ANO XXX - Nº 238 – MARÇO DE 2018

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UM JORNAL EM DEFESA DA CIDADANIA, DO SERVIÇO PÚBLICO E DOS SERVIDORES

SINDICATO ESTADUAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE, FUNDEPAR E AFINSFi

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Nota: os links estão ativos na versão online disponível no site: sindiseab.org.br

Mobilização da classe trabalhadora enterraa tentativa de destruição da Previdência

Derrota histórica - o governo ilegítimo gastou cerca de R$ 105 mi-lhões com propaganda para tentar convencer a população a apoiar a re-forma da Previdência.

Temer não conseguiu, em ano eleitoral, o número de votos sufi-cientes para alterar a Constituição. O objetivo era destruir a Previdência Pública, comprovadamente superavi-tária, para abrir mercado para a pre-vidência privada.

As greves, mobilizações, maté-rias especiais, ciclos de debates e a CPI da Previdência foram funda-mentais para desmentir os argumen-tos golpistas! Isso mostra que nós, trabalhadores, vencemos o debate. Mostramos nossa força e poder de articulação política! Vencemos esta batalha, mas a luta continua acirra-da contra a política de terra arrasada imposta pela agenda golpista.

Para favorecer aliados políticos, o governo quebra as regras dos conse-lhos deliberativos que deveriam zelar pelo Meio Ambiente.

Com dinheiro público, Richa quer viabilizar a infraestrutura para a cons-trução de um porto privado em Pontal do Sul, em frente ao segundo principal

polo turístico do Paraná: a Ilha do Mel. Mas o potencial destrutivo vai muito além, pois a intenção é derrubar a flo-resta preservada para dar lugar a todo um complexo industrial e abrir as por-teiras para a exploração imobiliária. A Folha do SINDISEAB foi atrás desta his-tória. Leia na página 04.

Ambientalistas alertam para o riscode destruição da Mata Atlântica no litoral

BETO, O DEVASTADOR!

VITÓRIA!

Para tirar o foco da derrota, o governo federal anunciou a intervenção militar nas favelas do Rio de Janeiro. A ofensiva ocorreu depois da escola de samba Paraíso do Tuiuti levar o "vampiro neoliberalista", com faixa presidencial, para a Marquês de Sapucaí. As imagens ganharam o mundo. No dia do des-file, moradores da Rocinha instalaram ain-da uma faixa na entrada da favela dizendo: "STF, se prender Lula, o morro vai descer".

E por falar em Lula, qual foi a repercus-são mundial de sua condenação? Leia na página 02.

EXPEDIENTE JORNAL DO SINDISEAB | Órgão de divulgação do

Sindicato Estadual dos Servidores Públicos da Agri-cultura, Meio Ambiente, Fundepar e Afins. Endere-ço: Rua Dr. Manuel Pedro, 729 - Cabral - Curitiba/PR - CEP 80035-030 | Fone/Fax: (41) 3253.6328 | E-mail: sindiseab@sindiseab.org.br | Site: www.sindiseab.org.br

DIRETORIA EXECUTIVA ESTADUAL: Presidente: Donizetti Aparecido Rosa da Silva (SEAB Maringá); Vice- Presidente: Elci Terezinha Veiga Costa (IAP Ponta Grossa); Secretário Ge-ral: Temístocles dos Santos Vital (SEMA Curitiba); 1º Secretário: Geraldo Carvalho de Oliveira (SEAB Irati); 2º Secretária: Josiane Bitencourt da Conceição (IAP Litoral); Tesou-reiro Geral: Laerci da Silva Lima (AGUASPR - Cruzeiro do Oeste); Conselho Fiscal: Ronie Von Ramos de Assis (ADAPAR Maringá), Valdinei Rodrigues da Silva (IAP Ivaiporã) e Maria Auxiliadora Fernandes (BPP Curitiba).

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Cláudia Maria de Mo-rais (MTb 3186) e-mail: jornalismo@sindiseab.org.br • DIAGRAMAÇÃO: Carlos Deitos - carlos@cdag.com.br | Tiragem: 1.000 exemplares IMPRESSÃO: Mega Gráfica Editora (3598.1113) | Distribuição Gratuita e Dirigida. Os artigos não assinados são de responsabilidade da Diretoria.

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Mídia internacional colocajulgamento de LULA sob suspeita

SINDISEAB prepara Encontro Estadual para o mês de abril

VISÃO EXTERNA

O 1º Encontro Estadual de 2018 está marcado para o dia 06 de abril, no Hotel Condor, em Curitiba. Estão previs-tos momentos para debater e aprovar:* prestação de contas;* análise de conjuntura política nacional e estadual;* aprovação de pauta de reivindicações;* plano de lutas das categorias da base sindical;* e formação.

Preparativos - todos deverão se reunir em caráter de plenária e debater a pauta do Encontro Estadual. As reu-niões são regionais ou por local de trabalho. Os dirigentes regionais e representantes locais são responsáveis pela or-ganização das plenárias e vão enviar os relatórios, com lista de presença, à Direção Estadual do SINDISEAB. Na próxima edição, a Folha do SINDISEAB trará mais informações.

New York Times - “a evidência contra Lula está muito abaixo dos padrões que seriam levados a sério, por exemplo, no sistema judicial dos Estados Unidos”, afir-mou Mark Weisbrot, diretor do “Center for Economic and Policy Research”, no artigo “Democracia brasileira empurrada para o abismo”, publicado em 24 de janeiro. Sobre o julgamento em Porto Alegre, o autor dis-se: “não há muita pretensão de que o tribu-nal seja imparcial. O presidente do tribunal (TRF4) já elogiou a decisão do juiz (Sérgio Moro) de condenar Lula por corrupção como ‘tecnicamente irrepreensível’ “.

Dois dias depois, o NYT publicou outro artigo: “Condenação é estratégia para se-pultar Lula”, assinado por Hernán Gómez Bruera. Pesquisador mexicano especiali-zado em América Latina, Bruera conclui que a “direita brasileira compreendeu que Lula é eleitoralmente imbatível. Talvez seja por isso que uma via judicial foi desenhada para removê-lo do poder”.

Le Monde - o principal jornal francês, que se refere a Lula como “pai dos pobres”, disse que o “Brasil é uma democracia em decadência”. O jornal aponta que “no mo-mento em que os juízes pronunciaram a sentença contra o ex-metalúrgico, o atual presidente, Michel Temer, estava partici-pando da cúpula de Davos, tentando fazê-lo esquecer as pesadas acusações contra ele: corrupção passiva, participação em uma organização criminosa e obstrução da jus-tiça”, compara.

ONU - o advogado da Comissão de Di-reitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Geoffrey Robertson, acom-panhou o julgamento e apontou violações aos direitos humanos de Lula. “Foi uma triste experiência ver que normas inter-nacionais de um julgamento justo não pa-recem ser seguidas no sistema brasileiro” afirmou. Robertson tem dupla cidadania, britânica e australiana, defende Lula nas

Nações Unidas desde 2016 e chegou a ser conselheiro da Rainha Elisabeth.

Além de questionar a imparcialidade de Moro, o advogado critica os desembargado-res e o presidente do TRF4, Thompson Flo-res: “esse homem, alguns dias após a sen-tença (em primeira instância), disse que o documento era impecável antes mesmo de lê-lo”. Robertson é categórico: “como vocês, cidadãos brasileiros, esperam que ocorra um julgamento justo? Isso nunca acontece-ria em qualquer país civilizado do mundo!”

“Cheguei ao tribunal esperando assistir a um julgamento justo, mas vi o promo-tor sentado com os juízes, tomando café, passando o tempo e almoçando juntos. Inacreditável. Visualmente, é uma corte tendenciosa. Tenho de dizer: o Brasil tem um sistema primitivo no qual não há juízes independentes”, completou.

Reação - o Partido dos Trabalhadores, junto com inúmeros movimentos sociais, começou uma campanha “Eleição sem Lula é fraude!”. O PT afirma que não existe “pla-no B” e que Lula permanece candidato à Presidência, pois continua com a alto per-centual de intenções de votos: entre 34% e 37%. Indicado ao Prêmio Nobel da Paz, Lula anunciou uma nova caravana pelos três estados da Região Sul, que partiu de Bagé (RS) no dia 19 de março e deve chegar a Curitiba no dia 28 do mesmo mês.

Que pressa é essa? O sistema informa-tizado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região revelou que o processo de Lula pas-sou na frente de 257outros processos que estavam na fila, incluindo 07 casos da pró­pria Lava Jato. O ex-presidente poderá ser preso logo depois do julgamento dos em-bargos de declaração impetrados no mes-mo tribunal (TRF-4), pelos mesmos juízes. Em tempo recorde, a 8ª Turma do TRF4 vai julgar os recursos de Lula antes do fim do mês de março. Nunca se viu uma Justiça tão célere na história deste país!

A confirmação da condenação do ex-presidente Lula,em segunda instância, no caso do triplex do Guarujá,acirrou a discussão sobre a imparcialidade do julgamento. Veja como os jornais mais influentes do mundo noticiaram o fato.

As orientações para os associados já foram enviadas para os Núcleos Sindicais e as plenárias preparatórias já estão acontecendo no interior.

Coisas estranhas no IAP?

VEM AÍ:

DENÚNCIA

O jornalista Celso Nasci-mento publicou uma série de artigos denunciando ir-regularidades nos escritó-rios regionais do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de Cornélio Procópio e de Jacarezinho.

No artigo “Como com-bater coisas estranhas no IAP?” (clique aqui), o jornalista diz que “os che-fes Maria das Graças Dias Midauar e José Roberto Francisco Beherend, co-missionados e nomeados por indicação política, expediram centenas de licenças ambientais, por conta própria.

Em alguns casos, pro-cessos de alta complexi-

dade tinham todas as suas etapas cumpridas de 19 a 23 minutos. As licenças ex-pedidas, em conjunto, be-neficiam empreendimentos que chegam ao valor de quase R$ 700 milhões.

É preciso investigar. Quem são os beneficiários? Que ligações e/ou favore-cimento concederam para obter as licenças? Há res-ponsabilidade civil e crimi-nal dos chefes do IAP? Estes procedimentos estranhos eram de conhecimento da direção estadual do Insti-tuto? É caso de polícia?”, questiona.

O SINDISEAB espera que os fatos sejam rigoro-samente apurados.

Tribunal de Contas e Ministério Públicofecham o cerco contra comissionadose Beto Richa.

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A Assembleia Legislativa do Para-ná (ALEP) iniciou o período legislati-vo no dia 05 de fevereiro de 2018. Os servidores públicos ocuparam as duas galerias da Casa do Povo para reivindi-car a reposição salarial, uma vez que o governo anunciou um superávit de quase R$ 2 bilhões.

O descaso com os servidores ficou evidente já na entrada. Durante mais de uma hora, apenas uma recepcionis-ta verificava os documentos para que as pessoas tivessem permissão para entrar na ALEP, o que gerou uma longa fila sob sol quente.

O governador Beto Richa não com-pareceu. A vice governadora Cida Albor-gueti também não. A tarefa de enfrentar os servidores mobilizados foi delegada

Paciência? Para justificar a não reposição da inflação, em 1º de fe-vereiro, o Secretário da Fazenda pediu “paciência” e que os servi-dores compreendam o “momento de crise”. A desculpa anterior para nos dar o calote era a previsão pes-simista da arrecadação do Estado, que o FES - com razão - contestou. Agora, o governo anuncia quase R$ 2 bilhões de superávit primário e nos pede compreensão?

Compreendemos muito bem! Sabemos que esta sobra de cai-xa vem da dilapidação do nosso Fundo Previdenciário e que o go-verno Richa não pretende preen-cher as vagas que estão se abrin-do com as aposentadorias. Os servidores estão a cada dia mais sobrecarregados, com menor po-der aquisitivo e se atolando em dívidas! Sabemos também que estes recursos serão “investidos” em obras eleitoreiras!

Não adianta dizer que está “in-vestindo nos paranaenses”, pois quem atende os cidadãos nos hos-pitais, escolas e repartições públi-cas somos nós, servidores!

Mobilização, já! Se você, ser-vidor, já compreendeu que a única forma de reverter este quadro de destruição dos serviços públicos e de retiradas de direitos é a união, venha participar da nossas mobilizações.

Recapitulando - durante todo o ano passado, os servidores questionaram os números apresentados pela SEFA - Se-cretaria da Fazenda do Estado do Paraná. No final do ano anterior (2016), a SEFA alardeou que o Estado perderia cerca de R$ 2,4 bilhões em ICMS no ano seguinte (2017). Mauro Ricardo foi além, disse que o gasto com os salários dos servido-res iria chegar a 59,60% - a Lei de Res-ponsabilidade Fiscal (LRF) estabelece o limite prudencial de gasto com pessoal em 56,5% da Receita Corrente Líquida e o limite máximo em 59%.

Com base nesta expectativa errô-nea, o governo suspendeu o reajuste dos servidores que estava previsto na Lei 18.493/2015 (clique aqui) para janeiro de 2017 (6,29% + 1% ) e para maio no mesmo ano (1,10%). Hoje, a dívida com os servidores já está em 10,5%, cerca de R$ 1,7 bilhões!

A SEFA errou sobre as contas de 2017 - “toda vez que eram publicados novos números oficiais, nós íamos à ALEP e ao governo mostrar como esta-va defasada e subestimada a previsão da SEFA”, relatou. Na audiência pública em setembro de 2017, com dados de agosto, o governo reafirmou os 59,60% de gasto folha de pagamento. Isso quando todos os números já davam certeza do crescimento da receita entre 6 e 8 %, como o FES vinha afirmando. O

ao chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, que alegou estar priorizando investi-mentos nas áreas de Ação Social, Edu-cação, Habitação, Saneamento e Saúde.

De olho nas eleições - a distância entre o discurso e a prática é estratos-férica. Enquanto Rossoni noticia o in-vestimento de mais de R$ 600 milhões na Educação, os salários dos professo-res contratados por Processo Seletivo Simplificado (PSS) foram reduzidos em 13,35%. O número de professores temporários também caiu de 21 mil, em 2017, para 12 mil, em 2018. O que se vê no Paraná são escolas estaduais sendo fechadas, turmas superlotadas, cursos de línguas fechando turmas e professores sobrecarregados.

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Rossoni é vaiado e ALEP encerra sessãoDATA-BASE

AFRONTA!REAJUSTE

Depois de longa espera,os servidores ocuparamas galerias para reivindicar reposição salarial no primeiro dia de trabalho de 2018.

Apesar do superávit, o governo não pretende recompor nossos salários.Richa desrespeita as leis e a população usuária dos serviços públicos.

Governo quer dar calote em 2019 também

Só a mobilização dos servidorespode garantir a reposição da inflação

Vazou: o cronograma de Beto Ri-cha para a entrega de equipamentos para as escolas estaduais termina em outubro. Por que outubro?

ano fechou com crescimento de receita do ICMS em 6,8% e o gasto com pessoal representando 45,13% da Receita Cor-rente Líquida, que cresceu cerca de 3%.

“Fomos à ALEP dizer, diversas ve-zes, que a expectativa da SEFA não ti-nha sustentação. Tivemos inúmeras reuniões com representantes do gover-no e deputados estaduais. Mas, como a bancada de apoio ao governo é majo-ritária, o orçamento de 2017 foi apro-vado sem o reajuste dos servidores”, lamenta o economista.

A SEFA está errando outra vez ­ Cid Cordeiro, que acompanha as fi-nanças do Estado do Paraná há mais de 30 anos, diz: “nunca vi o governo errar tanto nas previsões de receita como nestes últimos dois anos”.

Todos os indicadores apontam para o crescimento, mas direcionado à concentração de renda e promovendo maior desigualdade social. A SEFA está, de novo, subestimando, dizendo que a receita de 2018 vai cair em relação ao ano passado. “Não há nenhum indica-dor disto, a economia está crescendo em 2018 três vezes mais que em 2017”. Mas, “se depender do secretário da fa-zenda, os servidores vão ficar sem rea-juste em 2018 também”.

O governo não cumpriu o acordo - os reajustes dos servidores previstos na

Lei 18.493/2015 eram a condição para a migração de massas do Fundo Finan-ceiro para o Fundo Previdenciário e não está pagando a contrapartida patronal referente às contribuições dos aposen-tados, agravando o déficit atuarial que já está, de novo, em torno de R$ 7 bilhões. A Lei 18.469/2015, aprovada no dia do Massacre de 29 de Abril, livrou o Estado de R$ 2 bilhões/ano. Ou seja: 77% do ajuste fiscal está sendo feito em cima do reajuste dos servidores.

Quem perde? Cordeiro destaca que o governador não cumpriu a pala-vra com servidores firmada em 2015 e que o ajuste fiscal resolveu os proble-mas da receita do Estado, mas a que custo? O Estado não tem feito contra-tações, afetando arrecadação da Para-naPrevidência e continua limitando os gastos de custeio das diversas secre-tarias. O não reajuste afeta não só os servidores, pois, cerca de R$ 1,7 bilhão deixou de circular na economia para-naense. Com a redução dos serviços públicos, o custo é para a sociedade! E pior, o governo está antecipando ICMS, deixando dívidas futuras para o Estado. O economista finalizou dizendo que não adianta o governo comprar carros se não tiver quem os dirija!

Por isso, temos que ir todos à luta! Quando o sindicato chamar para a mo-bilização, participe!

O assessor econômico do SINDISEAB e do Fórum dos Servidores fez, no início de fevereiro, um diagnóstico considerando o balanço das contas do governo de 2017.

Segundo o economista Cid Cordeiro, a defasagem salarial dos servidores estaduais já ultrapassa os 10%. Em maio vai chegar perto dos 12%.

Em ano eleitoral, o governo anun-cia recuperação e melhoria de escolas estaduais com os programas “Escola 1.000” e “Reforma Rápida”. Anunciou também o programa “Escola Conec-tada”, para compra de computadores e reformulação da infraestrutura de conexão à internet, que termina coin-cidentemente no mês das eleições!

Depois de quase oito anos de ges-tão, o governo que é investigado na Operação Quadro Negro, por desvio de verbas para a construção de esco-las, agora noticia “reformas rápidas”? Evidentemente, as palavras de Rosso-ni resultaram em estrondosa vaia. E então, a sessão plenária foi encerrada.

O descaso do governo Richa com a população abrange todas as áreas. No IAP, por exemplo, os locais de trabalho estão esvaziados pela aposentadoria dos servidores que não são substituí-dos por novos concursados.

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Governo Richa manipula conselhos ambientais para licenciar obras polêmicas

DEVASTAÇÃO À VISTA!

ESCARPA DEVONIANA

Com ampla maioria na composição dos conselhos deliberativos, o governador privilegia interesses de seus apoiadores políticos em detrimento de populações tradicionais e do Meio Ambiente.

Os ambientalistas calculam que só a Faixa de Infraestrutura para dar suporte a todo um complexo indus-trial deve causar o desmatamento de uma área de Mata Atlântica preser-vada equivalente a aproximadamen-te 650 campos de futebol!

O local destinado ao porto - priva-do - é uma área de mangue, berçário de inúmeras espécies marinhas. Sai-ba mais sobre o bioma clique aqui.

Diante da resistência das orga-nizações ambientais, da população e do Ministério Público do Paraná (MP-PR), o governo resolveu ino-var: negou vistas do processo aos membros do Conselho de Desenvol-vimento Territorial do Litoral Para-naense – COLIT e aprovou o licencia-mento prévio para a construção da Faixa de Infraestrutura.

A Estrada da Destruição - o empreendimento visa servir um complexo portuário e industrial PRI-VADO a ser construído em Pontal do Sul, a apenas 3 km da Estação Eco-

lógica e do Parque Estadual da Ilha do Mel, áreas de preservação perma-nente. A princípio serão construídos apenas uma pista simples e o canal de drenagem. Somente esta parte do projeto vai custar R$ 369 milhões ao Tesouro do Paraná. “Todo este inves-timento para dar acesso a um porto privado?”, questionam as ONGs.

O agravante é que a Faixa de In-fraestrutura vai custar muito mais, pois será composta por um ramal ferroviário, gasoduto, estrada com pista dupla para veículos, linha de transmissão de energia, canal de drenagem e dutos de saneamento. Veja a projeção do traçado (clique aqui).

Pedidos de vistas negados? A reunião polêmica do COLIT aconte-ceu no dia 20 de novembro de 2017, em Pontal do Paraná. Ao constatar que os mais de 100 questionamen-tos e pedidos de complementação aos estudos de impacto ambiental não haviam sido respondidos, vários

conselheiros (SPVS, Associação Mar Brasil, Mater Natura e UFPR) pedi-ram vistas do processo.

O Secretário Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná, Antonio Carlos Bonetti, che-gou a dizer que teria de “conceder” vistas, conforme o regimento inter-no do COLIT. Porém, Paulo Glaser, representando a Procuradoria Geral do Estado (PGE), alegou que não iria entrar em discussão “com quem não é da área jurídica” e que não via uma “verdadeira necessidade de melhor verificação de algum ponto”. Então, Bonetti colocou em votação os pró-prios pedidos de vistas que, como o governo tem maioria no conselho, foram negados!

Em seguida, o COLIT aprovou a licença prévia para a construção da Faixa de Infraestrutura, por 22 vo-tos a 5. Parece inacreditável, mas a reunião foi filmada e a atitude abu-siva e antidemocrática foi denun-ciada pelo movimento #SalveAIlha-DoMel (assista aqui).

A quem pertencem as terras?

MP-PR recomenda suspensão de Conselho Gestor da APA

Justiça suspende licença prévia para Faixa de Infraestrutura

SINDISEAB no COLIT

PONTAL DO PARANÁ

Controvérsias - a princípio, não há consenso sequer sobre a real proprie-dade das terras destinadas ao complexo industrial em Pontal do Paraná. A área portuária está sob litígio. Para entender o problema, confira alguns episódios:

* O Governo do Paraná doou a área a um grupo empresarial em 1949, no mandato do governador Moisés Lupion. Leia aqui.

* O dono da área foi alvo da CPI da Ocupação Fundiária de Pontal do Pa-raná, que recebeu de um jornal local o apelido de “CPI do Grilo”! Leia aqui.

* Há denúncias de ameaças aos mo-radores da Comunidade Maciel. Confira o Parecer Histórico divulgado pelo MP--PR (clique aqui).

Irregularidades vêm de longe - o MP-PR considera o Plano Diretor de Pontal do Paraná “NULO”, porque o zo-neamento no município não seguiu os trâmites exigidos pela Constituição, pelo Estatuto da Cidade, nem pelas resolu-ções do Conselho Nacional das Cidades. Por isso, ingressou com Ação Civil Públi-ca: (1) pela ausência de consulta pública às comunidades tradicionais Barrancos, Maciel e Ponta do Poço e comunidades indígenas Sambaqui e Shangrilá; (2) e pela falta de diagnóstico ambiental e urbanístico para a região. O próprio Zoneamento Econômico Ecológico do Paraná - Fase Litoral também foi cons-truído de forma polêmica.

Fase Litoral do ZEE-PR é questio-nável - em 2013, pelo menos dez servi-dores, de vários órgãos públicos, aban-donaram as comissões Coordenadora e Executora da Fase Litoral do ZEE-PR - Zoneamento Econômico Ecológico do Paraná. Tais comissões eram compos-tas por servidores do IAP, SEMA, ITCG, SEAB, EMATER, IPARDES, IAPAR e MI-NEROPAR. Não só se afastaram, como exigiram a retirada de seus nomes da proposta aprovada! O motivo? O gover-no - para viabilizar a instalação de em-preendimentos particulares na região - reapresentou mudanças que haviam sido tecnicamente rejeitadas no ano an-terior por estas mesmas comissões. E como tinha maioria, venceu. Na ocasião, o SINDISEAB divulgou o fato no Jornal nº 203 - pág. 08 (clique aqui).

Coincidentemente, o motivo para a sus-pensão é a falta de representantes das comu-nidades tradicionais no Conselho Gestor da APA da Escarpa Devoniana. “No texto da re-comendação, assinado por cinco promotores de justiça, diz-se que o conselho “claramen-te desrespeita a equidade participativa dos diversos setores determinada por decreto federal”. 78% das vagas no conselho são des-tinadas ao setor produtivo.” Leia mais aqui.

Durante o fechamento desta edi-ção, recebemos a notícia de que o juiz federal Flávio Antônio da Cruz, con-cedeu liminar suspendendo a licença prévia aprovada arbitrariamente pelo COLIT (leia aqui). O pedido foi feito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), argumentando que aprovação da faixa de Infraestrutura não respei-tou a legislação ambiental. Mais uma derrota do governo devastador!

Célia Cristina Lima Rocha (IAP-Litoral), que gerencia a APA de Guaratuba, é a nova repre-sentante do nosso sindicato no Conselho do Litoral. Ela conta que em sua primeira reunião no COLIT, em 22 de feve-reiro, já se viu obri-gada a votar contra a maioria dos processos de licenciamento de empreendi-mentos náuticos.

“Votei contra todos os proje-tos de licenciamentos de marinas por existir ação judicial na Vara Federal e recomendações pelo MP-PR. Faltam estudos de impac-

tos sinérgicos (soma de todos os impactos), estão tratando cada empreendimento isoladamente”, explica. O governo justificou que

estaria regularizando os empreendimentos con-solidados há mais de 50 anos, mas a Resolução SEMA 040/2013 está aberta para novos em-preendimentos.

Guaratubense nata, Célia lembra do afundamento ocorrido na Baía de Guaratuba em 1968 (confira aqui e aqui). “Imagine hoje todos estes empreendimen-tos sem estudo nenhum? O que pode acontecer?”, questiona.

(1) O Google Maps exibe como está hoje a região; (2) o governo divulga o projeto mostrando apenas as áreas destinadas à estrada e ao porto; (3) mas o ZEE-PR-Litoral reserva uma área muito maior para o complexo industrial e a exploração imobiliária (ZDD - Zona de Desenvolvimento Diferenciado).

Além de tentar reduzir drasticamente a APA da Escarpa Devoniana, Richa aponta a mira do seu “raio devastador” para uma extensa área entre Pontal do Paraná e Pontal do Sul, bem em frente à Ilha do Mel.

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URGENTE!