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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA Djair Pessoa Leão UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA ELÉTRICA NA CIDADE DE NATAL-RN Natal/RN 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

Djair Pessoa Leão

UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA

ELÉTRICA NA CIDADE DE NATAL-RN

Natal/RN

2014

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Djair Pessoa Leão

UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA

ELÉTRICA NA CIDADE DE NATAL-RN

Monografia apresentada ao Departamento de Graduação da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção da Graduação em Licenciatura Plena em Música.

Orientador: Professor Ticiano Maciel D’Amore.

M.Sc.

Natal/RN

2014

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Djair Pessoa Leão

Um panorama do ensino particular da guitarra elétri ca na cidade de Natal-RN ,

monografia apresentada ao departamento de Graduação da Escola de Música da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de

Lincenciado em Música.

Natal, 05 de novembro de 2014.

Banca examinadora:

___________________________________

Profº Ticiano Maciel D’Amore, M.Sc. Orientador. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

___________________________________

Profº Juliano Ferreira Xavier, M.Sc. Examinador. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

___________________________________

Profº Jean Joubert Freitas Mendes, D.Sc. Examinador. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte.

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Dedico este trabalho especialmente aos

meus pais, Lídio Pessoa Leão e Aldenize

Borges de Paiva Leão, aos meus

familiares e amigos que me

acompanharam nessa trajetória e ao

professor Manoca Barreto (in memorian)

por toda dedicação ao ensino da guitarra

elétrica no estado do RN.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus que me dá forças diariamente para continuar

trilhando novos caminhos.

Aos meus pais: Lídio Pessoa Leão e Aldenize Borges de Paiva Leão que

fizeram de suas trajetórias de vida um espelho para a minha, me ensinando a ser

um cidadão digno, sempre me incentivando a correr atrás dos meus objetivos. À

minha irmã Djeane de Paiva Leão que sempre me ajudou e me apoiou durante todo

o curso, sendo minha segunda orientadora.

À minha noiva Liane Viana, que esteve sempre ao meu lado, aturando

meu mau humor, corrigindo alguns dos meus trabalhos, mas sempre

compreendendo as inúmeras dificuldades que eu passei.

Aos meus verdadeiros amigos que sempre acreditaram na minha aptidão

para música e foram de fundamental importância para meu crescimento profissional.

Às bandas que faço e fiz parte: Hardwind, Vinil Long Play, Orquestra Xeqmat,

Ministério de Música Domus Dei e tantas outras.

Ao meu orientador Ticiano D´amore por abraçar meu projeto e pela

paciência que teve comigo, orientando e estando sempre disponível a tirar minhas

inúmeras dúvidas.

A todos que acreditaram e torceram por mim durante toda essa

caminhada, o meu muito obrigado. Amém!

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“Ensinar é um exercício de imortalidade.

De alguma forma continuamos a

viver naquele cujos olhos aprenderam a

ver o mundo pela magia da nossa

palavra. O professor, assim, não

morre jamais...”

Rubens Alves

Page 8: UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA …ƒO... · Djair Pessoa Leão Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN , monografia apresentada

LEÃO, Djair Pessoa. Um panorama do ensino particular da guitarra elétri ca na

cidade de Natal-RN. 2014. p. 54. Monografia (Graduação em Música) -

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo expor o panorama do ensino particular da

guitarra elétrica na cidade de Natal-RN, cujos resultados foram alcançados através

da utilização de um questionário aplicado a uma amostra de 16 professores

particulares de guitarra elétrica da cidade através do trabalho desenvolvido por

esses profissionais particulares. Com isso, tornou-se possível identificar aspectos

relacionados à faixa etária, à formação musical, à atuação profissional e o tempo de

experiência como professor de guitarra desses entrevistados. Além disso, tornou-se

possível demonstrar os espaços destinados ao ensino informal dessas aulas, o

perfil, os interesses e o número expressivo de alunos que procuram as aulas de

guitarra com esses professores particulares e que buscam estudar o instrumento de

uma forma dinâmica e flexível. O material coletado nos faz tomar conhecimento de

como são ministradas essas aulas e quais as metodologias são utilizadas por esses

professores, suas experiências musicais e os desafios encontrados, assim como a

atualização desses profissionais enquanto músicos e professores e a renda obtida

com essas aulas. O trabalho também expõe um breve histórico da evolução da

guitarra elétrica com o passar dos anos até sua chegada ao Brasil e as dificuldades

de se achar materiais metodológicos e professores específicos para o ensino do

instrumento nas primeiras décadas de seu surgimento no país.

Palavras-chave: Ensino Particular. Guitarra Elétrica. Educação Musical.

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LEÃO, Djair Pessoa. An overview of the particular teaching electric gui tar in

Natal-RN city. 2014. p. 54. Monografh (Graduation in Music) – Rio Grande do Norte

Federal University, Natal-RN.

ABSTRACT

The present study aimed to expose an overview of private teaching electric guitar in

Natal-RN, whose results were achieved through the use of a questionnaire

administered to a sample of 16 private teachers of electric guitar of the city through

the work by these private professionals. Thus, it became possible to identify aspects

related to age, musical training, the professional performance and long experience as

a teacher of guitar these respondents. . In addition, it became possible to

demonstrate the spaces intended for informal teaching these classes, profile,

interests and the large number of students seeking the guitar lessons with these

particular teachers and seeking to study the instrument in a dynamic and flexible

way. The collected material makes us take note of how these classes are taught and

what methodologies are used by these workers, their musical experiences and the

challenges encountered, as well as update these professionals as musicians and

teachers and the income from these classes. The paper also presents a brief history

of the evolution of electric guitar over the years until his arrival in Brazil and the

difficulties of finding methodological materials and specific teachers for teaching the

instrument in the first decades of its inception in the country.

Keywords: Private Education. Electric Guitar. Music Education.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Vihuela............................................................................................... 15

Figura 02: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Les Paul (Lester

William Polfus) .....................................................................................................

17

Figura 03: Exemplo de guitarra elétrica de corpo sólido, modelo Les

Paul......................................................................................................................

17

Figura 04: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Leo

Fender..................................................................................................................

18

Figura 05: Fender Nocaster, uma variante do modelo telecaster de Leo

Fender.................................................................................................................

18

Figura 06: Fender Stratocaster, um dos modelos mais populares da

Fender.................................................................................................................

18

Figura 07: Adolph Rickenbacker...................................................................... 19

Figura 08: Guitarra Rickenbacker 330-12........................................................ 19

Figura 09: Relação entre a propaganda boca a boca e a procura por aulas

particulares............................................................................................................

43

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Principais vídeo-aulas disponíveis para aprendizes de guitarra....... 24

Quadro 02: Métodos de ensino de guitarra elétrica............................................. 25

Quadro 03: Métodos de técnicas de guitarra elétrica.......................................... 26

Quadro 04: Métodos de harmonia....................................................................... 27

Quadro 05: Questões da pesquisa de campo e suas finalidades........................ 32

Quadro 06: Aspectos positivos e negativos das aulas particulares de guitarra

em Natal-RN.........................................................................................................

49

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Faixa etária dos intrevistados........................................................... 35

Gráfico 02: Formação musical dos entrevistados................................................ 35

Gráfico 03: Atuação dos entrevistados como músicos........................................ 36

Gráfico 04: Experiência profissional dos entrevistados....................................... 38

Gráfico 05: Valores das aulas cobrados pelos professores................................ 40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12

1.1 Problemática ................................................................................................. 12

1.2 Justificativa ................................................................................................... 13

1.3 Objetivos ........................................................................................................ 14

1.3.1 Objetivo geral.................................................................................... 14

1.3.2 Objetivos específicos........................................................................ 14

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.......................................................................... 15

2.1 Surgimento e desenvolvimento da guitarra elétri ca................................. 15

2.2 A inclusão da guitarra elétrica na música brasi leira ................................. 19

2.3 O ensino da guitarra no Brasil ..................................................................... 20

2.4 Aulas particulares de guitarra elétrica ........................................................ 27

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 30

3.1 Caracterização do estudo ............................................................................ 30

3.2 População e amostra .................................................................................... 31

3.3 Instrumentos de pesquisa ............................................................................ 31

3.4 Coleta de dados ............................................................................................ 33

3.5 Análise dos dados ........................................................................................ 33

4 RESULTADOS DA PESQUISA ......................................................................... 34

4.1 Pefil dos membros da pesquisa .................................................................. 34

4.1.1 Formação musical dos entrevistados................................................ 35

4.1.2 Atuação dos entrevistados na área da música................................. 36

4.1.3 Experiência dos entrevistados como professores de guitarra........... 37

4.2 Características encontradas no ensino particula r da guitarra elétrica

em Natal-RN .........................................................................................................

38

4.3 Visão geral sobre as aulas guitarra na cidade d e Natal-RN ..................... 48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 50

Referências .......................................................................................................... 52

APÊNDICE: Questionário da pesquisa de campo................................................ 54

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Problemática

Um instrumento misterioso, capaz de prender a atenção de uma multidão

de apreciadores, assim é a guitarra elétrica. Símbolo de liberdade, força e rebeldia, a

guitarra tem grande poder sobre seus admiradores. Quem nunca foi ao delírio ao ver

seu ídolo empunhando uma guitarra ou tocando o solo da sua música favorita em

um palco quando adolescente?

Sloboda (1997) afirma que o som é a forma mais importante da

linguagem. Mesmo sabendo que este (o som) não é uma forma exata da linguagem,

pode-se afirmar que de alguma forma determinadas mensagens podem ser

administradas através da sua utilização.

É justamente através dessa relação de admiração por tal instrumento que

inúmeras pessoas querem aprender a tocar guitarra e em muitas situações recorrem

às aulas particulares buscando uma melhor maneira de desenvolver as técnicas que

o instrumento pode oferecer. Consequentemente, diante dessa necessidade atual

estão surgindo vários professores particulares para atender esse mercado em

crescimento.

O professor particular aqui citado é o profissional informal, geralmente o

sujeito que opta por lecionar em casa ou que vai até a casa do aluno, ou utiliza-se

de um espaço específico para passar seus conhecimentos (escola informal, cursos

livres, igrejas).

De acordo com Borda (2005), a história da inserção da guitarra elétrica no

Brasil pode ser dividida em quatro momentos que se relacionam com o

desenvolvimento da indústria e do mercado fonográfico no país. Inicialmente, na

época do rádio, onde o violão elétrico surge da necessidade de aumento do volume

sonoro, participando das diversas formações instrumentais da música brasileira

(Antônio & Pereira, 1982).

Consequentemente sua disseminação dá-se juntamente com a

popularização do rock em 1954, como um símbolo da invasão da cultura norte-

americana no Brasil, representada pela Jovem Guarda e o Iê-iê-iê.

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Posteriormente, nos anos 70, com o período pós-tropicalista, de intensa

repressão política, verifica-se uma grande fragmentação do mercado e a forte

entrada da fonografia norte-americana no Brasil. E nos anos 80, onde através das

novas tecnologias de gravação e o consequente barateamento da produção,

verifica-se o surgimento de uma fonografia independente no Brasil e uma produção

voltada para a música instrumental e para o rock, que se afirma como produto

nacional, o chamado "Rock-Brasil", que leva dezenas de grupos às paradas de

sucesso, atuando assim como incentivadores para uma nova geração de vorazes

aprendizes.

Desta forma, surgem diversas questões a respeito do contínuo

surgimento de pessoas interessadas em fazer aulas de guitarra com professores

particulares. Com isso, é necessário saber de que forma essas aulas acontecem,

quais são os materiais de suporte às aulas teóricas e práticas, qual o perfil dos

professores e de seus alunos, seus desafios, preocupações e a relação professor-

aluno, nesse âmbito de ensino musical.

Diante de tudo isso, esse trabalho busca responder a seguinte pergunta:

Qual o panorama do ensino particular da guitarra el étrica na cidade de Natal-

RN?

1.2 Justificativa

Por estar atuando como educador e professor de guitarra, vi nesse

trabalho a possibilidade de colher dados e materiais, assim como absorver novas

propostas de ensino para melhorar a minha maneira de ensinar como também trocar

informações expondo algumas ideias que possam somar na aula desses

professores particulares.

A elaboração desse trabalho torna-se viável devido o meu conhecimento

no meio musical, em especial aos guitarristas da cidade de Natal-RN, tanto

professores como alunos, além de manter contatos com tantos outros por meio de

redes sociais. Desta maneira, foi fácil ter acesso a um número expressivo de

professores para que tal pesquisa pudesse ser elaborada.

Nessa perspectiva, o trabalho torna-se relevante por mostrar a realidade

das aulas particulares de guitarra elétrica em Natal-RN, como as relações sociais

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entre professores e alunos, proporcionando aos professores um novo olhar sobre o

ensino de guitarra, aflorando em cada um novas ideias e maneiras de como

trabalhar suas aulas.

Do ponto de vista acadêmico, o trabalho traz uma reflexão sobre o ensino

e aprendizagem da guitarra elétrica no contexto informal das aulas particulares, os

métodos de ensino e suas aplicações.

A escassez de pesquisas científicas relacionadas ao tema também foi um

fator a ser considerado devido a necessidade que os grupos de estudos musicais

(acadêmicos ou não) apresentam em abordar esse aspecto sem expor dados

bibliográficos que justifiquem suas análises sobre o ensino da guitarra em âmbito

local.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Identificar o panorama do ensino da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Entender como se dá o processo do ensino de guitarra e a relação

entre professores e alunos da cidade de Natal-RN;

b) Traçar uma relação de métodos e metodologias utilizadas pelos

professores de guitarra elétrica através da realidade desses profissionais;

c) Contribuir para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa de

materiais referentes à guitarra elétrica.

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2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

Neste capítulo, será abordado o desenvolvimento histórico da guitarra

elétrica, assim como os diferentes contextos de ensino e aprendizagem do

instrumento no Brasil. O início do capítulo é composto de dados relacionados a

evolução do instrumento com o passar do tempo e a inserção da guitarra elétrica no

contexto musical mundial e brasileiro. Finaliza-se o capítulo apontando pontos

relativos ao desenvolvimento do ensino do instrumento com o passar dos anos no

Brasil.

2.1 Surgimento e desenvolvimento da guitarra elétri ca

O termo guitarra surgiu, em princípio, no séc. XVI referindo-se a um

instrumento de quatro ordens1, com familiaridade à vihuela. O status musical sério

deste instrumento, na época, era muito apreciado nas cortes entre os aristocratas,

enquanto que a guitarra era um instrumento menor, sem valorização, utilizado

apenas em contexto musical popular, na pior acepção do termo (ROCHA, 2005, p.

2).

Figura 01: Vihuela. Fonte: http://lutesandguitars.co.uk/htm/cat12.htm

1 O termo ordem refere-se a um grupo de cordas sendo tocadas como se fossem uma, ou seja, ao se tocar com um dedo da mão direita uma ordem, as cordas relacionadas são tocadas ao mesmo tempo. As ordens são constituídas por três, duas ou uma corda apenas (cf. ROCHA, 2005, p.2).

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Este instrumento pode ser considerado um elo entre o violão e a guitarra

elétrica, como é conhecida no Brasil a guitarra acústica, acoustic guitar em língua

inglesa ou guitarra espanhola spanish guitar em língua inglesa. A guitarra archtop2 é

descendente direta do violão e com ele compartilha características mútuas, tais

como: ser acústica, possuir corpo oco, ser afinada da mesma maneira que o violão e

ter sua construção mantida na linha de tradição da família de instrumentos

relacionados a ele, mesmo possuindo características que a diferem do violão

(ROCHA, 2005, p. 4).

A antiga guitarra da Idade Média sofreu algumas mutações em sua

construção como também no número de cordas, diante dessas modificações o

instrumento passou a ter seis cordas, resultando no que hoje chamamos de violão,

termo popularmente utilizado no Brasil.

Por ser um instrumento de grande versatilidade capaz de se adequar a

vários estilos musicais gerando diferentes texturas, a guitarra elétrica trás consigo

possibilidades de um instrumento que pode tanto ser utilizado harmonicamente,

acompanhando um solista, bem como melodicamente, podendo ser um instrumento

improvisador como um saxofone, por exemplo.

Para Garcia (2011) a guitarra elétrica se tornou mais que apenas um

instrumento musical dentre outros tantos (re)inventados durante o século XX. A

guitarra se consolidou dentre inúmeros músicos, seja na sua utilização nos diversos

gêneros musicais em que se enquadra, e até mesmo em materiais publicitários.

Embora a definição de “guitarra” possa ser aplicada a diversos

instrumentos de cordas existentes desde a Idade Média, de uma forma etimológica,

é necessário frisar que para este trabalho, o termo guitarra se aplica à guitarra

elétrica, nas suas duas mais importantes variantes: o surgimento das guitarras semi-

acústicas e em seguida as guitarras de corpo sólido.

O primeiro período surge da necessidade dos músicos de jazz

americanos de competir com as enormes bandas nas quais tocavam, devido a

massa sonora dos instrumentos ser muito maior do que a sonoridade da guitarra

acústica. Para isso foram colocados captadores no corpo da guitarra buscando

2 Archtop, em inglês, refere-se a uma abreviação do termo Arched top (tampo arqueado). Nas guitarras construídas neste estilo, a madeira que forma o tampo do instrumento é arqueada (cf. ROCHA, 2005, p.3).

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dessa maneira resolver este problema, criando a primeira guitarra eletroacústica, a

precursora das guitarras elétricas e um modelo largamente utilizado por músicos de

diversos estilos musicais. Entretanto, a guitarra semi-acústica, ou eletroacústica,

produzia um incômodo ruído quando tocada em volumes muito altos, ruídos esses

designados de microfonia (feedback).

Para resolver esse problema surge o segundo momento de criação da

guitarra elétrica: a guitarra de corpo sólido, que, ao contrário do violão e da guitarra

eletroacústica, não possui caixa de ressonância, eliminando desta maneira o

incômodo de feedbacks indesejáveis, podendo ser tocada a volumes muito maiores

que os de sua antecessora.

Três grandes nomes aparecem como criadores das guitarras de corpo

sólido representando assim a fundação da guitarra elétrica mundial. São eles: Les

Paul (Lester William Polfus), Leo Fender e Adolph Rickenbacker.

Figura 02: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Les Paul (Lester William Polfus). Fonte: http://guitarfree.com.br/gf/conheca-historia-de-les-paul-um-dos-pais-da-guitarra-eletrica/

Figura 03: Exemplo de guitarra elétrica de corpo sólido, modelo Les Paul. Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1952-gibson-les-paul-59-conversion-gie0038

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Figura 04: Um dos criadores da guitarra de corpo sólido, Leo Fender. Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/23319/

Figura 05: Fender Nocaster, uma variante do modelo telecaster, de Leo Fender. Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1951-fender-nocaster-butterscotch-blonde-fee0706

Figura 06: Fender Stratocaster, um dos modelos mais populares da Fender. Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1958-early-fender-stratocaster-fee0421

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Figura 07: Adolph Rickenbacker. Fonte: http://www.allaboutbluesmusic.com/adolph-rickenbacker/

Figura 08: Guitarra Rickenbacker 330-12. Fonte: http://www.garysguitars.net/catalog/1967-rickenbacker-330-12

2.2 A inclusão da guitarra elétrica na música brasileir a

No Brasil, a história da guitarra começa oficialmente nos anos 50. No

entanto, já nas décadas de 30 e 40 nomes como Garoto, Poly e Bola Sete foram

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pioneiros a introduzir a guitarra na música brasileira, na região sudeste do país. No

nordeste, Dodô (pai do famoso guitarrista Brasileiro Armandinho) e Osmar, criadores

do trio elétrico, já faziam experimentos para resolver os já citados problemas de

feedback antes mesmo de Les Paul, Fender e Rickenbacker. Foram eles, Dodô e

Osmar, os criadores da guitarra baiana, instrumento que era usado nos famosos

trios elétricos, que por tradição fazem o carnaval de rua no Nordeste do país. Este

fato merece ser citado por representar que a guitarra elétrica, antes de sua

popularização mundial, já estava integrada à música brasileira, desde 1942.

A guitarra elétrica, tanto a de corpo sólido quanto a eletroacústica, tem

fundamental importância e por causa disso merecem esse breve histórico, além de

ser bastante associada a um gênero musical crescente nos Estados Unidos, que

depois difundiu-se de tal forma que veio a tornar-se um estilo de vida: o Rock n´ Roll.

Popularizando ídolos do Rock, como Chuck Berry, Elvis Presley, The

Beatles e tantos outros, a guitarra elétrica era vista como um instrumento “marginal”

de simbologia rebelde, altamente sexualizada. Este estigma, por sua vez, foi trazido

para dentro do contexto brasileiro, juntamente com o próprio estilo musical, que faz

nascer aqui, em terras brasileiras, a Jovem Guarda.

2.3 O ensino da guitarra no Brasil

Segundo Mello (2006), por volta dos anos 70, não existia nenhuma

metodologia para o ensino de guitarra elétrica no Brasil. O que acontecia era que os

guitarristas procuravam metodologias empregadas para o estudo de violão popular

ou violão “clássico”.

Paralelamente, com a popularização do seu som, a guitarra desenvolveu

uma linguagem própria, apresentando uma leitura inovadora dos idiomatismos3 de

seus “antepassados”, como o violão e a guitarra havaiana (CAESAR, 1999).

Decorrente dos fatos, surge então um novo modelo de aprendizado, uma nova

“escola” de guitarristas, abordando novos sons e um “novo jeito de ver o violão”,

fundamentada no experimento e voltada ao autodidatismo.

Para que a linguagem musical seja compreendida e compartilhada, há a

necessidade do conhecimento de seus códigos. Esse conhecimento, segundo

3 O termo ‘idiomatismo’ está relacionado às técnicas específicas de determinados instrumentos.

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Penna (1991), pode ser adquirido não apenas na escola, mas também de maneira

dita “informal”, pela vivência, pelo contato cotidiano, o que leva à sua familiarização

(PENNA, 1991, p. 20-21).

Segundo Caesar, o ensino de guitarra ainda é algo novo e que apesar de

existir uma extensa literatura vinda principalmente dos Estados Unidos, contudo não

se tem métodos especializados no ensino da guitarra elétrica, conceitualmente

reconhecidos. Deve-se levar em consideração que o autor é um dos poucos a

escrever sobre o assunto e que sua obra foi escrita há quinze anos. Caesar (1999)

aponta que no Brasil, “somente a partir dos anos 80 [1980] é que surgiu uma

geração ‘oficial’ de professores realmente pré-dispostos a ensinar guitarra de

maneira convicta e assumida”. Entre os estudantes havia a necessidade de buscar

essas informações fora do país, mais exatamente nos EUA ou estudar com alguém

que tenha ido para lá. Outra realidade era tentar aprender sozinho através de livros

didáticos, revistas especializadas, vídeo-aulas ou “tirando” músicas de ouvido

através de discos (LP ou CD...).

Para Swanwick (2003) o aluno deve ser direcionado a adquirir fluência

musical e para tanto, afirma o autor que a sequência de procedimentos mais efetiva

seria: ouvir, articular, depois ler e escrever. Da mesma forma, Schafer (1991)

identifica o modo “tocar de ouvido” como uma maneira de vivenciar os códigos

musicais que permita ao guitarrista criar situações autônomas que possibilitam uma

fluência musical.

Já Green (2001) afirma que “de longe, a principal prática de

aprendizagem para músicos populares iniciantes, como já se sabe, é a cópia de

gravação de ouvido”. (GREEN, 2001, p. 60).

Diante dessa perspectiva, acredita-se que o aluno autodidata busca seu

conhecimento através de sua própria curiosidade e de seu interesse em descobrir

técnicas dentro de uma abordagem de ensino que dispensa a orientação de um

profissional, de forma isolada e num tempo relativamente curto. Isso acontece com a

maioria dos músicos iniciantes e não os impede de que em algum momento esses

aprendizes autodidatas possam, por consequência, procurar aulas particulares com

o objetivo de estender seu potencial no instrumento e adquirir novas habilidades.

A autoaprendizagem é aquela na qual o aluno (aprendiz) exerce plena autonomia e controle sobre suas práticas educacionais. Defino, portanto

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autoaprendizagem, [...], como sendo a interação do indivíduo com múltiplos ambientes de aprendizagem, permitindo-lhe o envolvimento ativo no processo de aquisição de conhecimentos e habilidades. (GARCIA, 2011, p. 55).

Dessa forma, a aprendizagem da música como um todo, incluindo o

ensino de guitarra, acontece, na maioria das vezes sem a legitimação ou validação

do seu processo pelos órgãos vigentes do ensino formalizado.

Com isso, mesmo a guitarra sendo um instrumento de apreciação

popular, não foi possível saber se ela, a “guitarra elétrica”, conseguiu ganhar um

espaço considerável nos conservatórios e cursos de Licenciaturas em Música do

país. Porém o conservatório Souza Lima e a IG&T (Instituto de Guitarra e

Tecnologia), são exemplos de escolas que conseguiram formalizar a prática desse

instrumento desenvolvendo metodologias de ensino e favorecendo um melhor

desempenho de seus alunos.

Recentemente, a literatura e a tecnologia apontam para uma variedade de

métodos e abordagens metodológicas no ensino da guitarra elétrica. Sugiram por

exemplo, métodos de guitarristas; métodos de leitura, escrita e percepção musical;

métodos de harmonia; métodos de técnicas específicas, sem contar com uma gama

de vídeo-aulas que são disponibilizadas na internet em sites como o “youtube”, por

exemplo. É interessante frisar que a evolução da guitarra ao longo dos anos

caminha junto à evolução tecnológica, desta maneira a tecnologia aparece como

mais uma ferramenta para auxiliar o professor no processo de ensino.

Concorda-se, então com Garcia (2011) quando este afirma que:

“A área da educação musical, na contemporaneidade, tem valorizado cada vez mais os distintos fenômenos que promovem trocas de informações musicais entre indivíduos, compreendendo seu contexto de construção e ação sociocultural”. (GARCIA, 2011, p. 01).

No Brasil, existem muitos métodos aplicados por inúmeros professores

conceituados na área do ensino musical de guitarra elétrica. A seguir serão

apresentados alguns desses métodos e seus autores.

Page 25: UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA …ƒO... · Djair Pessoa Leão Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN , monografia apresentada

23

I) Vídeo-aula

Segundo Gohn (2003), as vídeo-aulas não apresentam como enfoque

principal o estudo da teoria musical, mas sim o estudo técnico dos instrumentos e

sua utilização prática em performance, ficando a teoria avançada restrita aos livros,

pois não é um tema de interesse comercial pelas produtoras dos vídeos.

As abordagens trazidas pelas vídeo-aulas nos aspectos mais técnicos e

não teóricos seriam empregadas como preparação para uma metodologia

autodidatista. Nesse caso, “o professor virtual” demonstra como se fazem

determinados exercícios, almejando que o aluno reproduza, adquirindo a

informação. Esse material pode ser usado de forma auxiliar, sendo muito indicadas

por professores.

Algumas vídeo-aulas são encontradas no mercado ou disponibilizadas na

internet, caracterizando-se como uma ferramenta facilitadora da aprendizagem para

iniciantes. Deve-se considerar também que com o contínuo avanço da tecnologia e a

disseminação da internet, essa prática tem apresentado um crescimento

considerável. Além disso, existe uma diversidade de conteúdo desde o mais básico

ao mais avançado para contribuir com o desenvolvimento de alunos e professores

que vêem nessas fontes uma oportunidade de adquirir novas técnicas e compartilhar

conteúdos e experiências.

Trata-se, portanto, de uma ferramenta eficaz no desenvolvimento do

aprendiz. Dessa forma, pode ser utilizada pelo professor como parte de sua

metodologia, mesmo porque as vídeo-aulas são, consideravelmente, atraentes,

devido o fato de colocar em prática as habilidades do aprendiz.

A maior parte das vídeo-aulas aborda as técnicas acima do instrumento e

consequentemente abre portas para que o aprendiz possa desenvolver suas

próprias características ou que possa adaptar as técnicas aprendidas com seu gosto

e seu estilo musical.

O quadro 01, a seguir, mostra algumas dessas vídeo-aulas e suas

principais características.

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Título Orientador Características

Guitarra – Noções

Elementares

Wesley Caesar Método orientado a iniciantes. Aborda

aspectos teóricos, anatômicos, históricos,

técnicos, postura e acordes.

Guitarra Fusion

Mozart Mello

É uma fusão de ideias, concepções e

estilos diferentes passando pelo Rock,

Blues, Jazz, Funk, MPB, Bossa Nova,

Country e até a música erudita;

Técnica & versatilidade

Kiko Loureiro

Técnicas e exercícios aplicados à guitarra

elétrica, utilização de tríades, harmonia em

bloco, levadas e música brasileira;

Guitarra, Jazz &

Improvisação

Tomati

O vídeo aborda campo harmônico,

acordes, escalas e modos, passando por

inside, outside, inside out, outside;

Hot Lines 1 e 2 - Solos

Para Guitarra

Faiska

Na primeira parte as abordagens são

voltadas para solos de blues, country, rock

e jazz, técnicas de mão direita e esquerda;

uso de efeitos específicos para cada estilo;

harmonia, etc. Na parte dois, ajuda o

aprendiz a criar suas próprias linhas

melódicas e aprimorar suas técnicas,

dando ênfase ao Blues e ao Country

Rock.

Improvisação sobre

modos

Eduardo Ardanuy Técnica e improvisação

QUADRO 01: principais vídeo-aulas disponíveis para aprendizes de guitarra Fonte: Elaboração própria, 2014.

II) Métodos de guitarristas

Elaborados por guitarristas profissionais, esses métodos por sua vez,

tratam de questões práticas pautadas à atuação musical, apresentando uma

metodologia voltada aos desenhos dos acordes e escalas no braço do instrumento

no qual denominam-se “shapes”. Nesses métodos, a utilização da escrita musical

tradicional (partitura) é somada ao emprego de tablaturas, que é uma espécie de

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numeração que indica o posicionamento dos dedos em relação às casas no braço

do instrumento. Técnica, harmonia (acordes) e melodia são alguns dos assuntos

abordados por esses métodos. Dentre esses métodos, podem-se citar:

Acordes, arpejos e escalas

(Nelson Faria).

Relação entre acordes,

arpejos e escalas, com suas

digitações e aplicações.

Demonstração dos arpejos

na partitura e tablatura;

A arte da improvisação (Nelson Faria). Improvisação através do

estudo de frases jazzísticas;

IG&T song book. Volumes I

e II.

Método desenvolvido por

profissionais da Escola de

Música e Tecnologia (São

Paulo).

Harmonia modal, técnica e

fraseados, com 10 lições

cada volume;

Harmonia

(Pollaco).

Apostila completa com todos

os elementos necessários

para se entender e aplicar os

conceitos de campo

harmônico, harmonia

funcional e improvisação.

QUADRO 02: Métodos de ensino de guitarra elétrica. Fonte: Elaboração própria, 2014.

III) Métodos de técnica aplicada à guitarra elétric a

Talvez seja um dos assuntos mais procurados por jovens guitarristas que

buscam no instrumento o virtuosismo. Técnicas como palhetada alternada, sweep

picking4, hammer-on5, pull-off6, entre outras, são trabalhadas em métodos que

4 Sweep picking, é uma técnica utilizada na guitarra em que a palheta move-se como uma vassoura (do inglês sweep: varrer); combinando o movimento correspondente da mão esquerda (ou mão dos trastes) produzindo uma série de notas de sonoridade rápida.

5 Hammer-on ('martelar') é quando você toca uma corda segurando uma casa e pressiona outra casa, sem tocar a corda de novo, apenas aproveitando a vibração.

6 Pull-off ('soltar') é o contrário: você toca a corda segurando uma casa e logo em seguida a solta.

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buscam dar melhor habilidade motora no desenvolvimento de tocar o instrumento,

sendo indicados como estudos técnicos para uma melhor performance do indivíduo.

É interessante que professores utilizem ou indiquem esses métodos de

técnica em suas aulas, tanto como material principal ou como um estudo auxiliar,

visto que a procura pelo estudo das técnicas na guitarra é um fator comum entre os

estudantes desse instrumento. O Quadro 03 define algumas das principais

características desses métodos.

Título Orientador Características

Técnicas Avançadas

Marcelo Barbosa

Compilação de ideias e técnicas

utilizadas em estilo fusion e jazz-rock,

apresentadas de forma didática;

Desenvolvimento

Técnico

Kleber Oliveira

Exercícios de aquecimento, escalas e

padrões, técnicas: legato, two-hands

e sweep;

Clínica de palhetas do

Dr. Taffo

Wander Taffo –

Wanderson

Bersani

Método completo para

desenvolvimento da técnica de

palhetada alternada na guitarra.

QUADRO 03: Métodos de técnicas de guitarra elétrica. Fonte: Elaboração própria, 2014. IV) Métodos de harmonia

O estudo de alguns métodos de harmonia faz relação com o

desenvolvimento do estudo na guitarra elétrica no Brasil. Alguns desses métodos

buscam desenvolver o conhecimento de harmonia através do instrumento. Embora

também sejam indicados a estudantes autodidatas, a ajuda de um professor que

domine o assunto é sempre bem vinda, pois ele poderá tirar dúvidas de informações

musicais e harmônicas existentes no material.

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Título Orientador Características

Harmonia e

Improvisação

Almir Chediak

Volume I e II. Aborda questões como

técnica de improvisação e harmonia

funcional;

Harmonia Aplicada

ao Violão e à

Guitarra

Nelson Faria

Aborda formação de acordes, inversões

de acordes, colocação de notas de

tensão, estudo da harmonia

propriamente dita, conceitos para a

criação de arranjos e técnicas em chord

melody.

QUADRO 04: Métodos de harmonia. Fonte: Elaboração própria, 2014.

2.4 Aulas particulares de guitarra elétrica

As aulas particulares de instrumento representam uma significativa parcela das aulas realizadas nos contextos músico-educacionais da atualidade e devem ser reconhecidas por seu papel na formação musical dos indivíduos. Essas aulas se caracterizam por ocorrer em espaços como a casa dos professores ou a casa dos alunos, ou ainda em outro espaço escolhido em comum acordo entre professor e aluno e especificamente preparado para essa prática. É um tipo de “escola alternativa de música”, onde os professores não precisam ser concursados, pois sua competência docente é legitimada por sua atuação como músicos. (GARCIA, 2011, p. 59).

Com isso, as aulas particulares de guitarra elétrica surgem como um

atrativo para aqueles que querem aprender a tocar ou para os que já tocam e

buscam nessas aulas um melhor aperfeiçoamento no seu instrumento através de um

contato mais íntimo com um professor.

Silva (2001) enfatiza a importância do professor para que os alunos

sintam-se mais seguros, criando, assim, um ambiente de aprendizado tranquilo, pois

a afetividade se faz presente no cotidiano da sala de aula, seja pela postura do

professor, pela dinâmica de seu trabalho ou nas interações entre os sujeitos.

Corrêa (1999) afirma que na maioria das vezes o aprendiz necessita da

interação com outros músicos ou outros aprendizes para que haja uma rede de troca

de informações. Embora Corrêa defenda o ensino do instrumento (violão) sem a

presença do professor, acredita-se que essa troca de informação entre professor e

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aluno pode gerar um maior incentivo para os estudantes, que além de passarem a

compartilhar materiais de estudo, acabam criando um círculo de amizades que

muitas vezes vai além desses estudos. Isso vem bem a calhar para professores que

trabalham suas aulas de forma coletiva, pois a afinidade e o gosto musical entre os

alunos assim como o convívio entre eles facilitam o processo de aprendizagem.

Normalmente, a principal fonte de conhecimentos e habilidades desses

aprendizes informais é o treinamento auditivo através da prática de ouvir e copiar

(GREEN, 2001). Na prática de se tocar guitarra é comum que o desenvolvimento

auditivo e o tocar por imitação seja mais trabalhado que a leitura musical (partitura),

muito embora seja importante para qualquer estudante de música aprender essas

codificações para que a leitura musical venha somar em seus conhecimentos e na

sua atuação musical, seja ela profissional ou amadora.

Para esses professores, não é cobrada uma formação musical

pedagógica (bacharelado ou licenciatura) específica e os alunos, corriqueiramente,

escolhem como professores os guitarristas sociomusicalmente em destaque na

comunidade que o rodeia (GARCIA, 2010).

Essa educação não legitimada por qualquer tipo de órgão ou instituição é

classificada como não formal e é constituída por aquelas atividades que possuem

caráter de intencionalidade, estrutura e sistematização flexível (particular), por meio

das quais ocorrem relações pedagógicas, mas que não estão formalizadas ou

institucionalizadas (WILLIE, 2005). Ou seja, o ambiente para a prática dessas

atividades pode ser considerado como um tipo de “escola alternativa de música”, e o

professor não necessita ser formado ou concursado para atuar nesses espaços,

onde sua competência musical lhe dá legitimidade como docente.

O músico-professor é um profissional cuja formação foi orientada para o exercício de atividades artísticas na área da música. Sua atividade docente é colocada em segundo plano, embora ela seja, frequentemente, a mais constante e a que assegura uma remuneração regular. […] Na perspectiva dos alunos, a competência docente do músico professor revela-se em seu desempenho artístico-musical, comprovado em situações de performance. (REQUIÃO, 2001, p. 98)

Glaser e Fonterrada (2007) apontam que “todo instrumentista musical é

um professor em potencial de seu instrumento”, ou seja, em algum momento de sua

carreira, terá a oportunidade de ministrar aulas de seu instrumento.

Page 31: UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA …ƒO... · Djair Pessoa Leão Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN , monografia apresentada

29

Mesmo sem ter uma bagagem metodológica para ensinar, o fato é que

todo instrumentista em determinado momento de sua vida provavelmente terá seu

momento como professor. O conhecimento adquirido em anos de estudo, fatores

financeiros, pedidos de amigos ou conhecidos que enxergam no instrumentista a

possibilidade de aprender música, podem aflorar o desejo de lecionar e de levar

adiante a ideia de ser um professor de música, muito embora ainda não haja uma

compreensão didática adequada, mas que aos poucos vai melhorando com a prática

e as pesquisas.

Page 32: UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA …ƒO... · Djair Pessoa Leão Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN , monografia apresentada

30

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Caracterização do estudo

O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória de

abordagem qualitativa-descritiva, onde seu objetivo é explorar e descrever

informações relacionadas ao panorama do ensino particular da guitarra elétrica na

cidade de Natal-RN, a partir da percepção dos professores informais que atuam

nesta área de ensino local.

Gil (1996) vê a pesquisa qualitativa como uma fonte de vínculos

indissociáveis que não podem ser traduzidos em números, onde a interpretação dos

fenômenos e a identificação dos fatores básicos na execução da pesquisa, não

necessitam do uso de recursos metodológicos e/ou técnicas estatísticas. Isto é posto

em prova, visto que a experiência profissional e a qualidade do serviço oferecido

nesta pesquisa resultaram em um número de pessoas que procuram por essas

aulas e que podem, desta forma, ser descritos através de gráficos e números.

Quanto à pesquisa exploratória, Severino (2007) trata-a como uma forma

de traçar um campo de pesquisa escasso sobre um determinado objeto de estudo,

como o proposto por este trabalho. Da mesma forma, o estudo de caráter

exploratório tem como característica aprofundar-se em algo novo cujas percepções

podem tornar-se uma oportunidade para novas ideias e discussões sobre o tema:

Os estudos exploratórios têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter uma nova percepção dele e descobrir novas ideias. Realiza descrições precisas da situação e quer descobrir relações existentes entre seus elementos componentes. Requer planejamento flexível para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos e de um problema ou de uma situação. Recomendada quando há pouco conhecimento sobre o trabalho estudado (CERVO & BERVIAN, 2007, p. 63).

Segundo Singlenton (Apud Frota, 1998) unidades de análise são os

objetos e eventos descritos, analisados ou comparados pelas pesquisas sociais.

Segundo Dias (2000), nas pesquisas de caráter qualitativo o observador utiliza-se de

uma abordagem de conteúdo onde é possível gerar padrões a partir dos dados da

pesquisa. Quanto à sua interpretação, a pesquisa qualitativa busca extrair

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31

significados relacionados ao texto e consequentemente como fonte de novas teorias

a partir dos dados coletados.

3.2 População e Amostra

População é o conjunto de elementos que fazem parte de um mesmo

universo, ou ainda, que possuem características comuns que estejam condizentes

com o objetivo da pesquisa.

A amostra refere-se a uma parte de uma população que seja selecionada

de acordo com um plano específico desenvolvido pelo pesquisador. Para a

realização desta pesquisa utilizou-se uma amostra de abrangência local que

consiste de 16 (dezesseis) profissionais de ensino informal de guitarra da cidade de

Natal-RN elaborada através da realização de entrevistas.

3.3 Instrumentos de pesquisa

O instrumento utilizado para a execução da pesquisa de campo

constituiu-se de uma entrevista auxiliada por um questionário contendo 12 (doze)

perguntas abertas, onde os entrevistados declaravam sua opinião acerca da

problemática abordada na pesquisa.

Devido a indisponibilidade de horários para a realização da entrevista “in

loco”, do total de 16 entrevistados, 3 (três) responderam ao questionário através de

e-mail ou redes sociais. Com os demais foi possível agendar um horário para a

entrevista ser realizada pessoalmente entre o pesquisador e os entrevistados.

Após serem estabelecidos os objetivos da pesquisa elaborou-se um

questionário usado como suporte à coleta de dados feita através da pesquisa de

campo. Questionário este, apresentado a seguir, com suas perguntas e respectivas

finalidades.

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32

QUESTÕES (Q) FINALIDADES

Q1: Qual é a idade do professor? Estabelecer o perfil dos entrevistados em relação

à sua faixa etária;

Q2: Qual é a sua formação musical?

Observar o grau de formação do entrevistado e a

influência ou não de uma formação musical para

o ensino particular da guitarra elétrica na cidade

de Natal-RN;

Q3: O senhor é um músico atuante?

Verificar se os professores particulares de

guitarra elétrica da cidade de Natal atuam no

cenário musical local e porquê;

Q4: Qual é o seu tempo de experiência como

professor?

Analisar o tempo de atuação dos entrevistados

como professores particulares de guitarra, seus

motivos e motivações para atuar nessa área;

Q5: Onde o senhor atua como professor

particular?

Observar os locais onde mais acontecem as

aulas ministradas pelos entrevistados e o

suporte físico para que essas aulas aconteçam;

Q6: Qual é a quantidade total de alunos que o

senhor leciona?

Verificar a demanda pelas aulas particulares de

guitarra na cidade de Natal-RN;

Q7: Qual é quantidade de alunos por turma? Observar como os professores administram suas

aulas em relação a cada aluno;

Q8: Quais são os valores cobrados pelo serviço

prestado?

Identificar financeiramente a viabilidade em

lecionar aulas particulares de guitarra na cidade;

Q9: Qual é o interesse do aluno em procurar

aulas particulares de guitarra?

Analisar quais são os principais fatores de

influência para que haja o interesse e a busca

das aulas particulares por parte dos alunos;

Q10: Qual é a metodologia de ensino utilizada

pelo senhor?

Observar como os professores baseiam-se e as

técnicas utilizadas para lecionar, além dos

materiais didáticos usados como suporte às

aulas;

Q11: O método é rígido ou adéqua-se à

realidade do aluno?

Verificar o modelo de ensino empregado pelos

professores para a execução das aulas

ministradas;

Q12: Como o senhor se atualiza, enquanto

professor?

Identificar se os professores buscam fontes

contemporâneas que os ajudem a facilitar a

compreensão dos alunos e seu próprio

desenvolvimento como professor e músico.

QUADRO 05: Questões da pesquisa de campo e suas finalidades. Fonte: Elaboração própria, (2014).

Page 35: UM PANORAMA DO ENSINO PARTICULAR DA GUITARRA …ƒO... · Djair Pessoa Leão Um panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN , monografia apresentada

33

3.4 Coleta de dados

De acordo com Santos (2004), a coleta de dados é de grande relevância

e deve ser conduzida cuidadosamente, pois terá reflexos diretos na análise dos

dados.

A coleta de dados secundários foi realizada através de informações

extraídas de livros como também bibliografias encontradas na internet, tais como,

dissertações, artigos e sites institucionais.

A coleta de dados primários, feita através da pesquisa de campo, ocorreu

entre os dias 10 de setembro de 2014 a 07 de outubro de 2014, através de um

questionário aplicado com os professores selecionados para compor a amostra.

3.5 Análise dos dados

A análise qualitativa requer que o pesquisador busque alcançar os

objetivos propostos na pesquisa, sendo, portanto imprescindível que as conclusões

sejam as mais seguras possíveis em relação aos dados obtidos.

Em relação à técnica utilizada para fazer a análise dos dados foi utilizada

uma análise de conteúdo, que tem como característica identificar o que está sendo

dito em relação ao tema estudado, a partir da visão dos entrevistados (VERGARA,

2003). De acordo com Minayo (2003), a análise de conteúdo leva o pesquisador a

explorar novos conceitos e hipóteses acima do que foi manifestado dentro do

conteúdo abordado. Dessa forma, pressupõe-se que uma análise de conteúdo

possa abrir portas para novas discussões sobre o tema.

Inicialmente o estudo analisa cada variável separadamente, identificando

as convergências e divergências encontradas nas considerações feitas pela

população da pesquisa. Esses dados também passaram por uma análise feita

através de uma conexão entre as respostas, apresentada através de representações

acima das considerações mais frequentes.

Finalmente, a análise de conteúdo do trabalho apresenta considerações a

respeito dos aspectos positivos e negativos encontrados no cenário atual do ensino

de guitarra na cidade de Natal-RN, tornando possível o alcance dos objetivos

propostos pela pesquisa.

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34

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Após toda a coleta de dados foi possível identificar uma série de

informações que nos possibilita entender como funciona o ensino particular de

guitarra elétrica dentro da cidade de Natal-RN, visto que cada professor expressou

suas opiniões a respeito do assunto.

Embora percebam-se semelhanças em algumas das respostas, existiram

casos bem peculiares na forma de como cada professor pensa suas metodologias e

de como eles enxergam o processo de aprendizagem de seus alunos através das

aulas particulares. Por se tratar de uma pesquisa de caráter qualitativo onde são

tratados os perfis dos profissionais e suas análises sobre o tema proposto optou-se

aqui por identificar os professores de forma sigilosa, sendo estes identificados não

por seu nome e sim por nomenclatura alfabética (Ex.: Professor A, Professor B,

Professor C...).

Para fazer a análise dos dados da pesquisa é necessário traçar três

linhas de raciocínio sobre o tema proposto e sua finalidade. São elas:

• O constante interesse das pessoas em buscar aulas particulares de guitarra;

• A relação entre demanda e oferta de alunos e professores nesta área;

• A visão futura que os professores têm em relação às novas técnicas e

facilidades para aprimorar o ensino particular da guitarra elétrica na cidade de

Natal-RN.

4.1 Perfil dos membros da pesquisa

Somando a quantidade de entrevistados tem-se aqui uma amostra de 16

pessoas, todas do gênero masculino.

Em relação à faixa etária, foi constatado que a maioria dos participantes

(57% do total dos entrevistados) enquadra-se entre 20 e 30 anos de idade.

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35

GRÁFICO 01: Faixa etária dos entrevistados

57%31%

6% 6%

20-30 anos

31-40 anos

41-50 anos

Acima de 50 anos

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Além da faixa etária dos entrevistados também foi possível analisar sua

formação musical para atuar como professores, sua atuação no cenário musical da

cidade de Natal-RN e sua experiência como professores de guitarra. Sendo esses

aspectos descritos e analisados a seguir.

4.1.1 Formação musical dos entrevistados

GRÁFICO 02: Formação musical dos entrevistados

0123456789

10111213141516

Possuem Ensino

Superior

Cursam Ensino

Superior

Possuem Curso

Técnico

Sem formação

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Em relação à formação musical, identificou-se que boa parte dos

professores tem formação autodidata, muito embora alguns deles tenham feito

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36

cursos livres voltados ao instrumento com professores renomados como Nelson

Faria, Ian Guest, Toninho Horta, Joca Costa e Manoca Barreto.

De acordo com o gráfico 02, tendo o eixo “x” (formação dos entrevistados

– linha horizontal) e o eixo “y” (número de entrevistados – linha vertical), nota-se que

parte dos entrevistados (5 do total de 16) não possui nenhuma formação acadêmica

em música ou em qualquer outra área. Analisa-se, portanto, que entre a população

da pesquisa o fator formação não caracteriza-se como um pré-requisito para a sua

atuação como professor particular de guitarra elétrica na cidade de Natal-RN.

Dos três entrevistados que possuem Ensino Superior, apenas 1 (um) é

Bacharel em guitarra, pelo Instituto de Guitarra e Tecnologia (IG&T), do Estado de

São Paulo, já que foi citado anteriormente que o Estado do Rio Grande do Norte não

possui curso de bacharelado em guitarra.

Em relação aos outros dois entrevistados que possuem nível superior, 1

(um) é licenciado em música, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), possuindo também o diploma de curso básico de música (teoria e guitarra

elétrica) pela Fundação José Augusto no instituto Waldemar de Almeida na cidade

de Natal-RN e o outro entrevistado é formado em Pedagogia, com especialização

em música, também pela mesma instituição de Ensino Superior citada

anteriormente, (UFRN).

Dos dezesseis entrevistados, 5 (cinco) estão cursando Licenciatura em

Música, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2 (dois) possuem o

Curso Técnico em Guitarra, e 1 (um) o técnico de violão, pela mesma universidade.

4.1.2 Atuação dos entrevistados na área da música

GRÁFICO 03: Atuação dos entrevistados como músicos

81%

19% Atuam como músicos

Não atuam como músicos

Fonte: Dados da pesquisa, (2014).

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37

Durante a coleta de dados foi perguntado aos entrevistados em relação à

sua atuação como músicos. Do total dos 16 professores que colaboraram com a

pesquisa 13 (o equivalente a 81% do total) revelaram serem músicos atuantes

desempenhando diversas funções, (gravando, acompanhando bandas e cantores,

tocando em seus próprios projetos musicais, produzindo artistas de dentro e fora do

estado e/ou atuando como compositores).

O que deve ser levado em consideração nesta pesquisa é o fato de que

alguns dos entrevistados citam que a renda obtida através das aulas particulares

não caracteriza-se como sua única fonte de renda.

Parte dos entrevistados declara que ministram aulas particulares devido o

fato de seu trabalho com música ser insuficiente para suprir suas necessidades

financeiras. Logo, continuam atuando no cenário musical complementando essa

renda com as aulas particulares.

Para alguns professores, o fator atuação é sua realização como músico e

profissional, para outros é a necessidade de sobreviver, a soma da renda familiar ou

é a própria renda principal somada às aulas particulares.

Eu quero só dar aulas, para eu poder tocar o som que eu gosto, para não ter que precisar tocar as coisas que eu não curto [...] eu quero chegar num nível de mercado que me dê tranquilidade, que se eu tiver 30 alunos estudando, que tenha 30 pra entrar. (Professor “B”, 2014).

Portanto, nota-se que de uma forma geral as aulas particulares não são

consideradas como única ou, até mesmo, a principal fonte de renda desses

professores, fazendo com que a maior parte deles busque outros meios de trabalho.

4.1.3 Experiência dos entrevistados como professores de guitarra

Como nota-se no Gráfico 04, onde representa-se o eixo “y” (total de

respostas – linha vertical) e o eixo “x” (experiência em anos – linha horizontal), a

maior parte dos entrevistados (8 do total) declara atuar na área de ensino particular

de guitarra entre 6 e 10 anos. Dos dezesseis entrevistados, 4 (quatro) declaram

atuar de 11 a 15 anos, 3 (três) atuam num período de até 5 anos e 1 (um) atua há 19

anos, especificamente.

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38

GRÁFICO 04: Experiência profissional dos entrevistados

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos

De 16 a 20 anos

Fonte: Dados da pesquisa, (2014).

Através do questionário foi possível descobrir que muito dos casos, a atuação

como professor particular de guitarra surge em sua maioria de pedidos de amigos

próximos, vizinhos, ou de uma pequena comunidade onde vivem esses guitarristas.

Essas aulas surgiam sem muitas pretensões pelos professores, era uma forma de se

ganhar um dinheiro extra, onde a taxa cobrada era um valor simbólico. As aulas

eram colocadas como segundo plano, pois a ideia principal desses músicos a priori

era a de atuar como músicos performáticos.

Vê-se que a grande maioria dos professores possui certa experiência na

área do ensino particular de guitarra. De certa forma, ao analisar-se o gráfico 04

nota-se que apesar do surgimento do ensino particular da guitarra elétrica na cidade

de Natal-RN ser algo relativamente recente, essa área tem se mantido presente e a

busca por essas aulas mantem-se constante.

4.2 Características encontradas no ensino particula r da guitarra elétrica na

cidade de Natal-RN

I) Locais de atuação, demanda de alunos e valores d as aulas.

De acordo com a resposta dos entrevistados, as aulas particulares de

guitarra acontecem, em sua maioria na casa dos professores ou dos alunos. Ainda

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com base em suas respostas, poucos são os que ministram as aulas fora desses

locais. Nesse caso, as aulas ocorrem em espaços específicos, como escolas de

música de cursos livres, onde 4 dos profissionais entrevistados são os próprios

donos. A maioria desses profissionais atua, portanto, como professores particulares

de forma autônoma, sem vínculo empregatício com nenhuma entidade, na maior

parte dos casos que serviram de objeto de estudo para esta pesquisa, gerando uma

insegurança para esses profissionais, pois os benefícios previdenciários, seguro

desemprego, férias remuneradas, 13º etc, não fazem parte da realidade desses

professores.

Em relação à quantidade de alunos que participam de aulas particulares

com os 16 professores que colaboraram com este estudo, somam-se ao total de

alunos uma quantidade superior à 200. Levando em consideração que apenas um

dos professores trabalha de forma coletiva e possui 90 alunos no seu quadro geral

de aulas, a média entre os outros 15 professores gira em torno de 3 a 18 alunos por

professor sendo que estes professores não trabalham com aulas coletivas no

momento. Considera-se, assim, que a procura pelas aulas particulares é bastante

significativa, tendo em vista que alguns fatores contribuem para que esse número

não seja maior, como a falta de espaços, por exemplo. Como mencionou-se

anteriormente, as aulas ocorrem em sua maioria na casa dos professores ou alunos,

o que limita a quantidade de alunos por hora de aula ministrada. Embora a procura

pelas aulas seja considerável, a rotatividade desses alunos se caracteriza como

ponto negativo, a desistência das aulas e o período de férias causam desequilíbrio

na renda obtida através das aulas.

Os professores também relatam que para que as aulas aconteçam de

forma mais proveitosa, os alunos participem em grupos de, no máximo, 3 (três)

pessoas, considerando a capacidade apresentada pelo aluno, seu nível de

habilidade e conhecimento sobre o instrumento, etc. Segundo os professores seria

inviável ministrar as aulas com turmas que apresentassem um número superior a

esse, pelo fato de que a aprendizagem de qualquer instrumento requer uma

abordagem teórica e outra prática, e também depende do desempenho de cada um.

Com turmas maiores essa abordagem seria dificultada pelo fato de que

cada aluno possui características diferentes e desenvolve-se de forma diferente, o

que é considerado pelo professor.

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Para alguns professores, trabalhar com aulas de forma coletiva traz

alguns problemas na aplicação da metodologia. Existem casos em que o

desenvolvimento de um é a frustração do outro, como citado pelos professores a

seguir.

Às vezes um aluno desenvolve mais que o outro, aí fica assim, meio chato de um ver o outro desenvolvendo [...] acaba ficando envergonhado na hora que ele ver o outro estudando e evoluindo. Isso acaba criando uma barreira nele, achando que ele é o problema... (Professor “F”, 2014). Sempre há uma dificuldade, além do horário que geralmente não bate, o desempenho é outro problema [...]. Não é interessante do ponto de vista didático e nem financeiro, porque um desestimula o outro que vai querer sair e vai se constranger em querer falar o motivo e eu acabo que perdendo todo mundo. (Professor “H”, 2014).

Em contrapartida, o professor I que tem o maior número de alunos da

pesquisa e que é o único a trabalhar com aulas coletivas no momento, pensa de

forma diferente.

Eu faço com que o aluno que sabe mais tente persuadir o que sabe menos ajudando no estudo dele durante a aula [...] e tento frear o que sabe mais e adiantar o que sabe menos. Mas em algum momento da aula eu já “dou um gás” nesse que sabe mais coisas. (Professor “I”, 2014).

O gráfico 05, a seguir, mostra a quantidade de entrevistados (eixo “y” –

vertical) e o preço que estes cobram pelas aulas (média de valores das aulas – eixo

“x”, horizontal).

GRÁFICO 05: Valores das aulas cobrados pelos professores

0123456789

10111213141516

50 a 100 reais 101 a 150 reais 151 a 200 reais Acima de 200 reais

Fonte: Dados da pesquisa, (2014).

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Em relação aos valores cobrados pelos professores, pode-se identificar

que em sua maioria (9 profissionais), cobram um valor de até 100 reais por mês,

tendo em média 1 (uma) aula por semana. Considerando também os valores

apresentados por cada professor notou-se que a média de preço de cada aula

particular de guitarra na cidade de Natal-RN gira em torno de 25 a 30 reais por

hora/aula, podendo alcançar o valor de até 62,5 reais hora/aula.

Deve-se considerar, ainda, que em alguns casos o valor da aula que o

professor ministra em sua casa é inferior ao que este cobra caso haja a necessidade

de deslocar-se para casa do aluno. Outro ponto a ser citado é que em alguns casos

existe uma diferença de valor de uma hora/aula caso essa aula seja extra e haja

uma procura como relata o professor abaixo.

Tem gente que já toca, aí vai me ver tocar e pergunta seu eu dou aula e quanto é, e eu pergunto se o “cara” quer um acompanhamento semanal ou se o “cara” quer tirar somente algumas dúvidas. Porque se for pra tirar dúvidas o valor é 50 “contos”, mas se for mensal é 120. (Professor “L”, 2014).

II) Interesse dos alunos em procurar as aulas parti culares

Sobre o interesse dos alunos em procurar por essas aulas, considera-se

como principal motivação o fato destes estarem em busca de um aperfeiçoamento e

de desenvolver-se no instrumento. Geralmente os alunos que procuram pelos

professores particulares já possuem algum conhecimento básico de música e

técnicas do instrumento, por outro lado existe também um número expressivo de

iniciantes. Em uma escola informal foi constatado que parte dos alunos eram

pessoas mais velhas que buscavam na música uma forma de estar fugindo da

ociosidade. A flexibilidade de horários também é vista como um fator positivo em

todos os casos já citados, pois é comum encontrar pessoas que só dispõe de um

determinado horário para poder fazer essas aulas.

Alguns professores revelam que outro fator a ser considerado é que

existem muitos materiais voltados à aprendizagem de guitarra, que podem ser

facilmente acessados através da internet, mas que por sua vez, não são

apresentados com clareza o suficiente para serem compreendidos pelos aprendizes.

Nesse caso, a ajuda do professor particular torna-se uma necessidade, haja vista

que o aprendiz possui acesso à informação, mas necessita de alguém que o

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direcione mediante às informações que comumente são apresentadas por essas

redes de informação. Como cita o professor S em seu discurso:

Tudo tem na internet, ao mesmo tempo não tem nada. Se quer tocar tem que ter um professor, por que você vai ganhar muito mais tempo. (Professor “B”, 2014).

Outros fatores também foram observados durante a pesquisa como a

classe social média/alta dos alunos que corresponde a um número significativo

daqueles que procuram e podem pagar por essas aulas, tendo a música como um

hobby ou incentivados pela família que fazem gosto em investir nas aulas de música

para seus filhos.

Eu já tive a minha fase em evidência, mas muita gente aqui é iniciante, então eles não sabem a minha historia, se eu tenho banda, é um público A e B que paga seis meses de aula adiantados. Já o músico profissional que me procura é por conhecer o meu trabalho, mas esse número é muito pequeno no meu caso. (Professor “F”, 2014). Tenho alunos do tribunal de justiça, filhos de oficiais [...] Eles enxergam a música como hobby, o que eles querem é um resultado mais simples, sem interesses teóricos. (Professor “H”, 2014).

Diante disso, pode-se afirmar que a qualidade do serviço prestado por

esses profissionais é de grande importância pelo fato de que a repercussão do seu

trabalho na sociedade depende da forma com que o aluno ou sua família os avaliam.

Logo, a qualidade do serviço está inteiramente relacionada com a procura das aulas

particulares por novos alunos em potencial, o que na maior parte dos casos

acontece pela chamada propaganda boca a boca. Por identificar isto, elaborou-se a

Figura 09, a seguir, que faz uma demonstração de como essa relação acontece.

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Figura 09: Relação entre a propaganda boca a boca e a procura por aulas particulares.

Fonte: Elaboração própria, (2014).

Ao analisar a figura apresentada nota-se que o aprendiz que já possui

certo interesse em fazer aulas particulares sente-se mais motivado quando, através

do comentário de um colega, conhecido ou até mesmo em comentários que

atualmente surgem bastante em redes sociais, tem conhecimento de que

determinado professor presta um serviço de qualidade e que pode vir à atender suas

necessidades.

Os profissionais também narram que, um bom relacionamento com a

família dos alunos, no caso dos pais que pagam as mensalidades de seus filhos, é

de total importância para que haja respeito e confiança entre as partes envolvidas,

visto que existem alguns profissionais que descumprem com seu compromisso.

Referente a esse ponto de vista, o Professor H faz um breve comentário:

É muito comum encontrar um aluno que já fez aula e ele dizer, “ah, eu tinha um professor que eu pagava e ele não vinha”, isso é uma realidade dentro do sistema de ensino particular de Natal [...]. É muito bom manter um bom relacionamento com a família, hoje estou com aluno no qual dei aula a um tio dele quando adolescente [...]. A partir do momento que você pega em dinheiro você tem um compromisso. O pai enxerga o trato com o dinheiro com seu filho aprendendo, o filho enxerga com prazer. (Professor “H”, 2014).

Portanto, é fundamental que o professor tenha a consciência de que a

repercussão do seu trabalho está diretamente ligada à qualidade que ele oferece.

Dessa forma, oferecendo um serviço de qualidade o seu trabalho será reconhecido

de forma a alcançar novos alunos que por já terem algum interesse, possam vir a

sentir-se motivados a procurar aulas com este profissional.

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III) Metodologia de ensino apresentada pelos profes sores

As metodologias utilizadas entre os professores entrevistados variam

desde um nível básico para alunos iniciantes até um nível avançado voltado a

músicos profissionais, levando em consideração as características de cada aluno.

Como citado entre eles, isso pode ser percebido através de uma avaliação prévia,

para que desta forma possam ser identificados os diferentes níveis dos seus alunos.

Alguns professores já possuem um método próprio que serve como um programa

voltado à necessidade de cada um.

Referente à procura dos alunos pelas aulas particulares assim como o

programa de alguns professores, foram encontrados os seguintes assuntos:

• Aquecimento

• Acordes

• Estudo de sincronia das mãos direita e esquerda

• Repertório

• Estudos de diferentes ritmos

• Escalas

• Estudos de sincronia e padrões dos dedos da mão esquerda, 1,2,3,4...

(no caso de pessoas destras)

• Estudos de palhetadas

• Técnicas específicas (Sweep, two hands, pull-off, hammer-on, slide…)

• Harmonia funcional

• Improvisação

• Leitura

A grande parte dos professores alegou que seus métodos são elaborados

a partir da junção de vários materiais existentes em outros métodos. Essa mescla de

informações acaba gerando uma particularidade para cada professor, e que por

mais que os assuntos sejam os mesmos, as maneira de como são abordados esses

assuntos acabam se tornando diferentes.

Entre os métodos citados estão: Métodos do curso básico do instituto

Waldemar de Almeida e da Casa Talento como também pesquisados em internet,

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Métodos do curso técnico de guitarra da UFRN de Manoca Barreto, métodos de

Nelson faria, Almir Chediak, Berklee – A modern method for guitar - vol 1, 2, 3,

Jamey Aebersold jazz: Read, Aim, Improvise!

Além dos métodos tradicionais, alguns professores buscam recursos

tecnológicos para somar a sua didática. Deste modo, utilizam o computador para

demonstrações de vídeos-aulas, shows e para criar seções interativas do aluno com

playbacks através CDs e de software de gravações.

O repertório é outro ponto bastante importante que se fez presente em

todas as metodologias apresentadas, tanto para professores flexíveis, quanto para

os mais rígidos. Segundo os entrevistados, a utilização do repertório para alunos

iniciantes surge da necessidade de se tocar uma música de gosto pessoal. Já para

músicos avançados, servem como forma de análise para se entender melhor um

trecho musical.

Eu busco encaixar com a necessidade do aluno. É comum ter alunos que tenham influências de bandas como Nirvana e querem iniciar com aqueles solos, então com a introdução da música do Nirvana eu posso fazer uma iniciação a tablatura, palhetada, digitação... É importante para o perfil do meu cliente, trabalhar uma música que ele tenha interesse. (Professor “H”, 2014).

É comum que entre alunos de guitarra o gosto musical seja voltado a

músicas bastante conhecidas. Segundo a maioria dos professores, o rock é um dos

estilos mais frequentes entre os guitarristas, e bandas como Legião Urbana, Jota

Quest, Guns N’ Roses, Avenged Sevenfold fazem sucesso entre os adolescentes.

Já entre alunos cristãos, o grupo Oficina G3 aparece como um dos grandes

favoritos. Para alunos avançados o gosto se remete a guitarristas específicos e não

estão somente ligados ao Rock and Roll, mas o jazz e outros estilos musicais

também fazem parte do seu repertório.

A prática da leitura também é bastante vivenciada por alguns alunos, mas

não tem grande expressividade entre os jovens que ainda não apresentam interesse

para as aulas de teoria e leitura.

Eu não queria que ficasse como um estudo de universidade com relação prática, tipo “ler,ler,ler” [...]. É o mais correto, mas a gente sabe que durante o desenvolvimento inicial do aluno é algo que se torna desgastante, que desestimula demais o aluno. (Professor “I”, 2014).

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Para o professor “I”, a leitura é um complemento importante para

formação musical do indivíduo. Dessa maneira, o músico estará mais seguro para

enfrentar outras situações que venham necessitar dessa leitura como pré-requisito

para um trabalho ou para ingressar na academia, caso haja essas pretensões.

Para professores mais rígidos e com público selecionado, os métodos

americanos compreendem a necessidade do músico profissional, visto que sem eles

o músico estaria pulando etapas no processo de aprendizagem. Devemos levar em

consideração que seus alunos em sua maioria são músicos profissionais e que

querem se aperfeiçoar no instrumento.

Aprendi com a vida, com a Berklee e com Estados Unidos [...]. Isso é um padrão quase que universal. Você tem que seguir isso aí, se não você vai estar pulando os degraus. (Professor “J”, 2014).

Há situações em que não existem um cronograma ou planejamento por

parte dos professores para que essas aulas aconteçam, mas as formas diretas e

flexíveis de como são passados os assuntos, como também o aluno que muitas

vezes informa ao professor sobre aquilo que ele gostaria de aprender, fazem com

que as aulas particulares sejam mais atraentes para algumas pessoas que um curso

pré-programado.

Percebe-se que em alguns dos casos os assuntos abordados partem

muito mais de princípios ligados aos interesses, aos gostos musicais e as ambições

particulares desses alunos que gera uma grande influência sobre o que será

trabalhado nessas aulas. A construção dessas aulas passa por um procedimento de

interatividade entre professor e aluno, causando um processo educativo, isso tudo é

possível devido a um acordo precedente entre as partes, educador e educando,

podendo ser quebrado quando os interesses são divergentes.

No geral, nota-se que a prática, na maior parte das vezes, dá-se através

da repetição, onde o professor demonstra muitas vezes como o aluno deve fazer o

exercício proposto. O repertório é um elo muito comum e bastante utilizado para se

trabalhar a formação de acordes, campo harmônico e o ritmo, além das técnicas

específicas da guitarra. Os playbacks aparecem para dar suporte à iniciação das

escalas em geral como aos estudos de improvisação, e a utilização do sistema C-A-

G-E-D (Dó-Lá-Sol-Mi-Ré) facilita uma compreensão rápida do aluno servindo de

mapa do braço do instrumento. A internet e as vídeo-aulas surgem como recursos

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tecnológicos e junto com os assuntos impressos repassados pelos professores

podem ser classificados como materiais expositivos.

IV) Forma com que os professores mantêm-se atualiza dos

Identificou-se que o processo de atualização entre os professores é algo

contínuo e prazeroso, pois deste modo os profissionais coseguem manter-se

atualizados com as novas linguagens e técnicas guitarrísticas que vão surgindo,

como também as novas formas de abordagens metodológicas, além do que, para

alguns professores a ação de renovação, de pesquisa, de buscar novas

informações, fazem-se necessárias visto que o mercado profissional requer

profissionais qualificados. Pensando desta forma, foi observado que os professores

de guitarra da cidade de Natal-RN, buscam manter-se atualizados. A prova disso é

que alguns deles têm em seus currículos formação acadêmica, outros estão

cursando a licenciatura para melhorar seu desempenho didático e para também

almejar caminhos mais seguros na vida profissional e financeira. E, ainda, alguns

estão cursando o técnico de guitarra para melhorar seu desempenho técnico e

performático no instrumento.

A própria necessidade de atualização nasce quando você começa ensinar seus alunos [...]. Os alunos, por exemplo, também trazem coisas legais. Às vezes tem alunos que tem uma técnica legal e traz uma coisa nova que eu ainda não vi, “pô, vou pesquisar isso...” Isso me obriga a pesquisar. (Professor “C”, 2014).

Foram encontrados alguns professores que também fazem aulas

particulares com outros professores, investindo desta maneira na sua carreira

profissional musical, performática e pedagógica.

A aquisição de novos métodos e vídeos, a procura por materiais na

internet assim como a participação em cursos, workshops e master class de guitarra

existentes dentro e fora do estado são fatores comuns e que estão presentes no

cotidiano de alguns desses profissionais. O fato é que o prazer de se tocar o

instrumento e de estar com a técnica em dia ou de como aprender novas técnicas

fazem com que alguns desses professores busquem um tempo somente seu para

estudar. Uma fala com sentido em comum entre os guitarristas mais técnicos era

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que, antes eles estudavam oito horas diárias, hoje eles têm contas a pagar, mas

mesmo cheios de compromissos diários eles buscam um tempo para si.

Existem também casos específicos de professores que conseguiram

durante uma longa trajetória profissional, emplacar seu nome no cenário musical

devido a técnica apurada com os anos de estudo. Esses profissionais não tem

formação acadêmica, porém esses autodidatas construíram um trabalho sólido e

respeitado através da vivência e de suas próprias pesquisas, tornando-se

referências do instrumento no estado. Para alguns, o fator formação acadêmica se

torna algo distante devido à falta de tempo e a idade.

A essa altura do campeonato eu não me vejo mais fazendo uma faculdade, uma licenciatura [...]. É uma garantia para o futuro você fazer um concurso, adoro dar aula, mas eu sou aquele tipo de músico que sou mais de palco mesmo, de estúdio, eu gosto de estar criando dentro do estúdio. (Professor “D”, 2014).

Sendo assim, o contato diário com instrumento e as fontes de pesquisas

são ferramentas que auxiliam na formação musical desses profissionais, seja

atuando em shows, gravando, compondo, produzindo artistas, seja melhorando cada

vez mais a sua técnica ou elaborando um melhor planejamento didático de suas

aulas.

4.3 Visão geral sobre as aulas particulares de guit arra na cidade de Natal-RN

No decorrer da análise foram apresentadas as principais características

das aulas particulares que acontecem na cidade de Natal-RN. Seguindo o

depoimento dos professores, torna-se possível identificar, por exemplo, quais são as

principais fragilidades encontradas na área do ensino particular de guitarra na

localidade, como também os pontos positivos a serem observados neste cenário. O

Quadro 06, a seguir, foi elaborado para mostrar os principais aspectos observados,

tanto positivos quanto negativos.

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ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS

� Autonomia sobre as aulas;

� Flexibilidade de horários;

� Renda extra;

� Apoio de novas tecnologias de

suporte às aulas e métodos que facilitem

o aprendizado do aluno;

� Constante procura de pessoas

interessadas em participar das aulas.

� Espaços limitados para a

realização das aulas;

� Indisponibilidade para atender

mais pessoas;

� Rotatividade de alunos;

� Perda de benefícios

previdenciários, seguro desemprego,

férias remuneradas, 13º, etc.

QUADRO 06: Aspectos positivos e negativos das aulas particulares de guitarra em Natal-RN Fonte: Elaboração própria, (2014).

Nota-se que com a constante procura por aulas particulares de guitarra,

os professores avaliam esse fator como uma oportunidade de conseguir uma renda

extra que contribua com o seu orçamento. Para dar suporte às aulas vê-se que

atualmente a tecnologia e a facilidade de acesso aos meios de informação

contribuem para o desenvolvimento do aluno assim como a atualização dos

professores em relação aos métodos de ensino.

A autonomia sobre as aulas e a flexibilidade de horários também é uma

fator positivo, já que não se caracteriza como um trabalho formal. Nesse caso, a

relação professor-aluno acontece de forma mais estreita, muitas vezes até amigável.

Por outro lado, o fato deste profissional não possuir, na maioria das

vezes, vínculo com nenhuma instituição de ensino formalizada, este deixa de

usufruir dos direitos reservados ao trabalhador formal. Como na maior parte as aulas

são ministradas na casa dos professores ou alunos, existe também a

indisponibilidade de atender um número maior de pessoas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa teve como objetivo identificar o panorama do ensino

particular de guitarra elétrica na cidade de Natal-RN, decorrente da concretização de

uma análise feita através de um questionário realizado com 16 professores

particulares de guitarra da cidade de Natal-RN.

Dentre os principais resultados encontrados destacam-se que a maioria

dos professores ministra suas aulas em casa ou na casa dos respectivos alunos por

se tratar de um trabalho desenvolvido pelo professor de forma independente, sem

vínculo com instituições de ensino, na maior parte dos casos observados.

Viu-se também que o número de professores autodidatas é maior que o

de professores formados, assim como o número de músicos atuantes, onde a renda

das aulas não caracteriza-se como única fonte rentável, muito embora os valores

cobrados estejam voltados a um público de classe média/alta.

No ponto de vista da educação musical percebeu-se que a grande maioria

utiliza de uma mescla de materiais metodológicos de vários professores/guitarristas

consagrados no ensino da guitarra elétrica no Brasil e no Exterior, havendo

situações em que alguns dos professores entrevistados organizam esse material

criando sua própria metodologia. Considerando-se isto, então, um fator positivo

diante da necessidade de se ter um material preparado para facilitar o processo de

ensino e aprendizagem.

Como citado no segundo capítulo por Glaser e Fonterrada, todo

instrumentista tem sim capacidade para atuar como professor, levando em

consideração fatores de conhecimento prévio e do processo evolutivo como músico,

assim como a busca por novas ferramentas metodológicas que vão sendo

adquiridas com o tempo e a experiência, visto que a educação musical vai além do

conhecimento técnico e ser professor vai além do ser músico.

Ainda no segundo capítulo, Silva também nos traz a importância das

relações pessoais entre as partes envolvidas, isso pode ser visto como um fator

essencial para que haja um confiança entre o professor e o aluno, entre o professor

e seus alunos caso haja aulas coletivas e entre os próprios alunos, criando um

espaço afetivo entre os envolvidos.

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Os 16 professores entrevistados buscam em sua maioria manter-se

atualizados, onde a reciclagem faz-se necessária, pois o processo de aprendizagem

é algo contínuo e o professor também deve estar aberto a novos conhecimentos.

Isso é visto como fonte positiva porque possibilita que os alunos possam se espelhar

em seus professores, buscando na pesquisa de materiais outros meios de

aprendizagem.

Diante dos fatos, acredita-se que o trabalho que vem sendo desenvolvido

dentro da cidade de Natal-RN através dos profissionais guitarristas tem, sim, gerado

bons frutos. O resultado disso é um número considerável de pessoas interessadas

por essas aulas e que, se “lapidadas” da maneira correta, poderão futuramente gerar

outros profissionais, tanto músicos atuantes como novos professores.

Pode-se recomendar que para um professor particular, uma vez que foi

identificado que o perfil dos alunos varia de níveis básicos a níveis mais avançados,

estes professores possam usar não somente métodos fechados, mas que eles

tenham em mente que as possibilidades de ensino são inesgotáveis, onde muitos

professores já buscam criar e desenvolver seus próprios materiais (apostilas, cd’s).

Gravar performances em aulas e expor os mais variados materiais de

áudio (repertório), também aparecem como novas metodologias de ensino e mesmo

diante das flexibilidades existentes é interessante buscar, desta maneira, apresentar

um curso que possua início, meio e fim. Sendo assim, o profissional professor, seja

ele acadêmico ou não, deve manter-se informado em relação as novas abordagens

metodológicas que venham facilitar o desenvolvimento de seus alunos, assim como

o seu desenvolvimento enquanto professor.

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MELLO, Mozart. A educação da guitarra no Brasil. Revista Cover Guitarra, edição 144/Dezembro de 2006. Disponível em: http://www.coverguitarra.com.br/3_1.asp?PLC_cng_ukey=3904313244167K4T6W Acessado em 19/09/2014. MINAYO, M.C. de S. (Org.). Pesquisa social : teoria, método e criatividade. 22. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2003 PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola, 1991. REQUIÃO, L. Escolas de música alternativas e aulas particulares: uma op ção para a formação profissional do músico. Cadernos do Colóquio, n. 1, p. 98-108, 2001. ROCHA, Marcel Eduardo Leal. Elaboração de arranjo para guitarra solo. Dissertação de mestrado. São Paulo: UNICAMP, 2005. SANTOS, A. R. dos. Metodologia científica: a construção do Conhecime nto . Rio de Janeiro: 6. ed. DP&A, 2004. SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. São Paulo: Unesp, 1991. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico . 23.ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. SINGLENTON, Jr. Royce et alli. Aproches to social research. New York: Oxford University Press, 1970. SILVA, M.L.F.S. Análise das dimensões afetivas nas relações profess or-aluno. Campinas, Unicamp: FE 2001. SLOBODA, John A. The musical mind. The cognitive psycology of music . Oxford: Clarendon Press, 1997. SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente . Trad. Alda Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo, Moderna, 2003. VERGARA, S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração . 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. WILLE, Regiana Blank. Educação musical formal, não formal ou informal : um estudo sobre processos de ensino e aprendizagem musical de adolescentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, V.13, 39-48, set. 2005.

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APÊNDICE – Questionário da pesquisa de campo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

Meus cumprimentos. Me chamo Djair Pessoa Leão e venho através desta pesquisa levantar dados para o meu trabalho de conclusão do curso de Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cujo objetivo é identificar o panorama do ensino particular da guitarra elétrica na cidade de Natal-RN. Desde já agradeço sua colaboração. QUESTÕES

Q1: Qual é a idade do professor(a)? Q2: Qual é a sua formação musical? Q3: Você é um músico atuante? Q4: Qual é o seu tempo de experiência como professor(a)? Q5: Onde você atua como professor(a) particular? Q6: Qual é a quantidade total de alunos que você leciona? Q7: Qual é quantidade de alunos por turma? Q8: Quais são os valores cobrados pelo serviço prestado?

Q9: Qual é o interesse do aluno em procurar aulas particulares de guitarra? Q10: Qual é a metodologia de ensino utilizada por você? Q11: O método é rígido ou adéqua-se à realidade do aluno? Q12: Como você se atualiza, enquanto professor?