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Uma anlise da populao indgena na cidade de Altamira, Estado do Par, com base nos dados do Censo 20101

Alessandra Traldi Simoni2

Ricardo de Sampaio Dagnino

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Resumo

O Censo 2010 traz diversos dados que permitem uma anlise mais pormenorizada da dinmica populacional indgena, possibilitando novos debates e acumulao de conhecimento sobre esta. Assim, com base nestes dados este trabalho pretende entender as principais dinmicas da populao indgena no municpio de Altamira, Estado do Par, em especfico os indgenas residentes na sede municipal e, em especial, as populaes Arara, Juruna, Kuruaya e Xipaya. Uma anlise histrica da cidade mostra a presena crescente de diversos grupos indgenas, que nos ltimos anos passou e ainda passa por um processo de etnognese. Para compreendermos de maneira mais ampla os processos pelos quais esta populao passou e passa, incorporaremos anlise o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da usina hidreltrica de Belo Monte, que nos ajuda a traar de maneira mais precisa a situao atual desta.

Palavras-chave

Populao indgena; Amaznia; etnognese.

1 Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em guas de Lindia/SP Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012. 2 Mestranda no Programa de Ps-Graduao em Demografia na Universidade Estadual de Campinas (PPGD/UNICAMP), Bolsista do CNPq - Brasil. E-mail: . 3 Doutorando no Programa de Ps-Graduao em Demografia na Universidade Estadual de Campinas (PPGD/UNICAMP), Bolsista do CNPq - Brasil. E-mail: .

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Introduo

Os dados do Censo 2010 trazem novas e mais completas informaes sobre as

populaes indgenas no Brasil que revelam processos pelos quais estes grupos passaram. No

entanto os dados em si no trazem explicaes, mas indicam fenmenos importantes que

devem ser melhor analisados e estudados. Assim, as dinmicas demogrficas especficas das

populaes indgenas no Brasil devem ser analisadas tendo em vista sua etnohistria, o que

nos possibilita uma maior compreenso para fenmenos que no podem ser explicados

demograficamente.

Este o contexto especfico da populao indgena na cidade de Altamira no Estado

do Par, regio Norte do Brasil. Este grupo apresentou uma taxa de crescimento referente ao

perodo de 2000 e 2010 de 20%, como apresentaremos a seguir. No podemos explicar este

fenmeno demograficamente, o que implica na utilizao de outros dados e do contexto

histrico vivenciado por esta populao para que seja possvel explicar o que foi observado

no ltimo censo populacional.

Desta maneira apresentaremos primeiramente um breve histrico da formao da

cidade de Altamira, destacando o estabelecimento dos povos indgenas que se relacionam

historicamente com o territrio em que a cidade se constituiu. Explicitamos a seguir o

processo pelo qual esta populao passa atualmente, para ento discutirmos as fontes de

dados e inferncia que nos ajudam a compreender a dinmica demogrfica atual. Por fim

apresentamos e analisamos os resultados obtidos, que esperamos trazer uma contribuio para

Altamira e a populao indgena (breve histrico)

O municpio de Altamira o maior do Brasil, estando praticamente todo dentro da

bacia do rio Xingu no estado do Par. Neste grande territrio existem apenas duas reas

consideradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) como urbanas, a sede

urbana, cidade de Altamira, e o distrito de Castelo dos Sonhos. Trataremos neste artigo

especificamente a situao da populao indgena na cidade de Altamira, abordando sua

etnohistria e contexto atual. A sede municipal se encontra as margens do rio Xingu e possui

84.092 habitantes, de acordo com o censo populacional de 2010.

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Figura1:

O primeiro marco histrico de ocupao do territrio em que se formou a cidade de Altamira

a misso Tavaquara, formada pelo padre jesuta Roque Hunderfund, que em 1750 rene

indgenas dos povos Arara4

Posteriormente a este perodo inicial a cidade de Altamira se estabelece enquanto tal e

sofre grandes mudanas em sua dinmica populacional de acordo com momentos de frentes

de expanso desenvolvimentistas. A populao indgena da regio tambm impactada por

estes processos e como veremos de maneira semelhante umas das outras, o que permite sob

nosso ponto de vista estabelecer uma relao de comparao e enfim uma anlise desta

populao como um todo.

, Juruna, Kuruaya e Xipaya prximo ao igarap Panelas. No

entanto em 1755 em virtude do perodo pombalino, que expulsa os jesutas do Brasil, a

misso extinta. Apesar disto, a regio passa a ser um local reconhecido e de referncia para

estas populaes indgenas, no apenas neste perodo, especificamente para os Juruna que ali

permanecem, mas tambm como marcador de memria para a populao indgena que hoje

vive em Altamira. H uma nova tentativa de aldeamento por volta de 1841, mas que depois

de algum tempo tambm acaba, mas permanece como rea de habitao, conhecido como

aldeia-misso.

4 Devemos lembrar que este um grupo Arara da regio, hoje conhecidos como Arara da Volta Grande do Xingu. H outro grupo que hoje vive nas Terras Indgenas Arara e Cachoeira Seca do Iriri que foram contatados apenas em virtude da construo da Transamaznica, na dcada de 1970.

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A primeira frente de expanso a atingir a regio de Altamira e que culmina na

formao do povoado o ciclo da borracha, sendo o primeiro de 1879 at 1912 e o segundo

de 1942 a 1945. Os no-indgenas que chegavam a regio, tanto do rio Xingu, quanto do rio

Iriri (Figura 2), abundantes em seringais, para a extrao da borracha no detinham o

conhecimento local de navegao dos rios, lugares apropriados para se estabelecer, o que

gerou uma relao de troca entre estes e os indgenas citados, ou como mediadores de

negcios (SNETHLAGE,1910, p. 59) como relata COUDREAU, [1886] 1977 e

SNETHLAGE,1910. importante ressaltar que este processo foi violento, em que muitos

indgenas foram escravizados e forados a deslocamentos e migrao compulsria para o

trabalho nos seringais, como podemos observar na seguinte passagem em que Joaquim Pena,

indgena juruna, fala a Coudreau:

Nossa sina a de estarmos sempre em fuga. Antigamente, a gente fugia dos ndios bravos; agora, dos civilizados, nossos queridos protetores. Mas logo estes senhores no podero proteger quem quer que seja dos nossos: o ltimo dos jurunas no demorar a levar para sempre a alma da raa, em qualquer cova rasa, sob uns punhados de terra natal (COUDREAU, 1977, p.76)

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Figura 2 : Distribuio espacial da planta Havea Brasiliensis (DEAN, W. 1989).

Assim, neste perodo que se estabelece um corredor entre os locais de extrao da

borracha e Altamira, onde se negocia e comercializa a produo. A relao intratnica se

adensa, com casamentos entre indivduos Xipaya, Kuruaya, Juruna e Arara e entre indgenas

e a populao no-indgena, como os chamados soldados da borracha, nordestinos enviados

pelo governo brasileiro para trabalhar nos seringais e povoar a Amaznia. Podemos notar

ento uma espcie de corredor em que estas populaes se estabelecem, participando de todas

as etapas da empresa seringalista. Atravs do mapa etno-histrico de Nimuendaju (Figura 3),

podemos observar a permanncia desta lgica de ocupao do territrio.

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Figura 3: Detalhe do Mapa Etno-histrico de Curt Nimuendaj. Fonte: Mapa etno-histrico do Brasil e regies adjacentes. Adaptado do mapa de Curt Nimuendaj, 1944. Rio

de Janeiro: IBGE, 1981

A cidade de Altamira cresce e incorpora a regio da antiga andeia-misso, local em

que muitos indgenas habitavam. Esta regio se tornou o Bairro So Sebastio, hoje bairros

Independente I e II.

O prximo momento importante para a cidade de Altamira a construo da

Transamaznica. Projeto desenvolvimentista do perodo da ditadura que visava integrar o

Norte do Brasil ao restante do pas, sendo a terceira maior rodovia do pas. As populaes

indgenas que viviam na cidade foram impactadas por esta obra, pois com a especulao

imobiliria muitos so expulsos de suas residncias e forados a habitarem bairros mais

afastados.

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Figura 4: Transamaznica e a cidade de Altamira.

Durante todo este perodo, que tem incio nos anos 1880 at 1970 os indgenas que

traaram essa trajetria em especfico passaram por um processo de desconstruo, por parte

da sociedade regional e pensadores sociais, de sua identidade indgena. Categorias se

sobrepunham e acabam por demonstrar esta viso da no-indianidade, ndio-manso, ndio-

civilizado e finalmente no-ndio. Assim, estes grupos, Arara, Juruna, Kuruaya e Xipaya,

foram considerados extintos. Sendo que os dois ciclos da borracha aparecem como

aceleradores do processo de extino, para a sociedade nacional, no para os grupos.

Por fim alcanamos o ltimo, e mais recente, perodo de nossa anlise relacionado

construo da usina hidreltrica (UHE) de Belo Monte, que quando terminada ser a terceira

maior hidreltrica do mundo. Este projeto tem mais de 30 anos, coincide com o momento em

que os direitos dos povos indgenas, tanto nacional, quanto internacionalmente, so

reconhecidos principalmente pela Constituio de 1988 e pela Conveno 169 da

Organizao Internacional do Trabalho (OIT, 1989). Assim, no mbito dos estudos para a

viabilizao deste projeto, realizados com a populao indgena local, principalmente

realizados nos anos 2000, que esta populao reaparece.

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Assim o processo pelo qual estas populaes passaram nas ltimas dcadas (cada uma

de maneira distinta, mas aproximadamente desde 1980) e passam ainda hoje, chamamos de

etnognese. Entendendo etnognese como uma reorganizao constante de grupos indgenas

face expanso europeia5

A construo da UHE Belo Monte surge como um contexto em que mais indgenas se

identificam como tal, em que h uma possibilidade de acesso a polticas destinadas s

populaes indgenas, em oposio ao perodo anterior de discriminao estrutural (Popolo e

Ribotta ). em virtude dos estudos de diagnstico que parte desta populao se torna visvel

novamente, sendo um momento crucial na etnohistria destes grupos. Reafirmamos aqui que

se trata de um contexto e no uma arbitrariedade destas populaes ao se identificarem como

indgenas (Bartolom). Trata-se tambm de um movimento de resistncia em relao ao

violento processo e projeto de Belo Monte.

, j que esta trouxe elementos antes no conhecidos e forou uma

resposta para a sobrevivncia dos grupos enquanto tais. Assim, nos casos mais recentemente

observados, esta reorganizao muda de foco, pois deve lidar ou responder ao Estado

nacional brasileiro. A etnognese, portanto no seria um fenmeno novo, mas sim uma

resposta a diferentes atores, instituies e contextos histricos.

Discutiremos a seguir as fontes de dados e de inferncia que usamos neste trabalho,

nos concentrando principalmente a partir da dcada de 1980.

Dados | potencialidades e limitaes

Como mostramos anteriormente a populao indgena da cidade de Altamira foi

considerada extinta e apenas recentemente, por um processo de etnognese, ela reaparece

nos dados censitrios e para o Estado brasileiro. Assim, os dados disponveis para esta

populao se encontram inicialmente no censo 1991, primeiro censo em que a categoria

indgena investigada em mbito nacional, na amostra, em que os indgenas nas cidades

eram recenseados. Devemos ressaltar, no entanto, que no utilizamos nas anlises este censo,

pois houve um desmembramento da cidade de Altamira, em que parte foi incorporada

Vitria do Xingu, o que pode levar a concluses erradas sobre a populao pesquisada.

Seguimos portanto com a anlise dos dados censitrios nas pesquisas de 2000 e 2010, onde

pela primeira vez a categoria indgena incorporada ao universo. interessante observar

como os censos disponveis para anlise desta populao se encontram no contexto de

5 importante destacar que a expanso europeia e a colonizao do territrio que seria o Brasil se deu em diversos nveis e situaes de contato.

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fortalecimento dos direitos dos povos indgenas e tambm no processo de etnognese, nos

auxiliando a compreender esta dinmica demogrfica de maneira mais completa.

Como informao e fonte de inferncia complementar utilizaremos os dados e

resultados disponveis no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Belo Monte, realizado no

ano de 2009, especificamente o tomo que versa sobre os indgenas citadinos e ribeirinhos da

Volta Grande do Xingu (VGX)6

Resultados | Discusso

. Devemos ressaltar que estes estudos tinham como inteno

fornecer um diagnstico dos impactos que a construo da usina, favorecendo assim uma

pesquisa nas reas que sero alagadas com o barramento do rio Xingu. Portanto estes so

dados que devem ser incorporados com ressalvas, como representativos de parte de um

processo.

Para compararmos com o cenrio atual, tanto do Brasil como da regio Norte,

elaboramos a tabela 1 que traz as taxas de crescimento das populaes total e indgena entre

os anos de 2000 e 2010. No Brasil a populao indgena cresceu 1,09%, sendo que nas reas

urbanas houve um decrscimo populacional. No Norte observamos de maneira geral um

crescimento de 3,66% da populao indgena, sendo que o Estado do Acre onde esta

populao cresceu mais com 7,11%, ficando o Par com uma taxa de crescimento de apenas

0,37%, tambm apresentando um decrscimo da populao indgena urbana. Ao

compararmos com os dados da tabela 2 podemos perceber a importncia de se estudar a

populao indgena na sede municipal de Altamira, onde a populao indgena urbana

cresceu 20,74% .

6 A Volta Grande do Xingu a rea do mdio curso do rio Xingu onde se planeja a construo da usina hidreltrica Belo Monte.

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Tabela 1

Taxa de crescimento anual (2000-2010) Populao Total Populao Indgena Total Urbana Rural Total Urbana Rural Brasil 1,17 1,55 -0,68 1,09 -1,94 3,66 Norte 2,08 2,60 0,79 3,66 2,88 3,87 Rondnia 1,24 2,65 -1,81 1,18 -3,67 3,50 Acre 2,78 3,67 0,76 7,11 8,98 6,79 Amazonas 2,15 2,70 0,31 4,05 6,21 3,57 Roraima 3,34 3,36 3,27 5,84 3,54 6,37 Par 2,04 2,33 1,43 0,37 -1,61 1,15 Amap 3,45 3,48 3,20 4,07 0,78 5,00 Tocantins 1,80 2,35 -0,02 2,18 -4,43 4,35 Fonte: Dados de 2010 referem-se ao questionrio do Universo. Fonte: Tabela 3175 do Sidra/IBGE.

Tabela 2

Municpio de Altamira 2000 2010 Total Urbana Rural Total Urbana Rural Populao total 77439 62285 15154 99075 84092 14983 Populao Indgena 1289 125 1165 3711 823 2888 Percentual de indgenas 1,66 0,20 7,69 3,75 0,98 19,28 Notas: 1 - Dados de 2000 referem-se ao questionrio da Amostra. Fonte: Tabela 2093 do Sidra/IBGE. 2 - Dados de 2010 referem-se ao questionrio do Universo. Fonte: Tabela 3175 do Sidra/IBGE. Tabela 3

Taxas de crescimento anual (2000-2010)- Municpio de Altamira Total Urbana Rural Populao total 2,49 3,05 -0,11 Populao Indgena 11,15 20,74 9,50 Fonte: as taxas de crescimento foram calculadas a partir da tabela anterior

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Ao analisarmos a populao indgena por bairro na sede municipal de Altamira

podemos perceber a importncia e destaque populacional dos bairros Independente I e II,

antigo local da misso, conhecido como aldeia-misso, anteriormente Bairro So Sebastio

(SARAIVA, 2005, p.104).

Tabela 4: Populao indgena urbana na sede municipal de Altamira em 2010.

Fonte: Dados de 2010 referem-se ao questionrio do Universo. Fonte: Tabela 3175 do Sidra/IBGE.

A partir destes dados podemos perceber a importncia da presena da populao

indgena na cidade de Altamira, o que est explicitado nos dois mapas a seguir com a

distribuio espacial desta.

Populao Total

Populao Indgena Percentual de Indgenas

Sede municipal de Altamira 77193 819 1,06 Bairro Centro 9746 129 1,32 Bairro Esplanada do Xingu 4635 58 1,25 Bairro Jardim Uirapuru 2435 4 0,16 Bairro Jardim Independente II 3301 87 2,64 Bairro Braslia 7186 43 0,60 Bairro Liberdade 2171 18 0,83 Bairro Boa Esperana 10933 140 1,28 Bairro Colinas 3007 8 0,27 Bairro Sudam I 1553 1 0,06 Bairro Premem 2198 4 0,18 Bairro Sudam II 2855 14 0,49 Bairro Jardim Independente I 7725 116 1,50 Bairro Ibiza 1626 12 0,74 Bairro Bela Vista 3650 29 0,79 Bairro Multiro 6392 33 0,52 Bairro Jardim Altamira 2878 7 0,24 Bairro Aparecida 2849 81 2,84 Bairro Alberto Soares 32 0,00 Bairro Nova Altamira 2021 35 1,73

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Figura 5 : Mapa elaborado pelos autores. Fonte Censo 2010, IBGE.

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Figura 6 : Mapa elaborado pelos autores. Fonte Censo 2010, IBGE.

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Devemos ressaltar que os grupos mencionados correspondem a maior parte da

populao indgena da cidade de Altamira, mas no so os nicos. Existem indivduos que se

identificam como parte de diversas etnias, no entanto estes no passaram pelo processo aqui

apresentado e devem seu caso deve ser analisado de maneira diversa para que se possa

compreender as dinmicas prprias destes indivduos. A tabela 5 mostra a porcentagem de

indivduos por etnia na cidade de Altamira.

Tabela 5: Porcentagem por etnia em levantamentos da Eletronorte

interessante, portanto perceber a dinmica prpria da populao indgena na cidade

de Altamira, em que h desde 2002 um crescimento constante e significativo, correspondente

ao fenmeno de etnognese acima descrito. Apresentamos na tabela 6 esta dinmica, com

dados de diversas fontes.

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Tabela 6:

Levantamentos da populao indgena na cidade de Altamira, PA Ano e responsvel por levantamento Populao total 1988* (FUNAI e Eletronorte) 31 1991** 211 2000** 125 2002* (FUNAI/AIMA) 211 2006/2007*(AC Magalhes-pesquisador) 207 2009*(Eletronorte) 340 2010** 877 *Fonte: EIA Citadinos e Ribeirinhos da VGX, p.80 **Fonte: Censos demogrficos /situao de domiclio urbana, lembrando que 1991 incorpora indgenas de Altamira e Altamira e Vitria do Xingu.

Concluso

Podemos perceber como atravs de uma anlise da etnohistria dos povos indgenas

que hoje vivem na cidade de Altamira possvel compreender com maior exatido os

resultados disponveis no censo 2010. Assim, muitas das questes interessantes que surgiram

neste ltimo censo, tal como o crescimento da populao pesquisada, podem ser respondidas

ao buscarmos nos processos pelos quais estas vivem hoje, como o processo de etnognese,

suas chaves de interpretao.

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