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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PAULO ROBERTO SERPA UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO PROCESSO DE AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ITAJAÍ (SC) 2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PAULO ROBERTO SERPA

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO PROCESSO DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

ITAJAÍ (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura - ProPPEC

Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE

Curso de Mestrado Acadêmico em Educação

PAULO ROBERTO SERPA

UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A COMPREENSÃO DO PROCESSO DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa

de Pós-graduação em Educação (PPGE) da

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) como

requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em

Educação – área de concentração: Educação –

(Linha de Pesquisa: Práticas Docentes e Formação

Profissional).

Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira

Guerra.

ITAJAÍ (SC)

2017

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Folha de aprovação

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à energia cósmica maior que nomeamos Deus, por me dar condições

existenciais para continuar minha jornada, que me protegeu e ouviu atentamente cada pedido

e desabafos...

Ao meu Pai, minha mãe, e familiares... Obrigado por terem contribuído intensamente

para que eu fosse a pessoa que sou hoje, pelo respeito, pelos cuidados, pela humildade e, por

muitas vezes, acreditarem mais em mim, do que eu mesmo.

Ao meu cachorro, meu melhor amigo, Robinho (in memoriam), por quase, doze anos

ao meu lado, cuidando, protegendo, defendendo, ouvindo. Gratidão por ter feito parte da sua

jornada...

A todos os professores da educação infantil a graduação que foram marcantes em

meu percurso, especialmente a professora Raquel, a professora Graciela, a professora

Lourdes, a professora Juliana, a professora Verônica, a professora Vanderlea, ao professor

Eliton e ao professor Alberto.

Aos companheiros do GEEAS! Márcia – que sempre tem bateria no celular, Júnior –

pelas conversas e auxílios pelo zap até de madrugada, Eliane – por ser uma pessoa de

presença e pelas ótimas conversas dentro do ônibus na ida para o mestrado, Jaqueline –

agora sei como se pronuncia seu sobrenome corretamente, é simplesmente mandar alguém

ler, Vanessa – pela parceria, Raquel – pelo acolhimento, pelos abraços, pelas palavras de

carinho e principalmente pela atenção, Denise – pela parceria, pela atenção e pelos

inconfundíveis olhos azuis que são bem criteriosos, Patrícia – pelo sotaque mais charmoso do

grupo, Jaqueline Márcia – pelas conversas, desabafos, e pelas importantíssimas caronas de

volta até a porta de casa, Ananda – pela amizade e companheirismo nesse percurso, por

criar uma nova palavra para o nosso vocabulário “Geliz” = GEEAS + feliz, e parceria

construída juntamente com a Bruna, que para mim, sempre vai ter vindo de Acrelândia,

Michela – que já entrou na loucura do IX Fórum de EA e não deixou a peteca cair, Diego,

Gabriela e Danielle – pelo auxílio e companheirismo, Vitor – pela parceria nas atividades do

grupo, e Mara – por aceitar os chazinhos que eu, às vezes, lembro-me de fazer.

Obrigado a todos, e a cada um por tudo... Sem vocês não seria possível, e se fosse,

seria sem surpresas boas, sem risadas, sem sofrimento, sem choro, e sem graça alguma...

Aos colegas das disciplinas e seminários temáticos, pelos bons momentos vividos,

pelas trocas de experiências, e pelos bons trabalhos produzidos... Especialmente a Silvana,

Priscila, Daniela, Fernanda e Ronan.

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À Josiane, diretora da escola em que trabalhei durante o percurso do mestrado, por

ter contribuído na organização dos meus dias e horários de trabalho.

À Professora Olga pelo seu cuidadoso e criterioso olhar nas correções desta

dissertação...

À UNIVALI que me acolhe, desde a graduação, enriquecendo a minha vida e meu

perfil profissional...

À CAPES, pela muito bem vinda, taxa escolar...

Aos Professores do PPGE... Obrigado pelos ensinamentos ao longo desse percurso,

em especial a professora Cássia, a professora Regina, ao professor Luna, a professora

Valéria, novamente a professora Verônica, e também a professora Marynelma e a

professora Clarice.

À Mariana e a Tânia, pelos “bons dias” de cada dia, pelas caretas através do vidro,

pelo apoio e dedicação. E à Brenda, por manter sempre aprazíveis nossos ambientes no

PPGE...

Às professoras Dione e Regina integrantes da banca. Obrigado pelas excelentes

contribuições que ajudaram na melhor concretização desta pesquisa!

Ao Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira Guerra, apesar de você ter o sobrenome que

dá medo a muita gente, tenho a certeza que nem só de Guerra vive esse homem. Agradeço

por ter me convidado a fazer parte do grupo e ter acreditado em mim e no potencial que

tenho escondido em algum lugar, espero ter sido um bom orientando. Obrigado pela relação

de reciprocidade, pelos ensinamentos, que não foram somente acadêmicos, mas para toda a

vida. Gratidão por tudo!

Enfim, a todos os demais que fizeram parte deste percurso, um MUITO OBRIGADO!

Detalhe... Eu realmente acredito que:

“Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”.

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“Quando acordei hoje de manhã,

eu sabia quem eu era,

mas acho que já mudei muitas vezes desde então”.

Lewis Carroll. Alice no País das Maravilhas.

PPGE UNIVALI. Acervo do pesquisador.

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RESUMO

Presente no contexto do Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade -

GEEAS do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI, esta pesquisa tem, por objetivo principal, compreender o processo de

ambientalização e sustentabilidade a partir dos diagnósticos aplicados em uma Instituição

Comunitária de Educação Superior - ICES, no período de 2012 a 2017. Para tanto, foram

apresentados três diagnósticos de ambientalização e sustentabilidade aplicados nessa ICES:

1°) Projeto Ambientalização e Sustentabilidade nas Universidades: Subsídios e

Compromissos com Boas Práticas Ambientais, financiado pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, e desenvolvido em parceria pela

UNIVALI, USP (Escola de Engenharia de São Carlos), UNISINOS e UNIFEBE, nomeado

projeto CNPq; 2°) Projeto internacional da Red de Indicadores de Sostenibilidad en las

Universidades – RISU denominado - Definición de indicadores y evaluación de los

compromisos con la sostenibilidad en Universidades Latinoamericanas, sob a coordenação da

Universidad Autónoma de Madrid - UAM / Espanha, nomeado projeto RISU; e 3°) Projeto

Ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior: subsídios às políticas

institucionais em Santa Catarina, nomeado de projeto FAPESC. Vale salientar, que esta

pesquisa de dissertação esteve vinculada ao projeto FAPESC. A metodologia aplicada foi

qualitativa do tipo documental, sendo que, juntamente com a análise documental, foram

utilizados princípios de análise de conteúdo. Pontua-se, como resultado desta pesquisa, o

entendimento de que a UNIVALI está integrando em seus documentos institucionais e

curriculares (conteúdos, ações, práticas e estratégias) a Educação Ambiental e temas

socioambientais, buscando estabelecer uma cultura de sustentabilidade nos âmbitos de ensino,

pesquisa, extensão e gestão institucional, o que se constitui como um desafio e, ao mesmo

tempo, um compromisso para com a produção do conhecimento e para a construção de

sociedades sustentáveis e justas. Dessa forma, vem se constituindo como um “Espaço

Educador Sustentável” como determinam as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação

Ambiental - DCNEA (BRASIL, MEC/CNE, 2012). Com relação aos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade investigados, observou-se que existem semelhanças e

diferenças entre as metodologias adotadas nos instrumentos, pois, enquanto os indicadores da

Rede ACES - que foram utilizados no projeto CNPq - giram principalmente em torno da área

do Ensino, o Projeto RISU e o Teste de Sustentabilidade da USP, por sua vez, apresentam

mais indicadores na área da Gestão Ambiental. Com relação ao Projeto CNPq, esse utilizou-se

dos indicadores de outros diagnósticos (Rede ACES; Teste de Sustentabilidade da USP; e

projeto RISU). Por sua vez, o Projeto FAPESC, inova apresentando outro olhar na releitura

dos projetos citados, reorganizando e aperfeiçoando a metodologia do seu instrumento

seguindo em direção a uma ambientalização sistêmica, ou seja, visando uma ambientalização

de toda a universidade e não apenas das dimensões de Ensino ou de Gestão. Conclui-se que,

para se conseguir instituir um processo de ambientalização sistêmica, é necessário intervir por

meio da ambientalização curricular.

Palavras-chave: Ambientalização. Educação Ambiental. Instituições de Educação Superior.

Sustentabilidade. Instrumentos de Diagnóstico.

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ABSTRACT

The main goal of this research, which is part of the Research Group Education,

Environmental Studies and Society - GEEAS, of the Postgraduate Program in Education of

the Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI (University of the Vale do Itajaí), is to

understand the processes of environmentalization and sustainability, based on a diagnosis

applied to a Community Institution of Higher Education - ICES from 2012 to 2017. Three

environmental and sustainability diagnoses were presented and applied to this ICES: 1) the

project Environmentalization and Sustainability in Universities: Subsidies and Commitments

to Good Environmental Practices, funded by the National Council for Scientific and

Technological Development - CNPq and developed in partnership by UNIVALI, USP (São

Carlos Engineering School), UNISINOS and UNIFEBE, named the CNPq project; 2) the

international project of the Red de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades (RISU)

- Definición de indicadores y evaluación de los compromisos con la sostenibilidad en

Universidades Latinoamericanas, under the coordination of Universidad Autónoma de

Madrid - UAM/Spain, named the RISU project, and 3) the project Environmentalization and

sustainability in Higher Education: subsidies to institutional policies in Santa Catarina,

named the FAPESC project. This dissertation research was linked to the FAPESC project.

The applied methodology was qualitative, of the documentary type, and the principles of

content analysis were used alongside the document analysis. The results of this study

highlight the understanding that UNIVALI is integrating Environmental Education and socio-

environmental issues into its institutional and curricular documents (contents, actions,

practices and strategies), seeking to establish a culture of sustainability in the areas of

teaching, research, extension and institutional management. This constitutes a challenge and,

at the same time, a commitment to the production of knowledge and to the construction of

sustainable and just societies. Thus, it has been constituted as a "Sustainable Educator Space"

as determined by the National Curricular Guidelines for Environmental Education - DCNEA

(BRASIL, MEC/CNE, 2012). With respect to the diagnosis of environmentalization and

sustainability investigated, it was observed that there are similarities and differences between

the methodologies adopted in the instruments; while the ACES Network indicators - which

were used in the CNPq project - revolve mainly around the area of Teaching, the RISU

Project and the Sustainability Test of the USP, in turn, present more indicators in the area of

Environmental Management. The CNPq Project, meanwhile, used the indicators of other

diagnosis (ACES Network; USP Sustainability Test; and RISU project). The FAPESC

Project, in turn, innovates by presenting another look at the re-reading of the projects cited,

reorganizing and perfecting the methodology of its instrument, moving towards a systemic

environmentalization, i.e. aiming at an environmentalization of the whole university and not

just the dimensions of Teaching or Management. It is concluded that in order to establish a

process of systemic environmentalization, it is necessary to intervene through the

environmentalization of the curriculum.

Keywords: Environmentalization. Environmental Education. Higher Education Institutions.

Sustainability. Diagnosis Tools.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MOVIMENTOS PARA A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DA

SUSTENTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. .................................... 43

FIGURA 2: DIAGRAMA CIRCULAR DAS CARACTERÍSTICAS DE UM CURRÍCULO AMBIENTALIZADO.

........................................................................................................................................... 51

FIGURA 3: VISÃO AMPLIADA DO PROCESSO DE AMBIENTALIZAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE

EDUCAÇÃO SUPERIOR. ....................................................................................................... 53

FIGURA 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CAMPUS DE ITAJAÍ. ...................... 61

FIGURA 5: ORDEM DE CONCRETIZAÇÃO DOS DIAGNÓSTICOS DE INDÍCIOS DE AMBIENTALIZAÇÃO

E SUSTENTABILIDADE APLICADOS NA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ. ....................... 67

FIGURA 6: OS 114 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES DO PROJETO

RISU. ................................................................................................................................. 78

FIGURA 7: AS 11 DIMENSÕES DE AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES

DO PROJETO FAPESC. ....................................................................................................... 83

FIGURA 8: DIMENSÕES PARA QUE UM CURSO SEJA CONSIDERADO AMBIENTALIZADO, CONFORME

OS DIAGNÓSTICOS REALIZADOS E OS INDICADORES DA REDE ACES. ................................. 89

FIGURA 9: CORRELAÇÕES ENTRE OS INDÍCIOS E INDICADORES DOS PROJETOS ESTUDADOS. ..... 91

FIGURA 10: DIMENSÕES ESSENCIAIS PARA ESTABELECER UM PROCESSO DE AMBIENTALIZAÇÃO

NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR...................................................................... 96

FIGURA 11: OS 3P (PRÁXIS, PERTINÊNCIA, E PERTENCIMENTO) QUE O DOCENTE UNIVERSITÁRIO

PODE ASSUMIR PERANTE O AMBIENTE E A SUSTENTABILIDADE ........................................... 98

FIGURA 12: AMBIENTALIZAÇÃO SISTÊMICA ENVOLVENDO AS INTERAÇÕES ENTRE OS EIXOS

ORGANIZACIONAIS DA UNIVERSIDADE E AS DIMENSÕES DA AMBIENTALIZAÇÃO

CURRICULAR, MEDIADOS PELA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A GESTÃO AMBIENTAL. ......... 112

FIGURA 13: ESQUEMA SOBRE O PROCESSO DA AMBIENTALIZAÇÃO SISTÊMICA NAS

INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR ........................................................................... 113

FIGURA 14: PRINCIPAIS FLUXOS DE UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO. .......................................... 127

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: COMPARAÇÃO ENTRE UM CURRÍCULO TRADICIONAL E UM CURRÍCULO

AMBIENTALIZADO. ............................................................................................................. 50

QUADRO 2: PANORAMA DOS PRINCIPAIS DOCUMENTOS PROVENIENTES DOS DIAGNÓSTICOS DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE UTILIZADOS NA ANÁLISE DOCUMENTAL. .......... 58

QUADRO 3: RELAÇÃO DE CURSOS POR CENTRO DA UNIVALI, CAMPUS ITAJAÍ ....................... 61

QUADRO 4: PALAVRAS-CHAVE UTILIZADAS PARA A ANÁLISE LEXICAL NO PROGRAMA

MAXQDA®. ..................................................................................................................... 86

QUADRO 5: OBJETIVOS ESPECÍFICOS E AÇÕES DA POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL NA FUNDAÇÃO UNIVALI. .................................................................. 131

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT ..................................................................... Associação Brasileira de Normas Técnicas

AC .................................................................................................. Ambientalização Curricular

ACAFE .................................................. Associação Catarinense das Fundações Educacionais

ACES ..................................... Red de Ambientalización Curricular de los Estudios Superiores

ACG .................................................................................. Avaliação dos Cursos de Graduação

ANPED ............................... Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

ARIUSA …... Alianza de Redes Iberoamericanas de Universidades por la Sustentabilidad y el

Ambiente

ART .................................................................................................................................. Artigo

AS .................................................................................................... Ambientalização Sistêmica

BDTD ....................................................................... Biblioteca Digital de Teses e dissertações

CADEP ... Comisión sectorial de la CRUE para la Calidad ambiental, el Desarrollo sostenible

y la prevención de riesgos

CAP ............................................................................................................................... Capítulo

CAPES .................................. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCS ............................................................................................... Centro de Ciências da Saúde

CECIESA-GESTÃO ...................................... Centro de Ciências Sociais Aplicadas – Gestão

CECIESA-CTL ........ Centro de Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação, Turismo e Lazer

CEJURPS ...................................................................... Centro de Ciências Sociais e Jurídicas

CF .............................................................................................................. Constituição Federal

CIFCA ......................................... Centro Internacional de Formação em Ciências Ambientais

CNE ........................................................................................ Conselho Nacional de Educação

CNPq ................................. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNUMAD ............. Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAE .............................................................................. Conferência Nacional de Educação

CONAES ........................................... Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

CP ...................................................................................................................... Conselho Pleno

CRUE ................................................... Conferência de Reitores de Universidades Espanholas

CTTMAR ................................................ Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar

DAES ................................................................... Diretoria e Avaliação da Educação Superior

DCNEA .................................... Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental

DS ................................................................................................ Desenvolvimento Sustentável

EA .............................................................................................................. Educação Ambiental

EES ....................................................................................... Espaços Educadores Sustentáveis

ENADE ......................................................... Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

FAPESC ................ Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina

FURG .............................................................................. Universidade Federal do Rio Grande

GEEAS ................................................. Grupo de Educação, Estudos Ambientais e Sociedade

GT ................................................................................................................ Grupo de Trabalho

IBAMA .............. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICES ................................................................. Instituição Comunitária de Educação Superior

IES ......................................................................................... Instituição de Educação Superior

INAECU .................. Instituto de Investigación Avanzada sobre Evaluación de la Ciencia y la

Universidad

INEP ........................ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LBD ............................................................................... Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC ...................................................................................... Ministério da Educação e Cultura

MMA .......................................................................................... Ministério do Meio Ambiente

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NBR ................................................................................................................. Norma Brasileira

OIT ............................................................................... Organização Internacional do Trabalho

ONU ........................................................................................ Organização das Nações Unidas

PAIUB ............................. Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras

PCN ..................................................................................... Parâmetros Curriculares Nacionais

PDI .............................................................................. Plano de Desenvolvimento Institucional

PE ...................................................................................................................... Plano de Ensino

PE ....................................................................................................... Planejamento Estratégico

PNE ............................................................................................... Plano Nacional de Educação

PNEA ....................................................................... Política Nacional de Educação Ambiental

PNMA .............................................................................. Política Nacional do Meio Ambiente

PNUMA .................................................. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PP ................................................................................................................. Projeto Pedagógico

PPC .............................................................................................. Projeto Pedagógico de Curso

PPG ............................................................................................... Programa de Pós-Graduação

PPGE ...................................................................... Programa de Pós-Graduação em Educação

PRONEA .............................................................. Programa Nacional de Educação Ambiental

PROPPEC ............................. Vice-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura

PRS ..................................................................... Política de Responsabilidade Socioambiental

RASES ............................ Rede de Ambientalização e Sustentabilidade na Educação Superior

REASUL .............................................................. Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental

RIO+10 .................. Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento

RISU ............................................. Red de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades

SC ........................................................................................................................ Santa Catarina

SCIELO ............................................................................ Scientific Electronic Library Online

SEMA ........................................................................... Secretaria Especial do Meio Ambiente

SERES ........................................ Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior

SGA ............................................................................................. Sistema de Gestão Ambiental

SINAES .................................................... Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

TCC ........................................................................................ Trabalho de Conclusão de Curso

UAM ...................................................................................... Universidad Autónoma de Madri

UDESC .................................................................... Universidade do Estado de Santa Catarina

UI ............................................................................................................. Universitas Indonesia

UNESC .................................................................... Universidade do Extremo Sul Catarinense

UNESCO .................. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNIDAVI .................................. Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí

UNIFEBE ............................................................................... Centro Universitário de Brusque

UNIPLAC ...................................................................... Universidade do Planalto Catarinense

UNISINOS .................................................................. Universidade do Vale do Rio dos Sinos

UNISUL ........................................................................ Universidade do Sul de Santa Catarina

UNIVALI .................................................................................. Universidade do Vale do Itajaí

UNOESC .................................................................. Universidade do Oeste de Santa Catarina

USP .................................................................................................. Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 13

1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 26

1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................... 26

1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................... 27

CAPÍTULO 2. O CURRÍCULO E A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

CAMINHOS PARA A AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR ...................................... 29

2.1 MOVIMENTOS PARA A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DA

SUSTENTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR ....................... 32

2.2 A AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ....................... 44

CAPÍTULO 3. PERCURSO TEÓRICO METODOLÓGICO .......................................... 56

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA .......................................................................................... 56

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ .............................. 60

CAPÍTULO 4. PANORAMA DOS DIAGNÓSTICOS DE INDÍCIOS DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE APLICADOS NA UNIVALI .......... 67

4.1 PROJETO CNPq - AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NAS

UNIVERSIDADES: SUBSÍDIOS E COMPROMISSOS COM BOAS PRÁTICAS

SOCIOAMBIENTAIS (2012-2015) ........................................................................................... 68

4.1.1 Objetivos ....................................................................................................... 69

4.1.2 Metodologia .................................................................................................. 69

4.1.3 Principais Resultados ................................................................................... 71

4.2 PROJETO RISU - DEFINICIÓN DE INDICADORES PARA LA EVALUACIÓN DE LAS

POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDAD EN UNIVERSIDADES LATIOAMERICANAS

(2013-2014)................................................................................................................................. 76

4.2.1 Objetivos ....................................................................................................... 77

4.2.2 Metodologia .................................................................................................. 77

4.2.3 Principais Resultados ................................................................................... 79

4.3 PROJETO FAPESC - AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA EDUCAÇÃO

SUPERIOR: SUBSÍDIOS ÀS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS EM SANTA CATARINA

(2015-2017)................................................................................................................................. 82

4.3.1 Objetivos ....................................................................................................... 82

4.3.2 Metodologia .................................................................................................. 83

4.3.3 Principais Resultados ................................................................................... 87

CAPÍTULO 5. A ECOLOGIA DE SABERES CONSTRUÍDOS FRENTE AO

PROCESSO DE AMBIENTALIZAÇÃO EM IES ............................................................. 89

5.1 O DESENVOLVIMENTO DOS DIAGNÓSTICOS DE INDÍCIOS DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE APLICADOS NA UNIVALI ................... 89

5.1.1 Critérios de identificação de indícios para o processo de Ambientalização

............................................................................................................................. 120

5.2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ................................... 124

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 142

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 148

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

O homem transformou a Terra,

domesticou suas superfícies vegetais,

tornou-se senhor de seus animais.

Mas não é o senhor do mundo,

nem mesmo da Terra.

Morin e Kern (2003, p. 176)

Quando criança sonhava ser veterinário, pois, adorava os animais. Sempre tive

cachorro, meu pai sempre teve pássaros, e, como moramos num bairro predominantemente

rural, também tínhamos vacas de leite, sempre com leite quentinho ordenhado todas as

manhãs e finais de tarde. Num dia, ao ver um programa de televisão sobre uma prática dessa

função, não quis mais ser veterinário.

Lembro-me que, após a oitava série, incentivado pela professora de Biologia, que foi

muito marcante naquele percurso, eu tinha a certeza que queria estudar para ser Professor de

Biologia. No entanto, quando finalizado o ensino médio, o destino não me deixou seguir

aquele caminho.

Dois anos depois, posso dizer que acertei no curso escolhido, a graduação em

Educação Física Licenciatura. No decorrer dos estudos, comecei a me interessar pela

continuação de minha formação a partir do terceiro período, quando cursei a disciplina de

“Produção do Conhecimento em Educação Física”, a qual tratava das bases epistemológicas

do conhecimento em torno dessa área, métodos, técnicas, projetos e relatório de pesquisa.

Com o incentivo da professora da época - que, por sinal tinha menos de 30 anos e já estava

finalizando o doutorado -, pude perceber meu potencial e o futuro que poderia ter no meio

acadêmico. A partir daquele momento, tal percepção foi se confirmando nos estágios

curriculares e na monitoria acadêmica realizada durante a graduação.

Naquele mesmo período, após cursar a disciplina de “Currículo” surgiram algumas

inquietações perante a matriz curricular do curso, e da presença e/ou ausência de alguns

conhecimentos que agregassem maior valor à formação acadêmica, assim como atividades

interdisciplinares que possibilitassem a qualificação do currículo, o qual, há aproximadamente

oito anos não sofria nenhuma atualização.

Durante o último período da graduação, cursei a disciplina de “Educação Física e

Meio Ambiente”, que tratou de noções de conservacionismo e ambientalismo, além de

atividades físicas, esportivas e de lazer em ambiente natural, assim como a ressignificação dos

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ambientes construídos. Naquele momento, compreendi que as questões ambientais eram um

grande tema, tanto para o meio escolar, quanto nas Instituições de Educação Superior.

Assim, envolvido pelos estudos, pelo trabalho e por todas essas reflexões acerca das

minhas aspirações de futuro, o tempo passou e concluí a graduação em Educação Física na

Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI em 2015.

Um semestre depois, participei do processo seletivo para o ingresso no mestrado, fui

selecionado e ingressei num grupo de pesquisa com viés socioambiental, o “Grupo de

Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade - GEEAS”, que já possuía uma trajetória

realizada na pesquisa em educação ambiental, ambientalização curricular e sustentabilidade1

na Educação Superior.

A trajetória do grupo GEEAS - que comemorou 17 anos de caminhada em 2017 - foi

determinante para a escolha do objeto de pesquisa, que teve sua produção vinculada a um

projeto interinstitucional sobre a temática da ambientalização em Instituições de Educação

Superior de Santa Catarina.

Os objetos de estudo desta dissertação foram os três diagnósticos de ambientalização e

sustentabilidade já aplicados na UNIVALI. A Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI foi

escolhida por ser a universidade de vínculo do pesquisador desde a graduação, e onde, nesse

momento, realiza esta pesquisa de mestrado.

Minha relação com a Ambientalização na Educação Superior, isso, a partir das

pesquisas já realizadas e em andamento no grupo de pesquisa GEEAS teve início no âmbito

do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIVALI que contempla o Mestrado

Acadêmico em Educação. Esse contexto me possibilitou maior conhecimento sobre o

processo de ambientalização da instituição e motivou a realização da presente pesquisa.

Nesse processo, percebi que, ultimamente, existe a necessidade de se falar mais e mais

em Educação Ambiental - EA, principalmente dentro dos ambientes educacionais para

compreender e ressignificar o fenômeno das relações ser humano-natureza, especialmente,

pela preocupação com os constantes desastres naturais intensificados pela ação humana no

planeta, como, por exemplo, os efeitos da mudança climática, e a extinção de diversas

espécies existentes. Pois assim como afirma Cortella (2016, p. 149), “Cada vez que a gente

afeta qualquer coisa do equilíbrio da ecologia do nosso planeta, nós somos afetados”.

1 A sustentabilidade aparece atrelada à ambientalização por ser identificada nos estudos realizados e nos

diagnósticos utilizados nesta pesquisa. O conceito de sustentabilidade é entendido por Leff (2010, p. 32) como

“uma maneira de abrir o curso da história, um devir que se forja recriando as condições de vida no planeta e os

sentidos da existência humana”. Ou seja, vincula-se, principalmente, ao campo atitudinal e à formação dos

sujeitos, tendo em vista assegurarem o futuro e o prolongamento da vida na terra.

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Frente a isso a Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Brasil, 1999)

entende a Educação Ambiental como o conjunto de processos pelos quais os sujeitos e a

coletividade estabelecem valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

sociais, ressignificando e direcionando-os à conservação do meio ambiente, considerado

como bem de uso comum necessário à sadia qualidade de vida e a sua sustentabilidade.

Já, na terceira edição do Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA

(BRASIL, MMA, 2005, p. 57), a educação ambiental para a sustentabilidade é considerada

como:

[...] um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as

formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a

transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a

formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que

conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer

responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e planetário.

Ainda, o ProNEA (2005) já considerava que a Educação Ambiental deveria gerar,

urgentemente, mudanças na qualidade de vida e maior consciência de conduta pessoal, assim

como promover a harmonia dos seres humanos entre si, e destes com as demais formas de

vida.

Na mesma linha de raciocínio, constata-se que as Diretrizes Curriculares Nacionais

para Educação Ambiental - DCNEA conceituam Educação Ambiental nos Artigos 2, 3 e 4:

Art. 2º A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional

da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter

social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos, visando

potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática

social e de ética ambiental.

Art. 3º A Educação Ambiental visa à construção de conhecimentos, ao

desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores sociais, ao cuidado com a

comunidade de vida, a justiça e a equidade socioambiental, e a proteção do meio

ambiente natural e construído.

Art. 4º A Educação Ambiental é construída com responsabilidade cidadã, na

reciprocidade das relações dos seres humanos entre si e com a natureza.

(BRASIL, MEC/CNE, 2012, p. 2).

Ao tratar da EA como uma dimensão da educação, que visa ao desenvolvimento do

caráter individual, a construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores sociais, para

a formação da cidadania, as DCNEA a apresentam como um mecanismo de formação

longitudinal, ou seja, que deve ocorrer ao longo da formação do educando de maneira

integrada e interdisciplinar ou ainda, no caso dos cursos, programas e projetos de graduação,

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pós-graduação e de extensão, como componente curricular específico (BRASIL, MEC/CNE,

2012).

Conforme Kitzmann (2009) e Oliveira, H. (2007), é importante discutir a integração

da educação ambiental como uma disciplina específica nos espaços educativos e de que forma

isso poderia ser viabilizado.

O desejo de que haja um espaço específico para que essas questões inegavelmente

importantes sejam tratadas reflete a busca por um espaço curricular próprio que

forme um eixo capaz de reunir e articular o currículo e os elementos orientadores da

ação do professor e da professora. Parece que o desejo aí contido não é a criação de

uma disciplina em si mesma, mas, sim, o de encontrar uma alternativa que viabilize

a inserção do ambiental no currículo, pois esse é o modelo que conhecemos e ao

qual estamos familiarizadas(os) (OLIVEIRA, H., 2007, p. 107).

Segundo Oliveira, H. (2007) o que se deseja realmente é que conteúdos deveras

importantes, assim como a Educação Ambiental sejam integrados aos currículos, pois caso

não se tenha outra possibilidade de concretizar isso aflora a necessidade de criar uma

disciplina específica que possa sanar essa carência.

Sob a perspectiva de Guimarães (2015, p.48), a Educação Ambiental:

[...] vem sendo delineada como eminentemente interdisciplinar, orientada para o

enfrentamento de problemas locais contextualizados numa realidade global. É

participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É uma educação crítica da

realidade vivenciada, formadora da cidadania. É transformadora de valores e

atitudes individuais e coletivos por meio da construção de novos hábitos e

conhecimentos, criadora de uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora para

as relações integradas entre ser humano/sociedade/natureza objetivando o equilíbrio

local e global, como forma de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis

de vida.

A partir disso, observa-se a relação da Educação Ambiental com a teoria da

complexidade de Morin (2000b), a qual procura superar as dicotomias estabelecidas entre a

totalidade e as partes, em um movimento dialético que visa o empoderamento

ambiental/planetário individual e coletivo. Partilhando desse mesmo entendimento, Junior

(2006, p. 176) indica que o “ambiente é a própria complexidade do mundo”.

Nessa linha, autores como Tommasiello, Carneiro e Tristão (2014, p. 84) indicam que:

A Teoria da Complexidade pode ser básica para fundamentar a Educação Ambiental

que tenta superar a fragmentação do conhecimento, dado que o meio é uma

realidade abrangente, complexa e demanda outras racionalidades com envolvimento

intuitivo-emocional e ético.

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Conforme Morin (2000b), até o século XX, grande parte das ciências seguia o

princípio de redução, que restringia o conhecimento do todo ao conhecimento de suas partes.

Logo, o conhecimento - do qual a educação ambiental faz parte - entendido como algo

complexo foi restrito pelo princípio de redução, deixando o que era complexo, menos

complexo.

Carvalho (2012, p.120) indica que:

[...] o conhecimento disciplinar – despedaçado, compartimentalizado, fragmentado e

especializado – reduziu a complexidade do real, instituiu um lugar de onde conhecer

é estabelecer poder e domínio sobre o objeto conhecido, impossibilitando uma

compreensão diversa e multifacetada das inter-relações que constituem o mundo da

vida.

Esse pensamento vem ao encontro de Torres (1992), pois segundo o autor, o modelo

curricular vigente baseia-se em disciplinas segmentadas, cujos conteúdos, distribuem-se em

horas-aula rígidas. Frente a isso, apresenta-se a interdisciplinaridade2 e o enfoque curricular

integrado, rejeitando-se a lógica disciplinar. Por sua vez, o currículo integrado articula-se em

eixos temáticos podendo a EA, inclusive, ser um deles. Isso mostra que novas estratégias de

ensino contribuiriam para derrubar a rigidez das disciplinas, abrindo espaço para a

assimilação, e a descoberta própria por meio da discussão (TORRES, 1992).

Em relação às questões curriculares, Torres (1992) indica ainda algumas possíveis

soluções categorizando-as como: a diversificação, a descentralização, o currículo integrado, o

currículo formativo, a vinculação teoria-prática, a vinculação estudo-trabalho, e a vinculação

escola-comunidade.

Diante dessas possibilidades, frente à instrumentalização e à mercantilização do

mundo moderno, podemos entender que se faz necessária uma “reforma do pensamento”

(MORIN, 2000b) vigente no âmbito universitário, visando integrar a dimensão

socioambiental à complexidade educacional das Instituições de Educação Superior.

Nesse mesmo contexto, Guerra et al. (2015b, p.13) entendem que:

[...] o processo de ambientalização curricular representa uma possibilidade de dar

maior visibilidade à complexidade dos saberes ambientais, e o sentimento de

pertencimento dos jovens às instituições de ensino, nas quais já não se veem

representados. Com isso, as instituições de ensino, da Educação Básica à Superior,

são convidadas a promovê-las em suas políticas institucionais e curriculares de

forma inter e transdisciplinar, permeada em todas as áreas do conhecimento.

2 Voltado diretamente para área ambiental, Leff (2002, p. 168) apresenta o termo “interdisciplinaridade

ambiental”, pois conforme o autor “Trata-se de um processo de reconstrução social através de uma

transformação ambiental do conhecimento”.

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Kitzmann (2009) valida esse pensamento afirmando que a EA não tem a necessidade

de ser desenvolvida como uma disciplina específica, pois historicamente sempre foi

considerada como um espaço interdisciplinar3 que necessita do aporte teórico-metodológico

de diferentes áreas do conhecimento, as quais constituem o que conhecemos como o “campo

ambiental”.

De acordo com Carvalho, “[...] a noção de campo ambiental interessa circunscrever

certo conjunto de relações sociais, sentidos e experiências que configuram um universo social

particular” (2001, p. 33, grifo do autor). Neste sentido, o campo ambiental:

[...] inclui uma série de práticas e políticas, pedagógicas, religiosas e culturais, que

se organizam de forma mais ou menos instituídas seja no âmbito do pode público,

seja na esfera da organização coletiva dos grupos, associações ou movimento da

sociedade civil; reúne e forma um corpo de militantes, profissionais e especialistas;

formula conceitos e adquire visibilidade através de um circuito de publicações,

eventos, documentos e posições sobre os temas ambientais (CARVALHO, 2001, p.

33).

Nessa mesma linha de raciocínio, se a EA fosse considerada como disciplina

específica na grade curricular surgiriam alguns obstáculos, como, por exemplo, quem forma o

formador? Qual seria o perfil do docente? Como se faria a seleção dos conteúdos a serem

desenvolvidos e das estratégias de ensino necessariamente inovadoras?

Ao encontro dessas contestações, a Resolução n. 2, de 15 de junho de 2012 que

estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, e reafirmou a

Lei nº 9.795, de 1999, a qual, em seu Art. 7°, indica que a Educação Ambiental deve estar

presente em todos os níveis e modalidades da Educação Básica e da Educação Superior

(BRASIL, MEC/CNE, 2012). Ainda, conforme o Art. 10°, da mesma Lei, “As Instituições de

Educação Superior devem promover sua gestão e suas ações de ensino, pesquisa e extensão

orientadas a partir dos princípios e objetivos da Educação Ambiental4” (BRASIL, MEC/CNE,

2012, p. 3).

3 Entendemos que esse espaço interdisciplinar - dentro dos cursos, entre as disciplinas - contribui para o

entendimento de pensamento complexo de Morin (2000b), assim como para a superação da fragmentação e

especialização das disciplinas. 4 Estes objetivos podem ser observados na PNEA (BRASIL, 1999) em seu Art. 5

o: I - o desenvolvimento de uma

compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos

ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do

meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da

cidadania;

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A seu turno, o Plano Nacional de Educação – PNE, com vigência de 2014 a 2024,

preocupa-se em promover o princípio da sustentabilidade socioambiental, não determinando

em qual nível ou modalidade de ensino isso deva ocorrer, pressupondo-se assim, que seja

aplicável também à Educação Superior. Inclusive, encontramos como uma de suas diretrizes

no Art. 2, inciso 10, a necessidade da “[...] promoção dos princípios do respeito aos direitos

humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental” (BRASIL, 2014, grifo nosso).

De acordo com Guerra, Figueiredo e Pereira (2010), o termo sustentabilidade

socioambiental5, vem à tona com a aprovação da segunda versão do Programa Nacional de

Educação Ambiental - ProNEA (BRASIL, MMA, 2005) que o apresenta como eixo

orientador na construção da política de Educação Ambiental no país.

As ações do ProNEA destinam-se a assegurar, no âmbito educativo, a interação e a

integração equilibradas das múltiplas dimensões da sustentabilidade ambiental –

ecológica, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao

desenvolvimento do país. Buscam, com isto, o envolvimento, a participação social

na proteção, a recuperação e melhoria das condições ambientais e de qualidade de

vida (GUERRA; FIGUEIREDO; PEREIRA, 2010, p. 191-192).

Desse modo, o PNE visa à integração da educação ambiental no ambiente educacional.

Da mesma forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB ao tratar da

Educação Superior, explana no art. 43 de seu capítulo IV, que a Educação Superior tem por

finalidade, entre outras coisas:

II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade

brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

[...]

VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade; (BRASIL, 1996).

Tais trechos retratam o interesse em não somente formar mais sujeitos em nível

superior, mas sim, demonstram a importância de que estes saibam dos problemas nacionais e

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à

construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade,

solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o

futuro da humanidade. 5 A expressão sustentabilidade socioambiental é apresentada como um contraponto à noção de desenvolvimento

sustentável, popularizada com o Relatório Brundtland em 1987, que foi largamente usada para manifestar a

necessidade de um modelo de desenvolvimento que fizesse um uso melhor dos recursos naturais, garantindo,

dessa maneira, a continuidade das gerações futuras.

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regionais, com a expectativa de também exercerem uma participação maior no

desenvolvimento da sociedade. Tendo em vista a questão da sustentabilidade socioambiental,

podemos perceber a importância do que foi tratado anteriormente, pois, o meio ambiente é um

bem comum e universal, sendo uma tarefa de todos, a responsabilidade pelo seu cuidado.

Segundo Baldin, Heidemann e Galli (2016), uma educação preocupada com o meio

ambiente tem uma importante missão na constituição de uma sociedade consciente de suas

práticas que devem ter por objetivo a justiça socioambiental.

Os mesmos autores ainda ressaltam, que:

A educação, quando preocupada com o meio ambiente assume um papel

importantíssimo, pois não estamos mais com o olhar só da prevenção, mas também

com preocupação com as consequências de uma relação equivocada do ser humano

com os seus espaços de convivência, ao mesmo tempo em que se faz necessário

prevenir-se com buscas de alternativas urgentes para se evitar maiores impactos para

o meio ambiente (BALDIN; HEIDEMANN; GALLI, 2016, p. 48).

Ao encontro disso, as Instituições de Educação Superior, como principais organismos

no processo de construção do conhecimento, adquirem um importante papel na formação

profissional cidadã e crítica. Desse modo, entende-se que os cursos de formação profissional

precisam estar mais abertos para as discussões relacionadas à crise ambiental6 e à

responsabilidade socioambiental.

Nesse contexto, Canário (2006, p. 12) nos apresenta um paradoxo:

[...] quanto mais as nossas sociedades se escolarizam, mais se confrontam com

problemas de ordens social e ambiental que configuram autênticos impasses de

civilização. Verifica-se que há um desequilíbrio acentuado entre o conhecimento

científico e técnico que marca as nossas sociedades, por um lado, e, a imaturidade

social e política, por outro, expressa na incapacidade de controlar os efeitos

indesejáveis do progresso.

Conforme Leff (2010), a crise ambiental pode ser considerada como uma crise da

racionalidade da modernidade, crise do pensamento a partir de um processo histórico da

internalização de uma racionalidade instrumental7.

Em suas palavras:

[...] a economia é o ápice dessa ficção da ciência moderna, ao gestar um princípio –

o mercado – que transforma a natureza e o homem segundo os ditames de suas leis

6 Segundo Leff (2002, p. 191), “A crise ambiental é a crise de nosso tempo. [...] Por Isso, a crise ambiental é

acima de tudo um problema de conhecimento [...]”. 7 Conforme o autor vincula-se ao paradigma cartesiano o qual passa a ser questionado pela crise do pensamento

da modernidade e da ciência, em que surgem novas concepções de mundo e de como pensar o mundo.

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cegas e seus falsos equilíbrios; que constrói o homo economicus como a

manifestação do grau mais elevado de racionalidade do ser, e que se configura

ajustando os comportamentos e desejos do homem aos desígnios da lei abstrata e

totalitária do mercado (LEFF, 2010, p. 25, grifos do autor).

O mencionado autor ainda indica que a crise ambiental foi gerada pelo capital em cujo

cenário, a racionalidade econômica incutiu modos de pensar que findaram na

institucionalização de uma produção insustentável.

Morin e Kern (2003, p. 91) corroboram com esse entendimento, afirmando que “Na

verdade, a racionalidade fechada produz irracionalidade. Ela é evidentemente incapaz de

enfrentar o desafio dos problemas planetários”.

Nesse sentido, frente à crise já instalada, firma-se o imperativo de transcender a

necessidade socialmente humana de aniquilar a natureza conforme sua vontade,

desrespeitando a sua necessidade e a dos outros seres vivos e não vivos de se recompor, diante

do que necessitamos ressignificar o modo como compreendemos o nosso estar no mundo,

como “usuários compartilhantes”, para não sermos extintos como outras de espécies que já o

foram.

Frente a isso, Cortella (2016, p. 148) destaca que:

Nós, homens e mulheres, não somos a única forma de vida. Nada nos dá

legitimidade para supor que nós sejamos os proprietários da vida que neste planeta

está. Ao contrário, não somos proprietários, nós somos usuários compartilhantes.

[...] Somos usuários compartilhantes, isto é, o planeta é por nós usável como o nosso

lugar de vida, como a nossa casa, mas nós compartilhamos este planeta com outras

formas de vida. Este planeta é o lugar onde nós nos abrigamos, onde nós nos

protegemos, e as outras bilhões e bilhões e bilhões de formas de vida também o

fazem.

Logo, ao falar da difusão dos problemas ambientais nos ambientes educativos,

Guimarães (2006, p. 15-16) afirma que “Essa perspectiva não é suficiente para uma educação

ambiental que se pretenda crítica, capaz de intervir no processo de transformações

socioambientais em prol da superação da crise ambiental da atualidade”.

E afirma:

Relação essa construída tendo como base uma visão de mundo disjunta,

fragmentando o olhar e a compreensão sobre a realidade; visão que separa as partes

do todo focando na parte, numa perspectiva individualista e privatista e que cultiva

uma postura desintegrativa e dicotômica que simplifica e reduz a complexidade da

realidade (GUIMARÃES, 2006, p. 16).

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O mesmo autor ainda indica que “Vista como diversidade em uma unidade, as partes

coexistem num todo em que, além dos antagonismos entre as partes, percebem-se também as

suas complementaridades” (GUIMARÃES, 2006, p. 21). Ou seja, existem inter-relações que

precisam ser exploradas para rejuntar as partes do conhecimento do ou sobre o mundo.

Contribuindo, Morin e Kern (2003) indicam que a crise ecológica ficou mais evidente

somente nos anos 1980 quando surgiram as “grandes catástrofes locais” com amplas

consequências, como Chernobyl; os “problemas mais gerais”, como a contaminação das

águas, a desertificação, e o desmatamento; e os “problemas globais relativos ao planeta como

um todo”, a exemplo das emissões de CO2 e a decomposição gradual da camada de ozônio.

Para Boff (1999) essa ideia de crise8 significa:

[...] a quebra de uma concepção de mundo. O que na consciência coletiva era

evidente, agora é posto em discussão. Qual era a concepção do mundo indiscutível?

Que tudo deve girar ao redor da idéia de progresso. E que este progresso se move

entre dois infinitos: o infinito dos recursos da terra e o infinito do futuro. Pensava-se

que a Terra é inesgotável em seus recursos e podemos progredir indefinidamente na

direção do futuro. Os dois infinitos são ilusórios (BOFF, 1999, p. 16).

Esses dois infinitos são ilusórios, porque já se sabe que a terra tanto é esgotável, que já

se encontra em débito ecológico-ambiental, pois já foram ultrapassados os limites dos

impactos da atividade humana no planeta (ROCKSTROM et al., 2009). Assim, não se tem

como progredir indefinidamente para o melhor futuro e, sim, para a certeza de um futuro

incerto.

Frente a isso, Orsi (2014) destaca a necessidade de se desenvolver outro modo de

enxergar a complexidade da interação ser humano-natureza, para que, dessa maneira, se possa

enfrentar a lógica da racionalidade instrumental, refletindo sobre as possibilidades de se

minimizar os impactos da crise ambiental.

A esse respeito, Sacristán (2003) indica que as sociedades avançadas têm provocado

profundas mudanças, que precisariam ser consideradas na hora de compreender o

comportamento dos educandos, bem como, ao elaborar as políticas educacionais que orientam

e determinam o planejamento dos currículos. Tais transformações podem afetar a educação, a

cultura, a comunicação, os estilos de vida, as relações humanas, o lazer, ou seja, conforme

nosso entendimento, afeta também a relação ser humano-sociedade-natureza.

8 Entendemos que a crise ecológica citada por Boff (1999) não representa toda a complexidade presente na crise

ambiental apresentada por Leff (2010), No entanto, pensando que a crise ecológica contribui para a crise

ambiental, tratamos a ambas como equivalentes nesta discussão.

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Ao discutirem o papel da Educação Superior, Guerra e Figueiredo (2014, p. 110-111)

relatam que:

[...] ao considerarmos o papel central do ensino superior nas universidades, na

facilitação da construção do conhecimento e suas inúmeras funções e

responsabilidades frente a uma sociedade mais justa, igualitária e ética, torna-se

indiscutível sua importância na inserção da dimensão ambiental em suas diversas

frentes de atuação (ensino, pesquisa, extensão e gestão), [...].

Nesse cenário, surge a questão de como integrar na formação profissional, conteúdos,

habilidades e valores relacionados à responsabilidade socioambiental, se por meio de

mecanismos disciplinares ou interdisciplinares, ou seja, por disciplina específica que trate do

assunto, se por projetos integradores, pelo projeto pedagógico, além de outras formas.

No que se refere à interação da temática ambiental nas instituições de ensino, Sato

(2002, p. 25) afirma que:

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como

atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora da sala de aula, produção

de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a

serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política

ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar,

proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação

Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de

problemas atualizados.

De acordo com o verificado, podemos afirmar que a educação ambiental no ensino

formal requer metodologias ativas para o ensino e a aprendizagem dos sujeitos, partindo do

concreto - do que os sujeitos já conhecem sobre o meio local, regional, e global - avançando

em direção à construção de uma cultura de sustentabilidade, com vistas à formação de

cidadãos críticos e conscientes de sua atuação no planeta.

Em relação à Educação Superior, conforme Guerra et al. (2015a), trabalhar a EA é

muito importante na formação de futuros profissionais, cuja atuação poderá ter efeito sobre a

qualidade de vida e do ambiente natural, seja no âmbito local, regional ou global.

Nesse sentido, educar em/para a sustentabilidade implica um esforço com foco no

discernimento de modelos interpretativos em relação às questões políticas,

econômicas, sociais e ambientais e, por outro, incentivar na formação profissional na

Educação Superior, experiências inovadoras e práticas em sustentabilidade como

possibilidades e alternativas para o enfrentamento daquilo que conhecemos como os

discursos da crise ambiental (Guerra et al., 2015a, p. 83).

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A esse respeito, Luzzi (2003, p. 204) afirma que a educação está avançando ao ofertar

diferentes possibilidades para a formação de sujeitos, devendo a ambientalização dos

currículos “ser vista como um importante elemento organizador da prática, não como uma

forçosa inserção sentida como uma violação curricular”.

Frente a isso, tratar da ambientalização é relevante, principalmente em instituições

educativas, assim como as Instituições Comunitárias de Educação Superior. Nestas, a

relevância educacional pauta-se na possiblidade de transformação e/ou ressignificação das

instituições como um todo, agindo por meio da formulação e inovação dos documentos

institucionais e curriculares9 que regem a formação dos mais diferentes cursos de formação

acadêmico e técnico profissional.

Integrar a temática socioambiental a partir da ambientalização durante todo o percurso

acadêmico é muito importante para a sociedade como um todo, tendo em vista uma formação

mais ampla, que ensine a conexão da área específica com o meio que o rodeia na relação ser

humano-sociedade-natureza, ou seja, a visão do todo.

Como destaca Orsi (2014, p. 3):

Diante dos desafios de desenvolver essa visão integrada, é fundamental conhecer

como as Instituições de Educação Superior (IES) trabalham a ambientalização

curricular, pois são essas agências que respondem pela formação dos acadêmicos;

enfim, de todos que nela atuam, desenvolvendo atitudes, valores e competências

profissionais direcionados à sustentabilidade em todas as suas dimensões.

De acordo com isso, a ambientalização do currículo é de fundamental relevância,

tendo em vista que as IES possibilitam: a) intervir e participar ativamente de um movimento

de reflexão-ação em e para a EA; b) intervir e participar na formação de profissionais e

cidadãos para atuarem dentro de uma perspectiva de melhoria da qualidade de vida e

enfrentamento da crise ambiental; c) propiciar a criação de espaços que permitam a

ambientalização curricular. Assim sendo, para abranger esses contextos, não apenas as ICES,

mas todas as IES necessitam assumir seu papel social, a fim de se empoderarem como

espaços educadores sustentáveis, na integração da sustentabilidade socioambiental na gestão,

na organização curricular, na formação profissional, nos materiais didáticos e no fomento da

cidadania, como indicam as DCNEA em seu artigo 21 (BRASIL, MEC/CNE, 2012).

9 Compreendemos por documentos institucionais nesta dissertação o Plano de Desenvolvimento Institucional -

PDI, o Planejamento Estratégico - PE, o Projeto Pedagógico Institucional – PPI, e a Política de Responsabilidade

Socioambiental - PRS, e por documentos curriculares compreendemos os Projetos Pedagógicos dos Cursos –

PPC, e os Planos de Ensino - PE.

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Art. 21. Os sistemas de ensino devem promover as condições para que as

instituições educacionais constituam-se em espaços educadores sustentáveis, com a

intencionalidade de educar para a sustentabilidade socioambiental de suas

comunidades, integrando currículos, gestão e edificações em relação equilibrada

com o meio ambiente, tornando-se referência para seu território. (BRASIL,

MEC/CNE, 2012, p. 7).

A partir do exposto, observou-se que a partir dos anos 2000, com a difusão das

pesquisas realizadas pela Red de Ambientalización Curricular de los Estudios Superiores -

ACES, diversos autores realizaram trabalhos que complementaram o termo, e/ou recriaram

metodologias para a análise nas IES quanto ao processo de ambientalização (WACHHOLZ,

2017), entretanto, delimitando esta pesquisa no Brasil, o aumento do compromisso da

instituição com a ambientalização e a sustentabilidade pode ser verificado, dentre outros, nos

diversos estudos e trabalhos que foram desenvolvidos pelo grupo de pesquisa, Educação,

Estudos Ambientais e Sociedade – GEEAS, e em parceria com outras Instituições de

Educação Superior Brasileiras e Estrangeiras (GUERRA et al., 2015a, 2015b, 2015c);

(GUERRA; FIGUEIREDO, 2014); (FIGUEIREDO; GUERRA; CARLETTO, 2014);

(RUSCHEINSKY et al., 2014); (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016); (FIGUEIREDO et al.,

2017b), dentre outros.

Neste sentido, esta dissertação teve o propósito de compreender o processo de

ambientalização e sustentabilidade a partir dos diagnósticos aplicados em uma Instituição

Comunitária de Educação Superior – ICES, no período de 2012 a 2017. Sendo que esta foi

uma das duas ICES10

que participou de três diferentes pesquisas de diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade, caracterizada como uma instituição de fundamental

importância no contexto regional, nos cenários econômico, social e ambiental de Santa

Catarina.

A relevância desta pesquisa justificou-se, por se constituir em mais uma referência

para as demais IES e ICES que pretendem seguir e/ou instituir os princípios e objetivos da

Educação Ambiental; aplicar um diagnóstico de ambientalização e sustentabilidade; ou ainda,

iniciar um processo de ambientalização visando a sua transformação para um espaço educador

sustentável.

Assim, constata-se a necessidade da integração da Educação Ambiental nas funções

universitárias. Conforme Guerra et al. (2015a) constituir instituições de ensino como Espaços

Educadores Sustentáveis – EES, se justifica também na Educação Superior. Observando que:

10

Além da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, o Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE também

participou dos mesmos diagnósticos, constituindo-se como os grupos de pesquisa e instituições parceiras nessa

caminhada.

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[...] os estudantes que tem garantido o acesso a esse nível de ensino no país, serão os

futuros profissionais, gestores e tomadores de decisão nos diversos campos do

conhecimento e setores da sociedade. Por esta razão, considera-se necessário inserir,

em sua formação, conteúdos curriculares que incorporem aos conhecimentos

específicos da área, os saberes ambientais, o desenvolvimento de atitudes, valores e

critérios de sustentabilidade, de maneira que, no exercício profissional façam uso de

uma perspectiva ampla, inter e transdisciplinar, para a construção e transposição de

conhecimentos, saberes, procedimentos e inovações (GUERRA et al., 2015a, p. 83).

Deve-se salientar também que esta pesquisa de mestrado esteve vinculada ao Projeto

Ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior: subsídios às políticas

institucionais em Santa Catarina, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação

do Estado de Santa Catarina - FAPESC, e desenvolvido em comunhão por sete Universidades

Comunitárias e uma universidade pública do Sistema da Associação Catarinense das

Fundações Educacionais – ACAFE.

Frente a esse contexto, para esta dissertação levantaram-se as seguintes questões

norteadoras da pesquisa:

Como se compreende o processo de Ambientalização e Sustentabilidade na Educação

Superior?

Como foi investigado o processo de Ambientalização e Sustentabilidade em uma

Instituição Comunitária de Educação Superior, no período de 2012 a 2017?

Quais as principais semelhanças e diferenças metodológicas adotadas nos diagnósticos

de indícios de Ambientalização e Sustentabilidade pesquisados?

Quais indícios de Ambientalização e Sustentabilidade foram identificados nos

diagnósticos de documentos institucionais e curriculares dessa Instituição Comunitária

de Educação Superior (ICES)?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Compreender o processo de ambientalização e sustentabilidade a partir dos

diagnósticos aplicados em uma Instituição Comunitária de Educação Superior – ICES, no

período de 2012 a 2017.

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1.1.2 Objetivos específicos

1) Analisar os instrumentos metodológicos empregados nos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade aplicados em uma Instituição Comunitária de

Educação Superior;

2) Apontar os indícios de ambientalização e sustentabilidade identificados nos

diagnósticos investigados;

3) Listar critérios de identificação de indícios para o processo de Ambientalização da

Educação Superior;

4) Discutir o processo de Ambientalização, por meio dos resultados dos diagnósticos

estudados;

5) Gerar subsídios para a implantação e institucionalização do processo de

Ambientalização e Sustentabilidade na Educação Superior.

Definidas as questões norteadoras e os objetivos, esta dissertação está subdividida em

capítulos para uma melhor organização. O CAPÍTULO 1 apresentou a introdução desta

dissertação, onde são indicados quais foram os caminhos trilhados pelo autor para chegar à

idealização desta pesquisa, à caracterização e à problematização da temática, a justificativa

quanto à sua elaboração, as questões norteadoras da pesquisa, bem como os objetivos

pretendidos.

No CAPÍTULO 2, buscou-se conceituar currículo e ambientalização curricular, e

compreender como este processo ocorre na Educação Superior.

Posteriormente no CAPÍTULO 3, demonstra-se o percurso metodológico da pesquisa,

e caracteriza-se a Universidade do Vale do Itajaí. No CAPÍTULO 4, apresenta-se um

panorama do desenvolvimento dos instrumentos metodológicos para o diagnóstico dos

indícios de ambientalização e sustentabilidade aplicados na UNIVALI, a saber:

1° - Projeto “Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: subsídios e

compromissos com boas práticas socioambientais” ocorrido entre os anos de 2012 e 2015, e

financiado pelo CNPq. Para efeito dessa pesquisa passaremos a denominá-lo de Projeto

CNPq;

2° - Projeto RISU “Definición de indicadores para la evaluación de las políticas de

sustentabilidad en universidades latinoamericanas”, ocorrido entre 2013 e 2014, e que será

chamado de Projeto RISU;

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3° - e o Projeto “Ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior: subsídios

às políticas institucionais em Santa Catarina”, realizado entre 2015 e 2017, e financiado pela

FAPESC, que nomeamos como Projeto FAPESC.

E no CAPÍTULO 5, apresenta-se a análise documental dos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade estudados.

Nas considerações finais evidenciam-se os aspectos mais significativos desta pesquisa

de dissertação, e listam-se as REFERÊNCIAS utilizadas.

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CAPÍTULO 2. O CURRÍCULO E A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

CAMINHOS PARA A AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR

Para tratarmos do tema da ambientalização curricular é preciso especificar, de

antemão, o que entendemos por currículo. Assim, para iniciar este estudo, busquei resgatar

minhas anotações das disciplinas de Currículo, cursada na graduação, e de Políticas de

Currículo durante o mestrado, e também colhi subsídios de alguns autores e autoras, como

Sacristán (2000), Pacheco (2003) e outros, os quais fui conhecendo e estudando para

fundamentar esta pesquisa.

A partir desses estudos, entendo que currículo é um termo polissêmico (PACHECO,

2003), ou seja, que não há consenso quanto ao que esse vocábulo significa exatamente.

Também que o currículo não trata apenas das disciplinas, e nem, tão somente, das

expectativas de aprendizagem, dessa forma ele não é universal, e menos ainda, neutro.

De acordo com Sacristán (2000, p. 15) “Quando definimos o currículo estamos

descrevendo a concretização das funções da própria escola e a forma particular de enfocá-las

num momento histórico e social determinado, para um nível ou modalidade de educação,

numa trama institucional, etc.”.

Nesse sentido, fica mais clara a compreensão de que ele se refere ao que se ensina, ao

que se trabalha nos espaços educativos - em todos os lugares que tenham intencionalidade

pedagógica. Constitui-se numa ação que se vive. O currículo também sofre a interferência da

história, da cultura, da ciência, da política, das inovações, e da prática pedagógica. Ou seja, o

currículo é determinado histórica e socialmente.

Doll Jr. (1997) discute o currículo como um processo que visa explorar o que é

desconhecido, e que, por meio dessa exploração, discentes e docentes em conjunto,

transformam e são transformados.

Nessa estrutura em que o currículo se torna um processo, a aprendizagem e o

entendimento chegam através do diálogo e da reflexão. A aprendizagem e o

entendimento são criados (não transmitidos) conforme dialogamos com outros e

refletimos sobre aquilo que nós e eles dissemos – conforme “negociamos passagens”

entre nós e os outros, entre nós e nossos textos (DOLL Jr., 1997, p. 172).

Além disso, o currículo expressa o que a sociedade espera da aprendizagem, pois é

sabido que ele tem movimento e tem ação, constituindo-se num cruzamento de práticas

diversas e distintas.

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30

Ainda, compartilho da compreensão de currículo no ensino superior que Masetto

(2011, p. 4) nos apresenta:

Partimos de uma concepção de currículo no ensino superior como um conjunto de

conhecimentos, saberes, competências, habilidades, experiências, vivências e

valores organizados de forma integrada visando a formação de profissionais

competentes e cidadãos, para uma sociedade contextualizada num determinado

tempo e espaço histórico, político, econômico e social.

Masetto (2011) também indica que a organização de um currículo busca novas

possibilidades de pensar uma educação superior que atenda às exigências atuais e futuras,

possibilitando a formação de profissionais voltados para modificações da ordem social, assim

como na relação com o meio visando melhores condições de vida.

Além disso, temos a compreensão que em última instância, é o professor que molda o

currículo, pois é ele quem usa certas estratégias e métodos para aplicar, em suas aulas, o que

vem ao encontro do que salienta Sacristán (2000, p. 26), quando afirma: “O currículo acaba

numa prática pedagógica [...]”.

Nesse sentido, conforme esse autor é importante saber que:

Qualquer estratégia de inovação ou da melhoria da qualidade da prática de ensino

deverá considerar esse poder modelador e transformador dos professores, que eles

de fato exercem num sentido ou noutro, para enriquecer ou para empobrecer as

propostas originais (SACRISTÁN, 2000, p. 166, grifo nosso).

No entanto, esse poder não se restringe apenas ao professor, pois ele não decide sua

ação no vazio, mas sim, conectado a sua realidade e às suas condições de trabalho, ou seja, o

professor norteia-se pelas regras e orientações de sua instituição, e isso deve ser considerado

quando se ressalta a importância do trabalho docente na qualidade do ensino (SACRISTÁN,

2000).

Sacristán ainda apresenta o professor como um agente decisivo, ao conferir-lhe um

nível de objetivação do currículo, nesse caso, “o currículo moldado pelos professores” (2000,

p. 105).

Independentemente do papel que consideremos que ele há de ter nesse processo de

planejar a prática, de fato é um ‘tradutor’ que intervém na configuração dos

significados das propostas curriculares. O plano que os professores fazem do ensino,

ou que entendemos por programação, é um momento de especial significado nessa

tradução (SACRISTÁN, 2000, p. 105).

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Diante desta compreensão, e observando as discussões que estabelecemos neste

trabalho, podemos entender que os professores traduzem - por assim dizer - as políticas de

currículo das instituições em que lecionam.

Sacristán (2000, p. 109) apresenta o conceito de “Política curricular”, indicando que:

[...] é toda aquela decisão ou condicionamento dos conteúdos e da prática do

desenvolvimento do currículo a partir das instâncias de decisão política e

administrativa, estabelecendo as regras do jogo do sistema curricular. [...] A política

é um primeiro condicionamento direto do currículo, enquanto o regula, e

indiretamente através de sua ação em outros agentes moldadores.

Pacheco (2003) ratifica esse conceito, afirmando que a política curricular representa a

racionalização do processo de desenvolvimento do currículo, nomeado como regulador do

conhecimento11

, cuja regulação é visível no papel desempenhado pelos atores educativos.

Rocha (2014, p. 63) corrobora essa ideia dizendo que:

As políticas curriculares assumem papel fundamental no processo de regulação do

currículo. Elas não só estabelecem as decisões gerais a serem seguidas, como

também subsidiam a ordenação jurídica e administrativa exigidas para a sua

oficialização.

Logo, acreditamos importante frisar que entendemos que as políticas institucionais -

além das de ensino (curriculares) - apresentam uma dimensão curricular, pois as observamos

sob um olhar sistêmico da constituição da universidade. Importante salientar que essas

políticas contribuem para a seleção, organização e inovação do currículo dos cursos.

Observando a relação do currículo escolar, com as políticas de currículo, ao discutir o

currículo como construção cultural, Pacheco (2003, p. 101) nos relata sobre as tensões e

disputas de poder nesse campo:

Pelo espaço que ocupa na sociedade, com a predominância da formação como

aprendizagem ao longo da vida, o currículo é uma destacada arena da política

cultural que se converte, de forma explícita e/ou implícita, em um capital simbólico

institucionalizado e em um campo com interesses e investimentos proporcionais aos

espaços constituídos por posições sociais face ao conhecimento.

Silva (1999) corrobora o pensamento de Pacheco (2003) de que por meio do currículo

como agente cultural, o ambiente educativo favorece a formação de subjetividades sociais.

11

Frente a esse papel regulador do conhecimento, trataremos mais para frente neste mesmo capítulo sobre a

inserção dos temas sustentabilidade e responsabilidade socioambiental nos instrumentos de avaliação da

Educação Superior para credenciamento e recredenciamento, sendo o Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior - Sinaes essencial para os processos de regulação, supervisão e avaliação das instituições.

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Pacheco (2003), também da mesma forma, afirma que as identidades são culturalmente

construídas, e que o currículo é uma prática de identidades partilhadas pelos sujeitos, os quais,

por sua vez, apresentam e difundem valores, sentimentos, atitudes, expectativas, crenças e

saberes.

Ao tratar das finalidades da educação Krishnamurti (1993, p. 13) salienta que esta

deve também criar novos valores.

A educação deve ajudar-nos a descobrir valores perenes, para que não nos

apeguemos a fórmulas ou à repetição de slogans [...]; deve ajudar-nos a derrubar as

barreiras nacionais e sociais geram antagonismo entre homem e homem.

Infelizmente, o nosso atual sistema de educação nos torna subservientes, mecânicos

e fundamentalmente incapazes de pensar; embora desperte nosso intelecto, deixa-

nos interiormente incompletos, estultificados e estéreis.

Sabendo-se que a educação visa uma aprendizagem para toda a vida, e enquanto

formalizada nas instituições de ensino ela contribui para a formação crítica e cidadã, a partir

da constituição das subjetividades dos sujeitos. Assim, pode-se acreditar que a educação é

imprescindível a ressignificação dos valores que vão além da relação homem e homem, como

indica Krishnamurti (1993), ou seja, acreditamos na promoção dos valores que giram em

torno da relação ser humano-sociedade-natureza. Krishnamurti finaliza indicando que: “Não

deve a educação estimular o indivíduo a adaptar-se à sociedade ou a manter-se negativamente

em harmonia com ela, mas ajudá-lo a descobrir os valores verdadeiros, [...]” (1993, p. 13-14).

Também, Cortella (2016, p. 47) indica que nós como “[...] educadores necessitamos

reforçar a consciência de que valores e conhecimentos, em vez de serem determinações de

uma natureza humana imóvel, são resultantes de uma sucessão de ocorrências existenciais”.

Ou seja, eles podem ser criados, restaurados e ressignificados.

2.1 MOVIMENTOS PARA A INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DA

SUSTENTABILIDADE NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

Gaudiano, Meira-Cartea e Martínez-Fernández (2015) relatam que a incorporação da

sustentabilidade, nas Instituições de Educação Superior (IES), na região Ibero-americana é

recente. Segundo eles, seu histórico remonta à criação do Centro Internacional de Formação

em Ciências Ambientais (CIFCA), em 1975 em Madri/Espanha, e o Seminário Universidade e

Meio Ambiente na América Latina e Caribe, em 1985 em Bogotá/Colômbia (GAUDIANO;

MEIRA-CARTEA; MARTÍNEZ-FERNÁNDEZ, 2015).

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Gaudiano (1997) ainda respalda que inúmeras reuniões desde a Conferência de

Estocolmo em 1972, indicaram a necessidade da incorporação da Educação Ambiental nos

sistemas educativos. Nesse mesmo ano, a ONU criou o Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA) o qual apresenta dentre seus objetivos “manter o estado do meio

ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e

ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da

população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras” 12

.

Em 1984 a UNESCO e o PNUMA realizaram o “Diagnóstico de la incorporación de

la dimensión ambiental en la educación superior”, cujos resultados foram presentados no ano

seguinte no primeiro “Seminário Universidade e Meio Ambiente na América Latina e no

Caribe” (SÁENZ, 2014). As informações acerca dos programas de docência, pesquisa e

extensão, bem como os obstáculos enfrentados para a incorporação da dimensão ambiental,

das 166 universidades participantes, de mais de vinte países latino-americanos, foram

reunidas nas conclusões desse importante evento, as quais formularam uma série de

recomendações para a introdução ou incorporação da dimensão ambiental na Educação

Superior (WACHHOLZ, 2017).

Essas recomendações resultantes do diagnóstico e do evento expressam a necessidade

de incorporação da Educação Ambiental que deverá ser discutida com foco na Educação

Superior. Como resultado, sobre a temática na Educação Superior, foi elaborada a Carta de

Bogotá, que, a seu turno, estabelece doze pontos, dentre os quais destacamos:

1° A introdução da dimensão ambiental no nível de Educação Superior força repensar

o papel da universidade na sociedade, e no marco da ordem mundial contemporânea, no qual

se configura a realidade Latino-americana e do Caribe;

5° As universidades têm a responsabilidade de gerar uma capacidade científica e

tecnológica própria, capaz de mobilizar o potencial produtivo dos recursos naturais e humanos

da região através de uma produção criativa, crítica e propositiva do nosso conhecimento para

promover estratégias e alternativas de desenvolvimento;

6° As universidades se constituem como organismos atuantes, geradores e

catalisadores de processos integrados ao corpo social, desde a atividade tradicional de

produção e transmissão do conhecimento, até a prática sistemática de transformação da

realidade;

12

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente também conhecida como ONU Meio Ambiente, é a

principal autoridade global em meio ambiente, é uma agência do Sistema das Nações Unidas (ONU). Mais

informações em: ONU Meio Ambiente: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/>. Acesso em: 30 set. 2017.

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7° O ambiente de nossos países deve entender-se como um potencial para um

desenvolvimento alternativo a partir da mobilização dos recursos humanos, ecológicos,

culturais e gnosiológicos da região para dar sentido e força produtiva a uma racionalidade

ambiental de desenvolvimento igualitário, mais produtivo e sustentável a longo passo. Ele

implica, por conseguinte, na necessidade de implantar e implementar estratégias para a

incorporação da dimensão ambiental nas estruturas universitárias;

9° A incorporação da temática ambiental nas funções universitárias e a internalização

da dimensão ambiental na produção de conhecimentos, repensa a problemática

interdisciplinar da investigação e docência; e,

11° A incorporação da dimensão ambiental ao conhecimento requer grandes esforços

teóricos e metodológicos para a condução de investigações concretas e participativas nos

problemas do meio social, incluindo a utilização do meio natural. Isto implica a reformulação

das atuais estruturas acadêmicas, que permita a incorporação da temática ambiental nos

programas de investigação e docência e extensão, dentro de uma perspectiva interdisciplinar

(GAUDIANO, 1997).

Como se observa, nos pontos destacados, a Carta de Bogotá tinha a intencionalidade

de integrar a dimensão ambiental na Educação Superior, pois as universidades têm uma

grande responsabilidade sobre a produção de conhecimento e formação profissional,

essenciais para a transformação da realidade da sociedade, seguindo na direção a uma

racionalidade ambiental13

para o desenvolvimento igualitário. Para tanto, além de indicar o

movimento de repensar a ação interdisciplinar junto à docência, também propõe a

internalização da dimensão ambiental a todas as funções universitárias.

Sáenz Zapata (2012) indica que a ambientalização das universidades começou,

historicamente, pela pesquisa em educação, tanto em nível de graduação, como de pós-

graduação, mas tendo pouca clareza quanto à gênese deste processo. O início da história da

EA na Educação Superior, e nos demais níveis de educação, pode ser evidenciado no cenário

internacional, no final dos anos quarenta e está relacionado com o aumento do interesse, na

educação geral, sobre a proteção da natureza e a conservação ambiental (SÁENZ ZAPATA,

2012).

Foi no conclave da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,

realizada em Estocolmo, em junho de 1972, que ocorreu a incorporação formal da Educação

13

Ao tratar da construção de uma racionalidade ambiental, Leff (2002, p. 102) anuncia que essa “[...] demanda a

transformação dos paradigmas científicos tradicionais e a produção de novos conhecimentos, o diálogo,

hibridação e integração de saberes, bem como a colaboração de diferentes especialidades, propondo a

organização interdisciplinar do conhecimento [...]”.

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Ambiental em todos os níveis, como uma questão importante de agenda internacional

(SÁENZ ZAPATA, 2012).

Posteriormente Gaudiano (2012, p. 17) indica que nos:

[...] anos setenta, o campo da educação ambiental como resultado da progressiva

preocupação internacional sobre a deterioração ecológica, como resultado de um

conjunto de práticas sociais e produtivos que estavam cobrando uma força crescente

foi estabelecida.

Ainda, conforme Gaudiano (2012), durante o seminário em Belgrado em 1975 e,

especialmente após a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi

em 1977, foram estabelecidas algumas das características gerais do novo campo, o qual carece

ser visto como uma educação para a vida, que ocorre tanto em contextos tanto formais como

não-formais, expondo a visão do ambiente como um todo - natural e humano, ecológico,

político, econômico, social, jurídico, cultural e estético, que afeta todas as áreas do

conhecimento (transversalidade), adquirindo uma perspectiva de sistemas interdisciplinares e

complexos e enfatizando a participação ativa na prevenção e na resolução de problemas

ambientais.

Conforme referem Schramm e Corbetta (2015) no ano de 1987, na Noruega, foi

proposto o Relatório Brundtland – “Nosso futuro comum” publicado pela Comissão Mundial

de Meio Ambiente e Desenvolvimento. Esse documento indica o conceito de

desenvolvimento sustentável, que seria o de: “Permitir que as sociedades atendam suas

necessidades, tanto aumentando o potencial de produção, quanto assegurando a todos as

mesmas oportunidades” (RELATÓRIO BRUNDTLAND, 1987, p. 47).

A respeito desse tema, em 1990 na França, a Declaração de Talloires que versa sobre

os papeis cívicos e responsabilidade social do ensino superior, é mencionada por Wachholz

(2017) como a primeira declaração criada por gestores de IES do mundo inteiro - assinada por

22 universidades, no Centro de Estudos Europeus da Universidade de Tufts -, que expressa à

preocupação com a crise ambiental, assim como o comprometimento para a transformação de

políticas relacionadas ao currículo e planos de estudo.

As universidades também são mencionadas no Tratado de Educação Ambiental para

Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, elaborado pela sociedade civil e pelos

movimentos sociais, no Fórum Global, paralelo à Conferência das Nações Unidas para Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92. Mesmo não

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36

mencionando diretamente as instituições de ensino, vários dos princípios desse tratado se

referem ao processo de formação na Educação Básica e Superior, a saber:

3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar

cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos

povos e a soberania das nações. [...]

5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a

relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.

6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos

direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as

culturas.

7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-

relações em uma perspectiva sistêmica, em seus contextos social e histórico.

Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais

como população, saúde, democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser

abordados dessa maneira.

8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa nos

processos de decisão, em todos os níveis e etapas. [...]

11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este é

diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou

monopolizado.

12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem

conflitos de maneira justa e humana.

13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos

e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender

às necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade,

religião, classe ou mentais. [...]

15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e

ações. Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades

sustentáveis (BRASIL, MMA, 2005, p. 58-59).

Apesar destes princípios se apresentarem de forma prescritiva, atribuindo

responsabilidades apenas à Educação Ambiental para a sobrevivência dos seres humanos e

não humanos, entendemos que por serem oriundos da sociedade civil e movimentos sociais,

os princípios apresentados pelo Fórum Global, validam-se em função dessa necessidade e/ou

atribuição da Educação Ambiental de contribuir para a “conscientização” das pessoas e da

sociedade.

Com relação ao Plano de Ação, o Tratado propoz implementar, dentre outras, a diretriz

19, que trada de “Mobilizar instituições formais e não formais de Educação Superior para o

apoio ao ensino, pesquisa e extensão em Educação Ambiental e a criação, em cada

universidade, de centros interdisciplinares para o meio ambiente” (BRASIL, MMA, 2005, p.

61).

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37

Na Conferência Rio-92, por sua vez, os representantes dos 179 países e governos

presentes, se comprometeram, entre outros assuntos com a implementação da Agenda 2114

,

em cujos capítulos 34 - “transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e

fortalecimento institucional” - e 35 - “a ciência para o desenvolvimento sustentável” -

assinala-se a importância da ciência e das tecnologias, nas Universidades, com vistas à

promoção do desenvolvimento sustentável. Já, no capítulo 36 - “promoção do ensino, da

conscientização e do treinamento” -, voltado principalmente para a Educação Superior, foi

recomendado que os países dessem apoio às universidades criando cursos interdisciplinares

com integração de disciplinas para a organização multidisciplinar e interdisciplinar dos

currículos.

De acordo com a Agenda 21, deve-se apresentar a temática ambiental em todos os

currículos, inclusive nos universitários. “O ensino é também fundamental para conferir

consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância

com o desenvolvimento sustentável e que favoreçam a participação pública efetiva nas

tomadas de decisão” (ONU, 1995, p. 429-430).

Na sequência, no ano de 2002 em Johanesburgo, África do Sul, ocorreu a Conferência

Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (ou Rio+10) como propósito de repensar as

metas da Agenda 21 e refletir sobre os desdobramentos da Rio-92. Como resultado desta

Conferência, entre os anos de 2005 a 2014, foi adotada a ideia da Década da Educação para o

Desenvolvimento Sustentável, com o propósito de promover a integração da Educação para o

desenvolvimento sustentável em todos os níveis e setores da educação (WACHHOLZ, 2017).

Nesse sentido, o compromisso das Instituições de Educação Superior (IES) com o

desenvolvimento sustentável incita um denso replanejamento das suas funções essenciais:

ensino, pesquisa, extensão e gestão. Assim como, percebe-se a necessidade da promoção da

EA em toda a Educação, para que sejam desenvolvidos atitudes e valores que favoreçam a

ética, a cidadania, e a responsabilidade socioambiental.

Também, foi observado a inserção dos temas sustentabilidade e responsabilidade

socioambiental nos instrumentos de avaliação da Educação Superior.

Kitzmann e Mota (2017) destacam a importância da inserção da dimensão

socioambiental nos requisitos legais e nos sistemas de avaliação da educação, afirmando que:

14

A Agenda 21 é um plano de ação criado pela Organização das Nações Unidas, para ser adotado em escala

local, nacional e global, pelos governos e sociedade civil, de forma a refletir e agir sobre os impactos ao meio

ambiente, contribuindo para a construção de sociedades sustentáveis.

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38

A relevância dessa temática se justifica pela urgência em tratar das questões

socioambientais no processo formativo diante do cenário de degradação da vida

planetária e pela necessidade de observância aos requisitos legais exigidos na

avaliação de cursos [...] (2017, p. 181).

Diante dessa questão, e apresentando os requisitos legais, iniciamos com a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394 de 1996, a qual, explana em seu

Art. 53, que as universidades recebem atribuições em relação à implantação e implementação

dos currículos dos cursos de graduação, garantindo-lhes, dessa forma, mais autonomia para o

exercício de suas funções e atribuições.

Nesse sentido, de acordo com Duarte (2016, p. 9), a LDB visa “[...] assegurar maior

flexibilidade à organização dos cursos do ensino superior, pois as universidades têm

autonomia para elaborar e definir os currículos dos cursos de graduação desde que respeitando

as diretrizes”.

A respeito da publicação da Lei n° 10.861, em 200415

, que implantou o Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES do MEC/Inep, formado para a

avaliação das instituições; o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - Enade; e a

Avaliação dos Cursos de Graduação - ACG, Duarte (2016, p. 57) indica:

A avaliação realizada pelo SINAES é referencial básico para os processos de

regulação, supervisão e avaliação das instituições; esses processos são de

competência do Ministério da Educação, do Conselho Nacional de Educação –

CNE, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –

INEP, da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) e da

Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES.

Duarte (2016) explana que, para avaliar as instituições de Educação Superior, são

empregados diferentes procedimentos e instrumentos, dentre os quais podemos citar a

autoavaliação institucional e a avaliação externa in loco.

Assim, o instrumento de avaliação institucional externa foi elaborado pela união entre

a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES, a Diretoria e Avaliação

da Educação Superior - DAES, e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira - INEP, constituindo-se numa avaliação da qualidade da Educação Superior, e

como um instrumento de operacionalização do Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior - SINAES, criado justamente para avaliar as instituições de Educação Superior

brasileiras, dos seus cursos e do desempenho de seus estudantes.

15

BRASIL. Lei No 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior – SINAES e dá outras providências. 2004. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm>. Acesso em: 23 dez. 2016.

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39

As ações preliminares dessa avaliação constituem-se em realizar a leitura do PDI e

analisar os relatórios de autoavaliação da IES (fornecidos pela IES), observando um

referencial mínimo de qualidade atribuído pelos conceitos de 1 a 5, na ordem crescente de

qualidade da instituição.

Percebemos, conforme a dimensão 3 do instrumento de avaliação institucional externa,

o destaque para:

A responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere

à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e

social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do

patrimônio cultural (BRASIL. 2010, p. 8).

Com isso, a dimensão socioambiental já vem sendo considerada na avaliação para a

elaboração do conceito das instituições de Educação Superior.

O instrumento de avaliação institucional externa baseia sua avaliação, principalmente,

nas informações contidas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e os processos de

avaliação institucional (interna e externa), assim como outros documentos oficiais da

Instituição de Educação Superior (IES) (BRASIL, 2014). Ou seja, a partir do ano de 2016, a

Política de Responsabilidade Socioambiental poderá ser considerada na avaliação da

universidade investigada.

O instrumento de avaliação é organizado em cinco eixos, que contemplam as dez

dimensões estabelecidas na Lei N° 10.861/2004 - SINAES (BRASIL, 2014), dentre os quais

podemos citar: o eixo 2 - Desenvolvimento Institucional, que contempla as dimensões 1

(Missão e Plano de Desenvolvimento Institucional) e o eixo 3 - (Responsabilidade Social da

Instituição) do SINAES (BRASIL, 2014), neste, o item 2.5 “Coerência entre o PDI e as ações

institucionais no que se refere à diversidade, ao meio ambiente, à memória cultural, à

produção artística e ao patrimônio cultural” (BRASIL, 2014, p. 8). Reafirma-se, então, a

presença da obrigatoriedade das universidades em estabelecerem uma relação coerente entre o

PDI e as ações institucionais, além, da coerência requerida também aos demais documentos

institucionais.

Nesse sentido, o PDI é o principal documento dentro da universidade, o qual, para

contribuir com a ambientalização universitária, necessita conter indicativos da sua relação

com os princípios da Educação Ambiental. Isso nos remete à conformidade e à atenção às

diretrizes expedidas pelo MEC, assim como às Diretrizes Curriculares Nacionais para

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Educação Ambiental (BRASIL, MEC/CNE, 2012), que também precisam ser atendidas pelas

IES.

Segundo Vianna (2000, p. 23) “A avaliação tem papel importante na crítica para a

transformação da escola e das instituições, de seus currículos e seus programas”. Nesse

sentido “[...] é preciso aprimorar o processo avaliativo de modo a promover o

desenvolvimento institucional e a melhoria da qualidade da educação como lógica constitutiva

do processo avaliativo emancipatório, considerando a autonomia da IES.” (CONAE, 2010, p.

56). Nesse sentido, a autoavaliação institucional se constitui como um importante instrumento

da universidade para verificação de suas ações.

Em contrapartida, ao tratarem da carência de estratégias para a integração da dimensão

socioambiental nos Projetos pedagógicos dos cursos, estudados demostram que essa situação

é preocupante, pois torna visível a falta de relação com o que é recomendado na Política e no

Programa Nacional de EA, e na Resolução que define as Diretrizes Curriculares Nacionais

para Educação Ambiental (BRASIL, MEC/CNE, 2012), sendo que, a falta de inclusão da

temática no âmbito curricular, desatende às cobranças do Ministério de Educação - MEC para

o processo de recredenciamento das IES e do reconhecimento dos cursos de graduação

(RUSCHEINKY et al., 2014; ORSI, 2014; FIGUEIREDO; GUERRA; CARLETO, 2014).

Conforme destacam Krammel e Baldin (2017), a resolução que estabelece as DCNEA

reconhece o papel transformador e emancipatório da EA, sendo que, a partir dela, as

instituições de educação superior são obrigadas a efetivar a integração da EA nos Projetos

Pedagógicos dos Cursos, nos Planos de Desenvolvimento Institucional, e em outros

documentos norteadores das práticas educativas das Instituições de Educação Superior, o que

também torna a integração da EA uma condição imperativa para os processos de

credenciamento, recredenciamento, autorização, renovação de autorização e reconhecimento

de instituições e de seus cursos. Frente a isso, Sacristán (2000, p. 311, grifos do autor) diz que

“A avaliação atua como uma pressão modeladora da prática curricular”.

Acredita-se assim, que os requisitos legais que autorizam as instituições e seus cursos

passam a ser essenciais para que as universidades avancem quanto à integração da dimensão

socioambiental em seus diferentes âmbitos de atuação.

No Brasil, pode-se situar o surgimento da discussão sobre a temática ambiental na

Educação Superior, pelo surgimento do ambientalismo no país, que remonta aos anos de

1958, com a criação da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, organização de

caráter preservacionista (BARBA, 2011).

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41

O discurso ambientalista tornou-se mais expressivo com a criação da Política Nacional

do Meio Ambiente - PNMA, em 1981, a qual já expressava algumas ações normativas em

torno do desenvolvimento da Educação Ambiental na Educação Superior.

Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,

melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,

no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da

segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os

seguintes princípios:

[...]

X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio

ambiente. (BRASIL, 1981).

Conforme Wachholz (2017), posteriormente em 1986 a Secretaria Especial do Meio

Ambiente - SEMA criada em 1973 - e já extinta – iniciou, nos anos de 1986, 1987; 1989; e

1990, uma série seminários nacionais sobre “Universidade e Meio Ambiente”16

.

Com a promulgação da Constituição Federal - CF de 1988, a questão ambiental

recebeu destaque, constando em seu Art. 225, que: “Todos têm direito ao Meio Ambiente

ecologicamente equilibrado [...]”, E, no § 1°, do inciso VI, o mesmo diploma determina

“Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública

para preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988)17

. Observa-se que a CF expressa a

preocupação de parte da união e a corresponsabilidade entre os órgãos públicos e a sociedade,

em relação aos cuidados com o meio ambiente para a qualidade de vida e a sustentabilidade

dos recursos naturais para as gerações futuras.

Da união entre o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia

Legal, Ministério da Educação e Desporto, Ministério da Cultura, e o Ministério da Ciência e

Tecnologia, foi criada a primeira versão do “Programa Nacional de Educação Ambiental” -

PRONEA, com o objetivo de discutir uma Política Nacional de Educação Ambiental no

Brasil. Foram definidas sete linhas de ação18

que visavam ao desenvolvimento da Educação

16

Estas e outras informações sobre o histórico da Educação Ambiental em: BRASIL. Ministério do meio

Ambiente. A Política de Educação Ambiental. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/desenvolvimento-

rural/apoio-a-projetos/itemlist/category/84-politica-de-educacao-ambiental?start=15>. Acesso em: 30 jun. 2017. 17

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28 fev. 2017. 18

São eles: 1° - Educação Ambiental através do ensino; 2° - Educação no processo de gestão ambiental; 3° -

Realização de campanhas específicas de educação ambiental para usuários de recursos naturais; 4° - Cooperar

com os que atuam nos meios de comunicação e com os comunicadores sociais; 5° - Articulação e integração das

comunidades em favor da educação ambiental; 6° - Articulação intra e interinstitucional; 7° - Criação de uma

rede de centros especializados em educação ambiental, integrando universidade, escolas profissionais, centros de

documentação, em todos os estados da federação. (PRONEA, 1997).

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Ambiental no sistema de ensino - compreendendo as IES, e também a sociedade em geral

(BRASIL, PRONEA, 1997).

Após a Constituição de 1988 e o PRONEA em 1997, os Parâmetros Curriculares

Nacionais (BRASIL, MEC, 1997), incluem em seu texto, o tema meio ambiente, o qual se

torna política pública por meio da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), criada

em 1999 através da Lei n° 9.795, e regulamentada, em 2002, pelo Decreto n° 4.281. Tal

política salienta que a Educação Ambiental deve ser promovida em todos os níveis de ensino -

da educação básica até a Educação Superior.

Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação

ambiental, incumbindo: I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir

políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação

ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na

conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada

aos programas educacionais que desenvolvem;

[...] (BRASIL, MMA, 2005, p. 65).

No capítulo II, a PNEA (BRASIL, MMA, 2014, p. 41), na seção II, que trata da

Educação Ambiental no Ensino Formal, destaca em seu Art. 10 que “A educação ambiental

será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os

níveis e modalidades do ensino formal”, não devendo esta, conforme seus incisos, ser

implantada como disciplina específica no currículo de ensino, sendo, no entanto, permitida -

sua implantação como disciplina específica - nos cursos de pós-graduação, extensão e nas

áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental.

Já, a seção III dessa Política trata da Educação Ambiental não-formal:

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas

educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à

sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal,

incentivará:

[...]

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-

governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à

educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de

programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as

organizações não-governamentais; [...] (BRASIL, MMA, 2014, p. 41-42, grifo

nosso).

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43

De acordo com a primeira versão do PRONEA (1997, p. 10-11): “Coerentemente com

os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, os legisladores brasileiros tem se

preocupado em colocar a Educação Ambiental como parte dos princípios e objetivos a serem

alcançados [...]”.

Diante dessa trajetória apresentamos uma linha do tempo ilustrada na Figura 1, em que

apresentamos alguns dos principais movimentos para a integração da Educação Ambiental e

da Sustentabilidade, assim como destacamos aqueles cujos compreendemos instigarem esse

movimento nas Instituições de Educação Superior.

Figura 1: Movimentos para a integração da Educação Ambiental e da Sustentabilidade nas

Instituições de Educação Superior.

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Conforme já demonstrado, as discussões presentes nas conferências, seminários e

programas, nacionais e internacionais, favoreceram o repensar das universidades, com vistas à

incorporação da temática ambiental nos currículos e ações institucionais, ou seja, ao longo do

tempo, veio se compondo o que seriam os indícios para a ambientalização das ações e práticas

universitárias.

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44

2.2 A AMBIENTALIZAÇÃO CURRICULAR NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Compreendendo a ambientalização como intimamente associada às ações e práticas

para inserção da dimensão ambiental, ou seja, da Educação Ambiental nas instituições de

ensino, a mesma vem sendo entendida como um “processo de acolher questões ambientais

sob a lógica do nexo entre sociedade e natureza e igualmente integradas em uma perspectiva

interdisciplinar” (RUSCHEINSKY, 2014, p. 101). Nesse sentido, buscamos apresentar a

perspectiva interdisciplinar na condução da Educação Ambiental, dentro da dimensão

curricular na universidade, para contribuir com a reforma e a constituição de um pensamento

complexo requerido a um processo de ambientalização que almeja transformar a universidade

em um autêntico Espaço Educador Sustentável, e na sociedade uma consciência coletiva que a

encaminhe a um futuro duradouro e sustentável.

Ainda, Gonzáles Muñoz (1996), afirma que a ambientalização curricular pode ser

compreendida como um processo pelo qual uma instituição de ensino - neste caso, as

universidades - procuram desenvolver/estabelecer uma melhor relação com o meio ambiente,

agindo com maior equidade e ética no trato de assuntos principalmente os de justiça

socioambiental. No entanto, conforme a autora, para que haja um efetivo processo de

ambientalização curricular, são necessárias diversas mudanças, que incluem:

Inovações conceituais, metodológicas e atitudinais, mas também estruturais e

organizacionais, que permitam um enfoque interdisciplinar no currículo, que facilite

um planejamento global de objetivos e conteúdos, que se aproxime da compreensão

da complexidade e da visão planetária [...] que facilitem a descentralização e a

flexibilidade do currículo necessárias para adaptar-se ao entorno e dar respostas as

suas inquietudes (GONZÁLES MUÑOZ, 1996, p. 37).

Kitzmann (2007) corrobora indicando o seu entendimento de ambientalização:

Ambientalizar o ensino significa inserir a dimensão socioambiental onde ela não

existe ou está tratada de forma inadequada. É um processo que deve culminar em

um produto. Mas este produto, concretizado geralmente em um novo currículo, não

é acabado, estanque e único. Não pode estar baseado em ações isoladas e pontuais,

sejam teóricas ou práticas, mas num compromisso institucional, o que demandará

mudanças administrativas e estruturais, para que seja efetivamente implementado,

pois não pode ser algo à parte da realidade educacional onde será inserido

(KITZMANN, 2007, p. 554).

Segundo evidenciado pelos autores supracitados, a ambientalização necessita

principalmente da integração da dimensão socioambiental na universidade, assim como, de

mudanças em todos os ambientes institucionais com vistas à inovação inclusive atitudinal.

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45

Na Conferência de Reitores de Universidades Espanholas em 2002, foi aprovada a

proposta para a criação do Grupo de Trabalho da CRUE para a Qualidade Ambiental e o

Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de fomentar as iniciativas relacionadas com a

prevenção de riscos, a gestão, a participação e a sensibilização ambiental nas Universidades,

assim como a cooperação interuniversitária nesses assuntos (CRUE, 2005). Em 2005, foi

elaborado pelo Comitê Executivo do Grupo de Trabalho de Qualidade Ambiental e

Desenvolvimento Sustentável da CRUE, o documento das “Diretrizes para a Sustentabilidade

Curricular CRUE”.

Observando a especialização disciplinar presente nas universidades, as Diretrizes para

a Sustentabilidade Curricular CRUE entendem que:

[...] a Universidade não deve limitar-se a gerar conhecimentos disciplinares e

desenvolver habilidades; como parte de um sistema cultural mais amplio, seu rol é

também o de ensinar, fomentar e desenvolver os valores e atitudes requeridos pela

sociedade. As universidades devem preparar professionais que sejam capazes de

utilizar seus conhecimentos, não somente em um contexto científico, mas também

para necessidades sociais e ambientais. Não se trata de adicionar outra camada nos

aspectos acadêmicos da educação, mas sim de abordar todo o processo educativo de

uma maneira holística, considerando como o aluno interage com os outros em sua

vida profissional, direta ou indiretamente (CRUE, 2005, p. 2, tradução nossa).

Ainda, para o CRUE, existem alguns critérios para a sustentabilidade curricular (2005,

p. 3, tradução nossa), segundo os quais, a educação deveria:

- Ter um enfoque integrado sobre os conhecimentos, as atitudes, as habilidades e os

valores na educação.

- Promover o trabalho em equipes multidisciplinares.

- Estimular a criatividade e o pensamento crítico.

- Fomentar a reflexão e autoaprendizagem.

- Reforçar o pensamento sistêmico e um enfoque holístico.

- Formar personas participativas e proativas que sejam capazes de tomar decisões

responsáveis.

- Adquirir consciência dos desafios colocados pela globalização.

- Promover o respeito à diversidade e a cultura de a paz. (2005, p. 3, tradução

nossa).

Dessa forma, o entendimento de sustentabilidade curricular une-se ao de

ambientalização curricular, desde que, conforme constatado nos diagnósticos investigados,

eles são indissociáveis, pois se reforçam mutuamente.

Conforme Guerra et al. (2015b), o surgimento do termo ambientalização curricular –

AC, remota ao esforço pioneiro de pesquisadores(as) de diferentes países na composição da

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46

Rede de Ambientalização Curricular do Ensino Superior - ACES19

. Mercè Junyent, Anna

Maria Geli e Eva Arbat, da equipe de pesquisadores da Rede ACES, após debaterem sobre o

conceito, chegam, dentre outras, à definição de que a ambientalização curricular é:

[...] um processo contínuo de produção cultural voltado à formação de profissionais

comprometidos com a completa busca das melhores relações possíveis entre a

sociedade e a natureza, atendendo aos valores da justiça, da solidariedade e da

equidade, aplicando os princípios éticos universalmente reconhecidos e o respeito às

diversidades (2003, p. 21, grifos dos autores, tradução nossa).

Nesse sentido, conforme o entendimento de Figueiredo, Guerra e Carletto (2014), a

ambientalização da universidade, pode ser entendida como um processo contínuo e dinâmico,

que possibilita sua transição para autênticos Espaços Educadores Sustentáveis - EES, como

estabelecem as DCNEA.

Os EES podem ser definidos como:

[...] aqueles que têm a intencionalidade pedagógica de se constituir em referências

concretas de sustentabilidade socioambiental. Isto é, são espaços que mantêm uma

relação equilibrada com o meio ambiente; compensam seus impactos com o

desenvolvimento de tecnologias apropriadas, permitindo assim, qualidade de vida

para as gerações presentes e futuras (TRAJBER; SATO 2010, p.71).

Visando isso, um processo de ambientalização só é possível se a instituição se

comprometer, politicamente, com a responsabilidade socioambiental, porque a

ambientalização curricular consiste em introduzir, no currículo das disciplinas,

conteúdos/atitudes/práticas ambientais indissociáveis entre si.

Ambientalizar um currículo, nesse caso, pressupõe adotar os princípios e os objetivos

ambientais como princípios educativos em um processo contínuo de produção de

conhecimento buscando, permanentemente, estabelecer melhores relações entre a sociedade e

o meio ambiente.

Diante do exposto, urge pensar também em uma “abordagem de toda a escola” o que

conforme a UNESCO (2016, p. 10):

Envolve abordar as necessidades de alunos, funcionários e da comunidade mais

ampla, não apenas no âmbito do currículo, mas em todo o ambiente da escola e de

aprendizagem. Implica ações coletivas e colaborativas na e pela comunidade escolar,

com vistas a melhorar a aprendizagem, o comportamento e o bem-estar dos alunos,

além das condições que as apoiam.

19

Essa rede foi criada em 2002, com o objetivo de apresentar um projeto comum ao Programa ALFA da União

Europeia sob o título Programa de Ambientalização Curricular do Ensino Superior: proposta de intervenções e

análises do processo. (GUERRA et al., 2015b, p. 14).

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Essa discussão vem ao encontro da reforma de pensamento requerida para a

complexidade do conhecimento (MORIN, 2000), a qual, quando relacionada à dimensão

socioambiental, apresentamos o processo de ambientalização para a transformação dos

espaços em espaços educadores sustentáveis como mecanismo para se alcançar essa premissa.

A ambientalização, por sua vez, exige uma inovação curricular como destacado por Kitzmann

(2009), para que, através dela possamos moldar o pensamento compartimentalizado vigente,

na tentativa de contribuir potencialmente para a mudança e a ressignificação de valores que

ligam o ser humano à sociedade e ao meio que o cerca.

O conceito de inovação é abordado por Carbonell (2002)20

como sendo um conjunto

de intervenções com intenção de mudança, neste caso, de mudança da universidade para um

espaço educador sustentável.

O autor referido define inovação como um conjunto de:

[...] intervenções, decisões e processos, com certo grau de intencionalidade e

sistematização, que tratam de modificar atitudes, ideias, culturas, conteúdos,

modelos e práticas pedagógicas. E, por sua vez, introduzir, em linha renovadora,

novos projetos e programas, materiais curriculares, estratégias de ensino e

aprendizagem, modelos didáticos e outra forma de organizar e gerir o currículo, a

escola e a dinâmica da classe (CARBONELL, 2002, p. 19).

Esse entendimento contribui para a discussão em torno da integração da dimensão

socioambiental no âmbito curricular nas universidades. Nesse sentido, podemos acreditar que

uma inovação no âmbito do currículo possa “melhorar” não somente a universidade, a partir

de uma visão mais ampla, mas também a sociedade por meios educacionais21

.

Saviani (1980) ainda apresenta quatro níveis de inovação educacional. Conforme o

autor, para cada vertente de pensamento existe um modus operandi (modo de operação) e uma

finalidade para a educação.

a) São mantidas intactas a instituição e as finalidades do ensino. Quanto aos

métodos, são mantidos no essencial, sofrendo, no entanto, retoques superficiais.

b) São mantidas a instituição e as finalidades do ensino. Os métodos são

substancialmente alterados.

c) São mantidas as finalidades do ensino. Para atingi-las, entretanto, a par das

instituições e métodos convencionais, retocados ou não, utilizam-se formas para-

institucionais e/ou não-institucionalizadas.

20

Espaço de renovação pedagógica (CARBONELL, 2002, p.19). 21

Sabemos que o ideal seria a ambientalização desde educação básica, pois é nessa fase que os valores e atitudes

dos sujeitos são constituídos, no entanto, partimos da educação superior, onde são formados os docentes.

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d) A educação é alterada nas suas próprias finalidades. Buscam-se os meios

considerados mais adequados e eficazes para se atingir as novas finalidades

(SAVIANI, 1980, p. 26).

Conforme ficou evidenciado, e seguindo as discussões compreendemos que a

educação necessita ter suas finalidades alteradas, sendo uma possibilidade para isso, por

exemplo, a partir da integração dos princípios e objetivos da educação ambiental em todas as

ações e intenções da educação, neste caso, as universidades.

Kitzmann (2009, p. 45) ainda relata, que “podemos considerar a ambientalização como

um processo de inovação curricular, pois esta demandará mudanças no currículo através de

intervenções que visam integrar temas socioambientais aos seus conteúdos e práticas”.

Masetto (2011) ao discutir currículos inovadores, relata que os docentes, os discentes e

funcionários em geral são os protagonistas por excelência, pois, suas atitudes e os

comportamentos serão modificados ao passo da inovação curricular, sendo a participação

institucional imprescindível nesse limiar.

Guerra e Figueiredo (2014, p. 111) relatam que “A ambientalização curricular

compreende a inserção de conhecimentos, de critérios e de valores, sociais, éticos, estéticos e

ambientais nos estudos e currículos universitários, no sentido de educar para a

sustentabilidade socioambiental”.

Nesse sentido:

[...] educar em/para a sustentabilidade implica um esforço com foco no

discernimento de modelos interpretativos em relação às questões políticas,

econômicas, sociais e ambientais e, por outro, incentivar na formação profissional na

Educação Superior, experiências inovadoras e práticas em sustentabilidade como

possibilidades e alternativas para o enfrentamento daquilo que conhecemos como os

discursos da crise ambiental (GUERRA et al., 2015a, p. 83).

A partir da síntese da discussão dos trabalhos do GT´s do IV Seminário

Sustentabilidade na Universidade: Desafios à Ambientalização nas Instituições de Ensino

Superior no Brasil22

, Figueiredo, Guerra e Carletto (2014), destacam dentre outros aportes,

que a ambientalização: pede um olhar atento para a realidade local. Ela deve refletir (pensar

sobre) e refletir (espelhar) a localidade, seu contexto, os desafios, e as relações de forças

envolvidas nas questões ambientais dentro da IES, para inovar em alternativas e conteúdos

com ações, programas, projetos, pesquisa e ensino, tanto para universidade como para seu

22

Os Grupos de Trabalho enfatizaram desafios e resultados da incorporação da dimensão ambiental nas

dimensões – ensino, pesquisa, extensão e gestão - da Educação Superior no Brasil. Esse evento contou com

apoio das instituições organizadoras (USP, UNIVALI, UNISINOS e UNIFEBE) e apoio das redes REASul e

ARIUSA.

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49

entorno; pede respeito pela autonomia da universidade; pede aumento da participação e

ampliação da discussão democrática; pede a incorporação da dimensão socioambiental nos

processos de ensino, pesquisa, extensão e gestão; pede harmonia nas práticas da universidade

e o ensino de/ou/sobre o meio ambiente; pede o sentimento de pertencimento à instituição;

pede o diálogo com os pares e os “dispares”; pede a ampliação do conceito; assim como, pede

a discussão do papel da universidade na sociedade.

De acordo com o levantamento de Figueiredo, Guerra e Carletto (2014), a respeito da

incorporação da sustentabilidade nas IES, o qual foi gerado a partir dos trabalhos

apresentados no Seminário, sugerem-se algumas estratégias, dentre as quais, destacam-se as

seguintes: diálogos com outras instâncias, apresentando propostas construídas em espaços

coletivos; controle e fiscalização de órgãos públicos ambientais (Ministério Público, IBAMA,

entre outros); inclusão da ambientalização no Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI

das IES; participação e democracia em todas as instâncias institucionais; construção de planos

de ambientalização para as IES; inclusão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação Ambiental nos programas de todos os cursos de graduação, assim como, de

conteúdos de Educação Ambiental (EA); inclusão do tema da Ambientalização nos editais de

pesquisa e extensão; mapeamento e a sistematização das experiências socioambientais

existentes; realização de diagnósticos e planejamentos para a área ambiental, com promoção

de fóruns, encontros e processos participativos; e a Promoção de consulta pública, como parte

da construção participativa de políticas públicas.

Da mesma forma, a respeito da incorporação da sustentabilidade nas IES, os principais

desafios apresentados pelos participantes dos GT´s do seminário, foram: mudança nas

estruturas e funções numa gestão não democrática; falta de apoio técnico e financeiro;

formação socioambiental inexistente para a maioria dos professores, gestores e técnicos

universitários; pouca compreensão da comunidade acadêmica sobre o tema da

ambientalização; desmobilização dos professores para enfrentar novos desafios; inexistência

de políticas estruturantes; pouca institucionalização das ações, projetos e políticas de

ambientalização; distanciamento entre as diretrizes, as resoluções e prática docente; e falta de

estímulo à construção de políticas indutivas que ofereçam recursos para avanços nas

pesquisas com a temática da sustentabilidade socioambiental (FIGUEIREDO; GUERRA;

CARLETTO, 2014).

Já em 2017, ocorreu o IX Fórum Brasileiro e IV Encontro Catarinense de Educação

Ambiental, no qual, houve uma mesa redonda que tratava das “Políticas de Ambientalização

na Educação Superior”, e a oficina “Princípios e Fundamentos da Ambientalização

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50

Curricular: uma Proposta Metodológica para a Educação Superior” ofertada pelo professor e

doutorando da FURG, Junior Cesar Mota (FURG).

Também, nos Anais do IX Fórum Brasileiro e IV Encontro Catarinense de Educação

Ambiental foram identificados aproximadamente 16 trabalhos que trataram diretamente, ou

citaram, a temática da ambientalização, sendo 12 trabalhos de comunicações e quatro relatos

de experiência. Dentre esses podemos citar23

: “Ambientalização na Educação Superior em

Santa Catarina: Contribuições às Políticas Institucionais” (FIGUEIREDO; GUERRA, 2017,

p. 164-165); “Investigando o Processo de Ambientalização e Sustentabilidade na

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI” (NOVAK; GUERRA; SERPA, 2017, p. 166-

167); e “Mapeando Indícios de Ambientalização na UNIVALI – Campus Itajaí” (BUZZETI;

BATISTA; GUERRA; SERPA, 2017, p. 168-169), que se constituem como produtos da

pesquisa do projeto FAPESC referentes aos dados do mesmo como um todo, e também

oriundos de trabalhos de Iniciação Científica, respectivamente.

Observando os desafios apresentados anteriormente, a partir do GT´s do IV Seminário

Sustentabilidade na Universidade apresentado por Figueiredo, Guerra e Carletto (2014), na

sequência apresentamos a síntese comparativa desenvolvida por Kitzmann (2009) e

apresentada no Quadro 1, a qual indica as principais diferenças nas características do

currículo tradicional e daquele fundamentado nos princípios da Educação Ambiental.

Quadro 1: Comparação entre um currículo tradicional e um currículo ambientalizado.

Organização Curricular

CURRÍCULO TRADICIONAL CURRÍCULO AMBIENTALIZADO

Baseado em ciências e em disciplinas que

enfatizam aspectos teóricos

Interdisciplinar e focado em problemas

práticos, reais

Está pré-definido Emergente e centrado em problemas

ambientais específicos que emergem à medida

que os estudantes se envolvem neles

Pedagogia de divulgação da informação não

problematizadora Pedagogia problematizadora. Resolução de

problemas

Armazenagem para uso futuro no melhoramento

do status do aluno e seu bem-estar econômico

A função do conhecimento é ser usado na

conformação de valores sociais de

sustentabilidade e qualidade emancipada de

vida

Aprendizagem atomística e individual A aprendizagem segue uma linha holística e

conjunta

Estudantes passivos – espectadores e receptores

de conhecimento

Estudantes pensadores ativos e geradores de

conhecimentos

23

Os trabalhos citados na dissertação estão presentes no caderno I de comunicações dos Anais do IX Fórum

brasileiro e IV Encontro Catarinense de Educação Ambiental. São Paulo: Revista Brasileira de Educação

Ambiental, 2017. v. 12. Disponível em:

<http://www.sbecotur.org.br/revbea/index.php/revbea/article/view/5200/3313>. Acesso em: 01 out. 2017.

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51

Aquisição de conhecimento precede a sua

aplicação

Aprendizagem e ação caminham juntas

Fonte: KITZMANN (2009, p 47, grifos da autora) baseado em LUZZI (2003)24

.

Observando esse quadro, percebe-se que o currículo tradicional ocorre a partir de um

processo instrumental, que compartimentaliza o conhecimento, enquanto o currículo

ambientalizado objetiva uma prática interdisciplinar e problematizadora, que trata os

estudantes como sujeitos ativos da própria aprendizagem, ou seja, instiga uma práxis e um

processo dialógico e transformador.

De acordo com Kitzmann (2009, p. 47) “Este perfil do currículo ambientalizado nos

fornece indícios das dimensões que a educação passa a abranger, que desafiam em termos de

ampliação de conteúdos e de novas metodologias de ensino-aprendizagem”.

Esse entendimento vem ao encontro de Gaudiano (1997, p. 204), ao afirmar que a

Educação Ambiental:

[...] é um lugar de contradições no espaço escolar tradicional – no currículo -, porque

transgrede as sedimentadas estruturas de conhecimento decifrando o saber como um

novo sentido para possibilitar a origem, através do desenvolvimento de valores, de

novos estilos de vida; através da busca de enfoques mais compreensivos e plurais a

novos estilos de conhecimento e, através da historicidade crítica dos problemas a

novos estilos de desenvolvimento.

No Programa de Ambientalização Curricular do Ensino Superior: proposta de

intervenções e análises do processo os pesquisadores da Rede ACES estabeleceram

metodologias para a análise do grau de ambientalização dos cursos superiores das IES,

incluindo dez características que um curso deveria apresentar para ser considerado como

ambientalizado (GUERRA et al., 2015b). Essas características e seus critérios estão

representados no diagrama circular na Figura 2, a seguir:

Figura 2: Diagrama Circular das características de um currículo ambientalizado.

24

LUZZI, D. Curso de Educação ambiental: da teoria à prática (2003). Coordenação de Pedro R. Jacobi

(Procam-USP e FE-USP). Disponível em <http://www.cidade.usp.br/educar/?2003/mod6> Acesso em: 03 mar.

2007.

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52

Fonte: Oliveira Junior et al. (2003, p.41).

Ao retratar as características que um curso deve apresentar para ser considerado como

ambientalizado, apresenta-se a ideia de unidade do processo e das características, no sentido

de que, ainda que se consiga alcançar/satisfazer uma ou outra característica, é necessário que

todas estejam integradas no processo, e em constante sinergia entre si.

Conforme Orsi (2014, p. 5-6), referindo-se ao diagrama da Rede ACES:

O diagrama constitui a valorização da diversidade como elemento que integra, ao

mesmo tempo, as semelhanças e as diferenças entre as instituições participantes.

Nesse sentido, as universidades adaptaram esse diagrama à sua própria realidade,

adicionando novas características ou suprimindo‐as.

Essa possibilidade de adaptação do diagrama circular ilustrado na Figura 2 como

destacado por Orsi (2014), assim como das caraterísticas para o processo ambientalização,

Guerra et al. (2015b, p. 27) apresentam um outro olhar ao processo de ambientalização

curricular na Educação Superior, conforme demonstrado na Figura 3.

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Figura 3: Visão ampliada do processo de ambientalização nas Instituições de Educação

Superior.

Fonte: Guerra et al. (2015b, p. 27).

Conforme indicam Guerra et al. (2015b), no projeto CNPq, já se amplia a

compreensão sobre o processo de ambientalização nas Instituições de Educação Superior

quando se consideram as dimensões de ensino, pesquisa, extensão e cultura, e gestão,

aproximando-se nesse sentido, daquilo que Kitzmann (2009) apresenta como ambientalização

sistêmica.

Ainda para os autores Guerra et al. (2015b, p. 27-28):

− Na dimensão da Pesquisa considera, para além da complexidade destacada no

modelo ACES, destaca-se a importância do diálogo sobre a “ecologia de saberes”,

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54

[...]. Este dialogo sobre a ecologia de saberes pode ser o caminho para a não

massificação e colonização do processo de conhecer. [...].

− Na dimensão da Gestão institucional é importante considerar a governança

organizacional. Para isso, as questões da sustentabilidade e responsabilidade

socioambiental estão incorporadas nos princípios e diretrizes das políticas

institucionais, como o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e no Sistema

de Gestão Ambiental (SGA).

− Na dimensão do Ensino, a ambientalização se transversaliza nas Políticas

Curriculares, o que implica o diagnóstico dos indícios de ambientalização nos

Projetos Pedagógicos (PP) e Planos de Ensino (PE) dos cursos oferecidos.

− A dimensão da Extensão e Cultura é responsável por promover articulações com

as demais dimensões, por meio do desenvolvimento de estratégias e projetos que

promovam o envolvimento e o desenvolvimento, junto às comunidades, de espaços

de formação e atualização permanente.

Como constatado, existe a necessidade de uma sinergia entre as dimensões da

universidade, ensino, pesquisa, extensão e gestão, ou seja, as mesmas precisam estar

articuladas entre si e aderirem aos princípios e objetivos da educação ambiental em suas ações

e prática, buscando nesse sentido promover o processo de ambientalização.

Logo, a partir da discussão a respeito do processo de ambientalização, podemos

compreender que as universidades detêm um importante papel para com a responsabilidade

socioambiental (GUERRA et al. 2015a; 2015b, 2015c; RUSCHEINSKY et al., 2014), do que

se depreende que a Educação Ambiental adquire uma função transformadora e,

consequentemente, emancipatória.

Além disso, de modo geral, conforme Canário (2006, p. 12) a educação pode ser

entendida:

[...] em um sentido amplo como um processo de conhecer e intervir no mundo, uma

contribuição decisiva para que possamos encontrar uma ‘saída’ para as questões de

civilização que nos atingem. A resposta para esse tipo de desafio implica

concepções e práticas educativas que valorizem uma função crítica e emancipatória

que permita compreender o passado, problematizar o futuro e intervir de modo

transformador e lúdico no presente.

Desse modo, ao se considerar, principalmente numa ICES, o importante papel da

Educação Superior, aliado à sua função social, na construção e produção de conhecimento,

percebe-se a necessidade de observar a inserção da dimensão socioambiental em seus

diferentes campos de atuação, conforme indicam Guerra e Figueiredo (2014).

Concordando com esse pensamento, Luzzi (2003) afirma que:

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55

A educação ambiental envolve uma função social primordial, aportar à construção

de uma sociedade sustentável25

e à medida humana, que implica uma

problematização da educação que transmitimos, da visão de mundo que difundimos

e da localização do nosso lugar nele que guiam a estrutura organizacional da

instituição e as ideologias das metodologias e técnicas que são utilizadas para

aportar ao objetivo educativo (p. 206).

Podemos concluir então, assim como os autores supracitados, que a partir de todos

esses conceitos, é possível compreender a ambientalização do currículo, por meio da inserção,

nas instituições, da dimensão socioambiental a qual se consolida pelas ações pedagógicas e

pelo comprometimento com a mudança de atitudes, além de respaldar-se, na ressignificação

dos valores dos indivíduos que fazem parte da comunidade universitária.

Por fim, esses conceitos de ambientalização e de práticas sustentáveis no contexto das

Instituições de Educação Superior propõem a universidade não apenas como um espaço

educador, mas também como um espaço educador sustentável, como definido nas DCNEA

(BRASIL, MEC/CNE, 2012).

25

Ao pensar em uma sociedade sustentável, Boff (2013) salienta que quando esta se organiza e se admite de tal

forma que através das gerações ela resguarda a vida dos sujeitos e dos ecossistemas em que esta inserida, junto

com a comunidade de vida. Mesmo autor ainda afirma que “Isso não significa que não se possa usar de recursos não renováveis, mas, ao faze-lo, deve praticar grande racionalidade, especialmente por amor a única Terra que

temos e em solidariedade para com gerações futuras” (2013, p. 128).

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56

CAPÍTULO 3. PERCURSO TEÓRICO METODOLÓGICO

Caminhando pela abordagem da pesquisa, neste capítulo, as questões metodológicas

serão explicadas, e descrita a abordagem empregada, assim como, caracterizada a

Universidade do Vale do Itajaí, as fontes para a coleta dos dados, bem como os procedimentos

de análise dos dados obtidos.

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA

Podemos compreender que a presente pesquisa, ao reconhecer a história em que está

inserida, do Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade – GEAAS procura

realizar algumas análises, para compreender o processo, assim como contribuir para essa

trajetória.

Ao tratar de pesquisa num âmbito geral, Chizzotti (2010, p. 19) indica que “A

pesquisa, [...] reconhece o saber acumulado na história humana e se investe do interesse em

aprofundar as análises e fazer novas descobertas em favor da vida humana”.

A pesquisa teve como campo de estudo a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.

Logo, cabe salientar novamente, que esta pesquisa esteve vinculada ao Projeto FAPESC –

Ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior: subsídios às políticas institucionais

em Santa Catarina, utilizando, para análise e caracterização do campo da pesquisa, os mesmos

documentos institucionais disponíveis na página eletrônica da instituição.

A metodologia aplicada nesta dissertação é uma análise qualitativa dos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade aplicados na UNIVALI, assim como de sua Política de

Responsabilidade Socioambiental.

A revisão bibliográfica se deu no acervo do grupo de pesquisa, onde elaborou-se um

banco de dados sobre a temática da ambientalização com artigos, dissertações, teses, e livros

armazenados no dropbox e também impressos, além dessas, foram também consultados nas

bases de dados da Biblioteca Digital de Teses e dissertações – BDTD; na Scientific Electronic

Library Online - SciELO, e no Google Acadêmico.

Foram utilizados, ainda, como fontes de consulta de dados, bem como, para a

discussão no decorrer da pesquisa, alguns documentos que constituem o Marco Legal, tais

como, a Constituição Federal (BRASIL, 1988), a Política Nacional de Educação Ambiental -

PNEA (BRASIL, 1999), as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Ambiental –

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DCNEA (BRASIL, MEC/CNE, 2012), o Programa Nacional de Educação Ambiental –

ProNEA (BRASIL, MMA, 2005), dentre outros. A fim de se atingirem os objetivos, além

desses documentos, buscaram-se subsídios nos estudos nacionais e internacionais do campo

da EA.

Ao tratar da pesquisa bibliográfica, Fonseca (2002, p. 32) entende que esta:

[...] é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e

publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas

de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica,

que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto.

Esta pesquisa apresenta-se como do tipo qualitativa, pois de acordo com Chizzotti

(2010, p. 26), as pesquisas qualitativas “não têm um padrão único porque admitem que a

realidade é fluente e contraditória e os processos de investigação dependem também do

pesquisador [...]”.

Assim como indicado por Chizzotti (2010), no trato dos tipos de documentos passíveis

de análise de conteúdo, esta pesquisa de dissertação compreendida como do documental,

utilizou-se de livros, artigos de revistas científicas, teses e dissertações, que fundamentam e

também são – em alguns casos – as fontes dos dados da pesquisa.

No âmbito da abordagem qualitativa, diversos métodos são utilizados de forma a se

aproximar da realidade social, sendo o método da pesquisa documental aquele que

busca compreendê-la de forma indireta por meio da análise dos inúmeros tipos de

documentos produzidos pelo homem (SILVA et al., 2009, p. 4555).

A modalidade de pesquisa documental, conforme Gil (1989, p. 73), “[...] vale-se de

materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser

reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Esses documentos, de acordo com o

autor referendado, podem ser os mais diferentes possíveis, como por exemplo: “[...]

documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias,

gravações etc.” (idem, 1989, p. 73) que constituem os registros de primeira mão.

Diferentemente destes existem os documentos de segunda mão, que já sofreram algum tipo de

análise, como por exemplo: "[...] relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas

estatísticas etc.” (GIL, 1989, p. 73).

Conforme Silva et al., (2009, p. 4557) “Todo esse trabalho com os documentos é

compreendido em dois momentos distintos: o primeiro de coleta de documentos e outro de

análise do conteúdo”.

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A coleta de documentos apresenta-se como importante fase da pesquisa documental,

exigindo do pesquisador alguns cuidados e procedimentos técnicos acerca da

aproximação do local onde se pretende realizar a ‘garimpagem’ das fontes que lhes

pareçam relevantes a sua investigação. (SILVA, et al., 2009, p. 4558).

Vale salientar que os documentos dos diagnósticos de ambientalização e

sustentabilidade da universidade, constituíram-se como de especial relevância, tanto como

fonte de dados científicos para a pesquisa, quanto, como de referências bibliográficas para a

fundamentação de toda a dissertação.

Por meio do embasamento teórico, definimos os conceitos, fundamentos históricos,

tendências quanto ao processo de ambientalização, bem como, sua importância nas

Instituições de Educação Superior, em especial as Universidades, no que diz respeito à

formação de concepções, habilidades e valores que integram a Educação Ambiental e a

sustentabilidade inseridas na complexidade do conhecimento universitário.

Com base nas questões norteadoras da pesquisa e dos objetivos, foram selecionados os

documentos produtos dos projetos de ambientalização e sustentabilidade e feito o

levantamento dos dados para a constituição do corpus da pesquisa.

Esses documentos foram organizados em três grupos26

. O primeiro grupo referente ao

Projeto CNPq27

; o segundo ao Projeto RISU28

; e o terceiro ao Projeto FAPESC29

. O Quadro 2

a seguir sintetiza o panorama dos principais documentos, que possibilitaram as leituras e a

posterior análise.

Quadro 2: Panorama dos principais documentos provenientes dos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade utilizados na análise documental.

Produtos do

projeto

CNPq

- GUERRA, A. F. S.; CARLETTO, D. L.; STEUCK, E. R.; DA SILVA, M. P.; ORSI,

R. F. M.; FIGUEIREDO, M. L.; MOTA, J. C. O processo de ambientalização e

sustentabilidade nos cursos de graduação da Universidade do Vale do Itajaí –

UNIVALI. In: GUERRA, A. F. S. (Org.). Ambientalização e sustentabilidade nas

universidades: [recurso eletrônico] subsídios, reflexões e aprendizagens. 1. ed. Dados

eletrônicos. Itajaí: Ed. da UNIVALI, 2015a, p. 80-103.

- GUERRA, A. F. S.; FIGUEIREDO, M. L.; ORSI, R. F. M.; STEUCK, E. R.;

CARLETTO, D. L.; DA SILVA, M. P.; LUNA, J. M. F. de. Ambientalização na

26

Ver descrição desses projetos no capítulo de introdução e também no capítulo 4. 27

Como informado no capítulo 1 de introdução, o Projeto CNPq refere-se à pesquisa: Ambientalização e

sustentabilidade nas universidades: subsídios e compromissos com boas práticas socioambientais. 28

Como informado no capítulo 1 de introdução, o Projeto RISU refere-se à pesquisa: Definición de indicadores

para la evaluación de las políticas de sustentabilidad en universidades latinoamericanas. 29

Como informado no capítulo 1 de introdução, o Projeto FAPESC refere-se à pesquisa: Ambientalização e

sustentabilidade na Educação Superior: subsídios às políticas institucionais em Santa Catarina.

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59

Educação Superior: trajetória e perspectiva. In: GUERRA, A. F. S. (Org.).

Ambientalização e sustentabilidade nas universidades: [recurso eletrônico]

subsídios, reflexões e aprendizagens. 1. ed. Dados eletrônicos. Itajaí: Ed. da

UNIVALI, 2015b, p. 11-33.

Produtos do

projeto

RISU

- BENAYAS, J. et al. Proyecto RISU. Definición de indicadores para la evaluación de

las políticas de sustentabilidad en Universidades Latinoamericanas. Resumen

Ejecutivo. Madrid: Universidad Autónoma de Madrid y Alianza de Redes

Iberoamericanas de Universidades por la Sustentabilidad y el Ambiente. 2014.

- GUERRA, A. F. S.; ORSI, R. F. M.; CARLETTO, D. L.; PEREIRA, Y. C. C.

Avaliando compromissos com a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental:

o Caso da Universidade do Vale do Itajaí. Revista Contrapontos - Eletrônica, Vol. 15

- n. 2 - Itajaí, mai-ago 2015c, p. 165-184. Disponível em:

<http://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rc/article/view/6972>. Acesso em: 26 jul.

2016.

Produtos do

projeto

FAPESC

- FIGUEIREDO, M. L.; GUERRA, A. F. S.; ANDRADE, I. C. F. DE.

Ambientalização Curricular na Educação Superior: praticar a teoria e teorizar a

prática. São José: ICEP, 2017a.

- GUERRA, A. F. S.; ORSI, R. F. M.; SERPA, P. R.; MOTA, J. C.; STEUCK, E. R.;

ROCKETT, A. N.; GALVÃO, V. M. R. A Ambientalização Curricular na

Universidade do Vale do Itajaí: um processo permanente e coletivo. In:

FIGUEIREDO, M. L.; GUERRA, A. F. S.; ANDRADE, I. C. F. de; LIMA, L. C. de;

ARRUDA, M. P. de; MENEZES, R. M. de (Orgs.). Educação para Ambientalização

Curricular: diálogos necessários. São José: ICEP, 2017, p. 75-93.

- SERPA, P. R.; ORSI, R. F. M.; GUERRA, A. F. S. O percurso metodológico e

reflexões sobre o processo de ambientalização curricular em uma instituição

comunitária de educação superior. In: XIV Simpósio Integrado de Pesquisa, 2016,

Itajaí. Anais do XIV Simpósio Integrado de Pesquisa [recurso eletrônico]: A

Política Educacional Brasileira: desafios recentes, Itajaí, SC: Ed. da UNIVALI, 2016,

p. 367-379.

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Na análise desses documentos, procedeu-se inicialmente da leitura flutuante para o

estabelecimento de um primeiro contato com as informações e conhecimentos presentes em

cada documento selecionado e, em profundidade, para identificar os diferentes contextos das

pesquisas em que foram abordadas, e para ter uma visão mais nítida e abrangente dos

documentos.

A análise documental realizada a partir dos produtos dos diagnósticos de

ambientalização e sustentabilidade aplicados na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, e

de sua Política de Responsabilidade Socioambiental, foi concretizada à luz do referencial

teórico existente acerca do processo de ambientalização nas universidades.

Para a Análise Documental esta pesquisa baseou-se em princípios da técnica de

Análise de Conteúdo, a qual, para Chizzotti (2010, p. 113), é uma entre as tantas formas de

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interpretar e analisar o conteúdo de um texto, desde que ela procura “[...] extrair significados

expressos ou latentes de um texto”.

O mesmo autor, indica que:

A análise de conteúdo visa decompor as unidades léxicas ou temáticas de um texto,

codificadas sobre algumas categorias, compostas por indicadores que permitam uma

enumeração das unidades e, a partir disso, estabelecer inferências generalizadoras

(CHIZZOTTI, 2010, p. 113).

Ainda, segundo ele, “Os fragmentos podem ser palavras, termos ou frases

significativas de uma mensagem” (CHIZZOTTI, 2010, p. 115).

A análise de conteúdo parte do pressuposto de que o léxico, um vocábulo que é uma

unidade discreta do texto, constitui uma síntese condensada da realidade e a

frequência de seu uso pode revelar a concepção de seu emissor, os seus valores,

opções, preferências (CHIZZOTTI, 2010, p. 117).

Nesse sentido, a partir dos diagnósticos realizados, seus elementos constituintes foram

considerados como categorias, “conceito ou atributo” (CHIZZOTTI, 2010, p. 115).

Por fim, cabe salientar que, durante o processo de desenvolvimento da presente

dissertação, os resultados parciais, os elementos e dados que dela emergiram, foram

apresentados em eventos científicos e também publicados em um livro e anais de eventos, a

saber: VIII Encontro e Diálogos com a Educação Ambiental, na Universidade Federal do Rio

Grande (FURG) e XIV Simpósio Integrado de Pesquisa, na UNIVALI, ambos realizados em

2016, no livro: Educação para Ambientalização Curricular: Diálogos Necessários

(FIGUEIREDO et al., 2017b) publicado em 2017, e também no IX Fórum Brasileiro e IV

Encontro Catarinense de Educação Ambiental realizado em 2017.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

A Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, é uma Instituição Comunitária de

Educação Superior – ICES que iniciou suas atividades na década de 60, localizando-se no

litoral norte catarinense - conforme Figura 4. Atualmente, apresenta, no seu campus

principal30

, 43 cursos de graduação (presencial e a distância) nas diferentes áreas do

conhecimento.

30

A UNIVALI tem atualmente 8 campus, distribuídos nas cidades de Balneário Camboriú, Balneário Piçarras,

Biguaçu, Florianópolis, Itajaí, Kobrasol, São José, e Tijucas. Dentre esses, destaca-se o campus principal, na

cidade de Itajaí, em função que os três diagnósticos foram aplicados nele.

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Figura 4: Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI campus de Itajaí.

Fonte: Google Maps.

Além dos cursos de graduação indicados no Quadro 3, a UNIVALI abriga, também, os

níveis de educação básica, com o Colégio de Aplicação (CAU), e as modalidades de pós-

graduação Lato-sensu e Sricto-sensu.

Quadro 3: Relação de Cursos por Centro da UNIVALI, campus Itajaí

Cursos do

Centro de

Ciências da

Saúde (CCS)

Cursos do

Centro de

Ciências

Sociais e

Jurídicas

(CEJURPS)

Cursos do

Centro de

Ciências

Sociais

Aplicadas –

Comunicação,

Turismo e

Lazer

(CECIESA –

CTL)

Cursos do

Centro de

Ciências

Sociais

Aplicadas –

Gestão

(CECIESA –

Gestão)

Cursos do

Centro de

Ciências

Tecnológicas

da Terra e do

Mar

(CTTMar)

Núcleo das

Licenciaturas

Biomedicina Direito Fotografia Administração Ciências

Biológicas

Artes Visuais

Educação

Física –

Bacharelado

Relações

Internacionais

Jornalismo Ciências

Contábeis

Ciência da

Computação

Educação

Especial

Educação

Física –

Licenciatura

Produção

Audiovisual

Comércio

Exterior

Construção

Naval

História

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62

Enfermagem Publicidade e

Propaganda

Gestão

Portuária

Engenharia

Ambiental e

Sanitária

Letras:

Habilitação

em Língua

Portuguesa e

respectivas

Literaturas

Farmácia Relações

Públicas

Logística Engenharia

Civil

Matemática

Fisioterapia Engenharia de

Computação

Música –

Bacharelado

Fonoaudiologia Engenharia de

Produção

Música –

Licenciatura

Medicina Engenharia

Elétrica

Pedagogia

Nutrição Engenharia

Mecânica

Odontologia Engenharia

Química

Psicologia Oceanografia

Sistemas para

Internet

Fonte: Adaptado do portal da universidade. Disponível em:

<http://www.univali.br/graduacao/Paginas/graduacao.aspx>. Acesso em: 30 jan. 2017.

De acordo com o capítulo I do PDI da instituição (2014, p. 11), que trata do perfil

institucional, esta apresenta um universo de “[...] 25 mil alunos nos seus diferentes cursos,

modalidades e níveis de ensino [...]”, especificando também, no PDI, sua missão, visão e

valores institucionais:

Missão

Produzir e socializar o conhecimento pelo ensino, pesquisa e extensão,

estabelecendo parcerias solidárias com a comunidade, em busca de soluções

coletivas para problemas locais e globais, visando à formação do cidadão crítico e

ético.

Visão

Ser reconhecida como Universidade de excelência na atividade de ensino, no

desenvolvimento e divulgação de pesquisas e na gestão criativa e empreendedora de

projetos sociais.

Valores

Os valores que pautam as ações da Instituição estão inspirados na ética da

responsabilidade social. São eles:

- Respeito ao pluralismo de ideias;

- Compromisso social com o desenvolvimento regional e global;

- Produção e uso da tecnologia a serviço da humanização;

- Ética no relacionamento;

- Formação e profissionalização de vanguarda (UNIVALI, PDI, 2014, p. 11)

Observando o que foi exposto, podemos perceber a preocupação da instituição com a

produção do conhecimento, por meio do ensino, pesquisa e extensão universitária, nos quais

se pautam suas atividades. Ainda, pari passu com uma formação cidadã crítica e ética visando

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a busca e a resolução de problemas locais e globais, a instituição apresenta, como valor, o

compromisso social com o desenvolvimento regional e global. Da mesma forma, entendemos

que, por mais que não esteja explicito em sua missão, visão e valores, a instituição tem e

apresenta em seus documentos institucionais (PDI, PE, PPC, PRS), a preocupação pela

inserção das questões do campo socioambiental em suas diferentes esferas de atuação, bem

como, em sua gestão.

Nesse sentido, e conforme discutido por Guerra et al. (2015b), assim como por

Kitzmann e Mota (2017), a ambientalização curricular é tomada como uma forma para se

reestruturar os currículos, ocorrendo seu processo, nas mudanças dos documentos e estruturas

institucionais no contexto da Educação Superior.

Logo, as instituições de Educação Superior, principalmente as universidades

comunitárias, se constituem como um espaço fundamental para a materialização da cidadania

e da sustentabilidade socioambiental. Neste sentido, a UNIVALI apresenta como desafio, em

seu capítulo I do PDI, a instauração de ações formativas que estimulem o corpo docente,

discente, técnico-administrativo, clientes, fornecedores, comunidade, imprensa, entre outros, a

compreenderem a responsabilidade socioambiental como uma ferramenta viabilizadora de um

projeto de universidade e de sociedade que se deseja construir e consolidar (UNIVALI, PDI,

2014).

Observando tal premissa, por meio de sua Política de Responsabilidade

Socioambiental – PRS, a instituição:

[...] propõe valores, princípios, diretrizes e ações que comporão os demais

mecanismos relativos à gestão, ao monitoramento e à avaliação da responsabilidade

socioambiental, materializada nas práticas institucionais de gestão, ensino, pesquisa,

extensão e cultura (UNIVALI, PRS, 2016, p. 05).

Já, o Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI (2012-2016)31

, em seu capítulo I,

apresenta o perfil institucional da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Conforme o tal

documento, a história da Instituição inicia com a mobilização popular, que buscava a

interiorização do ensino superior no Estado de Santa Catarina durante a década de 1960,

período no qual não havia ainda, a oferta de cursos universitários fora da capital do estado.

“Este fato define o código genético da Instituição como universidade Comunitária”

(UNIVALI, PDI, 2014, Cap. 1, p. 6).

31

Versão homologada pela resolução n° 007/CONSUN/2015.

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A princípio, de modo geral, as Universidades Comunitárias, são produto da vontade

dos cidadãos de diferentes comunidades que, por falta da oferta de cursos de formação

superior, se unificam na vontade de alcançá-la. De acordo com a Lei nº 12.881, de 12 de

novembro de 2013, que dispõe sobre a definição, qualificação, prerrogativas e finalidades das

Instituições Comunitárias de Educação Superior – ICES, estas podem ser compreendidas,

como instituições de Educação Superior que não têm finalidades lucrativas, uma vez que

reinvestem os rendimentos nelas próprias e em suas atividades educacionais.

A Univali é uma universidade comunitária. Isso significa que, apesar de cobrar

mensalidade, ela não possui fins lucrativos. Todo o recurso arrecadado com o valor

das mensalidades é utilizado para cobrir os custos de sua manutenção e devolvido

para a sociedade por meio de ações de ensino, pesquisa, extensão e cultura, pois está

voltada para o coletivo, para o bem comum (UNIVALI, PDI, 2014, Cap. 1, p. 05).

O desenvolvimento da Universidade do Vale do Itajaí é acompanhado internamente

pelo Programa de Avaliação Institucional, implantado em 1993, envolvendo acadêmicos,

docentes, campi e cursos avaliados em diferentes dimensões com base nas diretrizes do

Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (Paiub/MEC). Logo, com

a implantação do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes), a partir de

2004, essa política avaliativa passou a nortear fortemente a gestão institucional da

universidade (UNIVALI, PDI, 2014, Cap. 1).

Em 2013, a instituição foi reconhecida como Universidade Comunitária:

Lei Federal nº 12.881 (de 12 de novembro de 2013), que legitima o funcionamento

das Instituições Comunitárias de Educação Superior do país e fundamenta a

emissão, em 2014, da Portaria SERES/MEC nº 630 (de 30 de outubro de 2014), que

qualifica a Univali entre as primeiras Instituições a receber o formal reconhecimento

como Comunitária no Brasil (UNIVALI, PDI, 2014, Cap. 1, p. 8).

Com relação à ambientalização curricular, observa-se que um dos objetivos

institucionais presentes no capítulo um do PDI, da instituição, é o de “Promover a preservação

no meio ambiente, por meio de programas e convênios específicos” (UNIVALI, PDI, 2014, p.

11). Também, em seu plano de ação, na dimensão de sustentabilidade financeira presente no

planejamento estratégico, apresenta-se o objetivo 12 que visa garantir o desenvolvimento

institucional sustentável, sendo sua oitava ação “Consolidar a política de gestão

socioambiental” (UNIVALI, PDI, 2015, Cap. 1, p. 35). Observando-se este objetivo e estas

ações, a Instituição expõe a sua preocupação principalmente no trato da preservação do meio

ambiente, de não somente implementar uma política socioambiental, mas de consolidá-la.

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Quanto ao Planejamento Estratégico - PE, para a universidade:

[...] deve ser entendido como um dos processos gerenciais que determina o percurso

a ser seguido pela Instituição para aperfeiçoar a relação entre a sua realidade interna

e o seu ambiente externo e prospectar o futuro. Esse processo envolve as etapas de

implantação, acompanhamento e avaliação — e a sua execução demanda ações

estratégicas capazes de acrescentar novos elementos de reflexão aos processos

decisórios, a fim de avaliar a situação atual e elaborar projetos de mudanças

estratégicas, ao mesmo tempo em que deve acompanhar e gerenciar os passos de sua

implementação (UNIVALI, PE, 2015, p. 8)

Nesse sentido, o PE constitui-se como um documento institucional muito importante,

que, se ambientalizado, pode determinar o percurso da Instituição na busca pela implantação e

implementação da ambientalização em todos os seus níveis de atuação (ensino, pesquisa,

extensão e gestão).

Considerando a missão, a visão, os valores, os objetivos e a experiência da

administração anterior, na atual Gestão 2014-2018, diante do atual cenário das políticas

educacionais, a instituição elegeu, para orientar as suas ações de gestão e nortear as políticas,

as práticas, os processos e os procedimentos da instituição, cinco princípios norteadores:

Desenvolvimento humano; Competência funcional; Participação corresponsável; Integração;

e, Inovação (UNIVALI, PE, 2015).

O Planejamento Estratégico, com vigência de 2014 a 2018, está sistematizado em três

grandes dimensões:

- 1ª Capital Social, que integra indicadores relativos aos docentes, discentes,

funcionários, responsabilidade social, política de atendimento aos estudantes e

egressos;

- 2ª Processos, que se referem a ensino, pesquisa, pós-graduação, extensão e cultura,

comunicação com a sociedade e representação dos órgãos colegiados em todos os

níveis;

- 3ª Sustentabilidade Financeira, que diz respeito ao orçamento institucional para

infraestrutura física, recursos humanos e tecnologia, planejamento institucional e

avaliação (UNIVALI, PE, 2015, p. 7).

Nessas três dimensões do PE, assim como, em seus cinco princípios (ações de gestão),

nota-se um grande potencial para inclusão da dimensão socioambiental, tanto do

desenvolvimento humano e competência funcional, que giram em torno do capital social –

através da formação inicial e continuada/permanente, - quanto da integração e inovação com

os processos referentes aos seus níveis de atuação na – ambientalização curricular.

Nesta seção, apresentamos a caraterização da UNIVALI para que se possa observar

que, além de constituir-se como uma Instituição Comunitária de Educação Superior, também

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se caracteriza como um espaço com grande potência para se constituir num Espaço Educador

Sustentável, o que poderá ser melhor observado nos capítulos seguintes, onde são

apresentados e discutidos os dados dos diagnósticos de ambientalização e sustentabilidade

aplicados na instituição.

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CAPÍTULO 4. PANORAMA DOS DIAGNÓSTICOS DE INDÍCIOS DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE APLICADOS NA UNIVALI

A Universidade conserva, memoriza, integra e ritualiza

uma herança cultural de saberes, idéias e valores;

esta herança a regenera ao reexaminá-la, atualizando-a e transmitindo-a;

a Universidade gera saber, idéias e valores que formarão depois parte da herança.

Nesta virtude, a Universidade é conservadora, regeneradora e geradora.

Morin (2000a, p. 81, grifos nosso)

A UNIVALI, a partir dos diagnósticos nela aplicados, vem se comprometendo com o

processo de ambientalização a partir dos resultados dos estudos e diálogos com os gestores

institucionais, por meio do Grupo de Pesquisa “Educação, Estudos Ambientais e Sociedade”,

vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, o qual iniciou suas atividades

envolvendo trabalhos de pesquisa, ensino e extensão direcionados à formação de professores

educadores ambientais e no campo socioambiental, no ano de 200032

.

Esta seção trata do universo dos diagnósticos de Ambientalização e Sustentabilidade

aplicados no principal campus da Universidade do Vale do Itajaí, na cidade de Itajaí. Para

melhor compreensão, eles foram apresentados, separadamente, seguindo a ordem cronológica

de concretização (conforme ilustrado na Figura 5 a seguir), e assim constituídos: uma breve

contextualização, os objetivos, a metodologia e os principais resultados.

Figura 5: Ordem de concretização dos diagnósticos de indícios de Ambientalização e

Sustentabilidade aplicados na Universidade do Vale do Itajaí.

32

Melhores informações sobre a trajetória do GEEAS nas seguintes publicações:

GUERRA, A. F. S; FIGUEIREDO, M. L. Um panorama da pesquisa na formação continuada de professores

educadores ambientais no Vale do Itajaí/SC: Um olhar do Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e

Sociedade - GEEAS-UNIVALI In: Educação, Sociedade e Meio Ambiente no Estado de Santa Catarina:

múltiplas abordagens.1 ed.São Leopoldo - RS: Oikos, 2012, v.1, p. 27-38.

GUERRA, A. F. S; FIGUEIREDO, M. L PEREIRA, Y. C. C., ORSI, R. F. M., KAZMIERCZAK, C. H. Um

panorama da pesquisa na formação continuada em Educação Ambiental no Vale do Itajaí-SC: Um olhar do

GEEAS-UNIVALI. Pesquisa em Educação Ambiental (Impresso). , v.5, 2010, p. 59 - 71.

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Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Os referidos diagnósticos aplicados na instituição utilizaram-se de diferentes

indicadores e indícios. No entanto, todos eles podem ser considerados, como elaborações e

reelaborações, a partir do projeto pioneiro da Rede ACES.

A seguir, apresentamos os diagnósticos de indícios de ambientalização e

sustentabilidade, realizados na Universidade do Vale do Itajaí, conforme sua sequência de

aplicação.

4.1 PROJETO CNPq - AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NAS

UNIVERSIDADES: SUBSÍDIOS E COMPROMISSOS COM BOAS PRÁTICAS

SOCIOAMBIENTAIS (2012-2015)

O Projeto Ambientalização e Sustentabilidade nas Universidades: subsídios e

compromissos com as boas práticas socioambientais, financiado pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq foi desenvolvido por pesquisadores de

três universidades comunitárias: Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, a Universidade

do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, e o Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE, ao

lado da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP) (GUERRA

et al., 2015b).

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4.1.1 Objetivos

O projeto em estudo teve por objetivo geral: gerar subsídios para a elaboração de

políticas de ambientalização curricular e sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior

(IES), e por objetivos específicos: integrar pesquisadores comprometidos com a temática

socioambiental; elaborar um diagnóstico dos documentos curriculares dos cursos de

graduação; identificar abordagens e metodologias, relacionadas com as diferentes dimensões

da sustentabilidade nas universidades; definir critérios, indicadores, estratégias e ações

aplicáveis às IES, no âmbito dos projetos de sustentabilidade na pesquisa, ensino, e gestão dos

campi universitários; fortalecer a parceria entre as IES (GUERRA et al., 2015b).

4.1.2 Metodologia

Foi utilizada a abordagem metodológica do tipo quanti-qualitativo com base na

pesquisa-ação participante (THIOLLENT, 1996; HAGUETTE, 2003) empregando-se técnicas

de análise documental e de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2008), aplicação de questionários

on-line, e de entrevistas semiestruturadas (SZYMANSKI, 2002) com docentes e

coordenadores de cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior - IES (GUERRA et

al., 2015b).

A pesquisa foi distribuída em quatro etapas: definição e busca por palavras-chave nos

planos de ensino das IES; verificação da existência, nos planos, dos 10 indicadores de

ambientalização curricular da Rede ACES; aplicação e análise de dois questionários on-line

com professores e coordenadores de Cursos; e entrevista reflexiva com professores e

coordenadores de Cursos (GUERRA et al., 2015a).

Foi criado uma página no Sophia, o Ambiente Virtual de Aprendizagem da UNIVALI,

principalmente para a comunicação entre os pesquisadores e os participantes, assim como

para os registros de ações e atividades do projeto. Nessa caminhada, foi realizada a releitura

da metodologia proposta nos trabalhos do grupo da Rede ACES (GELI; JUNYENT;

SÁNCHEZ, 2003; JUNYENT; GELI; ARBAT, 2003; OLIVEIRA JUNIOR et al., 2003).

Com base nesses estudos, foi iniciado um levantamento nos planos de ensino de cursos

de graduação, a partir da presença de indícios de ambientalização na ementa, no objetivo

geral, nos objetivos de aprendizagem, nas estratégias e na avaliação, por meio das palavras-

chave: ambiente; sustentabilidade; ecologia; sociedade e natureza (GUERRA et al., 2015b).

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Os mesmos autores indicam que na etapa seguinte, foi realizado um levantamento

junto aos professores e coordenadores dos cursos identificados e encaminhado aos mesmos

um questionário em formulário eletrônico, com o objetivo de validar os indícios de

ambientalização, ou as disciplinas com potencial de ambientalização nos cursos de graduação

das IES. Nessas questões foram adaptadas as questões do “Teste da sustentabilidade” da

Plataforma da USP (GUERRA et al., 2015b).

Guerra et al. (2015b) salientam ainda que, o trabalho desenvolvido em rede com os

pesquisadores da Rede ARIUSA e Rede RISU, na etapa seguinte do projeto, também foi

considerado como subsídio, os indicadores de sustentabilidade da Comisión sectorial de la

CRUE para la Calidad ambiental, el Desarrollo sostenible y la prevención de riesgos -

CADEP, aplicado em universidades espanholas e adaptado pelos pesquisadores da Rede

RISU.

A seguir, foi elaborado um instrumento de avaliação (questionário) com 114

indicadores distribuídos em 11 dimensões sobre a possibilidade de aplicação da

sustentabilidade e da responsabilidade social nas universidades. Essas onze dimensões foram

distribuídas nos seguintes blocos de questões: política de sustentabilidade; sensibilização e

participação da comunidade universitária; responsabilidade socioambiental; docência;

pesquisa e transferência de tecnologia; urbanismo e biodiversidade; energia; água;

mobilidade; resíduos; e contratação responsável (GUERRA et al., 2015b).

Conforme explanam Guerra et al. (2015b, p. 23), os questionários foram organizados

em torno dos seguintes objetivos:

[...] possibilitar maior compreensão de como estão inseridas, nos Planos de Ensino

e/ou Projeto Pedagógico dos cursos, a temática ambiental e as dimensões da

sustentabilidade; identificar as estratégias de ensino preferencialmente utilizadas,

bem como os principais obstáculos indicados pelos respondentes quanto à inserção

destas temáticas, e oportunizar aos docentes e coordenadores uma avaliação dos dez

indicadores da Rede ACES; identificar compromissos individuais e coletivos com a

temática da sustentabilidade, por meio do “Teste da Sustentabilidade”.

Na sequência, foi encaminhado esse questionário em formulário eletrônico do Google

Docs®, aos professores das disciplinas e aos coordenadores dos cursos da UNIVALI,

esclarecendo-se que foram disponibilizados dois tipos de questionários - um para

coordenadores de curso e outro, para professores.

O questionário enviado aos coordenadores era composto por dez questões fechadas,

sendo que duas questões ofereciam um espaço para comentários ou adequação da

resposta, caso a opção de escolha não estivesse disponível. Aos professores, foi

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enviado questionário composto por oito questões fechadas, sendo duas delas, assim

como para os coordenadores, com um espaço para comentários ou adequação de

respostas (GUERRA et al., 2015b, p. 23).

De acordo com os mesmos autores anteriormente mencionados, no que diz respeito à

etapa das entrevistas, foram selecionados aqueles professores que responderam estarem

abordando, em seus conteúdos, e desenvolviam estratégias relacionadas à temática

socioambiental e a sustentabilidade (op. cit., 2015b).

Os autores referenciados ainda indicam que as entrevistas realizadas tiveram os

seguintes objetivos:

1. Identificar as experiências, práticas e ações de sustentabilidade socioambiental e

ambientalização desenvolvidos pelos docentes dos cursos de graduação na

universidade e; 2. Inventariar os objetivos, conteúdos e metodologias que indiquem

ações, projetos e práticas voltadas à sustentabilidade desenvolvidas na universidade

(op. cit., 2015b, p. 24).

Conforme verificado, a metodologia adotada pelo projeto CNPq foi constituída a partir

dos instrumentos de diagnósticos de indícios de ambientalização e sustentabilidade resultantes

do trabalho desenvolvido pela Rede ACES, pelos indicadores do Teste de Sustentabilidade da

USP33

, e pelos indicadores do projeto RISU, que ocorreu concomitante ao projeto CNPq.

4.1.3 Principais Resultados

Os resultados do diagnóstico inicial foram divulgados aos docentes e gestores da

UNIVALI por meio de oficinas e de uma mesa redonda, realizadas em 2013, nos períodos de

formação continuada dos docentes da universidade.

A terceira etapa da pesquisa tratou da aplicação de dois questionários. O primeiro foi

encaminhado aos e-mails institucionais de professores e coordenadores, em forma de

formulário eletrônico, sendo respondido por 38 professores de Cursos de Graduação e dez

Coordenadores (as) de doze cursos de Graduação da UNIVALI, que participaram

voluntariamente da pesquisa (GUERRA et al., 2015a)

O segundo questionário, por sua vez, foi aplicado em 2014, sendo respondido por 23

coordenadores e 76 professores de cursos de Graduação.

33

Mais informações no site: <http://www.projetosustentabilidade.sc.usp.br/index.php/Teste-de-

sustentabilidade>. Acesso em: 24 out. 2016.

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De acordo com Guerra et al. (2015a, p. 87), “Após a leitura e análise das respostas,

foram realizadas, em 2015, cinco entrevistas, sendo quatro delas com docentes e uma com

coordenador de curso”.

A análise dos resultados da primeira etapa da pesquisa, que consistiu no

levantamento e leitura dos planos de ensino dos cursos de graduação (semestre

2012/2) disponíveis na intranet da Univali, e considerando as palavras-chave

utilizadas na análise revelou que, dos 1037 planos de ensino de disciplinas dos

cursos de graduação analisados, nos campi de Itajaí e Balneário Camboriú, 101

documentos apresentavam o que a equipe de pesquisa definiu como indícios de

ambientalização [...] (GUERRA et al., 2015a, p. 87-88, grifos do autor).

Conforme os dados apresentados na referida pesquisa observou-se que os indícios de

ambientalização correspondiam a 9,74% do total de disciplinas oferecidas nos cursos da

UNIVALI, nos dois campi – Itajaí e Balneário Camboriú -. Tais disciplinas foram

identificadas em 27 cursos e eram ministradas por 112 professores, sendo que algumas

contavam com mais de um docente (GUERRA et al., 2015a).

Já, na segunda etapa da pesquisa, dos 1037 planos de ensino, representando 27 cursos

de graduação, somente 51 planos de 18 cursos expunham a presença de três ou mais

indicadores de ambientalização, conforme metodologia sugerida pela Rede ACES -. Também

constatou-se que houve maior distribuição de disciplinas com “indícios de ambientalização” -

conforme a denominação utilizada nessa etapa do CNPq - na Área das Engenharias (34),

Ciências Sociais e Aplicadas (19), Ciências da Saúde, (15), Ciências Exatas e da Terra (12),

Ciências Humanas (8) e de Ciências Biológicas (3), e “outras áreas do conhecimento” (10)

(GUERRA et al., 2015a).

“Embora em valores absolutos os cursos da Área das Engenharias tenha apresentado

um maior número de planos selecionados, em valores percentuais a Área de Ciências Exatas e

da Terra, apresentou maior índice de disciplinas com “indícios de ambientalização”, sendo

22,37% e 26,09%, respectivamente” (GUERRA et al., 2015a, p. 90).

Nessa mesma pesquisa, foi realizado um levantamento das disciplinas com indícios de

ambientalização também nos cursos de Pós-Graduação Stricto Sensu, mesmo não se

constituindo como um dos objetivos do diagnóstico. Nesse levantamento, foram identificadas

54 disciplinas em oito Programas de Pós-Graduação da UNIVALI. Na análise conjunta dos

resultados das IES, as disciplinas selecionadas foram classificadas em três categorias distintas,

conforme Guerra et al. (2015a, p. 90, grifos do autor):

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1) disciplinas “com indícios de ambientalização”: aquelas em que aparecem ou

estão explícitos um ou mais indicadores; 2) disciplinas com “potencial” de indício

de ambientalização: disciplinas nas quais mesmo estando presentes os indicadores

há dúvidas quanto à ambientalização, ou disciplinas nas quais esses elementos não

estão explícitos, mas o contexto geral da disciplina permitiria inserir a temática

socioambiental e, 3) “disciplinas sem indício de ambientalização”, caracterizadas

pela ausência desses indicadores.

Para a análise das respostas com relação aos entendimentos que professores e

coordenadores tinham sobre ambientalização, o qual foi observado em 2012, na aplicação de

um questionário cujo objetivo era compreender o que pensavam os professores e

coordenadores de cursos de graduação das IES envolvidas no projeto. Esse questionário, que

tinha o objetivo de ampliar a metodologia utilizada pela Rede ACES. Nesse questionário,

solicitando-se aos respondentes, que eles próprios examinassem os 10 indicadores de

ambientalização, identificados em suas disciplinas na primeira parte da pesquisa (GUERRA et

al., 2015a).

Posteriormente, tratou-se das concepções do grupo pesquisado com relação ao grau de

envolvimento das disciplinas e dos cursos, na incorporação de conteúdos relacionados à

temática socioambiental e à sustentabilidade, na formação profissional do egresso, sendo que

professores e coordenadores de cursos concordaram unanimemente que era bom. No entanto,

com a aplicação do questionário 2, 26% dos professores afirmaram que não abordam a

temática em suas disciplinas, e 4% dos coordenadores responderam que a temática não é

abordada nas disciplinas dos cursos em que trabalham (GUERRA et al., 2015a).

Com relação ao grau de compromisso do curso na incorporação da temática ambiental,

segundo os professores e coordenadores, as respostas indicam que:

[...] 42,10% dos 38 professores “gostariam que fosse maior”, enquanto 28,94%

reconheceram que os seus cursos estão “pouco envolvidos”. Dos 10 coordenadores

dos 12 cursos selecionados 40% deles perceberam que os cursos e os projetos

pedagógicos estão “muito envolvidos” no processo de ambientalização, destacando-

se, como já apresentado, os cursos das áreas da Engenharia [...], Ciências Exatas e

da Terra [...] - o que é plenamente justificável pela vinculação com o campo

ambiental, e também da Área Saúde [...] (GUERRA et al., 2015a, p. 92)

No entanto, apenas 26,31% dos professores perceberam seu curso “muito envolvido”

com a incorporação da temática socioambiental, a mesma percepção dos coordenadores dos

cursos vinculados à área de Ciências Sociais e Aplicadas.

Posteriormente à aplicação dos Questionários 1 e 2, já nas entrevistas, foi observado

pelos professores que há pouco envolvimento com o processo de ambientalização, ao qual a

própria formação docente constituiria um obstáculo (GUERRA et al., 2015a).

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74

Os coordenadores, por sua vez, enfatizam em suas respostas que a formação se dá no

espaço das disciplinas específicas de seus cursos, bem como na “incorporação da

ética, sustentabilidade e responsabilidade socioambiental na realização dos trabalhos

de conclusão de curso (TCC)” (GUERRA et al., 2015a, p, 92-93).

No questionário 1, quando inquiridos sobre os espaços em que a formação

socioambiental era oferecida na instituição, 33% dos professores assinalaram que é “pouco

trabalhado” nas disciplinas específicas, e 22%, que “poderia ser maior”, principalmente junto

aos grupos/núcleos ou equipes de EA. Evidenciaram-se, ainda, 33% das respostas assinaladas

como “não sei”, em referência à inclusão da temática socioambiental no Plano de

Desenvolvimento Institucional – PDI e no Projeto Pedagógico Institucional – PPI (op. cit.,

2015a).

Conforme verificado nos relatos presentes nos resultados do projeto CNPq, tanto

docentes, quanto coordenadores reconhecem diferentes obstáculos, como: o material didático;

as ementas das disciplinas; os objetivos e estratégias didáticas dos cursos; e também em

função da própria formação específica dos profissionais (GUERRA et al., 2015a).

No que diz respeito às práticas pedagógicas e aos projetos desenvolvidos na

UNIVALI, relacionados com a temática socioambiental, nas respostas das questões abertas

dos dois questionários aplicados, tanto docentes quanto coordenadores identificaram projetos,

ações e práticas pedagógicas que evidenciam intenções para a transição da universidade no

sentido de tornar-se um espaço educador sustentável, porém, conforme foi constatado, existe

um entrave de comunicação na instituição (GUERRA et al., 2015a)

Nos resultados do projeto, destacou-se o desconhecimento com relação a ações como

compra ética/verde/sustentável, edificações sustentáveis e mesmo quanto à Educação

Ambiental e à participação, refletindo que nem sempre a informação ambiental alcança o

conhecimento da comunidade universitária (op. cit., 2015a).

Já, com relação aos obstáculos, avanços e desafios à ambientalização, na instituição,

os documentos analisados, bem como o interesse dos docentes e coordenadores os resultados

da pesquisa, indicam a existência de uma preocupação [...] em realizar o processo de

ambientalização e, promover a inserção da sustentabilidade nas práticas docentes (GUERRA

et al., 2015a).

Ainda com relação a outros instrumentos do diagnóstico, ao que se refere ao “Teste da

Sustentabilidade” da Plataforma da USP, os resultados apontaram uma grande dificuldade no

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75

trato do nível de informação e dos mecanismos de comunicação na universidade (GUERRA et

al., 2015a).

Nos resultados do diagnóstico, também foi destacada uma ação de gestão

socioambiental tomada pela universidade em 2013, com a redução do número de impressões e

cópias fornecidas pela instituição aos professores e estudantes (op. cit., 2015a).

Os autores indicam que, com a aplicação do projeto, foram alcançados alguns

resultados, dentre os quais destacamos: forneceu subsídios significativos para o tema da

ambientalização curricular dos cursos de graduação e Programas de Pós-Graduação da

UNIVALI, especialmente por dar visibilidade às principais dificuldades e obstáculos nesse

processo; colaborou para a definição de indicadores para a avaliação de políticas

universitárias de sustentabilidade ambiental; estimulou o intercâmbio de conhecimentos entre

pesquisadores da Pós-Graduação com a Graduação, Extensão e Cultura e funcionários

técnico-administrativos e gestores das IES; permitiu à integração dos pesquisadores dos

grupos de pesquisa dos PPG envolvidos e outros Programas da UNIVALI, UNISINOS e USP,

com contribuições sobre a temática da sustentabilidade e a ambientalização curricular nas

universidades (GUERRA et al., 2015a).

Conforme foi verificado, a parceria estabelecida com outros pesquisadores, de redes

de pesquisa nacionais e internacionais constituiu um impacto marcante nos resultados do

projeto.

A recuperação e revisão pela equipe de pesquisa do modelo da Rede ACES, com as

dez características necessárias para ambientalização curricular, mostrou-se muito

útil, uma vez que permitiu exercitar um dialogo entre a equipe de pesquisa como um

todo, e em particular, um importante aprendizado aos pesquisadores, mestrandos,

doutorandos e bolsistas de iniciação científica de cada IES, no sentido de lançar um

olhar crítico e reflexivo sobre nossa própria práxis, no que diz respeito à inserção da

temática ambiental, não só nas disciplinas que ministramos, mas nas outras

dimensões além do currículo, ou seja, na pesquisa, extensão, administração e gestão

ambiental nas Instituições de Educação Superior (IES) (GUERRA et al., 2015b, p.

24-25).

Com base nisso, os pesquisadores fizeram algumas recomendações à universidade,

dentre as quais, destacamos: formar Grupo de Trabalho/Comissões por Área de

conhecimento, integrando gestores, docentes, discentes e técnicos administrativos, com

acompanhamento das Vice-Reitorias de Planejamento, Ensino e de Pós-Graduação, Pesquisa,

Extensão e Cultura, para estudar e desenvolver propostas que contribuam para ampliar e

fortalecer o processo de ambientalização na universidade; formar grupos de discussão para

rever ou atualizar as matrizes curriculares e os projetos pedagógicos dos cursos, sugerindo

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inovações pedagógicas e aprofundamento de estratégias de ensino direcionadas à

transversalidade da temática, implementando, assim, as determinações das Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental - DCNEA (GUERRA et al., 2015a).

Esses resultados reforçaram naquele grupo de pesquisadores, a convicção de que a

ambientalização só se institui como processo, se a concepção de currículo, ampliar-se para

além do ensino, uma vez que a temática ambiental também se articula com os demais níveis:

pesquisa, extensão e gestão da universidade.

4.2 PROJETO RISU - DEFINICIÓN DE INDICADORES PARA LA EVALUACIÓN DE

LAS POLÍTICAS DE SUSTENTABILIDAD EN UNIVERSIDADES

LATIOAMERICANAS (2013-2014)

O projeto Definición de indicadores para la evaluación de las políticas de

sustentabilidad en universidades latinoamericanas - RISU foi coordenado pela Universidad

Autónoma de Madrid. Originado pela associação entre o Instituto de Investigación Avanzada

sobre Evaluación de la Ciencia y la Universidad (INAECU), a Red de Indicadores de

Sostenibilidad en las Universidades – RISU vinculada a Alianza de Redes Iberoamericanas de

Universidades por la Sustentabilidad y el Ambiente, foi financiado pelo Centro de Estudios de

América Latina de la Universidad Autónoma de Madrid (UAM) e pelo Banco Santander da

Espanha.

O projeto RISU aconteceu por meio da interação e da mobilização de redes que

envolvem pesquisadores nacionais e da América Latina e Caribe com os temas ambiente e

sustentabilidade nas universidades, e desenrolou-se em dois momentos:

1°) A criação da Red de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades – RISU,

em 15 de junho de 2012, durante a II Jornada Iberoamericana de ARIUSA, realizada na

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. 2°) O Primer Foro Latinoamericano de

Universidades y Sostenibilidad, em Viña del Mar (Chile), em 2013, quando se reuniram 170

pessoas entre pesquisadores, professores, e estudantes de 14 países: Argentina, Brasil, Chile,

Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, Guatemala, Kenia, México, Panamá, Peru, República

Dominicana, e Venezuela. Naquele encontro, foi iniciado o projeto RISU, com a discussão

pelo grupo de pesquisadores dos 14 países, a cerca dos indicadores que a ele seriam aplicados

(BENAYAS et al., 2014).

O projeto RISU foi liderado pelas redes nacionais que compõem a Alianza de Redes

Iberoamericanas de Universidades por la Sustentabilidad y el Ambiente - ARIUSA. No Brasil,

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77

o projeto de indicadores de sustentabilidade nas universidades da RISU foi coordenado pelos

grupos de pesquisa da UNIVALI e do Centro Universitário de Brusque - UNIFEBE),

instituições-elo da Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental – REASul (GUERRA et al.,

2015c.).

4.2.1 Objetivos

O projeto RISU pretendeu definir indicadores para a avaliação das políticas de

sustentabilidade das universidades da América Latina. Segundo Benayas et al., (2014, p. 15,

tradução nossa), seus principais objetivos foram:

Fortalecer o trabalho conjunto e as ações de rede que vem desenvolvendo as

universidades da região preocupadas com a sustentabilidade e a

responsabilidade social.

Definir um quadro de análise para a avaliação das universidades latino-

americanas.

Formar responsáveis universitários na aplicação de sistemas de indicadores para

avaliar os compromissos com a sustentabilidade de suas universidades.

Refletir sobre as deficiências ou pontos fortes da aplicação de sistemas de

indicadores nas universidades latino-americanas, projetados dentro de processos

internos de auto-avaliação.

Potencializar a sustentabilidade e a responsabilidade social nas universidades

latino-americanas por meio de uma proposta de estratégia regional de ações de

melhoria.

4.2.2 Metodologia

O projeto RISU caracterizou-se pelo enfoque quanti-qualitativo com base na pesquisa

participante e o uso de técnicas de análise documental, coleta de dados em formulário on-line,

e Análise de Conteúdo.

Como processo, foi identificado e tomado por referência o projeto “Evaluación de las

Políticas Universitarias de Sostenibilidad de las Universidades Españolas”, o qual apresenta

um total de 175 indicadores (BENAYAS et al., 2014). A partir da interação entre os

coordenadores de cada país, esses indicadores foram discutidos e adaptados às experiências

realizadas na América Latina, para aproximação com as características das universidades da

região. Tal interação também foi necessária para a tradução/interpretação da língua/dialeto de

um país para o outro.

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78

Nesse caminho, os pesquisadores do Projeto RISU chegaram a um instrumento de

avaliação com 114 indicadores de sustentabilidade nas universidades, distribuídos em 11

dimensões conforme a Figura 6 a seguir.

Figura 6: Os 114 indicadores de sustentabilidade nas universidades do Projeto RISU.

Fonte: Elaborado pelo pesquisador a partir de Benayas et al. (2014); Guerra et al. (2015c).

Logo que identificados esses indicadores, foi estruturado um questionário em

formulário eletrônico, com questões de respostas afirmativas ou negativas, e algumas com

respostas intermediárias. Em seguida, o instrumento foi aplicado, via on-line, em 65

universidades dos 10 países participantes, no ano de 2014, durante um período de cinco

meses.

Participaram do projeto RISU 65 universidades de 10 países latino-americanos e do

Caribe (Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, México, Peru, República

Dominicana e Venezuela). O México com 15 universidades, Brasil com 13 e o Chile com 10

foram os três países que representaram a maior parte da amostra da pesquisa (BENAYAS et

al., 2014).

Guerra et al. (2015b) relatam que dentre essas 65 universidades, 13 foram brasileiras,

sendo quatro do estado de Santa Catarina, uma do Paraná, cinco do Rio Grande do Sul, e três

de São Paulo.

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79

Dessas instituições, existem 34 com menos de 15.000 universitários, 26 entre 15 a

25.000 pessoas que fazem parte do ambiente universitário, e 10 com mais de 50.000 pessoas,

desde estudantes universitários até o pessoal administrativo. Ainda, 11 dessas universidades

têm somente um campus, 9 apresentam dez ou mais e, 29 têm cinco ou mais. Dentre todas as

65 instituições, 42 têm mais de 40 anos de funcionamento (BENAYAS et al., 2014).

Para aplicação do questionário de diagnóstico na UNIVALI, nesse projeto foram

mobilizados pesquisadores, vice-reitorias, gerências de pesquisa, ensino e extensão, o setor de

engenharia, coordenação de responsabilidade socioambiental, dentre outros. Após a coleta dos

dados, os resultados foram encaminhados à equipe da Universidad Autónoma de Madrid -

UAM, na sequência, esses dados foram tabulados pela coordenação do projeto e socializados

em uma reunião com a equipe de gestores e funcionários (GUERRA et al., 2015c).

4.2.3 Principais Resultados

Os resultados do projeto RISU, representam um avanço importante no conhecimento

que se tinha sobre a etapa mais recente do processo de incorporação das questões ambientais

nas universidades da América Latina e do Caribe. O diagnóstico representou um importante

quadro sobre a situação de cada instituição investigada, como também das universidades

latino-americanas que participam da Red RISU e da ARIUSA, no compromisso com a

responsabilidade pelo meio ambiente e a sustentabilidade.

Como resultados da participação da UNIVALI no projeto RISU, no que diz respeito à

dimensão da política de sustentabilidade, após a análise dos indicadores, percebeu-se que a

universidade poderia progredir nos seguintes aspectos, destacados por Guerra et al. (2015c,

175-176):

[...] integração no Plano Estratégico ou de Desenvolvimento Institucional da

universidade; a organização da ação ambiental e/ou pela sustentabilidade; no projeto

e na execução da política com o acompanhamento e a participação de docentes,

alunos e administradores; estabelecimento de um plano de ação das atividades;

melhorias das estratégias de comunicação com a comunidade universitária e os

agentes externos; desenvolver um sistema para avaliar e monitorar o impacto

ambiental gerado pela universidade; inclusão de indicadores de

acompanhamento/monitoramento relacionados com o impacto ambiental em

projetos para obter financiamento; o estudo de impacto ambiental de suas atividades

e aspectos como o das contratações responsáveis, dentre outros.

Contudo, apesar de se ter identificado a existência de uma política de gerenciamento

de resíduos na UNIVALI, a qual está direcionada à conservação de água e energia, constatou-

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80

se que a instituição não apresenta um Sistema de Gestão Ambiental - SGA34

. Tal questão foi

levada em consideração na dimensão da gestão ambiental, e consequentemente nos

indicadores de biodiversidade, energia, água, mobilidade, resíduos, compras verdes,

urbanismo e impacto ambiental das instalações universitárias (GUERRA et al., 2015c).

Já, nas outras dimensões analisadas destacaram-se principalmente, os indicadores que

se referem à “sensibilização e à participação”, tendo em vista, conforme Guerra et al., (2015c,

177), basicamente:

[...] os aspectos da formação de comissões ou grupos de trabalho com participação

dos diversos segmentos da comunidade universitária; na implementação de ações

efetivas relacionadas à sustentabilidade; no oferecimento de bolsas para alunos que

se dedicam a atividades de pesquisa e extensão.

Para identificar os resultados da universidade no projeto, em relação à análise geral

dos resultados (das 65 IES participantes), é importante observar o que Benayas et al. (2014, p.

23) destacam no Resumo Executivo do Projeto RISU, 11 temáticas ou dimensões de

indicadores analisados, “somente em três desses blocos as universidades obtém um valor

médio superior ao aprovado (acima de cinco)”. Segundo o Benayas et al. (2014, p. 23):

“Concretamente as dimensões em que as universidades aparecem com os resultados mais

favoráveis são a Responsabilidade Socioambiental (6), Políticas de Sustentabilidade (5,4) e

Gestão de Resíduos (5,3)”.

Destacou-se nos resultados do estudo geral, uma fragilidade no conjunto de

indicadores que fazem referência à contratação responsável e a mobilidade nas universidades.

Os dados, “mostram que a adesão das universidades de políticas econômicas comprometidas

com os princípios da sustentabilidade ainda é muito incipiente e tímida” (BENAYAS et al.,

2014, p. 24).

Quando se refere ao resultado geral das 65 universidades participantes do projeto,

Benayas et al. (2014) assinalam que, a pontuação média no campo da sensibilização e da

participação nos programas de sustentabilidade da comunidade universitária (4,98) é

levemente superior às pontuações alcançadas em todas as áreas da gestão ambiental. Isso,

segundo o autor, revela a falta de eficácia das medidas de sensibilização ambiental que são

34

De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT através da NBR ISO 14001 (2004), um

Sistema de Gestão Ambiental - SGA pode ser integrado à gestão institucional, a fim de auxiliá-la no alcance de

seus objetivos ambientais e econômicos. Sendo, o sucesso de um SGA dependente do comprometimento de

todos os níveis institucionais e, sobretudo das funções da mais alta administração. Ainda, a NBR ISO 14001

(ABNT, 2004, p. 2, grifos do autor) define no item 3.8 o termo Sistema de Gestão Ambiental como “a parte de

um sistema da gestão de uma organização (3.16) utilizada para desenvolver e implementar sua política

ambiental (3.11) e para gerenciar seus aspectos ambientais (3.6)”.

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aplicadas à comunidade universitária, e, por consequência, não se refletem em mudanças de

comportamento, melhorando os indicadores da instituição. Benayas et al. (2014, p. 24)

constatam que: “É sempre mais fácil e mais econômico promover programas de sensibilização

do que as medidas de gestão”.

Quanto à dimensão da docência, Guerra et al. (2015c, p. 179) indicam que:

[...] o estudo da RISU pretendia avaliar o grau de integração e da formação em

sustentabilidade na oferta acadêmica nos cursos de graduação das universidades.

Analisou-se se a formação profissional incorporava conteúdos de sustentabilidade

para fomentar uma mudança de atitudes dos futuros profissionais, ao aplicar um

enfoque holístico na hora de analisar e planejar soluções para os problemas

socioambientais.

No âmbito da docência, as universidades participantes obtiveram uma média (4,1) de

valor inferior ao alcançado nas demais dimensões. Constatou-se ainda, que apenas 38 das 65

universidades cumpriram menos de seis dos 13 indicadores desta dimensão (BENAYAS et

al., 2014).

De acordo com Guerra et al., (2015c) com relação aos dados das 13 IES brasileiras

apresentados na reunião do Projeto da RISU, é possível perceber que, dentre os 114

indicadores avaliados, destaca-se a dimensão da “Docência”, a qual apresentou fragilidades

em 80% das 13 IES que participaram da pesquisa.

Constatou-se, também, a necessidade de implementar nas IES brasileiras uma

comissão ou grupo técnico encarregado de assessorar aos centros ou aos

departamentos na adaptação dos currículos para introdução de critérios de

sustentabilidade; o desenvolvimento de uma “metodologia institucional

padronizada” para verificar quais disciplinas incorporam a sustentabilidade; e a

existência de uma “ferramenta para avaliar a aprendizagem em sustentabilidade”,

ainda inexistente nas 13 IES participantes (op. cit., 2015c, p. 179).

Com referência aos impactos do desenvolvimento do Projeto RISU na UNIVALI,

pode-se destacar: a internacionalização das ações e das experiências exitosas dessa instituição

junto às universidades latino-americanas; a divulgação dos resultados no país, na América

Latina e em outros países do mundo e a socialização dos resultados em comunicações

científicas e painéis, como no VII Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental, no

Peru, comunicação na IX ANPED Sul, em Florianópolis, e no VIII Fórum Brasileiro de

Educação Ambiental, em Belém do Pará (GUERRA et al., 2015c).

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82

Tais resultados evidenciados no projeto RISU desenvolvido até o ano de 2015,

demonstram que existe um empenho da UNIVALI para com os processos de ambientalização

e sustentabilidade na universidade.

4.3 PROJETO FAPESC - AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA

EDUCAÇÃO SUPERIOR: SUBSÍDIOS ÀS POLÍTICAS INSTITUCIONAIS EM SANTA

CATARINA (2015-2017)

O Projeto “Ambientalização e Sustentabilidade na Educação Superior: Subsídios às

Políticas Institucionais em Santa Catarina”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa

e Inovação do Estado de Santa Catarina - FAPESC, contou com a participação de acadêmicos

(as), professores (as), pesquisadores (as), coordenadores (as) de cursos de graduação e pós-

graduação, gestores (as) e técnicos administrativos das seguintes instituições: Centro

Universitário de Brusque - UNIFEBE, Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI,

Universidade do Planalto Catarinense - UNIPLAC, Universidade para o Desenvolvimento do

Alto Vale do Itajaí - UNIDAVI, Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC,

Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, Universidade do Estado de Santa

Catarina - UDESC, Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL (FIGUEIREDO et al.,

2017b).

4.3.1 Objetivos

Seu objetivo geral foi “contribuir com o fortalecimento de políticas institucionais de

ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior”. E orientou-se pelos seguintes

objetivos específicos: averiguar o estágio do processo de ambientalização e sustentabilidade

de cada IES; identificar indícios de ambientalização, a partir da análise dos documentos

institucionais (PDI, PPI) e curriculares (PPC e planos de ensino das disciplinas de graduação)

em cada IES; elaborar subsídios e propor estratégias, ações e práticas sustentáveis inovadoras

e de responsabilidade socioambiental, aplicáveis às IES, no âmbito do ensino, pesquisa,

extensão e gestão dos campi universitários; fortalecer a parceria, a integração e a colaboração

entre pesquisadores (as) das IES participantes, em torno da consolidação de Políticas de

ambientalização e sustentabilidade no âmbito das IES participantes; e criar uma rede temática

de ambientalização e sustentabilidade vinculada à Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental

- REASul, para fortalecer a integração e a colaboração com pesquisadores nacionais e da Red

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de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades - RISU, vinculada à Alianza de Redes

Iberoamericanas de Universidades por la Sustentabilidad y el Ambiente – ARIUSA

(FIGUEIREDO et al., 2017b).

4.3.2 Metodologia

De acordo com Serpa, Orsi e Guerra (2016) a abordagem metodológica utilizada no

referido diagnóstico, se caracterizou pelo enfoque quanti-qualitativo e o uso de técnicas de

Análise Documental (PIMENTEL, 2001; LÜDKE, ANDRÉ, 2003; RICHARDSON, 1999) e

Análise de Conteúdo (BARDIN, 2008; FRANCO, 2008) e a realização de entrevistas

semiestruturadas (SZYMANSKI, 2002).

A análise de conteúdo apresentou o enfoque quanti-qualitativo e indutivo, pautado na

pesquisa documental e nas entrevistas, não havendo preocupações com quantificações, mas

sim, com a existência de indícios que sinalizassem processos, práticas, ações e conteúdos

relacionados à ambientalização e à sustentabilidade (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016).

A busca por indícios de ambientalização e sustentabilidade, nos documentos

institucionais e curriculares da universidade, foi orientada pelas onze dimensões, frutos do

projeto de pesquisa “Ambientalização e Sustentabilidade na Educação Superior: Subsídios às

Políticas Institucionais em Santa Catarina”; pelo resultado da análise e adaptação dos 114

indicadores de sustentabilidade do projeto “Definición de indicadores de evaluación de la

sustentabilidad en Universidades Latinoamericanas” (BENAYAS et al., 2014); pelos 10

indicadores da Rede de Ambientalização Curricular do Ensino Superior - ACES, e pelo

trabalho desenvolvido pelos pesquisadores (GUERRA et al., 2015c; GUERRA,

FIGUEIREDO, 2014). A Figura 7 ilustra ao leitor quais são essas dimensões:

Figura 7: As 11 dimensões de ambientalização e sustentabilidade nas universidades do

Projeto FAPESC.

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84

Fonte: Elaborado pelo pesquisador, a partir de Serpa, Orsi e Guerra (2016).

Para a análise documental, foram considerados os documentos institucionais (Plano

Político Institucional - PPI, Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI e Planejamento

Estratégico - PE e Política de Responsabilidade Socioambiental - PRS) e os curriculares

(Projeto Pedagógico do Curso - PPC, e os Planos de Ensino - PE das disciplinas oferecidas

pelas IES em 2015) (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016).

A busca dos documentos institucionais e curriculares foi realizada, no site institucional

da universidade, sendo que, no campus de Itajaí, estavam disponíveis as informações de 44

cursos de graduação. Já, na consulta ao ambiente virtual da intranet, verificou-se a existência

de 1785 Planos de Ensino de disciplinas dos 1° e 2° semestres de 2015. Todos os arquivos

foram salvos em pastas específicas organizadas por cursos, e cada documento foi inserido no

MAXQDA® para análise (op. cit., 2016).

Na busca documental, identificaram-se 30 cursos de graduação do campus que

disponibilizaram na página institucional o acesso ao arquivo do seu PPC (data de corte, 20 de

julho de 2016) os quais também foram salvos em pastas e inseridos no MAXQDA® (VERBI

Software. Consult. Sozialforschung.GmbH, 2016) para análises qualitativas. Esse software é

uma importante ferramenta para sistematizar o conjunto de dados qualitativos produzidos,

permitindo uma análise integrada dos dados advindos de entrevistas, perguntas abertas

identificadas em questionários, fontes documentais, artigos identificados em mídias

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impressas, dentre outros dados considerados qualitativos que poderão ser integrados no

âmbito de tal ferramenta e analisados no contexto integral dos dados obtidos (SERPA; ORSI;

GUERRA, 2016).

Com a reunião dos materiais a serem utilizados, estes foram importados para o

programa computorizado MAXQDA® a fim de gerar o protocolo de codificação definido,

para que se pudesse iniciar a análise dos dados. Araújo (2010) indica que nessa fase da

pesquisa, desenvolve-se principalmente com o grupo pesquisador, ou seja, orientadores e

colegas investigadores do mesmo tema, questionando, discutindo, e procurando definir o

protocolo de codificação.

A definição do protocolo de codificação é importante, pois a partir dele os materiais

selecionados estarão sujeitos à análise de conteúdo, no programa de análise assistida pelo

MAXQDA®. De acordo com Araújo (2010, p. 147):

Esta opção prende-se com as vantagens reconhecidas no recurso a programas

informáticos na análise dados qualitativos, destacando-se a facilidade no tratamento

da informação, o rigor e credibilidade que imprime na investigação, e a

possibilidade de transformar os dados qualitativos em dados quantificáveis,

passíveis de análises de frequência e outras análises quantitativas.

No entanto, todas as ações descritas não prescindiram de tomadas de decisão do

pesquisador, necessárias para o processo de codificação, pois, amparado pela ferramenta

informatizada, ele é o instrumento fundamental no processo de análise dos dados (ARAÚJO,

2010).

Também existiu a necessidade de realizar, durante o processo de codificação dos

dados, algumas anotações/considerações que poderiam ser utilizados, posteriormente, no

processo de interpretação.

O MAXQDA® auxilia, ainda, na localização e marcação do conteúdo, destacando-se

pela facilidade no tratamento dos dados e apresentação de novas visões das informações

recolhidas pelo pesquisador. Nesse sentido, o investigador é o principal instrumento de

análise dos dados, auxiliado pela ferramenta informatizada.

Conforme Serpa, Orsi e Guerra (2016, p. 372):

No contexto do programa, os níveis foram inseridos como categorias e as onze

dimensões como subcategorias. Nesta etapa, cada palavra, frase ou oração marcada

em um documento pelo programa é denominada de codificação. O processo de

codificação é basicamente a busca por algum pedaço de conteúdo que tenha

coerência com alguma das onze dimensões e demarcado pelo programa.

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Para o processo de codificação realizado com o auxílio do programa, foram feitas

buscas lexicais nos documentos por meio de palavras-chave identificadas a partir da descrição

das onze dimensões (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016), conforme o Quadro 4.

Quadro 4: Palavras-chave utilizadas para a análise lexical no programa MAXQDA®.

DIMENSÕES PALAVRAS-CHAVE

A1 (Política de) (Política de ambientalização)

A2 (Ambientalização) (Sustentabilidade) (Meio Ambiente) (Responsabilidade

sociombiental) (Responsabilidade socio-ambiental) (Responsabilidade sócio-

ambiental)

B (Impactos ambientais) (Gerenciamento) (Monitoramento) (Bens e serviços

naturais) (Recursos ambientais)

C (Sensibilização) (Participação democrática) (Comunicação) (Educação ambiental)

D (Compromisso) (Transformação) (Relações ser humano-sociedade-natureza)

(Relações) (Ser humano) (Sociedade) (Natureza)

E (Complexidade) (Diálogo) (Ecologia de saberes) (Trabalho em rede) (Trabalho em

redes)

F (Contextualização local-global local global-local) (Contextualização) (Impacto

ambiental) (Risco ambiental) (Avaliação de impacto e risco ambiental)

G (Consideração) (Construção dos saberes e fazeres) (Discussões) (Participativas)

(Planejamento participativo) (Atividades em grupo) (Trabalho em grupo)

(Participação)

H (Consideração das relações com a comunidade e o entorno) (Comunidade)

(Participativas) (Relações)

I (Coerência e reconstrução entre teoria e prática) (Teoria e prática) (Reconstrução)

(Teoria) (Prática) (Exercício da profissão) (Conteúdo e prática)

J (Construção de espaços permanentes de reflexão, formação e atualização)

(Espaços de reflexão, formação e atualização) (Espaços de reflexão) (Espaços de

formação) (Espaços de atualização) (Espaço democrático) (Participação

democrática) (Participação)

K (Adoção de valores como solidariedade, cooperação e responsabilidade) (Valores)

(Solidariedade) (Cooperação) (Responsabilidade)

Fonte: Serpa, Orsi e Guerra (2016, p. 373).

Serpa, Orsi e Guerra (2016, p. 373) destacam que “[...] a busca lexical das palavras-

chave não identifica os contextos em que aparecem, mas apenas a sua presença. Assim, o uso

do MAXQDA® não dispensa a análise minuciosa de cada documento pela equipe do grupo

pesquisador”.

Como critério metodológico, ficou estabelecido que somente fossem analisados os

Planos de Ensino (PE) de disciplinas da matriz curricular dos cursos em cujos PPC´s fossem

identificadas, no mínimo, três das 11 dimensões já apresentadas, pois como os referidos

planos compõem esses projetos, espera-se que estejam, em parte, incorporando os indícios de

ambientalização (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016).

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87

O resultado de cada busca gerado pelo programa foi armazenado em formato de

planilha eletrônica do Microsoft Excel® para consulta e análise do grupo pesquisador. Ao

final dessa etapa, os resultados armazenados foram analisados e as sinalizações “fora de

contexto” foram removidas. Em seguida, cada trecho assinalado pelo programa foi revisado

pelo grupo, a partir da leitura criteriosa de cada um dos documentos. Aqueles que

apresentavam indícios de ambientalização eram codificados em cada dimensão e nível

correspondente. Ao final do processo de codificação, com o auxílio do programa

MAXQDA®, foram gerados relatórios dos conteúdos demarcados para análises e conclusões

(op. cit., 2016).

Finalizada a etapa da análise documental, foram realizadas as entrevistas, elaborando-

se um roteiro de perguntas com base na análise documental e em observações dos

pesquisadores. Foram dez entrevistados dentre professores, coordenadores de cursos de

graduação e gestores administrativos responsáveis pelas áreas de pesquisa, ensino, extensão e

gestão (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016, p. 373; GUERRA et al., 2017).

Como resultados, em trabalho anterior, Serpa, Orsi e Guerra (2016, 374) relatam que:

Com o levantamento de dados procurou-se identificar concepções, práticas,

obstáculos e avanços no processo de ambientalização, subsidiando o aprimoramento

das Políticas de Ambientalização nas IES envolvidas no referido projeto, bem como

gerar subsídios as demais IES do país.

4.3.3 Principais Resultados

Com base nas análises dos 30 PPC´s nas etapas de busca textual e codificação das 11

dimensões de “A” a “K” e nos quatro níveis - Gestão, Pesquisa, Extensão e Ensino, foram

selecionados 14 PPC´s pelo número de segmentos codificados (> 3), ou seja, por

apresentarem três ou mais indícios de ambientalização. Do total de 14 Cursos, foram

analisados 662 planos de ensino, dos quais, foram selecionados oito PE de seis cursos de

graduação, distribuídos nas seguintes áreas de conhecimento, conforme tabela do CNPq: Área

de Ciências da Saúde: 2 cursos; Área de Engenharias: 1 curso; Área de Ciências Biológicas: 1

curso; Área de Ciências Sociais e Aplicadas: 2 cursos (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016).

A análise do relatório de frequência de códigos de documentos dos planos de ensino

(PE) gerada pelo MAXQDA® permitiu identificar maior concentração de indícios

de ambientalização no nível do Ensino, e apenas um em Extensão. Nos demais

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níveis – Gestão e Pesquisa – não foram identificados indícios (SERPA; ORSI;

GUERRA, 2016, p. 374).

Quanto aos trechos em que os indícios foram localizados, houve uma distribuição

homogênea nos oito planos de ensino. Isso possibilita refletir sobre a ênfase no nível do

Ensino (SERPA; ORSI; GUERRA, 2016).

De acordo com Serpa, Orsi e Guerra (2016), a baixa frequência de indícios de

ambientalização nos níveis de Extensão, Gestão e Pesquisa, pode ser revisto, a médio e longo

prazo, pelas ações identificadas no estudo e previstas na própria Política de Responsabilidade

Socioambiental, aprovada em 2016.

No que diz respeito à ocorrência dos indícios de ambientalização nos Planos de Ensino

selecionados, as análises destacam a incidência de sete das 11 dimensões estabelecidas na

metodologia, que são: “E”, “K”, “B”, “F”, “C”, “D” e “G”, o que nos permite refletir sobre os

indícios mais evidenciados na questão da complexidade (dimensão “E” do Quadro 4), em

virtude de vivermos em um mundo de tantas crises, o qual demanda um repensar, um refletir e

um agir (op. cit., 2016).

Esse olhar para o ambiente em sua complexidade associado às vivências e às práticas

de valores ambientais (dimensão “K”) é necessário para uma transformação significativa na

ICES, com impactos organizacionais que se reflitam na formação profissional e também na

sociedade, gerando consequências científicas, políticos, culturais, socioambientais e

educacionais (op. cit., 2016).

Serpa, Orsi e Guerra (2016, p. 375-376) chamam a atenção quanto aos indícios de

ambientalização na formação profissional, pois:

[...] na matriz curricular, o reduzido número de disciplinas dos cursos que abordam

competências e habilidades específicas relacionadas às questões da Educação

Ambiental e responsabilidade socioambiental. Entretanto, mesmo que conteúdos e

estratégias de ensino relacionadas a questões socioambientais, de saúde e de risco

ambiental estivessem incluídas nos 14 Projetos Pedagógicos e em outras disciplinas

de cursos do campus, algumas não alcançaram o critério mínimo de abranger três

das 11 dimensões que definiam os indícios de ambientalização curricular de cada

curso.

Vale salientar que, conforme Figueiredo et al. (2017b) um dos resultados do projeto

FAPESC, foi o fortalecimento das parcerias entre os pesquisadores participantes, em torno da

consolidação das políticas de ambientalização e sustentabilidade em suas instituições, o que

culminou na criação da rede nacional RASES - Rede de Ambientalização e Sustentabilidade

na Educação Superior, vinculada à Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental – REASul.

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89

CAPÍTULO 5. A ECOLOGIA DE SABERES CONSTRUÍDOS FRENTE AO

PROCESSO DE AMBIENTALIZAÇÃO EM IES

Neste capítulo, apresentamos a análise dos diagnósticos de ambientalização e

sustentabilidade aplicados na Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Como apresentado

na metodologia, para a análise documental desses documentos, partiu-se da leitura flutuante e

em profundidade, resultando desta última a elaboração de figuras ilustrativas quanto ao

processo de ambientalização gerando, como resultado, uma compreensão objetiva quanto à

ecologia de saberes construídos na releitura dos instrumentos utilizados nos diferentes

diagnósticos pela busca dos indicadores e indícios de ambientalização e sustentabilidade na

universidade. Houve também uma discussão acerca da Política de Responsabilidade

Socioambiental – PRS da universidade, concretizada à luz do referencial teórico existente

acerca do processo de ambientalização nas universidades.

5.1 O DESENVOLVIMENTO DOS DIAGNÓSTICOS DE INDÍCIOS DE

AMBIENTALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE APLICADOS NA UNIVALI

Pretendemos, nesta seção, alcançar os objetivos específicos elaborados para esta

dissertação. Nesse sentido, voltamos nossa atenção para os indícios e indicadores

considerados nos três diagnósticos e também no projeto da Rede ACES, uma vez que

identificamos similaridades entre os mesmos, conforme apresentado a seguir, na Figura 8.

Figura 8: Dimensões para que um curso seja considerado ambientalizado, conforme os

diagnósticos realizados e os indicadores da Rede ACES.

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Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Panorama geral: gestão,

participação e Educação Ambiental

Participação/ educação

Compromisso

socioambiental

Mobilidade

Áreas verdes

Energia

Resíduos

Água

Compra verde, ética ou

sustentável

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Conforme salientado anteriormente, foi possível observar que os indícios do Projeto

CNPq foram suprimidos na Figura 8, pois, naquela pesquisa, foram utilizados os 11

indicadores do Projeto RISU, os 10 indicadores da Rede ACES e também, como instrumento

de coleta de dados o Teste da Sustentabilidade da Plataforma da USP.

A organização do quadro apresentado na Figura 8 foi realizada a partir da aplicação da

pesquisa da Rede ACES (JUNYENT; GELI; ARBAT, 2003) - a qual foi pioneira na questão

da pesquisa em ambientalização curricular na Educação Superior -, seguido pelo Projeto

CNPq (2012-2015), o Projeto RISU (2013-2014), e o Projeto FAPESC (2015-2017).

Pôde-se observar que, no Projeto FAPESC, houve por parte dos pesquisadores (as)

uma releitura das dimensões e/ou indicadores dos diagnósticos anteriores, ou seja, foram

considerados, reorganizados e aperfeiçoados alguns dos indícios presentes nos demais

diagnósticos, avançando-se, assim, na construção de um instrumento de diagnóstico de

indícios de ambientalização e sustentabilidade das Instituições de Educação Superior. Tal

constatação pode ser observada, mais claramente, na Figura 9 a seguir.

Figura 9: Correlações entre os indícios e indicadores dos projetos estudados.

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Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

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93

Conforme observado na Figura 9, o indício de “Gerenciamento e/ou monitoramento

de bens e serviços naturais (recursos), riscos e impactos ambientais” do Projeto FAPESC, e

sua relação com os indicadores de “Pesquisa e transferência de tecnologia; Urbanismo e

biodiversidade; Energia; Água; Mobilidade; Resíduos; e Contratação responsável”, do

projeto RISU - os quais não foram contemplados no Projeto da Rede ACES -, são

semelhantes com outros seis indicadores do Teste de Sustentabilidade da USP. São eles:

“Mobilidade; Áreas verdes; Resíduos; Energia; Água; Compra verde, ética ou sustentável”.

Também foi constatado, que o indício “Sensibilização, participação democrática e

comunicação (“Educação Ambiental”)” do Projeto FAPESC, relaciona-se, tanto com o

indicador “Sensibilização e participação da comunidade universitária” do projeto RISU,

quanto com o indicador “Participação/educação” do Teste de Sustentabilidade da USP,

como também o indicador “Espaços de reflexão e participação democrática” da Rede ACES

o qual, por sua vez, também se relaciona com o indício “Construção de espaços permanentes

de reflexão, formação e atualização” do Projeto FAPESC.

Como procuramos demonstrar na Figura 9, o indicador “Sensibilização e participação

da comunidade universitária” do projeto RISU e, por conseguinte, do projeto CNPq, também

se relacionam com o indício da “Consideração das relações com a comunidade e o entorno”

do Projeto FAPESC.

Também podemos observar que o indicador de “Coerência e reconstrução entre

teoria e prática” da Rede ACES foi incorporado ao Projeto FAPESC, sendo que

consideramos a sua relação direta para com os indicadores “Ordem disciplinar (flexibilidade

e permeabilidade); Adequação metodológica; e Complexidade” da Rede ACES. Como se

pode verificar na figura estes relacionam-se, tanto com o indicador de “Docência” no projeto

RISU, como também, com o indício “Complexidade: diálogo em torno da ecologia de

saberes, trabalho em redes” do Projeto FAPESC.

Portanto, no que diz respeito à questão disciplinar e da complexidade, compreendemos

que é na função docente que culmina a ação para a prática da Educação Ambiental, seja

disciplinarmente ou por adequações metodológicas dos cursos – e, por consequência, nas

disciplinas -, ou ainda, ocorre a partir de um diálogo em torno de uma ecologia de saberes, a

qual, de acordo com Leff (2009), seria um encontro de seres de diferentes saberes e culturas

que orientam, tanto as Diretrizes e Políticas públicas do campo socioambiental, quanto o

Projeto Pedagógico dos cursos, bem como as ações e a prática docente, na seleção dos

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conhecimentos, competências e valores necessários para a formação de uma cultura de

sustentabilidade nas Instituições de Educação Superior.

Quanto ao indicador “Contextualização local-global, local e global” da Rede ACES,

também é notado um pouco diferente no projeto FAPESC no indício “Contextualização local,

global, local-global, global-local”.

Podemos observar também a valorização do compromisso nas instituições nos

indicadores de “Compromisso para a transformação das relações sociedade-natureza” da

Rede ACES, “Compromisso socioambiental” do Teste de Sustentabilidade da USP,

“Responsabilidade socioambiental” do projeto RISU, e o indício “Compromisso para a

transformação das relações ser humano-sociedade-natureza” do projeto FAPESC, os quais

somente se tornam possíveis a partir de uma “Adoção de valores como solidariedade,

cooperação e responsabilidade” por parte de toda a comunidade universitária. Tal indício

também foi incorporado no projeto FAPESC.

Também entendemos a relação que existe entre os indicadores “Consideração aos

aspectos cognitivos e afetivos das pessoas” e “Considerar o sujeito na construção do

conhecimento” da Rede ACES, isso porque, compreendemos que os aspectos cognitivos e

afetivos são fundamentais na construção do conhecimento dos sujeitos que formam a

comunidade universitária, e dessa forma, pudemos observar a relação destes dois indicadores

com o indício de “Consideração os sujeitos na construção dos saberes e fazeres” do projeto

FAPESC.

Ainda, podemos observar a necessidade da existência de uma política socioambiental

dentro das universidades, o que se justifica quando constatamos que tanto no projeto RISU –

“Política de sustentabilidade” - quanto no projeto FAPESC - “Política de

ambientalização/sustentabilidade/meio ambiente/responsabilidade socioambiental” -

preocuparam-se em investigar essas políticas, contribuindo dessa forma para a criação e o

fortalecimento das mesmas.

Com essas observações, podemos considerar que existe uma preocupação dos

pesquisadores que estudam e atuam nesse campo de pesquisa emergente da ambientalização

curricular, com relação à releitura e ao aprofundamento destes e outros trabalhos, com vistas

ao aperfeiçoamento dos instrumentos metodológicos para diagnóstico de indícios de

ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior. Portanto, podemos mencionar,

também, que esse foi o conhecimento produzido pelo pesquisador nessa pesquisa de

dissertação, a partir da compreensão obtida por meio de seus estudos, os quais podem ser

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adaptados e ampliados de acordo com a realidade da IES interessada em investigar o seu

processo de ambientalização.

A partir da apresentação dos diagnósticos no capítulo 4, observa-se que num primeiro

momento, houve a definição de indicadores para a avaliação das políticas de sustentabilidade

das universidades, como proposto e desenvolvido no projeto RISU, os quais foram utilizados

em releitura no projeto CNPq, juntamente como os indicadores da Rede ACES e o Teste de

Sustentabilidade da USP. Como naquele momento algumas das instituições brasileiras que

haviam participado dos projetos não tinham políticas definidas relacionadas ao processo de

ambientalização, uma vez que estavam em estágios diferenciados do mesmo, os pesquisadores

das quatro IES que desenvolveram o projeto CNPq se propuseram a avançar nessa

investigação e gerar subsídios para a elaboração de políticas de ambientalização curricular e

sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior - IES.

Como foi verificado, inicialmente foram definidos indicadores, depois foram

propostos subsídios para a criação de políticas, e finalmente, no projeto FAPESC, o objetivo

das oito IES envolvidas, das quais duas – UNIVALI e UNIFEBE – participaram dos dois

diagnósticos anteriores, foi contribuir com o fortalecimento de políticas institucionais de

ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior, ou seja, a partir das políticas

criadas, gerou-se o movimento para seu fortalecimento próprio ou da sua institucionalização,

pois nesse projeto, com base nas experiências dos diagnósticos anteriores, os pesquisadores

(as) não utilizaram mais o termo “indicadores”, mas sim “indícios de ambientalização”

identificados nos documentos institucionais e curriculares, nos quatro níveis: Ensino,

Pesquisa, Extensão e Gestão institucional.

Importante destacar que um dos objetivos comuns a todos os projetos citados foi a

interação em rede de pesquisadores (as) para o fortalecimento dos grupos de pesquisa e das

parcerias institucionais, tanto nacionais, quanto no sentido da internacionalização, por meio

da Rede ARIUSA. Nesse sentido, cabe ressaltar que o processo de investigação desse grupo

de pesquisadores resultou na criação, em 2015, da Rede de Ambientalização e

Sustentabilidade na Educação Superior – RASES, uma rede nacional sobre esse tema,

vinculada à Rede Sul Brasileira de Educação Ambiental - REASul, a Rede Brasileira de

Educação Ambiental – REBEA, para fortalecer a integração e a colaboração com

pesquisadores nacionais e da Red de Indicadores de Sostenibilidad en las Universidades -

RISU, vinculada à Alianza de Redes Iberoamericanas de Universidades por la

Sustentabilidad y el Ambiente - ARIUSA.

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Frente a essa trajetória de intensa interação e aprendizagem que nos proporcionou esse

estudo sobre tema da ambientalização, esta dissertação se propôs a compreender esse

processo, analisando o que se tem feito, discutindo o processo, apresentando novos

apontamentos e também gerando subsídios para a ambientalização na Educação Superior.

Desse modo, com base no aprendizado resultante da análise dos diagnósticos aqui

apresentados, e a partir dos entendimentos e à luz do referencial teórico apresentado, com

relação aos indicadores e indícios dos diagnósticos de ambientalização e sustentabilidade

aplicados na UNIVALI, elaboramos um diagrama - Figura 10 - que apresenta uma ideia de

movimento em oito dimensões essenciais de serem adotadas no estabelecimento de um

processo de ambientalização nas Instituições de Educação Superior.

Figura 10: Dimensões essenciais para estabelecer um processo de Ambientalização nas

Instituições de Educação Superior

Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

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Conforme se verifica na Figura 10, entende-se que para o processo de ambientalização

tem-se a necessidade de se observar as “Políticas institucionais e de currículo”35

, pois é com

base nos marcos legais, e a partir das políticas públicas, que os gestores institucionais

inauguram um plano ou uma política de ambientalização ou de responsabilidade

socioambiental – a qual define as regras, princípios, objetivos gerais metas e ações para sua

implementação em uma Instituição de Educação Superior (IES).

Conforme Wachholz (2017, p. 39):

Um plano ou política ambiental em uma universidade nasce a partir da necessidade

de um documento que oriente e legitime as ações socioambientais dentro da

instituição, buscando promover uma gestão ambiental mais eficiente, de acordo com

os princípios da universidade e da sustentabilidade e servindo como base para

criação de planos gestores específicos de cada setor.

Sendo que, conforme a mesma autora:

Os problemas ambientais encontrados nas universidades que dizem respeito aos

resíduos, à energia e ao consumo insustentável, sendo este último pela praticidade

descartável do dia a dia ou pela falta de sensibilidade com o ambiente, são

problemas comportamentais, mas também de gestão. É na gestão que universidade

toma consciência do seu papel de agente transformador e pode mudar os rumos da

instituição, transformando os campi em verdadeiros espaços educadores sustentáveis

(WACHHOLZ, 2017, p. 31).

Por outro lado, ampliando essa concepção da autora, para além da preocupação apenas

com o nível da gestão ambiental, e curricular, no sentido de atender as DCNEA, no que diz

respeito à transição das instituições para espaços educadores sustentáveis, as políticas

institucionais não precisam ser, necessariamente, elaboradas e instituídas apenas pela alta

gestão, mas sim, é necessário que haja um diálogo entre os diferentes níveis hierárquicos

institucionais para que toda a comunidade universitária participe e possa abraçar e se

apropriar dos princípios, valores e saberes de uma cultura de sustentabilidade, de forma a

realmente, institucionalizar e legitimar essas políticas.

Nesse sentido, por mais que os gestores institucionais tomem consciência da

importância do papel social da universidade quanto à discussão e ao enfrentamento da

problemática socioambiental, iniciando pelos problemas de gestão e currículo encontrados

dentro da própria universidade, muito do que ocorre é no campo individual, no que diz

35

Sabendo que esses por sua vez, atendem as políticas educacionais emanadas do MEC, assim como das

influências dos organismos multilaterais mundiais.

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respeito às representações e valores dos sujeitos que compõem a comunidade universitária, e

que se referem, muitas vezes à falta de sensibilidade com o ambiente. Esses aspectos são

compreendidos, a partir da autora, como problemas comportamentais e de gestão, justamente

porque, além de promover a Educação Ambiental em todos os seus espaços e ambientes, a

gestão também carece de estar atenta ao público que a frequenta.

Na sequência, temos a dimensão que diz respeito aos “Espaços de formação

permanente”, os quais se apresentam como uma importante estratégia institucional para a

formação - seja inicial ou continuada - dos gestores, docentes, acadêmicos, corpo técnico

administrativo, assim como todos os visitantes que circulam pelos espaços e ambientes

institucionais, ou seja, toda a comunidade universitária, com vistas ao desenvolvimento do

sentimento de pertencimento, essencial para o estabelecimento de uma cultura de

sustentabilidade.

Ao tratar diretamente da formação ambiental do docente universitário, López (2016)

indica que, para responder às situações ambientais, se “deve adaptar mudanças que

transcendam a práxis educativa; alcancem a pertinência ambiental no trabalho educativo; e

demonstrem o sentido de pertencimento institucional participando na gestão ambiental

universitária” (p. 46, tradução nossa). De acordo com a autora, os 3P (Práxis, Pertinência e,

Pertencimento) se relacionam com a subjetividade do docente, e são necessárias para a ação

de um docente de concepção holística de ambiente (LÓPEZ, 2016), conforme indicado na

Figura 11 a seguir.

Figura 11: Os 3P (Práxis, Pertinência, e Pertencimento) que o docente universitário pode

assumir perante o ambiente e a sustentabilidade

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Fonte: López (2016, p. 46, tradução nossa, in DURÁN; LÓPEZ-PÉREZ, 2016).

Os 3P apresentados por López (2016) são significativos quando pensamos nos

docentes e nos gestores universitários, sendo que, em ambos os casos, o sentido de

pertencimento institucional pode ser potencializado pela co-participação no que diz respeito à

gestão ambiental do campus e da universidade. Por isso, esse sentido de pertencimento está

presente em nossa releitura do entendimento de ambientalização sistêmica, apresentado na

Figura 10.

Nesse sentido, podemos até afirmar que a práxis, a pertinência, e o pertencimento são

essenciais para o desenvolvimento de um processo de ambientalização, e contribuem para o

aprendizado, inovação e transformação, tanto dos sujeitos da comunidade universitária,

quanto da instituição como um todo.

O Sentido de Pertencimento que apresentamos integrado à Figura 10 diz respeito aos

laços afetivos numa dimensão positiva, ou seja, refere-se ao pertencer a um local, no caso o

espaço da universidade, compartilhar das mesmas visões (estar atento às políticas

institucionais), dispondo de espaços de diálogo para ser ouvido e considerado. Ainda, sobre

isso, Sá (2005, p. 249) comenta a respeito do pertencimento social, que se refere aos “[...]

laços pessoais de reconhecimento mútuo e no sentimento de adesão a princípios e visões de

mundo comuns, que fazem com que as pessoas se sintam participantes de um espaço-tempo

(origem e território) comum”.

De acordo com isso, podemos compreender que o sentido de pertencimento vincula-se

ao compartilhamento de uma consciência coletiva, frente à relação da complexidade da

existência humana e sua relação com o meio, em níveis locais e globais.

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Cousin (2010, p. 95), por sua vez, ao tratar do sentimento de pertencimento ao lugar,

nessa perspectiva local-global, revela que considera:

[...] importante que a sociedade compartilhe o mundo e construa o sentimento de

pertencer a um modo de vida e a um contexto que está sendo constantemente

produzido e transformado e reflita sobre o seu papel enquanto sujeito envolvido

nesse processo. O pertencimento possibilita compreender como os processos das

relações sociais estão presentes em cada vivência, e como o local e o global se

traduzem em experiências pessoais e coletivas.

Com isso, pode-se entender que os sujeitos, quando se envolvem conscientemente com

o processo de transformação e ressignificação dos modos de vida presente no seu contexto, no

caso uma cultura de sustentabilidade, passam a refletir sobre o seu papel no mundo36

,

construindo um sentimento de pertencimento com esse mesmo mundo, que eles vêm

transformando, mas que também os transforma.

Nesse sentido, Oliveira, A. (2011, p. 72) ao se referir ao nível local, indica que os

sujeitos:

Quando se sentem pertencentes a um território, passam a se sentir responsáveis pelas

questões socioambientais, suas potencialidades e seus limites. Conhecendo,

compreendendo o seu próprio meio, também tenderão a conservar toda a diversidade

natural e cultural da sua localidade.

Logo, o sentido ou o sentimento de pertencimento a um lugar, no caso institucional, se

refere a uma perspectiva de responsabilidade com aquele lugar, e não de posse do mesmo.

Para tanto, é necessário ter a noção de todos os âmbitos, inclusive das políticas institucionais

e de currículo, “para a construção do sentimento de pertencimento através de vivências in

loco, valorizando o espaço e orientando uma construção significativa de concepções, valores e

atitudes” (COUSIN, 2010, p. 7), ou seja, sentir-se pertencente a um lugar, uma universidade,

o qual expressa uma complexidade e diversidade na qual os sujeitos são convidados a

participar do processo de construção de uma cultura de sustentabilidade.

Esse entendimento também corrobora com o que López (2016) coloca, no sentido do

pertencimento institucional ligado à gestão ambiental, ratificando o que Wachholz (2017) diz

sobre essa gestão estar atrelada em respeito aos resíduos gerados pela falta de sensibilidade

com o ambiente.

36

Aqui cabe a reflexão de Paulo Freire voltada aos professores, segundo a qual, “Ensinar exige compreender que

a educação é uma forma de intervenção o mundo” (FREIRE, 2015, p. 96). Ou seja, estamos formando as futuras

gerações que viveram neste mesmo planeta.

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Retomando o que foi demonstrado na Figura 10, agora em direção à dimensão, do

“Currículo, docência e complexidade de diálogos”, estamos tratando das discussões com

relação à práxis, para a composição de ensino e aprendizagem que liguem e religuem saberes,

científicos e tradicionais, em uma relação de plena dialogicidade37

.

Logo, conforme Guimarães (2015, p. 51):

Para vivenciar as contradições existentes na realidade, realizar a potencialidade do

ser por meio das relações políticas, sociais e com o meio ambiente, é que se faz

necessário em um processo de EA associar a atitude reflexiva com a ação, a teoria

com a prática, o pensar com o fazer, para realizar um verdadeiro “diálogo”, como

bem define Paulo Freire em sua proposta educacional; ou seja, ter a práxis em EA.

Em outras palavras, a partir do que foi destacado pelo autor, é necessário que o mundo

de pensamento esteja conectado ao mundo concreto. Nesse sentido, a teoria não deve ficar

presa nos documentos que giram em torno do currículo, e sim, que a partir da ação docente

possa realizar-se o movimento de pensar sobre, pensar em, e pensar a partir de uma

complexidade de diálogos, favorecendo a práxis em Educação Ambiental.

Essa discussão sobre a complexidade de diálogos vem ao encontro da definição de

Educação Ambiental apresentada por Luzzi (2003, p. 179-180), que a compreende como um:

[...] produto em construção, da complexa dinâmica histórica da educação, um campo

que evolui de aprendizagens por imitação no mesmo ato, a perspectivas de

aprendizagem construtiva, crítica, significativa, metacognitiva e ambiental. É uma

educação produto do diálogo permanente entre concepções sobre conhecimento, a

aprendizagem, o ensino, a sociedade, o ambiente; como tal é depositária de uma

cosmovisão sócio-histórica determinada.

Pelo que podemos perceber, o autor indica e corrobora outros autores como Sato

(2002), e Trajber e Sato (2010), para as quais a Educação ambiental é Educação, ou seja, um

produto da própria Educação, dessa complexidade de diálogos que religam os saberes e as

concepções de conhecimento e de meio ambiente.

Quanto à ambientalização dos currículos, o mesmo autor ainda indica que:

[...] requer o aporte de todas as disciplinas envolvidas neste complexo campo,

contribuindo a que os docentes reflitam sobre a sua própria prática, sobre as

regularidades e contradições presentes, as teorias que são expressas, os pressupostos,

as crenças e os interesses a que servem (LUZZI, 2003, p. 205).

37

Utilizo os termos “práxis” e “dialogicidade” ancorados na pedagogia de Paulo Freire “de uma educação como

práxis e processo dialógico, crítico, problematizador e transformador das condições objetivas e subjetivas que

formam a realidade” (LOUREIRO, 2006, p. 112).

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102

Por isso, é essencial que se observe justamente o currículo, a docência e a

complexidade de diálogos, pois é nessa heterogeneidade inerente ao campo do conhecimento

que é possível refletir as contradições e similaridades presentes no emaranhado disciplinar das

matrizes curriculares dos cursos de graduação nas universidades.

Frente a isso, Sacristán (2000, p. 29) indica que:

As ideias pedagógicas mais aceitáveis e potencialmente renovadoras podem

coexistir, e de fato coexistem com uma prática escolar obsoleta. Tal incongruência e

impotência para a transformação da realidade ocorre, em boa parte, porque tal

prática está muito ligada ao tipo de currículo contextualizado em subsistemas

diversos e aos usos criados por seu desenvolvimento, ou que se expressão através

dele, que permanecem muito estáveis. Por isso, a renovação do currículo, como

plano estruturado por si só, não é suficiente para provocar mudanças substanciais na

realidade.

De acordo com o expresso por Sacristán (2000), modificar o currículo não basta para

provocar grandes mudanças, ainda mais na Educação Superior, como destaca Morin (2000a),

justamente porque os acadêmicos já tiveram longos anos de formação na Educação Básica.

Nesse sentido, é essencial uma reforma do pensamento, ressignificando comportamentos e

valores, para que, se conduzam os sujeitos e as universidades à construção de espaços

educadores sustentáveis para o estabelecimento de uma cultura de sustentabilidade.

Frente a isso, Gadotti (2005, p. 16) entende que:

Uma cultura da sustentabilidade é, também, por isso, uma cultura da planetaridade,

isto é, uma cultura que parte do princípio que a Terra é constituída por uma só

comunidade de humanos, os terráqueos, e que são cidadãos de uma única nação.

Esse entendimento pressupõe que a comunidade humana necessita estar unida frente à

crise socioambiental que assola os tempos atuais e futuros. Nesse sentido, de acordo com o

mesmo autor, a “Cultura da sustentabilidade supõe uma pedagogia da sustentabilidade que dê

conta da grande tarefa de formar para a cidadania planetária” (GADOTTI, 2005, p. 23).

Assim, a partir de Gadotti (2005), podemos compreender que a universidade tem como

papel estabelecer uma cultura de sustentabilidade na vivência institucional para que toda a

comunidade universitária possa ter uma formação planetária.

Ainda, conforme o autor:

Educar para a cidadania planetária implica muito mais do que uma filosofia

educacional, do que o enunciado de seus princípios. A educação para a cidadania

planetária implica uma revisão dos nossos currículos, uma reorientação de nossa

visão de mundo, da educação como espaço de inserção do indivíduo, não numa

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comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo

(GADOTTI, 2005, p. 23).

Ou seja, existe, dentro das universidades, a necessidade de uma inovação curricular

que pode ser orientada pela ambientalização, para que a educação ressignifique os valores e os

modos de vida dos sujeitos da sua comunidade universitária, visando além do estabelecimento

de uma cultura de sustentabilidade, uma formação cidadã e planetária.

Nesse sentido, podem-se destacar algumas das competências docentes essenciais para

uma educação do futuro, elencadas por Goergen (2000), as quais vem ao encontro das

discussões realizadas a partir de Morin (2000b) sobre a complexidade do conhecimento e

também de Ferreira e Tristão (2015) acerca da ecologia de saberes, são elas:

- a competência rejuntiva: esta competência trata da valorização do conhecimento

como um todo, e não como partes compartimentalizadas, a exemplo das disciplinas, divididas

em suas áreas de conhecimento. A competência rejuntiva requer que o docente reconecte os

saberes, valorizando uma concepção dialógica que envolve a interdisciplinaridade38

e a

transversalidade na ação docente, buscando uma ecologia de saberes, na qual são valorizados,

além dos conhecimentos ditos científicos, os conhecimentos comuns, populares, do cotidiano,

e dessa forma, religando o conhecimento (GOERGEN, 2000).

- a competência comunicativa: esta competência trata da própria constituição do ser

humano, pois se refere ao ato de comunicar, apresentar e mediar os conhecimentos

historicamente acumulados. O conhecimento, nesse sentido, passa pelo processo de

hominização39

, que consiste num procedimento de estranhamento com o meio - ao qual, os

seres humanos estão submetidos - através das culturas que vão lhe ensinando a ser o que são,

constituindo suas identidades. A competência comunicativa exige, então, que os docentes,

valorizem o que os discentes têm a dizer, através do ato comunicativo, pois é na comunicação

que se estabelecem as relações humanas (GOERGEN, 2000).

- a competência sensitiva e ecológica: esta competência trata de valorizar aquilo que

por muito tempo está sendo desprezado no trabalho docente: o sensível, o estético, o lúdico,

entre outros, que pertencem à essência humana. A competência sensitiva e ecológica requer

que o docente valorize os conhecimentos que compreendem essas dimensões, e não somente a

38

Nesse sentido, compreendemos, assim como Leff (2002, p. 178), que “[...] a interdisciplinaridade se inscreve

num projeto de reconstrução do saber, na via da reconstituição das identidades e do diálogo com outros saberes,

no propósito de construir um futuro aberto para o infinito, a outridade e a alternativa”. 39

Ao tratar da hominização, Cortella (2016, p. 42 grifos do autor) indica que “Nós humanos somos, igualmente,

um produto cultural; não há humano fora da Cultura, pois ela é nosso ambiente e nela somos socialmente

formados [...] e historicamente determinados [...]. Em suma, o Homem não nasce humano, e sim, torna-se

humano na vida social e histórica no interior da Cultura”.

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racionalidade instrumental. Além disso, essa competência anseia por uma ação docente que

redimensione a racionalidade existente, a ponto de conseguir exprimir uma compreensão de

mundo mais ampla, uma compreensão e uma consciência planetárias em torno das

necessidades humanas, que a cada dia passam a ser cada vez mais comuns a cada habitante do

planeta (GOERGEN, 2000).

Desse modo, podemos concluir, juntamente com o autor referendado, que as

competências docentes não se restringem àquelas que tratam do domínio de conhecimentos,

métodos de ensino ou técnicas avaliativas, mas sim que, com o passar do tempo, para a ação

docente são requeridas cada vez mais competências que atendam às diferentes e novas

necessidades de aprendizagem dos sujeitos que chegam às escolas e universidades. Entende-

se, também, que o docente possui um primordial papel quanto à mediação dos conhecimentos

históricos e socialmente acumulados, por meio dos quais e de sua ação docente, poderá

estimular e promover o desenvolvimento de uma consciência40

contextualizada no âmbito da

realidade humana, social, cultural, material e ecológica.

Continuando a apresentação das dimensões da Figura 10, seguimos agora para a

“Contextualização socioambiental local, regional, nacional e global”, a qual é necessária

para os sujeitos entenderem a realidade socioambiental que os cerca nos diferentes níveis -

local, regional, nacional e global.

Assim, conforme Morin e Kern (2003, p. 152):

O conhecimento do mundo enquanto mundo torna-se necessidade ao mesmo tempo

intelectual e vital. E o problema universal para todo cidadão: como ter acesso às

informações sobre o mundo, e como adquirir a possibilidade de articulá-los e

organizá-los. Mas, para articulá-los e organizá-los, e deste modo reconhecer e

conhecer os problemas do mundo, é preciso uma reforma de pensamento. Essa

reforma, que comporta o desenvolvimento da contextualização do conhecimento,

reclama isso facto a complexificação do conhecimento.

Perante isso, entende-se que é essencial toda pessoa tomar consciência das

informações sobre o mundo em que vive, pois além de saber onde está e de qual realidade faz

parte, essas informações são vitais para a própria sobrevivência. Além do mais, é importante

que os sujeitos entendam que vivemos todos no mesmo mundo, e o que afeta uma

40

Cortella (2016) em seu livro “A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos” apresenta

o conceito de consciência ecológica, em que, conforme o autor, “A consciência ecológica não é simplesmente

proteger o pássaro, proteger a árvore. A consciência ecológica é uma consciência ética, na qual eu tenho atitudes

de não destruir, de não desmontar, de não achar que aquilo que aí está tem e precisa, e até pode ser, objeto da

minha liberdade” (p. 153-154).

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determinada população, numa outra região do planeta, também pode afetar, direta ou

indiretamente, a sua localidade.

Mesmos autores ainda indicam que:

Os pensamentos fracionais, que fragmentam tudo o que é global, ignoram por

natureza o complexo antropológico e o contexto planetário. Mas não basta levantar a

bandeira do global: é preciso associar os elementos do global numa articulação

organizadora complexa, é preciso contextualizar o próprio global. A reforma de

pensamento necessária é a que irá gerar um pensamento do contexto e do complexo

(MORIN, KERN, 2003, p. 159).

Conforme foi possível constatar, a reforma do pensamento contribui para que os

sujeitos se entendam dentro de um único mundo, dentro de uma única pátria, o planeta, e que,

a partir da contextualização socioambiental local, regional, nacional e global, pode-se

organizar o pensamento sobre o contexto do complexo mundo em que se vive, o qual

modificamos e que também nos modifica.

Segundo Guimarães (2015, p. 52):

Em razão disso, dá-se grande importância ao papel participativo, atuante do

educando/educador na construção do processo de EA, envolvendo-se, integralmente,

domínio afetivo e cognitivo, com a realidade apresentada, vivenciando-a

criticamente para atuar na construção de uma nova realidade desejada.

Para tanto, para a construção de uma nova realidade, é fundamental que se inaugurem

“Espaços para reflexão, ressignificação dos valores e sensibilização” - os quais constituem

uma das dimensões destacadas na Figura 10.

No que diz respeito à Educação Ambiental e ao processo de ambientalização, podemos

afirmar que todos os espaços educadores e os ambientes institucionais apresentam a

intencionalidade de compartilhar um conteúdo, um conceito, princípios, valores, um

conhecimento ou saber, que, de alguma forma, afete positivamente os sujeitos, em

movimentos que lhes permitam o sentir, instigando-os a uma reflexão41

acerca de suas

práticas e ações com relação ao cuidado do ambiente, fazendo com que ressignifiquem seus

valores para uma real sensibilização da problemática socioambiental, e bem como concebem

novas formas para minimizar ou prevenir seus impactos.

Carvalho e Toniol (2011, p.2) referem-se à ambientalização como:

41

Sobre isso, Paulo Freire trata que “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação

Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, ativismo” (FREIRE, 2015, p. 24).

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Um processo de internalização de valores éticos, estéticos e morais em torno do

cuidado com o ambiente nas práticas sociais e nas orientações individuais. Estes

valores se expressam na sociedade contemporânea em preocupações tais como

aquelas com a integridade, a preservação e o uso sustentável dos bens ambientais.

Os processos de ambientalização têm uma dimensão educativa importante que

reside, sobretudo, na formação ética, estética e moral de sujeitos e instituições

ambientalmente orientados.

Nesse sentido, a construção de espaços para reflexão, ressignificação dos valores e

sensibilização é muito importante para a internalização desses valores, mas, acreditamos que

ressignificar os espaços existentes, como as salas de aula e outros ambientes institucionais

usualmente mais utilizados, pode também favorecer o desenvolvimento do sentimento de

pertencimento institucional, tão importante para que os sujeitos assim como as instituições

possam, em parceria, transformar-se na direção da constituição de uma sociedade sustentável.

Ainda, para Guimarães (2015, p. 41):

A EA por ser criadora de novos valores que criticam os padrões e comportamentos

estabelecidos tem potencialmente antagonismos com o nível institucional; deve-se,

portanto, ressaltar a impotência das ações não formais em EA. As ações geralmente

possuem caráter pioneiro, atuando sobre a sociedade e abrindo espaços para uma

educação formal que será encampada pelas instituições no momento em que as

demandas sociais assim reivindicarem.

Cabe aqui, também, a reflexão de Cortella (2016) quando relata que:

Os valores que criamos produzem uma ‘moldura’ em nossa existência individual e

coletiva, de modo a podermos enquadrar nossos atos e pensamentos, situando-os em

uma visão-de-mundo (uma compreensão da realidade) que informe (dê forma) os

nossos conhecimentos e conceitos (nossos entendimentos); é a partir deles, dos

conceitos, que guiamos nossa existência [...]. (p. 44-45, grifos do autor).

Nesse sentido, os valores criados e/ou ressignificados por nós orientam e norteiam

nossos pensamentos, dando forma aos nossos conhecimentos e coerência às ações por nós

exercidas.

O mesmo autor continua dizendo que “Os valores e conhecimentos não têm,

evidentemente, existência autônoma: dependem, para realizar-se, de humanos que os

elaborem, atribuindo-lhes significados e dando-lhes suporte de manifestação” (CORTELLA,

2016, p. 45). Ou seja, os valores e conhecimentos dependem de nós, seres humanos, para

serem ressignificados, reelaborados e postos em prática em nossas vivências.

Concordando com os autores, entende-se também a necessidade de sensibilizar e

mobilizar a maior quantidade possível de pessoas da comunidade, para que se possa

transformar a realidade dessa problemática, o que está destacada na dimensão seguinte da

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Figura 10, a qual trata da “Consideração dos sujeitos da comunidade universitária e do seu

entorno”.

Isso significa que, para verdadeiramente desenvolver um sentido ou sentimento de

pertencimento e transformar os sujeitos na perspectiva de agirem como ecocidadãos42

,

devemos perceber as interações entre os membros da comunidade universitária e o ambiente

em que vivem (no campus, em casa, no trabalho e lazer), além de considerar suas visões e

representações, experiências, princípios, valores e saberes, de maneira a formar e sermos

formados para o exercício da cidadania. Assim, poderemos todos atuar como cidadãos

multiplicadores de ações e práticas educativas e sociais instauradoras de uma melhor relação

entre os humanos e deles, com o ambiente que compartilham com outros seres não humanos,

os quais compõem a biodiversidade do planeta.

Guimarães (2015, p. 60) destaca que:

Conforme os princípios básicos descritos pela Educação Ambiental, o planejamento

das ações deve ser essencialmente participativo: professores, alunos, segmentos

comunitários, agentes sociais de uma prática social em que cada um contribua com

sua experiência acumulada, sua visão de mundo e suas expectativas, aflorando

contradições. [...] As pessoas envolvidas nesse processo terão, como um exercício de

cidadania, uma participação ativa na elaboração teórica e prática das ações para o

enfrentamento dos problemas diagnosticados.

Seguindo o processo apresentado na Figura 10, chega-se à dimensão do

“Gerenciamento e monitoramento de bens e/ou serviços ambientais”43

, de onde, tanto

podemos retornar para a organização da instituição – que se utiliza de pessoal especializado e

de outros mecanismos para esse gerenciamento – quanto, continuar nessa relação com a

comunidade e seu entorno, observando que, geralmente, é a comunidade que mais sabe acerca

da realidade e das suas condições, bem como a sua relação com o ambiente em que vivem e

interagem, incumbindo-se da tarefa de manter e gerenciar os bens e os serviços naturais para

sua sobrevivência e a das demais espécies.

42

Conforme a publicação Ecocidadão do Estado de São Paulo, “ecocidadão é a pessoa consciente e que busca

qualidade de vida no planeta Terra. [...] O sujeito consciente de sua missão social é o sujeito igualmente

consciente de sua missão ecológica, de sua responsabilidade com todos os outros seres humanos” (SÃO PAULO,

2012, p. 13). 43

Entendemos por serviços ambientais aqueles cujo o meio ambiente fornece, como a água, o ar, a energia, e o

solo, os quais, também as instituições de ensino ocupam e se utilizam, direta ou indiretamente, no local onde

estão inseridas. Sendo que podemos considerar como importante responsabilidade, o cuidado com a reutilização

e destinação dos resíduos produzidos pelas próprias instituições, de forma a garantir e cumprir o preceito

constitucional previsto no artigo nº 225 de que: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIl, Constituição,

1988).

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108

E por último, ainda na figura 10, como culminância de todas as dimensões anteriores,

temos a dimensão do “Compromisso para transformação da relação ser humano-sociedade-

natureza”, ou seja, o momento em que a cultura de sustentabilidade se consolida como uma

prática efetiva de toda a comunidade.

Deve-se considerar que, para esse compromisso seja firme, duradouro e perpetuado

pelas próximas gerações, a instituição necessita trilhar o processo de ambientalização e

sustentabilidade, de forma a implementar, em suas políticas institucionais, ações, princípios,

objetivos e metas socioambientais, favorecendo a criação de espaços dialógicos para a

formação permanente dos sujeitos, com vistas à modelagem dos currículos, à valorização da

docência, e ao desenvolvimento de princípios, valores e de uma ecologia dos saberes.

Nesse sentido, a Ecologia de Saberes é um instrumento de diálogo entre os

conhecimentos oprimidos, na busca por compreender suas potencialidades e não fragmentá-

los. Assim, conforme Ferreira e Tristão (2015), ela busca fazer com que a ciência dialogue

com os saberes populares, tradicionais, camponeses, indígenas, quilombolas, urbanos, etc., ou

seja, inclui todos os saberes. “Dessa forma, não existem saberes descartáveis. Todos temos

saberes vivenciais que precisam ser respeitados e referenciados quando se trata da prática

pedagógica” (FERREIRA; TRISTÃO, 2015, p. 145).

Portanto, a Ecologia de saberes é um conceito que tem em vista a promoção do

diálogo entre a multiplicidade de saberes, buscando valorizar aqueles que foram oprimidos

diante do modelo monocultural existente nos currículos universitários. Ferreira e Tristão

(2015, p. 145) ainda indicam que “A educação em geral, e a ambiental em particular, é

dialógica e só se concretiza como processo de ensino e aprendizagem quando rompe com a

lógica verticalizada de uma educação bancária, puramente informativa [...]”.

Assim, compreendemos que essa ecologia de saberes não se concretiza numa sala de

aula tradicional e isolada, ou no setor de um gestor administrativo ou pedagógico dentro das

universidades, ela deve se realizar em contextos de uma singular pluralidade de diálogos que

permitam o surgimento das vozes de todos os sujeitos, portanto, um ambiente que oferece

acolhimento para que a diversidade de conhecimentos possa emergir, num processo coletivo e

democrático.

Pretende-se com esse compromisso firmado como culminância das dimensões

apresentadas na Figura 10, preservar o senso de unidade do saber, que pode ser iniciado por

meio da contextualização da realidade da problemática socioambiental na comunidade

universitária, provocando uma sensibilização dos sujeitos que, nesse processo, também são

considerados como sujeitos de saberes, que não só podem, como devem, participar e, dispor,

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com responsabilidade, do gerenciamento dos bens e serviços planetários para a preservação da

vida.

Logo, como destaca Guimarães (2015, p. 34):

A EA apresenta-se como uma dimensão do processo educativo voltada para a

participação de seus atores, educandos educadores, na construção de um novo

paradigma que contemple as aspirações populares de melhor qualidade de vida

socioeconômica e um mundo ambientalmente sadio. Aspectos estes que são

intrinsecamente complementares; integrando assim Educação Ambiental e educação

popular como consequência da busca da interação em equilíbrio dos aspectos

socioeconômicos com o meio ambiente, o que constitui a perspectiva

socioambiental.

Nesse sentido, a educação ambiental integrada à prática institucional visa à construção

de um novo paradigma que compreenda a sustentabilidade socioambiental, a partir, do qual se

possa ampliar a consciência individual para o desenvolvimento de uma consciência coletiva.

Nessa perspectiva, Guimarães (2015, p. 56) ainda indica que:

Não só uma consciência de uma categoria social ou até mesmo de toda a

humanidade, mas a ampliação para uma consciência planetária, comprometida com

a melhoria da qualidade do ambiente. [...] A ampliação da consciência não passa

pela perda da consciência individual e suas possibilidades de atuação, mas incorpora

nessa consciência individual valores e atitudes de união, de solidariedade, de

cooperação da vida como um todo em seu dinâmico equilíbrio planetário.

Ainda, conforme a Figura 10, destacamos os níveis de atuação das universidades que

necessitam estar sinergicamente articulados entre si, assim como aderirem aos princípios e

objetivos da Educação Ambiental, definidos em sua política, promovendo o processo de

ambientalização em suas ações e práticas dentro do contexto institucional. Logo, baseados em

Guerra et al. (2015b), podemos dizer que no nível do Ensino, a ambientalização se apresenta

por meio das Políticas Curriculares, que propõem a internalização da Educação Ambiental nos

Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) e Planos de Ensino (PE) das diferentes disciplinas

presentes nos cursos oferecidos pela instituição.

No nível da Pesquisa, os autores referendados destacam a importância do

estabelecimento de uma nova lógica nas pesquisas produzidas, direcionando-as a uma

ecologia de saberes, isto é, que sejam abertas e considerem aos diferentes saberes existentes

(GUERRA et al. 2015b).

Já no nível da Extensão, podem-se promover as articulações com os demais níveis, a

partir de estratégias e projetos que promovam o envolvimento e o desenvolvimento, junto à

comunidade universitária e seu entorno, favorecendo o estabelecimento de espaços de

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formação e atualização permanentes, para a formação de uma cultura ambiental, que extrapole

os muros e o entorno da instituição, atendendo aos anseios da sociedade no enfrentamento e

na resolução de problemas socioambientais da realidade.

Por fim, é no nível da Gestão institucional que se apresenta a governança

organizacional. Neste nível, as questões relacionadas ao processo de ambientalização e

sustentabilidade são incorporadas nos princípios e diretrizes das políticas institucionais, como

o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e o Planejamento Estratégico (PE).

Também, vale destacar que existe a necessidade de estar sempre retornando e

atualizando as políticas institucionais e de currículo, pois, de acordo com Kitzmann (2009):

“O produto da ambientalização ainda será um processo”, ao qual está sempre em

transformação e constante diálogo entre os sujeitos, pois, de fato, ainda não se sabe como

seria na prática, um espaço ambientalizado.

No entanto, concordamos com Kitzmann (2007; 2009) que a ambientalização já seja o

nome dado a um processo - que dentre outras coisas, visa à integração da dimensão

socioambiental nas atividades institucionais das IES -, contudo, também acreditamos ser um

produto da ambientalização, a constituição das universidades como autênticos espaços

educadores sustentáveis, como indicam as DCNEA (BRASIL, MEC/CNE, 2012), justamente

por entendermos esses, como espaços em e de constantes transformações.

Essas discussões nos remetem a Morin (2005, p. 259, grifos do autor), que ao falar de

Pascal, lembra que este exprimiu o seguinte entendimento: “Considero impossível conhecer

as partes sem conhecer o todo, como conhecer o todo sem conhecer particularmente as

partes”. Logo, tentando pensar esse movimento dentro das discussões desta pesquisa,

podemos compreender que é muito difícil estabelecer um processo de ambientalização sem

que haja a relação das partes - entendidas aqui, como as ações e as práticas socioambientais

presentes na instituição - com o todo - entendido aqui, como as políticas nacionais e globais

do campo socioambiental. Ou seja, o processo de ambientalização passa por se considerar o

nível macro e o nível micro presentes nas políticas e nas ações exercidas a partir da tradução

dessas políticas do campo socioambiental, observando, a partir da complexidade evidente na

área, as similaridades e as discordâncias presentes, buscando maior inter-relação entre esses

níveis.

A partir desse entendimento, e tendo em vista a complexidade do campo

socioambiental, sugere-se que quando colocadas em prática às dimensões sintetizadas a partir

das pesquisas investigadas, que elas sejam compreendidas como dimensões não isoladas, ou

apenas como um roteiro com um passo após o outro, pois como sugerimos no diagrama

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apresentado na Figura 10, compreendemos que, eles possam trilhar caminhos

simultaneamente, exercendo práticas autogeridas que visam à constituição de algo maior,

além da implementação do processo de ambientalização - nesse caso a sistêmica -, que seria o

seu resultado e o foco desse processo, o que determinam as Diretrizes Curriculares Nacionais

para Educação Ambiental (DCNEA), a constituição de cada Instituição de ensino como um

autêntico espaço educador sustentável.

Com esse primeiro movimento realizado, podemos entender que a política

socioambiental e a cultura da sustentabilidade já se encontrariam institucionalizadas na

universidade, conforme destaca Wachholz (2017, p. 40):

[...] as instituições passam a assumir concretamente sua responsabilidade

socioambiental, dando permanência às ações dentro de seus campi. A universidade

como um agente transformador deve propor alternativas e soluções inovadoras

frente às problemáticas ambientais locais e globais e a política ambiental é um passo

importante de um compromisso com a transformação socioambiental.

Conforme a autora, no ambiente institucional de uma universidade, uma política

socioambiental comprova a sua intencionalidade de se constituir como agente transformador

frente à crise socioambiental.

Wachholz (2017, p. 63) ainda ressalta que:

[...] a ambientalização da universidade não se restringe a processos isolados e

pontuais de mudanças dentro das instituições. Esse processo vai ao âmago da

questão ambiental e emerge com transformações profundas em todos os níveis e em

toda comunidade acadêmica.

Nesse sentido, a partir do exposto, pode-se compreender que a ambientalização das

universidades não ocorre a partir de práticas pontuais sem compromisso com a permanência

das ações exercidas, mas sim, que necessita literalmente de uma grande metamorfose, a partir

da qual, se poderá perceber as transformações oriundas do processo de ambientalização nas

instituições.

Frente a isso, e observando o que têm apontado as pesquisas dos diagnósticos

apresentados neste trabalho, revela-se a existência de indícios que podem encaminhar as

universidades à institucionalização, não apenas de um processo de ambientalização curricular,

mas de um processo de ambientalização sistêmica das IES.

Apesar disso, salienta-se que a Figura 10 é fruto do entendimento do autor em relação

aos estudos da dissertação, o que pode ou não, ser considerado para estudos posteriores, ou

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como estratégia institucional para iniciar ou potencializar um processo de ambientalização

sistêmica.

De acordo com o movimento realizado na análise desta pesquisa, ainda resta a

seguinte pergunta quanto aos diagnósticos de ambientalização: No que se avançou nesse

processo desde o trabalho pioneiro dos pesquisadores da Rede ACES?

Tentando responder a essa questão e rediscutindo os dados já apresentados, utilizamos

a Rede ACES como um marco na discussão do conceito de ambientalização curricular dentro

de uma pesquisa voltada para a Educação Superior, na qual já existiam indicadores para

analisar a integração da dimensão socioambiental nas IES – conforme retratado na Figura 2,

na secção 2.1 desta dissertação.

Entretanto, essa mesma pesquisa (da Rede ACES) não indica a existência de discussão

da temática em outras áreas de atuação das IES, além da curricular, como a da pesquisa, a da

extensão e a da gestão, pois toda a pesquisa volta-se prioritariamente, para as questões de

ensino. Por outro lado, observou-se que o Projeto RISU, apresentou uma atenção maior para a

dimensão socioambiental da Gestão das IES.

Conforme discutida e defendida por Kitzmann (2009); Kitzmann e Asmus (2012);

Kitzmann e Mota (2017), a ideia de ambientalizar apenas o currículo precisa ser rompida.

Nesse sentido, os autores referendados apresentam o conceito de “Ambientalização

Sistêmica” - ressignificado na Figura 10 -, pelo qual as IES integram a dimensão

socioambiental também, nas dimensões de pesquisa, extensão e gestão (conforme apresentado

na Figura 12 a seguir), o que vem ao encontro das discussões e pesquisas desenvolvidas na

UNIVALI durante o Projeto CNPq e FAPESC, as quais também trazem, como arcabouço

teórico-metodológico, o conceito de Ambientalização Curricular, a partir de Gonzalés Muñoz

(1996).

Figura 12: Ambientalização Sistêmica envolvendo as interações entre os eixos

organizacionais da Universidade e as dimensões da Ambientalização Curricular, mediados

pela Educação Ambiental e a Gestão Ambiental.

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Fonte: Kitzmann e Mota (2017, p. 182).

Discutindo o conceito, Kitzmann e Asmus (2012. p. 269), explanam que a

Ambientalização Sistêmica visa, “[...] avançar no conceito de ambientalização ao incorporar a

ressignificação socioambiental tanto de conteúdos e metodologias quanto de estruturas

educativas, num processo abrangente e globalizante”. Ou seja, a ambientalização curricular

estaria ligada, estritamente, à atuação das Instituições de Educação Superior na área de ensino

(mesmo que ligado à pesquisa, extensão e gestão, estas estariam voltadas ao ensino), e à

ambientalização sistêmica, abrangendo o funcionamento integral das instituições – todos os

setores conversando.

A partir dos estudos de Kitzmann (2017)44

, Kitzmann (2009) e Kitzmann e Mota

(2017), foi compreendido que a ambientalização curricular refere-se às modificações

necessárias na estrutura institucional, as quais visam, principalmente, o Ensino. Segundo os

mesmos autores, a ambientalização sistêmica seria a união entre a ambientalização curricular

e a gestão ambiental, conforme apresentado na Figura 13.

Figura 13: Esquema sobre o processo da Ambientalização Sistêmica nas Instituições de

Educação Superior

44

Palestra em 19 de abril de 2017, nas residências do Centro Universitário de Brusque – UNIFEBE, intitulada

“A ambientalização e o desafio da mudança”, onde a autora apresenta os desafios da Universidade Federal do

rio Grande – FURG na busca para a ambientalização.

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Fonte: Adaptado pelo pesquisador, a partir de Kitzmann (2017).

Nesse sentido, e a partir do que foi verificado no andamento dos instrumentos dos

diagnósticos, o que buscamos e almejamos como utopia concretizável é a Ambientalização

Sistêmica, pois se trata de ambientalizar todos os espaços institucionais em um sistema de

corresponsabilidade e envolvimento de todos os setores das universidades.

Ainda, é importante esclarecer alguns pontos para o entendimento da Figura 13 e de

algumas discussões já estabelecidas:

Ambientalização Curricular: envolve o currículo, a dimensão do ensino nas

universidades. Quando investigada a ambientalização curricular na pesquisa, extensão

e gestão, isso ocorre em detrimento do ensino, ou seja, desde que faça relação ou afete

o ensino (currículo). Nessa, é imprescindível que a Educação Ambiental seja

desenvolvida de forma interdisciplinar, assim como já foi discutido anteriormente,

pois é na construção do Projeto Político Pedagógico45

de curso, nas ementas das

45

Veiga (2004) apresenta três pontos essenciais para exprimir a especificidade do projeto: o entendimento de

que o projeto é uma antecipação, pois trata projetar uma visão de futuro a partir de orientações a serem feitas no

presente; que o projeto tem uma dimensão utópica, nos levando a entender que essa visão de futuro é algo

transformador, transforma a realidade, pois isso é um futuro a ser concretizado a partir de ações; e que, o projeto

pedagógico carece ser resultado de uma participação coletiva, gerando sentimentos como o de pertença e de

identidade institucional.

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disciplinas, que se define o que será desenvolvido na prática didática, na práxis46

docente em sala de aula.

Ambientalização Sistêmica: não existe hierarquia entre ensino, pesquisa, extensão e

gestão, por mais que a ambientalização curricular seja uma das suas dimensões, ela

envolve toda a instituição e não apenas o currículo (ou o ensino). Acreditamos, cabe

dizer, que além da ambientalização curricular e da gestão ambiental, como sugere

Kitzmann (2007), para uma ambientalização sistêmica de fato, tem-se a necessidade

de considerar o sentimento de pertencimento47

(assim como ilustrado na Figura 10), e

talvez até cogitar o conceito de inclusão48

, tanto em relação aos acadêmicos, quanto

aos docentes, gestores e comunidade universitária em geral. A ambientalização

sistêmica defende a integração da Educação Ambiental na instituição como um todo, e

não apenas na questão curricular, por isso, a necessidade da religação dos saberes, das

funções institucionais, do pertencimento, para a reforma do pensamento universitário.

Gestão Institucional: envolve todas as decisões das instituições, desde a contratação

de serviços até a expedição dos diplomas dos acadêmicos. Gira, principalmente, em

torno da administração e do funcionamento geral do campus.

Gestão Ambiental49

: envolve apenas a questão ambiental, ou seja, os cuidados com a

destinação correta dos resíduos, a reutilização de materiais, os cuidados para a não

agressão ao meio ambiente e sua biodiversidade, ao bom uso da água e energia, e

também diz respeito à infraestrutura do compus, à contratação responsável, à compra

“verde”, ao licenciamento ambiental, entre outros. Cabe salientar que toda gestão

ambiental é institucional, mas nem toda gestão institucional é ambiental, no entanto,

toda a gestão institucional necessita ser ambientalizada.

Em meio a essa discussão conceitual, Leff (2012, p. 28) nos relembra que:

46

De acordo com CORTELLA (2016, p. 41) a práxis é uma “ação transformadora consciente” que é única do

ser humano tendo “ [...] por finalidade a alteração da realidade de modo a moldá-la às nossas carências e inventar

o ambiente humano sobre o mundo e de sua apropriação (ação de tornar próprio) por nós”. 47

Da mesma forma, na síntese da discussão dos trabalhos do GT´s do IV Seminário Sustentabilidade na

Universidade, onde Figueiredo, Guerra e Carletto (2014), destacam dentre outros aportes, que a ambientalização

pede o sentimento de pertencimento a instituição. 48

Em função do foco desta pesquisa, essa discussão sobre a inclusão não será realizada, no entanto lança-se a

ideia para pesquisas futuras. 49

Quando da elaboração da Figura 10 separamos a Gestão Ambiental da Gestão Institucional, por entendermos

que esta modalidade de gestão não deve ocorrer ou ser emanada apenas da alta gestão universitária, pois

compreendemos que toda a instituição pode participar provocando o desenvolvimento de um sentimento de

pertencimento institucional de toda a comunidade universitária.

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116

A crise ambiental lança um mot d´ordre [palavra de ordem] às ciências, buscando

sua reintegração interdisciplinar e sua reunificação sistêmica, guiadas por uma visão

global, um paradigma ecológico e um pensamento complexo. A fragmentação do

conhecimento aparecia como causa da crise ambiental e como um obstáculo para a

compreensão e a resolução dos problemas socioambientais complexos emergentes

(LEFF, 2012, p. 28).

Diante desse contexto apresentado por Leff (2012), e apesar do entendimento

generalizado que existe muita dificuldade em integrar a Educação Ambiental a todas as

disciplinas dos diferentes cursos, defende-se a ideia de percurso formativo, assim como

Kitzmann (2014) e Kitzmann e Mota (2017):

Entende-se que os processos de constituição dos indivíduos se configuram por meio

desse percurso, que vai da sensibilização à cidadania ambiental, garantindo que os

sujeitos desenvolvam as capacidades de participação efetiva e qualificada

característicos do objetivo maior da EA, ou seja, a última etapa do Percurso

Formativo.

Essas etapas, que são os objetivos da EA de acordo com os documentos citados,

também podem fazer parte de objetivos de aprendizagem das diferentes disciplinas e

de outros espaços pedagógicos do curso a ser ambientalizado. Sendo assim, uma

forma de operacionalizar a ambientalização é transformar esses objetivos da

EA em seu eixo estruturante, transversalizando os temas, de forma que, ao final

do curso, o aluno terá passado por todas as oportunidades de abordagens dos

mesmos (KITZMANN; MOTA, 2017, p. 185, grifo nosso).

Tentando elaborar uma possível estratégia para a operacionalização da

Ambientalização na Educação Superior, Kitzmann e Mota (2017) apresentam o “Percurso

Formativo”50

(KITZMANN, 2014) como eixo estruturante aos seguintes passos: Definição

das temáticas; Identificação das possibilidades de incorporação; Operacionalização; e

Implementação51

.

Frente a isso, Baldin, Heidemann e Galli (2016) entendem que a Educação Ambiental

pode ser considerada como um elemento estratégico que necessita estar presente em todo o

percurso da formação acadêmica, fazendo com que o sujeito reflita sobre seu comportamento

e consiga mudar suas atitudes com relação à integração humana na natureza.

Esse entendimento vem ao encontro da constatação de Cortella (2016, p.46, grifos do

autor) quando ele afirma:

50

Cabe salientar que os autores referendados apresentam o ideia de percurso formativo para os cursos de

graduação. No entanto, o percurso formativo serve para qualquer ação, seja na educação formal, seja na

educação não forma ou informal. 51

Melhores informações no artigo: KITZMANN, D.; MOTA, J. C. Ambientalização Sistêmica nas Instituições

de Educação Superior. In: FIGUEIREDO, M. L. [et.al.]. Educação para ambientalização curricular: diálogos

necessários. São José: ICEP, 2017.

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117

Ora, o principal canal de conservação e inovação dos valores e conhecimentos são as

instituições sociais como a família, a igreja, o mercado profissional, a mídia, a

escola etc.; tal como mencionamos, ao contrário dos outros seres vivos, os humanos

dependemos profundamente de processos educativos para nossa sobrevivência,

(não carregamos em nosso equipamento genético instruções suficientes para a

produção da existência) e, desse prisma, a Educação é instrumento basilar para nós.

Compreende-se, então, que a universidade é uma dessas instituições sociais, cuja

função é a educação, e sob esse prisma, ela pode contribuir para a conservação,

ressignificação e inovação dos valores e conhecimentos a serem mediados.

No que se refere à gestão, Kitzmann e Mota (2017), também discutem a

ambientalização da estrutura organizacional, a qual segundo os autores visa: “[...] incorporar a

dimensão socioambiental nas diretrizes das políticas institucionais de planejamento e gestão

dos seus espaços naturais e construídos” (op. cit., 2017, p. 188).

Também, ao refletir sobre essa estratégia de Kitzmann e Mota (2017) através do

percurso formativo, percebemos que ela nos remete a uma abordagem/disposição transversal

da ambientalização nos cursos, a qual Boff (1999, p. 19) nos auxilia a entender quando diz

que:

A singularidade do saber ecológico consiste na transversalidade, quer dizer, no

relacionar pelos lados (comunidade ecológica), para frente (futuro), para trás

(passado) e para dentro (complexidade) todas as experiências e todas as formas de

compreensão como complementares e úteis no nosso conhecimento do universo,

nossa funcionalidade dentro dele e na solidariedade cósmica que nos une a todos.

Deste procedimento resulta o holismo (hólos em grego significa totalidade). [...] Ele

traduz a captação da totalidade orgânica e aberta da realidade e do saber sobre esta

totalidade.

Desse modo, a partir do que apresenta Boff (1999), podemos entender que o processo

de ambientalização, principalmente a sistêmica, apresenta-se como uma ferramenta e/ou

dispositivo para “organizar” e/ou encaminhar as instituições de Educação Superior para um

processo de ensino, que favoreça o entendimento do saber sobre sua totalidade, o

conhecimento disponível sobre o nosso lugar universo.

Nessa direção, acreditamos que a universidade possa assumir uma postura dialógica

para alcançar uma ecologia de saberes.

Logo, por lógica dialógica ou pericorética, como indica Boff (1999, p. 49), entende-se

que:

[...] se procura o diálogo em todas as direções e em todos os momentos. Por isso

supõe a atitude o mais inclusiva possível e a menos produtora de vítimas. A lógica

do universo é dialógica: tudo interage com tudo em todos os pontos e em todas as

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circunstâncias. Esta circularidade foi expressa pelos gregos pela expressão

pericórese, que significa filologicamente: circularidade e inclusão de todas as

relações e de todos os seres relacionados.

Nesse sentido, considerar a Ambientalização Sistêmica como um processo para a

ambientalização de todos os espaços e ações das Instituições de Educação Superior, seria

também, em contrapartida, considerar a Ambientalização Curricular e a busca pela

sustentabilidade das IES, que buscam se tornar autênticos Espaços Educadores Sustentáveis

como definidos nas DCNEA.

Por outro lado, Riojas (2003) apresenta três níveis distintos para se trabalhar a

incorporação da complexidade ambiental52

nas universidades. O primeiro é o nível

conceitual-paradigmático, que trata da necessidade da transcendência do paradigma da

compartimentalização, que desarticula as áreas de conhecimento gerando núcleos duros. Para

tanto, através de métodos inter e transdisciplinares pode-se trabalhar os multifatores que

envolvem e comprovam a complexidade ambiental. É importante nesse processo, a

internalização da dimensão ambiental como parte do objeto de estudo e trabalho das

diferentes disciplinas dos cursos universitários.

O segundo nível apresentado por Riojas (2003) é o pedagógico-didático, o lócus da

ambientalização do conhecimento, onde se articulam os campos disciplinares que compõem a

complexidade ambiental. Ele reque o desenvolvimento e a elaboração de conceitos,

habilidades e atitudes através de estratégias e técnicas pedagógicas no trabalho educativo,

ressaltando-se que a interdisciplinaridade poderá revelar a incompletude da especialização

histórica das disciplinas presentes no treinamento profissional, e também, estabelecer

conexões entre os campos de conhecimento que não andam juntos.

O terceiro nível apresentado é o ético-epistemológico (RIOJAS, 2003), que trata da

produção e construção do conhecimento como algo ativo, em que o educador e o educando

são coparticipes do processo de aprendizagem. Aqui, a aprendizagem dos sujeitos está

extremamente relacionada à integralidade da pessoa humana, para quem o conhecimento

torna-se significativo pela sua relação com o racional e o afetivo. Isso, ao passo da

recomposição do pensamento instigado para a elaboração de um projeto socioambiental, que

reflita sobre a sustentabilidade da vida humana e não humana no planeta em que coabitamos.

52

Ao tratar de uma revolução do pensamento a partir da complexidade ambiental, Leff (2002, p. 196) indica que

isso implica numa “[...] mudança de mentalidade, uma transformação do conhecimento e das práticas educativas,

para se construir um novo saber, uma nova racionalidade que orientem a construção de um mundo de

sustentabilidade, de eqüidade, de democracia”.

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Cortella (2016) corrobora com o terceiro nível de Riojas (2003), quando discute o

seguinte:

Ética e meio ambiente. Pareceria uma coisa muito estranha que um professor ou uma

professora fizesse uma relação entre esses dois pares. Afinal de contas, dá a

impressão, às vezes, que ética lida só com sociedade, lida só com pessoas, com seres

humanos na relação entre nós. E quando se fala em ética e meio ambiente, há uma

certa estranheza, supondo por exemplo, que a nossa relação com o mundo, com a

natureza, com os outros seres vivos, com as outras formas de existência que o nosso

planeta carrega, elas deveriam ficar voltadas apenas para o campo da biologia ou até,

como infelizmente cada vez mais acontece, para a ecologia. No entanto, há sim, uma

ligação direta entre ética e meio ambiente e nós, educadores e educadoras, temos de

lidar com isso no dia a dia dentro da nossa sala de aula (CORTELLA, 2016, p. 47).

Conforme Cortella (2016) e outros autores já citados anteriormente, podemos perceber

que existe sempre um distanciamento, ou um entendimento ou representação de que o meio

ambiente, ou a educação ambiental, por assim dizer, não são atributos de todas as disciplinas.

No entanto, assim como afirmado pelo autor, nossa relação com o meio ambiente é,

sobretudo, ética, justamente por compartilhamos esse ambiente com outras diferentes formas

de vidas.

Além disso, Riojas (2003, p. 229) afirma quanto às estratégias de incorporação da

complexidade ambiental no trabalho universitário que “[...] é imprescindível entender a

incorporação da dimensão ambiental no trabalho universitário como um processo também

complexo [...]”. Ressaltando ainda, que:

O objetivo, em qualquer caso, deve ser o de ambientalizar a instituição de tal

maneira que o seu funcionamento resultante oriente-se para fortalecer a

sustentabilidade dos diversos processos sociais sobre os quais a universidade tem

algum impacto (RIOJAS, 2003, p. 229).

Entendemos ainda assim como Riojas (2003, p. 239), que:

[...] o desafio consiste em que a instituição que desempenha o papel de produtora de

conhecimento e de possíveis soluções tais problemas da sociedade reflita sobre si

mesma e se empenhe em ser um espaço de construção de esperança para um futuro

sustentável, sob a perspectiva de uma compreensão do mundo e do ser humano mais

integral e complexa.

Finalizamos esta seção compreendendo que a ambientalização das universidades é um

grande desafio lançado para a religação dos saberes e a reforma do pensamento, tanto

universitário, quanto da comunidade, o que é essencial para a constituição de uma cultura de

sustentabilidade frente à racionalidade instrumental e a crise socioambiental.

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120

5.1.1 Critérios de identificação de indícios para o processo de Ambientalização

A partir dos estudos realizados sobre o processo de ambientalização, assim como, dos

três diagnósticos investigados, foi identificado que a partir do Projeto CNPq, o termo

“indicador” não foi mais utilizado, e o grupo de pesquisadores passou a utilizar a expressão

“indícios de ambientalização”.

Para a definição desses indícios, conforme entendimentos sobre esse processo foi

utilizado um único indicador, que seria o da presença e/ou ausência dos mesmos, levando-se

então em consideração as 11 dimensões (de “A” a “K”) propostas no Projeto FAPESC (Ver

Figura 7, capítulo 4). Nesse sentido, a partir do caminho metodológico proposto nesse

Projeto, conforme Figueiredo, Guerra e Andrade (2017a), a análise dessas dimensões poderia

revelar assim as potencialidades e fragilidades para inserção do processo de ambientalização

curricular dos cursos de graduação das IES. Em síntese, compreendemos que as

potencialidades e as fragilidades do processo de ambientalização se encontram na presença ou

na ausência de algumas estratégias, ações e práticas desenvolvidas pela comunidade

universitária, assim como de alguns dispositivos que favoreçam a implantação e a

institucionalização do processo de ambientalização nas Instituições de Educação Superior.

Nesse sentido, e a partir dos diagnósticos de ambientalização e sustentabilidade

aplicados na UNIVALI, especialmente das entrevistas com gestores e docentes, e também

com base nas leituras e nos diagnósticos de outras IES estudados (ver quadro 2, capítulo 3), e

a partir das oito dimensões propostas pela Figura 10, apresentada nesse capítulo, podemos

destacar os seguintes critérios de identificação de indícios para o processo de ambientalização,

os quais podem ser definidos por meio da presença ou ausência dos mesmos quando se realiza

o diagnóstico do processo de ambientalização nas IES:

5.1.1.1 Quanto às políticas institucionais e de currículo:

- Tempo destinado a ações e práticas relacionadas à educação ambiental e sustentabilidade

socioambiental;

- Recursos de ordem financeira e humanos;

- Compromisso institucional dos gestores com a construção da política institucional de

ambientalização;

- Articulação com o processo entre os setores de: ensino, pesquisa, extensão e gestão;

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- Articulação entre os documentos institucionais e curriculares;

- Integração entre o ensino e extensão com a pesquisa na Pós-graduação;

- Pesquisas e atividades extracurriculares com o tema da sustentabilidade;

- Construção participativa do Projeto Pedagógico;

- Presença da EA como linha de extensão obrigatória;

- Pesquisas com a temática da sustentabilidade socioambiental;

- Avaliação da incorporação da temática socioambiental nos cursos de graduação e pós-

graduação;

- Institucionalização da questão ambiental em todos os níveis e modalidades de ação da

universidade: ensino, gestão, pesquisa e extensão.

5.1.1.2 Quanto aos espaços de formação permanente:

- Ações de Formação de docentes, gestores, corpo técnico administrativo e colaboradores;

- Oferecimento de Cursos relacionados ao campo ambiental;

- Existência de Estruturas facilitadoras/mediadoras nas IES de apoio aos docentes e

coordenadores de curso na adaptação do currículo, introduzindo critérios de sustentabilidade;

- Apoio a Grupos de pesquisa interdisciplinares envolvendo os cursos, centros de ensino e

pesquisadores da Pós-Graduação.

5.1.1.3 Quanto ao currículo, docência e complexidade de diálogos:

- Mudança de percepção do docente também como sujeito aprendente;

- Integração e articulação entre os docentes;

- Projeto Pedagógico permite a cooperação entre as disciplinas por meio de ações

interdisciplinares;

- Currículo dos cursos apresenta conexão entre as áreas de conhecimento;

- Trabalhos de conclusão de curso relacionados à temática da sustentabilidade;

- Identificação de mudanças na percepção sobre a temática por parte dos coordenadores e do

colegiado dos cursos;

- Existência de espaços de discussão para reestruturação curricular;

- Inclusão do tema da ambientalização e sustentabilidade nos editais de pesquisa e de

extensão;

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122

- Oferecimento de cursos de especialização Lato e Stricto Sensu sobre sustentabilidade e/ ou

meio ambiente.

5.1.1.4 Quanto à contextualização das questões socioambientais em nível local, regional,

nacional e global:

- Identificação de mudanças nas concepções que dizem respeito aos padrões culturais quanto

às dimensões da sustentabilidade;

- Divulgação de informações nos mídias institucionais sobre a temática socioambiental e da

sustentabilidade;

- Pesquisas sobre a sensibilização da comunidade universitária sobre o tema da

sustentabilidade.

5.1.1.5 Quanto aos espaços para reflexão, ressignificação dos valores e sensibilização:

- Compreensão do entendimento das representações da comunidade universitária sobre a

temática;

- Nível de discussão da temática socioambiental e da sustentabilidade nos cursos;

- Número de espaços e oportunidades para socialização e a troca de experiências entre os

docentes, coordenadores, gestores institucionais e acadêmicos.

5.1.1.6 Quanto à consideração dos sujeitos da comunidade universitária e do seu

entorno:

- Identificação de Ações cooperativas de ensino, pesquisa e extensão realizadas dentro da

comunidade universitária e no entorno;

- Envolvimento de docentes, discentes e técnicos administrativos no processo de

ambientalização;

- Participação efetiva e continuada da comunidade do entorno nas ações de ensino, pesquisa e

extensão oferecidas pela Instituição.

5.1.1.7 Quanto ao Gerenciamento e monitoramento de bens e/ou serviços ambientais:

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- Existência e efetividade na execução de Planos de gestão de resíduos, água, energia, gestão

de áreas verdes;

- Existência e efetividade na execução de Plano de redução ou compensação de emissão de

gases de efeito estufa;

- Existência e efetividade na execução de Planos para a construção ou a remodelação de

edifícios com critérios de sustentabilidade;

- Existência e efetividade de Estrutura física e ações que permita o deslocamento e

acessibilidade dentro do campus;

- Existência e efetividade na execução de ações para contratação e compra de produtos que

seguem critérios de comércio justo e de inclusão social;

- Existência e efetividade na execução Sistema de Gestão ambiental (SGA) para avaliação de

impacto ambiental;

- Existência e efetividade de Comitê/Comissão própria de sustentabilidade / responsabilidade

socioambiental;

-

- Existência e efetividade na Instalação de equipamentos que utilizem energia renováveis.

5.1.1.8 Quanto ao Compromisso para a transformação das relações ser humano-

sociedade-natureza:

- Efetiva participação dos discentes, docentes e pessoal técnico-administrativos nas ações de

cunho socioambiental;

- Existência de eventos que trabalham a questão socioambiental e da sustentabilidade na

universidade;

- Ações que possibilitem a reforma do pensamento universitário no que diz respeito a uma

cultura da sustentabilidade.

Vale ressaltar, mais uma vez que, essas oito dimensões sugeridas nessa pesquisa, não

significam necessariamente que tais estratégias, ações e práticas fiquem limitadas a uma ou

outra dimensão indicada, até porque, podemos compreender que todas as sugestões passam ou

culminam necessariamente no Compromisso para a transformação das relações ser humano-

sociedade-natureza “importante” dimensão apresentada na Figura 10, bem como no Projeto

FAPESC (quadro 4).

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Tais potencialidades e/ou fragilidades, compreendidas aqui a partir dos critérios de

identificação de indícios para o processo de ambientalização, foram obtidos a partir das

produções dos projetos pesquisados referentes a todas as Instituições de Educação Superior

que tomaram parte nesses diagnósticos, e não somente da Universidade do Vale do Itajaí. Isso

se justifica, por querermos, de certa forma, apresentar o máximo de possibilidades de critérios

para identificação de indícios no que diz respeito à identificação de potencialidades e

fragilidades para institucionalização do processo de ambientalização como política e a cultura

da sustentabilidade como uma possibilidade de que cada IES possam transitar para se

constituir como um espaço educador sustentável.

5.2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

A formulação e implementação de políticas institucionais de Educação Ambiental

constitui-se como elemento facilitador e norteador para todas as ações e práticas das

Instituições de Educação Superior - IES.

O documento “Mapeamento da Educação Ambiental em Instituições Brasileiras de

Educação Superior: elementos para políticas públicas” (BRASIL, 2007), ao tratar de uma

política que norteasse a implantação de políticas institucionais de Educação Ambiental na

Educação Superior, indica que:

[...] uma política de EA para a educação superior deveria prever: a implantação de

programas de EA (que interessem às atividades de docência, pesquisa e extensão),

voltados para a demanda tanto interna como externa às IES; a implantação de

‘núcleos de aplicação da EA’, responsáveis por sua inserção em cursos de

graduação, na extensão, na pós-graduação, bem como pelo desenvolvimento de

projetos de pesquisa nas linhas acadêmicas e de intervenção social; e a formulação

de propostas para a formação ambiental continuada, técnico-profissional e de

professores. (BRASIL, 2007, p. 23-24).

Disso depreende-se que, seria necessário à ampliação dos recursos financeiros que

visassem à implementação e a institucionalização de programas de educação ambiental nas

IES, para o que, conforme discutido anteriormente, faz-se necessária a relação e integração do

nível da gestão das instituições de modo a viabilizar a institucionalização da EA nas

universidades.

Quando da criação deste documento pelo órgão gestor já exista a Lei nº 6.938, de 31

de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecendo

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que a educação ambiental deve ser ministrada a todos os níveis de ensino; a Lei nº 9.394 de

dezembro de 1996, de Diretrizes e Bases da Educação, a qual indica que a Educação Superior

deve desenvolver, nos sujeitos, o entendimento sobre o meio em que vive, e prepará-los para

o exercício da cidadania; e a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, regulamentada pelo Decreto

nº 4.281, de 25 de junho de 2002, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental -

PNEA, a qual necessita estar articulada em todos os níveis educação nacional.

Em meio a esse contexto, o documento sugere ainda alguns efeitos que uma política

pública de Educação Ambiental teria sobre a dinâmica das IES (BRASIL, 2007, p. 24):

Uma política pública de EA para a educação superior deveria, em suas disposições,

privilegiar o enfoque inter e transdisciplinar, inclusive mediante o reconhecimento

dos trabalhos/cursos interdisciplinares por órgãos de financiamento e avaliação [...].

Para promover a interdisciplinaridade e o trabalho integrado entre departamentos e

institutos, preconiza-se a formação de grupos e a criação de espaços e estruturas para

o trabalho coletivo e interdisciplinar, em todas as instâncias (ensino, pesquisa,

extensão e gestão).

Uma política pública de EA específica para o setor deveria ainda incentivar a

reformulação (flexibilização) curricular, para permitir a transversalidade e o

tratamento transdisciplinar e multicultural da temática ambiental em toda sua

complexidade, além de processos participativos e discussões sobre problemas

ambientais locais.

Conforme verificado, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental

- DCNEA estabelecida pela Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012 ainda não tinham sido

criadas, constituindo-se a partir de sua criação, numa política de orienta e normatiza a

integração da educação ambiental, não especificamente para a Educação Superior como

requerido pelo documento do órgão gestor, mas para todos os níveis da Educação Básica e

também a Educação Superior, reafirmando as políticas públicas antecessoras e atendendo às

demandas e às solicitações do referido documento.

Além disso, esse documento da Série “Documentos Técnicos do Órgão Gestor da

Política Nacional de Educação Ambiental” (BRASIL, 2007) também apresenta o papel

estratégico da Educação Superior quanto à formação ambiental dos cidadãos.

As IES constituem um dos principais loci geradores de conhecimentos e têm a

responsabilidade social de constituir-se em espaço educador, bem como contemplar,

em suas políticas e serviços, as demandas de formação da sociedade. A formação

ambiental, associada a um contexto de participação cidadã favorece um diagnóstico

dos problemas socioambientais bem como a necessária implicação individual e

coletiva em sua superação.

As IES representam um importante espaço social para reflexão, formação e difusão

de novas concepções de desenvolvimento e sustentabilidade, participando numa

perspectiva mais ampla do estabelecimento de sociedades mais justas, solidárias e

ambientalmente sustentáveis. (BRASIL, 2007, p. 25, grifos do autor).

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O mesmo documento afirma, também, que o sentido estratégico das universidades,

quando da institucionalização da educação ambiental nos currículos e nas suas práticas, deve-

se à ambientalização da educação e da sociedade, pois:

Por ter como missão a educação profissional e a formação de educadores, este setor

desempenha um papel fundamental na sustentação do processo de incorporação da

EA nos demais níveis de ensino, por meio da formação inicial e continuada, e dos

programas de extensão e pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado).

(BRASIL, 2007, p. 25).

Ainda, uma política institucional de Educação Ambiental ou de Ambientalização

precisaria ser discutida juntamente com a avaliação, as políticas de financiamento e outras

questões correlatas à dinâmica das Instituições de Educação Superior. Além disto, a

formulação de uma política carece do envolvimento e da participação de toda a comunidade

universitária, justamente por que uma política desse tipo tem a finalidade de normatizar e

definir objetivos, princípios, valores, e práticas para nortear a sustentabilidade socioambiental

das IES.

Segundo Baldin, Heidemann e Galli (2016, p. 57) a inclusão da Educação Ambiental e

da ambientalização em cursos de Educação Superior:

[...] nos leva a refletir sobre o verdadeiro papel dessas instituições, e a repensar

importância do tripé formado pela relação ensino, pesquisa e extensão. Com isso,

busca-se rever e ampliar a dimensão das contribuições proporcionadas pelas

Instituições de Ensino Superior (IES) com vistas à formação de cidadãos

comprometidos com o contexto socioambiental onde vivem.

De acordo com as autoras, é essencial rever como se estabelecem os papéis do ensino,

da pesquisa e da extensão dentro das IES. No entanto, conforme já tratado, deve-se dar devida

importância à gestão institucional, sem a qual seria difícil internalizar as questões

socioambientais, nas políticas institucionais e de currículo das Instituições de Educação

Superior.

No que diz respeito às questões socioambientais envolvidas na gestão ambiental em

um campus universitário, e a mudança climática, a Figura 14 expressa às interações entre a

comunidade universitária, no que diz respeito aos fluxos de matéria e energia, pois o mesmo

consome bens e serviços naturais, ou seja, a vida no campus produz resíduos e promove

impactos ambientais, se o compararmos a uma cidade ou município, em uma escala menor

(GUERRA et al., 2015b).

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127

Figura 14: Principais fluxos de um campus universitário.

Fonte: Careto e Vendeirinho (2003, p. 9).

Tomando como referência o que se observa na Figura 14, no que diz respeito às

diferentes dimensões da ambientalização e dos fluxos de matéria, energia, e serviços

ambientais, pode-se inferir que esses aspectos podem ser identificados e foram contemplados

na Política de Responsabilidade Socioambiental – PRS da UNIVALI:

Uma Universidade torna-se exemplo quando os princípios de gestão sustentável

estão impressos nos currículos e no meio ambiente, compondo uma cultura

organizacional. Desta forma, o processo de adequação da Universidade, tanto no

espaço físico como curricular, estabelece parâmetros para aplicação dos conceitos de

desenvolvimento sustentável, estando diretamente relacionada às ações e ao

comprometimento da instituição para a formação de uma sociedade justa e

sustentável (UNIVALI, PRS, 2016, p. 06).

A referida instituição considera ainda que, seu amadurecimento se constituiu a partir

do aprofundamento da responsabilidade socioambiental, principalmente no âmbito das ICES.

A universidade apresenta como destaque:

[...] para a questão da educação em matéria de direitos humanos, sob a forma de

debates institucionais que apontam para a necessidade de se introduzir, nas áreas de

gestão, ensino, pesquisa, extensão e cultura, as diretrizes metodológicas que

transversalizam a diversidade de temáticas relacionadas à diversidade de temáticas

relacionadas à sustentabilidade ambiental e à responsabilidade social com a

promoção e efetivação dos direitos humanos e sociais da comunidade acadêmica

(corpo docente, discente e técnico administrativo), bem como das demais

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128

instituições e sujeitos com os quais a Fundação Univali e suas mantidas interagem

(UNIVALI, PRS, 2016, p. 05).

Nesse sentido, a UNIVALI além de intentar estabelecer princípios para uma gestão

sustentável, como evidenciado em sua PRS, ela instaura debates institucionais objetivando a

modificação da sua estrutura física e curricular com vistas à formação de sua comunidade

acadêmica para a constituição de uma sociedade justa e sustentável.

Assim, tendo em mente que esse compromisso com a responsabilidade

socioambiental53

é um processo contínuo de aprimoramento das práticas institucionais de uma

universidade, a UNIVALI apresenta, em sua Política de Responsabilidade Socioambiental -

PRS, algumas iniciativas que compreendem:

a) Ações afirmativas de defesa e promoção dos direitos humanos e igualdade étnica

e racial; b) Ações de fomento à memória cultural, à produção artística e ao

patrimônio cultural; c) Ações de promoção e defesa do meio ambiente; d) Ações de

inclusão social; e) Ações de desenvolvimento econômico e social, com vistas à

consecução de uma sociedade mais justa, sustentável e com melhor qualidade de

vida; f) Ações de valorização de capital social; g) Ações de inovação social

(UNIVALI, 2016, p. 07).

Essas iniciativas presentes na PRS da universidade, refletem seu compromisso com as

ações que ela exerce para a formação de cidadãos conscientes e envolvidos frente aos

contextos artístico, cultural, econômico e socioambiental.

Também é importante considerar que a Associação Brasileira de Normas Técnicas –

ABNT, através da NBR ISO 14001 (2004) define a política ambiental em seu item 3.11

(ABNT, 2004, p. 3, grifos do autor), como um conjunto de “intenções e princípios gerais de

uma organização (3.16) em relação ao seu desempenho ambiental (3.10), conforme

formalmente expresso pela alta administração”. E complementa com a NOTA A, na qual

menciona que uma “política ambiental provê uma estrutura para ação e definição de seus

objetivos ambientais (3.9) e metas ambientais (3.12)” (ABNT, 2004, p. 3, grifos do autor).

A NBR ISO 14001 (ABNT, 2004) ainda estabelece, como um dos requisitos para um

Sistema de Gestão Ambiental - SGA, a formulação de uma política ambiental, afirmando que:

A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar

que, dentro do escopo definido de seu sistema da gestão ambiental, a política

53

A responsabilidade socioambiental é entendida na Política de Responsabilidade Socioambiental da UNIVALI

(2016, p. 22), como um compromisso das “[...] entidades no sentido de adotar um comportamento ético,

contribuindo para o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade ambiental, da qualidade de vida dos

seus empregadores/colaboradores, de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo”.

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129

a) seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades,

produtos e serviços,

b) inclua um comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção de

poluição,

c) inclua um comprometimento em atender aos requisitos legais aplicáveis e outros

requisitos subscritos pela organização que se relacionem a seus aspectos ambientais,

d) forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas

ambientais,

e) seja documentada, implementada e mantida,

f) seja comunicada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu

nome, e

g) esteja disponível para o público. (ABNT, 2004, p. 4)

No Anexo A da NBR ISO 14001 (ABNT, 2004), que trata das orientações para uso

desta norma, são apresentadas orientações quanto a Política ambiental.

A política ambiental constitui a base sobre a qual a organização estabelece seus

objetivos e metas. Recomenda-se que a política ambiental seja suficientemente clara

para seu entendimento pelas partes interessadas internas e externas e que ela seja

periodicamente analisada e revisada, para refletir as mudanças nas condições e

informações. É recomendado que sua área de aplicação (ou seja, seu escopo) seja

claramente identificável e reflita sua natureza singular, escala e os impactos

ambientais das atividades, produtos e serviços, dentro do escopo definido do sistema

da gestão ambiental.

É recomendado que a política ambiental seja comunicada a todas as pessoas que

trabalham para a organização ou que atuem em seu nome, incluindo os prestadores

de serviço que trabalhem na instalação da organização. [...] É recomendado que a

política ambiental da organização seja definida e documentada pela alta

administração, dentro do contexto da política ambiental de uma organização [...] da

qual faça parte, com o endosso desta. (op. cit., p. 12)

Isso pode ser verificado quando da implantação da Política de Responsabilidade

Socioambiental da UNIVALI, a qual, além das recomendações citadas, anuncia um conjunto

de princípios, diretrizes e ações a serem assumidas, considerando os desafios e as

responsabilidades das Instituições Comunitárias de Educação Superior na constituição de uma

sociedade sustentável (UNIVALI, 2016) e atendendo ao que indicam os documentos, os

marcos teóricos e as políticas do campo educacional e socioambiental, que orientam os

princípios e as metas dos documentos institucionais (PDI e PE).

A implementação dessa política exige o estabelecimento de espaços de debate

permanentes, junto às comunidades interna e externa da instituição, com vistas a sua

institucionalização, em todas as áreas da Universidade, o que vai ao encontro das pesquisas

realizadas na instituição (GUERRA et al., 2015a; 2015c; GUERRA et al., 2017). Para sua

constituição, foi necessária a análise de indicadores sociais e ambientais, considerados como

referências para as novas ações a serem aplicadas no ensino, na pesquisa, na extensão e

cultura e na gestão institucional (UNIVALI, 2016).

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130

Segundo trata a política de responsabilidade socioambiental e o Plano de

Desenvolvimento Institucional da ICES:

Uma Universidade torna-se exemplo quando os princípios de gestão sustentável

então impressos nos currículos e no ambiente, compondo uma filosofia. Desta

forma, o processo de adequação da Universidade, tanto no espaço físico como

curricular, estabelece parâmetros para aplicação de conceitos de desenvolvimento

sustentável. Afinal, a preocupação socioambiental é parte integrante do processo

educativo, que deve ser abordado de forma transdisciplinar, uma vez que é com

ações práticas que se concretiza o processo de mudança (UNIVALI, PDI, 2014, cap.

2, p. 44).

Considerando o perfil comunitário da UNIVALI, apresentam-se os princípios que

orientam a PRS: a) universalidade; b) indissociabilidade entre ensino, pesquisa, extensão e

cultura; c) compromisso com a sociedade; d) excelência na educação; e) responsabilidade da

IES pelos impactos sociais, econômicos e no meio ambiente; f) preocupação e diálogo com as

partes interessadas; g) educação como política social na estrutura de Estado Democrático de

Direito; h) respeito e observância às normas internacionais de comportamento e aos direitos

humanos; i) sustentabilidade; j) transversalidade; k) ética; l) preocupação; m) prevenção; n)

operação; o) melhoria contínua; p) integração de conhecimentos (UNIVALI, PRS, 2016).

Como foi constatado, vários desses princípios da PRS da instituição corroboram para a

institucionalização de um processo de ambientalização, pois contribuem para a internalização

da dimensão socioambiental a partir de alguns desses princípios, como por exemplo, do

princípio de sustentabilidade. Ademais, a nível institucional, essa política se constitui num

avanço, ao definir, a partir de sua responsabilidade socioambiental, princípios que

impulsionem a indissociabilidade entre seus níveis institucionais, o respeito aos direitos

humanos e a integração do conhecimento valorizando a sua complexidade e a preocupação

com o diálogo de saberes.

Nessa perspectiva, como objetivo geral, a PRS pretende:

[...] consolidar um sistema de governança organizacional lastreado nos princípios e

nas diretrizes de responsabilidade socioambiental, norteadores da tomada de

decisões e das ações de identificação e qualificação dos impactos econômicos,

sociais e ambientais, promovendo a cidadania, os direitos humanos e a

sustentabilidade para a atual e futuras gerações (UNIVALI, PRS, 2016, p. 14).

Por conseguinte, a partir do exposto, apresentam-se na sequência, os objetivos

específicos e ações da PRS na Fundação UNIVALI (2016), os quais destacamos no Quadro 6.

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131

Quadro 5: Objetivos Específicos e ações da Política de Responsabilidade Socioambiental na

Fundação UNIVALI.

Objetivo 1 – Promover a

incorporação da cultura de

responsabilidade socioambiental

e dos princípios estabelecidos

na política perante os diferentes

sujeitos, grupos e instituição

com os quais a Fundação

Univali se relaciona e interage.

Ação 1.1 – Implementar a política de responsabilidade

socioambiental da Fundação Univali, submetendo-a à apreciação

das múltiplas instâncias institucionais.

Ação 1.2 – Constituir comissões representativas para a ampliação

do debate e implementação setorial dos conceitos, estratégias e

ações de responsabilidade social na Fundação Univali.

Ação 1.3 – Incorporar o tema na formação continuada dos

gestores, corpo docente e corpo técnico-administrativo.

Ação 1.4 – Elaborar e distribuir material didático acessível aos

diferentes públicos para compreensão e apropriação do conceito de

responsabilidade socioambiental. Como dimensão que

transversaliza a gestão corporativa, o ensino, a pesquisa, a extensão

e a cultura.

Objetivo 2 – Sensibilizar e

orientar a comunidade interna e

externa, fornecedores e

prestadores de serviços em

relação às diretrizes e medidas

de responsabilidade

socioambiental adotadas pela

instituição.

Ação 2.1 – Realizar a campanha permanente que divulgue a

decisão institucional de implementar a política de responsabilidade

socioambiental.

Ação 2.2 – Realizar formação com as áreas e equipes institucionais

responsáveis pela produção e veiculação de informação na/da

Fundação Univali e sua entidades mantidas.

Ação 2.3 – Produzir e difundir peças publicitárias, matérias,

debates e reportagens acerca dos temas relacionados à

responsabilidade socioambiental na Fundação Univali.

Ação 2.4 – Disseminar os requisitos legais e normativos para a

divulgação de informações relacionadas à responsabilidade

socioambiental.

Ação 2.5 – Implantar, de forma permanente, ações, compromissos

e impactos das atividades, produtos e serviços desenvolvidos pela

Fundação no campo da responsabilidade socioambiental.

Ação 2.6 – Fortalecer a imagem e a reputação da Fundação Univali

e suas mantidas no se que se refere às suas ações socialmente

responsáveis, integridade e prestação de contas de suas ações.

Objetivo 3 – Consolidar o

plano institucional de

ambientação e responsabilidade

socioambiental que possibilite a

intervenção consultiva nos

processos decisórios e na

governança institucional.

Ação 3.1 – Implantar, acompanhar e avaliar as ações previstas no

plano.

Ação 3.2 – Analisar compromissos assumidos nos diagnósticos dos

indicadores de sustentabilidade na Fundação Univali no que diz

respeito à política institucional, sensibilização e participação,

docência, pesquisa e transferência de tecnologia, para sua

incorporação nas ações de responsabilidade socioambiental.

Ação 3.3 – Priorizar ações institucionais na área dos direitos

humanos, a partir das dimensões da gestão institucional, da

pesquisa, da extensão e da cultura.

Ação 3.4 – Implantar ações institucionais relacionadas às

melhorias das práticas de trabalho, tendo como foco a gerência de

recursos humanos.

Ação 3.5 – Consolidar ações institucionais de desenvolvimento

regional, tendo como foco as ações comunitárias e a extensão

universitária.

Ação 3.6 – Implementar ações institucionais relativas às práticas

de proteção ao meio ambiente nas dimensões das gestão,

graduação, pesquisa, extensão e cultura.

Ação 3.7 – Definir ações que promovam práticas legais de

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132

operação, marketing leal e garantia do direito ao consumidor a

partir da perspectiva da governança institucional.

Ação 3.8 – Regulamentar juridicamente as decisões e atividades

institucionais relacionadas à responsabilidade socioambiental.

Objetivo 4 – Consolidar a

atuação da Comissão de

Responsabilidade

Socioambiental

Ação 4.1 – Definir as funções da Comissão no que se refere aos

processos formativos, de gestão, de monitoramento e de avaliação

dos indicadores de responsabilidade socioambiental.

Ação 4.2 – Realizar análises documentadas, em intervalos

apropriados, para aferir o desempenho da instituição e identificar a

necessidade de mudanças em programas e procedimentos frente

aos objetivos e indicadores de responsabilidade socioambiental.

Ação 4.3 – Difundir os resultados obtidos no processo de

monitoramento e de avaliação de planos, programas, projetos e

ações de responsabilidade socioambiental.

Ação 4.4 – Instrumentalizar e colaborar com as estruturas

institucionais na revisão de procedimentos operacionais,

objetivando torná-los consistentes com o conjunto de princípios,

diretrizes e temas centrais de responsabilidade socioambiental.

Objetivo 5 – Promover a

integração se sistemas, políticas,

processos e documentos

institucionais na implementação

da política de responsabilidade

socioambiental.

Ação 5.1 – Introduzir a dimensão da responsabilidade

socioambiental nos documentos, atos normativos, projetos,

relatórios, eventos e demais atividades institucionais.

Ação 5.2 – Promover a revisão de documentos legais institucionais

no sentido de vincular a dimensão de responsabilidade

socioambiental às demais dimensões da gestão, do ensino, da

pesquisa, da extensão e cultura.

Ação 5.3 – Aprimorar procedimentos que possibilitem o registro e

a institucionalização da responsabilidade socioambiental nos

planos, programas, projetos e ações da Fundação Univali e de suas

mantidas.

Ação 5.4 – Promover a atualização permanente das prerrogativas

legais, documentos e normas internas que orientam a articulação da

responsabilidade socioambiental no contexto institucional.

Objetivo 6 – Garantir o

cumprimento das diretrizes

ambientais contidas no PDI, no

Planejamento Estratégico e nos

demais documentos

institucionais, com base nos

eixos: a) preservação,

conservação e sustentabilidade

ambiental; b) gerenciamento de

resíduos, efluentes, emissões

atmosféricas e

prevenção/combate à poluição;

c) eficiência energética; d)

urbanização e ocupação

racional; e) educação e

comunicação ambiental.

Ação 6.1 – Implantar programas e/ou ações na gestão

administração, no ensino, pesquisa, extensão e cultura que guardem

sintonia com as diretrizes ambientais da Fundação Univali.

Ação 6.2 – Acompanhar as ações que guardam estrita observância

aos princípios de preservação, conservação e sustentabilidade

ambiental.

Ação 6.3 – Ampliar e consolidar o Plano de gerenciamento de

resíduos, efluentes, emissões e de prevenção/combate da poluição.

Ação 6.4 – Consolidar as ações do Plano de Ocupação dos espaços,

bem como a eficiência energética da instituição.

Objetivo 7 – Implementar as

diretrizes e ações de

desenvolvimento, produção e

preservação cultural e artística

no ensino, pesquisa, extensão e

cultura da Univali.

Ação 7.1 – Socializar as diretrizes institucionais de

desenvolvimento, produção e preservação cultural e artística na

Univali.

Ação 7.2 – Ampliar o diálogo entre as diversas culturas,

garantindo-lhes o direito de reconhecimento e respeito por meio da

qualificação de recursos humanos e da incorporação das políticas

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133

públicas de direitos humanos às áreas da cultura, memória e

patrimônio na instituição.

Ação 7.3 – Ampliar os debates e as pesquisas relacionadas ao

reconhecimento, preservação e divulgação da pluralidade cultural,

da memória e do patrimônio local e regional, bem como constituir

e consolidar espaços de produção e guarda da cultura e arte nas

diversas áreas.

Ação 7.4 – Ampliar a produção de conhecimento e as atividades de

ensino, pesquisa e extensão com ênfase no meio ambiente e no

desenvolvimento sustentável local e regional.

Ação 7.5 – Estreitar o diálogo e a interação com a comunidade e

com os gestores e agentes de políticas públicas de cultura e meio

ambiente.

Ação 7.6 – Incentivar processos de investigação interdisciplinar

sobre questões afeitas ao desenvolvimento urbano, respeito,

reconhecimento e à valorização da cultura, em sua dimensão

econômica e turística.

Ação 7.7 – Ampliar o centro de memória e documentação histórica

da Univali como espaço-referência de programas, pesquisas e

extensão relacionados à cultura, memória e patrimônio.

Objetivo 8 – Implantar um

plano de logística sustentável.

Ação 8.1 – Propor práticas de sustentabilidade, racionalização e

qualidade dos recursos que promovam a melhoria da gestão dos

processos de trabalho, com a definição de objetivos e

responsabilidades, ações, metas, prazos de execução e mecanismos

de monitoramento e avaliação.

Objetivo 9 – Implantar um

sistema de gestão,

monitoramento e avaliação dos

indicadores de ambientação e

responsabilidade

socioambiental.

Ação 9.1 – Incorporar a responsabilidade socioambiental nas

práticas institucionais de compras e de investimentos, gestão de

recursos humanos e outras estruturas e processos organizacionais.

Ação 9.2 – Estimular a participação dos colaboradores nas

iniciativas e atividades relacionadas à responsabilidade

socioambiental na Instituição.

Ação 9.3 – Construir subsídios que possibilitem a análise e a

avaliação periódica dos processos de governança da Instituição

pela Administração Superior, organizando os processos e acordo

om o resultado das análises.

Ação 9.4 – Promover estudos preventivos e iniciativas reparativas

relacionadas à promoção de condições decentes de trabalho na

Fundação Univali, considerando, para tanto, as diretrizes das

legislação trabalhista e a OIT – Organização Internacional do

Trabalho.

Ação 9.5 – Aprimorar a política de saúde e segurança no trabalho,

baseado no princípio de que normas de saúde e segurança, e

desempenho organizacional sólidos se apoiam e reforçam

mutuamente.

Ação 9.6 – Construir o diagnóstico (Due diligence) de

responsabilidade socioambiental.

Ação 9.7 – Implantar um sistema computorizado de

monitoramento e avaliação dos indicadores e temas centrais de

responsabilidade socioambiental no contexto institucional.

Ação 9.8 – Consolidar a implementação dos 17 ODSs (Objetivos

de Desenvolvimento Sustentável) nos programas, projetos, ações e

iniciativas de responsabilidade socioambiental institucional.

Objetivo 10 – Incorporar os

temas de ambientação e

Ação 10.1 – Orientar a ambientação curricular como eixo

transversal nos Projetos Pedagógicos dos cursos de gradação e

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134

sustentabilidade nas ações de

ensino, pesquisa, extensão e

cultura, nos currículos de

graduação e pós-graduação e

nas ações de formação da

comunidade interna e externa.

Projetos de Pós-graduação, inserindo conteúdos e princípios de

educação ambiental e responsabilidade socioambiental, em

consonância com a legislação e as diretrizes curriculares em vigor.

Ação 10.2 – Orientar a incorporação da dimensão socioambiental

nos planos de ensino das disciplinas dos cursos de graduação e pós-

graduação.

Ação 10.3 – Inserir a temática da educação ambiental e

responsabilidade socioambiental na formulação, execução e

avaliação dos documentos e projetos institucionais.

Ação 10.4 – Incentivar projetos de pesquisa e de extensão

interdisciplinares relacionados à educação, gestão e

responsabilidade socioambiental.

Ação 10.5 – Promover a educação e a aprendizagem de forma

contínua com vistas ao desenvolvimento dos saberes e

competências relativas à educação, gestão e responsabilidade

socioambiental.

Ação 10.6 – Consolidar as atividades voltadas para o

desenvolvimento, a produção e a preservação cultural e artística

através de ações de ensino, pesquisa, extensão e cultura, em

consonância com as políticas públicas de cultura, memória e

patrimônio nacional e regional.

Objetivo 11 – Fortalecer o

intercâmbio de experiências

entre Instituições de ensino

Superior e Redes Universitárias

nacionais e internacionais sobre

a incorporação dos temas de

meio ambiente e

sustentabilidade em suas

atividades acadêmicas e

administrativas.

Ação 11.1 – Ampliar e monitorar pesquisas sobre indicadores de

sustentabilidade realizados em parceria com as redes de

universidades nacionais e internacionais.

Objetivo 12 – Promover a

governança institucional e a

gestão ambiental da Univali.

Ação 12.1 – Promover o uso e a ocupação do solo dos campi da

Univali, garantindo a qualidade ambiental das áreas naturais e dos

espaços construídos.

Ação 12.2 – implementar e aprimorar as práticas já existentes de

aquisição de materiais e serviços que atendem e observem as

políticas públicas para compras sustentáveis.

Ação 12.3 – Estimular as compras de produtos ou insumos que, em

seu processo de produção, distribuição e venda, contemplem

práticas de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental,

dando preferência, quando possível, àqueles que possuem

certificação ambiental.

Ação 12.4 – Realizar a integração de ações, sistemas, políticas,

programas, processos e comportamentos decisórios no âmbito da

governança institucional.

Ação 12.5 – Monitorar e avaliar as ações do Plano Diretor da

Univali nos seus campi no que se refere à conservação, preservação

e sustentabilidade ambiental, gestão de resíduos sólidos e efluentes,

eficiência energética, consumo ecoeficiente, urbanização e

ocupação racional dos espaços, mobilidade e acessibilidade.

Ação 12.6 – Contribuir para a melhoria da qualidade de vida,

segurança do trabalho e saúde ocupacional da comunidade

universitária, incorporando e aprimorando as práticas de

mobilidade e acessibilidade, de forma integrada aos demais

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135

aspectos ambientais.

Fonte: Política de Responsabilidade Socioambiental da Fundação UNIVALI (2016, p. 15-20).

No objetivo 1, que visa “Promover a incorporação da cultura de responsabilidade

socioambiental e dos princípios estabelecidos na política perante os diferentes sujeitos,

grupos e instituição com os quais a Fundação Univali se relaciona e interage”, observamos

que sua ação 1.3 pretende “Incorporar o tema na formação continuada dos gestores, corpo

docente e corpo técnico-administrativo”, o que relatam alguns dos entrevistados do projeto

Ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior: subsídios às políticas

institucionais em Santa Catarina. Segundo a Instituição, já houve formação continuada para

os gestores e docentes. Isso demonstra que a política já está sendo implementada, conforme

objetiva a ação 1.1 deste mesmo objetivo.

Ao tratarem da criação de uma política ou de estratégia socioambiental, na

universidade, Marcomin e Silva (2010, grifo dos autores) lembram que o:

[...] progresso nas atividades acadêmicas e na vida do campus é, portanto, uma

responsabilidade institucional, de gestão institucional, enquanto o é, também, de

docentes e pesquisadores e de toda a comunidade interna. Todos deverão aceitar

reeducar-se num contexto de educação ambiental para poderem operar mudança

nesse sentido. Semelhante responsabilidade não é, portanto, exclusiva da Alta

Gestão da universidade, mas é inerente a ela, residindo ao nível da reitoria e das pró-

reitorias, órgãos da universidade que possuem, por definição, uma visão global da

organização, e aos quais incumbe tomar decisões com impacto em toda a instituição

(p. 183, grifo dos autores).

Figueiredo et al. (2015, p. 191-192) também indicam que:

[...] a criação de uma Política Institucional, construída em um amplo processo de

ambientalização, exige uma série de transformações nas IES. Este processo, dentre

uma série de outras demandas, requer que sejam estabelecidas metodologias e

estratégias que permitam não só identificar indícios da incorporação das diferentes

dimensões da sustentabilidade em todos os contextos e espaços das comunidades

universitárias, como também avaliar a construção e/ou a implementação das

Políticas de Ambientalização e de Responsabilidade Social nas universidades.

Ou seja, a partir da criação de uma política institucional de educação ambiental ou de

ambientalização – por assim dizer – originam-se às demandas quanto a suas exigências,

trazendo e oportunizando diferentes transformações em suas instituições, assim como na sua

intencionalidade de educar para a sustentabilidade socioambiental, cujas demandas são

essenciais para o processo de ambientalização e a transformação das Instituições de Educação

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Superior para Espaços Educadores Sustentáveis bem como determinam as DCNEA (BRASIL,

MEC/CNE, 2012).

A respeito do objetivo 2, da mesma política, o qual trata de “Sensibilizar e orientar a

comunidade interna e externa da universidade, incluindo fornecedores e prestadores de

serviços, com relação às diretrizes e medidas de responsabilidade socioambiental adotadas

pela instituição”, e o objetivo 10 que trata, dentre outras coisas, de “incorporar os temas de

“ambientação” e sustentabilidade nas ações de formação da comunidade interna e externa”,

Marcomin e Silva (2010) nos dizem que a temática da sustentabilidade não pode ser território

exclusivo de docentes e pesquisadores, na medida em que as IES não existem isoladas do

contexto social que as rodeiam.

Do mesmo modo, sendo a universidade uma instituição plural e pluridiversa,

abarcando tradição e inovação – parece consensual que a ciência e o pensamento não

evoluem sem inovação –, ela deverá admitir e conceder espaço para reflexão e

pesquisa sobre elementos alternativos ao pensamento dominante. Elementos

conceituais e caminhos práticos que enriquecem a diversidade em si mesma,

ampliando as bases de um pensamento complexo e, ao mesmo tempo, buscando e

produzindo soluções práticas para a sustentabilidade ambiental (MARCOMIN;

SILVA 2010, p. 179-180).

A ampliação desses espaços, para reflexão e pesquisa, inclui a participação e a

integração entre os docentes e os pesquisadores, a reitoria, os gestores e outros funcionários,

assim como, os alunos, que constituem o foco das IES, incluindo também, as comunidades

que envolvem as universidades, ou seja, toda a comunidade universitária (MARCOMIN;

SILVA 2010).

Nesse sentido, ao tratar do pensamento complexo, Morin (2005) destaca três

princípios envolvidos, a saber: o dialógico, o recursivo organizacional e o hologramático. O

primeiro consiste na dialógica entre fenômenos divergentes, mas complementares, sendo um

exemplo baseado no que Morin (2005) descreve, a analogia com as diferentes funções da

universidade, de ensino, pesquisa, extensão e gestão e, nestes as suas peculiaridades, ou seja,

sabemos que cada dimensão tem a sua função dentro da universidade. No entanto, todas são

universidade, e necessariamente pressupõe-se o estabelecimento de sinergias.

O segundo se refere à relação causa/efeito, em que a causa também pode ser um efeito,

assim como pode ocorrer o contrário, ou seja, essa relação pede por uma ressignificação.

Podemos observar isso na universidade, quando se requer profissionais com saberes e

habilidades pertinentes ao campo socioambiental, mas a própria universidade não oferece essa

possibilidade enquanto instituição formadora.

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137

Por fim, o terceiro trata de dizer que um pequeno holograma apresenta quase a

totalidade daquilo que o representa. Isso significa que não há como ser restrita à parte e nem

ao todo, porque existe uma dialógica entre eles, ou seja, há uma via de mão dupla.

Observando esse aspecto no ambiente da universidade, podemos considerar seus

documentos, tanto institucionais, quanto curriculares, pois existe uma ligação entre o que é

emanado da alta gestão e as considerações e necessidades específicas de cada unidade, seja

curso ou disciplina, que também são consideradas e pertinentes em maiores níveis

institucionais.

Com relação ao objetivo 4: “Consolidar a atuação da Comissão de Responsabilidade

Socioambiental”, ainda não se tem claras ou expostas as suas ações, na prática, assim como

indica o item 4.1, ao explanar que as funções de tal comissão ainda serão definidas.

Já, em relação ao texto do objetivo 5, que trata de “Promover a integração se

sistemas, políticas, processos e documentos institucionais na implementação da política de

responsabilidade socioambiental”, constatou-se, durante a análise documental do projeto

FAPESC que, muitas vezes, a repetição e/ou a indicação de outros documentos institucionais

que referendavam a responsabilidade socioambiental, comprovavam que já existe uma

integração, ao menos nos documentos utilizados para análise na pesquisa.

Pacheco (2003, p. 127), ao tratar da integração curricular, indica que esta:

[...] é um dos parâmetros cruciais das políticas curriculares, pois é o que permite

fazer a interligação do currículo formal – do qual resultam as decisões mais

prescritivas – com o currículo informal, e o mesmo se pode dizer em relação às

decisões resultantes das interações e relações não-previstas oficialmente, ou

clandestinamente e ocultas, que se inscrevem também em uma lógica dos

sentimentos.

Tratando-se da integração entre Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão na universidade,

Marcomin e Silva (2010, p. 174) afirmam que essa “[...] surge como condição sine qua non

para a inserção das questões ambientais, dadas as características transversais e francamente

transdisciplinares da abordagem ambiental e de todo o processo educativo daí decorrente”.

Por meio da PRS e conforme foi constatado, nos seus objetivos 4 e 9, assim como em

suas ações, a universidade constituiu um Comitê de Responsabilidade Socioambiental, o qual

consiste em um órgão colegiado consultivo que tem por responsabilidade, o diagnóstico, o

mapeamento e o acompanhamento permanente dos indicadores de responsabilidade

socioambiental institucional, assim como a construção e a revisão da Política de

Responsabilidade Socioambiental (PRS). Entretanto, constatou-se, durante uma entrevista do

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diagnóstico do Projeto FAPESC, com um dos gestores, que coordena desse Comitê que,

sozinha, essa Comissão não realizará a ambientalização.

Nessa direção, Guerra et al. (2015a, p. 101) salientam que:

A institucionalização da política de responsabilidade socioambiental da UNIVALI,

por meio da formação de uma Comissão para esse fim, pode se configurar em um

espaço de discussão de metodologias e abordagens para ambientalizar as práticas

nos currículos dos cursos de graduação na universidade, de forma articulada com a

pesquisa, extensão e gestão universitária, para que a instituição possa cada vez mais

se adequar as questões ambientais das Políticas Públicas, possibilitando assim sua

transição para se constituir em um EES de referência no campo da sustentabilidade e

responsabilidade socioambiental tanto no âmbito local, quanto nacional e

internacionalmente.

O Comitê de Responsabilidade Socioambiental, conforme verificado na PRS, tem

grande potencial para discutir metodologias e abordagens que podem auxiliar no processo de

ambientalização curricular da instituição. Entretanto, conforme evidenciado por Guerra et al.

(2017, p. 78) “[...] a própria PRS ainda não é bem compreendida”. Também podemos

entender que, em função da PRS ser um documento novo na instituição - de 2016 -, ela ainda

pode não ter sido largamente discutida. Nesse sentindo, constitui-se, ainda, como uma

fragilidade da instituição no trato da sua comunicação para a implementação da referida

política.

Ainda foi salientada como dificuldade, por uma gestora institucional, a relação do

professor como sujeito que também aprende. “A gente tem uma dificuldade maior no

processo de aprendizagem do professor, o professor do ensino superior, de um modo geral,

obviamente há exceções, [...] ele se entende como sujeito da aprendizagem, e não o sujeito de

aprendizagem [...]” (Gestora institucional 1, in GUERRA et al., 2017, p. 79).

Nesse sentido, podemos compreender que existe uma linha muito tênue entre o que é

responsabilidade da instituição - em formar seu corpo docente e técnico administrativo - e o

que se constitui como responsabilidade destes na busca para melhores práticas e atendimento

ao que determinam os documentos institucionais e diretrizes nacionais.

Diante do exposto, é importante retomar o trabalho de González Muñoz (1996), que

indica alguns modelos como possibilidades para a EA se associar ao sistema educativo, quais

seriam: o tratamento disciplinar, onde a EA é uma disciplina específica; o tratamento

multidisciplinar, onde os aspectos ambientais são incorporados, isoladamente, em matérias

diferentes; o tratamento interdisciplinar, onde a EA está presente em todas as disciplinas, que

a vem desde seus próprios esquemas conceituais e metodológicos; o tratamento

transdisciplinar, onde a EA penetra todo o currículo, desde os objetivos até os conteúdos; e o

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tratamento misto, no qual, em algum dos modelos anteriores, se reforça o currículo de EA,

através de alguma disciplina de apoio.

Revisitando o que propõe a autora, entendemos que, para o estabelecimento da

Educação Ambiental e da cultura de sustentabilidade, no processo de ambientalização, em

todos os níveis e, especialmente, no processo educativo, faz-se necessária uma reforma de

pensamento, e também uma reforma curricular, uma vez que:

A reforma curricular é o processo mais importante para facilitar a integração da EA

no âmbito educativo, seja ele formal escolar ou extra-escolar. Sendo assim, vamos

enfocá-la prioritariamente, sem esquecer que de nada adianta um currículo

(re)construído – ambientalizado – que siga as melhores normas, diretrizes e

princípios da EA, se não houver as condições mínimas (como infraestrutura e

educadores capacitados) para a sua implementação, a serem propiciadas pela

reforma institucional que deve acompanhar a reforma e as inovações curriculares

[...] (KITZMANN, 2009, p. 59, grifos da autora).

Observando e ampliando essa questão, é possível notar, também, a intenção

democratizante que busca maior integração entre docentes, discentes e famílias. Para tanto,

seriam exigidas mudanças nas estruturas de participação ou nas salas de aula, além de

mudanças na democratização do conhecimento renovando e ressignificando os conteúdos,

bem como, seria imperativo que se introduzissem inovações das metodologias de ensino e

aprendizagem (RODRÍGUEZ, 2003).

O estudo de Kitzmann (2009), por sua vez, apresenta um caminho metodológico que

ela denomina de ambientalização sistêmica, e o define da seguinte forma:

A ambientalização sistêmica assim caracterizada não está restrita a mudanças nos

conteúdos, metodologias, materiais e atividades, mas comporta também a estrutura

organizacional, prevendo, em termos didático-pedagógicos, a capacitação

ambiental dos docentes e a avaliação do processo educativo e dos seus resultados.

Além disso, prevê que devem ocorrer mudanças institucionais (como a adequação

da infraestrutura e de normas de funcionamento) (KITZMANN, 2009, p. 59, grifos

da autora).

Ainda, segundo a mesma autora: “A ambientalização também está baseada na

ressignificação, com o objetivo de integrar conceitos e referenciais da EA, seja em currículos

já existentes ou em novos cursos, ou em todo o sistema no qual estes fazem parte [...]” (op.

cit., p. 61).

Marcomin e Silva (2010) entendem ainda, que a sensibilização e a conscientização da

comunidade acadêmica sobre a importância do meio ambiente e a ambientalização dos

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currículos devem ser acompanhadas de uma gestão atenta em todos os níveis, bem como deve

contar com a colaboração das diversas instâncias institucionais.

Por fim, salientamos como Gonzalez Muñoz (1996) e Kitzmann (2009), e outros

autores, que a ambientalização é um processo de modificações e inovações nos âmbitos

institucional e curricular, mas que também se estabelece nas relações entre as pessoas e entre

ser humano-natureza.

Marcomin e Silva (2010, p. 181, grifo nosso) alertam que:

Nos casos em que o envolvimento das IES na ambientalização da instituição não

é feito de forma sistêmica e sistemática, tendo em vista a mudança de

mentalidades e da cultura organizacional, os resultados pretendidos ou

anunciados pela instituição não são alcançados, indiciando a necessidade de os

próprios gestores e educadores aprofundarem seus conhecimentos e visão da questão

[...].

Na mesma perspectiva, Guerra et al. (2015a, p. 83), ao refletirem sobre as perspectivas

e desafios do tema ambientalização, enfatizam:

A sustentabilidade, tanto como prática individual e social, requer o desenvolvimento

de atitudes, de habilidades específicas e valores, que na atualidade não ainda

suficientemente presentes ou transversalizados nos currículos e projetos pedagógicos

dos cursos, nos diferentes níveis de ensino, apesar das exigências das políticas

públicas educacionais.

Logo, concordamos com esses autores e autoras quando relatam que, se as iniciativas

voltadas para a ambientalização da universidade ou na universidade, forem realizadas de

modo isolado não se fortalecem mutuamente e não agregam nenhum valor relativo à

sustentabilidade ambiental.

Frente a essas discussões relacionadas à ambientalização da universidade e à criação

de mecanismos para tal, assim como de uma PRS, é interessante notar o GreenMetric World

University Ranking, metodologia criada pela Universitas Indonesia (UI) que, desde 2010,

divulga um ranking dos campi universitários de todo o mundo, ganhando destaque entre as

IES, por medir a sustentabilidade das instituições através de um conjunto de indicadores.

Conforme Wachholz (2017) essa metodologia exige que as IES apresentem

informações detalhadas sobre uma série de indicadores de sustentabilidade, organizados em

seis eixos: infraestrutura; mudanças climáticas e consumo de energia; gestão de resíduos; uso

e tratamento de água; políticas sobre transportes; e educação.

Em 2016, o ranking teve 516 instituições avaliadas, sendo 14 delas brasileiras

(GreenMetric, 2016), dentre as quais, a UNIVALI conquistou o título de ser a Instituição de

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Ensino Superior mais sustentável de Santa Catarina, a 9ª do Brasil e a 345ª entre todas as

universidades participantes desse ranking (MEZONI, 2017).

Tal notícia retrata o compromisso da instituição para com a responsabilidade

socioambiental, nos últimos anos, conforme apresentado neste trabalho. Esta se consolida em

2016 com a aprovação da Política de Responsabilidade Socioambiental da universidade.

Também é importante destacar a experiência e aprendizado acumulada sobre o tema, no

trabalho conjunto de pesquisadores em redes universitárias, no país, - REASul e RASES -, e a

ARIUSA e RISU, na comunidade Latino-americana e do Caribe.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os problemas socioambientais estão cada vez mais presentes nas sociedades, assim

como nas discussões do campo científico e nas Instituições de Educação Superior (IES), as

quais, por sua vez, vêm refletindo a respeito deste desafio, em função da tendência que vem se

consolidando por meio de novos paradigmas educacionais referentes às problemáticas

socioambientais.

Vale salientar, que a institucionalização da Educação Ambiental no âmbito

educacional brasileiro não é tão nova quanto se pensa, ela vem evoluindo desde a

promulgação da Constituição Federal Brasileira - CF (1988), impulsionada pelo Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (1992),

passando pela Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA (1999), pelo Programa

Nacional de Educação Ambiental - ProNEA (2014), e consolidando-se como política pública

com a Resolução que estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Ambiental – DCNEA (BRASIL, CNE, 2012).

Com isso e, a partir das considerações realizadas sobre o processo de ambientalização

na Educação Superior, é possível perceber o quanto as IES necessitam assumir a sua

responsabilidade como instituições formadoras frente à problemática socioambiental.

No período de 2012 a 2017, investigado neste estudo, constatou-se que o processo de

ambientalização na Educação Superior apresentou um desenvolvimento significativo no

âmbito nacional, principalmente na região sul do país, e também no âmbito internacional, em

especial, na América Latina e o Caribe, como observado com as instituições que realizaram os

diagnósticos investigados. Da mesma forma, ocorreu o crescimento no envolvimento dos

pesquisadores e das redes de Educação Ambiental estabelecidas na região em relação à

temática.

No âmbito local, podemos observar que a UNIVALI, uma universidade com

características multicampi e participante desse processo, procura em seus cursos desenvolver

conteúdos e metodologias voltados para além das áreas específicas de formação, ou seja, para

as questões regionais e também para aquelas relativas à temática socioambiental em uma

perspectiva inter e transdisciplinar, buscando cada vez mais ambientalizar e estabelecer uma

cultura de sustentabilidade, tanto em sua organização e política administrativa, quanto no

currículo de seus cursos de graduação, o que se constitui em um desafio e, ao mesmo tempo,

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um compromisso com a produção do conhecimento, saberes e valores ambientais, bem como

na construção de sociedades sustentáveis e justas.

Este compromisso, pode ser representado na implementação de projetos pedagógicos e

planos de ensino que contemplem a Educação Ambiental e a temática socioambiental na

Educação Superior, coerência que foi demonstrada com a criação e a implementação da

Política de Responsabilidade Socioambiental - PRS, conforme apresentado no capítulo cinco

desta dissertação.

No que diz respeito aos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação

Ambiental - PNEA e às Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Ambiental -

DCNEA, pode-se afirmar que há coerência e cuidado para com o atendimento dos marcos

legais nos documentos institucionais (PDI e PE), e nos curriculares de alguns dos cursos de

graduação (aqueles selecionados conforme a metodologia dos projetos nela aplicados), bem

como na constituição de sua Politica de Responsabilidade Sociaoambiental - PRS.

Nesse sentido, podemos considerar que a gestão institucional preocupada com as

pesquisas realizadas sobre a instituição, é fundamental para que todos os esforços e

investimentos sejam direcionados às melhorias dos seus campi, tornando-os espaços

educadores sustentáveis, minimizando e prevenindo os impactos das atividades da própria

universidade nos ambientes em que está inserida, assim como promovendo a

institucionalização de um processo de ambientalização que se amplie para a sociedade como

um todo.

Quanto ao alcance dos objetivos desta dissertação, observamos que todos os cinco

específicos foram contemplados nas análises realizadas no capítulo 5 desta dissertação, sendo

que esses somente foram alcançados a partir do panorama e dos resultados das pesquisas

apresentadas no capítulo 4. No que tange, aos indícios de ambientalização e sustentabilidade,

que podem ser identificados nos documentos institucionais e curriculares da ICES, retomamos

os resultados dos diagnósticos nela aplicados, sendo apresentados também no capítulo 4.

Diante disso, quando retomamos o objetivo geral desta pesquisa, de compreender o

processo de ambientalização e sustentabilidade a partir dos diagnósticos aplicados em uma

Instituição Comunitária de Educação Superior - ICES, no período de 2012 a 2017,

observamos nitidamente que, no início da dissertação, tratava-se muito de ambientalização

curricular. No entanto, no caminhar da pesquisa, observando os dados da empiria - no caso, os

instrumentos e os resultados dos diagnósticos - percebeu-se uma aproximação com o que seria

a ambientalização sistêmica, retratada na literatura utilizada. Ou seja, percebeu-se que os

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instrumentos estão tratando mais da universidade como um todo, e não apenas de sua

dimensão curricular ou em detrimento dessa.

Logo, podemos afirmar que ele realmente é um processo que tende a ser sistêmico

quando e, ao mesmo tempo, curricular, quando observamos cursos específicos. Parafraseando

Kitzmann (2017), para se conseguir instituir um processo de ambientalização sistêmica, é

necessário intervir por meio da ambientalização curricular.

Deve-se evidenciar, também, que conforme foi verificado, a ambientalização na

dimensão curricular ainda é um grande desafio desse processo, juntamente com a dimensão da

gestão, principalmente no que tange à institucionalização da Política de Responsabilidade

Socioambiental - PRS.

Apesar disso, os resultados alcançados sugerem que é possível avançar no processo de

ambientalização promovendo melhor articulação entre o que é definido nos documentos

institucionais (PDI, PPI, PE, PRS), e o que está proposto nos documentos curriculares (PPC,

PE), como indicam, por exemplo, os objetivos específicos da Política de Responsabilidade

Socioambiental - PRS que remetem à garantia do cumprimento das diretrizes ambientais

contidas no Plano de Desenvolvimento Institucional 2012-2018 (PDI) e Planejamento

Estratégico - PE.

Nesse sentido, salienta-se que os Projetos Pedagógicos dos Cursos, compreendidos

como produtos de diferentes sujeitos que integram essas instituições, são de vital importância

para a integração da dimensão socioambiental nos currículos dos diferentes cursos oferecidos

pelas IES, sendo que “[...] o PPC é a diretriz na qual os professores e gestores do curso se

orientam, sendo assim imprescindível que haja clareza nessas orientações referentes à

implementação das práticas interdisciplinares” (SANTOS; MOITA NETO, 2015, p. 985).

Ainda, concordamos com Veiga (2004) quando indica que a complexidade é uma

característica do projeto político-pedagógico, sendo esse o princípio que considera as relações

estabelecidas entre as partes e o todo, e vice-versa. Com isso, e como constatado

principalmente na leitura e compreensão dos resultados do projeto FAPESC, não pode existir

um projeto isolado de ambientalização. Ele precisa sempre estar integrado aos documentos

institucionais que conduzem a universidade o qual, por sua vez, integra um sistema de ensino

que atende às expectativas e forma um projeto de sociedade. Nesse sentido, entendemos que a

complexidade do conhecimento em torno do campo socioambiental lança o desafio da

ambientalização para a organização das atividades de trabalho das universidades.

Conforme foi evidenciado nos três diagnósticos, salienta-se que aqueles desenvolvidos

por rede de pesquisadores, em diferentes IES, não objetivaram estabelecer comparações entre

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os documentos dos cursos, ou entre as instituições investigadas. Em todas as pesquisas, os

dados foram compreendidos como condições de possibilidades de mapear e identificar, dentro

dos próprios cursos das instituições, ações, práticas e estratégias que pudessem ser aplicadas a

outros cursos e/ou disciplinas das mesmas entidades.

Ressalta-se ainda, como resultado desta pesquisa, o entendimento de que a UNIVALI,

como uma Instituição Comunitária de Educação Superior está integrando temáticas

socioambientais aos seus conteúdos e práticas nos âmbitos do ensino, pesquisa, extensão, e

gestão, aderindo aos princípios da ambientalização, de forma a caminhar na direção de

constituir-se como um espaço educador sustentável como determinam as DCNEA (BRASIL,

MEC/CNE, 2012), em seu Artigo 21.

Vale destacar ainda, que nenhuma das pesquisas aplicadas que geraram os

diagnósticos de indícios de ambientalização e sustentabilidade na UNIVALI, observou toda a

matriz curricular dos cursos contemplados – inclusive do campus sede, em Itajaí, o qual foi

investigado nos três diagnósticos. O que se observou, foi que essas pesquisas faziam uma

delimitação das disciplinas por semestres54

.

Nesse sentido, sugere-se que pesquisas futuras se desenvolvam em cursos específicos,

para que, se consiga analisar toda a estrutura curricular, favorecendo um feedback fidedigno

para o curso investigado e contribuindo, ainda mais, para a integração da dimensão

socioambiental em suas ações e práticas pedagógicas.

Também, apresentamos como sugestões para pesquisas futuras sobre a

institucionalização do processo de ambientalização, ouvir aqueles que ainda não foram

ouvidos, ou seja, os discentes da graduação e pós-graduação, como também a comunidade do

entorno das Instituições de Educação Superior, para que se possa realmente considerar e

valorizar as vozes desses sujeitos como de essencial importância a esse processo e ao

estabelecimento de uma cultura de sustentabilidade junto à comunidade universitária e seu

entorno.

Além disso, partindo das considerações da banca, quando da qualificação, e levando

em consideração o entendimento de Boff (1999, p. 101), quando compreende a crise

ecológica como uma doença que deixa a Terra cada vez mais doente, indicando que “a clínica

e o médico especialista são a comunidade humana”, acreditamos ser interessante essa analogia

54

Cabe dizer, que a pesquisa da FAPESC utilizou-se dos planos de ensino das disciplinas correspondentes ao

ano de 2016; no entanto, ainda assim, não houve nenhum curso da universidade, do qual foram analisados todos

os planos de ensino, o que permitiria gerar e apresentar os dados reais dos referidos cursos.

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com a área médica, pois podemos observar a contemplação de dois dos três passos para se

alcançar a cura das doenças, os quais seriam: o diagnóstico, o prognóstico, e o tratamento.

Nessa analogia, o diagnóstico ocorre quando o médico examina o paciente levantando

dados para verificar a situação real do seu estado de saúde. Podemos perceber esse

movimento nas três pesquisas realizadas na UNIVALI, salientando, uma “melhoria da saúde

institucional” no resultado do terceiro diagnóstico, o Projeto FAPESC, justamente por

valorizar a complexidade das práticas institucionais, e considerando os obstáculos para

avançar na reestruturação dos Projetos Pedagógicos dos cursos, no que diz respeito à

integração da Educação Ambiental e da temática da cultura de sustentabilidade e da

responsabilidade socioambiental em todos os cursos. Assim, consideramos o diagnóstico de

extrema importância quando compreendido como início de um processo/tratamento.

O prognóstico, por sua vez, seria o cenário possível diante da situação diagnosticada,

acontece quando o médico recomenda e define - conforme a decisão do paciente - as possíveis

soluções e intervenções a serem seguidas, que definem o tratamento para manter ou recuperar

a saúde. Podemos observar esse movimento, quando da análise desta dissertação, onde

indicamos, na Figura 10 as dimensões essenciais para estabelecer um processo de

ambientalização nas Instituições de Educação Superior, os quais se constituem, nada mais do

que em possibilidades para a institucionalização de um processo de ambientalização que vise

à constituição da mesma como um autêntico espaço educador sustentável.

O tratamento, por sua vez, não contemplado no caminhar desta dissertação, pode ser

compreendido como a aplicação das medidas recomendadas, visando o “restabelecimento da

saúde”. Em outras palavras, são as medidas adotadas que podem levar a “cura”, nesse caso a

institucionalização do processo de ambientalização, como condição de possibilidade de religar

os saberes, fazeres e valores, de forma a impulsionar a instituição a se tornar um autêntico

espaço educador sustentável.

Por fim, é importante destacar que a realização desta pesquisa, a respeito dos

instrumentos para diagnóstico de Ambientalização e Sustentabilidade aplicados na

Universidade do Vale do Itajaí, foi significativa ao passo que suscita o debate a respeito da

integração da dimensão socioambiental nas práticas de ensino, pesquisa, extensão e gestão nas

IES, podendo gerar subsídios para a sua institucionalização, e com isso o estabelecimento de

uma cultura de sustentabilidade nas instituições.

Com isso, abre-se a possibilidade de se realizarem novas discussões e estudos, assim

como abre a viabilidade de se elaborar um panorama do desenvolvimento dos instrumentos

para diagnósticos de indícios de ambientalização e sustentabilidade na Educação Superior,

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evidenciando que este é um processo em constante movimento no sentido de se alcançar a

ambientalização e o estabelecimento de uma cultura de sustentabilidade, tanto na

Universidade do Vale do Itajaí, quanto nas demais IES que participaram das pesquisas no

estado, no país, e na comunidade Latino-americana e do Caribe.

Essa possibilidade de socialização desses diagnósticos realizados no período

investigado, especialmente, no projeto FAPESC, avança significativamente com a criação, em

2015, da Rede de Ambientalização e Sustentabilidade na Educação Superior - RASES, e mais

recentemente, com a publicação do livro “Educação para a ambientalização curricular:

Diálogos necessários” de Figueiredo et al. (2017b) e do guia “Ambientalização Curricular

na Educação Superior: praticar a teoria e teorizar a prática” de FIGUEIREDO et al.

(2017a), com experiências e aprendizados dos quais esse pesquisador também fez parte, e

que contribuíram significativamente na sua formação e na elaboração desta dissertação.

Também é importante destacar o percurso trilhado pelo grupo de pesquisa GEEAS em

todas as pesquisas, coordenadas ou realizadas em conjunto com outras instituições e grupos

de pesquisa, nacionais e internacionais, fazendo parte e compartilhando aprendizados e uma

rica ecologia de saberes e fazeres, por meio de uma grande rede de pesquisa, que tem

colaborado com a integração e valorização desse tema, bem como o fortalecimento da

Educação Ambiental como um campo de pesquisa em constante evolução na Educação

Superior.

Concluímos entendendo que a ambientalização, no âmbito da Educação Superior

promove uma grande movimentação nas IES voltada para uma formação cidadã planetária, ou

seja, o respeito ao ambiente natural, à diversidade cultural e à vida em todas as suas formas,

tanto no nível local, quanto global. Da mesma forma, apresenta-se como um espaço de

diálogo entre os saberes que, juntos buscam maior justiça e equidade social, bem como, o

envolvimento dos sujeitos na proteção e na recuperação do equilíbrio ambiental, para uma

sadia qualidade de vida, rompendo com o atual padrão disciplinar fragmentado.

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