uma conversa entre dois exus ou uma introdução

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Uma conversa entre dois Exus ou uma Introdução Paulo Freire em sua justificativa para uma pedagogia do oprimido argumenta que o problema da humanização de homens e mulheres oprimidos, “apesar de sempre dever haver sido, de um ponto de vista axiológico, o seu problema central, assume, hoje, caráter de preocupação iniludível” (FREIRE, 1987, p. 16). A constatação desse problema implicaria, por conseguinte, no reconhecimento da desumanização, não apenas como viabilidade ontológica, mas como realidade histórica. É também, e talvez sobretudo, a partir desta dolorosa constatação, que os homens se perguntam sobre a outra viabilidade – a de sua humanização. Ambas, na raiz de sua inconclusão, que os inscreve num permanente movimento de busca. Humanização

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Uma conversa entre dois Exus ou uma

Introdução

Paulo Freire em sua justificativa para uma pedagogia do oprimido

argumenta que o problema da humanização de homens e mulheres

oprimidos, “apesar de sempre dever haver sido, de um ponto de vista

axiológico, o seu problema central, assume, hoje, caráter de preocupação

iniludível” (FREIRE, 1987, p. 16). A constatação desse problema implicaria,

por conseguinte, no reconhecimento da

desumanização, não apenas como viabilidade ontológica, mas como realidade histórica. É também, e talvez sobretudo, a partir desta dolorosa constatação, que os homens se perguntam sobre a outra viabilidade – a de sua humanização. Ambas, na raiz de sua inconclusão, que os inscreve num permanente movimento de busca. Humanização e desumanização, dentro da história, num contexto real, concreto, objetivo, são possibilidades dos homens como seres inconclusos e conscientes de sua inconclusão (FREIRE,1987, p. 16).

A desumanização é a condição e o resultado de uma conjuntura

violenta que, ideologicamente, classifica os seres humanos em dois níveis.

De um lado temos a zona do ser, o local do humanitas, o norte ideológico,

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a moderna epistemologia, a ciência, o cristianismo, o colonizador e a

civilização; de outro, a zona do não-ser, o local do antrophos, o sul global,

o senso comum, o mágico, o primitivo, a barbárie, o colonizado, enfim, o

local dos condenados da terra. Essa divisão, a linha abissal nas palavras

de Boaventura de Souza Santos, constrói-se no que se naturalizou

enquanto expansão comercial, missões evangelizadoras, projetos de

modernização e civilização, todos sustentados por um conjunto cultural,

político, econômico, social e epistemológico racista e administrado pela

colonialidade de poder e de saberes.

Os condenados da terra, como consequência epistemológica, não

possuem conhecimento já que os produtos e métodos de produção do

conhecer são propriedades do humanitas. Conhecer é uma condição

moderna e civilizatória. Aos primitivos está garantida a possibilidade de

uma cultura ou de saberes ditos tradicionais. No jogo das representações,

o antrophos possui apenas a linguagem de seu colonizador para construir

o discurso sobre si mesmo, sobre sua experiência concreta em relação a

realidade e sobre suas próprias formas de representação. A linguagem

para o bárbaro é sempre uma violência contra si mesmo já que esta

exaspera a sua desumanidade.

Os habitantes da zona do não-ser reclamam uma transformação que

nasce de um desejo subjetivo, a consciência de sua humanidade, e de

uma exigência objetiva, a realidade de sua humanidade. Esta

transformação, a reivindicação mínima do colonizado, é a descolonização

das estruturas sociais, culturais, econômicas, politicas e, sobretudo,

epistemológicas. E, como nos diz Fanon, toda descolonização é um

fenômeno violento, desta forma, reclama-se também uma radical,

completa e absoluta descolonização da linguagem. A descolonização é

um programa de desordem absoluta. Mas ela não pode ser o resultado de uma operação mágica, de um abalo natural ou de um entendimento amigável. A descolonização, como sabemos, é um processo histórico: isto é, ela só pode ser compreendida, só tem sua inteligibilidade, só se torna translúcida para si mesma na exata medida em que se discerne o movimento historicizante que lhe dá forma e conteúdo (FANON, 2005, p. 52).

Desta feita, ao refletirmos sobre a descolonização do conhecimento

partiremos de uma problematização da sua própria ontologia: sua

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definição dentro do que se entende por pensamento moderno e sua

epistemologia legitimadora que dão garantias estruturais e discursivas ao

racismo; e sua produção através de sua linguagem e método

denominados ciência que determina as relações hierárquicas entre os

saberes dentro do que se chama colonialidade de poder.

*******

O conhecimento γνώση (της γνώσης, των γνώσεων) ΟΥΣ.: 1. οι γνώσεις είναι όλα όσα γνωρίζει ένας άν-θρωπος πάνω σε κάτι: Σκοπός του μαθήματοςείναι να αποκτήσει ο φοιτητής βασικές γνώσεις φυσικής. 2. γνώση είναι το να γνωρίζουμε, το να έχουμεμάθει κάτι (≠ άγνοια): Η συγκεκριμένη δου-λειά απαιτεί καλή γνώση δύο ξένων γλωσσών.ΕΚΦΡ. λαμβάνω γνώση

(substantivo) (conhecimento, o conhecimento): conhecimento é tudo o que se sabe

Libération nationale, renaissance nationale, restitution de la nation au peuple, Commonwealth, quelles que soient les rubriques utilisées ou les formules nouvelles introduites, la décolonisation est toujours un phénomène violent. À quelque niveau qu'on l'étudié: rencontres inter-individuelles, appellations nouvelles des clubs sportifs, composition humaine des cocktails-parties, de la police, de conseils d'administration des banques nationales ou privées, la décolonisation est très simplement letemplacement d'une « espèce » d'hommes par une autre « espèce » d'hommes.

Um dia estavam o Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo conversando, contando

suas façanhas, onde o Sol, a Lua e o Fogo disseram não haver nada no

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mundo que lhes pudesse mudar as feições. Só ao Papagaio poderia isso

acontecer Um dia estavam o Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo conversando,

contando suas façanhas, onde o Sol, a Lua e o Fogo disseram não haver

nada no mundo que lhes pudesse mudar as feições. Só ao Papagaio

poderia isso acontecerUm dia estavam o Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo

conversando, contando suas façanhas, onde o Sol, a Lua e o Fogo

disseram não haver nada no mundo que lhes pudesse mudar as feições.

Só ao Papagaio poderia isso acontecer.

Um dia estavam o Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo conversando,

contando suas façanhas, onde o Sol, a Lua e o Fogo disseram não haver

nada no mundo que lhes pudesse mudar as feições. Só ao Papagaio

poderia isso acontecer Um dia estavam o Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo

conversando, contando suas façanhas, onde o Sol, a Lua e o Fogo

disseram não haver nada no mundo que lhes pudesse mudar as feições.

Só ao Papagaio poderia isso acontecer Um dia estavam o Papagaio, o Sol,

a Lua e o Fogo conversando, contando suas façanhas, onde o Sol, a Lua e

o Fogo disseram não haver nada no mundo que lhes pudesse mudar as

feições. Só ao Papagaio poderia isso acontecerUm dia estavam o

Papagaio, o Sol, a Lua e o Fogo conversando, contando suas façanhas,

onde o Sol, a Lua e o Fogo disseram não haver nada no mundo que lhes

pudesse mudar as feições. Só ao Papagaio poderia isso acontecer. Um dia

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