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5 REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–30 R E S U M O Parcialmente descoberto durante a preparação do PDM de Coruche, mas nunca estudado ou identificado como um sítio do Neolítico antigo, Casas Novas consiste numa vasta área (30 ha), ligeiramente sobreelevada, cota máxima de 22 m, com sinais de ocupação muito disper- sos. Em 2010, o autor, em colaboração com o Museu de Coruche, caracterizou o sítio e locali- zou uma nova área de ocupação, com concentrações de cinzas, de talhe do sílex (localmente, uma importação), e com cerâmica impressa cardial, impressa e incisa, e só incisa. Esta primeira notícia apresenta as indústrias líticas e a cerâmica (num total de 56 registos, triados entre mais de 200) e comenta as perspectivas no início da primeira campanha de escavações. A mais antiga e extensa ocupação do sítio parece remontar a fins do sexto milénio, inícios do quinto milénio a.n.e., mas existem também alguns artefactos e raras cerâmicas do terceiro milénio. A B S T R A C T This new early neolithic site is located very near the left margin of Sorraia River, an important affluent of the Tagus River. This is a region sequential of the mesolithic “concheiros” of Muge and Paúl de Magos and a natural path to inlands of middle Alentejo. The artefacts found in the superficial area of this big site (1000 x 300 m, 30 ha) are mostly lithics (nuclei, bladelets, flakes, awls, flint debris...) and ceramics (cardial impressed and incised ware and hybrid) all of them from contexts of the end of 6th millenium and first centuries of the 5th BCE. Very few materials represent the 3rd millenium BCE, namely two late beaker sherds. The author presents in this paper a choice of 56 items, a representative collection. Pequena nota prévia Em 2010, foi programada a reactivação do Programa ANSOR (a antropização do Vale do Sorraia), centrada na escavação de Casas Novas (quinto milénio), da Anta 3 do Azinhalinho (quarto milénio?) e do Monte do Lacrau (primeira metade do terceiro milénio). A decisão de concentrar esforços em Casas Novas justificou esta pequena nota, redigida antes das escavações previstas para Julho de 2010. Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) VICTOR S. GONÇALVES * A curva que se faz devagar é, em tempos incertos, a mais perigosa. Manual dos Caminhantes. Sarnath: Editores Reunidos, 14.ª edição comentada (após o Grande Cisma).

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5REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–30

R E S U M O Parcialmente descoberto durante a preparação do PDM de Coruche, mas nunca estudado

ou identificado como um sítio do Neolítico antigo, Casas Novas consiste numa vasta área (30

ha), ligeiramente sobreelevada, cota máxima de 22 m, com sinais de ocupação muito disper-

sos. Em 2010, o autor, em colaboração com o Museu de Coruche, caracterizou o sítio e locali-

zou uma nova área de ocupação, com concentrações de cinzas, de talhe do sílex (localmente,

uma importação), e com cerâmica impressa cardial, impressa e incisa, e só incisa. Esta primeira

notícia apresenta as indústrias líticas e a cerâmica (num total de 56 registos, triados entre mais

de 200) e comenta as perspectivas no início da primeira campanha de escavações. A mais

antiga e extensa ocupação do sítio parece remontar a fins do sexto milénio, inícios do quinto

milénio a.n.e., mas existem também alguns artefactos e raras cerâmicas do terceiro milénio.

A B S T R A C T This new early neolithic site is located very near the left margin of Sorraia

River, an important affluent of the Tagus River. This is a region sequential of the mesolithic

“concheiros” of Muge and Paúl de Magos and a natural path to inlands of middle Alentejo.

The artefacts found in the superficial area of this big site (1000 x 300 m, 30 ha) are mostly

lithics (nuclei, bladelets, flakes, awls, flint debris...) and ceramics (cardial impressed and incised

ware and hybrid) all of them from contexts of the end of 6th millenium and first centuries of

the 5th BCE. Very few materials represent the 3rd millenium BCE, namely two late beaker

sherds. The author presents in this paper a choice of 56 items, a representative collection.

Pequena nota prévia

Em 2010, foi programada a reactivação do Programa ANSOR (a antropização do Vale do Sorraia), centrada na escavação de Casas Novas (quinto milénio), da Anta 3 do Azinhalinho (quarto milénio?) e do Monte do Lacrau (primeira metade do terceiro milénio). A decisão de concentrar esforços em Casas Novas justificou esta pequena nota, redigida antes das escavações previstas para Julho de 2010.

Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche)

ViCTOR S. gONçALVES*

A curva que se faz devagar é, em tempos incertos, a mais perigosa. Manual dos Caminhantes. Sarnath: Editores Reunidos, 14.ª edição comentada (após o grande Cisma).

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Victor S. Gonçalves Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche)

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–306

o autor agradece à Câmara Municipal de Coruche, e ao seu presidente, Dr. Dionísio Mendes, o apoio logístico fornecido e o interesse demonstrado pelo projecto; a ana Cristina Calais, o cons‑tante acompanhamento no terreno e o seu empenhamento, quer em campo quer na difícil gestão burocrática de situações, simples e complicadas; a Dulce patarra, o apoio prestado no gabinete e em prospecções, em Casas Velhas, anta 3 do azinhalinho Novo e no Monte do lacrau; aos funcio‑nários do Museu Municipal de Coruche, a simpatia sempre demonstrada, com ele e com as equipas que o acompanharam; ao proprietário do terreno, Eng.º pedro Bom, pelas facilidades concedidas; a ana Catarina Sousa, pelos fragmentos de tempo que encontrou para ver o povoado e discutir a sua complexa problemática.

o registo de materiais arqueológicos de superfície foi feito usando a referência CNV ‑S ‑1 a n. Sendo CNV a abreviatura para Casas Novas, S para Superfície, 1 a n a sequência dada aos artefactos recolhidos. para os futuros materiais de escavação, a sequência de registo mantém o CNV, a que se acrescenta a coordenada alfanumérica (K ‑12, por exemplo) e o número atribuído ao artefacto den‑tro do registo próprio a cada quadrado.

outros sítios arqueológicos identificados na Herdade das Casas Novas foram originalmente numerados pela equipa do pDM. Mantive essas designações, à falta de microtopónimos de uso efectivo (o sítio das Casa Novas tinha originalmente a designação Casas Novas 9 e 10, mas perdeu ‑as quando verifiquei que se tratava de um único sítio e o mais importante de todos).

Localização exacta e descrição um pouco subjectiva

o sítio de Casas Novas está situado na margem esquerda do Sorraia e o acesso é simples: de Coruche, sai ‑se à esquerda, entre a 3.ª e 4.ª ponte, em direcção à azervadinha. pouco depois do limite da povoação, vira ‑se de novo à esquerda, rumo à Herdade de pavões. o povoado neolítico tem uma das extremas do lado direito da estrada que conduz a pavões, muito cerca do pequeno núcleo de povoamento actual.

Basicamente, trata ‑se de uma área aplanada, com cerca de 1000 por 300 m (30 ha) e altime‑trias entre os 21 e os 22 m, actualmente bordeada a poente por plantações de milho e arroz. Não existem praticamente outros vestígios de agricultura recente, salvo a nascente de um pequeno pinhal, anexo ao caminho para pavões, onde houve uma plantação de tabaco e, depois, uma tenta‑tiva de plantio de batata, inutilizada pelas cheias. a proximidade do Sorraia explica a localização do sítio, semelhante à de outros actualmente em estudo.

a forma geral da área onde se identificaram vestígios arqueológicos recorda um hipopó‑tamo em corrida, ainda que estes mamíferos ungulados sejam artiodáctilos pouco dados ao jog‑ging, definitivamente reservado para avestruzes e similares. Mas esse aspecto morfológico, bem visível na Carta Militar, pode não corresponder exactamente à realidade original do sítio, alterada pela construção da estrada para pavões e pelas áreas agricultadas circundantes. De qualquer forma, no exterior imediato desta área de forma bizarra não se encontrou qualquer vestígio de ocupação.

a localização do ponto com maior concentração de sílex debitado, cerâmica decorada e lisa, e com manchas de cinzas, junto ao limite nascente do pinhal, é a seguinte:

Gauss, datum lisboa (militares): 171647,29 / 223781,66Gauss, datum lisboa (geográficas): 38o 58’ 46,954’’ N, ‑08o 27’ 32,747’’ W.

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) Victor S. Gonçalves

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–30 7

toda a área regista materiais do Neolítico antigo, ainda que raras ocorrências do terceiro milé‑nio tenham sido confirmadas para a área a nascente e, ainda com menos frequência, para a área a poente do pinhal. No extremo a nascente, perto de pavões, foi identificada uma necrópole de urnas da II Idade do Ferro.

o proprietário, Eng.º pedro Bom, sobrinho ‑neto de afonso do paço, autorizou imediatamente os trabalhos arqueológicos previstos.

Fig. 1 localização do sítio de Casas Novas na Carta Militar CMp 393. o sítio está assinalado com o código CNV, que corresponde aos antigos sítios do pDM Casas Novas 9 e 10. Estão também assinalados dois sítios identificados no pDM, Casas Novas 11 e 14, onde foram agora identificados materiais coevos de Casas Novas, sobretudo líticos.

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REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–308

Fig. 2 localização do sítio de Casas Novas na Carta Geológica de portugal, folha 31 ‑C.

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REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–30 9

Fig. 3 (em cima) Imagem parcial do sítio, tirada de poente. (em baixo) a área com maior concentração de achados do Neolítico antigo, a nascente do pinhal. Cz: grandes manchas de cinza; pl: grande concentração de pedra lascada e de restos de talhe; CEr: concentrações de cerâmica, incluindo cerâmica cardial. Mas em toda a área visível na fotografia, e ainda mais para nascente, se recolheram artefactos neolíticos, sobretudo cerâmicos.

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REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–3010

Para a história da arqueologia da região e do sítio

Na Notícia explicativa da folha 31 (Coruche) da Carta Geológica de portugal (zbyszewski & Ferreira, 1968, pp. 35–36), é feita uma síntese geral da situação do que então se chamava «neo‑‑eneolítico»:

é pouco abundante até à data. Está representado na região de Muge por cerâmicas, algumas das quais ornamentadas, colhidas na superfície dos concheiros da Fonte do padre pedro, Moita do Sebastião e Cabeço da amoreira. No pinhal da arrochela foi encontrado um pen‑dente de xisto anfibólico e, junto do Forno do tijolo, uma mó circular.No arneiro da albufeira (Salvaterra de Magos) foi encontrado um machado de cobre [Fortes, J., 1902] e na região da Fajarda dois machados de pedra polida [ribeiro, M., 1951].

Esta síntese significa zero para Coruche, sobre a qual a síntese geológica é um pouco mais informativa, ainda que quase tão escassa. Compreensivelmente, não se refere o importante Grupo megalítico de Coruche, uma vez que ele se encontra concentrado no sul do actual concelho (Calais, 2000). Escavado por Manuel Heleno nos anos 30 do século XX, integra monumentos importantís‑simos, actualmente objecto de reestudo e estudo (estão programadas escavações para 2011 na anta 3 do azinhalinho Novo).

Em outubro de 1998, durante os trabalhos de campo do pDM de Coruche, coordenados por ana Cristina Calais, foram efectuadas recolhas de materiais arqueológicos em vários sítios regista‑dos como Casas Novas, por se integrarem hoje na Herdade com aquele nome. um deles, Casas Novas 10, correspondia à área a poente de um pequeno pinhal, com achados dispersos, mas significativos: sílex e cerâmica (Fig. 4). três de esses materiais, inéditos, encontravam ‑se expostos no Museu Muni‑cipal (os líticos) ou guardados na reserva do Museu (um fragmento de cerâmica asada e alguma cerâmica lisa). Sublinhe ‑se ainda a existência, no Museu de Coruche, de parte de um movente de granito (393.5.10.39). a área a nascente do pinhal não estava representada por registos específicos, para além de um resto de talhe de quartzito (393.5.9.2), provavelmente resultante da preparação de um núcleo de lascas ou produtos alongados.

Na sequência do estudo das placas de xisto gravadas (e dos báculos) do sítio do Monte da Barca (Gonçalves, no prelo) e da preparação da monografia sobre o Cabeço do pé da Erra (Gonçal‑ves, no prelo), o Grupo para o Estudo das antigas Sociedades Camponesas do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (uNIarq) reviu e reactivou o programa aNSor (a antropização do Vale do Sorraia), explicitado em Gonçalves & Daveau, 1983–1984, e de onde tinham resultado dois textos publicados: Gonçalves, 1982, 1983–1984. ambos sobre o povoado do terceiro milénio do Cabeço do pé da Erra.

Em abril, Maio e Junho de 2010, equipas da uNIarq, incluindo ana Catarina Sousa e diver‑sos alunos do 1.º ciclo de arqueologia da Faculdade de letras de lisboa, em treino na uNIarq, deslocaram ‑se ao campo, acompanhados pela Directora do Museu de Coruche, ana Cristina Calais, e pela técnica do Museu, Dulce patarra.

as prospecções de terreno permitiram confirmar a extensão da suposta área do povoado para oriente, onde tinha sido localizada uma necrópole da Idade do Ferro, e identificar as concentrações de artefactos e ecofactos mais significativas até hoje. os materiais recolhidos são basicamente líticos (indústrias sobre seixos de quartzito de origem local e indústrias micro laminares e laminares sobre sílex importado) e cerâmicos (cerâmica impressa cardial e não cardial, cerâmica incisa, cerâmica decorada com técnica mista, cerâmica lisa e cerâmica asada) e atribuíveis na sua esmagadora maio‑

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) Victor S. Gonçalves

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ria a fins do sexto milénio, primeiros séculos do quinto milénio a.n.e. Suscitaram ‑me reservas algu‑mas poucas cerâmicas não decoradas provenientes da área a ocidente do pinhal (terceiro milénio?). Dois fragmentos recolhidos na área imediatamente a nascente do pinhal foram classificados como campaniformes tardios, aparentado motivos decorativos comuns nas Taças Tipo Palmela, atribuíveis aos últimos três séculos do terceiro milénio.

Em nenhum dos escassos trabalhos publicados sobre a região se referia um sítio do Neolítico antigo, pelo que este é uma estreia absoluta... e inevitável, se considerarmos os recursos que a região oferecia aos caçadores recolectores especializados e aos primeiros agricultores e pastores.

A geologia, a geomorfologia...

os terrenos terciários de Coruche são referidos muito sumariamente por zbyszewski e Ferreira num dos mais desinteressantes textos que produziram (e Georges zbyszewski era um excelente investigador).

é referida a «zona terciária da raposa e de Coruche» (zbyszewski & Ferreira, 1968, p. 5) e cito integralmente o que pode ter alguma utilidade:

Mp – MIoCéNICo E plIoCéNICo INDIFErENCIaDoS Da MarGEM ESquErDa Do tEJoMp – Complexo argilo ‑gresoso de Coruchetrata ‑se de areias e de argilas amarelas, acastanhadas ou avermelhadas que afloram em toda a parte oriental do mapa, nos intervalos entre as ribeiras de Muge, de lamarosa e de Magos e o rio Sorraia.um corte do flanco sul do vale da ribeira de Muge, a N do v. g. Vage de areia, apresenta, de cima para baixo, a seguinte sucessão.4 – Grés argiloso, amarelo ‑acastanhado com laivos vermelhos, com níveis de seixos de quartzo mal rolados na parte superior. o referido complexo torna ‑se esbranquiçado por alteração3 – argila arenosa, castanho ‑avermelhada, com pisólitos ferruginosos, passando lateralmente a areola da mesma cor.2 – Grés muito argiloso, castanho ‑acinzentado com laivos avermelhados1 – argila castanha, aflorando na parte inferior das vertentes.(zbyszewski & Ferreira, 1968, p. 18).

a nível da geomorfologia, o entrosamento do Sorraia com o tejo, o papel do Divor e as baixas altimetrias, tão estimadas por mesolíticos e por alguns neolíticos «antigos» ajudam a compreender a lógica do povoamento. Será muito interessante perceber, através da dieta de estes grupos, quais as suas actividades económicas prioritárias, se as agrícolas, se as relacionadas com a pesca e a caça.

O espólio lítico

Foi recolhido um número relativamente elevado de componentes das cadeias operatórias de talhe do sílex e ainda dois núcleos de quartzito.

reconheceram ‑se as seguintes categorias:

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1. matérias ‑primas;2. núcleos de sílex (para lamelas), núcleos de quartzito (para lascas e produtos alongados);3. material de preparação e reavivamento de núcleos de lamelas (tablettes, flancos e bases de

núcleos prismáticos);4. produtos de debitagem (produtos alongados: lâminas pequenas, lamelas, lascas);5. restos de talhe;6. utensílios: furadores, geométrico, lâminas e lamelas retocadas.

Quadro 1. Uma primeira amostragem do material lítico recolhido em Casas Novas.

Artefactos líticos MP Registo Desenhos Fotografias

Núcleos

Núcleo de quartzito para lascas, com possíveis traços de uso qzt CNV ‑S ‑06 Fig. 5 ‑b Fig. 13 ‑a

Núcleo de quartzito para produtos alongados qzt CNV ‑S ‑05 Fig. 5 ‑a Fig. 13 ‑b

Núcleo não prismático, exausto, provavelmente abandonado ao se atingir uma área com micro ‑geodes

S CNV ‑S ‑07 Fig. 6 ‑a Fig. 14 ‑a

Núcleo prismático, exausto S CNV ‑S ‑09 Fig. 6 ‑c Fig. 14 ‑b

Material de preparação e reavivamento de núcleos

Tablette S CNV ‑S ‑20 Fig. 7 ‑k Fig. 15 ‑e, ‑f

Flanco de núcleo S CNV ‑S ‑17 Fig. 7 ‑h Fig. 15 ‑d

Flanco de núcleo S CNV ‑S ‑16 Fig. 7 ‑g

Flanco de núcleo cortando geode S CNV ‑S ‑19 Fig. 7 ‑j Fig. 15 ‑c

Fundo de núcleo S CNV ‑S ‑08 Fig. 6 ‑b Fig. 15 ‑a, ‑b

Produtos de debitagem

lamela S CNV ‑S ‑23 Fig. 8 ‑a

lamela S CNV ‑S ‑24 Fig. 8 ‑b

lamela S CNV ‑S ‑25 Fig. 8 ‑c

lamela S CNV ‑S ‑26 Fig. 8 ‑d

lamela S CNV ‑S ‑27 Fig. 8 ‑e Fig. 16 ‑a, ‑b

lamela S CNV ‑S ‑54 Fig. 8 ‑h Fig. 16 ‑c

lamela S CNV ‑S ‑55 Fig. 8 ‑i Fig. 16 ‑d

lâmina com a extremidade distal fragmentada S CNV ‑S ‑35 Fig. 8 ‑p

lâmina intacta S CNV ‑S ‑34 Fig. 8 ‑o Fig. 16 ‑e, ‑f

lâmina, extremidade distal S CNV ‑S ‑33 Fig. 8 ‑n

lasca S CNV ‑S ‑13 Fig. 7 ‑d

lasca S CNV ‑S ‑14 Fig. 7 ‑e

lasca S CNV ‑S ‑18 Fig. 7 ‑i

lasca com retoque S CNV ‑S ‑15 Fig. 7 ‑f

lasca laminar S CNV ‑S ‑36 Fig. 8 ‑q

lasca semicortical S CNV ‑S ‑10 Fig. 7 ‑a

lasca semicortical S CNV ‑S ‑12 Fig. 7 ‑c

lasca semicortical (com potlid) S CNV ‑S ‑11 Fig. 7 ‑b

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) Victor S. Gonçalves

REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–30 13

Quadro 1. Uma primeira amostragem do material lítico recolhido em Casas Novas (continuação).

Artefactos líticos MP Registo Desenhos Fotografias

Restos de talhe

resto de talhe* de quartzo qzH CNV ‑S ‑22 Fig. 7 ‑m

Utensílios

Fragmento de artefacto inidentificável S CNV ‑S ‑01 Fig. 4 ‑a

Fragmento de utensílio indeterminado S CNV ‑S ‑56 Fig. 8 ‑j

Furador com retoque marginal unifacial S CNV ‑S ‑03 Fig. 4 ‑c

Furador sobre lasca parcialmente cortical S CNV ‑S ‑32 Fig. 8 ‑m Fig. 17 ‑a, ‑b

Furador unguiforme sobre lasca parcialmente cortical S CNV ‑S ‑31 Fig. 8 ‑l Fig. 17 ‑c, ‑d

lamela com retoque S CNV ‑S ‑29 Fig. 8 ‑g

lâmina com possível brilho de cereal S CNV ‑S ‑28 Fig. 8 ‑f Fig. 17 ‑g, ‑h

lâmina retocada marginalmente S CNV ‑S ‑02 Fig. 4 ‑b

Suporte não normalizado S CNV ‑S ‑21 Fig. 7 ‑l Fig. 17 ‑f

trapézio (?) S CNV ‑S ‑30 Fig. 8 ‑k Fig. 17 ‑e

* desenhou ‑se apenas uma peça, mas foram recolhidas várias dezenas abrangidas nesta categoria, indicando um indiscutível talhe local do sílex. qzt: quartzito; S: sílex; qzH: quartzo hialino.

é evidente que, sendo este o resultado de uma triagem baseada no que subjectivamente se considerou melhor representativo, os resultados estatísticos têm um valor reduzido. ainda assim sobressai, quanto às matérias ‑primas, a relativa raridade do quartzito e do quartzo hialino e o domí‑nio absoluto do sílex, algum, aliás, de excelente qualidade.

três furadores, num conjunto de 10 utensílios, constituem uma percentagem razoavelmente alta, e a lâmina com possível brilho de cereal um elemento interessante, sobretudo se associado a um fragmento de dormente e a outro de movente. podem confirmar uma situação de ocupação também agrícola do sítio.

a presença de lamelas não retocadas vai implicar a sua posterior análise traceológica, com vista a confirmar uma sua possível utilização, mesmo que ligeira.

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Fig. 4 Materiais líticos e cerâmica asada recolhidos durante o pDM, os primeiros expostos no Museu e a última guardada na reserva. Fig. 5 Núcleos de quartzito para produtos alongados (CNV ‑S ‑5) e para lascas, com sinais de uso na cornija (CNV ‑S ‑6).

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche)

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REVISTA PORTUGUESA DE Arqueologia. volume 12. número 2. 2009, pp. 5–3016

Fig. 6 Núcleos recolhidos em Casas Novas, todos eles exaustos, e fundo de núcleo (CNV ‑S ‑8).

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) Victor S. Gonçalves

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Fig. 7 Materiais líticos, destacando ‑se as lascas parcialmente corticais, uma tablette (CNV ‑S ‑20) e um resto de talhe em cristal de rocha (CNV ‑S ‑22).

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Fig. 8 Materiais líticos, incluindo uma pequena lâmina com possível brilho de cereal (CNV ‑S ‑28), um provável geométrico (CNV ‑S ‑30), furadores (CNV ‑S ‑31 e ‑32) e lâminas pequenas de tipologia mais evoluída (CNV ‑S ‑33, ‑34, ‑35...).

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Um sítio do Neolítico antigo no vale do Sorraia: Casas Novas (Coruche) Victor S. Gonçalves

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As cerâmicas não decoradas, não tão poucas assim

Infelizmente, a grande maioria das cerâmicas não decoradas encontra ‑se muito fragmentada, sendo os bordos de pequena dimensão e só permitindo suposições sobre a sua forma geral. os frag‑mentos de maior dimensão foram naturalmente os mais resistentes, exactamente os de recipientes

Fig. 9 Cerâmica asada e, em baixo, cerâmica com grande protuberância perfurada.

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providos com dispositivos específicos para suspensão ou transporte (asas, grandes protuberâncias perfuradas). logo nas primeiras recolhas, de entre os escassos artefactos recuperados, salientava ‑se a asa de um robusto recipiente (CNV ‑S ‑4, Fig. 4), comum em contextos do Neolítico antigo. recen‑temente, foi recolhida outra robusta asa (CNV ‑S ‑37, Fig. 9) e um fragmento de um vaso de paredes espessas, com uma grande protuberância perfurada (CNV ‑S ‑38, Fig. 9). De pequenas dimensões é o que parece ser uma asa decorada com finas incisões verticais (CNV ‑S ‑46, Fig. 10), muito diferente das restantes.

uma observação sumária do conjunto recolhido indica ainda a presença de formas abertas e fechadas, mas, perante a dimensão da amostra e da restrição sobre a identificação correcta dos per‑fis, entendi não a quantificar.

As cerâmicas decoradas, numerosas, mas quase sempre muito fragmentadas

as cerâmicas decoradas de Casas Novas distribuem ‑se, quanto à técnica decorativa, por três categorias:

1. impressas (incluindo três cardiais);2. incisas (com variantes espessuras de traço);3. híbridas (impressas a punção rombo aplicado na vertical e finamente incisas, formando um

motivo vertical ponto‑traço.

os três fragmentos cardiais (CNV ‑S ‑45, ‑48, ‑49, Fig. 10) resultaram da aplicação da mesma matriz, ou de matrizes muito similares, resultante da fractura intencional de uma Venerupis decus‑sata, reduzida a quatro encurvamentos do bordo da concha. a técnica usada foi sempre a mesma: aplicação do bordo recortado sobre a pasta ainda mole, com ligeiro arrasto. Infelizmente, os frag‑mentos não permitem determinar a forma dos vasos a que pertenceram e quando os orientei para fotografia foi de forma diversa daquela com que foram desenhados, para aproveitar melhor a luz disponível. Com efeito, se as posições fossem idênticas o arrasto ficaria demasiado nítido, em con‑traste com a impressão principal.

Como se sabe, a cerâmica cardial não é muito frequente nos contextos do Neolítico antigo em portugal. os três sítios mais próximos são orz ‑1, no paúl de Magos, a Gruta do Escoural (Monte‑mor‑o‑Novo) e Valada do Mato, cerca de évora (Diniz, 2007).

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Fig. 10 Cerâmica decorada, impressa (CNV ‑S ‑45, ‑48, ‑49), com técnica mista (CNV ‑S ‑40) e incisa, com diferentes graus de espessura de traço.

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A ocupação do Neolítico antigo e um episódio campaniforme?

Como caracterizar a ocupação do Neolítico antigo de Casas Novas?

Sem dúvida como uma ocupação permanente, ou de longa duração, se considerarmos os com‑ponentes de mós manuais, a robustez da cerâmica asada e o barro ceramizado por fogos sucessivos, reacendidos no mesmo lugar.

Mas de modo algum uma ocupação fechada, se contarmos com a importação do sílex e tam‑bém do granito, e das próprias conchas necessárias para as impressões na cerâmica.

outro dado que as cerâmicas revelam tem que ver com a considerável variedade das decora‑ções, sobretudo se considerarmos o número relativamente restrito dos fragmentos que apresentam decoração. Infelizmente, as dimensões reduzidas dos fragmentos impedem a classificação em gran‑des grupos, mas essa será uma situação que a escavação irá certamente contribuir para esclarecer.

Finalmente, as pastas. ainda antes de se proceder à descrição sistemática de um número sufi‑ciente de fragmentos, foi possível constatar a sua similitude, observadas a olho nu. uma binocular leica foi utilizada para uma primeira leitura e confirmou o que um martim ‑pescador não deixaria de observar, para além da sua imobilidade, claro. São pastas com inclusão de muitos componentes não plásticos, com acabamentos relativamente cuidados e similares entre si. Não existem bordos espessados, como é próprio da época.

Dois fragmentos cerâmicos recolhidos a nascente do pinhal apresentam pastas e decorações radicalmente diferentes dos restantes. São eles CNV ‑S ‑50 e ‑51 e ainda que a forma seja impossível de identificar, devido a nenhum deles ser bordo e as dimensões serem reduzidas. três factores levam ‑me a considerá ‑los como pertencentes a um contexto até agora desconhecido em Casas Novas:

1. o tipo de cozedura, em ambos oxidante na superfície externa e redutora na interior;2. os motivos da decoração, muito próximos das taças tipo palmela, atribuíveis ao Campani‑

forme tardio;3. a técnica de gravação usada nas incisões, provocando traços fundos e bem definidos, bem

legíveis, apesar da acentuada erosão das superfícies.

Fig. 11 Cerâmicas de paredes espessas, decoradas com motivos próximos das taças campaniformes tipo palmela.

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até novas informações, são classificados no grupo dos recipientes tardios, dos últimos séculos do terceiro milénio.

um episódio campaniforme? é o que iremos ver.Coruche ‑lisboa, primavera de 2010

NOTA

* Centro de arqueologia da universidade de lisboa (uNIarq). Contactos: [email protected]. Fotografias do autor. Grupo de trabalho sobre as antigas Sociedades Camponesas, Desenhos de materiais líticos: Fernanda Sousa. dirigido por Victor S. Gonçalves. Desenho de cerâmicas: Guida Casella.

REfERêNCIAS*

CalaIS, a. C. (2000) ‑ Monumentos megalíticos do concelho de Coruche. In Actas do 3.º Congresso de Arqueologia Peninsular, vol. 3. porto: aDECap,

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DINIz, M. (2007) ‑ O sítio da Valada do Mato (Évora): aspectos da neolitização do Interior/Sul de Portugal. lisboa: Instituto português de arqueologia.

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do Sorraia (aNSor). Clio Arqueologia. lisboa. 1, pp. 203–206.

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Geológicos de portugal.

* o autor segue bibliograficamente a Norma portuguesa (Np 405).

Fig. 12 Nesta imagem, da carta geológica da plataforma continental, observa ‑se o entrosamento entre o tejo e o Sorraia num verdadeiro corredor natural para o interior alentejano.

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Fig. 13 Imagens das cornijas dos dois núcleos de quartzito recolhidos.

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Fig. 14 Núcleos exaustos. observa ‑se que CNV ‑S ‑7 foi abandonado por o talhador ter atingido uma área de geodes que inutilizava o núcleo, impedindo a continuação do talhe.

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Fig. 15 Material de reavivamento de núcleos. Em cima, um fundo de núcleo. Dois flancos de núcleo (CNV ‑S ‑17 e ‑19) e uma tablette (CNV ‑S ‑20).

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Fig. 16 Material lítico, incluindo uma pequena lâmina intacta, sem retoque, mas com sinais de uso intensos (e, f). trata ‑se de uma peça de tipologia mais evoluída, talvez associada às cerâmicas decoradas tipo palmela.

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Fig. 17 utensílios líticos. Se os dois furadores CNV ‑S ‑32 e ‑31 não oferecem qualquer dúvida, existem reservas em classificar como geométrico (trapézio) CNV ‑S ‑30. a pequena lâmina CNV ‑S ‑28 (g, h) apresenta prováveis sinais de brilho de corte de cereal. Fig. 18 Detalhes das técnicas decorativas das cerâmicas de Casas Novas. Cardial (a, b, c) , híbrida (d), incisa (e, f).

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Fig. 19 prováveis fragmentos de fundos de lareira com negativos (a, b). Cerâmicas campaniformes tardias (c, d).