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UM OLHAR DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA ESTADUAL EM OLINDA SOBRE O PAPEL DO COORDENADOR E O USO PEDAGÓGICO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO Maria Cristina do Nascimento Silva Brandão¹, Ana Michele de Almeida Nascimento 1. [email protected] Resumo O trabalho que ora voga tem como objetivo investigar e conhecer a visão dos professores sobre o papel do coordenador pedagógico como mediador para o uso das tecnologias na sala de aula do ensino médio, sobre a inserção das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, bem como seus conhecimentos em relação a políticas públicas presentes no ensino médio das escolas estaduais de Pernambuco. Esta pesquisa buscou evidenciar tal questionamento, pois muitos educadores apesar de inseridos no mundo digital, não fazem o uso de aparatos tecnológicos em suas aulas, mesmo que as escolas e alunos possuam ferramentas tecnológicas, por outro lado o Coordenador Pedagógico por estar sobrecarregado ou até mesmo pela falta de conhecimento, não consegue fazer a inserção das novas tecnologias na rotina de aulas dos professores. Palavras Chaves: Tecnologia na Educação. Coordenação Pedagógica. Inclusão Digital. Abstract The work that is now fashionable aims to investigate and know the teachers take on the role of the pedagogical coordinator and mediator for the use of technologies in high school classroom, on the inclusion of technology in teaching and learning as well as their knowledge regarding public policies present in high school of the state schools in Pernambuco. This research aimed to show such questioning because many educators although inserted in the digital world, do not make use of technological devices in their classes, even though schools and students have technological tools, on the other hand the Educational Coordinator for being overloaded or even the lack of knowledge, can not make the inclusion of new technologies in routine school teachers. Key Words: Technology in Education. Pedagogical Coordination. Digital inclusion.

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UM OLHAR DOS PROFESSORES DE UMA ESCOLA ESTADUAL EM

OLINDA SOBRE O PAPEL DO COORDENADOR E O USO

PEDAGÓGICO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO

Maria Cristina do Nascimento Silva Brandão¹, Ana Michele de Almeida Nascimento

1. [email protected]

Resumo

O trabalho que ora voga tem como objetivo investigar e conhecer a visão dos professores sobre

o papel do coordenador pedagógico como mediador para o uso das tecnologias na sala de aula

do ensino médio, sobre a inserção das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, bem

como seus conhecimentos em relação a políticas públicas presentes no ensino médio das escolas

estaduais de Pernambuco. Esta pesquisa buscou evidenciar tal questionamento, pois muitos

educadores apesar de inseridos no mundo digital, não fazem o uso de aparatos tecnológicos em

suas aulas, mesmo que as escolas e alunos possuam ferramentas tecnológicas, por outro lado o

Coordenador Pedagógico por estar sobrecarregado ou até mesmo pela falta de conhecimento,

não consegue fazer a inserção das novas tecnologias na rotina de aulas dos professores.

Palavras Chaves: Tecnologia na Educação. Coordenação Pedagógica. Inclusão Digital.

Abstract

The work that is now fashionable aims to investigate and know the teachers take on the role of

the pedagogical coordinator and mediator for the use of technologies in high school classroom,

on the inclusion of technology in teaching and learning as well as their knowledge regarding

public policies present in high school of the state schools in Pernambuco. This research aimed

to show such questioning because many educators although inserted in the digital world, do not

make use of technological devices in their classes, even though schools and students have

technological tools, on the other hand the Educational Coordinator for being overloaded or even

the lack of knowledge, can not make the inclusion of new technologies in routine school

teachers.

Key Words: Technology in Education. Pedagogical Coordination. Digital inclusion.

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Introdução

O processo de inserção da tecnologia na educação não é algo recente, as primeiras experiências

com informática datam da década de 70, entretanto, não podemos considerá-las como sendo de

uso educativo, uma vez que não eram utilizadas de maneira cognitiva, apenas como uma

ferramenta de cálculo.

Primeiramente, surgiram modelos de softwares, baseados na teoria comportamentalista de

Skinner, as chamadas máquinas de ensinar que tinham a finalidade de assumir a função

tradicional do professor, ou seja, transmitir conhecimento.

Ao longo da década de 80 verifica-se que o uso da tecnologia na educação passa por várias

transformações, nesse período aparecem aplicativos para gestão escolar, tutoriais, programas

de exercício e prática, simuladores, jogos educacionais computadorizados, micromundos, entre

outros.

Tais aplicativos foram pesquisados e introduzidos em grande escala nas escolas, em decorrência

do surgimento do computador pessoal, responsável pela diminuição dos custos de implantação

dos laboratórios de informática nas escolas.

Em meados da década de 90 o Ministério da Educação e Cultura, através da Secretaria de

Educação à Distância implantou o PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia na Educação,

programa este vem promovendo a inclusão tecnológica nas escolas públicas do Brasil. Diante

do exposto podemos constatar que a utilização da informática como ferramenta pedagógica teve

sua origem há mais de 40 anos, mas para alguns educadores tal recurso ainda é uma novidade.

Na sociedade contemporânea, vivenciamos momentos marcados por complexas e rápidas

transformações advindas do progresso das ciências, das inovações e da propagação das

tecnologias da informação e da comunicação (TICs). Essas mudanças influenciam ações,

pensamentos e comportamentos e contribuem diretamente para as modificações nas relações

econômicas, sociais, de poder e de saberes.

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O exposto nos leva a investigar e conhecer a visão dos professores sobre o papel do coordenador

pedagógico como mediador para o uso das tecnologias na sala de aula do ensino médio, sobre

a inserção das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem, bem como seus

conhecimentos em relação a políticas públicas presentes no ensino médio das escolas estaduais

de Pernambuco.

Este trabalho busca evidenciar tal questionamento baseando-se na hipótese de que muitos

educadores apesar de inseridos no mundo digital, não fazem o uso de aparatos tecnológicos em

suas aulas, mesmo que as escolas e alunos possuam ferramentas tecnológicas, por outro lado o

Coordenador Pedagógico por estar sobrecarregado ou até mesmo pela falta de conhecimento,

não consegue fazer a inserção das novas tecnologias na rotina de aulas dos professores.

Referencial Teórico

Segundo Moran (2002) a sociedade atual está mudando suas formas de organização, produção

de bens, comercialização, diversão e de ensinar e aprender.

Muitas formas de ensinar e aprender hoje não se justificam mais.

Perdemos tempo demais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-nos

continuamente. Tanto professores como alunos temos a clara sensação

de que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas para onde

mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade mais

interconectada? (MORAN, 2002. p. 11)

Concordo com Moran (2002) quando coloca que mudanças na educação são esperadas, como

as que ocorreram em outras organizações, nota-se que a educação é o caminho fundamental

para transformação da sociedade. Isso atrai grupos econômicos dispostos a investirem e

faturarem com este novo mercado, trazendo os processos de reorganização e gestão

empresariais.

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Segundo Gallo (2002), uma nova revolução vem mudando conceitos, relações e formas de agir

e estar em sociedade. Um novo paradigma surge no horizonte da civilização moderna em

decorrência do desenvolvimento tecnológico na informação e na comunicação. As sociedades

sentem a urgência de desenvolver programas capazes de promover a necessária inserção e

participação ativa nesse mundo que, aos poucos, se descortina e traz a possibilidade de múltiplas

conexões, em uma velocidade jamais vista.

A grande expansão dos recursos tecnológicos e sua crescente acessibilidade fizeram com que

os computadores rapidamente chegassem às salas de aula. Se o uso destas tecnologias de

informação e comunicação chega com rapidez a áreas vitais como a educação, reflexões e

debates sobre a utilização dessas novas ferramentas nem sempre acontecem na mesma

intensidade. São inseridos várias ferramentas tecnológicas nas escolas e pouco se faz, na prática,

com os professores para mostrar quais seriam os caminhos mais produtivos para o uso da

tecnologia no processo educativo.

Nos últimos anos, em Pernambuco, o governo tem implantando mais uma de suas ações visando

aproximar os computadores e seus recursos aos alunos do ensino médio. O programa de

distribuições de computadores portáteis Tablet PC, denominado de “Aluno Conectado”, onde

o aluno dos 2º e 3º anos do ensino médio tem direito a um aparelho da Digibras, divisão CCE,

em que o objetivo é a incorporação de novas práticas pedagógicas com a tecnologia digital,

além da inclusão digital dos mesmos. Juntamente com este programa outras ações são

desenvolvidas como: instalação a internet Wi-fi nas escolas, aquisição de quites de robótica e

projetores, dentre outras.

Na visão de Freire (1996), é necessário que os educadores empreguem todos os recursos

disponíveis para que a educação possa dar grandes saltos. Atualmente, o educador não é mais

considerado o único detentor do conhecimento, uma vez que as novas tecnologias da

informação democratizaram o acesso não só de informações mais do conhecimento científico

e tecnológico.

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Então é necessário que os educadores adquiram habilidades e desenvolvam competências para

que possam utilizar pedagogicamente essas tecnologias (vídeo, música, internet, softwares

educacionais...) que não foram concebidas para educação mais podem auxiliar no processo

ensino-aprendizagem.

O profissional presente na escola e que pode fazer essa ponte de conhecimento com os

professores é o coordenador pedagógico que tem como papel ”articular, coordenar, acompanhar

supervisionar, orientar, subsidiar o professor no desenvolvimento do trabalho pedagógico[...]

Esses profissionais devem ser capazes de compreender as múltiplas dimensões que estruturam

a prática pedagógica” (AGUIAR, 2013, p.81).

O trabalho do professor-coordenador é fundamentalmente um trabalho

de formação continuada em serviço. Ao subsidiar e organizar a reflexão

dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas

e sobre as dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o

professor coordenador está favorecendo a tomada de consciência dos

professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar

em que atuam. (GARRIDO, 2008, p. 09)

Behrens (2002) chama a atenção para este rompimento do conservadorismo do professor e

coloca que além da linguagem oral e escrita é necessário também considerar a linguagem

digital, e nesse processo de incorporação das tecnologias o professor precisa propor novas

formas de ensinar e aprender, apropriando-se da tecnologia criticamente, buscando recursos e

meios para facilitar a aprendizagem.

Portando, o professor, ao propor uma metodologia inovadora, precisa

levar em consideração que a tecnologia digital possibilita o acesso ao

mundo globalizado e à rede de informação disponível em todo o

universo. A sala de aula passa a ser um locusprivilegiado como ponto

de encontro para acessar o conhecimento, discuti-lo, depurá-lo e

transformá-lo. (BEHRENS, 2002 p.75)

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Ou seja, para que o professor mude a sua ação, é preciso além de conhecer e utilizar a tecnologia

no dia a dia, utilizar a tecnologia com consciência, procurando conhecer as abordagens

pedagógicas, dominar tecnologias que resultem em uma metodologia moderna, que contribua

efetivamente para a formação dos estudantes para que respondam satisfatoriamente às

exigências da modernidade. E é nesse processo de conhecimento que entra o papel do

coordenador pedagógico propondo novas formas de aprender e ensinar mediadas pelo uso das

novas tecnologias houve transformações fundamentais onde as TICs foram aplicadas quer seja

em empresas, bancos, cinemas, residências etc. Entre os educadores é preciso desmistificar a

visão mecanicista e reducionista de que tecnologia é máquina, é ferramenta somente.

Tecnologia é conhecimento aplicado, é saber humano embutido em um processo, seja este

processo automático ou não. “Nova tecnologia é antes, uma mudança no fazer que

frequentemente embute uma correspondente mudança de concepção”. (SARMENTO, 2002, p.

65)

Para que haja uma verdadeira inclusão digital e uma mudança na prática pedagógica a partir da

introdução das tecnologias nas salas de aula o professor tem que está atento e envolvido com a

evolução tecnológica e ao mesmo tempo em constante pesquisa e produção do conhecimento,

resultando em novas maneiras de ensinar e aprender, desta forma estudantes e professores usará

efetivamente as tecnologias.

O professor é o principal agente na orientação dos estudantes para o uso da tecnologia, a sala

de aula deverá estabelecer um ambiente oportunizador que contemplem o uso da tecnologia

com o objetivo de aprender e o docente precisa estar preparado para este novo trabalho. A

educação é um dos principais meios de transformação da sociedade e a tecnologia é um

instrumento eficiente para a veiculação de ideias, é de fundamental importância, a discussão e

a análise dos recursos e o seu uso, a fim de que professores e estudantes possam refletir e buscar

novos caminhos.

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De acordo com Moran (2002, p. 13) educar é colaborar para que professores e estudantes - nas

escolas e organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem.

É ajudar os estudantes na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional

- do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e

comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e

tornarem-se cidadãos realizados e produtivos.

Portanto, é preciso um olhar investigativo e atento para o papel do coordenador pedagógico na

implementação e integração da tecnologia em sala de aula, para que não possam ter um fim em

si mesmo, mas que possa transformar realidades de professores e alunos, promovendo uma

verdadeira inclusão digital, bem como despertando novas ideias e novas formas de ensinar e

aprender.

Ensinar com as novas mídias, será uma revolução se mudarmos

simultaneamente os paradigmas convencionais de ensino, que mantem

distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um

verniz de modernidade, sem mexer no essencial. (MORAN, 2002 p. 63)

Metodologia

No processo de investigação, utilizamos a abordagem qualitativa, a fim de responder as

hipóteses levantadas e atender aos objetivos da pesquisa. Esta é uma abordagem “rica em dados

descritivos, por ter um plano aberto e flexível além de focalizar a realidade de forma complexa

e contextualizada” (LÜDKE E ANDRÉ, 1986. p.18), sendo, portanto, a mais adequada para

fornecer os subsídios necessários ao estudo proposto. Através da realização de estudos

bibliográficos, buscamos conhecer os fundamentos que permeiam e contextualizam a temática

estudada por meio de leituras reflexivas em diversas fontes e suportes teóricos.

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Tivemos como universo da pesquisa 20 professores que atuam no Ensino Médio Semi-integral

e Ensino Médio EJA e 2 coordenadoras de uma escola pública da rede estadual de Pernambuco,

situada na cidade de Olinda.

Aplicamos questionários semiabertos com os professores e com as duas coordenadores da

escola, os questionários foram construídos na plataforma do Google Docs1 através da

ferramenta formulário e compartilhados através de e-mail de todos os sujeitos envolvidos, onde

nas questões abordadas classificamos os sujeitos (formação / idade / tempo de serviço como

professor), seus conhecimentos sobre as tecnologias disponíveis na escola, sua visão sobre a

contribuição da tecnologia na prática pedagógica, seus conhecimentos sobre as políticas

públicas do governo para inserção da tecnologia em sala de aula do ensino médio como o

ALUNO CONECTADO, Wi-fi, LEGO e outros, visão sobre o papel do coordenador para

fomentar o uso das tecnologias na escola, além de estratégias apontadas pelos docentes e

coordenadores para alcançar tal objetivo.

Desse modo, foram realizadas pesquisas de campo com coletas de dados, instrumentos e

procedimentos próprios da abordagem qualitativa que são: observação direta, questionários e

análise dos dados e registros (incluindo a análise do discurso e conteúdo), os quais se fazem

necessários à interpretação do fenômeno em estudo com base na perspectiva de seus próprios

atores. O imprescindível “não é recolher muitos dados, mas recolher dados adequados a fim de

que se tenha em vista, e que sejam de confiança” (PONTE, 2002 p.18).

Segundo Minayo (1994, p.67 e 68), “nada existe eterno, fixo, absoluto. Portanto, não há nem

ideias, nem instituições e nem categorias estáticas. Toda vida humana é social e está sujeita à

mudança, à transformação; é perecível”. Nesse sentido, as atividades realizadas em sala de aula,

nos laboratórios de informática e em outros espaços escolares, nos serviram de subsídios de

estudo, pois de acordo com Mousley (1997, apud PONTE, 2002), a atividade de investigação,

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O Google Docs é um serviço com aplicativos para Android e iOS que permite criar, editar e visualizar documentos de texto e compartilhá-

los com amigos e contatos profissionais.

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quando tem por objeto a prática docente, implica num trabalho planejado e sistemático,

atribuindo um papel significativo e validação teórica.

Resultados

Os questionários foram enviados para 20 professores e 2 coordenadores pedagógicos, tivemos

retorno de 12 professores e das duas coordenadoras. A maior parte dos professores tem de 5 a

30 anos de atuação na pratica docente, todos com formações diversas e em sua maioria com

Especialização em sua área de conhecimento.

Em relação ao tema investigado tanto os professores quanto os coordenadores conhecem maior

parte das tecnologias disponíveis na escola, somente um professor coloca que a inserção da

tecnologia não traz nenhum beneficio em relação ao ensino e aprendizagem, percebemos que

eles acreditam que “as novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos

pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de

aprendizagem ricas, complexas e diversificadas”. (PERRENOUD, 2000, p. 139).

Dos professores entrevistados, 50% afirmam que o coordenador pedagógico ao qual estão

subordinados, não contribui para a inserção das tecnologias no uso pedagógico, e ao mesmo

tempo só 1 das coordenadoras entrevistadas se percebe contribuindo neste processo, a outra

percebe que nesta área ela só contribui “disponibilizando equipamentos” e as duas

coordenadoras colocam como elementos que dificultam este processo a falta de recursos

tecnológicos (projetores, computadores, etc) e a falta de formação delas para a inserção destas

tecnologias, outro dado importante é que uma das coordenadoras é formadora do programa do

MEC Pacto pelo fortalecimento do ensino médio e neste programa houve um módulo sobre

tecnologia ministrado pela mesma.

Todos os professores e coordenadores entrevistados acreditam que é papel do coordenador dar

suporte auxiliando na inserção do uso das tecnologias em sala de aula. Porém, concordam que

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os mesmos precisam de formação para que possam fazer de forma exitosa a inserção das

tecnologias nas práticas pedagógicas docentes. É preciso conhecimento para que possa sugerir,

interagir e intervir em todo o processo.

Todas as formas sugeridas no questionário como alternativas para a contribuição dos

coordenadores para a inserção das tecnologias em sala de aula foram assinaladas por

professores e coordenadores são elas: promover palestras sobre o uso das tecnologias em sala

de aula, exigir o uso das novas tecnologias através do planejamento, usar as novas tecnologias

no desenvolvimento do seu trabalho junto aos professores (Promovendo discursão através de

fóruns, debates, alimentando blogs, criando estratégias para que o professor possa fazer o uso

da tecnologia no seu dia a dia), desburocratizar o uso das tecnologias na escola e a maior parte

dos professores além das outras colocaram dar sugestões de aulas com o uso das novas

tecnologias, ou seja, percebemos a necessidade constante de formação para o uso das

tecnologias, muitas vezes os professores não fazem o uso por falta de conhecimento e sugestões,

quando temos um coordenador, gestor ou até mesmo um outro professor que faça essa ponte,

este trabalho pode fluir e ganhar grandes proporções, a partir de uma ideia ou ação o professor

começa a perceber a importância e quebrar a resistência em trabalhar com as tecnologias

favorecendo o aprendizado. Bettega (2010) coloca a importância da formação continuada para

o uso das tecnologias educacionais e o incentivo de uma equipe externa como parceria para que

os professores possam vencer os entraves na apropriação do uso das tecnologias na escola.

Em relação ao uso das tecnologias em sala de aula somente dois professores disseram que não

faziam uso, mas na pergunta seguinte sobre quais as ferramentas tecnológicas que faziam uso

na prática pedagógica 100% colocaram que faziam o uso do quadro branco, ou seja, até os 2

que tinham dito não fazer o uso de tecnologia, reconhecem o quadro branco como uma

tecnologia, através deste resultado percebemos que os professores podem não ter claro o

conceito sobre tecnologia.

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Em relação ao conhecimento sobre as políticas públicas, que foi uma questão aberta do

questionário, 2 professores disseram não ter conhecimento, porém a maioria colocou o tablet

para professores e alunos, uma vez que eles estão participando do Pacto nacional pelo ensino

médio em que a formadora é uma das coordenadoras da escola e um dos materiais adquirido no

curso foi um tablet para todos os professores participantes. Já as coordenadoras só colocaram

como políticas públicas as formações para o uso da tecnologia em sala de aula. A maior parte

dos professores e as 2 coordenadoras acreditam que essas ações do governo contribuem no

processo de ensino e aprendizagem.

Durante a aplicação dos questionários percebemos a dificuldade que alguns professores tem até

de acessar seus e-mails, com isso foi preciso levar o computador até eles e dizer que tinha

mensagem para que alguns pudessem responder. Muitos nunca tinham respondido um

questionário no modelo do Google Docs, isso gerou curiosidade e até indagações sobre como

esse tipo de ferramenta poderia ser usada no dia a dia dos alunos. A partir desse despertar, nos

colocamos a disposição para dar uma formação sobre o uso do Google Docs, essa já será uma

das ações em parceria com o coordenador pedagógico que poderá mudar a prática pedagógica

de alguns professores.

Considerações Finais

Há a necessidade de definirmos qual o papel que o coordenador irá exercer no contexto escolar

frente à inserção para o uso das tecnologias em sala de aula. Através desta pesquisa percebemos

que os professores esperam um apoio por parte desse profissional, que por outro lado tem toda

uma carga de trabalho e muitas vezes não tem formação para atuar de forma eficaz nesta área.

É preciso informá-lo e formá-lo para que reconheça a importância do uso e conheça estratégias

de como fazer com que professores possam fazer o uso das tecnologias em sala de aula.

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Coordenador que entende, e apoia o uso das tecnologias terá mais chances de que seus

professores incorporem as tecnologias nas suas práticas. Mesmo tendo o apoio da coordenação

ainda não há garantia completa de que os professores utilizem as tecnologias em sala de aula, é

preciso usar as estratégias e mecanismos para que o professor possa perceber algo positivo em

fazer essa inserção, algo que desperte sua curiosidade, seu desejo e desta forma poderemos

obter bons resultados.

Compreendemos a importância de se fazer formação conjunta, isto é, formação de toda a

equipe: gestão, equipe pedagógica e o professor, para que haja equidade nos procedimentos

pedagógicos no que se refere ao uso das tecnologias digitais. Através desta pesquisa estaremos

intervindos nesta realidade para que coordenadores, professores e alunos possam ser

beneficiados, reconhecemos que é preciso mudar,pois assim como, os professores e

coordenadores, acreditamos que as tecnologias disponíveis na escola podem contribuir para

uma mudança na prática pedagógica.

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História ensino fundamental/Ministério da Educação, Secretária de Educação Média e

Tecnológica – Brasília: MEC; SEMTEC, 2002.

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mil-estudantes-de-escolas-publicas-do-estado-22757.php>. Acesso em: 15/03/2015.