: a lista derrotada (B) não aceitou o resultado da votação e tentou roubar a urna, resultando na intervenção policial para repor a normalidade. A tentativa de novo ato eleitoral saiu gorada quando o Go-verno (Governo do Bloco Central presidido por Mário Soares) nomeou uma Comissão Administrativa para gerir a Mútua e preparar novo ato eleitoral. A Assembleia marcada para 15 de abril, na Voz do Operário em Lisboa, para dar continuidade ao processo eleitoral, já não se realizou, tendo sido vedado o acesso aos associados pelas forças policiais. Acabaram por reunir-se nas instalações da Av. Infante Santo, tendo sido de-salojados pela polícia à força. As instalações ficaram seladas até ao dia 25 de maio.

A comissão administrativa - composta por um elemento do Instituto de Seguros de Portugal, de uma companhia de segu-ros e por um representante da Secretaria de Estado das Pes-cas - instruiu enfim o processo eleitoral, e as eleições decorre-ram a 29 de julho. A composição das listas era sensivelmente a mesma do ato eleitoral de março e as eleições decorreram em várias delegações marítimas do país, sob a vigilância dos capitães dos portos, de acordo com o regulamento imposto pela Comissão. O processo de contagem dos votos só seria concluído a 5 de novembro, com a lista A vencedora. Uma vez mais, sob os protestos de dirigentes e associados, a decisão foi protelada. A 11 de dezembro sairia finalmente uma resolução do Conselho de Ministros (com data de 29 de novembro), a determinar a extinção da Comissão, por ter cumprido os seus objetivos de “normalização do processo eleitoral”. (descrição detalhada em Garrido e Simões de Abreu). A decisão foi vivida como uma vitória dos associados. De salientar ainda que deste despacho saía também uma recomendação que passou a ser introduzida nos processos eleitorais, alterando a forma como até se organizavam as eleições e se vivia a própria democracia interna: a descentralização das mesas de voto pelo território nacional e o voto secreto.Não podemos avançar que Mútua seria a de hoje se o des-fecho tivesse sido outro, mas é certo que o que aconteceu acabou por gerar um reforço das dinâmicas sociais e da vida associativa.

A Mútua dos pescadores e para os pescadores – reforço do associativismo

As eleições para o mandato seguinte – 1987–1990 – são exal-tadas no boletim informativo da Mútua “como as mais parti-cipadas, numa “demonstração de vitalidade associativa”: 55 mesas de voto a funcionar, contra 23 em 1984, bem como, 4 mil votos presenciais, contra 535 em 1984. Realça-se ainda que os novos órgãos sociais são uma continuidade da ante-rior lista, com uma composição mais alargada, contando agora com 32 associados. (Boletim Informativo, nº 4, junho 1987)O Boletim Informativo, nascido em 1986, vem também ele próprio funcionar como um veículo de afirmação e reforço da Mútua, apresentando-se como uma Obra colectiva de e para Dirigentes, Associados, Colaboradores e Trabalhadores da Mútua dos Pescadores – Sociedade Mútua de Seguro. (idem,

E leições

Boletim informativo, nº 3, março 1987

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nº 1, junho 1986) Este órgão de comunicação é uma espécie de espelho da atividade da Mútua ao longo dos tempos, peça fundamental para compreender a sua história. As páginas que hoje lemos nesta “Marés” são uma consequência desse per-curso. A segurança e a prevenção assumem um papel cada vez mais importante e estratégico, e marcam a intervenção da Mútua até hoje. “Campanha Unida para a Defesa da Vida” foi o lema do primeiro programa de formação profissional integrado para a Salvaguarda da Vida humana no Mar, que teve início em 1988, dando continuidade às ações de sensibilização realiza-das anteriormente. Outras ações como a distribuição das far-mácias de bordo (a partir de 1985), o primeiro livro de socor-ros a bordo (1989) ou os pequenos boletins sobre prevenção e segurança (no mesmo período), reforçam esta estratégia de intervenção. Esta estratégia valeu à Mútua o convite para integrar a Comissão permanente de acompanhamento para a segurança dos homens do mar, em 2010.Os diretores eleitos, passaram a assumir, a partir de 1985, a responsabilidade de garantir o envolvimento das comunidades e dos associados nas suas áreas geográficas, e prestar apoio aos serviços técnicos. A Mútua passou também a dispor de uma vasta rede de balcões e dependências próprios, que vi-nha garantir uma maior qualidade na prestação dos serviços aos associados, nomeadamente em caso de sinistro. Para a produção de seguros também se reconheceram as vantagens imediatas, com uma capacidade de resposta mais eficaz.Também os Estatutos da Mútua refletem estas dinâmicas, e a alteração de 87, ainda no rescaldo da crise de 84, reflete algumas das questões mais delicadas daí resultantes, como a descentralização das mesas de voto e o reforço da democracia interna. É então aprovada em Assembleia geral a constituição de um Conselho Consultivo (na última revisão estatutária de julho de 2012 passou a Conselho Nacional), órgão consultor da Direção, bem como a criação de Conselhos Regionais re-partidos por 6 zonas – norte, centro, sul, algarve, Açores e Madeira. Aos diretores cabia a responsabilidade de acompa-nhamento do trabalho dos órgãos eleitos para os Conselhos Regionais, no sentido de garantir um alinhamento interno da estratégia da Mútua, que envolvesse de forma mais efetiva todos os corpos dirigentes. Esta continua a ser forma de go-vernação interna da Mútua.

Contratos de seguros para a pesca mais inovadores e exigentes (*)

No plano dos seguros a Mútua aposta na conceção e melho-ramento de produtos e coberturas para a pesca. Introduz o Segurpesca em 1987, um produto que garantia numa mesma apólice as coberturas de acidentes de trabalho, acidentes pes-soais, perda de haveres e de salários (caso único no universo segurador), e a garantia de valores mínimos para o pagamen-to dos prémios, assegurando o pagamento das indemnizações e pensões, nos valores mínimos obrigatórios por lei. Antes da instituição do Segurpesca, já a Mútua tinha fixado um valor mínimo para as pensões a pagar às viúvas, mas o Segurpesca enquadrou o problema a jusante, garantido de forma automática a constituição de reservas para estes fins. O Segurpesca veio alterar a relação dos armadores com a Mú-tua: já não bastava “pescar e descontar” para a lota como até aqui para pagar o prémio. Isto requereu um esforço técnico, de envolvimento e mobilização associativa por parte de todos, só possível porque toda a equipa de trabalhadores e de diri-gentes estava focada no novo produto. Fizeram-se reuniões nos portos, publicaram-se notícias no boletim sobre o produto e resultado desse esforço a adesão foi positiva.

Um pequeno passo para a humanidadeUm grande passo para a Mútua dos Pescadores

“Contribuir para a consolidação da memória da Mútua dos Pescadores e transmiti-la aos seus colaboradores e associados, bem como ao público in-teressado, são as utopias construtivas deste escrito. Acrescente-se o propósi-to, não menos idealista, de fazer desta narrativa um instrumento de gestão da actual cooperativa de seguros.”

São estes os desejos o que o autor manifesta na Introdução Geral da obra, que escreveu para assinalar o 70º. Aniversário da Mútua, celebrado no ano transacto.Curiosamente, será a futura história da Mútua dos Pescadores a responder favoravelmente ou não aos ensejos do historiador.No entanto, acreditamos que o livro dispõe de todas as poten-cialidades para cumprir tais objetivos.Para fundamentar esta convicção, e de forma abreviada, face às limitações de espaço, façamos a análise da monografia (uma primeira recensão está disponível na “info-mutua” de novembro 2012).

Em primeiro lugar, convém recordar que ainda na Introdução Geral, o professor de Economia da Faculdade de Coimbra e consultor do Museu Marítimo de Ílhavo esclarece que “Este li-vro é dedicado a todos os pescadores portugueses”, pelo que não estamos perante um tratado dirigido somente a especialis-tas, o que constitui selo de garantia para poder agradar igual-mente ao grande público.Depois, é gratificante verificar que Álvaro Garrido, numa atitu-de reveladora de grande exigência intelectual, mas também de saudável modéstia, convoca para a obra: depoimentos orais; publicações periódicas e relatórios; e trabalhos anteriores di-reta ou indiretamente relacionados com o tema, efetuados por dirigentes e quadros da própria Mútua; para além de muitas outras fontes de investigação e publicações externas de reco-nhecida idoneidade.

O livro, que se inicia com uma boa Apresentação, escrita pelo Diretor-geral da Mútua, Jerónimo Teixeira, seguido da citada Introdução Geral do autor, está substancialmente dividido em quatro partes, profusamente ilustradas e sustentadas em dados estatísticos:I - Seguros Marítimos e MutualismoII - A Mútua dos Pescadores Sobre a Ordem Corporativa (1942-1974)III - A Era Democrática e a Reconstrução das Bases da Mútua (1974-1984)IV - Em Busca de Novos Rumos (1985-2012)

Encerra com as Fontes e Bibliografia, Anexos e Índice.Estamos certos que pelo seu aspeto gráfico, estrutura, rigor, conteúdo e qualidade literária, este livro pode constituir um ex-celente auxiliar para todos os que pretendam conhecer apro-fundadamente os alicerces, o passado e o pulsar desta em-presa singular; numa visão ajustadamente integrada no devir histórico da sociedade onde se tem inserido, facto que também foi condicionando o seu desenvolvimento e identidade.É um exercício de que, aliás, já beneficiámos na elaboração deste artigo.

adelino Cardoso

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revista marés18

Mais tarde, em 1997, com a introdução de capitais fixos para os acidentes pessoais, a Mútua cria o Segurpesca XXI, que in-troduz o “sistema das partes” no cálculo dos prémios, método que permitia refletir de forma ainda mais transparente a rea-lidade dos rendimentos da pesca que varia de pescador para pescador conforme a função que ocupa a bordo. O Segurpesca XXI introduziu também a “conta corrente” para o pagamento dos prémios do seguro, e a possibilidade de interrupção do pagamento dos prémios no caso de interromper a atividade entre 30 a 180 dias. A conta-corrente é uma conta aberta para os armadores, para facilitar o pagamento do prémio, dando--lhes um crédito de 180 dias (mais 30) para esse efeito, com os valores descontados das vendas diárias em lota. Um modo muito adequado numa atividade instável como a pesca, pois permite compensar os maus períodos de faina, em que o des-conto em lota é menor, pelos bons períodos.

Mas a crise na pesca era incontornável, e era preciso fazer face à desvalorização do preço do pescado em lota, ao declínio da atividade, e à entrada no mercado de “packages” de seguros - com várias coberturas – para o setor. A criação do Multipesca a prémio fixo, com base num salário fixo, determinado pelo ar-mador, nunca inferior ao salário mínimo em vigor, vem respon-der a esta crise. Esta modalidade foi de fato muito apetecível para os armadores, que baixavam assim o valor dos prémios. No entanto baixava também o valor das indemnizações a pa-gar aos beneficiários dos seguros em caso de acidente. O apelo solidário intrínseco aos anteriores produtos parecia não ser já suficiente para cativar os armadores, e na práti-ca houve uma transferência muito expressiva para esta nova modalidade.

À procura de resposta fora das pescas (e dos seguros)

Nos anos noventa, a Mútua procurou outras fontes de finan-ciamento externas, fora dos seguros, adotando a estratégia de adquirir participações em pequenas e médias empresas de diversos ramos de atividade, mas no geral estes investimen-tos, que marcaram a agenda da Direção estatutária e técnica, não tiveram os resultados desejáveis. A exceção foi a Ponto

Seguro, mediadora de seguros criada em 1982, para servir a economia social, com forte ligação às autarquias e sindicatos, que persiste até aos dias de hoje e permitiu à Mútua alargar a sua carteira de seguros. A ligação à Ponto Seguro levou a Mútua a dar os primeiros passos na concretização de uma ati-vidade seguradora fora do universo da pesca, participando na criação de uma seguradora para a economia social, a Euresap (que hoje é a Macif Potugal), juntamente com outros parceiros da economia social. Este projeto, ligado a uma holding inter-nacional, Euresa, que gere as participações financeiras de um conjunto de mútuas e cooperativas europeias, acabaria por não resultar como a Mútua esperaria, no entanto permitiu-lhe recentrar-se na atividade seguradora e encetar uma colabo-ração mais profícua com a Ponto Seguro que hoje é um braço comercial indispensável da Mútua. O caminho faz-se caminhando e este não seria certamente, como sabemos, a última experiência da Mútua na área da eco-nomia social.

SER COOPERATIVA – NOVOS DESAFIOS

Em 2000, no mesmo ano em que a Mútua abre o seu campo de ação à náutica de recreio e ao cluster do mar, a Direção assume pela primeira a possibilidade de adoção do estatuto de cooperativa, numa clara intenção de encetar uma nova era, que permitisse à Mútua continuar a alargar a sua carteira de seguros, e por outro lado abrir portas a novas parcerias com organizações desta natureza, fortalecendo a sua própria ma-triz associativa. As dificuldades de integração na União das Mutualidades, que não aceitava mútuas de seguros, o fato de estar cada vez mais isolada neste universo, que culmina com o desaparecimento das restantes mútuas - a da sardinha foi integrada na Mútua em 1994 e as restantes foram absorvidas por sociedades anónimas do mercado segurador - também precipitaram este novo quadro. A 29 de fevereiro de 2004 são finalmente aprovados em As-sembleia-geral os novos estatutos, que conferiam à Mútua a forma de cooperativa de serviços, do ramo de seguros, e no que respeita aos membros transforma-se numa “cooperativa de utentes de seguros”. O seu nome passaria a incorporar a nova qualidade de entidade “cooperativa de responsabilidade limitada”: Mútua dos Pescadores – Mútua de Seguros, CRL. A médio e longo prazo o corpo associativo da Mútua esperava que este novo estatuto trouxesse aumento do capital social e benefícios fiscais. No entanto o futuro não confirmou imedia-tamente essa expetativa.Novamente dirigentes e quadros técnicos rumam aos portos no sentido de esclarecer os associados acerca das suas obrigações e direitos. “Mútua dos Pescadores nas suas mãos” foi o nome da ampla campanha feita para divulgar este novo estatuto.Uma das grandes preocupações foi garantir que à luz do novo enquadramento jurídico os antigos associados se mantives-sem como cooperadores. O Código Cooperativo (Lei n.º 51/96, de 7 de Setembro), ainda em vigor, previa uma quota de ade-são mínima dos seus membros de 3 títulos de capital social, e um valor nominal mínimo de 5 euros ou um seu múltiplo (alte-ração pela redação do DL n.º 343/98 de 6.11 e DL n.º 131/99 de 21.4.). A Mútua, acreditando na sua forte base associativa, fixou este mínimo em 15 títulos, correspondendo a 75 euros, muito para além do que era obrigatório.No sentido de garantir a passagem desejada dos associados à data para o novo estatuto de cooperadores sem lhes ser im-posta a compra dos títulos, a Mútua assumiu a realização na íntegra deste capital, fazendo-o corresponder ao capital inicial da cooperativa. A todos os tomadores de seguros ou titulares, bem como às pessoas seguras e beneficiárias, com apólices

E leições

Boletim informativo, nº 10, II e III trimestre 1989

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março’13 19

(*)Sobre este capítulo especial não posso deixar de saudar o nosso colega José Bouça Nova, que fez do SPXXI a sua “menina dos olhos” na zona norte, na qual este produto teve o acolhimento mais expressivo.

Fontes:Álvaro GARRIDO, Mútua dos Pescadores – Biografia de uma Seguradora da Economia Social, Âncora Editora, 2012

João PIMENTA LOPES, Mútua dos Pescadores – Um caso de estudo. Singularidades de uma referência mutualista, única cooperativa de seguros portuguesa, Coimbra, Centro de Estudos Cooperativos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2010 (documento eletrónico, trabalho no âmbito da Pós-graduação em Economia Social – Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade).

Luís SIMÕES DE ABREU, Mútua dos Pescadores – Subsídios para a sua História (1 e 2), Separata ao Boletim Informativo da Mútua dos Pesca-dores, nº 18, ano VI, 2º, 1992

Marta Pita Casanova FIGUEIREDO, Mútua dos Pescadores – Mútua de Seguros CRL, um estudo de caso. Inovação e intervenção social nas comu-nidades, Coimbra, Centro de Estudos Cooperativos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2010 (documento eletrónico, trabalho no âmbito da Pós-graduação em Economia Social – Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade).

Boletim Informativo da Mútua dos Pescadores, Mútua dos Pescadores, I série (1986-1991) - especialmente nº 1, junho 1986 & nº4, junho 1987Jornal do Pescador, Junta Central das Casas dos Pescadores (1942-1974)

ativas à data de 31 de dezembro de 2003, foram atribuídos 15 títulos de capital. Estes cooperadores seriam os cooperadores iniciais, de “direitos históricos”. A partir desta data os novos membros tinham que adquirir os títulos nominativos de acordo com o estabelecido.Ser membro da nova Mútua, com pleno gozo dos direitos cí-vicos, políticos e económicos, implicava agora ser “utente de seguro” e subscrever títulos de capital.Decorrente também do novo enquadramento dado pelo Có-digo Cooperativo, a Assembleia-geral passava a reunir duas vezes ao ano, para aprovação dos planos de atividade e or-çamento e relatórios de gestão do exercício e inscrevia-se um importante princípio cooperativo, de caráter obrigatório, a constituição de uma reserva para a educação e formação cooperativa e mutualista.A relação com outras entidades e o estabelecimento de parce-rias de intercooperação foi outro caminho que parece central neste processo de afirmação, e que tem vindo a ser desenha-do desde então. Em 2003 a Mútua celebrava um protocolo com a mediadora Ponto Seguro e a Fenacoop – Federação das Cooperativas de Consumidores, passando esta a sua carteira de seguros para a Mútua. Um protocolo comercial no essencial mas que abriu as portas da Mútua para o movimento cooperativo português. Em 2004 a Mútua passava efetivamente a membro da Fena-coop e a partir daí estreitou relações com as outras famílias cooperativas (habitação – Fenache e solidariedade social - Fe-nacerci) que integravam desde 1988 a Confecoop – Confede-ração Cooperativa Portuguesa. Passou a familiarizar-se com as estruturas internacionais do movimento, como a Aliança Cooperativa Internacional. A relação com as estruturas nacio-nais de enquadramento e apoio estatal ao movimento, como o Inscoop – Instituto António Sérgio para o Sector Cooperativo e Social também tiveram a sua relevância do ponto de vista institucional. Já mais recentemente, em 2008, a Mútua passou a participar mais ativamente na nova estrutura nacional que viria a substituir o Inscoop, a CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social.Ser uma plataforma de seguros para a economia social seria o projeto inscrito no programa de ação da última lista eleita que termina agora o seu mandato, e este tem sido um objeti-vo amplamente discutido e aceite como uma das orientações estratégicas. O mar – em todas as suas dimensões - continua porém a ser a base de toda a sua identidade e as pescas e suas comunidades a sua grande massa associativa.Projetos como o CCC ou o Marleanet - que deram uma impor-tante projeção à Mútua, que envolveram dirigentes e traba-lhadores, entidades institucionais de muito peso no universo das pescas e do mar - inscrevem-se também na lógica de uma Mútua que é duplamente cooperativa e com tradição de inter-venção nas comunidades piscatórias.

Se por um lado a cooperativa Mútua dos Pescadores, cresceu em termos de prémios e de contratos de seguros celebrados – em todos os vetores: pesca, náutica de recreio, marítimo--turística, comunidades ribeirinhas e setor cooperativo e social –, cresceu na sua intervenção social e política, em visibilidade e projeção, não cresceu em termos de números de coope-radores como se previa. E este é um grande desafio que se coloca. A Assembleia-geral foi sensível a esta questão e aprovou uma alteração estatutária em 2008, que reduziu o número de tí-tulos obrigatórios para três, correspondentes a 15 euros, na perspetiva de estimular o investimento na cooperativa, mas tal não se verificou. Em 2012, na Assembleia-geral de 2 julho, aprovou-se a última alteração estatutária que levou mais lon-ge a afirmação da identidade cooperativa da Mútua, na esteira da tradição de outras organizações cooperativas. Inscreveu no seu objeto (art.º 5.º), não apenas a sua missão económica de seguradora mutualista, mas também o desenvolvimento da formação técnica e cooperativa, de atividades sócio-culturais para os seus dirigentes, trabalhadores, colaboradores e asso-ciados, ou de projetos de desenvolvimento. Acrescentou-se ainda um artigo unicamente dedicado aos valores e princípios cooperativos, que deverão nortear a ação da cooperativa.

À nova lista eleita caberá agora continuar a cumprir estes de-sígnios. 100 homens e mulheres que continuam a ter, na sua grande esmagadora maioria, a pesca como berço... e o mundo à sua volta como horizonte.

Marés, nº 64, março 2012

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E leições

Para este número da Marés recolhemos alguns depoimentos dos dirigentes da Mútua sobre a sua experiência de trabalho na Mútua nessa qualidade. Pedimos aos mais antigos e aos mais novos, de cada órgão e cada zona, procurando ser o mais representativo possível de um universo que abrange 100 pessoas, de Norte a Sul, da Madeira aos Açores. O guião elaborado foi simples:- Qual pensam ser o papel de um dirigente da Mútua- Importância da ligação aos associados e comunidades- Relação com a equipa de trabalhadores - Importância da Mútua nas vossas vidas- (Para os mais novos) – Como avaliam a experiência? Vontade de continuar? Porquê?O importante foi mesmo colher as impressões e as emoções desta grande equipa que comanda a grande tripulação que somos todos nós.

Os dirigentes falam da mútua…

Mútua, sempre ao serviço dos pescadores

Os dirigentes da Mútua devem ter um papel exemplar – um rigor ainda mais acrescido por se tratar de uma cooperativa, comparativamente ao dirigente de uma empresa privada. A Mútua dos Pescadores, fundada em 1942 com fortes raízes nos seus associados-cooperadores, é uma seguradora sem fins lucrativos com uma forte implantação nacional, incluindo Aço-res e Madeira, no setor das pescas e das comunidades ribeiri-nhas e presta um serviço de qualidade a todas estas comuni-dades. Queremos continuar a nossa missão com o objetivo de servir cada vez melhor.Somos uma pequena empresa, e a nossa forma de trabalhar é sempre em cooperação com os trabalhadores, que merecem todo o nosso maior respeito, como pessoas livres. A Mútua tem uma importância muito grande na vida de um

O papel de um dirigente da Mútua, sendo ele da Direção ou doutro órgão social, é em primeiro lugar, incentivar todas as pessoas, designadamente os pescadores, da importância que o seguro na Mútua tem nas suas vidas e dos familiares em caso de acidente, fazer-lhes ver a diferença que existe estarmos seguros na Mútua ou noutra companhia qualquer que por aí anda no mercado.A minha ligação à Mútua já vem desde 1974, primeiro por ser delegado da previdência eleito pelos pescadores, depois através do movimento sindical, e por último por ser segura-do profissionalmente na Mútua da Sardinha. Acabei por fazer na Mútua dos Pescadores todos os meus seguros, da casa, do carro e um seguro pessoal.Foi com grande satisfação que passei da Mútua da Sardinha para a Mútua dos Pescadores em 1994, fazendo eu já parte dos órgãos sociais da Mútua, primeiro no órgão regional, da zona Sul, e depois desde 1990, na Assembleia Geral. Não me posso esquecer do grande trabalho que tiveram os dirigentes da Mútua, onde eu me incluo, quando em 1984

foi preciso defender a Mútua com unhas e dentes nos Portos, na Assembleia da Repú-blica, na Assembleia Geral que estava mar-cada para a Voz do Operário em Lisboa, em que eu e o saudoso João Carlos - que Deus lá tenha - tivemos voz de prisão e mais de mil pescadores cercados pela polícia... De-fender a Mútua quando foi necessário es-clarecer os pescadores para aumentar o desconto em lota, pois havia muitos pescadores que queriam sair. Quando foi necessário lutar contra a medida que o governo de maioria socialista, de José Sócrates, quis fazer sair, para privatizar a Docapesca, e que ia por em causa a vida das empresas da pesca, sobretudo da pequena pesca. E os trabalhadores sempre se juntaram a estas causas. E com eles sempre tive um bom relacionamento.É por tudo isto que quero continuar a trabalhar com a Mútua, para que ela continue sempre ao serviço dos seus coopera-dores, designadamente os Pescadores.

dirigente, porque o nosso objetivo é servir a Mútua com humanismo, proximidade e res-peito pelos nossos cooperadores e demais pessoas e entidades com quem nos relacio-namos.Quero deixar uma mensagem aos dirigentes mais novos: o futuro são vocês! Tragam as vossas ideias e sugestões positivas, porque o futuro depende de vocês. País e organização que não aposta na juventude não tem futuro e nós que acabámos de fazer 70 anos queremos continuar ativos, com vontade de continuar, com a renovação que vem sendo uma prioridade na Mútua, com gente nova, com humildade e vontade de fazer sempre mais e melhor.

O futuro são vocês!

Carlos espadinha, sines

José antónio bombas amador, Peniche

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Com muito orgulho continuarei a fazer parte desta grande equipa!

miguel Peres, Viana do Castelo

Fui convidado a fazer parte dos órgãos sociais da Mútua no mandato de 12 de março de 1978, na qualidade de su-plente da Direção. Em 2 de outubro de 1980, fui chamado para a Direcção, em substituição do Director Carlos Cordeiro, e assim acabei por avançar.Ao longo dos anos habituei-me a lidar com todo este pessoal, quer a nível central quer local, onde acabei por fazer parte de uma grande equipa. Conjuntamente com todos aprendi muito, mesmo mui-to. Com todos os trabalhadores desta Mútua. Tornei-me assim mais um membro da equipa de trabalho a dinamizar a produção na área da carteira que a Mútua tinha, incluindo no ramo automóvel, da Euresap – Euresa Portugal.Ser-se membro da Mútua através dos seus órgãos sociais é ter orgulho de trabalhar com todo este grupo de traba-lhadores, uns que já foram, outros que ainda se mantém.Tive imenso gosto em conhecer muita gente nas praias do distrito de Viana do Castelo, como Castelo de Neiva, Espo-sende, Darque, Cais Novo, Vila Praia de Âncora, Caminha, dando sempre apoio e ser apoiado pelo coordenador de zona, o meu grande amigo José Bouça Nova.É com muito orgulho que vou continuar a fazer dos ór-gãos sociais.

Solidariedade e colaboraçãoleonardo diogo, tavira

Enquanto dirigente, penso que o tra-balho realizado, teve e continuará a ter grande importância na minha vida profissional.Foi uma experiência de três décadas, relacionando-me com pessoas de dife-rentes níveis de cultura e entendimen-to. Quanto à vivência com a Mutua, senti um elevado nível de solidariedade e colaboração.A relação APTAV (Associação de Pescadores de Tavira)--Mútua tem sido uma relação de confiança mútua e estreita colaboração.Para finalizar, devo dizer que, nunca é demais enal-tecer os méritos da Mútua, entidade que goza de um indiscutível prestígio e de grande estima junto de diri-gentes, colaboradores e associados.Por todas estas razões, concluo, dizendo que tudo farei para honrar, com o maior profissionalismo, qualquer compromisso futuro.

Lutar para que a cooperativa cresça

maria teresa moça, Vila do Conde

Sendo neta, filha e esposa de pescadores, desde peque-na que estou ligada ao mar.O meu pai tinha o barco “José Maiato” e o meu marido tem o barco “Diana Va-nessa”. Estiveram sempre seguros na Mútua dos Pescadores, daí a minha li-gação a esta casa. É aqui que sentimos a confiança para segurar as nossas em-barcações e tripulações, desde logo. E nem o seguro do automóvel deixamos por mãos alheias, pois fizemos através da Ponto Seguro (parceira da Mú-tua).Tendo sido convidada a fazer parte da lista, aceitei com muito gosto para continuar, além disso também faço parte da rede portuguesa de mulheres da pesca “Estrela do Mar”, da qual sou uma das fundadoras. Como dirigente da Mútua tenho divulgado a existência da mesma que fez já a linda idade de 70 anos e con-vidado outros pescadores para virem conhecer a nossa seguradora.A Mútua tem muita importância na minha vida!Tenho uma relação muito estreita com os trabalhadores do Norte e sinto que sou sempre apoiada quando neces-sito. Mas a boa relação estende-se a todas as zonas da Mútua!Espero continuar a minha relação com esta cooperativa e lutar para que cresça ainda mais!

março’13 21

A Nossa MútuaJoaquim José mota, matosinhos

Com o passar dos anos, fui edificando raízes e ganhando um respeito inabalá-vel pelas "Gentes da minha terra".É com imensa satisfação, que continuo a colaborar com esta Nossa Mútua, na luta pela superação das dificuldades, em prol do cooperativismo e da respon-sabilidade social, no reconhecimento dos associados e no interesse pela transmissão do co-nhecimento às gerações vindouras, para que estas pos-sam assegurar a continuidade desta Cooperativa.A Mútua dos Pescadores é feita de pessoas, de rostos, vejo-a como uma segunda família, sentimento que con-sidero ser transversal a todos os trabalhadores, coopera-dores e dirigentes, que todos os dias convergem esforços para ir ao encontro das necessidades dos associados.À Mútua dos Pescadores, primeira e única cooperativa portuguesa de utentes de seguros, desejo que continue a saber trabalhar, a aproveitar oportunidades e a criar relações, pois já dizia Fernando Pessoa “… A ciência de vencer é, contudo, facílima de expor; em aplicá-la, ou não, é que está o segredo do êxito…”.

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Qualidade, proximidade e humanismo

Francisco Faleiro, Fuseta

A minha vida, desde os 11 anos, e hoje já com 65, tem sido sempre vivida ligada aos barcos, ao mar e à pesca.Foi com o meu pai, Francisco Faleiro, que tomei conhecimento da seguradora de to-dos os pescadores, a Mútua. Quando a em-barcação “Francisco Faleiro” ficou na minha responsabilidade nem pensei alguma vez alterar, mas sim tomar conhecimento de outras valências da Mútua, em termos de seguros. Neste momento, para além da pequena embarcação de pesca que ainda opera, tenho também os seguros automóvel e habitação através da Mútua, e da Ponto Seguro. A Mútua dos Pescadores tem-me acompanhado e com ela sinto-me seguro.É a única seguradora que nasce dos pescadores, está no seio dos pescadores, fala a sua linguagem e sente como os pescadores! É sinónimo de qualidade, proximidade e humanismo na prestação de assistência sobretudo no in-fortúnio.Tem desenvolvido toda a sua atividade com empenho, com vista à melhoria das condições de vida e de traba-lho dos pescadores que desenvolvem o seu trabalho num meio instável e cujo controlo escapa, como é o mar com todas as suas adversidades.A Mútua continua a investir como nenhuma outra segu-radora na formação, na sensibilização, e na prestação de serviços, como por exemplo, no fornecimento das farmá-cias de bordo. É motivo de orgulho trabalhar com a MÚTUA DOS PES-CADORES. No que a mim me diz respeito, sinto-me bas-tante agradado com a relação estabelecida com todo o pessoal da Mútua, e de pertencer a esta equipa!

Diário de bordo de um dirigente da Mútua

Jerónimo Viana, Vila do Conde

19 de janeiro de 2013, Caxinas, Vila do CondeA informação meteorológica era má. Previam-se ventos de 140km/hora… sentia-me irrequieto. Às 4h e 30 mn da manhã toca o tele-móvel a pedirem-me para contatar o proprietário da embarcação – Praia do Neiva - com a apólice feita há sete dias antes… a embarcação encontrava-se à deriva no porto da Póvoa de Varzim.Não mais adormeci… tendo a sensação que iria aconte-cer algo preocupei a minha esposa.

8h e 30mn - novo contato a alertarem-me que no porto de Aveiro estava a acontecer algo de fora do comum com a força do temporal. Liguei imediatamente para o responsável da Mútua da Zona Norte, Edgar Sousa. Ra-pidamente nos juntámos em solidariedade com os segu-rados cooperadores, pescadores e armadores que já se encontravam no local.Foi um dia intenso com tudo o que existe de pior nestas intempéries.Ajudamos a minimizar os prejuízos e a acalmar de certa forma o desespero dos armadores com a nossa presen-ça, enquanto estes viam as suas embarcações a serem destruídas pelo mau tempo. É esta alma e o sentimento puro de um dirigente e co-operador que vive e sente os dois lados – da Mútua, dos pescadores e armadores.

08 de fevereiro de 2013, Vila do CondeA dependência de Vila do Conde recebeu um pedido da Alcina (funcionária da AAPN) para responder a uma soli-citação de um armador para um seguro de acidentes de trabalho e pessoais. O Edgar contatou-me a perguntar se conhecia o proprietário da embarcação e se o podia acompanhar. Respondi que sim. Deslocámo-nos à resi-dência do mesmo para acertar os pormenores do con-trato, aproveitando a oportunidade para conversar sobre outros temas e produtos.

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E leições

Ilustração Duarte Saraiva

Ilustração Duarte Saraiva

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A colaboração dos dirigentes da Mútua no dia-a-dia de trabalho das áreas técnica e comercial, pode fazer a diferença na resolução mais célere dos problemas que surgem, não fossem os dirigentes da Mútua pessoas intimamente ligadas às comunidades locais, com conhecimento de causa no terreno concreto onde as coisas acontecem. À distância de um telefonema (sempre preferencial!) ou de um e-mail resolvem-se diferendos, ausculta-se uma opinião, acolhem-se sugestões e propostas. É um modo colaborativo de funcionar que muito honra a Mútua, e que, apesar de nem sempre funcionar a cem por cento, está inscrito no nosso ADN e tudo deveremos fazer para que seja valorizado por toda a equipa.

Trabalhadores falam do seu trabalho com os dirigentes…

Na Mútua os produtos que são a base da nossa missão eco-nómica – seguros – têm uma abordagem diferente dos segu-radores convencionais – eles são um produto eminentemente social também! E a forma de organização cooperativa, obriga a uma responsabilidade ainda maior na sua gestão rigorosa, ao serviço dos utentes de seguros.O equilíbrio nem sempre é fácil… Qual deles o mais importante na vida de uma empresa?Nalgumas organizações, as vendas são o seu “sustento” … para algumas pessoas o trabalho administrativo/técnico, é o suporte; para outros ainda sem o trabalho de envolvimento dos trabalhadores e dirigentes (sobretudo em organizações de natureza associativa) não seria possível as empresas funcio-narem…Independentemente da atividade em que se insere a organi-zação, ambos os trabalhos complementam-se e são indisso-

ciáveis, pelo que a importância de cada um, apenas reside no resultado final!Cada área de trabalho visa objetivos diferentes, de acordo com a sua natureza, mas o fundamental é que o objetivo de todas as áreas contribuam para o mesmo fim: resultado positivo! Positivos os resultados comerciais – boas vendas, cobranças, rentabilidade do negócio – positivos os resultados técnicos – equilíbrio das contas, boas margens técnicas, boa gestão dos ganhos e das perdas – e positivos os resultados associativos – envolvimento de todos no modelo de gestão, responsabilidade e contribuição de todos para o bolo total!Aos dirigentes que agora terminam o seu mandato um imenso bem-haja pelo esforço de empenhamento; aos que ficam, um imenso bem-haja pelo esforço que continuarão a empenhar, e aos novos que agora chegam, uma imensa saudação de boas vindas.

Trabalho Associativo vs Trabalho Comercial vs Trabalho Técnico?antónio monteiro, diretor de Contabilidade, sede

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E leições

Trabalho em conjuntosecção de Pessoal, logística e Cobrança

Helena gil, José rua, sandra Codinha

Felizmente a escolha não é fácil, no entanto salientamos a li-gação com o Sr. Miguel Peres, de Viana do Castelo, nosso co-laborador, reformado recentemente, e dirigente, que tem uma relação de longa data com a Mútua.Fala-nos dos “ barquinhos”, conhece os segurados, os seus pro-blemas, sabe das possibilidades, está sempre disponível para nos ajudar no esclarecimento ou na resolução de um problema, dá-nos a sua palavra segura e de confiança, para nós funda-mental na resolução de problemas à distância.

Essência da Mútuadavid silva, maria Costa, Paulo estrelinha, teresa serpa

mútua de Peniche & Nazaré

A essência da Mútua está na sua genesis e nos órgãos que a compõem. É a interação de todos os órgãos da Mútua que guia o rumo desta cooperativa. Os dirigentes, na sua maioria Pes-cadores, transmitem-nos experiência e sabedoria próprias dos homens do Mar, e é a fusão destes saberes geradora do nosso conhecimento sobre a atividade da Piscatória.É a ligação dos órgãos estatutários às comunidades locais, que faz da Mútua uma seguradora de excelência.Como trabalhadores da Mútua, cabe-nos a todos, envolver e es-timular os dirigentes para uma participação ativa dentro e fora da Mútua, restando-nos agradecer a forma sempre amigável como nos têm tratado.

Laços de amizadeluís miguel gomes

diretor do departamento de informática e Comunicações

Iniciei a minha colaboração com a Mútua em 1990. Desde esse momento, percebi como era grande a afinidade da Mútua às gentes do mar. Esta ligação é sobretudo, no meu humilde en-tender, resultado da proximidade dos seus dirigentes às di-versas comunidades piscatórias e marítimas - tão diversas e características, como o nosso país. Esta é a força dos dirigen-tes da única cooperativa de utentes de seguros portuguesa: Conseguir tornar una e relevante, a diversidade cultural e so-cial da economia do mar em Portugal.

Esta proximidade de alguns dirigentes, temos, eu e os meus colegas do Departamento de Informática e Comunicações, também sentido relativamente ao nosso trabalho diário na Mútua. Temos uma relação muito aberta e afável, que obvia-mente implica, como toda as relações livres, uma grande dose de responsabilidade de ambas as partes.Para os dirigentes - com quem trabalhei com mais frequên-cia e que deixam de exercer os seus cargos nesta instituição, em 2013 - fica-me a saudade e, sinceramente, um laço de amizade. Para os que chegarem no seguimento das próximas eleições, tenho uma expectativa muito positiva e a certeza, que saberão dar continuidade ao trabalho dos anteriores. Para além da responsabilidade de assegurar a direção desta nau que navega há 70 anos, eles serão, certamente, parte da se-mente da renovação, tão necessária na história dos homens.

Sinto-me lisonjeado…Valdemiro garcês, dependência mútua/Ponto seguro no Funchal

Em Abril faz 3 anos que entrei para esta casa, e o que mais me surpreende até hoje e o que mais me dá prazer é a boa relação que mantenho com muitos dos meus colegas de tra-balho dos vários pontos do País e Ilhas e as relações especiais que mantenho com, Armadores e segurados da MP há largos anos. Fui extremamente bem recebido pelos homens do mar e da pesca que estão à frente desta casa. Sinto-me sem dúvida lisonjeado por isso e a estes últimos em particular envio uma saudação fraterna.

É assim o trabalho da Mútua no Algarve…José Castanheira, dependência de olhão, Coordenador da zona algarve

Deslocamo-nos à Arrifana, juntamente com o Director Jorge Timóteo, no quadro da preparação das eleições.Depois de uma época em que acompanhámos mais de perto a actividade no portinho da Arrifana, verificou-se um período de descontinuidade pela nossa parte (que não por outros ele-mentos dos serviços e dos Órgãos Sociais da Mútua), nesse acompanhamento.Mas esta comunidade tem mantido sempre uma ligação fun-cional, seja aos nossos colaboradores em Lagos ou em Sagres, seja ao Escritório de Portimão.Nós, eu e o Timóteo é que íamos um pouco “à aventura”, a

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redescobrir a Arrifana e a sua comunidade piscatória, tendo previamente combinado um encontro com um armador nosso associado.“Montada a operação” aí fomos nós e realmente “redescobri-mos” a Arrifana, porque muita coisa mudou e outras que não mudaram, também estão melhores.E até parece que chegámos a outro mundo.Já não é o Algarve dos extensos areais, das quentes águas…É a Costa Vicentina, agreste, que nas suas imperturbáveis e seculares arribas de pedra, como que demonstra que está pre-parada para enfrentar o mar e as suas fúrias… Não o receia, antes lhe faz frente e o obriga a desfazer-se em espuma contra a rocha de que é formada.Podem parecer lugares comuns, mas aquela paisagem faz-nos pensar…Coloca-nos sozinhos frente a frente com a imensidão e a pró-pria dureza das águas do mar e com a imensidão dos nossos pensamentos…Sim, porque parece impossível não se fazer alguma introspe-ção acerca… de tudo… de nós… do mar… da nossa relação his-tórica com ele … da nossa presente relação com a natureza…É um quadro furiosamente belo!!!Só vendo!E vale a pena ver!Então chegados estabelecemos contacto com o nosso amigo, mas ele está no mar.Enquanto aguardamos vamos dar uma “olhadela” às instala-ções da Associação.É a nossa surpresa!Belíssimas instalações, bem localizadas, bem concebidas, apa-rentemente razoavelmente construídas, com casas para cada armador guardar a sua palamenta e os seus apetrechos de pesca, sanitários que permitem tomar um duche, um bar que funciona como local de convívio, restaurante, local de convívio e até “sala de recepções”.Reconhecemos rostos aos quais não conseguimos de imediato associar um nome, mas o contacto e a conversa com o Rui Marreiros (nosso “velho” conhecido), vai reatando os laços que permitem o reavivar da memória e a reconstituição de relações interrompidas durante algum tempo.Rapidamente nos sentimos integrados, até pelo convite para almoçar (uns sargos fresquíssimos grelhados, como só um pescador sabe grelhar o peixe…).Resolvido (bem) o contacto inicialmente acordado, na con-versa, vamos falando nas questões da pesca, dos recursos e do preço do pescado, assim como da Associação e do papel desta no apoio à Docapesca para o transporte do peixe para a lota.

Também se fala nas questões da Mútua. O Rui Marreiros aceita integrar a lista para os Órgãos Sociais da Mútua, lembra-nos que fazem falta farmácias de bordo, pergunta-nos pelos calendários e assentamos numa outra reu-nião, para que todos saibam que o Rui vai ser o representante da Arrifana na Lista a submeter a votação, ouvir as opiniões dos Associados (críticas, reparos, ou outras sobre aquilo que está bem e aquilo que está menos bem no nosso trabalho) e até para, se possível, recolher o voto por representação, pois segundo os Estatutos da Mútua tal é permitido, porque muitas vezes os homens estão no mar no dia da votação.Tudo isto é tratado com cordialidade, com franqueza e pela parte dos pescadores da Arrifana, com grande simplicidade e hospitalidade.Despedimo-nos com vontade de ficar um pouco mais de tem-po, mas há trabalho a desenvolver noutros lados.Mesmo à saída, eu e o Timóteo olhamos um para o outro e dizemos: “Estamos em dívida!”E fica logo combinado que para a próxima trazemos nós a caldeirada!Em conclusão, é assim o trabalho da Mútua!E parece que voltamos para casa com os olhos lavados por aquele mar todo e com a alma mais limpa pelas relações tam-bém limpas com o pessoal do mar.

A entrevistaadelino Cardoso, diretor técnico e de marketing

Respondendo à minha dúvida cartesiana, garantiu-me que os homens não lhe falaram em contrapartidas financeiras.- Mas nem exigem um anúncio, mesmo que seja ¼ de página, um rodapé, uma simples orelha? Retorqui.- Nada. É mesmo de borla!- humm… (resignei-me, embora pouco convencido)Eu estou habituado a que, em matéria de marketing não existem “almoços grátis”, e naturalmente, desconfiei de tamanho despo-jamento.Mas enfim, Erasmo também não escreveu um “Elogio da Loucu-ra”? Portanto, tudo é possível. Chegou o dia da entrevista e comunicaram-me que o Presiden-te me solicitava, na qualidade de Diretor de Marketing, para o acompanhar na entrevista.Um jornalista bem-falante e um fotógrafo todo equipado à ma-neira - feitas as apresentações e obtidas algumas boas “chapas” -, encaminharam uma longa conversa, onde fui também discre-tamente colaborando.Já me preparava para oferecer alguns materiais de informação e brindes da Mútua, aproveitando para agradecer calorosamente a generosidade daquele órgão de comunicação, que nos enviara uma equipa de reportagem, simplesmente para entrevistar, sem qualquer retorno monetário, o presidente de uma cooperativa de utentes de seguros; quando, inesperadamente, o chefe da dele-gação ripou – é o termo – de um dossier e nos sensibilizou para a necessidade de apoio financeiro, que garantisse a subsistên-cia da revista e para que esta pudesse continuar a desenvolver trabalho profícuo em torno das instituições da economia social.Apresentava para o efeito três alternativas: a) 1 página de anúncio e 3 ou 4 de texto ilustrado com fotos que, IVA incluído, quase daria para comprar um piano de cauda alemão;b) 1 página de anúncio, a solo, ainda de valor muito significativo;c) ½ página de anúncio, também sem acompanhamento, a qual, não sendo económica, constituiu a nossa escapatória.E lá saímos os dois, com um sorriso enigmático, na programada edição…

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revista marés26

Política Comum de PescaA Marés continua a dar enfoque à Política Comum de Pescas e a dar voz aos Eurodeputados nacionais que acompanham este dossier no Parlamento Europeu. Depois dos eurodeputados João Ferreira, pelo PCP, de Luís Manuel Capoulas Santos, pelo PS, trazemos agora um artigo de Maria do Céu Patrão Neves, pelo PSD.

Regulamento de Base da Política Comum das Pescas no Parlamento Europeu

maria do Céu Patrão Neveseurodeputada pelo Psd no Parlamento europeu

grupo do Partido Popular europeu (democratas-Cristãos)

O relatório sobre o Regulamento de Base da Política Comum das Pescas foi votado em Sessão Plenária do Parlamento Euro-peu em Estrasburgo, no passado dia 6 de Fevereiro de 2013. O relatório foi aprovado pela maioria dos Eurodeputados: com 502 votos a favor; 137 votos contra; e 27 abstenções. Com esta aprovação, o Parlamento Europeu obteve um mandato para encetar negociações no âmbito do trílogo, isto é, fórum de discussão entre os co-legisladores que são o Parlamento e o Conselho Europeus, com a presença da Comissão Europeia. Do trílogo sairá o documento final e definitivo sobre o Regulamento de Base que orientará o sector europeu das Pescas, de 1 de Janeiro de 2014 até 31 de Dezembro de 2020.

Entre as principais alterações que o Relatório do Parlamento intro-duz no Regulamento de Base, destacam-se: estabelecimento de planos de gestão plurianuais para todas as pescarias, com base numa abordagem ecossistémica e no princípio de precaução; obrigatoriedade da fixação, até 2015, de taxas de mortalidade por pesca que permitam a recuperação das unidades populacio-nais acima de níveis que possam produzir o rendimento máximo sustentável (MSY), o mais tardar até 2020; desembarque de to-das as capturas de espécies exploradas e sujeitas a regulamen-tação, em conformidade com um calendário pré-estabelecido; criação de uma rede coerente de zonas de recuperação das uni-dades populacionais em que são proibidas todas as actividades de pesca, incluindo, em particular, as zonas importantes para a reprodução das unidades populacionais; reforço da participação, atribuições e competências dos Conselhos Consultivos, incluindo a criação de um conselho consultivo para as regiões ultraperiféri-cas; avaliação e eliminação da sobrecapacidade da frota de pes-ca por parte dos Estados Membros; enunciação de critérios que atribuam acesso preferencial aos operadores mais sustentáveis; financiamento transparente e condicionado ao cumprimento de legislação pesqueira e ambiental, com imposição de sanções e congelamento de fundos em caso de incumprimento.

Considero que os aspectos mais positivos do documento apro-vado em Plenário, se reportam às medidas destinadas à recu-peração dos recursos sujeitos a maior pressão pesqueira ou em situação de sobrepesca, nomeadamente o incentivo ao uso de artes de pesca menos impactantes para o meio marinho e mais

selectivas. Contudo, o relatório evidencia um claro desequilíbrio entre os três pilares estruturantes da reforma da Política Co-mum das Pescas - o ambiental, o social e o económico -, com uma evidente priorização da vertente ambiental em detrimento das vertentes social e económica, facto que compromete seria-mente o objectivo de obter uma reforma sólida e duradoura, e sobretudo, que seja compreendida e respeitada pelo sector.

Entre os aspectos mais prejudiciais para o sector nacional das pescas aponto as exigências impostas no âmbito do rendimen-to máximo sustentável e a lei de proibição das rejeições. No respeitante ao MSY, é obviamente do interesse de todos atingir este objectivo. Porém, a relatora propôs que, até 2015, sejam fixadas taxas de mortalidade de pesca acima de níveis que pro-duzam o rendimento máximo sustentável sem, todavia, quan-tificar esta medida, o que constitui um autêntico “cheque em branco” passado à Comissão. No que se refere à proibição das rejeições e obrigação de desembarque de todas as capturas, o calendário proposto é obviamente impraticável no caso das pescarias mistas características do Sul da Europa. Defendi que, previamente à sua implementação, se deveriam realizar estu-dos destinados a conhecer a situação actual das devoluções em cada pescaria e o impacto da obrigação de desembarque de todas as capturas, nomeadamente em termos dos custos de manuseamento e transporte, condições logísticas nos portos, bem como de funcionamento do mercado.

Os Eurodeputados portugueses do Grupo PPE (PSD e CDS) vo-taram contra este relatório. E fizeram-no devido ao facto do calendário proposto pela relatora para a obrigação de desem-barque de todas as capturas não considerar a especificidade das pescarias nacionais e determinar o início das proibições a partir de 1 de Janeiro de 2014. Ora, sabemos que Portugal di-ficilmente estará preparado para cumprir esta medida antes de cerca de 2018. Neste caso corre o risco de entrar em incum-primento e, assim sendo, de se expor a sanções. Este voto negativo pretende igualmente reforçar a posição assumida pelo Conselho nesta matéria, em relação à qual já anteriormente tinha manifestado a sua oposição, de forma a influenciar uma decisão final sobre a proibição das rejeições mais favorável aos legítimos interesses do sector das pescas nacional.

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No contexto da missão da Docapesca da prestação de um serviço de qualidade ao sector da pesca, nomeadamente ao nível da primeira venda de pescado e no âmbito do projecto CCL – Comprovativo de Compra em Lota, a Docapesca vai retomar a Campanha da Cavala, iniciada no último ano. O principal objetivo da Campanha passa pela valorização da Cavala, fresca e em conserva, reforçando a mensagem dos benefícios do seu consumo na saúde e bem-estar, quer pela sua fácil digestão e elevada composição em ácidos gordos ómega 3, quer pelo seu contributo na prevenção de doenças cardiovasculares, oncogénicas, neurológicas, cognitivas, res-piratórias, musculares, entre outras. Para além dos aspetos relacionados com a saúde, a Cavala é uma espécie abundante na costa portuguesa, atualmente sem restrições de contingente e cuja valorização contribui para o aumento do rendimento justo pago ao pescador e para o desenvolvimento das comunidades piscatórias.A Campanha de Promoção da Cavala 2013 vai decorrer du-rante o período da Primavera e Verão, de Março a Setem-bro, percorrendo diversas cidades, não só do litoral (como

aconteceu em 2012), mas também nas principais capitais de distrito onde a Docapesca entende ser importante fazer che-gar a mensagem do consumo responsável e sustentável do pescado.À semelhança do ano anterior, a Campanha vai traduzir-se na realização de um conjunto de ações em todo o país, de divul-gação e informação, “da lota ao consumidor final”. Assim, nos Mercados Municipais, os visitantes poderão par-ticipar em aulas de culinária gratuitas e degustações, minis-tradas por Chefes das Escolas de hotelaria e Turismo da sua região, utilizando Cavala fresca e em conserva.Está também prevista a realização de semanas gastronómi-cas dedicadas à Cavala em algumas cidades, como Olhão, Peniche e Figueira da Foz.A realização da Campanha da Cavala 2013 conta com o apoio dos Municípios e Grandes Superfíces aderentes, a ANICP e as Escolas de hotelaria e Turismo.Para o mês de Março está já confirmada a realização de ações em Leiria e Beja. Poderá acompanhar os desenvolvimentos da Campanha da Cavala 2013 em www.docapesca.pt.

Docapesca promove consumo da cavala

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revista marés28

Cultura Marítimo Fluvialmuseu da baleia da madeira

Estreitar a relação entre a população e o meio que a rodeia: o marO Museu da Baleia da Madeira (MBM) é um dos mais inovadores museus do género no mundo, conciliando conteúdos apelativos com as novas tecnologias de transmissão de informação

ricardo Carvalho & luís Freitas, museu da baleia da madeirawww.museudabaleia.org

Na génese de criação deste museu estão as necessidades de preservação do conhecimento histórico sobre a baleação madei-rense e de compreender e conservar os mamíferos marinhos. Passadas duas décadas desde a criação do museu, esses prin-cípios são pedras de base na missão da instituição. A eles foi adicionada a divulgação do conhecimento produzido e tutelado pela instituição, com o objetivo de estreitar a relação entre a população e o meio que a rodeia: o mar. Para o cumprimento dessa missão, a estrutura orgânica do MBM foi dividida em três unidades distintas: Ciência, Museologia/his-tória e Educação.Além das áreas técnicas necessárias ao cumprimento da missão, o novo edifício do MBM dispõe de mais de 1.000m2 de exposição permanente, divididos por duas salas. As exposições permanen-tes abertas ao público desde Setembro de 2011 convidam o vi-

sitante a explorar os mares da Madeira, para descobrir as suas riquezas e aprender mais sobre as baleias, golfinhos e outros seres vivos marinhos que habitam estas águas. O visitante é também transportado no tempo até início dos anos 40 do séc. XX, para conhecer a história da caça à baleia na Madeira.A exposição inicia-se na Sala da Caça à Baleia, com a redesco-berta dos tempos passados através de uma série de objetos, imagens impressas, filmes e quiosques multimédia. Essa sala divide-se em diversas zonas temáticas, que vão desde o fun-cionamento da rede de vigias das baleias até à fábrica de pro-

cessamento dos animais, passando pelas técnicas de caça, pela reconstituição da frota baleeira e das suas tripulações e pela con-textualização da baleação madeirense no cenário mundial.Nesta primeira sala destacam-se duas baleeiras originais, sendo uma delas a última baleeira a motor existente no globo e um mosaico composto por 84 fotografias, onde se presta uma ho-menagem aos baleeiros que impelidos pela necessidade de sub-sistência tiveram a coragem de enfrentar os gigantes dos mares.No regresso à atualidade, o visitante é convidado a “mergulhar no imenso mar”. Por entre modelos em tamanho real de baleias, golfinhos e outras criaturas marinhas o visitante pode explorar vários filmes 3D estereoscópicos e outros conteúdos multimédia, para aprender mais sobre diversas temáticas marinhas, incluindo os mamíferos marinhos, na sua relação com os oceanos e, em especial, com os mares da Madeira.

Em todo o percurso museológico é facultada informação expli-cativa dos conteúdos, através de áudio-guias e legendas devi-damente identificadas, disponíveis em cinco línguas. O acervo histórico e natural é complementado com vídeos, consolas inte-rativas, fotografias, utensílios e simuladores. Ao visitante é dada a possibilidade de escolher a diversidade e profundidade da in-formação a que pretende aceder.As valências públicas do novo edifício do MBM não se esgotam nas exposições permanentes. Além dessas áreas, dispõe de uma sala de exposições temporárias, um auditório, uma cafetaria, um espaço reservado à futura biblioteca pública da freguesia do Ca-niçal e um aprazível jardim com boa vista sobre o mar.Desta forma, o MBM pretende ser reconhecido pela sociedade em geral e instituições congéneres, nacionais e internacionais, como um centro cultural multidisciplinar, dinâmico, criativo e ino-vador, onde o espaço de museologia se reinventa nas vertentes da educação e da investigação científica, contribuindo ativamen-te para o desenvolvimento da cidadania.

É com muito orgulho que a Mútua se associou, desde 2011, a este projeto segurando as atividades de observa-ção de baleias e o património do museu.Fazemos votos para que esta porta para o conhecimento dos mares e da sua riqueza se mantenha aberta por mui-tos anos!

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Cultura Avieira Valorização e reconhecimento patrimonial

João serranoCoordenador do projeto de candidatura da cultura avieira a património nacional imaterial

Fotografias de vários autoresCultura avieira um Património uma identidade

FolHa iNFormatiVa Nº50-2012

O principal objectivo estratégico do Programa é obter o re-conhecimento da Cultura Avieira como Património Nacional Imaterial.Este reconhecimento formal permitirá dar visibilidade a um conjunto de saberes, tradições e vestígios materiais únicos no País e na Europa, como as casas das aldeias Avieiras, os pon-tões ancoradouros, os barcos, as artes de pesca, os trajes, a fala, as migrações, as relações sociais, o papel da mulher, assim como a biodiversidade da Lezíria do Tejo.Aspectos como os fluxos migratórios, o modo de organiza-ção das comunidades e das famílias e o papel da religião nas aldeias Avieiras têm sido objecto de inúmeros estudos de in-vestigação, dado tratar-se de uma cultura com características muito próprias. O projecto está em curso e permitirá apresen-tar a proposta de candidatura ao Governo Português até ao mês de Julho de 2013 ou, no máximo, até final de 2013. Engloba um total de 70 estudos e investigações cobrindo as principais áreas de caracterização da cultura Avieira.Também está em curso um projecto de investimento baseado na cultura Avieira. Com este projecto prevê-se a construção da Rota dos Avieiros através de investimentos propostos no âm-bito do QREN/PROVERE – Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos. Inclui um consórcio de 30 entida-des, liderado pelo Instituto Politécnico de Santarém, que visa

1º Cruzeiro ReligiosoO 1º Cruzeiro Religioso dos Avieiros e do Tejo, realizar--se-á entre 25 de Maio e 1 de Junho, ligando Constância à Trafaria em 8 etapas. O 1º Cruzeiro ligará sucessiva-mente Constância, Praia do Ribatejo, Tancos, Barquinha, Porto das Mulheres (Chamusca), Azinhaga, Patacão (Al-piarça), Alfange e Caneiras (Santarém), Valada, Esca-roupim (Salvaterra de Magos), Porto da Palha (Azam-buja), Vila Franca de Xira, Póvoa de Santa Iria, Sarilhos Pequenos, Seixal e finalmente Trafaria.O 1º Cruzeiro Religioso está aberto às embarcações tra-dicionais do rio Tejo, desde Abrantes e Constância até às do Grande Estuário. Será transportada a imagem da Santa peregrina que os Avieiros irão passar a designar como Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo. A Igreja Portuguesa associou-se ao evento estando a ser prepa-rada a sagração da imagem numa missa solene a reali-zar em breve, com a presença do Sr. Bispo de Santarém.O cruzeiro tem como objectivos celebrar a religiosidade das comunidades ribeirinhas do Tejo e as suas identida-des específicas, promover a Cultura Avieira a Património Nacional Imaterial, evidenciar as potencialidades do Rio Tejo e sensibilizar também para os seus diversos pro-blemas.Até ao momento aderiram ao Cruzeiro Religioso 35 en-tidades, destacando-se as associações representativas das diversas comunidades ribeirinhas do Tejo, assim como a Confraria Marítima de Portugal, o Bispado de Santarém e a Mútua de Pescadores.

promover diversos investimentos ao longo do rio Tejo, para a criação de um novo destino turístico em Portugal, repartindo--se por várias áreas. Prevê-se investir na construção de hotéis rurais (três já estão a funcionar na Golegã), em restaurantes, no assinalamento marítimo do Tejo para facilitar a navegação, e no restauro das aldeias Avieiras para atrair os turistas com base nesta cultura, que é única na Europa.

©Zona Ribeirinha, António Sousa - Vista da Zona Ribeirinha de Alcochete.

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Cultura Marítimo Fluvial

O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) inaugurou, no dia 13 de janeiro, o novo Aquário de Bacalhaus. Às narrativas memo-riais sobre a pesca do bacalhau feita por homens e navios portugueses no Atlântico Norte, o Museu acrescenta uma ver-tente natural, passando a integrar no seu discurso expositivo um importante património biológico: o bacalhau-do-Atlântico, cientificamente designado por Gadus morhua.Com 3.2 metros de profundidade, circulam diariamente no

revista marés30

A Arte-XávegaSimultaneamente está em curso um trabalho que visa dar va-lor à actividade dos pescadores da arte de pesca e arrasto para terra, praticada em todo o litoral central Português, des-de Esmoriz até à Praia de Vieira de Leiria, estendendo-se até à Costa de Caparica e a Santo André. Esta manifestação de na-tureza económica, a arte-xávega, deve merecer uma atenção particular da parte do Estado para poder dar condições de vida digna aos pescadores dedicados a esta actividade.Por outro lado, e de uma forma paralela, decorre um outro trabalho colectivo que tem como objectivo realçar a importân-cia que a Arte-Xávega teve na construção e na afirmação da identidade das comunidades piscatórias do litoral central Por-

tuguês, como uma actividade única e que urge dar a conhecer. A arte-xávega é uma importante prática cultural inerente às comunidades piscatórias, tão decisiva para a sua sobrevivên-cia e afirmação, que se trabalha actualmente para a candidatar a património nacional imaterial, à semelhança do que ocorre com a candidatura da cultura Avieira anteriormente referida.Com a candidatura pretende-se defender os valores cultu-rais das comunidades piscatórias do litoral central português, promover uma rota cuja matriz é o património da arte-xáve-ga, e ligando-a à rota cultural em construção na candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional, para estabelecer condições dignas para melhorar a vida dos pescadores que a praticam.

Aquário de Bacalhaus no MM Ílhavotanque principal do aquário cerca de 150 mil litros de água salgada, cuja temperatura pode variar entre os 10ºC e os 12ºC. Atualmente, este tanque é habitado por trinta e três bacalhaus provenientes da Noruega e da Islândia, encontrando-se em espa-ço de quarentena dezasseis bacalhaus juvenis que irão ser transferidos para o tanque central quando tiverem cer-ca de 30 cm. Os treze bacalhaus provenientes da Noruega viviam em habitat natural e foram fornecidos pelo Aquário de Ale-sund, parceiro e consultor do MMI em matérias de natureza técnica. Os res-tantes bacalhaus, mais jovens, foram criados em cativeiro na Islândia e, devido ao fundo arenoso das águas,

distinguem-se pela sua coloração amarelada. O Aquário de Bacalhaus do MMI reside num magnífico edifício de arquitectura moderna cujo projecto, à semelhança do edi-fício do Museu, é da autoria do gabinete de arquitectura ARX Portugal. Através das suas linhas, formas e cor, este novo cor-po impõe-se no espaço público também pelo intenso diálogo estético que estabelece com o edifício principal ao qual está fisicamente ligado por um corredor suspenso.

márcia Carvalho, museu marítimo de Ílhavo

©O Rio Tejo e o seu futuro, Ana Carvalho (Duas crianças olham o rio sobre um pontão improvisado. Observei-os no seu interesse genuíno pelo ambiente que os rodeava e registei esta foto. Ao fundo, lado a lado, as paisagens urbana e agrícola, que marcam, de forma indelével, a paisagem ribeirinha do Estuário do Tejo).

©Pesca e moagem, Mateus de Araújo (Pormenor paisagístico do Estuário que retracta duas das muitas actividades económicas que se desenvolvem/desenvolveram na zona. A pesca, simbolizada pela embarcação, e a moagem, actividade que em tempos floresceu, testemunhada pelo moinho de vento, parte do conjunto de três elementos arquitectónicos edificados na orla ribeirinha do Barreiro – Alburrica).

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Recreiorui silVeira, VeleJador do Clube NaVal da Horta

O caminho faz-se caminhando“A vela obriga-nos a cumprir regras e a manter valores e formas de estar na vida diferentes e únicas o que nos faz crescer rapidamente, fazendo com que sejamos pessoas mais maturas e responsáveis.” As palavras são de Rui Silveira, 23 anos, nascido e criado na cidade da horta, desde os 10 anos a velejar pelos mares dos Açores, que rapidamente se tornou velejador profissional, e desde 2010 atleta olímpico

É certamente um nome que orgulha os habitantes da pequena cidade da horta, mas que também nos deverá orgulhar todos nós. Apesar de viver atualmente em Lisboa, continua a navegar pelo Clube Naval da horta (CNh), entidade de que fala com muito carinho, por todo o apoio que lhe tem dado e pelo que tem feito em prol desta modalidade. A Mútua é também cúm-plice desta história já que em boa hora integrou na sua rede de colaboradores o Clube Naval da horta. Aqui republicamos uma entrevista gentilmente cedida pela jornalista Maria José Silva, do Jornal Tribuna das Ilhas, e publicada na Revista Especial Semana do Mar em Agosto 2012.

Como é que se iniciou na vela?A minha ingressão no mundo da vela deu-se de uma forma muito natural. Miúdo nascido e criado na cidade da horta fui parar ao Clube Naval da horta de uma forma muito espontânea, como qualquer outro miúdo que gosta do Mar e pelo simples facto do CNh ter um papel importante nas camadas jovens da nossa ilha.Para além disso a minha família tem uma enorme ligação ao mar, sendo a referência principal o meu avô materno, José Me-deiros, pela história, que durante cerca de 30 anos fez no Canal Faial/Pico/Faial, no tráfego local de passageiros. Por isso vejo a minha iniciação neste mundo quase como algo que estava previamente destinado.

O que o fascina nesta modalidade?O mais fascinante numa modalidade como a vela, sendo esta difícil de praticar, é o facto das nossas competências estraté-gicas, intelectuais ou tácticas terem um papel preponderante entre o ganhar e o perder, isto numa vertente competitiva.O que me fascina nesta modalidade é o sucesso e a forma como o alcançamos. A vela é um desporto cujos factores externos ao barco e a nós (por exemplo, o vento, as nuvens, as marés, a geografia do local, etc) têm um papel importantíssimo no des-

fecho final de um campeonato. A melhor sensação é quando nos conseguimos adaptar de uma forma eficaz a todos esses factores e as coisas correm bem, mas não só. A vela obriga-nos a cumprir regras e a manter valores e formas de estar na vida diferentes e únicas o que nos faz crescer rapidamente, fazendo com que sejamos pessoas mais maturas e responsáveis. Outro aspecto muito positivo da vela é a possibilidade de conhecer o mundo e navegar em sítios extremamente interessantes, dota-dos de grandes belezas; natureza, culturas e pessoas.

Sendo atleta do CNH que imagem/opinião tem da vela que se pratica no Faial?Apesar de estar distante sempre acompanhei a actividade do CNh que foi a “Minha Grande Escola”. Faço parte da vida activa do clube mas normalmente em provas nacionais e internacio-nais. No entanto, sempre que vou ao Faial dou o meu contributo às camadas jovens, tentando transmitir os meus conhecimen-tos. Nestes últimos dois anos vejo uma evolução positiva na qualidade dos nossos velejadores, o que me deixa satisfeito e com expectativas para que o futuro nos traga mais Jovens para este circuito. Curiosamente neste momento vejo a vela ligeira muito mais forte. Estes são bons indicadores e é sinal que as pessoas à frente dos destinos do clube já perceberam a importância dos jovens na vela da nossa ilha, sendo estes a estrutura e o futuro de um clube.Apesar de haver tudo isto é claro que há limitações, o que é normal pelo facto de estarmos isolados, principalmente a falta de maior nº de participações em provas nacionais, para que se desenvolvam maiores competências. Mas o caminho faz-se caminhando e não tenho dúvidas do potencial dos jovens da nossa terra e do Clube, apenas é preciso ser paciente e con-tinuar a trabalhar, apostando sempre nas bases e numa boa aprendizagem. Louvo o esforço que o CNh tem feito na promo-ção da vela adaptada, a possibilidade que tem dado a pessoas com limitações físicas de praticarem vela. Cada vez mais a vela tem de ser de todos e para todos acabando com o preconceito elitista que existe no mundo da vela.

Como foi a transição para Lisboa?A transição para Lisboa começou por uma decisão séria e fa-miliar, que ocorreu no ano 2007, tinha eu 17 anos, depois de ter participado num estacional nacional de jovens talentos or-ganizado pela Federação Portuguesa de Vela (FPV). A proposta feita aos meus pais foi “quero continuar a estudar no ITN para poder evoluir na vela, estava eu nessa altura no 10º ano. Não foi fácil e tinha que me integrar sem ser marginalizado e então a opção passou por federar-me na ANL. Aí integrado, tinha as mesmas possibilidades que os meus colegas, de evoluir e partilhar o mesmo treinador. Treinávamos aos fins de semana, mas quando tinha disponibilidade e em vésperas de provas

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Recreiotreinava muitas vezes sozinho. Trabalhei muito mas aos pou-cos comecei a destacar-me dos laserista nacionais e a moti-var-me cada vez mais. Tive a sorte de ter bons treinadores que me estimaram muito e me apoiaram porque desde cedo perceberam qual era o meu objetivo. há dois anos entrei na Vela Olímpica, evolui consideravelmente, adaptei-me ao rigor de um atleta Olímpico de uma forma natural. Sempre tive a capacidade de me rodear de pessoas cujo os va-lores, objectivos e forma de pensar fossem muito próximos dos meus e a partir daí, as coisas surgiram de uma maneira mais fácil. Acredito que na maior parte das vezes tenho conseguido escolher o caminho certo.

Neste momento quem é o seu treinador e como são orientados os seus treinos?Desde Setembro de 2011, o meu treinador é o Luis Rocha, com um vasto curriculum, reunindo condições para ser um dos me-lhores treinadores portugueses de vela, e do Mundo. Felizmente o Governo dos Açores tem uma política para o desporto que me proporcionou a contratação deste excelente treinador, funda-mental para a estabilidade deste projeto.O Luis é uma pessoa muito conceituada e com um trabalho reconhecido no mundo do desporto. É o treinador de vela por-tuguês com mais títulos mundiais e europeus alcançados e é o único que possui uma medalha nos Jogos Olímpicos como treinador. Para além de já ter sido director técnico da FPV bem como coordenador do Projecto Olimpico. É uma pessoa extre-mamente profissional e com grandes valores no desporto, logo a adaptação foi naturalmente fácil. Trabalhamos muito diaria-mente com o objectivo de sermos melhores a cada treino e a cada campeonato.Os meus treinos têm o rigor de qualquer atleta que queira al-cançar o sucesso no Olimpismo. Trabalhamos muito em treinos bi-diários, chegando mesmo várias vezes a tridiários dependen-te do objectivo de cada treino. Resumindo, treinamos no mar cerca de três horas e meia (independentemente da força do vento), seguido por um trabalho físico de ginásio, acabando as-sim com um trabalho de recuperação (por exemplo pedalando em estrada cerca de uma hora, no mínimo).A época é planeada em conjunto com os técnicos do Centro de Alto Rendimento. Estes fazem o planeamento do treino de ginásio tendo em conta aquilo que pretendemos para um deter-minado campeonato e época. Normalmente durante o período competitivo atingimos dois picos de forma e esses acontecem sempre nas provas mais importantes do calendário.

Porquê e como decidiu seguir uma carreira na vela?A carreira na Vela foi o resultado de toda a minha evolução, para além de estudar, estou no 1º ano do Curso “Gestão Por-tuaria” na Escola Superior Náutica Infante D. henrique. Sou competitivo e quero atingir o sucesso nesta modalidade, acre-dito que isso é possível e por isso trabalho afincadamente para tal. Desde novo sonhava que um dia poderia participar nuns Jogos Olímpicos e lutar por uma medalha é o meu sonho desde que comecei a praticar vela de competição. Pretendo continuar forte pois quero permanecer por muito tempo nesta modalida-de e ser reconhecido pelo meu trabalho. Num futuro imagino--me a navegar em circuitos de vela no topo mundial. O que mais me fascina é a possibilidade de atingir o sucesso não só na vela olímpica como noutros barcos. Mas claro que só acon-tecerá se continuar a trabalhar muito!

Londres esteve na sua mira durante esta época, todavia foi um objectivo que já está fora da de hipótese…Infelizmente Londres não foi possível. Por momentos acreditei que havia a possibilidade de lá estar para competir nos Jogos

Olímpicos mesmo depois de o Gustavo voltar à classe Laser. En-trei determinado na primeira prova de selecção (Troféu Princesa Sofia) pois sabia que as condições naturais de Palma de Maiorca eram-me mais favoráveis a mim do que ao meu adversário, logo senti que tinha de fazer a diferença e tirar os melhores resultados. O campeonato estava a correr bem até aparecer um problema técnico no barco que condicionou muito o desfecho do campeonato. Infelizmente aqui o objectivo não foi cumprido porque não consegui atingir a diferença pontual desejada. Sabendo que ele iria estar muito forte fisicamente na Skandia Sail For Gold em Inglaterra, a estratégia passava por ganhar vantagem em relação ao Gustavo Lima nesta prova, porque comparativamente estava fisicamente melhor, e na 2ª prova de apuramento para os JO, gerir a diferença de pontos existentes entre nós. Mesmo depois de ter perdido as selecções para aquele que con-sidero um dos melhores lazaristas mundiais, continuámos a tra-balhar juntos, até aos JO.No entanto considero que terminei a época em alta no Cam-peonato da Europa que se realizou em hortin – França de 2 a 7 Julho. Terminei em 18º, sendo o melhor resultado desde sem-pre na categoria de Sénior, 13 por países… Isto deixa-me feliz e com esperança no futuro.

Qual o seu plano para a esta época desportiva (2012/2013)Um atleta com estatuto de alto rendimento, tem que trabalhar continuamente para o manter. Não é um dado adquirido. É ou não renovado anualmente. Durante todas as épocas desporti-vas tenho que dar continuidade ao meu trabalhar, melhorando sempre. É assim que me permite obter bons resultados a nível internacional, e por conseguinte a renovar deste estatuto, que por sua vez vai possibilitar uma grande parte do financiamento deste projeto. Neste momento já participei em 4 provas inter-nacionais e 1 nacional. Os resultados foram bons, destaquei-me na maior parte, nos TOP 10, ou seja dentro dos primeiros 10 lugares. Quais os seus planos para o futuro?O meu futuro irá passar por fazer campanha na classe Laser para os jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Encaro estes jogos de uma maneira muito positiva pois as condições que normal-mente acontecem no local onde irão ser realizadas as regatas são me muito favoráveis tendo em conta as minhas caracterís-ticas. Para além disso, quero navegar com mais regularidade em barcos mais evoluídos tecnicamente e tenho o desejo de formar uma equipa competitiva com o objectivo de “vingar” no Match Racing. Mas para isso é necessário algum financiamento e sinceramente espero que surja essa oportunidade. No entan-to o foco dos próximos quatro anos passa pelo laser, sendo o meu primeiro objectivo entrar na equipa olímpica já na próxima época.

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RESULTADOS 2012/2013

6º lugar - Campeonato de Espanha – Vila Garcia,ESP – 11 a 14 Outubro (33 participantes)1º lugar – Europa Cup – Cascais, POR – 19 a 21 Outu-bro (10 participantes)2ª lugar – XIV Semana Olímpica Canarias, ESP – 5 a 11 Dezembro (15 participantes)18º lugar- Cristmas Race – Palamós, ESP – 18 a 23 Dezembro (35 participantes)2º lugar - Troféu Comodoro -Canarias, ESP – 11 a 12 janeiro (11 participantes)

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Ecoturismo

We like Sharks

Nesta entrevista concedida à equipa da Mútua no Algarve, Daniel Machado, do Projeto “We like sharks”, explica o desenvolvimento desta iniciativa de ecoturismo. Trata-se de uma ação «multidisciplinar que envolve ações de educação, investigação e ecoturismo e que tem como missão contribuir para a conservação dos tubarões na região do Algarve a médio e longo prazo»

Fotografias ©We like sharks

Como surgiu o projeto “We Like Sharks”?Este projeto nasceu da ideia de avaliar o potencial do ecoturis-mo com tubarões (nas vertentes de observação e mergulho) no Algarve uma vez que estes animais eram observados com alguma frequência nas saídas de observação de vida selvagem da Ecoceanus.À medida que foi sendo escrito este foi crescendo, pois fomos percebendo que para introduzir o tema de mergulho com tu-barões, seria também preciso dar a conhecer às pessoas o que são os tubarões, quais são os nossos tubarões, a importância que têm na nossa vida e que podem ter uma grande importân-cia no futuro da nossa economia regional... Um tubarão vale mais vivo do que morto!Assim o projeto WE LIKE ShARKS (GOSTAMOS DE TUBARÕES)é um projeto multidisciplinar que envolve ações de educação, investigação e ecoturismo, que tem como missão contribuir para a conservação dos tubarões na região do Algarve a médio e longo prazo.Um dos nossos principais desafios, ou seja, objetivos, é alterar as percepções negativas que as pessoas têm acerca dos tuba-rões e transmitir a mensagem:

Quais os objetivos do mesmo?O WE LIKE ShARKS tem como missão contribuir para a melho-ria da “saúde” dos tubarões no Algarve e ajudar a converter esta região numa “Região amiga dos tubarões” a médio prazo. Tem como ponto de partida o estudo da viabilidade do ecotu-rismo com tubarões (através da observação e/ou mergulho). Para tal o WE LIKE ShARKS contempla vários objetivos, que se materializam nas seguintes ações:

1) Realizar Ações de investigação com várias saídas de mar, ao largo da costa de Portimão para estudar a viabilidade do ecoturismo com tubarões, bem como, proceder à recolha de dados e amostras científicas, de forma a contribuir para um melhor conhecimento sobre os tubarões nesta região, tendo como fim ajudar a planear e a desenvolver produtos turísticos seguros e sustentáveis;2) Realizar Ações de educação e de sensibilização junto da população local, dos turistas e dos jovens, de forma a mudar a perceção negativa que têm sobre os tubarões e dar a conhecer a importante relação que estes têm com os oceanos, o quão valiosos poderão ser para as suas vidas, bem como motivar para a utilização sustentada dos mesmos como a “chave” para a sua conservação;3) Realizar Ações de promoção e difusão social junto da so-ciedade em geral, através da elaboração de vários produtos de comunicação e do contacto com os órgãos de comunicação social, de forma a alertar para a conservação dos tubarões e a promover a observação e o mergulho, como produtos turís-ticos viáveis e sustentáveis que valorizem os tubarões vivos e trazem benefícios para a economia regional;4) Realizar Ações de parceria e de colaboração com entidades idóneas e relevantes para o projecto que apoiem, patrocinem ou colaborem com as diversas ações previstas. Conhecem outras experiências deste tipo?A observação e o mergulho com tubarões são atividades eco-turísticas realizadas em várias partes do mundo e vários estu-dos sócio-económicos demonstram que um tubarão vivo tem maior valor do que morto

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Ecoturismo

Sendo uma prática responsável que conserva o meio ambien-te/tubarões e promove o bem-estar das comunidades locais, razão pela qual vários países têm vindo a apostar na preserva-ção dos tubarões, através da criação de produtos de ecoturis-mo, como alternativa à pesca. É uma atividade em expansão, existindo mais de 350 operadores turísticos, espalhados por 29 países, que oferecem várias actividades com tubarões.A Europa é uma das zonas com menos representatividade na área, onde apenas Espanha, Reino Unido e Portugal (apenas nos Açores) oferecem estes produtos. O Algarve tem potencial e deverá rumar no sentido de um turismo de mar sustentável“A study on the community and Government of Palau de-monstrated that a single reef shark has an annual value to the tourism industry of US$179,000. The same shark sold for consumption is worth only US$1084. Algarve can embrace a similar model of shark ecotourism.” Quem são os parceiros envolvidos neste projeto?O WE LIKE SHARKS é financiado pela “Save Our Seas Founda-tion” (SOSF), desenvolvido pela Associação Portuguesa para o Estudo e a Conservação dos Elasmobrânquios (APECE), em conjunto com as empresas de ecoturismo – ECOCEANUS e de comunicação – GOBIUS e em parceria com diversas entida-des como o Instituto Canario de Ciencias Marinas (ICCM) e a Flying Sharks.Desde o início do WE LIKE ShARKS já se juntaram ao projec-to 15 parceiros, para além da Mútua dos Pescadores, entre empresas, escolas ou entidades individuais, como fotógrafos, que estão a contribuir e a ajudar o projeto nas mais diversas vertentes...

O que vos levou a convidar a Mútua dos Pescadores como parceira?O desenvolvimento de um produto de mergulho com tubarões nunca poderia deixar de fora a atividade seguradora, e sendo a Mútua uma referência no âmbito da economia do mar achá-mos que faria todo o sentido um parceiro que em articulação com a equipa do projeto pudesse desenvolver um produto segurador dirigido especificamente à atividade que agora se pretende desenvolver. Esta parceria dá mais força e credibilidade ao projeto, ao mes-mo tempo que permite à Mútua estar na vanguarda da diver-sificação e inovação da economia e exploração sustentável do meio marinho.

Foram feitos estudos a apurar se existe mercado em Portugal para este tipo de atividades?Portugal é um país com uma oferta considerável de serviços de mergu-lho e com recentes desenvolvimentos nesse sentido. O mergulho com tuba-rões poderá ser mais uma atividade a estar disponível no nosso território continental e sem dúvida atrairá um mercado que tem até à data pouca oferta a nível Europeu. Está a ser desenvolvido dentro do âm-bito do projeto um questionário para mergulhadores e não mergulhadores que pretende avaliar o nível de infor-mação, a vontade e disponibilidade das pessoas para participar num pro-duto turístico deste género. No final do projeto poderemos apontar os re-sultados deste questionário. Qualquer pessoa poderá participar em:

https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dhUyWm90Z0pOeldsMmNSQThfUl95Z2c6MQ#gid=0

Estas experiências não oferecem perigos para os aderentes, praticantes ou clientes?Os tubarões são animais selvagens e com um potencial de perigosidade associado. De forma a minimizar possiveis ris-cos, para ambos (pessoas e tubarões) há que avaliar quais as condições operacionais ideais. Com os procedimentos corretos esta atividade pode ter riscos associados muito baixos. Para atingir este patamar de segurança o “We like sharks” está e irá desenvolver varias ações como:

• Criação de um código de conduta ou manual de boas práticas para observação e mergulho com tubarões

• Proposta de legislação que regule a prática desta actividade

• Formação e sensibilização dos centros de mergulho e promo-tores turísticos no Algarve

Saber mais em:http://www.welikesharks.com/http://www.facebook.com/WeLikeSharkshttp://www.youtube.com/welikesharks

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Opinião

Observatório marés

Foi aprovado no dia 6 de Fevereiro, no Parlamento Europeu, o regulamento da Política Comum de Pescas (PCP) que definirá a estratégia para a pesca na União Europeia para os próximos anos. Esta reforma da PCP, apesar da exclusão da proposta inicial de qualquer referência às concessões de pesca transfe-ríveis, que se traduziria numa privatização do mar e seus re-cursos, não augura nada de bom para as pescas em Portugal. Mais uma vez a UE aprova um regulamento que não tem em conta a diversidade e a complexa especificidade e caracterís-ticas das artes de pesca, regiões e recursos de cada país e insiste-se numa gestão centralizada da PCP, distante da rea-lidade de cada Estado Membro, nomeadamente Portugal, que tem a maior Zona Económica Exclusiva (ZEE) da UE. Isto não trará perspectivas de resolução dos problemas que afectam a pesca em Portugal, antes pelo contrário, terá efei-tos muito negativos e devastadores, porque ignora a pesca de pequena escala, que representa cerca de 90% da frota nacional, e consequentemente a implicação socioeconómica deste regulamento.

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Espaço aberto aos leitores da Marés, interrompido na última Marés especial, evocativa do 70º aniversário da Mútua, e que torna agora a integrar o corpo de artigos da Revista. Artigos que refletem exclusivamente a opinião dos seus autores, não comprometendo a redação, sobre assuntos que estão na ordem do dia, de natureza económica, política, social, cultural ou ambiental, das mais variadas áreas de atividade. A Marés reserva-se no direito de selecionar os mesmos

João almeidaFederação dos sindicatos do sector da Pesca

A falta de consideração pela pesca de pequena escala torna--se mais grave e evidente pelo facto de, durante a votação, não se ter tido em conta o importante Relatório Ferreira so-bre a pequena pesca aprovado por este mesmo Parlamento em Setembro de 2012. Esta reforma da PCP é mais um contributo para destruir o tecido produtivo nacional e que trará mais flagelo e precarie-dade a um sector já tão fustigado pela ausência de políticas adequadas e sustentáveis mereceu os votos contra de todos os deputados dos partidos portugueses, excepto do PS que votou a favor. Enquanto não houver políticas que incentivem e apoiem a produção nacional, a modernização das frotas, a valorização do pescado nacional e uma gestão adequada dos recursos que tenha em conta as características e especificidades das pescas nacionais, a pesca em Portugal continuará a definhar e em crescente declínio.

Portugal é mar, a pesca tem de ter futuro!

PolÍtiCa Comum de PesCas

Regulamento aprovado pelo Parlamento Europeu

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Opinião

Somos muitos. E somos todos diferentes. Entre as pessoas que connosco trabalham existem os bem-humorados, os rigo-rosos, os tímidos, os mais tradicionais, os metódicos, os ino-vadores, isto é, pessoas de todos os tipos. São as diferenças que constroem e moldam a cultura organizacional. A soma das diferenças é a nossa força, a nossa identidade. Contudo, possuímos um factor comum, a Missão. A Missão é o conjunto de contribuições que caracteri-zam a nossa identidade e que dão sentido à sua exis-

reFlexão

As Organizações são Pessoas david silva

[email protected]

tência, fortalecendo o sentido do nosso trabalho. O valores são qualidades fundamentais que nos orientam no dia a dia para que possamos contribuir da melhor forma para a Missão da Organização. As Organizações são o colectivo de pessoas que nelas traba-lham e \ ou participam ou seja os Stakeholders. Assim, ao praticarmos os valores da Organização estamos a construir uma identidade forte.Valores:

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I nvestigação

Quanto custa ser pescador artesanal? etNograFia, relato e ComParação eNtre dois PoVoados PesQueiros No brasil e em Portugal

Foram os estudos antropológicos sobre pequenas comunidades piscatórias que trouxeram Zé Colaço a Portugal e à Mútua, em 2010. Antes de se fixar na Carrasqueira, acompanhou a Mú-tua nalgumas andanças… esteve connosco em Portimão, no V Encontro sobre Segurança (com o Professor José Resende, da Universidade Federal Fluminense e helena Abreu, do IPIMAR), e esteve em Sesimbra no Seminário “A Pesca Artesanal em Por-tugal – Reflexões e Desafios”, respirando um pouco do pulsar das nossas comunidades piscatórias, das suas preocupações e aspirações.Em outubro de 2011 contou-nos na Marés a sua aproximação à Mútua e a estada na Carrasqueira, essa pequena comunidade de pescadores/agricultores, no Concelho de Alcácer do Sal, ba-nhada pelo Rio Sado, que a população chama Mar…A Carrasqueira foi o outro lado do seu trabalho já desenvolvi-do no Brasil, com outro “povoado” de pescadores localizado no Norte do Rio de Janeiro, Ponta Grossa dos Fidalgos. A tese de doutoramento que defendeu em abril de 2012, e que teve a amabilidade de nos dar a conhecer, tece-se em torno das ten-sões existentes dos dois lados do mundo, entre os pescadores artesanais e os poderes públicos que regulamentam sobre a gestão dos recursos e espaços haliêuticos. Tanto aqui como lá, José Colaço quis perceber por que motivo os pescadores con-testam as normas criadas pelos poderes públicos no acesso e na gestão dos recursos.Aqui deixamos o Resumo da tese* e enviamos “aquele abra-ço” ao Zé e os nossos votos de maiores felicidades para a sua vida!

Resumo

Esta tese pretende consolidar resultados de pesquisas etnográ-ficas realizadas em dois povoados de pescadores artesanais: um no Brasil e outro em Portugal. Localizada na região norte do estado do Rio de Janeiro, a La-goa Feia oferece uma extensa variedade de recursos naturais de significante interesse econômico e ecológico. Por conta da dimi-nuição gradativa de suas reservas de peixe, o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) tem intensificado nos últimos anos uma atenção especial à re-gião. Oficialmente responsável pela regulamentação do manejo sustentável de diversos tipos de ecossistemas, o IBAMA vem impondo uma série de restrições à pesca artesanal, a fim de restaurar essas reservas. Em muitas regiões do país, o contro-le realizado pelas agências do Estado sobre as populações que vivem de atividades de extração e captura de recursos naturais tem sido motivo de conflitos e transgressões de regras. Assim, a partir da etnografia de suas práticas haliêuticas, o texto pre-tende evidenciar os motivos que levam muitos pescadores do povoado de Ponta Grossa dos Fidalgos – localizado na margem norte da Lagoa Feia – a não pararem suas atividades profissio-nais no período definido pelo IBAMA. Na parte portuguesa, a tese apresenta o material etnográfi-co coletado na Carrasqueira – pequena aldeia de pescadores e agricultores localizada no Estuário do Sado, na costa central portuguesa. Os ritmos de trabalho, tanto na pesca artesanal quanto na apanha de mariscos, estão submetidos às condições das águas oceânicas, tais como altura, volume e amplitude. Isto implica numa sofisticada leitura das condições ambientais, bem como em uma adaptação cotidiana das formas de exploração dos recursos naturais por parte dos carrasqueiros. Semelhante ao que ocorre no caso brasileiro, a DGPA (Direção Geral de Pes-cas e Aquicultura/atual DGRM) – órgão responsável pela admi-nistração e regulamentação do setor em Portugal – tem formu-lado, de modo sistemático, normatizações que limitam o acesso aos mais diversos recursos naturais. As medidas e as formas de fiscalização, protagonizadas pela Polícia Marítima, têm sido recebidas com reclamação por grande parte dos pescadores. No contraste entre os dados etnográficos das duas pesquisas, o texto pretende responder por que, em geral, pescadores arte-sanais não seguem normas oficiais de preservação ambiental tal como esperam gestores públicos e ambientalistas.

* José Colaço Dias NETO, QUANTO CUSTA SER PESCADOR ARTESANAL? - Etnografia, relato e comparação entre dois povoados pesqueiros no Brasil e em Portugal - Tese de Doutoramento apresentada ao Programa de Pós Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense / Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, 2012

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Marleanet

COM CHAVE DE OURO...Ancorar ou Largar?Com este artigo encerra-se um ciclo de comunicações sobre o projeto Marleanet, que caminha agora para o seu encerramento administrativo. Este artigo dá conta das conferências finais do projeto levadas a cabo em três dos quatro países que constituíram a parceria [França/Bretanha, Espanha/Galiza e Portugal], apresenta a metodologia e objetivos dos módulos e.learning construídos para o projeto e divulga a vontade de manter ativa uma rede de centros de formação que terão a MpDB como ele de ligação

maria do Céu baptista, Coordenação marleanet/ mútua dos [email protected]

Conferências e jornadas de encerramentoA primeira das três atividades de encerramento que a parceria de-senvolveu decorreu em Brest, promovida pelo CEFCM, promotor do projeto, no âmbito da “Seatechweek” . Todos os parceiros con-tribuíram para este encontro e cada um apresentou os resultados mais importantes do seu grupo de trabalho. O CEFCM convidou alguns stakeholders franceses a quem pediu para comentar os produtos de formação que os centros-parceiros do projeto prepa-raram. As sessões de trabalho públicas foram articuladas com reu-niões da parceria e do comité de especialistas (TAC). Em Portugal a conferência final decorreu no âmbito VII Encontro Mútua, 2012 e teve lugar em Peniche. Organizada pela MÚTUA DOS PESCADORES foi das três atividades internacionais a mais concorrida (estiveram presentes 222 pes-

soas de todo o país) e contou com a contribuição de convida-dos internacionais que transformaram esta sessão em mais uma atividade formativa e de divulgação do ensino tecnologicamente apoiado sobretudo em sistema misto (conjugação presencial e à distância). Foram convidados Knut Kusche e Pierre Bouges. O pri-meiro deixou claro os requisitos multi-sensoriais (imagem fixa e em movimento, som, interatividade mecânica mas também in-telectual, etc) que devem estar presentes na construção de mó-dulos capazes de fixar a atenção do profissional-estudante em pós laboral ou durante as horas de trabalho, enquanto o segundo enunciou os princípios a ter em conta na formação vocacional de adultos, principalmente aqueles que vão estar obrigados a um espírito de corpo, como o caso das Armadas (o orador relatava um ano de experiência em St. Mandrier). Durante a conferência foi tornada pública a Sociedade Portuguesa de Saúde Marítima e sua Comissão promotora, criada no âmbito do projeto e fruto de vontades antigas e sinergias geradas durante os intercâmbios de profissionais, sobretudo em Brest e na Galiza (antecedidos por um em Agadir).Na Galiza o CETMAR utilizou um outro modelo – um misto pre-sencial e à distância, que permitiu a alguns centros de formação seguir a jornada sem sair do seu espaço de trabalho (usaram-se ferramentas youtube para a transmissão em direto). Em todas as jornadas foi de realçar a presença das Escolas das Marinhas dos países parceiros e de stakeholders (com especial realce para a conferência portuguesa, onde também estiveram presentes auto-ridades de índole diversa).

Módulos e.learning A Mútua dos Pescadores desenvolveu dois módulos de formação

Antes da imobilização é necessário posicionar o braço com muito cuidado (90º)

Radiografia Dois pescadores sinistrados e o Dr. Miguel Alarcão simularam uma aula.

Equipa Mútua: A equipa multi disciplinar que trabalhou em sala e no terreno para a concretização do módulo colaborativo Marleanet.

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Co-finaciado com o apoio da União Europeia FEDERPrograma Espaço Atlântico

INVESTINDO NO NOSSO FUTURO COMUM

para este projeto. São produtos experimentais sendo que a IMO-BILIZAçãO DO BRAçO EM CASO DE LUXAçãO DO OMBRO está desenvolvido como uma unidade pronta a ser utilizada e PANE, PANE, PANE como ensaio sobre o uso do tempo e do jogo numa unidade de formação. Neste artigo focar-nos-emos no primeiro módulo. O seu objetivo fundamental é alertar para a importância de uma boa imobilização do braço (até apropriada intervenção médica) e ensinar a levar a cabo essa operação. A metodologia utilizada foi a colaborativa (médicos e pescadores que sofreram luxação do ombro trabalharam em conjunto) e o programador acompanhou todos os trabalhos. Foram realizadas entrevistas preliminares onde se colheram as experiências vividas pelos pes-cadores em questão, que foram parcialmente utilizadas. O pesca-dor tem um desempenho profissional de alto risco e a sua cultura profissional é adquirida ao longo da atividade profissional, estando por isso especialmente atento a relatos que envolvem companhei-ros de atividade. Atendendo a que é um produto experimental, com versão em in-glês, exploraram-se vários modos de transmitir informação que necessita de ser repetida (gráficos, vídeos, desenhos, som) dando especial atenção ao modo como se facilita a tarefa de tradução). Aproveitou-se também a presença do médico que se torna, lado a lado com o pescador sinistrado, um ator do processo de aprendi-zagem. É ele que ensina a fazer. Ele é Miguel Alarcão que há mais de 30 anos trabalha com pescadores e conhece bastante bem os problemas que se levantam (e porque acontecem) quando as coisas não são feitas como devem ser!!!

Segundo Miguel Alarcão, médico Ortopedista1. A luxação do ombro é uma situação clínica que ocorre com re-lativa facilidade e que normalmente é fruto de uma queda para a frente, em que há um apoio direto do braço ou um movimento de suspensão em que a pessoa fica pendurada por um braço e sofre uma forma extrativa violenta que origina a luxação (articulação fora do lugar).2. É uma situação extremamente dolorosa em que o doente, além da dor, está em grande ansiedade provocada pela própria dor.3. A recuperação de um doente com uma luxação do ombro nunca é inferior a 90 dias. Quando há uma deslocação do osso rompem--se uma série de estruturas e essas estruturas têm de cicatrizar, tal como fazemos com uma ferida. 4. Daí a importância de perceber o papel de uma imediata boa imobilização: a imobilização reduz significativamente a intensi-dade da dor; evita que outros problemas possam surgir, como sejam as compressões vaso-nervosas, que podem dar origem a situações graves como a necrose (morte de estruturas ósseas ou musculares).Não sendo situações comuns as luxações do ombro podem ter origem em muitas situações, no interior da embarcação, enquanto se pesca, se trabalha no convés ou mesmo a dormir!!!

Joaquim Brieira, pescador, SesimbraEstava no beliche, estava mau tempo, o barco ia a largar [as ar-tes] e eu caí do beliche abaixo, de uma altura de dois metros e tal três metros. Caí e caí de lado. - [Com o] ombro esquerdo, e quando levantei fiquei com o braço assim…Pendurado… e eu pus (assim) a mão e tinha dois altos, saí cá para fora do camarote, chamei por um camarada que chamou o mes-tre. Estiveram a ver… – isso é o braço deslocado, tens o osso de fora. Naquela altura [ligou-me] com um lençol.

Mustapha Bouhani, pescador de nacionalidade marroquina, Sesimbra- Fui levar um bidão com bolas para começar a largar [as artes], levei, voltei para trás … Há umas borrachas no barco, para a gen-te não escorregar…. E uma borracha está em cima da outra… se estivesse a bater mas não, estava uma em cima da outra, a luva tinha [gordura] da pesca. Escorrego.

O módulo centra-se na aprendizagem de duas técnicas de imo-bilização – ligadura e funda em pano – que asseguram ao sinis-trado um regresso ao porto em boas condições e termina com a demonstração de um conjunto de exercícios que podem ser feitos em casa, em complemento da fisioterapia em centro habilitado. Participaram nesta unidade, além dos pescadores acima citados, a tripulação da embarcação “Nosso Ideal” do porto de Sesimbra, cidade onde vive e trabalha o Dr. Miguel Alarcão que segue os si-nistrados na delegação da Mútua daquela cidade. A programação esteve a cargo de Ricardo Gaspar da Normática e a realização dos desenhos técnicos que em muito valorizam a unidade são da au-toria de Rita Bebiano. Ambos demonstraram uma extraordinária capacidade de apropriação do ideal colaborativo do projeto. A unidade pode ser disponibilizada em plataforma Moodle mas também está criada como produto stand alone, podendo depois de descarregada em qualquer computador ou Ipad e ser visuali-zada sem perder funcionalidades.

Futuro...Apenas algumas palavras para dizer que não nos assusta. Durante o projeto fomos capazes de construir dois utensílios de trabalho fundamental: a MpDB que será a plataforma da rede de centros que a reunião final da parceria, em Lisboa, confirmou. E, mais do que um módulo de e.learning, uma metodologia colaborativa de construção de pequenas unidades de formação, a distribuir via pla-taforma (ou em caso de necessidade, autonomamente), que pode ser usada na construção de módulos “curtos e interativos”, (tal como era defendido pelo promotor no início do projeto). É impor-tante agora não perder o alento e prosseguir com esta experiência, dando-lhe continuidade e corpo, envolvendo centros de formação e utilizadores finais (pescadores ou outros) mas também a indústria de desenvolvimento e todos os stakeholders do setor.

A aula foi registada em vídeo e fotografia e as imagens serviram de base para os desenhos técnicos de Rita Bebiano

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Da Mútua

A Mútua em 2012Tínhamos como objetivos para 2012 conseguir contornar as difi-culdades e regressar aos resultados positivos. E assim fizemos!O resultado líquido apurado nas contas de 2012 foi positivo em 436 025,57 € após impostos.Este resultado espelha o esforço e empenho da Mútua apesar do contexto adverso em que se desenvolveu a atividade eco-nómica.Com efeito, apesar do decréscimo sentido nos prémios em 2012, em virtude de termos encerrado a operação de seguros em França, foi a significativa redução de custo com sinistros, o decréscimo nas Despesas Gerais e um melhor comportamento dos mercados financeiros que levaram a que a Mútua retor-nasse a resultados positivos que irão fortalecer a sua situação económica e financeira.Ao nível dos indicadores financeiros e técnicos, a Mútua refor-çou o seu rácio de solvabilidade (Margem de Solvência) que se encontra superior a 276% e apresenta uma taxa de cobertura das Provisões Técnicas de 138%, valores que demonstram a solidez financeira da Mútua.

Perspetivas para 2013Tal como já dissemos em 2012, 2013 vai ser mais um ano difícil. Mas será um ano para resistir! Manter a nossa carteira de prémios, diversificar, controlar a sinistralidade, o nível das cobranças e o controlo sobre as des-pesas gerais, a par de um bom desempenho dos nossos ativos financeiros, são objetivos que envolvem toda a empresa. Pretendemos assim dar continuidade às principais linhas de trabalho de 2012 e aos projetos que carecem de desenvolvi-mento e conclusão.E em 2013 serão eleitos novos Órgãos Sociais, que governa-rão a Mútua nos próximos 4 anos.

sara [email protected]

Plano de atividades para 2013 – Continuidade, Resistir e CrescerOs cooperadores da Mútua dos Pes-cadores reuniram-se em Assembleia Geral, no dia 16 de dezembro, no ho-tel Açores Lisboa, em Lisboa, onde aprovaram o Plano de Atividades e Orçamento para 2013, que já havia obtido o parecer favorável do Con-selho Nacional de 24 de novembro.Num quadro de recessão econó-mica, forte austeridade sobre as empresas e famílias e de incerteza quanto ao futuro do país e da Europa, a Mútua dos Pescadores elegeu como objetivos para este ano dar continuidade à linha de trabalho de 2012, ou seja, resistir a este contexto econó-mico adverso, mas apostando também no desenvolvimento sustentado da sua atividade.A pesca é encarada como um setor estratégico, no qual é im-portante manter e reforçar a ligação associativa e comercial e promover melhores condições de segurança, saúde e trabalho a bordo. A náutica de recreio, a marítimo-turística, a ligação às comunidades ribeirinhas e ao setor cooperativo e social são outras áreas importantes.Ao nível organizacional, aposta-se na formação profissional e desenvolvimento de competências, essenciais para assegurar a especialização e a afirmação desta cooperativa de seguros no mercado atual.

Carla [email protected]

olHão

Mútua despede-se do Dr. Vitor Ferreira

Por razões de organização dos nossos serviços clínicos, ces-sou a sua colaboração no Gabinete médico da Dependência de Olhão, o Dr. Vitor Ferreira.Médico ortopedista, o Dr. Vitor, como é conhecido, dedicou du-rante largo espaço de tempo, muito do seu saber e dos seus conhecimentos ao tratamento dos sinistrados da Mútua dos Pescadores.O Dr. Vitor Ferreira funcionou muitas vezes, como primeira linha na assistência, sobretudo aos sinistrados da área de Olhão, mas também como apoio de rectaguarda, no acompa-nhamento clínico de sinistrados de outras localidades. À consulta com o Dr. Vitor chegavam Associados vindos dos quatro cantos do Algarve, por vezes para serem submetidos a intervenção cirúrgica.Como aficionado e praticante da pesca desportiva, o Dr. Vitor fala a linguagem dos homens do mar e facilmente com o seu trato afável, estabelece relacionamentos que vão para além do contexto clínico.Nesta altura, em que se completou uma fase de colaboração direta do Dr. Vitor Ferreira com o Grupo Mútua, fica o nosso reconhecimento pelos serviços prestados e o nosso abraço de amizade, com um bem haja e um até logo.

José [email protected]

Mútua tem novo colaborador em EsposendeDesde Janeiro de 2013 que os coo-peradores, associados e clientes da Mútua têm um novo ponto de apoio e de contato em Esposende. Trata-se da Associação de Pesca-dores Profissionais do Concelho de Esposende (APPCE) sediada em Es-posende, que celebrou um protococo de colaboração com a Mútua. A Associação passa assim a pertencer à vasta rede de mais de 150 colaboradores espalhados pelo país, que são os interlocutores privilegiados da Mútua nas comunidades, apoiando a nossa atividade e dando um importante contributo na prestação dos serviços que já são desenvolvidos através dos nossos balcões e dependências. Uma saudação especial para o presidente da Associação, Augusto Silva, e Carla Ale-xandra, que em boa hora aportaram na Mútua! Morada: Rua Central n.º 5 4740-237 EsposendeTelefone/Fax: 253 965 634E-mail: [email protected]

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Coro Mútua dos Pescadores/Ponto SeguroComeçámos em Março, e so-mos (atualmente) 7 elemen-tos: Anabela Melo; Carla Es-pada; Guilhermina Gomes; João Vidigal; José Bebiano; Lurdes Gaspar e Marta Pita. A maioria canta por cantar, sem nunca ter tido experiência coral, o que quer dizer, sem ter a experiência coletiva de cantar a uma só voz. Cantar a uma só voz é saber ouvir os outros, respeitar os tempos das canções que se cantam, e pôr a alma em tudo isto. É também uma lição de humildade, e é também uma das experiências artísticas mais profundamente cooperativas. Ao Maestro Ivo Castro devemos o caminho que trilhamos, que começou por ser um momento para relaxar depois do trabalho, para ser agora um trabalho que relaxa, que se faz com o coração e com dignidade. Os laços de confiança entre nós são estruturais, como para a tripulação de um barco é a relação com o seu Mestre. Cantamos uma história também, a nossa, de todos nós. Cantamos o trabalho e as festas tradicionais, os amores e os desamores, a vida e a morte, inscri-tos no nosso Cancioneiro Popular.

marta Pita

março’13 41

Até breve!Mesmo que as pessoas mudem e as suas vidas se reorga-nizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações.Pois boas lembranças, são marcantes e o que é marcante nunca se esquece! Uma grande amizade mesmo com o pas-sar do tempo é cultivada assim!

Vinícius de Moraes

Nunca é fácil saber o dia exato em que os colegas da Mútua se reformam… à data que fica no registo oficial da seção de pessoal é preciso depois acrescentar os dias, ou os meses, em que os colegas por aqui continuaram a andar, a confir-mar se nada ficou para trás… vêm buscar algo que ficou, ou trocar impressões com os colegas a quem passaram o testemunho, ou vêm porque sim. Mas vêm sempre. Por isto mesmo não queremos registar esse dia aqui. Sabemos ape-nas que na rotina dos dias eles já não vão estar aqui… mas sabemos que nos outros dias, das comemorações e das fes-tas, nos momentos importantes eles vão estar!

Angelina Areias, Chefe de Secção de Pessoal, Logística e CobrançasCândido Baptista, Perito Naval /Analista de RiscosErnesto Pisco, Chefe do Departamento de Contabilidade Fernanda Lacerda, Diretora de Contabilidade

É com votos de felicidade, amizade e com gratidão que nos despedimos dos colegas Angelina Areias (1989…), Cân-dido Baptista (1988…), Ernesto Pisco (1990…) e Fer-nanda Lacerda (1988…), que no conjunto deram mais de 33 mil dias das suas vidas à Mútua! Até sempre!

Breve é toda a vida…José de Oliveira Granja, Afurada

Já dizia o Poeta, “A morte chega cedo, pois breve é toda a vida…”, e breve foi a vida do nosso associado José de Oliveira Granja, que partiu no passado dia 31 de Janeiro de 2013.Raça, Valentia, Altruísmo, Coragem, Es-forço … adjetivos que caracterizam os Bravos do Mar, e este nosso Bravo nas-cido a 15 de Janeiro de 1945 na fregue-sia de Afurada, tornou-se um verdadeiro Lobo do Mar, dedicando toda a sua vida à pesca, adquiriu a sua primeira embarcação “Rita Palhaça” a seu pai, posteriormente aventurou-se pela pesca do bacalhau, tendo voltado às raízes para comandar “Eduardo José” e mais tarde “Mar da Granja”.Recordamos que a arte de se ser Pescador não se compara, não são mais, não são menos, são Bravos e Basta.

sandra [email protected]

Para sempre Gabriel"Desde há muito tempo que me conside-rava um organismo cada vez mais sus-ceptível de ser disciplinado pela minha própria força de vontade. É bem verdade que tivera alguns fracassos, mas não me deixara desesperar. Valia a pena empe-nhar todas as forças, achava eu, em ven-cer esses acessos de desespero. Antes exausto pelo tremendo esforço, dizia eu, do que profundamente desesperado."

thomas bernhard, Perturbação

É este o fatalismo optimista ou optimismo fatalista antes, que penso era o eixo norteador do Gabriel. O seu desaparecimento deixa-nos um vazio difícil…

Nica

2 nascimentos / 2 substituiçõesEntre várias substituições que fez na Mútua, nós menciona-mos duas que para nós tiveram um significado especial:O nascimento dos nossos filhos. Em áreas diferentes o Gabriel substitui-nos na baixa de parto, e desempenhou um trabalho de qualidade, reconhecido por todos.Partiu, deixou-nos a sua amizade.

sandra e lena

O Gabriel era um óptimo colega, sempre prestável e muito bom trabalhador.

isabel Custodinho

O Gabriel brilhou enquanto trabalhou connosco na Produção. Era dedicado, esforçado, inteligente e profissional quanto bas-te. Era um exemplo para todos nós e certamente todos nós queremos ser um exemplo como ele...

luís Castro

Para sempre Gabriel. Foste sem dizer nada a ninguém mas disseste-nos tudo. A tua gentileza e solidariedade, o teu riso… o teu riso… a tua dedicação a grandes e pequenas coisas. Fa-zes-nos muita falta.

marta

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revista marés42

Pequenos anúnciosVENDE-SE RÁDIORadiogoniómetro Koden automático KS-5131, detecção automática, c/ + de 20 rádio-balizas c/ números de código; carregadores auto-máticos; tudo em inox; estado novo.CONTACTAR: 933 110 391 ou 933 650 444VENDE-SE REDERede de cerco c/ 18 talhões de comprimento e 18 tiras de altura (como nova)Contactar: Mestre Ilídio, Tlm – 964 623 521; Tel. – 229 384 567 (Matosinhos)VENDE-SE SEMI-RÍGIDOSemi-rígido Bombard 3,80 m.; motor Tohatsu 30 HP; atrelado saté-lite; conjunto impecável; urgente; 3.500 Euros.CONTACTAR: Mário Santos (Almada) - 919 944 144, [email protected] LICENÇA DE PESCALicença de pesca p/ as artes de palangre e de covosCONTACTAR: D. Noémia – 963 115 440NECESSITA-SE ACORDO EM REGIME DE PARCERIAOrganizações Ormassamba Lda, localizada em Angola, pretende, em regime de contrato, 3 embarcações tipo traineira p/ pescar em águas territoriais angolanas. A empresa possui alvará de pesca.CONTACTAR: Carlos Pedro – 00244923607756, [email protected] LICENÇA DE PESCA PARA ANGOLALicença p/ pesca em águas territoriais angolanas p/ 1 embarca-ção polivalente até 60 m.; quaisquer artes; c/ capacidade de frio; possibilidade de venda do pescado em Portugal; sem necessidade de pagamento à cabeça; possibilidade de pagamento c/ parte das capturas.CONTACTAR: José A. Martins - 967820600VENDE-SE LANCHAEmbarcação registada recreio com remos. Contactar: 964 360 414 (Peniche).NTOS E ARTESVende-se avulso: hélice, guincho, covos e redes de tresmalho.Contactar: Adão de Jesus – 258 820 147 ou 966 209 155

VENDE-SE BARCA DE PESCA COSTEIRAVende-se barca de pesca costeira “SANTA MÃE” (SB-1062C); casco em madeira; 11,02 m. c.f.f.; motor MWM D229/6 tipo interior, gasó-leo, 110HP; radar 40 milhas; GPS; sonda a cores 500 braças; guin-cho; balsa p/ 6 pessoas; licença p/ pesca à linha c/ anzol, apanha de algas marinhas c/ mergulho e alcatruzes; lotação 16 pessoas.Contactar: Natalino Macedo – 936 937 416 ou 212 231 757

VENDE-SE EMBARCAÇÃOEmbarcação “Jonas David”, SN-874-C; c.f.f. 18.10 m; 36 TAB; motor Volvo Penta 435HP; guincho; equipamentos electrónicos em bom estado; sondador de rede; equipamentos hidráulicos; 1 chata auxiliar c/ motor 65HP; rede de cerco e outros apetrechos; licenças p/ cerco, emalhar 1 pano fundo, pesca à linha; preço total 175.000,00 Euros (facilita-se o pagamento c/ garantias).Contactar: SESIBAL - tel. 265 526 634; fax 265 534 828; Ricardo Santos – tel. 966 912 337; [email protected]; [email protected] EMBARCAÇÃO DE PESCA“SANTA LÚCIA” , c/ todas as licenças e apetrechos de pesca, incluin-do câmara frigorífica.Contactar: Felisbela Carvalho - 966 674 107 ou 210 815 381 (Se-simbra)VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCA“TAINHA” – SB-995-c; vende-se traineira e enviada, juntas ou em separado; c.f.f. 20 metros; 42 TAB; motor GM 305HP; c/ todos elec-trónicos e meios de salvação. Licença p/ cerco. Vende-se com redes.Contactar: 212 233 127 (Sr Carvalho – Sesimbra)VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “VEIO DO MAR”, SB-919-C; construção 1981; moder-nização 2000; c.f.f. 12,78 m.; boca de sinal 3,81 m.; pontal de sinal 1,40 m.; motor Cummins 132 HP de 2000; 2 sondas; VHF; 2 artes de cerco; bote e motor; balsa; licenças para redes de cerco, pesca à linha, alcatruzes, redes de tresmalho.Contactar: 933 398 889 / 933 005 426 / 210 864 619TROCA-SE LICENÇASTroca-se licenças de apanha submarina de algas, toneira e piteira por licença de alcatruzes.Contactar: Joel Pereira – 912456222 (Ericeira)VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “DOIS IRMÃOS” , VC-187-L; c.f.f. 6,15 m.; licenças p/ redes emalhar 1 pano de fundo 60 a 79 mm, 80 a 90 mm, >= 100mm; emalhar 1 pano de deriva 35 a 40 mm; arrasto de vara 20 a 31 mm; armadilhas de gaiola 30 a 50 mm; palangre de fundo espécies demarsais.Contactar: 918533410

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “Maria Santana”, C-120-C; 11,90 m. c.f.f.; sonda; GPS; VHF; motor 105 HP. Vende-se com artes. Licenças p/ rede de arrasto c/ vara, covos, tresmalho, palangre e pesca à linha. Contactar: Venâncio Silva – 965165079; 258921797 (Caminha)VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação de pesca “Nova Ericeira”, SN – 927 - L Sines; casco, braços e sistema alagem novos; motor MWM; 75 HP com 450 horas; bombas e sistema hidráulicos novos; sonda a cores Kodem de 500 braças; 2.82 GT; 9,13 m c.f.f.; 7,7 m c.sinal; 0,81 m. pontal; 2.35 m. boca; licenças: 1 pano fundo 80 a 90 mm; tresmalho 100 mm; palangre de fundo; arte de levantar secada. Contactar: horácio Caetano – tel. 96 566 71 38 / 96 317 42 25

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “João Francisco”, S-2025-C; motor MWM; 2 guinchos; radar, sonda, GPS; 2 VHF; c/ artes ganchorra, anzol e todas as es-pécies de bivalves.Contactar: Francisco Gonçalves – tel. 91 886 00 33VENDE-SE EMBARCAÇÃO Embarcação de pesca “JORGE MARIA”; c.f.f. 8.37 m .; 4.09 TAB; c.p.p. 7.84 m.; GT 4.06; pontal 1.20; boca 2.80.Contactar: Manuel Agonia Marques Moita – tel. 913 647 990 ou Apropesca - 252 620 253 (Póvoa de Varzim)VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “TRÊS NOMES”; casco metal; c.f.f. 8,17 m..; boca 2,65 m.; pontal 1,10 m.; 5,01 TAB; motor Yamaha diesel 60HP; VHF; ra-dar; GPS; sonda a cores; licenças p/ redes emalhar 1 pano fundo 60 a 79 mm, redes emalhar 1 pano fundo 80 a 99 mm, redes tresmalho =>100mm, pesca à linha – palangre de fundo. Contactar: 965 365 050VENDE-SEGPS E BALSAVende-se GPS plotter Furuno 188. Vende-se balsa p/ 16 pessoas. Contactar: 966 548 563VENDE-SE ALVARÁBarco “VIVA JESUS”, PV-217-C; com alador de redes, alador de po-tes, máquinas de redes, redes, entre outros.Contactar: 967 402 893, 969 532 461 ou 926 604 813

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DESPORTIVAc.f.f. 4,60 m.; boca 1,80 m.; lotação 6 lugares; motor Honda 15 CV – 4 tempos. Contactar: 914 258 057

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “INFANTE D. HENRIQUE”, LG-1334-C; c.f.f. 27,5 m.; largo 7,5 m.; motor Cummins 650HP; licenças p/ palangre de su-perfície Açores, Continente, Madeira e Espanha e p/ palangre de fundo.Contactar: 262 783 137; 968 029 063; 967 084 836

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “SAÚL”, V-1094-C; c.f.f. 10,50 m.; boca 3,60 m; mo-tor novo 175HP; leme hidráulico, canalização e restante montagem em aço inoxidável; casa do leme à proa, guincho para redes, porão térmico, bom convés; 6 licenças: palangre de fundo (anzol), redes de emalhar de um pano de fundo, tresmalho de fundo, redes de emalhar de deriva, covos e alcatruzes. A fazer vistorias finais, com ou sem electrónicos.Contactar: 258 321 381 e 964 078 927

VENDE-SE EMBARCAÇÃOEmbarcação “MESTRE CABRAL” – FN-1739-L; registo 2007; casco madeira mogno; 4,13 TAB; 7,04 m. c.f.f.; sinal 6,20 m.; boca de sinal 3 m.; motor interior Perkins gasóleo c/ 1.500 horas de serviço pot. 60,5 Kms, embraiagem 3/1; guincho eléctrico 1.500 Kg; porão 2.500 Kgs; 4 camarotes; VHF Furuno mod. FM – 2721; GPS 1.650 W; plotter Furuno; sonda Furuno FCV – 581 L.Contactar: 917458007

VENDE-SE EMBARCAÇÃOEmbarcação “VIRGEM DA AJUDA” – SB-597-C; 11.20 m. c.f.f.; 2 artes de cerco – 16 cabos e 16 varas altura; 20 cabos e 20 varas altura; aparelhos de anzol; licenças p/ cerco, alcatruzes, palangre de fundo e redes emalhar 1 pano de fundo. Contactar: 212 682 308VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE RECREIOEmbarcação de Recreio, Fibramar; Quarteira. 5,00 m.; motor Ya-maha 25.00 HP-4 tempos; com consola central com caixa de co-mandos da Yamaha; com sonda e GPS, com Haleron de Inox e luzes de navegação; palamenta completa classe-5. Vistorias em dia. Em muito bom estado. Valor: 4.000,00 €. Contacto: Marco, Quarteira – 963969222 - [email protected] – envio de fotografias para os interessados.COMPRO EMBARCAÇÃO DE PESCA ATÉ 9 METROSCompro embarcação de pesca - de preferência alumínio, para pesca local.Contacto: José Cunha, Viana do Castelo – 964544990 - [email protected]

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE RECREIOEmbarcação “Formigas”, Ponta Delgada, de 2007; fibra; c.f.f. 7,45 m.; boca: 2,60 m.; calado: 0,47 m.; categoria do projecto C; carga máxima: 1400 Kg; deslocamento máximo 2900 Kg; massa (sem motores) 1500 Kg; lotação 10 pessoas; motor Honda 200 cv.; motor Honda auxiliar 20 cv.; reservatório combustível: 270 litros. Equi-pamento sanitário, pequeno quarto 3 pessoas, frigorífico (85L) e pequeno grelhador. Contacto: Miguel Amorim – 938 046 479 / 919 667 309

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “Polvinho”, SN 850-C, Peniche; comp. 10,46 m.; motor MWM 110HP; radar Koden 36 milhas; sonda Hondex 600 braças; GPS; Ploter a cores Setrexe; VHF Sailor; máquina de puxar covos e aparelhos; c/ licença anzol, covos e alcatruzes. Contacto: João Mateus Viegas Zacarias - 963 139 568

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE RECREIOEmbarcação de recreio - Livrete nº 354PV5; Ano: 1994; Motor: Ma-riner, fora de borda; 4,35 m.; Boca: 1,57; Pontal: 0,70; Arqueação: 0,558; Lotação: 4 p.; Casco: P.R.F.V.; Tipo e zona 5 águas abriga-das; Modelo: B.14; H.P.25; 189 Km gasolina M; Sonda registadora marca J.M.F - modelo 707; nausat marca Garmin - modelo 126. Contacto: Isaac Leal – 917291103VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE RECREIOEmbarcação de Recreio, Fibramar; Quarteira. 5,50 m.; motor Yama-ha 50.00 HP – 4 Tempos; com bomba de esgoto com automático; auto rádio, sonda JRC/Cores, GPS-Garmin-420/cores; palamenta completa classe-5. Em muito bom estado. Valor: 12.500,00 €. Con-tacto: Miguel, Quarteira – 965710376 - [email protected] EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “AMADEU LEAL”, PV-279-L; c.f.f. 6 m.; boca 2,05 m.; sinal 0,80 m.; motor Honda 50HP 4 tempos; motor Yamaha 25 HP 2 tempos; alador inox c/ motor 5,5 HP; GPS plotter Furuno; sonda digital e a papel Furuno; Licenças p/ tresmalho de fundo, covos de camarão, boscas e aparelho de anzol. Contactar: Sérgio Barbosa – 964 259 893

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCA COSTEIRAEmbarcação de Pesca Costeira “Sol Neve” SN-000859-C C/17 m. Motor Caterpillar, modelo 3306 TA \ 235 HP; Sonda de Rede Scanmar (moderna); RádioVHF; Caixa Azul; Chata C/motor 60 HP C/6,20 m; Alador Triplex, Espalhador; Bobine de Retenida; GPS Plotter Furuno (a cores - moderno); Radar Furuno (a cores – mo-derno) Sonar Furuno (a cores – moderno); 2 Sondas C/ 1.200 KHZ

(a Cores – moderno); Rede Cerco c/630 m comprimento e 117 m altura; Palangre de fundo, em Águas Oceânicas.Contactar: Manuel Inácio Oliveira Carneiro –966364837 – 262782173VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCAEmbarcação “DOIS MARQUES”; c.f.f. 16,46 m.; boca 4,59 m.; pon-tal 1,65 m.; GT. 27,46 TAB; casco madeira; motor Caterpillar 190 HP, Diesel 139, 74 KW; VHF, 2x Radar, 2x GPS; sonda a cores; Má-quina de redes; Licenças p/ redes de emalhar 1 pano de fundo 60 a 79 mm, tresmalho >= 100 mm, armadilhas de gaiola – 30 a 50 mm, pesca à linha – palangre de fundo – esp. demersais.Contacto/informação: 965 281 992

VENDE-SE “JONI”, SM-300-L (PESCA)“Joni”, SM-300-L - S.M. Porto/Nazaré; Ano: 2004 – Motor: Perkins 65 CV.; C.f.f.: 8,56m; 2 sondas, 1 radar GPS/ploter VHF, piloto au-tomático. Licenças: redes/anzol/covos/alcatruzes. Contacto: 966 343 501VENDE-SE “PEIXE DE OURO”, VR-529-C (PESCA)“Peixe de Ouro”, VR-529-C; Ano: 2007; Fibra de Vidro – Motor: Sca-nia (ultima geração), tipo fixo, gasoleo, de 147 CV (homolgados). C.f.f.: 14,98 m; comp. entre perpend. 13,00 m; pontal: 2,00m; boca sinal: 5,00m; arqueação bruta (GT) 26.70. 2 VHF, 3 GPS, 1 radar. Licenças: covos/alcatruzes/redes emalhar e tresmalho/linha--palangre de fundo. Bom preço. Pagamento negociável. Contactos: 932378332 / 917215353

VENDE-SE “SAL”, T-739-C (PESCA)“SAL T – 739 – C”, em PRFV, Ano: 2007; Estaleiros NAUTIBER V.R.S.António. Comp.: 9,75m; boca: 4,00 m; Pontal: 1,50 m; Motor Deutz Vetus de 210 HP. GPS; radar; sonda; rádio VHF; piloto auto-mático. Licenças: covos/alcatruzes/alcatruzes (Espanha)/palangre de fundo; cana e linha de mão/toneira/piteira.Contacto: Edgar Correia - 917 820 089.

VENDE-SE “ALGARVÃO”, T-724-C (PESCA) “ALGARVÃO T – 724 – C”, em PRFV, Ano: 2003; Estaleiros NAUTI-BER V. R. S. António. Compr.: 11,90 m; boca: 4,50 m; pontal:1,75 m; motor Mercedes de 210 HP. GPS; radar; sonda; rádio VHF; pilo-to automático. Licenças: redes de tresmalho/alcatruzes/alcatruzes (Espanha) /covos/palangre de fundo/palangre de fundo (Marrocos).Contacto: Edgar Correia – 917 820 089

VENDE-SE “SORRISO DA VIDA” (PESCA)“Sorriso da vida”, VC-123-C Vila do CondeContactos: 969629036/962353079

VENDE-SE “UADI-ANA” (MARÍTIMO-TURÍSTICA, GUADIANA E SOTAVENTO ALGARVIO)Embarcação “UADI-ANA”, VR-79-AC; c.f.f 18,15m; boca 5m; motor Cummins, modelo Nh-250-M de 190hP.Casco de madeira; sonda, vhf. Capacidade de 54 pessoas com tri-pulação, 2 casas de banho, bar, licença de navegação rio Guadiana e costa sotavento do Algarve.Com todas as licenças pronta a operar. (Vende-se firma de animação turística com esta embarcação, 2 carrinhas de 9 lugares, 2 insu-fláveis e 4 trampolins). Contacto e informações: Rui Gaspar - 968 831 553

VENDE-SE “PICO DOURADO” (PESCA, MADEIRA)Embarcação “PICO DOURADO”, FN-1695-C, 2002; está totalmente fechado; alador para Espadarte e alador para palangre de fundo; 2 geradores de 75 CV; máquina de fazer água doce; porão de frio e 2 túneis de congelação. Electrónicos: rádio goniómetro com emissores para as bóias de espadarte; radar; sonda a cores; rádio telefone e VHF, telefone via satélite; GPS; etc.Contacto: 965 010 761 ou e-mail: [email protected]

VENDE-SE “PICO ALTO” (PESCA, MADEIRA)Embarcação “PICO ALTO”, FN-1696-C, 2001; está semi-fechado, faltando fechar a popa; 2 geradores de 65 CV: 1 mecânico e 1 Hi-dráulico acoplado à máquina principal; porão com frio e 2 túneis de congelação; alador para palangre de fundo. Electrónicos: radar; sonda a cores; GPS; rádio telefone; telefone via satélite; etc. Con-tacto: 96 501 07 61 ou e-mail: [email protected]

VENDE-SE EMBARCAÇÃO DE PESCA “NEUZAMAR”Barco em fibra de vidro, Cumprimento f. f. 13.35mt.; Arqueação 36.35tm; Motor Cummins 195hp, auxiliar Lister 18Kw. Capacidade 5 ton. gasóleo. Alojamento para 9 tripulantes. Com todos os equi-pamentos de segurança. Electónicos: Plottter Shipmate, rádio UhF Icom, VhF Icom, Sonda hondex, GPS Garmin, Piloto Raytheon e radar Furuno. Barco a precisar de algumas reparações.Contacto: 968 427 066VENDEM-SE ATUNEIRAS - OLhãO12 toneiras para pesca ao choco, lula, polvo. Toneiras de chum-bo para pesca ao choco lula polvo, com coroa de picos inoxidável extremamente resistentes e duráveis picos afiados varias cores disponíveis brilham no escuro para pesca noturna as lulas (men-cionar na compra). Preço: € 30,00euros - 12 unidades - quantidade negociávelEntregues em 24h em todo país - portes incluídos - só paga quan-do recebe em casa. Telefone: 910000000 / Email: [email protected]

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