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UMA ABORDAGEM EDUCATIVA SOBRE OS ILÍCITOS SOCIALMENTE ACEITOS Manual para Educadores Quarta Edição www.icde.org.br 2010/2011 www.escolegal.blogspot.com [email protected]

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UMA ABORDAGEM EDUCATIVA SOBRE OS ILÍCITOS

SOCIALMENTE ACEITOS

Manual para Educadores

Quarta Edição www.icde.org.br

2010/2011 www.escolegal.blogspot.com

[email protected]

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Manual para Educadores

SUMÁRIO

I. Apresentação ................................................................................................................................................................................05

O ICDE .........................................................................................................................................................................................................................................05

O Escolegal ....................................................................................................................................................................................................................06

Como é o Projeto ......................................................................................................................................................................................................06

Passo a Passo Escolegal ........................................................................................................................................................................................ 07

Para quem ............................................................................................................................................................................................................................ 07

Público de Atendimento direto ...................................................................................................................................................................... 07

Público de Atendimento indireto ................................................................................................................................................................. 07

As Vantagens do Escolegal ................................................................................................................................................................................... 07

II. Contexto Social ..............................................................................................................................................................................09

III. Fundamentos Teóricos ..............................................................................................................................................................11

Ética e Moral ........................................................................................................................................................................................................................... 13

O que é ética? ................................................................................................................................................................................................................ 13

O que é moral? .............................................................................................................................................................................................................. 13

IV. Passo a Passo Escolegal..................................................................................................................................................... 15

Passo 1 ...........................................................................................................................................................................................................................................17

Passo 2 ....................................................................................................................................................................................................................................... 19

Passo 3 .....................................................................................................................................................................................................................................22

Passo 4 .....................................................................................................................................................................................................................................22

Passo 5 .....................................................................................................................................................................................................................................24

V. Ilícitos Socialmente Aceitos ................................................................................................................................................25

Pirataria .....................................................................................................................................................................................................................................26

O que é pirataria? .....................................................................................................................................................................................................26

O que é falsificação?..............................................................................................................................................................................................27

Falsificação e pirataria são a mesma coisa? ...............................................................................................................................27

Propriedade intelectual faz parte dos conceitos de pirataria e falsificação.

O que é isso? ................................................................................................................................................................................................................28

Desvio ilegal de fornecimento de algum tipo de serviço, “o gato”. O que é isso? ........................................28

O que é contrabando? .........................................................................................................................................................................................28

O que é descaminho? ..........................................................................................................................................................................................28

O que é corrupção? ...............................................................................................................................................................................................29

VI. Práticas de Consumo na Sociedade Contemporânea ............................................................................ 31

VII. Contextos e Elementos que Facilitam os Atos Ilícitos Socialmente Aceitos .................................................................................................................................................................35

Como produtos piratas e falsificados são vendidos? ...........................................................................................................36

Quais produtos sofrem com atos ilícitos (pirataria, falsificação, etc.)? .....................................................................36

Quais são os prejuízos causados pela pirataria e pelo contrabando? ...............................................................36

Há ainda riscos comuns referentes à aquisição de produtos piratas? ..............................................................38

Quais as conseqüências dos diversos atos ilícitos socialmente aceitos

abordados nesse guia de informações ESCOLEGAL (pirataria, falsificação, contrabando)? ........38

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos

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I

VIII. A Escola e os Atos Ilícitos Socialmente Aceitos .............................................................................................39

Pirataria, como mudar essa situação? ....................................................................................................................................................... 40

Qual minha responsabilidade, enquanto educador, no combate

à prática de atos ilícitos socialmente aceitos? .............................................................................................................................. 40

De que forma os atos ilícitos socialmente aceitos ocorrem nas escolas? .........................................................41

Há relação entre atos ilícitos socialmente aceitos e violência? ......................................................................................41

Bullying- atitude ilícita que desrespeita os direitos humanos ..................................................................................................42

Característica do bullying (wikipédia) .....................................................................................................................................................42

Qual valor você quer conquistar? .....................................................................................................................................................................44

Círculos restaurativos como estratégia no combate ao bullying .......................................................................................45

IX. A Criança de 7 – 12 anos: Trabalhando Questões Relativas aos Atos Ilícitos Socialmente Aceitos com seus Alunos .........................................................................47

Como pensa uma criança de 7 a 12 anos? ....................................................................................................................................48

A criança nessa faixa etária tem noção de certo e errado? .......................................................................................... 49

Qual a importância de trabalhar o tema de combate aos atos ilícitos

socialmente aceitos com crianças de 7 a 12 anos? .............................................................................................................. 49

Como orientar a criança sobre o que é certo e errado nessa idade? ................................................................50

A criança já possui noções de propriedade? ..............................................................................................................................50

A criança com idade entre 7 e 12 anos já entende o significado

de atos ilícitos socialmente aceitos? ......................................................................................................................................................50

X. O Adolescente de 12- 14 anos: Trabalhando Questões Relativas aos Atos Ilicitos Socialmente Aceitos com seus Alunos .......................................................................... 51

Como pensa o adolescente de 12 a 14 anos? ...............................................................................................................................52

O que trabalhar sobre atos ilícitos socialmente aceitos

com crianças e adolescentes? ..................................................................................................................................................................53

Como trabalhar o tema em sala de aula? .........................................................................................................................................53

Como inserir o tema de combate aos atos ilícitos socialmente aceitos

em um plano de aula? .........................................................................................................................................................................................54

A criança e o adolescente podem mudar os hábitos da família? .............................................................................55

Como a criança e o adolescente influenciam os hábitos

de consumo da família? .....................................................................................................................................................................................55

Novas terminologias aplicadas aos ilícitos socialmente aceitos: ......................................................................................56

Símbolos da legalização e comprometimento com a qualidade ....................................................................................... 57

XI. Boas práticas desenvolvidas por escolas participantes do Escolegal ....................................................................................................................................................................................59

Referências Bibliográficas ................................................................................................................................................... 61

Créditos ................................................................................................................................................................................................62

apresentação

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos Manual para Educadores

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O ICDE

O Instituto de Combate e Fraude e Defesa da Concorrência - ICDE desenvolve ações transfor-madoras de experiências em rede. Seus objetivos principais são educar as novas gerações para o exercício do sentido pleno da cidadania e conscientizar sobre a importância dos valores e da ética. Para isso usa como estratégia a valorização de atos rotineiros que contribuam para a formação cidadã.

O Escolegal

Ao promover o ESCOLEGAL, o ICDE, visa mobilizar as escolas de ensino fundamental a partir da relevância da abordagem do impacto social dos Atos Ilícitos Socialmente Aceitos (ISA) nas nossas vidas, propondo assim uma mudança COMPORTAMENTAL, a partir de experiências positivas

Como é o projeto

O ESCOLEGAL tem como desafio articular de modo interdependente duas tarefas:

abordar temas pertinentes à sociedade com crianças e jovens de sete a 14 anos utilizando a informação, a valorização de atitudes positivas e conscientização pelo contato do sujeito com a experiência;

desenvolver e favorecer a autonomia destes educandos/alunos.

O projeto utiliza em sua metodologia uma abordagem interativa, lúdica e crítica, adaptando a forma ao tema abordado. Respeitando assim as características do público de acordo com as etapas do desenvolvimento. Assim, o ESCOLEGAL, possibilita tratar o tema ISA de forma transversal em qualquer ambiente educacional. Promovendo uma experiência positiva em toda comunidade escolar, através do trabalho direto com os educadores e estes junto aos seus edu-candos/alunos, no exercício de atividades (extras) curriculares a partir das escolas.

PASSO A PASSO ESCOLEGAL

A abordagem está estrutura em cinco passos, a serem dados em encontros presenciais e a dis-tância:

Passo 1. Exploração de percepções, significados e valores.Passo 2. Construção de interconexões (relações de causa e conseqüência). Passo 3. Entendimento do grupo da relevância dos temas abordadosPasso 4. Elaboração de Plano de Trabalho em sala de aulaPasso 5. Acompanhamento - Checagem e fixação da proposta

PARA QUEM

Público de atendimento direto – Professores e Educadores

Os encontros presenciais são realizados com os responsáveis pela educação de crianças e jovens do ensino fundamental.

Público de atendimento indireto - Crianças e jovens de sete a quartorze anos

Os educadores sensibilizados realizaram atividades com os alunos desta faixa etária matricula-dos no ensino fundamental.

Sensibilização de pais e da comunidade local, através das atividades desenvolvidas pelos mais jovens.

AS VANTAGENS DO ESCOLEGAL

Falar sobre Atos Ilícitos Socialmente Aceitos possibilita abordar a importância de limites e do respeito;

Atuar de forma positiva para a formação de uma sociedade justa e próspera;

Fomentar atividade social e econômica;

Fomentar a qualificação de mão de obra e mercado de trabalho;

Estabelecer nos jovens de hoje o exercício do direito de propriedade, respeito ao coletivo e práticas cidadãs;

Convergir com temas relacionados, como responsabilidade social, sonegação fiscal e defesa da saúde pública.

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II

contexto social

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Vivemos hoje um processo social complexo, que se expressa de vários modos. Seja pela destru-turação familiar, onde vemos crianças e jovens sem referência estável de cuidador. Seja pela flexibilização dos modelos familiares. Ou pelo problema de gerações, conforme Lino de Mace-do, do Instituto de Psicologia do Desenvolvimento da USP , vemos adultos que em casa, muitas vezes, agem como se fossem reféns de seus filhos, que não se sentem autorizados para educar, para cuidar de seus filhos, que se sentem abandonados ou traídos por seus companheiros nesta tarefa.

Nossas as crianças e jovens acabam indo para a escola, instituição que não foi feita para sub-stituir a vida em família, com a expectativa que na lá seja desenvolvido a autonomia moral, afetiva, cognitiva, social e física para que possam se emancipar. Como sabemos tanto a família, como a escola e a convivência social tem o seu papel nessa missão, respeitando os limites de suas possibilidades e necessidades, de sua dependência com relação aos cuidados e educação dos adultos, preparando-se assim para, pouco a pouco, se tornarem um deles em seu sentido pleno. Então:

Como transmitir aos mais jovens, em casa, na escola, na vida da cidade, os conteúdos, os valores, as técnicas que os integrarão em nossa socie-dade e cultura nos termos em que isso hoje é exigido?

O ESCOLEGAL se propõe a auxiliar neste desafio educacional: o de articular integração na sociedade e desenvolvimento da autonomia de modo interdependente. Ao abordarmos temas pertinentes à sociedade adulta, tais como os que envolvem os Atos Ilícitos Socialmente Aceitos, com crianças e jovens de sete a 14 anos, utilizando a informação, a valorização de atitudes positivas e conscientização pelo contato do sujeito com a experiência. Auxiliamos no desenvol-vimento e favorecimento da aprendizagem de conceitos, regras e atitudes valorizadas em uma dada cultura ou grupo social, facilitando assim a conquista da sua autonomia. III

fundamentos teóricos

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Esse material de apoio, que instrumentaliza as ações presenciais do Projeto Escolegal, apóia-se, dentre outras referências, no princípio kantiano das autonomias do indivíduo; no que tange à autonomia moral, o filósofo traz que o comportamento moral só tem valor moral de fato quando é tomado com base na racionalidade – o agir de acordo com um motivo moral genuíno. Immanuel Kant defende a moral de modo a ser entendida como a diferença entre o “certo” e o “errado”, ultrapassando a questão de sentimento, do que cada pessoa tem para si por certo ou errado. Neste ponto concorda com os racionalistas ao dizer que a diferenciação entre certo e errado é algo inerente à razão humana — todas as pessoas sabem o que é certo e o que é errado porque isso é inerente à razão.

Ao argumentar sobre o “certo” e o “errado” Kant identifica uma lei moral universal que vale para todas as pessoas, em todas as sociedades, em todos os tempos. Ela não diz o que se deve fazer nesta ou naquela situação, ela prescreve o comportamento em todas as ocasiões.

Podemos interpretar da seguinte maneira, o indivíduo situado moral e intelectualmente no mundo , não age corretamente apenas por obrigação de cumprir as leis, com pena de ser preso ou multado, e sim pela lógica do que está e não está correto.

passível de punição

pelo que é correto

motivado moralmente

não motivado moralmente

ÉTICA E MORAL

O que é ética?

Segundo a Wikipedia, em Filosofia, ética significa o que é bom para o indivíduo e para a socie-dade, embora não se trate de leis ou normas. Ao contrário do que acontece com as leis, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas (WIKIPEDIA, 2009).

ÉTICA INDIVÍDUO SOCIEDADE

VALORES REGRAS BEM VIVER

Seu estudo não está ligado a códigos de valores ou regras, a moral se detém nesses pontos. Des-sa forma, percebe-se que a ética está ligada aos princípios que regem as ações, e compreende o ser humano com ser central. Conforme Ferry (2007), à ética pertencem às questões “Como nos comportar de modo “vivível”, útil, digno, de maneira “justa” em nossas relações com os outros?”.

O que é moral?

Moral é um conjunto de normas, regras e valores da conduta humana relativo a determinado grupo social que o define e o defende. Assim sendo, os conceitos morais estão associados às questões da cultura e da história que caracterizam cada grupo social. A família, a escola e a religião são instituições que transmitem e moldam o código de valores morais vigentes nas sociedades.

Ao comparar as diferenças entre ética e moral, diversas fontes citam:

ÉTICA É MORAL É/SÃ0

princípio

aspectos de

condutas

específicos

permanente temporal

universal cultural

regra conduta da regra

teoria prática

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Vale lembrar que o ESCOLEGAL tem como objetivo promover um espaço de reflexão no ambi-ente escolar sobre questões pertinentes que interferem em nossas instituições sociais. Propondo uma mudança comportamental na nossa sociedade, através da sensibilização dos educadores, professores e adultos responsáveis pela educação das crianças e adolescentes que estão em fase de formação de sua personalidade e de seu código de valores morais.

Colaborando assim com a família e as outras instituições na qual as crianças e jovens estejam inseridos (como a escola) priorizar os valores morais socialmente aceitos. A partir da transmis-são de valores, preceitos, costumes pelos pais aos filhos, promoverá a internalização de um código moral nos filhos e a escola, como instituição que dissemina o conhecimento, também ocupa lugar de destaque na constituição dos valores morais dos seus alunos. Este material de apoio traz abordagens pedagógicas sobre o campo da ética, tema que permeia as disciplinas do Ensino Fundamental, assim como preconiza os Parâmetros Curriculares Nacional.

Para minimizar o avanço das práticas ilícitas socialmente aceitas, uma série de medidas devem ser tomadas, e uma das principais é a educação das pessoas em relação aos riscos que oferecem à população. Torna-se, então, fundamental conscientizar crianças e adolescentes a não compra-rem produtos piratas, por exemplo, com foco na faixa dos 7 aos 14 anos, onde a moralidade está se constituindo.

O educador ao questionar práticas ilícitas socialmente aceitas, promove o desenvolvimento da capacidade de reflexão nos seus alunos bem como auxilia preventivamente na formação de futuros cidadãos mais conscien-tes.

MORAL

NORMAS REGRAS VALORES

MORAL

IVpasso a passo

escolegal

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A abordagem metodológica do ESCOLEGAL, para os educadores, está estrutura em cinco pas-sos: A Exploração de percepções, significados e valores; a Construção de interconexões (rela-ções de causa e conseqüência); o Entendimento do grupo da relevância dos temas abordado; a Elaboração de Plano de Trabalho em sala de aula e o Acompanhamento/Checagem e fixação da proposta. Este material de apoio também traz como sugestão alguns exemplos de ferramentas que podem auxiliar no processo de elaboração das atividades junto aos alunos.

Os educadores que passam pelo ESCOLEGAL passam a ser multiplicadores da metodologia para seus alunos, replicando assim a mesma matriz de abordagem com seus educandos.

“Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música

não começaria com partituras, notas e pautas.

Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria

sobre os instrumentos que fazem a música.

Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria

que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.

Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas

para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes”.

Rubem Alves

Passo 1. Exploração de percepções, significados e valores

Os ilícitos socialmente aceitos

Os ilícitos socialmente aceitos são um assunto de difícil abordagem, não apenas nas escolas, mas em qualquer círculo que venha a abordar esse tema.

Mas, o que são os atos ilícitos socialmente aceitos?

Partindo de um conceito inicial: São atos errados praticados no âmbito social e que são consen-tidos pelas pessoas que compõe essa sociedade.

Essa explicação traduz completamente o entendimento do que são os ilícitos socialmente aceitos?

O Escolegal acredita que ainda não. E por isso convida a todos a refletirmos juntos e elaborar-mos o conceito ampliado sobre o tema.

Vamos lá?

Para iniciarmos nossa abordagem sobre o tema dos ilícitos consentidos pela sociedade é necessário antes perguntar-se:

Se são ilícitos, como podem ser aceitos?

Essa é a pergunta fundamental. E, por ser uma pergunta tão complexa, a resposta também segue o mesmo caminho. Vemos atitudes recorrentes na sociedade que são de conteúdo ilícito, tais como atos como comprar produtos piratas, aceitar ou pagar propina, furar filas, colar nas provas, enganar no troco, pedir desconto em troca de não emitir nota fiscal, etc.

O senso comum, diz: “que mal há nisso, oras? Quem vai perder ou se importar se eu, que não ganho muito, comprar um filmezinho para assistir na minha casinha depois de mais um dia de trabalho ingrato?”. A resposta é: todos perdem.

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos Manual para Educadores

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Descreva neste espaço o conceito elaborado pelo grupo de Ilícitos Socialmente Aceitos

Anotem os atos considerados pelo grupo como Ilícitos, mas aceitos pelo contexto social, pas-síveis de abordagem neste ambiente escolar

Passo 2. Construção de Interconexões

São diversas as relações de interconexões entre as causas e conseqüências da ISA apontados como relevantes nesta discussão. O que acham de elaborarmos um exercício gráfico de causa e conseqüência entre as relações mencionadas pelo grupo?

Abaixo teremos alguns exemplos e sugestões para organizarmos graficamente as relações de causas e conseqüências trazidas pelo grupo. Vejamos:

CÍRCULO VICIOSO:

Este é um exemplo de como podemos representar uma relação viciosa. Tema proposto: Impacto dos ISA nas relações de: geração de emprego, distribuição de renda e investimento social.

geração de emprego

investimento social

distribuição de renda

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos Manual para Educadores

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ESPINHA DE PEIXE:

Diagrama de causa e efeito. O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como “Diagrama de Causa e Efeito” ou “Espinha-de-peixe”, é uma ferramenta gráfica que permite estruturar hierar-quicamente as causas potênciais de determinado problema ou oportunidade de melhoria.

problema

família de causas A

família de causas D

família de causas B

família de causas E

família de causas C

família de causas F

causa 1

subcausa 1

Figura acessada no site www.wikipédia.com.br

MAPA CONCEITUAL:

Podemos dizer que mapa conceitual é uma representação gráfica em duas dimensões de um con-junto de conceitos construídos de tal forma que as relações entre eles sejam evidentes. Os con-ceitos aparecem dentro de caixas enquanto que as relações entre os conceitos são especificadas através de frases de ligação nos arcos que unem os conceitos. As frases de ligação têm funções es-truturantes e exercem papel fundamental na representação de uma relação entre dois conceitos. A dois conceitos, conectados por uma frase de ligação chamamos de proposição. As proposições são uma característica particular dos mapas conceituais se comparados a outros tipos de repre-sentação como os mapas mentais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa_conceitual

mapas conceituais

proposições

frases de ligação

conceitos

perguntas

caixas

verbos

substantivosCONCEITO 1

FRASES DE LIGAÇÃO

CONCEITO 1

delimitam a construção

de

são requisitos

para

representam relações

entre

formam

são representadas

por

exigem

em geral são representados

por

explicitam as relações entrre

aparecem em

determinam

conectam-se através de

mapasconceituais.cap.ufrgs.br/mapas.php

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Passo 3. Entendimento - relevância do tema

Depois de termos percorrido os dois primeiros passos da metodologia, chegamos ao ponto es-tratégico da metodologia. É no terceiro passo que o grupo já possui o mapeamento situacional sobre os Atos Ilícitos Socialmente Aceitos. Neste momento o grupo é convidado a passar de expectador do processo para se tornar protagonista e a comprometer-se com a experiência posi-tiva no exercício da ética. E a pergunta central desse momento passa a ser:

O que eu posso fazer, enquanto professor, pai/mãe, cidadão, em relação a isso?

Passo 4. Plano de trabalho

Nesta etapa da metodologia o grupo já tem condições de encaminhar um plano de trabalho em sala de aula ou atividades extraclasse com seus alunos. Para registrar todas as propostas de ação, sugerimos algumas ferramentas que poderão auxiliar no processo educacional e de acom-panhamento da realização das propostas (vale lembrar que o educador tem liberdade de utilizar a técnica que estiver melhor adaptada, os formato citados a seguir são apenas sugestões).

Modelo de plano de ação 5W2H.

Em formato de tabela é possível organizar a ação que se pretende executar. Ao responder as perguntas abaixo terás um plano de trabalho.

1 – What (o que será feito),

2 – Who (quem fará),

3 – When (quando será feito),

4 – Where (onde será feito),

5 – Why (por que será feito)

1 – How (como será feito)

2 – How Much (quanto custará)

Estrutura de trabalho científico

Num formato de trabalho científico é possível elaborar a intervenção que será feita junto aos alunos num formato descritivo, apoiada em metodologia científica. Abaixo trazemos os itens e uma breve descrição de cada um:

Título

Apresentação

(Contextualização sucinta quanto ao trabalho que se segue)

Justificativa

(Motivações para desenvolver as ações de que trata o trabalho)

Fundamentos Teóricos Inspiradores

(Breve contextualização dos pensadores, autores e teorias que ajudaram você a elaborar esse trabalho)

Objetivo Geral

(Iniciado por um verbo, expressa finalidade a longo prazo)

Objetivos Específicos

(Iniciado por verbos traz as finalidades mais imediatas, cujos resultados são passíveis de observação durante a realização das práticas)

Método

Recursos humanos

Recursos materiais

Público-alvo

Estratégias de Ação: (ações relacionadas aos objetivos)

Cronograma

Resultados

(Relato das ações desenvolvidas acompanhado de breve análise a luz dos referencias e fun-damentos teóricos identificados no item Fundamento Teórico Inspirador)

Considerações finais

(Reflexão sobre o significado dos resultados obtidos tendo em vista os objetivos do trabalho; perspectivas para o trabalho futuro)

Referências

(Registro das fontes consultadas e citadas no texto)

Anexos

(Cópia de documentos relacionados ao trabalho, que sejam relevantes para o entendimento

do mesmo)

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos Manual para Educadores

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Passo 5. Acompanhamento. Fixação da proposta

O quinto passo é dado de forma presencial ou à distância. O acompanhamento é uma etapa im-portante da metodologia ESCOLEGAL. Essa interação possibilita a troca de informações entre os participantes e a equipe do ICDE/ESCOLEGAL.

Acesse o nosso blog do ESCOLEGAL: www.escolegal.blogspot.com

ou Agende um acompanhamento presencial pelo email: [email protected]

Vilícitos socialmente

aceitos

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Uma abordagem educativa sobre os ilícitos socialmente aceitos Manual para Educadores

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No contexto social atual, os mais jovens acabam expostos à uma “educação midiática”, que pos-sui determinados valores e propósitos que nem sempre é comprometido com a formação desta criança e jovem. Nesta seção iremos trazer alguns temas, considerados como Atos Ilícitos porém com certa aceitação na sociedade para discutirmos e abordarmos com nossos educandos nas atividades descritas nos Planos de Trabalho. Esses atos são representados pela permissividade coletiva ao consumo (e comércio) de produtos piratas, dos pequenos (e grandes) atos de cor-rupção, da evasão e sonegação de impostos, desvios de atitudes e conduta (como o desvio de energia elétrica/TV a Cabo), o bulling (e cyberbulling) e outras atividades assemelhadas.

PIRATARIA

Vamos conversar sobre conceitos essenciais da pirataria e sobre outros atos ilícitos a ela rela-cionados. A partir desses conceitos, você estará mais instrumentalizado em relação aos malefí-cios e às conseqüências desses atos, que também serão abordados nessa seção. Os “valores” absorvidos pelas crianças possuem marca, como o do quão bom é ter o tênis da marca “tal”, ou a música do artista “X”, a bolsa da artista “Y”, o chocolate da marca “Z”, o telefone celular “W” que conecta à internet, e assim por diante. É neste momento que as relações de consumo extrapolam e assumem a condição de regradores de comportamento. Isso, cristalizado na in-fância, terá altas possibilidades de acompanhar o indivíduo pelo resto da sua vida, e torna-se perigoso quando o desejo e impulso de consumir são incompatíveis com a renda. De forma sin-tética, a criança que crescer permeada destes valores e exemplos, tenderá a repetir esses valores e exemplos na idade adulta.

PIRATARIA FALSIFICAÇÃO

Reproduzir /copiar

O que é pirataria?

O termo pirataria faz analogia à prática dos piratas, que de forma autônoma ou organizados em grupos, cruzavam os mares com a finalidade de saquear navios para obter riquezas de outras pessoas. Da mesma forma, na atualidade o termo remete a roubo da propriedade intelectual ou direito autoral alheio.

Assim, podemos entender a pirataria como a reprodução não autorizada de uma parte ou do todo de uma mercadoria, produto ou signo visual (gráfico ou forma), que induza o público a comprar ou se referir àquele produto em detrimento do original.

Pirataria é o ato de copiar ou reproduzir, sem autorização, qualquer criação intelectual e/ou produto, sem pagar direito autoral ao autor.

De forma mais ampla, pirataria é o ato de copiar ou reproduzir, sem autorização, livros ou impressos em geral, gravações de som e/ou imagens, marcas ou patentes, softwares e jogos eletrônicos, dentre outros, com nítida infração à lei.

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

PIRATARIA VIOLAÇÃO

FALSIFICAÇÃO IMITAÇÃO

FRAUDE

O que é falsificação?

Falsificar é imitar ou alterar com fraude. Em relação à falsificação de produtos, é a reprodução de seus aspectos únicos, sobre os quais o criador ou inventor detém direitos de propriedade intelectual, e desta forma tem seus direitos violados por não ser remunerado (pago) por quem está copiando e se beneficiando das vantagens comerciais do produto ou mercadoria.

Falsificação e pirataria são a mesma coisa?

No entendimento comum, a equivalência de termos é correta. O termo pirataria é mais aplicado em situações de violação de direitos de propriedade intelectual, fraude comercial ou econômica, enquanto que falsificação é um termo empregado de forma mais ampla, e que também envolve adulterações, má fé em assinaturas de documentos, etc.

ORIGINAL

A cor do lado de leitura quase sempre é prateada (em

poucos casos é dourada).

O lado de leitura do DVD pirata é roxo ou azulado

(mídia virgem).

PIRATA

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Propriedade intelectual faz parte dos conceitos de pirataria e falsificação. O que é isso?

A Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), define como Pro-priedade Intelectual, a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas instrumentistas, aos fonogra-mas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico.

É, portanto, um direito, que deve ser respeitado e zelado. São exemplos de Propriedade Intelec-tual: desenho industrial, marcas, patentes de invenção e de modelo de utilidade, know-how, softwares, indicações de procedência, criações intelectuais, segredos de negócio, etc.

Desvio ilegal de fornecimento de algum tipo de serviço, “o gato”. O que é isso?

A captação ilegal de energia elétrica (luz) e de sinal de TV a cabo, o conhecido “gato”, é uma forma de furto de propriedade, já que os que realizam esses atos colaboram para aumentar o valor pago pelos outros usuários que cumprem as regras de conexão e abastecimento preconizadas pelas empresas fornecedoras destes serviços.

O que é contrabando?

É o comércio de mercadorias proibidas pela legislação. É o caso de drogas, armas, medicamen-tos não autorizados e outros produtos que sejam proibidos. À luz do direito, contrabando é um crime contra a administração pública, com o objetivo de introduzir ou retirar mercadorias proibidas entre jurisdições (não confundir com descaminho).

O que é descaminho?

O descaminho consiste em não pagar total ou parcialmente as obrigações ou impostos devidos pela entrada, saída ou pelo consumo de mercadorias. Não se trata de mercadorias proibidas. Pela definição do direito, descaminho é uma espécie de fraude fiscal, consistente no não paga-mento de tributo devido. Semelhante ao contrabando, pois a forma como mercadorias são co-mercializadas ou introduzidas em outras jurisdições são ilegais, o descaminho tem a diferença

Foto de “gato”de energia postada no site ClicRBS

de que as mercadorias são legais. Ambos “contrabando” e “descaminho” são crimes contra a administração pública, previstos no art. 334 do Código Penal, porém, o contrabando consiste em importar ou exportar mercadorias proibidas.

O que é corrupção?

Corrupção é a apropriação ou o repasse indevido de recurso ou bem público ou privado (de propriedade alheia ao indivíduo) em troca de benefício próprio de um indivíduo. Em outras palavras, também significa obter vantagens às custas de outros.

Segunda Ramina (2003), a Organização das Nações Unidas enumerou uma lista de práticas corruptas que são criminalizadas em vários países, sendo que as mais comuns são: suborno (induzir com ofertas/dinheiro pessoas que tem algum tipo de poder a fim de se beneficiar), fraude (utilizar métodos enganosos a fim de obter vantagem) compra e comprometimento de votos, abuso de poder e quebra de confiança e apropriação indevida de recursos públicos, entre outros. A autora também refere que o comportamento corrupto relaciona-se à deterioração moral ou perversão.

Porém os grandes atos de corrupção acima citados tem suas correlações numa escala mais reduzida, mas não menos prejudicial. Cada vez que vê um ato “pequeno” de corrupção - um fis-cal que ganha um ´café` para não multar a obra irregular, o porteiro da boate que ganha uma ´caixinha` para liberar a entrada de um menor - a pessoa identifica ali o eterno hábito da “Lei de Gérson”, do “jeitinho” brasileiro. Por conseqüência, essa percepção acaba se transferindo para esferas maiores. Não sem antes ser devidamente multiplicada à devida proporção.

“Um ambiente que seja problemático em relação à obediência a critérios mínimos de conduta induz as pessoas a uma certa liberdade de comporta-mento. Por exemplo, não há aula de ética que, na escola, se contraponha ao fato da mãe do menino colocar o carro em fila dupla”, diz o diretor ex-ecutivo da Transparência Brasil Cláudio Weber Abramo. “A prática social é muito induzida pelo comportamento das instituições, e não me refiro apenas ao estado. Se essas práticas são pouco rigorosas, então as pessoas terão comportamentos pouco recomendados de maneira geral.”

http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=7372

Só existe corrupto por existir corruptor.

Autor desconhecido

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VIpráticas de consumo

na sociedade contemporânea

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É fato de conhecimento universal que a nossa sociedade é dominado pelo regime capitalistas que têm como base fundamental a produção e o comércio de bens e serviços e a geração de riquezas. No nível individual, cada pessoa reproduz esse modelo no seu convívio, em busca de maior satisfação e elevação do nível social. O debate a seguir trata de como essas relações – de consumo – podem ter consequências negativas, quando extrapoladas ou elevadas a uma im-portância desproporcional em relação à renda individual e familiar.

O psicólogo Yves de La Taille, no seu artigo Consumismo Infantil (2008), aponta que ato de consumir, na sociedade moderna, possui significados e motivações diversas. Se até um tempo atrás geralmente eram os adultos que compravam bens de consumo movidos pela necessidade, atualmente consumidores infantis, adolescentes e adultos encontram inúmeras razões para comprar. O prazer obtido em possuir o objeto do desejo, o desejo de adquirir produtos da moda para se sentir pertencendo a algum grupo social e a idéia de que comprar objetos valorizados pela mídia representa ser uma pessoa com valor na sociedade são fatores que impulsionam a prática do consumo.

Atualmente crianças e adolescentes também ocupam status próprio inaugurando uma nova sistemática de distribuição de poder no núcleo familiar. Os filhos tomam posição ativa nas tomadas de decisões, são escutados e valorizados por suas famílias. A relação familiar evoluiu para um padrão de negociação, crianças e adolescentes manifestam interesses próprios no exer-cício da compra, muitas vezes determinando aquisições de bens de consumo na família.

Conforme estudo feito por Trindade (2002) em relação à interferência de alterações sociais sobre o comportamento do consumidor infantil, pode-se afirmar que a criança e o adolescente assumem atualmente papel de ditadores de consumo e significam um mercado potencial para uma série de produtos e serviços. O autor constatou que o consumidor atual (criança e ado-lescente), ao revelar autonomia no processo de compra de produtos de bens de consumo está formando, nesse momento, as bases de comportamento do futuro adulto consumidor. O que move o ato de comprar nas crianças e adolescentes é o desejo de ter algo novo, a curiosidade e a necessidade de estar incluída no grupo social. Alguns produtos de consumo dessa faixa etária apresentam ciclo de produção curto, como os jogos de vídeo-game, programas de computador, entre outros, o que incita nessa clientela o desejo de adquiri-los, usá-los e descartá-los. Logo, o comércio da pirataria ganha um volume extraordinário de ação.

A família e a escola são grupos de referência para crianças e adolescentes, cujos valores, normas, atitudes ou crenças são usados como guia de comportamento. A cultura do consumo começa a ser formada por estes em sua própria casa, no contato com os seus familiares e também abarca as relações estabelecidas na escola.

Sendo assim, é fundamental que a escola abra espaço para reflexão da prática dos atos ilícitos socialmente aceitos. Nota-se que a falta de conhecimento em crianças e adolescentes sobre a prática de adquirir produtos falsificados desfavorece a construção da compreensão desse ato como ilícito.

A crescente autonomia no processo de compra dada aos jovens consumidores lança as bases para a constituição de um novo perfil de consumidor. A escola, ao informar e debater sobre o tema de combate aos atos ilícitos socialmente aceitos, desperta e promove a formação de um código de valores éticos e morais positivos que refletirão nas ações de consumo futuras de nos-sos jovens.

Não podemos desconsiderar que crianças e adolescentes também são grande influenciadores da aquisição de bens de consumo no âmbito familiar. Assim, o projeto pedagógico de conscien-tização de combate aos atos ilícitos socialmente aceitos além de ajudar a formar cidadãos con-scientes no ato de consumir, também promoverá que consumidores jovens questionem práticas de consumo adotadas por seus familiares.

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VIIcontextos e elementos

que facilitam os atos ilícitos socialmente

aceitos

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Nesta seção você vai conhecer a forma de comercialização de produtos piratas. Os produtos piratas mais consumidos pelas crianças e adolescentes bem como as várias conseqüências do uso desses produtos como usuários e os maléficos da compra de produtos falsificados a nível econômico e social são referidos nesta seção.

“Não se mede o valor de um homem pelas suas roupas ou pelos bens que possui, o verdadeiro valor do homem é o seu caráter, suas idéias e a no-breza dos seus ideais.”

Charles Chaplin

Como produtos piratas e falsificados são vendidos?

Por serem produtos ilegais, a forma como eles são vendidos também acaba sendo ilegal. Esses produtos chegam sob forma de contrabando e são vendidos quase sempre sem emissão de nota fiscal e recolhimento de quaisquer impostos. Por isso, sempre peça nota fiscal quando comprar qualquer produto, e oriente seus alunos a fazer o mesmo, pois essa será a garantia de que o produto recolheu impostos e está sujeito a controle público.

Quais produtos sofrem com atos ilícitos (pirataria, falsificação, etc.)?

Atualmente, diversos produtos sofrem ação de atos ilícitos. Como exemplos, podemos citar brinquedos, óculos de grau e de sol, tênis e sapatos, protetores solar, hidratantes e perfumes, medicamentos, jogos eletrônicos, CDs e DVDs e softwares, livros, bolsas, carteiras, relógios, mochilas, roupas, materiais esportivos, cigarros e bebidas.

Quais são os prejuízos causados pela pirataria e pelo contrabando?

Destacamos aqui os produtos mais propensos a serem alcançados pelas crianças e adolescentes ou que estejam muito próximos de seu convívio, seja no ambiente familiar ou social.

Brinquedos

São fabricados sem respeito às normas técnicas, podendo oferecer risco de intoxicação química, ingestão de fragmentos e durabilidade bem abaixo do tempo regular. O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) possui uma cartil-ha educativa que pode ser acessada pela internet (http://www.inmetro.gov.br/infotec/pub-licacoes/cartilhas/criancaSegura/crianca_segura.pdf).

Óculos de Sol e Óculos de Grau

São fabricados sem atendimentos às normas de segurança, oferecendo riscos temporários e mesmo permanentes à visão.

Tênis e Sapatos

São fabricados em desconformidade técnica, podendo trazer problemas posturais ao usuário, e no caso de adolescentes e crianças até má formação óssea. Sua durabilidade na maioria das vezes é bastante reduzida em relação aos produtos conformes;

Roupas, Bolsas, Carteiras, Mochilas, Materiais Esportivos e Relógios têm menor durabili-dade do que os originais, e podem ser confeccionados com materiais que tragam descon-forto no uso (ergonômicos ou alérgicos);

Cigarros e Bebidas

São produzidos sem controle sanitário, o que impede que insumos proibidos ou restritos sejam adicionados em quantidades além das permitidas. O consumo dessas substâncias pode acarretar em maior exposição da saúde pública (cigarros) a endemias de longo prazo, e intoxicação alimentar (álcoois não autorizados);

Protetores Solar, Hidratantes, Perfumes e Medicamentos

A pirataria de remédios e produtos de beleza possui um caráter perverso, pois, muitas vezes, o consumidor desconhece que está comprando um remédio ou produto de beleza pirata. Os efeitos danosos da aquisição de uma medicação ou produto de beleza falsificado podem colocar em risco à saúde do consumidor. Problemas de queimaduras, alergias e irritações na pele e, a médio/longo prazo, câncer de pele quando da compra de protetores solar, hidrantes e perfumes.

Como as indústrias farmacêuticas são diretamente atingidas com a venda de remédios falsi-ficados, a verba direcionada para as pesquisas científicas das curas de doenças ficam preju-dicadas.

Jogos Eletrônicos, CDs, DVDs e Softwares

Podem danificar o equipamento reprodutor (computador, CD/DVD player) e corromper outros programas instalados na máquina (computador), além de desempenhar o conteúdo com falhas (música, filme, jogo ou programa). Observa-se que a pirataria desses produtos pode acobertar outras atividades criminosas de maior risco, como tráfico de drogas e ar-mas, violência urbana e até financiamento para seqüestros e outros ilícitos. Além desses, estabelecem ainda concorrência desleal com os produtos éticos, e desestimulam a atividade criativa e de desenvolvimento de produtos com alto valor agregado.

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Livros

Não há indicação do autor nem referência bibliográfica nos trechos copiados dos capítulos ou fragmentos de capítulos de produções intelectuais. A prática de cópia de fragmentos de trechos de livros causa danos aos autores e editores. Um dos danos é que, em virtude das cópias feitas indiscriminadamente, as editoras, sem procura pelos títulos, deixam de pro-duzir reedições.

Sendo assim, a cópia de livros desestimula o consumo e fragiliza a formação acadêmica dos alunos.

Há ainda riscos comuns referentes à aquisição de produtos piratas?

Sim, todos os produtos piratas chegam ao mercado com evasão fiscal parcial ou total, entram por descaminho ou por contrabando, e podemos afirmar que transferem empregos para outros países (desemprego), desestimulam as empresas éticas, o surgimento de novas empresas e a inovação.

Quais as conseqüências dos diversos atos ilícitos abordados nesse material (pirataria, falsificação, contrabando)?

As conseqüências são as mais diversas: a perda de valores fundamentais ao ser humano (cor-rosão da ética e da moral), financiamento da violência urbana e de atividades como tráfico de drogas, de armas e outros delitos, ameaça ao bem estar social (empregos, renda, seguridade social, etc), ameaça à atividade econômica estabelecida (empresas formais, que empregam e arrecadam impostos). Sobretudo, a maior ameaça é contra a formação ética e moral dos indi-víduos.

INFORMAÇÃO

ESCOLA MUDANÇA DE

COMPORTAMENTO

INDIVÍDUO

VIIIa escola e os atos ilícitos socialmente

aceitos

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Nesta seção será abordado o papel do professor/educador como agente multiplicador na ação de conscientização dos jovens (crianças e adolescentes) no combate aos atos ilícitos social-mente aceitos.

Alguns atos ilícitos socialmente aceitos que ocorrem no âmbito escolar são citados com o obje-tivo do professor/educador promover um espaço de reflexão com seus alunos, auxiliando-os a pensar sobre tais atos.

Pirataria, como mudar essa situação?

Qual minha responsabilidade, enquanto educador, no combate à pirataria?

O educador é um agente capaz de promover a mobilização e a transformação social. Sua re-sponsabilidade não diz respeito apenas ao aprendizado de conteúdos previstos em um cur-rículo, mas ao desenvolvimento de outras habilidades e à formação do aluno como um cidadão. Ao educador, segundo Redin (2002) cabe auxiliar o aluno a pensar, questionar e conhecer o mundo, despertando seu interesse por diversas questões.

Assim, a função do educador no combate aos atos ilícitos socialmente aceitos é conscientizar os alunos quanto à ilegalidade, condenando as soluções fáceis proporcionada pela pirataria, como a inclusão no mercado de consumo. O educador deve destacar também que a pirataria pode ser a porta de entrada de outras ilegalidades, que poderão se mostrar muito mais graves e prejudiciais ao próprio aluno, à comunidade e ao país.

As formas de abordar o tema e como se respaldar com argumentos estão apresentadas neste guia de informações.

Alteração na cultura do indivíduo

Alteração nas normas e estrutura organizacional da sociedade

Alteração de cunho politíco ou econômico

Mudança social

De que forma os atos ilícitos ocorrem nas escolas?

Dentro das escolas, podem acontecer diversas atividades ilícitas: desde a “cola”, cópias de produções intelectuais, sem indicação do autor ou referência bibliográfica, passando por con-sumo de drogas, prática e apologia à violência, e o comércio e estímulo ao consumo de produtos pirateados e falsificados. Em todos os casos, os alunos não têm a ciência da extensão dos pre-juízos que essa prática causa, seja ao meio em que convive ou a ele mesmo.

A maior parte dos atos ilícitos nas escolas são praticados pelos próprios alunos, ou por má orientação familiar ou por desconhecimento, como se acredita que seja no caso dos produtos piratas e do contrabando. Nesse caso, havendo um ambiente de aceitação do ilícito (pirataria), as crianças e os adolescentes acabam aderindo ao consumo dessas mercadorias bem como in-ternalizando a prática da pirataria como um padrão de consumo socialmente aprovado.

Há relação entre atos ilícitos e violência?

O aspecto mais preocupante das atividades ilícitas é a confirmação pelas autoridades policiais do envolvimento de traficantes de drogas e praticantes de outros delitos desta natureza de praticarem também a pirataria e comércio ilegal (contrabando ou descaminho), como forma de “mascarar” as atividades mais perigosas e mais suscetíveis de serem investigadas pela polí-cia. Ampliar o campo de entendimento dos alunos sobre a prática de atos ilícitos socialmente aceitos, abordando as implicações sociais, econômicas e morais que tal ação acarreta é fomen-tar nas crianças e adolescentes o conceito de que comprar produtos falsificados prejudica o desenvolvimento do país.

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Bullying - atitude ilícita que desrespeita os direitos humanos

Bullying[1] é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indi-víduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma. (Wikipédia)

Caracteristica do Bulying (wikipédia)

O bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por al-guém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:

1. o comportamento é agressivo e negativo;

2. o comportamento é executado repetidamente;

3. o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

O bullying divide-se em duas categorias:

1. bullying direto;

2. bullying indireto, também conhecido como agressão social

O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças peque-nas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:

espalhar comentários;

recusa em se socializar com a vítima

intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima

criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).

O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.

Os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pes-soa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.

BULLYING ALÉM DAS SALAS DE AULA

ATO ILÍCITO VIRTUAL CYBERBULLYING

“Cyberbullying é uma prática que envolve o uso de tecnologias de infor-mação e comunicação para dar apoio a comportamentos deliberados, repetidos e hostis praticados por um indivíduo ou grupo com a intenção de prejudicar outrem.”

Bill Belsey (Wikipédia)

A violência só acaba com a valorização do ser humano. Existem valores que agregam, valores que afastam, que causam sofrimento ou felicidade.

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Qual valor você quer conquistar?

Miséria

Fraqueza

Vício

Beleza

Dependência

Desgraça

Solidão

Ócio

Pecado

Trabalho

Solidão

Prazer

Conhecimento

Felicidade

Liberdade

Independência

Covardia

Desonestidade

Fadiga

Justiça

Segurança

Sofrimento

Saúde

Inteligência

Ignorância

Compreensão

Fadiga

Ódio

Amor

Doença

Pobreza

Riqueza

Fama

Santidade

Círculos restaurativos como estratégia no combate ao bullying

Conversar sobre o assunto expor o problema e se expor pode ser a principio muito dificil e deli-cado mas se for feito de uma maneira consciênte e bem coordenado pode ser uma estratégia de ligar com esse problema, criando um espaço de dialogo onde os conflitos serão resolvidos.

O individuo agredido precisa se sentir acolhido primeiramente para ter segurança em se abrir, porque é colocado frente a frente com o agressor, como o assunto é delicado o coordenador precisa ter segurança e manter o clima de paz no ambiente e sempre passar a ideia de que ao final se chegará a um concenso.

“Posto que as guerras nascem na mente dos homens, é na mente dos ho-mens que devem erguer-se os baluartes da paz”

UNESCO

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IXa criança de 7 a 12

anos: trabalhando os ISA com seus alunos

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Nesta seção, serão abordadas as características do desenvolvimento de crianças de 7 a 12 anos, enfocando os aspectos da estrutura do pensamento e construção dos valores morais. Ainda, apontam-se sugestões didático-pedagógicas para se trabalhar o tema em sala de aula.

Alteração e concepção de novas atitudes e comportamentos

mudanças individuais

Como pensa uma criança de 7 a 12 anos?

As crianças com idades entre 7 e 12 anos estão em plena evolução. Estão adquirindo rapida-mente novos conhecimentos e habilidades, ganhando novos recursos de pensamento e ampli-ando sua inserção social. Assim, quando nos referimos a essa faixa etária, temos que ter em mente que esse período é marcado por muitas mudanças, e que a criança de 7 anos é diferente da de 10, ou daquela de 11 anos. O que essas crianças, conforme Brearley (1976), autor que desenvolve a teoria de Piaget sobre a aquisição da cognição no seu livro “ Guia Prático para Entender Piaget ” têm em comum é que estão desenvolvendo processos de pensamento lógicos, que podem ser aplicados a problemas reais. Assim, quando vivenciam um dilema entre a per-cepção e a razão, possuem recursos cognitivos para tomar decisões baseados na lógica. Mesmo com tantas capacidades, a criança nessa faixa etária ainda não tem o pensamento abstrato de-senvolvido, ou seja, não consegue utilizar o pensamento de maneira hipotética, ficando presa a situações concretas, reais e de sua vivência.

Assim, os problemas e as situações apresentados à criança devem partir de sua vivência e reali-dade. Ao tratar do tema dos atos ilícitos socialmente aceitos, o educador deve lançar mão de situações cotidianas, vivenciadas no dia-a-dia pela criança, para facilitar a transmissão do con-hecimento. Deve utilizar-se de atividade práticas, interativas e lúdicas, buscando que a criança internalize esse novo conhecimento.

A criança nessa faixa etária tem noção de certo e errado?

Sim. É a partir da faixa etária de 7 a 12 anos que a criança começa a estabelecer um conjunto de regras próprias sobre o que é certo e errado. Antes dessa faixa etária, a criança apenas obedece às regras estipuladas por seus pais ou por outras figuras de autoridade, sem ter condições de avaliá-las, apenas cumprindo-as. Também compreendem as regras como imutáveis, não poden-do ser alteradas em nenhuma hipótese. A partir dos 7 anos a criança evolui para uma morali-dade heterônoma, ou seja, ela consegue evoluir de uma obediência a valores pré-estabelecidos a uma moralidade de avaliação, pensando e questionando as normas já estabelecidas. A criança passa a formar seu próprio conjunto de valores morais, que pode diferenciar em alguns aspectos da escala de valores de seus pais.

“Acredito que se você mostrar às pessoas os problemas e depois as soluções elas se motivarão a agir.”

Bill Gates

Qual a importância de trabalhar o tema de combate aos atos ilícitos socialmente aceitos com crianças de 7 a 12 anos?

Levando em consideração que é nessa faixa etária que a criança está constituindo um código de valores próprios, é oportuno que se debata questões referentes à moral. Sabe-se que a criança es-tabelece esse código de forma própria, não aceitando passivamente o que figuras de autoridade lhe impõem. Assim, ao trabalharmos a moralidade com crianças nessa faixa etária, é possível que ela questione situações já estabelecidas e socialmente aceitas, ainda que não sejam éticas ou mesmo legais, como é o caso da pirataria. Ainda, entre os 7 e 12 anos a criança vive plenamente sua sociabilidade, interagindo com colegas, educadores, pais, e demais pessoas de seu círculo social. Com sua atitude questionadora, poderá informar e debater práticas sociais ativamente, tornando-se um agente multiplicador de seu conhecimento no âmbito familiar e social.

Para que o conceito pirataria seja assimilado pela criança e para que ela compreenda que não pode praticar esse ato, é necessário que a exposição do tema seja seguida de discussões para que a criança possa refletir e construir ela mesma um julgamento moral sobre o tema.

“O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança desco-brir. Cria situações-problemas”.

Jean Piaget

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Como orientar a criança sobre o que é certo e errado nessa idade?

Ao orientar crianças sobre o certo e errado em determinadas situações, devemos ajudá-las a construir seu código de valores, refletindo sobre as conseqüências de suas ações, em nível con-creto, e ajudando-as a se colocar no lugar dos outros. A formação moral passa pela construção de regras pela própria criança, não pela aceitação passiva de normas impostas por outros. Essa construção é feita através de relações de trocas entre a criança e outras pessoas (crianças e adultos) e pela percepção de diferentes pontos de vista.

A criança já possui noções de propriedade?

Sim. A criança nessa fase está constituída como um sujeito independente e separado de seus pais. Winnicott, psicanalista inglês, afirma que o bebê ao enxergar-se como um indivíduo, de-senvolve a noção “eu-outro”, sabendo discernir entre o que pertence a si e ao que pertence aos outros. Quando a criança está desenvolvendo um conjunto próprio de valores já consegue avaliar essas questões de propriedade. A criança sabe que mexer ou apropriar-se de um objeto que não pertence a ela não é correto e vai sofrer sanção. Esse é outro argumento para trabal-harmos a questão da pirataria com crianças com idades entre 7 e 12 anos, pois elas já podem compreender o conceito de propriedade intelectual. A criança de 7 a 12 anos tem a capacidade de entender que se alguém faz um desenho, por exemplo, tem a propriedade sobre o mesmo, é o dono, entendimento que é base para o conceito de pirataria.

A criança com idade entre 7 e 12 anos já entende o significado de atos ilícitos socialmente aceitos?

Na medida em que a criança nessa faixa etária já possui a noção de certo e errado, bem como a idéia de propriedade, já possui condições de compreender esse conceito. Ainda não entende todas as repercussões sociais e econômicas causadas por atos ilícitos socialmente aceitos, mas já entende que pirataria é uma atividade ilegal e que não deve ser praticada. X

a criança de 12 a 14 anos: trabalhando os ISA com seus alunos

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Nesta seção serão abordadas as características do desenvolvimento de adolescentes de 12 a 14 anos, enfocando os aspectos da estrutura do pensamento e da construção dos valores morais. Ainda, apontam-se sugestões didático-pedagógicas para se trabalhar o tema em sala de aula.

Como pensa um adolescente de 12 a 14 anos?

Conforme Castro e Sturmer (2009), o adolescente inicial apresenta recursos cognitivos mais elaborados, possibilitando o exercício da reflexão intelectual a partir de elementos hipotéticos e abstratos, o que caracteriza o estágio das operações formais. O adolescente possui um código de valores em fase de consolidação, que se diferencia do código de valores de seus pais. Sendo assim, é freqüente a crítica feita por adolescentes em relação a atos e comportamentos de adultos.

Diferentemente da criança, o adolescente é capaz de exercer auto-crítica em relação a atitudes e comportamentos, pois seu esquema de pensamento o habilita a fazer co-relações. Por exemplo, o adolescente, ao contrário da criança, consegue fazer relações complexas do tipo: Comprando um tênis falsificado, não recolherei nota, não ajudarei a gerar imposto no meu país, não estimu-larei a geração de empregos formais nas empresas brasileiras e não promoverei os investimen-tos necessários em educação, saúde entre outros. Há uma capacidade maior de discernimento entre o certo e o errado e a noção de propriedade estão plenamente estabelecidos.

O grupo social, nessa fase da vida, toma uma importância única, pois, é através das relações sociais, que o adolescente busca figuras de identificação para constituir sua identidade. É notória, na adolescência, a tendência de adolescentes de vestirem roupas, tênis, bolsas, produ-tos desportivos e relógios que estão na moda nos grupos sociais aos quais pertencem. Essa “padronização de vestimentas e acessórios” desperta o sentimento de pertencimento ao grupo no adolescente.

Levando em consideração as características emocionais e cognitivas dos adolescentes, é estra-tégico trabalhar o tema do combate a pirataria com essa faixa etária. Por representar um grupo da sociedade altamente propenso ao ato de consumir, é de suma importância promover um espaço de reflexão no ambiente escolar para as questões éticas, morais, sociais e econômicas envolvidas no exercício de atos ilícitos socialmente aceitos.

O que trabalhar sobre atos ilícitos socialmente aceitos com crianças e adolescentes?

A criança e o adolescente podem receber várias informações sobre o tema, desde que seja res-peitada a sua capacidade cognitiva. Independente da idade da criança e do adolescente que es-tamos lidando, o conceito de atos ilícitos socialmente aceitos, os riscos potenciais associados ao uso de produtos piratas e os desdobramentos sociais implicados nas atividades ilegais podem ser trabalhados. Uma criança de 7 ou 8 anos consegue compreender o tema se apresentarmos a ela várias situações que envolvem sua realidade mais concreta (como os danos que um tênis pirata faz ao seu corpo, por exemplo), enquanto que um adolescente de 13 anos é capaz de fazer co-relação da aquisição de um produto pirata com o incremento do tráfico de drogas na nossa sociedade.

Como trabalhar o tema em sala de aula?

Esse tema pode ser inserido em diferentes disciplinas do currículo básico (português, ciências, geografia) e pode ser tratado como um projeto pedagógico mais amplo, contemplando diversas séries do ensino fundamental.

Salienta-se a importância de trabalhar o tema dos atos ilícitos socialmente aceitos a partir da vivência da criança, ou seja, através de situações que são de sua realidade. O educador poderá levar o aluno a construir um novo conhecimento sobre esse tema e auxiliando-o a estabelecer um código de valores que não se beneficie desse ato ilícito.

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Como inserir o tema de combate aos atos ilícitos socialmente aceitos em um plano de aula?

A partir dos conteúdos específicos e previstos para cada série eleita na proposta deste guia, o educador acrescentará o tema dos atos ilícitos socialmente aceitos.

Para crianças já alfabetizadas de séries iniciais (de 1ª a 3ª séries), sugere-se escuta/ leitura de livros infantis que abordem o tema da pirataria, pois a aquisição cognitiva, nessa faixa etária, se dá a partir do lúdico e da imaginação. O educador poderá sugerir a produção de desenhos após a realização do livro de história. A utilização de jogos que trabalhem o conceito de combate a pirataria também é um recurso pedagógico eficaz.

Nas 4 ª e 5 ª séries, sugere-se a realização de pesquisas feitas pelos alunos através de recortes de jornais e revistas, que abordem o tema dos produtos pirateados e outros atos ilícitos social-mente aceitos. O professor pode se utilizar de recursos como trabalhos em grupos, realização de produções textuais pelos alunos e debates em sala de aula.

Ainda, sugere-se o uso de jogos pedagógicos com regras estabelecidas que trabalhem noções de propriedade, de certo e errado.

Nas diversas séries trabalhadas, a identificação com heróis e ídolos pode auxiliar a disseminar conceitos do combate aos atos ilícitos socialmente aceitos. Exemplo: Artistas musicais que pro-movem campanhas de Combate a Pirataria.

Em relação às 6 ª e 7 ª séries, indica-se que os alunos realizem pesquisas no grupo familiar e de sua comunidade, ou ainda que façam visitações a espaços públicos que comercializam produtos piratas, sem a emissão de notas fiscais, e estudem sobre as sérias conseqüências econômicas e sociais que tais práticas geram na sociedade brasileira. Como adolescentes dessa faixa etária es-tão começando a elaborar um pensamento mais abstrato, pode-se começar a ampliar o conceito dos atos ilícitos socialmente aceitos.

Nas 8 a e 9 a séries sugere-se a apresentação de filmes e vídeos de campanhas cuja o tema foco seja o combate a pirataria e suas implicações na esfera social e econômica. O debate seguido da apresentação do filme/vídeo e acrescido de experiências pessoais possibilita a construção de valores éticos e morais no ato de consumir. O recurso pedagógico do debate com essa faixa etária promove a troca de conhecimento entre o grupo de iguais.

Salienta-se a importância de divulgar as produções dos alunos sobre o tema em murais e outros ambientes coletivos de sua escola.

“O menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança.”

Aristóteles

A criança e o adolescente podem mudar os hábitos da família?

Sim. O papel da criança e do adolescente na família mudou ao longo dos anos, como já referido na seção sobre consumismo. Há algum tempo atrás a criança era vista com pouca influência so-bre os demais membros e sobre a própria família, ficando a mercê das escolhas de seus pais e de outros adultos. Atualmente sabe-se que essa realidade mudou, e que a relação entre crianças, adolescentes e adultos é caracterizada por uma maior negociação e liberdade. Inclusive, sabe-se que em algumas situações são as crianças e os adolescentes que levam informações novas e atualizadas para a família, podendo ensinar seus pais e outros adultos. Um bom exemplo é a questão da tecnologia de informação, na qual crianças e adolescentes, muitas vezes, conhecem e dominam com mais propriedade que seus pais o uso do computador. Assim, ao trabalharmos a questão da pirataria com crianças e adolescentes, sabemos que elas levarão o tema para o âmbito familiar, o que pode levar outros membros da família a debater o tema e modificar seus comportamentos.

Como a criança e o adolescente influenciam os hábitos de consumo da família?

Ao exercer sua identidade individual, suas preferências diferem das dos seus pais e as crianças e os adolescentes começam a influenciar o que é comprado para o consumo da família. Como o padrão de relação das famílias mudou, a criança e o adolescente são valorizados como qualquer outro membro, o que faz com que seus pais lhe concedam a oportunidade de opinar no processo de aquisição de bens. Salientamos que os produtos que sofrem influência da criança e do ado-lescente não são apenas aqueles que ela consome ou utiliza de forma direta, mas a influência é sobre produtos que são consumidos pela família de forma geral.

A exclusão social contribui para o consumo de ilícitos socialmente aceitos, a medida em que o jovem ou adolescente em geral passa a se sentir excluído, marginalizado surge a necessidade de adquirir objetos que valorizem sua aparência elevando sua alto estima, e que muitas vezes são de fácil acesso e valor baixo.

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Novas terminologias aplicadas aos ilícitos socialmente aceitos

Essas terminologias vem sendo utilizadas inconsciente para amenizar a culpa de quem utiliza-se desse meio para sobreviver e dos que consomem esses produtos para torná-los mais social-mente aceitos, porém não os torna menos nocivos a sociedade.

Economia Informal:

Segundo a Wikipédia-dicionário livre a Economia In-formal envolve as atividades que estão à margem da formalidade, sem firma registrada, sem emitir notas fiscais, sem empregados registrados, sem contribuir com impostos ao governo, mas existem vários tipos de economia informal ex.: vendedores ambulantes que trazem suas mercadorias contrabandeadas para vend-er nos grandes centros.

É tudo que é produzido pelo setor primário, secundário ou terciário sem conhecimento do governo (o governo não consegue arrecadar impostos e não são recolhidos os encargos sociais dos trabalhadores da informalidade).

Réplica:

A réplica é uma cópia que é relativamente indistin-guível do original, utilizadas normalmente para fins históricos. Como são as réplicas de carros, quadros por exemplo que são utilizados para a recriação a intenção é deixar claro a condição de não-original, contrario a idéia dos falsificados.

Porém o que vem acontecendo é a utilização de répli-cas para a falsificação, de dinheiro, moedas, mercador-ias de grife de roupas, bolsas, relógios, acessórios de luxo. (Wikipedia)

Fake:

Fake é ‘falso’ em inglês, normalmente utilizada pelos internautas para se referir geralmente a um arquivo ou um servidor falso, que não é o que aparenta.

(http://pt.wikilingue.com/es/Fake)

Adulteração:

Sinônimo de alteração, imitação, fraude.

Comumente utilizado para definir gasolina falsa ven-dida em muitos postos de combustível, que causam se-rios danos aos veículos.

(http://www.dicionarioinformal.com.br/buscar.php?palavra=adultera%E7%E3o)

Já presenciamos casos de alimentos como o leite adul-terado causando um problema de saúde pública até mesmo pirulas anticoncepcionais que geraram gra-vides indesejadas.

A adulteração de placas de automóveis é utilizada para roubo de veículos e contrabando.

Símbolos da legalização e comprometimento com a qualidade

Marca registrada é um simbolo que deve ser observado

Uma marca registrada ou marca registrada comercial (respectivamente, símbolos ® ou ™, do inglês trademark em alguns países) é qualquer nome ou símbolo utilizado para iden-tificar uma empresa, um produto (bem de consumo) ou serviço. As marcas registradas são um tipo de propriedade intelectual e sua efetividade depende do registro de exclusividade conce-dido por autoridades governamentais competentes.

De modo geral, as marcas registradas são representadas por logotipos, palavras ou frases (slo-gan), usados separadamente ou de forma combinada. A marca tem como função permitir que o consumidor possa identificar a origem de um produto ou serviço, possibilitando-lhe distinguir este produto ou serviço de outros similares existentes no mercado. (Wikipédia)

O INMETRO tem como missão prover confiança à sociedade brasileira nas medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade, promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a competitividade do País.

(http://www.inmetro.gov.br/inmetro/oque.asp)

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XIboas práticas nas escolas escolegal

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O ESCOLEGAL nestes quatro anos de atividades acompanhou diversas práticas de abordagem a temática dos Ilícitos Socialmente Aceitos executas nas escolas de ensino fundamental, no âmbito do projeto. Dentre estas pinçamos algumas para ilustrar esta seção com a intenção de replicar os bons exemplos, sempre citando a referência de autoria, neste caso, cedida ao ICDE/Escolegal. Inspirem-se e quem a sua experiência estará nesta seção na próxima edição. Vamos lá!

GIBI. Proposta construída coletivamente pelos alunos da 5a série da Escola Estadual Olegário Mariano, Escolegal/ano 2009. Originais X Piratas. Professoras Orientadoras: Gio-vana G. M. Ando e Isabel Barnetche. Abaixo exemplo de alguns dos personagens criados.

Super Certa !M d S l F d

Super Heroína Legal !V F ll d S P d

Pira Pifado ... (Tudo funciona pela metade )Elisa Stéfani Nedel

Pira Tóxico ... (Se destruiu com seus gases tóxicos ! ) Luan Gabriel da Cruz Alves

Um Jornal Pirata – Vídeo realizado pelos alunos da E.E.E.F. Mané Garrincha, Escole-gal/2008 - www.escolegal.blogspot.com

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CRÉDITOS

COORDENADOR GERAL

Rodrigo Holtermann Lagreca

AUTORES

Rodrigo Holtermann Lagreca

Caroline Beneventi Passuello

Tatiana Passuello Ruffoni

COLABORAÇÃO

Mirian Raquel Buiz Mion

Letícia Soares Braga Poli

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