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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013 UMA ANÁLISE SOBRE AS DINÂMICAS DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: O CASO DOS PARQUES TECNOLÓGICOS Ivana Iyulka HORI 1 Lucas Labigalini FUINI 2 Resumo: O presente artigo busca desenvolver um ensaio teórico sobre os eixos de análise da territorialização das atividades científico-tecnológicas, a partir da reestruturação do capitalismo. Dessa forma, optou-se por trabalhar com a temática dos Parques Tecnológicos, abordando conceitos como o de governança, dinâmicas de territorialização-desterritorialização-reterritorialização (T-D-R) e desenvolvimento territorial no âmbito local/regional. Este estudo tem como objetivo compreender, através de determinados referenciais teóricos, a organização socioespacial de um Parque Tecnológico. De tal modo que esclareça as verdadeiras dinâmicas envolvidas no desenvolvimento territorial, bem como revelar os caminhos possíveis de análise condizentes com a realidade imposta. Palavras-chave: Parques tecnológicos; governança; T-D-R; desenvolvimento territorial. Introdução Nos últimos anos discutiu-se muito a temática das estratégias de desenvolvimento territorial. À luz da reflexão, pode-se afirmar que esta concepção teórica e analítica abarca inúmeras discussões pertinentes a organização sócio- espacial de uma determinada sociedade e aos processos capazes de gerar o “desenvolvimento”. 1 Licenciada e aluna de Bacharelado do Curso de Geografia da Univ. Estadual Paulista/Unesp, Campus de Ourinhos. É bolsista de Iniciação científica da Fapesp. Endereço: Avenida Vitalina Marcusso, 1500, Campus universitário, Ourinhos/SP, CEP: 19.910-206. Email: [email protected]. 2 Professor Assistente Doutor do Curso de Geografia da Univ. Estadual Paulista/Unesp, Campus de Ourinhos e coordenador de projeto regular de pesquisa FAPESP. É coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPq sobre "Estruturas de Governança e Desenvolvimento Territorial" e membro do grupo de pesquisa sobre "Processos e dinâmicas territoriais" (DITER). Endereço: Avenida Vitalina Marcusso, 1500, Campus universitário, Ourinhos/SP, CEP: 19.910-206. Email: [email protected].

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Crises do Capitalismo, Estado e Desenvolvimento Regional

Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 4 a 6 de setembro de 2013

UMA ANÁLISE SOBRE AS DINÂMICAS DO

DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: O CASO DOS PARQUES

TECNOLÓGICOS

Ivana Iyulka HORI1

Lucas Labigalini FUINI2

Resumo: O presente artigo busca desenvolver um ensaio teórico sobre os eixos de análise da territorialização das atividades científico-tecnológicas, a partir da reestruturação do capitalismo. Dessa forma, optou-se por trabalhar com a temática dos Parques Tecnológicos, abordando conceitos como o de governança, dinâmicas de territorialização-desterritorialização-reterritorialização (T-D-R) e desenvolvimento territorial no âmbito local/regional. Este estudo tem como objetivo compreender, através de determinados referenciais teóricos, a organização socioespacial de um Parque Tecnológico. De tal modo que esclareça as verdadeiras dinâmicas envolvidas no desenvolvimento territorial, bem como revelar os caminhos possíveis de análise condizentes com a realidade imposta. Palavras-chave: Parques tecnológicos; governança; T-D-R; desenvolvimento territorial.

Introdução

Nos últimos anos discutiu-se muito a temática das estratégias de

desenvolvimento territorial. À luz da reflexão, pode-se afirmar que esta concepção

teórica e analítica abarca inúmeras discussões pertinentes a organização sócio-

espacial de uma determinada sociedade e aos processos capazes de gerar o

“desenvolvimento”.

1 Licenciada e aluna de Bacharelado do Curso de Geografia da Univ. Estadual Paulista/Unesp, Campus de

Ourinhos. É bolsista de Iniciação científica da Fapesp. Endereço: Avenida Vitalina Marcusso, 1500, Campus universitário, Ourinhos/SP, CEP: 19.910-206. Email: [email protected]. 2 Professor Assistente Doutor do Curso de Geografia da Univ. Estadual Paulista/Unesp, Campus de

Ourinhos e coordenador de projeto regular de pesquisa FAPESP. É coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPq sobre "Estruturas de Governança e Desenvolvimento Territorial" e membro do grupo de pesquisa sobre "Processos e dinâmicas territoriais" (DITER). Endereço: Avenida Vitalina Marcusso, 1500, Campus universitário, Ourinhos/SP, CEP: 19.910-206. Email: [email protected].

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O conceito de desenvolvimento territorial, segundo Boisier (1999, p. 7), passa

pelo entendimento do território natural, do território equipado (sistemas de transporte,

infraestruturas e atividades produtivas) e por fim, do território organizado caracterizado

pela maior complexidade de ações referentes à estrutura de administração e

ordenamento jurídico nacional, sendo este tipo de território capaz de promover o

desenvolvimento.

Nesse sentido, a análise das dinâmicas engendradas na constituição de um

Parque Tecnológico considera este “um dos primeiros arranjos urbanos próprios da

sociedade da informação” (DUARTE, 2005), um tipo específico de organização

territorial.

Este artigo, portanto, visa compreender a gestão socioeconômica dos

territórios, entendendo assim, qual a tipologia de governança presente, os possíveis

conflitos no processo de (re) territorialização industrial e os modelos de

desenvolvimento territorial, sob os quais o projeto de parque tecnológico se enquadra,

de tal modo que esclareça as ações e os mecanismos positivos e/ou negativos destas

organizações envolvidas no desenvolvimento territorial, bem como revelar os

caminhos potenciais de análise condizentes com a realidade socioespacial existente.

Parques Tecnológicos: o estado de São Paulo

O surgimento dos parques tecnológicos no Brasil ocorreu no final do século

XIX, decorrente da criação do Programa do CNPq voltado à implantação de

empreendimentos inovadores. O início da discussão centralizou-se na incapacidade

do país de “transformar conhecimento em riqueza“, isto é, a insignificância do Brasil na

produção de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) no contexto mundial.

Segundo Steiner; Cassim; Robazzi (2007), o Brasil detêm apenas 0,2% das

patentes mundiais, sendo que a participação brasileira na inovação é dez vezes menor

do que a participação da produção científica (2%). Outro dado pertinente é que, ao

contrário dos países desenvolvidos, no Brasil de cada quatro pesquisadores, três

estão na academia e um na empresa, diminuindo muito a produção inovativa.

Posto isso, o governo federal brasileiro sentiu a necessidade de criar

mecanismos de incentivo que proporcionassem o crescimento neste setor. Para tanto,

foram implementadas medidas como a Lei da Inovação, Incentivos Fiscais, Fundos

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Setoriais e etc. Com o decorrer dos anos, os parques tecnológicos se tornaram uma

alternativa na promoção de desenvolvimento tecnológico, econômico e social.

O estado de São Paulo, diferente de outras regiões brasileiras, é capaz, devido

à sua economia de escala, de garantir a prospecção tecnológica em diversos setores,

integrando a produção técnico-científica com um parque industrial de empresas

inovadoras e infraestrutura acadêmica. Assim, frente a importância deste novo

paradigma de desenvolvimento, coube a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,

Ciência e Tecnologia de São Paulo estimular a produção e a inovação tecnológica,

procurando criar ambientes propícios para atração de investimentos e geração de

pesquisa.

Esta iniciativa foi representada em 2006, pela formação do Sistema Paulista de

Parques Tecnológicos (SPTEC). Este sistema objetivou auxiliar às equipes locais na

realização de atividades, como: estudos de viabilidade técnica e econômica;

mobilização dos atores envolvidos em cada parque; modelagem financeira e

institucional; contratação e supervisão dos serviços técnicos; seleção das áreas e o

apoio as instituições líderes de cada empreendimento.

Os Parques Tecnológicos, deste modo, são definidos como espaços que

oferecem oportunidade para as empresas transformarem pesquisa em produto,

aproximando os centros de conhecimento do setor produtivo. São ambientes propícios

ao desenvolvimento de empresas de base tecnológica que estimulam sinergias,

tornando as empresas mais competitivas.

A territorialização deste segmento no espaço baseou-se nos fatores de

localização pertinentes a indústria de alta tecnologia, compreendidos segundo Benko

(2002) pela:

Força de trabalho que envolve dois tipos de mão-de-obra: a

qualificada-especializada em maior número comparada com a indústria

tradicional e a mão-de-obra barata para os serviços rotineiros,

caracterizando uma dualidade social aguda.

A maioria das indústrias de alta tecnologia se instalou em zonas de

Universidades e Institutos de Pesquisas, devido, a sinergia e a

colaboração que se pode construir neste ambiente, com trocas de mão-

de-obra especializada e criação de inovação.

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O atrativo da paisagem referente ao bem-estar social oferecido como

diferencial das metrópoles, isto é, observa-se uma tendência de

priorizar ambientes planejados, limpos e seguros como forma de

atração de executivos.

Em relação à infraestrutura de transporte, conta-se mais com a

fluidez e o surgimento de fixos como, os aeroportos, do que a redução

de custos caracterizada nas indústrias tradicionais.

Os serviços e os negócios englobam os serviços especializados como

as consultorias, o acesso rápido a informação (internet) e a

disponibilidade do capital venture relevante ao desenvolvimento do

progresso, da pesquisa privada e na geração de empregos.

Papel dos poderes públicos ou clima político refere-se às facilidades

das providências administrativas e as políticas locais determinantes a

localização destes complexos.

As economias de aglomeração. Segundo Benko (2002), “as

economias urbanas facilitam a formação de redes de informação (...) a

fertilização cruzada só é possível num meio denso”, dessa forma, se

instala uma nova existência social capaz de atrair, uma vez mais, novas

empresas.

De acordo com Santos; Silveira (2004, p.269), esta seletividade territorial

advêm da implantação do meio técnico-científico-informacional sobre um meio

geográfico mecanizado, portador de um denso sistema de relações, gerando

características que interessam ao grupo de atores envolvidos na constituição de um

parque tecnológico.

Em um estudo realizado por Aulicino; Petroni (2012) sobre a temática no Brasil,

verifica-se uma tendência de concentração de parques tecnológicos em municípios

desenvolvidos ou em desenvolvimento. A partir da análise dos indicadores PIB, PIB

per capita e IDH, os autores afirmam que poucos municípios são atendidos com este

tipo de projeto, em razão das vantagens (ou desvantagens) de posição geográfica,

situação econômica, existência de complexo industrial e universidades e instituições

de pesquisa.

No estado de São Paulo encontramos atualmente quatro parques tecnológicos,

consolidados nas cidades de Campinas, São José dos Campos, São Carlos e, o mais

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recente, no município de Sorocaba. Estudos comprovam que estes parques

tecnológicos impactaram de alguma forma os aspectos sociais, econômicos e culturais

locais, sendo eles positivos e/ou negativos. Sobre a gestão do desenvolvimento neste

tipo de estratégia, Vitte (2006) aponta que:

A gestão do desenvolvimento local pode ser analisada pelas ações e estratégias implementadas por vários agentes, em especial o Estado, permitindo avaliar seus resultados sócio-econômicos e também observar como ocorre a materialização dessas estratégias no espaço (ou no ambiente construído), que resultam nas alterações do conteúdo e do significado desse espaço (VITTE, 2006, p.78).

É importante ressaltar que as principais mudanças não envolvem apenas o

crescimento econômico gerado nestes espaços, mas na estrutura organizacional

construída pela sociedade, isto é, há a dinamização do município, já que remete ao

planejamento, a governança e a uma sociedade organizada em prol de determinados

projetos de desenvolvimento.

Território produtivo: uma perspectiva industrial e cultural

A racionalização do espaço geográfico pela incidência de um meio técnico-

científico-informacional, trouxe à luz a discussão dialética existente nas relações

intrínsecas de uma ordem global/local.

Os objetos que constituem o espaço geográfico são intencionalmente concebidos para o exercício de certas finalidades, intencionalmente fabricados e intencionalmente localizados (SANTOS, 2009, p. 332).

O paradigma tecnológico sob o qual vivemos atualmente impõe uma ordem

espacial intencional, isto é, a organização dos atores hegemônicos através do

planejamento - a ação racional – conferindo maior produtividade e dinamicidade

econômica ao espaço em decorrência das expectativas deste período histórico,

baseado no desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação.

Esta nova percepção sobre o território possibilitou a “diversificação e a

ampliação da rede das relações sociais, na qual o local passou a interagir com o

global através da intensificação das trocas econômicas, culturais e simbólicas”

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(BLUME, 2005), resultando, assim, em ações “desterritorializantes” (reorganização

constante dos aspectos informacionais, técnicos, sociais, políticos e econômicos

destes espaços).

Para que esta globalidade da organização espacial se verifique torna-se necessário um certo nível de compatibilidade entre os agentes modeladores da organização espacial [...] quando estes se concretizam, induzem outros agentes a utilizarem as suas mesmas formas espaciais (CORREA, 2000, p. 60).

Contudo, ainda como Santos (2009) defende, cada lugar responde de uma

maneira particular e individual a estes imperativos globais, “reterritorializando” esses

fluxos com sua própria lógica interna através da interação e da comunicação, surgindo

inúmeros recortes e espaços potenciais de ação. O que observamos é a

transformação rápida da paisagem, a adaptação e a inserção destes espaços em

redes de fluxos, emergindo movimentos “neoterritorialistas de (re) enraizamento, que

muitas vezes promovem a (re) construção de identidades tradicionais” (HAESBAERT,

2006, p. 167).

A partir do ponto de vista analítico da dinâmica territorial identificaremos, no

estudo sobre parques tecnológicos, o processo de territorialização, de

desterritorialização e reterritorialização (T-D-R) presentes na construção histórica dos

espaços.

É neste sentido que se coloca o enfoque da dinâmica T-D-R como recurso analítico para uma leitura das dinâmicas sociais [...] diante da flexibilidade que a análise permite para averiguar as articulações dos processos territoriais que conformam permanências, rupturas, simetrias e assimetrias no tempo e espaço, do local ao global, nas dinâmicas sociais que conformam [...] sem perder a referência espacial escalar dos acontecimentos (BLUME, 2005, p.5).

Para compreender a produção do espaço, dentro desta linha de pesquisa -

desenvolvimento territorial – o entendimento de alguns conceitos é fundamental, como

o de território e dinâmicas de T-D-R. Nesse sentido, iremos discorrer de maneira

introdutória sobre tais objetos de estudo, para enfim, ingressar no estudo de parques

tecnológicos.

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O conceito de território e o processo de T-D-R

Partindo de uma visão geográfica, o conceito de “território” é tratado como uma

espacialidade humana e pode ser entendido pela ênfase da materialidade do território

em suas múltiplas dimensões (cultural e política) e escalas, concomitantemente ao seu

sentido econômico, como uma das bases da produção enquanto força produtiva e,

assim sendo, historicamente mutável (HAESBAERT, 2006, p. 37). Associado a

construção e mudanças no território, o conceito de territorialização está imbricado a

ele.

As características gerais do processo de T-D-R, segundo Haesbaert (2006), se

fundamentam em cinco elementos classificatórios: as dimensões sociais

fundamentais, as dimensões/elementos espaciais, as noções correlatas, as tendências

gerais e os dilemas principais.

Para ele, a dinâmica predominante no processo de territorialização encontra-se

na dimensão política e cultural, já que o caráter enraizador (de fixação) está

intimamente ligado à apropriação e ao domínio, isto é, através da ação humana o

espaço se transforma em território, criando uma relação de apropriação da

materialidade que leva a constituição de um vínculo, formalizando o domínio e o

sentimento de pertencimento.

Desse modo, a dimensão/elemento espacial coloca a horizontalidade na

qualidade da superfície e da fronteira - o território - corroborando com os sentidos de

lugar e paisagem (noções correlatas), pois, cria uma identidade, um enraizamento e

uma forma de controle. “A organização espacial é assim constituída pelo conjunto das

inúmeras cristalizações criadas pelo trabalho social” (CORRÊA, 2003, p.57). Sendo os

dilemas principais a segregação sócio-espacial e o conservadorismo.

Em contrapartida, o processo de desterritorialização pode ser entendido como

a “desconstrução ou desenraizamento” dos territórios, no sentido em que a economia

informacional, com seu novo modelo de acumulação, direciona padrões e estratégias

mundiais conformando modificações simbólicas no âmbito local. É neste momento em

que se observa a ruptura das condições do processo de produção/reprodução de um

grupo específico, caracterizado pelas necessidades e objetos formalizados no

território, reflexo do trabalho social praticado (CORRÊA, 2003, p. 55).

Assim, a acentuação da dimensão econômica e política torna-se uma das

características deste processo, sendo a dinâmica do capital predominante à dimensão

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cultural. De tal modo que os elementos espaciais encontram-se no formato hierárquico

de polos e fluxos - redes – e as noções correlatas assemelham-se ao “meio” ou ao

“não-lugar”, homogeneizando os espaços e configurando-os como sem identidade.

Um dos padrões referentes ao estudo da organização do espaço, definido por

Lévy (1992) como o “o mundo como rede hierarquizada”, aborda a desterritorialização

como elemento chave na compreensão da sociedade em rede, na qual, o principal

fundamento é a ativação de pontos e linhas, chegando-se à criação de novos espaços.

O acesso ou não à informação (comunicação e circulação) transforma-se em um

recurso de base (mercadoria) atrelado ao comando de todo o processo de T-D-R

(HAESBAERT, 2006).

Dessa maneira, este processo está sendo associado constantemente com o

fenômeno da globalização. Contudo, se analisarmos esta “destruição de territórios”

sob outra perspectiva, identificaremos um processo concomitante de surgimento de

novos territórios. A reterritorialização proporciona, assim, o início de novas relações e

práticas sociais que definem novos localismos. Além disso, este processo também se

caracteriza como resistência a mercantilização e a homogeneização dos territórios.

Posto isso, podemos concluir que a cada inovação gerada neste movimento

perpétuo de mutação se chegará a uma reterritorialização sincrônica e diacrônica, de

acordo com cada produção territorial tomada por determinada sociedade.

Os mecanismos de territorialização das empresas

No período tecnológico, “o espaço se caracteriza por ser organizado e

reorganizado, dentro de uma matriz global, como função de interesses distantes”

(SANTOS, 2003, p.125), sendo as grandes empresas o mecanismo pelo qual a lógica

do capital se estabelece.

A seletividade espacial das empresas gera no território um desequilíbrio

funcional dos espaços, aqueles que agregam algum tipo de externalidade, atrativo

técnico ou normativo se transformam em pontos luminosos, pois aperfeiçoam a

capacidade de produção e/ou consumo de uma sociedade, correspondendo à lógica

capitalista de acumulação. Ou seja, o uso hierarquizado do território remete a lógica

territorial das empresas, a constante busca pela mais-valia global.

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O centro e a periferia então se constroem através da divisão territorial do

trabalho, da concentração produtiva e da centralização financeira durante o processo

de formação do "mercado interno" (EGLER, 2006, p.216). As empresas são, assim,

capazes de engendrar uma “guerra entre lugares” fundamentada na produção de

circunstâncias vantajosas para sua instalação e permanência (SANTOS; SILVEIRA,

2004, p. 296).

Nota-se, dessa forma, a origem da competitividade entre os lugares, que

segundo Brandão (2007) “estabelece um verdadeiro certame de localização, em uma

interminável contenda por estabelecer posição máxima na gradação de ofertas

tributárias, de terras e infraestruturas etc”.

As relações desenvolvidas pela sociedade no espaço geográfico fazem com que novos territórios sejam construídos ou velhos sejam reformulados para atender as novas demandas do capital que faz com que se amplie cada vez mais a diferenciação entre os lugares (MARIGHETTI, 2013, p. 77).

De acordo com Corrêa (2003), uma grande empresa de um setor produtivo é

capaz de gerar uma organização espacial complexa, já que envolve a integração de

uma rede composta por outras unidades distintas, implicando diferentes formas de

controle sobre o território. Entre elas, aparecem as heranças no processo histórico de

formação de um território, consequentemente, de uma sociedade, desenvolvida dentro

de uma cultura vinculada a um determinado segmento produtivo.

Cabe lembrar neste contexto, o conceito desenvolvido por Santos (2009) de

espaço herdado, através do qual defende a construção deste pela constante interação

entre os momentos históricos, em que as normas e as regras se inscrevem na

materialidade, orientando a cultura imaterial (RIBEIRO, 2005).

Quando outro ramo produtivo é inserido no mesmo espaço através de uma

política pública regional e\ou sem a conscientização de todos os atores locais,

percebemos uma linha tênue que separa a convivência pacífica e os conflitos de

territorialidades entre os ramos produtivos hegemônicos do mesmo espaço.Isto

porque, a presença em uma localidade de uma grande empresa incide sobre a

equação do emprego, a estrutura do consumo consumptivo e do consumo produtivo, o

uso das infraestruturas materiais e sociais, a composição dos orçamentos públicos, a

estrutura do gasto público e o comportamento das outras empresas, além do impacto

sobre os comportamentos individuais e coletivos (SANTOS; SILVEIRA, 2004, p. 293).

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Todavia, segundo Lastres; Cassiolato (2001), sem políticas efetivas capazes de

orientar o crescimento produtivo e o desenvolvimento de todos os setores, notaremos

uma crescente demanda e pressão por proteção específica e incentivo fiscal

descoordenado, gerando verdadeiros conflitos e até o regresso das expectativas.

É necessário discutir também, a aceitação e mobilização desta sociedade

territorializada no espaço, visto que, muitas vezes as outras empresas não possuem

condições financeiras ou competências técnico-científicas para ingressar neste perfil

tecnológico. Dessa forma, esta nova orientação transparece como ameaça ou dúvida,

convergindo na possibilidade de marginalização dentro do sistema.

Desenvolvimento territorial: um debate atual

O "desenvolvimento" analisado na perspectiva espacial possui inúmeras

especificidades e seus recortes materiais e imateriais demonstram vários caminhos

possíveis de realização (teorias) que dependem da interpretação e planejamento de

cada território. No entanto, o conceito "desenvolvimento" é complexo, pois deve ser

compreendido como um sistema lógico baseado em um conjunto de ideias, na qual a

construção não é dada através de apenas um conceito, e sim, de uma realidade

advinda de um processo histórico.

O desenvolvimento é, portanto, um fenômeno relacionado com o surgimento das duas instituições fundamentais do novo sistema capitalista: o estado e os mercados. O mercado é a instituição que, através da competição, coordena a divisão do trabalho e a alocação dos recursos produtivos. Os mercados existiram antes dos estados nacionais, mas os mercados modernos são socialmente constituídos: são organizados e regulados pelos estados nacionais a nível nacional e internacional (BRESSER-PEREIRA, 2006, p.5).

Assim, vale ressaltar que, o desenvolvimento é uma alternativa, bem como

uma dinâmica socioespacial, territorializada e organizada em escala (local\global;

regional e nacional), sendo atualmente, seletiva e setorial.

Como discutimos anteriormente, ao associarmos indústria e desenvolvimento,

partimos do pressuposto que a indústria não é apenas um estabelecimento produtivo,

ela se configura na realidade como uma cadeia produtiva, incluindo assim, outros

setores como os de serviço e comércio. Na história do capitalismo, os dois conceitos

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são indissociáveis, pois um complementa o outro, ou seja, a indústria é um propulsor

para o desenvolvimento. Nesse sentido, o desenvolvimento pode ocasionar mudanças

estruturais, sendo elas voltadas ao desenvolvimento social ou não. O fato é que

sempre será gerado algum tipo de impacto social (positivo/negativo). O objetivo

principal da dinâmica indústria-desenvolvimento, sobretudo, é o crescimento

econômico.

Para muitos autores, como Harvey (2006), o desenvolvimento só é

desenvolvimento efetivo se os âmbitos da habitação, da saúde e da educação forem

contemplados. Corrobora assim com o pensamento de Souza (2005), quando afirma

que o desenvolvimento remete a melhoria na qualidade de vida e aumento da justiça

social. Por isso, deve-se deixar claro que, quando discutimos desenvolvimento em

complexos produtivos territoriais, o foco estará sempre voltado a esfera econômica, a

concentração de renda e às ordens do capital.

Contudo, o "desenvolvimento" é fundamentalmente um conceito ideológico. A

ideia de distribuição se incorpora na perspectiva política, na qual o investimento em

um segmento produtivo em longo prazo sugere a interferência na distribuição de renda

para a sociedade, na forma de aumento das oportunidades e opções de emprego,

lazer, cultura, educação, saúde, liberdade e etc, o que o torna muito subjetivo para a

análise.

Durante a evolução recente da discussão sobre desenvolvimento territorial, foi

possível identificar quatro abordagens:

Escola da Nova Política Urbana (NUP): com a crise emergente nas

cidades industrializadas, os governos locais começam oferecer

concessões para atrair investimento.

Final da década de 1980: papel mais atuantes das cidades e regiões,

em contra ponto, há a diminuição da participação dos Estados-nações;

novo fator de avaliação voltado a capacidade das cidades de criar

novas bases para o desenvolvimento econômico.

Década de 1990: surgimento de redes de cidades e regiões baseadas

no fluxo de informações (processo de globalização), destacando-se o

papel das grandes empresas como gerenciadoras dos fluxos. Na

disputa pelo capital internacional não basta apenas reduzir os custos,

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mas ser complementada com estratégias urbanas de inovação e

flexibilidade institucional.

Esgotamento do papel do Estado e surgimento de uma ordem

internacional sem fronteiras nacionais.

Em um contexto geral, segundo Dallabrida; Sienderberg; Fernandez (2004), a

territorialização do desenvolvimento pode ser estudada por duas vertentes: a

globalista e a regionalista. A vertente globalista baseia-se nos princípios liberais da

economia, na possibilidade de competição igualitária entre todas as localidades.

A vertente regionalista relaciona-se com o contexto da nova economia no qual

aparece a atuação constante dos stakeholders no processo de tomada de decisão,

concomitante, ao aparecimento do meio inovador, caracterizado pelas dinâmicas

territoriais que se sustentam na identidade tecnológica e nas relações

socioprofissionais e institucionais que suportam as inovações. Como vimos

anteriormente, a partir da crise do fordismo em 1970, observou-se que "cidades,

regiões ou territórios podem se transformar em âmbitos espaciais ativos, assumindo

certo protagonismo na decisão dos seus destinos" (DALLABRIDA; SIENDERBERG;

FERNANDEZ, 2004, p. 34).

A percepção do desenvolvimento no território encontrou assim, duas escalas e

possibilidades diferentes de análise, o desenvolvimento local e o desenvolvimento

regional, ambos, considerados territorializados em uma escala geográfica de um

processo, com inserção territorial e elementos fortes de organização (território

equipado e território organizado). Enfim, o desenvolvimento territorial pode ser

entendido como:

Um processo de mudança estrutural empreendido por uma sociedade organizada territorialmente, sustentada na potencialização dos capitais e recursos (materiais e imateriais) existentes no local, com vistas a dinamização econômica e à melhoria da qualidade de vida de sua população (DALLABRIDA, 2007, p. 51).

No contexto atual, o processo de desenvolvimento, muitas vezes, está

intimamente ligado a territorialização das grandes empresas, o que remete a dinâmica

de um movimento geopolítico internacional. Sobre esta questão, Lastres; Cassiolato

(2001) afirmam haver uma crescente subordinação das políticas nacionais a

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condicionantes externos e supranacionais, ao mesmo tempo, que há uma crescente

valorização de políticas não apenas supra, mas, também subnacionais.

Nesse sentido, a mundialização ocasionou a implementação destes atores

como hegemônicos (econômicos e institucionais) no espaço, o que limita a expansão

das pequenas e médias empresas, reduzindo as convergências regionais e

acentuando o perfil desendogeneizador (DALLABRIDA; SIENDERBERG;

FERNANDEZ, 2004).

Observamos assim, a crescente dificuldade que estas empresas enfrentam

para sobreviver à competitividade do mercado, dessa forma a análise do projeto e

programas de desenvolvimento nos territórios deve passar pelo entendimento de suas

formas de organização e coordenação entre Estados, empresas e sociedade civil nos

níveis federal, regional/estadual e local para que haja a diminuição dos conflitos

socioeconômicos territorializados através do planejamento e da constante revisão do

projeto.

Uma das maneiras de analisar os processos de territorialização do

desenvolvimento é através da concepção de flexibilidade defensiva e ofensiva

defendida por Leborgne e Lipietz (1988), sobre os blocos territoriais e os novos

modelos de desenvolvimento pós transição do fordismo, um modelo baseado no

ataque aos direitos trabalhistas, e outra baseada na inovação da organização do

trabalho (via mais competitiva).

Segundo os autores, a estratégia via opção defensiva baseia-se nos aspectos

negativos da flexibilidade. Na organização do trabalho, observa-se o uso do contrato

de trabalho flexível para adaptar as exigências da concorrência e das novas

tecnologias, ocasionando perdas dos direitos trabalhistas. Ao nível jurídico, anulam-se

os antigos acordos territoriais que proibiam o dumping social, enraizando aspectos do

fordismo obscuro.

Para o capital, não há uma implicação forte do local no valor da indústria

territorial, apresentando relações oportunistas entre as contratações empresariais que

incentivam a mitologia da pequena empresa. Já nas relações do Estado central com

as regiões, observa-se uma tensão instável pois os planos concebidos

(macroeconômicos) são influenciados pela maioria política, deixando as

consequências sociais a mercê da gestão regional.

Ocasiona ao nível das forças sociais, um sindicalismo fraco e um patronato que

foge as suas responsabilidades. Em forma geral, leva a uma dependência das

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importações, perda do know-how existente e a polarização do aparelho produtivo

(polos de competitividade) com crescimento urbano nas áreas-sistemas

metropolitanas (dualismo social).

Já a opção ofensiva, esbarra em outros caminhos flexíveis, como a capacidade

de desenvolver novas tecnologias em função de criar novos mercados, contratos

salariais mais estáveis com iniciativa dos trabalhadores, valorização do capital

produtivo local, criação de redes entre Estado/Sindicato/Empresas que definem juntos

os projetos territoriais, patronato que busca negociar as implicações com os

trabalhadores, difusão dos conhecimentos tecnológicos, transição das zonas

produtivas especializadas para sistemas produtivos locais, através, do reforço das

parcerias e adensamento de redes de empresas especializadas em torno de

multinacionais emergentes.

Assim, o destino do território é determinado pelas ações dos atores presentes

em um bloco social territorial atuante e pela própria herança ou vocação do espaço; a

estratégia da flexibilidade ofensiva aceitou um novo compromisso nos locais de

trabalho, instituindo vantagens sociais através da organização de alianças e parcerias

entre vários órgãos administrativos (governança), que se reproduzem na forma de

investimento social.

Governança em Parques Tecnológicos

O conceito de governança pode ser entendido, segundo Benko (2002), como o

modo de regulação das relações entre unidades produtivas, “esta organização

hierarquizada transforma-se numa organização em rede (dimensão espacial),

construída em torno de noções de parceria, relações contratuais, flexibilidade e

cooperação entre firmas”, a fim de melhorar a eficiência e eficácia dos processos.

Já para autores como Storper; Harrison (apud Benko, 2002, p.98), o conceito

têm um caráter mais amplo, pois engloba “todo o sistema de relações humanas

territorializadas”. Vale lembrar ainda que “a governança é um conceito suficientemente

amplo para conter dentro de si a dimensão governamental” (GONÇALVES, 2005).

De acordo com a própria polissemia do termo (corporativa, política e territorial)

é importante estabelecer aqui uma definição que seja condizente com a perspectiva

analítica, que é o processo de governança em Parques Tecnológicos. Dessa maneira,

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utilizaremos a definição estabelecida por Quintar (2006), de que a governança “indica

formas de coordenação das dinâmicas econômicas e sociais nas quais estão

envolvidas múltiplas instituições públicas, privadas e sociais”, abarcando articulações

e interdependências entre atores sociais na definição de formas de formas de

coordenação horizontal e vertical da ação pública e regulação dos processos

econômicos e sociais territoriais (PIRES, FUINI, et. al, 2011).

Entende-se que, a Nova Economia impôs a todos os atores do espaço

diferentes formas de atuação dentro da sociedade. No caso dos parques tecnológicos

encontramos sete atores principais (GIUGLIANI apud STEINER; CASSIM; ROBAZZI,

2007):

Parque Tecnológico de C,T&I (Ciência, Tecnologia e Inovação):

Organismo central, responsável pela gestão do empreendimento.

Poder Público: Desenvolvedor de políticas e diretrizes para o

empreendimento (vocação, metas, incentivos, aportes de recursos,

agências de fomento e financiamento, etc) atuam nos níveis local,

regional e nacional.

Parque Tecnológico - Incorporador principal: Responsável pelo

empreendimento imobiliário, atração de empresas e gerador de

receitas.

Incorporadores: Responsável por vender\alugar espaços para

empresas, associações e prestadores de serviço.

Universidades, Centro de Pesquisa, Incubadoras e Outros:

Responsáveis pela geração de conhecimento e inovação,

fomentadores do capital social.

Mercado e Empresas: Empresas de base tecnológica alinhadas com

a missão do parque tecnológico, podendo ser pequenas empresas

como empresas âncoras.

Acionistas e Investidores: Detentores de recursos para o fomento e

o investimento, nucleadores de Capital de Risco, Seed Money e

Venture Capital.

Entre as principais ações que convergiram no sucesso de um parque

tecnológico estão a habilidade de empreender, fruto da combinação de recursos

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humanos das universidades e dos demais atores, motivados pelas mudanças

tecnológicas e comportamentais, além do controle efetivo dos conflitos a partir de uma

clara separação entre propriedade e gestão, buscando o equilíbrio entre o interesse e

as expectativas, forjando maneiras inovadoras para a realização das atividades

diversas (GIUGLIANO, 2011, p. 64).

Propomos utilizar aqui a metodologia difundida por Storper;Harrison (1994) em

um estudo sobre as mudanças de estrutura dos sistemas produtivos industriais e os

seus novos modos de governança nos anos 1990, na qual abordam o conceito de

núcleo e anel. O foco deste estudo está no sistema de organização econômica das

indústrias. No entanto, buscaremos analisar aqui as possíveis estruturas

organizacionais de um parque tecnológico no espaço onde foi consolidado, sob esta

perspectiva.

Segundo os autores, o núcleo é compreendido como uma situação de poder

assimétrico, em que algumas empresas "iluminadas" condicionam por si sós a

existência de várias outras, já o anel possui uma situação de poder simétrico, onde a

liderança não concentra em apenas uma unidade (STORPER; HARRISON, 1994, p.

176). Existem, dessa maneira, quatro tipos de modelos de governança:

Anel sem núcleo: Ausência de agente líder permanente ou direção

alternada (de acordo com os projetos). Ausência de hierarquia.

Anel-núcleo com agente coordenador: Este último ocupa uma

posição dominante; é o agente motor, mas não pode sobreviver

sozinho, nem condicionar a existência dos outros agentes do sistema.

Existência de uma certa hierarquia.

Anel-núcleo, com agente líder: Agente independente, o que dá a

possibilidade de determinar, pelo menos parcialmente, a sua periferia;

por conseguinte, o agente líder condiciona a existência de certo número

dos seus parceiros. Poder assimétrico, hierarquia considerável.

Núcleo-sem anel: Existe um agente controlador de todo os processos.

A partir de estudos empíricos da consolidação de um parque tecnológico,

observamos, em um primeiro momento, a participação de três atores. O poder público,

atuando como planejador urbano e desenvolvedor de políticas e diretrizes (SPTec e

prefeitura municipal), bem como financiador e fomentador de recursos (federal,

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estadual e municipal), as universidades, centro de pesquisas e outros, oferecendo

parcerias, cooperação institucional, projetos e mão-de-obra especializada e, o

mercado e as empresas atraindo capital privado, investimentos e outras empresas

para o parque.

Assim, podemos afirmar que neste momento, a governança se caracteriza

como Anel-núcleo com agente coordenador. O poder público atua como agente motor

da constituição do parque, desenvolvendo políticas voltadas a inovação, criando

agências fomentadoras, tanto no âmbito estadual como no municipal.

No estado de São Paulo, a organização política dos parques tecnológicos,

segundo Steiner; Cassim; Robazzi (2007) alicerça-se no poder público estadual, no

sentido de que ele induz e articula a construção dos projetos, reunindo em um mesmo

espaço físico, as universidades e o setor produtivo. As principais competências do

estado são o projeto de C&T e o desenvolvimento da política de atração da empresa.

Para auferir os objetivos propostos na política pública paulista para os Parques

Tecnológicos, entende-se que parcerias com o setor privado devem ser incentivadas

em todos os momentos, tanto na fase de implantação quanto na fase operacional, a

fim de garantir a sustentabilidade financeira, por meio de estratégias vinculadas ao

mercado imobiliário e a criação de empresas de base tecnológica. Ou seja, “parques

tecnológicos são empreendimentos privados de interesse público” (STEINER;

CASSIM; ROBAZZI, 2007, p. 31).

O papel da esfera municipal dependerá muito do perfil de cada município. No

entanto, partindo do princípio de que os parques estão baseados em estratégias no

nível regional, caberá às prefeituras articular a comunicação entre os atores

envolvidos, visto que, o projeto remete ao desenvolvimento constante do espaço

urbano, econômico e social.

Quando uma empresa de grande porte atua como empresa motriz3 de um

parque tecnológico, encontramos uma transformação na governança. É neste segundo

momento que o modelo de governança se modifica, tornando-o Anel-núcleo, com

agente líder, pois esse agente funciona independente dos outros agentes, dando-lhe a

3Caracteriza-se por possuir inúmeras ligações locais de insumos-produto através das compras e vendas

de insumos, apresenta-se como uma atividade inovadora, geralmente de grande dimensão e de estrutura oligopolista, possui grande poder de mercado, produzindo geralmente para o mercado nacional e, mesmo para o mercado externo (SOUZA, 2005).

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possibilidade de determinar a sua periferia. Seguindo as normas da política estadual

de parques tecnológicos, cada empreendimento deve realizar uma pesquisa sobre o

perfil local das competências científicas, no intuito de otimizar o potencial produtivo

(atração de investimentos e geração de negócios).

Através da análise do surgimento do polo, Duarte (apud Spolidoro, 1997) define

que uma das condições necessárias para que haja a sua efetivação, além do conjunto

de qualidades infra-estruturais materiais e imateriais, deve-se haver fortes iniciativas

locais, advindas da comunidade local e regional, a fim de disponibilizar apoio e

instrumentos institucionais para organização empresarial.

Um exemplo positivo foi o planejamento estratégico na implantação do Parque

Tecnológico adotado pelo município de Ribeirão Branco, localizado na região sudoeste

do estado de São Paulo, considerando que o processo prospectivo4 regional buscou a

participação de um maior número de atores na tomada de decisão. Logo, se há a

conscientização de toda a sociedade, os conflitos de territorialidades diminuem, pois

esclarece-se as funções e os objetivos de cada ator dentro do processo de

desenvolvimento, assegurando mecanismos de proteção e cooperação.

O resultado desta interação corrobora com o papel do conhecimento e da

aprendizagem coletiva como recursos específicos do desenvolvimento territorial,

sendo que o espaço articulado torna-se um território capaz de gerir e retroalimentar as

dinâmicas econômicas-sociais positivas, revisando constantemente os aspectos

estratégicos de crescimento, bem como solucionando os desafios inerentes do

desenvolvimento pautado na justiça social.

Em resumo, o padrão de competitividade territorial, ou competência territorial, decorre, como síntese dialética, da especificidade com que nesse território se integram o conhecimento tácito enraizado no tecido socioprodutivo local com o conhecimento codificado filtrado do exterior. As sinergias resultantes destes fatores revertem-se em inovações territoriais, sendo estas resultantes da intensidade qualitativa dos fatores locais de suporte à competitividade (DALLABRIDA; SIENDERBERG; FERNANDEZ, 2004, p.54).

4 O processo prospectivo possui o foco na pró-atividade, na construção do futuro, na ênfase dos fatores

sociais, poíticos e empresariais, na incorporação de fatores históricos, no processo de inserção dos usuários na reflexão coletiva e na habilidade de tomar decisões, segundo Aulicino e Petroni (2012).

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Portanto, o desenvolvimento não deve ser analisado apenas em uma categoria

escalar, deve-se entender todo o contexto em que ele está inserido. A nova economia

infere assim, um olhar mais cauteloso às especificidades locais e regionais, na busca

pelo equilíbrio da dialética local/global e na consideração dos conflitos territorializados.

Possíveis caminhos e considerações finais

Este artigo buscou analisar as dinâmicas de implantação de um parque

tecnológico, a luz do seu movimento de (des)territorialização econômica e da

constituição da governança territorial. Observamos as dificuldades que um

empreendimento deste porte pode ocasionar em uma sociedade, se mal planejado e

articulado entre os atores, buscamos pontuar os possíveis caminhos de atuação.

Assim, se partimos do princípio de que um projeto como este é capaz de

induzir a uma organização da sociedade, mesmo que ela seja hierarquizada e

conflituosa, podemos constatar a “mobilização, sensibilização, motivação e

conscientização” (AULICINO; PETRONI, 2012) dos agentes sociais pertencentes

aquele espaço, levando a aprendizagem coletiva. Segundo Souza (2005), “o objetivo

do planejamento, nos marcos de uma ética comunicativa crítica, não é o equilíbrio, e

sim, a promoção de maior justiça social através do diálogo racional”.

Posto isso, conclui-se que algumas ações e posturas efetuadas pela sociedade

envolvida na construção de um parque tecnológico revelam pontos positivos e

negativos nos âmbitos da governança, nas dinâmicas de T-D-R e nos modelos de

desenvolvimento territorial (ANEXO 1).

Entre as ações e posturas positivas, no âmbito da governança, encontramos

uma sociedade motivada e envolvida em um projeto conjunto de desenvolvimento

territorial, através da cooperação entre os atores, refletindo na habilidade de

empreender, o entendimento claro do papel e função de cada ator no projeto e a

atuação constante do poder municipal na gestão do projeto e nos conflitos de

territorialidade, garantindo o desenvolvimento do território.

Já no campo de dinâmicas de T-D-R, observamos a busca da mobilização e

conscientização da maior parte da sociedade, a fim de minimizar os conflitos entre os

segmentos produtivos "velhos" e "novos", tendo o processo prospectivo demonstrado

caminhos válidos para tal finalidade. Nesse sentido deve-se construir uma estratégia,

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identificando as possíveis ameaças, bem como as oportunidades em busca do

equilíbrio entre as diferentes territorialidades socioeconômicas.

Dessa forma, o modelo de desenvolvimento territorial se caracterizaria pela

opção ofensiva de Leborgne e Lipietz (1988), pois demonstra a capacidade de

articulação de um bloco social territorial à procura de vantagens sociais, além disso,

esta interação contribui à aprendizagem coletiva, o que leva a retroalimentação de

dinâmicas positivas e ao constante desenvolvimento territorial.

Enquanto os pontos negativos se conformam baseados na opção defensiva, há

a introdução de um modelo de desenvolvimento sem a articulação da sociedade,

gerando um fraco vínculo territorial, representado por relações oportunistas das

grandes empresas com as empresas locais, na qual o desenvolvimento se apresenta

na forma concentrada, sem resultados significativos no âmbito social.

Assim, na estrutura da governança, observa-se que estas parcerias com

empresas de grande porte podem ocasionar a perda da autonomia do projeto em si, já

que esta é capaz de influenciar a sua "periferia", modificando a estrutura de gestão do

desenvolvimento territorial. E por fim, sobre as ações e posturas negativas nas

dinâmicas de T-D-R, entendemos que se não houver comprometimento de todos os

atores no processo, a missão do projeto se torna mais difícil, pois se perde o foco

inicial, podendo levar ao não sucesso do parque (conflitos de territorialidades, políticas

públicas setorizadas, especulação imobiliária etc).

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Anexo 1- Tabela de elementos positivos e negativos da organização socioespacial

nos âmbitos da governança, dinâmicas de T-D-R e modelos de desenvolvimento em parques tecnológicos.

Ações e mecanismos

de organização social

Positivos Negativos

Governança

- Sociedade motivada e envolvida em um projeto conjunto de desenvolvimento territorial, através da cooperação entre os atores, refletindo na habilidade de empreender; - Entendimento claro do papel e função de cada ator no projeto; - Atuação constante do poder municipal na gestão do projeto e nos conflitos de territorialidade, garantindo o desenvolvimento do território.

- Parcerias com empresas de grande porte podem ocasionar a perda da autonomia do projeto em si, já que esta é capaz de influenciar a sua "periferia", modificando a estrutura de gestão do desenvolvimento territorial.

Dinâmicas de T-D-R

-Buscar a mobilização e a conscientização da maior parte da sociedade, a fim de minimizar os conflitos entre os segmentos produtivos "velhos" e "novos", o processo prospectivo demonstra caminhos válidos para tal finalidade;

-Deve-se construir uma estratégia, identificando as possíveis ameaças, bem como as oportunidades em busca do equilíbrio entre as diferentes territorialidades socioeconômicas.

-Se não houver comprometimento de todos os atores no processo, a missão do projeto se torna mais difícil, pois se perde o foco inicial, podendo levar ao não sucesso do parque (conflitos de territorialidades, políticas públicas setorizadas, especulação imobiliária etc).

Modelos de desenvolvimento

territorial

- A opção ofensiva demonstra a capacidade de articulação de um bloco social territorial à procura de vantagens sociais, além disso, esta interação contribui à aprendizagem coletiva, o que leva a retroalimentação de dinâmicas positivas e ao constante desenvolvimento territorial.

- A introdução de um modelo de desenvolvimento sem a articulação da sociedade gera um fraco vínculo territorial, representado por relações oportunistas das grandes empresas com as empresas locais. O desenvolvimento é concentrado e não apresenta resultados significativos no âmbito social.