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UM MAR DE PROBLEMAS: INTERESSES ESTRATÉGICOS E A LUTA PELO
PODER NO MAR DO SUL DA CHINA
Wagner Martins dos Santos (PUC-Minas)
Resumo: A região do Mar do Sul da China é considerada estratégica para todos os países que
compõem o Sul Asiático, cobrindo uma área de aproximadamente 3,5 milhões de km². Rica
em recursos naturais e minerais, e com saída estratégica para o Oceano Pacífico, tornando-se
uma rota marítima chave para o comércio mundial, a área, a partir da década de 1990, passou
a ser ainda mais cobiçada, especialmente pela própria China. De importância crítica para o
governo chinês em sua segurança doméstica e estabilidade enquanto potência emergente, este
artigo analisa o que está em jogo nas disputas territoriais pelo domínio da região e o motivo
pelo qual é considerada fundamental para o equilíbrio regional. A pesquisa ainda analisa as
razões que têm levado à tensão entre a China e os Estados Unidos na área e as possíveis
consequências do choque de interesses para a relação entre as duas nações: Pode a rivalidade
China-EUA nos conduzir a um conflito militar entre as duas potências? O que os demais
países asiáticos têm feito para contemplar seus interesses na região sem confrontar o ímpeto
expansionista chinês?
Palavras-chave: Mar do Sul da China; China; Estados Unidos; Disputas territoriais;
Segurança Internacional.
A SEA OF TROUBLES: STRATEGIC INTERESTS AND THE STRUGGLE FOR
POWER IN THE SOUTH CHINA SEA
Abstract: The South China Sea region is considered strategic for all countries of South Asia,
covering an area of approximately 3.5 million km². Rich in natural and mineral resources, and
strategic output to the Pacific Ocean, becoming a maritime key route for world trade, the area,
since the 1990s, has become even more coveted, especially for China itself. Of critical
importance to the Chinese government in its domestic security and stability as an emerging
power, this article analyzes what is at stake in territorial disputes for control over the region
and the reasons why it is considered crucial to the regional stability. The research also
analyzes the reasons that have led to tension between China and the United States in the area
and the possible impact of the consequences of interest for the relationship between the two
nations: Can China-US rivalry lead us to a military conflict between the two powers? What
other Asian countries have made to contemplate their interests in the region without
confronting the Chinese expansionism?
Keywords: South China Sea; China; United States; Territorial disputes; International
Security.
1
Mapa 1 - O Mar do Sul da China
Fonte: CÁCERES, 2014, p. xii
2
Introdução
A ascensão da China como um ator-chave no cenário global é, sem dúvida, um fenômeno de
grande impacto nas relações internacionais (SHAMBAUGH 2005; TALMON; JIA, 2014;
WANG 2004). Muito se tem debatido sobre como os líderes chineses usarão seu crescente
poder econômico, político e militar para perseguir seus interesses nacionais, e como o mundo
deve responder a uma China cada vez mais poderosa e decisiva regional e mundialmente. Para
Li (2009), embora importantes, essas questões não podem ser totalmente respondidas sem que
sejam consideradas as percepções de segurança chinesas que têm levado o país a tomar
decisões cada vez mais expansionistas. Como os líderes chineses e as elites políticas do país
compreendem a estrutura do sistema internacional do pós-Guerra Fria? Como eles percebem
os interesses da China e seu papel em um contexto de segurança internacional cada vez mais
dinâmico? E como essas questões se relacionam com política doméstica e a agenda
econômica do país?
Embora todas essas questões sejam desafiadoras do ponto de vista da segurança
internacional, esta pesquisa analisa as disputas territoriais cada vez mais acirradas e perigosas
na região do Mar do Sul da China (MSC), com impactos sobre todos os países que estão
localizados em seu entorno1 e que tem alertado os Estados Unidos sobre a crescente influência
chinesa na área. Desde o estabelecimento da República Popular da China (RPC), os líderes
chineses têm dado extrema importância política às questões de segurança e cálculos
estratégicos (LO, 1989). Mais recentemente, sobretudo a partir da década de 1990, a China
tem buscado manter parcerias estratégicas com grandes atores internacionais. Não há dúvidas
que o gigante asiático possui aspirações globais. Todavia, por questões históricas e
geográficas, o Sul e o Leste Asiático permanecem sendo seus focos principais (BUSZYNSKI;
ROBERTS, 2014; LI, 2009).
Em termos de desenvolvimento econômico e questão de segurança, o Leste Asiático é
considerado pelos líderes chineses como a região mais importante. É uma área sob a qual as
atividades comerciais e econômicas chinesas dependem; onde a China possui interesses de
segurança vitais, ao passo que disputas territoriais mal resolvidas podem facilmente conduzir
a um conflito militar num futuro próximo. Por isso, não é surpresa que seus líderes prestem
cada vez mais atenção aos movimentos das grandes potências na região (THUY; TRANG,
2015). Especial atenção tem sido dada à Rússia e aos Estados Unidos, potências nucleares e
1 Ver Mapa 1.
3
membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU). Mas também
ao Japão, que embora possua limitada capacidade militar, é uma potência econômica com
perfil global em expansão.
Apesar de uma série de acordos terem sido firmados no início de 1960, as disputas
sobre muitas partes das fronteiras chinesas permanecem instáveis. Segundo Lo (1989), desde
1949 a China reivindicou territórios com praticamente todos os seus vizinhos que são
banhados pelo MSC. A disputa territorial chinesa com eles tem sido acompanhada por
grandes operações militares que comprometem a estabilidade regional: a disputa ao longo da
fronteira sino-indiana em 1962; a fronteira sino-soviética em 1969 e a disputa sobre as Ilhas
Paracel em 1974 são alguns exemplos (WEISSMANN, 2010).
Como consequência de um ambiente historicamente tenso, as disputas territoriais no
MSC têm se tornado um campo fértil e uma importante área de investigação para a política
externa chinesa. Não é diferente nesta pesquisa: O que está em jogo nas disputas territoriais
no Mar do Sul da China? Por que ela é tão estratégica para a China e seu ímpeto
expansionista? Qual a importância comercial da região para a economia chinesa? Por que a
China tem realizado operações militares com frequência para fazer valer suas reivindicações
territoriais em alguns locais e outros não? Qual o impacto dessas operações para o equilíbrio
regional? Por que os Estados Unidos possuem interesse na região? Pode a China entrar em
conflito com os Estados Unidos pelo controle local? Tais questionamentos são cruciais para se
entender o atual contexto de disputa territorial no MSC e serão analisados ao longo desta
pesquisa.
Este artigo gira em torno de pelo menos três tópicos centrais: no primeiro, inicio
expondo a posição geográfica do Mar do Sul da China e suas riquezas natural e mineral,
revelando a importância econômica da região, sobretudo para a indústria pesqueira, e,
posteriormente, analiso sua relevância geoestratégica como central para as disputas territoriais
na região. No segundo, elenco os principais países e suas reivindicações de soberania. Nesta
parte, que não será uma análise exaustiva, sintetizo os principais argumentos e o que está em
jogo em cada reivindicação. No terceiro, levanto uma temática cada vez mais debatida: a
possibilidade do conflito entre a China e os Estados Unidos pelo controle da região. Ao final,
exponho a dificuldade de se analisar a questão das disputas territoriais, pois envolvem desde
questões culturais e históricas, até argumentos geopolíticos e estratégicos em defesa da
segurança regional e contra possíveis ataques militares contra o continente Asiático.
4
1 O Mar do Sul da China
1.1 Posição geográfica e riquezas natural e mineral
O Mar do Sul da China compreende uma região semifechada localizada ao Sul da China
Continental e Taiwan, limitada a Leste pelas Filipinas, a Oeste por Taiwan, e ao Sul por
Brunei e Malásia.2 Considerado o maior mar do mundo, e cobrindo uma área de
aproximadamente 3,5 milhões de km², possui um grande número de ilhas, das quais a maioria
é desabitada. Dentre as mais importantes estão as Ilhas Paracel e Spratly. As reivindicações da
China, Vietnã, Filipinas, Malásia, Brunei e Taiwan sobre esses grupos de ilhas e rochas, que
foram ocupados por vários países requerentes de soberania sobre eles, tem sido uma fonte
contínua de tensão e até mesmo conflito, que por sua vez mina a paz e a estabilidade em toda
região Ásia-Pacífico (BATEMAN; EMMERS, 2009; TALMON; JIA, 2014).
O MSC se conecta com outros mares através do Estreito de Taiwan, de Lombok e de
Malacca, onde faz o encontro estratégico entre os Oceanos Pacífico e Índico. Em toda sua
extensão, o MSC tem aproximadamente 2000 quilômetros no sentido Norte-Sul e 1000
quilômetros no Leste-Oeste. Possui um grande número de ilhas, recifes e rochas distribuídas
por toda sua extensão (HONG, 2012).
Por sua grande extensão e localização privilegiada, a área detém riquezas naturais e
minerais que têm despertado a cobiça dos países asiáticos, mas também de outras potências,
em especial pelo fato de um terço dos seus quase 3 milhões de km² estar localizado sobre uma
plataforma continental de menos de 200 metros de profundidade, sobretudo a Oeste e Sul da
Ásia (DJALAL, 1998). Embora não seja difícil precisar a profundidade de plataformas
continentais, a presença de petróleo e gás é. A estimativa do potencial de recursos minerais
varia bastante. Bateman (2009) ressalta que, enquanto os Estados Unidos alegam ser a área
detentora de 7 bilhões de barris de óleo, o governo chinês estima o potencial entre 105-213
bilhões de barris. O mesmo se aplica ao potencial de hidrocarbonetos, gás e petróleo, ao passo
que as estimativas são divergentes e incertas. Enquanto a Agência de Energia Americana3
estima que existam reservas de 11 bilhões de barris de petróleo e aproximadamente 190
trilhões de metros cúbicos de gás, as autoridades chinesas consideram 125 bilhões de barris de
petróleo e 500 trilhões de metros cúbicos de gás, respectivamente. Todavia, independente da
divergência nesses dados, eles revelam a riqueza e importância da área como fonte de
2 Ver Mapa 1.
3 EIA, em inglês.
5
recursos essenciais para o mercado internacional.
Além da notória riqueza mineral e potencial de reservas de óleo e gás, o MSC é uma
das regiões marinhas mais importantes do mundo, com centenas de variedades de peixes, a
ponto de ocupar a quarta posição mundial em áreas mais ricas de espécies de peixes (NÆSS,
2002). Sua capacidade pesqueira é estimada em 7,5 toneladas por km² anuais apenas ao redor
das Ilhas Spratly. Anualmente, os Estados do Mar do Sul da China produzem mais de 8
milhões de toneladas de peixes, respondendo por 1/10 (10%) de toda a captura mundial e 23%
de todo continente asiático, tornando-se vital para as indústrias de pesca dos países da região
(DUPONT, 1998; XINJUN, 2015). Bateman (2009) ainda ressalta que cento e vinte e cinco
grandes rios desaguam em diversos pontos do MSC, e mais de 30 por cento de todos os corais
do mundo estão, ou fazem fronteira, ao longo da região, em especial ao redor dos
arquipélagos da Indonésia e Filipinas.
Por sua riqueza natural e mineral, a região tornou-se uma das rotas marítimas de maior
circulação no mundo, passando por suas águas mais da metade da frota perolífera e comercial
do mundo. Rosenberg (2010) explica que toda essa movimentação corre devido à localização
geográfica, sendo o caminho mais curto a partir do Oriente Médio e da África para o
escoamento de petróleo e recursos naturais rumo à Ásia, além de dar estratégico acesso ao
Sudeste Asiático, onde encontra os maiores exportadores de produtos manufaturados do
mundo.
1.2 Interesse geopolítico
A vasta maioria das Ilhas presentes no MSC, em especial as Ilhas Spratly, são remotas,
improdutivas, áridas, pequenas, desabitadas, rochosas e de baixa elevação, próxima ao nível
do mar. Mesmo as partes maiores e com algum potencial de habitação não têm sido capazes
de manter uma população constante e com condições essenciais de vida, limitando-se a serem
pontos de pesca rotineiros. A ausência de habitação permanente pode ser atribuída às
características físicas das ilhas, tanto pelo tamanho quanto pela inexistência de água doce. Até
mesmo a vegetação não consegue ser significativa, evoluindo para grandes árvores, levando o
local a ser pouco atraente nessas questões (SCHOFIELD, 2009). Além disso, a única fonte
real de riqueza é pesca. A presença de grandes porções de hidrocarbonetos, óleo e gás natural,
embora relevantes, permanecem sendo estimativas. E mesmo se as estimativas forem verdade,
ainda se faz necessário o desenvolvimento de técnicas de perfuração para exploração desses
recursos. Dito isto, o benefício econômico não pode ser a única atração que o Mar do Sul da
6
China pode trazer aos países que o reivindicam. Nesses termos, questiona-se: por que a região
tem sido alvo de cobiça e disputas históricas ferrenhas entre os países banhados pelo Mar? A
resposta está em sua posição geoestratégica (ANH, 2015; KIM, 2015; THUY; TRANG,
2015).
É a importância geoestratégica que tem sido a principal razão para as partes
envolvidas disputarem e reivindicarem as Ilhas Spratly e Paracel. Como oceano que conecta
todos os territórios litorâneos do Sul e Sudeste Asiático, o MSC tem sido usado há séculos
pela sua localização estratégica. Anh (2015) ressalta que o Mar do Sul da China é a porta de
entrada e saída do mundo para os países do Sul Asiático, sendo também o elo para a
navegação e uma importante barreira natural de segurança para vários países litorâneos. Uma
vez que questões acerca da segurança marítima e liberdade de navegação em tempos de
pirataria têm sido cada vez mais frequentes, e não são apenas de interesse de países costeiros,
mas de todos que utilizam o mar com alguma finalidade, o MSC pode ser classificado
geopolítica, econômica e estrategicamente como um dos mares mais importantes do mundo
(BATEMAN, 2009, HAYTON, 2014; JUN, 2015).
O Mar do Sul da China fornece um vasto oceano de acesso para os países da região.
Mesmo sendo o terceiro maior país do mundo em dimensão territorial, a China possui uma
desvantagem estratégica em espaço marítimo. É porta de saída do país para o mundo. Torna-
se compreensível o desejo expansionista chinês pelas ilhas, não apenas para expandir seu
espaço marítimo, mas servir como rota estratégica para suas constantes ações militares. Por
sua vez, a mesma importância tem para os demais Estados ao seu redor, sendo um bem
comum que naturalmente gera tensão e incerteza sobre possíveis movimentos militares que
possam colocar em cheque a estabilidade regional, uma vez que todos desejam desfrutar da
riqueza e prosperidade que a região pode trazer (SWAINE, 1998; CÁCERES, 2014).
Também é uma rota estratégica de abastecimento para a maioria das economias da
região, fornecendo, em suas rotas, segurança vital para muitos países. Sendo um dos maiores
importadores de petróleo e gás do mundo, a China precisa garantir a sua segurança energética
no transporte desses elementos. O Departamento de Energia dos Estados Unidos estimou que,
em 2011, 4,5 trilhões de barris de petróleo e 0,6 trilhões de pés cúbicos de gás natural
liquefeito foram transportados ao longo de todo o Mar do Sul da China por dia. Este número
tende a crescer na medida em que o país tem se consolidado como uma das maiores potências
econômicas do mundo (ANH, 2015; THUY; TRANG, 2015).
Para alguns Estados do Sudeste Asiático, o MSC também possui papel relevante em
questões de segurança. Alguns exemplos históricos podem ser citados: (1) durante a Guerra
7
Fria, quando algumas nações litorâneas enfrentaram ameaças militares; (2) em 1856 quando o
Vietnã enfrentou ameaças e ataques em sua costa pela França; (3) em 1964 quando os Estados
Unidos desferiram ataques aéreos contra o Vietnã; e (4) quando o Japão conquistou a Malaya
(atuais Malásia e Brunei) durante a Segunda Guerra Mundial.
Mais recentemente, o MSC está sendo disputado também pelos Estados Unidos. Por
um lado, essa disputa revela a tensão entre uma China em franca ascensão, prestes a exercer
uma maior influência em toda Ásia, e, por outro, os Estados Unidos dispostos a manter seu
“status quo” e preservar sua forte presença em uma região de crescente e notória importância
estratégica (TALMON; JIA, 2014). A China alega ser o MSC uma zona histórica de sua
influência, e sob a qual ela goza de plena soberania. Tendo o controle sobre toda a região, ela
seria capaz de monitorar os movimentos de navios ou qualquer outra movimentação que
julgue ameaçadora contra sua soberania territorial. Anh (2015) ainda ressalta que o fato de as
Ilhas Spratly estarem no meio do Mar, ofereceriam o local ideal para monitorar toda
movimentação marítima em seu entorno, impedindo com antecedência qualquer ação bélica
ou avessa aos seus propósitos, ou ainda a todo continente asiático. Tendo o domínio
estratégico, a China ainda teria uma grande área para exercer seu poder naval e demonstrar
sua força operando submarinos capazes de proteger contra qualquer ameaça antes mesmo que
ela chegue na costa dos países que compõem todo o Sul e Sudeste Asiático, incluindo
possíveis ataques dos Estados Unidos.
A importância geoestratégica do Mar do Sul da China tem transformado, cada vez
mais, o que seria uma disputa regional, em internacional. Progressivamente tem se tornado
um tabuleiro de xadrez estratégico para as grandes potências, seja em questões econômicas,
uma vez que mais da metade da frota perolífera e comercial do mundo passam por suas águas;
mas também, e essencialmente, por questões geoestratégicas. Como afirma Huang e Jagtiani
(2015): “Quem controla o Mar do Sul da China controla o Pacífico Ocidental”4 (HUANG;
JAGTIANI, p. 7, tradução nossa).
2 Reivindicações dos países banhados pelo Mar do Sul da China
Nos subtópicos a seguir, sintetizo os principais argumentos e reivindicações dos países que
reivindicam porções territoriais no Mar do Sul da China. A análise serve para mostrar como
os interesses de cada país se sobressaem em seus argumentos e locais reivindicados. A síntese
4 Texto original em inglês: Whoever controls the South China Sea controls the western Pacific.
8
obedece à seguinte ordem analítica: Brunei; Camboja; República Popular da China;
Indonésia; Malásia; Filipinas; Taiwan; Tailândia; e Vietnã.5
Brunei
Na parte sul do Mar da China Meridional, Brunei reclama uma Zona Econômica Exclusiva
(ZEE) de 200 milhas náuticas6 e o aumento natural de sua plataforma continental. Além disso,
reivindica soberania sobre o Recife de Louisa no arquipélago das Ilhas Spratly. Desde 1982,
com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), Brunei sustenta sua
suposta ZEE e a plataforma continental no Mar do Sul da China. No caso do Recife de
Louisa, Brunei se baseia no fato de que o Recife está localizado dentro da plataforma
continental reivindicada, o que naturalmente outorga seu direito sobre ele.
Camboja
O Camboja reivindica soberania sobre as ilhas, ilhotas e recifes presentes no Golfo da
Tailândia, e o controle de todos esses recursos. O país também reivindica 200 milhas náuticas
e o prolongamento de seu território continental no Golfo da Tailândia, ao longo de sua costa
até o Sudoeste e Sul tailandês. Desde a década de 1960 o país reivindica essa porção
territorial, provocando crises diplomáticas com o seu vizinho regional.
República Popular da China
A China, juntamente com Taiwan, possui as mais amplas reivindicações sobre o Mar do Sul
da China. O país reclama soberania sobre todas as Ilhas Paracel, Spratly e Prata. Além disso, a
China reivindica as principais zonas marítimas do MSC, chamadas “águas históricas” em uma
área em forma de U para o Sul e Leste da costa vietnamita, alcançando o Nordeste das Ilhas
Natuna controladas pela Indonésia, o Norte da Malásia, O Nordeste da costa de Brunei e o
estado malaio de Sabah, e mais ao Norte tomando toda parte Oeste das Filipinas. A China
também reclama uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento de sua plataforma
continental ao longo do Golfo de Tonkin.
É importante destacar que, desde 1956 a China iniciou o controle do arquipélago de
Paracel, tendo total domínio em 1974. Já no arquipélago de Spratly iniciou sua ocupação em
5 A análise aqui sintetizada foi extraída de vários autores. Para uma leitura aprofundada, cito: Kaplan (2014),
Jacques (2009), Kivimäki (2002), Cáceres (2014), Elleman, Kotkin e Schofeld (2013), Fels e Vu (2016), Li
(2009), Lo (1989), Shicun (2013), Wu; Zou (2009), Jayakimar; Koh; Beckman (2014), Buszynski; Roberts
(2014), Hayton (2014), Yee (2015). 6 Milha náutica é uma unidade de medida utilizada em navegação marítima e aérea, e na medição de distâncias
marítimas. Cada milha náutica equivale a 1,852 km. No caso de Brunei, o país reclama 200 milhas náuticas,
que equivale, por sua vez, a 370,4 km.
9
1988. Desde então, continua a expandir o controle sobre as ilhas e recifes do arquipélago. A
estimativa é que ela controle ao menos dez ilhas, ilhotas e recifes nas Spratly. Já as Ilhas Prata
são controladas por Taiwan. As reclamações chinesas são baseadas em registros e mapas
históricos que são usados para sustentar dois tipos de reivindicações: (1) que a China
descobriu os grupos de ilhas no MSC, e (2) que eles realizaram não apenas o descobrimento,
mas a ocupação e desenvolvimento do local.
Indonésia
A Indonésia controla as Ilhas Anambas, Badas, Natuna e Tambelan. O país, no entanto,
reivindica uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento de sua plataforma continental
até o Sul da China, passando pelo norte das Ilhas Anambas e leste das Ilhas Natuna. Por
possuir um território bastante recortado e arquipélago, suas reivindicações seguem a norma de
medição contínua de suas ilhas. As ZEE e a extensão de sua plataforma continental são
medidas pela continuidade de suas ilhas até que circunde todo o território aclamado pelo país.
A reivindicação indonésia parte do pressuposto de que as ilhas são parte do arquipélago
indonésio, uma extensão dele, e, portanto, pertencentes ao país.
Malásia
A Malásia reivindica soberania territorial sobre a parte sul do arquipélago Spratly, além de
uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento de sua plataforma continental no MSC
ao longo da sua costa Leste e da costa de seus estados Sabah e Sarawak. Além disso, reclama
o prolongamento de sua plataforma até o Golfo da Tailândia além de sua costa Nordeste
peninsular. Essas reinvindicações existem desde a década de 1960. Atualmente controla pelo
menos três ilhas e recifes no arquipélago de Spratly. Desde 1983, quando tomou o controle do
Recife de Swallow, a Malásia vem expandindo seu controle sobre a região.
Filipinas
As Filipinas reivindicam soberania sobre quase todas as ilhas do arquipélago de Spratly, com
exceção da própria Ilha de Spratly em si e os Recifes Royal Charlotte, Swallow e Louisa.
Também reclama uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento de sua plataforma
continental no Mar do Sul da China, especificamente a parte Oeste do país.
Atualmente as Filipinas controlam oito ilhas, ilhotas e recifes ao longo do arquipélago
de Spratly. O controle de cinco ilhas, ilhotas e recifes teve início na década de 1970, e desde
então o país tem expandido seu controle sobre demais regiões. Por ser um Estado arquipélago,
10
com território recortado, sua reivindicação segue os mesmos interesses e argumentos
indonésios.
Taiwan
Taiwan, pela sua proximidade com a China, possui as mesmas reivindicações de sua vizinha.
Entre as ilhas do MSC, Taiwan reivindica soberania sobre as ilhas Paracel e Spratly, além das
Ilhas Prata. Taiwan também reclama as principais partes das zonas marítimas da China, em
especial as chamadas “águas históricas” que se estendem tanto ao Sul quanto a Leste e
Nordeste da Indonésia, passando pelo Norte da Malásia no estado de Sarawak, pelo Nordeste
ao longo da costa de Brunei e o Estado malaio de Sabah, chegando ao Norte e Oeste das
Filipinas. Além disso, o país reivindica uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento
natural da sua plataforma continental no Golfo do Tonkin.
Atualmente Taiwan controla Itu Aban no arquipélago de Spratly e as Ilhas Prata. O
país não controla, além desses, nenhuma outra ilha ou recife, que são dominados basicamente
pelo seu vizinho chinês. Assim como a China, suas reivindicações são baseadas em mapas
que são usados para defender suas posições de presença histórica e consequente direito natural
sobre as ilhas e recifes ao seu redor.
Tailândia
A Tailândia reivindica a soberania sobre todas as ilhas, ilhotas e recifes no Golfo da
Tailândia, e controla a maior parte desses recursos atualmente. O país também reclama uma
ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento natural de sua plataforma continental do
Golfo da Tailândia que se estende ao Norte e Oeste do Golfo. Sua alegação histórica, datada
desde 1959, tem ganho força desde o início da década de 1970.
Vietnã
O Vietnã reivindica a soberania sobre a totalidade dos arquipélagos de Paracel e Spratly, além
de uma ZEE de 200 milhas náuticas e o prolongamento natural da sua plataforma continental
no Mar do Sul da China para o Leste e Sudeste da costa vietnamita e o Golfo de Tonkin. O
país também tem reivindicações de soberania para as ilhas, ilhotas e recifes até 200 milhas
náuticas de seu território. Atualmente o país controla mais de 20 ilhas, ilhotas e recifes ao
longo de todo arquipélago Spratly.
Seu controle sobre os recursos do arquipélago tem sido gradualmente expandido desde
a década de 1970. Todavia, nenhuma ilha ou recife das Ilhas Paracel são controladas pelo
11
país, que estão em posse da China. O Vietnã ainda controla as ilhas, ilhotas e recifes no Golfo
da Tailândia. Assim como a China e Taiwan, o Vietnã alega registros históricos que
remontam o período pré-colonial e colonial francês.
O breve panorama das reivindicações nos conduzem a um ambiente difícil e de contestações
que vão desde alegações históricas quanto interesse estratégico. O fato é que as disputas têm
gerado incerteza sobre a estabilidade regional. Uma China cada vez mais desejosa de poder
econômico e militar, ao passo que as demais nações temem ver sua pouca influência ser ainda
mais minada pelo gigante chinês. O mapa 2 resume os pontos discutidos e destaca as áreas
reivindicadas por pelo menos seis países. As linhas e suas respectivas cores indicam as áreas
reivindicadas por cada país. Destaque especial deve ser feito para a China, que reclama uma
média de 90 por cento de todo MSC, bem como o Vietnã.
Mapa 2 - Reivindicações marítimas no Mar do Sul da China
Fonte: VOICE OF AMERICA, 2012
3 A relação China-EUA e a contestação pela supremacia no MSC
As tensões no Mar do Sul da China têm crescido devido a uma junção de recursos e
competição geopolítica em nível internacional, misturadas com um sentimento nacionalista
12
que une elementos históricos e contestação de soberania (HUI-YI, 2016). Tais atritos, que
ganham cada vez mais força, são complexos e perigosos, e não dão sinais de que serão
resolvidos em breve. Pelo contrário, estão tomando uma direção cada vez mais desfavorável
para a paz regional e mundial. No entanto, Cronin (2015) ressalta que tanto China quanto
Estados Unidos poderiam ajudar a dirimir qualquer possibilidade de conflito. A cooperação
entre as duas potências seria capaz de manter a estabilidade e reforçar o potencial da região
para o comércio internacional e combate à pirataria. Não é isso, todavia, o que tem ocorrido.
Mais do que o conflito regional, com diversos países reclamando vultosas porções de terra ao
longo de todo MSC, é do outro lado do Pacífico onde a crise pelo controle estratégico da
região tem se mostrado mais acirrado. Embora alguns analistas apontem para o aumento e
possibilidade do conflito direto na medida em que a disputa por supremacia na região cresce,
outros entendem que seria inviável um conflito, pois os custos pela guerra seriam altos e as
incertezas provocadas seriam capazes de mergulhar a economia mundial em uma crise sem
precedentes (JAYAKIMAR; KOH; BECKMAN, 2014; KIM, 2016).
3.1 “A Guerra Improvável”
Na medida em que a China desponta como a segunda maior economia do mundo e investe
pesado em seu poder bélico, torna-se um foco natural de atenção por parte do Estados Unidos.
Tal atenção se torna ainda mais relevante com as disputas territoriais no MSC pela
importância estratégica da região, já discutida no início deste artigo. Os Estados Unidos e a
China enfrentam hoje um dilema pelo poder de influência no mundo, de modo que a relação
entre ambos é claramente tensa. Enquanto a China vê os Estados Unidos como a maior
ameaça externa à sua influência regional, os norte-americanos enxergam a China como a
maior ameaça ao seu status quo, podendo tomar seu lugar em diversas áreas até então
hegemônicas e controladas pelos EUA. Pode a crescente tensão entre os dois nos conduzir a
um próximo conflito? Para alguns estudiosos a resposta é não.
Christopher Coker, em seu recente e provocador livro The Improbable War, publicado
em 2015, levanta esse assunto de grande interesse e importância geopolítica. Seu argumento é
simples: um conflito entre os dois países não é inevitável, mas também não é tão fácil de
ocorrer como alguns especialistas sugerem. De todo modo, como qualquer conflito teria um
grave impacto sobre outras nações e todo sistema internacional, vale a pena considerar a
possibilidade do conflito, seja ele inevitável ou improvável. O autor expõe o fato de que a
rivalidade entre EUA-China teria sido iniciada pelo declínio hegemônico dos EUA e o
13
crescente poder da China. Embora ainda não esteja claro se Washington irá ceder a sua
posição dominante de forma voluntária para a China, uma vez que ambos possuem valores
bastante díspares em questões como democracia e livre mercado. Essa falta de conexão seria
suficiente para gerar um ambiente de desconfiança entre as duas potências e impedir qualquer
incentivo real por parte dos Estados Unidos para uma suave transição de poder.
Ao longo de toda sua pesquisa, Coker (2015) prossegue identificando potenciais fontes
de conflito que poderiam provocar uma guerra entre as duas grandes potências. O autor
argumenta que o principal fator motriz por trás de qualquer potencial foco nas hostilidades
será a percepção de que os governos de Pequim e Washington têm das intenções um do outro.
O forte e crescente nacionalismo chinês, reforçado pela narrativa de humilhação que o país
sofreu em tratados desiguais impostos após a derrota da China na Guerra do Ópio também é
fundamental, uma vez que poderia empurrar a China em um conflito com os aliados dos EUA,
ou mesmo contra a própria potência norte-americana.
Outro possível motor para a guerra seria a estratégia inconsistente dos EUA. Enquanto
durante os governos de George W. Bush entre 2001 e 2009 a China foi considerada um perigo
para a segurança dos Estados Unidos, a crise de 2008 mudou essa percepção, e a China
tornou-se uma parte importante para a saída da crise e “aliada” dos EUA. Já a posição do
governo Obama tem sido defensiva contra as investidas do gigante asiático, sem esclarecer
como será a relação entre eles (FELS; VU, 2016; FRIEDBERG, 2011). Esta incerteza sobre
como lidar com o crescimento da China, nas palavras do autor, tem deixado os Estados
Unidos “nervoso sobre o que isto prenuncia tanto para a segurança regional quanto para a sua
própria primazia no Pacífico Ocidental”7 (COKER, 2015, p. 107, tradução nossa).
No caso específico do Mar do Sul da China, a tensão entre as duas potências não se
resume a questões econômicas ou estratégicas. Enquanto a China tem claramente reivindicado
quase a totalidade da região e aumentado sua presença militar, os interesses dos EUA são
mais complexos. Em suma, pelo menos quatro são os desafios e interesses norte-americanos
na região.
O primeiro desafio está diretamente relacionado aos interesses dos EUA, que é a
estabilidade da região. A estabilidade defendida foca, principalmente, em defender a liberdade
de navegação, ao mesmo tempo que se mantém “neutro” nas disputas de soberania entre os
países asiáticos. O comportamento agressivo da China desde 2012, no entanto, tem indicado
que esse objetivo ainda está longe de ser alcançado a curto prazo. Um pleno domínio
7 Texto original em inglês: nervous about what this portends for both regional security and its own primacy in
the Western Pacific.
14
marítimo da China no MSC, local onde pelo menos metade da frota comercial do mundo
circula, representaria um duro golpe contra os interesses norte-americanos e de seus aliados
na região, como a Coréia do Sul e o Japão, além de forçar uma diminuição da sua presença
militar. O segundo desafio diz respeito ao desejo dos EUA em manter sua hegemonia na
região Ásia-Pacífico. No entanto, com problemas econômicos domésticos como o alto nível
de dívida pública e privada, além de alguns cortes no orçamento de defesa (que mesmo assim
continua sendo, de longe, o maior do mundo), e com as caras operações militares no Iraque e
Afeganistão, Washington reconhece que uma presença militar forte requer um alto gasto com
defesa, capaz de impor seus interesses e dirimir os avanços chineses na região. Em terceiro
lugar, os EUA precisam encontrar o equilíbrio entre apoiar seus aliados que estão, direta ou
indiretamente, sendo afetados pela ascensão chinesa, sem, contudo, danificar ou atrapalhar
seu relacionamento com a própria China. Por fim, a América precisa manter o ordenamento
internacional respeitando a liberdade de navegação. A China tem buscado restringir a
circulação de navios, o que coloca em cheque a liberdade, e, consequentemente, seus
interesses no MSC (FELS; VU, 2016).
Embora o cenário entre os dois países continue incerto, o fato é que a China tem
desafiado a influência dos EUA. Na África, as empresas chinesas têm investido pesadamente
em países com grandes reservas minerais e recursos naturais, como Nigéria e Sudão.
Enquanto os EUA consideram o respeito pela democracia e os direitos humanos como um
pré-requisito básico para a cooperação econômica com os regimes autoritários, a China
investe sem levar em conta essas questões. No entanto, a expansão chinesa tem sido não só no
continente Africano. Até mesmo na União Europeia, aliado histórico dos EUA, a China
ofereceu empréstimos a países com problemas financeiros em melhores condições do que o
Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, ao passo que o Reino Unido, fiel
aliado de Washington, tem usado e encorajado outras nações a também tomar empréstimos de
bancos chineses (COKER, 2015).
Conclusão
“[W]ar is a dangerous place”
(BUSH, 2003)
O Mar do Sul da China é um dos maiores oceanos semifechados do mundo. Sua localização
geoestratégica e recursos são fatores que, em conjunto, tornam a região de interesse
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estratégico vital para os Estados litorâneos do Sul e Sudeste Asiático, mas também para os
interesses dos Estados Unidos. A breve discussão apresentada neste artigo revelou a
complexidade das questões que envolvem as disputas territoriais no MSC e seus possíveis
impactos e conflito na medida em que os problemas não sejam solucionados com rapidez. O
desenvolvimento do Direito Internacional Marítimo como importante mediador das
reivindicações de disputas territoriais tem gerado cada vez mais pedidos por parte dos países
solicitantes, indefinindo ainda mais a disputa. Fatores domésticos da China, questões
históricas levantadas pelos países asiáticos, riqueza de recursos naturais e possíveis recursos
minerais, além da crescente disputa por influência entre os Estados Unidos e a China, sem
esquecer dos interesses japoneses e sul-coreanos revela a complexidade da disputa, tornando o
Mar do Sul da China uma das disputas territoriais marítimas mais complicadas e difíceis em
suas negociações e alcance de soluções.
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