um supremo partido? a suprema corte nos meandros …
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12º Encontro da ABCP
19 a 23 de outubro de 2020
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa (PB)
Área Temática: Política, Direito e Judiciário
UM SUPREMO PARTIDO?
A SUPREMA CORTE NOS MEANDROS DO LIBERALISMO POLÍTICO BRASILEIRO
(1954-1968)
Wingler Alves Pereira
IESP/UERJ
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Resumo
O trabalho propõe-se a tecer considerações introdutórias sobre o conceito de poder
moderador no pensamento político liberal brasileiro entre 1954 e 1968. A partir da
metodologia da história dos conceitos de Reinhart Koselleck e do conceito de liberalismo
como ideologia política definida por Michael Freeden, o objetivo do trabalho consiste em
compreender, também em linhas iniciais, em quais termos conceituais o judiciarismo liberal
brasileiro pautava as discussões sobre o papel institucional e político do Supremo Tribunal
Federal. Como amostra, a pesquisa selecionou o pensamento de quatro juristas liberais da
época: Aliomar Baleeiro; Afonso Arinos de Melo Franco; Victor Nunes Leal e Heráclito
Fontoura Sobral Pinto. As conclusões sugerem que, confiando na missão judiciarista da
Suprema Corte, os liberais acreditavam que as liberdades deveriam ser protegidas diante
das circunstâncias políticas consideradas adversas ou autoritárias. Ao Tribunal cabia, sob
esse prisma ideológico, o papel de árbitro da república, de moderador dos conflitos.
Palavras-chave: judiciarismo; liberalismo; pensamento político brasileiro
Abstract
The work proposes to make introductory considerations about the concept of the moderating
power in Brazilian liberal political thought between 1954-1968. Based on the methodology of
the history of Reinhart Koselleck's concepts and the concept of liberalism as a political
ideology defined by Michael Freeden, the aim of this work is to begin understanding in which
conceptual terms Brazilian liberal judiciary guided the discussions on the institutional and
political role of the Federal Supreme Court. As a sample, the research selected the thoughts
of four liberal lawyers of the time: Aliomar Baleeiro; Afonso Arinos de Melo Franco; Victor
Nunes Leal and Heráclito Fontoura Sobral Pinto. The conclusions suggest that, relying on
the Supreme Court's judicial mission, liberals believed that freedoms should be protected in
the face of political circumstances considered adverse or authoritarian. The Court had, under
this ideological prism, the role of arbitrator of the republic and moderator of conflicts.
Keywords: judiciary; liberalism; Brazilian political thought
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1. Introdução
O trabalho busca tecer considerações introdutórias sobre o conceito de poder
moderador no pensamento político liberal brasileiro durante as crises políticas iniciadas com
a morte de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, até a edição do Ato Institucional nº 5, em
dezembro de 1968. O objetivo é compreender, ainda em linhas iniciais, em quais termos
conceituais o liberalismo brasileiro pautava as discussões sobre o papel institucional e
político do Supremo Tribunal Federal.
Inserida na história do pensamento político brasileiro, a pesquisa analisa o objeto
por meio da metodologia da história dos conceitos de Reinhart Koselleck (1992 e 2006) não
só com a finalidade de entendê-los em si mesmos, mas também de compreendê-los a partir
da sua relação com outros conceitos expressivamente empregados no período, como o de
revolução, por exemplo.
Epistemologicamente, os conceitos são interpretados segundo a ideologia política
do liberalismo definida por Michael Freeden (2003, p. 78-94), que no contexto específico do
Brasil, para o recorte temático escolhido, aparece sob a forma do judiciarismo. Em linhas
gerais, seriam questões próprias do liberalismo, por exemplo, o pressuposto de que os
seres humanos são racionais; a insistência na liberdade de pensamento e, com algumas
limitações, na de ação; a crença no progresso humano e social; o pressuposto de que o
indivíduo é a unidade social e primordial; o postulado geral da sociabilidade e da
benevolência humana; a apelação ao interesse geral em detrimento do particular; e as
reservas quanto ao poder, a menos que este se encontre limitado e disposto a prestar
contas.
A pesquisa é orientada, ainda, pelas linhagens do pensamento político brasileiro, às
quais são dedicadas vastas pesquisas que as dividem em grandes tradições. Dois ensaios
produzidos na década de 1970, época de forte ascensão da temática, são considerados
paradigmáticos. O primeiro, de Bolívar Lamounier, de título Formação de um pensamento
político autoritário na Primeira República, uma interpretação (2006 [1977]) e, o outro de
Wanderley Guilherme dos Santos, intitulado A práxis liberal no Brasil (1998 [1978]). Ambos
sugerem existir grandes tradições do pensamento político nacional que atravessam os
tempos na história do país.
Bolívar Lamounier aposta que as linhagens são divididas entre democráticos, de
um lado, e autoritários, de outro. Seria democrática, por exemplo, a tradição da qual fazem
parte Rui Barbosa e Tavares Bastos, e autoritários os componentes da mesma linhagem de
Alberto Torres e Oliveira Vianna. Wanderley Guilherme dos Santos entendia, por sua vez,
que os democráticos de Bolívar Lamounier seriam liberais doutrinários, e que os autoritários
seriam, na verdade, autoritários instrumentais, pertencentes a uma espécie de despotismo
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ilustrado liberal. Essa dicotomia aparece em pesquisas subsequentes, como nas de Alberto
Guerreiro Ramos, que denominou os membros do primeiro grupo de “hipercorretos” e os do
segundo de “pragmáticos críticos” no ensaio A inteligência brasileira na década de 1930, à
luz da perspectiva de 1980 (1983). O presente trabalho considera como síntese reflexiva a
apresentada por Christian Lynch nos artigos Cartografia do pensamento político brasileiro:
conceito, história, abordagens (2016) e Por que pensamento e não teoria? A imaginação
político-social brasileira e o fantasma da condição periférica (1880-1970) (2013).
O artigo está dividido em duas partes fundamentais. A primeira tece considerações
gerais, e também introdutórias, sobre as origens históricas e políticas do embate ideológico,
que remonta ao império, quanto ao conceito do poder moderador na república, incluindo um
avanço cronológico para o marco temporal da pesquisa (1954-68). A segunda parte analisa
os conceitos mobilizados nos discursos do pensamento político liberal brasileiro, por meio
de uma classificação inicial entre os “liberais clássicos”, vistos pelo pensamento de Aliomar
Baleeiro e Afonso Arinos de Melo Franco, e os “liberais democráticos”, estudados pela ótica
de Victor Nunes Leal e Heráclito Fontoura Sobral Pinto.
2. Judiciarismo: breves notas sobre as origens históricas e políticas de uma ideologia
A concepção de uma corte constitucional está, no Brasil republicano, intimamente
ligada à outra instituição que remonta à época do império brasileiro: ao poder moderador. A
constituição do império brasileiro recepcionou a ideia de Benjamin Constant (2005) do poder
moderador, que transformava o chefe de Estado, no sistema parlamentar, no árbitro das
crises políticas entre os poderes. Durante o império foram desenvolvidas ao menos duas
interpretações constitucionais sobre o conceito de poder moderador.
De um lado, a liberal, pensada por Zacarias de Góis e Vasconcelos (1862),
reiterava que o imperador deveria atuar apenas como árbitro do sistema político. Já a
conservadora, pensada pelo Visconde de Uruguai (1862), pressupunha que o imperador
deveria agir como governante e poder moderador ao mesmo tempo, tutelando o sistema
político. Já no final do império, liberais como Teófilo Benedito Ottoni (1979 [1835-1869]) e
Tavares Bastos (1863 e 1911) qualificavam a Suprema Corte dos Estados Unidos como o
poder moderador daquela república. A imagem, reiterada durante o Congresso Constituinte
de 1890-1891, reapareceria continuamente no pensamento político nacional.
Sob a influência decisiva de Rui Barbosa (1892 e 1893), a tradição liberal passou a
atribuir ao Supremo Tribunal Federal, durante a república, a condição de herdeiro do poder
moderador, formando a linhagem liberal judiciarista. Com a proclamação da república, esta
discussão foi suscitada, com maior ênfase, por Rui, por ter sido ele o idealizador institucional
do Supremo, inclusive com a incorporação do modelo da Suprema Corte dos Estados
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Unidos. Ele buscava explicar que o jurídico poderia definir o conteúdo do político em
determinadas situações, na medida em que “o efeito da interferência da justiça, muitas
vezes, não consiste senão em transformar, pelo aspecto que se apresenta o caso, uma
questão política em questão judicial” (Barbosa, 1999, p. 188). E não só no pensamento
político liberal houve a defesa de uma Corte Suprema atuante, tendo a ideia se manifestado,
inclusive, no pensamento conservador e nacionalista de Oliveira Vianna (1974b, p. 37). Isso
quer dizer que muito embora a república tenha extinguido o poder moderador centrado no
monarca, ela herdou sua cultura política. E dois discursos passaram a reivindicar a herança
do trono desde então: o judiciarismo e o militarismo (Lynch, 2020).
Na vertente liberal, o judiciarismo brasileiro durante a república teve inspiração no
papel de guardião da constituição exercido pela Suprema Corte estadunidense, descrito e
divulgado por Alexis de Tocqueville e James Bryce sob a doutrina de Rui Barbosa. Liderado
pelo “pai da Constituição” desde o começo do regime, contra a ditadura do marechal
Floriano Peixoto, e encampado por ministros do Supremo, como Pedro Lessa (1915), o
judiciarismo tornou-se a partir da presidência Hermes da Fonseca (1910-1914) um discurso
de combate ao establishment da Primeira República, cujo modelo político oligárquico,
baseado na política dos governadores, era sobejamente denunciado pelos bacharéis.
Nessa ótica judiciarista, o Tribunal deveria decidir sobre a competência dos demais
poderes e teria o papel de garantir a efetividade dos valores republicanos, democráticos e
liberais da constituição, além de zelar pela publicidade e pela opinião pública contra os
conservadores, autoritários e oligárquicos. No pensamento, e também na prática política, o
judiciarismo caracterizava-se, dessa forma, pela defesa do Supremo como um sucedâneo
do poder moderador monárquico, capaz de garantir, por meio da jurisdição constitucional, o
primado do Estado de direito democrático contra as aspirações oligárquicas ou autoritárias
do regime (Lynch, 2017).
Com o seu discurso de acentuados contornos éticos, em torno da ideia de uma
república liberal e civicamente mobilizada, o judiciarismo tornou-se uma vertente poderosa
no liberalismo brasileiro, reverberando nas décadas posteriores, até pelo menos à década
de 1960, na luta dos juristas liberais contra o autoritarismo do Estado Novo e do regime
militar. Basta lembrar os bacharéis da União Democrática Nacional (UDN), como Afonso
Arinos de Melo Franco e Aliomar Baleeiro, e os do Partido Socialista Brasileiro (PSB), como
Evandro Lins e Silva, Hermes Lima e João Mangabeira (Ibid.).
3. O judiciarismo liberal como ideologia do pensamento político brasileiro
3.1 Os liberais clássicos: judiciaristas por excelência
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Quanto aos liberais aqui nomeados como clássicos, o trabalho adota a categoria de
Wanderley Guilherme dos Santos da tradição do liberalismo doutrinário brasileiro, “com suas
crenças inabaláveis de que boas leis criam boas e eficientes instituições, e que boas
instituições garantem a qualidade moral do sistema” (Santos, 1978, p. 97). Seriam, portanto,
as instituições liberais que serviriam de instrumento para se alcançar uma sociedade liberal
tal qual a dos países centrais. Nessa tradição liberal judiciarista poderiam ser enquadrados,
por exemplo, Rui Barbosa e Pedro Lessa, ao privilegiarem a liberdade individual e das
minorias contra o arbítrio do Estado ditatorial ou oligárquico (Lynch; Mendonça, 2017, p.
994-995).
Num discurso de origem ruiana, a ideia comum entre esses liberais, considerando o
exemplo da Suprema Corte dos Estados Unidos, é a da defesa de um conceito que aponta
para uma postura ativa da Corte. São, assim, judiciaristas por excelência, que defendem o
legado do poder moderador do império ao Supremo Tribunal. Os pensamentos políticos de
Afonso Arinos de Melo Franco e Aliomar Baleeiro são característicos, no marco temporal do
trabalho, dessa vertente liberal clássica. Integrantes da União Democrática Nacional (UDN)
e do liberalismo doutrinário atualizado pelo antivarguismo da tradição liberal posterior a 1945
(Santos, 1978, p. 40-41), ambos partilhavam de uma concepção judiciarista do Tribunal.
Político de carreira iniciada na Bahia e nomeado para a Corte em novembro de
1965 em decorrência de vaga criada pelo Ato Institucional nº 2, Aliomar Baleeiro costumava
conceituar a Corte pela perspectiva dos seus modelos liberais judiciaristas, mas de maneira
mais conservadora e realista do que Afonso Arinos. Apesar das inspirações comuns como,
por exemplo, a do modelo da Suprema Corte dos Estados Unidos, a ideia de Baleeiro em
relação ao Supremo era, de fato, menos judiciarista. Um acontecimento da época ilustra a
particularidade do pensamento de Aliomar Baleeiro.
Após o conhecimento da intenção da ala mais radical dos militares de alterar o
número de ministros do Tribunal sem consulta prévia à Corte, devido ao incômodo que já
rodeava os mais radicais devido à concessão de habeas corpus a governadores afastados
pelos militares, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Álvaro Moutinho Ribeiro
da Costa concedeu, no dia 20 de outubro de 1965, entrevista ao jornal Correio da Manhã em
que repelia, veementemente, a tentativa de interferência do Executivo no funcionamento e
nas atribuições da Corte (Brasil, 1965, p. 158-159).
A reação antagônica do Alto Comando do Exército foi imediata. Em 22 de outubro
de 1965, o então ministro da guerra, o general Costa e Silva, fez discurso inflamado em
defesa do Exército e contra o presidente da Corte (Brasil, 1983, p. 37-40). O episódio, conta-
se, fez ruborescer até o presidente da república, Castelo Branco. Presente na ocasião, ele
teria ficado visivelmente constrangido com a declaração de Costa e Silva, seja pela sua
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efusividade, seja pela aparente quebra de hierarquia que o pronunciamento inflamado
parecia demonstrar (D’Araujo; Soares; Castro, 2014, p. 65-66).
Em resposta institucional, sobretudo em razão das declarações incisivas de Costa e
Silva, no dia 25 de outubro de 1965 a Corte se reuniu e aprovou emenda regimental para
prorrogar o mandato do seu presidente até o fim de sua judicatura. A reação do Alto
Comando do Exército veio logo em seguida. Pressionado pela ala mais radical do Exército,
no dia 27 de outubro de 1965, dois dias depois da mudança regimental promovida pelos
ministros do Supremo e sete dias após a entrevista de Ribeiro da Costa ao Correio da
Manhã, Castelo Branco decretou o Ato Institucional nº 2, que alterou a composição da Corte,
prevendo a nomeação de mais cinco ministros para o Supremo. A concomitância das datas
pode ter sido obra da coincidência, pois há consenso entre os atores políticos da época e
também entre os historiadores de que a decretação do Ato Institucional nº 2 foi motivada
não pelo discurso de Ribeiro da Costa, mas pelo resultado desfavorável aos militares nas
eleições de 1965 para governadores na Guanabara e em Minas Gerais. Acaso do destino ou
não, certamente veio a calhar.
Em referência a esse episódio conturbado, Baleeiro acreditava que o Presidente do
Supremo, o ministro Ribeiro da Costa, ao condenar publicamente as reformas previstas para
a Corte, atraiu resultados contraproducentes (Baleeiro, 1968, p. 133), em alusão à
interferência do Ato Institucional nº 2.
De qualquer forma, Aliomar Baleeiro entendia que a Corte havia, em sua história,
oferecido exemplos honrosos no esforço de proteger direitos e garantir liberdades, como na
doutrina do habeas corpus capitaneada por Rui Barbosa e Pedro Lessa durante a Primeira
República. Por outro lado, outro precedente da Corte, julgado dez anos antes do incidente
de 1965, indicava a leitura de Baleeiro sobre o conceito de poder moderador do Tribunal.
Trata-se do caso de Café Filho.
Após os sucessivos julgamentos do mandado de segurança e do habeas corpus
impetrados por Café Filho em 1955 com o fim de reassumir o cargo de presidente da
república, prevaleceu o entendimento, bem ilustrado pelo voto do ministro Nelson Hungria,
de que a Corte nada poderia fazer frente ao poder da espada, que impedia qualquer ação
do Tribunal quanto ao pleito jurídico do presidente da república (Costa, 1964, p. 468).
Sobre os casos judiciais de 1955 que envolveram Café Filho, Baleeiro considerava
que o Tribunal havia acertado em sua decisão de não confrontar o Executivo nem o Alto
Comando Militar, uma vez que, de acordo com o voto do ministro Nelson Hungria naquele
caso, o “Supremo Tribunal Federal não poderia enfrentar leões de verdade apenas com
togas pretas” (Baleeiro, 1972, p. 13). As concepções de Baleeiro sobre o conceito de poder
moderador centrado na Suprema Corte demonstram, como antecipado, um esboço liberal,
mas mais conservador e realista dentro da perspectiva judiciarista.
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Para Baleeiro, a timidez do Supremo em certas situações derivava do fato de não
ter sido necessário o exercício da sua função política, haja vista as constantes revisões,
alterações e mudanças constitucionais no Brasil, pelos próprios atores políticos, em
comparação ao contexto norte-americano. As inibições circunstanciais da função política do
Tribunal poderiam ter decorrido, para ele, da influência da doutrina francesa, menos sensível
ao Judiciário, ou da predominância de juízes de carreira, em contraste com a predominância
de políticos na Corte americana (Idem).
Afonso Arinos, por sua vez, cujo histórico fora pautado pela crítica veemente ao
governo de Getúlio Vargas nos anos pretéritos, pensava, numa perspectiva mais judiciarista
e atrelada ao desvio institucional, que um dos alicerces do sistema presidencial brasileiro
não havia encontrado aplicação histórica, e esse alicerce era justamente o Supremo
Tribunal Federal (Franco, 1961, p. 185). Para ele, o Tribunal nunca havia conseguido
exercer a sua missão específica de poder moderador, e de conter os excessos do
Executivo, pois teria lhe faltado a tradição judiciária cosmopolita das Cortes inglesas e
americanas. Nesse viés, desde o princípio, com a proclamação da república, o Supremo
teria fracassado na sua missão, apesar dos esforços de Rui Barbosa e Pedro Lessa. A
Corte, para ele, teria historicamente naufragado “na fraqueza, na omissão e no
conformismo” (Franco, 1961, p. 186) diante de situações criadas, por exemplo, por Floriano
Peixoto, Hermes da Fonseca e Getúlio Vargas. Se, de um lado, o juízo de autocontenção
promovido pelo Supremo em certas ocasiões era, para Baleeiro, sinal de realismo; por outro,
para Arinos, correspondia a um desvio decorrente da omissão institucional da Corte.
Em artigo publicado em 1963 no Jornal do Brasil, e coerente quanto à sua posição
mais idealista sobre o Supremo, Afonso Arinos relatava, a respeito dos pleitos de Café Filho
rejeitados pelo Tribunal, que o ex-presidente resistiu “contra o golpe do impedimento –
infelizmente acobertado pelo Supremo Tribunal” (Franco, 2005, p. 60). O posicionamento
relativo ao fracasso da importância política da Corte foi reafirmado por ele em diversas
ocasiões ao longo de 1964-1965, nos mesmos artigos periódicos que publicara no Jornal do
Brasil, depois reunidos na Evolução da crise brasileira (2005). A visão liberal e cosmopolita
de Afonso Arinos seria mitigada apenas depois do enfretamento da Corte face ao poder
militar, ao reconhecer que o Supremo Tribunal, à época, decidia “com independência e
coragem casos políticos espinhosos” (Idem, p. 268).
À época, o Supremo concedeu diversos habeas corpus a governadores de Estados
afastados pelo governo militar instaurado em 1964. O caso do governador Mauro Borges, de
Goiás, é característico, pois envolveu os principais atores políticos do país. Com apenas
uma palavra, em um sábado, no dia 14 de novembro de 1964 o ministro relator, Gonçalves
de Oliveira, após ser convencido pelos advogados Sobral Pinto e José Borges, apostou o
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termo “deferido”, no pedido de habeas corpus nº 41.296 impetrado pelo governador, o que
impediu instantaneamente a sua prisão pelos militares (Costa, 1964).
A decisão, que pegou de surpresa até os militares considerados mais legalistas,
como o presidente Castelo Branco, despertou a união das diferentes alas do Exército, todos
contra a Corte. Premidos pela urgência inicial, a intenção dos militares de prender o
governador seria posteriormente alcançada pela intervenção federal decretada no Estado de
Goiás. Mas não se tratava de uma desobediência direta ao comando do Supremo. A própria
Corte adiantou, no voto do ministro Victor Nunes Leal, que, se os militares buscavam a
intervenção federal, ela não poderia ser atingida por outros meios transversos, como pela
prisão do governador.
A concessão de habeas corpus a outros governadores, como o do Amazonas e do
Pernambuco (habeas corpus nos 41.049 e 42.108, respectivamente) também acarretou um
embate entre a Corte e os miliares. E era essa a postura que Afonso Arinos, diferentemente
de Baleeiro, acreditava que o Tribunal deveria tomar em nome da proteção das liberdades.
As posições de Aliomar Baleeiro e Afonso Arinos sobre o papel moderador da
Corte, a despeito de suas diferenças intrínsecas, permitem classificar a tradição cosmopolita
e judiciarista do pensamento político brasileiro nas décadas de 1950 e 1960, seja por um
viés mais conservador, como o de Baleeiro, seja por um tom mais judiciarista, como o de
Afonso Arinos. Preliminarmente é possível concluir que, ao fim e ao cabo, ambas as visões
retratam o discurso de que a Corte tem a atribuição de exercício político, de moderador dos
poderes em conflito, em nome da preservação das liberdades e contras as oligarquias e o
autoritarismo.
3.2 Os liberais democráticos: uma defesa incondicional da Corte
Quanto aos liberais aqui chamados de democráticos, parte-se da premissa de que
eles compartilhavam em muitos aspectos a visão de mundo dos liberais clássicos, mas com
diferenças que merecem um recorte apartado. Não fosse o apelo democrático, fruto de uma
consciência da crescente inclusão das massas na política, e a defesa intransigente do papel
de guardião da constituição por parte do Supremo, essa outra vertente liberal poderia ser
fundida com a dos liberais clássicos sem grandes dificuldades, porque a tradição de Rui
Barbosa, em seu aspecto mais radical, apregoava veementemente o papel de moderador do
Supremo, com o fazia Afonso Arinos. O cosmopolitismo é outro traço comum. Esse trabalho,
contudo, sublinha o aspecto mais democrático dessa linhagem, como aparece em Enxada,
Voto e Coronelismo (2012[1949]) de Victor Nunes Leal e em Por que defendo os comunistas
(1979) de Heráclito Fontoura Sobral Pinto, em comparação à tradição liberal clássica.
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Devido às peculiaridades do pensamento político de cada um, Victor Nunes Leal
está, comparativamente a Sobral Pinto, mais perto dos liberais clássicos, enquanto o último
apresenta um modo de pensar mais tipicamente ideal do pensamento liberal democrático.
Propõe-se o estudo conjunto de ambos, dada a maior semelhança na maneira de entender
o conceito de poder moderador do Supremo.
Participante da militância pela defesa da legalidade, movimento que também teve a
participação de Sobral Pinto na eleição e posse de Juscelino Kubitschek como presidente da
república e contra a ameaça de golpe militar, Victor Nunes Leal integrou o governo de
Juscelino como Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e, depois, como Chefe da
Casa Civil. Indicado pelo presidente Kubitschek para ministro da Suprema Corte em 1960, lá
permaneceu até ser compulsoriamente aposentado pelo Ato Institucional nº 5 de 1968.
Judiciarista, o discurso de Victor Nunes Leal era o de que o Supremo era o grande
árbitro dos poderes do Estado e da delimitação das suas competências, e também “o fiel
das limitações impostas pela Constituição a todos os Poderes, qualificado por esta
prerrogativa como o mais alto guardião das liberdades e direitos individuais” (Leal, 1965a, p.
17). Como ministro, um julgado que demonstra o seu pensamento sobre a natureza jurídica
dos Atos Institucionais e da competência do Supremo na apreciação de atos considerados
autoritários foi o mandado de segurança nº 17.957. Nele, a Companhia de Docas da Bahia
atacava o Decreto-Lei nº 128/67 que havia criado, anteriormente à Constituição de 1967,
restrições ao exercício de certos direitos sobre terrenos de marinha e seus acrescidos
(Idem).
Naquele precedente, Victor Nunes Leal entendeu que não seria possível extrair
qualquer interpretação da constituição para afastar da apreciação judicial um ato contrário
ao texto constitucional. Não poderia o que ele denominou de “Poder Revolucionário” blindar
o conteúdo de legislação pré-constitucional, sob pena de se reconhecer a existência de dois
regimes constitucionais distintos, um composto pelas normas da Constituição de 1967 e
outro pelos atos do Executivo. Não poderia haver, em suas palavras, “outro sistema de
normas que o Supremo Tribunal tenha de aplicar contra a letra e o espírito da Constituição”
(Brasil, 2006, p. 188).
A despeito de o artigo 173 da Constituição de 1967 ter excluído determinados atos
do Executivo da apreciação do Judiciário, ele entendia que tais atos não poderiam ser
recepcionados no que contrariassem a Constituição vigente. Afirmou que “o país não teria
sido constitucionalizado pela metade” (Idem), sendo impossível conceber a existência de
duas ordens constitucionais distintas, colidindo, portanto, com as tentativas do governo
militar de imunizar seus atos diante do texto constitucional. Defendeu que, a despeito da
vigência formal do artigo 173 da Constituição de 1967, isso não impedia que se analisasse,
casuisticamente, o conteúdo de atos do Executivo em concreto e sua compatibilidade com a
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nova ordem constitucional. No entanto, restou vencido, pois os demais ministros votaram em
sentido contrário (Ibid.).
Outro julgamento da Corte ilustra o pensamento de Victor Nunes Leal. O Inquérito
nº 2 discutia qual o tribunal ou juízo seria competente para julgar o antigo presidente da
república João Goulart, à época com seus direitos políticos suspensos com fundamento no
Ato Institucional nº 2 e acusado em inquérito policial militar da prática de crimes comuns
durante o exercício do cargo. A dúvida era: seria a competência da Justiça Militar, com base
no referido Ato, ou do Supremo Tribunal, com base na Constituição? O ministro Nunes Leal
relembrou seu voto proferido no caso da Companhia de Docas, destacando ser impossível
que qualquer norma anterior, de conteúdo supostamente constitucional, pudesse coexistir
com a Constituição de 1967 (Ibid., p. 233-235).
Como decorrência da defesa indiscutível do papel de moderador do Supremo,
Nunes Leal também foi pessoalmente responsável pela hercúlea tentativa de uniformizar e
racionalizar a atividade jurisdicional do Supremo Tribunal. Tendo em vista o grande volume
de processos na Corte já àquela época, havia grande dificuldade até mesmo para que os
ministros identificassem as matérias em que a jurisprudência estava pacificada e aquelas
que ainda mereciam discussão aprofundada (Leal, 1964 e 1965a). Para tanto, ele defendia
reformas que iam desde uma redução pragmática das competências da Corte, para que ela
se ocupasse apenas das funções de guardiã da constituição, excluindo-se as atribuições
que serviam apenas para acúmulo de trabalho, como a competência para julgar crimes
políticos em grau recursal, até a ideia da súmula, que serviria para resumir o entendimento
do Supremo em diversos assuntos em pequenos e simples enunciados (Idem). O escopo
era sempre o mesmo: garantir que a Corte tivesse condições de cumprir sua missão.
A defesa intransigente do poder moderador ao Supremo Tribunal Federal também
foi marcada pelo pensamento e atuação do advogado Sobral Pinto, que teve um papel de
destaque durante o Estado Novo na crítica a Getúlio Vargas e na defesa judicial daqueles
que eram considerados presos ou perseguidos políticos, notadamente os comunistas. Com
a eleição para presidente de Juscelino Kubitschek, a primeira vaga ocorrida no Supremo
Tribunal Federal foi a ele oferecida. Recusou a indicação, entre outros motivos, para não dar
a impressão de que a vaga seria uma retribuição às atividades realizadas na liga de defesa
da legalidade em prol do presidente Juscelino (Scalercio, 2014, p. 230-234).
Favorável à deposição de João Goulart, logo a partir do Ato Institucional nº 1 Sobral
Pinto passou a criticar o movimento militar de maneira crescente, inclusive dentro da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), na condição de Conselheiro da Secional do Distrito Federal
(Rollemberg, 2008, p. 69). A OAB, que apoiara o golpe, viu crescer dentro de seus quadros
uma fissura na homogeneidade então favorável ao regime. Mas essa não foi uma posição
institucional, e sim um posicionamento individual de Sobral Pinto, isolamento já notório no
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Conselho Federal e ratificado na sua derrota ao concorrer à eleição para presidente da
Ordem em 1965 (Motta; Dantas, 2006).
Com a edição do Ato Institucional nº 2, Sobral Pinto evocava no Conselho Federal a
figura de Rui Barbosa e o apelo que ele próprio fizera no passado a Getúlio Vargas, “para
que fossem garantidas a independência e a soberania do Poder Judiciário” (Rollemberg,
2008). Diante do momento político nacional, pedia ao Conselho Federal que encaminhasse
ao presidente Castelo Branco solicitação no mesmo sentido. Alguns meses antes, o próprio
Sobral havia enviado missiva ao presidente Castelo Branco em que denunciava os abusos
ocorridos no inquérito policial militar que investigava o Instituto Superior de Estudos
Brasileiros (ISEB), alertando, como um bom bacharel, que utilizaria todos os meios
disponíveis para assegurar inclusive o seu próprio direito de inviolabilidade como advogado
(Pinto, 1977, p. 79-80).
No ano seguinte, Sobral fez constar em ata do Conselho Federal um manifesto
contundente contra Castelo Branco e o Ato Institucional nº 2 (Rollemberg, 2008). Seu
discurso mostrava o viés ruiano judiciarista radical em defesa da ordem jurídica do país
contra a ordem oligárquica e autoritária. Pela primeira vez, um conselheiro chamava a
revolução de golpe e o governo revolucionário de ditadura. Denunciava a existência de
prisão política, desafiando diretamente o presidente a provar o contrário. No entanto, após a
leitura das páginas escritas num tom de enfrentamento, nada foi debatido entre os
conselheiros. Ao menos, não constou em ata qualquer discussão ou referência a qualquer
das acusações (Ibid.).
Não bastasse, alguns meses depois, em carta dirigida ao marechal Costa e Silva
sobre uma entrevista que este concedera à Revista Manchete, Sobral Pinto perguntou ao
militar se não seria “ditatorial um regimen em que o Poder Judiciário está privado de todas
as garantias e não pode anular os atos baixados pelo Presidente da República, com
fundamento nos Atos Institucionais” (Pinto, 1977, p. 92).
Dias após a decretação do Ato Institucional nº 5, enviou nova carta a Castelo
Branco em que, mais uma vez, cobra a responsabilidade do governo em relação à
autonomia e independência do Supremo Tribunal Federal, que não poderia virar uma Corte
submissa às vontades do Executivo. Em apelo com fortes conotações éticas e com vistas à
preservação das liberdades, alardeava que se o presidente tirasse “do Supremo Tribunal
Federal os Ministros que, até agora, honraram, pela sua bravura e pela sua independência,
esta Instituição, terá firmado o atestado de óbito do Poder Judiciário no Brasil” (Pinto, 1977,
p. 113-114).
4. Considerações finais
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O objetivo do presente artigo consistiu em fixar noções introdutórias do conceito de
poder moderador no pensamento político liberal brasileiro no período compreendido entre
1954 a 1968, especialmente pelas ideias de Aliomar Baleeiro, Afonso Arinos, Victor Nunes
Legal e Sobral Pinto. Sob esse prisma ideológico, ao Supremo Tribunal Federal cabia, sem
margens para muitas dúvidas, o papel de árbitro da república, de moderador dos conflitos
institucionais e políticos. Confiantes na nobre missão judiciarista da Corte, acreditavam que
as liberdades deveriam ser protegidas diante das circunstâncias políticas que caminhavam
rumo ao autoritarismo.
O arquétipo institucional estadunidense do judicial review era visto como referencial
no pensamento dos liberais para a moderação dos poderes diante do vácuo surgido pelo
desaparecimento do poder moderador centrado na figura do monarca. É bastante comum,
por isso, e a despeito das impropriedades e dificuldades metodológicas, que o Supremo
Tribunal Federal fosse constantemente comparado com a Suprema Corte dos Estados
Unidos. Devido ao persistente diagnóstico de atraso do país, as comparações costumavam
aparecer em vernizes de idealização do modelo original e, ao mesmo passo, de crítica do
modelo nacional, em razão, dentre outras, da ideia dominante entre os bacharéis da
inefetividade constitucional no país.
A despeito da escassez de pesquisas sobre o conceito de poder moderador no
pensamento liberal, para o marco temporal escolhido, é possível apontar, assim, algumas
tendências mais abrangentes na história do pensamento político liberal brasileiro. No recorte
temporal e temático da pesquisa, os liberais costumavam, como regra, a entender aqueles
conceitos por um viés teleológico. O ideal a ser alcançado, em um momento futuro ou
presente próximo, é o da Suprema Corte dos Estados Unidos. Como esse fim não era
alcançado o tempo todo em seu tipo ideal, inclusive em razão das contingências do
funcionamento de qualquer corte constitucional, os liberais costumava privilegiar, no geral,
as falhas e inconformidades do Tribunal, seu atraso, sua falta de coragem diante do poder
opressivo e oligárquico, e da sua abstenção de assumir um legado que lhe seria inerente.
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